O Que É A Apelação No Novo CPC (Recuperação Automática)
O Que É A Apelação No Novo CPC (Recuperação Automática)
O Que É A Apelação No Novo CPC (Recuperação Automática)
A apelação, dentro do ordenamento jurídico brasileiro, é o recurso cabível, por via de regra,
contra sentenças proferidas pelo juízo de um processo. É através dela que a parte irá atacar,
impugnar e discordar da decisão do julgador durante a lide.
Dentro do Novo CPC, o recurso de apelação é regrado do artigo 1.009 ao 1.014, que define
em quais situações pode-se usar o recurso, prazos, requisitos e efeitos.
A apelação é um recurso que tem como objetivo impugnar, discutir e atacar uma decisão do
julgador que põe fim à fase cognitiva do procedimento comum ou que extingue a execução.
Dessa forma, ela é interposta através de petição ao juízo de primeiro grau da lide, mas será
analisada e julgada pela instância superior, no caso, um Tribunal.
A parte que recebeu a sentença desfavorável entra com a apelação, sendo chamada de
apelante. A outra parte, que supostamente recebeu uma sentença favorável, é o apelado.
“Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá:
Como todos os recursos cabíveis dentro do Novo CPC, existem requisitos prévios para que
seja possível uma das partes se manifestarem durante o trâmite judicial através de um
recurso. Com a apelação não é diferente.
A apelação, especificamente, possui três requerimentos básicos para poder ser interposta
em um processo: a existência de uma sentença judicial, o preenchimento dos requisitos
apontados no artigo 1.010 do Novo CPC e a interposição no prazo estabelecido pelo Código
de Processo Civil.
O efeito devolutivo se dá pela própria natureza da apelação, que devolve a lide para a parte
julgadora, mesmo depois de a sentença ser proferida. Dessa forma a sentença é avaliada
pela próxima instância.
O efeito suspensivo significa que a apelação impede a continuação da execução da sentença
enquanto o recurso não for avaliado pelo órgão julgador.
Embora o artigo 1.010 aponte que a apelação é direcionada ao juízo ad quo, ou seja, o juízo
de primeira instância, onde o processo se encontra no momento da apelação, quem o julga é
o juízo da instância superior.
Dessa forma, a apelação é direcionada à sentença proferida pelo juiz de primeira instância,
mas é avaliada pelo tribunal da próxima instância, o juízo ad quem,
obscuridade;
contradição;
omissão e erro material.
Sob pena de nulidade, todo pronunciamento judicial deve ser fundamentado nos termos do
artigo 93, IX da Constituição Federal. Partindo desse princípio, o pronunciamento apresenta
vícios quando é contraditório, obscuro, omisso ou apresenta erro material.
Então, obscura é a decisão que não traz clareza. Seja no dispositivo ou na fundamentação
da decisão, a obscuridade não traz certeza das questões contidas na decisão.
No entanto, a contradição não se dá entre o que foi decidido e uma prova, alegação ou
argumento, já que isso é matéria para recurso. A contradição prevista no CPC se trata da
constatada na decisão que se embarga. Assim, ela pode ser encontrada:
Inciso II – Omissão
A decisão é omissa quando não apresenta em sua fundamentação ou dispositivo a
apreciação de questão que deveria ter se manifestado. Isso também vale para as matérias
que deveria conhecer de ofício.
O erro material é aquele se verifica facilmente, é evidente e antes do CPC/15 já era admitido
pelo Supremo Tribunal de Justiça. Porém, como diz Daniel Amorim, a sua inclusão:
é importante porque não deixa dúvida de que, alegado o erro material sob a
forma de embargos de declaração, assim será tratada procedimentalmente a
alegação, em especial quanto à interrupção do prazo recursal”.
O prazo para interposição dos embargos é de 5 dias, por meio de petição escrita. Mas, com
exceção dos juizados especiais. Neles, os embargos podem ser interpostos oralmente em
audiência em que foi proferida a sentença.
Nessa peça processual, deve ser fundamentado e conter pedido para sanar obscuridade ou
contradição, omissão ou erro material. Além disso, não há preparo para interposição dos
embargos de declaração.
Outra parte entende que se trata de um instrumento processual para correção de vícios, sem
a natureza jurídica de recurso, apenas para aclarar ou complementar a decisão embargada.
A interposição dos embargos de declaração, que não têm efeito suspensivo na decisão,
interrompem o prazo para interposição de recurso. Assim, terá o seu prazo devolvido após a
decisão dos embargos.
Caso você esteja na parte contrária ao embargante, vale a pena conferir a tempestividade
dos embargos opostos, se quiser ingressar com recurso contando com a interrupção do
prazo dos embargos. De toda forma, sempre recomendo que independentemente dos
embargos da outra parte você ingresse com o seu recurso.
Por outro lado, caso tenha interposto recurso e a outra parte embargos de declaração
tempestivos, a situação muda. Antigamente, por força da Súmula 418/STJ, se fazia
necessário reiterar os termos do recurso interposto para que não fosse considerado
intempestivo ante tempus.
Tal entendimento foi alterado para que a ratificação só ocorresse quando houvesse
modificação da decisão embargada. Porém, o art.1024, § 5º se a decisão dos embargos de
declaração não modificar a decisão anterior ou se os embargos forem rejeitados, não há
necessidade de ratificar o recurso já interposto.
Embargos protelatórios
Protelatório é todo ato que visa retardar a marcha processual. É aquela peça que não traz
nenhum fundamento relevante, sendo perceptível sua utilização apenas para ganhar tempo.
Se reiterado os embargos protelatórios, a multa será elevada para 10% sobre o valor
atualizado da causa, ficando a interposição de qualquer recurso condicionada ao depósito
prévio do valor da multa, exceto para a Fazenda Pública e o beneficiário da justiça gratuita,
que recolherão ao final.
O § 4º do mesmo artigo ainda traz que não serão admitidos novos embargos de declaração
se os dois anteriores houverem sido considerados protelatórios.
Como visto, os embargos são previstos para sanar os quatro vícios já apontados, contudo, a
interposição dos embargos, a depender do alegado, podem gerar a reforma ou anulação da
decisão que fora embargada.
Os embargos de declaração com efeitos modificativos, são aqueles previstos no art. 1022 do
CPC, quando a decisão for omissa, contraditória, obscura ou tiver erro material.
Após a interposição dos embargos de declaração, o juiz ou o órgão que prolatou a decisão
tem o prazo (impróprio) de 5 dias para julgamento, o que na prática não é comum que ocorra
nesse prazo em razão da demanda judiciária.
O AGRAVO DE INSTRUMENTO é um recurso que tem como objetivo evitar que danos
graves e irreversíveis sejam causados a uma das partes a partir de uma decisão
interlocutória.
Mesmo não proferindo uma sentença, as decisões que um juiz toma durante um processo
possuem grande impacto na resolução do mesmo.
Seja para garantir uma tutela provisória, para definir o mérito ou para admitir a intervenção
de terceiros, as decisões podem ser tão importantes quanto a sentença em si.
Da mesma forma, uma decisão tomada sem a análise completa do todo ou de forma
precipitada pode causar grandes danos a uma das partes de um processo. Danos esses que
podem alterar completamente o curso da disputa judicial.
Ele é o recurso utilizado para combater decisões interlocutórias, ou seja, decisões que o
magistrado toma dentro de um processo que não levam à resolução do mérito da disputa.
O artigo 1.015 do Novo CPC define quais são as decisões interlocutórias onde cabe o
recurso de agravo de instrumento. São elas:
I – tutelas provisórias;
II – mérito do processo;
III – rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
XII – (VETADO);
Para ilustrar o que isso significa na prática, vamos utilizar um exemplo: Letícia precisa
urgentemente de medicamentos que não são distribuídos nos postos de saúde para o
tratamento de uma doença.
Ela entra com uma ação judicial contra a União, pedindo que os medicamentos sejam
fornecidos. Como a sua situação é urgente, Letícia entra com o pedido de tutela provisória no
processo, para poder receber os medicamentos antes que saia a sentença.
Entretanto, o magistrado responsável pelo processo, após a análise do pedido, não acha que
se trate de uma situação urgente, e nega o pedido de tutela provisória de Letícia.
Nesse caso, Letícia pode entrar com o recurso de agravo de instrumento contra a decisão
interlocutória do magistrado, que foi de negar o pedido de tutela provisória. Assim, ela pode
mostrar diretamente para o Tribunal competente a sua necessidade e, quem sabe, conseguir
a tutela provisória.
Como o nome já diz, o agravante (aquele que entra com o recurso de agravo de instrumento)
deverá compor um instrumento (um documento) que mostre os motivos da discordância com
a decisão interlocutória.
Esse instrumento será entregue ao Tribunal competente, para que o pedido seja analisado.
De acordo com os artigos 1.016 e 1.017 do Novo CPC, o pedido de agravo de instrumento
deve conter:
É importante destacar que os advogados têm autonomia para incluir outros documentos que
julguem necessários para que o Tribunal competente compreenda o motivo do pedido de
agravo de instrumento.
Além disso, é possível não enviar todos os documentos. Nesse caso, o advogado precisa
apresentar uma declaração afirmando a inexistência do documento faltante, conforme aponta
o inciso II do artigo 1.017 do Novo CPC.
O Novo CPC trouxe algumas mudanças para os recursos de agravo e, especificamente, para
o próprio agravo de instrumento.
A primeira mudança notável é a extinção do agravo retido, que era uma das possibilidades
de agravo. O artigo 994 do Novo CPC, então, não apresenta mais o agravo retido.
A segunda mudança foi a mudança do prazo, de 10 dias para 15 dias úteis, para a
interposição do agravo de instrumento na decisão interlocutória.
A terceira mudança que o Novo CPC trouxe é a respeito do rol de decisões interlocutórias
onde cabe o recurso de agravo de instrumento, conforme aponta o artigo 1.015.
Essas mudanças apontam que o Novo CPC tem como objetivo evitar burocracias
relacionadas aos recursos, explicando de forma mais exaustiva as suas aplicações e
diminuindo vícios processuais.
O Novo CPC definiu que o prazo para interposição do agravo de instrumento é de 15 dias
úteis, contados a partir do momento que a decisão interlocutória do magistrado é publicada.
No CPC de 1973, o agravo de instrumento, por via de regra, era um recurso que possuía
efeito suspensivo no processo. Isso quer dizer que enquanto o agravo de instrumento não
fosse devidamente analisado e julgado, os demais prazos do processo e suas etapas não
ocorriam.
Após a criação do Novo CPC e do artigo 1.015, que traz um rol de decisões interlocutórias
onde cabe o recurso de agravo de instrumento, doutrinadores discutiram a respeito de sua
natureza. Afinal, o rol do artigo 1.015 é exemplificativo ou taxativo?
O Supremo Tribunal Federal (STF), em 2018, entrou no consenso de que o rol do artigo
1.015 do Novo CPC é de taxatividade mitigada, pois apresenta situações onde o recurso de
agravo de instrumento pode ser utilizado, entregando, também, a possibilidade de expansão
do rol a partir de lei específica (inciso XIII do artigo 1.015 do Novo CPC).
Em 1993, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) definiu que o recurso cabível contra acórdão
decisivo acerca de recurso de agravo de instrumento é o recurso especial.
O recurso especial, então, é enviado ao STJ quando a parte não concorda com a decisão
proferida pelo tribunal competente a respeito do recurso de agravo de instrumento.
Na súmula 86/1993, o STJ define que o recurso especial só poderá ser utilizado contra a
decisão de agravo de instrumento quando essa resultar em uma decisão terminativa do
processo, tendo sido julgado mérito ou não.