Jesus e Vida - Divaldo Franco e Joana D'Angelis

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N esta bela e inspirada obra da lavra da Veneranda Joanna de Ângelis, através da

psicografia de Divaldo Franco, são-nos transmitidas, por breves capítulos, as mais valiosas
lições de advertência, amor, fé, esperança, ante tantas dores e sofrimento do mundo
moderno, cujos habitantes, na sua grande maioria, são totalmente desequipados para o
enfrentamento dos problemas e vicissitudes da vida, isso porque não conhecem a sublime
mensagem do Plano Superior, as grandes lições insculpidas nas páginas da Doutrina Espírita,
inspirada no Evangelho de Jesus.
Em "Jesus e Vida", Joanna de Ângelis nos oferece valiosas sugestões para enfrentarmos
os diversos desafios do momento.
Inspirada na figura singular e incomparável do nosso Divino Mestre, ela nos diz que " Em
Jesus sempre encontraremos a pedagogia mais segura para o comportamento ideal diante
das situações agressivas destes e de todos os dias tumultuosos."

Sumário
Jesus e Vida 09
A grande transição 15
Compaixão e vida 21
Silêncio 27
I Ioje como ontem 33
Relacionamentos 39
Mandato mediiinico 45
No rumo do desconhecido 51
Armadilhas 57
Amizadeterapia 63
O ressentimento 69
As dissensões 75
Pertencer-se 81
Turbulências e desavenças 87
Interação mente-corpo 93
Oração a São Francisco 99
Duelos contemporâneos 103
Sempre o amor 109 Banquete de luz 115
Em respeito à caridade 121
Sofreguidão pelo poder 127

9 788573 47183
Ante a violência 133
O sentido existencial 139
Pensamentos e suas influências 145
Sempre agora 151
Culto lamentável 157
gitação espiritual 163
Comportamentos esdrúxulos 169
Heroísmo verdadeiro 175
Reações inconscientes 181
Funções do sofrimento 187

9 788573 47183
Jesus e Vida
Sucedem se os séculos em inexorável continuidade, facultando a ciência e à tecnologia
conquistas surpreendentes, ampliando, cada vez mais, os horizontes da vida, como dantes
jamais sonhados, enriquecendo o ser humano de conhecimentos valiosos e desenhando
ainda mais significativas glórias do engenho mental para o futuro.
Nada obstante, o monstro da guerra prossegue ceifando vidas, a fome e as
enfermidades dilacerado- ras ampliam o seu elenco de possibilidades, igualmente
devorando existências que estorcegam em desespero diante da indiferença maldisfarçada
da sociedade rica e prepotente.
Muitas das extraordinárias descobertas que favorecem o progresso e modificam a
estrutura física do planeta, também se vêm transformando em instrumentos para a sua
destruição, graças ao aquecimento global que vaticina terríveis quadros de horror para
todas as formas de vida...

9 788573 47183
Considerando-se a evolução do pensamento ético e sociológico, que alcançou
maturidade e sabedoria, lamentavelmente a dissolução dos costumes morais campeia em
desastres surpreendentes, enquanto se trabalham leis que facultem a matança de vítimas
inermes, através do aborto criminoso, da eutanásia covarde, da pena de morte perversa,
com estímulos nefandos em favor do suicídio insano...
Aturdidas, muitas doutrinas religiosas esquecem- se das suas nascentes, especialmente
aquelas ditas cristãs, e atraem fiéis com engodos terrestres, oferecendo-lhes poder e gozos
humanos, distantes das lições inconfundíveis do Evangelho, que distorcem habilmente...
Proliferam informações sobre o amor, confundindo-o com as explosões do sexo em
desalinho e se oferecem espetáculos de prazer através do álcool, do tabaco, das drogas
químicas e assassinas...
Propala-se a grandeza das liberdades democráticas, asfixiando-se os excluídos, aqueles
que não têm voz, enganando-se com cinismo o povo que elegeu alguns cidadãos que
pareciam honestos como seus representantes, alguns dos quais não sabem honrar os
compromissos aceitos, enquanto muitas nações que se afirmam como paradigmas da
honradez invadem países desditosos, vítimas de ditaduras cruéis, que passam a sofrer
males não menos execráveis...
As ambições pelo poder e pelo prazer enlouquecem multidões que se atiram em luta
odienta com sofreguidão para consegui-los, esmagando os competidores sem qualquer
sentimento de dignidade ou de respeito humano...
Há divertimentos sofisticados e grotescos que se multiplicam através de incontáveis
recursos mecânicos, elétricos, eletrônicos, que consomem em incessante variedade os seus
aficionados...
Atrações de diversas classes seduzem incautos para férias gloriosas em verdadeiros
paraísos terrestres, em ilhas paradisíacas, somente para poucos, em Spa’s dedicados ao
emagrecimento e ao aformo- seamento do corpo, sem qualquer consideração pelo espírito,
que é a razão da existência física...
Aumenta assustadoramente a propaganda em favor do turismo sexual infantil,
conduzindo psicopatas a países desditosos onde são exploradas as vítimas inocentes que
têm a inocência corrompida e irremediavelmente destruída...
Há consenso, quase total, a respeito da felicidade que decorre das glórias efêmeras e
enganosas, que seduzem a juventude, os adultos e mesmo os idosos, proporcionando,
muitas vezes, espetáculos ridículos e deprimentes...
...Enquanto isso, a violência urbana se trans- formou em guerra declarada às
autoridades constituídas, assassinando milhares de vidas a cada ano, sem (pie se
apresentem programas sérios inicialmente de prevenção e posteriormente de repressão ao
crime, mediante a educação, o trabalho, a dignificação dos csigiccidos...
As leis suo criadas e multiplicam-se, raramente sendo cumpridas...
( e s c â n d a l o s mais vergonhosos são proporcionados por personagens que
governam as massas e legisladores ineserupulosos que raramente são punidos, enquanto os
pobres e necessitados enxameiam em cárceres infectos, desumanos, superlotados, onde se
tornam mais revoltados, aliciados pelos chefes de organizações criminosas que
administram o terror de dentro dos presídios onde desfrutam de regalias conquistadas com
altos estipêndios pagos aos seus carcereiros...
*

Nem tudo, porém, é lamentável e desumano...


Nunca houve, por outro lado, tanto amor e dedicação de centenas de milhares de
espíritos nobres reen- carnados na Terra como hoje, trabalhando em favor da própria
iluminação, de condições mais saudáveis e felizes para o seu próximo e para a sociedade.

12 Joanna de Ângelis/Divaldo Franco


Cientistas dedicados refugiam-se nos seus laboratórios de pesquisas, trabalhando
incessantemente na busca de vacinas, de tratamentos específicos e hábeis, de respostas
seguras para as enfermidades dizimado- ras da atualidade.
Mestres abnegados esfalfam-se para instruir os alunos desinteressados e que lhes
chegam desequipados de recursos morais, econômicos e sociais, empe- nhando-sepor
superar as carências de material pedagógico, de salários dignos, afim de lograrem êxito no
seu apostolado.
Médicos, paramédicos, enfermeiros solícitos esfor- çam-se por dignificar os seus
pacientes, auxiliando-os com técnicas psicológicas de amor, de modo a terem as suas
aflições diminuídas, quando não lhes seja possível neles restaurar a saúde.
Assistentes sociais, psicoterapeutas, músicos unem-se em programas de socorro à
aflição, criando esperança e bem-estar.
Artistas nobres, nas diversas áreas da cultura, desenvolvem atividades que contribuem
para melhorar a situação dos desassistidos e abandonados pelo poder público.
Administradores sinceros e honrados tentam con- duzir-se de maneira digna, gerando
educação, trabalho, saúde e espairecimento, fiéis aos deveres abraçados.
Idealistas de todo porte, oferecem-se uns para servir em organizações
não-governamentais, dedicando- se outros aos elevados programas de preservação da
Natureza, dos animais, dos oceanos e lagos, rios eflo- rcstus, em ativismos surpreendentes e
comovedores.
Pessoas anônimas, sinceramente voltadas para o Hem, sen>em desinteressadamente,
demonstrando (/i/c o amor ainda é o recurso mais valioso ao alcance de todos para a
construção <la sociedade feliz que se instalará no mundo proximamente.
Isto porque, acima dos governos terrestres, dos ambiciosos e alucinados corifeus da
prepotência, da arrogância e da ilusão, encontra-se Jesus, comandando o processo de
evolução terrestre, como o grande Nauta que conduz a embarcação no rumo do porto se-
guro que lhe está reservado.
*
Jesus prossegue, portanto, sendo o Caminho para a Verdade e para a Vida.
Jesus e Vida são, pois, os termos essenciais da grande equação terrestre.
Pensando nesses sublimes paradigmas, escrevemos as páginas que colocamos à
disposição dos nossos leitores, com algumas sugestões para os enfrentamen- tos de diversos
desafios do momento.
Em Jesus sempre encontraremos a pedagogia mais segura para o comportamento ideal
diante das situações agressivas destes e de todos os dias tumultuosos.
A Sua é uma vida rica de lições gue, observadas e seguidas, facultará o triunfo do ser
humano durante o feliz périplo da sua reencarnação.
Salvador, 5 de maio de 2007.
Joanna de Ângelis

Jesus e Vida 13
A grande transição
Opera-se, na Terra, neste largo período, a grande transição anunciada pelas Escrituras e
confirmada pelo Espiritismo.
O planeta sofrido experimenta convulsões especiais, tanto na sua estrutura física e
atmosférica, ajustando as suas diversas camadas tectônicas, quanto na sua constituição
moral.
Isto porque, os espíritos que o habitam, ainda estagiando em faixas de inferioridade,
estão sendo substituídos por outros mais elevados que o impulsionarão pelas trilhas do
progresso moral, dando lugar a uma era nova de paz e de felicidade.
Os espíritos renitentes na perversidade, nos desmandos, na sensualidade e na vileza,
estão sendo recambiados lentamente para mundos inferiores onde enfrentarão as
consequências dos seus atos ignóbeis, assim renovando se e predispondo-se ao retorno pla-
netário, quando recuperados e decididos ao cumprimento das leis de amor.
Por outro lado, aqueles que permaneceram nas regiões mais infelizes estão sendo trazidos
à reencar- nação, de modo a desfrutarem da oportunidade de trabalho e de aprendizado,
modificando os hábitos desditosos a que se têm submetido, podendo avançar sob a
governança de Deus.
Caso se oponham às exigências da evolução, também sofrerão um tipo de expurgo
temporário para regiões primárias entre raças atrasadas, tendo o ensejo de ser úteis e de
sofrer os efeitos danosos da sua rebeldia.
Concomitantemente, espíritos nobres que conseguiram superar os impedimentos que os
retinham na retaguarda, estarão chegando, a fim de promoverem o bem e alargarem os
horizontes da felicidade humana, trabalhando infatigavelmente na reconstrução da sociedade
então fiel aos desígnios divinos.
Da mesma forma, missionários do amor e da caridade, procedentes de outras Esferas,
estarão revestindo- se da indumentária carnal, para tornar esta fase de luta iluminativa mais
amena, proporcionando condições dig- nificantes que estimulem ao avanço e à felicidade.
Não serão apenas os cataclismos físicos que sacudirão o planeta, como resultado da lei de
destruição, geradora desses fenômenos, como ocorre com o outono que derruba a folhagem
das árvores, a fim de que possam enfrentar a invernia rigorosa, renascendo exuberantes com
a chegada da primavera, mas também os de natureza moral, social e humana que assinalarão
os dias tormentosos que já se vivem.
Os combates apresentam-se individuais e coletivos, ameaçando de destruição a vida com
hecatombes inimagináveis, como se a mesma pudesse ser aniquilada...
A loucura, decorrente do materialismo dos indivíduos, atira-os nos abismos da violência e
da insensatez, ampliando o campo do desespero que se alarga em todas as direções.
Esfacelam-se os lares, desorganizam-se os relacionamentos afetivos, desestruturam-se as
instituições, as oficinas de trabalho convertem-se em áreas de competição desleal, as ruas do
mundo transformam-se em campos de lutas perversas, levando de roldão os sentimentos de
solidariedade e de respeito, de amor e de caridade...
A turbulência vence a paz, o conflito domina o amor, a luta desigual substitui a
fraternidade.
... Mas essas ocorrências são apenas o começo da grande transição...
*
A fatalidade da existência humana é a conquista do amor que proporciona plenitude.
Há, em toda parte, uma destinação inevitável, que expressa a ordem universal e a
presença de uma Consciência Cósmica atuante.
A rebeldia, que predomina no comportamento humano, elegeu a violência como
instrumento para conseguir o prazer que lhe não chega de maneira espontânea, gerando
lamentáveis conseqüências, que se avolumam em desaires contínuos.
E inevitável a colheita da sementeira por aquele que a fez, tornando se rico de grãos
abençoados ou de espículos venenosos.
Como as leis da vida não podem ser derrogadas, toda objeção que se lhes faz converte-se
em aflição, impedindo a conquista do bem-estar.
Da mesma forma, como o progresso é inevitável, o que não seja conquistado através do
dever, sê-lo-á pelos impositivos estruturais de que o mesmo se constitui.
A melhor maneira, portanto, de compartilhar conscientemente da grande transição é
através da consciência de responsabilidade pessoal, realizando as mudanças íntimas que se
tornem próprias para a harmonia do conjunto.
Nenhuma conquista exterior será lograda se não proceder das paisagens íntimas, nas
quais estão instalados os hábitos. Esses, de natureza perniciosa, devem ser substituídos por
aqueles que são saudáveis, portanto, propiciatórios de bem-estar e de harmonia emocional.

18 Joanna deÂngelis/Divaldo Franco


Na mente do ser encontra-se a chave para que seja operada a grande mudança. Quando se
tem domínio sobre ela, os pensamentos podem ser canalizados em sentido edificante, dando
lugar a palavras corretas e a atos dignos.
O indivíduo que se renova moralmente, contribui de forma segura para as alterações que
se vêm operando no planeta.
Não é necessário que o turbilhão dos sofrimentos gerais o sensibilize, a fim de que possa
contribuir eficazmente com os espíritos que operam em favor da grande tansição.
Dispondo das ferramentas morais do enobrecimento, torna-se cooperador eficiente, em
razão de trabalhar junto ao seu próximo pela mudança de convicção em torno dos objetivos
existenciais, ao tempo em que se transforma num exemplo de alegria e de felicidade geral.
O bem fascina a todos aqueles que o observam e atrai todos quantos se encontram
distantes da sua ação, o mesmo ocorrendo com a alegria e a saúde.
São eles que proporcionam o maior contágio de que se tem notícia e não as manifestações
aberrantes e afligentes que parecem arrastar as multidões. Como escasseiam os exemplos de
júbilo, multiplicam-se os de desespero, logo ultrapassados pelos programas de sensibilização
emocional para a plenitude.
A grande transição prossegue, e porque se faz necessária, a única alternativa é
examinar-lhe a maneira como se apresenta e cooperar para que as sombras que se adensam
no mundo sejam diminuídas pelo sol da imortalidade.
Nenhum receio deve ser cultivado, porque, mesmo que ocorra a morte do indivíduo, esse
fenômeno natural é somente veículo da vida que se manifestará permanente em outra
dimensão.
*
A vida sempre responde conforme as indagações morais que lhe são dirigidas.
As aguardadas mudanças que se vêm operando trazem uma ainda não valorizada
contribuição, que é a erradicação do sofrimento das paisagens espirituais da Terra.
Enquanto viceje o mal no mundo, o ser humano torna-se-lhe a vítima preferida, em face
do egoísmo em que estorcega, apenas por eleição especial.
A dor momentânea que o fere, convida-o, por outro lado, à observância das necessidades
imperiosas de seguir a correnteza do amor no rumo do oceano da paz.
Logo passado o período de aflição, chegará o da harmonia.
Até lá, que todos os investimentos sejam de bondade e de ternura, de abnegação e de
irrestrita confiança em Deus.

Jesus e Vida 19
Compaixão e vida
A compaixão é sentimento de nobreza que deve permanecer na criatura humana, em face
da imensa necessidade existente em relação à compreensão dos problemas e dificuldades das
demais pessoas, atormentadas e infelizes, transitando entre revoltas e desaires.
Irmã da benevolência, predispõe o espírito à ternura e á piedade fraternal, induzindo-o à
ação nobilitante da caridade.
Sem compaixão, o ser humano estiola-se, por falta de vigor emocional para solidarizar-se
com o seu próximo.
()s seus sentimentos enrijecem-se e a indiferença domina lhe o íntimo, desumanizando-o.
Muitas vezes, essa rigidez moral tem início quando '• < s|*« i imenta nina
frustração afetiva ou uma traição, eslabelei i ndo se um vinculo entre o ocorrido e as proba-
bilidade'. de nova mente repetir se, o que impulsiona o indivíduo a adotar um mecanismo
psicológico de armadura para defender se de novas ocorrências sentimentais...
O raciocínio é equivocado e egoísta, porque a exceção não pode constituir-se
generalidade, tornando-se fenômeno comum.
Sem dúvida, é muito melhor sofrer-se quando no ministério da ação do bem, do que
poupar-se à dor, reservando-se as atitudes precavidas, indiferente aos padecimentos alheios.
A dor do nosso próximo, que lhe estruge violenta, é convite à nossa reflexão e
solidariedade, porque ninguém conseguirá prosseguir no rumo do destino sem a
experimentar oportunamente, caso ainda não lhe haja sofrido o aguilhão.
Porque alguém se comportou indevidamente em relação àquele que lhe ofereceu as belas
flores da afeição, isso não pode constituir modelo de conduta, dissolvendo as expressões de
ternura que devem mais ser fortalecidas.
A compaixão é a virtude ou qualidade moral que melhor expressa o sentimento de
benevolência e que prepara o ser para as propostas de elevação moral com renúncia e
abnegação.
Trata-se de uma oportuna conscientização da responsabilidade solidária, do sentido de
humanidade que une as criaturas, umas às outras, formando um todo harmônico e
dignificante.
Pode-se identificar a espiritualidade de uma pessoa pela grandeza do seu sentimento de
compaixão em favor da vida. Não se restringe apenas ao seu próximo, mas também envolve
todas as formas vivas da Natureza e até mesmo aquelas inanimadas que fazem parte da
maternidade terrestre.
A tendência à compaixão é inata em todos os seres humanos, havendo-se iniciado nos
períodos recuados do processo evolutivo, quando a psique começou a despertar para a
finalidade que lhe é reservada, tornando- se instrumento de auxílio, de conservação da vida,
de trabalho em favor do progresso, de solidariedade.
Estua, no entanto, quando a autoconsciência se faz lúcida e profunda, enriquecida pelo
discernimento das finalidades existenciais e dos compromissos existentes entre todos.
*
A compaixão é sentimento natural, espontâneo, que caracteriza o espírito maduro e
elevado.
Filha do amor, tem a sensibilidade desenvolvida, o que lhe permite entender e mais
contribuir em favor de melhores resultados nos processos de construção da felicidade
humana.
No desenvolvimento emocional, ao lado das conquistas intelectuais, a compaixão exerce
um papel preponderante em favor daquele que a cultiva, por facultar- Ihe mais amplo
entendimento dos mecanismos da vida, ao tempo em que lhe desenvolve as emoções
superiores, gerando uma ponte emocional com a Divindade.
Quando se está enriquecido de paz e generosidade, logo se apresenta a compaixão
contribuindo para a faria distribuição de misericórdia.
K um sentimento de dignificação, que não se prende as leias dos interesses pessoais, mas
que renuncia a<» i»1 <»|»1 ao prazer desde que disso resultem benefícios para ou!i em.
l i al a se i le 11m impnsil ivo geral no Universo. Todos os organismos vivos solidarizam se, a

fim de sobreviverem, apresentando comportamentos que situam acima dos seus interesses
imediatos as necessidades gerais do grupo.
Morrem as células gastas e envelhecidas, dando surgimento às novas que irão facultar o
prosseguimento da vida biológica.
Cada parte do organismo está disposta a morrer individualmente a benefício da
coletividade.
Nenhuma parte funciona apenas para atender às suas necessidades, senão para o
equilíbrio do conjunto. Em razão disso, quando surge uma disfunção, uma alteração qualquer
em uma delas, logo se assinalam distúrbios que se generalizam e podem levar à morte do
todo.
No processo de regularização da saúde, de sua recuperação ou de sua manutenção, o
sentimento de compaixão desempenha um papel preponderante, em face dos estímulos que
se expressam, quando é dirigida a benefício próprio, sem revolta nem recriminação.
Quando alguém autocompadece-se de maneira edificante, sem o pieguismo narcisista,
como atividade positiva de renovação interior, produz neuropeptídeos que são canalizados
para o equilíbrio e o bem-estar.
Esse sentimento de auto-amor é pródromo do amor ao próximo, como parte integrante
do conjunto humano e, por conseqüência, do amor a Deus, na generalização cósmica.
A emoção, em decorrência da conduta adotada, es- praia-se, e a mente disciplinada,
generosa e compreensiva, dirige-a no rumo dos objetivos a alcançar.
Eis por que a conexão mente-corpo é fundamental para uma existência feliz, quando se
faz mediante as contínuas emissões de ondas de harmonia, de amor e de compaixão para o
próprio ser, e, por extensão, para os demais.
Ninguém pode viver em plenitude a sós, ignorando as dores e as aflições das demais
pessoas, isolando-se para preservar a paz. Essa seria a paz do pântano, em que se percebe
tranqüilidade na superfície, mas decomposição e morte na intimidade que permanece oculta.
A compaixão é sempre dinâmica, não se detendo em apenas sentir o problema de outrem,
porém atuando de forma salutar para que a dificuldade seja solucionada mediante a sua
contribuição lúcida e misericordiosa.
*
A mecânica do desenvolvimento espiritual e moral do espírito é a do amor, que se
esclarece iluminando-se pelo conhecimento e pelas experiências durante a esteira das
reencarnações.
Quando a inteligência conduz o amor, há lógica e razão. Mas quando o amor dirige a
inteligência, a compaixão expressa-se e a caridade toma conta dos comportamentos
humanos.
Tomado de compaixão pela sociedade injusta, infantil e perversa dos Seus dias, muitas
vezes, Jesus dei- xou-se conduzir pela compaixão, graças à qual amou-a sem reservas,
entregando-se em regime de doação plena, a fim de que a vida moral predominasse em todos
os comportamentos sociais e humanos.
Toma-O como exemplo e tem compaixão, quando não possas aplicar outro sentimento,
porque compaixão é vida.
Silêncio
Aumenta volumosamente a balbúrdia no mundo.
Não há respeito pelo silêncio.
Abarulheira aturde a criatura humana, cuja constituição física e emocional apresenta
limites para a zoada, em face dos decibéis suportáveis.
Como conseqüência, as pessoas perderam o tom de equilíbrio nas conversações, nos
momentos de júbilo, nas comunicações fraternais.
Grita-se, quando se deveria falar, produzindo uma competição de ruídos e de vozes que
perturbam o discernimento e retiram a harmonia interior.
As pessoas engalfinham-se em competir na emissão do volume de voz, tornando as
conversações desagradáveis e agressivas.
Quando se fala em tonalidade normal, já não se ouve, em face do hábito enfermiço do
vozerio.
Esteja-se no lar, no restaurante, na oficina de trabalho, no clube, em qualquer lugar
público, e torna-se quase impossível uma conversação agradável e produtiva.
As músicas deixam, a pouco e pouco, de ser harmônicas para se apresentarem ruidosas,
sem nenhum sentido estético, expressando os conflitos e as desordens emocionais dos seus
autores, numa tormentosa conspiração para o desaparecimento do sentido de equilíbrio da
vida humana.
Os diálogos mais parecem discussões calorosas em que se debate com ardor, em
competição injustificável e tormentosa, do que propriamente uma conversa prazerosa.
A arte da conversação cede lugar aos temas vazios de significado e de edificação,
permanecendo adstrita a vulgaridades e queixas com que mais se entorpecem ou se irritam os
indivíduos.
O alto volume dos ruídos externos retira o sentido do prazer de ouvir-se, em decorrência
da agressão ao aparelho auditivo.
Cada qual, por isso mesmo, impõe o volume da sua voz, dos ruídos do lar, das
comunicações e divertimentos através dos rádios e das televisões.
Tem-se a impressão de que se perdeu o direito de experienciar o silêncio ou, pelo menos,
de escutar-se em níveis suportáveis e agradáveis, mediante os quais as ondas sonoras
produzam empatia e bem-estar.
O desrespeito grassa por todo lado, em razão da falta de educação generalizada. Os pais,
indiferentes ao programa de dignificação dos filhos, deixam-nos praticamente aos próprios
cuidados, ou concedem-lhes o excesso de liberdade em detrimento daquela que pertence aos
outros. Tornam os filhos ruidosos, voluntariosos, desobedientes, agressivos, quando
contrariados ou não. Desaparece a disciplina que deve existir em toda parte, favorecendo o
bom entendimento entre todos.

28 Joanna de Ângelis/Divaldo Franco


As vozes são estridentes e os atos, rebeldes, desrespeitosos às demais pessoas,
tornando-se provocantes.
Há um predomínio de violência em tudo, nos sentimentos, nas conversações, nas
atividades do dia-a-dia.
A animosidade gratuita paira no ar, revelando a insensatez social e o desequilíbrio
individual.
O egoísmo, com todos os famanazes que lhe constituem o séquito, impõe-se, retirando os
direitos que pertencem às demais pessoas.
Há demasiado ruído no mundo, atormentando as criaturas.
*
Reserva-te o prazer do silêncio, diariamente, por alguns momentos.
O silêncio interior conceder-te-á harmonia, ensejando-te reflexões saudáveis e
renovadoras. Mediante o seu contributo, disporás de um arsenal precioso de conceitos para
apresentares, quando conversando, mantendo elevado o nível das propostas verbais, porque
possuis discernimento e conseguiste armazenar idéias valiosas.
Abordando temas edificantes, gerarás hábitos de equilíbrio e de bem-estar, que te
propiciarão paz interior e convivência agradável com os outros, agindo com sabedoria e não
te permitindo engalfinhar nos debates da frivolidade, das reclamações e da revolta muito do
agrado dos insensatos, daqueles que não pensam e somente falam sem dizer nada educativo.
A voz é instrumento delicado e de alta importância na existência humana. Sendo o único
animal que consegue articular palavras, modulando o som e produzindo harmonia, o ser
humano deve utilizar-se do aparelho fônico na condição de instrumento precioso e de cujo
uso dará contas à Consciência Cósmica que lhe concedeu o admirável tesouro.
Por falta de silêncio interior, escasseia o externo, produzindo conseqüências danosas.
Mediante a disciplina consegue-se reverter a situação vigente, não se permitindo cair na
competição verbal.
Essa disciplina estende-se ao comportamento que deve apresentar-se produtivo,
ensejando convivência equilibrada em que o respeito à conduta do outro faça- se primacial.
Nem impor-se aos demais, tampouco permitir-se conduzir pelos outros, somente porque
se vivem momentos de desajustes.
Assim procedendo, os hábitos saudáveis ocuparão todos os espaços existenciais,
propondo meios de construir-se uma sociedade equilibrada.
Mediante a disciplina adquire-se consciência da vida, amadurecimento psicológico,
compreensão dos valores que devem ser adquiridos a benefício de si mesmo, resultando em
bem-estar do próximo.
Certamente que não se torna necessário abandonar o mundo, a fim de refugiar-se numa
caverna, no deserto ou no alto de um penhasco, para fazer silêncio interior. Basta que sejam
cultivadas idéias propiciadoras de alegria e de renovação íntima.
Aquele que adquire o hábito de pensar bem, nunca experimenta solidão, estando
acompanhado pelos pensamentos que lhe preenchem os espaços mentais e, por efeito, os
físicos, irradiando satisfação pessoal e agradecimento à vida pelas suas inigualáveis
concessões.
Retira-te, portanto, para as paisagens ricas de vibração do teu mundo interior e
observa-lhes os conteúdos de beleza, de paz, de bênçãos.
Nesses momentos, poucos que sejam, mas constantes, aprenderás a descobrir as páginas
ocultas de que se constitui a vida, que irás desdobrando-as, uma a uma, de forma que te
felicitarás com a beleza nelas guardada.
*
Jesus, o Sublime Comunicador, cuja dúlcida voz inebriava de harmonia as multidões,
viveu cercado sempre pelas massas, sofreu-as, compadeceu-se delas, mas não se deixou
aturdir pela sua insânia e necessidades.
Logo depois de as atender, recolhia-se ao silêncio, fugindo do bulício, a fim de penetrar-se
mais pelo amor do Pai, renovando os sentimentos de misericórdia e de compreensão, a fim de
que o cansaço que surge na balbúrdia não Lhe retirasse a ternura das palavras e das ações.
Necessitas, sim, de silêncio interior, para melhores reflexões e programações
dignificantes em qualquer área do comportamento humano em que te encontres.
Aprende a calar e a meditar, a harmonizar-te e a não perder a serenidade na multidão
desarvorada e falante.
Hoje como ontem
Quando Jesus veio ter conosco, na Terra, o mundo encontrava-se conturbado e as
criaturas haviam perdido o rumo.
A dor fizera presença constante nos corações, enquanto a esperança batera em retirada.
A guerra hospedara-se em muitas nações que se en- I redevoravam em espetáculo
dantesco, surpreendente.
Os sentimentos de amor e de compaixão haviam desaparecido das paisagens humanas e
somente o egoísmo, a indiferença e a crueldade eram vivenciados em campeonatos sórdidos
pela busca de supremacia.
A arrogância dos fracos que se apresentavam como li irles competia com a crueldade que
praticavam, a fim de inspirarem medo em vez de respeito ou consideração.
()s valores legítimos da ética e da moral haviam cedido lugar aos enganosos galardões do
poder e do querer.
A sociedade estorcegava em convulsões afligentes e o povo, mais especialmente, pagava
um insuportável I ributo pela audácia de existir e respirar.
O proletariado, os camponeses, os sem trabalho nem lar eram considerados como escória,
submetidos a condições abjetas e a grande maioria chafurdava em índices abaixo da miséria
econômica...
Não havia lugar para a piedade nem para a misericórdia.
Ele veio e rompeu a sombra dominante, oferecendo luz e calor a todos os infelizes que
faziam parte dos esquecidos e detestados.
Estabeleceu códigos de dignidade e enfrentou a petulância e o poder mentiroso dos fátuos
e enganados, demonstrando-lhes a fragilidade ante a doença, a velhice e a morte, quando não
vitimados pela própria insensatez.
Ergueu a Sua voz e exaltou os dons imperecíveis da vida centrados no amor e na
compaixão, na misericórdia e na caridade.
Ninguém jamais se atrevera antes a enfrentar a corrupção e o crime com a autoridade
com que Ele o fazia.
A Sua voz ressoava profunda nos lugares onde era enunciada, mas penetrava com vigor
incomum nas consciências, arrancando-as do letargo a que se haviam entregado
espontaneamente.
Os Seus feitos confirmavam a Sua autoridade que procedia de Deus, em cujo nome viera
modificar as paisagens humanas.
Ninguém que tivesse a audácia de enfrentá-10 com êxito. Mesmo os permanentes
inimigos da humanidade de todos os tempos, quando O tentavam, buscando envolvê-10 nas
suas tricas miseráveis, jamais O conseguiram vencer ou atemorizar. A Sua energia não tinha
limites, fazendo-se acompanhar de infinita compreensão por todos aqueles que se houveram
transformado em abutres famintos, alimentando-se nos despojos dos seus próprios irmãos...
Revolucionou as idéias e estabeleceu novos paradigmas para a felicidade, demonstrando
que o verdadeiro triunfador não é aquele que se destaca sobre os cadáveres das vítimas,
porém aquele que se vence a si mesmo, superando as paixões hediondas que o escravizam ao
eito da inferioridade...
Sinalizou o caminho com pegadas luminosas, a fim de que nunca mais houvesse escuridão
e desconhecimento da estrada a seguir...
*

Embora desejasse a libertação das consciências e a pulcritude dos sentimentos, quase


todos que O buscavam, em face das limitações que os caracterizavam, disputavam a
recuperação dos tecidos orgânicos enfermos, dos distúrbios da emoção em desalinho, das dis-
tonias mentais, como também dos interesses mesquinhos, que faziam parte do seu dia-a-dia
tumultuado, das questiúnculas que lhes cabia resolver, mas preferiam transferir para Ele.
Nunca se fez juiz de contendas ridículas, nem se permitiu envolver com as torpes
discussões da frivolidade, dos ódios que incendiavam os sentimentos.
Enfrentou o sarcasmo e a agressividade com alti- vez, não os valorizando, fiel ao
compromisso que firmara com o Pai, amando e servindo.
Por tudo isso e muito mais, ultrapassou os limites do tempo e do espaço geográfico em
que viveu, tornando-se invencível, enquanto legou o tesouro da imortalidade em
direção ao futuro e ao dever perante o presente.
Por uns amado, ficou detestado por todos que O não puderam submeter aos seus
caprichos.
Morreu vilmente assassinado, mas voltou em madrugada de eterna claridade, a fim de
que nunca mais houvesse dúvidas a Seu respeito, prometendo a todos receber além da cortina
densa do corpo...
*
Hoje ainda é assim como fora ontem.
A geografia política do planeta encontra-se fragmentada em conflitos, terrorismos,

40 Joanna de Ângelis/Divaldo Franco


guerras insensatas e misérias em abundância.
Chegou o Espiritismo, revivendo-0 e direcionando-se às massas, sob críticas ácidas da
falsa cultura e a perseguição do fanatismo de todo porte, rompendo as teias fortes da
ignorância a respeito da sobrevivência do espírito e acenando com a felicidade que se busca
nos descaminhos do prazer, quando, em realidade, se encontra nos refolhos da alma
aureolada pelas virtudes convencionais.
Repete os códigos soberanos das leis que Ele viveu, quais o amor, a compaixão, a
caridade, o perdão, ensejando mudanças profundas no comportamento.
Demonstra a sabedoria divina em todas as ocorrências humanas, mesmo naquelas que
são denominadas como infortúnios e desgraças, através de uma filosofia existencial ímpar,
com possibilidades de impulsionar ao avanço todos aqueles que se encontram cansados e
aflitos, mas os ouvidos desatentos e os interesses subalternos dos seus simpatizantes não
conseguem captar as lições incomparáveis.
Pelo contrário, disputam os lugares de honra e os aplausos festivos nos encontros
espirituais, que deveriam revestir-se de simplicidade e de introspecção.
As diretrizes iluminativas são confundidas com fórmulas mágicas para solucionar os
problemas existenciais que dizem respeito ao processo evolutivo.
O aturdimento, ante os efeitos das ações infelizes anteriormente praticadas, bloqueia o
discernimento, impedindo a clara compreensão dos objetivos essenciais da caminhada
orgânica.
Desejam, em perturbação, ocorrências milagrosas para que se modifiquem as
dificuldades em que se encontram, embora permitindo-se continuar nos mesmos disparates e
incongruências de conduta moral.
Apresentam-se como credores especiais de benefícios que esperam em caráter de exceção,
sem qualquer esforço.
São enfermos espirituais mais graves do que se pode imaginar, portanto, dignos de mais
compaixão e mais compreensão.
Ainda não encontraram Jesus, nem O sentiram, estando em acercamento demorado que,
sem dúvida, culminará em formosa entrega a Ele, o Senhor de nossas vidas.
Tem, portanto, muita paciência com os enfermos da alma, por serem mais difíceis de
amados, entregando-os Àquele que veio para que todos tivessem vida, porém, em
abundância.

Relacionamentos
O ser humano é um animal biopsicossocial, dirigido pelo instinto gregário, necessitado da
convivência com outrem da mesma espécie, a fim de desenvolver os conteúdos inerentes à
sua evolução.
Quando isolado, tende a vivenciar conflitos e perturbações físicas, emocionais e psíquicas,
às vezes, irreversíveis.
O calor dos relacionamentos oferece-lhe vitalidade e desenvolve-lhe a confiança nos
investimentos da afe- lividade e de outros sentimentos nobres, contribuindo para a
auto-realização nos objetivos a que se vincula.
Os relacionamentos nem sempre se desenvolvem no clima que deveria ser ideal, isto é, de
reciprocidade, <lc respeito e amizade.
Assim sucede, porque o egoísmo e as paixões primitivas dificultam-lhe as manifestações
de equilíbrio e de discernimento na pauta da convivência com outrem em particular, e com as
demais pessoas em geral.
Destacando-se o temperamento rebelde, fruto das heranças ancestrais de predominância

41 Joanna de Ângelis/Divaldo Franco


da força bruta sobre os sentimentos dignificantes, o indivíduo que deseja a bênção do
relacionamento, ao invés de preocupar- se com o seu significado, aquilo que pode e gostaria
de oferecer, deseja, apenas, auferir os benefícios retirados do outro, sem a contribuição
pessoal da afetividade, da cooperação.
Todo relacionamento exige reciprocidade para ser exitoso, a fim de ensejar bem-estar,
intercâmbio de vibrações harmônicas, alegria de viver.
Os primeiros relacionamentos têm lugar no regaço materno, quando se manifestam as
primeiras expressões da afetividade do adulto em relação à criança. É nessa fase que se
desenvolvem as sementes do amor divino adormecidas no cerne do ser, aguardando o adubo
da ternura, o calor do amparo, a chuva das carícias, os cuidados vigilantes da preservação da
vida...
À medida que se fortalecem os laços da família em relação à criança, expande-se-lhe o
campo de relacionamento, ensejando-lhe melhor entendimento em torno da vida, que é feita
de fatores conjugados em reciprocidade de contribuição, graças à qual é possível o
prosseguimento existencial.
Logo depois, surgem os pródromos do relacionamento social na escola - seja no ciclo
maternal, infantil, de alfabetização, fundamental... - fortalecendo ou não a segurança no
apoio da amizade, conforme as respostas da convivência com os adultos, os educadores, as
demais pessoas...
Entre os animais irracionais, com algumas exceções, os pais orientam os filhos em relação
ao grupo, na busca da alimentação, da preservação da prole, da espécie, na demarcação da
área que lhe pertence, após

42 Joanna de Ângelis/Divaldo Franco


o que, deixa-os por conta própria, quando já se encontram em condições de sobrevivência.
Em face do instinto de preservação da vida, o fenômeno dá-se por automatismo,
imprimindo, pela repetição, nos hábitos dos descendentes, os recursos que os preservarão,
auxiliando-os no crescimento e sobrevivência em relação aos predadores e aos fatores
circunstanciais e ambientais.
O ser humano, que pensa, nem sempre age conforme aprendeu, permitindo-se
desorientar, viven- ciando condutas agressivas e infelizes, destruindo os relacionamentos
indispensáveis à existência feliz.
*
Em qualquer relacionamento em que te encontres, cuida de ser leal e honesto, não te
utilizando de recursos desprezíveis, mesmo que objetivem resultados que supões serem
construtivos. O erro, a intenção malévola não podem contribuir de maneira saudável, porque
as suas são estruturas deficientes e enfermiças. O mal jamais operará em favor do bem,
porque a sua é uma contribuição destrutiva.
Somente a verdade, mesmo que amarga e muitas vezes afligente, preserva saudáveis os
relacionamentos.
A amizade é fator essencial, em qualquer tipo de relacionamento, por caracterizar-se pelo
desinteresse pessoal, imediatista, ao influxo da disposição da convivência enriquecedora.
Nessa conjuntura, ninguém se apresenta mais importante, evitando-se sempre a
exaltação do ego, que é fator dissolvente de todo empreendimento edificante.
À medida que se estreitam os laços da amizade, podem surgir outras expressões de
afetividade, tornando o relacionamento mais complexo e mais profundo, muitas vezes
culminando na identificação de propósitos e ideais, que se consolida em matrimônio, abrindo
espaço para a constituição da família.
Nos relacionamentos sociais, lamentavelmente, quase sempre predominam a mentira, a
bajulação em referência aos poderosos, submissão e falsidade, que logo se convertem em
traição e abandono, assim que os ventos dos interesses mudam de direção.
A sociedade, no entanto, merece contribuição en- riquecedora, distante dos habituais
comportamentos sórdidos, nos quais a intriga e a mentira adquirem cidadania, em
detrimento da fidelidade e do respeito, cada qual tentando alcançar mais alto patamar na
escada da insensatez.
Essa conduta mórbida expande-se na direção dos relacionamentos comerciais, políticos,
artísticos, culturais de toda expressão, porquanto é o indivíduo com os seus próprios recursos
que se transfere de uma para outra condição no grupo em que se movimenta. Se a sua é uma
conduta enfermiça, naturalmente que a impõe onde se encontre, produzindo equilíbrio ou
desordem. Se, no entanto, é portadora de recursos educativos, significando elevação de
princípios, por certo contribuirá para a preservação da convivência responsável e benéfica.
O indivíduo, desse modo, é sempre o agente do sucesso ou do desastre na área dos
relacionamentos.
A fraternidade constitui, então, o passo mais feliz no processo das relações entre as
criaturas humanas, porquanto impulsiona à afeição como se fora biológica, portanto,
destituída de paixões individualistas, trabalhando em favor do mesmo clã, do grupo
doméstico.
É certo que, nem sempre, no lar, encontram-se espíritos afins, que sejam capazes de
trabalhar em comunhão de pensamento e de ideal, muitas vezes, lutando cncarniçadamente,
devorados pelos ódios ancestrais, que procedem das condutas infelizes de outras existências,
agora em processo de recuperação. Entretanto, é na família que se consolidam os sentimentos
e se ampliam os tesouros da verdadeira afeição.
Os relacionamentos sexuais, que têm destaque nos grupos humanos, como fundamentais
para a vida, são mais frutos do instinto do que mesmo dos sentimentos. Aparentemente
surgem como impulsos de falso amor, cm paixão abrasadora, que arrasta a comportamentos
precipitados e a uniões sem estrutura moral, econômica ou mesmo afetiva.
Logo passam os impulsos defluentes do desejo asselvajado, porque não se submetem ao
controle da razão, e desaparecem os relacionamentos, transformando-se, não poucas vezes,
em lutas e ódios devoradores.
*
Considerando a necessidade dos relacionamentos saudáveis, Jesus, o Psicoterapeuta por
Excelência, propôs o amor entre as criaturas humanas em todas e quaisquer circunstâncias,
porquanto o amor é essencial para a construção da sociedade terrestre.
O amor é a expressão divina que verte do Alto em I av(>r de tudo quanto existe,
trabalhando pela felicidade espiritual da Terra, através das criaturas que hospeda na forma
física.
Ama, portanto, e relaciona-te com tudo e com todos, sem receio, oferecendo o que
possuas de melhor, dessa maneira fruindo de paz e nunca te sentindo a sós...
Mandato mediúnico
Asseverou com propriedade o apóstolo Paulo que há diversidade de dons, mas o espírito
é o mesmo (Cor.15: 4-10), graças aos quais se manifestam os fenômenos que procedem de
Deus, através da palavra de sabedoria, da escrita, da profecia, das línguas, das curas, tudo
como manifestação do espírito.
Posteriormente, por ocasião da Codificação do Espiritismo, Allan Kardec, estudando as
faculdades medi únicas, demonstrou que elas se apresentam com va- riedade e polimorfia.
Mesmo quando se trata de uma ex pressão que a tipifica em todos os indivíduos, ei-la que
varia de qualidade conforme o instrumento pelo qual se manifesta.
E compreensível que assim ocorra, considerando-se que, na área da inteligência, diversas
são as suas mani- lesl ações, tais como a de natureza cognitiva, emocional c espiritual. Nada
obstante, em cada uma delas ocor- 1 cm especificidades que são peculiares às experiências 1
li»ser humano em decorrência das suas transatas reencarnações, das conquistas ou prejuízos
adquiridos.
Se tomar-se como exemplo a cognitiva, ou de natureza intelectual, constata-se que o seu
portador pode ser um excelente matemático, e ter muita dificuldade para outras doutrinas,
como as filosóficas, históricas, geográficas ou vice-versa.
Depreende-se que se trata de uma aptidão especial compatível com o desenvolvimento
cultural ínsito em cada pessoa, que demonstra maior ou menor facilidade para determinado
aspecto do conhecimento com o qual já teve ou não contato em existência anterior.
Apresentando-se a faculdade mediúnica de maneira ostensiva ou natural, os fenômenos
ocorrem de acordo com a pauta das necessidades evolutivas de cada medianeiro, razão pela
qual não existem duas inteligências iguais, da mesma forma que não existem dois médiuns
portadores do mesmo nível de registros das ocorrências espirituais.
Se, por um lado, as manifestações ostensivas melhor confirmam a procedência espiritual
das ocorrências, mais cuidados requer, de modo que não se transforme em motivo de aflições
e de desaires.
Constituindo-se um delicado instrumento com imensas possibilidades para produzir os
fenômenos, estes se tornam contínuos e expressivos, cuja qualidade nem sempre é de
procedência superior, considerando- se os espíritos que os desencadeiam.
Sendo mais fácil a sintonia do médium com os seres espirituais do seu mesmo nível
evolutivo, e estando assessorado por aqueloutros que se lhe vinculam pelos impositivos das
reencarnações anteriores, a fase inicial das manifestações é quase sempre turbulenta, aflitiva,
quando não ocorrem, nesse período, os tormentosos transtornos obsessivos.
À medida que o estudo, a reflexão, o conhecimen- lo da faculdade favorecem-lhe o bom
uso, altera-se-lhe i face perturbadora, tornando-se veículo dos operosos seareiros do amor e
da caridade, que a utilizam para os lins nobilitantes a que se destina.
A faculdade natural é mais sutil, propiciando lento e bem cuidado aprimoramento, graças
ao qual as expressões fenomênicas tornam-se evidentes e confortadoras.
Apresente-se, desse modo, o fenômeno mediúni- eo em qualquer aspecto que o
caracterize, o comportamento moral saudável do médium, o exercício das virtudes e dos
sentimentos dignos do dever cumprido com abnegação, contribuem para o feliz desempenho
do compromisso que foi firmado no Grande Lar, antes <la atual conjuntura reencarnacionista.

*
Daí o declararmos abertamente que quem quer que blasone de os obter
(fenômenos) à vontade não pode deixar de ser ignorante ou impostor. Daí vem
que o verdadeiro Espiritismo jamais se ilará em espetáculo, nem subirá ao tablado das

46 Joanna de Ângelis/Divaldo Franco


feiras, alirmou com ênfase Allan Kardec. (*)
É procedente a declaração do preclaro Codificador, considerando que os espíritos sérios
não se permitem o ridículo nem se fazem instrumento de divertimento para as massas ociosas
e insensatas.
i') KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 28. ed. FEB. Cap. III, item 31 Ni >1 a du autora espiritual.
O fenômeno ocorre em qualquer lugar, compatível, no entanto, com os valores morais
daqueles que lhe participam da apresentação.
Encontramo-lo tanto no banquete de Baltazar, rei da Babilônia, prenunciando os últimos
dias do grande império, quanto na sarça ardente do monte Sinai onde Moisés recebeu o
Decálogo.
Sempre esteve presente no burlesco de todas as épocas, através de idiotas e de
saltimbancos que lhe foram objeto de manifestações, ruidosas umas, apavorantes outras,
todas, porém, de qualidade inferior.
De maneira equivalente esteve no Tabor e em inúmeros lugares através dos tempos,
traduzindo o triunfo da imortalidade e a glória da vida imperecível.
A mediunidade é faculdade neutra, apresentando- se tanto através de pessoas dignas
como estúrdias. Os fenômenos que produz resultam sempre das qualidades morais dos seus
portadores.
É compreensível, portanto, que o mandato medi- único revista-se de elevação e de
inteireza espiritual em todo aquele que deseja viver com sabedoria, especialmente quando se
encontra comprometido com a atividade espírita.
Nunca deve o médium permitir-se a sistemática sintonia com as entidades de conduta
vulgar, objetivando distrair e agradar o público, tão ocioso quanto irresponsável, sempre
disposto ao campeonato da frivolidade.
Jamais esquecer-se de que a mediunidade deve ser considerada como um instrumento
santo e que santamente deve ser utilizada.
Não bastam as justificativas de que são nobres os fins perseguidos, utilizando-se, porém,
de meios atentatórios aos compromissos doutrinários, embora os recursos angariados se
destinem a atividades dignificantes.
A mediunidade é ponte através da qual os imortais retornam à convivência com as
criaturas reencarnadas, advertindo-as, confortando-as, preparando-as para a sobrevivência à
morte.
Canalizar-lhe as energias de maneira sábia e elevada, constitui dever impostergável de
todo aquele que, médium ostensivo ou natural, seja portador de uma ou de várias facetas
mediúnicas.
*

Torna-te veraz, e os fenômenos por teu intermédio serão autênticos.


Faze-te responsável e sério, e as ocorrências mediúnicas a que deres origem merecerão
credibilidade e consideração.
Vive conforme recomendam os espíritos nobres, e aqueles que participam das tuas
experiências mediúnicas se esforçarão para viver condignamente.
Exercita a caridade e a renúncia, ajudando-te e ao leu próximo, e os bons espíritos te
elegerão para instrumento do seu ministério de iluminação humana.
Jesus, na condição de Médium de Deus, viveu in- tegralmente tudo quanto nos ensinou a
todos, a fim de buscarmos a glória celestial.

Jesus e Vida 47
No rumo do desconhecido
A criatura humana que transita na faixa da norma- I idade possui autonomia, podendo
agir conforme lhe apraz. Como conseqüência, porque lhe faltem disciplina e orientação
espiritual, ruma para o desconhecido, .il irando-se em fossos por ela mesma cavados.
Na sua quase totalidade, é vítima dos impulsos inferiores, apaixonados, reagindo sempre
quando poderia manter uma conduta proativa, edificante e não- agressiva.
Como efeito, não se permite agir com serenidade diante dos acontecimentos inesperados,
sempre tomando decisões precipitadas e rumando para o desconhecido.
O vento que sopra autônomo arranca tudo quanto não lhe resiste à devastação, inclusive
produzindo a erosão do solo, das rochas, à semelhança das ondas do mar que, violentadas
pelas correntes aéreas em turbulência, golpeiam sem cessar as costas dos penhascos, despe-
daçando as algas que se lhes agarram e tudo quanto se lhes apresenta como impedimento, em
tentativas inúteis de sobrevivência.
Canalizadas essas forças aéreas da natureza, poderiam produzir energia eólica
proporcionadora do progresso e do bem-estar.
O ser humano tem necessidade imediata de reflexionar em torno dos potenciais que nele
jazem adormecidos, para bem direcioná-los conforme o conhecimento das finalidades
existenciais em favor da própria felicidade.
Descobrindo os tesouros que lhe cabe multiplicar através do uso ordenado e consciente,
dispõe de um rumo conhecido que se lhe apresenta como a meta a ser conquistada.
Nesse sentido, a disciplina apresenta-se-lhe como o DNA da sabedoria que alcançará.
Uma existência pautada no conhecimento seguro a respeito dos anseios da mente e do
sentimento favorece a auto-realização, que deve ser o objetivo a alcançar enquanto lhe vige a
oportunidade no escafandro carnal.
Quando a vida é destituída de metas de enobrecimento, torna-se uma sucessão de
desastres emocionais, morais e espirituais, sem motivações dignifica- doras que dão sentido
ao existir.
Sem rumo, o indivíduo perde-se pelos diferentes caminhos que encontra, percorrendo-os
sem segurança, e ao constatar que eles não levam a um porto de segurança, interrompe a
marcha para logo reiniciá-la, cada vez menos entusiasmado, tropeçando no desconhecido.
Todavia, quando tem elaborado um projeto bem delineado, a cada passo dado, mais próximo
da meta a alcançar se encontra.
Quem não acredita no valor desse conhecimento e (la disciplina para vivenciá-lo que
acompanhe a trajetória de um veículo motorizado sem freios descendo uma ladeira...
O conhecimento ilumina a consciência, especialmente quando se trata das conquistas do
belo, do amor, da sabedoria.
Somente assim é possível nele brilhar a luz da alegria sem sombras nem interrupção.
A fonte geradora do Bem, da mesma forma que irradia forças dinâmicas para a vida,
absorve as energias que lhe são direcionadas, reencaminhando-as mais potencializadas.
Eis, portanto, definida a importância do conhecer r do bem conduzir-se, a fim de que a
autonomia faculte conquistas preciosas e imperecíveis.
*
O homem e a mulher prepotentes, temerários, ameaçadores, são portadores de
autonomia em ação danosa no rumo do desconhecimento.
Os indivíduos sensatos, idealistas, gentis, que superam as injunções difíceis, por sua vez
avançam para as realizações que os plenificam e já lhes são conhecidas.
Os guerreiros e déspotas promotores de guerras, erguem estandartes de belicosidade e

52 Joanna de Ângelis/Divaldo Franco


atemorizam, movimentando-se em torno dos caminhos desconhecidos das suas tormentosas
existências.
Aqueles que lhes sofrem a presunção e a soberba em tranqüilidade, sabem que avançam
para o conhecido destino da paz por que almejam.
O tempo, porém, na sua marcha inexorável, a tudo e a todos transforma.
À juventude vigorosa e louçã, segue a decadência orgânica rumando para as
transformações degenerativas, quando não são exauridas antes através da morte
intempestiva...
Há carência de real conhecimento em torno da vida entre as criaturas humanas, que se
debatem nos conflitos desconhecidos, que são frutos amargos da ignorância das Divinas Leis.
Somente quando se experiencia o acontecimento é que se adquire a sabedoria em torno
do conhecido.
Certamente, em face dessa conclusão, foi cunhado o brocardo popular, que assevera: Se o
jovem soubesse e o velho pudesse!...definindo a descoberta dos valores supremos, somente
depois, quando são escassas ou nenhumas as possibilidades de êxito, pelo menos na atual
conjuntura terrestre...
Compatibilizar o discernimento mental ante as necessidades da vida e a disciplina dos
atos na realização indispensável, eis a proposta de sabedoria para avançar-se com segurança
na direção do conhecido amor de Deus.
A autonomia, que não segue um curso de equilíbrio, é problema na liberdade de conduta,
pelos danos que o indivíduo se pode causar.
Indispensável, portanto, a claridade mental para saber-se eleger o que é realmente útil no
processo evolutivo ou prejudicial, a fim de seguir o destino conhecido da felicidade que se
almeja.
Não poucas vezes, diante do oceano, contemplam- se as ondas sem a visão do imenso
espelho de águas, ou deslumbrando-se com a visão da floresta descuida-se da identificação
das árvores.
A sabedoria oferece visão de conjunto, mas também de unidade.
A sua conquista será sempre resultado da reflexão em torno do conhecimento e da
aplicação da disciplina em favor do êxito.
*
Autonomia e consciência pelas reflexões do dever constituem roteiro para a iluminação
interior e a paz do coração.
Jesus permanece na condição de Modelo sob qualquer aspecto em que seja considerado,
demonstrando a Sua autonomia de pensamento, de palavra e de ação, no direcionamento
para Deus, então desconhecido, que Ide soube desvelar, tornando-0 conhecido de todos para
sempre.
Segue-O, quanto possas, com autonomia e discernimento.

Jesus e Vida 53
Armadilhas
Quando alguém empreende uma realização nobi- lilante, vinculado a um compromisso
superior com a vida, não lhe faltam desafios e aflições, que são heranças de comportamentos
infelizes do passado e obstáculos naturais que devem ser superados.
Vivendo em uma sociedade egóica e imediatista, experimenta desconfiança e agressões de
todo porte, como se uma conspiração houvesse a fim de impedir- lhe o desenvolvimento do
ideal que acalenta e pelo qual moureja.
Em face dos fatores de perturbação ainda vigentes no grupo social, suspeita-se-lhe da
honestidade de propósitos, acreditando-se que se trata de um indivíduo es- I afador ou astuto
procurando projeção no cenário em que se encontra, ou mesmo de algum aventureiro que
espera lucros rendosos sem grandes investimentos pessoais...
Infelizmente, ainda não há lugar, na atual sociedade, para pessoas sérias portadoras de
projetos de enobrecimento para a Humanidade.
É inegável que existem incontáveis exemplos contrários a essa conduta, no entanto, a
mais comum é a atitude de suspeição e de arrogância em relação ao inovador, em razão dos
conflitos pessoais que dominam a grande mole humana, ainda não liberta das paixões in-
feriores em que se compraz.
Quando esse labor diz respeito aos valores espirituais dignificantes, a luta se lhe torna
mais áspera, porque a maioria prefere a distração e a vulgaridade, mesmo que sob os
disfarces de objetivos elevados.
O desrespeito ético em aumento crescente, avassalando setores onde devem prevalecer os
sentimentos de ordem e de edificação, testemunha a falsa necessidade dominante pela busca
do promíscuo e superficial, nos quais se destacam personalidades enfermas e astros
frustrados que se impõem em lideranças doentias...
É compreensível que assim ocorra esse fenômeno de desconsideração pelo bom e pelo
belo, substituído pela balbúrdia e zombaria das questões santas, porque se pretende viver o
momento do prazer e do desfrutar, em novos comportamentos que disfarçam os terríveis
conflitos em que a grande maioria de pessoas se estorcega.
É muito difícil ser coerente entre o que se crê e como se deve agir, buscando-se, por falta
de resistências morais, sucedâneos para a conduta leviana sob justificações lamentáveis, mas
que agradam aos desavisados.
O Espiritismo é doutrina séria de caráter imortalis- ta, que se destina àqueles que tenham
sede de justiça, fome de paz e ânsia de felicidade, cansados das ilusões vivenciadas e
dominadas por dores excruciantes de que necessitam libertar-se.
Todos quantos lhe abraçam os postulados são convidados à transformação moral para
melhor, tornando- se, cada dia, mais saudáveis do que anteriormente, e trabalhando as
imperfeições morais, a fim de que possam vivenciar a harmonia e a iluminação de que são
objetos os postulados espíritas. No entanto, há uma grande de- lasagem entre o que se divulga
e o que se experiencia.
Não são poucos os indivíduos que, no exercício dos ideais libertadores, projetam-se mais
através deles, do que lhes fazem a divulgação apagando-se, conforme afirmava João, o
batista, em referência a Jesus: É necessário que Ele cresça e que eu diminua. (João: 3- 30).
Há uma incontida ânsia pela projeção social e humana, em competição doentia,
perturbadora, bem con- I rária a essa proposta do Precursor...
É inevitável essa ocorrência, porque os indivíduos consideram os demais através da óptica
intelecto-moral de que são portadores.
*
Além desses naturais adversários terrestres do ideal ismo libertador, outros existem, que
ainda apegados as paixões humanas, embora desencarnados, conspiram incessantemente
contra aqueles que são fiéis aos objetivos que abraçam, gerando situações calamitosas,
urdindo armadilhas perversas, a fim de colhê-los, asam impedindo-lhes o avanço.
Km um momento, induzem pessoas emocional- mente perturbadas a aproximar-se dos
lidadores do hem, inspirando-lhes paixões servis, e quando rechaçadas transformam-se em
perseguidoras inclementes.
Vezes outras, tentam seduzi-los com publicidade e fama, arrastando-os para os
descaminhos do compromisso, sob aplausos ruidosos em festas de insensatez e de turbação
mental.
Habitualmente acercam-se, esses infelizes inimigos de si mesmos, desencarnados em
desesperação, gerando, à volta dos trabalhadores, uma psicosfera mor- bífica, que lhes
produz amolentamento e cansaço com prejuízo das realizações que lhes cumpre executar.
Em diversas ocasiões, aproveitadores inescrupulosos cercam-nos, sobrecarregando-os de
atividades que não desejam desempenhar, de forma a exauri-los no cumprimento dos deveres

6o Joanna de Ângelis/Divaldo Franco


abraçados. Fiscais impiedosos da sua conduta, estão sempre dispostos a apontar-lhes deslizes
e erros, sem que façam algo de positivo e útil, considerando-se responsáveis pela vigilância
que se impõem. Logo, quando não alcançam as suas metas, abandonam o campo e saem
alardeando difamação afrontosa, atirando calúnias sórdidas que encontram guarida na
irresponsabilidade de outros tantos que lhes são semelhantes.
A competição pessoal é atiçada por esses adversários do Bem, gerando divisões
lamentáveis no grupo em que se encontram, criando dificuldades de todo tipo com fins
ignóbeis, no íntimo, em razão da inveja e da magoa por não estarem naquele lugar, sendo os
combatentes que não têm coragem de tornar-se.
As armadilhas do mal são contínuas e apresentam- se em variadas formas, pois que o seu
objetivo é a desistência dos lidadores da verdade, do amor, da divulgação da Luz, da vivência
da fraternidade...
Nada obstante, quando os idealistas são sinceros, eles sabem revestir-se de paciência, de
coragem e de resignação, confiando mais nos objetivos que devem alcançar, do que nos
impedimentos que lhes surgem pela frente.

6o Joanna de Ângelis/Divaldo Franco


Entregando-se Àquele que lhes serve de guia e modelo, não se permitem abater pela
perseguição insensata, nem rebelar-se contra o aguilhão, porque têm consciência da sua
pequenez diante da grandeza da vida, estimulando-se ao avanço, quanto mais obstáculos
defrontam.
Reconhecem que não é fácil a empresa a que se en- I regam e que a realizam pelo prazer
pessoal de fazê-la crescer no íntimo, por saberem que o Reino de Deus não vem com
aparências exteriores, mas é construído no imo do ser, sem que ninguém o veja, nem lhe tome
conhecimento.
Assim, nunca te intimidem as calúnias dos companheiros de lutas, nem temas as
armadilhas colocadas pelo espírito do mal, tentando colher-te quando desprevenido.
Cuida de entregar-te a Quem serves, e amando, segue adiante, cantando o hino da alegria
de servir.
*

Mesmo Jesus, que é o Sol de Primeira Grandeza do planeta terrestre, não realizou o Seu
ministério, sem a presença constante de inimigos, de adversários soezes e de manipuladores
de armadilhas perversas.
... Mandaram então seus discípulos, em companhia dos herodianos, dizer-lhe: Mestre,
sabemos que és veraz e que ensinas o caminho de Deus pela verdade, sem levares em conta
a quem quer que seja, porque, nos homens, não consideras as pessoas. - Dize-nos, pois, qual
a tua opinião sobre isto: É-nos permitido pagar ou deixar de pagar a César o tributo?
Jesus, porém, que lhes conhecia a malícia, respondeu: Hipócritas, por que me tentais?
Apresentai-me uma das moedas que se dão em pagamento ao tributo. E tendo-Lhe eles
apresentado um denário, perguntou Jesus: De quem são esta imagem e esta inscrição? - De
César, responderam eles. Então, observou-lhes Jesus: Dai, pois, a César o que é de César e a
Deus o que é de Deus. (Mateus: 22-15 a 22.)
As armadilhas humanas colhem somente aqueles que se encontram no mesmo nível dos seus
opositores.
Ta, porém, segue adiante, fiel ao dever abraçado.

/<".MS e Vida 61
Amizadeterapia
Marco Túlio Cícero, filósofo latino do século I a.C., afirmou com grande sabedoria que
Quem retira a amizade da sua vida elimina o Sol do mundo.
Isto porque, o relacionamento entre as pessoas através da amizade é de grande
significado emocional para a existência feliz.
A amizade é como o Sol que aquece e vitaliza, favorecendo o desenvolvimento da vida e
ampliando os horizontes existenciais, aos quais oferece beleza, harmonia e faculta desafios
para serem conquistados.
O ser humano é essencialmente sociável, encontrando, nos relacionamentos
proporcionados pela amizade, estímulos e objetivos para crescer moral e espiritualmente.
Sem dúvida, a amizade é portadora do calor necessário para fazer germinar os
sentimentos que se encontram adormecidos no imo do ser, ao tempo em que se irradia com
energias benéficas em favor daquele com o qual se relaciona.
A amizade independe dos interesses mesquinhos do dar para receber, porquanto, o ato da
estima sintetiza os dois fenômenos pelo produzir de satisfações confortadoras.
Destituídos de sentimentos racionais, os animais da escala anterior à humana expressam
a amizade por instinto, embora em alguns deles existam os pródro- mos da futura
inteligência, protegendo-se, assim como a outros da mesma ou de espécie diferente, no clã
biológico ou no social, oferecendo-lhes apoio e convívio.
Esse treinamento desenvolve-lhes a capacidade para a estima, quando alcançarem o
estágio de humanidade.
Os filhotes rejeitados ou órfãos, quando não adotados por outros, deprecam e morrem.
O mesmo ocorre com as crianças que, acariciadas, gozam de mais saúde e de melhor
desenvolvimento intelectual, em relação àquelas que são vítimas do abandono ou são
desprezadas, que sobrevivem com deficiências várias, quando não se apresentam portadoras
de transtornos emocionais graves.
A amizade sincera oferece a segurança emocional que propicia alegria de viver, por
estimular os neuro- transmissores a produzir mais dopamina, a substância responsável pela
alegria, pela felicidade...
Invariavelmente, os indivíduos temem o abandono, a solidão, e ante a doação da amizade
relaxam e tran- qüilizam-se, reconquistando a confiança em si mesmos e no próximo.
A amizade, desse modo, é como um elixir terapêutico de excelentes resultados, inclusive
no período em que se instalam as enfermidades.
A amizade é tão valiosa, que o som de uma voz amiga e conhecida produz o sorriso de
alegria em quem o escuta.
A lembrança de um ato propiciado por um amigo gera satisfação e a perspectiva de um
novo encontro desenvolve expectativa agradável.
Quando não se frui dessas satisfações, dificilmente encontra-se a felicidade durante a
existência terrena, sofrendo-se isolamento e angústia.
Estatísticas valiosas asseveram que as pessoas solitárias têm a probabilidade de
desencarnar em muito menos tempo do que aquelas que experienciam convivências e
relacionamentos afetivos.
O mesmo ocorre com os introvertidos em relação aos extrovertidos, em face das agressões
de que padece o sistema imunológico, bombardeado pelos conflitos das coarctações
emocionais.
A amizade prolonga a existência física e embeleza as emoções.
A vida estua em incessantes poemas de relacionamentos em a Natureza, culminando na
convivência entre os seres humanos.
Amigos são bênçãos que devem ser cultivadas com carinho, respeito e consideração.
*

Quando os enfermos recebem atenção e amizade, os seus neurônios produzem endorfinas


que lhes atenuam tanto as dores físicas quanto as emocionais, facultando-lhes formosos
períodos de sobrevida.
Os processos agressivos na convivência social produzem distonias psicológicas nos seus
membros, tornando-os refratários aos sentimentos de elevação, de fraternidade e de
harmonia.
São geradores de violência, porque se fazem, por sua vez, condutas igualmente violentas.
Os animais cuidados com amizade tornam-se dóceis, reconhecem os seus donos e
captam-lhes os sentimentos que os instintos decodificam por automatismo.
Assim, a amizade funciona como elemento indispensável a uma vida produtiva e rica de
aspirações relevantes.
Aquele que se isola, termina por alienar-se, permitindo-se reflexões negativas,
pensamentos pessimistas e mergulhando em depressões tormentosas por falta de
convivências salutares.
Da amizade ao amor basta um passo, isto é: à medida que o sentimento se engrandece,
adquire dimensão de afetividade profunda.
Frederico Nietzsche, embora pessimista e vítima de freqüentes crises depressivas,
reconheceu que é a amizade que sustenta o casamento, as parcerias, os relacionamentos
sexuais, quando passam os arroubos das paixões devastadoras...
A amizade independe dos sexos, das circunstâncias, das idades. Abrange todos os
períodos da vida e tudo quanto existe em a Natureza.
Desenvolvê-la, mediante o treinamento, expandindo-a ao maior número possível de
indivíduos humanos, animais e vegetais, constitui um desafio em benefício da saúde integral.
A vida solitária constitui terrível carga para o organismo físico, emocional e mental,
gerando desconforto e estresse, em razão dos conflitos que se estabelecem no íntimo e da
impossibilidade de reparti-los com outrem em conversações edificantes. Não se trata de
transferi- los ao próximo, porém, de realizar-se uma catarse positiva, trabalhando as faces
nebulosas do sofrimento e encontrando caminhos ocultos para a sua liberação.
Quando se confia em alguém, torna-se mais fácil enfrentar dificuldades, confiando que
sempre terá companhia e refúgio emocional na amizade, quando os problemas se tornarem
mais graves ou mesmo sem eles.
Tendo-se com quem conversar, discutir problemas, comentar desafios e dores, embora
permaneçam não resolvidos, outras são as condições emocionais para os solucionar, em face
do aquecimento moral que vem do outro.
*

A amizade pura tem sido responsável por incontáveis glórias do processo evolutivo da
humanidade.
Pessoas que se estimam, sacrificam-se umas pelas outras, demonstrando o significado de
que se revestem na convivência fraternal.
Enquanto houver amizade entre os seres humanos Deus estará de bem com os habitantes
do planeta terrestre.
Sê amigo, doando-te quanto possas, mantendo conversações salutares, joviais e
desfrutarás de bem- estar.
A convivência na amizade é razão para evitar o vazio existencial, a saturação, desde que
seja autêntico o sentimento.
A amizade prolonga a alegria de fruir-se a existência física.
Amizade que produz bem-estar e auto-realização, é processo terapêutico para uma
reencarnação exitosa.

O ressentimento
O ressentimento é semelhante a um morbo moral que toma conta das emoções e
transforma os sentimentos em amargura e em prevenção.
Instala-se de forma sutil e agiganta-se de maneira inesperada, aumentando conforme a
fixação que a vontade da sua vítima lhe permite, gerando inquietação e sofrimento
desnecessários.
Expressões que antes denotavam afeto assumem, sob a óptica do ressentimento,
significados perturbadores; gestos que traduziam amizade, agora, observados pelo
ressentimento, confirmam a tese absurda de prevenção; sorrisos que expressavam amizade e
júbilo, no momento em que o ressentimento se instala, tomam forma de ironia e de crítica
mordaz.
No estado de ressentimento vêem-se as ocorrências conforme as lentes que são colocadas
na vista para observação.
Os melhores argumentos para a sua anulação mais facultam ampliá-lo, em face da
cegueira emocional que domina a sua vítima.
O ressentimento é fruto espúrio do orgulho enfermiço que não permite os gestos de
honestidade, de identidade fraternal, de comunicação amiga, de orientação saudável.
Cada pessoa, nesse estado, espera sempre receber a compreensão em torno do seu
comportamento inadequado, quando sucedem situações desastrosas, desfrutando de
simpatia geral. No entanto, é-lhe muito difícil aplicar essa conduta em referência ao próximo,
ao coração amigo com quem convive.
No trato social e nos relacionamentos humanos surgem momentos de dificuldades
perfeitamente naturais, em razão da impossibilidade de expressar-se realmente o que se
deseja, por falência vocabular ou por impedimentos emocionais, dando margem a incompre-
ensões em torno do que se diz.
O ressentido não leva isso em consideração, porque o seu orgulho não admite que esteja
enganado e que os outros estejam agindo corretamente. Aliás, nos seus conflitos, essa postura
faz-lhe bem, porque o torna mártir, ensejando-lhe motivo de afastamento e de censura
contra quem se lhe torna objeto de desagrado.
O ressentimento tem sido responsável por sofrimentos vários e separações lamentáveis
nos relacionamentos afetivos pelo matrimônio, nas parcerias de todo tipo, nas negociações
comerciais, na convivência social e em outros comportamentos humanos.
É muito fácil ser amigo, contribuir em favor da preservação das afeições, mantendo
tolerância e fraternidade, que são termos básicos do relacionamento saudável.
Quando se pretende ser irretocável, o que representa um transtorno neurótico, tudo gira
em torno da sua aparente perfectibilidade que a ninguém permite equívoco em relação à sua
falsa superioridade.
*
É compreensível que os espíritos em desenvolvimento ético-moral ainda apresentem as
imperfeições do processo durante a fase em que estagiam, errando para acertar.
Nada obstante, é necessário que as situações deploráveis que podem surgir sejam diluídas
pela compreensão fraternal e pelos ideais de enobrecimento de quem se considera mais
lúcido e melhor.
Em verdade, todo aquele que não admite admoestação ou deixa-se ferir, ressentindo-se
diante de qualquer conjuntura, está envenenado pelo orgulho e intoxicado pela presunção.
O lavrador que maldiz a terra sáfara, além de desconhecer as técnicas de modificação do
solo por processos de adubação, nunca terá êxito nos seus propósitos de semeação e de
colheita.
O agricultor que não se precata em relação ao clima e às pragas que sempre atacam a
plantação, jamais conseguirá uma produção compensadora.
O amigo que não cuida de compreender os obstáculos e as deficiências do seu próximo,
não terá oportunidade de relacionamentos felizes, sempre tentando novos compromissos e
interrompendo-os, porque o seu desejo de perfeição nos outros é inalcançável, em razão de a
mesma não ser deste mundo...
Torna-se indispensável o desarmamento das emoções, mesmo nas situações mais graves,
a fim de que a obra do Bem, na qual todos se devem empe-
nhar, alcance o objetivo a que se destina.
Se, no empreendimento encetado, este companheiro, porque foi magoado, poupa-se ao
prosseguimento da cooperação; aquele, porque se ressentiu, distancia-se da atividade; o
terceiro, porque não foi compreendido, divorcia-se da responsabilidade, a obra não marchará
por si mesma, pois que ela é o resultado da contribuição de todos.
Desse modo, vale pensar-se no significado das realizações cristãs, tendo em vista que o
amor de Jesus deverá estar materializado em nossas mãos dedicadas ao serviço e em nossos
corações voltados para a ajuda recíproca.
No intercâmbio espiritual que se processa ininterruptamente, de acordo com o
direcionamento da idéia cultivada, que sempre é acrescida por substancial in- fluenciação de
mentes outras - encarnadas e desencarnadas - do mesmo padrão vibratório. Enquanto se
permanece no devotamento do ideal, as antenas psíquicas captam as ondas superiores de paz,
de entusiasmo e de ação que procedem do Divino Psiquismo. Todavia, quando mudam de
tom emocional recebem altas cargas idênticas procedentes daqueles que estão interessados
na desídia, no impedimento das realizações nobres, laborando em favor das dissensões e das
lutas infelizes.
Necessários vigilância e humildade em todos os campos de ação.
Vigilância para não se tornar instrumento de perturbação no grupo que busca o
crescimento espiritual e moral mediante o trabalho de promoção humana e de caridade.
Humildade para compreender a própria pequenez diante da grandeza da vida, a cujo
convite está integrado no grandioso projeto da evolução, tentando a auto- iluminação pelo
serviço ao semelhante.
O tempo urge, e as oportunidades escasseiam.
As conquistas terrestres, valiosas sob todos os aspectos considerados, promovem o ser,
mas a obra do Bem permanece-lhe insculpida quando os outros recursos ficam na Terra após
a desencarnação.
A necessidade, portanto, de união fraternal e de tolerância recíproca em relação às
dificuldades de outrem, que se expressa mal, que reage de maneira incorreta, ou que apenas
começa a direcionar-se para realizações humanitárias e nobres, torna-se essencial para a
execução dos compromissos felizes.
*

Convidado à construção da sociedade equânime, justa e feliz, liberta-te de quaisquer


ressentimentos, viven- ciando a alegria do companheirismo, qual propôs Jesus aos discípulos
aturdidos e, muitas vezes, em discussões infrutíferas para averiguarem qual deles era o
maior, a fim de os manter unidos no ministério abraçado.
Graças a isso, o Colégio orientado pelo Divino Mestre resistiu até onde foi possível a todas
as injunções perigosas. E aquele que não teve resistência e delinqüiu, retornou, inúmeras
vezes, por séculos de aprendizagem, reabilitando-se perante o Amor-não-amado, que o
aguardou até o momento do reencontro libertador.
As dissensões
As dissensões originadas no personalismo e no orgulho humano, tornaram-se parte
integrante da convivência entre as criaturas, transformando-se em grave tormento nos
grupamentos sociais.
Querelas inúteis, por questões de pequena monta, se transformam facilmente em vulcões
de intolerância, que irrompem voluptuosos gerando desastres emocionais e conflitos
perturbadores.
Pressões psicológicas decorrentes de incompreensões culminam em discussões de
demorado curso, produzindo animosidades que separam as pessoas, que se deveriam melhor
entender.
Informações maldosas, elaboradas por mentes aturdidas e enfermiças, convertem-se em
calúnias viperinas, como labaredas que incendeiam a honra das suas vítimas.
Insinuações perversas, passadas de uma para outra pessoa, culminam em odiosas
guerrilhas domésticas e sociais na convivência do dia-a-dia.
0 despeito e a inveja dão-se as mãos na faina de ferir aqueles que se encontram em
situação de destaque, trabalhando comentários insidiosos para derrubá-los e
comprazendo-se em proporcionar sofrimentos.
Atitudes solertes de uns em relação aos outros produzem atritos de alta gravidade nos
relacionamentos que degeneram.
A insegurança emocional de alguns e o complexo de superioridade de outros repontam
nas amizades que se fazem, atritando os indivíduos que se não desejam submeter aos
impositivos alheios, fornecendo lenha para a fogueira dos ódios que se apresentam e tomam
corpo.
Sentimentos sórdidos, maldisfarçados, explodem durante os diálogos, em face da
incompreensão do sentido das palavras, derrapando em semeadura de inimizades ferozes.
Caprichos do ego doentio desejam albergue nas amizades em formação, e porque não são
aceitos de imediato, transformam-se em armas virulentas de difamação.
Arrazoados sem nexo e excesso de palavras contra ausentes aturdem aqueles que os
ouvem, imprevidentes, dando lugar a ciúmes e animosidades em crescentes ondas de revolta.
Comentários descabidos em pessoas aparentemente honradas levantam suspeitas ferinas
e abrem espaços para inquietações entre outras, que se deixam afligir, incapazes de elaborar
programas de esclarecimentos ou mesmo de criarem oportunidade de elucidar as acusações
injustas.
A intolerância grassa desordenadamente, e cada indivíduo sempre supõe-se vítima, na
convivência com
os outros, mantendo a incapacidade real ou aparente para trabalhar os problemas internos e
as dificuldades de bem entender a necessidade de viver com equilíbrio. Parecem preferir as
situações litigiosas, os relacionamentos conflitivos, os tormentos a que se vinculam.
Quanto menos se fazem esforços para a superação das tendências inferiores, das paixões
dissolventes, dos melindres, mais difíceis se tornam os dias existenciais, variando de um para
outro problema, sempre gerado pela insatisfação pessoal e pela aceitação do estado íntimo
em que se permanece.
As dissensões são epidêmicas na atualidade, invadindo a privacidade das afeições,
rompendo os laços de confiança nos mais variados segmentos da sociedade que lhe sofre os
efeitos prejudiciais.
*

É natural que haja discordância de opinião, sem que isso produza desavença, inimizade.
Dissentir é um direito que todos têm quando lhes são apresentadas idéias e opiniões,
quando se convive e se relaciona com outrem, mantendo-se, porém, a integridade pessoal, o
ponto de vista, a coragem de pensar de maneira diferente, o que não significa divergir com
ira, abrindo abismos e distâncias em relação àqueles que se permitem o direito de expressar o
que pensam e agir conforme lhes apraz.
O orgulho desmedido, porém, é o tecelão das discórdias, que não permite a outrem o
direito de ser diferente, de manter-se com independência, de igualmente viver conforme os
padrões que lhe parecem corretos.
Na raiz, porém, desse comportamento doentio, encontra-se o espírito rebelde, imaturo e
teimoso, que se obstina em manter-se no estágio em que deambula, seja por preguiça mental,
seja pela presunção de nunca estar equivocado, o que lhe demonstra a inferioridade em que
ainda estagia.
Acreditando ser a vida física a única, aferra-se a conceitos infantis, que lhe parecem
portadores de força e de grandeza, detendo-se nas experiências primárias do aparente poder,
sem a coragem de reconhecer a ignorância em que opera, trabalhando pela aquisição do
conhecimento libertador.
As dissensões, em decorrência desse fenômeno individual, tomam lugar entre pessoas
que, aparentemente, são lúcidas, maduras psicologicamente, mas que não abdicam da
presunção, preferindo romper com os amigos a compreendê-los e dar-lhes oportunidade de
melhores esclarecimentos.
Na seara de Jesus, desde os primórdios, as dissensões apresentaram-se perversas,
dividindo grupamentos, separando companheiros que pareciam amar-se, criando situações
complicadas que se transformaram em instituições litigiosas entre si.
Muitos adeptos deixaram-se inflamar por Jesus e, na equivocada maneira de pensar,
atribuíram-se a missão de O defender, de preservar os Seus ensinamentos, partindo para a
dissensão, quando poderiam optar pela conversação, pelo diálogo eficiente e esclarecedor.
Continuam os dissidentes na fé cristã, dividindo cada vez mais o rebanho, criando novas
seitas e assumindo posturas missionárias, na ilusória postura sal- vacionista em relação aos
outros, esquecidos da própria transformação moral para melhor, auto-iluminando-se.
Se, entre aqueles que dizem amar a Deus, que têm como meta o amor ao próximo como a
si mesmos, que alardeiam as excelências da fraternidade, da compaixão e têm, na caridade, o
objetivo maior, a dissensão semeia os ódios, que esperar-se dos que ignoram ou se distanciam
das lições incomparáveis do amor, senão a rebeldia, a agressividade, o despautério?!
É urgente a necessidade de uma releitura da postura emocional em relação à convivência
com os outros, de uma análise cuidadosa em torno do comportamento gentil e tolerante em
relação àqueles que divergem, não se deixando ferir ou ser empurrado para a separação
sistemática.
*
Quando a consciência humana despertar para a realidade da reencarnação, dos seus
objetivos saudáveis e intransferíveis, esforçar-se-á para vivenciá-la de maneira compatível
com os seus conteúdos filosóficos e ético-morais.
Centenas de milhões de homens e mulheres, na Terra, vinculados a diferentes religiões e
filosofias já acreditam na reencarnação, nada obstante, conduzem- se de maneira equivocada,
desrespeitando os seus princípios e olvidando-se, na prática, dos conteúdos libertadores que
apresentam na teoria.
A oportunidade de aprendizagem na Terra, através da organização fisiológica, educativa e
rica de lições ilu- minativas, é bênção de relevante importância, que não pode ser
desconsiderada.
Discordar fraternalmente, portanto, é direito de todos, dissensão, porém, disso
decorrente, expressa inferioridade moral que deve ser corrigida.

Pertencer-se
Graças aos atavismos ancestrais que se demoram em a criatura humana, inúmeras
dependências caracterizam-lhe a existência, na condição de conflitos e de falsas necessidades
de apoio.
A identidade conturbada, não conseguindo libertar-se dos liames a que se encontra atada
por indolência e comodidade, permite-se continuar sob o jugo das paixões a que se submete
espontaneamente.
Cada espírito é possuidor do corpo de que se utiliza, elaborado de acordo com as suas
necessidades evolutivas, programado para o processo de crescimento interior, atravessando
as diversas etapas existenciais conforme as próprias aspirações.
Essa dependência debilita-lhe os centros processadores de qualificação para a vida, em
face da indiferença a que se aclimata, supondo não possuir forças nem valor moral para a
libertação do problema. No recesso do ser, esse fenômeno é fruto do autodesamor, da inca-
pacidade de lutar para crescer e motivar-se para desenvolver os recursos elevados que se
encontram adormecidos em germe, no cerne de si mesmo.
Nem sempre, porém, dá-se conta de sua dependência afetiva, emocional, cultural,
financeira, social, espiritual...
Por conseqüência, a faculdade de pensar cede lugar aos impositivos dessa aceitação,
deixando-se arrastar pelas idéias e atividades de outrem, que nem sempre são corretas ou
edificantes, negando-se o direito de ser livre, de assumir responsabilidades.
Em face dessa condição, quando se compromete, naturalmente tem para quem transferir
a culpa, isentando-se da responsabilidade de ser feliz conforme os seus próprios padrões...
Nesse processo, surgem os tormentos que são resultados da insatisfação, do drama
decorrente da conduta infantil ou doentia, por faltar uma escala de valores que justifiquem as
lutas dignificadoras e os enfrentamentos, mesmo que desagradáveis, mas que são
indispensáveis à conquista da plenitude.
Enxergando a vida conforme as lentes de outrem, a capacidade de eleger o que lhe é de
melhor, aquilo que proporciona felicidade, lentamente se restringe, perdendo a diretriz que
deveria seguir.
A finalidade essencial da reencarnação, porém, é a do crescimento intelecto-moral do
espírito, em cuja conquista impõe-se o dever de ser-se livre, de identi- ficar-se os próprios
limites, mas também as incalculáveis possibilidades que lhe estão à disposição.
Ao mesmo tempo em que se liberta das dependências perturbadoras, aprende a
vincular-se às outras vidas, de caminhar ao lado, permutando experiências e ampliando
horizontes, de forma que encontre sentido viver em sociedade, relacionando-se com tudo
quanto existe.
Embora vivendo um período de pensamento mágico, no qual tudo se resolve de maneira
tecnológica, imediata, fácil, bastando apenas apertar um botão ou um teclado e encontrando
as respostas já elaboradas, os processos de solução prontos para serem usados, é
indispensável reflexionar, medir os riscos e os sucessos, assumindo a própria identidade e a
responsabilidade por cada ação...
Todavia, no que diz respeito ao trabalho de libertação, na busca do pertencer-se,
caminhando com a responsabilidade dos próprios atos, sem medos nem tormentos, são
indispensáveis um grande esforço, uma disposição contínua para não desistir nem
desanimar, rejubilando-se, a cada passo, crescendo intimamente a cada tentativa.
Sem esse esforço pessoal, inadiável, o indivíduo prossegue na jornada em dependências
que variam de circunstância, pessoa, emoção...
*

Indubitavelmente, os espíritos comunicam-se com os viandantes do carreiro carnal,


interferindo nos seus pensamentos, palavras e atos. Como resultado, há um intercâmbio
incessante entre as duas vibrações que envolvem os encarnados e os desencarnados, sendo
natural que, de acordo com os padrões de conduta decorrentes do cultivo das idéias, da vida
interior, haja a vinculação por afinidade.
Como pululam em volta do planeta os espíritos infelizes, em razão do seu estágio
evolutivo, mais facilmente ocorre vinculação com os mesmos, isto quando o fenômeno não
tem procedência em existência anterior, em decorrência do comportamento havido entre
ambos, no caso, dando lugar aos processos obsessivos.
Dessa forma, a dependência do encarnado carac- teriza-se pela submissão à influência
morbosa do seu comparsa espiritual.
Inabituado a assumir decisões dignificadoras, deixa-se arrastar pelas idéias pessimistas e
perturbadoras que lhe são transmitidas, passando à condição de vítima de uma parasitose
infeliz, que termina por roubar- lhe as energias, trabalhando pelo seu deperecimento,
desequilíbrio total e desencarnação antecipada...
O inconsciente, reconhecendo a culpa em decorrência da ação anterior infeliz, deixa-se
dominar pelo agente perturbador, facultando-se a dependência, que o paciente aceita sem
murmuração...
Iniciando-se o processo espiritual libertador, o espírito viciado na aceitação da
circunstância danosa, não se permite o esforço de recuperar o equilíbrio, a sanidade mental
ou emocional, ou mesmo física, prosseguindo espontaneamente a carregar a cruz que lhe pesa
na consciência.
Aceitando a condição de vítima, não se esforça pela reconquista da identidade própria,
deixando de pertencer-se, de avançar no rumo da alegria e do bem-estar que a todos se
encontram destinados, fugindo para a autocompaixão, a autocomiseração.
O corpo pertence ao espírito que nele se encontra renascido, para as excelentes
realizações evolutivas e nunca aos invasores da sua consciência...
Cada indivíduo deve esforçar-se ao máximo para preservar a sua independência interior,
laborando em favor da autoconfiança, do auto-esforço, trabalhando a auto-iluminação.
Ninguém pode realizar esse mister, exceto o próprio espírito, porquanto somente o seu
cabedal de experiências facultar-lhe-á desenvolver-se intelecto-mo- ralmente, em cada etapa,
tornando-se melhor do que na anterior.
Desse modo, ninguém renasce, no mundo físico, para sofrer, senão para reeducar-se, para
recuperar-se dos delitos infelizes, para crescer na direção de Deus.
Nunca, pois, justificáveis as expressões: “não posso”, “não consigo”, “não tenho forças”,
todas decorrentes da indolência mental e da acomodação pessoal, não obstante os danos de
que sejam portadoras.
*
Recupera-te dos efeitos perniciosos da tua atual ou anterior existência, trabalhando as
tuas forças morais, confiando em Deus e a Ele entregando-te sem reservas, lutando com
tenacidade a fim de venceres as tendências inferiores que teimam em jugular-te ao eito das
dependências negativas.
Ergue-te ao amor e o amor te conduzirá pela senda libertadora, autopertencendo-te e
conquistando o espaço que te está reservado no processo da evolução.
Turbulências e desavenças
Inegavelmente esta é uma época de turbulências generalizadas.
O planeta sofre-a nas suas entranhas, adaptando suas placas tectônicas, eliminando
magma, liberando forças telúricas, sofrendo o aquecimento global, padecendo o choque das
correntes oceânicas e atmosféricas. Entretanto, esse fenômeno vem-se prolongando desde
priscas eras, trabalhando em favor do ajustamento das suas condições de habitabilidade em
relação à sociedade feliz do futuro.
De igual maneira, os mais diferentes segmentos que constituem a sociedade terrestre, na
política, na religião, nas raças, na cultura, nas investigações científicas e nas escolas de
pensamento sofrem turbulências que predominam em toda parte, gerando conflitos e
propondo violências, agressividade, insubordinação.
Não há respeito pelos direitos humanos e a criatura tornou-se objeto de fácil
manipulação, dependendo das circunstâncias e do preço que lhe são impostos.
Os valores éticos em contestação, neste momento, cedem lugar à corrupção moral,
econômica, social, como efeito dos desvarios que tomam conta das mentes e dos sentimentos
no trânsito existencial...
É natural, portanto, que as criaturas - células da organização social - sejam as causas dos
transtornos que se expandem nestes dias de turbulência emocional, moral e espiritual.
Alcançados, pelo ser humano, níveis dantes inimagináveis de cultura, de ciência e de
tecnologia, o processo de iluminação pessoal, no entanto, não atingiu os mesmos patamares,
proporcionando, em conseqüên- cia, o choque entre o conhecimento e a emoção, as co-
modidades pessoais de que desfrutam alguns e os seus sentimentos morais.
De um lado, o estresse defluente da busca desenfreada do poder, na sua multiface; por
outro, o tédio, a exaustão dos sentidos em razão do gozo exagerado, têm produzido as legiões
de insatisfeitos, traumatizados uns e revoltados outros, que tombam nas turbulências res-
ponsáveis pelo estado lamentável em que se demoram, assim dando vazão aos inumeráveis
conflitos de que se fazem portadores.
Muita falta faz, na atualidade, a vivência dos ensinamentos cristãos, nada obstante as
incontáveis denominações religiosas que se derivaram do pensamento inicial de Jesus, filhas,
porém, do orgulho, das dissensões, dos interesses subalternos de indivíduos e de grupos,
ofuscando a claridade e a profundidade do amor ao próximo como a si mesmo, do perdão
incondicional, que devem ser regras de saudável conduta, assim como do dever de cada qual
melhorar-se incessantemente...
Comenta-se a vida do Mestre e decanta-se a excelência da Sua mensagem, porém, com os
lábios, tendo- o longe do coração, sem aplicação sincera dos ensinamentos na conduta
pessoal.
Repontam, cruéis, como efeito, as turbulências e as desavenças, por nonadas, por
caprichos infantis e enfermiços, ameaçando as estruturas da sociedade e as obras de
dignificação humana.
Aos afetos de um dia, porque logo passam, desde que são fixações apaixonadas e não
sentimentos profundos, em mecanismos de transferência psicológica dos conflitos em
predomínio, concede-se tudo, enquanto que aos que se apresentam antipáticos ou não se
submetem ao talante desses poderosos de mentira, considerados inimigos reais ou
imaginários, nada se lhes oferece, porque parecem representar-lhes perigo iminente.
*

As desavenças procedem dos atavismos inferiores decorrentes do largo processo da


evolução antropológica, das heranças da luta pela sobrevivência, da vitória dos espécimes
mais fortes em relação aos menos resistentes...
Igualmente, as animosidades ressumam de recordações inditosas de reencarnações
transatas, que deixaram ressaibos de amargura no comportamento ou de conflitos de
inferioridade que são preservados, gerando sentimentos inamistosos e perversos
desentendimentos.
A maledicência, por sua vez, a calúnia e a infâmia igualmente trabalham fatores reativos
que dão origem aos desacordos, ao tempo em que os vitalizam e preservam por tempo
indeterminado.
Ao lado desses fenômenos da personalidade, nunca se deve esquecer de que espíritos
infelizes que se comprazem em criar situações perturbadoras, inimigos de ontem ou de hoje,
estimulam os conflitos entre os indivíduos, inspiram-lhes suspeitas absurdas, fixam-se- lhes
as idéias morbosas, estimulando as dissensões e a destruição da fraternidade em relação aos
demais companheiros de jornada.
Não têm sido poucas as calamidades morais e sociais terrestres que foram engendradas
no mundo espiritual inferior, em face da sintonia dos seres humanos com essas mentes

88 Joanna de Ângelis/Divaldo Franco


obsessivas, que se facultam o direito de infligir sofrimentos desordenadamente, até o
momento em que as Divinas Leis convocam-nas ao renascimento no mundo físico em
injunções penosas e aflitivas.
Tem cuidado com as desavenças, não te tornando instrumento delas!
Resguarda-te das informações infelizes e liberta- te das suspeitas injustificáveis que te
levam a reagir, quando deverias agir com tolerância e compreensão fraternal.
As pessoas são conforme conseguem, e de igual maneira como não tens podido domar as
tuas más inclinações, também elas não se podem modificar de um para o outro dia.
Racionaliza as ocorrências desagradáveis que te alcançam e não acumules mágoas, como
quem coleciona tesouros valiosos, pois que os seus miasmas terminam por enfermar-te em
face das cargas tóxicas de que se fazem portadoras.
Não receies competidores na tua órbita de realizações.
Ninguém consegue anular valores autênticos, nem tomar nada de outrem, exceto o que
lhe é devido, e apenas isso...
Não sejas fator de turbulência, de perturbação, de desavenças na esfera de ação em que
operas.
Não censures o ausente responsável pelo teu mal- estar, gerando inquietação e
desrespeito, dando lugar a comentários desairosos.
Aproveita o desafio para vencer-te, para dulcificar- te, para seres feliz.
Distende tua imensa ternura, desarmando-te de prevenções, e nada de mal te acontecerá.
Turbulências dão lugar a desastres calamitosos e desavenças propiciam batalhas
igualmente prejudiciais que se alongam por tempo indeterminado.
Tenta compreender o teu irmão do qual tens cismas e concede-te a bondade para com ele,
como o Senhor da Vida o faz em relação à tua condição de espírito em luta para tornar-se
melhor.
Quando te ressumem do inconsciente as vibrações geradoras de desavenças, ora e
acalma-te, certo de que superarás a situação delicada.
Discorda, quando se fizer preciso, mas não te desavenhas nunca.
*
O escândalo é necessário, mas ai daquele que é o seu responsável - afirmou o Mestre
Incorruptível.
Nada fica oculto - é da Lei Divina.
Assim, os maus, os desonestos, os corruptos, os traidores, os infiéis serão desnudados no
momento próprio ao impacto da luz da Verdade.
Quanto a ti, fomenta a paz, aconselha, orienta, e permanece amigo de todos.
As pessoas, todas elas, são necessárias, embora ninguém seja indispensável nem
insubstituível, mas também não são inúteis.
E, se por acaso, alguém se te apresenta na condição de inimigo, permanece tranqüilo,
porque o conflito é dele, nunca, porém, tornando-te inimigo de quem quer que seja.

Jesus e Vida 89
Interação mente-corpo
Sem qualquer contestação, a interação mente-corpo faz parte automática do processo
saúde-doença no ser humano.
De acordo com os procedimentos mentais, são inevitáveis os reflexos orgânicos, mesmo
do ponto de vista fisiológico, considerando-se a delicada estrutura de que se constituem os
órgãos, especialmente na sua gênese energética.
O estresse, a ansiedade, os medos, a solidão, que se apresentam como alguns dos fatores
propiciadores do transtorno bipolar do comportamento, assim como alguns fisiológicos na
esquizofrenia, qual a abundância da dopamina, demonstram um interrelacionamento entre
os estados mentais e os conseqüentes de natureza orgânica.
As pessoas extrovertidas, autoconfiantes, sensatas, apresentam menor índice de
enfermidades do que aquelas introvertidas, desconfiadas, instáveis emocionalmente. Nas
primeiras, a produção de imunoglobulina auxilia a estabilidade do aparelho imunológico,
enquanto que as outras, produzindo a mesma substância em menor escala, ficam mais
susceptíveis às infecções, particularmente as de natureza respiratória...
Desse modo, aqueles indivíduos que cultivam as boas idéias, que se esforçam por
condutas equilibradas sem coarctações perturbadoras nem castrações afligen- tes, que amam
e exercitam a paciência, a solidariedade e a compaixão, gozam de mais saúde e bem-estar do
que os egoístas, os pessimistas, os irresolutos...
Sendo a mente uma emanação do espírito, dele procedem os impositivos necessários à
evolução, tendo em vista a anterioridade das experiências vivenciadas em existências
passadas.
Programador dos acontecimentos que envolvem o ministério da vida física, o espírito é
submetido aos impositivos que lhe ampliam a capacidade de crescimento, ainda adormecida
no cerne de si mesmo, movimentando as energias indispensáveis à consecução do programa
que lhe diz respeito.
Por conseqüência, emite pensamentos que se transformam em força contínua, cuja
qualidade pode contribuir para o equilíbrio ou para o desajustamento das peças de que se
utiliza durante a reencarnação.
Aqueles de natureza perturbadora, frutos de culpas e de conflitos acumulados, de
ansiedades e invejas, de atribulação e competitividade perniciosa, interferem no campo
vibratório das células, desarticulando-lhes a harmonia. Enquanto que, os que expressam
esperança e ternura, resignação e coragem, confiança e renovação interior, estimulam os
mesmos núcleos, produzindo harmonia e ampliando as resistências em relação às invasões
microbianas, às agressões mentais externas

94 Joanna de Ângelis/Divaldo Franco


e às influenciações espirituais enfermiças.
Nesse sentido, expressam-se como de alta valia os contributos da oração, da meditação,
da generosidade, do cultivo dos bons e relevantes pensamentos, que estimulam a harmonia
em detrimento dos destrambelhos de toda ordem.
Inegavelmente, cada um é, portanto, aquilo que elabora mentalmente, a que se fixa, que
exterioriza do imo.
Os masoquistas estão sempre enfermos, do mesmo modo que os autoflageladores e
néscios morais.
*
Modernas pesquisas médicas em várias especialidades confirmam os resultados de tais
comportamentos, quando constatam os excelentes resultados nos prontuários de pacientes
que oram e que são beneficiados pelas preces que lhes são dirigidas, que cultivam a confiança
em Deus e no seu médico, que cooperam com as terapias a que são submetidos, que não
reclamam da enfermidade, considerando-a como fenômeno natural do organismo.
De igual maneira, os recalcitrantes e revoltados, destituídos de fé religiosa e sempre
desconfiados de tudo e de todos, nada obstante os cuidadosos tratamentos a que são
submetidos, têm sempre piorado o seu estado, chegando a situações irreversíveis, quando
não surpreendidos pela morte em estado de desarvora- mento emocional.
Sem qualquer dúvida, a morte, que é também fenômeno biológico, não será impedida de
acontecer porque o indivíduo é otimista e sereno ou porque se permite o desassossego e a
rebeldia. O que importa, no entanto, é o período da existência durante a doença, a qualidade
de vida que desfruta, as experiências que acumula e os valores de que se utiliza,
transferindo-os para a imortalidade.
Manifestando-se a morte do casulo físico, o espírito transfere-se para outra dimensão
vibratória, dando continuidade ao comportamento que lhe era habitual enquanto na forma
carnal.
Todo o cabedal reunido se expressará em recursos de alegria e de paz, assim como de
inquietação e de distúrbios emocionais que se estabelecem, continuando conforme se
expressavam no organismo fisiológico com outros agravantes para o desencarnado.
De saudáveis resultados, são o exercício da paz, a cultura do bom humor, o trabalho de
autotransforma- ção moral para melhor, de esclarecimento intelectual, social e vivência ética
dos deveres.
Essa conduta, além de proporcionar equilíbrio emocional, estimula os neurônios
cerebrais à produção equilibrada de monoaminas propiciatórias da saúde, da alegria e do
bem-estar.
Nesse sentido, as modernas visualizações terapêuticas, mediante as quais os indivíduos
podem projetar suas aspirações em torno da saúde em relação ao futuro, proporcionam
resultados muito positivos, por ensejarem a renovação das paisagens mentais, que se
libertam dos clichês negativos e perturbadores, tendo- os substituídos por outros de natureza
edificante.
Os atavismos ancestrais defluentes do trânsito evolutivo imprimiram no ser pensamentos
desordenados, frutos da agressividade e da violência, tornando-se relativamente difíceis de
ser vencidos. Em realidade, a tarefa não é tão complicada, bastando que, a todo pen- sarnento
perturbador se contraponha um de natureza dignificante. Como não se podem eliminar
pensamentos que procedem de fontes remotas do ser, é possível substituí-los por outros que
se irão fixando até tornar- se natural o hábito das conjecturas saudáveis.
Nesse campo, nada é impossível, exigindo-se apenas que sejam criados novos hábitos
mentais, que se realizem exercícios ideológicos, de forma a resultarem edificantes e
propiciadores de tranqüilidade.
Toda vez que se diz ser algo impossível de realizado, mais se lhe fixam as raízes, enquanto

.Jesus e Vida 95
que, toda vez quando se experiencia uma atividade que parece inal- cançável em cada futura
tentativa, ei-la apresentando- se mais fácil e de resultado mais compensador.
Para todo aquele que deseja viver em clima de bem- estar, o cuidado com a conexão
mente-corpo deve ser relevante.
*

Influenciam poderosamente a vida mental algumas problemáticas de natureza orgânica,


especialmente quando dizem respeito ao sistema endocrínico, em face dos hormônios
secretados por algumas das glândulas que o constituem. Entretanto, mesmo nesse caso,
estamos diante do espírito que, ao reencarnar-se, gerou os condicionamentos propiciatórios
ao processo de resgate do passado e de construção do futuro.
Não seja, portanto, de estranhar-se essa interação mente-corpo, corpo-mente,
constituindo um binômio perfeito no programa da saúde-doença. Isto porque, o espírito é o
ser responsável pelo corpo de que se utiliza no processo da evolução.
Pensa bem e estarás edificando a harmonia perfeita de que desfrutarás no futuro.

96 Joanna de Ângelis/Divaldo Franco


Oração a São Francisco
Pai Francisco!
Há muitos anos, poucos anos, naquele dia de outubro de 1226, qual falena de luz,
abandonaste a lagarta inerte sobre o solo para voares na direção do zimbório infinito,
aureolado de luz.
Havias pedido anteriormente que te despissem o corpo quando a Irmã Morte se te
acercasse, e que te colocassem no pó da Irmã Terra, logo alando-te na direção do Amado
como um raio de luz que desapareceu no azul do infinito...
Encerrava-se, naquele momento, o divino périplo da tua missão terrestre em corpo
físico.
Fazia pouco, tornaste o lobo de Gúbio um doce cordeiro.
Lograste silenciar a sinfonia dos pássaros para que não perturbassem o teu canto
louvando o Senhor.
Colocaste mel nas colméias vazias pelo rigoroso verão, para que as Irmãs Abelhas
continuassem zumbindo, alimentando-se, fabricando cera, vivendo...

Jesus e Vida 99
Lavaste a lepra em muitos corpos e experimentaste os estigmas em êxtase
incomparável.
A cada sofrimento que te afligia, entoavas um hino de louvor e, a cada provação
experimentada, uma canção de reconhecimento a Deus.
A tua mensagem simples saiu de Assis para trazer de volta o amor e a humildade de
Jesus.
No entanto, Pai Francisco, os teus legatários transformamos a tua mensagem em vão
poder, em ilusão argentária e, embora a ternura com que a cantaste, repetimo-la
entusiasmados, porém, com o coração em gelo, diferente do teu...
Agora, tanto tempo, em pouco tempo depois da tua sinfonia, rogamos que voltes à Terra
para, novamente, balbuciar-nos a oração simples aos ouvidos dos nossos corações
empedernidos e dos nossos frágeis sentimentos, de modo a reconquistarmos as forças para
seguir-te a meiga voz e nos emocionarmos outra vez com o teu amor.
O mundo estertora, Pai Francisco!
Não se trata somente de lutas entre cidades que se digladiam, como nos teus dias, mas
do terrível conflito entre os corações, gerando guerras de extermínio individual e
generalizado.
Somente tu, Pai Francisco, podes, enternecendo- nos a ponto de darmo-nos as mãos,
lobos e ovelhas que ainda somos, ao comando da tua voz bebermos juntos, no mesmo
regato, por onde fluem as águas da misericórdia e do amor inefáveis.
Somente tu, Pai amoroso, consegues fazer que as rosas desabrochem voltadas para os
lares em sombras, neles penetrando com o seu perfume especial.
Volta, Pai Francisco, tem misericórdia de nós, e

íoo Joanna de Ângelis/Divaldo Franco


conduze-nos à pequenina Porciúncula onde deixaste os teus despojos, naquele dia
longínquo e próximo, de outubro de 1226, pois que todos necessitamos de ti!(1)

Duelos contemporâneos
O duelo sempre constituiu um terrível estado de barbárie que a sociedade cultivava com
orgulho.
A aparente coragem do enfrentamento, em que o indivíduo arriscava a própria vida,
significava alto índice de arrogância e exibicionismo social, de modo a assinalar a existência
com uma honra externa, distante de qualquer sentido ético-moral legítimo.
O duelista, em face da sua posição social e da habilidade em manusear as armas
agressivas, tornava-se um homicida implacável, amparado, no entanto, nos códigos legais da
época. Aquele que, sem os mesmos recursos, aceitava o desafio, embora sabendo que iria
morrer ou ficar em lamentável estado de saúde, caso sobrevivesse, transformava-se em um
suicida, quando fosse fatal o lance, olvidando o dever de respeito pela vida.
Incidentes de pequena monta eram transformados em questão de honra, culminando no
odiento crime do duelo.

1 (Mensagem psicofônica recebida na noite de 04 de outubro de 2006, na reunião mediúnica do Centro Espírita Caminho da
Redenção, em Salvador, Bahia.)
Batiam-se os litigantes ante testemunhas, padrinhos e juízes que conferiam legalidade ao
ato hediondo, por cuja ação lavava-se a dignidade ultrajada, nunca se pensando na vida em si
mesma, nas conseqüências advindas com a orfandade das crianças, a viuvez, o infortúnio dos
afetos que permaneciam na retaguarda carnal...
O comportamento agressivo, vicioso, as atitudes negligentes e degradantes não exigiam
reparação, como o alcoolismo, o tabagismo, o sexo desregrado, o jogo de azar, as festas
extravagantes e lúbricas. Eram aceitas como naturais, merecendo a complacência de todos e o
sorriso conivente das autoridades. No entanto, o orgulho desenfreado, os conflitos internos, a
sensibilidade exacerbada, diante de algumas ocorrências de significado irrelevante, deveriam
ter o seu desfecho mediante o atro homicídio.
Preservava-se o indivíduo vitorioso como um herói, um homem de coragem, destemido.
O conceito de coragem é muito relativo, nesse caso, porquanto a verdadeira coragem seria
a preservação da dignidade pessoal através da conduta irreprochável, que desmentiria
qualquer tipo de acusação.
Comparando-se o duelista frio e insensível ao criminoso que, num momento de loucura
vitima outrem, a sua é uma atitude muito mais passível de penalidade, porquanto houve
cálculo e premeditação, treinamento e intenção consciente, considerando-se que o outro foi
vítima da impetuosidade, do momento infeliz a que se entregou, tombando na armadilha
perversa da violência.
A criatura humana é sempre herdeira das suas más inclinações, que remontam ao
passado espiritual, tombando nas ciladas que delas decorrem. Incluem-se, neste capítulo, o
personalismo, a soberba e a prepotência, o orgulho, o egoísmo, o ódio, o ressentimento, que
se transformam em pesada carga moral no processo da evolução.
Trabalhar-se pela superação e substituição desses sentimentos cruéis, é dever de todo
aquele que empreende a tarefa da renovação pessoal com vistas ao próprio futuro ditoso.
Felizmente, com o desenvolvimento cultural e social da humanidade, o duelo, conforme
os padrões tradicionais, foi desaparecendo e hoje encontra-se ultrapassado, deixando a marca
do primitivismo humano em forma de selvageria na consciência coletiva.
*

Nada obstante, porque permaneçam no cerne do ser as tendências agressivas, outros


tipos de duelos substituíram aquele de natureza nefanda, entretanto, não menos destrutivos,
apesar de ocultos e silenciosos.
No convívio do lar, no ambiente de trabalho, no grupo social, os indivíduos melindram-se
com grande facilidade, introjetando os ressentimentos que passam a cultivar com verdadeira
ufania, estabelecendo áreas de animosidade e ódio, que um dia se expressam de maneira
violenta ou traiçoeira em espetaculares mecanismos de vingança em relação a quem lhes haja
criado embaraços.
Incapazes de ter a coragem de buscar aquele que supõem seu antagonista e procurar
esclarecimento, refugiam-se nos sentimentos perversos, urdindo desforços que lhes
compensem as amarguras, como se o sofrimento de outrem pudesse atenuar as dores morais
que experimentam.
Noutras ocasiões, quando a ausência de afinidade é recíproca, duelam mentalmente os
opositores, permitindo-se a elaboração de planos covardes de prejuízo, um contra o outro,
envenenando-se com as emanações deletérias das mentes enfermas.
Cruzam os espaços, sem cessar, vibrações de ódio e desejos de infelicidade como não se
imagina, produzindo uma psicosfera morbífica que a todos prejudica.
Os indivíduos arrogantes, embora fracos, não podendo desforçar-se daqueles que supõem
seus inimigos, descarregam sucessivas ondas de malquerença que, não raro, afetam os
descuidados, gerando processos perturbadores nas suas existências.

104 Joanna de Ângelis/Divaldo Franco


Esses duelos mentais, às vezes, explodem em discussões ilógicas, nas quais a
agressividade abre portas à violência que se responsabiliza por crimes infames, tudo como
decorrência da inferioridade moral dos litigantes.
Noutras vezes, a mesquinhez daquele que se considera vítima espalha rumores ofensivos
e calúnias insanas em referência ao outro, que passa a ter a vida esmiuçada e desrespeitada
pelos frívolos que compartem desse banquete de insensatez, tornando-se detestado sem
mesmo saber o porquê.
Multiplicam-se os casos de inimizades defluentes de informações injustas, quando as
pessoas, que antes se tratavam com urbanidade, passam a suspeitar umas das outras,
afastando-se em silêncio cru, deixando-se influenciar por suspeitas sem sentido e pelos
famigerados açoites da mentira.
Falta muita coragem moral nos relacionamentos, que se deveriam pautar pela lealdade,
pela confiança, nunca permitindo imiscuir-se o separatismo decorrente das ofensas reais ou
imaginárias.
Um sincero encontro de esclarecimentos possui o milagroso poder de desbaratar as
armadilhas da mentira e da covardia, acentuando o lastro de respeito que deve existir em
todas as amizades.
Entretanto, são o orgulho ferido, a presunção não aceita, que se encarregam de promover
esses fenômenos perturbadores, tornando a existência humana assinalada pela
incompreensão, pelos conflitos geradores de dissensão e de ódios que se prolongam,
transformando-se em enfermidades da alma.
Sê honesto contigo mesmo, procurando, sempre que possível, evitar suspeitas, aceitar
insinuações maldosas, acolher informações infelizes sobre ausentes, participar dos grupos de
acusadores...
Se alguém age mal em relação a ti, continua contribuindo em favor da sua paz, e lograrás
anular a sua ação doentia.
Harmoniza-te, confia nos amigos e desculpa os inimigos, não duelando mental ou
fisicamente com ninguém.
*

Quando se busca a saúde, deve-se ter em pauta o comportamento mental, emocional e


social. Através de pensamentos edificantes e criativos, de sentimentos generosos e
enriquecedores, de convívio dignificante e respeitável, pode-se estabelecer um excelente
programa de bem-estar, mesmo que haja ocorrências de enfermidades que fazem parte do
esquema da existência humana.
A condição carnal faculta os fenômenos degenerativos, as invasões microbianas
destrutivas, a instalação de transtornos de comportamento, distúrbios de vária ordem. No
entanto, quando o indivíduo trabalha por preservar o equilíbrio mental, a harmonia
emocional e o ajustamento social, logra superar os inconvenientes orgânicos e vence-os,
adquirindo o desejável estado de paz.
Duelar, portanto, seja qual for o motivo, nunca!

Jesus e Vida 105


Sempre o amor
O único ser animal capaz de amar é o humano.
Dotado de inteligência e de consciência, o amor é- lhe sublime herança que jaz em seu
íntimo, aguardando o momento de exteriorizar-se em plenitude.
Inicia-se em forma egóica, quando se volta exclusivamente para si mesmo, com olvido
emocional dos outros.
Lentamente, porém, as necessidades de relacionamento e os impulsos gregários
estimulam os centros adormecidos da afetividade e começa a desabrochar, ensejando as
manifestações apaixonadas, em face do estágio em que o espírito ainda transita, para logo
passar aos sentimentos de fraternidade, de compaixão, de ternura, alcançando o seu nobre
patamar.
Em razão do largo trânsito nas faixas primárias, por onde se demorou, só, a pouco e
pouco, liberta-se dos atavismos animais, da predominância da força bruta e do desejo de
supremacia em relação ao seu próximo.
Como todos se encontram fadados ao Bem, é inevitável que o amor se lhes transforme na
mais bela didática para esse cometimento.
Ainda incompreendido, permanece, na atualidade, confundido com erotismo e interesses
mesquinhos, avançando para a conquista de um diferente entendimento em torno das
funções da existência terrestre e da vida em si mesma.
Cantado e exposto com exaltação, o seu sentido profundo nem sempre é captado por
aqueles que o exaltam, mais estimulados pelos apetites da libido, do que mesmo atraídos
pelas suas dúlcidas expressões.
O amor, entretanto, é a mais eficiente lição para o auto-encontro, para a auto-realização,
para a construção da sociedade mais feliz e mais pacífica.
Muitos conflitos que aturdem os indivíduos, dando lugar a lutas fratricidas, a competições
desastrosas, a nacionalismos exagerados, que derrapam em atos de perverso terrorismo, são
atribuídos ao amor, porém, na sua feição doentia e sangrenta, quando na condição de
comportamento bárbaro procedente de épocas muito recuadas...
O amor sempre compreende, mantendo um sentimento de paciência e de compaixão que
faculta equacionar todas as dificuldades que surgem pelo caminho da sua manifestação.
Quando isso não ocorre, em realidade, ele está ausente, apresentando-se substitutos que se
disfarçam com as suas características, sem conseguirem ocultar a sua realidade.
O amor promana de Deus que é a Fonte Inexaurível, portanto, expressa-se sempre com
bondade e misericórdia, gentileza e auxílio, até culminar na expressão máxima da caridade.
Os arremedos precipitados, em seu nome, podem ser considerados como tentativas não
exitosas de viven- ciá-lo, faltando a indispensável maturidade emocional para senti-lo.
O amor é como uma chama harmoniosa que ilumina em derredor, no entanto, para
manter-se pleno necessita do combustível do entendimento humano.
Por ser íntimo e pessoal, a sua mensagem de luz não dá lugar a sombras, já que se
expande em todos os sentidos, a tudo e a todos envolvendo.
*
A pretexto algum recuses o amor.
Não permaneças cerrado à sua voz.
Abre-te à sua mensagem, tornando-te dúctil ao seu conteúdo.
Evita considerar-te destituído de valores que possam despertar o sentimento do amor.
Para tanto, passa a amar.
Não tenhas pressa em colher os frutos da sementeira da tua doação afetiva, eliminando os

112 Joanna de Ângelis/Divaldo Franco


interesses imediatistas e servis que tipificam essa fase de busca e de oferta.
Sê simples e compreensivo.
Considera que sempre há tempo para plantar e tempo para colher.
Desse modo, não aneles por uma colheita antes da ensementação.
Desfaze-te do pessimismo e da amargura, da inveja e do ressentimento em relação às
demais pessoas.
Nada é como parece. Aqueles que se te apresentam risonhos, ditosos e plenos, muitas
vezes encontram-se experienciando testemunhos difíceis, aflições não reveladas,
necessidades várias...
Não são dissimuladores, somente estão tentando não deixar que os problemas
angustiantes deles retirem a oportunidade de crescimento e de libertação das suas garras.
São lutadores a caminho do êxito, são nautas corajosos atravessando mares de pélagos
violentos.
Assim sendo, não te permitas queixas e censuras, porque não te sintas amado ou porque
tenhas dificuldades em amar com abnegação.
O amor verdadeiro não é possessivo, não pretende tomar nada nem submeter a ninguém.
É como um rio generoso que flui suas águas na direção do mar que, mesmo distante,
constitui-lhe a meta a alcançar, não importando quando isso venha a acontecer.
Na tradição indiana, desde priscas eras, canta-se a frase: Leva-me à outra margem...
Assim apelam vendedores, condutores, cancioneiros, pastores...
A outra margem da vida é a imortalidade, a continuidade do existir, que as experiências
conduzem de um para outro lado vibratório do processo evolutivo.
O amor é o missionário que sempre se encarrega de levar aqueles que se deixam
transportar pela sua canção.
A mensagem de que é portador não se encontra no mercado ou em farmácias
especializadas. Está no imo do coração, bastando, somente, que a pessoa a busque
silenciosamente e a exteriorize.
De sublime constituição, mais beneficia aquele que o oferta, que propriamente aquele que
o recebe.
É qual perfume que permanece nas mãos que o brindam, como sucede com todo aquele
que doa rosas.

113 Joanna de Ângelis/Divaldo Franco


Faze-te amante do amor e verificarás o rumo ditoso que tomará a tua existência.
O amor é tão fundamental que se pode sobreviver por um expressivo período sem pão e
mesmo sem água, mas sem ele a vida desfalece e perde o seu significado, logo perecendo.
*
Quando Jesus tomou como base da Sua mensagem o amor, o mundo renovou-se de um
para outro momento, diferente esperança tomou conta das multidões, novos horizontes
foram traçados para a humanidade...
Embora ainda não esteja sendo vivenciado, é como um sol que aquece as vidas
enregeladas nos descaminhos das paixões e dos sofrimentos, oferecendo certeza de amparo e
de bênçãos.
Portanto, em qualquer situação existencial, o amor é sempre de fundamental
importância.

Banquete de luz
As facilidades hodiernas em relação ao comportamento fascinam-te, propiciando-te
oportunidades para o gozo irresponsável, distante dos deveres da auto-iluminação, da paz.
Buscas fruir experiências encantadoras, juntando- te aos grupos apressados e frívolos,
que desfilam nos blocos da ilusão, como se o sentido da vida física permanecesse adstrito à
volúpia das sensações fortes.
Gostarias que o tempo não passasse nessas horas de prazeres, que se poderiam eternizar,
olvidando-te de outros compromissos em relação à vida, no período referente à vilegiatura
carnal.
Convives com aqueles que fazem da diversão o objetivo existencial como se o corpo físico
não experimentasse transformações e deficiências que culminam no processo inevitável da
morte.
Invejas os triunfadores que lideram as massas, e lamentas não estar no lugar deles,
encantadores e sorridentes.
Sofres, quando algum impedimento surge no caminho, criando embaraços aos teus
planos de alegrias contínuas, como se não houvesse medidas para as satisfações, que
deveriam ser intérminas.
O corpo é uma organização celular regida pelo espírito, que dele se deve utilizar para
finalidades mais nobres em projetos de imortalidade.
Sem dúvida, os investimentos aplicados para a conquista do prazer merecem respeito,
não, porém, como a meta essencial da existência, mas como efeito dos elevados atos morais.
Na transitoriedade da reencarnação, as conquistas realmente significativas são aquelas
que prosseguem com o ser, e não aqueloutras que logo cessam, assim que se fazem
amealhadas.
O espírito é um viajante que busca o porto da perfeição, utilizando-se dos veículos
orgânicos em diferentes etapas, melhorando-se, cada vez mais, de modo que a felicidade real
se lhe vai fixando até o momento da plenitude.
Tudo quanto já gozaste são recordações que te impelem a novos anseios pelo repetir.
Assim são as vacuidades mundanas.
Não te iludas.
Reflexiona calmamente em torno da oportunidade atual, utilizando-a de maneira sábia,
psicologicamente madura.
Nada impede que vivas conforme os hodiernos padrões de comportamento, porém com o
discernimento de os utilizares de maneira proveitosa, ao invés de viveres atormentado por
eles... 2
Com profunda percepção da psicologia humana, Jesus propôs aos Seus discípulos que, ao
oferecerem um banquete, não convidassem os poderosos, os ricos, aqueles que poderiam
retribuir-lhes o gesto.
Antes, dessem preferência aos pobres, aos mendigos, aos infelizes, que não dispõem de
recursos para os agradecer.
Os primeiros estão acostumados às lautas refeições, ao desperdício, nada mais sendo
necessário acrescentar-lhes, pois que não precisam, possuindo mais do que podem utilizar.
Os segundos vivem na carência, em permanente necessidade, desconhecendo o conforto e
o fastígio, a alimentação saudável e os sorrisos de felicidade.
Por isso, torna-se urgente atendê-los, de forma que ainda se possam dignificar, saindo da
miséria que os aflige para os momentos de renovação física e moral indispensáveis a uma
existência honrada.
O relato feito por Lucas, no capítulo XIV, versículos 12 a 15 do seu evangelho, é muito
significativo, porque propõe diferente conduta ao convencional da sociedade, que sempre
destaca os dominadores com olvido das suas vítimas, os endinheirados com indiferença pelos
excluídos...
Sempre se proporcionam alegrias e satisfações àqueles que não as necessitam, na maioria
das vezes encontrando-se saturados pelos excessos, sofrendo o tédio que decorre da
abundância, da contínua repetição dos mesmos gozos...
Essa permuta interesseira de gentilezas demonstra o estágio egoístico em que se
demoram as criaturas, distanciadas dos relevantes ideais da solidariedade, do amor fraternal,
da bondade.
Quando se adquire o conhecimento da sobrevivência do espírito à disjunção molecular da
carne, altera-se a visão da realidade que adquire significado profundo, libertador.
Desenvolve-se-lhe, naturalmente, a compreensão em torno dos valores éticos e morais,
selecionando aqueles que propiciam paz em relação aos outros que são como fogos-fátuos...

2
Na referida parábola do Mestre, dando-se conta do seu conteúdo especial, alguém
exclamou: - Feliz aquele que se alimenta do pão do Reino dos Céus.
Com que propriedade foi compreendida a lição, porque todo e qualquer alimento logo é
consumido e cede lugar a novas necessidades para a máquina fisiológica poder prosseguir
funcionando. No entanto, o pão transcendental alimenta para todo o sempre.
A busca desse alimento espiritual de sabor eterno deve constituir o teu objetivo,
empenhando-te de corpo e alma por consegui-lo.
Os jantares do prazer entre comparsas do mesmo interesse, quase sempre
transformam-se com o tempo em encontros tediosos, nos quais se disputam coisas-
nenhumas da vaidade.
Porque perdem a motivação e o estímulo, somente no exibicionismo encontram sua
justificação, de modo a atenderem a vaidade e a presunção.
Por isso, deixam ressaibos de amargura e de frustração.
*
Aplica-te na aquisição dos tesouros morais ilumi- nativos e esparze-os por onde andes.
Há fome de ternura, neste mundo rico de indiferença.
Mendigos de amor, pobres de paz, necessitados de afeto aguardam o convite para a
fraternidade.
Promove um banquete de luz e convida esses teus irmãos em humanidade, que aguardam
compaixão e caridade, a fim de se libertarem da escassez e do sofrimento a que se encontram
relegados.
Ao realizá-lo, serás surpreendido pela presença de Jesus, que virá ajudar-te na especial
realização, oferecendo o pão do Reino dos Céus.
Em respeito à caridade
Por mais se aborde o tema referente à virtude por excelência - a caridade! - sempre
existem facetas novas e profundas que merecem análise para imediata aplicação.
A caridade é a filha predileta de que a fé se utiliza para expressar a riqueza de que se
constitui.
Enquanto a fé é qual uma chama flamejante que ilumina interiormente, oferecendo vigor
e alegria àquele que a cultiva, a caridade são-lhe as mãos laboriosas que lhe concretizam os
sentimentos.
Graças ao combustível que a sustenta - a esperança! - é que não se lhe entibia a vitalidade,
que lhe faculta mover montanhas, prosseguindo na sublime saga de libertar o ser humano da
ignorância em que estorcega.
Anjos protetores que se unem, desvelam-se na caridade enriquecida de amor e de paz.
Convencionou-se, entretanto, e vem sendo mantida através dos tempos a conceituação
falsa de que a caridade se constitui das ações generosas e compassivas
que se oferecem materialmente, sem dúvida valiosas, mas não únicas.
A caridade sempre se apresenta em mil facetas que engrandecem aquele que a oferece,
assim como aqueloutro a quem se destina.
Para o desnudo, o vestuário é-lhe de alta importância, tanto quanto, para o esfaimado, o
pão é fundamental.
Para o enfermo, o remédio é bênção que o auxilia na recuperação da saúde, assim como
para o sedento, o vasilhame com água generosa é salvação da existência física.
Para o enregelado pelo frio, o agasalho é mensageiro de calor e de alegria, da mesma
forma como a ajuda monetária, que soluciona a dificuldade de alguém, que recupera a alegria
de viver.
Nada obstante, para o desorientado, o oferecimento de diretriz de segurança representa
motivo de júbilo, de igual maneira, a palavra oportuna que esclarece e ilumina constitui
indiscutível oferta de bem-estar.
Sempre existem maneiras diversas para a ação da caridade expressar-se, ademais
daquelas exclusivamente materiais.
Em um estudo mais profundo em torno das necessidades humanas, constatam-se as
presenças da fome, das doenças, do abandono social a que são relegados os denominados
excluídos, o desvalimento moral, a falta de teto, de trabalho, de educação... No entanto, a
mais terrível de todas é o egoísmo que gera tais fenômenos desditosos, mas que a caridade
real pode solucionar por influência do amor.
Onde vicejam, portanto, o amor e a caridade, esses sofrimentos decorrentes da miséria
não florescem.

122 Joanna de Ângelis/Divaldo Franco


Há grande, insofismável carência, portanto, na sociedade terrestre, de valores morais, que
a caridade propicia, porquanto, encontrando-se a consciência humana iluminada pela fé no
dever e nos bons frutos disso decorrentes, a esperança trabalha pela remoção do egoísmo que
domina o coração das criaturas, abrindo espaço para a conquista sublime da felicidade.
Desse modo, à caridade, no seu relevante sentido moral, está reservada a missão de
transformar a Terra para melhor, propiciando a conscientização dos seus habitantes,
trabalhando em favor do equilíbrio e da harmonia geral.
Isto porque, não somente a miséria socioeconô- mica é fomentadora do desespero, dos
sofrimentos, da violência, mas principalmente responsável é a espiritual, que consideramos a
alma dessa e das demais ocorrências infelizes.
Em respeito à caridade, reflexiona em torno de outras desgraças sutis umas e grosseiras
outras, que podem ser evitadas ou saneadas, se essa mensageira da vida chegar em tempo.
*

A conduta pessoal é sempre reflexo das construções mentais, porquanto, as ocorrências


que têm lugar no mundo físico, originam-se no pensamento.
Nas comunidades prósperas do mundo, onde não há escassez de recursos para os seus
membros, neles permanecem, no entanto, em predominância, os sentimentos de mesquinhez
e de inferioridade, que os tornam tão infelizes quanto aqueles que experimentam fome e
abandono.

Multiplicam-se, nesses lugares, os sequazes da aflição, em renhidos combates psíquicos e

emocionais, sob a governança da inveja, da antipatia, das animosidades maldisfarçadas,

criando situações deploráveis.


Ciúmes doentios perturbam incontáveis existências que se estiolam nas suas garras
vigorosas; calúnias urdidas pela insensatez e com habilidade deses- tabilizam pessoas
representativas, que se transtornam; agressões verbais e comentários perversos dividem fa-
mílias e separam afeições que lhes padecem a felonia; desconsideração social e intrigas
sórdidas atingem sentimentos que se desajustam, perdendo o rumo por onde seguiam...
Nos arraiais da fé religiosa, lamentavelmente nas diversas denominações do Cristianismo,
os seus adeptos traem-se uns aos outros e reciprocamente, distantes de qualquer
compromisso emocional e moral com os postulados ensinados e vividos por Jesus até o mo-
mento do holocausto.
Odeiam-se, os membros da mesma congregação ou entidade, fraternalmente sorrindo,
disputando privilégios que se atribuem mérito, destaques, primazias, embora abraçando uma
doutrina que preconiza a humildade, a renúncia, a abnegação, a compaixão... a caridade!
As lutas intestinas entre aqueles que compõem a grei, alcançam, normalmente,
lamentáveis índices de violência verbal, culminando, muitas vezes, em pugilato físico, quando
não em crimes vergonhosos.
As atitudes comportamentais não correspondem às aparentes convicções desposadas,
dando lugar a choques constantes de opinião, de realização, de vivência...
A presença da caridade no coração desses indivíduos bastaria para fazer cessar ou pelo
menos não acontecer esses infelizes fenômenos, que são frutos espúrios do egoísmo.
A caridade, portanto, prossegue essencial em todos os comportamentos como roteiro
ético em favor dos relacionamentos humanos.
*

A caridade alcança um dos seus pontos culminantes e gloriosos, quando se converte em


perdão ao próximo e proporciona ao indivíduo o autoperdão com a consciência lúcida em
favor da necessidade de reparação das faltas, da sua própria recuperação moral.
Caridade, pois, sem cessar.
... E através da oração pelos desencarnados em sofrimento, a caridade expressa-se
sublime, favorecendo, também, o envolvimento daqueles de quem ninguém se recorda:
enfermos ou abandonados, suicidas ou assassinos, que tiveram desencarnação violenta ou
que permanecem nos padecimentos inenarráveis do corpo enfermo, tornando-se excelsa
como libertadora dos espíritos que estorcegam nesses e em outros ergástulos morais e
espirituais...
Desse modo, a caridade de Jesus prossegue socor- rendo-nos, sem que nos demos conta
sequer das sublimes mercês que nos oferece.
Sofreguidão pelo poder
A incansável luta pela posse arrebata as multidões ambiciosas, que se exaurem nas
intérminas atividades para alcançar o pódio de destaque no mundo.
Acumulam títulos imobiliários e fiduciários, moedas e ações, acompanhando os
jogos das Bolsas de valores em tormentosa ansiedade pelo câmbio e suas variações,
investindo saúde física e emocional, sem a necessária atenção pela qualidade de vida a
que se entregam.
A virtude que se permitem esses afanosos e apressados vencedores resume-se ao
conforto físico e aos prazeres sensoriais, que lhes parecem constituir o único estímulo
para maior empenho nos seus programas e mais amplas ambições.
A vida, para eles, transcorre como um campeonato de recursos materiais, aos quais
atribuem excessivo significado, sempre procurando mais avolumar as posses, incapazes
de amar e de conviver fraternalmente, não levando em conta as admiráveis bênçãos da
amizade e
do companheirismo. Desde que não apresentem lucro imediato, os relacionamentos
para eles são destituídos de significado emocional.
Enquanto isso, outros indivíduos ociosos consideram que merecem tudo, embora
nenhum esforço realizem, a fim de desfrutarem da existência as fartas concessões da
alegria e do gozo, explorando os demais que se esfalfam pela aquisição do necessário..
Apenas uma estreita fatia da sociedade contemporânea compreende o sentido
existencial e moureja com equilíbrio, utilizando-se com sabedoria dos recursos
provenientes da experiência reencarnatória.
Os primeiros, fazem-se invejados, temidos, raramente amados. Muitos daqueles que
se lhes acercam, desejam compartilhar, fruir do seu brilho e fama, do seu destaque e
poder, da sua glória e posição... Diante, porém, de qualquer ocorrência menos
promissora, abandonam-nos, trabalhando pela sua deterioração social ou política,
econômica ou artística...
E eles o sabem, por isso não confiam, permitindo- se a corte servil, de que também se
utilizam, atendendo à vaidade e às paixões pessoais...
Isto porque, a glória terrestre quase sempre é fugaz, especialmente aquela que deflui
das conquistas externas.
Aqueles que se engalfinham somente por conquis- tá-la, temem perdê-la, e tudo
fazem para que não se dilua entre as mãos que pretendem mantê-la.
É natural que assim aconteça, em razão da transi- toriedade do carro orgânico e do
suceder do tempo em sua marcha inexorável.
Os outros, aqueles que aguardam o desfrutar de tudo sem haverem conseguido os
meios próprios e dignos, tornam-se pesada carga no organismo social, na condição de
parasitas de luxo, quando não se desviam para a criminalidade, para a alucinação total...
A atordoante ambição desgasta os equipamentos orgânicos, as delicadas engrenagens
eletrônicas da emoção e do psiquismo, cujos efeitos danosos sempre aparecem em
flagrante agressão, que exige cuidados, muitas vezes, ineficazes, porque tardios ou
impossíveis de ser atendidos.
Reúnem fortunas, à medida que se lhes desorganiza o sistema nervoso, facultando a
instalação de distúrbios vários, entre os quais os de conduta, os conflitos psicológicos,
ou, por outro lado, dando lugar ao surgimento de úlceras gástricas e duodenais, como
efeito de somatizações graves, em cujo atendimento são gastos aqueles recursos tão
ambicionados...
Concomitantemente, o medo do envelhecimento, perdendo espaço no palco das
disputas, a presença da morte que se faz cada vez mais próxima, empurram esses
aficionados do prazer para as fugas emocionais, a drogadição, o alcoolismo, o sexo
exacerbado, que mais apressam os fatos desgastantes dos quais desejam fugir.
A marcha ilusória do ser humano é a tragédia do seu quotidiano.
Falta consciência real do significado existencial.
*

A mulher e o homem poderosos na Terra, são portadores de grave responsabilidade


perante a Consciência Cósmica.
Invariavelmente encontram-se assinalados pela missão de fomentar o progresso da
sociedade, impulsionar a cultura em todos os sentidos, ensejando o conhecimento e a
capacidade que preparam para a conquista dos valores preciosos da dignidade, do
desenvolvimento ético-moral.
Ninguém alcança o destaque, o poder, a situação privilegiada, sem que esteja
assinalado para construir um mundo melhor e mais feliz.
Olvidando-se desse dever, os triunfadores de um momento engolfam-se na glória e
comprometem-se lamentavelmente, quando poderiam tornar-se missionários do
crescimento social da humanidade, qual acontece com alguns poucos, que se não
permitiram ensoberbecer nem perder a lucidez ante a bajulação e o cortejo de
apaniguados que sorriem e aplaudem o seu triunfo sem o menor sentimento de
afetividade...
As pessoas amam, invariavelmente, o poder - econômico, social, político, artístico -
porque se fazem temidas e requestadas, sem recordar-se da fragilidade do carro orgânico,
no qual passeia a ilusão.
Optam pelo temor e desdenham o amor.
Preferem o aplauso e rejeitam a lealdade.
Fruem da inveja dos outros em detrimento da sua solidariedade.
Investem na permanência do estado enganoso ao invés da análise em torno do
relativo de tudo quanto é terreno....
...E a vida surpreende-os, mais rapidamente do que esperam, no descompasso das
forças, no abandono da família que não souberam amar, e dos aparentes amigos que os
descartam na primeira oportunidade, a fim de tomar-lhes o lugar e repetirem as suas
façanhas douradas quando podem...
Esses, que os seguem, prezam, realmente, é o poder e não as pessoas que o exercem
momentaneamente, por isso estão sempre transferindo-se de lugar e de lideranças.
*

Quando os vejas, prepotentes e dominadores, não os invejes nem os detestes.


Eles são frágeis quanto tu mesmo o és.
São necessários no conjunto social e não se conhecem, temendo a perda do cetro do
poder, que lhes tombará das mãos, cedo ou mais tarde.
Não repitas os passos pelos caminhos que eles hoje percorrem.
Segue a tua marcha em paz e confiança.
Ter ou deixar de ter é de importância relativa, secundária, quase insignificante.
Recorda Zaqueu, o publicano rico de Jerico, que subiu numa figueira para ver Jesus
passar, e que foi escolhido pelo Mestre para hospedá-10 em sua casa, desse modo
propiciando que a real felicidade lá penetrasse.
Reflexiona, e seja como for que te encontres, pensa em ti como espírito imortal que
és, descendo da figueira da presunção e hospeda Jesus na residência dos teus
sentimentos, a fim de que a felicidade habite em ti, sem sofreguidão pelos enganosos
bens do mundo físico...
Ante a violência
A violência é uma enfermidade social que se transforma em pandemia, devorando
vidas e arrastando multidões ao desespero.
Herança antropológica, permanece em forma de mecanismo de autodefesa,
infelizmente agredindo antes mesmo de qualquer ocorrência que ameace a integridade
do indivíduo.
Fatores outros contribuem para o desastre emocional da violência, que a
desencadeiam em forma de revolta e de ansiedade agressiva.
Dentre eles destacam-se a injustiça social que grassa perversa, a indiferença dos
poderosos em relação aos menos aquinhoados, os preconceitos raciais e econômicos,
especialmente em relação aos afro-descendentes, aos jovens e aos mais pobres...
Ante os descalabros de alguns governantes e dos membros das Casas Legislativas,
que tudo realizam a benefício próprio e dos seus partidos, bem como dos seus
apaniguados, as populações menos atendidas são empurradas para níveis vergonhosos
de miséria, tombando, inevitavelmente, na revolta, na agressividade.
Sentindo-se espoliadas, tomam aquilo que deveriam receber como retribuição pelos
direitos que lhes são concedidos pelas leis que regem as nações.
Certamente, a violência é, também, problema de cada espírito, devendo, portanto,
ser cuidada na sua raiz.
Manifesta-se em todos os segmentos da sociedade, nos diferentes níveis de cultura,
nas artes, nas ciências, nas religiões...
Nada obstante, é entre as pessoas discriminadas e denominadas como excluídas, que
se apresenta mais cruel e tresvairada.
Como recurso de fuga, o desvario procura apoio nas drogas que mais vitimam os
seus usuários, retirando-lhes o discernimento e açulando-lhes os sentimentos morbosos.
Irrompe, então, a violência, como incêndio furioso que a tudo destrói em sua
voragem insaciável.
Por outro lado, a infância desprotegida, atirada às ruas do abandono, à mercê do
vício e da criminalidade, sem nenhum apoio, descamba nos seus escoadouros,
agredindo e roubando, consumindo álcool e substâncias destrutivas, logo se tornando
vítima das circunstâncias, para sucumbir nos cárceres infectos e hediondos ou morrer
nas vielas sombrias das execuções...
O morbo da violência é de tal natureza virulento que contagia facilmente as pessoas
mais frágeis, que diante de qualquer ocorrência desagradável reagem, distantes da razão
e da lucidez que devem orientar as atitudes humanas em qualquer situação.
Nas classes média e alta, outros fatores geram um tipo especial de violência
decorrente do estresse, da an- siedade, da amargura, do tédio resultante do excesso ou
da sucessiva repetição de prazeres desgastantes.
Os seus lares são transformados em núcleos de encontros casuais entre pais e filhos,
sendo os primeiros fornecedores de recursos para atender as paixões e caprichos dos
segundos, não se amando reciprocamente, antes suportando-se como cargas inevitáveis
que devem ser carregadas até o momento da libertação.
... E a violência golpeia o indivíduo, a sociedade, a vida.
*

Os índices de óbitos resultantes da violência, nos países do Terceiro Mundo,


atingem níveis inacreditáveis, em alguns deles constituindo-se o segundo maior
responsável.
Toda a carga de tragédia resultante da violência prossegue na família das vítimas,
que ficam desprotegidas, além das dores proporcionadas pela desencarnação de algum
dos seus membros. Viuvez, orfandade, angústia são os frutos desditosos da sua
ocorrência, ao lado da impossibilidade que os assinala, de serem recuperados de alguns
dos muitos prejuízos que passam a sofrer, pela falta de recursos financeiros para serem
tomadas as providências próprias junto aos órgãos governamentais.
Os familiares dos desencarnados pela violência transformam-se em pessoas
invisíveis, porque esquecidas e desdenhadas, continuando a viver nos meios sórdidos de
onde procedem, sem esperança de melhora na existência, mais afundando-se no abismo
da delin- qüência...
Ignorar esses infortúnios, constitui delito grave na consciência social, abrindo
brechas para mais desaires nos grupos humanos.
Pode-se somar a todos os fatores que desencadeiam a violência de qualquer tipo, a
interferência das mentes desencarnadas que enxameiam nas convulsões da sociedade,
nos indivíduos como nos grupos.
Vitimados, procuram, em sua loucura, realizar o desforço, utilizando-se dos
recursos que lhes são peculiares, aumentando a carga do ódio contra os seus algozes,
que se tornam mais infelizes.
Transitando entre o desespero e a revolta no Além, esses desencarnados em aflição
não conseguem afas- tar-se do proscênio terrestre, tornando-se mais celerados e
sandeus.
Em conseqüência, a psicosfera do planeta mais se envenena com as emanações
morbíficas derivadas do ódio, contaminando lamentavelmente todos aqueles que se
encontram em processos de insegurança emocional e mental, levando-os a transtornos
afligentes.
À semelhança de uma bola de neve, mais se agiganta o movimento desencadeado
pela violência, arrastando todos quantos se encontram fragilizados e incapazes de lutar
contra as tendências destrutivas.
Urgem medidas de prevenção e de socorro educativo para a construção de uma
sociedade menos agressiva, seja por parte das autoridades, seja por iniciativa privada.
Somente pela educação das gerações novas será possível reverter-se o quadro atual,
gerando-se meios de dignificação humana, a fim de que todos os indivíduos tenham
possibilidades de vivenciar a sua cidadania, facultando-se-lhes meios próprios para a
renovação moral e a edificação interior voltada para o dever, para o bem pessoal e geral.
Da mesma forma como os meios degradantes geram a violência, os recursos
prósperos e edificantes fomentam a paz.
Uma educação, portanto, para a paz, consegue modificar os fatores criminosos
desencadeadores da agressividade e da violência.
*
No ensinamento terapêutico de Jesus a respeito do amor, encontram-se os
mecanismos poderosos para o enfrentamento entre a guerra e a paz, o ódio e a frater-
nidade.
Quando não seja possível amar, em face das circunstâncias, pode-se experimentar o
sentimento de compaixão, facultando-se a experiência do perdão e da caridade.
Ante a vigência desses sublimes recursos que se encontram ao alcance de todos, a
consciência do dever assomará nos indivíduos, e os povos como os governos
compreenderão a urgente necessidade da paz, trabalhando-a no mundo íntimo e
produzindo-a nos relacionamentos externos.
Somente então a violência desaparecerá da Terra, por falta de combustível para
mantê-la vigorosa.
O sentido existencial
É fundamental, à criatura humana, em sua vilegiatura carnal, encontrar o sentido
existencial. A perda desse objetivo condu-la ao desespero ou à indiferença por tudo
quanto lhe acontece, empurrando-a pela via da morte emociona1, sem que tenha
estímulos para as lutas que se apresentam, convidando-a ao crescimento e à felicidade.
Torna-se essencial saber-se qual a finalidade da existência e como identificar-se
com a mesma. Numa análise profunda sobre a questão, logo ressalta que encontrar o
sentido, o significado existencial, é descobrir- se como ser consciente e como ser
responsável, do que decorrerá o comportamento a ser vivenciado. Certamente, esse
logro não será resultado de apressadas decisões ou de resoluções intempestivas, mas de
aprofundamento no que concerne ao sentimento psicológico, às aspirações e ao
interesse que devem ser direcionados pelo conseguir.
Nesse sentido, apresenta-se a necessidade da auto-transcendência, da compreensão
de que as metas próximas são facilmente alcançadas, perdendo o valor, assim que são
conseguidas. Quando se a deseja, o sentido superior da vida aparece como inadiável,
estimulando à compreensão dos significados existenciais, das lutas de
auto-aprimoramento, de autodescobrimento.
Nessa busca necessária, são valorizados os acontecimentos de maneira diversa
daquela como têm sido aceitos ou não. Todos os fenômenos que sucedem na existência
humana têm seu valor, que não pode ser desconsiderado, mesmo quando se apresenta
em caráter afligente. Por exemplo: a tormenta que aumenta a voracidade das chamas de
um incêndio, também apaga a labareda em início. De igual maneira, são os desafios e os
denominados insucessos humanos. São eles que dão discernimento para futuros
empreendimentos e realizações exitosas.
A sabedoria, que orienta o aprendiz da vida, é resultado de inúmeras tentativas na
ação, que nem sempre são favoráveis do ponto de vista do triunfo, porém,
invariavelmente positivas por orientá-lo na melhor maneira de agir.
O aparente fracasso em uma empresa que se inicia, responde pela aprendizagem
correta para posteriores tentativas que se coroarão de resultados felizes.
Também, no que diz respeito à fé no sentido existencial, o fenômeno é equivalente,
porquanto, em cada refrega, mais coragem e tenacidade se apresentam ao candidato à
vitória, estimulado pela necessidade de alcançar a meta a que direciona a sua vida.
O sentido existencial é portador de um significado essencial, porque, não se
descobrindo a razão pela qual se encontra no processo de evolução, o indivíduo
desfalece com facilidade, sempre formulando comparações com os demais, cujos
problemas desconhece, e que não os exteriorizam porque sabem administrá-los, em in-
cessante esforço para superá-los.
Para que seja alcançado esse significado, cumpre- lhe analisar a situação em que se
encontra, os fatores de perturbação em que se vê envolvido e as possíveis soluções que
pode movimentar em favor do equilíbrio.
*
É comum informar-se que a vida não tem sentido, porque logo advém a morte do
indivíduo, ocorrem desastres calamitosos, apresentam-se fenômenos do desgaste
orgânico, aparecem as inexoráveis mudanças no desenvolvimento etário: infância,
juventude, maioridade, velhice, decrepitude...
Exatamente em face de tais inevitáveis processos durante a reencarnação, é que
existe um sentido existencial, devendo-se utilizar de cada fase para vivê-la conforme os
padrões e as manifestações que lhe dizem respeito.
Fosse o corpo de natureza indestrutível, e não haveria qualquer motivação para o
trabalho, para os empreendimentos iluminativos, para a renovação emocional, porque
sempre se disporia de tempo para fazê-lo.
Na transitoriedade, os convites existenciais multiplicam-se em forma de conquistas
que plenificam o ser em todos os períodos por que passa. Sabendo que cada um deles é
portador de efêmera duração, logo surge o interesse para fruí-lo em plenitude,
aguardando o por- vindouro, que seguirá no mesmo ritmo de acordo com o projeto
elaborado e vivenciado...
Apesar disso, a transcendência da vida, logo que seja descoberta, em forma de
certeza da imortalidade do espírito, mediante o seu prosseguimento ininterrupto,
proporciona estímulos para que sejam realizadas ações mais vigorosas e úteis que
favoreçam esse porvir.
Fosse a vida humana de fácil extinção, e não teria sentido, conforme apregoam as
doutrinas pessimistas e materialistas.
Seria de perguntar-se, por que o Nada utilizar-se- ia de bilhões de anos para elaborar
todo um processo contínuo e progressista da vida até alcançar os elevados níveis de
inteligência, de sentimentos, da razão, das aptidões, do belo e do nobre, se a morte
consumiria tudo, tudo reduzindo ao vazio do início?!
A temporalidade corporal é período intermediário entre duas fases permanentes, a
pré-reencarnação e a pós-reencarnação, em relação à vida espiritual, quando têm lugar
as expressões de desenvolvimento dos transcendentes recursos adormecidos no cerne
do ser, que é o espírito, esse vitorioso jornaleiro de incontáveis experiências
evolutivas...
Lamentam-se, ainda, ante o sentido da vida, as limitações orgânicas, impedindo de
estar-se em diversos lugares ao mesmo tempo, de fruir-se alegrias simultâneas, de
sofrer-se os processos de desajustamento orgânico e de enfermidades...
São, no entanto, esses acontecimentos que dão significado à existência humana,
libertando-a do tédio. Caso fosse diferente, e tudo marchasse sempre da mesma forma,
repetindo-se os prazeres até a exaustão, dariam lugar a transtornos da emoção em face
dos muitos fenômenos vivenciados de uma vez, das alegrias intérminas sem o
conhecimento da dor e do desgaste...
Esses limites constituem preciosos recursos de dignificação da existência, por
ensejar-lhe respeito às próprias forças, ao corpo frágil e forte, conforme a situação em
que se encontre, com real aproveitamento de cada ocorrência, favorecendo com o
desejo de repeti-lo, com o interesse por lograr o melhor que esteja ao alcance de cada
qual.
Além disso, mediante a transcendência de que se reveste a vida, o processo de
crescimento irá favorecer com as conquistas desejadas, somente que fora do corpo
físico, por ocasião do retorno ao Grande Lar, de onde se vem para o desafio existencial
e para onde se retorna ao concluí-lo.
*
De incontestável significado, portanto, para o encontro do sentido existencial, é a
oração, nesse solilóquio do ser que busca Deus até o momento em que Deus é alcançado
por aquele que Lhe vai ao encontro, dando lugar ao sublime diálogo no aprazível
recanto dos sentimentos equilibrados.
A busca de sentido é também a experiência da necessidade de conviver com Deus
nos refolhos do espírito.
De início, em razão dos hábitos doentios preservados, parece muito difícil; à
medida, porém, que se repetem as tentativas abrem-se os espaços de silêncio interior na
mente e na emoção, facultando a captação dos significados da vida, ao tempo em que os
estímulos para realizá-los fazem-se mais vigorosos.
Tendo em Jesus, o Guia e Modelo, segue-Lhe os passos e tenta fazer como Ele
realizava, sendo factível o encontro do sentido e do significado existencial.

Pensamentos e suas influências


A cada dia os fatos mais demonstram o poder que o pensamento exerce em toda
parte, seja no mundo interno daqueles que o elaboram, seja exteriormente, mo-
vimentando forças que contribuem para os resultados que decorrem da qualidade com
que são elaborados.
No que diz respeito à vida orgânica, são de preponderante efeito as suas emissões,
podendo manter a harmonia das células ou o seu desequilíbrio.
Procedente do espírito que o elabora, conduz a carga vibratória de que se constitui,
espraiando-se pela corrente perispiritual e atingindo os pontos mais variados da
organização fisiológica, assim interferindo no campo emocional como no psíquico.
À semelhança da luz que se propaga, ora como onda, ora como corpúsculo, o
pensamento, com a sua velocidade e constituição equivalente, irradia-se da usina
mental, e, por identificação vibratória, alcança os castelos celulares, que se preservam
ou se desestrutu- ram, de acordo com a potência da energia que conduz.
Toda onda de amor emitida logo se converte em tô- nus mantenedor da maquinaria
fisiológica, assim como das sutis engrenagens psicológicas, ampliando-lhes as
possibilidades de execução.
No sentido oposto, o fenômeno é semelhante, quando a emissão da onda faz-se
carregada de ódio ou de ressentimento, de ciúme ou de inveja, de vibrações deletérias,
interferindo, de maneira perturbadora, cujos danos se vão imprimindo, até o momento
em que se instalam os desconsertos que se expressam em desarmonia do sistema
imunológico, que permite a invasão e a proliferação de vidas microscópicas destrutivas.
Da mesma forma, o sistema emocional recebe as sucessivas ondas e sofre-lhes o
efeito nas delicadas tecelagens que conduzem os fluxos dos sentimentos...
Através da enfermidade, quando instalada, o indivíduo dá-se conta da sua
capacidade supramental, que devidamente administrada pode constituir-lhe elemento
de grave importância para a existência saudável.
Em face disso, criam-se os fatores para que se expressem as doenças, da mesma
forma como se elaboram os recursos da saúde que se fixa no organismo, procedente das
fontes emissoras da energia do pensamento.
Exceções existem, quando se trata de expiações pungitivas, em que a capacidade de
pensar e de agir en- contra-se descompensada pelo impositivo da reencar- nação.
Nada obstante, pessoas que se candidatam a ajudar, através desse abençoado fluxo
mental de afeto e de interesse caridoso, contribuem para serem amenizados os
sofrimentos, facultando a existência menos penosa.
A alegria de viver, por outro lado, resulta dos pensamentos edificantes que se
exteriorizam, invariavelmente, produzindo empatia e proporcionando estímulos aos
sistemas nervosos, que se mantêm em harmonia, dando lugar ao equilíbrio.
Assim sendo, as neurocomunicações podem dar- se em ritmo saudável, como
decorrência das correntes mentais circulando nos neurônios e estimulando a produção
de neuropeptídeos encarregados da saúde e do bem-estar, quais a serotonina, a
noradrenalina, a dopamina, entretanto, quando bombardeadas pelos pensamentos
doentios, são interrompidas as sinapses, facultando a instalação de distúrbios
lamentáveis.
*
Em todos os processos da vida orgânica, o perispí- rito é o veículo através do qual as
energias se movimentam em toda parte do corpo físico, considerando que o mesmo se
encontra profundamente mergulhado nas células que o constituem.
Organizado por energia específica, facilmente conduz as vibrações mentais, do que
resultam os efeitos compatíveis com a carga emocional de que se faz portador.
Sendo, porém, o espírito o princípio inteligente do Universo, a sua constituição
energética propicia ininterruptas ondas mentais que, através desse seu envoltório sutil,
imprimem no corpo as necessidades compatíveis à própria evolução.
Essa divina chispa, que é o espírito, quando envolto pelo invólucro material desdobra
as potencialidades adormecidas e adquire as experiências que lhe proporcionam o
crescimento na direção do Pai Criador.
A cada etapa vencida com êxito, mais se engrandece a sua capacidade de
enriquecimento de valores, tornando-se mais apto para os futuros enfrentamen- tos,
para as conquistas porvindouras, desenvolvendo a inteligência e o sentimento que se
aformoseiam com as dúlcidas vibrações do amor.
Todo esse processo é resultado da mente bem-di- recionada, como uma onda de
comprimento infinito, que envolve o organismo e o impulsiona ao equilíbrio,
favorecendo o desenvolvimento das funções ainda não despertas.

Jesus e Vida 149


Vive-se, desse modo, em um mundo de vibrações sutis e densas, que se estruturam
em moléculas, que se aglutinam em células, que formam os equipamentos orgânicos.
A desencarnação é o interromper do fluxo da energia, em razão de fenômenos
defluentes da desorganização celular pelos fatores da sua própria transitoriedade. Isso
pode acontecer, intempestivamente ou em longo processo de desgaste sob a injunção de
enfermidades dolorosas, de agentes degenerativos, de ocorrências de longo porte...
Mesmo quando as enfermidades se expressam como de origem genética, em razão
dos fatores da hereditariedade, merece considerar-se que se instalam no corpo vital,
constituído pela energia geradora dos fenômenos vivos.
Qualquer tentativa de buscar-se a cura, deve ser mediante a visão do ser humano
integral e não apenas de uma das partes que o constituem.
O conceito a respeito da dualidade do ser merece, portanto, reparos profundos,
considerando-se que não são independentes o corpo e o espírito, enquanto no processo
reencarnatório, mas espírito/perispírito/cor- po, agindo-se nas causas profundas dos
campos energéticos.
Para que sejam alcançados os resultados que se almejam, como sejam a saúde e a
paz, o pensamento desempenha função primordial.
Quando são cultivados os sentimentos do bom, do belo e do nobre, as sucessivas
correntes vibratórias de amor e de ternura movimentam-se por todo o organismo,
conduzindo as cargas de forças saudáveis que estruturam, que preservam, que agem na
intimidade das células, estimulando-as na preservação dos seus mecanismos vitais.
Da mesma forma, aqueles sentimentos de raiva, de ódio, de malquerença, de inveja,
de ciúme, de pessimismo favorecem a desarmonia do fluxo da saúde, proporcionando
os desajustes e descompensações gerais.
*

Aprende a direcionar o teu pensamento de maneira saudável.


Corrige o vício mental de cultivar as idéias perversas, pessimistas e danosas.
Evita a tríade destrutiva: o medo, o ódio, a insegurança.
Quem se permite a fragilidade de agasalhar o medo, cedo ou tarde é colhido nas
malhas da depressão.
O medo é resultado de uma larga herança antropológica, mas também de fatores
psicológicos desta re- encarnação, que se constitui como energia danosa ao equilíbrio.
Racionaliza o medo, equipando-te de lógica diante da sua freqüente irrupção,
conseguindo superá-lo.
O ódio é morbo originado no primarismo dos sentimentos, quando o egoísmo
predomina em a natureza do ser humano, tornando-se perverso e doentio.
Substitui-o pela compaixão e pela misericórdia, exercitando-te na amizade, em
direção do amor.
A insegurança, por sua vez, é resultado enfermiço do medo, como resquício da sua
passagem pelos campos da emoção.
Ninguém há, no mundo, que não experimente, uma que outra vez, a incerteza, a
dúvida, a insegurança, como fenômeno existencial perfeitamente normal. Todavia,
quando se busca apoio noutrem, ou em fetiches, ou em mecanismos de fuga da
realidade, a situação empurra para deploráveis desequilíbrios da emoção.
Essa tríade perversa, sempre muito bem acolhida pelas criaturas fragilizadas
emocionalmente, redunda em terrível situação espiritual.
Deixa-te visitar pelas ondas do amor de Deus, aspirando a brisa da alegria que sopra
em toda parte, desse modo, vivenciando a harmonia e preservando a saúde.

150 Joanna de Ângelis/Divaldo Franco


Sempre agora
Na sua grandeza e magnitude incomparáveis o tempo não passa.
Sempre o mesmo, indimensional, infinito, permite-se deixar atravessá-lo pelos
fenômenos mais diversos: sejam os grandiosos, na sua poderosa força, sejam os de
aparência insignificante, mas representativos na harmonia cósmica em que se situam.
Invariavelmente crê-se que as horas se foram e as oportunidades seguiram-nas
empós.
Em verdade, todas as ocorrências de um momento cederam lugar a outras em
dimensão convencional, tendo em vista os movimentos de rotação e de translação do
planeta, em torno de si mesmo e do Sol, que deram lugar ao estabelecimento do dia e da
noite, das estações do ano, todos defluentes da sua posição em relação ao astro-rei.
Daí partindo, foram sendo estabelecidas convenções denominadas horas para
facilitar ao ser humano em sua racionalidade dimensioná-lo, estabelecendo pe
ríodos próprios à conduta existencial.
Entretanto, a luz que banha a beleza arquitetônica e tecnológica do mundo, hoje
deslumbrante, é a mesma que manteve os sáurios colossais em épocas bastante recuadas
e os acompanhou no extermínio oportunamente.
Em uma análise profunda, portanto, o tempo é agora, um sempre este momento que
se defronta no corpo ou fora da argamassa celular.
Em assim considerando, é atitude injustificável lamentar-se o passado, nele fixado,
ou atormentar-se pelo futuro em clima de ansiedade perturbadora e desnecessária.
Certamente, assim é, como asseveram os brocardos populares: Águas passadas não
movem moinhos e Ninguém se banha duas vezes nas mesmas águas de um rio...
Há um incessante presente-passado, assim como um ininterrupto presente-futuro.
Recuperar o tempo, no sentido convencional, significa apressar o presente e
preenchê-lo de ação. Apesar disso, o que sucede não é uma recuperação do tempo
mal-aplicado, mas a conquista pela ação daquilo que não foi realizado.
Planejar com sofreguidão o futuro, transferindo atividades que deveriam ser
executadas no presente, caracteriza deficiência de óptica emocional, em projeção
mental de fuga inútil do dia de hoje...
Para onde se projete o pensamento haverá a existência deste momento, evoque-se o
passado ou avance- se no futuro.
Assim sendo, a utilização saudável de cada segundo faz-se imperiosa, de maneira
que o avanço propicie o momento sempre atual e a evocação do que aconteceu
signifique a sua revivência agora.
A medida do tempo, portanto, é a métrica da ação bem-direcionada, contínua,
constante, atual.
Hoje é o dia, sempre o hoje.
*

Tbdo quanto se deve fazer, deve-se começar no momento em que surge a idéia, seja
planificando, seja construindo mentalmente, predispondo-se psicologicamente para o
seu tentame ou realizando-o através do início, conforme as possibilidades e
circunstâncias.
O presente prolonga-se indefinidamente, mas quando mal-utilizado, transforma-se
em fardo de aflição pela ocasião malograda.
Desse modo, não postergues realizações dignifi- cantes, enganando a própria
consciência, em mecanismo de fuga da responsabilidade.
Quando tenhas um compromisso a atender, seja qual for: uma leitura, uma visita,
uma edificação, uma correspondência, um telefonema, etc, não o adies em justificativa
da preguiça com o enganoso argumento: Uma hora dessas eu o farei.
Essa hora não existe, senão na imaginação sonhadora e vã. Entre este momento e o
futuro surgirão outros e novos deveres que se imporão inapeláveis.
Acumulando deveres, serás incapaz de desembaraçar-te da tua pauta de
responsabilidade.
Todo indivíduo indisciplinado transfere para amanhã o trabalho que deveria ter sido
iniciado hoje e agora, sabendo, embora conscientemente, que esse amanhã não existe. É
uma forma de compensação psicológica para ficar bem consigo mesmo em face da
irresponsabilidade.
Como conseqüência, não assumas responsabilidades maiores ou mais numerosas do
que os teus recursos de execução.
Sê sincero para contigo mesmo, aceitando apenas os encargos que podes e deves
atender.

154 Joanna de Ângelis/Divaldo Franco


A frivolidade é característica de insensatez moral.
Programa-te, portanto, no tempo-agora, agindo com harmonia, com equilíbrio em
respeito à ocasião que vivências.
Quando possível, estabelece o roteiro de execução dos teus deveres, atendendo-os
em ordem, um após o outro, sem precipitação ou adiamentos desastrosos.
Na indimensionalidade do tempo, tudo passa, mas nem sempre volvem as
oportunidades não aproveitadas.
É expressão de sabedoria fazer-se com segurança, mesmo que de pequena monta, o
que diz respeito a cada um, do que aguardar-se poder realizá-lo de maneira bombástica,
volumosa.
Lamentar-se pelo que se foi é malbaratar o agora, excelente oportunidade de
refazimento de algo que ficou na retaguarda.
Disciplina a vontade e aprende a produzir o melhor dentro do teu limite de forças. O
que não realizes hoje, logo mais, em novo agora, o farás, desde que te encontres
vigilante e disposto.
Considera a brevidade do corpo e a infinitude de bênçãos para a tua
auto-iluminação, ganhando cada agora com um acréscimo de conhecimento e de amor
ao que já acumulaste.
Não te facultes escravidão ao tempo, malbaratando-o com reflexões inúteis, em
relação ao que poderias ter feito e não o realizaste ou em formulação contínua ao que
irás realizar, sem que o estejas produzindo.
Há muitas dimensões emocionais em relação ao tempo, com especificações próprias
para a criança, para o jovem, para o adulto, para o ancião. É diferente o tempo utilizado
por um sábio e por um ignorante. Da mesma forma, ele é variável para quem espera e
para quem deve chegar. Tem especificidade para o enfermo e para o saudável, assim
como para o amor e para a indiferença...
O tempo é dimensão especial para cada criatura, conforme sua consciência, sua
emoção, seus conhecimentos, sua evolução moral...
*

Jesus, que nos deu as mais belas lições de sabedoria, aproveitou todo o tempo-hoje,
nunca retrocedendo nem antecipando acontecimentos.
- Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã cuidará de si
mesmo. Basta a cada dia o seu mal - asseverou, amoroso, significando que cada
ocorrência, cada fenômeno tem o seu momento, sem saudade pelo ido nem inquietação
pelo porvindouro.
Quando se age bem em cada tempo-agora, o futuro está presente e o passado nunca
se foi. 3

3 Mateus: 6-34.
Nota da autora espiritual.

Jesus e Vida 155


Culto lamentável
O politeísmo, que recebeu de Moisés e, mais tarde, de Jesus, os golpes mortais mais
seguros para eliminá- lo, através da História adaptou-se à doutrina cristã com
verdadeiros requintes de dominação arbitrária, desfigu- rando-a de maneira deplorável
através do culto aos apóstolos, aos mártires e mais tarde aos santos, que se tornaram os
novos deuses entronizados pela insensatez.
Combatido pela razão nos tempos modernos da cultura, novamente impôs-se ao
desvario, elegendo outras formulações que passaram a atrair a atenção e o interesse
coletivo, aureolando-se de míticas homenagens, qual ocorreu em Paris, com a deusa
razão, no período da Revolução, desfilando em cortejos não menos idólatras do que
aqueles realizados pelas religiões ultramontanas.
Sem nunca deixar de existir, porque parece haver uma necessidade dominadora na
criatura humana pelos cultos externos e mágicos, na atualidade alcança o esplendor na
apologia da exaltação física, na glorificação desportiva e artística, na exacerbação da
vulgaridade e dos comportamentos promíscuos...
Atraindo multidões aturdidas e fascinadas, na sua inconseqüência celebram festivais
de anarquia, em forma de bacantes vergonhosas e ultrajantes com que seduzem as novas
gerações desequipadas de experiência, de maturidade psicológica e de discernimento
mental.
Fomentam a impressão de que a existência na Terra tem como objetivo único
desfrutar do prazer sem cansaço, embora a consumpção que logo ocorre devoradora.
Noutras vezes, apresentam-se nos desvarios do sexo, da drogadição e nas condutas
indignas, arrebatando centenas de milhões de pessoas iludidas que acreditam somente
nessa realidade que se manifesta através do dinheiro, da fama, do poder.
São os três deuses atuais mais poderosos no processo cultural da sociedade
contemporânea.
Quem lhes não oferece submissão e não os homenageia, tomba na marginalidade, é
considerado incapaz, alienado, destituído de objetivos grandiosos ou simplesmente
ingênuo...
No passado, algo remoto, o poder da força bruta manteve os fortes que sobreviveram
aos mais fracos, por imposição do processo evolutivo.
À medida que houve o desenvolvimento mental, a astúcia ancestral armou a
inteligência de artifícios e prosseguiu dominando os demais.
Posteriormente, a partir do momento em que o rei Cre- so, da Lídia, passou a cunhar
moedas de ouro, logo foram convertidas em instrumento perverso de dominação.
A fama defluente das vitórias nas guerras coroando os heróis, mesmo que assassinos
confessos, fez que se tornassem credores de adoração das massas idiotizadas,
constituindo-se motivo de cobiça para quase todos.
Nos dias atuais, a conquista do dinheiro tornou-se de fundamental importância para o
logro do poder e da fama ou em ordem contrária... É imprescindível entesourar, brilhar,
submeter, sem nenhuma consideração pelas demais criaturas.
Alcançar um deles para depois os outros a qualquer preço, faz-se essencial para a
existência humana.
Enquanto ascende essa deplorável postura, diluem-se os valores ético-morais, que são
desrespeitados, inclusive, por aqueles que os estabelecem através de códigos de honra e de
leis que deveriam ser dignifi- cadoras...
O triunfador, que conquista qualquer um desses deuses, não se preocupa com as vítimas
que lhe servem de pedestal para o brilho enganoso.
Nada obstante, os modernos adoradores desses novos bezerros de ouro asseveram estar
vinculados a esta ou aquela doutrina religiosa que abjura a idolatria, mantendo conduta
paradoxal.
*

Com o inexorável passar do tempo, a jornada, através dele, termina por demonstrar a
esses equivocados quão perdidos se encontram.
Possuem quase tudo, recebem a bajulação idólatra, fingem-se de imortais no corpo,
apresentam-se como campeões da juventude louçã, da beleza e da fortuna, mas lentamente as
forças diminuem, o corpo perde a flexibilidade, as funções orgânicas complicam-se, e muitos
passam à solidão dourada, ao esquecimento, à entrega dos vapores alcoólicos ou à intoxicação
das drogas químicas.
Quase todos que se lhes acercam durante o período de glória e se lhes entregam para o
gozo, utilizam-nos, negociam com esses deuses, ansiosos por ocupar-lhes os lugares
deslumbrantes...
Cansam-se facilmente deles, que detestam sorrindo, desejando-lhes todo o mal possível,
para seguirem adiante, procurando novos argonautas, mais recentes musas e semideuses do
Olimpo das suas fantasias, para os seguirem em renovadas procissões ridículas.
O pódio onde estiveram ontem sendo coroados de glória e favorecidos pela fortuna, está
agora homenageando outros, recém-chegados e ambiciosos, poluídos moralmente e
desejosos de apagar-lhes a memória. Esses estão investindo tudo quanto dispõem, a fim de
passarem à governança do reinado de utopias, sonhando com o período que esperam seja
infinito, no qual viverão para sempre...
Competem em escândalos, quando lhes faltam valores capazes de chamar a atenção, a fim
de desfrutarem da fama e permanecerem em festas contínuas, no foco das máquinas
fotográficas, dos periódicos sensacionalistas, da mídia devoradora, que os olvidam em pouco
tempo, aguardando suas mortes para trazê-los novamente de volta às suas manchetes,
faturando mais dinheiro em suas memórias...
Esses deuses, além de mentirosos, são perversos, porque o dinheiro não compra o amor
nem a paz, a fama não preenche o vazio existencial, nem o poder tranqüiliza aquele que o
detém.
O ser humano, para adquirir o dinheiro, afadiga-se até a exaustão, perdendo a saúde, para
tornar-se rico. Logo depois, gasta o que foi acumulado para recuperar a saúde destroçada, e
quando tal ocorre, perde a confiança nos seus deslumbrados súditos e adoradores, sentindo a
terrível solidão que os faz extravagantes, maníacos, vítimas de transtornos
obsessivos-compulsivos ou simplesmente insensíveis à afetividade.
*

O verdadeiro culto que é lícito vivenciar-se, é ao dever que conduz à autoconsciência, à


verdade.
O conhecimento da vida e da sua finalidade é essencial à harmonia e à felicidade humana.
Os deuses da fantasia são adornos momentâneos e que podem ser utilizados com
sabedoria, porque, em si mesmos, são neutros. O uso que se lhes dá, é que os torna
escravocratas ou libertadores.
Com muita propriedade Jesus asseverou: - O meu Reino não é deste mundo, mas não
desconsiderou, não condenou, nem desdenhou o mundo que é bendita escola de educação e
de progresso espiritual.
Cuidado com o politeísmo em relação aos novos deuses!
Agitação espiritual
Observa a volúpia dos desequilíbrios que tomam conta da Terra, nesse aspecto
desagregador das estruturas morais do ser, da família, das instituições vigentes.
As valiosas conquistas da inteligência e da tecnologia não têm conseguido modificar as
paisagens espirituais das criaturas humanas, pelo menos, no sentido geral, erguendo-a a
patamares de civilização e ética vi- venciais mais elevados.
Legiões de desvairados utilizam-se, pelo contrário, desses recursos preciosos que se lhes
encontram ao alcance, e, em face do primarismo que os assinala, aplicam-nos de maneira
perturbadora, dando largas aos instintos perversos, que adquirem cidadania cultural.
Ao lado desses, outros tantos, que possuem discernimento, ou que, pelo menos
aparentam-no, apaixonam-se pelas próprias idéias, e aturdidos no mundo interior,
desencadeiam terríveis campanhas de morticínio, de antagonismos, de ódios insanos por
toda parte.
Organizações e sociedades culturais, políticas, econômicas, religiosas, mergulham em
graves comportamentos éticos resultantes de alguns dos seus membros, seus altos executivos
e administradores embriagados pelo poder, maculando-o mediante as ações nefastas de que
são responsáveis, delinqüindo, ao impacto das paixões egóicas irracionais.
Para onde se dirige o olhar, vêem-se a beleza e o horror em confrontos chocantes.
As emoções, incapazes de suportar os enfrentamen- tos desgastantes desequilibram-se e
os transtornos se lhes instalam multiplicados, aturdindo uns, alucinando outros indivíduos
através da inarmonia interior.
As condutas generalizam-se tragicômicas, insustentáveis, assinalando a agitação que se
amplia.
Não padecem dúvidas que o intercâmbio espiritual inferior torna-se preocupante em
razão de apresentar- se em caráter epidêmico...
Isto porque, há uma perfeita identidade vibratória entre os desencarnados infelizes e os
deambulantes nas roupagens físicas procedentes das mesmas regiões da erraticidade.
Desde que permanecem nos propósitos infelizes em que se comprazem, mantêm o
comércio nefário, desse modo apressando os processos evolutivos por meio do sofrimento.
Lamentável, no entanto, é a ocorrência da avalanche de desaires em crescimento,
arrastando pessoas que se deveriam acautelar, para evitar-se o contágio maléfico.
Líderes religiosos, políticos de expressão, multiplicadores de opinião, homens e mulheres
de elevados sentimentos, que são conhecidos pelos seus exemplos de cidadania, que inspiram
confiança, de um para outro momento são envolvidos pela turbulência e engrossam as fileiras
da anarquia, deixando desencanto e frustração, ao mesmo tempo retirando os suportes
morais naqueles que os respeitavam e neles viam exemplos dignos de seguidos.
A balbúrdia e as fugas espantosas para o abismo dos prazeres exacerbantes dificultam a
manutenção da alegria real, do equilíbrio, da harmonia...
Para onde caminha a humanidade?!
Dois mil anos de doutrina cristã e uma tão perturbadora colheita de paz!
*

O Espiritismo, por sua vez, veio reverter essa ordem torturada, restaurando o sentido
psicológico e moral da existência do ser humano na Terra.
A medida que as suas excelentes propostas são aceitas pelos que buscam diretrizes de
segurança e anelam pela alegria de viver, acostumados ao clima de desarmonia, logo
resolvem interpretar a mensagem clara e profunda desse conhecimento conforme a sua
emoção.
Ao invés de aplicarem as lições à conduta, procuram adaptá-las ao que já pensam e
facilmente dissentem do movimento, das instituições, dos trabalhadores mais abnegados,
acusando-os irresponsavelmente, formando grupelhos de criticas perversas, gerando-lhes
dificuldades que se multiplicam.
Certamente que são poucos esses companheiros invigilantes e presunçosos. No entanto,
são muito hábeis na arte de confundir e de dividir, a fim de poderem imperar...
Surgem as agressões e calúnias difamatórias contra aqueles que não se lhes submetem ao
talante, nem se identificam com as suas idéias.
Desejam solucionar os problemas dos outros e do mundo, sem resolverem os próprios,
decantam a capacidade mental que se atribuem, menosprezando a dos demais.
Fazem-se agressivos, irônicos, insolentes.
Chegam atrasados ao compromisso espiritual e informam que aqueles que estão à sua
frente no labor, estão querendo competir com eles, que buscam somente a exaltação pessoal e
a glória mentirosa.
Apontam erros em tudo e em todos, acusam os demais, informando que desejam lograr a
autopromoção em incontrolável conflito interior, que lhes desvela as ambições malcontidas.
Não estão a serviço do Bem, mas dele se servem com deslavado cinismo, atendendo à
própria megalomania.
São vítimas, sim, nossos irmãos bulhentos, da agitação espiritual inferior que os alcança,
obsidiando-os.
Não te permitas enredar nas suas trampas.
Mantém o teu ritmo de trabalho com Jesus, sem lhes facultares a honra de afligir-te.
Não debatas com eles, não lhes resistas ao mal de que são portadores, mantendo-te em
paz.
Prossegue fiel ao programa em que te firmas e aguarda o tempo.
A irmã Morte, que um dia te interromperá a trajetória, também os alcançará...
*
Nunca te deixes consumir pelas preocupações do mal, seguindo sempre adiante.
Jesus te aguarda à frente.
Esta agitação é transitória e logo passará, deixando os seus tristes efeitos cravados nas
carnes de milhões de almas que recomeçarão.
De tua parte, age com amor sempre, até quando a harmonia se espraie como bênção de
Deus entre todas as criaturas terrestres.
Comportamentos esdrúxulos
É natural que se esperem das criaturas humanas, hodiernamente, comportamentos
compatíveis com o atual estágio da sua evolução antropológica e cultural.
Nada obstante, generalizam-se os de natureza agressiva, permissiva, a expressar-se em
violência, licenciosidade, transtornos graves.
O que antes era considerado antiético, deselegante, atraso moral, tornou-se quase
rapidamente convencional, normal, cada dia avançando para condutas mais chocantes.
A perda do valor moral liberou os indivíduos para a permissividade abusiva, propiciadora
da insatisfação que empurra para situações calamitosas que se pretendem tornar cidadãs
aceitas.
Os desatinos alcançam tão elevado nível que os indivíduos mais sensíveis, não desejando
entregar-se aos modismos, deixam-se dominar por conflitos de ódios que explodem em
crimes seriais assustadores.
Busca-se encontrar as suas causas, e ei-las no espírito doente, desajustado socialmente,
que se deixou intoxicar pela banalidade a que foi relegado o homicídio, buscando notoriedade
ou tentando vingar-se da sociedade que acredita ser responsável pela sua não aceitação no
grupo dominante.
Por outro lado, os conflitos íntimos que o humilham em silêncio, empurram-no para os
transtornos psicológicos de gravidade, que se manifestam em mecanismos de fuga da
realidade através do afogamento nas paixões exacerbadas.
Constituindo legiões, gargalham esses trânsfugas de si mesmos, no prazer, fingindo
felicidade que desconhecem, atraindo outras multidões indecisas para o banquete da
alucinação, que não lhes resistem aos apelos doentios.
São indivíduos fisicamente belos a sacrifícios terríveis, que se situam dentro dos padrões
de estética física estabelecidos por mentes também enfermas que se comprazem em os
martirizar, embriagando-se nos excessos de toda natureza, quais as libações alcoólicas, as
negociações sexuais para acumularem fortunas que as desperdiçam depois com hábeis
exploradores das suas debilidades e o uso de drogas químicas de efeitos devastadores.
Qualquer proposta de comedimento que se lhes faça é aviltada, como se o bom proceder
fosse patológico, enquanto que as aberrações convertem-se em normalidade e saúde.
Nesse clima de contínua bacanal, os seus líderes são consumidos ou abandonados por
outros mais atrevidos e vulgares, que os excitam até a exaustão, amargurando-os por um
tempo e, mais tarde, em definitivo.
A glória da juventude, porém, é breve, convertendo-se em cansaço e desencanto na
maturidade, marchando para o amargor na decrepitude, isso quando consegue atingi-la.
Comportamentos doentios são responsáveis por existências malogradas.
A vida é dom superior que não pode ser malbaratada sem as conseqüências nefastas que
lhe são inerentes.
*

Comportamentos estranhos assaltam estes dias e desalinham crianças, adolescentes


despreparados para a sua vivência, embora sem qualquer estrutura moral ou resistência
emocional para enfrentá-los.
Multiplicam-se os inexpressivos comportamentos religiosos externos, destituídos de
religiosidade por parte dos seus aficionados.
Aumentam os comportamentos políticos esdrúxulos, mediante os quais governantes e
legisladores são o oposto do compromisso assumido.
Ampliam-se os comportamentos morais que se celebrizam pelo desrespeito à organização

170 Joanna de Ângelis/Divaldo Franco


fisiopsicológi- ca, de que se é constituído, permitindo-se as extravagâncias mais
perturbadoras possíveis.
Por isso mesmo, os transtornos depressivos de comportamento bipolar fazem-se
epidemia na Terra, aturdindo as suas vítimas e eliminando, pelo suicídio, incontável número
delas.
Nesse báratro, o comércio psíquico inferior que se mantém com equivalentes espíritos
desencarnados, mais aumenta o enxame de desditosos-sorridentes.
Entretanto, é tão fácil o comportamento feliz!
Basta que se o inicie mediante o respeito moral a si mesmo, não se permitindo qualquer
forma de promiscuidade: mental, emocional ou física.
Mantendo-se um padrão de pensamento trabalhado na ética dos deveres humanos, em
relação ao próximo, à Natureza e a Deus.
Discernindo o que lhe é lícito realizar em detrimento do que pode, mas não deve fazer, por
imposição dos modismos momentâneos.
Aplicando-se a auto-análise em relação ao que convém, mas não alcança, em detrimento
do que pode conseguir a qualquer preço...
Intensificando o exame da finalidade existencial, interrogando-se sobre a velocidade com
que se sucedem os acontecimentos e pensando em torno do que ocorre na etapa final do
processo físico.
Concentrando-se nas reflexões a respeito da própria imortalidade e como gostará de
enfrentá-la.
Contribuindo em favor do bem e do progresso geral, dando sentido humano e psicológico
à sua passagem pelo mundo...
Compreendendo a fragilidade de que são constituídos os equipamentos orgânicos,
recordando-se que basta uma parada cardíaca, relativamente breve, para danificá-los em
definitivo ou encerrar-lhes o curso, mediante a morte...
Utilizando todo o tempo disponível em conquistas morais e espirituais valiosas, que
assinalam a existência com harmonia e alegria de viver.
Aquele que age sem pensar, sempre é constrangido depois a fazê-lo para reparar os
prejuízos causados pela intemperança.
Não se pretende com estas considerações o retorno dos comportamentos ancestrais,
vigentes nos períodos de sombra e de ignorância, quando se era escravo do poder temporal
político e religioso.
O avanço da cultura libertou a consciência dos grilhões da superstição e do
desconhecimento, facultando a liberdade de pensar, de expressão e de ação, mas também
ofereceu a responsabilidade em relação a cada um desses comportamentos.
*

Jesus, o Psicoterapeuta excelente, penetrando de maneira segura no futuro, identificou


este período e referiu-se-lhe como sendo de dores e aflições pelos desatinos que se
permitiriam as criaturas insensatas.
Tem, portanto, muito cuidado com o teu comportamento, elegendo aquele que preencha o
vazio existencial, antes que o aumentando, e te faculte uma saudável jornada terrestre.
Descobrirás a sua qualidade porque te eliminará a ansiedade, a insatisfação,
proporcionando-te tranqüila alegria de vida e de ação.
Os comportamentos são o outro lado do espelho do mundo íntimo, exteriorizando o que
se é sem máscaras.
Reveste-te de harmonia e comporta-te como discípulo de Jesus, que o mantinha ideal, e
jamais te perturbarás..

Jesus e Vida 171


Heroísmo verdadeiro
A precipitação contemporânea em eleger líderes que devam ser devorados pela mídia
insaciável, tem criado mitos atormentados que são alçados à fama por um dia, atordoando as
mentes juvenis que se fascinam com as suas alegadas conquistas, equivocadamente taxadas
de heroísmo.
São personagens inquietas, na sua grande maioria, que tudo fazem na busca ilusória da
glória dos holofotes, permitindo-se abusos de toda a natureza, mediante os quais tornam-se
conhecidas pela audácia e pelo despudor com que enfrentam as situações embaraçosas,
programadas para testar-lhes as frágeis resistências morais.
Uns permitem-se a entrega aos despautérios que são estabelecidos pelos programadores
televisivos, que já não chocam a opinião pública acostumada por força da repetição dessas
arbitrariedades...
Outros deixam-se arrastar aos exibicionismos ridículos e atentatórios ao pudor, formando
grupos de insanos que se embriagam nos tóxicos de que se utilizam, perdendo o senso de
equilíbrio, desde que apresentem corpos esculpidos a bisturi ou a musculação exagerada,
despertando sensações vulgares, que vilipendiam a dignidade humana.
Diversos alcançam o estrelado pelo exotismo da conduta caricata e agressiva, tornando-se
modelos de extravagância, que desvelam patologias de comportamento lamentáveis, mais
necessitados de tratamentos cuidadosos do que de projeção modeladora de personalidades.
Desportistas e artistas excessivamente remunerados, que são contratados para
desincumbir-se do mister a que se entregam, nas suas respectivas especialidades, são alçados
ao panteão dos deuses na condição de heróis que comovem as multidões fascinadas ou atiram
os seus fanáticos em batalhas inglórias de perversidade e violência.
Quanto mais alguns descem a escala dos valores morais, mais se lhes exaltam o heroísmo
da permissivi- dade e da ausência de compostura, elevando-os à condição de guias das novas
gerações...
As aberrações tornam-se naturais e o excesso das drogas como do sexo expõem-lhes as
chagas pustulen- tas dos sofrimentos que necessitam de orientação e terapia emocional.
Há uma confusão muito grande entre os valores éticos que alçam os indivíduos aos
patamares da grandeza moral e aqueles que degradam, que vendem sensações soezes, como
se a existência humana devesse estar sempre num circo, dando prosseguimento indefinido ao
burlesco, ao cínico, ao despudor...
Pior ainda, é a consideração que se dispensa a esses sofridos atores de tais espetáculos de
ironia e de insensatez.
De igual maneira, como eram exibidas deformidades que, no passado, constituíam
raridade, atraindo a curiosidade e o escárnio das massas que os contemplavam com insânia,
agora se apresentam as doenças morais como atração para os mesmos inquietos compradores
de insanidade, que projetam os seus conflitos nessas vítimas da ilusão humana.
*
O heroísmo não se expressa através da vilania, da deformidade, do grotesco, mas sim, em
decorrência da coragem e da envergadura que caracterizam os espíritos fortes, humanos e
dignificadores da sociedade.
Quando alguém se despe dos atavios mentirosos da ilusão, trabalhando os metais dos
sentimentos que se diluem sob as altas temperaturas do amor e da abnegação, objetivando o
próprio como o progresso moral e intelectual das demais criaturas, pode ser, realmente,
considerado herói.
Todo e qualquer investimento aplicado na transformação dos recursos espirituais para
melhor e do esforço contínuo em favor da promoção da sociedade, constitui ato de heroísmo.
Não apenas aqueles que tornam os seus realizadores conhecidos e comentados pelo grupo
social, mas especialmehte quando passam ignorados, constituindo admirável
empreendimento interior em benefício da harmonia.
Mães e pais abnegados que renunciam às comodidades e aos prazeres, dedicando-se à
educação e ao desenvolvimento moral dos filhos, chegando mesmo ao sacrifício com que se
empenham para torná-los felizes, transformam-se em heróis da vida que ninguém conhece,
mas, graças a esse esforço a humanidade progride e se ilumina.
Filhos gentis que se desincumbem dos deveres de amor em relação aos genitores idosos e
enfermos, trans- formando-se em sustentáculo de segurança, quando fragilizados e sem
esperança, fazem-se heróis anônimos, construtores do mundo melhor a que aspiram.
Irmãos devotados que avançam, estimulando e conduzindo os outros que se encontram
na retaguarda, ensejando-lhes o desenvolvimento que se negam, sem que isso lhes constitua
qualquer sacrifício, são heróis silenciosos da lídima fraternidade.
Os laboratórios de pesquisas e os hospitais, os edu- candários e os lares de socorro à
aflição albergam heróis incontáveis que o mundo não conhece, porque não dispõem de tempo
para as escaramuças competitivas da alucinação egoísta nem das paixões asselvajadas de
efeitos lamentáveis.
O mundo é rico de heróis verdadeiros, que não se interessam em demonstrar a grandeza
de que se revestem, abandonando o conforto das cidades e os prazeres dos grupos familiares,
para trabalhar em favor das comunidades aflitas, correndo riscos de contaminação e agres-
sividade, demonstrando o heroísmo de que são forjados, sem nenhum interesse de receber
retribuição.
Jovens médicos e enfermeiros, assistentes sociais e psicólogos, educadores e religiosos
que se entregam ao exercício do amor dignificante, constroem a nova humanidade que se
interessa pelo bem comum, sem o qual a existência terrena lhes perderia o significado psi-
cológico e humano.
Ao lado desses legítimos heróis, milhões de seres anônimos servem e passam ignorados,
expressando a conquista da consciência em nível elevado em busca do estágio cósmico, sem
mesmo dar-se conta...
O humanitarismo encontra-se ínsito no ser que alcança o discernimento moral,
sentindo-se no dever de alargá-lo à volta dos passos, de modo que todos se possam beneficiar
das conquistas já logradas pela ciência e pela tecnologia.
*

O verdadeiro heroísmo constitui-se do esforço que nobilita, retirando o ser humano da


comodidade e do egoísmo, alçando-o aos elevados patamares da vitória sobre si mesmo e do
bem geral.
Esse esforço de superar as más inclinações, trabalhando-as e corrigindo-as, canalizando
as forças morais para a conquista da paz e da alegria de viver, torna-se uma luta sem quartel,
que somente coroa aqueles que logram o heroísmo de nunca desistir dessa monumental
empresa de iluminação.
Enquanto a insensatez campeia indignificando pessoas ansiosas e aturdidas, o Evangelho
de Jesus tem conseguido criar heróis sem nomes e identificados, qual ocorreu com a
atormentada cortesã de Magdala, que se transformou em exemplo de nobreza e abnegação,
ou o aturdido Saulo que se converteu no apóstolo Paulo...
Busca, desse modo, o heroísmo do silêncio e do enriquecimento interior, trabalhando em
favor de ti mesmo e do teu próximo, não te permitindo a inversão de valores que ora
caracteriza grande área da cultura vulgar da Terra.
Reações inconscientes
Não são poucos aqueles que se interessam pela Doutrina Espírita, e buscam informar-se a
respeito dos seus incomparáveis conceitos libertadores da ignorância e da superstição.
Nada obstante, desacostumados ao raciocínio lógico em torno das questões superiores da
vida, defron- tam-se com incomuns dificuldades para entender os postulados claros e
profundos do Espiritismo.
Anteriormente informados de maneira errônea, a respeito do que seriam as propostas da
Codificação, mais centradas nas manifestações de natureza medi- única, sem qualquer
contribuição filosófica e suporte científico, não conseguem raciocinar fora desses chavões
mentais a que se mantêm apegados, enfrentando dificuldades para romper o círculo dos
equívocos mentais.
Quando convidados à reflexão e ao discernimento divagam, abandonando a lógica para
fixar-se em torno do poder que atribuem aos espíritos, que tudo sabe-
riam, a todos os problemas resolveriam, alterando as estruturas universais, desde que disso
resultem benefícios pessoais imediatos.
A sua lógica encontra-se centrada no maravilhoso, no extraordinário, em cujo
comportamento incluem as manifestações espirituais, recusando-se, mesmo que
inconscientemente, a aceitar o fenômeno como de natureza orgânica, em perfeita sintonia
com a paranor- malidade que caracteriza o médium.
Em uma ingenuidade incomum preferem transferir aos médiuns a carga dos seus
problemas, a uns endeusando e a outros desconsiderando conforme os resultados obtidos ao
seu lado, distantes do bom senso e do esforço pessoal.
Ouvem as orientações doutrinárias, às vezes, lêem mal, certamente, porque preferem
ouvir somente as comunicações espirituais que os fascinam, não dispondo de qualquer
alicerce racional para os enfrentamentos naturais do processo evolutivo.
Toda vez que se encontram diante de um desafio perfeitamente normal, em face do
processo de crescimento interior e desenvolvimento intelecto-moral, recorrem aos médiuns
buscando soluções apressadas, anelando que o problema seja postergado, mesmo que mais
tarde retornando com maior complexidade.
Acomodam-se aos interesses egoísticos e podem tornar-se cooperadores de boa vontade
nas instituições espíritas, mas o seu grande problema diz respeito à auto-iluminação que
adiam, circulando em torno das conveniências imediatas, sem maior alcance para a própria
imortalidade.
Distraem-se com as referências doutrinárias, preservando as habilidades e condutas
anteriores sem o esforço pela renovação moral nem pela interiorização dos conhecimentos
espíritas.
Lamentavelmente não adquirem convicção em torno dos paradigmas doutrinários, que
lhes parecem difíceis de assimilação, em face da preguiça mental, sempre solicitando
esclarecimentos e parasitariamen- te dependendo do esforço e da dedicação daqueles aos
quais afeiçoam-se.
O Espiritismo é doutrina de grave responsabilidade para todos que se lhe acercam em
busca do seu conhecimento. Não se compadece com a ignorância, mantendo os seus
profitentes no desconhecimento dos próprios deveres. Pelo contrário, trabalha-lhes a reforma
de natureza moral, convidando sempre ao crescimento interior e ao autodescobri mento, a
fim de tornar- se a cada novo dia melhor do que na véspera.
*
Graças às facilidades da comunicação virtual, alguns desses companheiros de jornada
utilizam-se da INTERNET para o intercâmbio com outras pessoas, igualmente procurando,
por seu intermédio, aprender o Espiritismo através de e-mails, nos quais as suas dúvidas são
apresentadas, normalmente aos médiuns de cuja existência tomam conhecimento, não se
convencendo com as respostas que recebem. Ato contínuo, apresentam as mesmas questões a
diversas outras pessoas, a fim de comparar as respostas que, no entanto, já se encontram
exaradas nas Obras fundamentais que constituem a Codificação do Espiritismo, que é uma
fonte inexaurível de conhecimentos capazes de felicitar todas as mentes e todos os corações.
Com essa conduta, geram conflitos de opiniões, sustentam polêmicas vazias de conteúdos
elevados, desconfiam das informações recebidas, mantendo-se propositalmente distantes da
iluminação íntima.
Freqüentam, vez que outra, alguma instituição espírita, mas não se fixam em lugar algum,
transitando com leviandade em torno dos médiuns e não do Espiritismo, entretecendo
considerações a respeito do que desconhecem, como se houvessem aprofundado reflexões.
Gostariam que o Espiritismo tivesse um lado místico, maravilhoso, sobrenatural, para os
atender, limando suas arestas morais, facilitando os seus empreendimentos, auxiliando suas
ambições...
O mágico fascina-os, desde que lhes premie com futilidades e enganos, formando grupos
de insensatos que sempre buscam novidades.
O Espiritismo, porém, é uma ciência que estuda a origem, a natureza, o destino dos
espíritos e as relações que existem entre o mundo corporal e o mundo espiritual, conforme o
definiu Allan Kardec, e não uma chã ocorrência, sem estruturas de segurança.
Observando os fenômenos, explica-lhes o mecanismo, a complexidade e apresenta a
finalidade básica de demonstrar a imortalidade da alma e a sua comunica- bilidade, do que
resultam efeitos morais e a grande filosofia que elucida os padrões seguros da justiça divina,
as razões dos sofrimentos humanos e a finalidade superior da própria existência na Terra.
Revivescendo os ensinamentos de Jesus, convoca os seus adeptos ao estudo e ao
aprimoramento moral, de forma que se lhes operem transformações contínuas no processo
de ascensão espiritual, de maneira a liber- tar-se das paixões grosseiras para alcançar a faixa
da intuição onde se operam as comunicações transcendentes da vida.
Chegou à Terra no momento próprio, quando a amplitude do conhecimento pode explicar
os fenômenos que realiza e que, ao tempo de Jesus, não poderiam ser compreendidos.
Graças às ciências contemporâneas, os seus fundamentos têm sido confirmados de modo
a sustentarem as propostas filosóficas otimistas e clarificadoras de todos os enigmas que
envolvem o ser humano e sua existência, constituindo-se um manancial de consolo e de
esperança.
*
Não apliques o teu tempo precioso com esses transeuntes dos fenômenos mediúnicos que
não firmam propósitos de auto-aprimoramento, de iluminação interior, de esforços em favor
da renovação moral.
Encaminha-os ao estudo sério da doutrina e orienta-os ao esforço pessoal em favor de si
mesmos, libertando-te das suas armadilhas e libertando-os da dependência emocional da tua
pessoa.
Não interessados pela vinculação com o pensamento doutrinário, podem tornar-se
parasitas espirituais, exaurindo-te as energias que poderão ser aplicadas de maneira melhor
em favor dos objetivos relevantes da tua caminhada espiritual.
Há muito solo humano a ser cultivado, que se encontra aguardando carinho e adubo
adequado para que nele seja semeado o conhecimento espírita que te cumpre realizar.
Funções do sofrimento
Com propriedade afirmou Buda, numa das suas quatro nobres verdades, que tudo no
mundo é sofrimento, em face da transitoriedade da organização material ante a incomparável
imortalidade do espírito.
Para compreender-se o sofrimento e as funções que opera no ser, é necessário
remontar-se-lhe às causas, conforme acentua o nobre codificador do Espiritismo, Allan
Kardec, esclarecendo que, não sendo atuais, certamente são anteriores, apoiando-se na
reencarnação.
É compreensível, portanto, sua informação, tendo- se em vista que o efeito procede
sempre de uma causa; se esta não é próxima encontra-se remota, mas sempre existente.
Assim, o sofrimento deflui das atitudes praticadas pelo ser no seu processo de
desenvolvimento ético-moral no rumo do infinito. Às ações infelizes, desorientadas ou
malsucedidas, sucedem as conseqüências compatíveis com o grau de responsabilidade e de
conhecimento espiritual do seu autor, sendo, portanto, simples ou graves, de modo que lhe
enseje a indispensável reparação.
Existe, naturalmente, o sofrimento que decorre do desgaste da organização celular que,
para viver, consome energia, no que resultam processos afligentes e dolorosos, tanto do ponto
de vista físico, como emocional e mental.
A atitude, porém, de cada qual diante da ocorrência, é que responde pela ampliação do
sofrimento ou a sua atenuação.
Conforme o estado interior e a visão em torno dos objetivos da vida que caracterizam o ser
humano, o sofrimento apresenta-se com função específica e definidora.
No que se refere ao processo natural de consump- ção pelas transformações moleculares
que ocorrem, o espírito deve encarar a ocorrência com tranqüilidade, sem maiores
preocupações, por tratar-se de fenômeno biológico normal. No entanto, quando o mesmo
apre- senta-se caracterizado por processos degenerativos, por agressões violentas aos
diferentes órgãos, infecções e processos tumorosos de natureza maligna, são conseqüências
dos atentados impostos a si mesmo ou a outrem na atual ou em existências passadas, quando
houve desrespeito pelo patrimônio concedido pela vida para o desenvolvimento espiritual.
Modelador do caráter e da personalidade sob imposição rigorosa das leis da vida, o
sofrimento instala- se como necessidade para o despertamento do espírito para a sua
realidade, que não pode ficar detida na ilusão material, na intérmina busca do prazer e do
gozo, sem responsabilidade nem compromisso elevado com a existência.
Ao invés de um castigo infligido pela Divindade, trata-se de um recurso terapêutico valioso de
corrigenda dos hábitos doentios e recomposição dos sentimentos, tendo em vista a
sublimação das tendências atávicas do pretérito e as atrações superiores em relação ao futuro.
Cada espírito escreve a trajetória que deverá percorrer mediante os pensamentos, as
palavras e as ações que se permite durante cada experiência carnal. Transferindo de uma para
outra as conquistas e os prejuízos, capacita-se para desenvolver o seu deus interno através
dos esforços de auto-iluminação e de santificação.
*

Estranhamente, alguns discípulos do Evangelho restaurado pelo Espiritismo


permanecem na teimosa postura de terem solucionados os seus problemas pelos Guias
espirituais, para eles transferindo as cargas da leviandade e da invigilância que se permitem.
Insistem em acreditar-se frágeis para o sofrimento, teimando em não compreender a sua
função libertadora e surpreendendo-se por experimentá-lo.
Quando são alcançados pelos seus benéficos recursos, reclamam e dizem-se frustrados,
porque esperavam um regime especial que lhes fosse oferecido, como se a Divindade
protegesse aqueles que crêem no Seu amor em detrimento daqueloutros que, também Seus
filhos, não se permitem a crença libertadora...
Interrogam por que razão as suas ambições não são atendidas, os seus sonhos
injustificáveis não se realizam, as suas enfermidades prosseguem, os dissabores os alcançam,
demonstrando total desconhecimento da doutrina das reencarnações e dos postulados que
deveriam abraçar durante a filiação ao Espiritismo.
Recorrem aos médiuns como se esses possuíssem os elixires de longa vida e as soluções
miraculosas para ser-lhes dispensados, enquanto que as demais pessoas devam carregar as
suas cruzes, mesmo sem o apoio de uma fé religiosa racional e iluminativa.
Entregam-se ao pessimismo, invariavelmente, envolvendo-se em ondas contínuas de
pensamentos tóxicos, depressivos e perturbadores, abrindo campos mentais para a instalação
de parasitoses espirituais obsessivas, de que se queixarão mais tarde, como crianças
desarvoradas...
Lamentam não encontrar o apoio fraternal, o que significa cireneus que lhes tomem os
problemas e os conduzam, enquanto eles permaneçam nas atitudes infantis da preguiça e
ignorância em torno dos processos de evolução da vida.
Uma das funções do sofrimento é demonstrar que todos são iguais, e, por isso mesmo,
experimentam idênticos tipos de padecimentos, na pobreza ou no excesso, na penúria ou na
abastança, na juventude ou na velhice, na infância ou na idade adulta, portadores de beleza
ou feiúra, famosos ou ignorados... Os que dispõem de recursos financeiros podem atenuar as
dores através dos recursos médicos sofisticados, mas nem por isso deixam de experimentar as
mesmas amarguras que sofrem aqueles que vivem nos barracos da miséria ou no abandono
das ruas... A única diferença é externa, mas, interiormente, os processos redentores são
iguais.
As pessoas mais poderosas do mundo, que se dizem responsáveis pelos destinos de
multidões, de povos, que os levam à paz ou à guerra, não estão isentas do sofrimento que as
constringe e submete ao seu impositivo, porque diante de Deus não há diferenças
significativas,
senão aquelas de natureza moral e espiritual, em verdadeiras hierarquias conquistadas
anteriormente. Mas essa conquista, não se tenham dúvidas, ocorreu através da dor que as
projetou aos patamares mais elevados em que transitam.
O conhecimento do Espiritismo e das suas propostas de amor faculta o equilíbrio
necessário para os enfrentamentos da evolução, como se apresentem no transcurso da
existência.
Oferecendo coragem e bom ânimo, demonstra que tudo obedece à planificação divina e
que não cai uma folha da árvore que não seja pela vontade de Deus, conforme asseverou
Jesus.
Utilizar-se do recurso valioso do sofrimento para lapidar as arestas morais, modificando a
conduta para melhor e trabalhando os metais dos sentimentos para servir e conquistar o
infinito das emoções, constitui o desafio que todos devem conquistar.
*

A fim de exemplificar que não existem exceções nas planificações divinas, Jesus, que não
tinha quaisquer dívidas perante a Consciência Cósmica, veio amar e experimentar a
ingratidão humana, submetendo-se ao holocausto com paciência, misericórdia e amor
inexcedíveis.
A Sua é a lição de que se ao ramo verde foi feito aquilo, que não se fará ao ramo seco?
Enriquecendo-te de compreensão e de lógica em relação ao sofrimento, permite que ele te
conduza pelo estreito caminho da renovação espiritual, submetendo- te aos seus impositivos
de que resultarão a tua paz e a tua plenitude.
Joanna de Ângelis, que realiza uma experiência educativa e evangélica de altíssimo valor, tem sido colaboradora

de Jesus nas suas diversas reencarnações: a última ocorrida em Salvador (1761-1822), como Sóror Joana

Angélica de Jesus, tornando-se Mártir da Independência do Brasil. Na penúltima, vivida no México (1651-1695),

como Sóror Juana Inés de la Cruz, foi a maior poetisa da língua hispânica. Certamente, vivera na época de São

Francisco (século XIII), conforme se apresentou a Divaldo Franco, em Assis. Também vivera no século I, como

Joana de Cusa, piedosa mulher citada no Evangelho, que foi queimada viva ao lado do filho e de cristãos outros,

no Coliseu de Roma.

Através da psicografia de Divaldo Franco, Joanna de Ângelis é autora de cinqüenta e oito Obras que deram

origem a outras seis adaptadas por diversos autores. Cinqüenta e sete destas Obras foram traduzidas para dez

idiomas e cinco transcritas em Braille. Além dessas Obras, já escreveu milhares de belíssimas mensagens.

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