Administracao Japonesa
Administracao Japonesa
Administracao Japonesa
O fato é que apenas vinte e cinco anos após a derrota na Segunda Guerra Mundial,
que deixou o país completamente destruído, o Japão começa a invadir o mercado
internacional com seus produtos mais baratos, confiáveis, sem defeitos. As empresas
ocidentais se viram despojadas dos mercados internacionais e dos seus mercados
internos. Pela primeira vez uma nação oriental ameaçava e rompia com a hegemonia
americana em alguns setores da indústria, particularmente nos setores de
eletroeletrônicos e automobilístico, este último considerado a espinha dorsal do
desenvolvimento da manufatura nos EUA, desde o lançamento do Modelo T da Ford.
Apesar dos seus valores culturais, em termos de relações exteriores com seus
vizinhos, o Japão adotou uma atitude imperialista predatória a partir da sua vitória nas
guerras contra a China e contra a Rússia, no início do século. Tal postura culminou
com a Segunda Guerra Mundial, causando a destruição quase completa do país.
Entretanto, seus valores seculares continuaram permeando o funcionamento da
sociedade: compromisso com a educação, responsabilidade social, priorização do
coletivo, autoridade e hierarquia, busca de harmonia, cooperação e consenso grupal.
Os “Keiretus”
Este período pós-guerra caracteriza-se por uma crise generalizada, que cede com a
consolidação do que se considera os três pilares da recuperação do país em pouco
mais de duas décadas: um partido político forte e consolidado no poder, paz
trabalhista e unificação do povo. Some-se a isso o compromisso do governo com a
educação, além da valorização cultural da instrução; uma alta taxa de poupança
interna; a ampla utilização dos serviços de consultoria para o desenvolvimento
empresarial; a compra de tecnologia e a manutenção da essência de valores culturais
seculares, apesar do processo de ocidentalização do estilo de vida ocorrido a partir do
início da restauração. Forma-se assim um amplo quadro de referência onde se insere
a administração japonesa, que transformou o país numa máquina econômica
ambiciosa e cujos métodos tornaram-se alvo da comunidade empresarial, buscando
compreendê-los para adaptá-los e alcançar melhores condições na competição global.
O sistema de produção japonês, tal como é estruturado atualmente, surgiu nos vinte e
cinco anos seguintes à Segunda Guerra Mundial, na Toyota Motor Co. Seu maior
idealizador foi o engenheiro Taiichi Ohno. Daí decorre as duas outras denominações
do método: Sistema Toyota de Produção ou Ohnoísmo. São características básicas do
Ohnoísmo:
a) Just-In-Time: O sistema de just-in-time envolve uma tentativa de reduzir custos e
melhorar o fluxo de trabalho através da programação de materiais que devem
chegar à uma estação de trabalho no momento certo de seu uso. Permite cortar
custos de manter estoque, maximizar o uso do espaço e contribuir para melhorar a
qualidade dos resultados. Os principais fatores de sucesso do JIT são:
1º passo
Escolher uma
área
6º Passo 2º passo
Administrar a Organizar
implementaçã equipe de
3º passo
5º Passo
Desenvolver Identificar os
estudo piloto benchmarks
4º passo
Analisar o
desempenho do
método atual
Capacidade
Viabilidade Interna
Externa O que a organização
O que é é capaz de fazer?
necessário e Área
possível? definida no
plano
Visão compartilhada
Qual é o futuro desejado?
O termo qualidade total é utilizado para descrever o processo de fazer com que os
princípios de qualidade constituem parte dos objetivos estratégicos da organização,
aplicando-os a todas as operações, juntamente com um melhoramento contínuo e
focalizando as necessidades do cliente, para fazer as coisas certas na primeira vez.
O movimento da qualidade total está associado ao trabalho de consultores
pioneiros nos conceitos de qualidade como Deming e Juran.
- Benchmarking: Ele foi introduzido em 1979 pela Xerox que, para se livrar de um
enorme problema de concorrência no mercado fez comparações com as melhores
empresas concorrentes a fim de melhorar seus próprios processos internos. O
Benchmarking funciona como “o processo contínuo de avaliar produtos, serviços e
práticas dos concorrentes mais fortes e daquelas empresas que são reconhecidas
como líderes empresariais”. Ele permite comparações de processos e práticas
entre as organizações para identificar o “melhor do melhor” e alcançar um nível de
superioridade ou de vantagem competitiva.
- Os 15 estágios do benchmarking:
– Os 5S: são as iniciais de cinco palavras japonesas que começam com “s”, tem
por objetivo proporcionar melhor aproveitamento do espaço, eliminar as causas
dos acidentes, desenvolver o espírito de equipe e assegurar boa aparência da
organização. A implantação do programa dos cinco “S”nas empresas japonesas
requer que todos os funcionários sejam pessoalmente responsáveis pelas
seguintes atividades dentro da organização:
Uma vez listadas as características do sistema de produção japonês, não fica difícil
abstrair características genéricas do estilo de administração japonesa que podem
ser aplicadas em outros ambientes culturais. Paralelamente, é possível articular
melhor os temas afins, tais como terceirização, gestão da qualidade total e
organização de células de produção, no sentido de facilitar a comunicação e não
romper com a hierarquia.
O sistema de produção japonês não é nenhum sistema perfeito. Dois pontos frágeis
são bastante visíveis: Depende da cooperação irrestrita das pessoas e é um sistema
praticamente sem folgas. Sendo assim, qualquer erro gera graves repercussões em
todo o processo. Ele depende basicamente das pessoas, da sua competência,
exigindo, portanto qualificação, treinamento e reciclagem constantes.
Segundo Fritjof Capra, a visão do povo oriental tem como característica mais
importante, até mesmo como essência a consciência da unidade e da inter-relação de
todas as coisas e eventos. Ou seja, todas as coisas são encaradas como partes
interdependentes e inseparáveis de um todo dinâmico. Assume-se a noção de que
fluxo e mudança são características básicas da natureza. Mudanças são consideradas
manifestações cíclicas da interação de pólos opostos, que devem ser mantidos em
equilíbrio dinâmico. Ou seja, muito além de algumas características culturais como
respeito aos mais velhos, segurança nos investimentos, priorização do coletivo,
obediência à hierarquia, a cultura oriental permite maior flexibilidade de pensamentos
e ações. Ela encara as mudanças como um fenômeno característico da natureza, ao
contrário da cultura ocidental, herdeira do pensamento cartesiano. Entretanto, mesmo
essa aparente vantagem do pensamento oriental não se mostra exclusiva, dado o
sucesso que várias empresas ocidentais têm alcançado na adaptação do método
japonês a seus ambientes.
Do ponto de vista social, não se pode perder de vista que a reconstrução da economia
japonesa no pós-guerra exigiu um enorme sacrifício social dos japoneses. Além disso,
a evolução em ritmo vertiginoso da inserção do Japão em um contexto mundial, no
qual prevaleciam valores antagônicos aos seus, favorece o questionamento de valores
tradicionais que são usualmente apresentados como justificativas do sucesso oriental.
O não-questionamento da autoridade, a imobilidade social, a interferência dos
superiores na vida pessoal de seus subordinados, a resistência à inclusão da mulher
no mercado de trabalho, entre outros dogmas da cultura oriental, são constantemente
atacados pelas novas gerações japonesas. Ao ingressarem de forma tão contumaz na
economia mundial, as empresas japonesas não apenas ensinaram a validade da
adoção de novos valores, pelas empresas ocidentais, como se expuseram a ter seus
próprios valores modificados.
Por fim, é provável que nos próximos anos ocorram novas adaptações e
questionamentos ao modelo de administração japonesa. A ameaça de recessão que
vem assombrando a economia japonesa ratifica essa previsão. Entretanto, para uma
cultura que vê nas ameaças oportunidades de aprimoramento, o que poderia ser mais
estimulante?
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