Direito Tributário
Direito Tributário
Direito Tributário
DIREITO TRIBUTÁRIO
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BIBLIOGRAFIA:
- doutrina;
- jurisprudência;
- testes do concurso;
MATÉRIAS:
- Princípios
- Imunidades
- Tributos
- CTN
AULA 1: 16/08/2010
O poder de tributar significa a invasão que os entes farão em nosso patrimônio. Com os princípios há uma
limitação desse poder de invasão. Ou seja, os princípios delimitam o poder de tributar estabelecendo o que
é constitucional e o que é inconstitucional:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
Este princípio homenageia a segurança jurídica. Este princípio nos traz uma idéia do consentimento que se
encontra dentro do princípio da legalidade.
Constituição Inglesa de 1215 (Carta de João Sem Terra) estipulou que o Tributo teria que estar previsto em
lei, ou seja, o tributo somente é válido pelo consentimento do povo, que se externa através da lei.
Pergunta: redução e extinção de tributo, também dependem de lei? R: Sim, a legalidade não é só para
aumento e criação, mas também para a redução e a extinção de tributo.
A lei que cria, extingue, reduz ou majora será a LEI ORDINÁRIA, em regra. No campo tributário, em geral, é a
lei ordinária que institui o tributo, definindo o seu fato gerador, a base de cálculo, as alíquotas, os
contribuintes, além de prescrever as penalidades aplicáveis às infrações previstas.
A LEI COMPLEMENTAR também possui um papel importante dentro do sistema tributário. As LC têm o
objetivo de disciplinar os preceitos constitucionais não auto-aplicáveis. Cabe lei complementar, apenas,
onde está previsto pela Constituição. Nesse sentido, a Constituição Federal determina que só podem ser
instituídos mediante lei complementar os seguintes tributos. São quatro tributos que dependem de LEI
COMPLEMENTAR:
- Imposto sobre grandes fortunas (art. 153, VII da CF/88) – LC sim! (na doutrina existe uma
discussão sobre este tributo ser por LC. O Professor Carraza diz que seria LO, a LC instituiria aspectos
genéricos. Porém, para nós, a despeito da polemica, é por LC;
Existe um artigo do CTN, 97, temos o que se convencionou mencionar estrita legalidade, a doutrina também
apelida este comando de reserva legal, ou ainda tipicidade tributária fechada.
Alguns definem como princípio da estrita legalidade ou da reserva legal da lei formal o que leva ao princípio
da tipicidade fechada da tributação, o que exige que a lei seja minuciosa, evitando o emprego da analogia ou
da discricionariedade.
II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;
III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do
§ 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo;
IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21,
26, 39, 57 e 65;
§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a
atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo.
O conceito de “estrita legalidade” remete o estudioso à presença de itens obrigatórios em toda lei tributária.
Note-os: (Art. 97 do CTN). Os institutos considerados “númerus cláusulos” de toda lei tributária são:
- Multa;
- Fato Gerador.
* OBS: é possível à atualização da base de cálculo por meio de ato infralegal (decreto que atualiza base e
cálculo de IPTU). O aumento depende de lei (súmula 160 do STJ).
B) ATENUAÇÃO AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE:
Pergunta: Será que o princípio da legalidade comporta atenuação (mitigação)? R: Sim, art. 153, par. 1º da
CF/88. Estes tributos dependem de lei, mas os limites estão estabelecidos na lei, e dentro destes limites,
pode o P.Executivo Federal alterar através de decreto.
O princípio se mostra mitigado com relação às alíquotas (e não em relação à base de cálculo). Significa dizer
que, em certas circunstâncias – e dentro dos limites legais –, não se submetem “completamente”ao
princípio da legalidade tributária.
- II (Imposto de Importação);
- IE (Imposto de Exportação);
Além desses 4 há mais dois tributos trazidos pela EC/33, que também pode ser mitigados:
OBS: a lista que mitiga (algumas bancas dizem serem exceções) compõe-se de cinco tributos e uma
contribuição. 5 tributos federais e 1 tributo estadual.
Por qual motivo a existência desta mitigação? R: Pois são tributos extrafiscais (é o atributo de certos tributos
que regulam o mercado ou a economia do país). Assim, eles não têm fins meramente arrecadatórios, mas
ordinatórios (regulatório).
Exemplo: Presidente pretende desestimular o consumo de um determinado bem importado para incentivar
um produto nacional. Ele, através de decreto, aumenta a alíquota do II.
Portanto, ao princípio da legalidade tributária, são ressalvas: Insta ressaltar que é somente no caso de
alíquotas:
IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO – II
IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO – IE
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÃO FINANCEIRA – IOF
IMPOSTO SOBRE PRODUTO INDUSTRIALIZADO – IPI
CIDE COMBUSTÍVEL – Trazido pela EC 33/2001
ICMS COMBUSTÍVEL – Trazido pela EC 33/2001
O parágrafo 2º do art. 62 é o que nos interessa. A MP pode aumentar ou criar imposto no Brasil.
§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos
arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido
convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 32, de 2001)
São atos editados pelo Presidente da República, com força de lei, em caso de relevância e urgência. Devem
ser submetidas de imediato ao Congresso Nacional, que, estando em recesso, será convocado
extraordinariamente para se reunir no prazo de 5 (cinco) dias.
As medidas provisórias perdem a eficácia desde a edição se não forem convertidas em lei no prazo de 30
(trinta) dias da publicação.
Embora haja controvérsias sobre a utilização da MP em matéria tributária, a maioria das opiniões conclui
que referido ato é inadequado para instituir ou majorar tributo, em face do princípio da reserva legal.
A EC 32/2001 alterou o art. 62 da CF/88 e trouxe a permissão para que às Medidas Provisórias possam
instituir ou majorar impostos, Aliás, o próprio STF já defendia a possibilidade, antes mesmo da EC 32/2001.
Ocorre que agora há previsão constitucional desse entendimento.
Obs.: Para o STF a MP pode alcançar outras espécies tributárias, tais como as contribuições, são elas: (1) PIS
Importação; (2) COFINS importação.
Síntese: A MP pode criar e aumentar o imposto no Brasil (literalidade da CF/88. Pois o STF aceita a MP para
outros tributos). Exemplo: MP aumenta o ITR, o IR. Pergunta: MP acerca de imposto Estadual e Federal? R:
Para o STF é possível à MP alcançar impostos Estaduais ou Municipais, respeitado o princípio da simetria
(ADI 425/2002). Assim, observando-se simetricamente o processo legislativo federal, nada impede que se
publique uma MP aumentado imposto Estadual/Municipal.
Há campos em que a MP não poderá atuar, que são os campos destinados à LC. Onde a LC versar a MP não
poderá disciplinar.
Exemplo: não pode nascer Empréstimo Compulsório por MP, e também aqueles constantes da lista acima
sobre tributos por LC.
- Art. 146, inc II da CF/88. As limitações constitucionais ao poder de tributar serão reguladas por LC.
Assim, não pode MP que trata sobre essa matéria.
- Art. 156, par. 3º, inc.II: lei complementar exclui as exportações de serviços do ISS (é uma matéria
que versa sobre isenção do ISS nas exportações).
3) PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA: ART. 150, INC. III, ALÍNEAS “B” E “C”:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
(...)
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou, observado o disposto na alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003)
Princípio comum do campo tributário, diz que a lei que cria ou aumenta tributo, ao entrar em vigor, fica com
sua eficácia suspensa até o início do próximo exercício financeiro, quando incidirá e produzirá todos os seus
efeitos no mundo jurídico (não adia a cobrança e sim suspende a eficácia, não há incidência). Este princípio e
o princípio da segurança jurídica evitam a surpresa.
O valor homenageado por este princípio é o da segurança jurídica, proibição da tributação de surpresa.
O princípio significa que a publicação da lei deve ser em momento anterior ao da sua eficácia, Vale dizer que
a eficácia será diferida (adiar/adiada), postergando-se a data da cobrança do tributo para o momento
descrito nas alíneas “b” e “c”:
União, Estados, Municípios e DF só podem exigir o tributo no exercício financeiro posterior ao da publicação
da lei.
Obs.: Exercício Financeiro = Ano Fiscal = Ano civil (01 de janeiro à 31 de dezembro)
Obs.: O valor jurídico que se busca proteger com o princípio da Anterioridade Tributária é evitar a tributação
de surpresa, no contexto da proteção a segurança jurídica. Daí se falar que tal princípio pode ser chamado
de “princípio da eficácia diferida”.
A partir de 2004, foi acrescentada a alínea “c” pela EC 42/03. Uma vez publicada a lei, o tributo só poderá ser
exigido 90 dias após a publicação da lei. É denominada de anterioridade nonagesimal (qualificada ou
privilegiada). É um “reforço” ao princípio da anterioridade anual.
Pergunta: o Prof. Marcelo Novelino nos falou que a edição de MP tem que também observar o princípio da
anterioridade. Assim, MP editadas e publicadas em 2010, a cobrança somente ocorrerá a partir de 2011
(próximo exercício). Os tributos que possuem exceção à anterioridade anual e nonagesimal a vigência é a
partir da edição da MP, e a após obedecer aos princípios citados. Ocorre que, como ficaria a eficácia dos
tributos, editados por MP, que são exceção à anterioridade anual e não a nonagesimal, a exemplo do IPI e a
contribuição social-previdenciária? R: a meu entender seria possível a cobrança após noventa dias, nos
mesmos moldes dos tributos que tem que obedecer a anterioridade.
3.3) CONCLUSÃO: Caso tributo seja criado ou majorada entre janeiro em setembro de um determinado ano
(até 2 de outubro), a incidência da lei ocorrerá em 1º de janeiro do ano seguinte. Se isso se der entre
outubro e dezembro, a incidência ocorrerá em data posterior a 1º de janeiro, em razão do impacto dos 90
dias.
As exceções a este princípio não podem ser criadas pelo poder reformador, só pelo poder constituinte
originário.
OBS 1: a base de cálculo do IPTU e IPVA e o IR somente não obedecem a anterioridade nonagesimal e
obedecem a anteriorididade anual, assim podem ser fixadas as BC no dia 31/12 do ano de 2010 para inicio
da cobrança em 01/01 de 2011.
OBS 2: o IPI, e CIDE somente são exceções à anterioridade e não à nonagesimal. Logo podem ser instituídos
no ano 2010 e após 90 dias ser iniciada a cobrança mesmo que o final do exercício não tenha acabado.
A.2) E quanto ao IPI: Desde 2004 seria exigido 90 dias depois. IPI será exigido 90 dias depois, mas não
obedece à anterioridade de exercício.
3) E quanto ao IR: o IR não tem que respeitar 90 dias, mas sim tem que respeitar a anterioridade de
exercício. O IR majorado em qualquer data do ano, incluído as últimas, incidirá sempre em 1 janeiro do ano
seguinte.
OBS: a mesma conclusão vale para as alterações na base de cálculo do IPTU e do IPVA. Decreto também
pode atualizar esta base de cálculo, conforme súmula 160 do STJ, já vista anteriormente.
Exemplos de regras gerais: ISS, ITR, ICMS, alíquota de IPTU é regra (a exceção é para alteração na base de
cálculo), IPVA (mesma idéia do IPTU), taxas, etc.
B) DICAS FINAIS:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos
termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
§ 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos
noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes
aplicando o disposto no art. 150, III, "b".
Este tributo possui um período de anterioridade especial. As contribuições previdenciárias têm um período
especial de 90 dias. Não é exceção à anterioridade anual. É um período especial. Preferimos entender tal
período como anterioridade especial, e não como exceção à anterioridade anual. Entretanto, há bancas que
não desfrutam desse entendimento, rotulando o prazo como exceção.
É também chamada de anterioridade mitigada, noventena, noventalidade ou período de anterioridade
nonagesimal.
B.2) OBSERVAÇOES:
STF: para o STF, a “modificação” deve se traduzir em inequívoca onerosidade (ex: inclusão de sujeito
passivo), a simples alteração na data de pagamento do tributo não se caracteriza como modificação
suficiente para avocar (chamar para si) a noventena. Súmula 669 do STF.
DICA 1: para o STF, a alteração da data do pagamento afasta-se também o princípio da legalidade tributária,
pois não se encontra tipificada no art. 97 do CTN. O professor não concorda com este posicionamento.
DICA 2: princípio da anterioridade X anualidade: tal postulado esteve previstos nas CFs de 46 e 67 tendo
desaparecido posteriormente do sistema constitucional tributário. Seu estudo está reservado ao direito
financeiro. Ele indicava a necessidade de previa estipulação do aumento ou criação do tributo na lei
orçamentária, como condição para à incidência da norma tributária. Hoje, como se sabe basta o respeito ao
princípio da anterioridade.
AULA 2: 30/08/2010
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
Este dispositivo estabelece o princípio da não-discriminação no direito tributário. Isso significa que não pode
haver nenhuma discriminação em matéria tributária, salvo se tal discriminação vier a promover uma
isonomia.
A isonomia é tratada genericamente em vários dispositivos da CF (art. 5º caput; art. 5º inc. I; art. 3º, inc. IV;
etc.).
A isonomia no direito tributário pode ser entendida como a vedação ao tratamento desigual àqueles que se
encontram em situações de equivalência.
Quem são os iguais? R: os iguais são aqueles que realizarem o fato gerador do tributo, prevalecendo a
interpretação objetiva do fato imponível –FG – (interpretação objetiva do fato imponível). Assim, importa ao
intérprete o FG, e não os aspectos externos a ele: menoridade civil; ilicitude tributária; imoralidade do ato
(renda auferida pela prostituição); etc.
Licitude ou ilicitude do ato: renda proveniente oriunda de atividade ilícita. Para o STF e STJ deve haver a
normal incidência do IR sobre a renda oriunda das atividades ilícitas (jogo do bicho, lenocínio, tráfico de
drogas, etc.). A doutrina levanta três pontos sobre esta questão: 1) art. 3 do CTN mostra que tributo na se
confunde com multa. A tributação do ilícito desafiaria esta distinção. 2)o direito penal, de um lado, reprime
o ilícito. O direito tributário, de outro lado, seria cúmplice/sócio do ilícito (Bernardo Ribeiro de Morais). 3)
Possível colisão entre os direitos. A ilicitude pode estar no chamado FG, assim entendido o momento da
concretização da hipótese legal tributária. Nesta não haverá ilicitude, pois tem base legal (Hugo de Brito
Machado). A doutrina clássica e moderna, em sua maioria, prefere a solução da tributação à alternativa da
não incidência dos impostos, sob pena de tratar desigualmente contribuintes que são tributariamente iguais.
OBS: Incidência do ICMS na venda de tráfico de entorpecentes: solução diferente deve ser dada no caso de
possível incidência de “ICMS na venda de drogas”. A doutrina e a jurisprudência, ambas escassas entendem
que equipar mercadoria a droga seria permitir a contaminação da hipótese de incidência pela ilicitude do
evento. Aqui não se conseguiria separar o aspecto material da hipótese de incidência da ilicitude do crime.
Por isso, tem-se entendido que deve prevalecer a não incidência. Veja que, o Estado, apropriando-se do
patrimônio proveniente do ilícito (carros, casas, etc.), terá direito aos tributos incidentes no momento da
adjudicação deste patrimônio ao particular (leilões públicos).
Esse princípio avoca uma interpretação extensiva: quem são os iguais para fins tributários?
R: Conforme a máxima conhecida os iguais devem ser tratados de forma iguais e os desiguais de forma
desiguais. Em tributário, memorize: a igualdade tributária, sendo relativa, será alcançada mediante o
tratamento igual, aos tributariamente iguais e o tratamento desigual, aos tributariamente dessemelhantes.
Imaginemos quatro pessoas: um recém-nascido, um comerciante, um traficante e uma prostituta. Quais
desses podem ser contribuintes? Todos, pois os iguais no direito tributário serão determinados a partir da
interpretação objetiva do fato gerador, sendo desimportantes os aspectos externos ao fato imponível. Nessa
medida, não importa verificar se o ato praticado é juridicamente válido, nem mesmo se os seus efeitos são
relevantes. É o que dispõe o art. 118 do CTN:
O art. 118 é conhecido pela máxima latina: “tributo non olet” (tributo não cheira). Assim, todas as pessoas
quando realizam o fato gerador, podem ser sujeitos passivos da obrigação tributária.
A isonomia tributária visa inibir os privilégios odiosos, que eram comuns nas isenções de tributos para certas
pessoas importantes no regime ditatorial.
Atualmente, tais privilégios são evitáveis, uma vez que se busca aferir a equivalência a partir de critério
objetivo – realização do fato gerador.
Tal critério justifica a tributação de quaisquer pessoas, uma vez que a capacidade tributária passiva é plena
(artigo 126, “caput”, CTN), sendo irrelevantes os aspectos subjetivos: a incapacidade civil do sujeito, a
ilicitude do ato, a regularização da pessoa jurídica etc.
II – de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação do exercício
de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de seus bens ou negócios;
*É o caso de médicos, advogados, dentistas etc que devem ISS, por prestarem serviços, mesmo que não
estejam regularmente inscritos nos seus Conselhos; presidiário que ganha na loteria deve IR.
III – de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma unidade
econômica ou profissional.
* É o caso do camelô, que por circular mercadorias, deve ICMS, mesmo que não esteja regularmente
constituído.
A exata compreensão da isonomia tributária requer o estudo de um princípio correlato, ou seja, o princípio
da capacidade contributiva.
O primeiro caso de tratamento favorecido é o das microempresas e empresas de pequeno porte. Este
tratamento diferenciado e favorecido é, na verdade, um instrumento de realização da isonomia. Trata-se
aqui de seguir a máxima de se tratar igualmente aqueles que são iguais e desigualmente os desiguais, na
medida de sua desigualdade. Haveria ofensa ao princípio se, dentro da mesma categoria, houvesse um
tratamento desigual.
Como complementação desse tratamento diferenciado para as ME e EPP, temos ainda o previsto no art.
146-A, CR, que estabelece a possibilidade de a lei criar critérios especiais de tributação para prevenir
desequilíbrios da concorrência.
Este princípio está previsto no art. 151, I, CR, e determina que a União não poderá estabelecer tratamento
tributário diferenciado entre os entes da Federação. As normas federais tributárias devem ser uniformes em
todo o território nacional.
I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou
preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro,
admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento
sócio-econômico entre as diferentes regiões do País;
No entanto, o próprio dispositivo faz uma ressalva: admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a
promover o equilíbrio sócio-econômico entre as diferentes regiões do país. Ex.: zona franca de Manaus.
Assim, a regra é a do tratamento tributário uniforme em relação aos tributos federais. Só que esta regra
comporta uma ressalva, que é a relativa à concessão de incentivos fiscais a determinadas regiões do país.
Ocorre que a concessão desses incentivos fiscais não pode ser aleatória, devendo estar vinculada com um
objetivo específico, que é a promoção do desenvolvimento econômico e social daquela região para a qual foi
concedido o incentivo. Ou seja, o incentivo fiscal deve estar vinculado a este objetivo. Assim é possível ter
um maior equilíbrio entre as diversas regiões do pais, o que enseja a maior realização do Princípio da
igualdade.
O exemplo mais típico é o da Zona Franca de Manaus: está prevista no art. 4º, ADCT, que fala sobre o prazo
de vigência desses incentivos fiscais:
Art. 40. É mantida a Zona Franca de Manaus, com suas características de área livre de comércio, de
exportação e importação, e de incentivos fiscais, pelo prazo de vinte e cinco anos, a partir da
promulgação da Constituição.
Parágrafo único. Somente por lei federal podem ser modificados os critérios que disciplinaram ou
venham a disciplinar a aprovação dos projetos na Zona Franca de Manaus.
Art. 92. São acrescidos dez anos ao prazo fixado no art. 40 deste Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias.
A EC 42/03 garantiu, a partir de 2003 mais 20 anos para a concessão desses benefícios.
Salvo no caso dessas concessões de benefícios específicos, não pode haver uma diferenciação tributária, seja
em razão da procedência, seja em razão do destino dos produtos - Art. 152, CR/88.
5) PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA:
A análise do princípio da isonomia depende do estudo de um “sub-princípio”, que lhes serve corolário –
PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA, art. 145, par. 1º da CF/88.
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes
tributos:
§ 1º - SEMPRE QUE POSSÍVEL, os IMPOSTOS terão caráter pessoal e serão graduados segundo a
CAPACIDADE ECONÔMICA DO CONTRIBUINTE, facultado à administração tributária, especialmente
para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos
da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
5.1) EXPRESSÃO IMPOSTOS: O STF entende que onde se lê impostos, deve se ler tributos.
O texto constitucional refere-se tão somente a uma espécie tributária, ou seja, os impostos.
TRF 2ª Região: “Qual a diferença ente a CF/46 e a CF/88, no tocante ao postulado da capacidade
contributiva?”
A CF/46 (art.202), originariamente, fazia menção a tributos, mas com as supervenientes emendas
constitucionais, tal dispositivo foi revogado, indicando que a matéria desapareceu das constituições de 67 e
69, retomando o curso na CF/88. Na CF de 88 o princípio da capacidade só se refere a imposto.
Na jurisprudência (STF):
Para o STF e doutrinadores de prol (de renome), como Luciano Amaro, Ricardo Lobo Tôrres, o princípio da
capacidade contributiva pode ser estendido a outras espécies tributárias, v.g. (“verbi gratia” – por exemplo),
às taxas (taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores mobiliários). Só por curiosidade: essa taxa foi
considerada constitucional (S.665 do STF).
O princípio deverá ser aplicado aos mais diferentes impostos por meio de técnicas de incidência de
alíquotas. Note algumas: progressividade, proporcionalidade, seletividade, etc.
Técnica de incidência de alíquotas variáveis perante bases de cálculo que também variam.
A) IMPOSTO SOBRE A RENDA (IR): quando se tributa alguém com maior renda é uma idéia fiscal ou extra-
fiscal? R: os dois.
Generalidade: significa que o IR deverá incidir sobre todas as pessoas. Diz respeito a sujeição passiva.
Universalidade: significa que o IR deverá incidir sobre todas as rendas. Diz respeito a base de cálculo.
B) ITR:
Busca-se desestimular o ausentismo (propriedade não produtiva). Concretizar o art. 5, inc. XXIII, que diz
sobre a função social da propriedade.
* Este é mais um caso de imposto com progressividade extrafiscal. Assim, como o IPTU, a progressividade do
ITR tem o objetivo de desestimular o ausentismo, ou seja, a manutenção da propriedade rural improdutiva.
C) IPTU PROGRESSIVO: EC 29/2000, emenda modificou o art. 156, par. 1O, inc. I e II da CF/88.
Progressividade fiscal: valor do imóvel.
Art. 156, § 1º Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o artigo 182, § 4º, inciso II, o
imposto previsto no inciso I (IPTU) poderá:
Art. 182. § 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no
plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado,
subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,
sucessivamente, de:
* O IPTU sempre foi progressivo no tempo (art. 182, §4º, II da CF), buscando desestimular o inadequado
tratamento da propriedade urbana. Algo mudou. Com a EC 29/00, a progressividade do IPTU foi modificada,
passando ele a ser progressivo em razão do valor do imóvel e apresentando alíquotas diferentes de acordo
com a localização e uso. Antes da EC 29 a progressividade do IPTU tinha um viés exclusivo extrafiscal, que
era buscar a função social da propriedade. Após EC 29/00 o IPTU progressivo ganhou uma progressividade
fiscal que hoje coexiste com a anterior progressividade extrafiscal.
Segundo o STF (súmula 668 do STF), os novos critérios da EC 29 não poderem alcançar as situações
anteriores a 2000.
Súmula 668 do STF: É inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da Emenda
Constitucional nº29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a assegurar o
cumprimento da função social da propriedade urbana.
OBS: o ITBI é um caso clássico na jurisprudência de um imposto que NÃO pode ser progressivo. É
inconstitucional o ITBI progressivo (S.656 do STF).
Súmula 656 do STF: É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas para o Imposto de
Transmissão inter vivos de Bens Imóveis – ITBI com base no valor venal do imóvel.
5.4) PROPORCIONALIDADE:
Técnica de incidência de alíquotas fixas perante bases de cálculo que podem variar.
5.5) SELETIVIDADE:
Técnica de incidência de alíquotas que variam na razão inversa da essencialidade do bem. Assim, quanto
mais essencial o bem, menor a alíquota e vice-versa. Por quê? Veja! Os tributos indiretos, isto é, aqueles em
que o ônus tributário repercute no consumidor final tendem a fomentar a injustiça, já que não consegue
diferenciar contribuinte pobre do contribuinte rico. A seletividade vem no sentido de tentar minorar essa
distorção. Sendo assim, a técnica visa promover justiça fiscal, inibindo os efeitos negativos provocados por
esses impostos, que tendem à “regressividade”. A regressividade é, em palavras simples, uma
“progressividade às avessas” (questão dissertativa da Magistratura Federal), ou seja, nos impostos
regressivos “quem ganha mais paga menos, e quem ganha menos paga mais”. Nesse contexto, a seletividade
mostra-se como mecanismo inibitório da regressividade no sistema.
Quanto mais supérfluo mais imposto seletivo. Quanto mais nocivo mais imposto seletivo, ex: cigarro,
bebidas alcoólicas.
Tais impostos tendem a onerar mais os produtos considerados supérfluos (cosméticos, perfumes etc) ou
nocivos (cigarros, bebidas alcoólicas etc).
III – PODERÁ ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços;
RECAPITULANDO...
IR: progressivo em razão de três critérios informadores: geral, universal e progressivo (G U P);
Art. 150, inc. III, da CF/88 c/c art. 144, caput, do CTN)
Irretroatividade significa não retroação. Este é um princípio que proíbe a retroação. Quando que uma lei
vigerá de modo prospectivo (para frente) ou retrospectivo (para trás)?
A lei não poderá ter vigência retrospectiva, a lei somente poderá viger para frente.
OBS:
ANTERIORIDADE EFICÁCIA
IRRETROATIVIDADE VIGÊNCIA
OBS: 99% das leis tributárias entrem em vigor na data da publicação. Foi publicada a lei hoje, assim, está lei
possuirá vigência, mas nem sempre possuíra eficácia.
É vedada a cobrança de tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que
os houver instituído ou aumentados.
Na prática as leis tributárias entram em vigor na data da publicação, adiando-se a incidência da norma para a
data imposta pelo cálculo da anterioridade tributária (paralisação da eficácia).
O direito tributário não trabalha, em regra, com “vacatio legis”, porque não tem muita razão de ser, mas é
possível que aconteça. Só para argumentar, se a lei publicada não fizer menção à data de vigência, deverá
haver o necessário respeito ao prazo de 45 dias, antes do qual não se poderá atingir os fatos geradores.
Vigor: 15.12.08
* No plano fictício;
Eficácia ($) – anterioridade - 91º dia a contar de 15.12 (publicação e não vigência).
ANTERIORIEDADE IRRETROATIVIDADE
TRIBUTÁRIA TRIBUTÁRIA
Há exceções para tributos Não há exceções para tributos, mas sim para
penalidades
O princípio da anterioridade comporta exceções para tributos (art. 150, par. 1º da CF/88). O princípio da
irretroatividade comporta “exceções” (há doutrinadores que não entendem caber exceções) para figuras
não tributárias (multas/infrações).
A lei deve viger para frente, não podendo atingir o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
Na irretroatividade genérica, a lei só atingirá fatos futuros. Na irretroatividade tributária (específica), a lei só
atingirá fatos geradores futuros.
A lei tributária deverá atingir fatos geradores a ela posteriores, não podendo retroagir.
Note, pois, que a lei deve ter vigência prospectiva, e não retrospectiva, em homenagem ao princípio da
segurança jurídica – elemento justificador deste postulado e do princípio da anterioridade.
O professor não chama e exceção, ele segue a doutrina do professor Dirley da Cunha. O professor diz sobre
leis produtoras de efeitos jurídicos pretéritos. As leis tributárias devem sempre viger para frente, mas
existem dois casos de leis produtoras de efeitos jurídicos pretéritos – vide art. 106, inc. I e II do CTN. Para o
professor esses dois dispositivos não são exceções, mas REGRAS. Com o rigor terminológico, não existem
exceções ao princípio da irretroatividade, previstas no texto constitucional. Em verdade, “atenua-se” o
postulado, com a existência de lei produtoras de efeitos jurídicos sobre atos pretéritos. A bem da verdade
será possível concluir que tais leis são a pura confirmação da regra.
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não
tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo;
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.
Trata-se da lei que vem retirar os pontos obscuros da norma pretérita (interpretação autêntica, legal ou
legislativa).
Cuidado com as falsas leis interpretativas: verdadeiramente modificativa – vigência prospectiva (para
frente). Ex: LC 118/2005.
A lei interpretativa, a pretexto de interpretar, não pode impor uma penalidade fazendo-a incidir sobre atos
pretéritos.
INC. II LEIS MAIS BENÉFICA QUANTO ÀS INFRAÇÕES/MULTA:
Ato não definitivamente julgado (ato que não cabe mais recurso).
Memorize: se o ato estiver definitivamente julgado, mesmo que a multa seja mais benéfica, aplicar-se-á a
multa da lei do momento do fato gerador.
O inc. II ratifica diretriz do direito penal (art. 2º parágrafo único) segundo a qual a lei deve retroagir para
beneficiar o réu. A alínea “c” do inciso II tem sido exaustivamente solicitada.
EX:
- Lei A
- Lei B
OBS 1: multa de 10% menor do que 50%. É só para multa mais benéfica.
O princípio da irretroatividade vale tanto para o tributo, quanto para a multa, exceto para a multa mais
benéfica (afasta o princípio e retroage a lei).
OBS 2: a resposta, no caso em tela, de ser aplicada a Lei B, está parcialmente correta.
Deve haver o cumprimento da condição do caput do inc. II( desde que o ato não esteja definitivamente
julgado) para que ocorra a retroatividade da lei.
* Prevalecerá este valor se, por exemplo, tiver ocorrido uma discussão administrativa ou judicial,
indicando que o ato não estava definitivamente julgado.
Este princípio não proíbe o tributo confiscatório, o que se proíbe é o tributo com efeito de confisco.
A carga tributária do Brasil é excessiva (escorchante) – em torno de 40% do PIB no Brasil.
A carga tributária global pode ser um mecanismo a ser utilizado pelo intérprete para aferir os efeitos
confiscatórios do tributo? R: Segundo o STF, a aferição do confisco pode levar em conta a carga tributária
em sua globalidade – ADI MC 2010/DF, ano 1999.
Utilizar um tributo com efeito de confisco significa criar um tributo tão gravoso, tão pesado, que resulta na
retirada quase que total da propriedade do contribuinte. É um tributo abusivo, que supera o limite do
razoável.
Mas qual é o limite para se caracterizar ofensa ao princípio do não-confisco? Este limite deve ser analisado
diante de cada caso específico. Diante dessa relatividade, houve uma discussão no STF sobre a possibilidade
do Princípio ser analisado em sede de controle abstrato de constitucionalidade, e o STF disse que sim, é
possível o controle - ADI 2010, de 1999.
Da ementa dessa ADI se conclui: o princípio preserva a propriedade do contribuinte e ele pode ser analisado
em sede de controle abstrato de constitucionalidade.
Outra consideração sobre o princípio – ADI 1075: as multas tributárias também não poderão ser
confiscatórias. O STF reconhece a aplicação do princípio do não-confisco às multas tributárias. As multas
tributárias devem ser proporcionais à ofensa causada.
NÃO-CONFISCO X MULTA:
Pode ser utilizado o princípio do não confisco para as multas excessivas, sabendo-se que tributo não é
multa? R: Muito embora a norma constitucional refira-se a tributo, o STF estendeu em inúmeros julgados,
esta proteção às multas tributárias, impedindo que estas tenham caráter confiscatório, o que se podia notar
freqüentemente no que tange ao ICMS. (ADIN. 551-RJ, Pleno, Rel. Min. Ilmar Galvão). Para o STF é possível
aplicar o dispositivo para as multas excessivas, superando-se o entrave do art. 3º do CTN em pura
homenagem ao direito de propriedade que previsto no art. 5º, inc. XXII, da CF/88. Sem deixar de lado os
necessários efeitos da razoabilidade e proporcionalidade na tributação (ADI 1075/DF).
AULA: 24/09/2010
II – IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS
1) INTRODUÇÃO
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA:
É o poder de tributar.
a) pela discriminação de rendas, ou seja, pela distribuição dos tributos entre União, Estados, DF e
Municípios; e
2) CONCEITO:
A imunidade é uma limitação constitucional ao poder de tributar. Esta expressão pode ser extraída da
doutrina de Hugo de Brito Machado.
A norma de imunidade tributaria protege um bem, alguém, da incidência do tributo. Esta norma demarca
zonas de intributabilidade. Não vai haver tributação dento desta zona definida na norma.
A norma de imunidade colabora no desenho das competências impositivas (Paulo de Barros Carvalho).
Assim, a imunidade se traduz em campos de “incompetência tributária”, uma vez que demarca
negativamente a competência impositiva dos entes políticos.
Somente existe imunidade porque há um valor que justifica axiologicamente a norma desonerativa (vetor
axiológico). Ex: liberdade religiosa, liberdade de expressão, liberdade política, etc. Nessa medida, a
imunidade se mostra como “garantia”, uma vez que desponta como meio assecuratório de direitos, valores
ou liberdades.
É norma de estrutura, pois ela é endereçada ao legislador que deve agir de determinado modo.
Imunidade CF/88
Isenção LEI
3) FALSAS ISENÇÕES:
OBS: a imunidade atinge quaisquer espécies de tributo, dependendo do contexto e do dispositivo. Há duas
espécies tributárias que não são alvos de imunidade tributária: contribuição de melhoria e empréstimo
compulsório.
Pergunta: A contribuição de melhoria e o empréstimo compulsório não são alvos de imunidade pela
natureza do tributo, ou por não haver previsão constitucional, assim, neste caso, havendo reforma, poderia
haver previsões de imunidade para estes dois tributos?
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio
econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua
atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do
previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.
I - não incidirão (IMUNIDADE) sobre as receitas decorrentes de exportação; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 33, de 2001)
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de
poder;
Tributo: taxas.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades
sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos,
atendidos os requisitos da lei;
Igreja não paga IPTU, mas paga taxa, contribuição de melhoria, etc.
Cuidado: geralmente as bancas trocam imposto por tributo. Tributo é gênero, o qual imposto é espécie. O
dispositivo somente prevê imunidade para impostos.
A.2) ROL CLASSIFICATÓRIO: Os impostos afastados pela CF/88 são sobre patrimônio, renda ou serviços.
Alínea “a” e “c” e parágrafo 2º a 4º utilizam patrimônio, renda e serviço (interpretação ampla)
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades
sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos,
atendidos os requisitos da lei;
§ 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e
aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis
a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas
pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao
bem imóvel.
§ 4º - As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio, a
renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas.
(????) A renda, patrimônio e serviço também posui interpretação xtensiva???
O STF diz onde se lê imposto sobre patrimônio, renda e serviços têm que se ler de forma ampla em
homenagem ao vetor axiológico. O STF entende que deve prevalecer interpretação ampliativa para o rol
classificatório das imunidades recíprocas, desprezando-se esta classificação “inócua” (Ricardo Lobo Torres),
oriunda do CTN (artigos. 19 a 73).
Exemplo: não incidência IOF sobre operação financeira de Município. Também não incide II na importação
de bem pelo Município.
Pergunta: Professor, Bom dia. Por quê não caberia a imunidade recíproca sobre todos os tributos, levando
em conta o vetor axiológico do pacto federativo, fazendo uma interpretação ampliativa? Não entendi o
motivo de não se fazer uma interpretação extensiva também em relação a todos os tributos, mas somente a
todos os impostos.
A.3) PARÁGRAFO 2º
Não justifica proteger os entes políticos e não proteger as autarquias e fundações públicas.
A.4) Como regra tributação normal sobre Empresas Publicas e Sociedade de Economia Mista. Ela detem
personalidade de direito privado.
§ 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e
aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis
a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas
pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao
bem imóvel.
Este dispositivo diz que em princípio, as SEM e EP não se beneficiam da imunidade tributária recíproca,
porque esses órgãos agem sobre a ótica do setor privado, agem como atores econômicos, que visam ao
lucro.
Curiosidades STF:
- 2004: Correios ECT – Empresa Pública - Função exclusiva de Estado mais própria de autarquia –
Imunidade.
Mas porque “em princípio”? Porque o STF dá uma interpretação muito específica para este dispositivo, para
dizer que EP e SEM que sejam prestadoras de serviço público se beneficiam da imunidade. Elas não estão
sujeitas ao disposto no art. 150, §3º, desde que sejam prestadoras de serviço público. Ex.: Correios e Infraero
– nesses dois casos tivemos a inaplicabilidade do art. 150, §3º pelo STF, reconhecendo-se a imunidade
tributária.
ACO 959, STF – julgamento em mar/08 (ou seja, trata-se de entendimento recente).
RE 363412 AgR.
Uma última consideração a ser feita é sobre os serviços notariais, dos Cartórios. São eles imunes ou não à
tributação? Já que são interpretados como serviços públicos. Pela lógica seria caso de imunidade. Contudo,
recentemente o STF se posicionou no sentido de que os serviços registrais e notariais não são alcançados
pela imunidade recíproca, já que têm intuito de lucro.
ADI 3089
B) ALÍNEA “B”: IMUNIDADE RELIGIOSA:
Qual o objetivo dessa imunidade? É garantir a liberdade religiosa, sem que haja imposição de ônus ou de
custos para quem queira fundar uma Igreja ou desenvolver atividades religiosas. Trata-se também de uma
cláusula pétrea.
§ 4º - As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio, a
renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas.
Entidade é uma organização que busca a realização de propósitos organizacionais, podendo esses estarem
ligados direta ou indiretamente à finalidade precípua da entidade.
Patrimônio, renda e serviços relacionados com propósito religioso também são imunes.
Conclusões simples:
- Não incide ITBI sobe o prédio adquirido pela igreja par funcionar como templo.
1º) Caso a igreja seja proprietária de um apartamento e o alugue a terceiros, haverá imunidade
(IPTU), desde que se aplique no propósito religioso a renda conexa. Correspondência fática. A Igreja
possui 200 apartamentos que as alugados. Outro requisito: não prejudicar a livre concorrência.
Vide RE 544815 – não imunidade no caso de cemitério privado. Argumentos: a propriedade do bem
de pessoa natural e não da igreja. Há no caso finalidade econômica lucrativa.
3º) Maçonaria: as lojas maçônicas são templos para fins de imunidade? R: STF entendeu que tem
que incidir o imposto – RE 562.361/RS em 2010. Há um pedido de visto do Ministro Marco Aurélio,
mas por enquanto esta prevalecendo a incidência dos impostos sobre as lojas maçônicas, que não
são equiparadas a templo.
Pergunta: Patrimônio, renda e serviços de Fundações privadas criadas pela igreja para fins sociais, por
exemplo, entidades para ajudar crianças carentes, também são imunes pelo inciso “b”, do artigo 150?
A CR diz, em seu art. 150, §4º, que a imunidade compreende apenas o patrimônio, renda e serviço que se
relacione com as finalidades essenciais do culto religioso. Se houver outra renda que decorra de outra coisa
que não seja a finalidade essencial, esta renda deverá ser tributada. Ex.: se a igreja possui um serviço de
valet (estacionamento) – este serviço só tem finalidade comercial, lucrativa e não religiosa, e, portanto, esta
renda será tributada.
No STF, em relação a esta imunidade, tivemos uma discussão quanto aos cemitérios, para se saber se ele
deveria ou não pagar o IPTU. O STF recentemente decidiu (RE 578562) que os cemitérios são sim imunes, se
consubstanciam extensões de entidades de cunho religioso. Nesse mesmo julgamento, o Min. Eros Grau,
que foi o seu relator, tratou do caso dos cemitérios horizontais, que não têm túmulos, mas apenas jazigos,
que são muito caros e, nesse caso, este tipo de comercialização há o intuito lucrativo, não havendo que se
falar em imunidade.
C) ALÍNEA “C”:
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades
sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos,
atendidos os requisitos da lei;
§ 4º - As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio, a
renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas.
OBS GERAIS:
1ª) Cada uma tem um vetor axiológico próprio (liberdade política, direitos sociais, etc.);
2ª) Análise da parte final da alínea “c”: quando se escreveu “sem fins lucrativos”, quer-se afirmar que é
proibida a distribuição do lucro com os mantenedores da instituição. Assim, proíbe-se o “animus
distribuendi”, e não o “animus lucrandi”.
3ª) Além disso, o dispositivo faz menção a uma lei à qual a pessoa jurídica deve obedecer para fruir a
imunidade. Esta lei regula a fruição da imunidade não limitando a CF/88.
Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes
requisitos pelas entidades nele referidas:
I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título;
(Redação dada pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)
III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes
de assegurar sua exatidão.
3º) requisito: manter contabilidade em dia comprobatória dos dois requisitos anteriores.
Exemplo: a FUMEC é uma faculdade particular que cumpre o art. 14 e possui imunidade.
O Fiscal que vai a uma entidade e percebe que no salário dos mantenedores há distribuição de lucro, pois há
foi feita uma lei (9532) que o recebimento de salário pelos mantenedores já ensejaria uma suspensão da
imunidade. Porém, o STF deu interpretação diversa da lei: o STF suspendeu por inconstitucionalidade este
dispositivo.
AULA: 13/10/2010
D) ALÍNEA “D”
Conteúdo: esta imunidade é objetiva, ou seja, é dirigida àqueles bens especificamente. Ou seja, atinge
exclusivamente os impostos que incidirem nas operações relativas aos livros, jornais, periódicos e papéis
destinados a impressão desses itens.
A imunidade está condicionada ao conteúdo destes bens? Não. A análise do que seja cultura é subjetiva, o
que é para um pode não ser para outro. Tanto é assim, que até as listas telefônicas, que são periódicos, têm
imunidade. Álbum de figurinhas também tem imunidade.
STF, RE 221.239
Insumos sujeitos à imunidade: a CR/88 diz que o papel será imune à tributação de impostos.
Pergunta: A tinta também deveria ser imune? Qual é a extensão desta imunidade?
Houve diversas tentativas de se estender a imunidade a outros insumos, mas o STF disse que o único insumo
imune é mesmo o papel.
“A imunidade prevista no art. 150, vi, "d", da constituição federal abrange os filmes e papéis
fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos”.
Filme ou papel fotográfico é uma folha que se mistura no produto final. Somente esses dois itens também
estão incluídos na imunidade, nada mais.
1) INTRODUÇÃO:
Competência tributaria equivale ao poder de tributar. Poder de tributar concedido aos entes da federação.
Poder de tributar pode de criar e modificar tributos.
O poder de tributar possui duas facetas, duas formas de ser olhado. Há uma delimitação positiva, ou
podemos ter uma delimitação negativa.
Positiva: possibilidade de criar ou modificar tributos nos termos da CF/88. Ex: a união pode
tributar a renda (art. 153, inc. III), mas a união não pode, por exemplo, tributar a renda de entidades
de assistência social (imunidade). A delimitação positiva significa estudar a discriminação de rendas
na constituição.
2) CARACTERÍSTICAS:
1ª) MATÉRIA CONSTITUCIONAL: delimitada na constituição.
- RÍGIDA: esta matéria constitucional é rígida. Não pode haver mudança na delimitação da competência
tributária não pode ser modificada por emenda. Portanto é cláusula pétrea. Da maneira que veio delimitada
na CF/88, desta forma permanecerá.
A competência tributária é matéria constitucional, que se refere ao poder de criar e modificar tributos.
A capacidade tributária ativa está relacionada com o poder de cobrança e fiscalização do tributo, e não
propriamente com a criação do tributo. Está discriminado na lei e pode haver delegação. Vejamos:
2ª) FACULTATIVA:
A discussão sobre a competência tributária foi levada ao nível que permite desconfiar desta facultatividade.
Com a Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/00), começou o debate quanto à facultatividade.
Art. 11, LRF. O P.U. deste art. estabelece sanção para aqueles entes que não arrecadarem seus impostos.
Diante da não criação de impostos terá uma sanção, uma penalidade, que é a proibição quanto ao
recebimento de transferências voluntárias (auxílio, apoio financeiro).
Transferências obrigatórias: repartição da arrecadação tributária. Ex: art. 16, inc. III da CF/88 – 50% do IPVA
arrecadado no Estado será destinado à aquele município.
Transferências voluntárias: são feitas a título de auxilia e estão definidas no art. 25 da LRF.
Problema prático: a união que não criou o imposto sobre grandes fortunas recebe transferência voluntária.
Assim, na prática essa sanção na se aplica à União.
3ª)
Contribuições:
Empréstimos compulsórios:
RESUMO DA MATÉRIA:
A competência tributária é o poder concedido ao ente tributante de instituir e exigir o tributo, bem
como de regular o seu valor, a época e a modalidade de pagamento, e de definir as atribuições dos órgãos
lançadores, arrecadadores e fiscalizadores.
No Brasil, a competência tributária é definida por um sistema constitucional rígido. Isso porque é na
CR que vamos encontrar a atribuição, ou, melhor dizendo, a distribuição das receitas tributárias entre os 3
níveis de Governo (entidades tributantes): União, Estados e DF e Municípios.
- Poder de legislar: No art. 6º do CTN está determinado que a atribuição constitucional de
competência tributária compreende a competência legislativa plena, sempre respeitadas as limitações ao
poder de tributar prescritas na CR, nas Constituições dos Estados e nas Leis Orgânicas do DF e dos
Municípios. Ao legislador competente não são impostas quaisquer outras limitações, além daquelas e ordem
constitucional. Essa competência legislativa há que respeitar o princípio da legalidade tributária (é vedado
exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça).
Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras pessoas jurídicos de direito
público continuam pertencendo à competência legislativa daquela entidade a que tenham sido atribuídos
originariamente (art. 6º, P.U., CTN). Assim, embora a receita tributária arrecadada tenha que ser distribuída,
como ordena a CR, com outra entidade pública, a competência para legislar sobre o tributo continua
pertencendo ao ente ao qual tenha sido atribuído.
- Indelegabilidade: O art. 7º, CTN determina que a competência tributária atribuída a um ente
público é indelegável, ou seja, que não pode ser transferida ou cedida a outra pessoa jurídica de direito
público.
- Atribuição de funções: O art. 7º, CTN admite que é possível a atribuição das funções de arrecadar
ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária,
conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra. É importante ressalvar que essa atribuição das
funções de arrecadação e execução tributárias (art. 7º, §§1º ao 3º, CTN):
a) compreende as garantias e os privilégios processuais que competem à pessoa jurídica de direito
público que a conferir;
b) pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica de direito público que
a tenha conferido;
c) não constitui delegação de competência.
A atribuição de competência tributária, por força de disposição constitucional, a uma pessoa de
direito público outorga a esta uma faculdade que pode ou não ser utilizada. A entidade tributante não é
obrigada a decretar o tributo. Tanto que, na hipótese do não-exercício da competência tributária, nenhum
direito perde o poder tributante. O não uso da competência tributária não provoca a decadência, ou seja, a
perda do respectivo direito, pois o poder fiscal é imprescritível por natureza. Além disso, como dispõe o art.
8º, CTN, o não exercício da competência tributária não a defere à pessoa jurídica de direito público diversa
daquela a que a CR a tenha atribuído.
- Modalidades: a competência tributária se divide em:
a) Privativa: cada um dos contemplados pela outorga da faculdade de tributar poderá exercê-
la, livremente, sem a possibilidade de o outro ente federativo vir a tributar o mesmo fato econômico. É o
caso dos impostos “nominados”, das contribuições especiais do art. 149, caput, CR e dos empréstimos
compulsórios.
b) Comum: é a competência para instituição de taxas e contribuições de melhorias, atribuídas a
todos os entes políticos. É importante frisar, no entanto, que esta competência deve observar o âmbito das
atribuições de cada ente tributante. Não pode a União, por ex., instituir uma taxa relativa a um serviço que é
de competência dos Estados.
c) Residual: é a prevista no art. 154, I, CR, pelo qual a União poderá instituir novos impostos
mediante LC, desde que não sejam cumulativos e que não tenham FG ou BC idênticos aos já discriminados
na CR.
d) Extraordinária: está prevista no art. 154, II, CR a hipótese de a União instituir impostos no
caso de guerra externa. Impostos estes que podem estar compreendidos ou não em sua competência
tributária, os quais serão suprimidos gradativamente, cessadas as causas de sua criação.
e) Cumulativa ou Múltipla: consiste na possibilidade de a União instituir impostos estaduais em
Território Federal e, se o Território não for dividido em municípios, a União deve instituir, cumulativamente,
os impostos municipais. A presente competência tributária encontra-se prevista no art. 147, CR.
- Competência privativa na Constituição:
1) União: arts. 148; 149; 153, I ao VII; e 154, II, CR → II; IE; IR; IPI; IOF; ITR; Imposto sobre Grandes
Fortunas; Impostos Extraordinários, na iminência ou no caso de guerra externa, compreendidos ou não em
sua competência tributária, os quais devem ser suprimidos, gradativamente, tão logo cessarem as causas de
sua criação; Empréstimos Compulsórios; Contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de
interesse das categorias profissionais ou econômicas.
2) Estados e DF: art. 155, I ao III, CR → ITCMD; ICMS e IPVA.
3) Municípios: art. 156, I ao III, CR → IPTU; ITIV (imposto sobre a transmissão inter vivos, a qualquer
títulos, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis,
exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição); ISS não tributados pelos ICMS e
definidos em LC.
- Contribuição para custeio de iluminação pública: a EC 39/02 admitiu uma nova competência para
Municípios e o DF, relativa à instituição da contribuição para custeio de iluminação pública, mediante
inclusão do art. 149-A à CR, nestes termos: os municípios e o DF poderão instituir contribuição, na forma das
respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III.
- Contribuição Estadual e Municipal de Sistema de Previdência: a própria CR, no P.U do art. 149,
como exceção, permite aos Estados, ao DF e aos Municípios instituírem contribuição, a ser cobrada apenas
de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, de sistema de previdência e de assistência social.
IV – TRIBUTO
1) CONCEITO:
Tributo é gênero, que se divide em 5 espécies tributárias. Essas espécies tributárias estão distribuídas pela
competência privativa, comum e cumulativa.
Art. 3º do CTN:
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa
exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada.
Compulsória
A) PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA COMPULSÓRIA: o tributo representa um valor que será entregue a alguém. A
prestação pecuniária representa um dever patrimonial. Essa prestação é compulsória, ou seja, não há
escolha quanto ao pagamento do tributo. O tributo não é facultativo. Relação de imposição entre Estado e
particular. Relação vertical. Não existe autonomia de maneira vertical (entre Estado e particular).
B) NÃO CONSTITUA SANÇÃO DE ATO ILÍCITO: o dever previsto em lei é resultante da prática de um ato
lícito: o dever previsto em lei é resultante da prática de um ato lícito.
Princípio do non olet: também conhecido como Princípio da Universalidade aplicada ao IR. A universalidade
significa que todas as rendas ou rendimentos devem ser tributados, independentemente da origem ou da
denominação. Não interessa de onde vem a renda ou a denominação dada à renda. Esta expressão vem de
uma caso concreto, antigo, quando se questionava a utilização da renda proveniente dos banheiros públicos.
O Princípio veio para fixar a idéia de que o dinheiro não cheira, a renda não cheira. Então é possível sim
utilizar a renda proveniente da utilização dos banheiros públicos.
Obs.: Tributar uma renda de origem ilícita não é uma forma de utilizar o tributo como forma de sanção, mas
sim uma forma de garantir a isonomia. (HC 77530, STF). Neste caso se tributa a renda e não atividade ilícita.
O objeto de tributação é a renda estritamente considerada.
C.2) em relação à cobrança dos tributos: a forma pela qual o tributa será exigido deve estar
descriminado em lei.
Aqui se faz um reforço ao Princípio da Legalidade, porque o ato administrativo que vai cobrar o tributo é um
ato vinculado e não discricionário: no mais das vezes, esse ato administrativo é o lançamento tributário.
Diante da presença de todos esses requisitos, temos então um tributo. Se faltar qualquer um deles, não
estaremos diante de um tributo.
Ocorre que esse art. 3º, CTN é complementado ainda pelos arts. 4º e 5º, CTN.
Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva
obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:
Essa classificação será feita, em primeiro lugar, pela análise do FG. Além disso, nessa classificação, existem
alguns elementos que são irrelevantes.
São irrelevantes: a denominação legal (o nomem iuris), e a destinação do produto da arrecadação. Também
é irrelevante para classificar o tributo eu saber para onde vai o dinheiro, onde ele será aplicado.
A natureza jurídica específica do tributo é determinada
A denominação e demais características formais adotadas em lei A destinação legal do produto de sua arrecadação
Caso para analisar se a critério do art. 4º: lei que instituiu uma taxa. A lei disse que o FG da taxa é a utilização
de serviços de coleta de resíduos sólidos domiciliar. Pergunta: do que se trata deste tributo? É efetivamente
uma taxa? De acordo com os elementos introdutórios descreve a princípio o FG da taxa de lixo. Agora pode-
se agregar um outro elemento que é a base de cálculo a BC será o valor venal do imóvel. Pelo art. 4º do
CTN só importa o FG, assim nesse caso o critério do art. 4º funciona aqui.
OBS: De acordo com a doutrina atual e preponderante, apenas o FG não basta para identificar a espécie
tributária. O FG deve ser analisado conjuntamente com a BC. Binômio: FG e B conjuntamente.
Ex: FG de taxa é a prestação de serviço público. A BC necessariamente será o custo do serviço. Pela análise
conjunta do FG e BC chega-se na espécie tributária.
Ex: a BC da taxa será o custo de um serviço público. Lixo: a taxa é definida pela análise conjunta da BC e do
FG. Se houver incongruência, ou seja, FG de taxa e BC de imposto, o que prevalece é a BC.
Assim, se a BC for de um imposto, estamos diante de um imposto. A denominação legal é irrelevante para se
definir o tributo.
Ainda, a destinação do produto é irrelevante para definir a espécie tributária. Contudo, há tributos cuja
destinação é sim, relevante.
Este artigo também teria sido superado pela CR/88. A CR/88 diz que temos 5 espécies tributárias:
impostos, taxas, contribuições de melhoria e contribuições especiais. A classificação tributária de
acordo com a CR/88 é a classificação do STF.
O art. 5º também esta ultrapassado, pois de acordo com o STF não somente possuem impostos, taxas e
contribuições de melhorias, também existem empréstimos compulsórios e contribuições.
3) ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS:
- impostos
- taxas
- contribuições de melhoria
- empréstimos compulsórios
3.1) IMPOSTO:
Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de
qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.
Art. 17. Os impostos componentes do sistema tributário nacional são exclusivamente os que constam
deste Título, com as competências e limitações nele previstas.
I - à União, instituir, nos Territórios Federais, os impostos atribuídos aos Estados e, se aqueles não
forem divididos em Municípios, cumulativamente, os atribuídos a estes;
Além disso, o imposto é um tributo não vinculado do ponto de vista do destino das suas receitas. Também a
arrecadação do imposto não será vinculada. O valor arrecadado não possui um destino especifico como
regra.
O próprio art. 167, IV traz exceções. Pode haver a vinculação da receita em alguns casos.
A lei ordinária como regra criara o imposto, tendo em vista a discriminação de competência na CF/88 (art
153, 155 e 156).
Há a hipótese de LC somente de maneira excepcional e tratada na CF/88, como por exemplo o imposto
sobre grandes fortunas.
Art. 146, inc. III, alínea “a”: a LC definira norma geral e nesta definição em relação aos imposto
descriminados na CF/88, irá definir a destinação e definição de FG, BC e contribuintes.
O objetivo da norma geral é estabelecer para a criação deste impostos, mas isto não significa que será criado
por LC os impostos.
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta
Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;
No entanto, os impostos têm uma peculiaridade: diz a CR/88, em seu art. 146, III, a, que cabe à LC
estabelecer normas gerais em matéria tributária, especialmente sobre: definição de tributos e de suas
espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos
geradores, bases de cálculo e contribuintes;
O imposto previsto na CR/88 deve observar algumas normas gerais relativas a seu FG, BC e contribuintes. Há
uma norma geral que vai disciplinar a CR/88. O ente tributante tem um limite estabelecido em normas
gerais, que é o CTN. Essa regra vale só para impostos.
O STF analisou caso. Na ausência de norma geral da União, o Estado tem competência para legislar. (Vide AI
167777 – STF).
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
(...)
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência
suplementar dos Estados.
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa
plena, para atender a suas peculiaridades.
§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que
lhe for contrário.
Na Constituição, os impostos estão discriminados de forma privativa para cada ente da Federação.
UNIÃO ESTADOS / DF MUNICÍPIOS / DF
II ITCMD ITBI
IOF
IR
ITR
IGF (LC)
Será estudado com mais detalhes o IPI, ITR, IGF, ICMS, ITCMD, IPVA, ISS, ITBI, IPTU.
3.2) TAXAS:
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes
tributos:
I - impostos;
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no
âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de
polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao
contribuinte ou posto à sua disposição.
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que
correspondam a impôsto nem ser calculada em função do capital das emprêsas.
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou
disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão
de intêresse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da
produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou
autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos
individuais ou coletivos.
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo
órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de
atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.
b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante
atividade administrativa em efetivo funcionamento;
III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus
usuários.
Art. 80. Para efeito de instituição e cobrança de taxas, consideram-se compreendidas no âmbito das
atribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, aquelas que, segundo a
Constituição Federal, as Constituições dos Estados, as Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos
Municípios e a legislação com elas compatível, competem a cada uma dessas pessoas de direito
público.
A) VINCULADOS: As taxas são tributos cujos fatos geradores são vinculados a uma atuação estatal.
Esta é a primeira característica das taxas: as taxas possuem fatos geradores vinculados a uma atuação
estatal, ou seja, eu pago taxa porque o Estado faz alguma coisa. A taxa representa, pois, uma contra-
prestação específica a esta atuação estatal.
Diferença em relação aos impostos: os impostos têm seus fatos geradores não-vinculados. Os fatos
geradores dos impostos não são vinculados a nenhuma atuação estatal (o sujeito paga imposto porque
manifesta riqueza).
IMPOSTO TAXA
- Inexiste atividade estatal relativa ao contribuinte; - Existe vínculo direto identificável entre o Estado e o
contribuinte;
- Sua receita financiará os serviços públicos gerais;
- Sua receita financiará o custeio dos serviços
- Tem como fato gerador uma atividade econômica públicos específicos e divisíveis;
do contribuinte.
- Tem como fato gerador a prestação de serviço
público.
C) MODALIDADES:
FG é a utilização do serviço público. Não é qualquer serviço público que gera cobrança de taxa. O serviço
público deve ser ESPECÍFICO e DIVISÍVEL. A utilização do serviço pode ser EFETIVA ou POTENCIAL.
Serviço
- Específico: o serviço púbico deve ser voltado para um número determinado ou determinável de
pessoas. Não é um serviço geral. Taxa do lixo critica pessoal: para a prof. pode cobrar pois é para
pessoas determinável, somente para aquelas que produzem lixo (ridículo esse pensamento), então
isto significa que quem utiliza o hospital é somente quem esta doente. Ao meu ver serviço de lixo é
serviço geral e essencial. Do mesmo modo como o serviço de iluminação pública.
- Divisível: posso mensurar a utilização do serviço por cada uma das pessoas.
Utilização:
- potencial: cobra-se a taxa não pelo uso, mas simplesmente pelo fato de o serviço esta à disposição.
Cobra-se porque a comodidade esteja a disposição. Assim, pode se pagar a taxa mesmo sem utilizar
o serviço. OBS: Esta cobrança em potencial somente é possível se o serviço for de utilização
compulsória.
Taxa de iluminação pública: é inconstitucional, pois estaríamos diante de um serviço geral. Súmula
670 do STF.
Com a súmula os municípios precisavam arrecadar, veio a EC 32 acresceu à CF o art. 149-A da CF:
Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das
respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art.
150, I e III. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 39, de 2002)
Solução: mudar a CF/88, EC 39 de 2002 e possibilitou a cobrança da COSIP. Os municípios podem ter
ajudas por meio da contribuição.
- vinculada a serviços gerais: limpeza de logradouros? Pode se ter uma taxa para serviço de limpeza
da rua? R: não, é um serviço indivisível. Taxa de limpeza de rua (logradouros) é inconstitucional.
(AgRg no AI 245539).
- BC da taxa do lixo: a BC tem que ser de acordo com o custo. O custo é determinado por diversos
elementos e um dos elementos na apuração do custo é, por exemplo, o tamanho e valor do imóvel.
Ou seja, considera-se elementos do IPTU. Assim, tem ofensa ao art. 145, par.2º da CF/88 e ao art. 77
P.U do CTN? Não há inconstitucionalidade na medida em que não há identidade de BC, o que se tem
são elementos compartilhados que de um lado me informa o valor venal e de outro lado o valor do
serviço (AgRg no RE 557957- STF). Vide SV n. 29.
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou
disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão
de intêresse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da
produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou
autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos
individuais ou coletivos. (Redação dada pelo Ato Complementar nº 31, de 28.12.1966)
O exercício do Poder Polícia é uma limitação do interesse do particular em relação do interesse público.
O FG desta taxa é o regular exercício do poder de polícia. Para que o Poder Público possa exigir taxas de
polícia é preciso que exista uma atividade pública decorrente do efetivo exercício do poder de polícia e uma
despesa pública, a ser custeada pelo tributo.
O exercício do poder de polícia está definido no art. 78, CTN e, na maioria das vezes, representa uma
atividade de fiscalização por parte da Administração, e esta fiscalização tem por objetivo preservar o
interesse público.
É, assim, uma limitação do poder de ação do particular. Ex.: tamanho das placas de anúncio (propaganda)
que um estabelecimento comercial pode ter.
Essa taxa, de acordo com a doutrina, somente pode ser cobrada se a fiscalização for efetiva. Os últimos
julgados, porém, têm estabelecido que esta fiscalização efetiva é presumida em favor da AP. Assim, mesmo
que não haja órgão fiscalizador, pode haver a cobrança da taxa.
AULA: 29/10/2010
Primeiro será feita uma diferença de forma geral, posteriormente passaremos a discutir duas situações.
Duas discussões:
- Natureza jurídica das custas judiciais e do emolumento notariais e registrais decisão recente do
STF relativa à imunidade das serventias.
Tanto no caso de taxa, como no de preço público, temos a mesma estrutura: de um lado o usuário e de
outro o prestador (que presta o serviço público). Pela prestação do serviço público, o usuário entrega uma
contraprestação. Esse serviço público tem necessariamente que ser público e divisível (senão não haveria
confusão com as taxas). E o usuário utiliza-se especificamente do serviço público.
Para solucionar esse impasse é preciso haver um critério que diferencie taxa de preço público. Esse critério
pode ser construído a partir da interpretação da Súm. 545, STF:
“Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são
compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia autorização orçamentária em relação à lei
que as instituiu”.
Esta parte final da súmula já não vale mais, pois não adotamos o Princípio da anualidade. Em relação ao
tempo atualmente aplicam-se os princípios da anterioridade e da irretroatividade. O que vale na súmula é a
questão da compulsoriedade: as taxas são compulsórias e os preços públicos não.
Por ex., em relação ao pagamento: o pagamento da taxa é compulsória, o dos preços públicos não.
Mas isso não é suficiente para distinguir taxa de preço público. A compulsoriedade do pagamento não é um
critério, porque na verdade essa compulsoriedade existe na taxa e também no preço público (no momento
em que se faz adesão ao contrato).
A compulsoriedade a qual o STF faz referencia está, portanto, na possibilidade do usuário escolher o serviço,
por meio da sua autonomia de vontade. Se essa escolha não existe, então a utilização do serviço é
compulsória. Se não é compulsória, é caso de imposto (que é compulsório). Esta compulsoriedade é a do art.
3º do CTN: “tributo é prestação pecuniária compulsória...”. É compulsoriedade relacionada ao ingresso na
relação jurídica tributária.
Se o particular não tiver outra forma de atingir e de obter a comodidade que o serviço me garante, então se
esta diante de uma taxa necessariamente. Isto porque não há escolha, o único jeito de ter aquele aquela
comodidade é a utilização daquele serviço que é afetado. Não há autonomia, o que há é uma imposição. E se
o Estado impõe algo é taxa (tributo).
Considerando esse critério, para sabermos a natureza do pedágio, primeiramente é preciso fazermos a
seguinte distinção:
São instituídas em lei e, por conta disso, estão São prestações decorrentes da adesão a um
sujeitas ao regime constitucional tributário. contrato, e, por isso, sujeitas ao regime de direito
privado.
Taxa é Tributo.
Preço público não é tributo.
Relação de imposição entre o Estado e o Particular. Relação de coordenação entre Estado e Particular. O
Não há autonomia; não há escolha Relação elemento essencial aqui é a autonomia da vontade e,
vertical. portanto, a existência de escolha Relação
horizontal.
O que temos é uma relação de subordinação entre Aqui temos uma relação de coordenação entre
Estado e particular (entre o prestador e o usuário) – prestador e usuário – trata-se, pois, de uma relação
trata-se, pois, de uma relação vertical (que vem de horizontal (mesmo patamar).
cima para baixo).
Caracteriza-se como receita derivada. A receita Caracteriza-se como receita originária. Decorre das
derivada sempre decorre da relação de imposição atividades do Estado como particular, no âmbito do
entre Estado e particular, por isso tributo é receita direito privado.
derivada.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou
intermunicipais, ressalvada a cobrança de PEDÁGIO pela utilização de vias conservadas pelo Poder
Público;
O art. diz que fica proibida a limitação ao tráfico de pessoas ou bens, a não ser que se trate de pedágio.
Ou seja, o dispositivo coloca o pedágio na categoria mais geral de tributo. Se ele não se incluísse no conceito
de tributo, não faria sentido a ressalva.
O pedágio é um termo que foi banalizado: tudo é chamado pedágio, mas nem tudo é pedágio nos termos da
Constituição.
Do ponto de vista da Constituição – art. 150, V – esse pedágio seria tributo. Pelo art. pedágio é tributo, por
conta da conservação de vias pelo poder público (RE 181475).
Mas é também verdade que podemos ter pedágio preço público (que não é tributo, e, portanto, não é taxa).
PEDÁGIO:
- Preço público;
- Tributo;
OBS: Para diferenciarmos um do outro, utilizamos o mesmo critério que é empregado para diferenciar taxa
de preço público: a compulsoriedade da utilização do serviço público: não existe autonomia do particular
quanto à utilização do serviço, então, será possível o pedágio preço público nos casos em que existam vias
alternativas não pedagiadas. Se essas vias existem, estamos diante de um preço público.
Se for obrigado a utilizar aquela via pedagiada para alcançar o destino, mesmo na hipótese de existir via
alternativa?
PERGUNTA: Professora, bom dia. Seria pedágio TRIBUTO, no caso de somente uma via para o destino
desejado, mesmo que esta via esteja sob a administração de uma conservadora, ou seja, uma empresa
PARTICULAR concessionária de serviço público? Poderia haver esta delegação da capacidade tributária para
este ente particular?
D.2) NATUREZA JURÍDICA DAS CUSTAS JUDICIAIS E DOS EMOLUMENTOS NOTARIAIS E REGISTRAIS:
Se é taxa, esse valor necessariamente será o custo do serviço. O usuário então paga pelo custo do serviço.
O ISS esta regulamentado pela LC 116/2003. Esta LC estabelece uma lista de serviços tributáveis pelo
imposto. Os municípios com base nesta lista criam por meio de LO o ISS. Nesta lista está contemplado o
serviço prestado pelas serventias.
A tributação dos serviços prestados pelas serventias gera uma contradição serviços prestados em caráter
privado com o objetivo de lucro. Os serviços prestados pelas serventias em primeiro lugar é um serviço de
natureza pública e sem intuito de lucro. Não há objetivo lucrativo, pois o valor cobrado pelo serviço se
classifica como taxa. O objetivo aqui é custear o serviço prestado.
Os Cartórios começaram a questionar a tributação dos emolumentos, dizendo ser inconstitucional. Haveria
ofensa a imunidade recíproca, pois a tributação resulta na imposição de ônus sobre um serviço público.
No entanto, a despeito desse entendimento, o STF (ADI 3089) disse recentemente que essa prestação de
serviços fica sujeita ao ISS, ou seja, não é imune. Se não é imune, sobre a BC da taxa (sobre o custo do
serviço) irá incidir o ISS. A premissa do STF para dizer isso é que essa prestação de serviços é lucrativa, visa o
lucro, e, então, não faz sentido dizer que é taxa (porque a BC da taxa é o custo, e custo não é lucro).
O fundamento para garantir a tributação está no art. 150, parágrafo 3º, da CF/88.
§ 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e
aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis
a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas
pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao
bem imóvel.
Isso pode gerar a conclusão de que essa natureza jurídica de taxa pode ser superada. Vamos aguardar os
novos posicionamentos
Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos
Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras
públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como
limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.
É um tributo de competência comum da União, Estados, DF e Municípios, consistindo seu fato gerador na
VALORIZAÇÃO efetiva de um bem imóvel de propriedade privada decorrente de realização de obras públicas
na área onde está localizado o imóvel, sendo, portanto, um tributo vinculado, uma vez que o seu fato
gerador depende de uma atividade estatal.
É tributo cobrado visando à recuperação do enriquecimento injusto (sentido moral e não de direito) obtido
por um proprietário de um bem imóvel em virtude de obra pública concreta (custeada por toda a
coletividade), no local de sua situação.
IMPORTANTE: Para que haja a sua cobrança, é preciso que haja valorização imobiliária, causada por obra
pública. Essa é, então a sua BC.
A CM tem sim um FG vinculado, porque de alguma forma temos uma atuação estatal vinculada.
A simples obra pública não gera cobrança de contribuição de melhoria; a valorização imobiliária é requisito
inafastável. A condição para a cobrança é, pois, que da obra resulte um efetivo aumento no valor do bem
imóvel.
STF, RE 116147. Este RE fala da inafastabilidade da valorização. Esta de acordo com a CF de 67, mas nos
serve.
Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes requisitos mínimos:
e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para cada
uma das áreas diferenciadas, nela contidas;
II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação pelos interessados, de qualquer
dos elementos referidos no inciso anterior;
III - regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da impugnação a que se
refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação judicial.
§ 1º A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do custo da obra
a que se refere a alínea c, do inciso I, pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos
respectivos fatores individuais de valorização.
§ 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser notificado do montante da
contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos que integram o respectivo
cálculo.
Se o FG é a valorização imobiliária, podemos dizer que a partir dele nós identificamos os sujeitos passivos da
contribuição de melhoria. Os sujeitos passivos serão, necessariamente, aquelas pessoas beneficiadas com a
valorização. Os proprietários de imóvel que foram beneficiados pela valorização.
Atenção: não é só o grupo de pessoas beneficiados pela obra pública – o benefício tem que ser específico
(valorização do imóvel). Um benefício geral que não tenha relação com a valorização imobiliária não é
suficiente.
A BC da contribuição de melhoria deve ser o montante que o imóvel valorizou, apurado após o fim da obra.
A BC, portanto, também tem relação com a valorização.
Além disso, porque temos esse requisito específico de valorização, ela só poderá ser exigida depois do
término da obra, pois somente ai é que ela poderá ser cobrada.
A contribuição de melhoria é instituída com o objetivo de custear a obra pública, mesmo que
posteriormente, ou seja, no intuito de reparar os cofres públicos.
A partir dessa informação, o CTN (art. 81 e art. 4º do DL 195/67) nos dá os limites quanto à arrecadação
dessa contribuição. O valor que será arrecadado não será superior ao valor da obra pública. O Estado não
pretende se beneficiar, lucrar. O limite é o valor da obra, mas atenção: a BC não é o valor da obra, e sim a
valorização do imóvel. O custo da obra é limite para a arrecadação e cobrança da CM. O objetivo é custear,
então custo é o limite global da arrecadação.
Assim, não pode ser exigido mais do que o custo total da obra e, de cada contribuinte, em particular, não
poderá ser exigido mais do que o acréscimo de valor que sofreu o imóvel favorecido diretamente com a
providência governamental.
Caso ocorra uma valorização do imóvel superior ao custo da obra, mesmo assim ter-se-á de se respeitar o
limite global, pelo que a cobrança não poderá exceder o citado valor do custo da obra.
Um ex. típico de contribuição de melhoria é o calçamento e asfaltamento de via pública, que gera
valorização do imóvel.
Art. 148. A UNIÃO, mediante LEI COMPLEMENTAR, poderá instituir empréstimos compulsórios:
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à
despesa que fundamentou sua instituição.
Art. 15. Somente a União, nos seguintes casos excepcionais, pode instituir empréstimos compulsórios:
II - calamidade pública que exija auxílio federal impossível de atender com os recursos orçamentários
disponíveis;
III - conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo. (NÃO FOI RECEPCIONADO PELA
CF/88, não há esta previsão).
Parágrafo único. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as condições de seu resgate,
observando, no que for aplicável, o disposto nesta Lei.
Apenas a União pode criar empréstimo compulsório, e apenas poderá fazê-lo mediante LC.
A União, diante de determinadas situações fáticas, taxativamente previstas na Constituição, pode, mediante
LC, criar o empréstimo compulsório.
Essas situações fáticas, que motivam ou justificam a criação do tributo, são as seguintes:
Existirá então bis in idem: a União vai cobrar dois tributos sobre o mesmo FG.
O empréstimo compulsório é criado exatamente para destinar receita para essas situações fáticas. Diante da
situação fática que requer dinheiro, cobra-se o tributo. O empréstimo compulsório tem, pois, suas receitas
destinadas – elas têm destinação própria. E essa exigência de que as receitas sejam destinadas às situações
próprias está no art. 148, P.U., CR. A receita arrecada esta vinculada a finalidade específica que deu causa à
instituição do tributo.
O término dessas situações fáticas deve resultar na extinção do empréstimo compulsório. Se elas não
existem mais, não faz sentido a manutenção do tributo.
- o FG é circunstância para a qual não participam nem o sujeito ativo e nem o sujeito passivo;
Sendo extinto o tributo, haverá, então, a restituição dos valores arrecadados para os contribuintes. O que a
administração arrecadou será devolvido para os cidadãos.
A restituição será feita no prazo estabelecido na LC. A LC que cria o empréstimo compulsório já estabelece o
prazo segundo o qual o empréstimo será devolvido.
Parágrafo único. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as condições de seu resgate,
observando, no que for aplicável, o disposto nesta Lei.
O STF afirma que a restituição deve ocorrer na mesma forma, ou na mesma modalidade do empréstimo. Se
pago em moeda, a restituição deve ser em moeda. O EC tem que ser devolvido da mesma espécie em que foi
arrecadado. Não pode ser devolvido, por exemplo, em títulos da dívida pública. (RE 175385).
Porém, o CTN estabelece que, além das hipóteses previstas na CR, a conjuntura que exija a absorção
temporária do poder aquisitivo permite o empréstimo compulsório. Assim, essa causa não é compatível com
a Constituição, e, portanto, não pode ensejar a criação do empréstimo (caso do confisco da poupança).
Art. 149, par. 1º, CF/88 E, DF, M; Contribuições previdenciárias de seus servidores.
Art. 149-A, CF/88 DF e M; COSIP (Contribuição para o custeio de iluminação pública – EC 39/02).
1ª) As contribuições são tributos cuja arrecadação é vinculada. Isto significa que o dinheiro ($) proveniente
do pagamento das contribuições será destinado a uma finalidade específica instituída na lei criadora. Ou
seja, as contribuições não serão destinadas para custeio geral.
Os impostos são regidos pelo princípio da capacidade contributiva. O FG será uma manifestação de riqueza.
A receita dos impostos não será vinculada, princípio da não afetação, 267, inc. IV da CF/88. Nas
contribuições acontece a mesma coisa, o FG das contribuições também é uma manifestação de riqueza.
Como já dito as contribuições possuem receitas que serão destinadas para uma determinada área.
Por conta da finalidade específica as contribuições atuam como um instrumento de intervenção, pois a
administração pega o dinheiro e aplica em uma área específica.
2ª) Contribuições espécies tributárias autônomas e naturalmente estão sujeitas ao Sistema Constitucional
Tributário: ou seja, naturalmente esta sujeitas aos princípios tributários. Isto significa que as contribuições
estão também sujeitas às normas gerais de Direito Tributário CTN.
A partir desta afirmação houve algumas discussões acerca do papel da LC em relação às contribuições. Teve-
se, a partir da consideração de que as contribuições estão sujeitas as norma gerais de D. Tributária, houve
dois debates:
- 1º debate: Contribuições deveriam ser criadas por LC? O fundamento está no art. 149 “caput”da
CF/88. O art. 146, inc. III estabelece que as contribuições irão obedecer ao CTN. Assim, esta historia
por criação por LC da menção do art. 149 “caput”da CF/88 ao art. 146, inc. III, da CF/88. O STF disse
que o instrumento para criação será por LO (lei ordinária). A menção do art. 146, inc. III, da CF/88
não pode fazer concluir que tem que ser feito por LC, somente para obedecer ao CTN.
Em relação a COFINS (destinada ao financiamento da seguridade social) que foi criada pela LC 70/91.
Em 98, vem uma LO 9718/98 que altera a LC 70/91 no que tange à alíquota (aumento de 2% para
3%). E a hierarquia das leis? O STF disse que não precisa de LC, pois a LC 70/91 que cria a COFINS é
uma lei materialmente ordinária, é uma lei que possui conteúdo de LO, logo, a LO posterior pode
modificar esta LC anterior. O Supremo disse: “a forma pouco importa e sim a matéria”.
- 2º debate: Submissão ou não das contribuições ao CTN? O art. 149 “caput” faz menção ao art.
146, inc. III (estabelecer normas gerais de matéria tributária). O conteúdo destas normas gerais está
nas alíneas do inc. III.
A alínea “a”: as normas gerais servem para estabelecer conceitos de base no D. Tributário, que serão
utilizados por todos entes da federação. Serve para dizer o que tributo, quais são as espécies
tributárias, espécies, decadência, etc. No fundo quer garantir que todos os entes falem a mesma
língua. Ou seja, uma uniformização do Direito Tributário. No CTN não se tem a figura das
contribuições. Precisa-se de uma norma geral que incorporo as contribuições e em relação a elas
dizem sobre FG, BC, sujeito passivo, decadência, prescrição, etc. Ou seja, precisa-se de outra LC.
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio
econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua
atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do
previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.
a) ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operação e, no caso de
importação, o valor aduaneiro;
§ 3º A pessoa natural destinatária das operações de importação poderá ser equiparada a pessoa
jurídica, na forma da lei.
O dispositivo prevê uma espécie tributária de competência, a princípio, exclusiva da União. Ou seja, é uma
espécie tributária que somente a União teria competência para instituir. As modalidades são:
- contribuições sociais;
Trata-se um instrumento de atuação da União nas respectivas áreas. Ou seja, pode-se criar essas
contribuições como instrumento de atuação nas respectivas áreas.
Numa contribuição social há a intervenção da União na ordem social. Numa CIDE há a intervenção da União
na ordem econômica. Numa contribuição de interesse de categorias profissionais há a intervenção da União
nas respectivas categorias.
Essa intervenção funciona do seguinte modo: a União pretende destinar recursos para a ordem social, então
cria a contribuição cuja arrecadação será destinada à ordem social. Da mesma forma com a economia – no
caso da ordem econômica, ela cria uma CIDE, cuja arrecadação será destinada à ordem econômica. Se
pretender beneficiar categorias profissionais, também cria e destina a receita das contribuições para as
respectivas categorias.
Desde logo, percebe-se que as contribuições terão suas receitas arrecadadas destinadas a uma finalidade
específica, que é exatamente a intervenção nas áreas mencionadas. O mesmo acontece nos empréstimos
compulsórios.
As contribuições, portanto, terão as suas receitas arrecadadas destinadas, ou seja, vinculadas a uma
finalidade específica que é exatamente a atuação nas áreas referidas.
Quando a Constituição fala que as contribuições irão observar o disposto no art. 150, I e III, isso significa que
elas estão sujeitas aos princípios constitucionais tributários. Ou seja, isso é interpretado como uma
submissão das contribuições ao regime constitucional tributário.
O art. 149, ao mencionar a observância desses dispositivos, não quer dizer que não existe a obrigatoriedade
de observar os demais princípios. Ela não exclui os demais princípios.
O recado é “as contribuições são tributos”. A Constituição quer então dizer: observe os princípios do art.
150, incisos I e III, mas sem prejuízo do disposto no art. 195, §6º, CR – o princípio ali previsto somente se
aplica às contribuições sociais destinadas ao financiamento da seguridade social.
Esse art. traz o prazo de anterioridade nonagesimal e diz que ele só se aplica as contribuições sociais
destinadas ao financiamento da seguridade social.
Além disso, a Constituição ainda diz: observado o disposto no art. 146, III.
Esse dispositivo estabelece a competência da LC para estabelecer normas gerais de direito tributário. Essas
normas gerais de direito tributário serão criadas com o objetivo de uniformizar o direito tributário. Trata-se
aqui de estabelecer alguns conceitos básicos de direito tributário que serão aplicados a todos os entes da
federação. Mas quais são estes conceitos?
- Conceito de tributo;
- Conceito de decadência/prescrição.
As normas gerais estabelecem um patamar mínimo que deve ser seguido por todos os entes. Quem faz as
vezes dessa norma geral de direito tributário é o CTN. Ele é recepcionado pela CR/88 com o status de lei
complementar.
Quando o art. 149, CR/88, afirma que as contribuições estão sujeitas ao art. 146, III, há uma afirmação de
que elas estão estabelecidas também no CTN, sendo espécie de tributos.
Mas acontece que essa menção ao art. 146, III, CTN causou uma controvérsia na doutrina e na
jurisprudência. Antes dessa posição ser estabelecida houve uma disputa:
- em primeiro lugar, se alegava que a menção ao art. 146, III, significava que as contribuições deveriam ser
criadas por lei complementar;
- uma segunda posição afirmava que as contribuições deveriam ter seus fatos geradores, bases de cálculo e
contribuintes definidos em lei complementar.
A contribuição ser criada por LC significa que o instrumento válido para criar o tributo é a LC. Dizer que as
contribuições deveriam ter seus fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes definidos em lei
complementar significa que devemos ter uma norma geral sobre as contribuições, para que posteriormente
a União, mediante LO crie as contribuições. O fundamento dessa segunda tese está na alínea “a” do inciso III.
Essas normas gerais de fato gerador devem ser estabelecidas sim, mas em relação aos impostos, não em
relação às contribuições.
O que diz o STF? O STF afirma que o art. 146, III, significa a submissão das contribuições às normas gerais do
CTN, refutando as duas teses. As contribuições não devem ser criadas por LC. A única hipótese criada por LC
é a hipótese da contribuição residual (☺art. 195, § 4º, CR/88). As contribuições não necessitam de uma
norma geral. Essa exigência se aplica apenas aos impostos.
Ocorre que a simples análise do art. 149 não nos dá uma estrutura completa das contribuições.
Com relação ao art. 149, caput, as contribuições sociais podem ser especificadas: contribuições sociais
destinadas ao financiamento da seguridade social ( ☺art. 195, CR).
Em segundo lugar, o art. 149 afirma que a União pode criar as CIDE´s. No entanto, já na CR/88 há uma CIDE
cujo fato gerador está delimitado: CIDE-Combustível.
Por último, com relação às contribuições de interesse de categorias, temos propriamente as contribuições
parafiscais. Essas são as contribuições exigidas, por exemplo, pelos conselhos de classe. Não são cobradas
pela União.
Ao lado dessa competência da União há, ainda, a possibilidade de os Estados e os Municípios criarem
contribuições.
RESUMO DA MATÉRIA:
- Definição de tributo: Tributo é a receita derivada que o Estado arrecada mediante o emprego da
sua soberania, nos termos fixados em lei, sem contraprestação diretamente equivalente, e cujo produto se
destina ao custeio das atividades que lhe são próprias.
O Direito Tributário trata dos princípios e normas concernentes à utilização, pelo Estado, de seu
poder fiscal (soberania), regulando os aspectos relativos à criação e à aplicação dos tributos e analisando as
conseqüentes relações jurídicas tributárias que surgem entre a entidade pública tributante e os
contribuintes.
O tributo, no Direito Tributário, é o objeto da relação jurídica.
O tributo é definido, no art. 3º, CTN como: toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou
cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
O tributo é uma obrigação ex lege em moeda, que não se constitui sanção por ato ilícito e tem como
sujeito ativo, normalmente uma pessoa política e, por sujeito passivo, qualquer pessoa apontada na lei da
entidade tributante.
Obrigação é o vínculo abstrato de conteúdo patrimonial, pelo qual, alguém, sujeito passivo, vê-se
compelido a dar, fazer, não fazer ou suportar algo em favor de outrem, sujeito ativo.
O tributo deriva direta e imediatamente da vontade da lei; por isso é uma obrigação ex lege. Nasce
do fato descrito na lei e, por ela considerado, apto a desencadear obrigações tributárias. É diferente da
obrigação ex vontate – a Fazenda não vai saber se o contribuinte queria ou não pagar. Por esta razão que a
capacidade tributária passiva é diferente da capacidade civil (incapaz tem que pagar tributo). Não existe
tributo sem lei que o decrete, definindo-lhe o fato gerador da obrigação fiscal.
“Em moeda” significa que a lei só pode obrigar o contribuinte a pagar o tributo em moeda, ele não
terá que pagar em espécie. Deve ser moeda corrente (reais). É obrigação de dar. É possível, se o contribuinte
quiser ou puder, que o contribuinte pague o tributo com algo que em moeda possa se exprimir (dação).
Tributo não constitui sanção. O tributo não é multa. Tem por pressuposto a prática de um fato lícito
qualquer, diferentemente da multa, que pressupõe o descumprimento de um dever jurídico. Um ato ilícito
sozinho não pode gerar tributo, mas ele pode existir remotamente na cadeia (ex.: bicheiro deve pagar IR).
Prevalece a teoria do non olet (dinheiro não tem cheiro), que diz que não importa a origem do tributo, só
não pode derivar diretamente de ato ilícito.
O tributo incide sobre fatos que trazem riqueza, economicamente considerados.
- Finalidades básicas do tributo: São 3: fiscal (quando seu principal objetivo é a arrecadação de
recursos financeiros para o Estado); extrafiscal (quando seu objetivo principal é a interferência do domínio
econômico, buscando um efeito diverso da simples arrecadação de recursos financeiros); ou parafiscal
(quando seu objetivo é a arrecadação de recursos para o custeio de atividades que, em princípio, não
integram funções próprias do Estado, mas este as desenvolve através de entidades específicas).
- Espécies de tributos: art. 145, CR e art. 5º, CTN:
a) Impostos;
b) Taxas, cobradas em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial,
de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição;
c) Contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas;
d) Contribuições sociais, que se dividem em contribuições de intervenção no domínio econômico,
contribuições do interesse de categorias profissionais ou econômicas e contribuições se seguridade social;
e) Empréstimos compulsórios (art. 148, CR).
AULA: 16/11/2010
1) INTRODUÇÃO:
Tem-se de um lado o dever (Sujeito Passivo) e do outro um direito (Sujeito Ativo). Dever do sujeito passivo
de pagar o tributo e direito do sujeito ativo para exigência do tributo.
Em segundo luar se estudará o direito do sujeito ativo (poder dever) Crédito Tributário.
Uma vez realizado o fato gerador de um tributo, nasce automática e infalivelmente a obrigação tributária.
Mas, enfim, o que é a obrigação tributária?
Trata-se do dever do sujeito passivo que nasce em virtude da prática do fato gerador.
Isso significa dizer que o nascimento da obrigação tributária independe da vontade do sujeito passivo: a
obrigação tributária é ex lege (deriva da lei).
Ainda que o sujeito passivo nem soubesse que tinha realizado o fato gerador de um tributo, mesmo assim
ele terá que efetuar o pagamento deste tributo.
Assim, a obrigação tributária é o dever do sujeito passivo, nascido por conta do fato gerador. Esse dever
pode ser:
A) PATRIMONIAL OU
B) NÃO-PATRIMONIAL.
Ocorrido o FG → tem nascimento a obrigação tributária, que é um dever do sujeito passivo. Este dever pode
ser:
No dever patrimonial, temos a obrigação tributária principal, cujos exemplos típicos são os tributos e as
penalidades.
Obrigação tributária não-patrimonial é a obrigação tributária acessória. Ex.: emissão de nota fiscal. A
emissão de nota fiscal instrumentaliza a ocorrência do FG. Assim, na verdade, a obrigação tributária
acessória é também chamada de “dever instrumental”, porque pela sua realização o sujeito passivo
formaliza o FG (diz que o FG aconteceu).
OBS: A obrigação tributária principal (patrimonial) necessariamente estará prevista em lei. Ao passo que a
obrigação tributária acessória, segundo o CTN, estará prevista na legislação tributária. Isso significa que esta
obrigação tributária não necessariamente estará prevista em lei (ela pode estar, mas não estará
necessariamente). Legislação tributária é um termo mais amplo que lei. Engloba todas as normas de direito
tributário. Pode estar prevista em decreto, instrução normativa ou portaria.
Uma outra característica da obrigação tributária acessória é que, apesar do nome, ela não depende da
obrigação principal para a sua existência. Ela subsiste mesmo na ausência de obrigação tributária principal
(aqui não vale a regra geral de que o acessório segue o principal). Daí a inadequação do nome. E, por isso,
muitos doutrinadores preferem falar em dever instrumental.
§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas
ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.
O estabelecimento tem que emitir nota fiscal. Se não o faz, comete uma infração que gera uma penalidade,
que, por sua vez, é uma obrigação tributária principal (trata-se de dever patrimonial – dever de entregar
dinheiro ao Estado). Principal devida pelo descumprimento de obrigação tributária acessória.
Art. 122. Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada às prestações que constituam o
seu objeto.
É a pessoa que tem que cumprir com a obrigação, com este dever não-patrimonial.
É a pessoa física ou jurídica que seja obrigada ao cumprimento desse dever instrumental.
Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou
penalidade pecuniária.
I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato
gerador;
2) ou não porque realiza o FG, mas porque a lei o indica como terceiro que possui esse dever de pagar o
tributo: aqui estamos diante da figura do responsável tributário.
2.3) GENERALIDADES:
Contudo, antes de estudar todas as hipóteses de responsabilidade, é preciso estudar algumas características
gerais do instituto da sujeição passiva. E essas características irão se aplicar tanto aos contribuintes como
aos responsáveis. Elas se consubstanciam nas seguintes regras:
2.4) CONVENÇÕES PARTICULARES NÃO TÊM EFEITOS TRIBUTÁRIOS PARA MUDAR O SUJEITO PASSIVO:
O sujeito passivo não poderá, mediante um contrato particular, alterar uma disposição legal que determine
quem seja o sujeito passivo.
Ex.: IPTU – é o locatário que tem o dever de pagar o IPTU. Imaginemos que ele não pague o imposto.
Termina o contrato de locação e o locador proprietário recebe a notificação de que tem 3 anos de
pagamento do IPTU em atraso. O proprietário pode dizer que quem deve é o locatário que tem que pagar?
Não, porque convenções particulares não afastam a obrigação tributária.
Ocorre que o próprio art. 123 contém uma ressalva: “salvo disposição de lei em sentido contrário”.
2.5) CAPACIDADE TRIBUTÁRIA PASSIVA: quem pode ser sujeito passivo contribuinte ou responsável?
Art. 126, CTN:
II - de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação do exercício
de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de seus bens ou negócios;
III - de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma unidade
econômica ou profissional.
De acordo com este art., poderão ser sujeitos passivos qualquer pessoa física e qualquer pessoa jurídica.
Qualquer pessoa física, independentemente da idade e da capacidade; e qualquer pessoa jurídica,
independentemente da regular constituição (pode simplesmente ser uma sociedade de fato, não precisa ser
uma sociedade legalmente e juridicamente constituída).
Nós temos solidariedade quando há pelo menos dois sujeitos passivos, ou seja, pelo menos dois devedores
do tributo. É preciso, pois, mais de um devedor (pelo menos 2).
Em relação a esses sujeitos passivos não há benefício de ordem. Ou seja, o valor do tributo pode ser exigido
indiscriminadamente. Pode ser exigido de um ou de outro, tanto faz.
Não existe em relação à solidariedade, uma ordem pré-estabelecida pela lei para a exigência do tributo. A lei
não estabelece essa ordem porque cada um dos devedores é responsável pela integralidade do tributo. E se
cada um deve a integralidade, não há que se falar em benefício de ordem.
I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação
principal;
Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem.
Art. 125. Salvo disposição de lei em contrário, são os seguintes os efeitos da solidariedade:
O art. 124 nos diz quais são os tipos de solidariedade existente. De acordo com esse art., temos dois tipos de
solidariedade:
A) SOLIDARIEDADE DE FATO: ocorre quando as duas pessoas que são devedores solidários têm o mesmo
interesse na prática do FG. Ex. clássico: IPTU – quando temos mais de um proprietário de um determinado
imóvel urbano (ambos praticam o FG e então ambos são responsáveis solidariamente);
B) SOLIDARIEDADE DE DIREITO: se verifica nos casos em que a lei impõe a solidariedade. O interesse no FG
nem estava presente, mas a lei impõe a solidariedade por uma conveniência da Administração (porque é
mais fácil cobrar dos dois devedores). Ex.: transportadora (terceirizada) que é responsável solidária com o
importador.
EFEITOS: o efeito principal é que a administração pode escolher livremente de quem irá cobrar o tributo.
Isto significa que não há uma ordem pré-estabelecida. P.U do art. 124 do CTN.
O art. 125, CTN, por sua vez, estabelece outros efeitos da solidariedade (além do efeito central, que é a
ausência do benefício de ordem), em relação ao pagamento, à isenção ou remissão e à prescrição.
O recado inicial desse dispositivo é: pagamento, isenção / remissão ou prescrição atingem a todos os
obrigados. O que acontece com um, acontece com os demais. A única exceção está na isenção ou remissão
concedida em caráter pessoal. Nesse caso, não temos essa contaminação. A remissão ou a isenção
concedida em caráter pessoal ficam concentradas em apenas um dos obrigados.
Ex.: IPTU devido pelos proprietários de imóvel urbano; vem uma lei de um determinado município e diz que
fica estabelecida a isenção de IPTU para proprietários com mais de 70 anos. Trata-se de uma isenção
pessoal, pois leva em conta um aspecto subjetivo do sujeito passivo. Se temos 3 proprietários, A, B e C, em
regime de solidariedade sendo que A detém 30% do imóvel; B detém 50% do imóvel e C detém 20% do
imóvel, se eles estão em regime de solidariedade, cada um deve a integralidade (todo o IPTU devido sobre o
imóvel). Imaginemos que o IPTU devido é no valor de R$1.000,00. O imóvel está no município de Guairá,
onde há essa lei que beneficia os maiores de 70 anos. Imaginemos que, nesta hipótese, A tem mais de 70
anos. Temos, pois, uma isenção que está concentrada em A, não beneficiando B e nem C (pois trata-se de
uma isenção pessoal). Como fica então a cobrança do IPTU? Se A detém 30% do imóvel e o IPTU devido é no
valor de R$1.000,00, deve-se descontar desse valor a parte do imóvel que é isenta. Descontam-se R$300,00.
Sobram R$700,00, em relação aos quais B e C são devedores solidários, pelo saldo (pelo que sobra, uma vez
abatida aquela isenção). Se B e C estão em regime de solidariedade, cada um deve a totalidade do tributo.
Apenas A não poderá ser cobrado, pois somente para ele vale a isenção.
RESUMO DA MATÉRIA:
- Noções Gerais: A obrigação tributária decorre da relação jurídica tributária. Ela é representada pelo
vínculo que se estabelece entre uma pessoa jurídica de direito público, chamada credora, e outra (na
qualidade de contribuinte responsável ou terceiro), chamada devedora. E é em razão desse vínculo jurídico
que o credor pode exigir do devedor o cumprimento da OT.
- Obrigação tributária principal ou acessória: De acordo com o art. 113, CTN, a obrigação tributária
divide-se em:
a) principal: se dá quando o contribuinte tem por dever o pagamento do tributo ou penalidade pecuniária
(multa em dinheiro). Ela surge com a ocorrência do FG e extingue-se juntamente com o crédito tributário
dela decorrente (art. 113, §1º, CTN);
b) acessória: se dá quando, por força de lei, a prestação a ser cumprida é a de fazer ou não fazer alguma
coisa, ou permitir que ela seja feita pelo Fisco, tudo no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos
tributos (art. 113, §2º, CTN). O descumprimento de uma obrigação acessória faz com que ela se converta em
obrigação principal relativamente à aplicação de penalidade pecuniária por parte da Fiscalização
competente.
Ressalte-se que, independentemente de ser exigido ou não o cumprimento de obrigação principal, o
contribuinte é sempre obrigado a cumprir a obrigação acessória. Ex.: se uma operação de venda de
mercadoria está isenta do ICMS, esse fato não desobriga o comerciante a emitir a respectiva nota fiscal,
acobertando a mercadoria.
A obrigação, seja principal ou acessória, nasce sempre da lei (lato sensu).
- Fato Gerador: a lei descreve situações hipotéticas, abstratas, que, ao ocorrerem na vida real, fazem
com que se fixe o momento do nascimento da OT. E é essa definição abstrata, contida na lei, das hipóteses
em que o tributo incide ou em que o tributo deva ser cobrado, que denominamos de FG da OT. O FG é,
assim, a situação de fato, prevista na lei de forma prévia, genérica e abstrata, que, ao ocorrer na vida real,
faz com que, pela materialização do direito, ocorra o nascimento da OT, seja esta principal ou acessória. A lei
abstrata, por si só, não é capaz de fazer surgir a OT.
Nos arts. 114 e 115, CTN encontramos dois conceitos de FG, como sendo:
- obrigação principal: é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência;
- obrigação acessória: é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, e não só
exclusivamente na lei, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal.
→ São 3 os elementos básicos do FG:
a) legalidade: exigibilidade do cumprimento do princípio constitucional da legalidade;
b) economicidade: aspecto econômico do fato tributável (como regra geral, envolvendo a BC e
alíquota do tributo) e a capacidade contributiva do sujeito passivo;
c) causalidade: corresponde à conseqüência ao efeito do FG; enfim, ao nascimento da OT.
→ Momento da ocorrência do FG: art. 116, CTN – salvo disposição de lei em contrário, considera-se
ocorrido o FG e existentes os seus efeitos:
a) tratando-se de situação de fato, desde o momento em que se verifiquem as circunstâncias
materiais necessárias a que se produza os efeitos que normalmente lhe são próprios;
b) tratando-se da situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída.
O art. 117, CTN, nesse sentido, dispõe que os atos ou negócios jurídicos condicionais serão
reputados como perfeitos e acabados, desde o momento: a) de seu implemento, sendo a condição
suspensiva; b) da prática do ato ou da celebração do negócio, sendo a condição resolutória.
Fatores irrelevantes à definição do FG: art. 118, CTN – a definição legal do FG deve ser interpretada
de modo que não sejam levados em consideração questões relacionadas:
a) à validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou
terceiros, bem como à natureza do seu objeto ou dos seus efeitos;
b) aos efeitos dos fatos efetivamente praticados.
Assim, desde que se materialize, na vida real, a hipótese de incidência tributária descrita na lei, surge
a obrigação principal ou acessória, inclusive em se tratando de atividades ilícitas em face da norma penal.
Por ex.: na venda de mercadorias contrabandeadas, ingressadas no Brasil irregularmente, o Estado exige o
pagamento do ICMS; da mesma forma, as receitas oriundas do tráfico de drogas e corrupção serão
normalmente tributadas pelo IR.
- Sujeito Ativo da OT: é o Estado, pessoa que tem o direito de exigir de outrem a prestação objeto
da relação jurídica; é a pessoa jurídica de direito público titular da competência tributária para instituir e
exigir do contribuinte, responsável ou terceiro, o cumprimento da obrigação (art. 119, CTN).
- Sujeito Passivo da OT: é a pessoa que tem o dever jurídico de efetuar o pagamento do tributo ou
penalidade pecuniária, sempre em contraposição ao sujeito ativo, ente tributante, dentro do vínculo
jurídico-tributário (art. 121, CTN). Tipos de sujeitos passivos:
a) direto: contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o
respectivo FG;
b) indireto: responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de
disposição expressa em lei. Pelo art. 128, CTN, é permitido que a lei atribua de modo expresso a
responsabilidade pelo crédito tributário (débito fiscal) a terceira pessoa, vinculada ao FG da respectiva
obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do
cumprimento total ou parcial da referida obrigação. A sujeição passiva indireta, na verdade, ocorre quando o
Estado, visando a garantir a sua receita, tem interesse ou necessidade de cobrar o tributo de uma pessoa
diversa do contribuinte direto, escolhendo, assim, outra pessoa para cumprir a OT.
Com relação às obrigações acessórias, o sujeito passivo é a pessoa obrigada ao cumprimento das
prestações que constituam seu objeto (art. 122, CTN).
De acordo com o CTN (arts. 124, 125 e 129 ao 138), existem duas modalidades distintas na sujeição
passiva indireta:
a) a responsabilidade por transferência: a lei tributária, além de escolher o sujeito passivo, já prevê
que, por fato ou acontecimento posterior, a obrigação transfere-se para uma outra pessoa,
automaticamente. Esta transferência pode se manifestar de 3 formas:
a.1) pela solidariedade: nos termos do art. 124, CTN são solidariamente obrigadas:
- as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o FG da obrigação
principal (solidariedade de fato). Ex.: 3 pessoas co-proprietárias de um imóvel em relação ao IPTU;
- as pessoas expressamente designadas pela lei (solidariedade de direito).
O P.U. do art. 124, CTN, ao expressamente dispor que a solidariedade não comporta benefício
de ordem, determina que não poderá qualquer devedor solidário exigir que o Estado, credor da obrigação,
cobre antes deste ou daquele devedor, ou seja, observando certa ordem de preferência, em razão de estar
mais diretamente relacionado com a situação geradora do tributo. O Estado tem, assim, a faculdade de
exigir o cumprimento da prestação tributária, total ou parcialmente, de qualquer um dos co-devedores.
Satisfeito o crédito tributário por qualquer um ou por todos os devedores solidários, as obrigações solidárias
se extinguem para todos, simultaneamente, não importando quem as cumpriu. Nesses casos o que importa
é o interesse público, é a preferência da arrecadação. Além disso, o art. 125, CTN, expressamente elenca os
seguintes efeitos da solidariedade, os quais somente não prevalecem se houver disposição de lei em
contrário: I) o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais; II) a isenção ou remissão de
crédito exonera todos os obrigados, salvo se outorgada pessoalmente a um deles, substituindo, nesse caso,
a solidariedade quanto aos demais pelo saldo; III) a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos
obrigados, favorece ou prejudica os demais.
a.2) pela sucessão: a sucessão ocorre quando a obrigação se transfere para outra pessoa, que
fica na condição de devedor perante o Estado, em razão do desaparecimento do devedor original. Art. 129
ao 133, CTN – essas normas se aplicam por igual aos créditos tributários já constituídos ou em curso de
constituição na data da ocorrência dos respectivos atos sucessórios, bem como aos constituídos
posteriormente, desde que, nestes casos, sejam referentes a obrigações tributárias surgidas até essa data.
São as seguintes as situações que se referem à responsabilidade por sucessão:
Pessoas responsáveis por sucessão: Pagamento dos tributos devidos:
São pessoalmente responsáveis: - Com relação aos bens adquiridos ou remidos.
- o adquirente ou remitente; - Pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação,
- o sucessor a qualquer título e o limitada esta responsabilização ao montante do quinhão,
cônjuge meeiro; legado ou meação.
- o espólio - Pelo de cujus até a data da abertura da sucessão.
Pessoas jurídicas de direito privado que Até a data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado
resultarem de fusão, transformação ou fusionadas, transformadas ou incorporadas.
incorporação de outra ou em outra.
Pessoa natural ou jurídica de direito Até a data do ato, relativamente ao fundo ou
privado que adquirir de outra, por estabelecimento adquirido:
qualquer título, fundo de comércio ou - integralmente, se o alienante cessar a exploração do
estabelecimento comercial, industrial ou comércio, indústria ou atividade;
profissional, e continuar a respectiva - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na
exploração, sob a mesma ou outra razão exploração ou iniciar, dentro de 6 meses, a contar da data
social ou sob firma ou nome individual. da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo
de comércio, indústria ou profissão.
Esta responsabilidade também se aplica aos casos de extinção de pessoas jurídicas de direito
privado, quando a exploração da respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio remanescente, ou
seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual.
a.3) pela responsabilidade de terceiros: arts. 134 e 135, CTN – refere-se ao crédito tributário e
à penalidade pecuniária (obrigação tributária principal), abrangendo inclusive as penalidades de caráter
moratório, e somente se aplica nos casos de impossibilidade de cobrança junto ao contribuinte. Assim, a
responsabilidade de terceiros ocorre quando a lei tributária responsabiliza outra pessoa pelo pagamento do
tributo, se este não for pago pelo contribuinte direto. Respondem solidariamente com o contribuinte nos
atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis: os pais, pelos tributos devidos por
seus filhos menores; os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados; os
administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes; o inventariante, pelos tributos
devidos pelo espólio; o síndico e o comissionário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo
concordatário; os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os atos
praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício; os sócios, no caso de liquidação de sociedade
de pessoas. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias
resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatuto: as
pessoas referidas na relação do art. 134; os mandatários, prepostos e empregados; os diretores, gerentes ou
representantes de pessoas jurídicas de direito privado.
b) a responsabilidade por infração: arts. 136 e 137, CTN – salvo disposição de lei em contrário,
independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do
ato. A responsabilidade é pessoal do agente: I) quanto às infrações conceituadas por lei como crimes ou
contravenções, salvo quando praticadas no exercício regular de administração, mandato, função, cargo ou
emprego, ou no cumprimento de ordem expressa emitida por quem de direito; II) quanto às infrações em
cuja definição o dolo específico do agente seja elementar; III) quanto às infrações que decorram direta e
exclusivamente de dolo específico: das pessoas elencadas no art. 134 (responsabilidade de terceiros, contra
aquelas por quem respondem); dos mandatários, prepostos ou empregados, contra seus mandantes,
preponentes ou empregadores; dos diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito
privado, contra estas.
3) RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
Introdução:
Quais são os requisitos mínimos em eleger o terceiro como aquele que tem o dever de pagar o tributo:
1ª Condição: terceiro deve estar VINCULADO de alguma forma com o FG. Pode surgir o dever de pagar o
tributo ou penalidade, mas qual será a extensão deste dever?
2ª Condição: o terceiro vinculado ao FG pode ter o dever integral ao pagamento do tributo ou podemos ter
um dever supletivo.
Dever Integral tem-se a exclusão da figura do contribuinte. E nesta hipótese a doutrina chama de
responsabilidade por substituição, ou seja, o responsável substitui o contribuinte. Ex: aquisição de
imóveis.
Dever Supletivo permanece o contribuinte. Ter-se-ia uma espécie de divisão de tarefas entre
contribuinte e responsável. Pode-se ter responsabilidade em regime de solidariedade. Neste caso o
terceiro tem o dever de pagar o total do tributo. Ou pode ter responsabilidade subsidiária, em que
existe um benefício de ordem, existe uma ordem pré-estabelecida para cobrança (art. 133 do CTN).
Diante destas duas hipóteses a lei pode criar hipótese de responsabilidade. A Lei Ordinária é quem pode
criar hipótese de responsabilidade. Ela cria de acordo com as normas gerais do art. 128 do CTN.
Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a
responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva
obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo
do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.
Quando o art. fala “sem prejuízo do disposto neste capítulo”, ele quer dizer que as hipóteses de
responsabilidade tributária previstas no CTN não são exaustivas; podemos ter outros casos de
responsabilidade previstos em lei.
Salvo os casos previstos no CTN (os casos que vamos estudar), a lei que vai estabelecer a responsabilidade
tributária é a Lei Ordinária (LO).
Explicando melhor:
Os casos disciplinados no CTN têm status de LC, funcionam como normas gerais de direito tributário. E,
portanto, uma alteração nesses casos de responsabilidade necessariamente deve ser feita por meio de LC.
Mas o próprio art. 128 diz que o CTN não é exaustivo. Assim, a lei pode estabelecer outros casos de
responsabilidade. E, portanto, outros casos não contemplados no CTN (inclusive de acordo com as
peculiaridades de cada ente da Federação). São leis que visam atender mais particularmente os entes da
Federação. Aqui, então, podemos ter responsabilidade atribuída por LO.
A lei atribui a responsabilidade pelo crédito tributário (a responsabilidade pelo pagamento do tributo) a
terceiro que a lei elege como responsável. Esta terceira pessoa deve estar vinculada ao FG da respectiva
obrigação, deve ter algum vínculo com o FG.
Ou seja, sempre quando tivermos hipótese de responsabilidade tributária criada pela lei, teremos a eleição
de um terceiro que tem obrigação de pagar. Este terceiro deve estar vinculado ao FG.
Pergunta: qual é a extensão desse dever? Até onde vai esse dever?
O art. 128, CTN diz que esta atribuição de responsabilidade, a extensão desse dever pode ocorrer de forma
integral, portanto pode haver atribuição de responsabilidade ao terceiro e exclusão do contribuinte (que
desaparece, não terá mais o dever de pagar nada); ou pode ser uma atribuição de responsabilidade que seja
supletiva e, nesse caso, o contribuinte ainda tem o dever de pagar.
A responsabilidade supletiva pode se dar de duas formas: diante de um regime de solidariedade, em que
temos contribuinte e responsável no mesmo patamar, ou ela pode ser num regime de responsabilidade
subsidiária, em que temos a existência de benefício de ordem entre contribuinte e responsável.
Resumindo:
Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio
útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços
referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, subrogam-se na pessoa dos respectivos
adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação.
Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre o respectivo
preço.
Imaginemos que A é dona de um imóvel urbano e deve pagar o IPTU. O FG ocorre todo dia 1º de cada ano.
No dia 01/01/07, A realiza o FG do IPTU, mas ela não paga o tributo. Em 10/10/07, A vende o imóvel a B. B
não verificou se o tributo estava ou não pago. Em 01/01/08 B realiza o FG do IPTU em relação ao exercício
de 2008. Ele recebe a cobrança do IPTU relativa ao exercício de 2008, mas recebe também a cobrança
relativa ao ano de 2007, quando A não pagou o imposto. O art. 130, CTN diz que no caso de aquisição de
imóvel que tenha débito de IPTU, este débito é transferido para o adquirente. Isso significa que B, então, é
contribuinte em relação ao IPTU devido em 2008, mas é responsável em relação ao IPTU devido em 2007
(que lhe foi transferido por conta da aquisição do imóvel).
Isso vale para o IPTU, para o ITR, vale para taxas e vale para contribuições de melhoria. Ou seja, vale para
todos os tributos relativos ao imóvel.
Imaginemos agora que A, ao invés de não ter pagado apenas o IPTU de 2007, já não pagava o IPTU há alguns
anos, acumulando um débito de R$100.000,00. A vendeu o imóvel a B por R$80.000,00. Em 2008 B recebe a
cobrança do IPTU relativo a 2008 e também a cobrança dos R$100.000,00 já devidos. Ou seja, a dívida do
IPTU supera o valor do imóvel. Pergunta: a responsabilidade de B está limitada ao valor do imóvel? Não.
Porque nesse caso de aquisição de imóvel o que nós temos é a sub-rogação pessoal da dívida (e não sub-
rogação real, ou seja, não está limitada ao valor do imóvel).
Ocorre que para cada uma dessas regras, temos uma exceção. Vejamos:
- A última parte do caput do art. 130, CTN traz a primeira exceção: nos casos em que conste do título
aquisitivo prova da quitação do tributo;
- A 2ª exceção consiste em que haverá sub-rogação real, no preço que é pago pelo bem, nos casos de
aquisição do imóvel em hasta pública (o adquirente então recebe o imóvel totalmente desonerado).
II - o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da
partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão do legado ou da
meação;
III - o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão.
É melhor estudar na ordem inversa (1º o inciso III e depois o inciso II).
INCISO III: temos o evento morte, e, com a morte, a abertura da sucessão. O “de cujus” realizou fatos
geradores e tem tributos devidos em razão da prática desses FGs. A responsabilidade até a data da abertura
da sucessão será do espólio. Essa responsabilidade do espólio é compartilhada com o inventariante. Isso está
previsto no art. 134, CTN.
Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo
contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de
que forem responsáveis:
V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário;
VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os atos
praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício;
INCISO II: entre a abertura da sucessão e a partilha, a responsabilidade será do sucessor (ou sucessores) e
do cônjuge meeiro, só que nesse caso essa responsabilidade do sucessor e do cônjuge meeiro está limitada
ao quinhão ou à meação.
→ RESUMINDO:
Atenção: a responsabilidade vai até a data da partilha. Depois da partilha, eles próprios realizam os FGs em
relação aos bens herdados e passam a ser contribuintes, e não mais responsáveis.
Podemos concluir que este dispositivo só pode estar tratando de bens móveis, porque a hipótese de
responsabilidade pela aquisição de bens imóveis é tratada no art. 130 (visto acima). Aqui não existe
nenhuma exceção.
Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação
de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até à data do ato pelas pessoas jurídicas
de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se aos casos de extinção de pessoas jurídicas de
direito privado, quando a exploração da respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio
remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual.
INCORPORAÇÃO: a empresa A incorpora a empresa B; a empresa continua sendo A, mas com a empresa
B dentro dela; A<B = A(b).
TRANSFORMAÇÃO: a empresa A que é S/A se transforma numa LTDA. Ou A Ltda. transforma em A S/A.
No dia 30/10/09 chega uma cobrança de tributo devido pela empresa A relativa ao FG realizado por B, antes
do dia da fusão, incorporação ou transformação.
De quem é a responsabilidade?
Ou seja, a responsabilidade é sempre de quem ocupa o último lugar na cadeia. É a pessoa jurídica que sobra,
que resulta da operação.
EXTINÇÃO DE PJ: O P.U. do art. 132, porém, traz uma outra hipótese: aplicação aos casos de extinção de
pessoas jurídicas de direito privado quando a exploração da respectiva atividade seja continuada.
A regra, como vimos, é olhar para a empresa que sobra. Ela será responsável. Mas o P.U. trata de uma
hipótese de extinção de uma pessoa jurídica e, nesse caso de extinção nós podemos ter a aplicação da regra
do caput. Quando teremos a aplicação da regra do caput? Se eu tenho uma pessoa jurídica A que tem 3
sócios e tem por objeto a fabricação de garrafas pet. A empresa A é extinta e um sócio antigo da empresa A
constitui uma outra empresa, a empresa B, que tem o mesmo objeto da antiga empresa A. Nesse caso,
então, a empresa B será responsável pelos débitos tributários de A. Isso porque aqui temos uma
continuação: temos um sócio remanescente e o mesmo objeto. Mas atenção: tem que ser a mesma
atividade!
Vide STJ RESP. 852.972. Hipótese de aplicação do art. 132 no caso de cisão.
Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título,
fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva
exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos
tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato:
§ 1o O disposto no caput deste artigo não se aplica na hipótese de alienação judicial: (Incluído pela
Lcp nº 118, de 2005)
§ 2o Não se aplica o disposto no § 1o deste artigo quando o adquirente for: (Incluído pela Lcp nº 118,
de 2005)
I – sócio da sociedade falida ou em recuperação judicial, ou sociedade controlada pelo devedor falido
ou em recuperação judicial;(Incluído pela Lcp nº 118, de 2005)
II – parente, em linha reta ou colateral até o 4o (quarto) grau, consangüíneo ou afim, do devedor
falido ou em recuperação judicial ou de qualquer de seus sócios; ou (Incluído pela Lcp nº 118, de
2005)
III – identificado como agente do falido ou do devedor em recuperação judicial com o objetivo de
fraudar a sucessão tributária.(Incluído pela Lcp nº 118, de 2005)
Esse dispositivo traz a hipótese em que houve a aquisição de um estabelecimento. A pessoa que faz essa
aquisição, além de adquirir, continua na exploração do negócio.
O resultado será a responsabilidade do adquirente pelos tributos devidos pelo estabelecimento adquirido.
Há a necessidade de que haja a aquisição. Atenção para isso: se houve apenas a locação do estabelecimento,
não há a responsabilidade.
O outro requisito é que haja a continuação da exploração da mesma atividade.
O adquirente responde pelos tributos devidos pelo estabelecimento comercial anterior que lá estava.
O art. diz que podemos ter duas espécies de responsabilidade (que estão nos dois incisos do art.):
II) responsabilidade SUBSIDIÁRIA com o alienante: se o alienante prossegue na exploração (em outro
estabelecimento, com a mesma atividade), ou se inicia outro tipo de atividade no prazo de 6 meses. Aqui
temos um benefício de ordem: em primeiro lugar se cobra o tributo do alienante, e em segundo lugar se
cobra do adquirente. Isso ocorrerá se o alienante prosseguir na exploração ou se o alienante iniciar outra
atividade (qualquer ramo) no prazo de 6 meses a contar da data da alienação.
PERGUNTA: Professora, bom dia, no caso do trespasse (aquisição de estabelecimento comercial), art. 133,
inc. II. O CTN fala de responsabilidade subsidiária, assim, há benefício de ordem? (primeiro do alienante e
depois do adquirente?). Porém, já vi entendimentos que a responsabilidade é solidária (Leandro Paulsen).
Qual seria o mais correto, ficar preso ao art. ou aplicar o entendimento de ser solidária? R: ficar preso ao
CTN.
A discussão do alienante ser ou não responsável é se ele tem ou não capacidade contributiva.
A LC 118/05 ameniza essa responsabilidade do art. 133. Ela inclui no dispositivo uma exceção que está no
§1º: Não aplica o disposto no caput para estimular a venda e a recuperação das empresas.
Mas atenção: Não se aplica esta exceção do §1º, porém, nas hipóteses trazidas pelo §2º.
Pergunta: para onde vai o dinheiro decorrente dessa venda? A resposta lógica seria “para o pagamento dos
tributos”. Mas não é isso que diz o CTN. O §3º desse art. diz que o dinheiro fica parado por um ano e, depois
desse prazo, somente poderá ser utilizado para o pagamento de créditos extraconcursais ou para o
pagamento de créditos que preferem os créditos tributários. Ou seja, será utilizado para o pagamento dos
créditos que estão acima do crédito tributário.
O § 2º fala de não aplicação do § 1º hipóteses em que o adquirente tenta fraudar o fisco. Por exemplo:
alienando o estabelecimento para o ascendente.
AULA: 19/11/2010
Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo
contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de
que forem responsáveis:
V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário;
VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os atos
praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício;
Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias
resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou
estatutos:
Art. 134:
OBS: no art. 134, ainda que o artigo fala em responsabilidade solidária, a maioria da doutrina entende que
no ponto de vista técnica do instituto trata-se de responsabilidade subsidiária, pois há benefício de ordem.
As pessoas que estão ali elencadas respondem juntamente com o contribuinte, nos casos de impossibilidade
de exigência do cumprimento da obrigação principal por ele (ex.: se ele não tem dinheiro para pagar).
Pergunta: trata-se de responsabilidade solidária? Não. O que caracteriza a responsabilidade solidária é a
ausência de benefício de ordem, e aqui há claramente um benefício de ordem: primeiro cobra-se do
contribuinte, depois dos demais.
Assim, o art. errou ao falar em solidariedade. A responsabilidade aqui é subsidiária. O regime aqui,
necessariamente, é de subsidiariedade, e não de solidariedade, porque temos ali um benefício de ordem:
primeiro o contribuinte e depois o responsável.
Numa prova objetiva, se a questão trouxer o termo solidariedade, este deve ser marcado como certo. Mas
em questões abertas é preciso demonstrar conhecimento, afirmando que se trata, na verdade, de
subsidiariedade.
A responsabilidade aqui decorre de atos praticados com culpa. Nesses casos, os responsáveis que estão
enumerados no art. deverão pagar o tributo e as penalidades moratórias (apenas essas). Atenção: no direito
tributário nós temos penalidades decorrentes da mora, mas também temos penalidades de ofício, que a
doutrina classifica de estritamente punitivas (não têm por justificativa a mora, mas a punição propriamente
dita do contribuinte por qualquer outro motivo – ex.: multa de ofício). Nesse caso da responsabilidade do
art. 134 não há que se falar em responsabilidade pelas multas estritamente punitivas, mas apenas nas
penalidades decorrentes da mora (P.U. do art.).
O inciso VII trata da responsabilidade dos sócios. Esse tema, pela sua importância, será tratado de forma
mais aprofundada a seguir:
Art. 135:
O dispositivo em questão diz, diferentemente, do art. 134 trata-se de responsabilidade pessoal do terceiro,
ou seja, o contribuinte sai de cena.
Inc. I: se umas das pessoas do art. 134 agir com fraude a responsabilidade é pessoal.
O Inc. III traz a hipótese do sócio que será estudada de forma mais clara.
G) RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS PELOS DÉBITOS DA PESSOA JURÍDICA (ART. 134, VII E 135 III):
Aqui nesse inciso III a jurisprudência encaixa o sócio que seja diretor, presidente ou representante de pessoa
jurídica de direito privado.
O art. 134, VII, CTN traz a responsabilidade “solidária” (entre aspas, porque em verdade é subsidiária) diante
da prática de atos culposos. Essa é a premissa do caput do art. 134. Só que essa responsabilidade não se
aplica a todas as situações indiscriminadamente. O inciso VII vem e especifica a hipótese em que essa
responsabilidade se aplica: é a hipótese de liquidação de sociedade de pessoas.
Se o sócio praticar um ato culposo na liquidação de sociedade de pessoas, então nesse caso muito específico
e determinado (e só nele) ele será responsável “solidário”.
Podemos então concluir que o art. 134, VII está muito longe de ser a regra da responsabilidade dos sócios.
Ele é apenas um caso isolado (que só trata dos atos culposos praticados na liquidação da sociedade), uma
hipótese muito específica.
A regra, portanto, está no art. 135, CTN. Este art. sim traz a regra da responsabilidade dos sócios pelas
dívidas tributárias da pessoa jurídica.
O caput desse art. diz que são “pessoalmente responsáveis”. Temos, pois, responsabilidade pessoal. Quando
temos esta responsabilidade pessoal, temos a exclusão da pessoa jurídica, que não é atingida pela dívida
tributária. A dívida se concentra inteira na pessoa do sócio. É caso, pois, de desconsideração da pessoa
jurídica.
Requisitos do inc. III para que se configure a responsabilidade pessoal do sócio, pelos débitos da pessoa
jurídica.
Responsabilidade pessoal: responsabilidade integral – ela se dará nos casos de obrigações tributárias
resultantes de atos que sejam praticados com excesso de poder, infração à lei ou infração aos contratos
sociais ou estatutos.
Mas nós temos, como complementação a essa exigência, a exigência do inciso III que diz que serão
responsáveis os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídica de direito privado. O inciso III
então diz que somente o sócio que é gerente, administrador poderá ser responsável tributário.
Ou seja, ao lado da prática dos atos dolosos, é preciso ter um sócio com poder de gestão. Só ai a
responsabilidade será pessoal. São, pois, dois os requisitos.
Resumindo: simplesmente não pagar o tributo não gera a responsabilidade. E os atos dolosos devem ter sido
praticados por sócio gerente, sócio com poder de gestão. OBS: apenas o sócio que configure como gerente,
diretor ou representante.
O sócio tem que ter poder de gestão e também cumprir com os requisitos do “caput” tributos devidos por
conta de atos praticados pelo sócio com poder de gestão.
ATOS:
- excesso de poder;
- infração à lei;
- infração a contrato social ou estatutos;
Por conta disso tem-se uma obrigação tributária não cumprida, logo o sócio é responsável por
este tributo.
No STJ por conta da expressão infração a lei houve um debate. A discussão sobre o tema foi o ponta pé
inicial para vários julgados e decisões a respeito da responsabilidade dos sócios.
a) infração de lei:
A Fazenda começou alegar que não pagamento de tributo representava infração à lei. A Fazenda olha pra
esse caput do art. 135 e diz: o sócio pode ser responsável pessoal se praticar um ato com infração à lei.
Infração à lei é não cumprir a lei. Tributo está previsto em lei, então, não recolher tributo é infração à lei.
Assim, a Fazenda começa a dizer que o simples não pagamento do tributo já configurava infração à lei, e,
então, já acarretava a responsabilidade pessoal. A Fazenda, então, tentou afastar a necessidade de dolo. A
infração à lei estava desvinculada da fraude. Ou seja, para que o sócio seja responsável bastava o simples
inadimplemento.
O STJ se posicionou quanto ao tema, afirmando que não; que somente haverá a responsabilidade pessoal se
houver atos praticados com fraude, atos dolosos. O simples não pagamento do tributo por falta de dinheiro
não implica na responsabilização. Essa é a exigência do caput.
O STJ olha para esses atos (praticados com excesso de poder, infração à lei ou aos contratos sociais ou
estatutos) e vai dizer que essa responsabilidade somente se apresenta diante da prática de atos dolosos,
atos fraudulentos. Numa situação como essa, o sócio que praticou esses atos dolosos deve ser o responsável
pessoal pela dívida tributária. O STJ disse que precisa do inadimplemento somado à fraude. Este debate está
encerrado por conta da súmula.
Súmula 430 – O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a
responsabilidade solidária do sócio-gerente.
A dissolução irregular não está prevista no art. 135, III, CTN, mas o STJ construiu um entendimento segundo
o qual a dissolução irregular também gerava a responsabilidade dos sócios. A dissolução irregular ocorre
quando há um simples abandono, sem que houvesse o encerramento regular das atividades (a empresa
fecha as portas e vai embora). Ou seja, PJ é encerrada sem o pagamento das dívidas tributárias. O STJ, então,
incorpora aqui um outro dado à responsabilidade do sócio. Ela gera também a responsabilidade dos sócios.
Duas situações:
- fechamento da PJ;
Detalhe nos casos de mudança de endereço sem comunicação, há uma presunção de dissolução irregular.
Juntamente com a responsabilidade do sócio há o dever do sócio de provar que não houve dissolução
irregular. Aqui há a hipótese de inversão do ônus da prova.
Súmula 435 – Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu
domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da
execução fiscal para o sócio-gerente.
relacionado à presunção de dissolução irregular: a empresa muda de endereço e não avisa às autoridades. A
Receita bate à porta da empresa e percebe que ela não está mais no endereço que deveria estar. Esta
situação ou a simples não comunicação da mudança de endereço já gera a inversão do ônus da prova. Existe,
pois, essa presunção quando há a não localização da empresa no endereço fornecido às autoridades
administrativas.
Mas, como vimos, existe mais uma hipótese de inversão do ônus da prova, o 2º caso.
Temos de um lado uma alegação da Fazenda acerca da responsabilidade dos sócio. A questão aqui é: de
quem é o ônus de provar esta alegação. Obviamente o ônus é da Fazenda como regra geral, pois é ela que
alega. Porém, existem casos de inversão do ônus da prova. Portanto, caso em que o ônus da prova é
transferido para os sócios. Estes foram casos construídos pela jurisprudência do STJ.
Acontece que essa dissolução irregular que gera também a responsabilidade dos sócios foi muito debatida
no STJ. Tivemos, pois, uma evolução dessa jurisprudência e o STJ estabeleceu um entendimento segundo o
qual existem situações em que esta situação irregular é presumida. Segundo o STJ, existem, pois, situações
em que a dissolução irregular é presumida e, sendo presumida, existe aqui a inversão do ônus da prova. Nos
casos de responsabilidade de sócios, a regra é a de que o ônus da prova seja da Fazenda. Acontece que a
jurisprudência do STJ se consolidou para estabelecer dois casos de inversão do ônus da prova (dois casos em
que esse ônus de provar a responsabilidade é invertido), ou seja, o sócio é que deve comprovar que não
praticou os atos do art. 135, III, CTN – que não agiu dolosamente, que não agiu de forma fraudulenta. São
eles:
1º) caso relacionado à presunção de dissolução irregular (ou seja, mudança de endereço da PJ sem
comunicação);
2º) caso em que o sócio consta da certidão da dívida ativa (CDA): motivado por este entendimento, temos a
Súm. 393, STJ – que será melhor estudada na próxima aula.
Situação de mudança de endereço sem comunicação à administração. Instaura uma presunção de dissolução
irregular. Esta presunção deve ser afastada pelo sócio. É ele sócio que possui o ônus da prova. Este caso já
foi estudado, súmula 435 do STJ.
Ocorre a inversão do ônus da prova, assim, também se o sócio constar como devedor no ato de inscrição da
DA.
Imaginemos uma situação comum em que a pessoa jurídica realiza um determinado fato gerador de um
tributo. Ela deveria ter feito o pagamento, mas não paga. Diante desse não-pagamento a Administração vai
realizar o lançamento tributário, com vistas à cobrança administrativa deste tributo que deixou de ser pago.
Em nome de quem será realizado este lançamento? Ele será também realizado em nome da pessoa jurídica.
Se a pessoa jurídica recebe o lançamento e a cobrança administrativa e também não paga (porque não tem
dinheiro) a Administração deverá adotar medidas para a cobrança judicial do crédito tributário. Para que
haja essa cobrança judicial são necessários alguns atos preparatórios:
Lançamento IRPJ + cobrança do tributo PJ não faz o pagamento diante disso (do não pagamento) a
administração vai partir para a cobrança judicial, por meio da Execução Fiscal Ajuizamento da EF (para
isso a Fazenda tem que adotar algumas medidas preparatórias). Que medidas são essas: 1º) inscrever o
débito em dívida ativa, depois deve emitir a CDA (Certidão da Dívida Ativa). A dívida ativa consolida o débito
tributário. A CDA indica o FG/tributo, valor devido, sujeito passivo. Ocorre que na indicação do sujeito
passivo há a indicação do contribuinte e se for o caso a indicação do responsável tributário.
Pergunta: Para que serve a inscrição em dívida ativa? A inscrição em DA consolida o débito. E, consolidando
o débito, temos a indicação de quanto é devido, porque é devido e por quem é devido. Ou seja, temos a
indicação do valor devido, da lei que fundamenta a cobrança e de quem é o sujeito passivo.
Pode acontecer de na indicação do sujeito passivo a Administração indicar não apenas a pessoa jurídica, mas
indicar conjuntamente o sócio. A pessoa jurídica é indicada como sujeito passivo contribuinte e o sócio é
indicado como sujeito passivo responsável. Dessa forma, a conseqüência é que essas informações da
inscrição na DA estarão refletidas na CDA. Esta CDA faz as vezes do título executivo com base no qual a
execução fiscal será ajuizada. A CDA é um reflexo da inscrição em dívida ativa. A CDA contém todos os
elementos da inscrição em dívida ativa.
A conseqüência é que haverá o ônus da prova em virtude de o nome do sócio esta na CDA como
responsável. O sócio tem o dever de provar que não realizou os atos fraudulentos previstos no art. 135, inc.
III.
A CDA e a inscrição em divida ativa gozam de presunção de liquidez e certeza nos termos do art. 204 do CTN.
Pergunta: Professora, bom dia. Em relação à inscrição do sócio como responsável na CDA, você disse que a
Fazenda pode colocar o sócio na CDA de maneira discricionária. A minha dúvida é: no processo
administrativo anterior à constituição da CDA, não teria que existir esta discussão em relação a pratica de
atos fraudulentos do sócio responsável? Haveria também esta inversão do ônus na fase administrativa?
R: É uma questão que é bastante controvertida. Era para isso acontecer, mas a Fazenda não obedece, ela
inclui o sócio e “dane-se”. O STJ aplica Súmula 7. O interessante seria impetrar um MS para discutir.
Pesquisar mais a fundo este problema.
Professora, pode a Fazenda executar, através da EF, o contribuinte (Pessoa Jurídica), bem como o
responsável (sócio), mesmo que este não conste da CDA? Se positivo, neste caso também haveria o ônus da
prova para o sócio?
Sim pode caso de redirecionar para a EF para o sócio. Prazo de prescrição e dilação ônus da Fazenda.
O STJ olha para esta situação e entende que o fato do sócio estar indicado como devedor no ato de inscrição
em DA, e conseqüentemente na CDA, resulta numa presunção de certeza contra o sócio. Isso quer dizer que
o sócio é presumidamente responsável até que prove o contrário. Assim, o fato dele estar indicado como
devedor, resulta na inversão do ônus da prova. O fundamento jurídico para esta inversão do ônus da prova
está no art. 204, CTN, que fala sobre os efeitos da DA – vejamos:
Art. 204. A dívida regularmente inscrita goza da presunção de certeza e liquidez e tem o efeito de
prova pré-constituída.
Parágrafo único. A presunção a que se refere este artigo é relativa e pode ser ilidida por prova
inequívoca, a cargo do sujeito passivo ou do terceiro a que aproveite.
Se o sócio está indicado, cabe a ele afastar esta presunção, este efeito de prova pré-constituída. É ele que
tem que provar que não agiu de forma fraudulenta, dolosa, ou que não é sócio gerente. Ou seja, cabe a ele o
ônus de provar a ausência dos requisitos do art. 135, CTN.
Constando o nome do sócio-gerente como responsável tributário na CDA, ele terá o ônus de provar a
ausência desses requisitos, independentemente de a ação executiva ter sido proposta contra a pessoa
jurídica e contra o sócio, ou somente contra a empresa, tendo em vista que a CDA goza de presunção
relativa de liquidez e certeza nos termos do art. 204, CTN, c/c com o art. 3º da Lei 6.830/89.
Se ele está na CDA, portanto, e está indicado na DA, não há que se falar em ônus do Fisco de provar; o ônus
é sempre do sócio.
Se a execução fiscal foi ajuizada somente contra a pessoa jurídica e, após o ajuizamento, foi requerido o seu
redirecionamento contra o sócio-gerente.
Mas atenção: se o nome do sócio está indicado na DA, nunca teremos o redirecionamento da execução
fiscal. Não há como se falar em redirecionamento, porque o nome do sócio já consta do titulo executivo.
Então não seria hipótese de redirecionamento, mas sim hipótese de chamar diretamente o novo devedor.
Diferentemente é a situação em que o sócio não está indicado na DA, hipótese em que, para que a Fazenda
possa responsabilizar o sócio, seria necessário o redirecionamento da execução fiscal, com a prova de que o
sócio agiu de forma dolosa ou fraudulenta.
Diferença:
- Em um caso temos um lançamento contra a pessoa jurídica, não pagamento, inscrição em DA, CDA e
execução fiscal. As possibilidades aqui são: no momento da inscrição em DA o sócio estava de fato indicado
como responsável, em virtude da presunção de liquidez e certeza, que se opera contra o sócio e resulta na
inversão do ônus da prova. Aqui não há redirecionamento.
- Em outro caso temos a inscrição da DA em que não consta o sócio; temos a indicação apenas da pessoa
jurídica. Nesse caso, se ajuizada a execução fiscal o Fisco quiser responsabilizar o sócio, ele até pode, mas
para isso será necessário o redirecionamento da execução fiscal, e, juntamente com esse redirecionamento,
será necessário que o Fisco prove os requisitos do art. 135, III, CTN. Ai, nesse caso, teremos uma hipótese de
redirecionamento.
A necessidade de Embargos à Execução Fiscal. Apenas no contexto dos embargos é que o sócio poderá
produzir provas para dizer que não é responsável pela dívida tributária. Deve haver o oferecimento de
garantia para que os embargos sejam possíveis.
A necessidade dos embargos decorre o não cabimento de exceção de pré-executividade. A exceção de pré-
executividade é uma simples petição que tem por objetivo demonstrar a impossibilidade da execução fiscal.
Esse entendimento do STJ sobre a responsabilidade dos sócios, e ao ônus da prova, acabou gerando uma
dessas novas súmulas do STJ (recentes) – a Súm. 393, cuja redação é a seguinte:
Com este entendimento, conclui-se que a responsabilidade dos sócios que têm seu nome inscrito em DA não
é propriamente uma matéria só de direito, ela também é uma matéria de fato, porque compete ao sócio
provar que não ficou caracterizada nenhuma das circunstâncias previstas no art. 135, III, CTN.
Se há essa necessidade de produção de prova, de dilação probatória, vem o STJ e diz que para discutir a
responsabilidade dos sócios não há que se falar em exceção de pré-executividade. O único instrumento
possível são os embargos à execução fiscal.
Então, se o sócio tem o seu nome indicado como responsável na DA, com a inversão do ônus da prova, e em
decorrência do entendimento do STJ, temos a possibilidade de discussão apenas em embargos à execução
fiscal. Não há que se falar em exceção de pré-executividade, porque o sócio precisa provar que não cometeu
atos dolosos ou fraudulentos, e o instrumento adequado para esta prova são os embargos à execução fiscal.
Assim, se há que se falar em dilação probatória, não é possível a exceção de pré-executividade e a única
maneira do sócio se defender é por meio de embargos à execução fiscal.
Ainda quanto a esse tema da responsabilidade dos sócios, é preciso tratar de uma hipótese específica de
responsabilidade prevista na lei que disciplina a medida cautelar fiscal – a Lei 8.397/92.
Temos uma hipótese de responsabilidade dos sócios no art. 4º dessa Lei 8.397/92, que diz que a decretação
da medida cautelar fiscal procederá de imediato a indisponibilidade dos bens do requerido até o limite da
satisfação da obrigação:
Art. 4° A decretação da medida cautelar fiscal produzirá, de imediato, a indisponibilidade dos bens do
requerido, até o limite da satisfação da obrigação.
§ 2° A indisponibilidade patrimonial poderá ser estendida em relação aos bens adquiridos a qualquer
título do requerido ou daqueles que estejam ou tenham estado na função de administrador (§ 1°),
desde que seja capaz de frustrar a pretensão da Fazenda Pública.
§ 3° Decretada a medida cautelar fiscal, será comunicada imediatamente ao registro público de
imóveis, ao Banco Central do Brasil, à Comissão de Valores Mobiliários e às demais repartições que
processem registros de transferência de bens, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam
cumprir a constrição judicial.
Esse art., então, diz qual o efeito dessa medida cautelar fiscal, que é uma ação de competência da Fazenda.
Atenção: esse tema é muito importante para as provas de Procuradorias!
O efeito dessa medida cautelar fiscal, portanto, é decretar a indisponibilidade de bens do sujeito passivo.
Ocorre que o §1º desse mesmo art. diz que na hipótese de pessoa jurídica, a indisponibilidade recairá
somente sobre os bens do ativo permanente, podendo, ainda, ser estendida aos bens d\o acionista
controlador e aos que, em ração do contrato social ou estatuto, tenham poderes para fazer cumprir suas
obrigações fiscais.
Ou seja, é possível também que a indisponibilidade atinja os bens do acionista controlador, e, portanto, os
bens do sócio, isso se o sócio tiver o poder para determinar ou não o pagamento do tributo, à época do FG
ou à época em que não houve o pagamento. Pode decretar a indisponibilidade no lançamento.
O §2º, desse mesmo art. 4º, diz que a responsabilidade patrimonial poderá ser estendida aos bens
adquiridos a qualquer título ou daqueles que sejam ou tenham estado na função de administrador, desde
que seja capaz de frustrar a pretensão da Fazenda Pública.
Assim, em qualquer caso o sócio pode ter seus bens decretados indisponíveis, mesmo que não seja caso de
fraude, dolo etc. O simples fato de ele ser sócio e de estar na direção da sociedade quando o tributo não foi
pago, já pode resultar na indisponibilidade dos seus bens.
Pergunta: Esse art. 4º da Lei 8.397/92 está de acordo com o art. 135, III, CTN e de acordo com o
entendimento do STJ sobre este art.? Não, é claro que não, pois o STJ diz que o simples fato do
inadimplemento (não pagamento do tributo por falta de dinheiro), apenas isso não gera a responsabilidade
dos sócios.
Fala-se, então, que a responsabilidade não cabe nesse caso porque esse art. 4º da Lei 8.397/92, em verdade,
extrapola o conteúdo do art. 135, III, CTN e do próprio art. 134, VII, CTN, porque o CTN, ao prever a
responsabilidade tributária dos sócios, estabelece lá quais são os critérios mínimos para que haja esta
responsabilidade, e a lei não pode superar e nem ignorar esses critérios.
Como já vimos anteriormente, quando estudamos o art. 128, CTN, quem estabelece a responsabilidade
tributária é a LO, mas a LO deve ser cuidadosa em relação aos casos que já estão discriminados no CTN. E, no
caso da responsabilidade dos sócios, já temos uma determinação no CTN e, portanto, não é possível que
uma LO ofenda os requisitos ali previstos (art. 135, III CTN).
Assim, podemos dizer que esse art. 4º da Lei 8.397/92 é ilegal e, além disso, podemos dizer que ele é
também inconstitucional, porque o papel de decidir os contornos gerais da responsabilidade é da LC, o que
decorre do art. 146, da CR/88.
Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for
o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância
arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração.
Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer
procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.
Imaginemos a seguinte situação: um sujeito passivo realizou um FG de um tributo em mai/08, devendo, por
conta da prática deste FG, efetuar o pagamento de R$ 7.000,00. Em 10/06/08 ele deve pagar o tributo, mas
não paga. Ele não paga porque não tem dinheiro para pagar. Não há fiscalização em curso. Em outubro do
mesmo ano o sujeito passivo consegue o dinheiro para efetuar o pagamento, e, nesse momento ele faz o
pagamento efetivo.
Pressuposto: o pagamento deve ocorrer antes de qualquer medida da Administração relativa a fiscalização
do tributo.
Ao fazer o pagamento, nesse momento, o sujeito passivo verifica que a respeito desse FG, não há nenhuma
fiscalização em curso. Ou seja, em outubro, antes de a Administração cobrar, lançar, ou fazer qualquer tipo
de fiscalização, ele faz o pagamento.
Se o pagamento é feito antes do início de qualquer fiscalização, esse pagamento é entendido como uma
denúncia espontânea da infração. Com o pagamento, porém, o devedor deve apresentar uma manifestação,
uma declaração se dizendo devedor daquele tributo, em razão da prática do FG.
A vantagem de se fazer a denúncia espontânea é a de que no momento em que faz o pagamento, o sujeito
passivo pagará apenas o tributo devido acrescido dos juros, sem a incidência de multa. A exclusão da multa é
um benefício para o sujeito passivo que espontaneamente paga o tributo, acompanhado da denúncia, antes
de qualquer medida de fiscalização por parte da Administração.
Procedimento:
FG OT (dever de pagar o tributo) não pagamento (out/2009) pagamento (set/2010) OBS: até este
momento não houve qualquer medida de fiscalização. Assim, este pagamento pode ser feito pela
sistemática da denuncia espontânea. Paga-se o tributo acrescido unicamente pelos juros.
Assim, deve, em primeiro lugar, o sujeito passivo deve comunicar a administração sobre o pagamento
atrasado, mas antes da fiscalização.
- comunicação
- denúncia,
- exclusão da multa
Este debate decorreu da denuncia espontânea aplica aos tributos lançados por homologação.
No tributo lançado por homologação (art. 150 do CTN), em razão da ocorrência do FG tem-se o nascimento
de duas OT: uma acessória, e outra principal. Acessória que se refere ao dever de entregar a administração
de entregar a declaração. Já a principal que se refere ao dever de efetivar o pagamento do tributo. Na
declaração o SP declara que realizou o FG e deve R$ X de tributo. Na seqüência deve-se se fazer o
pagamento.
Pode ocorrer de o contribuinte declarar e não pagar o imposto. Ou seja, realizou o OT acessória, mas a
principal não. Posteriormente ele paga o tributo, e ainda não houve a fiscalização. Este contribuinte pode
fazer isso?
O STJ disse que não mais pode fazer a denúncia espontânea. Súmula 360 do STJ.
O STJ diz que a única possibilidade é o pagamento de uma só vez. Ou seja, com isso vem o STJ e diz que
denúncia espontânea é diferente de parcelamento.
Há duas multas:
- Multa de mora;
- Multa punitiva;
A Fazenda começou alegar que apenas a multa exclusivamente punitiva (multa mais grave, também
chamada de multa de ofício) seria excluída. A multa de mora persistiria. Esta é a postura da Fazenda.
O STJ diz que toda e qualquer multa será excluída por ocasião da denúncia espontânea. RESP: 1.149.022 do
STJ.
D) OBS FINAL:
Ocorre que em caso de tributos federais o art. 47 diz que se você que declarou, não pagou e foi notificado do
inicio de uma fiscalização quanto a este tributo não pago, você tem o prazo de 20 dias para fazer o
pagamento com os benefícios da denuncia espontânea.
- 1ª Discussão importante:
Art. 47. A pessoa física ou jurídica submetida a ação fiscal por parte da Secretaria da Receita
Federal poderá pagar, até o vigésimo dia subseqüente à data de recebimento do termo de
início de fiscalização, os tributos e contribuições já declarados, de que for sujeito passivo
como contribuinte ou responsável, com os acréscimos legais aplicáveis nos casos de
procedimento espontâneo. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)
Primeiramente, é preciso lembrar que esse art. só se aplica a tributos federais. Ele
traz a hipótese em que o sujeito passivo realizou o FG de um tributo e não fez o pagamento,
e, diante desse não-pagamento o sujeito passivo teve uma fiscalização instaurada, para
verificar esse FG.
Diante de uma situação como esta, em princípio não é mais possível se fazer a
denúncia espontânea (pois já teve início a fiscalização). Ocorre que o art. 47 desta lei diz
que nessa situação, o sujeito passivo pode efetuar o pagamento com os benefícios da
denúncia espontânea. Ou seja, ele ainda pode se aproveitar da denúncia espontânea, mas
apenas se ele fizer o pagamento nos primeiros 20 dias após o início da fiscalização. É uma
regra específica que somente alcança tributos federais, sobre os quais já haja a fiscalização,
e desde que o pagamento seja feito nos primeiros 20 dias desta fiscalização.
Ocorre que esse art. 47, ao dizer isso, faz uma outra consideração, determinando
que essa possibilidade está agregada a um requisito específico: o de que o tributo tenha
sido declarado. Ou seja, somente se o tributo tiver sido declarado é que o sujeito passivo
poderá fazer o pagamento com os benefícios da denúncia espontânea, nos 20 primeiros
dias da fiscalização.
O tributo lançado por homologação está previsto no art. 150, CTN, que diz que
nesses tributos o sujeito passivo tem uma participação intensa – ele realiza o FG do tributo
e tem o dever de fazer o pagamento antecipado.
Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação
atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade
administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da
atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.
§ 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob
condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento.
§ 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação,
praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito.
§ 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do
saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação.
§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do
fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado,
considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se
comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.
O sujeito passivo tem, pois, o dever de ele, sozinho, sem nenhuma ajuda da
autoridade administrativa, apurar a BC, aplicar a alíquota e apurar o montante devido do
tributo. Esse pagamento antecipado, por ser precário, não gera a extinção do crédito. Esta
extinção só ocorrerá com a homologação deste pagamento. Se houver a homologação, é
porque a AP concordou com o pagamento.
Mas como isso se relaciona com a denúncia espontânea? Da seguinte forma: pode
ser que nesse tributo lançado por homologação, além deste dever de pagar, pode ser que o
sujeito passivo tenha outras atribuições. Que outras atribuições são estas? A depender da
lei que disciplina o tributo, temos que o sujeito passivo, por realizar o FG, tem mais outras
duas obrigações tributárias distintas – uma obrigação acessória e uma principal.
Ou seja, existe a imposição desta condição de que o tributo tenha sido declarado, e
declarado corretamente. Não pode ter sido sonegada nenhuma informação da
Administração. O sujeito deve dizer: “devo, e não nego; sou devedor”. Foi, então, a partir
do início da fiscalização daquele tributo que começou a contar os 20 dias.
A declaração do tributo aqui, portanto, é essencial para que haja uma extensão da
aplicação da denúncia espontânea.
- 2ª Discussão importante:
Acontece que esta declaração adquire uma outra importância quando tratamos do
tema relativo à recente Súm. 360, STJ:
“O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por
homologação regulamente declarados, mas pagos a destempo”.
Segundo esta súmula, existem tributos sujeitos ao lançamento por homologação que
respeitam a sistemática da declaração.
Imaginemos um tributo que seja lançado por homologação, em que haja o dever de
declarar. Aqui falamos não só dos casos que se enquadrem no art. 47 da Lei 9.430/06, visto
acima, mas sim do dever de declarar de forma mais genérica. O sujeito passivo realiza o FG
e, tendo o dever de declarar, nasce uma obrigação tributária acessória relativa ao dever de
entrega da declaração, e uma obrigação tributária principal, relativa ao pagamento do
tributo. O que pode acontecer então? Imaginemos que, nesta hipótese, o sujeito passivo
tenha realizado o FG em mai/07, e que esse FG seja relativo a um tributo que exige o dever
de declarar. O sujeito passivo, como bom contribuinte, declara então que deve os R$
7.000,00.
Ocorre que no momento de fazer o pagamento ele não paga, porque não tem
dinheiro. Em out/07 ele levanta o dinheiro suficiente para o pagamento daquele tributo. Ele
então vai dizer que pretende fazer o pagamento do tributo cujo FG é relativo a mai/07, e
afirma ainda que quanto a este tributo não houve nenhuma fiscalização. Fazendo este
pagamento em out/07, então, ele afirma que esse pagamento pode receber o benefício da
denúncia espontânea, eis que está cumprido o requisito de não existir fiscalização em curso.
Ocorre que o STJ olha para esta situação e diz que nesse caso ele não pode fazer a
denúncia espontânea, isso porque a denúncia espontânea pressupõe, além do pagamento
antes do início de qualquer fiscalização, conjuntamente ao pagamento, a comunicação para
a Administração que o sujeito não pagou e que agora está pagando.
Em primeiro lugar, nos termos do art. 47, da Lei 9.430/96, a declaração é necessária
para o pagamento do tributo nos 20 dias subseqüentes ao início da fiscalização, nos termos
do art. 138, CTN (nos termos do procedimento espontâneo) – isso no caso dos tributos
federais.
De outro lado, essa declaração, nos termos da Súm. 360, STJ, impede a denúncia
espontânea, porque a declaração equivale à confissão do débito. E se o débito já está
confessado, não há mais que se falar em denúncia espontânea.
Não. Porque a Súm. 360, STJ faz menção à regra geral da denúncia espontânea,
enquanto o art. 47 traz um benefício específico, que se aplica a uma situação específica e
que pode ser revogado a qualquer momento. Esse é o entendimento do STJ. Vale, pois, a
regra geral.
É preciso ler a redação desta súmula com cuidado. Então poderemos concluir duas
coisas:
Atenção então para não confundir: não podemos pensar que a denúncia espontânea
nunca se aplica ao lançamento por homologação. Não é isso. A denúncia espontânea se
aplica plenamente ao lançamento por homologação, salvo quando se trate da existência da
declaração. Porque, como vimos, a declaração significa confissão do débito e, então, nesse
caso (e só nesse caso), a denúncia espontânea fica afastada. Mas, se não teve declaração, ai
então ainda pode haver a denúncia espontânea, nos termos do art. 138, CTN.
O pagamento feito nos termos da denúncia espontânea pode ser feito de uma vez
só, à vista, ou ele pode ser feito de forma parcelada. Tanto faz. São apenas modalidades de
pagamento. O que importa é que se pague, e que se pague nos termos da denúncia
espontânea. Esta foi a argumentação levada a diante pelos contribuintes.
Não obstante, este tema chegou ao STJ e esse tribunal decidiu que o parcelamento é
diferente de denúncia espontânea. Isso porque, segundo entendeu o STJ, a denúncia
espontânea requer o pagamento integral e em uma única parcela.
Esta é, pois, a regra que o STJ estabelece. E é entendimento já consolidado, que veio
a ficar mais consolidado ainda pela alteração feita no CTN, pela LC 104/01, que introduziu
no CTN o art. 155-A que disciplina especificamente a figura do parcelamento:
No Direito Tributário nós temos duas multas distintas: temos a multa de mora, que é
a multa decorre da demora no pagamento do tributo; e temos uma multa chamada multa
de ofício, que representa uma penalidade estritamente punitiva. Uma penalidade
estritamente punitiva é aquela que é aplicada simplesmente pelo descumprimento da lei
por parte do contribuinte (não é aplicada em razão da demora no pagamento). Ela visa
punir o descumprimento da lei. Essa multa de ofício tem lugar sempre que se verifique um
lançamento de ofício, ou seja, sempre que se verifique um auto de infração.
Pergunta: se no Direito Tributário nós temos esses dois tipos de multa, qual multa
está excluída diante da denúncia espontânea?
A resposta do art. 138, CTN é a de que os dois tipos de multa estão excluídos. Mas o
entendimento da Fazenda não é este. Segundo ela, a multa que está excluída é a multa de
ofício. A multa de mora continua, ainda sendo exigida. Esse entendimento não tem
prevalecido, mas ele já foi dado como correto em provas de Procuradorias (PFN).
Antes de passarmos para o próximo tema, que é o Crédito Tributário, faremos uma
rápida retrospectiva do que estudamos até aqui.
Vimos que o sujeito passivo realiza o FG, e, ao realizar o FG, nasce a obrigação
tributária, independentemente da vontade o sujeito passivo.
Obrigação tributária equivale ao dever do sujeito passivo. Vimos que esse dever
pode se refletir num dever patrimonial ou num dever não-patrimonial.
Também já vimos quem pode ser o sujeito passivo (sujeito passivo contribuinte e
sujeito passivo responsável).
1) INTRODUÇÃO:
Vimos que a obrigação tributária é um dever do sujeito passivo ou de pagar um tributo, ou de entregar uma
declaração.
A todo dever corresponde um direito, e esse direito, neste caso, é o direito do sujeito ativo, que é
representado pelo Crédito Tributário.
O crédito tributário, diferentemente da obrigação tributária, não nasce automaticamente diante da prática
do FG. O crédito tributário depende de uma atividade prévia de constituição. O seja, ele precisa ser
constituído.
Sendo ele constituído, instrumentalizado em alguma linguagem. A partir disso podemos ter a cobrança do
tributo. A partir da constituição pode-se ter a cobrança do tributo.
O Crédito Tributário corresponde à prestação em moeda ou outro valor que nela se possa exprimir, que o
sujeito ativo da obrigação tributária (União, Estados, DF e Municípios) tem o direito de exigir do sujeito
passivo ou indireto (contribuinte, responsável ou terceiro).
Dispõe o art. 139, CTN que o crédito tributário decorre da obrigação principal (pagamento do tributo ou da
penalidade pecuniária) e tem a mesma natureza desta.
Na verdade, o crédito tributário é a própria obrigação tributária em um segundo momento. É a obrigação
tributária tornada líquida e certa, portanto, exigível, como decorrência do lançamento.
A obrigação tributária quantifica-se, valoriza-se e materializa-se pelo crédito tributário que lhe corresponde,
ou seja, pelo quantum devido pelo sujeito passivo. O crédito tributário é a determinação quantitativa do
tributo.
A obrigação principal é a de pagar o tributo ou pena pecuniária, em princípio. O crédito tributário converte
esta obrigação ilíquida em líquida e certa, exigível na data ou no prazo da lei.
As circunstâncias que modificam o crédito tributário sua extensão ou seus efeitos, ou as garantias ou
privilégios a ele atribuídos, ou que excluem sua exigibilidade não afetam a obrigação tributária que lhe deu
origem (art. 140, CTN), ou seja, esta continua a existir mesmo quando o seu correspondente crédito venha a
ser modificado ou até mesmo anulado em face de certas circunstâncias previstas em lei.
Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta.
Art. 140. As circunstâncias que modificam o crédito tributário, sua extensão ou seus efeitos, ou as
garantias ou os privilégios a ele atribuídos, ou que excluem sua exigibilidade não afetam a obrigação
tributária que lhe deu origem.
Art. 141. O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou extingue, ou tem sua
exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos nesta Lei, fora dos quais não podem ser
dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma da lei, a sua efetivação ou as
respectivas garantias.
O momento de constituição é diferente da cobrança. Uma coisa é constituição do crédito e outra coisa é a
cobrança. Cobrança que pode ser administrativa ou judicial. Para que ocorra a cobrança precisa que o
crédito esteja constituído.
O crédito tributário, esse direito do sujeito ativo, não nasce sozinho. Ele precisa, então, ser constituído. E ser
constituído significa, em primeiro lugar, ser formalizado em linguagem, ou seja, precisa ser
instrumentalizado.
Ademais, em segundo lugar, essa linguagem que formaliza o crédito tributário terá a função de declarar a
ocorrência do FG e, além disso, tem a função de constituir a relação jurídica tributária.
O que significa constituir a relação jurídica tributária? Significa identificar o sujeito passivo, identificar o
sujeito ativo e dizer quanto é devido de tributo.
Quais são os instrumentos capazes de realizar esta formalização, capazes de constituir o crédito tributário?
Uma primeira possibilidade, que é a mais comum, é o lançamento tributário. Ele formaliza, constitui o
crédito tributário.
Mas acontece que o lançamento não é a única possibilidade de constituição do crédito tributário. Existem
outras possibilidades, outras hipóteses de constituição do crédito tributário, que são realizadas pelo sujeito
passivo. É o sujeito passivo que vai formalizar, então, o crédito tributário nesses casos. O ex. mais comum é a
declaração dos tributos lançados por homologação, que tem por efeito a constituição do crédito tributário.
Assim, onde se insere o lançamento? Como uma modalidade possível de constituição do crédito tributário.
Neste caso, necessariamente e esta diante da figura do LANÇAMENTO. Se constituído pela administração
este diante do lançamento.
A constituição do CT pelo sujeito passivo é uma construção da jurisprudência pelo STJ. O STJ estabeleceu
dois casos de constituição pelo Sujeito Passivo:
1º) A DECLARAÇÃO:
2) LANÇAMENTO:
2.1) DEFINIÇÃO:
Lançamento é o ato que constitui o crédito tributário, praticado, privativamente, pela respectiva Autoridade
Administrativa. É uma atividade privativa da administração que tem por objetivo identificar:
- Base de cálculo;
- Fato gerador;
- Alíquota;
- Sujeito Passivo
- Aplicar penalidade;
A lei exige como condição para que a obrigação tributária seja exigível o lançamento. Desta forma, verifica-
se que o lançamento é na verdade o ato administrativo que resulta na constituição do crédito tributário.
Vale ratificar que o Lançamento é apenas um ato administrativo que torna o tributo exigível, não deve ser
confundido com o inicio da obrigação tributaria, já que a mesma se dá através da simples ocorrência do fato
gerador.
O lançamento se faz necessário para que a Administração possa exercer as medidas cabíveis para a cobrança
do tributo, tornando assim o tributo exigível.
O art. 142, CTN define o lançamento como sendo o procedimento administrativo tendente a:
Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo
lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do
fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do
tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.
AULA: 23/11/2010
Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo
lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do
fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do
tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.
A) O art. 142, CTN estabelece uma definição de lançamento e fala em competência privativa da autoridade
administrativa.
Pergunta: se o lançamento é privativo da autoridade administrativa, então como é que é possível que o
crédito tributário seja constituído pela atividade do sujeito passivo?
Essa competência privativa conflita com a possibilidade do sujeito passivo constituir o crédito tributário?
Não! Atenção para isso! O fato do lançamento ser privativo da autoridade administrativa não afasta a
possibilidade de o sujeito passivo constituir o crédito tributário. Ele pode constituí-lo de outras formas, por
outros meios (que estudaremos mais adiante). O sujeito passivo não pode lançar, mas o fato de ele não
poder lançar não significa que ele não possa constituir o crédito tributário por outros meios. O sujeito
passivo pode constituir o crédito tributário, por ex. por meio da declaração dos tributos lançados por
homologação. O que é privativo da autoridade administrativa é o lançamento. De fato, quem lança é só a
Administração. Quanto a isso não podemos ter nenhuma dúvida. O que é privativo, portanto, é a
constituição do crédito tributário por essa modalidade específica que é o lançamento tributário.
art. 142, CTN. Na sua literalidade, o dispositivo fala em procedimento administrativo. É possível dizer que em
alguns casos (não em todos) o lançamento tributário é antecedido, é precedido de um procedimento de
fiscalização. O objetivo dessa fiscalização é exatamente apurar elementos, colher provas que digam que o FG
ocorreu. Como resultado dessa fiscalização, teremos o lançamento tributário. Esse lançamento, assim,
isoladamente considerado, seria então um ato administrativo, é o resultado da fiscalização.
O CTN, todavia, diz que o lançamento é tudo isso: ele envolve a fiscalização (o antecedente) e o próprio ato
administrativo que constitui o crédito tributário.
Do ponto de vista teórico, é mais correto dizer que o lançamento é o resultado da fiscalização. Mas, em
prova discursiva é preciso mencionar as duas posições. É preciso dizer que pela literalidade do CTN o
lançamento é procedimento, porque o CTN inclui no lançamento essa atividade de fiscalização; mas numa
análise mais específica da natureza do lançamento, sabemos que ele é um ato administrativo isolado, que
pode resultar no procedimento de fiscalização.
A lei, no seu art. 142, define o lançamento como procedimento administrativo. Procedimento destinado a
verificar a ocorrência do FG da obrigação tributária correspondente, determinar a matéria tributável,
calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicação da
penalidade cabível.
O lançamento, contudo, pode ser tanto um procedimento como um ato administrativo. E, se entendermos
que ele é sempre um ato, teremos de enfrentar a questão de saber se esse ato é o que em muitos casos dá
início ao procedimento, ou aquele com o qual ele é concluído.
A rigor, o lançamento tanto pode ser um ato como um procedimento administrativo. Depende das
circunstâncias de cada caso. E pode até mesmo ser um ato administrativo que existe simplesmente por
ficção jurídica, como acontece no caso de lançamento que se consuma por homologação tácita. Se o
contribuinte nada apurou, seja porque não tem o dever legal de fazê-lo, seja porque descumpriu o seu dever
legal, e a autoridade toma conhecimento da ocorrência do FG do tributo, vale dizer toma conhecimento de
que no mundo fenomênico concretizou-se a situação prevista em lei como necessária e suficiente ao
nascimento da OT, tem ela o dever funcional de determinar e de cobrar o tributo. Essa determinação, em
princípio, pode ser feita mediante um único ato: a lavratura de um auto de infração. E se o contribuinte não
se opõe, não impugna o auto de infração, o lançamento estará consumado com aquele ato. Será um ato,
simplesmente. Quando ocorre impugnação, porém, o lançamento passa a ser um procedimento, ma série
ordenada de atos tendentes à final afirmação de que determinado valor é devido. Pode ocorrer também que
a própria lavratura do auto de infração seja precedida de outros atos administrativos, que a ele se somam
compondo um procedimento.
O lançamento verifica a ocorrência do FG. Ao verificar a ocorrência do FG, ele ainda determina a matéria
tributável (e, portanto, determina a BC). Ao fazer isso, ele diz qual será o valor devido de tributo, na medida
em que aplica a alíquota sobre a BC. E, por fim, identifica o sujeito passivo, ou seja, diz quem é o devedor. Se
for o caso, é possível ainda que se aplique uma penalidade (multa e juros) no momento do lançamento. São,
pois, os efeitos do lançamento:
- determinar a BC;
Verificar a ocorrência do
Determinar
FG a matériaCalcular
tributável
o montante do tributo devido Propor a aplicação de penalidade
Identificar o sujeito passivo
O lançamento é uma modalidade mais geral de constituição do crédito tributário. Então, ao fazer tudo isso,
na verdade, o lançamento declara a ocorrência do FG e, ao declarar a ocorrência do FG, constitui a relação
jurídica tributária (diz quem é o sujeito passivo, quanto ele deve e para quem ele deve).
A Administração faz essa constituição da relação jurídica tributária como um pré-requisito para a cobrança,
que num primeiro momento será uma cobrança administrativa. A Administração constitui o crédito
tributário, lança, para, com isso, fazer a cobrança administrativa.
D) O P.U. do art. 142, CTN diz que o lançamento é vinculado e obrigatório, sob pena de responsabilidade
funcional. Como isso se relaciona com o fato de que o lançamento é uma condição para a cobrança?
Ser vinculado significa que o lançamento será realizado por meio de um ato administrativo vinculado, ou
seja, nos termos da lei. Ele tem que ser realizado nos termos da lei, porque depois do lançamento vem a
cobrança e, por isso, ele acarretará a retirada de dinheiro do particular, e isso só pode ser feito nos termos
da lei.
E por que ele é obrigatório, sob pena de responsabilidade funcional? Porque ele possibilita a cobrança, e,
portanto, possibilita a entrada de receita nos cofres públicos. E a receita pública é indisponível, como regra.
Assim, se a Administração verifica que o sujeito realizou o FG e não pagou o tributo, ela tem o dever de
lançar, exatamente porque esse lançamento resultará em uma cobrança e, por conseqüência, na entrada de
dinheiro nos cofres públicos.
Ao dizer que a atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, o P.U. do art. 142, CTN
simplesmente reproduz o já afirmado em seu art. 3º, segundo o qual o tributo é prestação cobrada mediante
atividade administrativa plenamente vinculada. E isto quer dizer que a AP não tem liberdade para decidir
quando e como cobra o tributo. Tomando conhecimento da ocorrência do FG da obrigação respectiva ela é
obrigada a praticar a atividade de lançamento. Aguardará, é certo, a iniciativa do contribuinte nos casos em
que a lei impõe a este o dever de apurar o valor do tributo e antecipar o correspondente pagamento.
A) ART. 144:
Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela
lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de tempo, desde
que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se considera ocorrido.
Esse dispositivo determina como será a aplicação das leis no momento da realização do lançamento.
O caput do art. diz que a lei aplicável no momento do lançamento será aquela que estava em vigor na época
do FG. A regra é, pois, a de que seja a lei vigente na época do FG.
Mas ao lado desta regra, existem as situações previstas nos §§ 1º e 2º.
Imaginemos que o sujeito passivo realize o FG em 1999 e a lei da época dizia que a alíquota do tributo era de
20%. Nessa ocasião o sujeito passivo não faz o pagamento. Tempos depois, vem outra lei que diz que a
alíquota passa a ser de 15%. Pergunta: qual será a alíquota aplicável? Pela regra do caput do art. 144 será a
alíquota de 20% (a alíquota da época do FG). A nova alíquota não pode retroagir, porque tributo não
retroage. Aplica-se então uma lei que nem existe mais, que já foi revogada. Esse fenômeno de aplicar uma
lei que já foi revogada se chama “ultratividade” da lei tributária.
Imaginemos a mesma situação só que em relação a multa: uma lei anterior com multa de 20% e uma lei
posterior prevendo multa de 15%. Nesse caso a lei nova é que aplica – art. 106, II, “c”, do CTN:
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.
Só que o §1º d art. 144 estabelece uma exceção a esta regra do caput: ele diz que nós podemos aplicar ao
lançamento uma lei posterior ao FG, e, portanto, é possível aplicar esta lei posterior de forma retroativa. Em
que casos isso é possível?
- nos casos em que essa lei estabeleça novos procedimentos de fiscalização (quando instituídos novos
critérios de apuração ou processos de fiscalização, bem como quando ampliados os poderes de investigação
das autoridades administrativas), ou
- nos casos em que a lei outorgue maiores garantias ou privilégios ao crédito tributário.
Nesses dois casos a lei pode ser aplicada de forma retroativa. Analisemos melhor cada um desses dois casos:
Quebra do sigilo bancário pela administração sem que haja autorização judicial. A administração
sozinha resolve pedir informações para o banco?
Lei 4595/64 (art. 38, estabelecia necessidade de autorização judicial) Lei 8.021/90 (art. 8º, hipótese de
sigilo sem autorização judicial – aquele em que houvesse uma fiscalização em curso). Lei 9.311/96 (esta
lei institui a CPMF. O art. 11 desta lei preserva o sigilo bancário) Lei 10.174/2001 (esta lei modifica o art.
11, par. 3º da lei 9.311/96, modifica para possibilitar o cruzamento de dados). LC 105/2001 (revoga a lei
4.595/64 e estabelece duas hipóteses de quebra de sigilo bancário pela administração/ art. 5º: dever das
instituições financeiras de enviarem informes mensais acerca da movimentação financeira dos seus clientes
– se PF: informes serão enviados se houver movimentação de pelo menos R$ 5.000,00, se PJ movimentação
maior de R$ 10.000,00 / art. 6º: este artigo trata na quebra do sigilo nas hipóteses de processo ou
procedimento administrativo. Neste caso a administração deve demonstrar a relevância das informações).
É o caso da quebra de sigilo bancário (muito importante para os concursos federais!): tínhamos uma lei em
1965 que dizia que a quebra do sigilo bancário (e, portanto, o acesso às informações bancárias) só era
possível diante de autorização do poder judiciário. Essa regra se manteve até a LC 105/01, que, nos seus arts.
5º e 6º estabeleceram a possibilidade dessa quebra de sigilo diretamente pela Administração. Ou seja, a AP
já pode pedir diretamente para a instituição financeira a movimentação bancária, os dados bancários. E hoje
em dia, independentemente da instituição da CPMF, os bancos são obrigados a informar à Receita Federal
toda vez que uma pessoa física faz uma movimentação bancária superior a R$ 5.000,00. A mesma coisa vale
para as pessoas jurídicas quando das movimentações bancárias superiores a R$10.000,00. A Receita junta
esses dados para depois verificar se o IR foi ou não declarado corretamente.
Imaginemos um contribuinte que tenha realizado o FG do IR em 2000. Esse contribuinte sonegou o IR. Em
2000 não havia autorização para a quebra do sigilo bancário. Essa autorização veio em 2001. Pergunta: se
em 2002 um lançamento é efetuado, este lançamento pode levar em conta a movimentação bancária do
contribuinte no passado? A AP pode se utilizar dessa legislação que veio posteriormente ao FG? Sim.
Exatamente por conta da redação do §1º do art. 144, CTN. Trata-se de uma exceção contemplada em lei.
OBS: No STF o tema ainda vai ser julgado. Esta sendo analisado em sede de repercussão geral.
Vide julgados:
- julgado que reconhece a repercussão geral: RE 601.314. A questão aqui ainda esta em aberto.
- julgado do STJ, 1ª Seção: ArRg nos Edcl nos Edcl no Ag. 1.179.635. O STJ diz que pode retroagir. A
jurisprudência tem se inclinado por parte da Fazenda.
FAZENDA CONTRIBUINTES
1) Retroatividade da lei: SIM. Fundamentação: art. 1) Retroatividade da lei: NÃO. Fundamentação: por
144, par. 1º do CTN. Trata-se de lei meramente ofensa ao princípio da irretroatividade da lei
procedimental. tributária e também ofensa à segurança jurídica.
STJ
2) Constitucionalidade da quebra de sigilo: SIM. 2) Constitucionalidade da quebra de sigilo: NÃO.
Fundamentação: se trata de um instrumento, uma Fundamentação: é inconstitucional, pois há ofensa
técnica para realizar a capacidade contributiva aos arts. 5º, X e XII, da CF/88: intimidade e
prevista no art. 145, par. 1º da CF/88. privacidade.
Outro argumento diz que não há quebra do sigilo, o
que se tem na verdade é transferência do sigilo
bancário (vide art. 198 do CTN).
GARANTIAS PRIVILÉGIOS
Instrumentos que visam assegurar a efetividade da Execução coletiva de dívidas e a posição do crédito
EF. Visam assegurar a efetividade da cobrança tributário. Ex: processo de falência.
judicial do tributo. Ex: instituto da penhora on-line
que gera a indisponibilidade de bens do sujeito
passivo, com o objetivo de assegurar a EF.
Aumento das Garantias e Privilégios: aplicação imediata e ainda possibilidade de retroação.
Se houver a outorga de maiores garantias ou privilégios ao crédito tributário, a lei já revogada se aplica
mesmo depois da prática do FG.
O exemplo aqui é o do art. 185, CTN, que estabelece uma presunção de fraude contra o sujeito passivo:
Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por
sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito
como dívida ativa.(Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005)
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido reservados, pelo
devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita. (Redação dada pela Lcp
nº 118, de 2005)
De acordo com esse dispositivo, se o sujeito passivo tem um débito inscrito em DA e realiza uma alienação
de bens, essa alienação é presumivelmente fraudulenta, porque pretende impedir a execução fiscal. Mas é
claro que a presunção é relativa e pode ser afastada se o sujeito comprovar que ainda restaram bens
suficientes para quitar o tributo.
Esse dispositivo foi objeto de alteração pela LC 118/05. Antes da alteração, a presunção de fraude apenas se
operava se existisse dívida ativa já em fase de execução fiscal, ou seja, o sujeito tinha que já estar sendo
executado (☺item Execução Fiscal mais adiante).
A partir da alteração, esse momento da presunção de fraude foi antecipado para o momento da inscrição
em DA. A LC estabelece, assim, um
a maior garantia ao crédito tributário, pois garante de forma mais eficaz que o contribuinte não vai se
desfazer de seus bens. Se ela outorga maior garantia ao crédito tributário, então esta determinação da LC
118/05 poderia inclusive ser aplicada para FGs passados (ocorridos antes da lei).
Ocorre que nesse caso específico, o legislador optou por não permitir que a lei se aplicasse aos FGs
passados. Por isso, esta também é uma exceção a regra geral.
Quadro sinóptico:
Imposto lançado por certo período de tempo IPTU. Do ponto de vista da realidade ocorre o FG do IPTU. A
lei estabelece um FG fictício dizendo sobre quando ocorre o FG neste tributos de período certo de tempo. O
que o par. 2º diz é que a lei é aplicável independentemente do fato gerador, do ponto de vista real,
considera-se o FG fixado pela legislação.
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de tempo, desde
que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se considera ocorrido.
Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o preço
de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular,
arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os
esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro
legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou
judicial.
Este artigo trata de uma hipótese de arbitramento de base de cálculo feita pela administração.
Em um transporte de mercadoria um fiscal observa que um computador está com valor de R$ 100,00. Assim,
diante dessa situação tem-se o arbitramento da base de cálculo. O fiscal, diante da verificação desse valor
irrisório em relação ao produto, promoverá o arbitramento no curso de um processo administrativo ficando
garantido o contraditório/ampla defesa. O objeto aqui é afastar as fraudes e fixar as verdadeiras bases de
cálculo.
Essas modalidades se diferenciam a partir da participação do sujeito passivo. Elas se diferenciam tendo em
vista o grau de participação do sujeito passivo, ou seja, têm como base a intensidade da colaboração do
administrado na atividade administrativa tributária (ou de aplicação dos tributos).
Assim, no lançamento por homologação o sujeito passivo participa de maneira intensa, quase todo o
trabalho é a ele cometido, limitando-se o Fisco a homologar os atos por ele praticados; no lançamento de
ofício temos o oposto, o sujeito passivo não participa em nada (a Administração Fiscal se encarrega de todas
as providências tendentes a apurar o débito tributário); já no lançamento por declaração, o sujeito passivo
tem uma participação média – por isso esse lançamento é chamado de lançamento misto (porque fica um
pouco a cargo da AP e um pouco a cargo do sujeito passivo), há certa interação entre o particular e o Fisco,
na medida em que o administrado preenche uma declaração, comunicando ao Fiscao dados que interessam
aos fins do lançamento.
No lançamento, a lei aplicável é aquela da data da ocorrência do fato gerador, no entanto, a aplicação de
penalidades prevalece o princípio da lei mais benéfica ao contribuinte. Como o crédito tributário é
constituído com o lançamento, a partir do momento da notificação feita ao sujeito passivo, somente pode
ser modificado nas seguintes situações: a) impugnação do sujeito passivo; b) recurso de ofício; c) iniciativa
da própria autoridade administrativa. Existem três modalidades de lançamento: a) de ofício; b) por
declaração; c) por homologação:
Lançamento por declaração (misto): o sujeito passivo presta informações à autoridade tributária quanto a
matéria de fato; cabendo a administração pública apurar o montante do tributo devido. Exemplo: apuração
do imposto de importação decorrente de declaração do passageiro que desembarca do exterior.
Características: a) o sujeito passivo fornece informações à autoridade tributária; b) a autoridade tributária
lança após receber as informações.
Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando
um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações
sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação.
§ 2º Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de ofício pela
autoridade administrativa a que competir a revisão daquela.
Por declaração é o lançamento feito em face de declaração fornecida pelo contribuinte ou por terceiro,
quando um ou outro presta à autoridade administrativa informações quanto à matéria de fato indispensável
à sua efetivação.
O sujeito passivo realiza o FG do tributo e, por realizar o FG do tributo, tem ele o dever de entregar uma
declaração à AP. Essa declaração contém uma matéria de fato que é essencial para a realização do
lançamento. Na seqüência ele receberá o lançamento tributário. Diante do lançamento, ele então faz o
pagamento devido.
O lançamento por declaração é aquele em que o sujeito passivo tem o dever de entregar para a autoridade
administrativa, cumprindo sua obrigação tributária acessória, uma declaração que contenha uma informação
fática essencial para que o lançamento pudesse ser realizado.
Se o próprio sujeito passivo quiser retificar (porque percebeu que entregou a declaração errada), pode haver
a retificação, mesmo ela resultando numa redução do tributo. Mas o sujeito passivo tem que indicar
precisamente qual é o erro que continha a antiga declaração.
Assim, a retificação, quando vise reduzir ou excluir tributo, só será admissível se houver comprovação do
erro, e, é claro, se ocorrer antes de notificado o lançamento (se for depois a retificação não terá mais efeito
prático nenhum, porque a declaração já terá sido utilizada, ai só será possível se voltar contra o lançamento
tributário, por meio de impugnação) - §1º, do art. 147, CTN.
Pagamento
Declaração 1º
Fisco 3º
Retificação
2º Lançamento
Em regra, hoje podemos dizer que os impostos de importação e exportação são lançados por declaração.
Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao
sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa,
opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida
pelo obrigado, expressamente a homologa.
§ 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob
condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento.
§ 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados
pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito.
§ 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo
porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação.
§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato
gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se
homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de
dolo, fraude ou simulação.
Por homologação é o lançamento feito quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever
de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa no que concerne à sua
determinação. Opera-se pelo ato em que a autoridade tomando conhecimento da determinação feita pelo
sujeito passivo, expressamente a homologa. Ou então, mediante homologação tácita, que se opera pelo
decurso de prazo de decadência do direito de constituir o crédito tributário, pelo lançamento.
Neste caso, o sujeito passivo realiza o FG e tem o dever de fazer o pagamento antecipado do tributo. Ele
calculará a BC e a alíquota, sem prévio exame da autoridade administrativa (faz isso sozinho, sem nenhuma
ajuda, informação ou autorização da AP). Esse pagamento não é apto a extinguir o crédito tributário, porque
é precário.
Esse pagamento antecipado só extinguirá o crédito tributário diante da homologação. Esse efeito da
homologação está previsto no art. 156, VII, CTN:
VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150
e seus §§ 1º e 4º;
Fisco $
2º Homologação
Essa homologação (fiscalização) pode ser realizada no prazo de 5 anos a contar da data do FG.
Esse prazo é um prazo para a autoridade administrativa verificar se esse pagamento foi feito de forma
correta.
Se dentro desse prazo de 5 anos do FG a autoridade administrativa olha para o pagamento e concorda com
ele, a conseqüência desta concordância será a homologação. Mas, e se dentro desse prazo a AP olha para o
pagamento e não concorda com ele, nesse caso vai haver a homologação? Não, não faz sentido falar em
homologação nessa hipótese. A homologação só ocorre quando há concordância da AP.
Nesse segundo caso, quando não há a homologação, teremos outra forma de cobrança desse tributo.
Veremos mais adiante como essa cobrança será realizada.
O crédito fica extinto, então, com essa homologação por parte da Administração.
Para respondermos essas perguntas, porém, é preciso saber de qual tipo de lançamento por homologação
estamos falando.
O lançamento por homologação é o mais comum do nosso direito. Assim, já que ele é muito utilizado,
tivemos uma evolução do tema na legislação. Temos, então, dois tipos ou modalidades de lançamento por
homologação: uma que representa a literalidade do art. 150, CTN (mais tradicional, padrão) e outra mais
sofisticada, mais moderna (que é a mais utilizada).
I) Extensão da atividade do sujeito passivo na literalidade do art. 50do CTN. Lançamento por homologação
padrão: é aquele que observa a literalidade do art. 150, CTN: por ele, o sujeito pratica o FG, e, praticado o
FG, deve então fazer o pagamento antecipado, que fica sujeito à homologação. Se o sujeito passivo tem que
fazer o pagamento antecipado e não faz, ou paga menos do que o devido, esse tributo será exigido através
de um lançamento de ofício. Ou seja, o tributo será cobrado da AP através de um lançamento de ofício (feito
exclusivamente pela AP, sem nenhum auxílio do sujeito passivo). Esta é, pois, a forma de cobrança. art. 149,
V, CTN:
Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes
casos:
V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no
exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte;
A cobrança do tributo será feita na esfera administrativa. Pressuposto: só se pode ter cobrança se antes tiver
a constituição do CT. A constituição do CT, neste caso, será feita por meio de um lançamento de ofício, com
fundamento no art. 149, inc. V, do CTN, visto acima. Veja-se aqui a figura do auto de infração (AI).
Já respondemos então a primeira pergunta (como será feita a cobrança?). Mas e quanto ao prazo? Diante
desse primeiro caso, se não tivermos o cumprimento do dever por parte do sujeito passivo, teremos a
cobrança por meio do lançamento de ofício. E será realizada a cobrança em qual prazo? O prazo,
invariavelmente, será o prazo de decadência. Se a resposta do “como será feita a cobrança” é o lançamento
de ofício, então o prazo necessariamente será de decadência, porque aqui se fala em prazo para lançar (que
é de decadência).
Tem que olhar o entendimento do STJ. O STJ diz que o prazo é de 5 anos contados a partir de quando, qual
será o termo inicial da decadência? O STJ disse que o termo inicial dependo do pagamento.
Mas qual é afinal esse prazo de decadência? De quanto é esse prazo de decadência? De acordo com o STJ, a
determinação de qual será esse prazo vai depender de quanto é o pagamento. Se o sujeito passivo fez um
pagamento parcial (pagou alguma coisa), o prazo será um; mas se o sujeito passivo não pagou nada, o prazo
será outro. E temos ainda uma terceira possibilidade: a ocorrência de dolo, fraude ou simulação (parte final
do art. 150, §4º), quando o prazo será outro. Vejamos cada uma dessas situações:
a) pagamento parcial: o prazo de decadência será o do art. 150, §4º, CTN. Ex.: na hora de fazer o
pagamento antecipado o contribuinte paga R$3.000,00, enquanto deveria pagar R$8.000,00. Será
feito o lançamento de ofício para exigir a diferença. Esse lançamento de ofício deverá ser feito em 5
anos contados da data do FG. O STJ entende que esse prazo de 5 anos contados da data do FG é um
prazo que a AP tem para fiscalizar o pagamento. Nesse prazo de fiscalização poderemos ter ou a
homologação ou o lançamento de ofício. Mas essa regra já não se aplica se eu estiver diante de um
pagamento que não foi feito (hipótese em que o sujeito passivo não paga nada), é o que veremos
logo abaixo.
§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do
fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado,
considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se
comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.
b) não pagamento de nada/pagamento inexistente: o prazo de decadência será o do art. 173, I, CTN
– aqui o prazo não pode ser o do art. 150, IV, CTN, porque o pagamento não foi efetuado, não existiu
(vai fiscalizar o quê, se o pagamento não foi feito?). No caso de inexistência de pagamento, portanto,
o prazo será o do art. 173, I, CTN. Esse art. traz a regra geral da decadência no direito tributário. Esse
art. diz que o prazo para lançar é de 5 anos contados do 1º dia do exercício seguinte àquele em que
o lançamento poderia ter sido efetuado.
Imaginemos a seguinte situação: um tributo cujo FG se realizou em abr/05; só que em relação a esse
FG a legislação fala que o pagamento tem que ser feito até o dia 10/05/05 (até o 10º dia do mês
seguinte). Chegando nesse dia, o contribuinte simplesmente não faz o pagamento. O resultado
então não será a homologação, mas sim o lançamento de ofício. Se a fiscalização chega ao
estabelecimento desse contribuinte no dia 15/05/05 e o fiscal pede para ver o comprovante do
pagamento que não existe (porque o sujeito não pagou), a Administração, verificando que o
pagamento não foi feito, já pode constituir o crédito para cobrar o tributo? Já pode fazer o
lançamento? Sim, porque o tributo já está em aberto e já pode ser cobrado pela AP. Assim, o que a
AP precisa para fazer o lançamento é que o valor esteja em aberto, que o sujeito esteja em mora.
Mas o que que isso tem a ver com o prazo de decadência? O prazo é de 5 anos contados do 1º dia do
exercício seguinte ao qual o lançamento poderia ter sido efetuado. No ex. dado, o lançamento
poderia ter sido efetuado no exercício de 2005. Assim, a decadência só poderá ser contada a partir
do dia 01/01/06. Dessa data é que será contado o prazo de 5 anos e o prazo terá seu termo final em
01/01/2011. É ai que ocorre a decadência. A partir daí a AP não pode mais lançar o tributo. Ela só
pode lançar o tributo, então, até o dia 31/12/2010.
Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5
(cinco) anos, contados:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido
efetuado;
EM RESUMO: art. 150 CTN pagamento antecipado em relação a este pagamento, tem-se o não
cumprimento pelo SP. Diante disso qual será o resultado? R: em primeiro lugar exigência
administrativa do tributo, precedida do lançamento de oficio (art. 149, inc. V, do CTN). Em segundo
lugar exigência realizada no prazo de decadência. Este prazo pode ser do art. 150, par. 4º
(pagamento parcial) e prazo do 173, inc. I (não pagamento).
c) em caso de dolo, fraude ou simulação: o prazo de decadência será também o do art. 173, CTN.
Nesta situação, independentemente de ter havido ou não o pagamento. Tendo ou não tendo o
pagamento, aqui se aplica o art. 173, I. Isso porque o próprio art. 150, §4º excepciona a regra no
caso de haver pagamento, mas se também tiver havido dolo, fraude ou simulação. Aqui nós temos a
situação, por ex., de um sujeito passivo que falsifica os livros fiscais e, com base nessa fraude que se
verifica nos livros, paga o tributo. Esse pagamento não é apto a caracterizar a situação do art. 150,
§4º, CTN.
II) Extensão da atividade do Sujeito Passivo na prática do Direito Tributário: Lançamento por homologação
mais sofisticado: é o lançamento por homologação menos simples, mais moderno, que em verdade permeia
de forma geral o nosso direito tributário, já que a maior parte dos nossos tributos são lançados por essa
forma. É aquele em que há o dever do sujeito passivo de declarar.
O sujeito pratica o FG e daí nascem duas obrigações tributárias: uma obrigação tributária acessória, que se
refere ao dever do sujeito passivo de entregar uma declaração (de declarar); e, entregue a declaração, na
seqüência, o sujeito passivo faz o pagamento (obrigação principal). Essas duas atividades, declaração e
pagamento, ficam sujeitas à homologação. O que que esse sujeito declara? Ele declara à AP que realizou o
FG e, por isso é devedor de uma determinada quantia de tributo. É como se ele fizesse uma confissão. Na
seqüência dessa declaração o sujeito passivo tem o dever de pagar aquele valor declarado.
Se o sujeito passivo faz tudo direitinho (declaração correta e pagamento correto), o resultado disso será a
homologação e a extinção do crédito tributário. Mas e se o sujeito passivo faz alguma coisa de errado? E se
ele não declara corretamente ou, apesar de declarar corretamente, não paga corretamente? Ou seja, como
ficam os casos em que o sujeito passivo não cumpre com o seu dever, qual será a conseqüência?
Diante de uma situação como esta, teremos a cobrança do tributo. E aqui é preciso responder aquelas duas
questões antes vistas: Como será feita esta cobrança? E em qual prazo ela será feita? Aqui é preciso que nos
preocupemos com a declaração. Se a declaração está presente, quando ela é feita corretamente ela tem por
efeito a constituição do crédito tributário. Essa é a grande questão da declaração. Uma vez que a declaração
e feita de forma correta, ela constitui o crédito tributário. Mas qual o efeito disso? Se a declaração correta
constitui o crédito tributário, então diante dessa declaração estará dispensado o lançamento (não há que ser
feito o lançamento).
O STJ entende, pois, que a declaração correta constitui o crédito tributário. O que significa isso? De um
ponto de vista geral, a constituição do crédito tributário implica a declaração do FG e a identificação de
todos os elementos da relação jurídica tributária. Isto é o que significa constituir o crédito: declarar o FG e
identificar todos os elementos da relação jurídica tributária, que é formada pelo dever do sujeito passivo de
um lado, e pelo direito do sujeito ativo do outro, em relação a um mesmo objeto, que geralmente é o tributo
devido. A declaração declara que o FG aconteceu e que, tendo em vista que o FG aconteceu, constitui,
identifica os elementos da relação jurídica tributária.
Essa constituição do crédito tributário, como já sabemos, pode ser feita tanto pela AP quanto pelo sujeito
passivo. Se for feita pela AP, será pelo lançamento, que é a única forma possível de a AP constituir o crédito
tributário. Mas, o fato de a AP constituir o crédito não afasta a possibilidade de o sujeito passivo também
constituir o crédito tributário de outras formas e, dentre as formas possíveis de se dar isso, uma delas é a
declaração. A declaração correta, portanto, pode constituir o crédito tributário.
Isso não ofende o art. 142, CTN, já que a atividade é privativa da AP? Não. Vamos reler o artigo:
Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo
lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do
fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do
tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.
O que é privativo da AP não é a atividade de constituição do crédito, mas sim a atividade de lançamento.
Atenção para não confundir isso!
Vejamos então agora, resumidamente, as possibilidades quanto ao não cumprimento do dever do sujeito
passivo. Veremos aqui duas situações em que, em ambas o sujeito passivo fez algo de errado. Diante disso,
então, como será a cobrança e a partir de qual prazo?
Vejamos:
a) pode acontecer de o sujeito passivo entregar uma declaração correta e, juntamente com ela, um
pagamento insuficiente ou inexistente: esse valor será cobrado pelas vias judiciais, ou seja, a cobrança será
via execução fiscal. Só que, para que a AP cobre por meio de execução fiscal, temos alguns passos que a
antecedem (medidas preparatórias): inscrição em dívida ativa (DA), emissão da CDA e, ai sim, ajuizamento
da execução fiscal.
Assim, diante da declaração correta e não pagamento ou pagamento insuficiente, o próximo passo da AP
será a inscrição em dívida ativa, para posterior emissão da CDA e, em seguida, proceder-se à execução fiscal.
Em qual prazo essa cobrança será feita? Nesse caso, não é preciso o lançamento, porque o crédito já está
constituído. Então não há preocupação com decadência, que fica descartada porque decadência é prazo
para lançar. Então com qual prazo devemos nos preocupar? Com o prazo para a cobrança judicial, que é um
prazo de prescrição -art. 174, CTN:
Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da
sua constituição definitiva.
I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; (Redação dada pela Lcp nº 118,
de 2005)
IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito
pelo devedor.
Nesse sentido a questão esta pacífica: Súmula 436 do STJ. Só para ilustrar bem a um julgado da 1ª seção que
traz este entendimento de maneira mais detalhada (RESP 1.120.295).
Súmula 436 – STJ – A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o
crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco.
b) mas pode acontecer também de o sujeito passivo entregar uma declaração incorreta e um pagamento
de acordo com esta declaração (incorreta) ou inexistente (não pagamento): aqui, então, as duas coisas
estão erradas, a declaração e o pagamento. O pagamento aqui pode ser segundo a declaração ou pode ser
inexistente. Também é caso de lançamento de ofício. Precisa-se constituir o crédito tributário pelo
lançamento de ofício.
Pode ser que o contribuinte tenha se enganado sim. Mas, a situação mais comum é outra: imaginemos que o
contribuinte praticou um determinado FG e sabe que por conta disso deve R$15.000,00. Ocorre que ele não
tem esse dinheiro e, então, faz uma declaração de que deve R$5.000,00 e depois efetua o pagamento nesse
valor de R$5.000,00. Não houve inconsistência na declaração (ou seja, é uma situação “menos pior” do que
declarar os 15 e só pagar 5, ou simplesmente da hipótese de não declarar, o que constituiria crime contra a
ordem tributária). Nesse caso em que o sujeito faz uma declaração incorreta e não paga ou faz um
pagamento também errado, em nenhum desses dois casos houve constituição do crédito tributário.
Diante disso, também deverá haver a cobrança. Então devemos responder às perguntas: como se fará a
cobrança e qual será o prazo? Sobre como será a cobrança podemos dizer, em primeiro lugar, que teremos o
lançamento de ofício (art. 149, V, CTN). E quanto ao prazo, aqui necessariamente ele será de decadência, e
aqui não há dúvida, o prazo de decadência é o do art. 173, I, do CTN. Mas e nos casos em que houve
pagamento? Ai não se pode falar que o prazo seria o do art. 150, §4º (porque ai houve um pagamento para
ser fiscalizado)? Não! De jeito nenhum! Porque aqui, tanto num caso, como no outro, o que prevalece é a
fraude, o dolo ou a simulação. O art. 150, §4º só se aplica quando o pagamento foi feito direitinho, de boa-
fé.
O entendimento do STJ anterior, que já não mais se aplica, era no seguinte sentido: era a tese por todos
conhecida dos “5 + 5”. O STJ dizia que se houve algum pagamento (pagamento parcial) no lançamento por
homologação, o prazo de decadência seria aquele do art. 150, §4º, CTN (5 anos do FG). Até ai está tudo igual
ao que vimos. A diferença é que o STJ dizia que se não houve nenhum pagamento, o prazo de decadência
deveria ser aplicado de forma a cumular o art. 150, §4º e o art. 173, I, CTN. Por meio dessa aplicação
cumulativa dos dois arts., o prazo de decadência seria de 10 anos, a contar do FG (5 anos para homologar, +
5 anos para lançar). Em quais hipóteses: nas hipóteses em que não tenha havido o pagamento.
Ocorre que essa tese da aplicação cumulativa foi superada, para o STJ afronta a razoabilidade. O STJ então,
já há algum tempo vem dizendo que não deve haver essa aplicação cumulativa.
Entendimento atual do STJ: se não houve pagamento ou se houve dolo, fraude ou simulação, deve-se aplicar
única e exclusivamente o art. 173, I, CTN. Assim, ou bem aplica-se o art. 150, §4º isoladamente (quando o
contribuinte fez tudo direito), ou se aplica isoladamente o art. 173, I, CTN. Nesse sentido, Resp. 973733, STJ
(julgado recente, em 12/08/09):
O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) conta-se
do 1º dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a
lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo
inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do
débito.
Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC, e da Resolução STJ
08/2008. (REsp 973733/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/08/2009, DJe
18/09/2009)".
PAGAMENTO FRAUDE
Se houve pagamento (mesmo pequeno) o prazo é Ocorrendo fraude o prazo será o do art. 173, inc. I,
de 5 anos a contar do FG (150, § 4º) do CTN, independentemente da existência ou não
Se não houve pagamento o prazo é de 5 anos do de pagamento. De forma que a variável da fraude
primeiro do exercício seguinte aquele em que o ela supera a variável do pagamento. Supera pois
lançamento poderia ter sido efetuado (art. 173, inc. diante da existência de fraude não importa se teve
I). ou não pagamento.
1º Caso: LPH de acordo com a Cobrança: a constituição do crédito O lançamento de ofício é realizado
literalidade da lei (não existe o se dá pelo lançamento de ofício e, porque o CT ainda não está
dever de declarar) – e o sujeito em seguida, se faz a cobrança constituído. O lançamento de
passivo fez um pagamento administrativa. ofício é feito nos termos do art.
parcial (não vai ter 149, V, CTN.
Prazo: será de decadência e será o
homologação, vai haver
cobrança). do art. 150, §4º, CTN (5 anos O prazo é o do art. 150, §4º, CTN
contados do FG). porque houve algum pagamento
(e esse prazo é para fiscalizar o
pagamento feito).
1º Caso: LPH de acordo com a Cobrança: lançamento de ofício e, na O lançamento é de ofício porque o
literalidade da lei (não existe o seqüência, cobrança administrativa. CT ainda não está constituído. O
dever de declarar) – e o sujeito lançamento é feito nos termos do
Prazo: é de decadência e será o
passivo não fez nenhum art. 149, V, CTN.
pagamento (não vai ter prazo do art. 173, I, CTN (5 anos
contados do exercício seguinte Se há a necessidade de lançar, o
homologação, e também vai
haver a cobrança). àquele em que o lançamento prazo necessariamente será de
poderia ter sido efetuado). decadência. E é o do art. 173, I,
CTN porque não houve
pagamento.
1º Caso: LPH de acordo com a Cobrança: lançamento de ofício e, na O lançamento é de ofício porque o
literalidade da lei (não existe o seqüência cobrança administrativa. CT ainda não está constituído. O
dever de declarar) – e é lançamento é feito nos termos do
Prazo: se é preciso o lançamento, o
hipótese de dolo, fraude ou art. 149, V, CTN.
simulação, independentemente prazo será de decadência, e o prazo
aqui será o do art. 173, I, CTN. O prazo é o do art. 173, I em razão
de ter havido ou não o
pagamento. da existência de dolo/
fraude/simulação, havendo ou
não pagamento.
2º Caso: LPH mais sofisticado, Cobrança: será judicial, o que A cobrança será judicial porque o
em que há o dever de declarar – implica em inscrição em DA, CDA e CT já está constituído pela
e o sujeito passivo entregou execução fiscal. declaração correta.
uma declaração correta, mas
Prazo: será o prazo de prescrição do E o prazo será de prescrição
não pagou ou faz um
pagamento parcial. art. 174, CTN (5 anos). porque se trata de prazo para
cobrança judicial.
2º Caso: LPH com dever de Cobrança: será pelo lançamento de É lançamento de ofício porque o
declarar – e o contribuinte ofício e, na seqüência, cobrança CT não foi constituído, pois a
entrega uma declaração administrativa. declaração foi incorreta ou
incorreta ou inexistente. inexistente.
Prazo: será de decadência (porque
tem necessidade de lançar) e será o O prazo será de decadência
do art. 173, I. porque é preciso lançar e nesse
caso podemos pressupor a fraude,
o dolo ou a simulação.
C) LANÇAMENTO DE OFÍCIO:
Pagamento
Fisco Lançamento
Impugnação
II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação
tributária;
III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso
anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento
formulado pela autoridade administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a
juízo daquela autoridade;
VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo,
fraude ou simulação;
VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento
anterior;
Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da
Fazenda Pública.
O art. 149 fala em realização de lançamento de ofício e em revisão de ofício. Portanto, nos termos desse art.,
temos duas atividades possíveis:
2) uma atividade de revisão de lançamento anterior (obs.: a revisão pressupõe um lançamento anterior).
A AP aqui então olha para o lançamento anterior e verifica que em relação àquele lançamento existe algum
erro que justifique a sua revisão. Ela então revisa o lançamento anterior, de ofício, por sua própria iniciativa,
e promove um novo lançamento. De acordo com a doutrina, as possibilidades de revisão de lançamento
anterior são única e exclusivamente as previstas no art. 149, CTN. Esse art., portanto, traz hipóteses
taxativas de revisão de lançamento anterior.
Essas hipóteses valem tanto para o lançamento de ofício (novo), quanto para a revisão de ofício (de
lançamento anterior), que também é por iniciativa da AP. Que hipóteses taxativas são essas, nos termos do
art. 149, CTN?
- Inciso I: quando o tributo está sujeito ao seu lançamento de ofício, pelo seu regramento legal. É o caso
típico do IPTU e do IPVA. É a situação em que a AP tem cadastros e, com base nesses cadastros, a autoridade
administrativa vai lá e faz o lançamento de ofício.
- Incisos II, III e IV: nesses incisos temos a situação ou de lançamento de ofício, ou de revisão de ofício (de
lançamento anterior), que são realizados tendo em vista uma falha em declaração prestada pelo sujeito
passivo. Em que hipóteses de lançamentos que esta figura da declaração aparece? A figura da declaração
aparece no lançamento por declaração (art. 147) e também aparece naquela versão sofisticada do
lançamento por homologação. Então, se temos uma falha, erro ou omissão nessa declaração, justifica-se de
duas uma: ou o lançamento de ofício (se não há declaração) ou uma revisão de ofício (se o lançamento já foi
feito com base nesta declaração errada).
- Inciso V: aqui temos a famosa hipótese de lançamento de ofício nos casos de descumprimento do
lançamento por homologação (situação já estudada acima). A bem da verdade, esse inciso V é o mais
evidente, mas ele não afasta outros incisos, como o inciso IV (se a declaração for errada, far-se-á o
lançamento com base em ambos os incisos).
- Inciso VI: situação em que temos o lançamento de ofício que tenha por objetivo exclusivo constituir
(cobrar) uma penalidade pecuniária. Ocorre nos casos em que o sujeito passivo deixa de cumprir uma
obrigação tributária acessória, que gera multa (ex.: se ele deixa de emitir uma nota fiscal).
- Inciso VII: esse inciso fala de uma situação em que temos a homologação de ofício em virtude da existência
de dolo, fraude ou simulação. Esse inciso é muito importante porque traz a hipótese de evasão fiscal. Aqui é
preciso fazer um pequeno aparte para diferenciar a evasão fiscal da elisão fiscal, e, em seguida, verificar
onde se encaixa essa situação de evasão fiscal:
Essa dissimulação consiste exatamente na prática de atos lícitos que reduzam o tributo pela alteração do FG
ou alteração de elementos da obrigação tributária. Diante de uma dissimulação, ou seja, diante basicamente
de um planejamento tributário, é possível ter a desconsideração desse ato jurídico que resultou na
economia do tributo? Sim. Pode haver a desconsideração dos atos e negócios jurídicos, mas, para que essa
desconsideração ocorra, ela deve se realizar de acordo com o procedimento previsto em LO. Isso, do ponto
de vista da esfera federal, essa possibilidade de desconsideração ainda depende de regulamentação (porque
ainda não temos essa LO).
A tese da Fazenda, de todo modo, é a seguinte: a desconsideração haverá mesmo tendo em vista a prática
de atos lícitos. E ela se baseia na tese de que esses atos lícitos que reduzam tributos devem ser
desconsiderados se eles não revelarem um propósito negocial. Quando que um ato lícito reduz um tributo e
não revela um propósito negocial? Nos casos em que não existe nenhum outro motivo, nenhuma outra
razão para aquele ato ou negócio, senão a redução do tributo (se não fosse pela redução, os sujeitos não
realizariam tal negócio).
Obs.: quem bem defende essa posição da Fazenda é o Marco Aurélio Greco. E o livro dele (Planejamento
Tributário, Ed. Dialética) é muito bom para estudar para as provas de Procuradorias.
Feito esse parênteses, voltemos agora aos demais incisos do art. 149, CTN (lançamento e ofício):
- Incisos VIII e IX: quando houver fato não conhecido como lançamento anterior ou quando em lançamento
anterior existir fraude, falta funcional da autoridade ou omissão. Isso justifica a revisão do lançamento
anterior.
- P.U. do art. 149, CTN: só faz sentido falar em revisão de lançamento se o direito da Fazenda de constituir o
crédito ainda exista. Ou seja, a revisão do lançamento só é possível dentro do prazo de decadência.
Para concluirmos bem esse tema do lançamento é importante fazer as seguintes observações finais:
1) Não podemos confundir o lançamento por declaração (em que o sujeito passivo realiza o FG, entrega a
declaração e não faz mais nada, só espera; em seguida vem o lançamento e é feito o pagamento) e o
lançamento por homologação sofisticado (em que o sujeito realiza o FG, entrega a declaração e paga e,
depois, teremos a homologação dessas atividades). Aqui no lançamento por homologação sofisticado, a
atividade da AP vem depois.
2) Art. 148, CTN: hipótese de arbitramento de base de cálculo nas situações em que a base de cálculo
indicada pelo sujeito passivo não merece fé (parece ser inverídica). Quando acontece essa situação?
Essa situação de arbitramento de BC pode acontecer, em primeiro lugar, no lançamento por declaração.
Imaginemos o caso da importação: o sujeito passivo apresenta uma declaração de importação e nela tem a
indicação da BC e dos bens; o sujeito passivo entrega essa declaração, a autoridade administrativa olha para
ela e faz o lançamento. Mas pode acontecer que a AP entenda que a declaração é falsa (a BC não diz
respeito à realidade). Ai, ao invés de fazer o lançamento com base na declaração, ela faz um arbitramento e,
com base nele é que ela lança.
Uma segunda possibilidade é aquela em que há um lançamento por homologação. Aqui temos um FG e a
verificação da BC pela AP e essa verificação depende de uma fiscalização. Se a AP achar que a BC não merece
fé, o resultado será o arbitramento da BC e, conseqüentemente, o lançamento de ofício. A AP então dirá
qual é a BC correta.
Em ambos os casos, o que caracterizará esse arbitramento será a possibilidade de produção de contraditório
e ampla defesa. A possibilidade de comprovar que a BC é verdadeira.
Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o preço
de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular,
arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os
esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro
legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou
judicial.
Aqui terminamos as hipóteses de lançamento – uma das formas de constituição do Crédito Tributário. Mais
adiante este tema da constituição do crédito tributário será retomado, com as hipóteses de constituição
pelo sujeito passivo.
3) DECADÊNCIA:
Onde está regulamentada a decadência? O tema da decadência é um tema necessariamente afeto à LC. É
um tema de norma geral de direito tributário. Ela está prevista em uma LC que tem por função uniformizar o
direito tributário. Quando falamos de norma geral de direito tributário, falamos no CTN. É o CTN que tem o
papel de uniformizar o direito tributário.
Acontece que o CTN estabelece os prazos de decadência de acordo com a modalidade de lançamento. Os
prazos são diferentes de acordo com o tipo de lançamento que é efetuado – vejamos:
Como visto, temos 3 modalidades de lançamento. Como se aplica a decadência em cada um desses casos:
A) DECADÊNCIA NO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO:
Esse prazo já foi estudado. Na verdade, o lançamento por homologação pode ocorrer por duas formas:
forma simplificada (art. 150, CTN) e forma sofisticada (mais comum).
Na primeira forma (literalidade do CTN) o prazo de decadência depende da existência de pagamento. Mas
isso significa exatamente o quê?
- Se o sujeito passivo faz o pagamento parcial, o prazo de decadência é o do art. 150, § 4º, CTN. Portanto, 5
anos contados a partir do fato gerador. Agora, se dentro desse prazo o sujeito simplesmente não faz
qualquer pagamento ou há dolo, fraude ou simulação. Neste caso o prazo será o do art. 173, I, CTN.
- Nessa situação o prazo depende da declaração. Se o sujeito passivo declara corretamente que realizou o
fato gerador, não há que se preocupar com o prazo de decadência. Essa declaração correta constitui o
crédito tributário, dispensando o lançamento, afastando a preocupação com a decadência. Assim, o prazo
que devemos nos preocupar é o prazo de prescrição.
- No entanto, pode acontecer de o sujeito passivo declarar errado. Nesse caso, se ele declarou errado, essa
declaração não teve por função constituir o crédito tributário. Se ele declarou errado, portanto, haverá a
necessidade de constituição do crédito tributário. Assim, o prazo de decadência será o do art. 173, I, CTN (5
anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido
efetuado).
O STJ analisou sob duas variáveis: pagamento (houve pagamento prazo 150, par. 4º/ não houve pagamento
art. 173, inc. I) e fraude (art. 173, inc. I, independentemente de pagamento).
Nos dois casos, a regra da decadência está prevista no art. 173, I, CTN (5 anos do primeiro dia do exercício
seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado). Não devemos nos preocupar com art. 150,
§ 4º, CTN neste caso.
Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos,
contados:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado;
II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o
lançamento anteriormente efetuado.
Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o decurso do
prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário
pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento.
Aprendemos que, como regra, no direito a decadência não se interrompe. Regra geral, não há interrupção
ou suspensão de decadência. No entanto, no direito tributário existe uma hipótese de interrupção de
decadência, e é esta.
Imaginemos um lançamento tributário de ofício, que foi feito perfeitamente, em observância ao prazo de
decadência. No entanto, esse lançamento continha um vício formal e, em virtude desse vício formal, o
sujeito passivo apresentou uma impugnação. Ou seja, ele dá início a um processo administrativo para
discutir esse lançamento. Em face da impugnação, temos uma decisão e esta decisão reconhece a existência
do vício formal. Ao reconhecer a existência do vício formal, esta decisão cancela o lançamento tributário
(anula aquele lançamento). Sendo esta decisão definitiva, a partir dela se inicia um novo prazo para a AP
para que agora ela faça um novo lançamento, sem vício. Esta decisão zera o prazo (desconsidera o prazo
anteriormente corrido), e dá início a um novo prazo. Por conta dessa decisão que anula o lançamento tendo
em vista um vício formal, temos, então, a interrupção da decadência.
Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o decurso do
prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário
pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento.
Segundo este dispositivo, o direito de constituir o crédito extingue-se, definitivamente, com o decurso do
prazo de decadência previsto no art. 173, CTN. Este dispositivo aponta um outro dias a quo, diferente do
anteriormente estudado (aquele dos 5 anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o
lançamento poderia ter sido efetuado) – fala-se aqui na data em que tenha sido iniciada a constituição do
crédito tributário.
Fica então a dúvida: vale a regra geral ou vale esta regra do P.U.?
O art. 173, I traz a regra geral da decadência, pois traz a regra que é aplicada na maior parte dos casos. Ex.: o
sujeito passivo realiza o FG em mai/04, relativo a um tributo cujo lançamento é por homologação; ele não
faz nenhum pagamento e também não houve declaração. Neste caso, aplica-se a regra do art. 173, I: 5 anos
contados do primeiro dia do exercício seguinte ao do FG (porque é em 2004 que o lançamento poderia ter
sido efetuado). A decadência, então, neste ex. se verifica em 01/01/2010. Se decaiu em 01/01/10, ele pode
lançar até 31/12/09. Esta é a regra do art. 173, I.
Mas acontece que a Receita pode ser eficiente, ou seja, pode acontecer uma situação em que a Receita
começa a fiscalizar este FG em out./04 e, portanto, começa a fiscalizar este FG antes mesmo do início da
contagem da decadência. Porque a grande sacada do art. 173, I é justamente o fato de a Fazenda já poder
lançar, a partir de maio, mas ali, em tese, ainda não correr o prazo de decadência. Então, se a Receita
começa a fiscalizar antes do início do prazo de decadência, o P.U. do art. 173 diz que o que temos é uma
antecipação do início do prazo de decadência, de forma que, ao invés do prazo se iniciar em 01/jan.,
antecipa-se o início do curso do prazo para a data do início da fiscalização (data em que a AP começou a se
preparar para constituir o crédito tributário).
1ª interpretação é a da doutrina: a doutrina diz que a notificação de início da fiscalização somente é termo
inicial da decadência SE realizada antes do início do prazo previsto no art. 173, inc. I, do CTN.
2ª interpretação do STJ (Resp. 766.050, julgado da 1ª seção do STJ): o STJ diz que a notificação de início da
fiscalização é termo inicial da decadência, independentemente de ter sido realizada antes ou depois do início
do prazo previsto no art. 173, inc. I. O STJ cria uma nova hipótese de interrupção do prazo de decadência
(termo de início de fiscalização).
C) SÚMULA VINCULANTE Nº 8:
O STF analisou a possibilidade de os prazos de decadência e prescrição serem regulados por LO.
O objeto de análise do STF foi o art. 45 e o art. 46 da Lei 8.212/91. Esta é uma LO, e não uma LC, e esses
dispositivos disciplinavam a questão da prescrição e da decadência.
Assim, esta disciplina por LO é inconstitucional, porque a exigência da LC está na CR, no art. 146, III, “b”.
Esses dispositivos, portanto, são inconstitucionais, pois este é um tema de norma geral e é o CTN que
estabelece esses prazos de norma geral.
“São inconstitucionais o P.U do art. 5º do DL 1569/77 e os arts. 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam
de prescrição e decadência de crédito tributário”.
Nesse caso houve modulação de efeitos da declaração de inconstitucionalidade. Isso porque naquela
situação tínhamos dois tipos de contribuintes (e, por isso, dois questionamentos, que serão respondidos logo
adiante):
a) aqueles contribuintes que tinham ações e cobranças em curso: o contribuinte estava sendo executado
pelo prazo de 10 anos do art. revogado. Assim, havia uma execução fiscal em 2007, referente à FG de 1999,
por ex. Pergunta: essas ações continuam, ou serão declaradas inválidas?
b) aqueles contribuintes que efetuaram o pagamento das contribuições (contribuições para a seguridade
social), considerando o prazo de 10 anos: um contribuinte realizou o FG em 1999 e, em 2007 recebe o
lançamento desse FG e, porque não quer ter débito em aberto, ele paga (faz um pagamento de um crédito
tributário que em tese já teria decaído, de acordo com o STF). Pergunta: ele tem direito à restituição?
Em razão disso, a modulação de efeitos veio a calhar, porque a situação realmente exigia. Vejamos como
isso se deu:
No dia 11/06/08 houve a decisão de mérito, em que todos os ministros concordaram que os dispositivos
eram inconstitucionais. Ocorre que, depois da votação do mérito, não havia mais quorum para julgar a
modulação de efeitos, porque os ministros julgaram e saíram (era véspera do dia dos namorados). Então
apenas no dia 12/06/08 tivemos a decisão sobre a modulação dos efeitos.
Decidiu-se, então, que em relação à primeira situação, as ações seriam canceladas. Neste ponto, portanto, a
decisão tem eficácia retroativa (ex tunc).
Esta é a grande questão da súmula vinculante e da modulação dos efeitos da decisão do STF, que pode ser
cobrada em provas discursivas.
Dissemos que o lançamento tributário é uma das formas de constituição do crédito tributário. Mas dissemos
também que ela não é a única forma. Ela é a forma pela qual a Administração (sujeito ativo da relação
tributária) constitui o crédito tributário.
A partir de agora, portanto, estudaremos as formas pelas quais o contribuinte pode constituir o crédito
tributário.
Vimos que diante da prática de um FG nasce uma obrigação tributária, ex lege. Diante de toda obrigação
tributária há um direito, representado pelo crédito tributário. Ocorre que o crédito tributário,
diferentemente da obrigação tributária, não nasce automaticamente, ele precisa ser constituído. Vimos,
então, que existem duas possibilidades de constituição do CT:
Neste último caso, a modalidade mais comum é a declaração do lançamento por homologação.
Para que este quadro fique completo, portanto, estudaremos agora a segunda possibilidade de constituição
do crédito tributário: pelo sujeito passivo.
Vimos que uma das formas de constituição do crédito tributário pelo sujeito passivo é a declaração, já
estudada no contexto do tema “lançamento por homologação”.
Ocorre que a declaração não é a única forma de constituição do crédito tributário pelo sujeito passivo.
Existem outras duas formas. Serão elas, pois, o objeto do nosso estudo neste tópico.
2) Depósito judicial;
M, D, A, H, 10, G, J, A, L,
Imaginemos a seguinte situação: o sujeito passivo impetra um MS preventivo, porque entende que não tem
que pagar o tributo de um FG que ainda vai acontecer. Ele pretende, assim, afastar a incidência do tributo.
Ao impetrar o MS, o sujeito passivo pede também a concessão de uma medida liminar. O juiz aprecia a
liminar e não concorda (porque entende que não tem fumus e periculum). Temos, assim, a liminar negada.
Qual é então a opção que o sujeito passivo tem para discutir judicialmente este tributo, mesmo sem a
liminar, e não ser importunado pela Administração? Como, enfim, ele pode evitar a cobrança?
A solução que a ele se apresenta é fazer um depósito da quantia devida. Ele deposita o valor em nome do
juízo e espera para ver a decisão do MS. Se ele ganhar ele levanta o valor, senão, o valor vai direto para a
Administração.
E qual é a conseqüência da suspensão da exigibilidade? A conseqüência é impedir a cobrança. Toda vez que
temos a suspensão da exigibilidade, não pode haver cobrança do tributo. Veremos isso de forma mais
aprofundada mais adiante.
O processo então anda até que o juiz profere uma sentença. Imaginemos que esta sentença foi denegatória
do MS. Ou seja, o juiz entendeu que o tributo não era ilegal ou inconstitucional. Assim, o juiz está dizendo
que o tributo é devido e deve, portanto, ser pago. Mas, como o valor já está depositado, deve-se fazer a
conversão do depósito em renda. Só que, imaginemos que o contribuinte olhe para esta situação e diga que
não vai fazer a conversão, porque o processo demorou, imaginemos, 8 anos para ser julgado e, durante todo
esse tempo, a Administração não constituiu o crédito tributário. A Administração tinha que ter feito essa
constituição porque a suspensão impede a cobrança, mas não o lançamento (lançamento não é cobrança). A
Administração deveria ter lançado para prevenir a decadência. Assim, o sujeito passivo alega que, naquela
situação, verificou-se a decadência. Isso porque a suspensão da exigibilidade não impede o lançamento,
impede apenas a cobrança.
Essa discussão chegou ao STJ e este tribunal então decidiu que a Administração não tinha que ter constituído
o crédito tributário. Está certo que a suspensão da exigibilidade não impede o lançamento, mas, nesse caso,
o depósito judicial já constitui o crédito tributário. Ou seja, o fato do contribuinte ter feito um depósito
integral, isso basta para constituir o crédito. E, assim, não há mais a preocupação com o lançamento e,
portanto, não há que se falar em decadência.
O STJ acaba equiparando essa situação ao lançamento por homologação (igual a declaração no lançamento
por homologação constitui o crédito, aqui acontece a mesma coisa).
Assim, o depósito judicial nas ações preventivas (onde temos a discussão sobre a constitucionalidade do
tributo) constitui o crédito tributário. Depósito e declaração são, pois, tecnicamente a mesma coisa, para
efeitos de constituição do crédito tributário.
Resp. 686479.
1) Genericamente: STJ reconhece a não afetação do prazo de decadência. Conclusão: existe o dever da
lançar para evitar a decadência.
2) No caso específico do depósito: o STJ afirma ser o depósito de constituição do CT. Equivale a declaração
dos tributos lançados por homologação. Conclusão: não há que se falar em dever de lançar ou mesmo em
decadência.
Esse art. traz a possibilidade de compensação de tributos federais. A compensação é um encontro de contas.
Ocorre quando o sujeito passivo verifica que recolheu mais tributo (ex. IR) do que devia e, ao invés de pedir
a restituição (entrando na fila dos precatórios), pede a compensação com um tributo que ainda deve pagar
(ex.: COFINS).
A compensação é, pois, representada por este encontro de contas que implica na existência de um crédito
(que se relaciona a um tributo recolhido em valor superior ao devido) e de um débito (um tributo vencido ou
a vencer).
A compensação, para que seja possível, deve estar prevista em lei. Na esfera federal, esta lei é a Lei
9.430/96, que em seu art. 74 disciplina a compensação.
Nesse dispositivo podemos verificar que quem tem débito e crédito pode compensar livremente, a única
condição é a de que seja em relação com a mesma Administração (Receita Federal).
Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a
tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de
ressarcimento, poderá utilizá-lo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e
contribuições administrados por aquele Órgão.
§ 1o A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de
declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos
compensados.
§ 3o Além das hipóteses previstas nas leis específicas de cada tributo ou contribuição, não poderão
ser objeto de compensação mediante entrega, pelo sujeito passivo, da declaração referida no § 1o:
I - o saldo a restituir apurado na Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda da Pessoa Física;
III - os débitos relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal
que já tenham sido encaminhados à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional para inscrição em
Dívida Ativa da União;
V - o débito que já tenha sido objeto de compensação não homologada, ainda que a compensação se
encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa; e
§ 5o O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco)
anos, contado da data da entrega da declaração de compensação.
§ 6o A declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para
a exigência dos débitos indevidamente compensados.
(...)
Esse art. 74 estabelece, pois, a sistemática desta compensação, ou seja, como ela se dará: o sujeito passivo
identifica que tem um crédito e um débito futuro e verifica a possibilidade de compensação; o sujeito
passivo deve então apresentar uma declaração de compensação (DComp), na qual ele precisará indicar qual
é o crédito (ex.: R$100,00 de IR) e com qual débito pretende compensar (ex.: R$100,00 de COFINS). Feito
isso, o sujeito passivo, sozinho, em sua escrita fiscal, faz a compensação.
Esta compensação pelo encontro de contas significa que o sujeito passivo está pagando a COFINS com o
crédito que acredita ter de IR. É como se ele pagasse a COFINS com o IR. Esse pagamento, portanto,
depende da existência do crédito.
Esta compensação, feita pelo sujeito passivo sozinho, não é suficiente para extinguir o crédito. A
Administração tem que homologar esta compensação.
A homologação será realizada no prazo de 5 anos a contar da entrega da DComp. Ai então podem acontecer
duas coisas:
- decorrido o prazo de 5 anos e a AP não fala nada: temos aqui, então, a homologação tácita e com ela a
extinção do crédito tributário;
- mas pode acontecer também de, nesse intervalo de 5 anos, a AP mandar para o contribuinte a não
concordância da compensação, porque o crédito não existe em verdade (o contribuinte entendeu que tinha
o crédito, mas não tinha). Quando a AP desqualifica esse crédito, se o crédito não é válido, então a COFINS
está aberta (não foi realmente paga). Assim, a AP, ao mandar a não concordância, manda juntamente com
ela a cobrança do tributo não pago (uma cobrança da COFINS). Diante disso o sujeito passivo tem duas
possibilidades:
AULA: 02/12/2010
Sabemos que a linha seqüencial normal do Crédito Tributário não pago é a seguinte:
Ocorre que, na vigência de alguma dessas situações elencadas acima, esta seqüência não terá andamento
(não haverá inscrição em DA, emissão da CDA e ajuizamento de execução fiscal). Estudemos melhor cada
dessas situações:
I - moratória;
Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações assessórios
dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela conseqüentes.
Por que a cobrança do crédito tributário fica impedida na vigência de uma causa de suspensão da
exigibilidade? Justamente porque o crédito tributário não é exigível e, então, por isso não poderá haver
cobrança.
Ocorre que, para bem entendermos a suspensão da exigibilidade precisamos saber duas coisas:
- cobrança é diferente de lançamento: eles não se confundem e isso significa que, em princípio, diante da
suspensão da exigibilidade pode haver o lançamento;
- ainda que a suspensão da exigibilidade impeça a cobrança do crédito tributário, ela não afasta o dever de
cumprimento das obrigações acessórias, que subsiste ( ☺art. 151, P.U., CTN).
O “impedir a cobrança” tem conseqüências nos prazos de decadência e prescrição. E, para sabermos
exatamente quais são essas conseqüências, precisamos saber quando a suspensão da exigibilidade se
verificou. Temos duas hipóteses, e, para cada uma delas teremos uma conseqüência mais específica –
vejamos: (Obs.: pensemos no ex. da liminar em MS)
II) por outra forma que se aplica em qualquer caso, não só quando existe o depósito: a consideração de que
as obrigações tributárias acessórias subsistem, ou seja, elas devem ser praticadas apesar da suspensão da
exigibilidade. Imaginemos que nessa situação em que temos o MS preventivo, esse MS foi impetrado para
afastar um tributo lançado por homologação (que é a regra, o que mais ocorre no nosso sistema). Se a
liminar é concedida, suspende-se a exigibilidade do crédito tributário. Imaginemos que a liminar seja
concedida em 20/10/99, e o sujeito passivo realizará o FG desse tributo no dia 10/11/99 (já na vigência da
liminar). O sujeito passivo realiza o FG e, a partir daí nascem duas obrigações tributárias, uma acessória,
relativa ao dever de declarar, e uma obrigação principal, relativa ao dever de pagar. Pergunta: ele deve
cumprir com essa obrigação principal relativa ao dever de pagar se há a liminar? Não, porque existe a
liminar. Mas, apesar de ele não ter que pagar o tributo, persiste a obrigação acessória, relativa ao dever de
declarar. O sujeito passivo então declara e informa que a exigibilidade do crédito está suspensa em razão do
MS. O MS anda até que, 8 anos depois, vem a sentença denegatória. Nesse caso específico, podemos falar
que houve decadência? Essa sentença denegatória terá ou não efeitos em razão de a AP ter ficado todo esse
período sem fazer o lançamento? A tese da decadência não se aplica porque a declaração constitui o crédito
tributário e, portanto, não há que se falar em dever de lançar ou em decadência. O crédito tributário já está
constituído.
Obrigação de pagar
20/10/99 10/11/99 CT
/ / .
da liminar
(MS) (liminar)
O prazo de prescrição está previsto no art. 174, CTN, que diz que este prazo, que é o prazo para a cobrança
judicial do crédito tributário, é de 5 anos, contados da constituição definitiva do crédito tributário. Mas o
que é essa constituição definitiva? Cuidado: a constituição definitiva não é a mesma coisa da constituição do
crédito. Ela é sempre posterior. Ela representa a imutabilidade do crédito tributário na esfera administrativa.
Essa constituição definitiva, portanto, vem sempre depois da constituição do crédito tributário.
Ex.: eu tenho um crédito tributário constituído e, em algum momento depois da constituição do crédito, eu
tenho um MS impetrado e uma medida liminar concedida. Pergunta: essa medida liminar afeta o prazo de
prescrição? É preciso saber, primeiramente, se essa medida foi concedida antes ou depois da constituição
definitiva. Com o prazo de prescrição em curso ou não. Expliquemos melhor: o sujeito passivo recebe um
lançamento tributário (recebe, portanto, a constituição do crédito tributário). Diante desse lançamento, esse
sujeito passivo tem 30 dias para resolver o que pretende fazer: ele pode pagar, apresentar uma impugnação
administrativa para discutir o lançamento, ou pode simplesmente ignorar o lançamento e não fazer nada.
Vejamos:
FG → lançamento → MS
Paga → extinção do CT
30 dias
Mas o sujeito passivo pode fazer ainda mais duas coisas: pagar ou não fazer nada. Se ele pagar, extingue-se o
crédito tributário e pronto. Mas se ele não fizer nada, ai então teremos que analisar quando é que se deu a
constituição definitiva do crédito tributário e ela se verifica no 31º dia após o lançamento porque é ai que
teremos a imutabilidade do crédito tributário na esfera administrativa. Ai, administrativamente, o sujeito
passivo não poderá mais discutir a constituição do CT. Nesse momento, portanto, é que teremos o início do
prazo de prescrição.
Assim: Pode ser que o sujeito consiga a suspensão da exigibilidade depois da constituição do crédito
tributário, portanto. Mas essa suspensão pode se dar antes da constituição definitiva ou depois da
constituição definitiva do crédito tributário, e em cada caso haverá uma conseqüência diferente.
b) liminar depois da constituição do CT (lançamento), mas antes da constituição definitiva: o sujeito passivo,
com o lançamento, tem o prazo de 30 dias para resolver o que vai fazer. No momento em que recebe o
lançamento, o sujeito entra com o MS e obtém a liminar, dentro do prazo de 30 dias. Nesse caso, a liminar
suspende a exigibilidade do crédito tributário antes mesmo do início da prescrição. Diante disso, qual é o
efeito que a medida liminar tem no prazo de prescrição? Neste caso a medida liminar, ou seja, a suspensão
da exigibilidade posterga (difere) o início da prescrição para o momento em que a suspensão da exigibilidade
não mais existir, ou seja, para o momento em que a liminar for cassada, por ex.
Antes de passarmos para as hipóteses mais específicas de suspensão da exigibilidade do crédito tributário,
façamos um quadro sinóptico:
Suspensão da exigibilidade
Efeito: não afeta a decadência. Portanto, Efeito: está relacionado ao prazo de prescrição
persiste o dever da AP de lançar. (porque neste caso o CT já está constituído, e
não se cogita de decadência).
→ 2 teses que aparecem neste contexto:
Pergunta: Quando a suspensão foi obtida?
1ª) a tese de que o depósito integral
Antes ou depois da constituição definitiva?
constitui o CT;
Ou seja, ela foi obtida antes ou depois do início
2ª) a tese de que as obrigações tributárias da prescrição (já que a constituição definitiva
acessórias subsistem (e isso vale marca o início da prescrição)?
especificamente para a figura da
→ 2 possibilidades:
declaração no lançamento por
homologação). 1ª) depois da constituição definitiva: o prazo de
prescrição já estava em curso. Então, neste
caso, teremos a suspensão da prescrição até o
momento em que a suspensão da exigibilidade
persistir (se for uma liminar, até que ela seja
cassada);
Aqui terminamos os efeitos da suspensão da exigibilidade e podemos passar para a análise especificada das
hipóteses de suspensão.
No art. 151, I e VI, do CTN, temos a moratória e o parcelamento (que foi incluído pela LC 104/01).
Comecemos, pois, com a análise dessas duas hipóteses conjuntamente:
a) Moratória e Parcelamento:
A moratória representa uma dilação, uma ampliação do prazo de pagamento do tributo. Durante este
período, a exigibilidade está suspensa, de forma que a Receita não pode cobrar o tributo que está aberto,
não pode incidir juros e nem multa. Ocorre em situações de imprevistos, de força maior (ex.: apagão).
A moratória foi por muito tempo debatida, porque a doutrina tentava encaixar o parcelamento dentro da
moratória. O parcelamento só foi incluído no CTN em 2001, e mesmo antes disso já tínhamos programas de
parcelamento.
Dúvida: O parcelamento seria uma espécie de moratória? A bem da verdade, quando temos parcelamento,
temos uma redefinição do prazo para o pagamento do tributo. Com ele temos um novo prazo de
vencimento da dívida. Por esse motivo, todo mundo falava que o parcelamento era uma modalidade de
moratória. Essa controvérsia só foi solucionada com a LC 104/01, que inclui o parcelamento no inciso VI do
art. 151, CTN. A discussão então termina: o parcelamento é modalidade de suspensão da exigibilidade do
crédito tributário.
Mas, em realidade, essa antiga classificação do parcelamento como espécie de moratória não estava tão
errada assim. ☺art. 155-A, CTN:
Art. 155-A. O parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei específica.
(Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)
§ 1o Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do crédito tributário não exclui a incidência
de juros e multas. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)
§ 3o Lei específica disporá sobre as condições de parcelamento dos créditos tributários do devedor
em recuperação judicial. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005)
§ 4o A inexistência da lei específica a que se refere o § 3o deste artigo importa na aplicação das leis
gerais de parcelamento do ente da Federação ao devedor em recuperação judicial, não podendo,
neste caso, ser o prazo de parcelamento inferior ao concedido pela lei federal específica. (Incluído
pela Lcp nº 118, de 2005)
Isso somente reforça a interpretação de que o parcelamento, de fato, seria uma modalidade de moratória.
O que a LC 104 diz expressamente sobre o parcelamento? Diz que ele estará previsto em lei e que é a lei que
estabelecerá as suas condições. A regra, para ele, é a incidência de juros e de multa, o que diferencia o
parcelamento da denúncia espontânea. Ademais, ficou determinado que teremos uma disciplina
complementar na moratória e, por fim, como decorrência da LC 118/05, as pessoas jurídicas em processo de
recuperação judicial terão um parcelamento próprio (§3º do art. 155-A).
De todo modo, a verdade é que, com a disciplina do parcelamento, a moratória ficou um pouco de lado,
porque todas as instituições se concentram no parcelamento.
Obs. final sobre o instituto da moratória: apesar de ela estar um pouco em desuso em razão da existência do
parcelamento, é importante sabermos algumas informações sobre ela: a moratória consiste na dilatação de
prazo concedida pelo credor ao devedor, de modo que a dívida vencida ou vincenda possa ter outra data de
vencimento. A moratória tributária para ser concedida depende de lei. Ela pode ser geral ou individual e,
neste caso, é normalmente voltada para conceder um parcelamento de crédito tributário, conforme
despacho da autoridade à vista dos requisitos legais. Pode também ser concedida em caráter nacional ou
regional, abrangendo todo o território ou parte dele, ou ainda ser circunscrita a categoria ou classe de
sujeito passivo.
O art. 152, CTN nos diz em que situações a moratória pode ser concedida:
I - em caráter geral:
a) pela pessoa jurídica de direito público competente para instituir o tributo a que se refira;
b) pela União, quanto a tributos de competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios,
quando simultaneamente concedida quanto aos tributos de competência federal e às obrigações de
direito privado;
II - em caráter individual, por despacho da autoridade administrativa, desde que autorizada por lei
nas condições do inciso anterior.
Obs. quanto a alínea “b”: o CTN foi elaborado na vigência da Constituição de 1946, quando tínhamos uma
subordinação, uma hierarquia. Esta moratória não pode, pois, ser aplicada à luz da CR/88. Ela é chamada de
moratória heterônoma, porque é uma moratória da União, concedida para tributos sobre os quais ela não
tem competência (tributos dos Estados e de municípios). Este instituto, portanto, não foi recepcionado pela
CR/88.
Os arts. 153 e 154 disciplinam questões ligadas à concessão da moratória e têm textos praticamente auto-
explicativos:
Art. 153. A lei que conceda moratória em caráter geral ou autorize sua concessão em caráter
individual especificará, sem prejuízo de outros requisitos:
b) o número de prestações e seus vencimentos, dentro do prazo a que se refere o inciso I, podendo
atribuir a fixação de uns e de outros à autoridade administrativa, para cada caso de concessão em
caráter individual;
c) as garantias que devem ser fornecidas pelo beneficiado no caso de concessão em caráter
individual.
Art. 154. Salvo disposição de lei em contrário, a moratória somente abrange os créditos
definitivamente constituídos à data da lei ou do despacho que a conceder, ou cujo lançamento já
tenha sido iniciado àquela data por ato regularmente notificado ao sujeito passivo.
Parágrafo único. A moratória não aproveita aos casos de dolo, fraude ou simulação do sujeito
passivo ou do terceiro em benefício daquele.
Por fim, o art. 155 autoriza que a moratória concedida em caráter individual seja revogada de ofício, sempre
que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou requisitos para a
concessão do favor:
Art. 155. A concessão da moratória em caráter individual não gera direito adquirido e será revogado
de ofício, sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições
ou não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor, cobrando-se o crédito
acrescido de juros de mora:
Parágrafo único. No caso do inciso I deste artigo, o tempo decorrido entre a concessão da moratória
e sua revogação não se computa para efeito da prescrição do direito à cobrança do crédito; no caso
do inciso II deste artigo, a revogação só pode ocorrer antes de prescrito o referido direito.
b) Depósito integral:
Esse depósito integral suspende a exigibilidade do crédito tributário. Fala-se em depósito integral porque,
para que tenha esse efeito, ele precisa realmente ser integral. Isso é uma condição para a suspensão da
exigibilidade. Se o depósito não for inteiro, ele não suspende a exigibilidade.
Ademais, não se fala em depósito judicial, mas em depósito integral, porque o CTN não especifica, só diz que
deve ser integral. Portanto, o depósito pode ser judicial ou administrativo. Em qualquer das hipóteses, sendo
integral, terá o efeito de suspensão da exigibilidade do crédito tributário.
Ocorre que o inciso III do art. 151, CTN diz que também suspende a exigibilidade as reclamações e os
recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo – ou seja, a simples
existência de um processo administrativo suspende a exigibilidade. Assim, ainda que o depósito
administrativo seja possível, na prática ele não e usado, porque apenas o simples processo administrativo
em si já suspende a exigibilidade.
Desta forma, o depósito pode ser judicial ou administrativo, mas fala-se em depósito administrativo em tese
(apenas na teoria).
Outra observação importante: o depósito judicial, nas ações preventivas, constitui o crédito tributário,
conforme já decidiu o STJ.
Por fim, uma última observação: não podemos confundir esse depósito integral, que pode ser judicial ou
administrativo (e serve para suspender a exigibilidade), com o depósito recursal, que é outra coisa
completamente diferente.
O depósito recursal acontece no bojo, no contexto de um processo administrativo, mas acontece como uma
condição de admissibilidade de recurso administrativo. Esse depósito recursal ficou muito visível porque
começou a ser exigido na esfera federal e, por isso, os contribuintes foram ao STF por meio de ADI, para
questioná-lo. O STF negou a liminar da ADI e, em 2007, apreciou o mérito da decisão.
O que acontece: o sujeito passivo recebe o lançamento e tem 30 dias para resolver o que vai fazer.
Imaginemos que ele apresente uma impugnação e, com isso, dá início ao processo administrativo. Temos ai
a suspensão da exigibilidade, nos termos do inciso III do art. 151, CTN. Se essa decisão for desfavorável ao
sujeito passivo, ele tem a possibilidade de recorrer, e o recurso que ele pode apresentar, na esfera federal, é
o recurso voluntário. Esse recurso voluntário era apresentado ao Conselho de Contribuintes, que representa
um tribunal na esfera administrativa (é um tribunal administrativo). Acontecia de o processo administrativo
demorar muito, e, por isso, a AP demorava para executar a dívida e, durante todo esse tempo a prescrição
ficava suspensa. Na verdade, as pessoas só recorriam para protelar o pagamento, e não para discutir mesmo
a dívida. A Procuradoria então propôs que, para que houvesse o recurso, se exigisse um pagamento de 30%
do valor do débito, como condição de admissibilidade do recurso. É este o depósito recursal, que será
melhor estudado na próxima aula.
Como vimos, num primeiro momento estabeleceu-se como condição do recurso voluntário ( ☺art. 33, do
Dec. 70.235/72) o depósito recursal, que seria feito no valor de 30% do débito. Evidentemente, quando essa
exigência foi criada, os contribuintes se sentiram prejudicados, porque eles teriam que expender dinheiro
para recorrer, e esse pagamento não tinha nada a ver com a suspensão da exigibilidade, já que a esse ponto
esta já estava suspensa.
Veio uma MP alterando esta regra, que estabeleceu que o contribuinte teria uma opção: ou ele faria o
depósito de 30% ou ele faria um arrolamento de bens, no valor total do débito discutido. Arrolar bens
significa apresentar uma lista para a AP dos bens que o sujeito tem. É por meio desse arrolamento que o
sujeito demonstra que tem condições de pagar o débito. Mas os contribuintes nem sempre tinham
condições de fazer tal arrolamento.
Houve então uma outra MP alterando essa regra, determinando que o contribuinte deveria fazer um
arrolamento de bens no valor de 30% do débito. O depósito não seria mais exigido. Mas os contribuintes
continuaram discordando.
Isso gerou uma ADI e o STF decidiu que não existia inconstitucionalidade: tanto o depósito quanto o
arrolamento de bens seriam constitucionais. A exigência do depósito ou a exigência do arrolamento não
exigiam a ampla defesa e nem o contraditório.
Assim, num primeiro momento, o STF confere uma interpretação restrita aos princípios do contraditório e da
ampla defesa – especificamente no processo administrativo. Por conta dessa interpretação restrita, temos a
liminar negada.
Esses princípios do contraditório e da ampla defesa, como sabemos, estão previstos no art. 5º, LV, CR.
Acontece que, em 2007, houve o julgamento do mérito daquela ADI e, quando desse julgamento de mérito,
como a liminar já havia sido negada e existia esta tese forte (capitaneada pelo Min. Sepúlveda Pertence) a
favor da constitucionalidade, os contribuintes já estavam pensando que não tinham mais chance. Só que o
julgamento se reverteu no mérito. O STF, à época já com nova constituição, afirmou que tanto o depósito
recursal como o arrolamento dos bens seriam inconstitucionais. Isso porque essa exigência constituiria uma
ofensa à isonomia e ao direito de petição, além da ofensa ao contraditório e da ampla defesa, antes já
alegada.
Fala-se em ofensa à isonomia porque pode ser que uma pessoa não tenha dinheiro para depositar ou bens
para apresentar e, só por isso, não poderia recorrer, enquanto outros poderiam. E fala-se em ofensa ao
direito de petição, porque tais exigências interferem diretamente na possibilidade dos contribuintes
exercerem tal direito.
Isso tudo foi decidido na ADI 1976. A ADI foi julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade do art.
32 da MP 1699-41, posteriormente convertida na Lei 10.522/02.
Assim, hoje, o depósito recursal, o arrolamento ou qualquer outra condição de admissibilidade do recurso
administrativo são inconstitucionais.
Obs.: existe um projeto de Súmula Vinculante nesse sentido e, com ela, teremos uma maior aplicação desta
regra pelo STF.
Por unanimidade, o Supremo aprovou súmula vinculante que impede a exigência de depósito prévio ou de
arrolamento de bens como condição para apresentar recurso perante a Administração Pública.
O simples fato de haver um processo administrativo (de o sujeito passivo se insurgir contra a cobrança do
tributo) já basta para que haja a suspensão da exigibilidade.
Ocorre que a parte final deste dispositivo fala em leis reguladoras do processo tributário administrativo. Isso
significa que é verdade que o simples recurso já basta, porém, este recurso e esta impugnação devem ser
apresentados nos termos da lei que regulamenta o processo administrativo. Ou seja, para que eles
suspendam a exigibilidade, esses recursos e impugnações devem ser, no mínimo, tempestivos, sob pena de
não ter o condão de suspender a exigibilidade do crédito tributário.
Nesses dois casos nós temos que nos atentar para o momento da concessão. Ou seja, é preciso verificar se a
tutela ou a liminar foi concedida antes da constituição do crédito tributário ou depois da constituição do
crédito tributário.
Se for antes da constituição, não afetará a decadência. Se for depois da constituição do crédito tributário, ai
então é preciso saber se a concessão se deu depois inclusive da constituição definitiva, ou antes da
constituição definitiva. Caso se trate de tutela ou liminar depois da constituição definitiva, teremos como
efeito a suspensão da prescrição. Caso seja antes da constituição definitiva, não temos a suspensão da
prescrição (porque esta nem sequer começou ainda), mas temos um diferimento, uma postergação do início
do prazo prescricional.
1ª Situação:
/ / / /
FG MS – concessão de liminar Lançamento Constituição definitiva do CT
2ª Situação:
/ / /
FG Lançamento MS – concessão de liminar
Constituição Constituição
definitiva do CT definitiva do CT
?
Diferimento do início do prazo prescricional Suspensão da prescrição
→ Resultados possíveis:
Ademais, precisamos saber, também em relação ao momento da concessão, qual é a relação desse
momento com a incidência da multa de mora por conta da medida liminar (na verdade não por conta
especificamente da liminar ou da tutela, mas sim para o caso de cassação da liminar ou tutela):
1ª possibilidade: imaginemos que tenha sido impetrado um MS preventivo e o juiz concede a liminar, no dia
10/11/08. O sujeito então realiza o FG do tributo no dia 13/11/08. Quando ele realiza esse FG, ele não terá
que pagar o tributo, porque ele tem uma medida liminar que garante que ele não terá que pagar e que ele
não será cobrado por conta dessa falta de pagamento. No dia 20/10/09, a liminar é cassada. Conseqüência:
o tributo que não era devido passa a ser devido. Isso significa que o sujeito passivo tem que pagar o tributo.
Pergunta: esse pagamento deve ser acrescido de multa de mora? O sujeito tem que pagar esse tributo
acrescido de multa de mora (já que a cassação se deu quase 1 ano depois da prática do FG)? Depende do
momento da concessão da liminar. Quando a medida liminar foi concedida o sujeito já estava em mora? O
tributo já estava em aberto? Nesse ex. dado não. Ele obteve a liminar antes do vencimento, ou seja, antes da
caracterização da mora. Assim, não há que se falar nesse caso em multa de mora, já que ela só faz sentido
quando o tributo está vencido, quando já existe mora (o que não é o caso). Mas e os juros, são devidos? Os
juros sim seriam devidos, invariavelmente, porque eles têm natureza remuneratória. Só vão recompor o
capital perdido durante esse quase 1 ano.
FG
13/11/08 16/11/08 20/10/09
/ / /
Acontece que na esfera federal, e somente na esfera federal, temos uma previsão específica quanto a esta
regrinha da multa de mora: ☺art. 63, §2º, da Lei 9.430/96. Esse dispositivo diz:
Assim, se a liminar foi obtida depois da ocorrência do FG, em havendo a cassação da liminar, há um prazo de
30 dias para que o tributo seja pago. Assim, não há a incidência da multa de mora desde a liminar até 30 dias
depois da decisão que cassou a liminar.
30 dias
13/11/08 16/11/08 20/10/09 20/ 01/ 10
/ / / /
FG PAGAMENTO
Liminar cassada
MS
Concessão de liminar
2) sim, se a liminar ou a tutela tiverem sido concedidas depois do vencimento do tributo, e tal
multa será devida pelo período em aberto;
Obs.: Na esfera federal e em também em muitos estados esses juros são calculados através da taxa SELIC.
I - a isenção;
II - a anistia.
Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações
acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela conseqüente.
Atenção: o fato de se ocorrer a exclusão do crédito tributário, isso não afasta as obrigações acessórias, que
persistem.
a) Aspectos gerais:
Como já sabemos, o sujeito passivo, quando realiza o FG, faz com que nasça automaticamente uma
obrigação tributária. A obrigação tributária, portanto, é ex lege, independe da vontade do sujeito passivo. E
ela corresponde a um dever do sujeito passivo. Mas a todo dever corresponde um direito, que, neste caso, é
o crédito tributário do sujeito ativo que, porém, precisa ser constituído.
A exclusão do crédito tributário impede essa constituição. Com ela temos, pois, uma impossibilidade de
constituição do crédito tributário. Ou seja, a AP deveria constituir o crédito tributário, mas não o faz diante
da hipótese de exclusão estabelecida pela lei.
É, portanto, uma lei que vem e impede o nascimento do crédito tributário, que afasta a constituição do
crédito tributário.
Sempre que se fala em exclusão do crédito tributário, invariavelmente esse crédito tributário não estará
constituído e essa constituição está impedida pela hipótese de exclusão. O crédito tributário, assim, sequer
chega a ser constituído.
Nos dois casos, a concessão só pode se dar por meio de lei. E, nos dois casos, as obrigações tributárias
acessórias persistem – as obrigações de fazer (ex.: emitir nota fiscal, entregar declarações), tudo isso
persiste.
b) Isenção:
Aqui temos a dispensa legal de pagamento de tributo. A isenção representa uma opção do ente da
Federação relativa ao não exercício da competência tributária.
Ex.: a União tem sua competência tributária prevista no art. 153, CR. Nesse art. está determinado que a
União pode criar um imposto sobre produtos industrializados, o IPI. Pergunta: dizer que a União tem
competência para criar o IPI representa uma boa descrição do que seja a competência tributária da União?
Não, a União não pode, por ex. criar imposto sobre os livros, que também são produtos industrializados, pois
em relação a eles há imunidade.
Ou seja, é preciso levar em conta as imunidades, pois elas delimitam a competência. Elas vão dizer até onde
a União poderá ir para cobrar o tributo. Assim, para termos uma visão geral da competência da União,
precisamos olhar para o art. 153, CR e para as imunidades, que genericamente estão no art. 150, VI, CR. A
competência, assim, representa uma combinação entre o poder de tributar (que está, nesse nosso ex., no
art. 153) e as imunidades. O resultado será exatamente o campo em que a União pode tributar.
Dentro desse campo de competência da União, temos, então, por ex., a tributação de veículos (mas não de
todo e qualquer veículo, porque, por ex. a União não pode tributar veículos dos Estados, apenas o veículo do
particular). A União olha então para esse tributo e opta por não tributar os veículos, estabelecendo uma
isenção.
Por isso diz-se que a isenção é uma opção quanto ao exercício da competência tributária. A União, portanto,
por meio de uma lei, poderá estabelecer esta isenção, excluindo o crédito tributário, a despeito da
possibilidade de cobrança do tributo, como regra.
Assim, a isenção representa uma opção pelo não exercício da competência tributária plena. A isenção,
portanto, é muito mais do que a dispensa legal do pagamento do tributo. Por ela a União abre mão de uma
parcela da competência tributária.
1) Se a isenção é uma opção do ente da Federação, ele não necessariamente precisa conceder, concede se
quiser. Se é uma opção, ela então, em princípio, não gera direito adquirido e, portanto, pode ser revogada.
Em razão disso, temos duas questões que devem ser enfrentadas, diante da possibilidade de revogação da
isenção:
1ª) Está relacionada ao Princípio da Anterioridade: é preciso respeitar o Princípio da Anterioridade no caso
de revogação da isenção? O Princípio da Anterioridade se aplica quando se trata de instituição ou aumento
de tributo. Revogar isenção equivale a instituir ou aumentar tributo? ☺art. 150, III, “b” e “c”, CR e art. 195,
§6º, CR. O STF entende que revogar isenção não equivale a aumentar ou instituir tributo. Portanto, não
existe nenhuma obrigação de observância do Princípio da Anterioridade quando da revogação da isenção,
como regra. Mas temos apenas uma exceção, que está prevista no art. 104, III, CTN:
Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a sua
publicação os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o patrimônio ou a renda:
III - que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser de maneira mais favorável ao
contribuinte, e observado o disposto no artigo 178.
Assim, caso se trate de revogação de isenção de um imposto que incida sobre o patrimônio ou a renda, a
regra é a de que esta lei que revoga a isenção só entrará em vigor no ano seguinte, salvo se a lei dispuser de
modo mais favorável ao contribuinte.
Pergunta: quais são os impostos que incidem sobre a renda e sobre o patrimônio? São os seguintes: IR; IPTU,
IPVA e ITR. Se ocorrer a revogação da isenção desses impostos, deverá haver a observância do Princípio da
Anterioridade, para conferir segurança jurídica ao contribuinte.
Ex.: o FG do IPTU se realiza todo dia 01/jan. de cada ano. Imaginemos que em 01/01/08 houve a realização
do FG do IPTU. Imaginemos que, de acordo com a lei vigente, o meu imóvel é isento do IPTU. Ou seja, eu
pratico o FG, nasce a OT, mas não se constitui o CT. Até dez/08 não será preciso pagar o IPTU (já que esse
imposto é cobrado em relação a todo o ano). Imaginemos que em ago./08 vem uma lei da Prefeitura e
revoga essa isenção. Essa lei pode ser aplicada apenas para o FG 01/01/09, porque em relação ao ano de
2008 já houve a isenção. Essa lógica do IPTU também se aplica para o IPVA, para o ITR e para o IR, que
também é devido para o ano todo. Quando se aproveita da isenção, ela valerá para todo o exercício.
2ª) Está relacionada à possibilidade de se argüir, de se defender um direito adquirido em face de uma
isenção: Existe direito adquirido à isenção? Sim. Na verdade, existe o direito adquirido à isenção se esta tiver
sido concedida por prazo certo e sob condição ou condições onerosas. Nessa situação existe direito
adquirido.
Art. 178 - A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições,
pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art.
104.
Ou seja, a não ser que se trate de uma isenção concedida por prazo certo e sobre condições, ela poderá ser
revogada. Caso contrário, existe a possibilidade de direito adquirido.
2) Figura da isenção heterônoma:
Na última aula falamos da moratória heterônoma, que, conforme vimos, não foi recepcionada pela CR/88.
A isenção heterônoma é similar: ocorre quando a União, por meio de lei federal, concede a isenção em
relação a tributos estaduais e tributos municipais. Pergunta: a União pode fazer isso?
Quem pode optar por não exercer a competência tributária é cada ente. A União não poderia optar para os
(no lugar dos) demais entes. Por conta disso, esta isenção heterônoma também não foi recepcionada pela
CR/88.
É vedado à União:
Mas, e a isenção concedida por tratado internacional, é possível? E ela configura uma isenção heterônoma?
trata-se de uma exceção ao art. 151, III, CR?
Esta é uma questão muito importante, porque durante muito tempo houve uma certa confusão na doutrina
a respeito da configuração ou não dessa isenção como heterônoma.
O STF decidiu que não se trata de isenção heterônoma. Isso por uma questão conceitual. O signatário do
Tratado Internacional não é a União sozinha, mas sim toda a nação, a República Federativa do Brasil.
Estamos, então, de uma norma nacional e não federal. Quem assina o tratado não é apenas a União como
ente federativo isolado, mas toda a nação. Não é, pois exceção ao art. 151, III, CR. O PR não subscreve
tratados como Chefe de Governo, mas como Chefe de Estado.
☺RE 229096.
3) Aplicação da isenção:
A isenção é sempre aplicada para o futuro. Assim sendo, não podemos pleitear o direito de não pagar se
realizamos o FG antes da isenção.
Imaginemos uma isenção concedida em 2009. Em jul./08 o sujeito comprou um veículo, ou seja, realizou o
FG do IPI. Este sujeito pode pleitear no futuro uma aplicação retroativa da isenção? Não. A isenção só se
aplica para os FGs futuros, não beneficia os FGs passados.
Quem não aproveitou a redução do IPI para comprar seu carro não poderá alegá-la no futuro, e quem
comprou o carro antes da redução também não poderá pleiteá-la.
c) Anistia:
O sujeito passivo realiza o FG de um tributo. Nasce, então, a obrigação tributária e, assim, nasce o dever de
pagar o tributo. Imaginemos que o sujeito passivo não pague. A conseqüência deste não pagamento é: ele
fica sendo devedor do tributo (já era) e fica sendo devedor das penalidades (mais especificamente dos juros
e da multa de mora).
Isso significa que o tributo está em aberto. O próximo passo da AP será a constituição do crédito tributário. A
AP vai lançar, podendo a cobrança do tributo ocorrer na seqüência. Nessa situação específica, antes do
lançamento, vem uma lei que estabelece a anistia das penalidades.
Essa anistia exclui o crédito tributário, inviabilizando a própria constituição do crédito tributário. Quando nós
falamos de anistia, estaremos falando de um débito que está em aberto. É um valor que o sujeito deveria ter
pago e não pagou.
Se é assim, a anistia, diferentemente do que acontece com a isenção, deve olhar para o passado, para
anistiar, para dispensar as penalidades relativas ao não recolhimento do tributo (e não o tributo).
Ela geralmente aparece nos parcelamentos. É muito comum que tenhamos uma lei que diga: você que é
devedor tributário, que tem tributos em aberto, pode pegar todos os seus débitos e parcelar em 100 vezes,
aderindo a um parcelamento. E é muito comum que esta mesma lei diga que se o sujeito optar por dividir só
em 6 vezes (ao invés de 100), terá então um benefício, qual seja, a anistia das penalidades (penalidades que
ainda não foram objeto de constituição, que ainda não estão constituídas, que estão em aberto, porque
ainda não lançadas).
Mas e se a penalidade já estiver constituída? Qual a figura que temos para esse caso?
Aqui temos a figura da remissão da dívida tributária, que representa uma hipótese de extinção do crédito
tributário.
Atenção para isso: anistia é ≠ de remissão, e a diferença está exatamente ai: remissão é remissão da dívida, o
que pressupõe crédito tributário constituído.
Vejamos:
Penalidade
Como são muitos os incisos, aqui trataremos apenas dos aspectos mais relevantes
sobre este assunto.
a) Compensação:
Em princípio, ela está prevista no art. 156, II, CTN. Na compensação o que temos é o
encontro de contas entre o sujeito passivo e a AP. Esse encontro de contas pressupõe, na
verdade, duas relações jurídicas tributárias.
Imaginemos o seguinte caso: em uma das RJT eu tenho a empresa ABC como
detentora de um dever, e a União como detentora de um direito. A empresa ABC tem o
dever de pagar a COFINS e a União tem o direito de cobrar tal imposto. Esta é a primeira
relação jurídica tributária. Mas, para que haja a compensação, precisamos de uma outra
relação jurídica tributária. Nesta segunda relação jurídica tributária, a empresa ABC tem o
direito de reaver a CSL e a União tem o dever de devolver esta contribuição social sobre o
lucro, que foi paga a mais. Na compensação essas duas RJT se encontram. Assim, há uma
anulação de direitos e deveres. Isso é a compensação: o encontro de contas entre o sujeito
passivo e a AP, que pressupõe essas duas RJT.
Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em
cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos
tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a
Fazenda pública.
Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os
efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução
maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer
entre a data da compensação e a do vencimento.
O art. 170 diz que a lei deve autorizar a compensação e, ao autorizar a compensação,
será a lei que irá estabelecer as condições para esta compensação (o que será compensado
com o quê; qual é o papel da autoridade administrativa, qual o procedimento que será
usado etc.).
Já o art. 170-A é um dispositivo novo no CTN, que foi incluído pela LC 104/01. O seu
objetivo foi disciplinar a compensação que poderia ou não ocorrer na vigência de um
processo judicial.
Imaginemos que uma determinada pessoa jurídica entenda que não deve pagar
COFINS. Ela então impetra um MS que tem por objetivo discutir a constitucionalidade, a
legalidade deste tributo. Ela quer discutir o mérito da contribuição. Ela quer ver uma
declaração incidental de inconstitucionalidade sobre o tributo. Suponhamos então que o
juiz conceda a liminar para dizer que o contribuinte não precisa fazer o pagamento da
COFINS (entende que há fumus e periculum). Os contribuintes dispensados do pagamento
pleitearam, diante disso, então, a compensação.
Agora imaginemos que uma determinada pessoa jurídica ache que ela não deve
pagar COFINS. Essa pessoa impetra um MS que tem por objetivo discutir a COFINS. O juiz
concede a liminar para dizer que o contribuinte não precisa fazer o pagamento da COFINS.
Os contribuintes, dispensados do pagamento, pleitearam a retroatividade dos efeitos da
liminar para a efetivação de compensação com débitos futuros e outros tributos. Esse
contribuintes tentaram realizar uma compensação de tributo objeto de contestação
judicial. Eles tentaram realizar essa compensação antes mesmo da decisão final.
Pergunta: isso pode ser feito juridicamente? Claro. Como sabemos, nada escapa da
avaliação do Poder Judiciário. Mas qual é o meio adequado para isso?
- e existe também uma possibilidade menos óbvia, que é o MS. Ele foi por muitas e
muitas vezes impetrado para obter o direito de compensar. O STJ reconheceu que o MS é
sim ação adequada, ao lado da ação supra citada. Essa posição do STJ gerou uma súmula, a
Súm. 213:
Mas o que o STJ disse ser possível foi o MS. Ocorre que os contribuintes começaram
a impetrar também o pedido de liminar.
E sobre esta questão nós tivemos uma outra súmula (que acabou sendo publicada
antes mesmo da Súm. 213), que foi a Súm. 212:
“A compensação de créditos tributários não pode ser deferida em ação cautelar ou por
medida liminar cautelar ou antecipatória”.
b) Remissão:
Está prevista no art. 156, IV, CTN.
ATENÇÃO:
O sujeito passivo realiza o FG; por realizar o FG faz o pagamento antecipado e este
pagamento isoladamente não é capaz de extinguir o crédito tributário, porque é precário.
Para que haja a extinção do crédito tributário será necessária a homologação deste
pagamento, que representa a concordância da autoridade administrativa.
d) Consignação em pagamento:
☺art. 156, VIII, CTN.
Quais são as possibilidades de consignação previstas no art. 164, CTN? Ele fala em
consignação diante de 3 situações:
I) Recusa de recebimento por parte da autoridade administrativa;
II) Subordina o pagamento do tributo ou da penalidade à obrigação tributária
acessória ou ao cumprimento de alguma exigência sem fundamento legal;
III) Bitributação → exigência de dois tributos diferentes sobre o mesmo FG.
Art. 164. A importância de crédito tributário pode ser consignada judicialmente pelo sujeito
passivo, nos casos:
I - de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou de
penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória;
II - de subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas sem
fundamento legal;
III - de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico
sobre um mesmo fato gerador.
§ 1º A consignação só pode versar sobre o crédito que o consignante se propõe pagar.
§ 2º Julgada procedente a consignação, o pagamento se reputa efetuado e a importância
consignada é convertida em renda; julgada improcedente a consignação no todo ou em
parte, cobra-se o crédito acrescido de juros de mora, sem prejuízo das penalidades cabíveis.
e) Dação em pagamento:
☺ art. 156, XI, CTN.
Esse instituto foi criado no CTN pela LC n°104/2001. A dação em pagamento, nada
mais é que uma outra forma de pagamento. É o pagamento com bens. Essa transferência do
dinheiro para outro tipo de bens só é permitida em se tratando de bens imóveis. Essa
possibilidade de extinção do crédito tributário depende de regulamentação legal. Essa
regulamentação será feita por cada um dos entes da Federação, o que a aproxima da
compensação.
5) PRESCRIÇÃO:
Como vimos até aqui, o sujeito passivo realiza o FG e disso nasce a Obrigação Tributária ex lege. A obrigação
tributária é um dever e tem um direito correspondente, que é o crédito tributário, que, por sua vez, deve ser
constituído.
O crédito tributário, uma vez constituído e, não havendo nenhuma forma de modificação (nem suspensão da
exigibilidade, nem exclusão e nem extinção), o próximo passo será a cobrança administrativa.
Se o sujeito passivo ignorar esta cobrança administrativa, a AP vai tomar medidas para a efetivar a cobrança
judicial deste crédito tributário, e esta cobrança judicial implica o ajuizamento da execução fiscal.
Para ajuizar a execução fiscal a Fazenda deve: inscrever o débito em Dívida Ativa (DA), emitir a CDA e só
depois promover a cobrança judicial por meio da execução fiscal.
O objeto desta aula de hoje será genericamente a execução fiscal. Mas, para tanto, é preciso que estudemos
a prescrição, porque o prazo de prescrição é o prazo para promover essa cobrança judicial.
Ademais, temos que estudar esses atos preparatórios: o que é DA, o que é CDA e porque elas estão antes do
próprio processo de execução fiscal.
Prescrição equivale a perda do direito de cobrar o crédito tributário. E Perda do direito pelo decurso de
prazo.
Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da
sua constituição definitiva.
I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; (Redação dada pela Lcp nº 118,
de 2005)
IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito
pelo devedor.
Segundo este art. o termo inicial da prescrição é a constituição definitiva. Este é o dias a quo do prazo de
prescrição.
Aqui nós temos duas situações possíveis que se relacionam com o sujeito que constituiu o crédito tributário:
o crédito tributário pode ser constituído pela Administração, através do lançamento; ou pode ser constituído
pelo sujeito passivo, através da declaração.
A depender de quem constitua o crédito tributário, teremos a ocorrência da constituição definitiva e o início
do prazo de prescrição de formas diferenciadas.
Assim, é preciso saber quem constituiu o crédito tributário.
Vejamos:
a) Se o crédito tributário foi constituído pelo sujeito passivo, por meio de declaração no tributo lançado
por homologação:
Nesta hipótese o prazo de prescrição começa a correr na data do vencimento do tributo. O sujeito passivo
realiza o FG e declara que deve X de tributo. O próximo passo seria pagar o tributo. Mas se ele fez a
declaração correta e não fez o pagamento, para que haja a cobrança do tributo que deixou de ser pago, a AP
não precisa fazer o lançamento, porque já houve a constituição do crédito tributário. A AP já pode pegar o
valor, inscrever em DA, emitir a CDA e ajuizar a execução fiscal. A preocupação aqui é com o prazo de
prescrição. E o prazo, segundo o STJ, começa a contar na data do vencimento do tributo. É a partir daí que
teríamos a constituição definitiva do crédito tributário e, portanto, a partir daí teríamos o início do prazo da
prescrição. Há um caso que na hipótese de apresentada declaração de tributo já vencido.
Exceção: hipótese em que começará a contar a partir da declaração: hipótese de apresentada declaração de
tributo já vencido. Nesse caso a declaração deve ser considerada como termo inicial da prescrição.
Inscrição em DA
Emissão de CDA
Declaração Constituição do CT Não pagamento Execução Fiscal
Vencimento
Prescrição
O sujeito passivo deixou de pagar o tributo e, por conta disso, recebeu o lançamento tributário e, a partir
daí, terá 30 dias para resolver o que vai fazer diante deste lançamento (sendo que este lançamento é
acompanhado de uma cobrança administrativa). Ele pode então pagar o tributo que está sendo exigido, ele
pode impugnar essa exigência (discordar administrativamente), ou ele pode ignorar esta cobrança (não fazer
nada). Se ele paga, o resultado será a extinção do crédito tributário. A preocupação então aqui é com a
impugnação ou com o não fazer nada.
Paga → extinção do CT
Prescrição
30 dias
Quando o sujeito passivo apresenta impugnação, ele com isso dá início a um processo administrativo. A
imutabilidade do crédito tributário na esfera administrativa então só se verifica com a decisão final naquele
processo. Só ai se dará a constituição definitiva e, portanto, o início do prazo de prescrição.
Essas são as duas hipóteses de contagem de prescrição no caso em que o crédito tributário é constituído
pelo lançamento (pela AP).
É possível que ocorra, como vimos, alguma hipótese de suspensão da exigibilidade, que terá reflexos no
prazo de prescrição, mas este já se iniciou com a constituição definitiva.
Com o início do prazo de prescrição, corre contra a AP o prazo para que ela realize a cobrança judicial. Assim,
em qualquer dos casos (crédito tributário constituído pelo sujeito passivo ou crédito tributário constituído
pela AP), o que importa é que teremos o crédito tributário constituído definitivamente, ou seja, teremos a
constituição definitiva e, com ela, o início da prescrição. Ai teremos o início do prazo de 5 anos para a
promoção da execução fiscal.
O que a AP tem que fazer para promover a execução fiscal, quando ela sabe que tem esse prazo correndo
contra ela?
A AP vai, em primeiro lugar, inscrever o débito em DA e, depois, emitir a CDA, para só depois ajuizar a
execução fiscal, tudo isso com o prazo da prescrição correndo.
Agora que já sabemos quando começa o prazo de prescrição, precisamos estudar o que é a DA, a CDA e os
principais aspectos da execução fiscal.
Parágrafo único. A fluência de juros de mora não exclui, para os efeitos deste artigo, a liquidez do
crédito.
A DA só pode ser realizada após a constituição definitiva e após um procedimento administrativo prévio.
Este art. define a dívida ativa tributária e diz que ela é a proveniente de crédito tributário.
Ou seja, a DA refere-se a dívidas tributários e não tributária. Apenas a DA tributária deve submeter as regras
do CTN.
Esses valores podem ser valores tributários ou não. Ex.: ela pode ter direito de receber uma multa
ambiental, uma multa determinada pelo CADE, etc., valores que constituem a dívida ativa, mas que não são
dívidas tributárias.
Esses dispositivos que estudaremos aqui no CTN se aplicam apenas às dívidas que tenham natureza
tributária. Não se aplicam aos créditos de outra natureza.
Assim, a dívida ativa compreende, portanto, os créditos da AP e esses créditos podem ser tributários ou não
tributários. Em relação aos créditos tributários, a disciplina que prevalece é a disciplina do CTN.
A DA, ao compreender todos esses créditos da AP, é na verdade um cadastro que a AP faz de seus
devedores. Um cadastro que a AP faz daquelas pessoas que não cumpriram com as suas obrigações no
prazo, ou seja, que deveriam ter quitado uma obrigação tributária ou não tributária e não o fizeram.
A DA tem que estar inscrita em um determinado cadastro e esta inscrição somente é possível depois de
esgotado o prazo para pagamento definido em lei ou por decisão proferida em processo regular.
Para inscrever um crédito em DA é preciso não só que o sujeito ativo seja devedor, mas também será preciso
que haja um débito, obrigação tributária vencida, e obrigação tributária vencida esta cujo crédito tributário
já esteja definitivamente constituído.
Assim, será necessário, no caso da dívida ativa tributária, o cadastro na AP quanto aos seus devedores e a
constituição definitiva do crédito tributário. Esses são os requisitos para a inscrição em DA.
PERGUNTA: Quais são os elementos relativos à DA que devem estar necessariamente presentes, sob pena de
nulidade da inscrição?
São os elementos obrigatórios (e que se não estiverem presentes, a DA pode ser considerada nula). Pois
bem, a inscrição no cadastro gerará um Termo de inscrição em DA, mas qual é o conteúdo deste termo de
inscrição?
I - o nome do devedor e, sendo caso, o dos co-responsáveis, bem como, sempre que possível, o
domicílio ou a residência de um e de outros;
III - a origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei em que seja
fundado;
Parágrafo único. A certidão conterá, além dos requisitos deste artigo, a indicação do livro e da folha
da inscrição.
Art. 204. A dívida regularmente inscrita goza da presunção de certeza e liquidez e tem o efeito de
prova pré-constituída.
Parágrafo único. A presunção a que se refere este artigo é relativa e pode ser ilidida por prova
inequívoca, a cargo do sujeito passivo ou do terceiro a que aproveite.
Caberá ao sujeito passivo desconstituir aquele termo de inscrição em DA (comprovar que existe algo de
errado com ele).
O art. 204, CTN confere uma presunção de liquidez e certeza à dívida inscrita, àquele valor que foi objeto de
inscrição.
Além disso, determina o art. que o termo de inscrição em DA é uma prova pré-constituída, e, portanto, cabe
ao sujeito passivo desconstituí-la.
Tal presunção é relativa, mas o fato é que com a inscrição haverá a inversão do ônus da prova (o sujeito
passivo é que terá que provar que o débito não existe).
Essa história do termo da inscrição em DA inverter o ônus da prova se aplica claramente à situação da
responsabilidade dos sócios (é o sócio que tem que comprovar que não é responsável). Se o sócio aparece
como co-responsável tributário, então se terá aqui a inversão do ônus da prova.
2) O segundo efeito está previsto no art. 2º, §3º da Lei de Execuções Fiscais (Lei 6.830/80):
Art. 2º. Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definida como tributária ou não tributária
na Lei 4.320, de 17 de março de 1964, com as alterações posteriores, que estatui normas gerais de
direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos
Municípios e do Distrito Federal.
§3º. A inscrição, que se constitui no ato de controle administrativo da legalidade, será feita pelo
órgão competente para apurar a liquidez e certeza do crédito e suspenderá a prescrição, para todos
os efeitos de direito, por cento e oitenta dias ou até a distribuição da execução fiscal, se esta ocorrer
antes de findo aquele prazo.
Este art. diz que constituído o crédito tributário (não importa por qual meio), na seqüência haverá a sua
constituição definitiva e, com ela, o início do prazo de 5 anos para a promoção da execução fiscal.
Imaginemos que a constituição definitiva se deu no dia 20/05/02. Isso significa que o término do prazo de
prescrição seria no dia 20/05/07. Ocorre que com a inscrição em DA, o prazo de prescrição fica suspenso.
Imaginemos que a inscrição em DA se deu em 20/05/03. Esse prazo que estava correndo fica, então,
suspenso. O prazo voltará a correr e retomará pelo restante. Ou seja, retomará, quando terminada a
suspensão, por mais 4 anos.
Mas de quanto é esse “fôlego” que a AP tem (prazo em que o curso da prescrição está suspenso)? É, em
regra, de 180 dias, ou até o ajuizamento da EF. Nesse caso, portanto, esse prazo de prescrição recomeçaria a
correr no dia 20/11/03 (em tese, 6 meses depois – mas atenção: não são 6 meses, e sim 180 dias!). E é a
partir daí que se contariam os 4 anos restantes. Portanto, o termo final do prazo de prescrição se daria em
20/11/07 (e não em maio).
O dispositivo diz que o prazo de prescrição fica suspenso por 180 ou até o ajuizamento da execução fiscal, o
que ocorrer primeiro. Ou seja, a inscrição em DA suspende a prescrição por 180 dias, mas suspende a
prescrição por 180 dias em princípio, porque é preciso verificar se a execução fiscal não foi ajuizada no meio
desse prazo. Se for, neste momento termina a suspensão.
Se a execução fiscal for ajuizada dentro do prazo de 180 dias, cessa a suspensão, termina a suspensão do
prazo de prescrição.
Esse dispositivo é um dispositivo muito debatido porque, na verdade, temos um conflito com o CTN, que não
fala nada de suspensão. Mas, o que ocorre na prática é que esse prazo, então, acaba sendo de 5 anos e 180
dias, salvo se a execução for ajuizada antes.
Ocorre que esse tema foi parar no STJ e o tribunal decidiu, de forma unânime, que este prazo mais
estendido (de 5 anos e 180 dias) NÃO deve prevalecer para as dívidas tributárias, já que quem as disciplina é
o CTN e ele não dispõe nada sobre isso. O CTN deve prevalecer. Esse dispositivo, portanto, só se aplica para
as dívidas não tributárias.
Vide STJ, RESP. 1.055.259 e RESP 1.164.178. Vide também Em Div. no RESP 657.536 da 1ª seção.
3) O terceiro efeito está no art. 185, CTN, que trata de uma presunção de fraude que se opera em face do
sujeito passivo.
Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por
sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito
como dívida ativa.(Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005)
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido reservados, pelo
devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita. (Redação dada pela Lcp
nº 118, de 2005)
Esse art. diz que se o contribuinte tem um débito inscrito em DA, isso significa que ele já foi notificado dessa
inscrição (já tem ciência dela) e, assim sendo, se depois dessa notificação o contribuinte realiza uma
alienação de algum bem do seu patrimônio, essa alienação é presumivelmente fraudulenta. Isso porque a AP
olha para essa alienação e diz que o que parece é que o contribuinte pretende frustrar a execução fiscal.
Para evitar este tipo de fraude, o art. 185 determina que essa venda é presumivelmente fraudulenta. Esta
presunção de fraude, porém, é relativa, e pode ser afastada se o contribuinte provar que tem bens
suficientes para quitar o débito.
Esse dispositivo é muito importante porque ele é resultado de uma modificação no CTN pela LC 118/05.
A redação anterior trazia a expressão “em fase de execução”, ou seja, para que a alienação fosse tida como
fraudulenta não bastava a inscrição em DA, era necessário que a DA já estivesse em fase de execução. Ou
seja, a execução fiscal já deveria ter sido ajuizada para que se pudesse caracterizar a fraude. A nova redação
antecipou o momento da presunção da fraude.
Essa nova regra, que decorre da LC 118/05, é aplicada para as alienações realizadas a partir de 09/06/05,
incluindo-se as realizadas no dia 09, pois essa foi a data em que a LC 118/05 entrou em vigor.
O que importa, portanto, é que a alienação tenha sido feita após esta data. Mas atenção: para que a
alienação seja considerada fraudulenta, é preciso que tenha já havido a notificação.
Fato Jurídico
Suspensão
Extinção
FG Obrigação Tributária Crédito Tributário
Exclusão
Lançamento
Lei Presunção de fraude do art. 185, CTN
Termo de inscrição em DA CDA