FICHAMENTO - "Psicodrama - Introdução"
FICHAMENTO - "Psicodrama - Introdução"
FICHAMENTO - "Psicodrama - Introdução"
ESPONTANEIDADE:
A espontaneidade não é um estado permanente, é um estado fluente,
com altos e baixos, por isso mesmo é um estado. A espontaneidade é
indispensável ao ato criador e não surge automaticamente, ela não é
regida pela vontade consciente e não se motiva apenas por intenções
internas, é dependente de uma correlação com outro ser criador
(MORENO, 1975).
1) originalidade;
2) qualidade dramática (vivacidade e novidade);
3) criatividade (possibilita novas transformações);
4) adequação da resposta (aptidão plástica, mobilidade, flexibilidade e
adaptação a um mundo em rápida mudança).
CONSERVA CULTURAL
A conserva cultural é um conceito criado por Moreno, ao afirmar que os
usos e costumes, assim como os objetos, cristalizam-se. Determinadas
culturas podem estar presas a essas conservas, criando um obstáculo à
espontaneidade; as conservas devem ser o ponto de partida e não de
estagnação da criatividade. É diante das conservas que se pode
processar uma verdadeira revolução criadora, motivada sempre pelo fator
espontaneidade (GONÇALVES et ali, 1988.). Para Moreno, a conserva
cultural propõe ser o produto acabado e, como tal, adquiriu uma
qualidade quase sagrada. Caberia ao ser humano se libertar da submissão
às conservas culturais e cultivar o estado espontâneo-criativo.
FATOR TELE
O fator tele refere-se à capacidade de distinguir objetos e pessoas sem
distorcer seus papéis essenciais. O objetivo da atuação psicodramática é
superar a repetição, as conservas culturais, produzindo encontros. O fator
transferencial, que permite a presentificação dessas repetições, deve ser
contornado e superado pelo fator tele. As relações técnicas são relações do
aqui e agora, movidas pela espontaneidade e pelo encontro. A tele pode
ser considerada uma forma de percepção interna mútua e verdadeira
entre os indivíduos. É a tele que promove relações de encontro, pois é a
empatia em dupla via, em reciprocidade.
O encontro é o convite para a convivência simultânea, é o momento de
criação e de espontaneidade. É a reunião, o confronto de corpos, a
percepção do outro, penetrar no sentimento do outro (GONÇALVES, op.
cit.). Para os psicodramatistas, o objetivo último do trabalho
terapêutico é promover relações de encontro, inclusive entre o
terapeuta e seu cliente.
A FILOSOFIA DO MOMENTO:
A principal base filosófica básica do psicodrama é a filosofia do momento. O
tempo também foi um dos temas na teoria de J. L. Moreno, pois ele aponta que o
momento é uma espécie de curto-circuito, um instante.
CO-INCONSCIENTE E CO-CONSCIENTE:
Co-consciente e co-inconsciente, são conceitos desenvolvidos por Moreno ao se
referir aos estados inconscientes. São produzidos e experimentados apenas em
conjunto, em grupo.
O co-inconsciente refere-se aos desejos e fantasias experimentados e
reproduzidos conjuntamente por mais de uma pessoa de forma inconsciente;
Já o co-consciente é a experimentação comum de idéias e sensações de
forma consciente.
Ambos podem emergir em grupos que vivenciam uma história em comum. No
processo psicodramático observamos a emergência de fenômenos do co-
consciente e do co-inconsciente grupal.
A REALIDADE SUPLEMENTAR:
O conceito de realidade suplementar é central na teoria psicodramática. O
psicodrama permite o acesso a uma forma de realidade raramente atingida por
outras abordagens terapêuticas, alcançando o território dionisíaco (harmônico -
que cultiva a saúde física e espiritual, e ama a vida com entusiasmo), que é o da
libertação das convenções corriqueiras, que Moreno chamou de realidade
suplementar.
O acting out controlado do psicodrama não é apenas um teatro de expressão,
mas também um ato de restrição, pois ao mesmo tempo permite o encontro e
a confrontação, a desconstrução e a construção. Moreno conceituou o
psicodrama como uma pequena injeção de insanidade, sob condições
controladas e protegidas. Ele é semelhante ao teatro do êxtase em seu sentido
mais puro, pois possibilita ao sujeito sair do mundo limitado do seu ego e
individualidade, e dissolver fronteiras. Assim, atuando, o protagonista é
convidado a experienciar um mundo sem limites, virtual, em que fica liberado do
mundo real, podemos dizer que estamos trabalhando com a imaginação, numa
realidade suplementar.
O psicodrama acontece um tipo de experiência que ultrapassa a realidade, que
oferece ao sujeito uma nova e extensiva experiência de realidade, que não é
uma perda, mas um enriquecimento da realidade, por meio do investimento e
do uso extensivo da imaginação.
Também defende que ela é um instrumento de cura vital para o grupo e para o
indivíduo (MORENO et ali, op.cit.). A realidade suplementar do psicodrama se
assemelha também à experiência surrealista, porque introduz o protagonista
a um mundo de estranhamentos. Ao encenar suas imagens no palco, o
psicodrama encontra seu próprio curso, assume e imprime sua própria direção, a
espontaneidade entra em cena com suas surpresas, entra-se na esfera do "não
saber", do "não domínio" e do "não conhecido". O protagonista é levado a
redimensionar e observar, com cuidado, o que acontece com ele, utilizando
simultaneamente suas funções saudáveis. Passa a vivenciar esta realidade
suplementar junto com outras pessoas, no contexto de um grupo real, ao tempo
em que influencia sua produção e sua qualidade dramática. Assim, "ele vive um
mundo que nunca pode ter sido e nunca pode vir a ser, mas, no entanto, é
absolutamente real. Ele tem o poder de redenção" (Ibidem, p.30).
Moreno achava que a realidade suplementar existe, está ai fora, em algum lugar,
e deve ser concretizada e especificada, devolvida ao centro do protagonista, onde
tem significado e propósito. Ele sabia que não podia chegar verdadeiramente
ao psiquismo do protagonista a menos que ele habitasse, junto com o
protagonista, a realidade suplementar (MORENO et ali, 2001:46).
O terapeuta vai ser esse co-diretor, sendo diretor da cena, mas junto com o
paciente decide se é uma cena da semana da infância.
Protagonista cliente, em um grupo, um seria escolhido para dar voz às dores de
um grupo.
Estimulo mas o sujeito faz por si mesmo
Diretor, protagonista, ego auxiliar, palco e a platéia (olhar do grupo, emoções
eliciadas, podendo propor finais)
O palco funciona como essa realidade suplementar, onde tudo pode
acontecer.
Segundo Soliani (apud MONTEIRO, 1993), a fantasia para Moreno se realiza por
meio dos papéis imaginados (reais ou não). Para ele no palco a realidade e a
fantasia não estão em conflito, sendo ambas funções pertinentes a uma esfera
mais ampla, o mundo psicodramático, onde delírios e alucinações podem ser
encarnados (adquirem igualdade de status). No psicodrama, a fantasia e a
realidade estão misturadas, em proporções diversas. Nos jogos dramáticos,
por exemplo, as fantasias são aceitas pelo grupo, exteriorizam-se com papéis
psicodramáticos realizados no palco e levam a um estado semelhante aos das
crianças, antes e durante a passagem do 1º para o 2º universo da matriz de
identidade (conceito que veremos adiante).
São elas
1) a inversão de papéis;
2) o role-playing;
3) o onirodrama;
4) o jogo de Deus;
5) a projeção no futuro;
6) a loja mágica;
7) a comunidade terapêutica ou a técnica da criação de um mundo auxiliar.