A Violência Nossa de Cada Dia
A Violência Nossa de Cada Dia
A Violência Nossa de Cada Dia
se hoje o mundo está mais violento que antes, mas o que percebemos é a facilidade dos
meios de comunicação que nos fazem saber das notícias no momento em que está
acontecendo. A mídia aproveita ainda certo prazer que muitos têm em ouvir estas notícias
cada vez mais agressivas, violentas e cheias de detalhes que nos apavoram sempre que nos
são mostradas e fazem dos fatos violentos como se fosse só isto que estivessem acontecendo
no mundo.
Este aumento significativo da violência nos centros urbanos faz-nos pensar que houve um
retrocesso no processo evolutivo do Espírito. Mas, como sabemos que o Espírito não retroage
nesta caminhada em direção ao progresso, o fato nos comprova que está havendo uma
incidência muito grande na reencarnação de Espíritos ainda dominados por instintos, sem
noção razoável do bem e do mal, com ausência do senso moral. Obedecendo apenas aos
Quais são as causas de tanta violência? Afastamento de Deus – falta de Religião, separação
da educação? Podemos dizer que tudo isso colabora para aumentar a violência, mas,
impune nas esferas em que a alma respira, nos passos da sua evolução. Camilo[1]
Na Turquia, as autoridades tomaram uma atitude sui generis para contrapor as ondas de
violência das torcidas nos estádios de futebol: proibir a entrada de homens e só admitir a
Mas a violência explode desenfreada como se fosse uma praga espalhando os miasmas
pestilenciais por toda a Terra! E, nos agitados dias de hoje, ela deixou de ser característica
dos adultos, vez que as crianças, recebendo com a mamadeira a visão dos quadros de
desequilíbrio através das mídias, bebem, com o leite, as informações deletérias de mentes
apodrecidas. A violência está presente até nos desenhos animados. Assim os pequenos e
futuros “Rambos” vão assimilando em seus psiquismos esses ingredientes sórdidos, cujo
surpreendem-nos dia a dia com as informações desses desatinos, num interminável desfile
de horrores…
Os Espíritos Superiores não ficam insensíveis ante esses quadros desoladores e, vez por
temos uma belíssima e oportuna página de Camilo (1), o guia Espiritual do médium Raul
Teixeira, na qual o Benfeitor Espiritual tece, com a sua sensibilidade, preciosas deduções
Reforçada por uma cruel propaganda massiva, a violência vai ganhando espaço no mundo
homens e mulheres de procedências sociais diversas, uma vez que a hidra da violência não
escolhe as suas presas, açoitando com seu chicote covarde o dorso de toda a Humanidade.
São tempos difíceis e definidores, esses tempos atuais. São oportunidades para que, as almas
encarnadas na Terra possam escolher de que lado desejam ficar, se na luz, se nas sombras;
se anseiam pelos altos cimos espirituais, ainda que com esforços inauditos, ou se preferem a
poucos os que se armam de diversas formas, a fim, dizem, de protegerem-se e proteger seus
familiares e pertences.
defender-se com qualquer arma, terá que investir contra outra pessoa, realizando a justiça
(…)
Disse Jesus que não deveríamos temer os que podem matar o corpo, mas que nada podem
masoquismo religioso, para demonstrar desapego ao corpo. Não, não se trata disso. A
(…)
Nessas considerações sobre o temor da violência, vale, ainda, recordar outro ensinamento
do Cristo, ao dizer4: “Aquele que quiser ganhar a vida, perdê-la-á, e o que a perder, por
Essa dificuldade de entendimento das pessoas, com respeito ao “querer ganhar a vida” e
quanto ao “perdê-la”, deve-se ao compreensível instinto de conservação que faz com que
ninguém queira se desfazer do corpo, ainda que esteja enfrentando problemas graves ou
anomalia psiquiátrica.
Desejam “ganhar” suas vidas, na acepção do Evangelho de Jesus, os que não hesitam em
destruir as dos outros, para preservar a própria. Após o esfriamento da mente, quando o
criminoso homicida se der conta do que promoveu com o seu gesto insano, as perturbações
(…)
É por isso que quem quiser ganhá-la, “perdê-la-á”. Sim, porque perde-se a alegria de viver,
as motivações para uma existência sóbria e bela desaparecem, pois a sombra da culpa
(…)
perder a vida, faz-se importante tomar outro ângulo para percebermos que serão felizes os
pelas realizações fecundas, pelo crescimento que imprimam às próprias ações, pela
fidelidade com que sirvam a Deus, em cada gesto que os caracterize pelo mundo. Esses serão
bem-aventurados, recolhendo das Fontes Celestiais, em forma de bênçãos de saúde íntima,
de equilíbrio geral e de paz, a vida abundante que souberam buscar, ao longo dos seus dias
na escola terrena.
Quanto aos que venham a perder as suas vidas, e, aqui, nos referimos tão-somente aos que
levam a vida com nobreza, realizando seus deveres, na marcha e nas lutas naturais na busca
do Criador, sendo golpeados pelas explosões de violências, caso não se percam na revolta e
no desejo enlouquecido de vingança, avançam para a Grande Luz, deixando para trás as
(…)
À frente das ações e modos violentos das criaturas do Seu tempo, o Mestre Jesus jamais
O exemplo do Rabi é para a incutir em cada um de nós, que fazemos parte do Seu rebanho
de almas, as noções de que o mundo carece de harmonia e não de violência; de alegria e não
Frente às mídias que se locupletam com as notícias violentas, que “vendem”, tanto quanto
infelicitam, a criatura com mente arejada pelos ensinos do Espiritismo, que a todo tempo
e digno na vida terrena, sem se deixar arrastar, nem arrasar, pelos impulsos da violência, que
revelarão um tempo tormentoso vivido pela Humanidade, e que, então, estará bem distante
o Espiritismo sabe que terá de se modificar interiormente, se quiser ser mais feliz. Marco
Prisco em “Luzes do Alvorecer”, psicografia de Divaldo Franco, nos diz que “somente quem
Em “O Livro dos Espíritos”, questão 756, Allan Kardec pergunta aos Espíritos Superiores se “a
sociedade dos homens de bem se verá algum dia expurgada dos seres malfazejos”. Os
mal domina e que se acham deslocados entre pessoas de bem, desaparecerão gradualmente,
como o mau grão se separa do bom, quando este é joeirado. Mas, desaparecerão para
Richard Simonetti nos lembra que “quando a contenção da violência deixar de ser um
a paz for produto não da imposição das leis humanas, mas da observação coletiva das leis
Acreditamos, assim, que somente quando o homem aprender a “amar o próximo como a si
mesmo” e perceber que “fora da caridade não há salvação” é que conseguiremos implantar
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[1] – TEIXEIRA, Raul. Justiça e Amor. Niterói: Fráter, 1996, cap. VI, item 3. (in fine).
2 – TEIXEIRA, Raul. Justiça e Amor. Niterói: Fráter, 1996, cap. VI, item 4.
3 – Mateus, 10:28.
4 – Mateus, 16:25.