Responsabilidade E Meio Ambiente: Análise Do Desastre Ambiental Ocorrido em 2008 No Morro Do Baú em Ilhota (SC)
Responsabilidade E Meio Ambiente: Análise Do Desastre Ambiental Ocorrido em 2008 No Morro Do Baú em Ilhota (SC)
Responsabilidade E Meio Ambiente: Análise Do Desastre Ambiental Ocorrido em 2008 No Morro Do Baú em Ilhota (SC)
Resumo: O presente artigo pretende contribuir para o entendimento sobre a responsabilidade civil objetiva
em matéria ambiental. A fim de orientar a pesquisa, será analisado o caso do desastre ocorrido em novembro
de 2008 na localidade do Morro do Baú, em Ilhota (SC). Assim, o objetivo deste estudo é identificar se o
estado, que não age preventivamente de forma a evitar dano ou desastre, pode solidarizar-se quanto à
responsabilidade civil pelos danos decorrentes de desastres. Para tanto, será estudado diferentes institutos
inerentes ao Direito Civil e Ambiental. Espera-se com este estudo, demonstrar que o ente público, com
respaldo na responsabilidade objetiva, sem culpa, pode responder solidariamente pelos danos ambientais
causados à comunidade.
Abstract: This Article aims to contribute to the understanding about the civil responsability objective in
environmental issues. In order to guide this research, will analyze the disaster case occurred in november
2008 in the locality of Morro do Baú in Ilhota(SC). Thus, the objective of this study is to identify if the state,
that does not act preventively in order to avoid damage or disaster, can be show solidarity on the civil
responsability by damage from disasters. To do so, it will be studied different institutes inherent to the Civil
*Este artigo é resultado das pesquisas desenvolvidas no âmbito do DINTER UNISINOS/FURB - Edital 002/2013,
com fomento da CAPES: Auxílio Financeiro a Projeto Educacional ou de Pesquisa AUXPE n. 0459/2015, processo:
23038.007781/2014-45.
**Doutorando pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS, Mestre em Engenharia Ambiental pela
Universidade de Blumenau – FURB, Mestrando em Ciência Jurídica pela Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI.
Especialista em Direito Ambiental pela Fundação Boiteux – UFSC. Professor da Universidade de Blumenau – FURB
e do SENAI/Blumenau/SC. E-mail: [email protected].
*** Graduado em Direito pela FURB. E-mail: [email protected].
Revista Jurídica – CCJ ISSN 1982-4858 v. 19, nº. 40, p. 61 - 78, set./dez. 2015 61
and Environmental Law. Is hoped that this study, demonstrate that the public entity, backed on the
responsibility objective, without guilt, can respond in solidarity by environmental damage to the community.
1 INTRODUÇÃO
Revista Jurídica – CCJ ISSN 1982-4858 v. 19, nº. 40, p. 61 - 78, set./dez. 2015 62
É inegável que a contraditória relação entre o relevo, o regime fluvial-pluviométrico
da região e a ocupação, transformaram a região em uma das economias mais dinâmica do Estado.
Este relato encontra suporte na doutrina especializada a exemplo do artigo Vale do Rio Itajaí, Santa
Catarina - Desastres ambientais anunciados, de Espíndola e Nodari.5
Mas, o que caracteriza os danos ambientais é a pluralidade de agentes e uma
multiplicidade de fontes6, deste modo, não há como identificar predominância de um único fator
na instauração de tragédias cíclicas. À destruição paulatina provocada pelos setores econômicos
ligados à indústria, ao agronegócio, a pecuária e a expansão das habitações rumo às áreas de
encostas, como também, às margens dos córregos, ribeirões e rios, agregado a cumplicidade do
Poder Público, são fatores complexos.
Essa cumplicidade se traduz, ora na omissão ao enfrentamento de situações de risco
e na aplicação da legislação federal, estadual e municipal que preservam o meio ambiente, ora
muitas vezes aplicando recursos públicos liberados para a reconstrução sem o devido
planejamento e sem levar em conta que as tragédias se replicarão no futuro.
Foi o que ocorreu durante a madrugada do dia 23 de novembro de 2008, os
resultados da tragédia evidenciaram que a falta de sintonia das políticas públicas ambientais, mais
do que simples conflitos de competência legislativa, geraram enormes perdas sociais, econômicas
e ambientais. Em questão de minutos, a população da região viu toda a paisagem que deveria ser
preservada transformar-se numa enorme montanha de lama.
Os deslizamentos ocorreram em áreas de floresta da Mata Atlântica que desabaram
em vários pontos. De um total de doze mil habitantes do município de Ilhota, aproximadamente
três mil e quinhentas ficaram desalojadas ou desabrigadas durante a tragédia. 7
Diante da história, este artigo tem como objetivo investigar se a responsabilidade
objetiva dos entes públicos seria uma forma de resposta para evitar novas tragédias, de forma a
tentar respostar o dilema: se o estado que não agiu preventivamente para evitar o dano ou o
desastre, pode solidarizar-se à responsabilidade civil pelos danos decorrentes de desastre.
Está bastante explícito no texto que "se alguém põe em funcionamento uma lícita
atividade perigosa, responderá pelos danos causados a terceiros, em decorrência dessa atividade,
independentemente da comprovação de sua culpa".17
4 DESASTRES AMBIENTAIS
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
NOTAS
1
FRANK, Beate; SEVEGNANI, Lucia. (Org.) Desastres de 2008 no Vale do Itajaí: água, gente e política.
Blumenau: Agência de Água do Vale do Itajaí, 2009. p. 28.
2
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15, 1979. p. 35-36.
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Recebido: 9/12/2015
Aceito: 20/12/2015