Treinamento Proteção Geradores

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 46

HISTÓRICO DE REVISÕES

0A 23.11.2016 EMISSÃO INICIAL RJN ECY AFS

REV. DATA NATUREZA DA REVISÃO ELAB. VERIF. APROV.

EMPREENDIMENTO: Nº CONTRATO:

UTE IGARAPÉ
TIPO DE DOCUMENTO:

TREINAMENTO
TITULO:

TREINAMENTO PROTEÇÃO

ELABORADO: VERIFICADO: APROVADO: RESPONSÁVEL TECNICO – CREA Nº:

RJN ECY AFS


NÚMERO DOC FABRICANTE: NÚMERO DOC CLIENTE: REVISÃO:

- 0A
DATA DA PRIMEIRA EMISSÃO:

23.11.2016
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

SUMÁRIO

1 OBJETIVO ........................................................................................................................... 4

2 DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA ..................................................................................... 5

3 GERADOR SÍNCRONO....................................................................................................... 6

3.1 CONCEITO .......................................................................................................................... 6

3.2 SISTEMA DE EXCITAÇÃO .................................................................................................. 8

3.3 SISTEMA REGULADOR DE VELOCIDADE ........................................................................ 9

3.4 CONEXÃO AO SISTEMA ELÉTRICO................................................................................ 10

3.5 ATERRAMENTO DE NEUTRO DO GERADOR................................................................. 11

3.6 ANORMALIDADES EM GERADORES SÍNCRONOS ........................................................ 13

4 TRANSFORMADOR .......................................................................................................... 18

4.1 CONCEITO ........................................................................................................................ 18

4.2 ANORMALIDADES EM TRANSFORMADORES ............................................................... 19

4.3 TIPOS DE LIGAÇÃO DE TRANSFORMADORES ............................................................. 21

5 FUNÇÕES DE PROTEÇÃO............................................................................................... 22

5.1 PROTEÇÕES DE GERADOR............................................................................................ 22

5.2.1 IMPEDÂNCIA (FUNÇÃO 21) ............................................................................................. 22

5.2.2 SOBRE – EXCITAÇÃO (24 – V/Hz) ................................................................................... 22

5.2.3 MOTORIZAÇÃO (32) ......................................................................................................... 23

5.2.4 PERDA DE EXCITAÇÃO (40) ............................................................................................ 23

5.2.5 CARGA ASSIMÉTRICA / SEQUÊNCIA NEGATIVA (46) ................................................... 26

5.2.6 SOBRECARGA TÉRMICA (49) ......................................................................................... 27

5.2.7 ENERGIZAÇÃO INADVERTIDA (50/27) ............................................................................ 28

5.2.8 SOBRETENSÃO (59) ........................................................................................................ 28

5.2.9 FALTA TERRA ROTOR (64R) ........................................................................................... 28

Pág.2 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

5.2.10 FALTA TERRA ESTATOR 95% (64S-95%) ....................................................................... 29

5.2.11 FALTA TERRA ESTATOR 100% (64S-100%) ................................................................... 29

5.2.12 PROTEÇÃO DE FREQUÊNCIA (81 O/U) .......................................................................... 32

5.2.13 PROTEÇÃO DIFERENCIAL (87G) .................................................................................... 33

5.3 PROTEÇÕES DE TRANSFORMADOR ............................................................................. 34

5.3.1 PROTEÇÃO DIFERENCIAL .............................................................................................. 34

5.3.2 CORRENTE DE MAGNETIZAÇÃO TRANSITÓRIO (2º HARMÔNICA) ............................. 35

5.3.3 SOBREFLUXO NO NÚCLEO DO TRANSFORMADOR DEVIDO A SOBRETENSÃO ( 3º


e 5º HARMÔNICA) .......................................................................................................................... 36

5.3.4 FUNÇÃO TERRA RESTRITA ............................................................................................ 36

5.3.5 FUNÇÃO DE SOBRECORRENTE..................................................................................... 37

5.3.6 TC DE NEUTRO – CORRENTE DE TERRA NO NEUTRO ............................................... 38

5.3.7 FUNÇÃO DE SOBRECARGA TÉRMICA ........................................................................... 39

6 SINCRONISMO ................................................................................................................. 39

6.1 DESCRIÇÃO ..................................................................................................................... 39

7 PROJETO MODERNIZAÇÂO SISTEMA DE PROTEÇÃO E SINCRONISMO ................... 41

7.1 DIAGRAMA UNIFILAR SIMPLIFICADO ............................................................................. 41

7.2 FILOSOFIA DO PROJETO ................................................................................................ 43

7.2.1 MATRIZ DE TRIP .............................................................................................................. 43

7.2.2 BLOQUEIOS...................................................................................................................... 46

Pág.3 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

1 OBJETIVO

O presente documento tem como objetivo apresentar os conceitos e esquemas básicos de


geradores síncronos e transformadores, bem como as anormalidades que podem afetar o
correto funcionamento destes equipamentos e suas consequências para o sistema elétrico de
potência. Estes conceitos iniciais servirão de base para o entendimento das funções e esquemas
de proteção aplicados.

Pág.4 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

2 DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA

[2.1] CTC-B-D-1596
Memorial de Cálculo – Ajuste dos Relés de Proteção e do Equipamento de
Sincronização;
[2.2] WG01-001-00-DU-001 – Rev.”b”
Diagrama de Medição e Proteção – Gerador – T3 – T4 – T1 – T2;
[2.3] WG01-001-00-DT-001 – Rev.”b”
Diagrama Trifilar de Proteção – Gerador – T4 – T3 – T1/T2;
[2.4] C53000-G1176-C149-7
Manual – Multifunctional Machine Protection 7UM62 – V4.6;
[2.5] C53000-B119U-C124-1
Manual – Directions for Use 7XR61 Coupling Unit;
[2.6] Multifunction Paralleling Devices
7VE61 and 7VE63 V4.60 Manual;

Pág.5 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

3 GERADOR SÍNCRONO
Máquinas síncronas são conversores rotativos que transformam energia mecânica em
elétrica, ou vice-versa, utilizando dos fenômenos da indução e conjugados magnéticos. Assim
podem exercer uma ação motora ou geradora.
3.1 CONCEITO
Considere-se a figura abaixo onde se mostra uma espira imersa em um campo
magnético uniforme criado pelos pólos Norte e Sul.

Sendo o fluxo constante e girando-se a espira com uma velocidade angular ω definida,
resulta em um movimento relativo entre esta e o campo. Desta forma, pela lei de Farady-Lenz,
nos terminais desta espira será induzida uma tensão, a qual poderá ser aplicada a um circuito
externo através de anéis coletores (Escova).
Entretanto, em geral a formação do campo magnético se dá através da circulação de
corrente contínua em espiras localizadas ao redor das chamadas “sapatas polares”. Este
conjunto de espiras denomina-se “enrolamento de campo”. O circuito estático da máquina é
denominado por “enrolamento da armadura” ou “enrolamento estator”.
A figura abaixo apresenta esquematicamente os pólos girantes e respectivo enrolamento
de campo:

Pág.6 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

Em uma aplicação mais comum, são utilizados mais pólos de modo a se obter uma
determinada frequência. O gerador da usina Igarapé possui 2 pólos do tipo lisos.
Em um modelo trifásico, podemos considerar que é composto por três modelos
monofásicos iguais dispostos a um ângulo equivalente a 120° elétricos um do outro.
Abaixo segue uma representação simplificada da máquina com pólos girantes e
armadura fixa em um modelo trifásico com a representação do campo magnético e seus
enrolamentos de campo e armadura e a equivalente forma de onda de tensão gerada:

Pág.7 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

De acordo com o apresentado acima, quando o rotor gira e o enrolamento de campo


está excitado, as linhas de força do campo magnético cortam as espiras do enrolamento estator,
induzindo nele, de acordo com a Lei de Lenz-Faraday, uma força eletromotriz. Se uma carga
elétrica é conectada aos terminais da máquina a diferença de potencial faz circular uma corrente
elétrica, e esta corrente elétrica circulando pelo campo induzido produz um campo que se opõe
ao campo do rotor e tende a fazê-lo parar. Para que isto não aconteça é necessário que a
turbina acoplada ao eixo do gerador forneça uma potência mecânica que corresponde a energia
elétrica produzida pelo gerador, caso contrário haveria uma variação gradual na velocidade do
rotor, diminuindo com aumento de carga ou acelerando com a diminuição da carga.
Abaixo, segue uma representação do sistema Turbogerador da Usina Igarapé:

3.2 SISTEMA DE EXCITAÇÃO

O sistema de excitação executa duas funções principais:

- Produção de tensão DC (e potência) para forçar a corrente a fluir nos enrolamentos do


campo (rotor). Há uma relação direta entre as tensões no terminal do gerador com a quantidade
de corrente fluindo no campo.

- Provisão de meio para regular a tensão nos terminais e amortecer oscilações do


sistema elétrico de potência.

O projeto da Usina Igarapé foi concebido com o sistema de excitação do tipo “Excitatriz
Rotativa” . Atualmente o sistema instalado é o de “Excitatriz Estática”, ou seja, a tensão de
campo da máquina é ajustada por uma malha de controle que atua no ângulo de disparo de
semicondutores do sistema de eletrônica de potência.
Seu princípio operacional básico é comparar uma tensão de referência, previamente
definida, com a tensão de saída do gerador. Se houver diferenças entre ambos os valores, ele
deverá informar e/ou controlar a saída da excitatriz de forma a manter a tensão do gerador
próxima ao valor desejado.

Pág.8 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

Excitatrizes estáticas modernas apresentam a vantagem de prover uma resposta


extremamente rápida, com rápida mudança na tensão do terminal do gerador para faltas no
sistema. Essa rápida resposta contribui para manter a estabilidade transitória do sistema
durante e imediatamente após a falta no sistema elétrico.
O sistema de excitação (Regulador de Tensão) pode ser responsável também por
garantir que a máquina opere sempre dentro dos limites apresentados na curva de capabilidade
da mesma através dos limitadores, por exemplo, de subexcitação e sobrexcitação evitando que
a máquina perca estabilidade ou sofra sobreaquecimento.
Abaixo uma representação do esquemático do sistema de excitação associado a
geração.

3.3 SISTEMA REGULADOR DE VELOCIDADE

O regulador de velocidade controla a velocidade da turbina e portanto a frequência da


tensão do gerador síncrono. Para que a velocidade seja mantida no valor desejado, a potência
gerada deve ser igual a potência da carga. O desvio de velocidade é usado como sinal de
entrada a partir do qual o regulador de velocidade controle a abertura da válvula de entrada.
O regulador de velocidade para o conjunto turbina-gerador é composto genericamente
de um transdutor (sensor) de velocidade e amplificadores de deslocamento e força. A saída do
sensor de velocidade é um deslocamento proporcional a velocidade do rotor do conjunto
turbina-gerador,tanto o deslocamento quanto a força produzidos pelo sensor são pequenos e
necessitam ser amplificados.

Pág.9 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

3.4 CONEXÃO AO SISTEMA ELÉTRICO

A conexão do gerador da Usina Igarapé ao sistema elétrico é feita através de um


transformador elevador, com uma derivação para serviço auxiliar, por meio de barramentos
blindados. A conexão em delta no lado do gerador é feita para possibilitar que seja reduzido os
níveis de corrente de curto-circuito para faltas à terra nos terminais do gerador ou enrolamento
estatórico. Esta redução é feita através do uso de aterramento adequado no fechamento neutro
do gerador.

Outras formas de conexão também são adotadas conforme necessidades do projeto:

Pág.10 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

3.5 ATERRAMENTO DE NEUTRO DO GERADOR

Existem dois tipos mais comuns de aterramento:

- Aterramento de Alta Impedância;

- Aterramento de Baixa Impedância;

Existem também outros tipos menos utilizados:

- Aterramento através de reatância;

- Aterramento sólido;

Aterramento através de alta impedância:

Neste método um transformador de distribuição é conectado entre o neutro do gerador e


o ponto de conexão à terra e um resistor é conectado em seu secundário.
A tensão nominal do trafo de distribuição é igual ou maior que a tensão fase-neutro do
gerador(valor padrão mais próximo e a tensão secundária é de: 120 ou 240V).
O resistor é selecionado de modo que para uma falha monofásica nos terminais do
gerador a potência dissipada no resistor é igual ou maior que 3 vezes a potência capacitiva em
KVA para a terra dos enrolamentos do gerador e de todos os outros equipamentos conectados
aos terminais do gerador, de modo à minimizar as sobretensões transitórias causadas por
ferrorressonância nas falhas à terra.
A regra prática para determinar o valor de R de tal maneira que limite a corrente de
curto-circuito fase-terra em aproximadamente 15 A, desprezando o efeito do Xc:

Onde, VG é a tensão fase - neutro nominal do gerador, N a relação de espiras do


transformador do neutro.

Pág.11 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

Aterramento de Baixa Impedância:

No aterramento de “baixa impedância”, o gerador é aterrado através de resistor. A


reatância ou resistência é calculada de modo que se tenha uma corrente entre 200 A e 150% da
corrente nominal do gerador, para curto-circuito fase-terra nos terminais da máquina.
Esse tipo de aterramento é utilizado quando há vários geradores operando numa barra
comum ou geradores diretamente conectados para alimentar a carga, sem transformador
elevador. Eles servem de fonte de terra.

Pág.12 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

Aterramento através de reatância

Este método utiliza uma reatância conectada ente o neutro e a terra, selecionada de
modo à produzir uma relação: X0/X1<3, quando o sistema é dito efetivamente aterrado.
A corrente de falha à terra nos terminais do gerador é limitada entre 25% e 100% do
valor da corrente de curto-circuito trifásico.
Normalmente utilizado quando o gerador é conectado diretamente à um sistema de
distribuição solidamente aterrado.

Aterramento Sólido

O neutro do gerador é conectado diretamente à terra.


Este método de aterramento dá origem à altas correntes de curto-circuito monofásico no
gerador e praticamente não é utilizado em máquinas de médio e grande porte, devido aos danos
causados pelas falhas à terra do laminado do gerador.

3.6 ANORMALIDADES EM GERADORES SÍNCRONOS

As anormalidades mais comuns que interferem no funcionamento do gerador, são


basicamente de origem externa (sistema de potência) e/ou interna (gerador e equipamentos
associados), conforme resumo abaixo:

• ORIGEM EXTERNA (SISTEMA ELÉTRICO)

- Sobretensão;
- Transitórios de chaveamento;
- Rejeição de carga;
- Sobrecarga;
- Oscilação de potência;
- Curto-circuito em LT's e equipamentos;
- Carga assimétrica;
- Retorno de energia;

• ORIGEM INTERNA (ELÉTRICA)

- Curto-circuito: rotor, estator, barras/cabos, TC's, TP's, Trafo Elevador;


- Serviço auxiliar;
- Excitação;

• ORIGEM INTERNA (MECÂNICA)

- Sobrevelocidade;
- Sobretemperatura;
- Vibração excessiva;
- Níveis alto e baixo de óleo dos mancais;
- Temperaturas altas do metal e do óleo dos mancais;
- Falhas no sistema hidráulico do regulador de velocidade;
- Falhas nos sistemas de refrigeração;
- Falhas nos sistemas auxiliares;

Pág.13 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

ANORMALIDADES:

• Sobretensão

A sobretensão pode ser originada por: Surtos de Manobra, Descargas Atmosféricas,


Rejeição de Carga, Falha no Regulador de Tensão.
Os pára-raios efetuam proteção para os surtos e descargas. Nas rejeições de carga e
conseqüentes sobretensões à frequência industrial, a proteção é efetuada através dos
reguladores de velocidade e tensão bem como pelos relés.
Os relés devem ser instalados em TP's ligados nos terminais do gerador e ajustados com
temporização adequada para permitir que os reguladores de tensão e velocidade atuem
normalmente. Apenas na eventual falha destes, o relé deverá operar.
Os relés de sobretensão devem ser ligados entre fases para evitar operações incorretas
quando de curto-circuito à terra no estator.

• Sobre-excitação

Sobre-excitação é a ocorrência de níveis excessivos de densidade de fluxo magnético


(weber / m2). A níveis elevados de densidade de fluxo, os caminhos magnéticos (ferro) saturam
e o fluxo começa a percorrer outros caminhos não projetados para tanto.
Os campos resultantes são diretamente proporcionais à tensão e inversamente
proporcionais à frequência. Assim, densidades altas de fluxo (e sobre-excitação) resultam de
sobretensão ou sub-frequência ou a combinação de ambos.

• Faltas no Estator

Pode ocorrer falha de isolação entre condutor e laminação, entre condutores de fases
diferentes e entre espiras de uma mesma fase. Pode também ocorrer rompimento de juntas
soldadas.
Conforme citado acima os geradores são normalmente aterrados através de resistência
para limitar os valores de corrente de defeitos à terra. O defeito à terra é o mais comum em
geradores, causado por falha de isolação de enrolamento colocando-o em contato com o núcleo
do estator. Como o gerador opera num sistema praticamente isolado, a ocorrência de defeito à
terra causa um deslocamento da tensão que pode ser medido no aterramento ou nos terminais
do gerador.
A magnitude da tensão depende da localização do defeito à terra. Se o defeito ocorrer
nos terminais do gerador ou no trecho de interligação com o transformador, obtem-se o maior
valor de tensão. Se o defeito for interno ao gerador, o valor da tensão é reduzido
proporcionalmente à tensão do enrolamento, na medida em que o defeito se move em direção
ao ponto de fechamento do neutro, onde a tensão é zero.

• Curto-Circuito entre fases

Esse tipo de falta é muito rara de ocorrer uma vez que, numa ranhura, a isolação entre
enrolamentos de duas fases é pelo menos o dobro da isolação de uma fase para a laminação.
Na ocorrência de uma falta entre fases, há maior probabilidade de ocorrência nos terminais do
enrolamento, fora das ranhuras. A corrente é severa mas há pouca chance de afetar
significativamente a laminação.
Deve-se observar, entretanto, que, apesar de haver abertura do disjuntor pela atuação

Pág.14 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

rápida da proteção, a corrente proveniente do gerador não acaba instantaneamente (mesmo


com a abertura do disjuntor do campo) devido à energia que é armazenada no rotor e contribui
para a corrente de curto-circuito.

• Faltas Internas no Rotor

Curto-circuito a Terra

Uma falha de isolação no enrolamento rotórico pode causar curto-circuito entre o


condutor e a laminação (terra). Esse tipo de falta, entretanto, não representa perigo imediato
(baixa corrente de falta).
Entretanto, se houver uma segunda falha de isolação, pode ocorrer curto-circuito pleno
com severo desbalanço mecânico e elevada corrente.
Assim sendo, é essencial que se tenha um sistema de alarme / sinalização de “Terra
Rotor” para providências cabíveis logo que possível (operacionalmente).

Curto-circuito Entre Espiras do Rotor

Curto circuito entre espiras no rotor é muito raro de ocorrer. Mas quando ocorre causa
vibração e a parte “bypassada” do enrolamento rotórico tem sua temperatura elevada. A alta
temperatura danifica a isolação, motivando também falta a terra.

• Perda de Excitação

Uma perda total do campo pode ocorrer quando:

- Há abertura acidental do disjuntor do campo;

- Um curto-circuito ou fase-aberta no circuito do rotor;

- Uma falta no AVR (regulador automático de tensão) com redução da corrente de


campo a zero;

- Perda da fonte AC para o circuito de excitação (DC) pode também causar perda
total do campo;

Assim, pode-se até haver um intertravamento entre o disjuntor de campo e o disjuntor da


máquina (ou do grupo gerador).
A perda de campo pode levar, na maioria dos casos, à perda de sincronismo em menos
de 1 s, com a máquina operando como gerador de indução com velocidade inferior à velocidade
síncrona.
Quando um gerador, com suficiente potência ativa, perde a corrente de campo, ele perde
o sincronismo e passa a rodar de modo assíncrono, com velocidade acima da velocidade
síncrona, absorvendo potência reativa.
A máxima potência ativa que pode ser gerada sem perda de sincronismo quando o
gerador perde o campo depende da diferença entre as reatâncias síncronas de eixo direto e
eixo em quadratura – para geradores com pólos salientes, a diferença é normalmente suficiente
grande para manter a máquina rodando com sincronismo mesmo com perda do campo, com
carga até 15 a 25% da nominal.

Pág.15 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

Para turbo geradores, tais reatâncias são praticamente iguais e a máquina perde o
sincronismo mesmo com pequena carga ativa. A velocidade de escorregamento aumenta com a
carga ativa.
O estator e regiões e parte do rotor irão aquecer, se a máquina rodar algum tempo fora
de sincronismo. A máxima temperatura, para ponto mais quente, para turbo geradores ocorre,
fora de sincronismo, com carga entre 20 e 35%.
A característica de operação de um turbo gerador típico é mostrada na figura a seguir:

Na região sobre-excitada (gerador fornecendo potência reativa), a curva A-B é limitada


para corrente no campo (rotor) e a curva B-C é limitada pela corrente no Estator. Na região sub-
excitada, o gerador é limitado pelo aquecimento do estator e do ferro.
Com a perda de sincronismo, há aquecimento do rotor devido às correntes induzidas
pelo escorregamento e aquecimento do estator devido à sobrecarga (reativo). O tempo
permitido para tal situação depende da máquina, e está na ordem de grandeza que vai de 10 s a
alguns minutos.

• Energização Acidental de Gerador

A energização acidental de gerador síncrono previamente desenergizado pode ocorrer,


com maior chance, em sistemas industriais. O resultado é o dano do gerador, com possibilidade
de destruição total. Em alguns casos há também dano na turbina.
As causas têm se relacionado a erros operacionais ou falhas e defeitos em circuitos de
controle, ou ainda a combinação de ambos. Mostra a literatura que uma das maiores causas de
energização acidental de geradores tem sido o fechamento acidental do disjuntor da máquina.
A corrente resultante de uma energização trifásica é elevada, considerando que é
limitada apenas pela impedância de seqüência negativa do gerador.
A alta corrente estatórica induz altas correntes no rotor e há rápido aquecimento. Se o
gerador é conectado a um forte sistema elétrico de potência, a corrente no estator chegará

Pág.16 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

a um valor em torno de 3 a 4 x a corrente nominal, com a tensão entre 50 e 70% da nominal, no


caso de um grupo gerador / transformador.
Se a máquina é conectada a um sistema elétrico de potência fraco, a corrente pode
chegar a um valor em torno de 1 a 2 x a corrente nominal, com a tensão entre 20 e 40% da
nominal.
No caso de energização acidental através do transformador de serviço auxiliar, como a
fonte é muito fraca, a corrente no estator poderá estar entre 10 e 20% do valor nominal.

• Sobre e Sub-frequência

Sobrefrequência

Neste tópico tratamos de sobrefrequência contínua e não momentânea. Ela estressa


mecanicamente a máquina, mas não eletricamente. A sobrefrequência moderada, mesmo
contínua, não traz grandes problemas para o gerador.

Sub-frequência

- Saturação de Circuito Magnético:

Durante operação do gerador com sub-frequência, o seu circuito magnético (e do


transformador associado) pode saturar dependendo do nível de sub-frequência (V/Hz).
Caso haja a saturação, as perdas adicionais no ferro levam ao aquecimento do circuito
magnético,mas isso ocorre para freqüências bem baixas e quando associada a subtensão.

- Problemas em Turbinas a Vapor e a Gás:

Podem ocorrer prolongada sub-frequência, relativamente moderada. Do ponto de vista


prático, as máquinas hidráulicas são pouco sensíveis à sub-frequência. Mas tanto os geradores
térmicos como as turbinas a vapor ou a gás apresentam limitações para subfrequência.
As turbinas a vapor são mais restritivas, quanto à operação com sub-frequência devido a
possibilidade de ressonância mecânica nos vários estágios das lâminas da turbina – com
aumento do estresse mecânico vibratório.
As turbinas a gás também são restritivas, mas não tanto quanto as turbinas a vapor. Mas
apresentam problemas de instabilidade de combustão e limitação da potência de saída da
turbina com a queda da frequência.
Os fabricantes apresentam limites de tempo para operação em condição de sub-
frequência em cada faixa de operação.

• Retorno de Energia

O retorno de energia para um gerador síncrono ocorre quando o torque no eixo da


turbina ou do motor acionador passa a um valor inferior às perdas totais da unidade turbina –
gerador. A energia ativa flui então, do sistema ao qual está conectado para o gerador, no
sentido de tentar manter a velocidade síncrona (operando como motor síncrono).
Os problemas são para o meio acionador (turbina, motor) e não para o gerador elétrico.
No caso de turbina a vapor, uma redução no fluxo do vapor reduz o efeito de
resfriamento nas lâminas da turbina e sobre-aquecimento pode ocorrer. Também para turbina a
gás pode ocorrer sobre-aquecimento, mas com menos gravidade que a turbina a vapor – para
turbina a gás, pode ocorrer outro tipo de problema associado ao mancal. Turbina hidráulica

Pág.17 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

(normalmente do tipo Kaplan ou Bulbo) pode ter problema de cavitação (com dano). Máquinas
Diesel podem ser danificadas devido à lubrificação insuficiente e apresentam ainda risco
de explosão devido ao combustível não queimado.

As perdas totais à velocidade nominal, em função da potência nominal do grupo turbina /


gerador são, aproximadamente:

- Turbina a vapor: 1 a 3%;

- Máquina Diesel: 25%;

- Turbina hidráulica: 3%;

- Turbina a gás: 5%;

Esses valores correspondem a perdas quando não há corte total da energia através do
eixo da turbina. Assim, quando a máquina é alimentada pela turbina e pelo sistema, a parte da
perda suprida pelo sistema é menor que os valores acima.
Para grandes turbo geradores a vapor, a energia reversa pode ter valor inferior a 1% da
potência nominal. Para turbinas a gás e para máquinas diesel, não há problema de sensibilidade
(para fins de proteção). Para algumas turbinas hidráulicas, pode haver problema de
sensibilidade da proteção para detectar retorno de energia.

• Sobrevelocidade

No caso de rejeição brusca de carga, por exemplo, pela abertura do disjuntor da


máquina com carga plena, espera-se que o sistema regulador de velocidade da máquina atue
imediata e corretamente, evitando velocidades não suportáveis para o conjunto turbina –
gerador.
Há portanto necessidade de proteção adicional para o caso de falha em algum
componente, seja do regulador, seja do sistema associado à turbina.

4 TRANSFORMADOR

Transformadores são dispositivos elétricos que têm a finalidade de isolar um circuito,


elevar ou diminuir uma tensão. Servem também para casar impedância entre diferentes
circuitos.

4.1 CONCEITO

Basicamente um transformador consiste em dois enrolamentos condutivos não


conectados eletricamente, e sim através de fluxo magnético. O funcionamento do transformador
é baseado em dois princípios: o primeiro, descrito via lei de Biot-Savart, afirma que corrente
elétrica produz campo magnético; o segundo, descrito via lei da indução de Faraday e Lenz,
implica que um campo magnético variável no interior de um circuito induz, nos terminais deste,
tensão elétrica de magnitude diretamente proporcional a taxa temporal de variação do fluxo
magnético no circuito. É por necessitar dessa variação no fluxo magnético que esse dispositivo
só funciona em corrente alternada.

Pág.18 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

Teoricamente, um transformador tem de transferir toda a potência do primário para o


secundário (primário e secundário são enrolamentos de entrada e saída, respectivamente).
Na prática, observa-se certa perda de potência nessa transferência de potência,
ocasionada por diversos motivos, como a resistência de fio, correntes pelo núcleo, chamados de
correntes de Foucault etc. Um transformador é constituído pelo menos por dois enrolamentos.
Na maioria dos casos, esses enrolamentos são independentes, entre si, mas sofrem a ação do
campo eletromagnético, que é mais intenso quanto esses transformadores que possuem um
núcleo de material ferromagnético. O enrolamento em que aplicamos a tensão que desejamos
transformar chama-se primário e o enrolamento onde obtemos a tensão desejada se chama
secundário. A tensão do secundário depende da relação de espiras entre o primário e o
secundário e da tensão aplicada no primário.

4.2 ANORMALIDADES EM TRANSFORMADORES

Pág.19 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

As partes que compõem os transformadores de potência, organizando-as em blocos,


foram subdivididas, objetivando detalhar os locais onde as falhas e os defeitos podem ocorrer,
com maior incidência, tais como:

• parte ativa:
− enrolamento;
− núcleo.

• buchas:
− buchas;
− TC’s de bucha.

• comutadores de derivações:
− comutador:
o CDC – Comutador de Derivação em Carga;
o CDST – Comutador de Derivação sem Tensão.
− seletora;
− pré-seletora.

• sistema de refrigeração:
− ventiladores;
− radiadores;
− óleo.

• sistema de proteção e controle:


− relé de pressão;
− relé Bucchholz (de gás);
− indicador de nível de óleo;
− válvula de alívio;
− termômetro do óleo;
− termômetro do enrolamento;
− relé diferencial;
− chave de bloqueio;

• tanque e acessórios:
− tanque;
− tanque de expansão (conservador);
− válvulas dos radiadores;
− caixa terminal dos TC’s de bucha;
− registros;
− flanges;
− compartimento de sílica gel;
− tubulação de óleo;
− dispositivo para coleta de gás do relé;
− janela de inspeção;
− janela de visita.

• óleo (sistema isolante).

Pág.20 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

As anormalidades que ocorrem com mais frequencia nos transformadores são:

- Curto circuito interno devido à falha na isolação;

- Aquecimento de enrolamento e aquecimento de óleo, devido a sobrecarga;

- Sobrefluxo;

- Baixo/Alto nível de óleo;


óleo

4.3 TIPOS DE LIGAÇÃO DE TRANSFORMADORES

Oss seguintes esquemas de ligação podem ser utilizados:

Pág.21 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

5 FUNÇÕES DE PROTEÇÃO

Este tópico tem a finalidade de apresentar as funções de proteção aplicáveis para


geradores síncronos e transformadores. Tem caráter geral, não cobrindo todas as funções que
podem ser encontradas no mercado, mas sim aquelas principais e comumente utllizadas neste
projeto.

5.1 PROTEÇÕES DE GERADOR

5.2.1 IMPEDÂNCIA (FUNÇÃO 21)

Esta é uma função que opera como proteção de retaguarda para curtos-circuitos no
gerador ou no transformador elevador, principalmente para faltas entre fases.
A proteção de impedância é conectada em TC do lado do neutro do Gerador e também aos TP’s
da máquina. A proteção convencional pode, de um modo aproximado, ser ajustada para operar
com cerca de 70% da impedância de carga nominal da máquina.
A característica dessa proteção pode ser do tipo circular, como mostra a figura a seguir,
uma vez que a direcionalidade é inerente, isto é, toda falta na máquina estará na sua frente (uso
de TC’s do lado do neutro do gerador).

5.2.2 SOBRE – EXCITAÇÃO (24 – V/Hz)

A função 24 (V/Hz) é utilizada para proteger geradores e transformadores contra níveis


excessivos de densidade de fluxo magnético.
Fluxo no núcleo é dado por:
ø = K.V
F
Onde V = tensão no transformador

Pág.22 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

F = frequência
Pode-se observar, pela fórmula, que a sobreexcitação no gerador/transformador é
causada por acréscimo da tensão e/ou redução da frequência. O aumento do fluxo, acima do
valor nominal, inicia rapidamente uma saturação no núcleo com conseqüente aquecimento em
curto período de tempo.

Note que a figura é desenhada com U/f (V/Hz) no eixo horizontal. A característica de
tempo definido é ajustada um pouco acima de 1,3 p.u.
Nesta proteção a característica de tempo inverso é montada através de 8 pares de
valores de característica térmica que modela o aquecimento que a sobre-excitação provoca
sobre o equipamento protegido.

5.2.3 MOTORIZAÇÃO (32)

A proteção contra retorno de energia ou motorização, destina-se mais à proteção da


turbina do que do gerador. A motorização ocorre quando o torque fornecido para o eixo do
alternador, for insuficiente para suprir as perdas. Nestas condições o gerador passa a absorver
potência ativa do sistema de potência, para manter a velocidade síncrona, operando como
motor síncrono.
Para turbinas a vapor, que é o caso da usina térmica Igarapé, a motorização causa
sobreaquecimento, pois as “pás” da turbina começam a “atacar” o vapor sendo que o processo
correto seria o inverso, o vapor “atacar” as “pás” da turbina. O fluxo mínimo de vapor em uma
turbina, capaz de dissipar as perdas de ventilação é o correspondente a 5% da capacidade
nominal do gerador, daí a recomendação geral, sincronizar o gerador e colocar 5% de carga
ativa.

5.2.4 PERDA DE EXCITAÇÃO (40)

Uma falha no sistema de excitação, resulta na perda de sincronismo do gerador que


começa a operar assincronamente com velocidade maior que a do sistema. Ele passa a operar
como um gerador de indução, absorvendo potência reativa do sistema para sua excitação. O

Pág.23 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

fluxo principal é produzido pela corrente do estator drenada do sistema. A operação como um
gerador de indução requer um fluxo de corrente com frequência de escorregamento no rotor,
com esta corrente fluindo nos enrolamentos amortecedores e na superfície do rotor gera
sobreaquecimento na região final do estator e em partes do rotor.
A figura abaixo, ilustra a curva de capabilidade e seus limites seguida pela curva
de capabilidade do gerador da Usina Igarapé levantada em Abril de 2003. A mínima
corrente de excitação necessária para manter o sincronismo é chamada de "limite de
estabilidade teórico". Uma margem de segurança é normalmente adicionada para
obtenção do limite de estabilidade prático.

Pág.24 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

A proteção contra perda de excitação tem a finalidade de evitar que sejam


excedidos os limites da figura acima, protegendo a máquina contra perda de
sincronismo (estabilidade) e aquecimento excessivo.
O uso de característica de impedância no plano R-X, como mostrado na figura a
seguir, é a forma clássica de se ter a função 40 para máquinas síncronas:

As proteções digitais da Siemens 7UM61 e 7UM62 implementam essa função 40


através da avaliação da curva de estabilidade da máquina no plano da Admitância.

Pág.25 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

• Iw = Corrente Ativa.
• UN = Tensão Nominal
• Ib = Corrente Reativa
• IN = Corrente Nominal
• G = Condutância
• IEN = Corrente de Excitação Nominal
• B = Susceptância
• νN = Ângulo do Rotor Nominal
• P = Potência Ativa
• ϕN = Ângulo de Carga Nominal
• Q = Potência Reativa
• Xd = Reatância Síncrona

5.2.5 CARGA ASSIMÉTRICA / SEQUÊNCIA NEGATIVA (46)

Um gerador alimentando um sistema trifásico balanceado, possui corrente de mesmo


módulo defasadas de 120°. Nestas condições o fluxo de amperes-espiras produzido pelas
correntes do estator gira em sincronismo com o campo do rotor e portanto não são induzidas
correntes parasitas (correntes de foucault) no rotor.
Em condições anormais de operação, com o gerador alimentando carga desbalanceada
(assimétrica), surge a componente de seqüência negativa na corrente do estator. A corrente de
seqüência negativa produz um fluxo adicional de amperes-espiras que gira em sentido contrário,
por isso ele se move relativamente ao rotor com o dobro da velocidade síncrona.
Em consequência surgem no rotor correntes parasitas com o dobro da frequência
fundamental (120 Hz), que causam aquecimento excessivo na superfície do rotor.
O efeito do aquecimento no rotor para condições da carga assimétrica é determinado
pela equação
(I2) ².t=k ,onde
I2 = corrente de seqüência negativa expressa em pu de corrente do estator.
t = duração do evento em segundos.
k = constante que depende das características de aquecimento da máquina.

Pág.26 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

5.2.6 SOBRECARGA TÉRMICA (49)

A proteção de sobrecarga, seja de equipamento, máquina rotativa, cabos ou linhas tem a


ver, sempre, com a temperatura que pode chegar o componente protegido em função de carga
excessiva.
Qualquer equipamento ou instalação não se aquece instantaneamente em função de
carga excessiva. Para um determinado degrau de corrente, para mais, a temperatura desse
componente variará exponencialmente em função da sua constante de tempo de aquecimento.
A figura a seguir mostra o conceito de constante de tempo para o aquecimento de um
corpo homogêneo, para uma variação exponencial:

A tecnologia digital tornou possível, através de algoritmos específicos, a emulação de


constantes de tempo de aquecimento e demais parâmetros associados ao aquecimento de
transformadores, máquinas girantes, cabos e linhas.
Assim, modernos relés possuem a função 49 de “Sobrecarga Térmica” para ser
devidamente aplicada na detecção de aquecimentos provocados por sobrecargas, o que passa
a ser uma opção de utilização não existente num passado recente. Baseiam-se na modelagem
de uma réplica térmica com base na corrente de carga. O calor gerado, por exemplo, em cabo
ou transformador é função do tipo I2.R.t, isto é, proporcional à corrente ao quadrado. O
quadrado da corrente é integrado no tempo, para modelagem.
Assim, os diversos fabricantes nos seus diversos relés de proteção digitais apresentam
possibilidade de modelagem térmica do equipamento ou instalação a proteger contra
temperaturas elevadas causadas por sobrecarga.
A grande dificuldade no uso dessa função está na determinação da constante de tempo
e demais parâmetros (relacionados a normas) do componente protegido.

Pág.27 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

5.2.7 ENERGIZAÇÃO INADVERTIDA (50/27)

Esta função protege o gerador de uma energização acidental que pode causar a
destruição da máquina, pois devido à tensão nominal impressa pelo sistema de potência, o
gerador dá a partida com um alto escorregamento como uma máquina assíncrona. Neste
contexto, altas correntes não permissíveis são induzidas dentro do rotor e podem finalmente
destruí-lo.
Sendo assim, esta proteção é baseada em uma função de sobrecorrente atrelada a uma
subtensão. A proteção de energização inadvertida é bloqueada por um critério de tensão na
transgressão de uma tensão mínima, para prevenir pickup durante operação normal. Uma outra
temporização de pickup é necessária para evitar uma operação indesejável durante faltas de
alta corrente com fortes quedas de tensão. Uma temporização de dropout permite uma medição
limitada em tempo.

5.2.8 SOBRETENSÃO (59)

A proteção de sobretensão serve para proteger a máquina elétrica e componentes de


instalações elétricas conectados dos efeitos de aumentos inadmissíveis de tensão.
Proteção de sobretensão fase-fase permite selecionar se as tensões fase-fase ou se as
tensões fase-terra serão monitorada. No caso de uma alta sobretensão, o desligamento é
executado com uma curta temporização, enquanto que no caso de sobretensões mais baixas, o
desligamento é executado com uma temporização mais longa para permitir ao regulador de
tensão manobrar a tensão novamente na faixa nominal. O usuário pode especificar os valores
de limite de tensão e as temporizações individualmente para ambos estágios.

5.2.9 FALTA TERRA ROTOR (64R)

O circuito de campo do gerador é isolado da terra, assim um defeito à terra no


enrolamento do rotor ou circuitos associados causa correntes desprezíveis. Porém na eventual
ocorrência de um segundo defeito, surgirá um valor altíssimo de corrente bem como desbalanço
magnético do rotor com conseqüente vibração. Isto certamente causará grandes danos ao rotor.
Portanto é importante a detecção deste tipo de defeito.

Neste projeto, foi utilizado o seguinte esquema de ligação:

Pág.28 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

Onde é apresentado um circuito alimentado pelo próprio TP da máquina e com apenas


um ponto de conexão à terra. Quando há a ocorrência de falha à terra do rotor, um caminho
para circulação de corrente aparecerá, esta que será monitorada pelo canal analógico IEE do
relé 7UM.

Outros dois métodos podem ser utilizados para esta proteção:

• Método de Injeção de Sinal AC


A segunda técnica consiste em aplicar uma fonte de tensão AC através de um ponto do
enrolamento do campo. Havendo terra em algum ponto, uma corrente AC irá circular no relé
(64) provocando sua atuação.

• Método de Injeção de Sinal DC


A terceira técnica consiste em aplicar uma tensão DC ao invés de AC, através de um
ponto do enrolamento do campo. Havendo terra em algum ponto, uma corrente irá circular no
relé (64) provocando sua atuação.

5.2.10 FALTA TERRA ESTATOR 95% (64S-95%)

Esta função de proteção se baseia no método de medição do deslocamento da tensão


de neutro (3V0) quando há ocorrência de uma falta fase-terra no estator da máquina, porém é
limitado a 90%-95% do enrolamento estatórico, ou seja, não detecta pontos de falha próximos
ao fechamento de neutro da máquina.
Segue o esquema de ligação utilizado para esta proteção:

5.2.11 FALTA TERRA ESTATOR 100% (64S-100%)

Esta função de proteção é complementar a demonstrada acima, pois para que se possa
ter um monitoramento de 100% do estator é preciso que estejam habilitadas ambas as funções.
Dois métodos são utilizados para que se possa ter detecção de faltas à terra nos 5%
mais próximos ao neutro do gerador:

Pág.29 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

• Utilizando medição de tensão de terceira harmônica;

• Utilizando injeção de um sinal sub-harmônico no neutro e medindo corrente


correspondente.

Medição de Terceira Harmônica

Componentes de terceira harmônica de tensão estão presentes nos terminais de quase


todas as máquinas síncronas e sua intensidade varia de acordo com o projeto da máquina /
fabricante.
A figura a seguir mostra as tensões de terceira harmônica (V3H) presentes no neutro e
nos terminais da máquina síncrona típica durante as diferentes condições de carga:

Condições Normais

Curto – Circuito à Terra no Neutro

Pág.30 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

Curto – Circuito à Terra no Terminal

Sendo assim, o nível de tensão de terceira harmônica no NEUTRO da máquina é


dependente das condições de operação. Em geral a tensão (Terceira Harmônica) a plena carga
é maior que a tensão (Terceira Harmônica) em vazio – mas dependendo da máquina, o inverso
pode ser verdadeiro.
Há um ponto no enrolamento estatórico em que a tensão de terceira harmônica é zero.
Para um curto-circuito a terra no ponto de fechamento do NEUTRO, a tensão de terceira
harmônica neste ponto torna-se zero. Para um curto-circuito próximo ao neutro, a tensão de
terceira harmônica do neutro terá um valor superior a zero, porém menor que a tensão que
existiria em operação.
No TERMINAL, a tensão de terceira harmônica irá crescer, com um curto-circuito no
NEUTRO.
Para um curto-circuito a terra no TERMINAL, a tensão de terceira harmônica neste ponto
torna-se zero. Para um curto-circuito próximo ao terminal, a tensão de terceira harmônica no
terminal terá um valor superior a zero, porém menor que a tensão que existiria em operação.
No NEUTRO, a tensão de terceira harmônica irá crescer, com um curto-circuito no
TERMINAL
Como a tensão de terceira harmônica irá variar, de máquina para máquina, essa tensão
DEVE SER MEDIDA em condição de carga e em vazio, nos terminais e no neutro, antes de se
ajustar a proteção baseada na medição dessa grandeza.
Concluindo, para que esta função seja efetiva partindo do neutro da máquina, deve-se
utilizar uma medição de subtensão de terceira harmônica.
Para que seja efetiva considerando os terminais da máquina é preciso que haja uma
medição, delta aberto, de sobretensão de terceira harmônica.

Injeção de sinal Sub-Harmônico

O princípio de funcionamento consiste na injeção de um sinal de tensão sub-harmônica


(geralmente 1/3 ou ¼ da frequência fundamental) no neutro do Gerador Síncrono através de
uma fonte independente, com medição da corrente nessa frequência. Quando de um curto-
circuito a terra no estator, essa corrente aumenta e a proteção atua.

Pág.31 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

Esse tipo de princípio cobre 100% do estator e não apenas regiões próximas ao neutro,
como nos casos anteriores.

5.2.12 PROTEÇÃO DE FREQUÊNCIA (81 O/U)

Sobrefrequência

Há aumento de ventilação. A densidade de fluxo magnético a uma dada tensão nos


terminais é reduzida. Assim, não há aumento de temperatura desde que os níveis de tensão e a
potência nominal sejam mantidos.

Subfrequência

Já foi visto anteriormente que para baixas frequências pode haver excessiva densidade
de fluxo.
Os valores de trip e temporizações são calculados com base nos limites especificados
pelo fabricante da turbina.
Os equipamentos auxiliares mais limitados são, geralmente, as bombas do gerador de
vapor, bombas de circulação de água bombas de condensadores, pois cada porcento de perda
na velocidade (frequência) há a correspondente perda percentual na capacidade das bombas.
Assim, a frequência mínima com que uma planta pode operar continuamente não
depende apenas das turbinas e suas características, mas também de todo o serviço auxiliar,
que depende da planta operar.

Pág.32 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

5.2.13 PROTEÇÃO DIFERENCIAL (87G)

Na proteção de sistemas elétricos de potência, uma das funções mais utilizadas na


proteção é a função DIFERENCIAL. Como o próprio nome indica, seu princípio de
funcionamento baseia-se na comparação entre grandezas (ou composição de grandezas) que
entram no circuito protegido e grandezas de mesma natureza que saem do circuito protegido.
No caso de se apurar diferença entre grandezas comparadas, descontando-se os
aspectos esperados das condições de contorno como erros de TC´s, defasamentos angulares e
diferenças de potencial entre os lados comparados, pode-se concluir quanto à existência de
anormalidade no componente protegido.
A função DIFERENCIAL é utilizada na proteção de transformadores, equipamentos de
compensação reativa, máquinas rotativas, sistemas de barramentos, cabos e linhas de
transmissão. A função diferencial é recomendada para máquinas rotativas com potência
superior a um valor em torno de 1 MW (1000 kW).

Requisitos básicos de qualquer proteção diferencial:

• Deve considerar os efeitos de erros de precisão nos TC’s e TC’s auxiliares


utilizados para conexão da proteção.
• Deve manter a estabilidade (não atuar) para curto-circuito externo à área
protegida,mesmo com saturação de TC.
• Deve manter a estabilidade para correntes de magnetização transitória
(energização) quanto aplicada a transformadores de potência.
• Deve ter rápida atuação para curto-circuito interno, mesmo para aquelas faltas de
baixa corrente.

O princípio diferencial percentual é mostrado a seguir:

Pág.33 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

A figura a seguir mostra uma conexão para proteção diferencial do gerador:

5.3 PROTEÇÕES DE TRANSFORMADOR

5.3.1 PROTEÇÃO DIFERENCIAL

Para a proteção de transformadores de potência utiliza-se, basicamente, a proteção


diferencial percentual (para transformadores ≥ 5.000 kVA).
É o caso específico onde se comparam correntes medidas em níveis de tensão
diferentes e com defasamentos introduzidos pelo tipo de conexão do transformador protegido.
Portanto as correntes devem ser devidamente condicionadas antes da medição da
diferença entre as correntes de um lado e do outro.
Os seguintes aspectos devem ser considerados:

• As correntes primárias em ambos os lados do transformador são inversamente


proporcionais aos respectivos níveis de tensão.

• Uma conexão estrela - triângulo introduz defasamento (geralmente) de + 30º ou – 30º


entre as tensões do lado primário e do lado secundário.

Pág.34 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

Abaixo a figura representando a conexão elétrica:

5.3.2 CORRENTE DE MAGNETIZAÇÃO TRANSITÓRIO (2º HARMÔNICA)

É um fenômeno transitório para acomodação do campo magnético no núcleo do


transformador, da condição estável “antes” para a condição estável “depois”. Surgem altas
correntes de magnetização quando da energização, com intensidades diferentes nas três fases.
Há elevada corrente de magnetização transitória (“inrush”) no lado da energização, sem
respectiva corrente nos demais enrolamentos.
Adicionalmente, o núcleo do transformador possui um Fluxo Residual que é o fluxo que
permanece (“imantado”) quando a corrente de magnetização vai a zero, quando da
desenergização. Quando da nova energização, ocorre também acomodação da densidade de
fluxo B, partindo do fluxo residual.
Então, o aparecimento da componente DC associado à acomodação do fluxo devido ao
fluxo residual faz com que haja intensa corrente de magnetização transitória, cuja forma de onda
típica é mostrada na figura a seguir.

Pág.35 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

A corrente harmônica, filtrada é detectada a partir de certo valor ajustado. Na detecção, a


proteção pode ser parametrizada para bloquear a atuação da proteção diferencial percentual
naquela fase. Há opção também para “bloqueio cruzado”, isto é, a detecção de harmônica em
uma fase pode ser utilizada para bloquear todas as fases, durante a existência dessa harmônica
acima do limite ajustado.

5.3.3 SOBREFLUXO NO NÚCLEO DO TRANSFORMADOR DEVIDO A


SOBRETENSÃO ( 3º e 5º HARMÔNICA)

Quando, por motivos operacionais, um transformador de potência é submetido a uma


sobretensão, haverá saturação do seu núcleo e a corrente de magnetização (elevada) terá
primordialmente correntes de 3ª. e 5ª. Harmônicas.
Os relés digitais que possuem filtros de 5ª. Harmônica, com possibilidade de uso dessa
corrente para alarme ou bloqueio.

5.3.4 FUNÇÃO TERRA RESTRITA

Uma proteção diferencial para detecção de curtos-circuitos à terra na área protegida, que
mede apenas as correntes residuais ou de neutro dos circuitos dos TC’s (correspondentes às
correntes de terra), referentes a um enrolamento (estrela aterrada) de transformador, chama-se
Proteção Diferencial Restrita de Terra (“REF – Restricted Earth Fault”).
É utilizado, geralmente, quando se deseja maior sensibilidade para curtos à terra no
enrolamento, como uma proteção adicional à proteção diferencial para todos os tipos de curto-
circuito.
Geralmente é aplicada a um enrolamento de transformador, desde que seja enrolamento
estrela – aterrada. A figura a seguir mostra um caso típico para um transformador
triângulo/estrela:

Pág.36 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

5.3.5 FUNÇÃO DE SOBRECORRENTE

A função sobrecorrente, como o próprio nome diz, serve para detectar níveis de corrente
acima de limites estabelecidos e acionar providências para desconectar o componente
protegido. Assim, tal função serve para detectar condições de curto-circuito onde, quase
sempre, uma corrente de fase é sensivelmente maior do que a corrente de carga.

Há dois tipos de corrente a detectar:

− Correntes de fase superiores a correntes de carga, decorrentes de curtos-circuitos.


− Correntes de terra decorrentes de curtos-circuitos a terra.

Para correntes de fase, utiliza-se Função de Sobrecorrente de Fase (50/51F ou 50/51P).


Para correntes de terra, utiliza-se Função de Sobrecorrente de Terra (50/51N ou 50/51G
ou 50/51E).
Para correntes de carga, não deve ocorrer atuação desta função.

Quanto às características tempo x corrente, estes relés podem ser classificados em relés
Instantâneos (Função 50) e relés Temporizados (Função 51). Os relés temporizados podem
ser classificados conforme sua característica tempo x corrente:

• Relés de Tempo Definido


• Relés de Tempo Inverso
− Normalmente Inverso
− Muito Inverso
− Extremamente Inverso

O relé instantâneo é assim denominado porque não introduz temporização intencional


quando se atinge o limite de corrente ajustado. A sua atuação é efetuada com temporização
inerente, que depende da tecnologia e da construção do relé.

Pág.37 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

5.3.6 TC DE NEUTRO – CORRENTE DE TERRA NO NEUTRO

Um TC de neutro de neutro de equipamento mede diretamente a corrente de terra que


passa pelo neutro como mostra a figura a seguir.

A função de sobrecorrente de fase não pode ser ajustada para correntes próximas à
corrente de carga máxima prevista no equipamento ou circuito protegido. Assim, sua
sensibilidade é limitada pela carga.
Por outro lado, como em condições normais de operação em um sistema trifásico
equilibrado não há corrente pelo circuito residual dos TC´s, a função de sobrecorrente de terra
pode ser ajustada bem sensível. Isto é, quando há corrente no circuito residual, isto significa que
há curto-circuito à terra. Normalmente ajustam-se esses relés de terra na máxima sensibilidade.
A seletividade se obtém ajustando adequadamente seu tempo de atuação.

Pág.38 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

5.3.7 FUNÇÃO DE SOBRECARGA TÉRMICA

Uma proteção de sobrecarga, assim como apresentado anteriormente, seja de


transformador, máquina rotativa ou de cabos ou linhas tem a ver, sempre, com a temperatura
que pode chegar o componente protegido em função da corrente de carga.
Qualquer equipamento ou instalação não se aquece instantaneamente em função de
carga excessiva. Para um determinado degrau de corrente, para mais, a temperatura desse
componente variará exponencialmente em função da sua constante de tempo de aquecimento.

6 SINCRONISMO

6.1 DESCRIÇÃO

Para que a Usina Térmica Igarapé possa escoar a produção de energia elétrica, é
necessário haver a sincronização do gerador com o sistema interligado, e para que haja
sincronismo do gerador com o sistema é necessário respeitar algumas condições:

•A tensão terminal do gerador deve ser a mesma do barramento, considerado barramento


infinito ;
*Barramento Infinito – Aquele que mantém os valores de frequência e fase inalterados,
independentemente do que ocorre com as máquinas acopladas ao mesmo.
• A frequência do barramento deve ser idêntica a velocidade de rotação do gerador;
• A fase do gerador deve ser idêntica à fase do barramento, além disso, a sequência de
fases deve ser a mesma;

O equipamento responsável por este sincronismo é o relé 7VE – SIEMENS.


Além a função de sincronismo (25), no modo automático, ele também é responsável por
comandar os reguladores de velocidade e tensão para que possam atingir os valores de tensão
e frequência necessários para o sincronismo.

Abaixo, está apresentado a oscilografia gerado no momento de sincronização do gerador


com o sistema elétrico:

Check de Sincronismo – Diferença de Fase = 0°

Pág.39 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

Check de Sincronismo – Diferença de Frequência = 0 Hz

Check de Sincronismo – Diferença de Tensão = 0 [V]

Pág.40 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

7 PROJETO MODERNIZAÇÂO SISTEMA DE PROTEÇÃO E


SINCRONISMO
Segue um descritivo da filosofia de projeto adotada na modernização do sistema de
proteção e sincronismo da Usina Térmica de Igarapé – CEMIG.

7.1 DIAGRAMA UNIFILAR SIMPLIFICADO


A concepção deste projeto foi feita visando a utilização das redundâncias possíveis de
proteção, ou seja, na falha de um equipamento sempre haverá um componente capaz de
exercer a mesma função. Apenas as proteções referentes ao transformador T4, T1 e T2 não
foram incluídas nesta filosofia de redundância.

Pág.41 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

Pág.42 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

7.2 FILOSOFIA DO PROJETO

7.2.1 MATRIZ DE TRIP

A filosofia de projeto adotada neste projeto de modernização segue os padrões CEMIG


do projeto inicial.
Os relés de trip adotados neste projeto são:

• 94P – Relé de Desligamento (Trip) Principal;

• 94S - Relé de Desligamento (Trip) Suplementar;

• 94E – Relé de Desligamento (Trip) Elétrico;

• 94TUR – Relé de Desligamento (Trip) Turbina;

• 94MT – Relé de Desligamento (Trip) Média Tensão;

Os relés 94P e 94S são relés de desligamento com atuação cruzada entre eles e atuam
nas bobinas 1 e 2 de abertura do disjuntor 13K4.
Sendo assim, as atuações de proteções são divididas em quatro grupos conforme
apresentado abaixo:

• Proteções que provocam a parada imediata do gerador e da turbina, comandando


os seguintes dispositivos através dos relés 94P, 94S, 94E, 94TUR:

(a) Abertura do disjuntor principal (13K4);


(b) Abertura do disjuntor de campo (1A41);
(c) Abertura do disjuntor 10A4 do transformador de serviços da unidade (T4);
(d) Trip da turbina;
(e) Atuação do acelerômetro (1G18);
(f) Bloqueio das válvulas governadoras (através das eletroválvulas de teste) e
válvulas de retenção da turbina de alta pressão;
(g) Alarme da proteção atuada;

• Proteções que provocam somente o trip do gerador, atuando os dispositivos


listados abaixo, sem no entanto desligar a turbina, mantendo-a com rotação próxima da
nominal, com a turbina de alta pressão by-passeada, deixando-a pronta para retorno. Atuação
dos relés 94P,94S e 94E

(a) Abertura do disjuntor principal (13K4);


(b) Abertura do disjuntor de campo (1A41);
(c) Abertura do disjuntor 10A4 do transformador de serviços da unidade (T4);
(e) Atuação do acelerômetro (1G18);
(f) Bloqueio das válvulas governadoras (através das eletroválvulas de teste) e
válvulas de retenção da turbina de alta pressão;
(g) Alarme da proteção atuada;

Pág.43 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

• Proteções que apenas desconectam o gerador do sistema atuando os relés 94P e


94S:

(a) Abertura do disjuntor principal (13K4);


(e) Atuação do acelerômetro (1G18);
(f) Bloqueio das válvulas governadoras (através das eletroválvulas de teste) e
válvulas de retenção da turbina de alta pressão;
(g) Alarme da proteção atuada;

• Proteções que somente alarmam.

Pág.44 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

A matriz de trip abaixo mostra todas as proteções do gerador, transformador T3 e T4,


com os disjuntores e alarmes atuados. Essas proteções estão instaladas nos painéis HH-334 e
HH-333 na sala de relés.
Podemos observar pelo quadro que as proteções são divididas em quatro grupos de
atuação:

Pág.45 / 46
UTE IGARAPÉ
TREINAMENTO PROTEÇÃO

7.2.2 BLOQUEIOS

Na ocorrência de atuação de proteção, os devidos bloqueios de equipamentos devem


ser atuados com a função de impedir um religamento/energização indevida sem antes realizar
uma avaliação da causa da ocorrência.
Sendo assim, segue abaixo a descrição dos bloqueios utilizados:

Pág.46 / 46

Você também pode gostar