Revolucao Satoshi
Revolucao Satoshi
Revolucao Satoshi
Escrito por
Wendy McElroy
1ª edição
Revolução Satoshi: A Revolução das Esperanças Crescentes
Wendy McElroy
Editora Konkin, 1ª Edição
E-mail: [email protected]
Instagram: @editorakonkin
Coordenação editorial
Daniel Miorim de Morais
Vitor Gomes Calado
Tradução
Gabriel de Almeida Orlando
Vitor Gomes Calado
Revisão
Daniel Miorim de Morais
Eric Matheus
Capa
Raíssa Souza Abreu
Diagramação
Daniel Silva de Souza
Licença
Domínio público. Este livro está livre de
restrições de autor e de direitos conexos.
Sumário
Agradecimentos ................................................................................9
Prefácio, por Jeffrey A. Tucker ....................................................... 11
A Regulação é a Chave ..............................................................12
Quanto Tempo Vai Demorar? ....................................................13
Um Mundo Criptonizado ...........................................................14
Forçando o Passado no Presente ................................................15
Introdução .......................................................................................17
Liberdade Versus Poder .............................................................17
A Revolução sem Sangue...........................................................21
O Poder do Peer-to-Peer ............................................................23
A Necessidade de um Dinheiro Descentralizado .......................26
O Primado da Privacidade .........................................................29
Conclusão...................................................................................30
v
Revolução Satoshi: A Revolução das Esperanças Crescentes
vi
Sumário
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Agradecimentos
Primeiro e antes de tudo, eu gostaria de agradecer a Roger Ver
pela confiança que ele depositou em A Revolução Satoshi e pela gene-
rosidade com a qual ele trata a mim e a todos os outros com quem ele
trabalha. Ele é o tipo mais raro de visionário; um que traduz sua visão
na realidade.
Pessoas demais no Bitcoin.com ajudaram na serialização de uma
versão inicial de A Revolução Satoshi para que eu possa listá-las, mas
algumas não podem passar sem menção. Mate Tokay é um coordenador
magistral para todas as coisas no bitcoin.com e o responsável por pre-
servar tanto o contexto amplo da operação bem como suas minúcias. As
décadas do Editor-Chefe Nanok Bie no jornalismo foram inestimáveis.
Marcel Chou é um editor paciente que se tornou um amigo e porta-voz
confiável. Aqueles que eu cheguei a chamar de “The Bitcoin Guys”,
nem uma vez tentaram influenciar as teorias sendo testadas e as hipóte-
ses sendo publicadas. Sou grata a todos eles.
Jeff Tucker, autor do Prefácio, tem sido para mim um associado
altamente estimado por muitos anos; ele não poderia ter sido mais en-
corajador com os artigos na medida em que eles apareceram. Para seu
crédito, Jeff captou mais rápido do que eu as implicações extraordiná-
rias que as criptomoedas têm para a liberdade. Minha evolução nesse
entendimento também possui uma dívida com uma quantidade muito
numerosa de pessoas para listar. O mais proeminente entre eles é o no-
tável advogado de propriedade intelectual Stephan Kinsella e o Presi-
dente do Satoshi Nakamoto Institution, Michael Goldstein.
Eu tive outra sorte grande durante A Revolução Satoshi. Repenti-
namente, a Dra. Peri Dwyer-Worrell me mandou um e-mail com uma
oferta para revisar meus artigos. Eu sempre fui indiferente em assuntos
tais como a colocação de vírgulas, carregando comigo a crença de que
apenas as ideias são importantes. Peri provou que eu estava errada e, no
processo, ela me fez uma escritora. Eu estou muito agradecida por fi-
nalmente ter cuidado com a pontuação e por conhecer essa elegante mu-
lher.
Nenhuma dedicatória estaria completa sem uma expressão de
meus agradecimentos eternos a Bradford, meu marido, que é o pilar in-
dispensável para tudo o que eu faço.
9
Prefácio
O mundo tem precisado desse livro para que tenhamos a visão
geral da revolução que está ocorrendo, e Wendy McElroy é a pessoa
exata para escrever isso. Seu trabalho tem sido imerso na história da
liberdade e da luta contra o controle autoritário. Ela traçou essa luta
desde o século XIX até o presente, tendo escrito artigos pioneiros e li-
vros contemplando a amplitude da experiência humana. Em A Revolu-
ção Satoshi, ela voltou a atenção dela ao que estou convencido ser uma
das inovações mais memoráveis da história: criptomoedas, ativos e ser-
viços relacionados. Ela explica como, em nosso próprio tempo, essa
tecnologia pressagia mudanças fundamentais, grandes mudanças, na re-
lação entre o indivíduo e o estado. Nos últimos dez anos – historiadores
futuros notarão isso – observamos a criação de uma nova arquitetura
monetária e financeira que poderá servir como uma substituição para
tudo que tem sido conhecido e usado no tempo de vida de todas as pes-
soas hoje presentes.
Experienciamos um dinheiro seguro e útil que funciona em todo
o mundo, não é conectado ao estado, e não precisa do atual sistema
bancário. O mesmo sistema pode servir como substituição a todo sis-
tema atual de pagamentos que usam moedas nacionais. Esse dinheiro é
uma criação puramente mercadológica que adiciona às funções de con-
tabilidade e de reserva de valor uma característica adicional: ser tam-
bém um meio de pagamento global peer-to-peer.
Uma década atrás, até mesmo teóricos de alto nível disseram que
isso não poderia acontecer. E então aconteceu.
Vimos a criação de um sistema de contratos inteligentes, que pode
gerenciar um vasto número de acordos, comprometimentos e interações
humanas. Até mesmo pessoas que aceitaram que o Bitcoin era real du-
vidaram que a Ethereum poderia alcançar isso. Mas isso aconteceu de
qualquer forma.
Nós até observamos como esse sistema se tornou um instrumento
para levantar capital e substituir as funções de empréstimo tradicionais.
Três anos atrás, isso era meramente uma ideia especulativa. Então isso
se tornou uma realidade de cem bilhões de dólares, e novas formas de
capital estão sendo levantadas através da tokenização.
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A Regulação é a Chave
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Prefácio
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Um Mundo Criptonizado
À luz do que temos visto nos últimos dez anos, aqui está um ex-
perimento mental com o qual eu venho brincando. Ele ocorreu a mim
numa divagação, enquanto meu advogado tributário estava explicando-
me profundamente sobre eventos tributáveis nos acordos cotidianos
com cripto. Eu estava considerando o quão incompatíveis eram essas
imposições com uma tecnologia que emergiu de e opera dentro de uma
estrutura de perfeita liberdade.
Algumas legislações entenderam isso. O Wyoming, por exemplo,
isentou a cripto de toda tributação, definiu certos tokens de um modo
que faz deles isentos de leis de títulos, e fizeram provisões especiais
para formas corporativas que são distribuídas, entre outras mudanças.
A legislação fez o seu melhor para tornar o estado atrativo para essa
nova indústria.
Agora, deixe-nos entrar no campo da fantasia. Digamos que o
congresso dos EUA passe uma legislação que isente toda criptomoeda,
todo criptotrading e criptoativos de toda tributação e regulação. A legis-
lação estabeleceria laissez-faire completo nesse setor, enquanto todo o
resto no mundo normal (o dólar, o FED, a SEC, o Tesouro, e todo o
resto que conhecemos) permaneceria o mesmo.
O que você acha que aconteceria? Dez anos atrás, se o Congresso
tivesse feito a mesma coisa, pouca coisa teria mudado, obviamente. A
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Prefácio
tecnologia não existia, e nós realmente não sabíamos que ela poderia
existir.
O que aconteceria hoje se todas as intervenções ao redor dessa
tecnologia fossem repelidas? Você não seria mais punido por comprar
e vender em cripto, emitir novos tokens, desenvolver novos aplicativos
em plataformas de contratos inteligentes, inovar novos sistemas de pa-
gamentos e assim em diante. Companhias poderiam tokenizar em vez
de vender ações. Os negócios poderiam pagar em cripto e fazer sua con-
tabilidade em cripto e evitar qualquer penalidade. Considere com cui-
dado: você poderia manter um terço a mais dos seus ganhos justos sim-
plesmente mudando para uma tecnologia melhor.
Quanto tempo levaria para a criptoeconomia substituir todo o
resto? Se essa mudança legislativa realmente acontecesse – e não, ob-
viamente não vai – poderíamos observar o deslocamento geral dos sis-
temas econômicos e financeiros do velho mundo para os sistemas do
século XXI, e talvez isso acontecesse muito mais cedo do que qualquer
poderia esperar, talvez de 12 a 48 meses, dado que a infraestrutura da
cripto poderia escalar a tempo de satisfazer a nova demanda.
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ser preservado. O futuro não pode para sempre ser adiado mesmo pelos
governos mais poderosos do mundo. Eventualmente as ideias vencem.
Wendy McElroy, a partir de seus estudos passados de história e
de seu mergulho profundo na cripto-tecnologia, entende o poder dessas
ideias. O Bitcoin e tudo que é relacionado a ele estão entre as ideias
mais revolucionárias da história. Ela demonstra como eles vão transfor-
mar para melhor a estrutura da economia, da política, e das relações
humanas num geral. Ir daqui para lá requer o entendimento mais amplo
possível do que está acontecendo. McElroy é a guia expert e erudita
pela qual estávamos esperando.
Jeffrey A. Tucker é Diretor Editorial do American Institute For
Economic Research e antigo Diretor de Conteúdo pela Foundation for
Economic Education. Ele é parceiro de gestão da Vellum Capital: Blo-
ckchain Financial Management, fundador da Liberty.me, Membro Ho-
norário Distinto do Mises Brasil, conselheiro econômico da FreeSoci-
ety.com, companheiro de pesquisa no Acton Institute, conselheiro polí-
tico do Heartland Institute, fundador da CryptoCurrency Conference,
membro da bancada editorial da Molinari Review, um conselheiro para
a desenvolvedor de aplicativos blockchain Factom. Ele é o autor de mi-
lhares de artigos na imprensa acadêmica e popular e é autor de oito li-
vros em oito línguas, o mais recente sendo The Market Loves You. Ele
fala amplamente sobre economia, tecnologia, filosofia social, e cultura.
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Introdução
“Você nunca muda as coisas lutando contra a realidade exis-
tente. Para mudar algo, construa um novo modelo que faça
o modelo existente obsoleto.”
– R. Buckminster Fuller
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Introdução
soa vazia para uma mulher que precisa aguentar abuso físico para ali-
mentar seus filhos. O Devido Processo Legal é irrelevante para alguém
que não pode arcar com os medicamentos requeridos para viver mais
um dia. A necessidade fundamental para todo ser humano é prover a sua
própria sobrevivência. Somente então pode a libertação se seguir, junto
“da virtude moral, da civilização, das artes e das ciências”.
Por anos, a visão política do indivíduo ou do time conhecido
como Satoshi Nakamoto escapou ao radar público. Desenvolvido por
cripto-anarquistas e sem ser amparado por decretos do governo ou pela
atenção da mídia, as autoridades do estado não notaram o fenômeno,
aquelas que o notaram desdenharam dele. Eles notam agora, e seus sor-
risos sádicos desapareceram de suas faces. Bancos e negócios agora
avidamente adotam e adaptam a blockchain porque eles reconhecem
seu incrível poder como ferramenta. Há uma pressa por patentes no que
já foi uma comunidade de código aberto. Traders são presos por não
serem licenciados. Corretoras são atacadas por não se adequarem à pa-
pelada exigida em relação aos consumidores. Os governam clamam
para regular a moeda para que se possa controlar não somente seus lu-
cros, mas também o perigo que ela acarreta para seu monopólio sobre
o dinheiro.
Rothbard observa, “[A Liberdade] tem sempre sido ameaçada pe-
las intrusões do poder, o poder que busca suprimir, controlar, aleijar,
tributar e explorar os frutos da liberdade e da produção.” O poder é
também ameaçado pela liberdade porque as duas dinâmicas gozam de
uma relação inversa; isto é, enquanto uma cresce, a outra afunda.
Sem dúvida que a visão de Satoshi da libertação individual atra-
vés da autonomia financeira está sob ataque. Os ataques incluem:
• As criptomoedas são ditas como sendo instrumentos meramente
financeiros e como nada sobre as quais se deva estar politica-
mente entusiasmado. Chamá-las de instrumentos de autodefesa
em uma batalha entre Liberdade e Poder é considerado “nonsense
anarquista”, e a discussão sobre o assunto sequer ocorre.
• Apenas criminosos precisam de privacidade financeira, é dito.
Usuários de cripto são traficantes de drogas, sonegadores de im-
postos, traficantes sexuais e outros similares. De outro modo, por
que iriam resistir a se reportarem ao governo? A acusação inti-
mida alguns usuários a permanecerem silenciosos por medo de
serem considerados criminosos a priori.
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Introdução
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criar uma vida melhor para elas mesmas e para a família delas. Elas não
só agem para fazer isso, mas elas também demandam o espaço para
respiração política para conseguir mais. Elas têm fome por independên-
cia e prosperidade. As esperanças crescentes se tornam uma engrena-
gem do “populismo” no melhor sentido da palavra.
As autoridades já há muito sabem que um povo oprimido obedece
porque eles acreditam que não há alternativa viável. As pessoas acredi-
tam que nenhum ato de resistência pode melhorar a vida delas, então
elas mantêm o status quo, por mais sombrio que ele possa ser. A “cin-
zidade”, a conformidade e o medo são os amigos dos regimes totalitá-
rios que querem suprimir qualquer faísca de não conformidade ou de
criatividade, porque a centelha expressa a escolha individual e a inova-
ção. A centelha não pode ser controlada. Isso é verdade para a espe-
rança. Pessoas esperançosas agem para controlar as suas próprias vidas
porque elas vislumbram a possibilidade da libertação e da prosperidade
– dois lados da mesma moeda. O sociólogo do século XIX Alexis de
Tocqueville observou que a Revolução Francesa foi mais forte em áreas
da França onde o padrão de vida havia continuamente evoluído. Foi
mais forte lá porque as pessoas acreditaram na possibilidade de conti-
nuar a evoluir. Elas esperaram e demandaram.
O conceito de “esperanças crescentes” também explica o porquê
de revoltas sociais frequentemente surgirem em locais de oportunidade
em vez de em locais de opressão. A revolução flui a partir dos estudan-
tes privilegiados das universidades, por exemplo. Líderes revolucioná-
rios notoriamente vêm das classes média ou alta, vêm da intelligentsia,
e eles não partilham da vitimidade dos realmente oprimidos que alegam
representar. De fato, os oprimidos frequentemente recusam trabalhar
pela mudança social. Marx referiu-se a essa categoria da sociedade
como o “lumpemproletariado” – o proletariado especificado pelos cri-
minosos, vagabundos e os desempregados, que careciam de consciência
[de classe] – ele os escarneceu por não entenderem ou não se importa-
rem com o interesse de sua própria classe. Em vez de esperar por mu-
dança, talvez eles estivessem fazendo o melhor que eles sabiam.
A maioria das revoluções terminam de forma ruim. Algumas co-
meçam de forma ruim, com violência e com uma erupção de raiva que
parece visar mais a vingança do que a justiça. Até mesmo revoluções
inicialmente pacíficas tendem a se dissolver em violência e terminam
comandadas por líderes com agendas pessoais – sede de poder, ideolo-
gia, ganância, ou todos os fatores acima. Quando a fumaça cessa e os
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Introdução
cadáveres são removidos das ruas, o novo regime é louvado pela popu-
lação. O novo regime rapidamente revela a si mesmo, entretanto, como
sendo não menos tirânico que os tiranos que acabaram de serem destro-
nados.
A Revolução Satoshi não corre esse risco. A blockchain é intrin-
secamente pacífica, sem capacidade de cometer violência. A cripto não
confronta os governos diretamente, decapita monarcas ou flamulam
bastiões da opressão. Ela esquiva e torna-os obsoletos com eficiência
brutal. Para aqueles embebidos na versão de revolução que só ergue
barricadas, a asserção prévia pode parecer inofensiva. Mas, ao dar às
pessoas liberdade financeira – até mesmo uma liberdade incompleta –
a cripto é incendiária. O fluxo de trocas e de comércio produz a liberta-
ção porque produz a independência e a escolha. Ela estabelece uma re-
volução de esperanças crescentes que não é baseada em uma ideologia,
mas no interesse próprio e racional das pessoas. Nada é mais poderoso.
Mas qual é a engrenagem que move a revolução Satoshi?
O Poder do Peer-to-Peer
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O Primado da Privacidade
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Conclusão
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Introdução
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SEÇÃO UM
O Problema da Terceira Parte Confiável
CAPÍTULO UM
Ouvindo o Passado
“O problema chave com as moedas correntes convencionais
é toda a confiança exigida para fazê-la funcionar. O banco
central precisa ser confiado para que não venha a degradar
a moeda corrente, mas a história das moedas fiduciárias está
cheia de violações dessa confiança. Os bancos devem ser
confiados para manter o nosso dinheiro e transferi-lo eletro-
nicamente, mas eles o emprestam em ondas de bolhas de
crédito mesmo que mal tenham uma fração de reserva. Te-
mos de confiar a eles a nossa privacidade, confiar neles para
que não deixem ladrões de identidade drenarem nossas con-
tas.”
– Satoshi Nakamoto
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Ouvindo o Passado
bancos centrais a partir dos quais a pessoa comum não poderia escapar
usando um competidor ou por processo judicial. Quase todos que tra-
balham numa mesa, dirigem um negócio, compram ou vendem bens,
aceitam benefícios do governo ou pagam impostos tiveram de aceitar
uma moeda fiduciária que constantemente afunda em termos de valor
devido à inflação. Quase todos que usam crédito, aceitam cheques, to-
mam empréstimos, conduzem comércio ou fazem negócios no exterior
precisam passar por bancos que roubam como assaltantes bêbados.
Para as pessoas comuns, a situação costumava parecer desespe-
rançosa porque nenhuma alternativa legal, prática e privada existia para
transferir fundos por consideráveis distâncias, incluindo fronteiras. Ten-
tativas de reformar ou remover o sistema também pareciam condenadas
porque elas eram inerentemente corruptas e auto servientes. De fato, o
serviço bancário central e a moeda fiduciária estavam servindo ao pro-
pósito para o qual eles foram estabelecidos: controle financeiro pelas
elites. A necessidade das pessoas por dinheiro e trocas se tornaram suas
camisas de força.
E então veio Satoshi. E então vieram a blockchain e a cripto. Um
novo conceito de dinheiro foi criado de uma forma que não pode ser
inflacionada; o número de bitcoins é fixo em 21 milhões de unidades
divisíveis. A oferta pode apenas diminuir quando moedas são perdidas,
como inevitavelmente ocorre. Satoshi nota, “Moedas perdidas apenas
fazem as moedas de todos os outros valerem um pouco mais. Pense
nisso como se fosse uma doação a todos.” O Bitcoin resolveu o pro-
blema da moeda fiduciária.
Um novo conceito de transferência financeira resolveu o pro-
blema das terceiras partes confiáveis, especialmente no que diz respeito
aos bancos. Embora transações peer-to-peer envolvam um intermediá-
rio ou minerador, nenhuma confiança é requerida visto que a transação
é lançada apenas quando a “proof of work” é feita, o que consiste em
resolver um complicado problema matemático. Chegar numa solução
pode ser custoso do ponto de vista do poder computacional e gasto de
tempo, mas as soluções em si mesmas são fáceis de verificar. Satoshi
comenta, “Com uma moeda eletrônica baseada em prova criptográfica,
sem a necessidade de se confiar numa terceira parte intermediária, o
dinheiro pode se tornar seguro e as transações tornadas fáceis.” A soli-
dez e propriedade do protocolo da blockchain é assegurada pelo uso de
opensource que é visível a todos e por todos verificável. O resultado
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ou sugerir que o crime não deveria ser punido, uma política de adver-
tência ou “comprador, cuidado” deveria ser aplicada; o comprador é
responsável por verificar a qualidade das mercadorias antes de uma
compra. Muita fraude poderia ter sido evitada se as pessoas não tives-
sem confiado nas garantias do governo, mas tivessem aprendido a ava-
liar a qualidade por si mesmas. Uma categoria inteira e valiosa de ne-
gócios foi criminalizada porque alguns participantes eram desonestos e
alguns clientes descuidados. Essas foram as desculpas. A principal mo-
tivação para o governo foi eliminar a concorrência.
É reputada a Mark Twain a seguinte fala: “A história não se re-
pete, mas rima”. Para alguns, a cunhagem privada no início da América
pode parecer ter pouco em comum com a cripto, mas há um tema co-
mum. O governo está ameaçado e quer monopolizar ou regular um novo
dinheiro privado através de uma mistura de proibição, levantamento de
obstáculos, absorção e punição. A história está começando a rimar.
Em última análise, a viabilidade de criptomoedas e outras moedas
privadas se resume a duas perguntas: O livre mercado pode fornecer um
dinheiro competitivo? E o estado permitirá que o dinheiro privado
exista sem regulamentação?
Um grande obstáculo para a aceitação da cripto nos círculos de
livre mercado tem sido a convicção de que ela não é e não pode ser um
dinheiro válido.
O Teorema da Regressão
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Ouvindo o Passado
podem ser. Em vez disso, com a moeda fiduciária, “os valores de uso
subjetivo e objetivo do dinheiro coincidem e são iguais ao seu valor
objetivo de troca, o valor estimado dos bens e serviços pelos quais ele
pode ser trocado.”
O professor de Economia Jeffrey Rogers Hummel descompacta o
conceito, revelando como se aplica à moeda fiduciária. O poder de com-
pra do dinheiro de hoje “se baseia no de ontem, e no de ontem desse
ontem… e assim em diante. […] Até quão longe a regressão […] vai?
Logicamente, Mises explicou, para um dinheiro mercadoria ela vai até
o dia em que a mercadoria pela primeira vez passou a ser usada como
um meio de troca. Nesse dia, ele teve um valor de troca ou poder de
compra devido apenas” a sua importância “como uma mercadoria co-
mum (para consumo ou para uso como uma entrada produtiva) e não
para uso como um meio de troca. Pois […] o dólar dos EUA se tornou
uma moeda fiduciária ao terminar com a resgatabilidade do que fora
uma reivindicação para um dinheiro mercadoria […]. A cadeia histórica
regride para o dia antes da terminação, e, portanto, de volta ao dia antes
da mercadoria se tornar um meio de troca. A aplicação da lógica para
uma nova moeda fiduciária” significa aplicar uma taxa de resgate ofi-
cial para uma moeda fiduciária estabelecida.
O teorema tem sido muito influente porque ele elegantemente en-
trelaça o poder de compra do dinheiro com as teorias de valor subjetivo
e de utilidade marginal. A teoria subjetiva do valor argumenta que ne-
nhum bem ou serviço é inerentemente valioso; não tem valor embutido
devido ao trabalho necessário para produzi-lo, por exemplo. Em vez
disso, seu valor é determinado pela importância do bem ou serviço para
os indivíduos específicos que o vendem e consomem. Mas esse valor
não permanece constante mesmo para esses indivíduos por causa da uti-
lidade marginal. A utilidade marginal refere-se à satisfação adicional
que uma pessoa recebe ao consumir mais uma unidade de um bem ou
serviço, medida em números ordinais. Um homem faminto provavel-
mente valorizaria um prato de comida como o 1° da lista, enquanto uma
pessoa com excesso de peso em uma dieta rigorosa pode dar ao mesmo
prato uma classificação negativa. Depois de comer o suficiente, o ho-
mem faminto provavelmente desvalorizará a utilidade marginal de mais
comida e priorizará encontrar abrigo para a noite. Todo valor econô-
mico é subjetivo e está em fluxo.
O Teorema da Regressão precisa ser cuidadosamente ponderado
apenas porque muitos economistas austríacos e outros economistas de
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Mesmo se a cripto for uma moeda corrente válida, ela precisa po-
der competir com a moeda fiduciária e com outras moedas se ela quiser
prosperar. O que faz uma moeda competitiva? Isso leva à questão mais
fundamental de “O que é dinheiro?”
Eu tinha sete anos de idade quando percebi que meus pais não
entendiam algumas das dinâmicas mais importantes da vida. Eu estava
no banco de trás do nosso carro com um saco de doces que havia sido
comprado em uma loja de beira de estrada na esperança de me manter
quieta. Não funcionou. Um pensamento escapou pela minha boca: “Por
que pagamos por tudo? Por que as pessoas simplesmente não vão para
as lojas e pegam o que precisam?”
Minha mãe respondeu: “É errado roubar.”
Expliquei: “Não quero dizer roubar. Quero dizer, por que damos
dinheiro às pessoas em vez de apenas compartilhar tudo?” Meus pais
ficaram em silêncio.
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impede que seja trocado por várias coisas com várias pessoas. Então,
nenhuma negociação ocorre. “Uma falta de coincidência de quereres”
significa que Smith possui ovos e Jones possui sapatos, mas Smith quer
manteiga. Assim, nenhuma negociação ocorre.
A troca indireta resolve o problema do escambo […] até certo
ponto. Smith troca seus ovos pelos sapatos de Jones porque o último
pode ser trocado por uma terceira pessoa por algo que Smith deseja.
Isso mitiga a falta de coincidência de quereres. Mais importante, para a
teoria monetária, entretanto, negociações indiretas naturalmente enco-
rajam um meio de troca a emergir. Por quê? Negociadores irão favore-
cer itens de escambo que são altamente desejáveis e serão aceitos por
muitas pessoas. Bens altamente trocáveis tendem a partilhar de carac-
terísticas, incluindo divisibilidade, durabilidade, fungibilidade e trans-
portabilidade. Não coincidentemente, essas mesmas características fre-
quentemente descrevem bom dinheiro, e elas se aplicam a cripto.
De acordo com o teorema de Mises, um item de escambo desejá-
vel é primeiro valorado por seu valor de uso. Rothbard lista algumas
mercadorias que se tornam moedas. “[O] tabaco na Virgínia colonial,
açúcar nas Índias Ocidentais, Sal na Abissínia, gado na Grécia Antiga,
pregos na Escócia, cobre no antigo Egito, e grãos, contas, chá, moluscos
e anzóis.” A demanda por um bem gera uma “espiral de reforços: mais
mercabilidade causa um uso mais amplo como um meio o qual causa
mais mercabilidade etc. Eventualmente, uma ou duas mercadorias são
usadas como meio geral – em quase todas as trocas – e essas são cha-
madas de dinheiro”.
Moedas comumente aceitas eliminam a necessidade tanto por es-
cambo quanto por troca indireta, as quais podem ser confusas, consu-
midoras de tempo e geograficamente limitadas. Moedas criam um livre
mercado complexo que permite que bilhões de pessoas que não conhe-
cem umas às outras consumam produtos ao redor do mundo. Em re-
sumo, o dinheiro lança os seres humanos da sobrevivência para a pros-
peridade e possibilita o luxo do tempo para pensar, para criar arte, gozar
de profundos relacionamentos e tomar conta de sua saúde. Um meio de
troca é um dos fundamentos da civilização.
E então entra o governo. A moeda desempenhou um papel defini-
dor em libertar e civilizar os seres humanos. Agora seria usada para
escravizá-los.
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fazer parte das reservas legais de um banco; tudo teve que ser deposi-
tado no Federal Reserve Bank”. Rothbard ilustra a segunda tática de
direcionar a inflação. “Ao controlar as ‘reservas’ dos bancos – suas con-
tas de depósito no Banco Central. Os bancos tendem a manter uma certa
proporção de reservas para seus passivos totais de depósito, e nos Esta-
dos Unidos o controle do governo é facilitado pela imposição de uma
proporção mínima legal ao banco. O Banco Central pode estimular a
inflação, então, despejando reservas no sistema bancário, e reduzindo o
índice de reservas, permitindo assim uma expansão do crédito bancário
nacional.”
Na medida em que o governo aperta as rédeas sobre o dinheiro, a
liberdade e a civilização são enfraquecidas. O dinheiro privado tradici-
onal confronta e supera a fiat do governo. Mas enquanto o estado puder
dominar e manipular o dinheiro, ele pode possuir o sistema financeiro
ao ponto de chegar em contas bancárias individuais, títulos e outras ri-
quezas armazenadas de indivíduos. Ele pode possuir sua riqueza futura
diluindo-a através da inflação. Até as criptos, o anarquismo tropeçou e
caiu sobre o problema de terceiras partes confiáveis do estado e dos
bancos. Até as criptos, o estado parecia ter um controle inabalável da
moeda.
O sistema bancário central deve ser rejeitado não apenas por mo-
tivos econômicos, mas também por motivos de liberdade civil. (Nota:
Eu não faço distinção entre direitos econômicos e civis. Ambos são ex-
pressões da propriedade de si; essa é a jurisdição moral que todo ser
humano tem sobre seu próprio corpo e ações pacíficas simplesmente
em virtude de ser humano. Mas fazer uma distinção entre direitos
econômicos e civis é comum)
O sistema bancário central é um veículo de controle monetário e
financiamento para todos no poder. De acordo com o Financial Times
–, “Os principais bancos agora possuem um quinto da dívida total do
governo”. Os seis principais bancos centrais “que embarcaram na flexi-
bilização quantitativa na última década – o Federal Reserve dos EUA,
o Banco Central Europeu, o Banco do Japão e o Banco da Inglaterra,
juntamente com os bancos centrais suíços e suecos – agora detêm mais
de US $15 trilhões em ativos, de acordo com a análise do FT do FMI e
dos números do banco central, mais de quatro vezes o nível pré-crise”.
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CAPÍTULO DOIS
A Tecnologia Encontra a Anarquia, e Ambos Lucram
“O Bitcoin é o catalisador para uma anarquia pacífica e li-
bertadora. Foi feito como uma reação contra governos cor-
ruptos e instituições financeiras. Não foi somente criado em
prol de melhorar a tecnologia financeira. Mas algumas pes-
soas adulteram a verdade. Em realidade, o Bitcoin era para
funcionar como uma arma monetária, como uma criptomo-
eda posta para minar autoridades. Agora, ele está eufemi-
zado. É visto como uma tecnologia educada e despretensi-
osa para apaziguar políticos, banqueiros e mães corujas.
Seu propósito às vezes é ocultado para tornar a tecnologia
palatável para as massas ignorantes e a elite do poder. No
entanto, ninguém deve esquecer ou negar porque o proto-
colo foi escrito.”
– Sterlin Lujan
A cripto foi criada para fazer uma diferença política e não para
obter lucro. Se os principais desenvolvedores quisessem colher uma
fortuna, não teriam empregado software de código aberto e evitado as
patentes que os tornariam bilionários. Lucrar com cripto e blockchain
são subprodutos louváveis para alguns, e aqueles que acumularam ri-
quezas no livre mercado devem ser aplaudidos. Isso é especialmente
verdade porque a maneira como eles ganharam dinheiro não interferiu
na privacidade e na liberdade financeira de ninguém. Da mesma forma,
a blockchain não foi forjada para tornar o sistema bancário mais efici-
ente, mas para torná-lo obsoleto. Qualquer um que acredite que o
Bitcoin foi designado para ganho financeiro não está prestando atenção
à sua história ou ao idealismo embutido em seus algoritmos. O Bitcoin
foi concebido como um veículo para criar mudanças políticas e sociais,
empoderando indivíduos e empobrecendo o governo. Seus desenvolve-
dores eram revolucionários. O Bitcoin foi seu golpe de abertura.
E não foi sequer um momento antes da hora. A Internet deu ao
governo uma arma incrível contra a privacidade dos indivíduos, que te-
ria sido radicalmente reduzida sem a criptografia – a arte da comunica-
ção secreta.
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A Tecnologia Encontra a Anarquia, e Ambos Lucram
A História do Bitcoin
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Levantem-se, Cypherpunks!
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A Tecnologia Encontra a Anarquia, e Ambos Lucram
particular. Nem o conteúdo do voto nem o próprio voto podem ser liga-
dos até um eleitor individual. Essa é a essência de uma assinatura cega.
Em termos simples, o e-cash de Chaum se utiliza de assinaturas
cegas como se segue: em um banco que lida com dinheiro eletrônico,
você tem uma conta com $20 à qual uma senha dá acesso. Para sacar e-
cash em quantias de $1 cada, você usa um software para gerar 20 nú-
meros únicos e aleatórios de tamanho suficiente para que seja altamente
improvável que alguém também os produza. O problema: você precisa
que o banco verifique se cada número representa $1 em valor, mas você
não quer que o banco saiba qual $1 é qual porque a moeda pode ser
rastreada. Se não há nada mais, o banco pode combinar dados de saída
e entrada, permitindo que ele saiba onde você compra, o que você com-
pra, seu estilo de vida e outras informações que você deseja que perma-
neçam privadas.
Você mantém a privacidade “cegando” cada pedido com encrip-
tação especial. O banco então recebe uma solicitação codificada na qual
assina com uma chave privada de $1; isso afirma o valor e a autentici-
dade. O selo do banco converte o número no equivalente a uma moeda
de $1 que pode ser usada apenas por você. É anônimo; o banco sabe
quantas unidades de $1 ele estampou para você, mas não pode distinguir
entre essas 20 unidades ou reconhecê-las de qualquer outra unidade de
$1 que já autenticou.
Para gastar o dinheiro, você revela o número. Isso resulta em uma
mensagem assinada válida que pode ser verificada pela chave pública
do banco. As unidades de $ 1 são armazenadas em seu computador,
esperando para serem enviadas para qualquer pessoa que aceite e-cash.
Para fazer isso, você envia à pessoa um número decriptado e assinado,
e ela o leva ao banco. A assinatura é verificada; o número de série é
registrado; o valor é resgatado. Gravar o número permite que o banco
rejeite qualquer tentativa de gasto duplo. Mas o banco não pode conec-
tar a transação à sua conta, e o destinatário de $1 não tem ideia de quem
você é, a menos que você decida revelar sua identidade.
O processo é tão anônimo quanto o dinheiro. Isso contrasta forte-
mente com o uso de cartão de crédito online, que envolve dizer a uma
empresa e a um destinatário quem você é, onde está e o que está com-
prando. O DigiCash também está protegido contra pessoas maliciosas
que estão tentando roubar identidades. Ele tem uma vantagem extra.
Porque ele é altamente divisível, ele acomoda micro pagamentos – pa-
gamentos menores de $10, para a qual os custos de transação fazem dos
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A Tecnologia Encontra a Anarquia, e Ambos Lucram
uma variedade de motivos. Alguns eram fanáticos por ouro que acredi-
tavam devotamente que o e-gold era superior a moeda fiduciária. Outros
eram anarquistas econômicos que pensavam que o governo não tinha
papel adequado para desempenhar no dinheiro. Outros ainda queriam
sonegar impostos ou minimizar os riscos de crimes sem vítimas.
Muitos mais inundaram os emergentes Programas de Investi-
mento de Alto Rendimento, alguns dos quais usavam e-gold como uma
plataforma de pagamento. Esses programas ofereciam altos retornos ir-
realistas que só poderiam ser mantidos redirecionando a riqueza de no-
vos investidores; os esquemas Ponzi levaram a uma corrida do ouro
eletrônico a um nível internacional. Os fraudadores aproveitaram os re-
cursos do e-gold, como o fato de que todas as transações eram finais e
nunca eram estornadas. Os golpistas abriram contas de e-gold e pediram
aos potenciais investidores que fizessem o mesmo. Em seguida, eles
extraíram dos investidores e compradores tudo o que podiam.
A essa altura, o e-gold oferecia uma ampla gama de serviços,
desde cassinos e leilões online até comércio de metais e doações para
organizações sem fins lucrativos. A empresa estava repleta de possibi-
lidades para golpistas. Infelizmente, os clientes fraudados muitas vezes
não faziam distinção entre o próprio e-gold ético e os vigaristas que os
roubavam com investimentos falsos ou com bens inexistentes. Alguns
usuários desiludidos reclamaram com as autoridades governamentais.
Em 2007, o governo federal dos EUA acusou o e-gold de lavagem
de dinheiro e violação de 18 leis dos EUA. Código §1960, o qual proíbe
as empresas de transmitirem moeda sem uma licença. Muitas corretoras
atreladas ao e-gold foram fechadas. A publicidade e as corretoras per-
turbadas causaram uma queda íngreme no número de clientes e-gold; a
dificuldade de trocar e-gold por moeda fiduciária fez com que poten-
ciais recebedores de e-gold fugissem. Muitos clientes ficaram presos
com contas que não podiam liquidar.
O e-gold lutou vigorosamente contra as acusações, sem sucesso.
Em Abril de 2008, o juiz em United States of America v. E-gold, Ltd,
decidiu contra a companhia e, ao fazer isso, dramaticamente aumentou
o alcance de autoridade do Departamento do Tesouro. A lei agora defi-
nia um “transmissor de dinheiro” como um negócio que transferia qual-
quer valor armazenado de uma pessoa para outra, mesmo que a transfe-
rência envolvesse dinheiro. Este foi um cheque em branco para proces-
sos futuros.
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CAPÍTULO TRÊS
Descobrindo Satoshi
Empresas como Visa, Dun and Bradstreet, Underwriter's
Laboratories e assim por diante conectam estranhos descon-
fiados em uma rede de confiança comum. Nossa economia
depende deles. Muitos países em desenvolvimento carecem
desses centros de confiança e se beneficiariam muito com a
integração com centros mundiais desenvolvidos como es-
ses. Embora essas organizações geralmente tenham muitas
falhas e fraquezas – as empresas de cartão de crédito, por
exemplo, têm problemas crescentes com fraude, roubo de
identidade e relatórios imprecisos, e a Barings recentemente
faliu porque seus sistemas de controle não se adaptaram
adequadamente à negociação de títulos digitais e muitas
dessas instituições estarão conosco por muito tempo.
– Nick Szabo.
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Em 2010, Satoshi ficou em silêncio. Mais uma vez, fica claro que
ele não escreveu pela fama.
O lançamento sistemático e meticuloso do bitcoin, bem como a
estrutura elegante da blockchain, reflete um homem que pensa as situ-
ações em detalhes e entende suas implicações. Satoshi compreendeu o
impacto político de seu sistema revolucionário, mas fez poucos comen-
tários sobre o assunto.
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2007, Satoshi enviou um e-mail para Dai para o informar, “Estou fi-
cando pronto para lançar um documento que expande suas ideias em
um sistema operacional completo”. O fato de os pontos de vista de Dai
serem um trampolim para o “White Paper” faz com que valha a pena
examiná-los.
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Legado de Satoshi
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C A P Í T U L O Q U AT R O
O Governo Leva a Cripto a Sério
O melhor status para se ter vis-à-vis ao estado, no final das contas,
é nenhum – isto é, passar despercebido enquanto você vive sua vida em
paz e em liberdade. A invisibilidade é, entretanto, um status difícil ou
caro de se alcançar, e o governo pune punições rígidas àqueles que ten-
tam sem sucesso. A cripto perdeu a invisibilidade legal que inicialmente
gozou de ser arcana ou desconsiderada como uma faísca numa panela.
Está sendo tomada seriamente e é “vista” pelas autoridades. Chamar a
atenção do estado é provavelmente o que Satoshi quis dizer quando la-
mentou a proeminência que o Bitcoin alcançou por meio de sua associ-
ação com o Wikileaks. A tecnologia era jovem e estava em desenvolvi-
mento inicial; a última coisa que precisava era ser levada a sério pelo
governo. Como Satoshi comentou, “A WikiLeaks chutou o ninho de
vespas, e o enxame está vindo em nossa direção.”
O objetivo do enxame do estado é previsível – controle –, mas a
reação das autoridades varia. Alguns políticos e burocratas percebem
uma ameaça; outros vislumbram a mais nova pilhagem possível; outros
ainda veem um meio de atualizar um sistema bancário central inefici-
ente e impopular; muitos querem usá-lo como trampolim para uma so-
ciedade sem dinheiro que eles controlam digitalmente. Quaisquer que
sejam as diferenças de perspectiva, no entanto, a mesma conclusão é
alcançada: a criptografia precisa estar sob sua autoridade centralizada.
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O que é a S.1241?
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pelo estado que pode fazer com que as contas sejam congeladas ou con-
fiscadas, independentemente de haver evidência de um crime
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erro?” O autor, Robert Tracinski, remonta aos anos 2000 – a era de ouro
dos blogs, quando todos, até suas avós, se expressaram através de blogs.
Tracinski escreve: “Parecia uma liberação. A era dos blogs ofere-
ceu a promessa de uma mídia descentralizada. Qualquer um poderia pu-
blicar e comentar as notícias e encontrar uma audiência. […] Estávamos
ignorando os antigos guardiões da mídia. E tivemos o controle sobre
eles! Nós postamos em nossos próprios sites. Tivemos boas discussões
sobre nossos campos de comentário, os quais nós moderamos.” Era um
turbilhão de liberdade de expressão, mas também era um bastião de pri-
vacidade porque os indivíduos mantinham o controle. O controle indi-
vidual de dados e expressão é liberdade.
Então as mídias sociais chegaram como um rolo compressor, e os
blogs familiares migraram seus diários e informações para o Facebook,
Google, Twitter e outras terceiras partes confiáveis. Assim como as cor-
retoras centralizadas, os gigantes da mídia social eram relativamente
fáceis de acessar e usar; eles ofereciam software e funções sofisticadas
que os blogueiros individuais não tinham conhecimento técnico ou di-
nheiro para implementar; as mídias sociais deslizaram perfeitamente
para os telefones celulares por meio de aplicativos que pareciam abrir
o mundo. Na realidade, eles fecharam a libertação pessoal.
Tracinski observa o resultado.
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SEÇÃO DOIS
O Imperativo da Privacidade
CAPÍTULO CINCO
Quando a Privacidade é Criminalizada,
Apenas os Criminosos têm Privacidade
“Eu cresci entendendo que no mundo em que eu vivia as
pessoas desfrutavam de uma espécie de liberdade para se
comunicarem umas com as outras em privacidade, sem se-
rem monitoradas, medidas, analisadas ou julgadas por essas
figuras e sistemas sombrios que vivem mencionando o
tempo todo na mídia.”
– Edward Snowden
O que é Privacidade?
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Espiar pela janela do quarto pode ser uma violação óbvia de pri-
vacidade, mas e os bisbilhoteiros que acessam informações públicas,
como as incorporadas à blockchain? O registro financeiro aberto da blo-
ckchain permite que partes indesejadas monitorem transações financei-
ras que os usuários tornam públicas voluntariamente. Se um bisbilho-
teiro analisa o padrão de transferências e desmascara a identidade de
um usuário, então a privacidade foi violada? A blockchain é uma rede
pública, onde as pessoas trocam voluntariamente de uma maneira que
sabem ser transparente e registrada. Espionagem é semelhante a ouvir
pessoas que estão falando audivelmente em público. Mas será que ouvir
é um ato culposo, especialmente quando feito por agentes do estado ou
outros maus agentes? De fato, o estado e outros criminosos usam a in-
formação de maneira maléfica, mas essa questão é irrelevante para de-
finir se o ato de simplesmente ouvir é errado em si.
Avaliar essa questão significa colocar a privacidade no contexto
de outros direitos humanos.
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Apenas os Criminosos têm Privacidade
Em seu livro Three Felonies A Day: How the Feds Target the In-
nocent, o advogado Harvey Silverglate detalha como o americano mé-
dio acorda e segue sua rotina diária, sem saber que provavelmente co-
meterá vários crimes federais ao fazê-lo. O número de crimes federais
aumentou exponencialmente nas últimas décadas e os promotores agora
podem escolher entre uma infinidade de crimes vagamente definidos
para acusar indivíduos pacíficos de todas as origens, profissões e status.
Uma combinação de leis amplas e mal definidas, a guerra às drogas e
promotores de carreira que são imunes às consequências transformaram
a justiça em uma burocracia livre de consciência, onde parece não haver
espaço para a inocência ou culpa. Silverglate observa um procedimento
padrão para os burocratas da justiça:
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Camden: de que uma suposta ofensa precisava estar nos livros de esta-
tuto para que existisse na lei. Além disso, mandados sobre documentos
cada vez mais entravam em conflito com as constituições estaduais.
A guerra muda as leis, especialmente as leis que protegem os di-
reitos individuais. Dripps continua: “A América se recusou a modificar
a proibição da lei comum por estatuto até a Guerra Civil”. O imposto
de consumo era a principal fonte de financiamento do governo federal
para a guerra, mas a evasão fiscal era desenfreada. Em resposta, um
estatuto único foi aprovado. “[Este] ato de 1863 foi o primeiro ato neste
país […] ou na Inglaterra, até onde pudemos apurar, que autorizou a
busca e apreensão de documentos particulares de um homem, ou a pro-
dução compulsória deles, para usá-los como prova contra ele em um
processo criminal, ou em um processo para executar o confisco de seus
bens”. A apreensão de papéis estava agora nos estatutos.
A questão dos papéis versus pertences ziguezagueou juridica-
mente após a Guerra Civil. Indiscutivelmente, a mudança mais impor-
tante ocorreu em 1886, quando o Boyd v. United States foi decidido pela
Suprema Corte dos EUA. “A história do caso Boyd”, escreve Dripps,
“começa corretamente com um estatuto que autoriza os funcionários da
alfândega a apreender os livros e papéis de importadores suspeitos de
evasão de impostos”. A Suprema Corte decidiu a favor de Boyd, di-
zendo:
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CAPÍTULO SEIS
Nomes Verdadeiros e Estratégias para a Privacidade
Todos aqueles que usaram seu conhecimento em uma ten-
tativa de promover mudanças sociais viram a criptografia
como uma ferramenta para aumentar a privacidade indivi-
dual e transferir o poder das grandes instituições centrais
para os seres humanos que vivem em sua órbita.
– Paul Vigna.
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SEÇÃO TRÊS
Descentralização
CAPÍTULO SETE
Descentralização no Núcleo da Cripto-Liberdade
“Muitas pessoas descartam automaticamente a moeda ele-
trônica como uma causa perdida por causa de todas as em-
presas que faliram desde a década de 1990. Espero que seja
óbvio que foi apenas a natureza centralmente controlada
desses sistemas que os condenou. Acho que esta é a pri-
meira vez que estamos tentando um sistema descentralizado
e não baseado em confiança.”
– Satoshi Nakamoto
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CAPÍTULO OITO
A Cripto Como um Fenômeno Econômico Austríaco
O Bitcoin é melhor entendido quando visto pela lente con-
ceitual da Cataláxia: os participantes do Bitcoin formam es-
pontaneamente um ecossistema monetário e financeiro des-
centralizado, escolhendo coletivamente o Bitcoin como
meio de troca e reserva de valor. O Bitcoin é uma demons-
tração irrefutável de ordem espontânea na prática.
– Francis Pouliot
A Cripto-Cataláxia
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A Cripto Como um Fenômeno Econômico Austríaco
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A Cripto Como um Fenômeno Econômico Austríaco
pliance Act (FATCA), que tentou garantir que os indivíduos que busca-
vam a liberdade não tivessem para onde ir com seu dinheiro. Então a
cripto salta dos arbustos e assassina o sistema bancário. A história eco-
nômica muda para sempre, e a mudança não pode ser desfeita.
O efeito da cripto nas instituições financeiras estatais é bem co-
nhecido, mas os efeitos sobre política social são menos discutidos. Pre-
visivelmente, a explosão de liberdade que abalou o sistema bancário
central também impactou outras instituições e políticas do estado. Aqui
estão algumas poucas:
Política estrangeira. A comida é frequentemente usada como
arma de política externa. Um artigo do Free Thought Project descreve
como a blockchain neutraliza o uso belicoso de alimentos: “A tecnolo-
gia revolucionária da blockchain está ajudando a vítimas de desastres
& alimentando os famintos sem estado”. “Enquanto estados e banquei-
ros afirmam que criptomoedas e blockchain são ferramentas de crimi-
nosos, milhões de dólares em ajuda – gerados por essas tecnologias –
estão ajudando os menos afortunados em todo o mundo”. A ideia central
do artigo é que as criptomoedas permitem que nações e indivíduos ca-
rentes contornem sanções econômicas impostas a eles por nações mais
poderosas. Tornou-se mais difícil deixar as pessoas famintas por vanta-
gens políticas.
Política doméstica. Quando o estado da Venezuela desvalorizou
o Bolívar, removendo três zeros da moeda, os cidadãos migraram para
a alternativa de livre mercado do bitcoin, com a qual eles já estavam
familiarizados. “Nas economias avançadas, criptomoedas ativas como
o bitcoin até agora tiveram pouco propósito além de especulação e jogos
de azar. Mas nos países onde o sistema monetário e as estruturas finan-
ceiras estão desmoronando, o bitcoin pôde fornecer uma reserva alter-
nativa de valor em relação à já demasiadamente inflacionada moeda lo-
cal”. A cripto resgata empresas; ela salva vidas.
O Controle Social do “Vício”. A “Operação Chokepoint” foi uma
operação bancária e política da era Obama, que atacava negócios su-
postamente indesejáveis, mas legais, como a venda de maconha medi-
cinal, sexo e armas. O sistema bancário fechou contas, cancelou cartões
de crédito e negou todos os seus serviços aos clientes “malfeitores”.
Essa prática está sendo revivida hoje. Mais uma vez, os bancos estão
mirando nas lojas de maconha, nos profissionais do sexo e nas empresas
de armas, independentemente de eles estarem ou não realizando um ne-
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priedades remanescentes para sua família, a pessoa cuja riqueza foi tri-
butada por toda a vida é cobrada mais uma vez pelo estado. A cripto
divide invisivelmente os bens entre os entes queridos – não há espaço
para o estado na família.
Tudo isso é apenas uma pequena amostra do impacto revolucio-
nário do uso das criptomoedas. As instituições que servem ao livre mer-
cado estão sendo lentamente devolvidas ao controle e serviço dos indi-
víduos. As instituições que atendem ao estado estão sendo ignoradas e
afundando cada vez mais.
As criptomoedas são o dinheiro da sociedade, não do estado. Sua
evolução oferece um raro vislumbre de como instituições essenciais po-
dem surgir em um livre mercado, sem a assistência do estado. A cripto
de livre mercado é a manifestação do individualismo metodológico e da
ordem espontânea em grande escala em uma área essencial da vida: a
privacidade financeira.
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Nos anos 80, uma estratégia popular pela qual os indivíduos des-
centralizavam completamente suas vidas ficou conhecida como “Brow-
ning-out”, porque os praticantes usavam o livro best-seller de Harry
Browne, How I Found Freedom in an Unfree World: A Handbook for
Personal Freedom, como um modelo. Browne define a liberdade como
viver a vida como você deseja viver enquanto permite que outros façam
o mesmo. Em vez de protestar contra o estado ou buscar reformas dis-
tantes por meio de organizações, como os republicanos ou os democra-
tas, Browne afirma que as pessoas podem desfrutar de um alto grau de
liberdade aqui e agora. O capítulo 7 de seu livro, intitulado “As Arma-
dilhas do estado”, afirma: “Mas quem é a ‘sociedade’, senão as pessoas
que já expressam suas necessidades e preferências no mercado? Se elas
não estão dispostas a pagar pelo serviço no livre mercado, quem pode
dizer que estão dispostos a pagar por ele através do estado? Todas as
ações do estado dependem de transações unilaterais, nas quais um indi-
víduo é forçado a escolher entre pagar pelo que não quer ou ir para a
cadeia”. Aqueles que Browned-out (saíram como Browne) da Armadi-
lha do estado descentralizaram o poder em suas vidas para o nível pes-
soal, onde eles eram a única autoridade sobre suas próprias escolhas.
Sair da sociedade tem um custo alto, no entanto. Não é apenas
que o Estado tenta dar exemplos de dissidentes. É também que a socie-
dade é um benefício incrível para a humanidade. Facilita “bens” como
conhecimento, prosperidade, cultura, progresso e autorrealização emo-
cional de uma maneira impossível para os seres humanos isolados. Re-
tirar-se torna-se preferível apenas quando uma sociedade é tão totalitá-
ria que constitui um perigo ou tormento para a própria vida. Esse é o
ponto ao qual os escravos americanos arriscaram suas vidas para fugir
do Norte, com cães e homens armados em seus calcanhares. Esse é o
ponto ao qual pessoas desesperadas escalaram um muro de arame far-
pado em Berlim Oriental, apesar das armas apontadas em suas costas.
Pessoas desesperadas tentaram escapar de uma selvageria que se faz
passar por ordem social, e arriscaram suas vidas para fazê-lo.
A lição: a sociedade só tem valor para os indivíduos na medida
em que eles têm a capacidade de dizer “não”. Nada é um “bem” incon-
dicional; até mesmo o alimento com o qual a vida se sustenta não é um
bem incondicional. Pergunte às pessoas que desejam cometer suicídio
ou a um prisioneiro em greve de fome. O que é bom ou ruim depende
de circunstâncias que devem ser avaliadas pelo próprio indivíduo. O
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A Cripto Como um Fenômeno Econômico Austríaco
Para ilustrar seu ponto de vista, Tucker pede aos leitores que imaginem
um universo paralelo ao nosso, mas que siga regras diferentes. Nesse
universo paralelo, os habitantes podem satisfazer suas necessidades
simplesmente desejando bens. Comida aparece magicamente em suas
mãos, roupas milagrosamente cobrem seus membros e uma cama surge
sob seus corpos cansados. É pouco provável que essa sociedade paralela
venha com o conceito de propriedade privada. Por quê?
Tucker pergunta: “O que há na realidade de nosso próprio mundo
e na natureza do homem que dá origem ao conceito de propriedade em
primeiro lugar?”. Ele conclui que a ideia de propriedade surge como
forma de resolver conflitos causados pela escassez. No universo real,
quase todos os bens são escassos, e isso leva à competição pelo seu uso.
Como a mesma cadeira não pode ser usada da mesma maneira ao
mesmo tempo por duas pessoas, é necessário determinar quem deve
usar a cadeira. O conceito de propriedade resolve esse problema social.
O proprietário da cadeira deve determinar seu uso. “Se fosse possível”,
escreve Tucker, “e se sempre tivesse sido possível, para um número ili-
mitado de indivíduos usar em uma extensão ilimitada e em um número
ilimitado de lugares a mesma coisa concreta ao mesmo tempo, jamais
teria sido instituída qualquer coisa como a propriedade.”
Quaisquer direitos, deveres e propriedades são derivados – seja
da lei natural ou do utilitarismo. Eles são o contexto que os indivíduos
trazem consigo quando entram na sociedade.
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1 Nota de Tradução: Um trecho dessa parte específica foi uma adição considerada
pertinente pela equipe de tradução. No original lê-se Individuals and Society (in-
divíduos e sociedade).
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S E Ç Ã O Q U AT R O
Estado e Sociedade
CAPÍTULO NOVE
Relevância do Estado, da Sociedade
e da Obediência para a Cripto
O muro que separa o estado e a sociedade está desmoro-
nando. Ou melhor, o estado está martelando em uma tenta-
tiva agressiva de controlar todos os aspectos da vida produ-
tiva e cooperativa. […] As pessoas com quem você lida di-
ariamente estão deixando de ser bons vizinhos, comercian-
tes honestos e estranhos desinteressados. Eles estão se tor-
nando informantes do estado que monitoram sua expressão,
seu dinheiro, seu comportamento e atitude para denunciá-lo
às autoridades. Eles estão deixando de ser “sociedade” e se
tornando “o estado”.
– Murray Rothbard, “Society Without State”.
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faça sentido. Ninguém fala de “Uma Verdade para Acabar com Todas
as Verdades”, “Um Argumento Lógico para Acabar com Toda a Ló-
gica” ou “Uma Virtude para Acabar com Todas as Virtudes” porque es-
tes são absurdos autocontraditórios. A maneira de acabar com a guerra
não é travá-la, mas recusar o engajamento. O meio – travar uma guerra
– é diametralmente oposto ao fim declarado – prevenir mais guerra.
Quando isso ocorre, é hora de olhar sob a superfície para a intenção
real.
Isso revela uma profunda diferença ideológica entre os defensores
do estado e os defensores da sociedade ou do livre mercado. Os estatis-
tas são orientados para os fins; defensores da sociedade civil são orien-
tados para os meios. Isso não sugere que a sociedade civil – isto é, os
indivíduos dentro dela – não tenha ou estabeleça objetivos específicos.
Diz que a sociedade percebe que os meios adequados para atingir qual-
quer fim devem ser empregados. Em contraste, os estatistas se concen-
tram inteiramente no fim e usam todo e qualquer meio necessário ou
conveniente para alcançá-lo.
Os estatistas fornecem um plano detalhado para o que constitui
uma sociedade justa, por exemplo. Um fim declarado dessa sociedade
pode ser uma igualdade socioeconômica, que exija que o estado mono-
polize todas as questões monetárias, incluindo o comércio, para garantir
a distribuição adequada de riqueza e oportunidades. O fim dita os
meios. Isso vale para uma sociedade moral, qualquer que seja a defini-
ção de “moralidade” empregada. O fim exige que o estado monitore o
comportamento, as palavras e as atitudes expressas por cada indivíduo.
Sempre que um fim específico é identificado como um objetivo primor-
dial e independente, então o uso da força torna-se necessário para impô-
lo a pessoas que discordam pacificamente, porque alguém sempre o
fará.
Em contraste, a abordagem de livre mercado é orientada para os
meios. Uma sociedade justa não visa um resultado como um arranjo
socioeconômico específico. Quaisquer arranjos que resultem de indiví-
duos fazendo escolhas livres e pacíficas são considerados justos. O que
quer que seja voluntário é justo – ou, pelo menos, tão próximo disso
quanto os seres humanos imperfeitos em um mundo imperfeito podem
chegar. Por exemplo, uma faculdade particular que discrimine negros e
uma que aplique uma política somente para negros existiriam lado a
lado no mercado. Desde que ambos sejam financiados por fundos pri-
vados e ninguém seja obrigado a participar, ambos os arranjos são justos
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contrato social explícito, argumenta ele, não poderia vincular novas ge-
rações por meio de consentimento tácito, porque uma atribuição de di-
reitos naturais requer um contrato explícito. Como não existe renovação
geracional do contrato, qualquer estado atual não tem legitimidade.
Ao defender a teoria da conquista, tanto Nock quanto Rothbard
se apoiam fortemente em Oppenheimer, que sustenta que o estado con-
siste em pessoas que desejam satisfazer seu “impulso econômico” atra-
vés dos meios políticos – através do uso da força. Oppenheimer postula
seis estágios pelos quais um grupo conquistador normalmente passa
para se tornar um estado:
• Primeiro, um grupo guerreiro ataca e saqueia uma comunidade
vulnerável para roubar riqueza em vez de produzi-la por conta
própria. Os ataques vikings na costa britânica são um exemplo.
• Em segundo lugar, a comunidade vitimizada deixa de resistir ati-
vamente; às vezes é feito um acordo explícito entre os agressores
e as vítimas. Os saqueadores passam a saquear apenas o exce-
dente, deixando suas vítimas vivas e com comida suficiente para
garantir a produção de riqueza futura a ser saqueada repetida-
mente. Eventualmente, os dois grupos reconhecem interesses mú-
tuos, como proteger as plantações de terceiras partes externas.
• Terceiro, as vítimas prestam homenagem aos invasores, elimi-
nando a necessidade de qualquer violência.
• Quarto, os dois grupos se fundem territorialmente e vivem juntos
na mesma área.
• Quinto, o grupo belicoso assume a autoridade para arbitrar dispu-
tas, o que envolve o monopólio do uso da força.
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Servidão Voluntária
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Aquele que assim domina você tem apenas dois olhos, ape-
nas duas mãos, apenas um corpo […]; ele realmente não
tem nada mais do que o poder que você confere a ele para
destruí-lo. Onde ele conseguiu olhos suficientes para espi-
oná-lo, se você mesmo não os forneceu? Como ele pode ter
tantos braços para bater em você, se ele não os empresta
contigo? Os pés que pisoteiam suas cidades, de onde ele os
tira senão dos teus?
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CAPÍTULO DEZ
Teoria Cripto de Classe e Lei de Livre Mercado
A teoria de classe fundamenta o livre mercado e as criptomoedas:
o estado versus a sociedade. O Bitcoin foi projetado para contornar um
sistema bancário central que serve à classe política em detrimento da
econômica. Como inimiga do estado, a criptomoeda é uma aliada da
sociedade.
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Em suma, não deveria haver outra lei; que não a de livre mercado.
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Segurança preventiva
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SEÇÃO CINCO
Cripto, Lei e Justiça
CAPÍTULO ONZE
Lidando com o Crime sem o Estado
O desafio último para a cripto é o mesmo que confronta o próprio
anarquismo: e enquanto a lei e a ordem? Como pode o crime ser preve-
nido e corrigido?
Os seres humanos precisam de justiça tão certamente quanto eles
precisam de comida e abrigo. É um bem econômico que o livre mercado
pode e irá satisfazer para lucrar. A dinâmica de como as criptos podem
prevenir e corrigir o crime será amplamente tecnológica. Elas irão evo-
luir constantemente para atender às circunstâncias e preferências, a mai-
oria das quais são imprevisíveis. O propósito aqui é esboçar os princí-
pios e o contexto dentro do qual a justiça do livre mercado precisa fun-
cionar e argumentar a favor de sua superioridade sobre o sistema estatal.
Comparado ao que?
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No tempo que você leva para ler esta frase, $850 terão sido
perdidos em golpes de criptomoeda. No tempo necessário
para concluir este artigo, esse valor terá subido para
$17.000. Phishing; fraude; roubo; hacking; e os números
são sempre altos. Nos primeiros dois meses de 2018, ocor-
reram 22 golpes separados envolvendo roubos de $400.000
ou mais. Junte todos os números e isso equivale a uma mé-
dia de $9,1 milhões por dia. Ah, e isso não inclui os valores
discrepantes de 2018 – Coincheck, Bitconnect e Bitgrail.
Caso contrário, o total seria de $23 milhões por dia.
O estado usa crimes reais como cobertura para atingir seu verda-
deiro objetivo em relação à cripto: eliminar a concorrência que ameaça
um de seus monopólios vitais: o dinheiro. Parte da campanha do estado
é exagerar os crimes reais, e com isso apresentar seu serviço como o
único remédio possível.
As criptomoedas são acusadas de proteger quase todos os atos de
violência concebíveis. O artigo “10 das maiores mentiras contadas so-
bre o Bitcoin” trata da acusação de que as criptomoedas são o dinheiro
preferido do terrorismo.
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O que é Justiça?
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como o verdadeiro Norte em uma bússola. Ele diz: “Sim, esta é a dire-
ção correta”. A única coisa mais poderosa do que uma ideia cuja hora
chegou é um ideal cuja hora chegou.
A descentralização: A Revolução Satoshi é uma revolução das ex-
pectativas crescentes; ela é impulsionada pelo desejo de liberdade, pri-
vacidade financeira e esperança para o futuro. A revolução está ocor-
rendo em uma base individual, porque não é mais necessário que as
pessoas se levantem em massa, concordem com estratégias revolucio-
nárias ou coordenem eventos por meio de comitês de terceiras partes
confiáveis. Cada usuário se rebela sem drama ou ideologia enquanto
persegue o interesse próprio, que é a motivação humana mais forte de
todas. O interesse próprio em todas as suas formas deve ser a base de
uma revolução bem-sucedida. Qualquer um que permaneça fiel à visão
de Satoshi acerca das criptomoedas se manterá, quer queira ou não,
como um lutador da liberdade, porque a descentralização radical do po-
der é a definição da Revolução, da nossa Revolução: da Revolução Sa-
toshi.
O estado continua sendo o maior criminoso de todos; seu poder
não deve ser subestimado, mas também não deve ser temido. A melhor
atitude e abordagem em relação ao estado que já vi foi a do falecido
Samuel E. Konkin III (SEK3), o pai do Agorismo e um velho compa-
nheiro de bebida. SEK3 atendia rotineiramente seu telefone com a sau-
dação “Smash the State”; sua atitude em relação ao estado era infalivel-
mente rebelde. E, no entanto, sua atitude não era a abordagem prática
que adotava em relação ao estado. Seu estilo de vida não enfatizava
confrontos diretos com a autoridade; desafiar era sua atitude, não seu
estilo de vida. Sempre que possível, SEK3 evitou contato e substituiu
quaisquer serviços valiosos que o estado usurpou do livre mercado –
como os bancos – com os privados. Suas ações eram um plano ambu-
lante sobre como derrotar o estado eliminando-o de sua vida, porque ele
sabia que a maneira mais eficaz de esmagar o estado era estabelecer
alternativas privadas para torná-lo irrelevante, ou seja: privar o estado
de sua vida privada.
O legado duradouro da SEK3 para a teoria anarquista foi o sis-
tema econômico-filosófico chamado Agorismo, que busca uma revolu-
ção pacífica por meio da contra economia. SEK3 o definiu como “o
estudo e prática de toda ação humana pacífica que é proibida pelo es-
tado”. A contra economia é a versão “mercado negro” da praxeologia
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Posfácio
Eu pretendia terminar este livro discutindo o impacto da block-
chain na violência física, nos crimes de violência. Eu não posso. Não
acho que haja impacto. Não sei como a blockchain poderia impedir es-
tupros em becos, por exemplo. Eu poderia falar sobre colocar o trabalho
sexual em um registro financeiro aberto, mas isso seria um chá fraco, e
pareceria uma evasão. Este é um livro de teoria original, que explora o
que nunca foi dito antes sobre criptomoedas. Nem sempre sei para onde
as ideias estão me levando, mas o impacto na violência física não é um
desses destinos.
E é por isso que estou, agora mesmo, escrevendo o posfácio do
meu livro.
Minha jornada pelas criptomoedas começou em uma cozinha no
Chile. Fui a palestrante de destaque em uma conferência, que também
apresentou um painel de três outros especialistas em Bitcoin. Meu ma-
rido e eu decidimos alugar uma casa pelo AirBnb porque queríamos
estender aqueles dois dias em duas semanas de saltos pelo país, o que
foi mágico. A casa em que acabamos, no entanto, foi equipada para ca-
samentos. Tradução: Havia cerca de trinta camas amontoadas em apro-
ximadamente vinte quartos, que eram ligados por pisos feitos de com-
pensado rachado, abaixo dos quais havia um desnível de dois andares.
Não era uma casa; era uma aventura … com um banheiro funcionando.
Eu prefiro chamá-la de exótica.
A conferência abrigou os palestrantes e atendentes em um com-
plexo remoto, que rapidamente se encheu. Os organizadores nos pedi-
ram para receber os especialistas em Bitcoin. Nós concordamos com
prazer. Eram sujeitos agradáveis e apresentáveis – embora homens que
falavam de assuntos que não faziam sentido para mim. Felizmente, meu
marido desenvolve hardware e software para sistemas embarcados, en-
tão estou acostumada a nem sempre entender as coisas.
E então houve a manhã depois que eles chegaram. Um sujeito
dormiu até tarde. Um insistiu em preparar o café da manhã; não pre-
tendo caluniá-lo, porque ele era muito agradável e tentava ser um bom
hóspede. Mas as pessoas não cozinham perto de mim. Eu cozinho; você
come; nos damos bem. Ele cozinhou…
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