Grafos 2
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Resumo
Esse relato de experiência apresenta algumas atividades que compõem uma proposta de sequência didática para
o estudo da Teoria dos Grafos realizadas no ambiente virtual do software Geogebra, com um grupo de estudantes
do 2º ano do Ensino Médio de uma escola estadual do Vale do Rio dos Sinos no Rio Grande do Sul. A
abordagem elaborada na sequência didática teve como aporte teórico a teoria do desenvolvimento proximal e a
investigação adotou os procedimentos metodológicos da pesquisa qualitativa. A pesquisa apresenta a seguinte
problemática: Como à introdução do estudo da Teoria dos Grafos com o uso do Geogebra pode contribuir para o
ensino e aprendizagem de estudantes? E objetiva compreender essas ressonâncias no fazer docente. Constatou-se
que a introdução da Teoria dos Grafos por ser um conteúdo capaz de mobilizar diversos conhecimentos
construídos ao longo da Educação Básica, aliado ao uso do software do Geogebra como espaço de reflexão,
possibilitou uma experiência pedagógica mais dinâmica e atrativa na Educação Matemática.
Palavras-chave: Geogebra. Sequência Didática. Teoria dos Grafos.
1 Introdução
2 Pressupostos teóricos
3 Metodologia
1
Disponível em: https://www.geogebra.org/download, acessado em 20 fevereiro de 2020.
VIII Jornada Nacional de Educação Matemática e XXI Jornada Regional de Educação Matemática
Universidade de Passo Fundo – Passo Fundo, Rio Grande do Sul – 06 a 08 de maio de 2020
Agora, imagine uma cidade com três casas e três usinas que fornecem água, gás e
eletricidade. Deve-se estabelecer ligações de cada serviço com cada casa. As casas e usinas
2
Leonhard Paul Euler, nascido na Basileia (Suíça), viveu de 15/04/1707 a 18/09/1783, foi um grande
matemático e físico, fez no decorrer de sua carreira importantes descobertas, sendo considerado um dos
matemáticos mais proeminentes do século XVIII. Disponível em: http://www.coladaweb.com/biografias/euller,
acessado em 01 maio de 2019.
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Universidade de Passo Fundo – Passo Fundo, Rio Grande do Sul – 06 a 08 de maio de 2020
podem ser colocadas em qualquer lugar, mas fios, canos e linhas de gás jamais podem se
cruzar. É possível estabelecer essas ligações, sendo que fios, canos e linhas de gás devem
ficar no mesmo nível em relação à superfície? Construa no Geogebra um esquema geométrico
que represente essa situação, representada na Figura 2, e verifique se existe solução para esse
problema.
Em relação a essa atividade houve bastante discussão entre as duplas, e que a maioria
concluiu, de que não haveria solução possível para esse problema, conforme mostra a Figura
3, a seguir.
No entanto, uma das duplas discordou da solução encontrada pela maioria, trazendo a
seguinte solução para o problema, como mostra a Figura 4.
A divergência apresentada gerou uma longa discussão se a solução era possível ou não
– o que mostra que um problema não precisa ter solução para ser interessante –, de imediato,
tentaram encontrar no professor a resposta para essa pergunta. Porém foi solicitado que,
respeitando as limitações do problema, tentassem levar esse cenário para vida real.
Novamente, se seguiram minutos de alvoroço entre os estudantes, que se encerrou diante de
um argumento bem inusitado. Frente ao questionamento de uma das duplas de que seria muito
estranha a canalização de água passar por dentro da casa, a Dupla D, contra-argumentou que
isso é muito normal em edifícios, onde a canalização passa por todos os andares e, é
disfarçada com um acabamento em gesso. E que, além disso, o problema não dizia que a
ligação não podia ser compartilhada entre as casas.
Situação-problema 2.
Os esquemas geométricos que apareceram na situação-problema 1, expressam uma
representação visual dos dados através de um diagrama que estabelece um relacionamento
entre duas grandezas, a esta representação chama-se grafo. Assim grafo é um par
onde é um conjunto finito e é um conjunto de subconjuntos de dois elementos de . Os
elementos de são chamados de vértices ou nós e os de são as arestas ou arcos. Dado um
grafo , onde é o conjunto e é o conjunto
(b) ;
(c) .
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Nessa atividade observa-se que a dificuldade encontrada pelo grupo de estudantes para
realizar transposição da representação de conjunto para a versão geométrica do grafo apareceu
na utilização do Geogebra. As duplas, mesmo já conhecendo o software, não conseguiram
nomear no Geogebra os vértices usando algarismos, assim renomearam os vértices e as
arestas usando letras do alfabeto. Na Figura 6 a seguir tem-se a solução apresentada por uma
das duplas.
Situação-problema 3.
Um grafo, além da representação de conjunto e geométrica, também pode ser
representado na forma de uma matriz bidimensional , onde se a aresta
estiver presente em e zero caso contrário, como representado a seguir na Figura 7.
Situação-problema 4.
Muitas vezes, os grafos podem apresentar uma representação de conjunto semelhante,
mas diferentes representações geométricas. Nessas situações diz-se que há um isomorfismo de
grafos. Todavia, fazer a verificação desse isomorfismo pode, por vezes, ser bastante
trabalhosa, assim a representação matricial é um recurso valioso que pode simplificar em
muito essa análise. Observe, na Figura 9 que se segue, como grafos com diferentes
representações geométricas na realidade são o mesmo grafo quando representados na forma
matricial.
Nessa atividade, a intenção era que os estudantes usassem as matrizes para avaliar se
havia isomorfismo entre os grafos. No entanto, as duplas utilizaram-se como estratégia
reproduzir os grafos no Geogebra e manuseá-las até encontrar representações geométricas
aproximadas, para então analisar o isomorfismo entre os grafos e fazer a representação
matricial. As duplas levaram bastante tempo nessa resolução, mas apenas uma dupla concluiu
todos os itens solicitados, como pode ser visto na Figura 11, a seguir.
5 Considerações finais
traziam consigo. Fato esse que viabilizou que os estudantes aprendessem uns com os outros, e
que evidenciou que a tecnologia pode ser um meio de aproximação entre os estudantes e o
conteúdo que está sendo trabalhado. Portanto, percebe-se que o uso das tecnologias digitais
precisa superar a ideia, muitas vezes vinculada, de que são auxiliares externos para os
processos de ensino e aprendizagem. E, serem compreendidas como possibilidade de
constituição de espaço de ensino e aprendizagem. Para isso, o planejamento das aulas não
deve mais adaptar o recurso tecnológico ao conteúdo escolar, mas sim integrar essas duas
metades. E quiçá a partir daí se propor uma nova forma de ensinar e aprender. Para tanto, é
imprescindível que políticas públicas levem as tecnologias digitais para as escolas, sobretudo
para escola pública, para que os professores possam integrá-las a rotina das suas aulas. Por
fim, no cotidiano escolar por vezes o professor condiciona, devido aos mais diversos motivos,
seu planejamento ao desencadeamento proposto pelas políticas de centralização curricular das
redes de ensino ou ainda pelas editoras dos livros didáticos. Tal situação cerceia a
possibilidade de inovações no espaço de sala de aula. O que é condição indispensável para se
encontrar novos caminhos para o ensino e aprendizagem na Educação Matemática.
6 Referências
GRAVINA, Maria Alice; BASSO, Marcus Vinicius de Azevedo. Mídias digitais na Educação
Matemática. In: GRAVINA, Maria Alice [et al]. Matemática, mídias digitais e didática:
tripé para formação do professor de matemática. Porto Alegre: Evangraf, 2012.
TREVISAN, V [et al]. Novas abordagens e novos conteúdos no ensino da Matemática. In:
GRAVINA, Maria Alice [et al]. Matemática, mídias digitais e didática: tripé para formação
do professor de matemática. Porto Alegre: Evangraf, 2012.