Educacao 4.0
Educacao 4.0
Educacao 4.0
Londrina
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
2020
2
© 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Presidente
Rodrigo Galindo
Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Braga de Oliveira Higa
Carolina Yaly
Giani Vendramel de Oliveira
Juliana Caramigo Gennarini
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Coordenador
Giani Vendramel de Oliveira
Revisor
Vanessa Moreira Crecci
Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Beatriz Meloni Montefusco
Gilvânia Honório dos Santos
Hâmila Samai Franco dos Santos
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal
2020
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: [email protected]
Homepage: http://www.kroton.com.br/
3
EDUCAÇÃO 4.0: CONCEITO,
PERSPECTIVAS E DESAFIOS
SUMÁRIO
Origem e conceituação da Educação 4.0_____________________________ 05
4
Origem e conceituação da
Educação 4.0
Autoria: Neide Rodriguez Barea Tavares
Leitura crítica: Vanessa Moreira Crecci
Objetivos
• Conhecer a concepção de Indústria 4.0 e as
necessidades oriundas dessa nova perspectiva
global.
5
1. Introdução
6
e até mesmo nas eras históricas, mais amplas e universalmente aceitas,
tais como a Pré-história, a Antiguidade, as Idades Média, Moderna e
Contemporânea, esta última na qual nos encontramos atualmente.
Porém, apesar de a sociedade se encontrar em um dado período
histórico, continuam ocorrendo transformações que, talvez, não sejam
grandes o suficiente para determinar o fim de uma era histórica e o
início de outra, mas são profundamente fortes ao ponto de provocar
impactos globais. Estamos falando das revoluções industriais.
7
O controle do fogo, a invenção da roda e a modelagem do ferro
trouxeram grande avanço para a humanidade. As sociedades passaram
a usar a força da água e do vento para criar moinhos para moer grãos
e permitir outras formas de produção alimentar. Também passaram
a canalizar a água e a criar sistemas de esgotos, demonstrando
evolução constante. Ainda assim, não representavam grande impacto
na natureza, mas o cenário se modificou drasticamente com as novas
formas de produção industrial.
8
novos empregos e novas ocupações; ampliou a produção, favorecendo
o acesso da população a novos produtos; e também trouxe exploração
das riquezas naturais do continente africano. Outros países, como
Alemanha, França, Bélgica e Holanda, também criaram seus sistemas
industriais.
9
É por volta da época da Administração Científica que o Brasil inicia seu
processo de industrialização, já no final da 2ª Revolução Industrial.
10
se empregam dados digitais para reorganizar a indústria, em ampla
conectividade com informações da nuvem e com a internet das coisas.
Vamos detalhar a Indústria 4.0, que origina os processos da Educação
4.0, a seguir.
A Indústria 4.0 (I4.0) é marcada por uma grande revolução nos processos
de produção, que passam a interconectar equipes e equipamentos.
Para termos noção, já existe uma geladeira capaz de notificar seu dono
sobre a baixa de estoque, ou seja, conforme os produtos vão sendo
retirados, a geladeira contabiliza os débitos e é capaz de enviar uma
mensagem ao proprietário informando que o estoque foi diminuído em
tal porcentagem ou foi zerado. Agora, vamos imaginar essa situação em
uma indústria: os equipamentos eletrônicos são capazes de contabilizar
o uso das matérias-primas, controlando o estoque. Ao identificar que
o estoque baixou, o próprio sistema emite uma nota para compra da
matéria-prima diretamente para o equipamento de outra empresa, ao
mesmo tempo em que notifica a necessidade de uma operação bancária
11
de pagamento para a aquisição da mercadoria. Os equipamentos
da empresa fornecedora, por sua vez, recebem o pedido de compra,
separam e embalam mecanicamente os produtos adquiridos; etiquetam
com o endereço a ser entregue e notificam a transportadora, que levará
o produto.
12
Possibilidade de controlar equipamentos e serviços
(controle da energia, do ar-condicionado, de
eletrodomésticos, incluindo serviços de segurança
Internet das Coisas
e acionamento de robôs etc.) por meio da internet,
a partir de conexões entre empresa-residência-
veículo.
13
Sistema semelhante à inteligência humana capaz
de tomar decisões considerando as informações
Inteligência Artificial (IA)
captadas no ambiente – muitas ligações telefônicas
atualmente já contam com sistemas de IA.
14
aquecer ou resfriar, por exemplo); dispositivos implantados no corpo
para monitoramento da saúde (em grande escala), óculos, lentes e
fones de ouvidos capazes de levar olhos e orelhas à conexão com
a internet; nuvem de dados com espaço infinito e gratuito para
qualquer usuário; além de cidades inteligentes e cidades conectadas.
15
preocupação da educação é formar os futuros cidadãos preparados
para enfrentar contextos em mudança, incertos e multidimensionais.
16
os professores ou os equipamentos, conforme tendências
passadas.
2. A aprendizagem será personalizada, ou seja, os estudantes
poderão decidir o que aprender, como e onde aprender,
considerando seus valores pessoais, seus interesses, suas
perspectivas, a comunidade onde habitam e sua visão de
futuro.
3. Nesse sentido, os professores assumirão o papel de tutores,
orientando o percurso e estimulando a aprendizagem e o
avanço dos estudantes.
4. A aprendizagem ocorrerá em tempos e locais diversos, não
havendo mais a necessidade de a escola ser a única fonte de
aquisição de informações; não que a escola desaparecerá,
mas haverá outras instituições parceiras e diversos cursos que
comporão os espaços de aprendizagem.
5. A Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP), as experiências
e vivências, as visitas em campo, a interpretação e análise de
dados, a busca por condições dignas de vida para todos os
seres humanos, o cuidado com o planeta e a minimização dos
impactos negativos que o homem gera na natureza serão o foco
dos processos de ensino-aprendizagem.
6. Haverá larga produção de conteúdo, disponibilizados
gratuitamente, divulgando conhecimentos e cultura de forma
ampla e sem fronteiras.
17
assumir, adentrando em aspectos e discussões que não eram muito
associadas ao ambiente escolar, mas que agora urge assumir.
Referências Bibliográficas
FÜRH, R. C. Educação 4.0 nos impactos da quarta revolução industrial. Curitiba:
Appris, 2019.
SCHWAB, K. A quarta revolução industrial. São Paulo: Edipro, 2016.
TESSARINI JUNIOR, G.; SALTORATO, P. Impactos da indústria 4.0 na organização
do trabalho: uma revisão sistemática da literatura. Revista Produção Online,
Florianópolis, v. 18, n. 2, p. 743-769, 2018. Disponível em: https://producaoonline.
org.br/rpo/article/viewFile/2967/1678. Acesso em: 3 jan. 2020.
18
Educação 4.0: novas perspectivas
educacionais e impactos no
cotidiano escolar e corporativo
Autoria: Luís Fernando Crespo
Leitura crítica: Vanessa Moreira Crecci
Objetivos
• Entender que a realidade 4.0 impõe necessidades
que devem ser pensadas pela educação.
19
1. A educação na sociedade
20
A partir disso, vem a reflexão sobre uma possível Educação 4.0: qual
novo olhar podemos lançar para a educação? O que podemos entender
com a terminologia “4.0” na prática educativa? Que modelo de escola
temos e como ele é afetado? É o que veremos nesta unidade temática.
21
a educação não pode estar alheia aos seus desenvolvimentos,
pressupostos e necessidades.
22
A pergunta que sempre deve aparecer é “o que significa educar hoje?”. Ao
longo do tempo, as comunidades humanas perceberam a necessidade
de que alguns conhecimentos não fossem perdidos, entre eles conteúdos
teóricos, técnicos, culturais etc. Podemos pensar que a própria identidade
de um grupo humano depende de certos tipos de conhecimentos
partilhados e preservados. Desse modo, a educação serve como meio
pelo qual tais conhecimentos são passados das gerações mais velhas para
as mais novas, fazendo com que estas assimilem um traço identitário e
possam assegurar a realização de determinados valores.
23
O mundo muda velozmente e a educação deve, a todo momento, lidar
com algo novo: um modelo novo, uma sociedade nova, um ser humano
novo. E esse novo é ultrapassado sempre, ou seja, não é mais algo sólido
que pode ser apreendido totalmente. Seguindo o pensamento de Bauman
(2001), poderíamos dizer que tudo se torna líquido.
A Educação 4.0 tem como objetivo principal dar condições para que os
alunos atuem nessa sociedade tecnológica, conseguindo transformar ideias
em coisas reais. Não se trata, porém, de simplesmente passar a ensinar o
uso das tecnologias, pois manuais amplamente disponíveis (textos, vídeos
etc.) dariam conta de fazer isso. Para a educação, resta a necessidade
de formar indivíduos que saibam ler a realidade 4.0 e desenvolvam as
diferentes e novas habilidades necessárias. Educar é trabalhar com o ser
humano como um todo; a educação deve ensinar novos modos de relação
humana que são importantes para o contexto 4.0.
24
educação para novas habilidades e competências. Os trabalhos em grupo
e colaborativos são de fundamental importância nesse sentido. Porém,
para que essa transformação aconteça, o formato da escola deve ser
repensado: os modelos formais ainda são tradicionais, presos a contextos
que não existem mais.
a. Complexidade
25
Pensemos um exemplo: antigamente, para ser um bom professor, era
necessário que se tivesse feito um bom curso de sua formação, em
uma boa instituição; na atualidade, e principalmente na realidade 4.0,
um professor que fica apenas em sua área de formação pode atuar,
mas corre sério risco de ser mediano. O professor mais completo e
mais apto para atuar é aquele que, além de sua formação específica,
tem conhecimentos de tecnologia, de psicologia, de neurociências
etc. Tudo isso, porque o aluno vive em uma realidade complexa que o
bombardeia com estímulos diversos que o fazem mais complexo. Assim,
além de buscar outros conhecimentos, o professor deverá aprender a se
relacionar com equipes cada vez mais multidisciplinares (as várias áreas
trabalhando juntas, cada uma em seu caminho) e interdisciplinares (os
caminhos das diferentes áreas se entrecruzam).
b. Criticidade
26
se que um problema não solucionado implica fracasso daqueles que são
responsáveis por ele. Na Educação 4.0, a postura diante do problema é
outra. Nem todo problema tem solução, ou fácil solução, dentro de um
contexto complexo, e a não resolução de um problema não significa
fracasso, pois muito se é possível aprender com situações de problema.
Assim, o mais importante é aprender a lidar com os problemas com
análises mais completas, trazendo os diferentes olhares dos sujeitos
envolvidos. Um problema indica elementos da situação que podem estar
ocultos, que, ao aparecerem, permitem um conhecimento maior do
processo como um todo.
d. Colaboração
27
aula invertida (flipped classroom) etc. São inúmeras as metodologias que
podem ser adotadas, mas o importante diante de cada uma delas é ter
em mente que
28
é dialética, pois a educação transforma a realidade, que por sua vez a
modifica. A tentativa de perpetuar o modelo tradicional pouco alcança,
já que ele se sustenta em um determinado contexto. Uma pergunta a se
fazer aqui é sobre quais são as novas finalidades que a realidade impõe
para a educação.
Para todas essas necessidades, o professor tem muito trabalho, mas isso
não é diferente do que ele enfrenta cotidianamente em sua atividade.
Dizendo de outro modo, é entender que o professor já é desafiado
pela realidade todos os dias e, de um modo ou outro, já desenvolve
estratégias que reformulam seu fazer. Em sala de aula, os alunos estão
do modo como a escola tradicional determina apenas por fora; seus
corpos estão ali por obrigação e obediência, mas suas mentes e seu
modo de aprender não são mais como antigamente. Significa que não
29
apenas seus celulares estão conectados, mas que seus cérebros estão
interconectados de outro modo com a realidade, por meio da tecnologia.
30
aprender sempre mais de maneira integral, de maneira não restritiva,
pois é na contribuição do grupo de colaboradores que o conhecimento
adquirido pela empresa se mostra e se fortalece.
Fazer com que alguém aprenda algo é, dessa forma, mais significativo
que simplesmente treinar. Quando o colaborador aprende a aprender,
ele transforma a si próprio. Trata-se de processo que não é rápido nem
automático, pois ele se desliga da ideia que sempre teve de que era
necessário frequentar uma aula ou participar de um treinamento
31
tecnológico do século XXI) já estão trabalhando nas nossas empresas.
Quando trabalham, seu modo de pensar é a extensão do modo como
pensam quando estão no ambiente virtual – a agilidade, o jogo, o
estabelecimento de relações etc.
32
“Autonomia e criatividade, em ambientes dinâmicos e interativos”:
eis algo que pode mudar o modo como alguns setores do ambiente
corporativo trabalham. É claro que os problemas são sempre novos e
exigem novas soluções, mas, antes, é preciso que o professional adote
uma nova postura diante deles e do modo como costuma agir para
encontrar soluções.
Referências Bibliográficas
BACICH, Lilian; MORAN, José (Orgs.). Metodologias ativas para uma educação
inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de janeiro: Jorge Zahar, 2001.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases
da educação nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l9394.htm. Acesso em: 23 mar. 2020.
CAMPOS, Luis Fernando Altenfelder de Arruda; LASTORIA, Luiz Antônio Calmon
Nabuco. Semiformação e inteligência artificial no ensino. Pro-Posições, Campinas,
v. 31, 2020. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pp/v31/1980-6248-pp-
31-e20180105.pdf. Acesso em: 9 fev. 2020.
CARBONELL, Jaume. A Aventura de inovar: a mudança na escola. Porto Alegre:
Artmed Editora. 2002.
DURKHEIM, Émile. Educação e sociologia. São Paulo: Melhoramentos, 1978.
33
KENSKI, Vani Moreira. Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação.
Campinas: Papirus, 2015.
MUNHOZ, Antonio Siemsen. Educação corporativa: desafio para o século XXI.
Curitiba: Intersaberes, 2015.
SACOMANO, José Benedito (Org.) et al. Indústria 4.0. São Paulo: Blucher, 2018.
SAVIANI, Dermeval. A filosofia da educação e o problema da inovação em educação.
In: GARCIA, Walter Esteves (coord.). Inovação educacional no Brasil: problemas e
perspectivas. 3. ed. Campinas: Autores Associados, 1995. p. 17-32.
34
Educação 4.0: desafios e cuidados
diante da inovação tecnológica
Autoria: Luís Fernando Crespo
Leitura crítica: Vanessa Moreira Crecci
Objetivos
• Apresentar o novo contexto de educação na
realidade 4.0.
35
1. O mundo da inovação tecnológica
São muitas as questões que podem ser levantadas, mas são desafios
que devem levar a respostas práticas, na realização do ato educativo.
Quando são identificados desafios, de maneira direta, temos de
pensar sobre os cuidados que devemos ter para que a realização
da educação mediada pelas novas pedagogias e permeada pela
36
tecnologia constitua aprimoramento das práticas educativas novas e
dos resultados benéficos para toda a sociedade.
37
preparada. Assim, ao se considerar que muitas empresas se instalam
em áreas menos privilegiadas em busca de benefícios, acabam por
auxiliar no desenvolvimento daquela localidade.
38
O novo aluno ganha novo espaço na consideração e na própria ação.
Ele passa a ser considerado de modo diverso: não mais é recebido
como parte de um público homogêneo que aprende de um único
modo. O aluno é considerado em sua singularidade e, assim, passa
a ter à disposição diferentes caminhos para seguir buscando a
aprendizagem.
2. Âmbitos de desafios
39
os desafios em cinco ideias principais. Essas ideias não especificam
todos os desafios que podem aparecer, já que são reflexões em torno
de certos problemas, mas é possível vislumbrar que tipos de situações
podem advir deles.
40
Assim, para que os projetos possam se realizar, é necessária uma nova
estrutura:
41
Por conta disso, é de suma importância haver uma equipe de suporte
na área de T.I. (tecnologia da informação), que pode lidar e moldar a
tecnologia para determinadas necessidades, como a criação de um
ambiente virtual de aprendizagem. Vale lembrar que há adequação
dentro de certos limites, por isso a importância de uma equipe que
trabalhe com o usuário final (coordenador, professor, aluno).
Porém, como dar conta disso, diante das tecnologias que mudam
constantemente? A palavra-chave é atualização. O professor que não se
atualiza fica para trás rapidamente. Além disso, tão importante ou mais
que a atualização em sua respectiva área de atuação, é a atualização
em tecnologia, mais especificamente nas tecnologias voltadas para a
educação, tecnologias digitais e tecnologias pedagógicas. Exige-se do
novo profissional que ele tenha conhecimento (o mínimo necessário)
das diversas áreas relacionadas ao novo fazer: tecnologia (softwares),
administração (por exemplo, o trabalho com projetos já é realizado nas
empresas) e pedagógicos (especialmente relacionados às metodologias
chamadas “ativas”).
42
A valorização do que é novo, mais potente ou, simplesmente,
diferente, já faz parte das concepções culturais e sociais presentes
na atualidade. Queremos algo que potencialize nossa capacidade de
interação, comunicação, acesso e armazenamento das informações. Na
atualidade, construímos nossas relações em meio aos mais variados
artefatos tecnológicos. A cultura contemporânea está ligada à ideia da
interatividade, da interconexão e da inter-relação entre as pessoas, e entre
essas e os mais diversos espaços virtuais de produção e disponibilização
das informações. (KENSKI, 2013, p. 62)
Por conta do contexto citado, temos de lidar com hábitos que os alunos
trazem e que são prejudiciais ao aprendizado significativo. Talvez o
principal seja do aluno passivo e copista, aquele que não busca agir, mas
receber; que não produz, mas copia. Tais hábitos vêm de uma história,
tendo o aluno entendido que poderia ser assim, e assim se fez. Trata-
43
se, então, de tentar mudar algo que já vem sedimentado, devendo o
engajamento ser buscado por meio de conteúdos apresentados de
novas maneiras, que conquistem a atenção e o interesse.
Resta claro que, quando o aluno não tem uma boa direção, a tecnologia
colabora para que ele não conquiste (ou perca) seus hábitos ou métodos
de estudos mais aprofundados. O hábito da busca pela facilidade o
leva a viver em uma zona de conforto. Esse aluno precisa enxergar
diante de si o que se alcança com os diferentes usos da tecnologia para
que, assim, possa fazer sempre escolhas que contribuam mais para
o seu aprendizado. A tecnologia deve abrir novas possibilidades de
pensamento e aprendizagem aos alunos, mas não pensar por eles.
44
Queríamos inserir esses recursos na rotina dos alunos, mas com atividades
que fossem significativas para eles. Se vamos editar um texto, não pode ser
qualquer um. Como sugestão da professora de português, começamos a
usar produções que se relacionavam com as memórias deles. Foi assim que a
professora de música passou a trabalhar com o resgate de memórias musicais
da infância, adolescência e idade adulta. Por sua vez, os professores de teatro
passaram a orientar a composição de cenas relacionadas com essas músicas.
Nas aulas de cultura digital começamos a desenvolver apresentações,
envolvendo vídeos e pesquisas na internet.
45
Em uma aula presencial, o professor chama a atenção dos alunos para que
não se distraiam com seus aparelhos eletrônicos, pois aquele é o momento
de voltar a atenção para o que é apresentado ao vivo. Engajamento é fazer
com que o aluno não seja simplesmente laçado, mas que ele se proponha
a seguir a organização proposta para a aula. O inverso também ocorre: em
uma atividade que deve ser realizada por meio da tecnologia (de qualquer
tipo), o professor deve chamar a atenção do aluno que acaba se distraindo
e se perdendo naquilo que está ao seu lado fisicamente, seja um colega, um
cachorro ou algo que esteja sendo transmitido pela televisão, por exemplo.
Para a relação real vs. virtual, não existe medida exata; só o contexto
momento-conteúdo-professor-aluno é que dá indícios das melhores
práticas a serem adotadas. Fazer a passagem da prática ao virtual e do
virtual à prática exige a habilidade do professor para saber conjugar os
diferentes elementos e necessidades. Outra característica do contexto 4.0
é, também, a ideia de “faça você mesmo”; trata-se do aprender fazendo,
o chamado movimento maker. Não temos como medir o quanto há de
ensino prático na internet, podendo as pessoas aprenderem a fazer o que
desejarem, até um aplicativo para celular, por exemplo.
46
Como podemos observar na figura, uma simples busca na internet pode
indicar diversos sites que ensinam a desenvolver aplicativos, por exemplo.
Na educação, o movimento maker é importante para: desafiar, engajar
em projetos, criar, avaliar sobre recursos, resolver problemas, estimular a
colaboratividade etc. O exemplo da manchete a seguir mostra tudo isso,
estando também aliado ao pensamento de melhoria social.
2.5 Interdisciplinaridade
47
diálogo por meio de saberes cada vez mais abertos, lembrando que isso é
consequência direta da abertura do professor em trabalhar assim.
3. Ideias e práticas
48
No site, as seções Como Inovar e Mão na Massa são bem interessantes
e mostram como os profissionais podem começar um trabalho de
inovação em suas práticas educativas. Muitos exemplos práticos das
atividades inovadoras podem ser encontrados no e-book Desafio: diário
de inovações (PORVIR; IBFE, 2019). Não deixe de verificar!
49
Em tecnologia, convencionou-se entender disrupção como a interrupção
de um processo social e economicamente já estabelecido, pela emergência
de novo ciclo de inovação que venha a afetar a sociedade em parte ou
no seu todo. Em âmbito geral, disrupção descreve a interrupção de um
processo em curso, geralmente associado à inovação. Este processo
disruptivo, associado a todo o cenário que configurou o panorama do
mundo contemporâneo, sobretudo a partir do século XX, contribuiu para
a criação de um universo novo determinante para modos de ser e agir do
indivíduo atual no qual os acontecimentos se sucedem em uma velocidade
antes desconhecida, transformando em curto prazo de tempo os universos
sociais e humanos (MELLO; ALMEIDA; PETRILLO, 2019, p. 16).
Referências Bibliográficas
BREMBATTI, Katia. Conheça o Bobô, o robô-anjo que dá uma aula de inclusão e
solidariedade. Gazeta do Povo, [s.l.], 2 set. 2016. Disponível em: https://www.
gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/conheca-o-bobo-o-robo-anjo-que-da-uma-
aula-de-inclusao-e-solidariedade-9kmvcrwv146x9ahxjinjfzqtp/. Acesso em: 23 mar.
2020.
CAMPOS, Luis Fernando Altenfelder de Arruda; LASTORIA, Luiz Antônio Calmon
Nabuco. Semiformação e inteligência artificial no ensino. Pro-Posições, Campinas,
v. 31, 2020. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pp/v31/1980-6248-pp-
31-e20180105.pdf. Acesso em: 9 fev. 2020.
50
GOOGLE. Busca: como fazer um app. 2020. Disponível em: encurtador.com.br/
giKN4. Acesso em 26 de mar. 2020.
KENSKI, Vani Moreira. Tecnologias e tempo docente. Campinas: Papirus, 2013.
MELLO, Cleyson de Moraes; ALMEIDA NETO, José Rogério Moura; PETRILLO, Regina
Pentagna. Metodologias ativas: desafios contemporâneos e aprendizagem
transformadora. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2019.
PORVIR; IBFE (Orgs.). Desafio: diário de inovações. 3. ed. 2019.
PORVIR. Logo Porvir. 2020. Disponível em: https://porvir.org/wp-content/themes/
inketa/images/navbar-brand.png. Acesso em: 5 mar. 2020.
RAPKIEWICZ, Clevi Elena. Resgate de memórias muda uso de tecnologia na EJA.
Porvir. 2015. Disponível em https://porvir.org/resgate-de-memorias-traz-inclusao-
digital-eja/. Acesso em: 7 mar. 2020.
SANTANA, Pablo. Como a tecnologia está transformando a sala de aula?
Infomoney. 2020. Disponível em: https://www.infomoney.com.br/negocios/como-
a-tecnologia-esta-transformando-a-sala-de-aula-executivos-debatem-futuro-da-
educacao/. Acesso em: 10 fev. 2020.
SOUZA, Mariana Aranha de; FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Interdisciplinaridade,
currículo e tecnologia: um estudo sobre práticas pedagógicas no ensino
fundamental. RIAEE, [s.l.], v. 12, n. 2, p. 708-721, abr./jun. 2017.
51
A gestão da aprendizagem na
Educação 4.0: professores e
gestores mais competentes
Autoria: Luís Fernando Crespo
Leitura crítica: Vanessa Moreira Crecci
Objetivos
• Pensar a necessidade de formação para gestor e
professor 4.0.
52
1. Gestão do processo
53
os quais as propostas tecnológicas, em sua aplicação, precisam de
adequações.
54
• Como realizar uma boa reunião pedagógica;
• E outros.
2. Saber técnico
Há até certo tempo, entendia-se que aquele que faz a gestão dos
processos deveria entender de tudo aquilo que sua equipe deveria
realizar, era entender as ações como um todo e em seus detalhes.
Com o passar do tempo e com as novas definições, principalmente do
âmbito da administração, surge um novo modo de se pensar a gestão,
que prega a necessidade de que as pessoas sejam bem lideradas para
que, consequentemente, os processos ocorram como devem; cada
um dos colaboradores é que teria a responsabilidade de acompanhar
o bom andamento daquilo que faz. Porém, essa concepção acabou
levando muitos gestores a não mais conhecerem os processos que
sua equipe realiza. Um processo corre sérios riscos quando não há tal
conhecimento por parte do responsável.
55
as novas tecnologias, sejam digitais ou pedagógicas, ao deter algum
conhecimento sobre tudo o que está envolvido em seu fazer, no que vai
ser proposto aos alunos, está mais apto a realizar as ações.
Para que se possa escolher bem tudo aquilo que tomará parte de um
determinado curso, este deve ser pensado como uma complexidade.
Significa entender que, dentro dos objetivos gerais a serem alcançados,
cada recurso (mídia ou tecnologia) utilizado deve possibilitar alcançar
objetivos menores e mais específicos. É preciso ter uma visão do todo,
que seja sistêmica e saiba entrelaçar necessidades e possibilidades.
56
inovações que podem ser encontradas são enriquecedoras de tal modo
que nutrem ainda mais o desejo de conhecer. Dizendo de outro modo,
o professor que trabalha na Educação 4.0 tem mais conteúdo a ser
buscado e essa busca é ampla. Vamos a um exemplo: façamos uma
pesquisa em um site de busca com os termos “práticas inovadoras em
educação”; no momento em que esse texto é escrito, o resultado da
busca pelo Google é:
57
[...] na atualidade, o domínio das TICs demanda a aquisição de
competências necessárias à profissão docente. Essas novas competências
se traduzem em um novo saber, que só garantirá a sua objetivação numa
situação em que o seu uso se tornar homogêneo e facilitador, na busca
de novas informações e conhecimentos, que devem se configurar em
instrumento de trabalho, cuja apropriação e cujo domínio sejam acessíveis
a todos os professores (FIDALGO, 2015, p. 158-159).
58
cuidará para que isso ocorra, abrindo caminhos possíveis. Esse
profissional que se reinventa, não tem seu conhecimento descartado,
mas passa a buscar novos meios para que tal conhecimento possa se
efetivar por outros caminhos. É preciso entender o contexto e encontrar
o ponto de possível equilíbrio entre as novas possibilidades e as
necessidades da área específica, dos conteúdos a serem apreendidos e
das habilidades a serem desenvolvidas. Sair do linear para o não linear e
do homogêneo para o não homogêneo não é tarefa fácil.
59
é uma realidade: máquinas cada vez mais inteligentes para as quais
restam tarefas e atividades que, antes, eram executadas por pessoas.
60
A plataforma adaptativa integra a sala de aula e oferece uma gama de
benefícios, como relatórios que servem de aporte para que o professor
possa tomar uma decisão em relação à aprendizagem dos estudantes.
Nunca se pode deixar de destacar o papel do professor, pois ele é
essencial ao processo por permitir interações, realizar o planejamento
que melhor se adeque às necessidades dos estudantes e por mediar o
processo cognitivo.
(...)
61
• Espaço MESCLA, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas.
62
Aquilo que em muitos setores e situações é chamado de “ambientação”
é o primeiro momento para que o aluno vá conhecendo a nova situação.
Ambientação, aqui, deve ser não apenas a apresentação do novo
ambiente, mas a recepção para que o aluno se sinta bem e comece
a atuar nele. Possivelmente, quanto à tecnologia, muitos alunos já
chegam conhecendo ferramentas bem avançadas; o principal para se
ambientar é começar a dirigir o uso, que no seu cotidiano é desregrado,
para um modo específico, que obedeça aos objetivos da educação. A
instituição, então, deve garantir que os profissionais saibam instruir
adequadamente. Locais e momentos, sejam virtuais ou presenciais,
devem propiciar vivências significativas que introduzam o aluno em uma
nova concepção do que seja a educação, o ensino e a aprendizagem.
63
sociedade 4.0, nem todas as estruturas são atingidas em um primeiro
momento de forma significativa, parecendo que podem ficar alheias
ao movimento global. Porém, não leva muito tempo para que todos
os âmbitos sejam envolvidos, já que se trata de uma mudança
no modo como a sociedade produz. Esperar que a mudança atue
diretamente para, depois, buscar entender as necessidades é uma
atitude ingênua e pode levar ao insucesso das ações. Dizendo de
outro modo, significa que, mesmo que ainda não seja atingida em seu
todo, o movimento já foi desencadeado e se desenrola até chegar aos
contextos mais ínfimos.
64
• Desenhar projetos e propor soluções que sejam adequadas e
factíveis dentro do contexto externo e interno.
7. Desafios e oportunidades
65
As mudanças são importantes e tocam a vida da sociedade como
um todo. A escola, a faculdade e a empresa devem estar cientes
das necessidades impostas pelo contexto e devem assumir a
responsabilidade, já que as mudanças chegam até dentro das casas,
nas vivências cotidianas das pessoas. Os problemas surgem e devem
ser trabalhados, mesmo que nem sempre a resolução seja possível
de modo completo. Nesse sentido, vemos que nenhuma solução é
definitiva; são sempre tentativas, opções de resolução.
Referências Bibliográficas
ESCOLAS EXPONENCIAIS. Escolas Concept e Avenues: o que as “escolas do
futuro” podem nos ensinar? Escolas Exponenciais, [s.d.]. Disponível em: https://
66
escolasexponenciais.com.br/inovacao-e-gestao/escolas-concept-e-avenues/. Acesso
em: 18 mar. 2020.
FIDALGO, Fernando; OLIVEIRA, Maria A. M.; FIDALGO, Nara L. R. (Orgs.). A
intensificação do trabalho docente: tecnologias e produtividade. Campinas:
Papirus, 2015.
FRARY, Mark. 5 IoT innovations that will change your life. Raconteur, 2020.
Disponível em: https://www.raconteur.net/technology/iot-innovations-ces, Acesso
em: 22 fev. 2020.
GAROFALO, Débora. Como a inteligência artificial pode colaborar com sua escola.
Nova Escola, 2019. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/18312/
como-a-inteligencia-artificial-pode-colaborar-com-sua-aula. Acesso em: 9 mar. 2020.
GOOGLE. Busca: práticas inovadoras em educação. 2020. Disponível em:
encurtador.com.br/pzCJ2. Acesso em: 13 mar. 2020.
GUIMARÃES, Luciano S. R. Gestão de novas tecnologias no contexto educacional. In:
PERROTTI, Edna M. B.; VIGNERON, Jacques (Orgs.). Novas tecnologias no contexto
educacional: reflexões e relatos de experiências. São Bernardo do Campo: UMESP,
2003.
KENSKI, Vani Moreira. Tecnologias e ensino presencial e a distância. 9. ed.
Campinas: Papirus, 2010.
MORAN, José Manuel; MASETTO, Marcos T.; BEHRENS, Marilda Aparecida. Novas
tecnologias e mediação pedagógica. 19. ed. Campinas: Papirus, 2011.
MOSTAFA, Solange P. (Org.). Mídia e conhecimento: percursos transversais. Itajaí:
UNIVALI; Maria do Cais, 2006.
PERRENOUD, Philippe et. al. As competências para ensinar no século XXI: a
formação dos professores e o desafio da avaliação. Porto Alegre: Artmed, 2007.
67
BONS ESTUDOS!
68