TN Sto 259 487 35948
TN Sto 259 487 35948
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1. Introdução
O processo de soldagem por pontos, ou simplesmente Resistance Spot Welding (RSW) é uma
técnica de junção de estruturas amplamente utilizada no setor automobilístico (GOMES et al.
2017), se destacando entre os processos de soldagem por apresentar características que
favorecem a indústria com operação ágil, facilmente adequada para processos automáticos,
manuseio simples, aplicações diversas e baixo custo (ZHANG et al., 2016; PEREIRA et al.,
2010). Dada sua ampla aplicabilidade e importância na indústria, novas metodologias para
ajuste de parâmetros são aplicadas para aperfeiçoar o RSW, favorecendo ao controle e
capabilidade do processo (MARQUES et al., 2009).
Dentre os métodos utilizados para verificar o ponto soldado, tem-se o teste de cisalhamento,
no qual se caracteriza pela aplicação de forças opostas provocando estresse em um
movimento deslizante para uma determinada amostra. Este tipo de teste permite avaliar a
qualidade do ponto soldado sendo amplamente utilizado, como em trabalhos de: Feng et al.
(2016), Zhang et al. (2015), Martín et al. (2017), Shan et al. (2017), Chen et al. (2017),
Manladan et al. (2017).
Normalmente as medições não são realizadas durante o processo, como em testes destrutivos
no setor automotivo. Neste caso, faz-se uso de métodos quantitativos para verificar a
qualidade do processo, onde, segundo Majeske (2008), deve-se validar o dispositivo de
medição antes das coletas dos dados.
Por outro lado, em metodologias de qualidade, como o Six Sigma, antes de analisar o
processo, é verificado se o sistema de medição (SM) é capacitado (Peruchi et al., 2013). Uma
das técnicas utilizada para avaliar os componentes de variação do SM, de acordo com Peruchi
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Fonte: Autores
Sob o mesmo ponto de vista, dentre os métodos aplicados junto ao GR&R, o ANOVA é
amplamente utilizado, como em trabalhos de Shi et al. (2014), Deshpande et al. (2014), Zhu
et al. (2014), García e del Río (2013), Kaija et al. (2010), Lyu e Chen (2008), Woodall e
Borror (2008), Johnson et al. (2006). Entretanto, existem poucas aplicações direcionadas ao
processo RSW, mostrando as potenciais contribuições deste trabalho.
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Este artigo é organizado como segue: uma breve revisão bibliográfica sobre o processo RSW
e GR&R. Na sequência, a seção 3 descreve os materiais e métodos empregados na elaboração
do trabalho. Resultados experimentais e estatísticos são exibidos na seção 4. Por fim, a seção
5 trata das conclusões pertinentes e relevantes do assunto.
2. Fundamentação teórica
2.1. O processo de soldagem por pontos
Caracterizada por ser utilizada em grande escala na manufatura, o processo de soldagem a
ponto se dá pela junção de duas peças de metal através da fusão do metal, sobrepostas por
dois eletrodos que geram uma força e calor suficiente no ponto de solda, perante a passagem
de uma corrente elétrica (Zhang & Senkara, 2006).
The ciclo de soldagem do RSW apresenta uma série de etapas, que seguem a seguinte
sequência: fase 1, os eletrodos interceptam as peças a serem soldadas fornecendo uma
determinada força (F) sobre as mesmas garantindo um bom assentamento; fase 2, ainda sob
pressão, a corrente elétrica (Iw) passa pelo sistema iniciando a formação do ponto de solda;
fase 3, após o ponto ser formado, a corrente elétrica é interrompida, mas mantem-se a pressão
mecânica dos eletrodos sobre as peças até que o ponto se solidifique; fase 4, a força F
exercida se cessa; por fim, fase 5, onde os eletrodos deixam de interceptar as peças. A
sequência do processo de soldagem pode ser verificada na Figura 2.
Figura 2 – O ciclo de soldagem por pontos exibindo as cinco principais fases do processo
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O processo pode ser dividido em uma determinada quantidade de categorias e pode ser
representada a partir de uma estatística de variabilidade do SM chamada de número de
categorias distintas (ndc) (AIAG, 2010; MAJESKE, 2008; WOODALL & BORROR, 2008).
É importante mencionar que o número de categorias distintas deve ser maior ou igual a 5.
Em estudos GR&R onde se avalia uma única característica da qualidade, analisa-se uma única
variável de resposta a fim de verificar a mesma diante a capabilidade do sistema de medição.
Diante aos métodos usualmente utilizados, tem-se abordagens univariadas como o método de
Análise de Variância (ANOVA) e o de Média e Amplitude (M&A). O método ANOVA se
destaca, perante o M&A, pois estima com maior precisão as variâncias, além de proporcionar
um maior número de informações, uma vez que fornece dados de interação entre operador e
peça (AIAG, 2010).
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O nested design para o estudo de R&R (NGR&R) se faz necessário quando nenhum operador
pode medir todas as peças, caracterizado em testes destrutivos, como o teste de cisalhamento.
Este tipo de desing não apresenta termo de interação entre os fatores e os componentes de
variância para o modelo são descritos na Equação (1).
i 1, 2, ..., p
Y N j ) i j ijk j 1, 2, ..., o (1)
k 1, 2, ..., r
Onde, μN é o valor médio para o nested design, βj ~N(0,σβ) é a variável aleatória e
independente para a varável operador, α(β)i(j) ~N(0,σα(β)) referente a variável aleatória e
independente para as peças aninhadas dentro dos operadores e εijk ~N(0,σε) é o termo de erro
estimado. Ainda nesta equação, p é o número de peças, o refere-se ao número de operadores e
r é referente ao número de réplicas. A tabela 2 apresenta os componentes de variação.
Fonte: Autores
Sendo MSP, MSO e MSE respectivamente, a média quadrática para a parte fatorial, média
quadrática para o fator operador e a média quadrática para o termo do erro.
Em pesquisas voltadas a análise do sistema de medição (MSA), tem-se o %R&R e ndc como
os dois principais indicadores comumente utilizados para mensurar e avaliar o SM (AIAG,
2010; WOODALL & BORROR, 2008):
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(2)
(3).
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Fonte: Autores
Fonte: Autores
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Níveis trabalhados
Parâmetros Unidade
-1 1
T pré-aquecimento Ciclos 5 11
I pré-aquecimento %kA 66 74
T soldagem Ciclos 7 17
I soldagem %kA 75 83
Fonte: Autores
Para realizar o estudo, foram realizadas 48 soldagens (divididos em 6 grupos replicados) para
teste de cisalhamento. Dois operadores (ou simplesmente, as máquinas de tração) foram
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considerados no estudo de GR&R: Uma EMIC® DL2000 (Figura 6a) com força axial de 30
kN (3.000 kgf) e um servomotor hidráulico Instron® modelo 8801 (Figura 6b) com força
axial de 100 kN (10.000 kgf). A Tabela 5 mostra as 48 medições com duas respostas de
qualidade (Critical-to-Quality – CTQ) para o estudo GR&R. Um exemplo das leituras das
máquinas está ilustrado na Figura 7, exibindo o resultado de carregamento vs extensão. Todas
as medições foram coletadas aleatoriamente.
Figura 6 – Equipamento usado no teste de cisalhamento: (a) EMIC® and (b) Instron®
(a) (b)
Fonte: Autores
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Instron® EMIC®
i k
SS (N) US (mm) SS (N) US (mm)
1 1 3737.14 0.3 3217.58 1.47
1 2 3139.77 0.22 2783.24 0.28
1 3 3105.44 0.2 3247.12 0.35
2 1 5030.16 1.14 4779.46 1.45
2 2 5458.82 1.21 5498.73 2.67
2 3 5450.11 1.31 5326.73 1.29
3 1 2100.57 0.09 2096.99 0.17
3 2 2098.47 0.09 1747.78 0.14
3 3 2720.33 0.14 1848.55 0.15
4 1 2539.37 0.11 1228.31 0.09
4 2 2379.7 0.11 2199.49 0.22
4 3 2864.78 0.14 1388.15 0.15
5 1 5580.03 1.35 4484.11 1.16
5 2 4275.08 0.81 4395.51 1.6
5 3 4364.2 0.91 4482.38 1.15
6 1 4329.65 0.9 2413.19 0.22
6 2 3067.3 0.15 2593.87 0.27
6 3 2813.81 0.13 2011.86 0.14
7 1 4983.9 1.16 5385.8 1.97
7 2 4931.34 1.13 5378.85 6.63
7 3 5145.93 1.15 4935.82 1.31
8 1 5838.03 1.37 4656.11 1.2
8 2 4692.68 0.95 4607.46 1.22
8 3 4453.84 0.82 4711.71 1.2
Fonte: Autores
4. Resultados e discussão
A partir dos dados coletados no teste de cisalhamento, tem-se duas características de
qualidade no qual serão analisadas separadamente, sendo elas a Resistência ao Cisalhamento
(SS – Tensile-shear Strength) (SS) e Deformação na Força máxima de ruptura (US – Ultimate
Strain).
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das peças serem iguais, porém não é possível rejeitar a hipótese nula dos operadores
replicarem uma mesma medição para uma mesma peça, apresentando p-value igual a 0.561 e
0.000, respectivamente.
A partir das Equações (2) e (3) é possível mensurar as raízes quadradas das variâncias e os
indicadores %R&R e ndc para a resposta SS. Perante os resultados da Tabela 7, tem-se que o
%R&R apresentou valor de 29.91%, sendo considerada marginal, perante as condições
estabelecidas na Tabela 1. O número de categorias distintas identificadas pelo sistema
classifica-se como inaceitável, com valor menor que 5.
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Figura 8 - Resultado de medições para a característica SS, evidenciando a dispersão dos resultados medidos
Fonte: Autores
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Na sequência dos resultados obtidos, a Figura 9 ilustra o desempenho das duas Máquinas
(operadores) utilizando cartas de controle R para a característica US. Neste gráfico é possível
verificar a amplitude das medições, onde a Máquina 2 apresenta um ponto fora de controle
para a peça 7, podendo inferir que não houve uma repetitividade considerável para medição
desta peça na EMIC®. Na Figura 10 tem-se o resultado de médias para US, onde é possível
uma melhor visualização da dispersão destas medições.
Figura 9 - Desempenho das duas Máquinas (operadores) utilizando cartas de controle R para a característica US
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Figura 10 - Resultado de medições para a característica US, evidenciando a dispersão dos resultados medidos
Fonte: Autores
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Figura 11 - Gage Run Chart para (a) a resistência ao cisalhamento e (b) a deformação máxima
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Fonte: Autores
5. Conclusão
O processo de soldagem a ponto por resistência elétrica é um método promissor para junção
de estruturas finas, apresentando aplicabilidade em diversos setores industriais e,
consequentemente, sendo constantemente aperfeiçoado para garantir um produto com
qualidade e confiabilidade. Com intuito de verificar a variabilidade atribuída do instrumento
de medição para o processo de soldagem a ponto por resistência elétrica, este artigo tem como
objetivo realizar um MSA para o teste de cisalhamento utilizando diferentes máquinas de
tração para verificar o grau de confiabilidade dos resultados neste processo.
Para este estudo, foi possível verificar pelo teste de cisalhamento que a máquina EMIC® foi
responsável pela maior contribuição da variabilidade deste sistema, apresentando resultados
de medições fora do controle, além de um menor grau de repetitividade comparando-a com a
máquina Instron®. Deste modo, infere-se que a EMIC® não se apresentou totalmente
adequada, ocasionando em deslizes do corpo de prova durante os ensaios. Tal resultado
evidencia a necessidade de realizar ajustes e melhorias no acoplamento do corpo de prova que
apresentam revestimento (como o aço galvanizado, que apresenta uma camada de zinco), de
modo a evitar futuros deslizes e, assim, favorecer para a realização de leituras mais
confiáveis, não comprometendo diagnósticos futuros em ensaios realizados por este tipo de
equipamento.
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No tocante aos corpos de prova, verificou-se que a peça 7 apresentou maior variabilidade nas
medições, principalmente para EMIC® (que apresentou um ponto fora de controle para esta
peça), podendo indicar um erro de medição generalizado para esta peça.
6. Agradecimentos
Os autores gostariam de agradecer o suporte do CNPq, CAPES e FAPEMIG.
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