Bioclimato 2017

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1 INTRODUÇÃO A BIOCLIMATOLOGIA

O que é BIOCLIMATOLOGIA?!
É uma ciência que visa vincular o clima e seus elementos físicos com o
bem estar animal para oferecer condições ambientes capazes de permitir a
expressão plena do genótipo e obtenção de conforto.
O meio ambiente é um dos grandes responsáveis pela produtividade
animal, pois, aliado à herança genética (genótipo), expressa no fenótipo
(característica externa) do indivíduo seu potencial genético de produção.
GENÓTIPO + AMBIENTE = FENÓTIPO

2 FATORES AMBIENTAIS QUE INFLUENCIAM NO BEM-ESTAR


ANIMAL
O animal doméstico, como todo ser vivo, vive em um ambiente
constituído pelo conjunto de condições exteriores naturais e artificiais que,
sobre ele, exerce a sua atuação.
O clima, como “a sucessão habitual das condições do tempo na região”,
é o mais importante dos fatores que atuam sobre os animais: que pode ser
diretamente ou indiretamente:
 a influência direta acontece através da temperatura do ar,
da radiação solar e da umidade, por sua relação com o calor
atmosférico. Os componentes climáticos condicionam as funções do
corpo para manter a temperatura normal;

 a influência indireta acontece através da qualidade e


quantidade de vegetais indispensáveis à criação animal e do
favorecimento de doenças;

2.1 Variáveis ambientais climáticas (diretas)


São aquelas consequências da ação dos elementos climáticos.
 Radiação - ↑ raios solares ↑temperatura e ↑ luminosidade.
 Temperatura - A mais importante, sua ação incide de
maneira considerável nos mamíferos e aves.

 Luminosidade - Fotoperíodo Reprodutivo + Crescimento


Vegetativo.

 Chuva e Umidade – ↑ Chuvas ↑ Umidade.

 Vento –↑ a perda de calor e ↑ disseminação de agentes


causadores de doenças.

2.2 Variáveis ambientais indiretas


Apresentam conseqüências consideráveis nas criações de animais, mas
o clima afetas sobre elas:
 Fertilidade do solo – Disponibilidade de nutrientes e agua
para desenvolvimento de plantas;

 pH do solo – Produção ideal próximo à neutralidade (6,0 a


6,5);
 Endoparasitas e Ectoparasitas – ↑ Climas tropicais, ↑
Épocas de maiores temperaturas e umidades (Chuvas-
Primavera/Verão),

2.3 Variaveis artificiais


São de responsabilidade direta do homem e de conseqüência mais
acentuada nas criações do tipo intensivo.
 Instalações – construções destinadas ao abrigo dos
animais devem ser construídas de maneira a atenuar os efeitos
ambientais;

 Alimentação – alimentos de maior palatabilidade e


digestibilidade são os mais recomendados.

 Saúde e trato – grande parte das doenças que acometem


os animais são controláveis pelo homem, através do ambiente de
criação e condições adequados.

3 TEMPERATURA

Na Bioclimatologia aplicada a Zootecnia a temperatura é o elemento


climático de maior influência, e veremos detalhadamente.
A temperatura de um organismo é um dos principais fatores que afetam
sua função. Por isso, os animais utilizam várias estratégias para regular a
temperatura de seus tecidos. Caso a temperatura corpórea baixe muito, os
processos metabólicos ficam tão lentos e a função corpórea para. Por outro
lado, um aumento na temperatura além do valor normal, em torno de 38 a 45
ºC, pode desnaturar proteínas e também ser fatal.
Dependo da estratégia para regular a Temperatura, os animais são
classificados como Pecilotermos e Homeotermos
Os pecilotermos (peixes em geral, anfíbios, répteis), também são
conhecidos como animais de sangue frio, porque a sua temperatura corporal
varia com a do ambiente.
Os homeotermos (Mamíferos e Aves) são animais que conseguem
manter a temperatura do corpo constante, mesmo que ocorram alterações da
temperatura ambiente. Os homeotermos precisam consumir grande quantidade
de energia para manter a temperatura do corpo, por isso procuram quase que
constantemente por alimentos.

No estudo dos animais zootécnicos, a maioria das espécies são


mamíferos e aves, portanto vamos enfocar na manutenção da temperatura
corpórea normal nos homeotermos.
A temperatura corpórea depende do equilíbrio entre consumo e
produção de calor
A temperatura corporal dos animais é equilibrada entre a quantidade de
calor produzida e absorvida e a quantidade de calor perdida para o meio.
Portanto:

 Se a temperatura corporal estiver mais elevada que a


temperatura ambiente: animal sente CALOR
 Se a temperatura corporal estiver mais baixa que a
temperatura ambiente: animal sente FRIO
 Se a temperatura corporal estiver em equilíbrio com a
temperatura ambiente: animal em CONFORTO TÉRMICO

 ZONA DE CONFORTO TÉRMICO : É uma faixa de temperatura


ambiente em que o animal não precisam produzir ou perder
temperatura corporal, e seu metabolismo é mínimo. Essa zona de
temperatura é onde os animais estão em conforto térmico, ou seja
sem grandes gastos de energia para manter a temperatura corporal

 Homeotermia: temperatura corporal dentro de certos limites


relativamente estreitos, mesmo que a temperatura ambiente flutue e que
sua atividade varie intensamente.
 Hipertermia: Temperatura corporal superior daquela considerada
normal.
 Hipotermia: Temperatura corporal abaixo daquela considerada normal
para a espécie.
 Homeostasia = Manutenção do equilíbrio físico e químico nos
animais

Figura 8. Esquema de variação da temperatura e a zona de conforto


térmico.

PRODUÇÃO E PERDA DE CALOR PELO ORGANISMO


Termogênese = produção de calor.
A TEMPERATURA do corpo pode vir:
 do METABOLISMO (funcionamento do corpo)

 por ESFORÇO FÍSICO (atividade física na contração


muscular e por tremores da derme pela musculatura lisa)

 de FONTES EXTERNAS (quando a temperatura ambiente


é maior que a temperatura corporal ocorre ganhos por irradiação,
condução e convecção

Termólise = perda de calor.

Os animais perdem calor de diferentes formas:


 por RADIAÇÃO: Perda de calor corporal para o meio.

 por CONVECÇÃO: Contato da água/ar na superfície que é


aquecida pelo corpo (ventiladores e nebulizadores)

 por EVAPORAÇÃO: pela secreção respiratórias, suor e


saliva convertidos em vapor de água.

 por CONDUÇÃO: Superfície do abjeto qualquer mais fria


que a corporal (deitado sobre uma superfície mais fria)
Mecanismos de controle térmico dos animais para manter a
homeotermia:
 Comportamentais: Comportamento voluntario visando o conforto
térmico. Ex. aproximar-se ou afastar-se dos demais, procurar sombra..
 Autônomos ou fisiológicos: O organismo utiliza mudanças
involuntária para controle da temperatura corpórea.) Ex: piloereção,
vasodilatação, vasoconstrição,
 Adaptativos: Seleção que ocorre ao longo dos anos e os mais
adaptados se reproduzem mais. Ex: pelagem (cor e espessura), barbela.

Mecanismo de defesa contra o calor:


Mecanismo de defesa contra o frio
MECANISMOS DE ADAPTAÇÃO

A SUPERFÍCIE CUTÂNEA, constituída pela epiderme e seus anexos (pêlos,


lã, glândulas sudoríparas e glândulas sebáceas nos mamíferos; penas e
penugem nas aves), representa a mais extensa linha de contato entre o
organismo e o ambiente.
Os seguintes aspectos estão envolvidos sobre o tipo de pelame e adaptação:
1. Isolamento térmico: efeito do pelame na termólise por perda de calor
sensível (condução, convecção e radiação);
2. Eficiência da termólise evaporativa: efeito do pelame sobre a transferência
de calor latente de evaporação da epiderme para a atmosfera;
3. Atributos termorreguladores correlacionados: características do pelame que
são associados a mecanismos termorreguladores (Ex: dimensões e nível de
atividade das glândulas sudoríparas).
Em relação aos pêlos dos animais, as propriedades que irão influenciar
as trocas térmicas são: o comprimento, espessura da capa, ângulo de
inclinação, diâmetro, densidade de massa, densidade numérica e pigmentação.
A deposição de gordura subcutânea é uma ótima forma de aclimatação
dos animais, pois permite isolamento do centro do corpo com o ambiente,
sendo bastante impostante em climas frios. A gordura é um ótimo isolante
térmico.

ADAPTAÇÃO DOS BOVINOS:


A energia térmica presente no organismo de um animal homeotérmico,
como o bovino, é sua maior parte gerada pelos processos metabólicos, e o
resto é procedente do meio ambiente, por meio da radiação.
As características morfológicas e a cor do pelame em bovinos são
fatores importantes que afetam diretamente as trocas térmicas de calor
sensível (convecção cutânea e radiação) e as perdas de calor latente
(evaporação cutânea).
Em geral é aceito que o pelame escuro apresenta maior absorção e
menor reflexão da radiação térmica, resultando em maior estresse térmico para
os animais.
Entretanto, os pelames claros apresentam maior penetração da
radiação solar que os escuros.
A quantidade de radiação transmitida através da capa de pelame
depende não somente da cor, mas em alto grau de sua estrutura física,
principalmente do número de pêlos por unidade de área. Bovinos com
pelames mais espessos e densos apresentam maior dificuldade para eliminar
calor latente via evaporação cutânea, sendo mais adaptados ao clima frio.
A epiderme pigmentada, apesar de oferecer uma proteção contra a
radiação ultravioleta, absorve maior quantidade de radiação térmica. Então,
sobre essa epiderme, os pêlos devem ser mais curtos, grossos e menos
numerosos para oferecer menor resistência a termólise por convecção e
evaporação cutânea.
Entretanto, em epiderme despigmentada, a densidade de pêlos e seu
comprimento devem ser maior, para servir de barreira à penetração dos raios
solares até a epiderme.
Segundo Silva (1999), o bovino mais adaptado para ser criado a campo
aberto em regiões tropicais deve apresentar um pelame (conjunto de pêlos) de
cor clara com pêlos curtos, grossos, medulados e bem assentados sobre a
epiderme bem pigmentada. Estas características físicas do pelame favorecem
a convecção e a evaporação cutânea, ao passo que altos níveis de melanina
na epiderme protegem contra a radiação.
Em resumo, o ideal seria um pelame com alto índice de reflectância à
radiação e uma epiderme de elevada emissividade, o que implica em alto nível
de atividade melanogênica. Em relação aos pêlos, esses podem sofrer
mudanças em decorrência da aclimatação dos animais a condições ambientais
como temperatura e fotoperíodo.
Bovinos, quando submetidos a altas temperaturas apresentaram pêlos
menores e com maior espessura, comparativamente aos animais mantidos em
temperaturas mais baixas.
Raças de bovinos diferem entre si na perda de calor evaporativo através
das glândulas sudoríparas. As glândulas de animais de origem européia
tendem a apresentar estrutura de diâmetro menor e com aparência enovelada,
ao passo que os zebuínos apresentam glândulas saculiformes de maior
diâmetro. Porém, bovinos europeus criados em zonas de clima tropical tendem
a apresentar glândulas com características similares às dos zebuínos.
Os zebuínos apresentam metabolismo mais baixo do que os
apresentados pelos das raças européias. Assim, numa situação de estresse
calórico, os zebuínos podem sustentar seus níveis metabólicos sem queda no
consumo de O2, até temperaturas mais elevadas que os europeus.
A resistência aos carrapatos, ectoparasitas típicos de clima tropical,
está ligado as características do pelame dos animais. Os animais mais
adaptados são aqueles cujo aspecto dos pelos são curtos, lisos, grossos e
assentados. Também, pelame que apresenta maior espessura promove um
microclima adequado para o desenvolvimento dos carrapatos. Em relação a
cor, animais de pelo claro são menos susceptíveis ao carrapato por serem
menos susceptível ao estresse térmico, que provoca a baixa da resistência por
liberação dos hormônios adrenocorticotróficos.

ADAPTAÇÃO DAS AVES

O melhoramento genético, selecionando aves mais adaptadas ao calor,


é uma solução com custo mais baixo do que a mudança do ambiente
(climatização das instalações).
Como as avós, que irão gerar o rebanho de frangos de corte/postura no
Brasil de um ciclo de produção são melhoradas em países de clima temperado
(Canadá, França, Inglaterra, EUA, Holanda, Alemanha), não são selecionadas
ao clima tropical brasileiro. Os programas de melhoramento devem ser
praticados para melhorar a adaptabilidade ao estresse ambiental, selecionando
os fenótipos mais produtivos no ambiente mais próximo, como no caso do
Brasil, o tropical, ao qual os animais irão ser criados. Nas aves, existem
diferenças entre raças e até mesmo entre linhagens dentro de raças á
adaptação ao calor.
O estresse calórico afeta negativamente as aves, porque suas
plumagens dificultam a dissipação do calor interno. Então, durante o estresse
calórico, a ave aumenta o fluxo sangüíneo para os tecidos periféricos não
cobertos de penas (pés, cristas e barbelas) fazendo com que haja uma troca de
calor sensível para o meio ambiente. Também, tendem a arrepiar as penas em
toda a superfície corporal, na tentativa de incrementar a condutividade térmica
da plumagem.
Quando as penas estão arrepiadas, ocorre uma substancial termólise
por convecção. Nas aves, a perda de calor por evaporação respiratória
possui papel preponderante e aumenta ainda mais sua importância com a
elevação da temperatura ambiente, fazendo com que a ave aumente a sua
frequência respiratória. Esse processo fisiológico de aclimatação, entretanto,
pode resultar, quando o aumento e o tempo em que as altas temperaturas são
grandes, em alcalose sanguínea, que pode resultar na morte do animal. Nas
aves, existem vários genes associados à resistência ao estresse térmico.
Alguns como o gene do pescoço pelado (Naked Nack) afetam diretamente esta
característica, pela redução da cobertura de penas no corpo da ave, enquanto
outros, como o gene da crista ervilha (Peacomb) melhoram a habilidade da ave
de dissipar calor de maneira indireta.

INSTALAÇEOS E EQUIPAMENTOS

Agora devemos aproveitar esses conhecimentos sobre a perda e o


ganho de temperatura, ou calor, para tentar manter o ambiente o mais
agradável possível para os animais, para que eles possam transformar todo o
alimento consumido em ganho de peso, ou produção.
Exemplo 1. Aproveitamento dos ventos naturais para a ventilação.

Figura 9 . Disposição dos galpões para aproveitar o vento

Exemplo 2. Uso de lanternim para melhorar a ventilação.

Figura 10. O lanternim.


Figura 11. Efeito do lanternim sobre a ventilação dentro do galpão.

Exemplo 3. Orientação do galpão e uso de vegetação para


minimizar os efeitos do sol.

Vídeos sobre bioclimatologia:


Termorregulação: https://www.youtube.com/watch?v=Lk-ytzhNfow

Formem 6 grupos:
Trabalho: Cada represente do grupo deve me procurar para fazer o sorteio dos
temas.
Leia o livro nas paginas indicadas e assistam os respectivos vídeos e depois
anotem as seguintes informações:
Temperatura retal fisiológica na especie animal de seu grupo.
Temperatura ambiental de zona de conforto na especie
Estresse térmico e mecanismos utilizados contra o frio e calor na
especie
Adaptações de cada espécie para clima temperado e tropical :

Grupo 1: Aves: https://www.youtube.com/watch?v=bwVM-Kp2lWo


Pg: 35 -39 e Pg: 62 -63:
Grupo 2: Bovinos: https://www.youtube.com/watch?v=YQk6t2UPUec
https://www.youtube.com/watch?v=GGQi7rAU8ws&list=PLdmLvnyiXPzA
S8B13rU9FKK3WURznzLxY
https://www.youtube.com/watch?v=5fDVkRsc-Xg
Pg: 40-44 e Pg: 64-64:
Grupo 3: Suínos: https://www.youtube.com/watch?v=9d-nyA2ksqw
Pg: 44-46 e Pg: 65-66.
Grupo 4: Aves: https://www.youtube.com/watch?v=bwVM-Kp2lWo
Pg: 35 -39 e Pg: 62 -63:
Grupo 5. Bovinos: : https://www.youtube.com/watch?v=YQk6t2UPUec
https://www.youtube.com/watch?v=GGQi7rAU8ws&list=PLdmLvnyiXPzA
S8B13rU9FKK3WURznzLxY
https://www.youtube.com/watch?v=5fDVkRsc-Xg
Pg: 40-44 e Pg: 64-64:
Grupo 6: Suínos: https://www.youtube.com/watch?v=9d-nyA2ksqw
Pg: 44-46 e Pg: 65-66.

Ovinos: 46-47
Ovinos: 65-66

Após anotar as informações teste seu conhecimento (não precisa


entregar, mas se pergunte e anote no seu caderno)
O que é termorregulação??
Como podem ser feito as trocas térmicas?
Qual a inter-relação entre estresse térmico, ingestão de alimento e
produção?
O que é adaptação climática.
Cite algumas (4) modificações adaptativas para o calor de bovinos, aves
e suínos para o frio.
.
Procure o significado dos seguintes termos:
Polipneia:
Vasodilatação periférica:
Vasoconstrição periférica:
Taquicardia:
Bradicardia
Piloereção:
Homeotermia
Conforto térmico:
Sudorose
Condução
Convecção
Radiação
Evaporação
Homeostasia
Melanócitos

Vídeos complementares:

https://www.youtube.com/watch?v=Lk-ytzhNfow

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