Jesus e Vida - Divaldo Franco e Joana D'Angelis
Jesus e Vida - Divaldo Franco e Joana D'Angelis
Jesus e Vida - Divaldo Franco e Joana D'Angelis
psicografia de Divaldo Franco, são-nos transmitidas, por breves capítulos, as mais valiosas
lições de advertência, amor, fé, esperança, ante tantas dores e sofrimento do mundo
moderno, cujos habitantes, na sua grande maioria, são totalmente desequipados para o
enfrentamento dos problemas e vicissitudes da vida, isso porque não conhecem a sublime
mensagem do Plano Superior, as grandes lições insculpidas nas páginas da Doutrina Espírita,
inspirada no Evangelho de Jesus.
Em "Jesus e Vida", Joanna de Ângelis nos oferece valiosas sugestões para enfrentarmos
os diversos desafios do momento.
Inspirada na figura singular e incomparável do nosso Divino Mestre, ela nos diz que " Em
Jesus sempre encontraremos a pedagogia mais segura para o comportamento ideal diante
das situações agressivas destes e de todos os dias tumultuosos."
Sumário
Jesus e Vida 09
A grande transição 15
Compaixão e vida 21
Silêncio 27
I Ioje como ontem 33
Relacionamentos 39
Mandato mediiinico 45
No rumo do desconhecido 51
Armadilhas 57
Amizadeterapia 63
O ressentimento 69
As dissensões 75
Pertencer-se 81
Turbulências e desavenças 87
Interação mente-corpo 93
Oração a São Francisco 99
Duelos contemporâneos 103
Sempre o amor 109 Banquete de luz 115
Em respeito à caridade 121
Sofreguidão pelo poder 127
9 788573 47183
Ante a violência 133
O sentido existencial 139
Pensamentos e suas influências 145
Sempre agora 151
Culto lamentável 157
gitação espiritual 163
Comportamentos esdrúxulos 169
Heroísmo verdadeiro 175
Reações inconscientes 181
Funções do sofrimento 187
9 788573 47183
Jesus e Vida
Sucedem se os séculos em inexorável continuidade, facultando a ciência e à tecnologia
conquistas surpreendentes, ampliando, cada vez mais, os horizontes da vida, como dantes
jamais sonhados, enriquecendo o ser humano de conhecimentos valiosos e desenhando
ainda mais significativas glórias do engenho mental para o futuro.
Nada obstante, o monstro da guerra prossegue ceifando vidas, a fome e as
enfermidades dilacerado- ras ampliam o seu elenco de possibilidades, igualmente
devorando existências que estorcegam em desespero diante da indiferença maldisfarçada
da sociedade rica e prepotente.
Muitas das extraordinárias descobertas que favorecem o progresso e modificam a
estrutura física do planeta, também se vêm transformando em instrumentos para a sua
destruição, graças ao aquecimento global que vaticina terríveis quadros de horror para
todas as formas de vida...
9 788573 47183
Considerando-se a evolução do pensamento ético e sociológico, que alcançou
maturidade e sabedoria, lamentavelmente a dissolução dos costumes morais campeia em
desastres surpreendentes, enquanto se trabalham leis que facultem a matança de vítimas
inermes, através do aborto criminoso, da eutanásia covarde, da pena de morte perversa,
com estímulos nefandos em favor do suicídio insano...
Aturdidas, muitas doutrinas religiosas esquecem- se das suas nascentes, especialmente
aquelas ditas cristãs, e atraem fiéis com engodos terrestres, oferecendo-lhes poder e gozos
humanos, distantes das lições inconfundíveis do Evangelho, que distorcem habilmente...
Proliferam informações sobre o amor, confundindo-o com as explosões do sexo em
desalinho e se oferecem espetáculos de prazer através do álcool, do tabaco, das drogas
químicas e assassinas...
Propala-se a grandeza das liberdades democráticas, asfixiando-se os excluídos, aqueles
que não têm voz, enganando-se com cinismo o povo que elegeu alguns cidadãos que
pareciam honestos como seus representantes, alguns dos quais não sabem honrar os
compromissos aceitos, enquanto muitas nações que se afirmam como paradigmas da
honradez invadem países desditosos, vítimas de ditaduras cruéis, que passam a sofrer
males não menos execráveis...
As ambições pelo poder e pelo prazer enlouquecem multidões que se atiram em luta
odienta com sofreguidão para consegui-los, esmagando os competidores sem qualquer
sentimento de dignidade ou de respeito humano...
Há divertimentos sofisticados e grotescos que se multiplicam através de incontáveis
recursos mecânicos, elétricos, eletrônicos, que consomem em incessante variedade os seus
aficionados...
Atrações de diversas classes seduzem incautos para férias gloriosas em verdadeiros
paraísos terrestres, em ilhas paradisíacas, somente para poucos, em Spa’s dedicados ao
emagrecimento e ao aformo- seamento do corpo, sem qualquer consideração pelo espírito,
que é a razão da existência física...
Aumenta assustadoramente a propaganda em favor do turismo sexual infantil,
conduzindo psicopatas a países desditosos onde são exploradas as vítimas inocentes que
têm a inocência corrompida e irremediavelmente destruída...
Há consenso, quase total, a respeito da felicidade que decorre das glórias efêmeras e
enganosas, que seduzem a juventude, os adultos e mesmo os idosos, proporcionando,
muitas vezes, espetáculos ridículos e deprimentes...
...Enquanto isso, a violência urbana se trans- formou em guerra declarada às
autoridades constituídas, assassinando milhares de vidas a cada ano, sem (pie se
apresentem programas sérios inicialmente de prevenção e posteriormente de repressão ao
crime, mediante a educação, o trabalho, a dignificação dos csigiccidos...
As leis suo criadas e multiplicam-se, raramente sendo cumpridas...
( e s c â n d a l o s mais vergonhosos são proporcionados por personagens que
governam as massas e legisladores ineserupulosos que raramente são punidos, enquanto os
pobres e necessitados enxameiam em cárceres infectos, desumanos, superlotados, onde se
tornam mais revoltados, aliciados pelos chefes de organizações criminosas que
administram o terror de dentro dos presídios onde desfrutam de regalias conquistadas com
altos estipêndios pagos aos seus carcereiros...
*
Jesus e Vida 13
A grande transição
Opera-se, na Terra, neste largo período, a grande transição anunciada pelas Escrituras e
confirmada pelo Espiritismo.
O planeta sofrido experimenta convulsões especiais, tanto na sua estrutura física e
atmosférica, ajustando as suas diversas camadas tectônicas, quanto na sua constituição
moral.
Isto porque, os espíritos que o habitam, ainda estagiando em faixas de inferioridade,
estão sendo substituídos por outros mais elevados que o impulsionarão pelas trilhas do
progresso moral, dando lugar a uma era nova de paz e de felicidade.
Os espíritos renitentes na perversidade, nos desmandos, na sensualidade e na vileza,
estão sendo recambiados lentamente para mundos inferiores onde enfrentarão as
consequências dos seus atos ignóbeis, assim renovando se e predispondo-se ao retorno pla-
netário, quando recuperados e decididos ao cumprimento das leis de amor.
Por outro lado, aqueles que permaneceram nas regiões mais infelizes estão sendo trazidos
à reencar- nação, de modo a desfrutarem da oportunidade de trabalho e de aprendizado,
modificando os hábitos desditosos a que se têm submetido, podendo avançar sob a
governança de Deus.
Caso se oponham às exigências da evolução, também sofrerão um tipo de expurgo
temporário para regiões primárias entre raças atrasadas, tendo o ensejo de ser úteis e de
sofrer os efeitos danosos da sua rebeldia.
Concomitantemente, espíritos nobres que conseguiram superar os impedimentos que os
retinham na retaguarda, estarão chegando, a fim de promoverem o bem e alargarem os
horizontes da felicidade humana, trabalhando infatigavelmente na reconstrução da sociedade
então fiel aos desígnios divinos.
Da mesma forma, missionários do amor e da caridade, procedentes de outras Esferas,
estarão revestindo- se da indumentária carnal, para tornar esta fase de luta iluminativa mais
amena, proporcionando condições dig- nificantes que estimulem ao avanço e à felicidade.
Não serão apenas os cataclismos físicos que sacudirão o planeta, como resultado da lei de
destruição, geradora desses fenômenos, como ocorre com o outono que derruba a folhagem
das árvores, a fim de que possam enfrentar a invernia rigorosa, renascendo exuberantes com
a chegada da primavera, mas também os de natureza moral, social e humana que assinalarão
os dias tormentosos que já se vivem.
Os combates apresentam-se individuais e coletivos, ameaçando de destruição a vida com
hecatombes inimagináveis, como se a mesma pudesse ser aniquilada...
A loucura, decorrente do materialismo dos indivíduos, atira-os nos abismos da violência e
da insensatez, ampliando o campo do desespero que se alarga em todas as direções.
Esfacelam-se os lares, desorganizam-se os relacionamentos afetivos, desestruturam-se as
instituições, as oficinas de trabalho convertem-se em áreas de competição desleal, as ruas do
mundo transformam-se em campos de lutas perversas, levando de roldão os sentimentos de
solidariedade e de respeito, de amor e de caridade...
A turbulência vence a paz, o conflito domina o amor, a luta desigual substitui a
fraternidade.
... Mas essas ocorrências são apenas o começo da grande transição...
*
A fatalidade da existência humana é a conquista do amor que proporciona plenitude.
Há, em toda parte, uma destinação inevitável, que expressa a ordem universal e a
presença de uma Consciência Cósmica atuante.
A rebeldia, que predomina no comportamento humano, elegeu a violência como
instrumento para conseguir o prazer que lhe não chega de maneira espontânea, gerando
lamentáveis conseqüências, que se avolumam em desaires contínuos.
E inevitável a colheita da sementeira por aquele que a fez, tornando se rico de grãos
abençoados ou de espículos venenosos.
Como as leis da vida não podem ser derrogadas, toda objeção que se lhes faz converte-se
em aflição, impedindo a conquista do bem-estar.
Da mesma forma, como o progresso é inevitável, o que não seja conquistado através do
dever, sê-lo-á pelos impositivos estruturais de que o mesmo se constitui.
A melhor maneira, portanto, de compartilhar conscientemente da grande transição é
através da consciência de responsabilidade pessoal, realizando as mudanças íntimas que se
tornem próprias para a harmonia do conjunto.
Nenhuma conquista exterior será lograda se não proceder das paisagens íntimas, nas
quais estão instalados os hábitos. Esses, de natureza perniciosa, devem ser substituídos por
aqueles que são saudáveis, portanto, propiciatórios de bem-estar e de harmonia emocional.
Jesus e Vida 19
Compaixão e vida
A compaixão é sentimento de nobreza que deve permanecer na criatura humana, em face
da imensa necessidade existente em relação à compreensão dos problemas e dificuldades das
demais pessoas, atormentadas e infelizes, transitando entre revoltas e desaires.
Irmã da benevolência, predispõe o espírito à ternura e á piedade fraternal, induzindo-o à
ação nobilitante da caridade.
Sem compaixão, o ser humano estiola-se, por falta de vigor emocional para solidarizar-se
com o seu próximo.
()s seus sentimentos enrijecem-se e a indiferença domina lhe o íntimo, desumanizando-o.
Muitas vezes, essa rigidez moral tem início quando '• < s|*« i imenta nina
frustração afetiva ou uma traição, eslabelei i ndo se um vinculo entre o ocorrido e as proba-
bilidade'. de nova mente repetir se, o que impulsiona o indivíduo a adotar um mecanismo
psicológico de armadura para defender se de novas ocorrências sentimentais...
O raciocínio é equivocado e egoísta, porque a exceção não pode constituir-se
generalidade, tornando-se fenômeno comum.
Sem dúvida, é muito melhor sofrer-se quando no ministério da ação do bem, do que
poupar-se à dor, reservando-se as atitudes precavidas, indiferente aos padecimentos alheios.
A dor do nosso próximo, que lhe estruge violenta, é convite à nossa reflexão e
solidariedade, porque ninguém conseguirá prosseguir no rumo do destino sem a
experimentar oportunamente, caso ainda não lhe haja sofrido o aguilhão.
Porque alguém se comportou indevidamente em relação àquele que lhe ofereceu as belas
flores da afeição, isso não pode constituir modelo de conduta, dissolvendo as expressões de
ternura que devem mais ser fortalecidas.
A compaixão é a virtude ou qualidade moral que melhor expressa o sentimento de
benevolência e que prepara o ser para as propostas de elevação moral com renúncia e
abnegação.
Trata-se de uma oportuna conscientização da responsabilidade solidária, do sentido de
humanidade que une as criaturas, umas às outras, formando um todo harmônico e
dignificante.
Pode-se identificar a espiritualidade de uma pessoa pela grandeza do seu sentimento de
compaixão em favor da vida. Não se restringe apenas ao seu próximo, mas também envolve
todas as formas vivas da Natureza e até mesmo aquelas inanimadas que fazem parte da
maternidade terrestre.
A tendência à compaixão é inata em todos os seres humanos, havendo-se iniciado nos
períodos recuados do processo evolutivo, quando a psique começou a despertar para a
finalidade que lhe é reservada, tornando- se instrumento de auxílio, de conservação da vida,
de trabalho em favor do progresso, de solidariedade.
Estua, no entanto, quando a autoconsciência se faz lúcida e profunda, enriquecida pelo
discernimento das finalidades existenciais e dos compromissos existentes entre todos.
*
A compaixão é sentimento natural, espontâneo, que caracteriza o espírito maduro e
elevado.
Filha do amor, tem a sensibilidade desenvolvida, o que lhe permite entender e mais
contribuir em favor de melhores resultados nos processos de construção da felicidade
humana.
No desenvolvimento emocional, ao lado das conquistas intelectuais, a compaixão exerce
um papel preponderante em favor daquele que a cultiva, por facultar- Ihe mais amplo
entendimento dos mecanismos da vida, ao tempo em que lhe desenvolve as emoções
superiores, gerando uma ponte emocional com a Divindade.
Quando se está enriquecido de paz e generosidade, logo se apresenta a compaixão
contribuindo para a faria distribuição de misericórdia.
K um sentimento de dignificação, que não se prende as leias dos interesses pessoais, mas
que renuncia a<» i»1 <»|»1 ao prazer desde que disso resultem benefícios para ou!i em.
l i al a se i le 11m impnsil ivo geral no Universo. Todos os organismos vivos solidarizam se, a
fim de sobreviverem, apresentando comportamentos que situam acima dos seus interesses
imediatos as necessidades gerais do grupo.
Morrem as células gastas e envelhecidas, dando surgimento às novas que irão facultar o
prosseguimento da vida biológica.
Cada parte do organismo está disposta a morrer individualmente a benefício da
coletividade.
Nenhuma parte funciona apenas para atender às suas necessidades, senão para o
equilíbrio do conjunto. Em razão disso, quando surge uma disfunção, uma alteração qualquer
em uma delas, logo se assinalam distúrbios que se generalizam e podem levar à morte do
todo.
No processo de regularização da saúde, de sua recuperação ou de sua manutenção, o
sentimento de compaixão desempenha um papel preponderante, em face dos estímulos que
se expressam, quando é dirigida a benefício próprio, sem revolta nem recriminação.
Quando alguém autocompadece-se de maneira edificante, sem o pieguismo narcisista,
como atividade positiva de renovação interior, produz neuropeptídeos que são canalizados
para o equilíbrio e o bem-estar.
Esse sentimento de auto-amor é pródromo do amor ao próximo, como parte integrante
do conjunto humano e, por conseqüência, do amor a Deus, na generalização cósmica.
A emoção, em decorrência da conduta adotada, es- praia-se, e a mente disciplinada,
generosa e compreensiva, dirige-a no rumo dos objetivos a alcançar.
Eis por que a conexão mente-corpo é fundamental para uma existência feliz, quando se
faz mediante as contínuas emissões de ondas de harmonia, de amor e de compaixão para o
próprio ser, e, por extensão, para os demais.
Ninguém pode viver em plenitude a sós, ignorando as dores e as aflições das demais
pessoas, isolando-se para preservar a paz. Essa seria a paz do pântano, em que se percebe
tranqüilidade na superfície, mas decomposição e morte na intimidade que permanece oculta.
A compaixão é sempre dinâmica, não se detendo em apenas sentir o problema de outrem,
porém atuando de forma salutar para que a dificuldade seja solucionada mediante a sua
contribuição lúcida e misericordiosa.
*
A mecânica do desenvolvimento espiritual e moral do espírito é a do amor, que se
esclarece iluminando-se pelo conhecimento e pelas experiências durante a esteira das
reencarnações.
Quando a inteligência conduz o amor, há lógica e razão. Mas quando o amor dirige a
inteligência, a compaixão expressa-se e a caridade toma conta dos comportamentos
humanos.
Tomado de compaixão pela sociedade injusta, infantil e perversa dos Seus dias, muitas
vezes, Jesus dei- xou-se conduzir pela compaixão, graças à qual amou-a sem reservas,
entregando-se em regime de doação plena, a fim de que a vida moral predominasse em todos
os comportamentos sociais e humanos.
Toma-O como exemplo e tem compaixão, quando não possas aplicar outro sentimento,
porque compaixão é vida.
Silêncio
Aumenta volumosamente a balbúrdia no mundo.
Não há respeito pelo silêncio.
Abarulheira aturde a criatura humana, cuja constituição física e emocional apresenta
limites para a zoada, em face dos decibéis suportáveis.
Como conseqüência, as pessoas perderam o tom de equilíbrio nas conversações, nos
momentos de júbilo, nas comunicações fraternais.
Grita-se, quando se deveria falar, produzindo uma competição de ruídos e de vozes que
perturbam o discernimento e retiram a harmonia interior.
As pessoas engalfinham-se em competir na emissão do volume de voz, tornando as
conversações desagradáveis e agressivas.
Quando se fala em tonalidade normal, já não se ouve, em face do hábito enfermiço do
vozerio.
Esteja-se no lar, no restaurante, na oficina de trabalho, no clube, em qualquer lugar
público, e torna-se quase impossível uma conversação agradável e produtiva.
As músicas deixam, a pouco e pouco, de ser harmônicas para se apresentarem ruidosas,
sem nenhum sentido estético, expressando os conflitos e as desordens emocionais dos seus
autores, numa tormentosa conspiração para o desaparecimento do sentido de equilíbrio da
vida humana.
Os diálogos mais parecem discussões calorosas em que se debate com ardor, em
competição injustificável e tormentosa, do que propriamente uma conversa prazerosa.
A arte da conversação cede lugar aos temas vazios de significado e de edificação,
permanecendo adstrita a vulgaridades e queixas com que mais se entorpecem ou se irritam os
indivíduos.
O alto volume dos ruídos externos retira o sentido do prazer de ouvir-se, em decorrência
da agressão ao aparelho auditivo.
Cada qual, por isso mesmo, impõe o volume da sua voz, dos ruídos do lar, das
comunicações e divertimentos através dos rádios e das televisões.
Tem-se a impressão de que se perdeu o direito de experienciar o silêncio ou, pelo menos,
de escutar-se em níveis suportáveis e agradáveis, mediante os quais as ondas sonoras
produzam empatia e bem-estar.
O desrespeito grassa por todo lado, em razão da falta de educação generalizada. Os pais,
indiferentes ao programa de dignificação dos filhos, deixam-nos praticamente aos próprios
cuidados, ou concedem-lhes o excesso de liberdade em detrimento daquela que pertence aos
outros. Tornam os filhos ruidosos, voluntariosos, desobedientes, agressivos, quando
contrariados ou não. Desaparece a disciplina que deve existir em toda parte, favorecendo o
bom entendimento entre todos.
Relacionamentos
O ser humano é um animal biopsicossocial, dirigido pelo instinto gregário, necessitado da
convivência com outrem da mesma espécie, a fim de desenvolver os conteúdos inerentes à
sua evolução.
Quando isolado, tende a vivenciar conflitos e perturbações físicas, emocionais e psíquicas,
às vezes, irreversíveis.
O calor dos relacionamentos oferece-lhe vitalidade e desenvolve-lhe a confiança nos
investimentos da afe- lividade e de outros sentimentos nobres, contribuindo para a
auto-realização nos objetivos a que se vincula.
Os relacionamentos nem sempre se desenvolvem no clima que deveria ser ideal, isto é, de
reciprocidade, <lc respeito e amizade.
Assim sucede, porque o egoísmo e as paixões primitivas dificultam-lhe as manifestações
de equilíbrio e de discernimento na pauta da convivência com outrem em particular, e com as
demais pessoas em geral.
Destacando-se o temperamento rebelde, fruto das heranças ancestrais de predominância
*
Daí o declararmos abertamente que quem quer que blasone de os obter
(fenômenos) à vontade não pode deixar de ser ignorante ou impostor. Daí vem
que o verdadeiro Espiritismo jamais se ilará em espetáculo, nem subirá ao tablado das
Jesus e Vida 47
No rumo do desconhecido
A criatura humana que transita na faixa da norma- I idade possui autonomia, podendo
agir conforme lhe apraz. Como conseqüência, porque lhe faltem disciplina e orientação
espiritual, ruma para o desconhecido, .il irando-se em fossos por ela mesma cavados.
Na sua quase totalidade, é vítima dos impulsos inferiores, apaixonados, reagindo sempre
quando poderia manter uma conduta proativa, edificante e não- agressiva.
Como efeito, não se permite agir com serenidade diante dos acontecimentos inesperados,
sempre tomando decisões precipitadas e rumando para o desconhecido.
O vento que sopra autônomo arranca tudo quanto não lhe resiste à devastação, inclusive
produzindo a erosão do solo, das rochas, à semelhança das ondas do mar que, violentadas
pelas correntes aéreas em turbulência, golpeiam sem cessar as costas dos penhascos, despe-
daçando as algas que se lhes agarram e tudo quanto se lhes apresenta como impedimento, em
tentativas inúteis de sobrevivência.
Canalizadas essas forças aéreas da natureza, poderiam produzir energia eólica
proporcionadora do progresso e do bem-estar.
O ser humano tem necessidade imediata de reflexionar em torno dos potenciais que nele
jazem adormecidos, para bem direcioná-los conforme o conhecimento das finalidades
existenciais em favor da própria felicidade.
Descobrindo os tesouros que lhe cabe multiplicar através do uso ordenado e consciente,
dispõe de um rumo conhecido que se lhe apresenta como a meta a ser conquistada.
Nesse sentido, a disciplina apresenta-se-lhe como o DNA da sabedoria que alcançará.
Uma existência pautada no conhecimento seguro a respeito dos anseios da mente e do
sentimento favorece a auto-realização, que deve ser o objetivo a alcançar enquanto lhe vige a
oportunidade no escafandro carnal.
Quando a vida é destituída de metas de enobrecimento, torna-se uma sucessão de
desastres emocionais, morais e espirituais, sem motivações dignifica- doras que dão sentido
ao existir.
Sem rumo, o indivíduo perde-se pelos diferentes caminhos que encontra, percorrendo-os
sem segurança, e ao constatar que eles não levam a um porto de segurança, interrompe a
marcha para logo reiniciá-la, cada vez menos entusiasmado, tropeçando no desconhecido.
Todavia, quando tem elaborado um projeto bem delineado, a cada passo dado, mais próximo
da meta a alcançar se encontra.
Quem não acredita no valor desse conhecimento e (la disciplina para vivenciá-lo que
acompanhe a trajetória de um veículo motorizado sem freios descendo uma ladeira...
O conhecimento ilumina a consciência, especialmente quando se trata das conquistas do
belo, do amor, da sabedoria.
Somente assim é possível nele brilhar a luz da alegria sem sombras nem interrupção.
A fonte geradora do Bem, da mesma forma que irradia forças dinâmicas para a vida,
absorve as energias que lhe são direcionadas, reencaminhando-as mais potencializadas.
Eis, portanto, definida a importância do conhecer r do bem conduzir-se, a fim de que a
autonomia faculte conquistas preciosas e imperecíveis.
*
O homem e a mulher prepotentes, temerários, ameaçadores, são portadores de
autonomia em ação danosa no rumo do desconhecimento.
Os indivíduos sensatos, idealistas, gentis, que superam as injunções difíceis, por sua vez
avançam para as realizações que os plenificam e já lhes são conhecidas.
Os guerreiros e déspotas promotores de guerras, erguem estandartes de belicosidade e
Jesus e Vida 53
Armadilhas
Quando alguém empreende uma realização nobi- lilante, vinculado a um compromisso
superior com a vida, não lhe faltam desafios e aflições, que são heranças de comportamentos
infelizes do passado e obstáculos naturais que devem ser superados.
Vivendo em uma sociedade egóica e imediatista, experimenta desconfiança e agressões de
todo porte, como se uma conspiração houvesse a fim de impedir- lhe o desenvolvimento do
ideal que acalenta e pelo qual moureja.
Em face dos fatores de perturbação ainda vigentes no grupo social, suspeita-se-lhe da
honestidade de propósitos, acreditando-se que se trata de um indivíduo es- I afador ou astuto
procurando projeção no cenário em que se encontra, ou mesmo de algum aventureiro que
espera lucros rendosos sem grandes investimentos pessoais...
Infelizmente, ainda não há lugar, na atual sociedade, para pessoas sérias portadoras de
projetos de enobrecimento para a Humanidade.
É inegável que existem incontáveis exemplos contrários a essa conduta, no entanto, a
mais comum é a atitude de suspeição e de arrogância em relação ao inovador, em razão dos
conflitos pessoais que dominam a grande mole humana, ainda não liberta das paixões in-
feriores em que se compraz.
Quando esse labor diz respeito aos valores espirituais dignificantes, a luta se lhe torna
mais áspera, porque a maioria prefere a distração e a vulgaridade, mesmo que sob os
disfarces de objetivos elevados.
O desrespeito ético em aumento crescente, avassalando setores onde devem prevalecer os
sentimentos de ordem e de edificação, testemunha a falsa necessidade dominante pela busca
do promíscuo e superficial, nos quais se destacam personalidades enfermas e astros
frustrados que se impõem em lideranças doentias...
É compreensível que assim ocorra esse fenômeno de desconsideração pelo bom e pelo
belo, substituído pela balbúrdia e zombaria das questões santas, porque se pretende viver o
momento do prazer e do desfrutar, em novos comportamentos que disfarçam os terríveis
conflitos em que a grande maioria de pessoas se estorcega.
É muito difícil ser coerente entre o que se crê e como se deve agir, buscando-se, por falta
de resistências morais, sucedâneos para a conduta leviana sob justificações lamentáveis, mas
que agradam aos desavisados.
O Espiritismo é doutrina séria de caráter imortalis- ta, que se destina àqueles que tenham
sede de justiça, fome de paz e ânsia de felicidade, cansados das ilusões vivenciadas e
dominadas por dores excruciantes de que necessitam libertar-se.
Todos quantos lhe abraçam os postulados são convidados à transformação moral para
melhor, tornando- se, cada dia, mais saudáveis do que anteriormente, e trabalhando as
imperfeições morais, a fim de que possam vivenciar a harmonia e a iluminação de que são
objetos os postulados espíritas. No entanto, há uma grande de- lasagem entre o que se divulga
e o que se experiencia.
Não são poucos os indivíduos que, no exercício dos ideais libertadores, projetam-se mais
através deles, do que lhes fazem a divulgação apagando-se, conforme afirmava João, o
batista, em referência a Jesus: É necessário que Ele cresça e que eu diminua. (João: 3- 30).
Há uma incontida ânsia pela projeção social e humana, em competição doentia,
perturbadora, bem con- I rária a essa proposta do Precursor...
É inevitável essa ocorrência, porque os indivíduos consideram os demais através da óptica
intelecto-moral de que são portadores.
*
Além desses naturais adversários terrestres do ideal ismo libertador, outros existem, que
ainda apegados as paixões humanas, embora desencarnados, conspiram incessantemente
contra aqueles que são fiéis aos objetivos que abraçam, gerando situações calamitosas,
urdindo armadilhas perversas, a fim de colhê-los, asam impedindo-lhes o avanço.
Km um momento, induzem pessoas emocional- mente perturbadas a aproximar-se dos
lidadores do hem, inspirando-lhes paixões servis, e quando rechaçadas transformam-se em
perseguidoras inclementes.
Vezes outras, tentam seduzi-los com publicidade e fama, arrastando-os para os
descaminhos do compromisso, sob aplausos ruidosos em festas de insensatez e de turbação
mental.
Habitualmente acercam-se, esses infelizes inimigos de si mesmos, desencarnados em
desesperação, gerando, à volta dos trabalhadores, uma psicosfera mor- bífica, que lhes
produz amolentamento e cansaço com prejuízo das realizações que lhes cumpre executar.
Em diversas ocasiões, aproveitadores inescrupulosos cercam-nos, sobrecarregando-os de
atividades que não desejam desempenhar, de forma a exauri-los no cumprimento dos deveres
Mesmo Jesus, que é o Sol de Primeira Grandeza do planeta terrestre, não realizou o Seu
ministério, sem a presença constante de inimigos, de adversários soezes e de manipuladores
de armadilhas perversas.
... Mandaram então seus discípulos, em companhia dos herodianos, dizer-lhe: Mestre,
sabemos que és veraz e que ensinas o caminho de Deus pela verdade, sem levares em conta
a quem quer que seja, porque, nos homens, não consideras as pessoas. - Dize-nos, pois, qual
a tua opinião sobre isto: É-nos permitido pagar ou deixar de pagar a César o tributo?
Jesus, porém, que lhes conhecia a malícia, respondeu: Hipócritas, por que me tentais?
Apresentai-me uma das moedas que se dão em pagamento ao tributo. E tendo-Lhe eles
apresentado um denário, perguntou Jesus: De quem são esta imagem e esta inscrição? - De
César, responderam eles. Então, observou-lhes Jesus: Dai, pois, a César o que é de César e a
Deus o que é de Deus. (Mateus: 22-15 a 22.)
As armadilhas humanas colhem somente aqueles que se encontram no mesmo nível dos seus
opositores.
Ta, porém, segue adiante, fiel ao dever abraçado.
/<".MS e Vida 61
Amizadeterapia
Marco Túlio Cícero, filósofo latino do século I a.C., afirmou com grande sabedoria que
Quem retira a amizade da sua vida elimina o Sol do mundo.
Isto porque, o relacionamento entre as pessoas através da amizade é de grande
significado emocional para a existência feliz.
A amizade é como o Sol que aquece e vitaliza, favorecendo o desenvolvimento da vida e
ampliando os horizontes existenciais, aos quais oferece beleza, harmonia e faculta desafios
para serem conquistados.
O ser humano é essencialmente sociável, encontrando, nos relacionamentos
proporcionados pela amizade, estímulos e objetivos para crescer moral e espiritualmente.
Sem dúvida, a amizade é portadora do calor necessário para fazer germinar os
sentimentos que se encontram adormecidos no imo do ser, ao tempo em que se irradia com
energias benéficas em favor daquele com o qual se relaciona.
A amizade independe dos interesses mesquinhos do dar para receber, porquanto, o ato da
estima sintetiza os dois fenômenos pelo produzir de satisfações confortadoras.
Destituídos de sentimentos racionais, os animais da escala anterior à humana expressam
a amizade por instinto, embora em alguns deles existam os pródro- mos da futura
inteligência, protegendo-se, assim como a outros da mesma ou de espécie diferente, no clã
biológico ou no social, oferecendo-lhes apoio e convívio.
Esse treinamento desenvolve-lhes a capacidade para a estima, quando alcançarem o
estágio de humanidade.
Os filhotes rejeitados ou órfãos, quando não adotados por outros, deprecam e morrem.
O mesmo ocorre com as crianças que, acariciadas, gozam de mais saúde e de melhor
desenvolvimento intelectual, em relação àquelas que são vítimas do abandono ou são
desprezadas, que sobrevivem com deficiências várias, quando não se apresentam portadoras
de transtornos emocionais graves.
A amizade sincera oferece a segurança emocional que propicia alegria de viver, por
estimular os neuro- transmissores a produzir mais dopamina, a substância responsável pela
alegria, pela felicidade...
Invariavelmente, os indivíduos temem o abandono, a solidão, e ante a doação da amizade
relaxam e tran- qüilizam-se, reconquistando a confiança em si mesmos e no próximo.
A amizade, desse modo, é como um elixir terapêutico de excelentes resultados, inclusive
no período em que se instalam as enfermidades.
A amizade é tão valiosa, que o som de uma voz amiga e conhecida produz o sorriso de
alegria em quem o escuta.
A lembrança de um ato propiciado por um amigo gera satisfação e a perspectiva de um
novo encontro desenvolve expectativa agradável.
Quando não se frui dessas satisfações, dificilmente encontra-se a felicidade durante a
existência terrena, sofrendo-se isolamento e angústia.
Estatísticas valiosas asseveram que as pessoas solitárias têm a probabilidade de
desencarnar em muito menos tempo do que aquelas que experienciam convivências e
relacionamentos afetivos.
O mesmo ocorre com os introvertidos em relação aos extrovertidos, em face das agressões
de que padece o sistema imunológico, bombardeado pelos conflitos das coarctações
emocionais.
A amizade prolonga a existência física e embeleza as emoções.
A vida estua em incessantes poemas de relacionamentos em a Natureza, culminando na
convivência entre os seres humanos.
Amigos são bênçãos que devem ser cultivadas com carinho, respeito e consideração.
*
A amizade pura tem sido responsável por incontáveis glórias do processo evolutivo da
humanidade.
Pessoas que se estimam, sacrificam-se umas pelas outras, demonstrando o significado de
que se revestem na convivência fraternal.
Enquanto houver amizade entre os seres humanos Deus estará de bem com os habitantes
do planeta terrestre.
Sê amigo, doando-te quanto possas, mantendo conversações salutares, joviais e
desfrutarás de bem- estar.
A convivência na amizade é razão para evitar o vazio existencial, a saturação, desde que
seja autêntico o sentimento.
A amizade prolonga a alegria de fruir-se a existência física.
Amizade que produz bem-estar e auto-realização, é processo terapêutico para uma
reencarnação exitosa.
O ressentimento
O ressentimento é semelhante a um morbo moral que toma conta das emoções e
transforma os sentimentos em amargura e em prevenção.
Instala-se de forma sutil e agiganta-se de maneira inesperada, aumentando conforme a
fixação que a vontade da sua vítima lhe permite, gerando inquietação e sofrimento
desnecessários.
Expressões que antes denotavam afeto assumem, sob a óptica do ressentimento,
significados perturbadores; gestos que traduziam amizade, agora, observados pelo
ressentimento, confirmam a tese absurda de prevenção; sorrisos que expressavam amizade e
júbilo, no momento em que o ressentimento se instala, tomam forma de ironia e de crítica
mordaz.
No estado de ressentimento vêem-se as ocorrências conforme as lentes que são colocadas
na vista para observação.
Os melhores argumentos para a sua anulação mais facultam ampliá-lo, em face da
cegueira emocional que domina a sua vítima.
O ressentimento é fruto espúrio do orgulho enfermiço que não permite os gestos de
honestidade, de identidade fraternal, de comunicação amiga, de orientação saudável.
Cada pessoa, nesse estado, espera sempre receber a compreensão em torno do seu
comportamento inadequado, quando sucedem situações desastrosas, desfrutando de
simpatia geral. No entanto, é-lhe muito difícil aplicar essa conduta em referência ao próximo,
ao coração amigo com quem convive.
No trato social e nos relacionamentos humanos surgem momentos de dificuldades
perfeitamente naturais, em razão da impossibilidade de expressar-se realmente o que se
deseja, por falência vocabular ou por impedimentos emocionais, dando margem a incompre-
ensões em torno do que se diz.
O ressentido não leva isso em consideração, porque o seu orgulho não admite que esteja
enganado e que os outros estejam agindo corretamente. Aliás, nos seus conflitos, essa postura
faz-lhe bem, porque o torna mártir, ensejando-lhe motivo de afastamento e de censura
contra quem se lhe torna objeto de desagrado.
O ressentimento tem sido responsável por sofrimentos vários e separações lamentáveis
nos relacionamentos afetivos pelo matrimônio, nas parcerias de todo tipo, nas negociações
comerciais, na convivência social e em outros comportamentos humanos.
É muito fácil ser amigo, contribuir em favor da preservação das afeições, mantendo
tolerância e fraternidade, que são termos básicos do relacionamento saudável.
Quando se pretende ser irretocável, o que representa um transtorno neurótico, tudo gira
em torno da sua aparente perfectibilidade que a ninguém permite equívoco em relação à sua
falsa superioridade.
*
É compreensível que os espíritos em desenvolvimento ético-moral ainda apresentem as
imperfeições do processo durante a fase em que estagiam, errando para acertar.
Nada obstante, é necessário que as situações deploráveis que podem surgir sejam diluídas
pela compreensão fraternal e pelos ideais de enobrecimento de quem se considera mais
lúcido e melhor.
Em verdade, todo aquele que não admite admoestação ou deixa-se ferir, ressentindo-se
diante de qualquer conjuntura, está envenenado pelo orgulho e intoxicado pela presunção.
O lavrador que maldiz a terra sáfara, além de desconhecer as técnicas de modificação do
solo por processos de adubação, nunca terá êxito nos seus propósitos de semeação e de
colheita.
O agricultor que não se precata em relação ao clima e às pragas que sempre atacam a
plantação, jamais conseguirá uma produção compensadora.
O amigo que não cuida de compreender os obstáculos e as deficiências do seu próximo,
não terá oportunidade de relacionamentos felizes, sempre tentando novos compromissos e
interrompendo-os, porque o seu desejo de perfeição nos outros é inalcançável, em razão de a
mesma não ser deste mundo...
Torna-se indispensável o desarmamento das emoções, mesmo nas situações mais graves,
a fim de que a obra do Bem, na qual todos se devem empe-
nhar, alcance o objetivo a que se destina.
Se, no empreendimento encetado, este companheiro, porque foi magoado, poupa-se ao
prosseguimento da cooperação; aquele, porque se ressentiu, distancia-se da atividade; o
terceiro, porque não foi compreendido, divorcia-se da responsabilidade, a obra não marchará
por si mesma, pois que ela é o resultado da contribuição de todos.
Desse modo, vale pensar-se no significado das realizações cristãs, tendo em vista que o
amor de Jesus deverá estar materializado em nossas mãos dedicadas ao serviço e em nossos
corações voltados para a ajuda recíproca.
No intercâmbio espiritual que se processa ininterruptamente, de acordo com o
direcionamento da idéia cultivada, que sempre é acrescida por substancial in- fluenciação de
mentes outras - encarnadas e desencarnadas - do mesmo padrão vibratório. Enquanto se
permanece no devotamento do ideal, as antenas psíquicas captam as ondas superiores de paz,
de entusiasmo e de ação que procedem do Divino Psiquismo. Todavia, quando mudam de
tom emocional recebem altas cargas idênticas procedentes daqueles que estão interessados
na desídia, no impedimento das realizações nobres, laborando em favor das dissensões e das
lutas infelizes.
Necessários vigilância e humildade em todos os campos de ação.
Vigilância para não se tornar instrumento de perturbação no grupo que busca o
crescimento espiritual e moral mediante o trabalho de promoção humana e de caridade.
Humildade para compreender a própria pequenez diante da grandeza da vida, a cujo
convite está integrado no grandioso projeto da evolução, tentando a auto- iluminação pelo
serviço ao semelhante.
O tempo urge, e as oportunidades escasseiam.
As conquistas terrestres, valiosas sob todos os aspectos considerados, promovem o ser,
mas a obra do Bem permanece-lhe insculpida quando os outros recursos ficam na Terra após
a desencarnação.
A necessidade, portanto, de união fraternal e de tolerância recíproca em relação às
dificuldades de outrem, que se expressa mal, que reage de maneira incorreta, ou que apenas
começa a direcionar-se para realizações humanitárias e nobres, torna-se essencial para a
execução dos compromissos felizes.
*
É natural que haja discordância de opinião, sem que isso produza desavença, inimizade.
Dissentir é um direito que todos têm quando lhes são apresentadas idéias e opiniões,
quando se convive e se relaciona com outrem, mantendo-se, porém, a integridade pessoal, o
ponto de vista, a coragem de pensar de maneira diferente, o que não significa divergir com
ira, abrindo abismos e distâncias em relação àqueles que se permitem o direito de expressar o
que pensam e agir conforme lhes apraz.
O orgulho desmedido, porém, é o tecelão das discórdias, que não permite a outrem o
direito de ser diferente, de manter-se com independência, de igualmente viver conforme os
padrões que lhe parecem corretos.
Na raiz, porém, desse comportamento doentio, encontra-se o espírito rebelde, imaturo e
teimoso, que se obstina em manter-se no estágio em que deambula, seja por preguiça mental,
seja pela presunção de nunca estar equivocado, o que lhe demonstra a inferioridade em que
ainda estagia.
Acreditando ser a vida física a única, aferra-se a conceitos infantis, que lhe parecem
portadores de força e de grandeza, detendo-se nas experiências primárias do aparente poder,
sem a coragem de reconhecer a ignorância em que opera, trabalhando pela aquisição do
conhecimento libertador.
As dissensões, em decorrência desse fenômeno individual, tomam lugar entre pessoas
que, aparentemente, são lúcidas, maduras psicologicamente, mas que não abdicam da
presunção, preferindo romper com os amigos a compreendê-los e dar-lhes oportunidade de
melhores esclarecimentos.
Na seara de Jesus, desde os primórdios, as dissensões apresentaram-se perversas,
dividindo grupamentos, separando companheiros que pareciam amar-se, criando situações
complicadas que se transformaram em instituições litigiosas entre si.
Muitos adeptos deixaram-se inflamar por Jesus e, na equivocada maneira de pensar,
atribuíram-se a missão de O defender, de preservar os Seus ensinamentos, partindo para a
dissensão, quando poderiam optar pela conversação, pelo diálogo eficiente e esclarecedor.
Continuam os dissidentes na fé cristã, dividindo cada vez mais o rebanho, criando novas
seitas e assumindo posturas missionárias, na ilusória postura sal- vacionista em relação aos
outros, esquecidos da própria transformação moral para melhor, auto-iluminando-se.
Se, entre aqueles que dizem amar a Deus, que têm como meta o amor ao próximo como a
si mesmos, que alardeiam as excelências da fraternidade, da compaixão e têm, na caridade, o
objetivo maior, a dissensão semeia os ódios, que esperar-se dos que ignoram ou se distanciam
das lições incomparáveis do amor, senão a rebeldia, a agressividade, o despautério?!
É urgente a necessidade de uma releitura da postura emocional em relação à convivência
com os outros, de uma análise cuidadosa em torno do comportamento gentil e tolerante em
relação àqueles que divergem, não se deixando ferir ou ser empurrado para a separação
sistemática.
*
Quando a consciência humana despertar para a realidade da reencarnação, dos seus
objetivos saudáveis e intransferíveis, esforçar-se-á para vivenciá-la de maneira compatível
com os seus conteúdos filosóficos e ético-morais.
Centenas de milhões de homens e mulheres, na Terra, vinculados a diferentes religiões e
filosofias já acreditam na reencarnação, nada obstante, conduzem- se de maneira equivocada,
desrespeitando os seus princípios e olvidando-se, na prática, dos conteúdos libertadores que
apresentam na teoria.
A oportunidade de aprendizagem na Terra, através da organização fisiológica, educativa e
rica de lições ilu- minativas, é bênção de relevante importância, que não pode ser
desconsiderada.
Discordar fraternalmente, portanto, é direito de todos, dissensão, porém, disso
decorrente, expressa inferioridade moral que deve ser corrigida.
Pertencer-se
Graças aos atavismos ancestrais que se demoram em a criatura humana, inúmeras
dependências caracterizam-lhe a existência, na condição de conflitos e de falsas necessidades
de apoio.
A identidade conturbada, não conseguindo libertar-se dos liames a que se encontra atada
por indolência e comodidade, permite-se continuar sob o jugo das paixões a que se submete
espontaneamente.
Cada espírito é possuidor do corpo de que se utiliza, elaborado de acordo com as suas
necessidades evolutivas, programado para o processo de crescimento interior, atravessando
as diversas etapas existenciais conforme as próprias aspirações.
Essa dependência debilita-lhe os centros processadores de qualificação para a vida, em
face da indiferença a que se aclimata, supondo não possuir forças nem valor moral para a
libertação do problema. No recesso do ser, esse fenômeno é fruto do autodesamor, da inca-
pacidade de lutar para crescer e motivar-se para desenvolver os recursos elevados que se
encontram adormecidos em germe, no cerne de si mesmo.
Nem sempre, porém, dá-se conta de sua dependência afetiva, emocional, cultural,
financeira, social, espiritual...
Por conseqüência, a faculdade de pensar cede lugar aos impositivos dessa aceitação,
deixando-se arrastar pelas idéias e atividades de outrem, que nem sempre são corretas ou
edificantes, negando-se o direito de ser livre, de assumir responsabilidades.
Em face dessa condição, quando se compromete, naturalmente tem para quem transferir
a culpa, isentando-se da responsabilidade de ser feliz conforme os seus próprios padrões...
Nesse processo, surgem os tormentos que são resultados da insatisfação, do drama
decorrente da conduta infantil ou doentia, por faltar uma escala de valores que justifiquem as
lutas dignificadoras e os enfrentamentos, mesmo que desagradáveis, mas que são
indispensáveis à conquista da plenitude.
Enxergando a vida conforme as lentes de outrem, a capacidade de eleger o que lhe é de
melhor, aquilo que proporciona felicidade, lentamente se restringe, perdendo a diretriz que
deveria seguir.
A finalidade essencial da reencarnação, porém, é a do crescimento intelecto-moral do
espírito, em cuja conquista impõe-se o dever de ser-se livre, de identi- ficar-se os próprios
limites, mas também as incalculáveis possibilidades que lhe estão à disposição.
Ao mesmo tempo em que se liberta das dependências perturbadoras, aprende a
vincular-se às outras vidas, de caminhar ao lado, permutando experiências e ampliando
horizontes, de forma que encontre sentido viver em sociedade, relacionando-se com tudo
quanto existe.
Embora vivendo um período de pensamento mágico, no qual tudo se resolve de maneira
tecnológica, imediata, fácil, bastando apenas apertar um botão ou um teclado e encontrando
as respostas já elaboradas, os processos de solução prontos para serem usados, é
indispensável reflexionar, medir os riscos e os sucessos, assumindo a própria identidade e a
responsabilidade por cada ação...
Todavia, no que diz respeito ao trabalho de libertação, na busca do pertencer-se,
caminhando com a responsabilidade dos próprios atos, sem medos nem tormentos, são
indispensáveis um grande esforço, uma disposição contínua para não desistir nem
desanimar, rejubilando-se, a cada passo, crescendo intimamente a cada tentativa.
Sem esse esforço pessoal, inadiável, o indivíduo prossegue na jornada em dependências
que variam de circunstância, pessoa, emoção...
*
Jesus e Vida 89
Interação mente-corpo
Sem qualquer contestação, a interação mente-corpo faz parte automática do processo
saúde-doença no ser humano.
De acordo com os procedimentos mentais, são inevitáveis os reflexos orgânicos, mesmo
do ponto de vista fisiológico, considerando-se a delicada estrutura de que se constituem os
órgãos, especialmente na sua gênese energética.
O estresse, a ansiedade, os medos, a solidão, que se apresentam como alguns dos fatores
propiciadores do transtorno bipolar do comportamento, assim como alguns fisiológicos na
esquizofrenia, qual a abundância da dopamina, demonstram um interrelacionamento entre
os estados mentais e os conseqüentes de natureza orgânica.
As pessoas extrovertidas, autoconfiantes, sensatas, apresentam menor índice de
enfermidades do que aquelas introvertidas, desconfiadas, instáveis emocionalmente. Nas
primeiras, a produção de imunoglobulina auxilia a estabilidade do aparelho imunológico,
enquanto que as outras, produzindo a mesma substância em menor escala, ficam mais
susceptíveis às infecções, particularmente as de natureza respiratória...
Desse modo, aqueles indivíduos que cultivam as boas idéias, que se esforçam por
condutas equilibradas sem coarctações perturbadoras nem castrações afligen- tes, que amam
e exercitam a paciência, a solidariedade e a compaixão, gozam de mais saúde e bem-estar do
que os egoístas, os pessimistas, os irresolutos...
Sendo a mente uma emanação do espírito, dele procedem os impositivos necessários à
evolução, tendo em vista a anterioridade das experiências vivenciadas em existências
passadas.
Programador dos acontecimentos que envolvem o ministério da vida física, o espírito é
submetido aos impositivos que lhe ampliam a capacidade de crescimento, ainda adormecida
no cerne de si mesmo, movimentando as energias indispensáveis à consecução do programa
que lhe diz respeito.
Por conseqüência, emite pensamentos que se transformam em força contínua, cuja
qualidade pode contribuir para o equilíbrio ou para o desajustamento das peças de que se
utiliza durante a reencarnação.
Aqueles de natureza perturbadora, frutos de culpas e de conflitos acumulados, de
ansiedades e invejas, de atribulação e competitividade perniciosa, interferem no campo
vibratório das células, desarticulando-lhes a harmonia. Enquanto que, os que expressam
esperança e ternura, resignação e coragem, confiança e renovação interior, estimulam os
mesmos núcleos, produzindo harmonia e ampliando as resistências em relação às invasões
microbianas, às agressões mentais externas
.Jesus e Vida 95
que, toda vez quando se experiencia uma atividade que parece inal- cançável em cada futura
tentativa, ei-la apresentando- se mais fácil e de resultado mais compensador.
Para todo aquele que deseja viver em clima de bem- estar, o cuidado com a conexão
mente-corpo deve ser relevante.
*
Jesus e Vida 99
Lavaste a lepra em muitos corpos e experimentaste os estigmas em êxtase
incomparável.
A cada sofrimento que te afligia, entoavas um hino de louvor e, a cada provação
experimentada, uma canção de reconhecimento a Deus.
A tua mensagem simples saiu de Assis para trazer de volta o amor e a humildade de
Jesus.
No entanto, Pai Francisco, os teus legatários transformamos a tua mensagem em vão
poder, em ilusão argentária e, embora a ternura com que a cantaste, repetimo-la
entusiasmados, porém, com o coração em gelo, diferente do teu...
Agora, tanto tempo, em pouco tempo depois da tua sinfonia, rogamos que voltes à Terra
para, novamente, balbuciar-nos a oração simples aos ouvidos dos nossos corações
empedernidos e dos nossos frágeis sentimentos, de modo a reconquistarmos as forças para
seguir-te a meiga voz e nos emocionarmos outra vez com o teu amor.
O mundo estertora, Pai Francisco!
Não se trata somente de lutas entre cidades que se digladiam, como nos teus dias, mas
do terrível conflito entre os corações, gerando guerras de extermínio individual e
generalizado.
Somente tu, Pai Francisco, podes, enternecendo- nos a ponto de darmo-nos as mãos,
lobos e ovelhas que ainda somos, ao comando da tua voz bebermos juntos, no mesmo
regato, por onde fluem as águas da misericórdia e do amor inefáveis.
Somente tu, Pai amoroso, consegues fazer que as rosas desabrochem voltadas para os
lares em sombras, neles penetrando com o seu perfume especial.
Volta, Pai Francisco, tem misericórdia de nós, e
Duelos contemporâneos
O duelo sempre constituiu um terrível estado de barbárie que a sociedade cultivava com
orgulho.
A aparente coragem do enfrentamento, em que o indivíduo arriscava a própria vida,
significava alto índice de arrogância e exibicionismo social, de modo a assinalar a existência
com uma honra externa, distante de qualquer sentido ético-moral legítimo.
O duelista, em face da sua posição social e da habilidade em manusear as armas
agressivas, tornava-se um homicida implacável, amparado, no entanto, nos códigos legais da
época. Aquele que, sem os mesmos recursos, aceitava o desafio, embora sabendo que iria
morrer ou ficar em lamentável estado de saúde, caso sobrevivesse, transformava-se em um
suicida, quando fosse fatal o lance, olvidando o dever de respeito pela vida.
Incidentes de pequena monta eram transformados em questão de honra, culminando no
odiento crime do duelo.
1 (Mensagem psicofônica recebida na noite de 04 de outubro de 2006, na reunião mediúnica do Centro Espírita Caminho da
Redenção, em Salvador, Bahia.)
Batiam-se os litigantes ante testemunhas, padrinhos e juízes que conferiam legalidade ao
ato hediondo, por cuja ação lavava-se a dignidade ultrajada, nunca se pensando na vida em si
mesma, nas conseqüências advindas com a orfandade das crianças, a viuvez, o infortúnio dos
afetos que permaneciam na retaguarda carnal...
O comportamento agressivo, vicioso, as atitudes negligentes e degradantes não exigiam
reparação, como o alcoolismo, o tabagismo, o sexo desregrado, o jogo de azar, as festas
extravagantes e lúbricas. Eram aceitas como naturais, merecendo a complacência de todos e o
sorriso conivente das autoridades. No entanto, o orgulho desenfreado, os conflitos internos, a
sensibilidade exacerbada, diante de algumas ocorrências de significado irrelevante, deveriam
ter o seu desfecho mediante o atro homicídio.
Preservava-se o indivíduo vitorioso como um herói, um homem de coragem, destemido.
O conceito de coragem é muito relativo, nesse caso, porquanto a verdadeira coragem seria
a preservação da dignidade pessoal através da conduta irreprochável, que desmentiria
qualquer tipo de acusação.
Comparando-se o duelista frio e insensível ao criminoso que, num momento de loucura
vitima outrem, a sua é uma atitude muito mais passível de penalidade, porquanto houve
cálculo e premeditação, treinamento e intenção consciente, considerando-se que o outro foi
vítima da impetuosidade, do momento infeliz a que se entregou, tombando na armadilha
perversa da violência.
A criatura humana é sempre herdeira das suas más inclinações, que remontam ao
passado espiritual, tombando nas ciladas que delas decorrem. Incluem-se, neste capítulo, o
personalismo, a soberba e a prepotência, o orgulho, o egoísmo, o ódio, o ressentimento, que
se transformam em pesada carga moral no processo da evolução.
Trabalhar-se pela superação e substituição desses sentimentos cruéis, é dever de todo
aquele que empreende a tarefa da renovação pessoal com vistas ao próprio futuro ditoso.
Felizmente, com o desenvolvimento cultural e social da humanidade, o duelo, conforme
os padrões tradicionais, foi desaparecendo e hoje encontra-se ultrapassado, deixando a marca
do primitivismo humano em forma de selvageria na consciência coletiva.
*
Banquete de luz
As facilidades hodiernas em relação ao comportamento fascinam-te, propiciando-te
oportunidades para o gozo irresponsável, distante dos deveres da auto-iluminação, da paz.
Buscas fruir experiências encantadoras, juntando- te aos grupos apressados e frívolos,
que desfilam nos blocos da ilusão, como se o sentido da vida física permanecesse adstrito à
volúpia das sensações fortes.
Gostarias que o tempo não passasse nessas horas de prazeres, que se poderiam eternizar,
olvidando-te de outros compromissos em relação à vida, no período referente à vilegiatura
carnal.
Convives com aqueles que fazem da diversão o objetivo existencial como se o corpo físico
não experimentasse transformações e deficiências que culminam no processo inevitável da
morte.
Invejas os triunfadores que lideram as massas, e lamentas não estar no lugar deles,
encantadores e sorridentes.
Sofres, quando algum impedimento surge no caminho, criando embaraços aos teus
planos de alegrias contínuas, como se não houvesse medidas para as satisfações, que
deveriam ser intérminas.
O corpo é uma organização celular regida pelo espírito, que dele se deve utilizar para
finalidades mais nobres em projetos de imortalidade.
Sem dúvida, os investimentos aplicados para a conquista do prazer merecem respeito,
não, porém, como a meta essencial da existência, mas como efeito dos elevados atos morais.
Na transitoriedade da reencarnação, as conquistas realmente significativas são aquelas
que prosseguem com o ser, e não aqueloutras que logo cessam, assim que se fazem
amealhadas.
O espírito é um viajante que busca o porto da perfeição, utilizando-se dos veículos
orgânicos em diferentes etapas, melhorando-se, cada vez mais, de modo que a felicidade real
se lhe vai fixando até o momento da plenitude.
Tudo quanto já gozaste são recordações que te impelem a novos anseios pelo repetir.
Assim são as vacuidades mundanas.
Não te iludas.
Reflexiona calmamente em torno da oportunidade atual, utilizando-a de maneira sábia,
psicologicamente madura.
Nada impede que vivas conforme os hodiernos padrões de comportamento, porém com o
discernimento de os utilizares de maneira proveitosa, ao invés de viveres atormentado por
eles... 2
Com profunda percepção da psicologia humana, Jesus propôs aos Seus discípulos que, ao
oferecerem um banquete, não convidassem os poderosos, os ricos, aqueles que poderiam
retribuir-lhes o gesto.
Antes, dessem preferência aos pobres, aos mendigos, aos infelizes, que não dispõem de
recursos para os agradecer.
Os primeiros estão acostumados às lautas refeições, ao desperdício, nada mais sendo
necessário acrescentar-lhes, pois que não precisam, possuindo mais do que podem utilizar.
Os segundos vivem na carência, em permanente necessidade, desconhecendo o conforto e
o fastígio, a alimentação saudável e os sorrisos de felicidade.
Por isso, torna-se urgente atendê-los, de forma que ainda se possam dignificar, saindo da
miséria que os aflige para os momentos de renovação física e moral indispensáveis a uma
existência honrada.
O relato feito por Lucas, no capítulo XIV, versículos 12 a 15 do seu evangelho, é muito
significativo, porque propõe diferente conduta ao convencional da sociedade, que sempre
destaca os dominadores com olvido das suas vítimas, os endinheirados com indiferença pelos
excluídos...
Sempre se proporcionam alegrias e satisfações àqueles que não as necessitam, na maioria
das vezes encontrando-se saturados pelos excessos, sofrendo o tédio que decorre da
abundância, da contínua repetição dos mesmos gozos...
Essa permuta interesseira de gentilezas demonstra o estágio egoístico em que se
demoram as criaturas, distanciadas dos relevantes ideais da solidariedade, do amor fraternal,
da bondade.
Quando se adquire o conhecimento da sobrevivência do espírito à disjunção molecular da
carne, altera-se a visão da realidade que adquire significado profundo, libertador.
Desenvolve-se-lhe, naturalmente, a compreensão em torno dos valores éticos e morais,
selecionando aqueles que propiciam paz em relação aos outros que são como fogos-fátuos...
2
Na referida parábola do Mestre, dando-se conta do seu conteúdo especial, alguém
exclamou: - Feliz aquele que se alimenta do pão do Reino dos Céus.
Com que propriedade foi compreendida a lição, porque todo e qualquer alimento logo é
consumido e cede lugar a novas necessidades para a máquina fisiológica poder prosseguir
funcionando. No entanto, o pão transcendental alimenta para todo o sempre.
A busca desse alimento espiritual de sabor eterno deve constituir o teu objetivo,
empenhando-te de corpo e alma por consegui-lo.
Os jantares do prazer entre comparsas do mesmo interesse, quase sempre
transformam-se com o tempo em encontros tediosos, nos quais se disputam coisas-
nenhumas da vaidade.
Porque perdem a motivação e o estímulo, somente no exibicionismo encontram sua
justificação, de modo a atenderem a vaidade e a presunção.
Por isso, deixam ressaibos de amargura e de frustração.
*
Aplica-te na aquisição dos tesouros morais ilumi- nativos e esparze-os por onde andes.
Há fome de ternura, neste mundo rico de indiferença.
Mendigos de amor, pobres de paz, necessitados de afeto aguardam o convite para a
fraternidade.
Promove um banquete de luz e convida esses teus irmãos em humanidade, que aguardam
compaixão e caridade, a fim de se libertarem da escassez e do sofrimento a que se encontram
relegados.
Ao realizá-lo, serás surpreendido pela presença de Jesus, que virá ajudar-te na especial
realização, oferecendo o pão do Reino dos Céus.
Em respeito à caridade
Por mais se aborde o tema referente à virtude por excelência - a caridade! - sempre
existem facetas novas e profundas que merecem análise para imediata aplicação.
A caridade é a filha predileta de que a fé se utiliza para expressar a riqueza de que se
constitui.
Enquanto a fé é qual uma chama flamejante que ilumina interiormente, oferecendo vigor
e alegria àquele que a cultiva, a caridade são-lhe as mãos laboriosas que lhe concretizam os
sentimentos.
Graças ao combustível que a sustenta - a esperança! - é que não se lhe entibia a vitalidade,
que lhe faculta mover montanhas, prosseguindo na sublime saga de libertar o ser humano da
ignorância em que estorcega.
Anjos protetores que se unem, desvelam-se na caridade enriquecida de amor e de paz.
Convencionou-se, entretanto, e vem sendo mantida através dos tempos a conceituação
falsa de que a caridade se constitui das ações generosas e compassivas
que se oferecem materialmente, sem dúvida valiosas, mas não únicas.
A caridade sempre se apresenta em mil facetas que engrandecem aquele que a oferece,
assim como aqueloutro a quem se destina.
Para o desnudo, o vestuário é-lhe de alta importância, tanto quanto, para o esfaimado, o
pão é fundamental.
Para o enfermo, o remédio é bênção que o auxilia na recuperação da saúde, assim como
para o sedento, o vasilhame com água generosa é salvação da existência física.
Para o enregelado pelo frio, o agasalho é mensageiro de calor e de alegria, da mesma
forma como a ajuda monetária, que soluciona a dificuldade de alguém, que recupera a alegria
de viver.
Nada obstante, para o desorientado, o oferecimento de diretriz de segurança representa
motivo de júbilo, de igual maneira, a palavra oportuna que esclarece e ilumina constitui
indiscutível oferta de bem-estar.
Sempre existem maneiras diversas para a ação da caridade expressar-se, ademais
daquelas exclusivamente materiais.
Em um estudo mais profundo em torno das necessidades humanas, constatam-se as
presenças da fome, das doenças, do abandono social a que são relegados os denominados
excluídos, o desvalimento moral, a falta de teto, de trabalho, de educação... No entanto, a
mais terrível de todas é o egoísmo que gera tais fenômenos desditosos, mas que a caridade
real pode solucionar por influência do amor.
Onde vicejam, portanto, o amor e a caridade, esses sofrimentos decorrentes da miséria
não florescem.
Tbdo quanto se deve fazer, deve-se começar no momento em que surge a idéia, seja
planificando, seja construindo mentalmente, predispondo-se psicologicamente para o
seu tentame ou realizando-o através do início, conforme as possibilidades e
circunstâncias.
O presente prolonga-se indefinidamente, mas quando mal-utilizado, transforma-se
em fardo de aflição pela ocasião malograda.
Desse modo, não postergues realizações dignifi- cantes, enganando a própria
consciência, em mecanismo de fuga da responsabilidade.
Quando tenhas um compromisso a atender, seja qual for: uma leitura, uma visita,
uma edificação, uma correspondência, um telefonema, etc, não o adies em justificativa
da preguiça com o enganoso argumento: Uma hora dessas eu o farei.
Essa hora não existe, senão na imaginação sonhadora e vã. Entre este momento e o
futuro surgirão outros e novos deveres que se imporão inapeláveis.
Acumulando deveres, serás incapaz de desembaraçar-te da tua pauta de
responsabilidade.
Todo indivíduo indisciplinado transfere para amanhã o trabalho que deveria ter sido
iniciado hoje e agora, sabendo, embora conscientemente, que esse amanhã não existe. É
uma forma de compensação psicológica para ficar bem consigo mesmo em face da
irresponsabilidade.
Como conseqüência, não assumas responsabilidades maiores ou mais numerosas do
que os teus recursos de execução.
Sê sincero para contigo mesmo, aceitando apenas os encargos que podes e deves
atender.
Jesus, que nos deu as mais belas lições de sabedoria, aproveitou todo o tempo-hoje,
nunca retrocedendo nem antecipando acontecimentos.
- Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã cuidará de si
mesmo. Basta a cada dia o seu mal - asseverou, amoroso, significando que cada
ocorrência, cada fenômeno tem o seu momento, sem saudade pelo ido nem inquietação
pelo porvindouro.
Quando se age bem em cada tempo-agora, o futuro está presente e o passado nunca
se foi. 3
3 Mateus: 6-34.
Nota da autora espiritual.
Com o inexorável passar do tempo, a jornada, através dele, termina por demonstrar a
esses equivocados quão perdidos se encontram.
Possuem quase tudo, recebem a bajulação idólatra, fingem-se de imortais no corpo,
apresentam-se como campeões da juventude louçã, da beleza e da fortuna, mas lentamente as
forças diminuem, o corpo perde a flexibilidade, as funções orgânicas complicam-se, e muitos
passam à solidão dourada, ao esquecimento, à entrega dos vapores alcoólicos ou à intoxicação
das drogas químicas.
Quase todos que se lhes acercam durante o período de glória e se lhes entregam para o
gozo, utilizam-nos, negociam com esses deuses, ansiosos por ocupar-lhes os lugares
deslumbrantes...
Cansam-se facilmente deles, que detestam sorrindo, desejando-lhes todo o mal possível,
para seguirem adiante, procurando novos argonautas, mais recentes musas e semideuses do
Olimpo das suas fantasias, para os seguirem em renovadas procissões ridículas.
O pódio onde estiveram ontem sendo coroados de glória e favorecidos pela fortuna, está
agora homenageando outros, recém-chegados e ambiciosos, poluídos moralmente e
desejosos de apagar-lhes a memória. Esses estão investindo tudo quanto dispõem, a fim de
passarem à governança do reinado de utopias, sonhando com o período que esperam seja
infinito, no qual viverão para sempre...
Competem em escândalos, quando lhes faltam valores capazes de chamar a atenção, a fim
de desfrutarem da fama e permanecerem em festas contínuas, no foco das máquinas
fotográficas, dos periódicos sensacionalistas, da mídia devoradora, que os olvidam em pouco
tempo, aguardando suas mortes para trazê-los novamente de volta às suas manchetes,
faturando mais dinheiro em suas memórias...
Esses deuses, além de mentirosos, são perversos, porque o dinheiro não compra o amor
nem a paz, a fama não preenche o vazio existencial, nem o poder tranqüiliza aquele que o
detém.
O ser humano, para adquirir o dinheiro, afadiga-se até a exaustão, perdendo a saúde, para
tornar-se rico. Logo depois, gasta o que foi acumulado para recuperar a saúde destroçada, e
quando tal ocorre, perde a confiança nos seus deslumbrados súditos e adoradores, sentindo a
terrível solidão que os faz extravagantes, maníacos, vítimas de transtornos
obsessivos-compulsivos ou simplesmente insensíveis à afetividade.
*
O Espiritismo, por sua vez, veio reverter essa ordem torturada, restaurando o sentido
psicológico e moral da existência do ser humano na Terra.
A medida que as suas excelentes propostas são aceitas pelos que buscam diretrizes de
segurança e anelam pela alegria de viver, acostumados ao clima de desarmonia, logo
resolvem interpretar a mensagem clara e profunda desse conhecimento conforme a sua
emoção.
Ao invés de aplicarem as lições à conduta, procuram adaptá-las ao que já pensam e
facilmente dissentem do movimento, das instituições, dos trabalhadores mais abnegados,
acusando-os irresponsavelmente, formando grupelhos de criticas perversas, gerando-lhes
dificuldades que se multiplicam.
Certamente que são poucos esses companheiros invigilantes e presunçosos. No entanto,
são muito hábeis na arte de confundir e de dividir, a fim de poderem imperar...
Surgem as agressões e calúnias difamatórias contra aqueles que não se lhes submetem ao
talante, nem se identificam com as suas idéias.
Desejam solucionar os problemas dos outros e do mundo, sem resolverem os próprios,
decantam a capacidade mental que se atribuem, menosprezando a dos demais.
Fazem-se agressivos, irônicos, insolentes.
Chegam atrasados ao compromisso espiritual e informam que aqueles que estão à sua
frente no labor, estão querendo competir com eles, que buscam somente a exaltação pessoal e
a glória mentirosa.
Apontam erros em tudo e em todos, acusam os demais, informando que desejam lograr a
autopromoção em incontrolável conflito interior, que lhes desvela as ambições malcontidas.
Não estão a serviço do Bem, mas dele se servem com deslavado cinismo, atendendo à
própria megalomania.
São vítimas, sim, nossos irmãos bulhentos, da agitação espiritual inferior que os alcança,
obsidiando-os.
Não te permitas enredar nas suas trampas.
Mantém o teu ritmo de trabalho com Jesus, sem lhes facultares a honra de afligir-te.
Não debatas com eles, não lhes resistas ao mal de que são portadores, mantendo-te em
paz.
Prossegue fiel ao programa em que te firmas e aguarda o tempo.
A irmã Morte, que um dia te interromperá a trajetória, também os alcançará...
*
Nunca te deixes consumir pelas preocupações do mal, seguindo sempre adiante.
Jesus te aguarda à frente.
Esta agitação é transitória e logo passará, deixando os seus tristes efeitos cravados nas
carnes de milhões de almas que recomeçarão.
De tua parte, age com amor sempre, até quando a harmonia se espraie como bênção de
Deus entre todas as criaturas terrestres.
Comportamentos esdrúxulos
É natural que se esperem das criaturas humanas, hodiernamente, comportamentos
compatíveis com o atual estágio da sua evolução antropológica e cultural.
Nada obstante, generalizam-se os de natureza agressiva, permissiva, a expressar-se em
violência, licenciosidade, transtornos graves.
O que antes era considerado antiético, deselegante, atraso moral, tornou-se quase
rapidamente convencional, normal, cada dia avançando para condutas mais chocantes.
A perda do valor moral liberou os indivíduos para a permissividade abusiva, propiciadora
da insatisfação que empurra para situações calamitosas que se pretendem tornar cidadãs
aceitas.
Os desatinos alcançam tão elevado nível que os indivíduos mais sensíveis, não desejando
entregar-se aos modismos, deixam-se dominar por conflitos de ódios que explodem em
crimes seriais assustadores.
Busca-se encontrar as suas causas, e ei-las no espírito doente, desajustado socialmente,
que se deixou intoxicar pela banalidade a que foi relegado o homicídio, buscando notoriedade
ou tentando vingar-se da sociedade que acredita ser responsável pela sua não aceitação no
grupo dominante.
Por outro lado, os conflitos íntimos que o humilham em silêncio, empurram-no para os
transtornos psicológicos de gravidade, que se manifestam em mecanismos de fuga da
realidade através do afogamento nas paixões exacerbadas.
Constituindo legiões, gargalham esses trânsfugas de si mesmos, no prazer, fingindo
felicidade que desconhecem, atraindo outras multidões indecisas para o banquete da
alucinação, que não lhes resistem aos apelos doentios.
São indivíduos fisicamente belos a sacrifícios terríveis, que se situam dentro dos padrões
de estética física estabelecidos por mentes também enfermas que se comprazem em os
martirizar, embriagando-se nos excessos de toda natureza, quais as libações alcoólicas, as
negociações sexuais para acumularem fortunas que as desperdiçam depois com hábeis
exploradores das suas debilidades e o uso de drogas químicas de efeitos devastadores.
Qualquer proposta de comedimento que se lhes faça é aviltada, como se o bom proceder
fosse patológico, enquanto que as aberrações convertem-se em normalidade e saúde.
Nesse clima de contínua bacanal, os seus líderes são consumidos ou abandonados por
outros mais atrevidos e vulgares, que os excitam até a exaustão, amargurando-os por um
tempo e, mais tarde, em definitivo.
A glória da juventude, porém, é breve, convertendo-se em cansaço e desencanto na
maturidade, marchando para o amargor na decrepitude, isso quando consegue atingi-la.
Comportamentos doentios são responsáveis por existências malogradas.
A vida é dom superior que não pode ser malbaratada sem as conseqüências nefastas que
lhe são inerentes.
*
A fim de exemplificar que não existem exceções nas planificações divinas, Jesus, que não
tinha quaisquer dívidas perante a Consciência Cósmica, veio amar e experimentar a
ingratidão humana, submetendo-se ao holocausto com paciência, misericórdia e amor
inexcedíveis.
A Sua é a lição de que se ao ramo verde foi feito aquilo, que não se fará ao ramo seco?
Enriquecendo-te de compreensão e de lógica em relação ao sofrimento, permite que ele te
conduza pelo estreito caminho da renovação espiritual, submetendo- te aos seus impositivos
de que resultarão a tua paz e a tua plenitude.
Joanna de Ângelis, que realiza uma experiência educativa e evangélica de altíssimo valor, tem sido colaboradora
de Jesus nas suas diversas reencarnações: a última ocorrida em Salvador (1761-1822), como Sóror Joana
Angélica de Jesus, tornando-se Mártir da Independência do Brasil. Na penúltima, vivida no México (1651-1695),
como Sóror Juana Inés de la Cruz, foi a maior poetisa da língua hispânica. Certamente, vivera na época de São
Francisco (século XIII), conforme se apresentou a Divaldo Franco, em Assis. Também vivera no século I, como
Joana de Cusa, piedosa mulher citada no Evangelho, que foi queimada viva ao lado do filho e de cristãos outros,
no Coliseu de Roma.
Através da psicografia de Divaldo Franco, Joanna de Ângelis é autora de cinqüenta e oito Obras que deram
origem a outras seis adaptadas por diversos autores. Cinqüenta e sete destas Obras foram traduzidas para dez
idiomas e cinco transcritas em Braille. Além dessas Obras, já escreveu milhares de belíssimas mensagens.