Flona Chapeco PM Vol1

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Plano 

de Manejo  

Floresta 
Nacional de 
Chapecó 
 
Santa Catarina 

Volume I – Diagnóstico 

Instituto Chico Mendes de 
Conservação da Biodiversidade 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

Plano de Manejo da Floresta Nacional de Chapecó

Volume I – Diagnóstico

Florianópolis
Junho de 2013
Presidenta da República
Dilma Vana Rousseff

Ministra do Meio Ambiente


Izabella Mônica Vieira Teixeira

Secretário Executivo
Francisco Gaetani

Presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade


Roberto Ricardo Vizentin

Diretor de Criação e Manejo de Conservação Unidade de Conservação


Giovanna Palazzi

Coordenador Geral de Criação, Planejamento e Avaliação de Unidades de


Conservação
Caio Marcio Paim Pamplona

Coordenador Substituto de Elaboração e Revisão de Plano de Manejo


Alexandre Lantelme Kirovsky

Coordenador Regional - Cr9


Daniel Penteado

Chefe da Floresta Nacional de Chapecó


Fabiana Bertoncini


Equipe do ICMBio Responsável pela Coordenação e Supervisão da Elaboração do

Plano de Manejo

Coordenação Geral

Augusta Rosa Gonçalves – Analista Ambiental, Engª Florestal, M.Sc.

Supervisão Técnica - ICMBio

Augusta Rosa Gonçalves – Analista Ambiental, Engª Florestal, M.Sc.

Cirineu Jorge Lorensi – Analista Ambiental, Engº Florestal, M.Sc.

Luís Eduardo Torma Burgueño – Analista Ambiental, Engº Agrícola, M.Sc.

Juares Andreiv – Analista Ambiental, Engº Florestal, M.Sc.

Antonio Cesar Caetano – Analista Ambiental, Engº Agrônomo, M.Sc.

Chefes da FLONA Chapecó Durante a Elaboração do Plano de Manejo

Antonio Cesar Caetano – Analista Ambiental, Engº Agrônomo, M.Sc.

Luís Eduardo Torma Burgueño – Analista Ambiental, Engº Agrícola, M.Sc.

Juares Andreiv – Analista Ambiental, Engº Florestal, M.Sc. (Chefe Substituto)

Fabiana Bertoncini (Chefe durante a fase de aprovação do PM)

Equipe Técnica do ICMBio na FLONA Chapecó que Colaboram na Elaboração dos


Relatórios

João Chaves – Técnico Ambiental

Neiva Maria da Silva – Analista Administrativo, Contadora, Especialista em Gestão Ambiental

Onorio Heuko – Técnico Ambiental

Equipe Técnica do ICMBio que Colaboram na Elaboração do Volume Planejamento

Artur José Soligo – Analista Ambiental, Eng°. Florestal, MSc - FLONA de São Francisco-RS

Ewerton Aires Ferraz – Analista Ambiental, Engº Agrônomo – FLONA de Canela - RS

Remi Osvino Weirich – Analista Ambiental, Biólogo – FLONA Passo Fundo - SC

ii 
Empresa Responsável pela Elaboração do Plano de Manejo

Socioambiental Consultores Associados Ltda.

Coordenação Técnica

José Olimpio da Silva Jr., Biólogo, M.Sc. - Coordenação Técnica e Geral, Planejamento e
Supervisão do Meio Biótico

Claudio Henschel de Matos, Geógrafo - Coordenação e Planejamento e Supervisão do Meio


Físico

Aline Fernandes de Faria e Silva, Bióloga, Esp. - Apoio à Gerência e à Coordenação

Diagnóstico do Meio Físico

- Geologia, Geomorfologia e Geoprocessamento

Renata Inácio Duzzioni, Geógrafa, M.Sc.

- Pedologia

Fernando Hermes Lehmkuhl, Engº Agrônomo

- Recursos Hídricos

Carlito Duarte, Engº Sanitarista

Diagnóstico do Meio Biótico

- Vegetação - Inventário Nativas

Rafael Garziera Perin, Biólogo - Coordenação Técnica e Edição Final

Tony Thomass Sartori, Engº Florestal - Responsável pelo Levantamento de Dados Primários

Cilmar Antonio Dalmaso, Engº Florestal - Levantamento de Dados Primários

- Vegetação - Inventário Plantadas

Daiane Soares Caporal, Engª Florestal

Ataides Marinheski Filho, Engº Florestal

Przemyslaw Jan Walotek, Engº Florestal - Revisão do relatório

- Ictiofauna

Bernd Egon Marterer, Biólogo, M.Sc.

- Avifauna

Glayson Ariel Bencke, Biólogo, M.Sc.


iii 
- Quiropterofauna

Sérgio Luiz Althoff, Biólogo, Dr.

Levantamento Socioeconômico e Ambiental

Guilherme Pinto de Araújo, Sociólogo, M.Sc.

Karen de Fatima Follador Karam, Socióloga

Sérgio Cordioli, Agrônomo, M.Sc. - Moderação da Oficina de Planejamento Participativo

Revisão de Texto

Laura Tajes Gomes, Licenciatura em Letras - Português e Francês

Sérgio Luiz Meira, Bacharel e Licenciado em Letras - Língua e Literatura Portuguesa

iv 
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................1
2 HISTÓRICO DE PLANEJAMENTO ................................................................................4
3 INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE A FLORESTA NACIONAL DE CHAPECÓ ............6
3.1 Acesso à Unidade .........................................................................................................8
3.2 Origem do Nome e Histórico da Floresta Nacional ..................................................10
4 ANÁLISE DA REPRESENTATIVIDADE DA FLORESTA NACIONAL........................11
4.1 A Conservação dos Biomas Nacionais no Contexto das Unidades de
Conservação ................................................................................................................11
4.2 Contexto da Conservação no Estado de Santa Catarina ........................................13
4.2.1 Unidades de Conservação Federais e Estaduais no Estado de Santa
Catarina ...................................................................................................................17
4.2.2 A FLONA Chapecó e as Áreas Prioritárias para a Conservação em Santa
Catarina ...................................................................................................................22
4.3 Potencialidades de Cooperação nos Níveis Regional e Local................................29
4.3.1 Corredores Ecológicos Chapecó e Timbó ...........................................................29
4.3.2 Plano Diretor de Desenvolvimento Territorial de Chapecó. ...............................31
4.3.3 Gestão das Bacias Hidrográficas Chapecó e Irani ..............................................35
4.4 A Floresta Nacional de Chapecó e a Faixa de Fronteira..........................................36
5 ASPECTOS HISTÓRICOS, CULTURAIS E SOCIOECONÔMICOS............................39
5.1 As Repercussões das Relações Socioambientais na Região.................................41
5.2 Características da População da Região da Unidade da Conservação .................43
5.2.1 Indicadores de Desenvolvimento Socioeconômico ............................................44
5.2.2 Dinâmica Demográfica e Situação Educacional ..................................................45
5.3 Aspectos Econômicos ................................................................................................52
5.3.1 Estrutura Produtiva e Emprego .............................................................................52
5.4 Estrutura Fundiária da Região de Chapecó ..............................................................55
5.5 Visão da Comunidade sobre a Floresta Nacional ....................................................57
5.6 Situação Fundiária da FLONA Chapecó....................................................................60
5.7 Uso e Ocupação do Solo e Problemas Ambientais Decorrentes ...........................60
5.7.1 Produção Vegetal ...................................................................................................61
5.7.2 Produção Animal ....................................................................................................62
5.7.3 Extração Vegetal e Silvicultura .............................................................................64
5.7.4 Algumas Considerações Sobre o Setor Agropecuário .......................................65
5.8 Alternativas de Desenvolvimento Econômico Sustentável ....................................65
5.9 Legislação Pertinente .................................................................................................66
5.10 Potencial de Apoio à Floresta Nacional ....................................................................69
5.10.1 Turismo ....................................................................................................................69
5.10.2 Saúde 69
5.10.3 Rede de serviços ....................................................................................................70
5.10.4 Segurança pública ..................................................................................................70
5.10.5 Educação .................................................................................................................71
5.10.6 Telecomunicação ....................................................................................................71
5.10.7 Fornecimento de Energia Elétrica .........................................................................72
5.10.8 Transporte ...............................................................................................................72


5.10.9 Potencial de Apoio Institucional ...........................................................................73
6 CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES ABIÓTICOS E BIÓTICOS ...............................74
6.1 Geologia .......................................................................................................................75
6.2 Geomorfologia .............................................................................................................76
6.2.1 Região do Planalto das Araucárias .......................................................................76
6.2.2 Geomorfologia Local ..............................................................................................77
6.3 Aspectos Pedolológicos .............................................................................................80
6.4 Latossolo Bruno/Vermelho-Escuro Álico .................................................................81
6.5 Cambissolo Eutrófico Ta Chernozêmico ..................................................................81
6.5.1 Considerações sobre os solos da FLONA CHAPECÓ ........................................85
6.5.2 Suscetibilidade Erosiva .........................................................................................85
6.6 Recursos Hídricos .......................................................................................................89
6.6.1 Contexto Estadual ..................................................................................................89
6.6.2 Recursos Hídricos Locais ......................................................................................91
6.7 Vegetação e Uso do Solo ...........................................................................................98
6.8 Contexto Fitogeográfico da FLONA Chapecó ..........................................................99
6.9 Caracterização da Cobertura Vegetal e Uso do Solo .............................................100
6.9.1 Mata Nativa – Floresta Ombrófila Mista ..............................................................104
6.9.2 Caracterização Geral dos Plantios ......................................................................118
6.10 Fauna ..........................................................................................................................124
6.10.1 Ictiofauna ...............................................................................................................124
6.10.2 Herpetofauna .........................................................................................................131
6.10.3 Avifauna .................................................................................................................134
6.10.4 Mastofauna ............................................................................................................143
6.11 Incêndios ....................................................................................................................154
7 CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DAS ATIVIDADES PRÓPRIAS AO USO
MÚLTIPLO, CONFLITANTES E ILEGAIS..................................................................156
7.1 Atividades Próprias ao Uso Múltiplo .......................................................................156
7.2 Atividades Conflitantes ............................................................................................160
7.3 Atividades Ilegais ......................................................................................................160
8 ASPECTOS INSTITUCIONAIS ...................................................................................162
8.1 Pessoal .......................................................................................................................162
8.2 Infraestrutura e Equipamentos ................................................................................162
8.3 Estrutura Organizacional ..........................................................................................165
8.4 Recursos Financeiros ...............................................................................................165
8.5 Cooperação Institucional .........................................................................................165
9 SIGNIFICÂNCIA E PRINCIPAIS ATRIBUTOS DA FLONA CHAPECÓ ....................167
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................................170
ANEXOS...............................................................................................................................181
Lista de Pesquisas desenvolvidas na FLONA Chapecó .................................................182

vi 
LISTA DE FIGURAS

Figura 4.1: Porcentagem de Área de Unidades de Conservação por Bioma ................................. 13 
Figura 5.1: Comparação da Variação da População entre os Anos de 1991 e 2000 ..................... 47 
Figura 5.2: Percentual de migrantes segundo faixa-etária, Chapecó, 2002-2003 ......................... 48 
Figura 5.3: Percentual de migrantes segundo faixa-etária, Guatambu, 2002-2003 ....................... 48 
Figura 5.4: População Residente por Faixa Etária para os Municípios em 2000 (em %) ............. 50 
Figura 5.5: População com 10 Anos ou Mais de Idade – Total e Alfabetizada para os
Municípios da FLONA Chapecó, 2000 ..................................................................................... 51 
Figura 5.6: Taxa de Analfabetismo da População entre 10 a 15 Anos e Acima de 15 Anos
para os Municípios da FLONA Chapecó, 2000 ....................................................................... 51 
Figura 5.7: Taxa de Analfabetismo Funcional por Faixa Etária para os Municípios da
FLONA Chapecó em 2000. ........................................................................................................52 
Figura 5.8: Variação (%) PIB, 2002-2005 ............................................................................................ 53 
Figura 5.9: Variação (%) PIB per Capita, 2002-2005.......................................................................... 53 
Figura 5.10: Número de Empregados por Eetor Econômico para os Municípios da FLONA
Chapecó em 2006 ....................................................................................................................... 54 
Fonte: SPG/DEGE/Gerência de Estatística e IBGE, 2006 ................................................................. 54 
Figura 5.11: Utilização em (%) das terras dos estabelecimentos agropecuários, 2006 ............... 61 
Figura 5.12: Área (ha) segundo utilização da terra de Chapecó, 2003 ........................................... 61 
Figura 5.13: Principais Produtos de Origem Animal por Estabelecimento e Tamanho do
Rebanho para os Municípios da FLONA Chapecó, 2007 ....................................................... 64 
Figura 6.1: Detalhe do Mapa Geológico do Projeto Oeste de Santa Catarina – PROESC,
Folha Chapecó (2002) Ilustrando, em Tons de Verde, as Unidades Geológicas:
Ácidas Tipo Chapecó (Verde Mais Claro), Basaltos Tipo Alto Uruguai (Verde
Escuro) e Basalto Tipo Cordilheira Alta (Verde Intermediário), Presentes na Área da
FLONA Chapecó. As Siglas qz e pca Significam Respectivamente: Cristal De
Rocha/Quartzo e Pedreira em Atividade.................................................................................. 75 
Figura 6.2: Recorte do Mapa Geomorfológico do Estado de Santa Catarina, em Destaque
em Linhas de Cor Amarela as Glebas I e II da FLONA Chapecó, as quais se
Encontram Assentadas Sobre as Unidades Geomorfológicas: Predominantemente
no Planalto dos Campos Gerais (Verde Com Hachuras) e Pequena Porção no Oeste
da Gleba I no Planalto Dissecado Rio Iguaçu/Rio Uruguai (Verde Claro)............................ 76 
Figura 6.3: Paisagem do modelado de dissecação em colina característico das áreas a
montante da FLONA Chapecó - Gleba I ................................................................................... 77 
Figura 6.4: Paisagem do modelado de dissecação em outeiros ou morrarias com áreas
de vegetação nativa da FLONA Chapecó - Gleba II no canto superior direito da foto ....... 77 
Figura 6.5: Solos da Unidade de Planejamento Regional Oeste Catarinense (UPR 1), e
Localização da FLONA Chapecó .............................................................................................. 80 
Figura 6.6: Bacias do Rio Uruguai e seus Afluentes ........................................................................ 89 
Figura 6.7: Localização da FLONA Chapecó no Contexto Regional .............................................. 90 
Figura 6.8: Barragem Guatambu......................................................................................................... 93 
Figura 6.9: Delimitação das Unidades Amostrais - UAs e Mensuração da CAP ........................... 99 
Figura 6.10: Configuração Fitogeográfica Geral da Bacia Hidrográfica do Rio Chapecó,
Extraída do Mapa Fitogeográfico do Estado de Santa Catarina (KLEIN, 1978), com a
Indicação Aproximada da FLONA Chapecó: I - Campos do Planalto com Capões,
Florestas de Galeria e Bosques de Pinhais; II - Floresta de Araucária nas Bacias
dos Rios Negro e Iguaçu e na parte Superior das Bacias dos Afluentes do Rio

vii 
Uruguai; III - Floresta de Araucária no Extremo Oeste; e IV - Floresta Subtropical da
Bacia do Uruguai...................................................................................................................... 100 
Figura 6.11: Respectivos Percentuais de Vegetação e Uso do Solo da FLONA Chapecó. ........ 104 
Figura 6.12: As 10 Famílias com Maior Número de Espécies Registradas na Gleba I. .............. 105 
Figura 6.13: As 10 Famílias com Maior Número de Indivíduos Registrados na Gleba I. ............ 106 
Figura 6.14: As 8 Famílias com Maior Número de Espécies Registradas na Gleba II. ............... 106 
Figura 6.15: As 10 Famílias com Maior Número de Indivíduos Registrados na Gleba II. ........... 107 
Figura 6.16: Curva do Coletor para as Unidades Amostrais da Gleba I. ...................................... 107 
Figura 6.17: Curva do Coletor para as Unidades Amostrais da Gleba II. ..................................... 108 
Figura 6.18: Gráfico com as 10 espécies com Maiores Valores de VI na Gleba I........................ 108 
Figura 6.19: Gráfico com as 11 Espécies com Maiores Valores de PSR na Gleba I. .................. 109 
Figura 6.20: Gráfico com as 10 Espécies com Maiores Valores de VI na Gleba II. ..................... 110 
Figura 6.21: Gráfico com as 11 Espécies com Maiores Valores de PSR na Gleba II. ................. 110 
Figura 6.22: Indivíduo de Grande Porte de angico-vermelho Parapiptadenia rigida na
Unidade Amostral 1 da Gleba I ............................................................................................... 111 
Figura 6.23: Sub-bosque da FOM na Unidade Amostral 2 da Gleba I........................................... 111 
Figura 6.24: Vista do Sub-bosque da FOM Sobre Solo Hidromórfico na Unidade Amostral
9 da Gleba I com Predomínio do branquilho Sebastiania commersoniana....................... 111 
Figura 6.25: Sub-bosque da FOM na Unidade Amostral 7 da Gleba I com Predomínio do
cambuí Myrciaria tenella ......................................................................................................... 111 
Figura 6.26: Vista do Sub-bosque da FOM na Unidade Amostral 10 da Gleba I ......................... 112 
Figura 6.27: Vista do Sub-bosque da FOM na Unidade Amostral 13 da Gleba I ......................... 112 
Figura 6.28: Vista do Sub-bosque da FOM na Unidade Amostral 15 da Gleba I ......................... 112 
Figura 6.29: Vista do Sub-bosque da FOM na Unidade Amostral 16 da Gleba I ......................... 112 
Figura 6.30: Vista do Sub-bosque da FOM na Unidade Amostral 1 da Gleba II. ......................... 113 
Figura 6.31: Vista do Sub-bosque da FOM na Unidade Amostral 5 da Gleba II. ......................... 113 
Figura 6.32 Vista do Sub-bosque da FOM na Unidade Amostral 7 da Gleba II,
Evidenciando Clareira Formada pelo Adensamento da taquara Merostachys sp. ........... 113 
Figura 6.33: Percentuais do Volume Total Estimado de Madeira dos Plantios da FLONA
Chapecó .................................................................................................................................... 120 
Figura 6.34: Vista do Sub-bosque de Silvicultura de Pinus elliottii com Processo de
Regeneração Natural, Evidenciando em Primeiro Plano Indivíduo Arbóreo de
Espécie Nativa .......................................................................................................................... 122 
Figura 6.35: Vista do Sub-bosque de Silvicultura de Pinus elliottii com Processo de
Regeneração Natural ............................................................................................................... 122 
Figura 6.36: Vista do Sub-bosque de Silvicultura de Eucalyptus spp. com Processo de
Regeneração Natural Evidenciando em Primeiro plano Indivíduo Jovem de
Araucaria angustifolia ............................................................................................................. 123 
Figura 6.37: Vista do Sub-bosque de Silvicultura de Eucalyptus spp. com Processo de
Regeneração Natural ............................................................................................................... 123 
Figura 6.38: Vista do Sub-bosque de Silvicultura de Araucaria angustifolia com Processo
de Regeneração Natural .......................................................................................................... 123 
Figura 6.39: Vista do Sub-bosque de Silvicultura de Araucaria angustifolia com Processo
de Regeneração Natural .......................................................................................................... 123 
Figura 6.40: Ponto de Amostragem 1 ............................................................................................... 129 
Figura 6.41: Ponto de Amostragem 12, Rio Retiro ......................................................................... 129 

viii 
Figura 6.42: Saicanga Oligosarcus brevioris .................................................................................. 129 
Figura 6.43: Lambari Astyana bimaculatus ..................................................................................... 129 
Figura 6.44: Bagre Heptapterus mustelinus ....................................................................................129 
Figura 6.45: Viola Rineloricaria zaina ............................................................................................... 129 
Figura 6.46: Barrigudinho Cnesterodon decemmaculatus ............................................................ 130 
Figura 6.47: Lambari Astyanax eigenmanniorum ........................................................................... 130 
Figura 6.48: Traíra Hoplias malabaricus .......................................................................................... 130 
Figura 6.49: Cará Geophagus brasiliensis ......................................................................................130 
Figura 6.50: Tilápia Oreochromis niloticus ..................................................................................... 130 
Figura 6.51: Contribuição Relativa dos Diferentes Grupos na Composição da
Herpetofauna da FLONA Chapecó ......................................................................................... 131 
Figura 6.52: Curva de Acumulação da Riqueza Observada nas duas Glebas da Floresta
Nacional de Chapecó, Durante o Período de Inventário da Avifauna (fevereiro e
julho de 2009) ........................................................................................................................... 138 
Figura 6.53: Espécies Registradas na FLONA Chapecó. Da Esquerda para a Direita e de
Cima para Baixo: Coruja-listrada (Strix hylophila), Macho de Sanhaçu-de-fogo
(Piranga flava), Macho de Beija-flor-de-topete (Stephanoxis lalandi) e Beija-flor-de-
papo-branco (Leucochloris albicollis) ................................................................................... 143 
Figura 6.54: Espécie Eptesicus taddeii Capturada Durante a AER na FLONA Chapecó............ 150 
Figura 6.55: Espécie Histiotus montanus Capturada Durante a AER na FLONA Chapecó........ 150 
Figura 6.56: Espécie Sturnira lilium Capturada Durante a AER na FLONA Chapecó ................. 150 
Figura 6.57: Espécie Artibeus lituratus Capturada Durante a AER na FLONA Chapecó ........... 150 
Figura 7.1: Área do Açude e Vista do Quiosque em Local de Recreação ao Ar Livre
Próximo à Sede Administrativa .............................................................................................. 158 
Figura 7.2: Traçado da Trilha das Araucárias na FLONA Chapecó – Gleba I .............................. 159 

LISTA DE TABELAS

Tabela 5.1: Índice de Desenvolvimento Humano, 1991-2000 .......................................................... 45 


Tabela 5.2: População Residente por Situação de Domicílios e Variação de Crescimento
em Santa Catarina, SDR Chapecó, Municípios da FLONA Chapecó - 1991, 2000,
2007 e 2010 ................................................................................................................................. 47 
Tabela 5.3: Distribuição Percentual da População por Sexo, Proporção de Pessoas
Naturais dos Municípios, 2000 .................................................................................................49 
Tabela 5.4: População Residente por Faixa Etária para os Municípios, 2000 (em %) .................. 49 
Tabela 5.5: Participação dos Setores Econômicos no VAB – Valor Adicionado Bruto,
2002-2005 (em %) ....................................................................................................................... 54 
Tabela 5.6: Número de Estabelecimentos por Estrato de Área – 1975 e 1995 .............................. 55 
Tabela 5.7: Número e área dos Estabelecimentos Agrícolas por Estrato de Área,
Município de Chapecó, 2002/03 ................................................................................................56 
Tabela 5.8: Área Total dos Estabelecimentos Agropecuários, Segundo a Condição da
Posse da Terra, 2003 ................................................................................................................. 56 
Tabela 5.9: Área dos Estabelecimentos Agropecuários Segundo a Utilização das Terras,
Santa Catarina e Municípios da FLONA Chapecó, 2002/3 ..................................................... 62 
Tabela 5.10: Principais Produtos Cultivados por Área de Colheita e Valor da Produção,
para Santa Catarina e Municípios da FLONA Chapecó, 2007 ............................................... 63 

ix 
Tabela 5.11: Principais Produtos de Origem Animal por Estabelecimento e Tamanho do
Rebanho, para Santa Catarina e Municípios da FLONA Chapecó, 2007 .............................. 63 
Tabela 6.1: Quadro de Áreas das Tipologias de Vegetação e Uso do Solo Mapeadas para
a FLONA Chapecó – Gleba I e III ............................................................................................ 101 
Tabela 6.2: Quadro de Áreas das Tipologias de Vegetação e Uso do Solo Mapeadas para
a FLONA Chapecó – Gleba II .................................................................................................. 101 
Os Mapas 6.10 e 6.11 apresentam a distribuição da cobertura vegetal e do uso do solo da
FLONA Chapecó e a Figura 6.11 apresenta a representação gráfica dessa
distribuição. .............................................................................................................................. 101 
Tabela 6.3: Índices de Diversidade Calculados para as Unidades Amostrais da Gleba I. ......... 114 
Tabela 6.4: Índices de Diversidade Calculados para as Unidades Amostrais da Gleba II. ........ 114 
Tabela 6.5: Relação das Espécies Nativas com Potencial de Uso Madeireiro Registradas
na FOM da FLONA Chapecó ................................................................................................... 116 
Tabela 6.6: Relação das Espécies Arbóreas e Arbustivas Nativas com Potencial de Uso
Não Madeireiro Registradas na FLONA Chapecó ................................................................ 117 
Tabela 6.7: Representatividade Sociológica de Ilex paraguariensis (erva-mate) no Sub-
bosque dos Plantios ................................................................................................................ 118 
Tabela 6.8: Parâmetros Dendrométricos Básicos Obtidos para cada Talhão de Plantio ........... 119 
Tabela 6.9: Relação dos Estágios de Regeneração Natural do Sub-bosque dos Plantios
Considerado com Base na Estrutura Diamétrica e Diversidade Florística........................ 121 
Tabela 6.10: Relação dos Parâmetros de Qualidade do Plantio para os Talhões dos
Plantios ..................................................................................................................................... 124 
Tabela 6.11: Espécies Registradas na FLONA Chapecó nas duas Campanhas de Campo
em 2009 e tipo de Ambiente ....................................................................................................127 
Tabela 6.12: Ocorrência de Espécies nos Pontos de Amostragem nas Campanhas de
Campo de 2009; (S= riqueza específica; S gleba = riqueza específica por gleba) ............... 128 
Tabela 6.13: Anuros Registrados na Floresta Nacional de Chapecó, Glebas I (G I) e II (G
II), e Ambiente de Registro, Segundo Gonsales (1999), Pandolfo (2001), Gonsales
(2002) e Projeto Unochapecó. FN = interior de floresta nativa, PL = interior de
plantio de pínus, AA = área aberta, AB = áreas de borda (nativa e pínus) ........................ 132 
Tabela 6.14: Riqueza e Abundância de Répteis Registradas na Floresta Nacional de
Chapecó, Gleba I, em Área de Plantio de Pínus e Floresta Nativa, no Período de
Novembro de 2006 a Junho de 2007. Os Números Correspondem ao Número
Absoluto de Indivíduos Registrados. As Famílias e o Número de Espécies
Encontram-se em Negrito .......................................................................................................134 
Tabela 6.15: Espécies de Aves de Interesse Especial (raras e/ou potencialmente
ameaçadas em Santa Catarina, ou sem registros prévios no oeste catarinense),
Registradas na FLONA Chapecó e Entorno Imediato em Fevereiro e Julho de 2009 ...... 140 
Tabela 6.16: Aves Observadas em Talhões de Pínus na Floresta Nacional de Chapecó
Durante a Avaliação Ecológica Rápida (fevereiro e julho de 2009) .................................... 141 
Tabela 6.17: Espécies de Mamíferos Terrestres não Voadores Registradas ou de Possível
Ocorrência na Floresta Nacional de Chapecó ...................................................................... 145 
Tabela 6.18: Lista das Espécies de Morcegos de Possível Ocorrência para Floresta
Nacional de Chapecó ............................................................................................................... 148 
Tabela 6.19: Lista das Espécies de Morcegos Ocorrentes e de Possível Ocorrência para
Floresta Nacional de Chapecó e seu status de Conservação ............................................. 153 


LISTA DE QUADROS

Quadro 1.1: Ficha técnica da Floresta Nacional de Chapecó............................................................ 3 


Quadro 3.1: Distância dos principais centros urbanos mais próximos à FLONA Chapecó .......... 8 
Quadro 4.1: Número de Fragmentos por Classes de Tamanho (em ha) ........................................ 15 
Quadro 4.2: Tamanhos dos Quatro Maiores Fragmentos da Paisagem (em ha) e
Percentual destes Protegido pelas Glebas da FLONA Chapecó (quando aplicável) ......... 15 
Quadro 4.3: Unidades de Conservação Federais no Estado de Santa Catarina ........................... 19 
Quadro 4.4: Unidades de Conservação Estaduais no Estado de Santa Catarina ......................... 20 
Quadro 4.5: Reservas Particulares do Patrimônio Natural Criadas em Âmbito Federal no
Estado de Santa Catarina .......................................................................................................... 21 
Quadro 4.6: Áreas Prioritárias para a Conservação (segundo MMA, 2007), existentes na
região da FLONA Chapecó. ......................................................................................................24 
Quadro 5.1: Unidades de Ensino em Chapecó e Guatambu ........................................................... 71 
Quadro 6.1: Código de Identificação, Descrição e Tipo de Solo da Amostra ................................ 81 
Quadro 6.2: Código de Identificação, Descrição e tipo de Solo da Amostra ................................. 82 
Quadro 6.3: Demanda de Água por Atividade Econômica na Região Oeste de Santa
Catarina ....................................................................................................................................... 91 
Quadro 6.4: IQA dos Pontos de Monitoramento de Qualidade da Água Da Gleba I com a
Classificação CETESB, 2008 ....................................................................................................95 
Quadro 6.5: Volume Total Estimado do Estoque de Madeira para Cada Plantio da FLONA
Chapecó .................................................................................................................................... 120 
Quadro 6.6: Equipamentos de Combate a Incêndios Florestais na FLONA Chapecó
(Gleba I) ..................................................................................................................................... 155 
Quadro 7.1: Lista de Pesquisas em Desenvolvimento na FLONA Chapecó ................................ 156 
Quadro 7.2: Número de Visitas à FLONA Chapecó no Período de 2005 a 2010 .......................... 158 
Quadro 8.1: Pessoal Integrante da Equipe da FLONA Chapecó ................................................... 162 
Quadro 8.2: Infraestrutura Imobiliária da FLONA Chapecó ........................................................... 162 
Quadro 8.3: Demais Equipamentos Elétricos/Eletrônicos ............................................................. 164 
Quadro 8.4: Execução Orçamentária da FLONA Chapecó, Valores em Reais (R$) .................... 165 
Quadro 8.5: Parceiros Institucionais da Floresta Nacional de Chapecó ...................................... 166 

LISTA DE MAPAS

Mapa 3.1: Localização da FLONA Chapecó......................................................................................... 7 


Mapa 3.2: Acessos à FLONA Chapecó ................................................................................................ 9 
Mapa 4.1: Mapa de Biomas do Brasil. ................................................................................................ 12 
Mapa 4.2: Localização das Unidades de Conservação e RPPNs na Região Oeste de Santa
Catarina ....................................................................................................................................... 14 
Mapa 4.3: Mapa de Fragmentos de Floresta Atlântica Nativa em Estágio Médio ou
Avançado e/ou Primários, Divididos em Cinco Classes de Tamanho Geradas
Automaticamente pelo Programa Arcgis 10, com Base na Fragmentação Florestal
Evidenciada no Mapa de Uso do Solo Realizado por PPMA (2008) ..................................... 16 
Mapa 4.4: Unidades de Conservações Federais e Estaduaid do estado de Santa Catarina. ....... 18 
Mapa 4.5: Fase VI da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica.......................................................... 28 

xi 
Mapa 4.6: Localização dos CE Chapecó e Timbó e Unidades de Conservação em Santa
Catarina ....................................................................................................................................... 30 
Mapa 4.7: Anexo I do Plano Diretor de Desenvolvimento Territorial de Chapecó (PDDTC) ........ 34 
Mapa 4.8: FLONA Chapecó e áreas protegidas na Argentina que fazem fronteira ou
próximas a fronteira com o Brasil. ...........................................................................................36 
Mapa 6.1: Geomorfologia Local para a Gleba I – FLONA Chapecó ................................................ 78 
Mapa 6.2: Geomorfologia Local para a Gleba II – FLONA Chapecó ............................................... 79 
Mapa 6.3: Sítios Naturais com os Pontos Amostrais de Solo para a Gleba I ................................ 83 
Mapa 6.4: Sítios Naturais com os Pontos Amostrais de Solo para a Gleba II ............................... 84 
Mapa 6.5: Declividade da FLONA Chapecó – Gleba I ....................................................................... 87 
Mapa 6.6: Declividade da FLONA Chapecó – Gleba II ...................................................................... 88 
Mapa 6.7: Microbacias da Gleba I ....................................................................................................... 92 
Mapa 6.8: Microbacias da Gleba II ...................................................................................................... 94 
Mapa 6.9: Localização dos Pontos de Amostragem......................................................................... 97 
Mapa 6.10: Distribuição da Cobertura Vegetal e do Uso do Solo da FLONA Chapecó –
Glebas I e III .............................................................................................................................. 102 
Mapa 6.11: Distribuição da Cobertura Vegetal e do Uso do Solo da FLONA Chapecó –
Gleba II ...................................................................................................................................... 103 
Mapa 6.12: Pontos de Amostragem da Ictiofauna no Interior da Gleba I da FLONA
Chapecó .................................................................................................................................... 125 
Mapa 6.13: Pontos de aAmostragem da Ictiofauna no Interior da Gleba II da FLONA
Chapecó .................................................................................................................................... 126 
Mapa 6.14: Uso e Cobertura do Solo com as Trilhas Percorridas na Gleba I para
Levantamento da Avifauna .....................................................................................................136 
Mapa 6.15: Uso e Cobertura do Solo com as Trilhas Percorridas na Gleba II para
Levantamento da Avifauna .....................................................................................................137 
Mapa 6.16: Áreas de Coleta de Morcegos na Floresta Nacional de Chapecó, Gleba I ............... 151 
Mapa 6.17: Área de Coleta de Morcegos na Floresta Nacional de Chapecó, Gleba II ................ 152 

xii 
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AER Avaliação Ecológica Rápida

AM Amplitude Modulation

AMOSC Associação dos Municípios do Oeste de Santa Catarina

APA Área de Proteção Ambiental

APACO Associação dos Pequenos Agricultores do Oeste Catarinense

APP Área de Preservação Permanente

BIRD Banco Mundial

CDB Convenção sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas

CE Corredor Ecológico

CEFET Centro Federal de Educação Tecnológica

CELESC Centrais Elétricas de Santa Catarina

CEP Código de Endereçamento Postal

CEPAF Centro Educacional Paulo Freire

CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

CI Conservação Internacional

CIDASC Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina

CIRAM Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia


de Santa Catarina

CNES Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

COA Clube de Observadores de Aves

CONABIO Comissão Nacional de Biodiversidade

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

CPU Central Processing Unit

CR Coordenação Regional

DAP Departamento de Áreas Protegidas

DEGE Diretoria de Estatística e Cartografia

DFLOR Departamento de Florestas

xiii 
DVD Digital Video Disc

E East

ECT Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos

EPAGRI Empresa de Pesquisa Agrícola e Extensão Rural de Santa Catarina

ESEC Estação Ecológica

FEHIDRO Fundo Estadual de Recursos Hídricos

FEPEMA Fundo Especial de Proteção ao Meio Ambiente

FERROESTE Ferrovia do Oeste do Paraná

FLONA Floresta Nacional

FM Frequency Modulation

FUNAI Fundação Nacional do Índio

FURB Universidade de Blumenau

GPS Global Positioning System

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais


Renováveis

IBDF Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMBIO Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

IDEB Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

IFFSC Inventário Florístico Florestal de Santa Catarina

INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

INP Instituto Nacional do Pinho

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

IQA Índice de Qualidade da Água

IUCN União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos


Naturais

LAC Levantamento Agropecuário de Santa Catarina

MEC Ministério da Educação

MMA Ministério do Meio Ambiente

xiv 
MS Mato Grosso do Sul

N North

ONG Organização Não Governamental

OSCIP Organização da Sociedade Civil de Interesse Público

OST-PF Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Física

OST-PJ Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Jurídica

PAA Programa de Aquisição de Alimentos

PAE Posto de Atendimento Bancário Eletrônico

PAOF Plano Anual de Outorga Florestal

PC Personal Computer

PCH Pequena Central Hidrelétrica

PIB Produto Interno Bruto

PNF Programa Nacional de Florestas

PR Paraná

PROESC Projeto Oeste de Santa Catarina

PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

PSF Programa Saúde da Família

PVC Polyvinyl chloride

RB Reserva da Biosfera

RBMA Reserva da Biosfera da Mata Atlântica

RH Região Hidrográfica

RPPN Reservas Particulares de Patrimônio Natural

RS Rio Grande do Sul

S South

SBF Secretaria Nacional de Biodiversidade e Florestas

SC Santa Catarina

SDM Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente

SDR Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional

SDS Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas

xv 
SED Secretaria de Estado da Educação

SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza

SPG Secretaria de Estado do Planejamento

SPVS Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem

SUS Sistema Único de Saúde

S/N Sem Número

TCC Termo de Cooperação Científica

TI Terra Indígena

TR Termo de Referência

UAAF Unidade de Apoio Administrativo e Financeiro

UAAF Unidade Avançada de Administração e Finanças

UC Unidade de Conservação

UF Unidade da Federação

UFFS Universidade Federal da Fronteira Sul

UFSM Universidade Federal de Santa Maria

UHE Usina Hidrelétrica

UNC Universidade do Contestado

UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization

UNIMED União dos Médicos

UNOCHAPECÓ Universidade Comunitária Regional de Chapecó

UNOESC Universidade do Oeste de Santa Catarina

VA Valor Adicionado

VAB Valor Adicionado Bruto

W West

WWF World Wildlife Fund

ZA Zona de Amortecimento

xvi 
1 INTRODUÇÃO

Implantada em 1962 com o nome de Parque Florestal João Goulart, após a extinção do
Instituto Nacional do Pinho (INP), passou a denominar-se Floresta Nacional de Chapecó
(FLONA Chapecó) pela Portaria nº 560/68 do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento
Florestal (IBDF). Teve seu primeiro Plano de Manejo (PM), elaborado em 1989 pela
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A presente revisão do PM foi realizada pela
SOCIOAMBIENTAL Consultores Associados Ltda., sob supervisão do Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) atual gestor da Unidade. Os recursos
financeiros para realização deste trabalho foi da Foz do Chapecó Energia S.A., referente à
parte dos recursos da compensação ambiental do licenciamento da Usina Hidrelétrica de
Foz do Chapecó.

A Floresta Nacional, conforme definido pela Lei do SNUC - Sistema Nacional de


Unidades de Conservação da Natureza1, integra uma das sete categorias do grupo de
Unidades de Conservação de uso sustentável, cujo objetivo básico é uso múltiplo
sustentável dos recursos florestais e a realização de pesquisa científica, com ênfase em
métodos para exploração sustentável de florestas nativas.

O Decreto nº 1.298, de 27 de outubro de 1994, que instituiu o regulamento das


Florestas Nacionais, em seu 1° artigo descreve as FLONAs como áreas de domínio público,
provida de cobertura vegetal nativa ou plantada, que são estabelecidas com os seguintes
objetivos: I - promover o manejo dos recursos naturais, com ênfase na produção de madeira
e outros produtos vegetais; II - garantir a proteção dos recursos hídricos, das belezas
cênicas, e dos sítios históricos e arqueológicos; III - fomentar o desenvolvimento da
pesquisa científica básica e aplicada, da educação ambiental e das atividades de recreação,
lazer e turismo.

Com o advento da Lei do SNUC e sua regulamentação, os objetivos estabelecidos


para as FLONAs pelo Decreto 1.298/94 foram ampliados, alem disso foi dando maior ênfase
à exploração sustentável de florestas nativas. Também de acordo com a lei do SNUC, o
Plano de Manejo é definido como:

Documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais


de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as
normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais,
inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da
unidade. (SNUC, Lei nº 9.985/2000: art. 2º)

A mesma lei determina que o Plano de Manejo deva abranger, além da área da
Unidade de Conservação (UC), a sua Zona de Amortecimento2 (ZA) e os Corredores
Ecológicos3 (CE) associados a ela.

Nesta direção, destaca-se os seguintes objetivos do Plano de Manejo, segundo o


“Roteiro Metodológico para Elaboração de Planos de Manejo de Florestas Nacionais”
(ICMBio, 2009):

1
Lei nº 9.985/2000
2
“Zona de Amortecimento: o entorno de uma Unidade de Conservação, onde as atividades humanas estão
sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a
Unidade” (Lei no 9.985/00, artigo 2o - XVIII).
3 “Corredores Ecológicos: porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando Unidades de Conservação,

que possibilitem entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a
recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua
sobrevivência, áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais”. (Lei no 9.985/00, artigo 2o -
XIX).


 dotar a FLONA de um instrumento de planejamento, gerenciamento e manejo e
possibilitando atingir os objetivos para os quais foi criada;
 definir objetivos específicos de manejo para orientar a gestão da UC;
 definir ações específicas para o manejo da FLONA;
 estabelecer normas específicas para regulamentar a ocupação e o uso dos recursos da
ZA e dos Corredores Ecológicos, com o objetivo de proteger a UC;
 promover o manejo da UC, orientado pelo conhecimento disponível e(ou) gerado;
 estabelecer a diferenciação e intensidade de uso mediante zoneamento, com o objetivo
de proteger seus recursos naturais e culturais;
 promover a integração socioeconômica das comunidades do entorno com a UC;
 fortalecer a proteção da FLONA e estimular as atividades de pesquisa científica e o
monitoramento ambiental da área da UC, a fim de subsidiar a atualização do seu manejo;
 promover atividades de educação ambiental e uso público para ampliar o apoio da
população no manejo e na implementação da FLONA e da melhoria das condições
ambientais da região.

Em relação aos aspectos metodológicos, a elaboração do Plano de Manejo teve como


referência inicial o “Roteiro Metodológico para Elaboração de Plano de Manejo para
Florestas Nacionais”, publicado pelo IBAMA em 2003 e posteriormente o novo Roteiro
Metodológico publicado pelo ICMBio em 2009.

Como elementos de diagnóstico, análise de contexto da FLONA Chapecó e


Planejamento, foram utilizadas diversas fontes de informações, além dos trabalhos de
campo para a elaboração dos relatórios técnicos temáticos. Neste sentido destaca-se a
Análise Estratégica Preliminar, com a aplicação do questionário RAPPAM (WWF, 2003)
junto aos servidores e funcionários terceirizados da FLONA Chapecó; reuniões e contatos
institucionais com entidades diversas, comunidades e atores sociais da área de abrangência
da FLONA Chapecó; Oficina de Planejamento Participativo (OPP); reuniões técnicas da
equipe de coordenação da elaboração do plano com a equipe de supervisão dos trabalhos;
e Oficina de Planejamento Estratégico (OPE) com as equipes de coordenação, supervisão
do plano, e a equipe da FLONA Chapecó.

Este Plano de Manejo é composto de 02 volumes: o primeiro apresenta um


diagnóstico dos fatores abióticos e bióticos e dos aspectos socioeconômicos e institucionais
e o segundo é o Planejamento propriamente dito.

No Volume I, para o meio físico, o diagnóstico utilizou dados primários e secundários,


onde foram realizadas saídas de campo para verificação das informações oriundas dos
dados secundários, bem como coletas de água e solos em 3 pontos diferentes para análise
hidrológica relacionada à qualidade de água e análise de fertilidade do solo,
respectivamente. Para a caracterização dos fatores bióticos foi realizado pesquisas de
campo, tanto da fauna quanto da flora, além do levantamento bibliográfico.

Para o desenvolvimento dos outros aspectos do diagnóstico da Unidade de


Conservação e seu entorno (meio socioeconômico, uso público e ocorrência de fogo) foram
utilizados dados secundários (levantamento bibliográfico, documentos de órgãos oficiais –
relatórios de prefeituras, etc.) e dados primários (levantamentos de campo e entrevistas com
atores sociais – pessoas de reconhecida autoridade nas comunidades ou com
conhecimento de aspectos relevantes e funcionários de instituições públicas).

Para facilitar a divulgação e compreensão do documento existe ainda uma versão


resumida chamada de resumo executivo na qual apresenta o conteúdo dos Volumes I e II.


No Quadro 1.1, é apresentado a ficha técnica da FLONA Chapecó com um resumo
das principais informações da Unidade.

Quadro 1.1: Ficha técnica da Floresta Nacional de Chapecó


Ficha Técnica da Floresta Nacional
Nome da Unidade de Conservação: Floresta Nacional de Chapecó
Coordenação Regional: CR9 – Coordenação Regional, Florianópolis
Unidade Avançada de Administração e Finanças: UAAF / Foz do Iguaçu
Endereço da sede: Rodovia BR/SC 283 (Estrada Chapecó/São Carlos), Interior, Guatambu/SC.
CEP 89.817-000
Telefone/Fax: 0__49-3391-0510
E-mail: [email protected]
Site: http://www.icmbio.gov.br
Glebas Gleba I Gleba II Gleba III
Superfície da UC Restituição 1287,54 302,622 0,433
(ha):
Matrícula do Imóvel 1266,48 306, 631 0,405
Glebas Gleba I Gleba II Gleba III
Perímetro da UC Restituição 26,00 7,87 0,27
(km):
Matrícula do Imóvel 28,89 7,60 0,29
Superfície da ZA (ha): 20.682,40
Perímetro da ZA (km): 130,99
Porcentagem da FLONA Chapecó no
Glebas Município
município
Municípios que abrange e percentual
I Guatambu 6,29%
abrangido pela Unidade de Conservação:
II Chapecó 0,48%
III Guatambu 0,002%
Estados que abrange: Santa Catarina
52°36'08"W e 27°10'26"S 52°44' 28"W e 27°04'03"S
Coordenadas geográficas (long. e lat.):
52°37'15"W e 27°11'59"S 52°47'44"W e 27°07'19"S
Implantada em 1962 com o nome de Parque Florestal João Goulart, após a
Data de criação e número da Portaria: extinção do Instituto Nacional do Pinho, passou a denominar-se Floresta
Nacional de Chapecó pela Portaria IBDF nº 560/68, em 25 de outubro de 1968.
Gleba I: Barragem de Guatambu e propriedades particulares ao sul; propriedades
particulares a oeste; estrada de terra sem nome e propriedades particulares a
norte; rio Lajeado Serrador e rio Lajeado Retiro a leste.
Gleba II: Estrada de terra sem nome que segue para Linha Monte Alegre ao sul;
Marcos geográficos referenciais dos
propriedades particulares a leste; rio Presidente João Goulart e propriedades
limites:
particulares a norte; propriedade particular e estrada de terra sem nome que
segue para Chapecó a oeste.
Gleba III: Propriedades de terceiros e estrada municipal Marco Aurélio Guella
Camacho.
Biomas e ecossistemas: Mata Atlântica; Floresta Ombrófila Mista
Proteção, educação ambiental, pesquisa básica e aplicada e conservação da
Atividades ocorrentes:
biodiversidade
Com prévio agendamento, a FLONA Chapecó recebe escolas da região e outros
- Educação ambiental: grupos interessados em visitar a Unidade. Realiza pequenas caminhadas no
interior da Unidade para visualização da flora e fauna locais e repasse de
informações sobre a FLONA Chapecó.
Fiscalização no interior e entorno da UC, especialmente em atendimento a
- Fiscalização: denúncias e demandas. A atividade é dificultada devido à limitação de pessoal da
UC, além disso, à distância e à ausência de pessoal na Gleba II.
Grande parte das atividades de pesquisa científica realizada na FLONA Chapecó
- Pesquisa: é desenvolvida pela Universidade Comunitária de Chapecó (UNOCHAPECÓ),
por sua proximidade com a Unidade.
A visitação pública (recreação, lazer) está suspensa, devido à falta de estrutura
adequada. Porém, a visitação com finalidade de estudo, pesquisa e educação
- Visitação: ambiental continua sendo realizada, com recebimento dos visitantes e
acompanhamento por servidores para participação em palestra e trilha, mediante
prévio agendamento.
Teve início com a implantação dos povoamentos de araucária, pinus e eucalipto
a partir de 1963. Os primeiros desbastes dos plantios iniciaram em 1978 e a
- Manejo Florestal: exploração florestal se deu até 2002. Neste mesmo ano foi feito corte raso na
área necessária para ampliar o distanciamento entre os plantios e a linha de
distribuição de energia da CELESC. Cabe ressaltar que o manejo florestal, por
determinação da direção da Instituição, foi suspenso e está sendo retomado.
Rodovia estadual e estrada que cortam a Gleba I; conflito de limites da UC com
- Atividades conflitantes: alguns lindeiros; a caça, a retirada de pinhão, o deposição de lixo e a linha de
distribuição de energia que corta a UC.
Está incluído na faixa de fronteira, segundo a Lei nº 6.634, de 02/05/1979, e seus
Localização em relação à faixa de fronteira
regulamentos, com distância aproximada de 100 Km da Argentina.


Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

2 HISTÓRICO DE PLANEJAMENTO

As primeiras ações de manejo florestal realizadas na FLONA Chapecó, foram os


plantios de araucária e pínus, que datam do início da década de sua criação, 1962. Os
plantios com araucária enfrentaram, inicialmente, alguns problemas técnicos, como a
predação das ponteiras das mudas por lebres e pelo ataque de formigas, o que demandou
uma série de tratos silvilculturais de rotina.

Os primeiros desbastes dos plantios de pínus iniciaram em 1978 e foram suspensos


em 2002. Neste mesmo ano foi feito corte raso na área necessária para ampliar o
distanciamento entre a linha de distribuição de energia e os plantios.

O plantio de araucária, embora fosse uma ação de governo, com o propósito de


diminuir as críticas quanto à exploração indiscriminada dessa espécie nativa, não foi
planejado para um período de médio e longo prazo, com objetivos claros e definidos. Isso só
foi ocorrer em 1989, com a elaboração do primeiro Plano de Manejo da FLONA Chapecó
pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Esse Plano caracterizou, em linhas gerais, os aspectos físicos e biológicos da


Unidade. Tratou-se basicamente de um Plano de Manejo Florestal, voltado à exploração
comercial dos plantios, definindo as diretrizes de manejo florestal madeireiro e a descrição
dos trabalhos que deveriam ser feitos em cada unidade espacial de produção (talhão). A
principal meta desse planejamento era obter produtos de boa qualidade e o mais uniforme
possível, além disso, os talhões deveriam ser manejados de forma a viabilizar uma
produção constante a cada ano, buscando assim, a auto-sustentabilidade financeira da
FLONA Chapecó. Não foi previsto o manejo madeireiro das florestas nativas, em função de
não ter sido confirmada a viabilidade e a sustentabilidade da sua exploração. As atividades
de proteção da fauna, produção de mudas, coleta e beneficiamento de sementes e uso
público, também foram propostas, entretanto, com um nível de detalhamento pequeno.

Em 2004 e 2005, os povoamentos florestais da FLONA Chapecó foram novamente


inventariados. O inventário aconteceu em duas etapas por estagiários do Curso de
Engenharia Florestal da Universidade Federal de Santa Maria. Na primeira etapa
inventariou-se os talhões 7A, 7B, 8, 10, 11, 12, 15, 16, 17, 18 no ano de 2004 e os demais
talhões numa segunda etapa em 2005.

O Conselho Consultivo da FLONA Chapecó foi instituído em 08 de julho de 2004 por


meio da Portaria 68-IBAMA, tendo como objetivo contribuir com o planejamento e o
desenvolvimento da UC, com a renovação ocorrendo em 14 de outubro de 2008, Portaria nº
81-ICMBio.

A partir de 2006, a gestão da FLONA Chapecó, juntamente com a Coordenação


Geral de Florestas Nacionais (CGFLO), iniciou um processo de articulação para a
elaboração de um novo Plano de Manejo. A revisão do Plano de Manejo de 1989 foi iniciada
por um grupo de trabalho do Conselho Consultivo da FLONA Chapecó, onde foi elaborada
pelos membros do Conselho e servidores da UC uma minuta do novo Plano de Manejo da
FLONA Chapecó, com dados secundários sobre alguns aspectos físicos e bióticos. Porém,
em virtude da nova legislação de gestão de Florestas Públicas e da Ação Civil Pública
requerendo a substituição dos povoamentos com espécies exóticas por nativas, tornou-se
necessário aprofundar os levantamentos de campo e as propostas de manejo apresentadas
até aquele momento.

Os trabalhos não evoluíram e foram paralisados. Em 2008, com parte dos recursos da
compensação ambiental do empreendimento Usina Hidrelétrica Foz do Chapecó, optou-se,
mediante processo de análise de propostas, por contratar a empresa Socioambiental
Consultores Associados Ltda., que realizou a elaboração do presente Plano de Manejo da


Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

FLONA Chapecó, sob supervisão do ICMBio, já considerando as definições legais


estabelecidas para esta categoria de manejo pela lei do Sistema Nacional de Unidades de
Conservação - SNUC.


Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

3 INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE A FLORESTA NACIONAL DE CHAPECÓ

A Floresta Nacional de Chapecó localiza-se no oeste de Santa Catarina, nos


municípios de Guatambu e Chapecó. A área da UC, de acordo com a restituição
aerofotogramétrica realizada no ano de 2006 em escala 1:10.000, engloba 1.590,60
hectares, dividida em 3 glebas: Gleba I com uma área de 1.287,54 hectares, onde está
instalada a sede da FLONA Chapecó, localizada no município de Guatambu; Gleba II,
localizada no município de Chapecó, possuindo uma área de 302,62 hectares; e Gleba III
com uma área de 0,43 ha, situada às margens da Rodovia BR/SC-283, próxima à Gleba I no
município de Guatambu (Mapa 3.1). As Glebas I e II estão 32 km via rodoviária, distantes
entre si. A região da FLONA Chapecó abrange ainda o município de Cordilheira Alta, uma
vez que parte da bacia do rio Sanga Capinzal que drena para a FLONA Chapecó foi incluído
em sua ZA. De acordo com os dados do IBGE Cidades4 os três municípios juntos abrangem
uma área de 91.283,3 ha e uma população de 191.976 habitantes. 

O município de Chapecó é reconhecido como a “Capital do Oeste Catarinense”,


exercendo a função de polo regional para cerca de 200 municípios, o qual congrega mais de
2 milhões de habitantes. O município possui uma área de 62.430 ha. Sua população, em
2010, era de aproximadamente 183,5 mil habitantes, sendo que mais de 90% habitavam a
área urbana (IBGE, 2010).

Já Guatambu é reconhecidamente um município rural, emancipou-se de Chapecó em


1991, na época com uma população de um pouco mais de 5 mil habitantes, sendo que
aproximadamente 95% residiam na área rural. Atualmente, sua população é pouco mais de
4,6 mil habitantes distribuídos em uma área de 20.475,9 ha (IBGE, 2010).

O município de Cordilheira Alta teve sua colonização em 1920 por italianos de


procedência gaúcha, que se estabeleceram entre Xanxerê e Chapecó com a intenção de
explorar a madeira abundante. A emancipação do município ocorreu em 30 de março 1992.
Atualmente, a agropecuária é o principal pilar econômico do município, sendo em primeiro
lugar a criação de aves e suínos, integrada às agroindústrias da região. Em 2010 possuía
3.767 habitantes em uma área de 8.377 ha (IBGE, 2010).

Gleba 1 - Guatambu

4
Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>, acessado em 13 de janeiro de 2012.


Gleba 2 - Chapecó
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

Mapa 3.1: Localização da FLONA Chapecó


Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina

3.1 Acesso à Unidade

O acesso à sede da FLONA Chapecó é feito por via terrestre, partindo-se do centro de
Chapecó, percorrendo-se aproximadamente 6 km por vias municipais e mais 11 km pela
rodovia BR/SC-283 (Estrada Chapecó – São Carlos) em direção oeste. O acesso a Gleba III
também se dá pela BR/SC-283, estando localizada a margem desta, entre a sede da
Unidade (distanciada cerca de 2 km) e o Distrito de Fazenda Zandavalli (distanciado cerca
de 1 km). O acesso à Gleba II também é feito por via terrestre, partindo-se do centro da
cidade de Chapecó por vias municipais e pela SC-480 percorre-se aproximadamente 8,5
km, adentrando-se 2 km por estrada secundária não pavimentada de acesso a Linha Monte
Alegre, a qual contorna a gleba nas faces sul e oeste. No Quadro 3.1, pode-se verificar a
distância entre a FLONA Chapecó e as principais capitais da região sul e sudeste.

Quadro 3.1: Distância dos principais centros urbanos mais próximos à FLONA Chapecó
Cidade Distância (km) Rodovias
Porto Alegre 470 BR 386 / RS 404 / RS 324 / RS 406 / BR 480 / SC 283
Curitiba 496 BR 476 / BR 153 / BR 282 / SC 283
Florianópolis 564 BR 101/ BR 282 / SC 283
São Paulo 893 BR 116 / BR 476 / BR 153 / BR 282 / SC 283
Fonte: Google Mapas, acessado em 3 de março de 2010

O aeroporto municipal de Chapecó, Serafin Enoss Bertaso, é o principal da região


oeste catarinense, operando voos regulares para as principais capitais do país. O trajeto até
a sede da UC tem cerca de 26 km, seguindo 4 Km na estrada de acesso a Florenal Ribeiro
em direção à rodovia SC-480. Da rodovia SC-480 é necessário seguir por mais 5 Km até o
centro de Chapecó, a partir do centro de Chapecó deve-se pegar a saída para a BR/SC-283
e seguir por mais 17 Km por esta rodovia em direção ao município de São Carlos. O acesso
a sede da FLONA Chapecó localiza-se a esquerda da rodovia.

Além das rodovias federal e estadual, o acesso e o escoamento da produção dos


municípios far-se-ão por meio da construção de um novo ramal da ferrovia entre o oeste
catarinense e o sudoeste do Paraná (FERROESTE), que ainda não iniciou. Atualmente o
projeto está em fase de licitação do estudo de viabilidade. Após a construção da nova
extensão, a ferrovia ligará Santa Catarina ao Mato Grosso do Sul, passando pelo sudoeste e
oeste paranaense (informação verbal5).

No Mapa 3.2 podem-se ver os acessos terrestres e aéreos às glebas da FLONA


Chapecó e os municípios próximos.

5Informação fornecida pelo senhor Rodney Caetano - Assessor de Imprensa da FERROESTE, em 6 de


setembro de 2011

8
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Mapa 3.2: Acessos à FLONA Chapecó


Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

3.2 Origem do Nome e Histórico da Floresta Nacional

Entre 1900 e 1960 iniciou-se a colonização da região oeste catarinense com a


intenção de explorar a madeira abundante e economicamente rentável na região. O primeiro
ciclo madeireiro foi composto pelos balseiros do rio Uruguai, em meados de 1910 a 1940,
caracterizado pela derrubada de grande quantidade de araucárias em áreas próximas ao rio
Uruguai, que eram transportadas até a Argentina pelo rio em épocas de cheia.

O segundo ciclo madeireiro ocorreu entre 1940 e 1965, com a implantação de uma
série de serrarias em toda a região oeste de Santa Catarina, caracterizadas por
equipamentos de cortes mais avançados e por uma política do governo de incentivo a
produção de madeira serrada. A área ocupada pela FLONA Chapecó passou por este ciclo
madeireiro, antes de sua implantação como Parque Florestal, sendo que em uma de suas
glebas funcionava uma destas serrarias.

A área da Floresta Nacional de Chapecó foi adquirida em 1961, sendo o último dos
Parques Florestais criado pelo Instituto Nacional do Pinho (INP) na região de ocorrência
natural do pinheiro. A Unidade foi destinada ao plantio de Araucaria angustifolia com o
objetivo de estudar seu crescimento e comportamento, sob diferentes condições
silviculturais, mas, também à implantação de espécies exóticas como o Pinus elliottii e o
Pinus taeda. A Unidade conta com três glebas, a Gleba I (1.266,48 ha) foi comprada em
1961. Uma segunda, Gleba II (306,63 ha), foi posteriormente doada ainda naquele mesmo
ano ao governo federal pela Câmara Municipal de Chapecó e ratificada pela Prefeitura
Municipal (INP, 1962). A Gleba III (0,405 ha), localizada às margens da BR/SC-283, no
município de Guatambu, foi doada através de um acordo entre o espólio de Zandavalli e o
IBAMA, conforme Ofício 371/03 SEC/SCHA026 datado de abril de 2003. Em 1962 o Parque
foi implantado, recebendo o nome de Parque Florestal João Goulart, presidente deposto
pelos militares em março de 1964.

Após o golpe militar de 1964, ocorreu a extinção do INP e a criação do Instituto


Brasileiro de Desenvolvimento Florestal – IBDF em 1967. Com a publicação da Portaria
IBDF nº 560 em outubro de 1968, o Parque Florestal João Goulart, juntamente com as
atuais FLONAs de Três Barras e Caçador, foram enquadrados como Floresta Nacional, já
sob a administração do IBDF, respaldado em artigo do Código Florestal que definira a
categoria Floresta Nacional.

No período de 1980 a 1990, iniciou-se o manejo das florestas plantadas, com vendas
de matéria-prima para a indústria madeireira. Simultaneamente, na região ocorreu uma
intensa exploração madeireira, com abertura de fronteiras agrícolas. No final dos anos 80 foi
elaborado o primeiro Plano de Manejo da Floresta Nacional de Chapecó. Nesta época, o
IBDF passou por reformulações transformando-se no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA. Criado o IBAMA em fevereiro de 1989, a
FLONA Chapecó foi incorporada à sua estrutura administrativa até agosto de 2007, quando
o então criado Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) passou a
fazer a gestão das Unidades de Conservação Federais.

Em 1968, ano de enquadramento das Florestas Nacionais, toda área da FLONA


Chapecó pertencia ao município de Chapecó, sendo assim denominada com nome do
município. Somente em 1991, Guatambu foi emancipado de Chapecó como município.
Assim a Gleba I, a maior gleba onde se situa a sede da Unidade, como também a Gleba III,
localizam-se no município de Guatambu e a Gleba II no município de Chapecó.

6 Ofício da Justiça Federal


10 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 
4 ANÁLISE DA REPRESENTATIVIDADE DA FLORESTA NACIONAL

Neste item é tratado o contexto em que se insere a FLONA Chapecó e sua importância
nos esforços de conservação do bioma Mata Atlântica, particularmente em Santa Catarina.
É também abordada sua representatividade em relação às Unidades de Conservação
estaduais e federais do estado, bem como sua inserção no contexto ambiental internacional,
como integrante da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, e do Hotspot de biodiversidade
do Bioma Mata Atlântica. Além disso, são abordadas especificidades locais em termos da
inserção das áreas da FLONA Chapecó nos Planos Diretores dos Municípios, nos Planos de
Bacias Hidrográficas sua interface com os planejamentos de Corredores Ecológicos
previstos para o estado e sua localização na faixa de fronteira.

4.1 A Conservação dos Biomas Nacionais no Contexto das Unidades de


Conservação

Segundo Mittermeier (2005), em área terrestre o território brasileiro é apontado como


detentor da maior biodiversidade global, possivelmente reunindo 12% da vida natural no
planeta. De acordo com a ONG Conservação Internacional essa característica confere ao
Brasil o status de “País Megadiverso”7 (CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL, 2010). Essa
diversidade encontra-se distribuída em uma infinidade de ecossistemas, cuja porção
continental é classificada oficialmente pelo IBGE em seis biomas (Mapa 4.1).

Em função disso, uma das mais relevantes dentre as “Metas Nacionais de


Biodiversidade para 2010”, estabelecida em 2006 pela Comissão Nacional de
Biodiversidade (CONABIO) com objetivo de implementar compromissos assumidos pelo
país no âmbito da Convenção da Diversidade Biológica (ratificada pelo Brasil em 1992),
estabelece para a Componente 2 da Política Nacional de Biodiversidade8 (Conservação da
Biodiversidade), “pelo menos 30% do Bioma Amazônia e 10% dos demais biomas e da
Zona Costeira e Marinha efetivamente conservados por Unidades de Conservação do
Sistema Nacional de Unidades de Conservação9” (MMA, 2007, p. 8). Portanto, esta meta
objetivava contemplar porção mínima representativa de cada Bioma, por proteção legal
associada à gestão diferencial com foco em conservação.

Desde então, o número de UCs no Brasil têm aumentado, porém, de acordo com a
Figura 4.1, até 2009, o Brasil não havia atingido a referida meta da CONABIO, inclusive
para o Bioma Mata Atlântica, no qual está inserida a FLONA Chapecó. Isso reforça a
importância desta UC, em conjunto com o restante das presentes neste Bioma, na busca
para se atingir a meta futuramente.

7
Designação criada pelo Presidente da instituição, Russell Mittermeier, primatólogo de renome
internacional que durante suas pesquisas observara a concentração de 75% das espécies de
primatas em apenas 4 países: Brasil, Congo (ex-Zaire), Indonésia e Madagascar e, após a
compilação de levantamentos para outros grupos taxonômicos (plantas e outros animais), concluiu
que, a exemplo do G7, grupo dos 7 países que concentram a riqueza econômica do planeta, a
maior parte da riqueza em biodiversidade estaria concentrada em um grupo de 17 países, os então
chamados Países Megadiversos.
8 Decreto nº 4.339, de 22 de agosto de 2002.
9
Oficializada pela Resolução CONABIO nº 3, de 21 de dezembro de 2006.
11 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Mapa 4.1: Mapa de Biomas do Brasil.


Fonte: Modificado de IBGE, 2004

12
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

Figura 4.1: Porcentagem de Área de Unidades de Conservação por Bioma


Fonte: Modificado de IPEA, 2009

4.2 Contexto da Conservação no Estado de Santa Catarina

De acordo com Mapa de Biomas do Brasil (Mapa 4.1), a configuração fitogeográfica


do estado de Santa Catarina é integralmente representada por formações vegetais
pertencentes ao Bioma Mata Atlântica. Dentre as fitofisionomias do bioma encontram-se
Floresta Ombrófila Densa (ou Mata Atlântica sentido restrito), Floresta Ombrófila Mista (ou
Mata com Araucárias) e Floresta Estacional Decidual (ou Floresta do Alto Uruguai), além da
presença de ecossistemas associados, como restingas, manguezais e campos de altitude.

Atualmente, a Mata Atlântica encontra-se reduzida a aproximadamente 20% de sua


distribuição original no território catarinense, o que significa cerca de 2.250 km² do total de
9.565 km² do território do estado (FUNDAÇÃO SOS Mata Atlântica, 2009).

Na região oeste do estado de Santa Catarina, onde se insere a FLONA Chapecó, a


fitofisionomia predominante é a Floresta Ombrófila Mista (FOM) conforme classificação
fitogeográfica proposta pelo botânico catarinense referência Dr. Roberto Miguel Klein
(KLEIN, 1978), por meio do Mapa Fitogeográfico de Santa Catarina. Nele a FOM
representaria, originalmente, cerca de 65% da área total da região oeste.

A Floresta Nacional de Chapecó compreende, somadas as duas glebas, área de


aproximadamente 997 ha de FOM, o que representaria aproximadamente 0,09% no
contexto da distribuição original da FOM no oeste catarinense, ou 0,18% da distribuição
atual, se considerado o cruzamento das informações disponíveis atualmente, trazidas pelo
Mapa Fitogeográfico de Santa Catarina e uso do solo elaborado em 2008 pelo Projeto de
Proteção da Mata Atlântica em Santa Catarina (PPMA/SC). No entanto, esta informação
possui certa imprecisão, pois as escalas em que foram elaborados os dois mapeamentos
diferem, sendo o uso do solo mais detalhado (1:50.000) que o Mapa Fitogeográfico
(1:500.000). Apesar disso, a utilização do segundo, mesmo que de maneira perceptiva, faz-
se necessária nesta contextualização, porque o primeiro não contém distinção detalhada
entre as distintas fitofisionomias da Mata Atlântica.

Independente da questão de compatibilidade de escala entre os mapeamentos, o


Mapa 4.2, que espacializa estas informações com destaque para as áreas protegidas por
UCs Federais e Estaduais, torna evidente o atual e crítico cenário da conservação da FOM
no oeste de Santa Catarina, pois são escassos os remanescentes desta tipologia
contemplados por Unidades de Conservação.

13 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Mapa 4.2: Localização das Unidades de Conservação e RPPNs na Região Oeste de Santa Catarina

14
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

Já no contexto local, o Mapa 4.3, elaborada com base no uso do solo do PPMA/SC
(2008), considerando apenas a legenda “Florestas em Estágio Médio ou Avançado e/ou
Primárias”, evidencia a alta relevância das duas glebas da FLONA Chapecó como partes
significativas de dois dos quatro maiores fragmentos de Mata Atlântica nativa da região
(representados no mapa pela legenda mais escura). A análise apresentada foi elaborada por
meio do software ArcGis 10, que dividiu automaticamente os fragmentos em cinco classes
de tamanho, baseado na própria fragmentação da mata.

Em termos quantitativos, a relação entre a área total compreendida por cada classe e
o número de fragmentos da respectiva classe (Quadro 4.1), também evidencia a
importância dos quatro maiores remanescentes na paisagem, já bastante fragmentada, pois
sozinhos estes encerram a maior área (6.880,68 ha) dentre as cinco classes.

Quadro 4.1: Número de Fragmentos por Classes de Tamanho (em ha)

SOMATÓRIO DAS ÁREAS DE


NÚMERO DE
CLASES DE TAMANHO (ha) TODOS OS FRAGMENTOS
FRAGMENTOS
DA CLASSE (ha)
0,01 a 45,87 469 5.378,62
45,87 a 143,85 55 4.464,96
143,85 a 320,62 15 3.303,10
320,62 a 843,93 7 3.911,37
843,93 a 2.963,33 4 6.880,68

Considerando apenas a classe dos maiores fragmentos, fica mais evidente a


importância das glebas da FLONA Chapecó na proteção de parte significativa de dois
destes maiores fragmentos (Quadro 4.2). A maior Gleba da FLONA Chapecó representa
mais da metade do Fragmento 4, enquanto a Gleba 2 representa 21% do segundo maior
fragmento. Além disso, esta gleba encerra área com características de mata primária, cuja
forma não propicia tanto efeito e borda, em comparação com o restante dos fragmentos
estreitos e alongados presentes na paisagem como um todo.

Quadro 4.2: Tamanhos dos Quatro Maiores Fragmentos da Paisagem (em ha) e Percentual
destes Protegido pelas Glebas da FLONA Chapecó (quando aplicável)
PORCENTAGEM DO
TAMANHO FRAGMENTO
FRAGMENTO LOCALIZAÇÃO
FRAGMENTO CONTEMPLADA NA
UC
Entre as glebas da FLONA
Fragmento 1 2.963,30 Não se aplica
Chapecó
Contempla Gleba II da
Fragmento 2 1.338,40 21%
FLONA Chapecó
No mapa, à direita da
Fragmento 3 1.333,70 Não se aplica
Gleba II
Contempla Gleba I da
Fragmento 4 1.245,50 57%
FLONA Chapecó

15 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Mapa 4.3: Mapa de Fragmentos de Floresta Atlântica Nativa em Estágio Médio ou Avançado e/ou Primários, Divididos em
Cinco Classes de Tamanho Geradas Automaticamente pelo Programa Arcgis 10, com Base na Fragmentação Florestal
Evidenciada no Mapa de Uso do Solo Realizado por PPMA (2008).
16
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

4.2.1 Unidades de Conservação Federais e Estaduais no Estado de Santa Catarina

Com exceção da categoria Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), que


será tratada à parte em item seguinte, existem atualmente 26 Unidades de Conservação no
estado de Santa Catarina (Mapa 4.4), sendo 16 federais (Quadro 4.3) e 10 estaduais
(Quadro 4.4). A Floresta Nacional de Chapecó está inserida no grupo de Unidades de
Conservação Federais de Uso Sustentável, que somam um total de 172.123,3 ha no estado.
Sua área corresponde a 1.590 ha, a segunda maior das Florestas Nacionais de Santa
Catarina, o que representa para o estado 22% da área das FLONAs, 0,93% das Unidades
de Uso Sustentável e 0,35% de todas as Unidades de Conservação, excetuando as RPPNs.

As UCs relativamente mais próximas da FLONA Chapecó estão localizadas nos


municípios de Concórdia (Parque Estadual Fritz Plaumann), Abelardo Luz (Estação
Ecológica Mata Preta), São Domingos (Parque Estadual das Araucárias), e municípios de
Ponte Serrada e Passos Maia (Parque Nacional das Araucárias). Destas, a primeira é a
mais próxima, distando cerca de 50 Km da FLONA Chapecó (Mapa 4.2), embora contemple
fitofisionomia distinta (Floresta Estacional Decidual).

Com relação especificamente à Floresta Ombrófila Mista, atualmente restam menos


de 3% de sua área original no Brasil, sendo que menos de 1% guarda características da
floresta primitiva (WWF-BRASIL, 2005) e porcentagem possivelmente menor da área
original de distribuição da FOM em SC está sob a proteção de UCs Federais e Estaduais10,
o que se estima ser insuficiente para garantir elevada biodiversidade no longo prazo. Neste
contexto, a FLONA Chapecó destaca-se como importante ferramenta nos esforços de
conservação empreendidos no oeste catarinense.

10
Cerca de 0,2%, em inferência aproximada, com base no cruzamento das informações disponíveis
para UCs Federais e Estaduais, com o limite aproximado da área de distribuição original da FOM em
SC, oriundo do Mapa Fitogeográfico do Estado de SC, do ano de 2001, elaborado pela Secretaria de
Estado do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente e Fundação do Meio Ambiente, baseado no
Mapa Fitogeográfico de Santa Catarina, proposto pelo botânico Roberto Klein em 1978. Ver Mapa
4.2.

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Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Mapa 4.4: Unidades de Conservações Federais e Estaduais do estado de Santa Catarina.


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Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

Quadro 4.3: Unidades de Conservação Federais no Estado de Santa Catarina


UC Criação Bioma Decreto Área (Km²)
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS

Proteção Integral
Reserva Biológica
Mata Atlântica/ Dec. nº 99.142 de 12 de
Marinha do Arvoredo 1990 171,0452
Marinho Costeiro março de 1990
Estação Ecológica
Dec. s/nº de 19 de
Mata Preta 2005 Mata Atlântica 65,6570
outubro de 2005
Dec. nº 94.656 de 20 de
Carijós 1987 Mata Atlântica 7,593
julho de 1987
Parque Nacional

Dec. s/nº de 04 de junho


Serra do Itajaí 2004 Mata Atlântica de 2004 e Dec. s/nº de 20 573,7470
de fevereiro de 2006

Dec. s/nº de 19 de
das Araucárias 2005 Mata Atlântica 128,4670
outubro de 2005
Dec. nº 70.296 de 17 de
Aparados da Serra 1959 Mata Atlântica 130,4156
março de 1972
Dec. nº 531 de 20 de
Serra Geral 1992 Mata Atlântica 173,1036
maio de 1992
Dec. nº 50.922 de 06 de
São Joaquim 1961 Mata Atlântica 427,7472
julho de 1961

Uso Sustentável
Área de Proteção Ambiental
Mata Atlântica/ Dec. nº de 14 de
Baleia Franca 2000 1.548,64
Marinho Costeiro setembro de 2000
Mata Atlântica/ Dec. nº 528 de 20 de
Anhatomirim 1992 44,36
Marinho Costeiro maio de 1992
Área de Relevante Interesse Ecológico

Decreto S/N de
Serra das Abelhas 1990 Mata Atlântica 50,1655
25/05/1996
Floresta Nacional
Portaria nº 560 de 25 de
Caçador 1968 Mata Atlântica 7,0654
outubro de 1968
Portaria nº 560 de 25 de
Chapecó 1968 Mata Atlântica 16,04*
outubro de 1968
Dec. nº 95.818 de 11 de
Ibirama 1998 Mata Atlântica 5,1935
março de 1998
Portaria nº 560 de 25 de
Três Barras 1968 Mata Atlântica 43,8533
outubro de 1968
Reservas Extrativista
Mata Atlântica/ Dec. nº 533 de 20 de
Pirajubaé 1992 16,9690
Marinho Costeiro maio de 1992
* Área referente a FLONA Chapecó contida em seu registro de Imóveis, disponibilizado pela Unidade, é de
15,7351 Km²
Fonte: Cadastro Nacional de Unidades de Conservação. MMA. Disponível em: http://www.mma.gov.br, acessado
em 29 de setembro de 2011.

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Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Quadro 4.4: Unidades de Conservação Estaduais no Estado de Santa Catarina


Unidade de Data de No do Área Municípios
Formações vegetais
Conservação criação Decreto (ha) abrangidos
Parque Estadual
Florianópolis, Palhoça,
Campo de Altitude, F.
Santo Amaro da
Ombrófila Densa, F.
1.260 Imperatriz, Águas
da Serra do Ombrófila Mista,
1975 e 87.405 Mornas, São Bonifácio,
Tabuleiro Manguezal, F. Nebular,
2.335 São Martinho, Imaruí,
Restinga, F. de
Garopaba e Paulo
Planície Quaternária
Lopes
do Acarai 2005 3.517 6.667 São Francisco do Sul Restinga, Manguezal

Rio Canoas 2004 1.871 1.200 Campos Novos F. Ombrófila Mista

da Serra Furada 1980 11.233 1.329 Orleans e Grão-Pará F. Ombrófila Densa

do Rio
2007 308 1.532 Florianópolis Restinga
Vermelho

Floresta Estacional
Fritz Plaumann 2003 797 740 Concórdia
Decidual
São Domingos e
das Araucárias 2003 293 612 F. Ombrófila Mista
Galvão
Reserva Biológica Estadual
11.232
Botuverá e Nova
da Canela Preta 1980 e 1.899 F. Ombrófila Densa
Trento
4.840
Doutor Pedrinho e
do Sassafrás 1977 2.221 5.522 F. Ombrófila Densa
Benedito Novo
Treviso, Morro Grande,
F. Ombrófila Densa,
do Aguaí 1983 19.635 7.672 Siderópolis e Nova
Campo de Altitude
Veneza
Fonte: FATMA. Disponível em: http://www.fatma.sc.gov.br/

4.2.1.1 Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPNs) Federais no Estado de


Santa Catarina

As Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) federais no de Santa


Catarina somam um total aproximado de 22.104,29 ha (Quadro 4.5). Destas, as que se
localizam integralmente em área de Floresta Ombrófila Mista são: Gralha-Azul, Ano Bom,
Curucaca IV, Reserva Leão da Montanha, Curucaca II, Curucaca I, Curucaca III, Fazenda
Santa Terezinha, Retiro TUN, Taipa do rio Itajaí, Portal das Nascentes, Serra do Luncindo,
Taipa rio do Couro, Refúgio do Macuco e Araucárias Gigantes. Destaca-se ainda que das
últimas 6 RPPNs criadas em 2010 e 2011 na esfera federal, 5 estão em região de FOM.
Apesar disso, dentre estas listadas nenhuma se encontra regionalmente próxima às glebas
da FLONA Chapecó, considerando os municípios de Chapecó e Guatambu, ou mesmo seus
limítrofes. As mais próximas da FLONA Chapecó são RPPN Gralha-Azul e Fazenda Santa
Terezinha, ambas situadas no município de Água Doce em SC (Mapa 4.2).

20 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

Quadro 4.5: Reservas Particulares do Patrimônio Natural Criadas em Âmbito Federal no


Estado de Santa Catarina
RPPN Município Área (ha) Portaria Formações vegetais
Reserva do Caraguatá III Antônio Carlos 1.854,00 645/1990 FOD
Formações
Fazenda Palmital Itapoá 590,60 70/1992
Pioneiras
Parque Ecológico Artex Blumenau 5.296,16 143/1992-N FOD
Reserva Burgerkopf Blumenau 82,07 148/1992-N FOD
Fazenda Pousada Serra
Ituporanga 3,00 40/1997-N FOD
Pitoco
Reserva do Caraguatá II Antônio Carlos 558,86 061/1998-N FOD
Reserva do Caraguatá I Major Gercino 900,39 98/1998-N FOD
Barra do Rio do Meio Santa Rosa de Lima 10,00 23/1999-N FOD
Morro das Aranhas Florianópolis 44,16 043/1999-N FOD
Reserva Normando
Balneário Camboriú 3,82 057/1999 FOD
Tedesco
Reserva Natural Menino
Florianópolis 16,00 085/1999 FOD
Deus
Gralha-Azul Água Doce 49,00 27/2000 FOM
Fazenda Araucária São Joaquim 50,00 41/2000 Savana
Guaxinim São José 26,00 66/2001 FOD
Prima Luna Nova Trento 100,00 100/2001 FOD
Chácara Edith Brusque 415,79 158/2001 FOD
Ano Bom São Bento do Sul 88,00 167/2001 FOM
Caetezal Joinville 4.613,80 168/2001 FOD
Bio Estação Águas
Brusque 102,96 19/2002 FOD
Cristalinas
Reserva Emílio Florentino
Corupá 100,96 53/2002 FOD
Battistela
Reserva Rio das Furnas Alfredo Wagner 10,00 61/2002 FOD
Morro da Palha São Francisco do Sul 7,00 62/2002 FOD
Morro dos Zimbros Porto Belo 45,90 119/2002 FOD
Passarim Paulo Lopes 226,47 21/2004-N FOD
Balneário Arroio do Formações
Capão Redondo 14,04 84/2005
Silva Pioneiras
São Pedro de
34/2005 e
Rio das Lontras Alcântara e Águas 19,99 FOD
40/2009
Mornas
Santuário Rã-Bugio I Guaramirim 1,89 02/2008 FOD
Santuário Rã-Bugio II Guaramirim 2,75 16/2008 FOD
Curucaca IV Bom Retiro 59,46 25/2008 FOM
Reserva Leão da
Urubici 126,50 34/2008 FOM
Montanha
Campo Belo do Sul e
Emilio Einsfeld Filho 6.328,60 74/2008 FOM/FED/Savana
Capão Alto
Vale das Pedras Alfredo Wagner 33,58 92/2008 FOD
Grutinha Nova Trento 5,99 05/2009 FOD
Curucaca II Bom Retiro 24,44 12/2009 FOM
Curucaca I Bom Retiro 32,08 14/2009 FOM
Curucaca III Bom Retiro 78,60 15/2009 FOM
Fazenda Santa Terezinha Água Doce 60,00 19/2009 FOM
Pedra da Águia Urubici 30,00 23/2009 FOM/Savana
Retiro TUN Rancho Queimado 4,95 44/2009 FOM
Taipa do rio Itajaí Itaiópolis 23,12 75/2009 FOM
Corredeiras do rio Itajaí Itaiópolis 339,92 77/2009 FOD
Portal das Nascentes Urubici 15,70 09/2010 FOM
Serra do Luncindo Bela Vista do Toldo 316,05 72/2010 FOM

21 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

RPPN Município Área (ha) Portaria Formações vegetais


Porto Franco Botuverá 45,00 73/2010 FOD
Taipa rio do Couro Itaiópolis 36,30 56/2010 FOM
Refúgio do Macuco Itaiópolis 31,86 60/2010 FOM
Araucárias Gigantes Itaiópolis 55,73 17/2011 FOM
Área Total 22.881,49 ha
Fonte: ICMBio, 2011. Disponível em: www.icmbio.gov.br/rppn/

4.2.2 A FLONA Chapecó e as Áreas Prioritárias para a Conservação em Santa


Catarina

O levantamento e mapeamento das “Áreas Prioritárias para a Conservação, Uso


Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira”, é fruto do “Projeto de
Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira” desenvolvido
entre 1998 e 2000 e de atualizações posteriores. O diagnóstico e o mapeamento dessas
áreas vem sendo atualizado desde então, sendo a última atualização estabelecida
formalmente pela Portaria MMA nº 09 de 23/01/2007 (MMA, 2007).

A definição dessas áreas foi feita para todos os biomas brasileiros, com base em
informações disponíveis e uma série de reuniões técnicas, seminários regionais e oficinas
participativas com uma série de especialistas e entidades afins. As áreas identificadas foram
classificadas de acordo com seu grau de importância para biodiversidade e com a urgência
para a implementação das ações sugeridas. As áreas foram classificadas quanto a sua
importância em extremamente alta, muito alta, alta e insuficientemente conhecida. Quanto à
urgência das ações foram classificadas como extremamente alta, muito alta e alta (MMA,
2007).

No Bioma Mata Atlântica estão mapeadas e tabeladas 886 áreas, que incluem
praticamente todas as UCs públicas desse bioma, além de terras indígenas e também
outras áreas não protegidas. Na região da FLONA Chapecó, inserida no oeste de Santa
Catarina, foram mapeadas algumas áreas prioritárias (Figura 4.2), incluindo a própria
FLONA Chapecó como uma dessas áreas, além de outras nove áreas, sendo quatro terras
indígenas, uma área caracterizada como "Entorno da FLONA Chapecó" e os Corredores
Ecológico do rio Chapecó e do Rio Uruguai (Quadro 4.6 e Figura 4.3). Ainda no oeste de
Santa Catarina, são mapeadas, aproximadamente, outras 12 áreas prioritárias, sendo que
quatro são Unidades de Conservação: ESEC da Mata Preta, Parque Estadual Fritz
Plauman, Parque Nacional das Araucárias e Parque Estadual das Araucárias (Figura 4.2).

22 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

Figura 4.2: Áreas Prioritárias para o estado de Santa Catarina


Fonte: MMA, 2007.

23 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Quadro 4.6: Áreas Prioritárias para a Conservação (segundo MMA, 2007), existentes na região da FLONA Chapecó
Nome Característica Importância Prioridade Oportunidade Ameaças Ação
Importantes fragmentos de Existência de RPPN e UCs Presença de espécies exóticas.
Floresta Ombrófila Mista e municipais. Pesquisa científica. Caça predatória. Barramentos -
Floresta Estacional Decidual Demanda de produtos orgânicos. Inundação de áreas por
Entorno
(transição) na região; Oportunidade de aproveitamento hidrelétricas. Expansão de área Cria UC -
Flona Alta Muito Alta
registro do papagaio-do- de resíduos orgânicos para agrícola. Expansão de área urbana. PI
Chapecó
peito-roxo (espécie geração de energia e outras Contaminação de recursos hídricos.
ameaçada); a área engloba riquezas. Existência de Perda de biodiversidades e
a FLONA Chapecó. universidades regionais. recursos. Contaminação do solo.
Corredor do Uruguai; liga as Presença de espécies exóticas.
terras indígenas (não Caça predatória. Pesca predatória.
diretamente, liga a 1.58) ao Barramentos - Inundação de áreas
Corredor do Projetos de desenvolvimento
PE do Turvo e ao Maciço Extremamen Extremam por hidrelétricas. Uso de Mosaico/C
Rio Uruguai sustentável. Existência de RPPN e
Florestal de Missiones, AR. te Alta ente Alta agrotóxicos. Expansão de área orredor
(Oeste) UCs municipais.
Presença de espécies agrícola. Perda de biodiversidades
ameaçadas gênero Dyckia e recursos. Extração de madeira.
extinta no Brasil. Isolamento e fragmentação de área
Existência do PARNA das Presença de espécies exóticas.
Araucárias. Área núcleo da Caça predatória. Barramentos.
limites ao longo da mata reserva da Biosfera. Existência de Inundação de áreas por
Corredor ciliar do rio Chapecó. Área Extremam águas termais. Conservação da hidrelétricas. Uso de agrotóxicos. Cria UC -
Muito Alta
Chapecó núcleo da Reserva da ente Alta ictiofauna. Existência da estação Expansão de área agrícola. PI
Biosfera da Mata Atlântica. de piscicultura de São Carlos (SC) Expansão de área urbana.
que atua somente com espécies Contaminação de recursos hídricos.
nativas. Perda de biodiversidade.
Presença de espécies exóticas.
Caça predatória. Pesca predatória.
Limite ao longo da mata Barramentos - Inundação de áreas
Existência de RPPN e UCs
Corredor ciliar. Área núcleo da por hidrelétricas. Uso de Mosaico/C
Alta Alta municipais. Projetos de
Rio Uruguai Reserva da Biosfera da agrotóxicos. Captura de fauna e orredor
desenvolvimento sustentável.
Mata Atlântica. flora silvestre para tráfico.
Contaminação de recursos hídricos.
Perda de biodiversidades.
Limite ao longo da mata Presença de espécies exóticas.
ciliar. Área núcleo da Caça predatória. Pesca predatória.
Corredor do Existência de RPPN e UCs
reserva da biosfera da Mata Barramentos - Inundação de áreas Mosaico/C
Rio Uruguai Alta Muito Alta municipais. Projetos de
Atlântica. Presença de por hidrelétricas. Uso de orredor
(Leste) desenvolvimento sustentável.
espécies ameaçadas agrotóxicos. Captura de fauna e
gênero Dyckia extinta no flora silvestre para tráfico.

24 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

Nome Característica Importância Prioridade Oportunidade Ameaças Ação


Brasil. Contaminação de recursos hídricos.
Perda de biodiversidades.
Projetos de desenvolvimento
Perda de biodiversidades e
sustentável. Recuperação de APP.
recursos. Extração de pedras semi-
TI Aldeia Uso de plantas medicinais. Área
Nenhuma informação. Alta Alta preciosas. Expansão de área
Kondá Criação de peixes de espécies Protegida
agrícola. Contaminação do solo.
nativas como recurso de
Caça predatória.
subsistência.
Projetos de desenvolvimento
Contaminação de recursos hídricos.
sustentável. Recuperação de APP.
Perda de biodiversidades e
TI Toldo Uso de plantas medicinais. Área
Nenhuma informação. Alta Alta recursos. Expansão de área
Pinhal Criação de peixes de espécies Protegida
agrícola. Uso de agrotóxicos. Caça
nativas como recurso de
predatória.
subsistência.
Presença de espécies exóticas.
Área de transição de Caça predatória. Barramentos.
Floresta Ombrófila Mista e Inventário de Biodiversidade. Inundação de áreas por
FLONA Floresta Estacional Pesquisa científica. Ecoturismo. hidrelétricas. Uso de agrotóxicos. Área
Muito Alta Alta
Chapecó Decidual; importante Desenvolvimento sustentável. Captura de fauna e flora silvestre Protegida
fragmento para conservação educação ambiental para tráfico. Expansão de área
das espécies da região. agrícola. Expansão de área urbana.
Contaminação de recursos hídricos.
Projetos de desenvolvimento
Contaminação de recursos hídricos.
sustentável. Recuperação de APP.
Perda de biodiversidades e
TI Toldo Uso de plantas medicinais. Área
Nenhuma informação. Alta Alta recursos. Expansão de área
Chimbangue Criação de peixes de espécies Protegida
agrícola. Uso de agrotóxicos. Caça
nativas como recurso de
predatória.
subsistência.
Projetos de desenvolvimento
Contaminação de recursos hídricos.
sustentável. Recuperação de APP.
TI Toldo Perda de biodiversidades e
Uso de plantas medicinais. Área
Chimbangue Nenhuma informação. Alta Alta recursos. Expansão de área
Criação de peixes de espécies Protegida
II agrícola. Uso de agrotóxicos. Caça
nativas como recurso de
predatória.
subsistência.

25 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Figura 4.3: Áreas Prioritárias para Conservação (segundo MMA,2007), existentes na região da FLONA Chapecó.

26 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

4.2.2.4 Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA) em Santa Catarina

Reserva da Biosfera (RB), segundo definição trazida pelo SNUC é:

[...] um modelo, adotado internacionalmente, de gestão integrada, participativa e


sustentável dos recursos naturais, com os objetivos básicos de preservação da
diversidade biológica, o desenvolvimento de atividades de pesquisa, o
monitoramento ambiental, a educação ambiental, o desenvolvimento sustentável e a
melhoria da qualidade de vida das populações.

Trata-se, portanto, de título de reconhecimento conferido pela UNESCO, através do


Programa Intergovernamental O Homem e a Biosfera (MAB).

Segundo informações divulgadas no portal eletrônico da RBMA11, o reconhecimento


desta Reserva pela UNESCO foi realizado em seis fases (Fases I a VI) entre 1992 e 2008,
sendo esta a primeira unidade da Rede Mundial de Reservas da Biosfera declarada no
Brasil. Como missão, a RBMA busca “contribuir de forma eficaz para o estabelecimento de
uma relação harmônica entre as sociedades humanas e o ambiente na área de Mata
Atlântica”.

A RBMA incluiu a área da FLONA Chapecó em sua última fase (Fase VI, em 2008), a
partir da qual, também de acordo com informações fornecidas pela instituição12, passou a
totalizar cerca de 78.500.000 ha, sendo aproximadamente 62.300.000 ha em áreas
terrestres e 16.200.000 em áreas marinhas, contemplando 16 dos 17 estados de ocorrência
de Mata Atlântica no país (Mapa 4.5).

Apesar de resguardar importantes remanescentes de Mata Atlântica, a FLONA


Chapecó encontra-se inserida na RBMA como Zona de Amortecimento, em função de sua
categoria de manejo que permite exploração direta de recursos naturais, evitando-se assim,
possibilidades de conflito com a redação trazida pela Lei do SNUC a respeito da constituição
das RBs:

§ 1o A Reserva da Biosfera é constituída por:


I - uma ou várias áreas-núcleo, destinadas à proteção integral da natureza;
II - uma ou várias zonas de amortecimento, onde só são admitidas atividades que não
resultem em dano para as áreas-núcleo; e
III - uma ou várias zonas de transição, sem limites rígidos, onde o processo de ocupação
e o manejo dos recursos naturais são planejados e conduzidos de modo participativo
e em bases sustentáveis.
As Zonas de Amortecimento, segundo informações do portal da RBMA13, “são
estabelecidas no entorno das zonas núcleo, ou entre elas, e têm por objetivos minimizar os
impactos negativos sobre estes núcleos e promover a qualidade de vida das populações da
área, especialmente das comunidades tradicionais”.

Em Santa Catarina, estado cujo somatório de áreas remanescentes de Mata


Atlântica totaliza a terceira maior área dentre os entes da federação (cerca de 23% da
distribuição original, segundo SOS - Mata Atlântica/INPE, 2011), a Fase VI da RBMA
incorporou em 2008 cerca de 4.706.180 ha em área terrestre, além dos 455.755 ha em área
marinha. Isso representa, para área terrestre, quase 50% do total de remanescentes
florestais do estado.

11
Disponível em < http://www.rbma.org.br/rbma/rbma_1_textosintese.asp>, acesso em 11 de junho de 2011.
12
Disponível em < http://www.rbma.org.br/rbma/rbma_fase_vi_01_apres.asp>, acesso em 11 de julho de 2011.
13
Disponível em <http://www.rbma.org.br/rbma/rbma_1_zoneamento.asp>, acesso em 11 de julho de 2011.
27 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Mapa 4.5: Fase VI da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica


Fonte: Site da RBMA. Acessado em: 23 de fevereiro de 2010.
28 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

4.2.2.5 Hotspots de Biodiversidade

Hotspot foi um conceito criado em 1988 pelo ecólogo inglês Norman Myers, para
identificar as áreas prioritárias à conservação. São considerados “hotsposts” regiões com
pelo menos 1.500 espécies endêmicas de plantas e que tenham perdido mais de ¾ de sua
vegetação original, ou seja, áreas de alta biodiversidade e ameaçadas no mais alto grau14.

Segundo informações disponibilizadas pela ONG Conservação Internacional (CI) em


seu portal, em 2005 a organização atualizou as análises anteriores ampliando para 34 o
número dos Hotspots mundiais. Essas áreas, que representam apenas 2,3% da superfície
terrestre, são o habitat de 75% dos mamíferos, aves e anfíbios mais ameaçados do planeta
e também onde se encontram 50% das plantas e 42% dos vertebrados conhecidos.

No Brasil, são considerados Hotspots os biomas Mata Atlântica e Cerrado, razão


pela qual a FLONA Chapecó se insere neste contexto. Um dos principais benefícios deste
reconhecimento é o destaque, em nível internacional, que dá publicidade ao Bioma e auxilia
a tarefa de conscientização da população a respeito da necessidade de conservação dos
remanescentes florestais. Indiretamente, isso pode facilitar a gestão e até mesmo auxiliar na
captação de recursos para esta tarefa, pois o estado de ameaça em que se encontra o
bioma, associado a sua importância em termos de biodiversidade, são argumentos
reconhecidos mundialmente que apontam a necessidade premente de esforços. Atualmente,
apenas outras 33 regiões do mundo possuem este destaque para urgência em ações de
conservação.

4.3 Potencialidades de Cooperação nos Níveis Regional e Local

Em âmbito regional, existem iniciativas públicas, privadas e não governamentais, que


buscam a proteção dos remanescentes florestais para conservação da FOM. A seguir são
resumidamente destacadas aquelas que apresentam potencial sinergia com a FLONA
Chapecó, principalmente por estimularem o desenvolvimento de práticas econômicas mais
compatíveis com a conservação no entorno de áreas remanescentes de Mata Atlântica.

4.3.1 Corredores Ecológicos Chapecó e Timbó

Os Corredores Ecológicos constituem estratégias de conservação da biodiversidade desde


os anos 90, quando se percebeu que os esforços de conservação centrados apenas em
Áreas Protegidas fatalmente resultariam em “ilhas de biodiversidade” isoladas em meio a
uma matriz completamente antropizada (AYRES et al., 1997).

De acordo com SNUC (2000), Corredor Ecológico (CE) é definido como:

[..].porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando Unidades de


Conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota,
facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem
como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas
com extensão maior do que aquela das Unidades individuais.

Em Santa Catarina, o Governo do Estado criou, através dos Decretos Estaduais nº


2.957 e nº 2.956, de 10 de janeiro de 2010, os CEs Chapecó e Timbó, respectivamente.
Estes CE, estão localizados nas Bacias Hidrográficas dos rios Chapecó e Timbó, na região
oeste e no planalto norte catarinense, respectivamente. Juntos somam 10 mil km², em 34
municípios, o que corresponde 10,7% da área do estado de SC (Mapa 4.6).

14
Disponível em < http://www.conservation.org.br/como/index.php?id=8>, acesso em 11 de julho de 2011.

29 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Mapa 4.6: Localização dos CE Chapecó e Timbó e Unidades de Conservação em Santa


Catarina

O processo de planejamento dos CEs Chapecó e Timbó foi desenvolvido entre os


anos 2007 e 2009, no âmbito do Projeto Microbacias 2, por meio do Subcomponente
Corredores Ecológicos e Unidades de Conservação, sob coordenação da Fundação do Meio
Ambiente (FATMA). Todas as ações desenvolvidas foram pautadas em um amplo processo
participativo, por meio de oficinas e reuniões setoriais com representantes dos diversos
setores socioeconômicos e políticos de ambas as regiões, e também em estudos técnicos
sobre o meio biótico (fauna e flora), o meio físico (recursos hídricos, geologia e
geomorfologia) e o meio socioeconômico. Como resultado, há forte aceitação e identificação
dos atores sociais locais com as propostas de implementação dos Corredores Ecológicos.

O conceito utilizado nesses trabalhos tem sido considerado pioneiro no Brasil, pois vai
além dos pressupostos estabelecidos pelo SNUC. Segundo Santa Catarina (2009), as ações
de implementação estão focadas em compatibilizar o desenvolvimento do meio rural com a
conservação da biodiversidade, por meio de uma proposta de desenvolvimento territorial
sustentável. Assim, os CEs Chapecó e Timbó têm como principais objetivos a promoção de
melhoria na paisagem, garantindo a cobertura vegetal existente, e a agregação de valor,
produtividade e mercado para a produção agropecuária sustentável de produtos regionais.
De acordo com Santa Catarina (2010):

O conceito de Corredor Ecológico desenvolvido para o SC Rural (Microbacias 3)


refere-se a um sistema de gestão da paisagem onde a manutenção da
permeabilidade da matriz e o incremento de conectividade, através de mecanismos
de incentivo econômico, constituem o esforço central na proposta de
implementação.

No entanto, estes objetivos, para a maioria dos produtores, parecem incompatíveis,


pois manter espécies nativas ainda não significa diretamente ganhos financeiros,
consideradas as técnicas de produção tradicionais. Visando a reversão deste quadro, o
Plano Operacional dos Corredores Ecológicos de Chapecó e Timbó prevê a criação de
um Sistema de Créditos de Conservação, com estruturação de um Modelo de Gestão e

30 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

Governança, para remunerar produtores rurais que mantém florestas nativas em suas
propriedades ou que se dispõem a recuperar áreas degradadas (SANTA CATARINA, 2010).

O sistema prevê também o Desenvolvimento e Estruturação do Cadastro de


Áreas de Estoque Incremental Florestal (CADEF), ou seja, um cadastro de áreas privadas
disponíveis para a conservação, além de um Modelo de Gestão e Governança do
Sistema de Créditos de Conservação, uma espécie de corretora de áreas naturais,
responsável por fazer o gerenciamento, a comunicação e a articulação entre os investidores
interessados em conservar florestas e os produtores rurais (proprietários). Entretanto, para
assegurar a melhoria na paisagem e consequente incremento em conservação, as áreas
conservadas deverão seguir padrões de qualidade e serão monitoradas.

O modelo de gestão dos Corredores Ecológicos também prevê a estruturação e


implantação de diversos Sistemas de Integração Econômico-Ecológico (SIEE),
responsáveis por captar benefícios de mercado e capacitar os produtores rurais,
melhorando a qualidade e a produtividade. Cabe salientar que, ao aplicar estratégias de
mercado e gerar valor econômico para áreas privadas de floresta, estes mecanismos de
gestão previstos para os CEs Chapecó e Timbó seguem uma tendência internacional de
valorização da biodiversidade.

A estratégia de implementação dos Corredores Ecológicos, detalhada em Santa


Catarina (2010 p. 185-195) será desenvolvida no Projeto Microbacias 3 - Programa Santa
Catarina Rural, entre 2010 e 2016, sob coordenação da Fatma, em parceria com a Epagri15,
SAR16 (via FDR17), SDS18 e Polícia Ambiental. O Programa como um todo será financiado
com recursos do Governo do Estado de Santa Catarina e do Banco Mundial.

Nesse contexto, identifica-se potencial sinergia entre a FLONA Chapecó e os CEs,


pois um dos principais objetivos (melhoria da permeabilidade da paisagem19) também é
fundamental à manutenção da biodiversidade nas glebas da FLONA Chapecó, no longo
prazo. Isso fica mais evidente, tendo em vista que a paisagem nos CE, além de
regionalmente próxima, é semelhante à região da FLONA Chapecó, em termos de estrutura,
fragmentação, necessidades e potencialidades de conservação, sendo, em ambas,
necessária a manutenção de conectividades entre importantes fragmentos de FOM.

Embora a implementação das inovações previstas para os CEs estejam limitadas


inicialmente às suas respectivas áreas de abrangência, é possível que futuramente possam
ser estendidas a outras regiões do Estado. Cabe ressaltar que, segundo Santa Catarina
(2010), o Programa SC Rural será executado em todo o território do estado, tendo por base
inicial as 936 microbacias hidrográficas já trabalhadas no Projeto Microbacias 2. A FLONA
Chapecó esteve inserida em duas das microbacias (áreas de trabalho) do projeto, estando a
Gleba I na FLONA na área de trabalho Lageado Peão, e a Gleba II, na área de trabalho
Monte Alegre.

4.3.2 Plano Diretor de Desenvolvimento Territorial de Chapecó.

Dentre os municípios da região onde se insere a UC, o único cujo Plano Diretor foi
publicado antes da conclusão deste Plano de Manejo, é Chapecó. O Plano Diretor de
Desenvolvimento Territorial de Chapecó (PDDTC)20, foi instituído pela Lei Complementar

15
Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de SC.
16
Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca de SC.
17
Fundo de Desenvolvimento Rural.
18
Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável.
19
Em termos de facilitação de fluxo entre populações de fauna e flora, dos importantes
remanescentes florestais da região.
20
Disponível em <http://www.leismunicipais.com.br/legislacao-de-chapeco/865841/lei-complementar-
202-2004-chapeco-sc.html>; acesso em 11 de julho de 2011.

31 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

202-2004, alterada pela Lei Complementar n°281/2006, já contemplando as diretrizes do


Estatuto das Cidades (Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001).

Segundo Art. 112 da Lei Complementar 202-2004 e respectivas alterações, “o


espaço territorial do Município de Chapecó é composto por duas macrozonas,
representadas no mapa de ordenamento territorial - Anexo I” pelas:

I - Macrozona de Reestruturação e Densificação Urbana - MRDU;

II - Macrozona de Produção Primária – MPP (Redação dada pela Lei Complementar nº


281/2006)

O Mapa 4.7, disponibilizado pela Prefeitura Municipal de Chapecó, juntamente com o


PDDTC, apresenta na íntegra o Anexo I do documento. Nele é possível visualizar a Gleba II
da FLONA Chapecó e sua inserção no planejamento do município.

De acordo com o documento, a Gleba II FLONA Chapecó está inserida na MPP, que
de acordo com § 2º do Art. 112, “é caracterizada pela prevalência do patrimônio ambiental
do Município e da humanidade, pelos núcleos de agrupamentos rurais em estruturação e
pelas atividades predominantemente ligadas à produção agrofamiliar primária”. Esta
macrozona é, de acordo com Art. 115, formada por macroáreas e demais unidades
territoriais, dentre as quais está a “Unidade de Conservação Florestal (UCF)” que
compreende os limites da Gleba II da FLONA Chapecó.

A descrição desta UCF é encontrada no Art. 135 da referida lei, conforme disposto a
seguir:

Art. 135 A Unidade de Conservação Florestal - UCF compreende a floresta nacional


localizada no distrito de Mal. Bormann, onde o uso do solo deve estar adequado ao
plano de manejo do órgão federal responsável pela manutenção e conservação
dessa área.

Parágrafo Único - O PDDTC orienta o processo de desenvolvimento dessa área


através da priorização da conservação do ambiente natural e da promoção de
atividades de produção econômica e lazer que atendam aos interesses coletivos,
uma vez adequadas aos princípios e diretrizes estabelecidas no plano de manejo
dessa área.

Dessa maneira, o PDDTC apresenta-se de acordo tanto com os preceitos legais


estabelecidos para a categoria de manejo Floresta Nacional, quanto com os objetivos de
manejo definidos para a FLONA Chapecó pelo presente Plano de Manejo.

Dentre as outras unidades territoriais definidas no PDDTC, duas possuem relação


direta com a FLONA Chapecó. A primeira delas é a Área Especial de Interesse Ambiental
(AEIA), representada pelos remanescentes de Mata Atlântica do município, especificamente
localizados entre as duas Glebas da FLONA Chapecó, inserida pelo presente Plano de
Manejo na proposta de Zona de Amortecimento da FLONA Chapecó. Esta unidade territorial
é fundamental para a manutenção da permeabilidade da paisagem entre as glebas da
FLONA Chapecó, funcionalidade da paisagem contemplada pelo PDDTC, conforme redação
de seu Art. 127:

As Áreas Especiais de Interesse Ambiental- AEIA são as unidades territoriais


caracterizadas pela predominância da fauna e da flora, devendo ser preservadas e
utilizadas através do programa de requalificação da paisagem urbana e natural,
proporcionando a conservação ambiental e a melhoria da qualidade de vida da
população.

32 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

A segunda a ser destacada é a Unidade Funcional de Produção Industrial Prioritária


(UFPIP), que segundo Art. 130, alínea C:

A unidade funcional de produção industrial prioritária - UFPIP é caracterizada


pelo setor em transformação situado ao longo da SC- 480, entre o Distrito de
Marechal Bormann e o acesso ao aeroporto Serafin Enoss Bertaso, onde o
desenvolvimento deve ser implementado através da diversificação, multiplicidade e
priorização de atividades industriais de médio e grande porte, desde que
viabilizado a infra-estrutura necessária e garantido a conservação ambiental do
local (grifo nosso).

Esta unidade, também interfere com a permeabilidade da paisagem pois existiria o


risco de redução de áreas naturais ao longo da faixa de 300m em ambas as margens da
SC-480 (entre o Distrito de Marechal Bormann e o acesso ao aeroporto Serafin Enoss
Bertaso). No entanto, conforme destacado na citação anterior, e apontado pelo Mapa 4.6, os
remanescentes de mata nativa localizados dentro da referida faixa de 300m são englobados
pela AEIA e devem ser conservados.

33 
Plano de Manejo - Floresta Nacional de Chapecó - Santa Catarina

Gleba II
FLONA Chapecó

Mapa 4.7: Anexo I do Plano Diretor de Desenvolvimento Territorial de Chapecó (PDDTC)

34 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

4.3.3 Gestão das Bacias Hidrográficas Chapecó e Irani

De acordo com informações obtidas no portal eletrônico21 do Sistema de Informações


sobre Recursos Hídricos do Estado de Santa Catarina (SIRHESC), no dia 24 de março de
2011 foi lançado oficialmente o “Comitê de Gerenciamento das Bacias Hidrográficas dos
Rios Chapecó e Irani e Bacias Hidrográficas Contíguas”. Este passou então a ser
responsável pela gestão da segunda maior área de abrangência de gestão de recursos
hídricos no Estado de Santa Catarina, a qual apresenta grande atividade agroindustrial e
contempla as duas glebas da FLONA Chapecó.

Ainda conforme portal da SIRHESC, em 26 de março de 2010 foi concluído o Plano


Estratégico de Gestão Integrada da Bacia Hidrográfica do Rio Chapecó, que contempla
Sistema Hidrográfico de Planejamento de Recursos Hídricos Chapecó (SHPRH Chapecó),
com área de 9.337,9 km². Este sistema inclui as sub-bacias dos Rios Chapecó, Rio Barra
Grande, Lambedor, Chalana, e algumas Contribuições Independentes. Está incluída na
SHPRH Chapecó apenas a Gleba I da FLONA Chapecó, no município de Guatambu.

O Plano de Bacias é uma ferramenta de planejamento do Sistema de Gestão de


Recursos Hídricos que deve apontar as ações e metas a serem desenvolvidas nas bacias
hidrográficas, com o objetivo de compatibilizar a oferta e demanda de água, tanto em
quantidade e qualidade, em qualquer ponto da unidade hidrográfica.

Conforme a Legislação Federal que dispões sobre Recursos Hídricos (Lei nº


9.433/97), este planejamento deve contemplar:

1. Diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos;


2. Análise de alternativas de crescimento demográfico, de evolução de atividades
produtivas e de modificações dos padrões de ocupação do solo;
3. Balanço entre disponibilidades e demandas futuras dos recursos hídricos, em
quantidade e qualidade, com identificação de conflitos potenciais;
4. Metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoria da qualidade dos
recursos hídricos disponíveis;
5. Medidas a serem tomadas, programas a serem desenvolvidos e projetos a serem
implantados, para o atendimento das metas previstas;
6. Prioridades para outorga de direitos de uso de recursos hídricos;
7. Diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso dos recursos hídricos.

Ademais, este Plano Estratégico de Gestão Integrada da Bacia Hidrográfica do Rio


Chapecó encontra-se disponível também em meio digital22.

21
Disponível em: <http://www.aguas.sc.gov.br/sirhsc/noticia_visualizar.jsp?idNoticia=632&idEmpresa=1>, acesso
em 11 de junho de 2011.
22
Disponível em:
<http://www.aguas.sc.gov.br/sirhsc/biblioteca_visualizar_arquivos.jsp?idEmpresa=58&idPasta=438>, acesso em
11 e junho de 2011.

35 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

4.4 A Floresta Nacional de Chapecó e a Faixa de Fronteira

A Floresta Nacional de Chapecó esta localizada a aproximadamente 100km da


fronteira do Brasil com a Argentina, inserindo-se assim na Faixa de Fronteira, que
corresponde a faixa interna de 150 km de largura, paralela à linha da fronteira do território
nacional determinada pela Lei Federal 6.634 de 2 de maio de 1979.

No território da Argentina próximo, há três áreas protegidas e limítrofes à fronteira


com o Brasil, segundo Mapa del Sistema Federal de Areas Protegidas, obtido no sítio
eletrônico do Sistema de Información de Biodivesidad do Governo Argentino. As áreas
protegidas situadas na Argentina, próximas à fronteira com o Brasil no extremo oeste de
Santa Catarina, são: Área Protegida Provincial Piñalito (inscrita na classificação de tamanho
entre 100 a 10.000 ha), Área Protegida Provincial Esmeralda (maior que 10.000 ha) e Área
Protegida Provincial Yabotí (maior que 10.000 ha) (Mapa 4.8).

Mapa 4.8: FLONA Chapecó e áreas protegidas na Argentina que fazem fronteira ou próximas a
fronteira com o Brasil.

Não existe uma ação focada entre a FLONA Chapecó e as Unidades de


Conservação localizadas nas proximidades do limite entre o Brasil, no Estado de Santa
Catarina e a Argentina, entretanto para a área ambiental existem algumas atividades e
ações conjuntas, mais amplas, que podem ter relação com a Unidade, como os listados
abaixo:

 Ajuste complementar ao Acordo de Cooperação Científica e Tecnológica entre


Brasil e Argentina sobre Cooperação no campo do reflorestamento e do direito
florestal

Brasília, 15/08/1980.

36 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

Objetivo: Promover cooperação no domínio de reflorestamento e do direito florestal,


através de intercâmbio de técnicos, programas conjuntos, treinamento ,
assessoramento mútuo, promoção de seminários e simpósios e troca permanente de
informações entre as partes.

 Ajuste Complementar ao Acordo de Cooperação Científica e Tecnológica entre


Brasil e Argentina sobre Biotecnologia

Foz do Iguaçu, 30/11/1985.

Objetivo: Estimular a cooperação e o intercâmbio entre os dois países na área da


biotecnologia.

 Acordo de alcance parcial de cooperação e intercâmbio de bens utilizados na


defesa e proteção do meio ambiente entre Brasil e Argentina

Lãs Leñas, 27/06/1992.

Objetivo: Estimular a utilização de meios concretos para defesa e proteção do meio


ambiente, promover o intercâmbio intra-regional de bens destinados a cumprir com
esta finalidade, bem como facilitar, em situações de emergência, a admissão
temporária de bens e pessoas.

 Acordo entre Brasil e Argentina sobre cooperação em Matéria Ambiental (Decreto


nº 2.586 de 12 de maio de 1998)

Buenos Aires, 09/04/1996.

Objetivo: Promover a cooperação ambiental, criando um marco dentro do qual se


desenvolverá a coordenação, consulta e a cooperação bilateral em matéria ambiental
entre as partes. De acordo com o Anexo A, são temas prioritários para a cooperação
em matéria ambiental:

➢ Florestas;

➢ Hidrovias e bacias hidrográficas, com especial atenção às hidrovias Paraná-


Paraguai e Tietê-Paraná;

➢ Áreas fronteiriças;

➢ Parques nacionais;

➢ Mudança de clima;

➢ Ozônio;

➢ Poluição urbana;

➢ Conservação do meio marinho.

 Declaração de Buenos Aires

Buenos Aires, 02/09/1997

37 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Objetivo: Proposição de “Programa de Trabalho”, a fim de promover o


desenvolvimento científico-tecnológico e a integração de instituições de pesquisa e
desenvolvimento dos dois países, no âmbito do Acordo de Cooperação Científica e
Tecnológica entre Brasil e Argentina. O Anexo II traz o Meio Ambiente como tema
preliminar de projetos de desenvolvimento conjunto, abrangendo: impacto regional
das mudanças globais; recursos hídricos e aqüíferos no contexto regional; controle
da contaminação no contexto industrial; tecnologia de resíduos; gestão ambiental; e
sistemas de tecnologias limpa.

 Protocolo de Intenções firmado entre as Autoridades Ambientalistas,


representantes do Poder Executivo e Legislativo e as Autoridades Comunitárias do
Brasil e da Argentina.

Local: Porto Xavier, RS, Brasil, 13/03/2002.

Objetivo: Desenvolver ações conjuntas e compartilhadas visando garantir a


preservação ambiental do Rio Uruguai, manancial de vital importância sócio-
econômica e para a conservação dos recursos naturais por ele influenciados.

 Memorando de Entendimento Interinstitucional entre o Ministério do Meio Ambiente


da República Federativa do Brasil e o Ministério da Saúde e Meio Ambiente da
Argentina

Buenos Aires, 17/12/2004

Objetivo: Fortalecer a cooperação interinstitucional em igualdade de condições


entre os Partícipes para avançar na construção do desenvolvimento sustentável
mediante a realização de atividades conjuntas. São priorizados os seguintes temas:

➢ gestão integrada de áreas úmidas transfronteiriças;

➢ áreas protegidas;

➢ gestão de recursos hídricos;

➢ preservação da qualidade ambiental em zonas costeiras e praias turísticas;

➢ incêndios florestais;

➢ gestão ambiental de resíduos sólidos.

38 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

5 ASPECTOS HISTÓRICOS, CULTURAIS E SOCIOECONÔMICOS

Do ponto de vista sócio-histórico, a região do oeste de Santa Catarina foi palco de


diversos conflitos pela posse da terra. Inicialmente entre os dois grupos de colonizadores
europeus, portugueses e espanhóis, que visavam expandir e consolidar as fronteiras
territoriais das terras conquistadas. Posteriormente, entre estes colonizadores e grupos
sociais que efetivamente já ocupavam as terras: os indígenas, principalmente as etnias
Kaingang, Guarani e Xokleng. Foram estes grupos os primeiros a se relacionar com os
recursos naturais da região. A caça e a coleta eram as atividades básicas, as quais
dependiam da abundância dos recursos naturais existentes, mas também havia o uso do
solo, no sistema de pousio, onde os grupos realizavam pequenos roçados23.

Com a chegada do colonizador branco, outros usos dos recursos passaram a ser
introduzidos. Inicialmente, nos séculos XVII e XVIII, o uso mais intenso se fez sobre os
campos nativos, utilizados para a criação do gado e áreas de invernada.

As terras também passaram a ser mais cultivadas, com sistemas de produção


simplificados, onde se cultivava produtos para suprir a demanda de alimentos dos primeiros
núcleos e povoações. Muitas das técnicas de roçado, bem como de algumas espécies
cultivadas, foram aprendidas com as populações indígenas, pois parte dela foi feita escrava
e trabalhava como mão de obra nas fazendas que se formavam24.

Também foram trazidos para a região escravos negros para trabalhar nas estâncias e
fazendas. Da miscigenação dos grupos sociais que estavam vivendo no território – índios,
brancos e negros - é que se formou uma nova etnia, o caboclo.

Os primeiros portugueses que ocuparam o território faziam parte das expedições que
desciam da região paulista rumo ao sul do país. Instalavam-se em extensas fazendas, onde
criavam gado, tanto para garantir a posse da terra como para atender a demanda por
alimentos da região das Minas Gerais. Esse movimento de ocupação pelos colonizadores
portugueses foi conhecido como o Ciclo do Tropeirismo, atrelado a um dos grandes ciclos
da economia brasileira, o da mineração. A exploração das Minas Gerais, na região central e
sudeste do Brasil, impulsionou o desenvolvimento da atividade pecuária na região sul do
país, cujo transporte dos animais se fazia por aquele que ficou conhecido como o “Caminho
das Tropas”25.

Outra importante atividade econômica que teve início no processo de ocupação do


território e se perpetua até os dias atuais foi a produção de erva-mate. Desde o final do
século XVIII, os novos grupos sociais, que chegavam à região, passaram a conhecer e a
explorar a erva-mate, espécie nativa abundante, secularmente utilizada pelos índios e muito
apreciada pelos colonizadores espanhóis. Assim, além da produção dos víveres para o
sustento das famílias, parte da renda que se obtinha provinha da extração da erva-mate, a
qual era trocada por alguns produtos básicos comercializados na região. No decorrer do
século XIX, a demanda pelo produto se tornou mais intensa, principalmente por argentinos e
uruguaios, o que resultou no desenvolvimento de um importante ciclo econômico
catarinense - o Ciclo da erva-mate26.

Trabalhavam na extração da erva-mate os índios “domesticados”, os escravos negros,


os caboclos livres e os que eram trabalhadores nas fazendas. Os proprietários das

23 Para maior aprofundamento ver: Pereira, W.S., 1995; Fernandes, Ricardo Cid., 2004; Santa Catarina, 2009.
24 Para maior aprofundamento ver: Wachowicz, R. C., 1972; Pilati, José Isaac, 2001; Grybowski, 2002; Santa
Catarina, 2009.
25 Para maior aprofundamento ver: Wachowicz, R. C., 1972; Pilati, José Isaac, 2001; Grybowski, 2002; Santa

Catarina, 2009.
26 Para maior aprofundamento ver: Wachowicz, R. C., 1972; Padis, P.C., 1981; Santa Catarina, 2009.

39 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

estâncias e fazendas é que faziam o primeiro comércio do produto, o qual era transacionado
com outros comerciantes, chegando, por fim, à exportação pelo porto de São Francisco.

A colonização e a exploração madeireira andaram de mãos dadas, coincidindo com as


mudanças políticas e institucionais em curso no país, ou seja, na transição do recém-
instalado sistema de governo republicano que depôs a monarquia.

Em 16 de novembro de 1859, o Decreto nº 2.502, do Governo Imperial criou na então


Província do Paraná as Colônias Militares de Chapecó e do Chopim, na fronteira oeste do
Brasil com a Argentina. Dois eram os objetivos principais: garantir a integralidade do
território brasileiro contra a investida dos argentinos, e, também, a proteção dos primeiros
núcleos de habitantes contra os índios da região, que deveriam ser “domesticados” e
catequizados.

Mais adiante, houve a disputa entre os estados do Paraná e de Santa Catarina pelo
território “Contestado”. Dentre as demandas do movimento estava a legalização de terras
“livres” como de propriedade dos “coronéis”. Interessava-lhes a exploração das riquezas
naturais existentes, cujas atividades eram basicamente extrativas. Os campos nativos
serviam de pasto para a criação extensiva do gado; dos ervais nativos se extraia a erva-
mate, com grande importância econômica no final do século XIX e começo do XX,
culminando com a extração da madeira, que, praticamente, extinguiu a floresta de
araucárias da região, na primeira metade século XX27.

Em 1916, com a arbitragem do Governo Federal, chegou ao fim a Guerra do


Contestado. Do total das terras disputadas, aproximadamente 48 mil km², foram
incorporadas para o território catarinense 28 mil km². A partir de então, os limites territoriais
do estado de Santa Catarina ficaram definitivamente estabelecidos28.

Toda a região meio-oeste e oeste catarinense foi colonizada por meio de projetos de
colonização29. A grande maioria tinha um determinado padrão, retiravam a madeira e abriam
estradas com demarcação de lotes ao longo das mesmas, as chamadas “linhas”, onde cada
lote tinha em média 25 ha. Entretanto, também havia lotes maiores, com área variando de
100 a 1.000 ha que se caracterizavam por serem áreas de campos, destinadas a atividades
pastoris ou, ainda, com florestas, destinadas à extração da erva-mate e da retirada de
madeira (VALENTINI, 2003).

Todo esse processo de ocupação territorial gerou grandes conflitos. Do ponto de vista
social, sucedeu-se uma intensa e quase completa dizimação das populações indígenas
pelos colonizadores portugueses. Das grandes extensões de terras outrora ocupadas pelos
índios, hoje, os que restaram estão confinados a pequenas parcelas (PROJETO
MICROBACIAS 3, 2009).

O oeste foi a última parte do território de Santa Catarina a ser colonizada e,


fundamentalmente, em decorrência da migração interna. A partir de então, a região oeste
catarinense vivencia outra dinâmica populacional, quando para ali afluíram migrantes
descendentes das chamadas “colônias velhas”, aquelas situadas no Rio Grande do Sul.
Esta situação trouxe uma configuração étnica específica à região, presente até os dias
atuais, mesclando descendentes de italianos, alemães e caboclos brasileiros (WERLANG,
2002).

27 Para maior aprofundamento ver: Auras, M. 1984; Padis, P.C., 1981; Santa Catarina, 2009.
28 Para maior aprofundamento ver: Valentini, D.J. 2003; Cotrim, G., 2002; Santa Catarina, 2009.
29 Para maior aprofundamento ver: Pilati, José Isaac, 2001; Brandt, M. 2007; Brandt, M. 2005; Radin, José

Carlos, 2001; Pilati, José Isaac, 1991; Piazza, Walter F. 2001; Grybowski, Cândido, 2002; Santa Catarina, 2009.

40 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

5.1 As Repercussões das Relações Socioambientais na Região

Com base em ampla revisão bibliográfica realizada para o presente trabalho e em


trabalhos anteriores30, constata-se que as primeiras sociedades a se relacionarem com os
recursos naturais da região oeste catarinense foram as populações indígenas. A caça e a
coleta eram as atividades básicas, as quais dependiam da abundância dos recursos naturais
existentes, mas, também, havia o uso do solo, no sistema de pousio, onde eram realizados
pequenos roçados.

Com a chegada do colonizador branco, outros usos dos recursos passaram a ser
introduzidos. No início dos séculos XVII e XVIII, o uso mais intenso se fez sobre os campos
nativos, utilizados para a criação do gado e áreas de invernada, à época do Tropeirismo.

A presença da erva-mate em território catarinense, ainda no século XVIII, era


conhecida dos tropeiros e dos bandeirantes que passavam pelo planalto serrano e norte. No
entanto, foi no final do século XVIII, que os novos grupos sociais que chegavam à região
passaram a explorar a erva-mate, secularmente utilizada pelos índios e muito apreciada
pelos colonizadores espanhóis (GOULARTI FILHO, 2011).

Mas a região foi efetivamente colonizada no final do século XIX, quando, estimulados
pelo Governo, foram concebidos projetos de colonização para atrair novos imigrantes para o
país. Inicialmente, eles ocuparam a região do planalto norte e do meio-oeste catarinense,
visando assegurar o domínio das terras disputadas com o Paraná (VALENTINI, 2003).

Muitos imigrantes trabalharam na exploração da erva-mate, porém, como já vinham de


uma tradição de produção agrícola diversificada, passaram a desempenhar um papel
decisivo no ciclo econômico que se iniciava na região, a exploração madeireira, pois
precisavam das terras “limpas” para serem cultivadas.

Assim, o Estado Republicano desempenhou um papel fundamental na região, à


medida que passou a privatizar as terras até então tidas como “livres” ou devolutas. Passou
a conceder títulos de propriedades para os fazendeiros ampliarem suas propriedades; em
seguida, deu cessão de uso por longos períodos das terras “livres” para empresas que
exploravam a erva-mate; por fim, concedeu a propriedade das terras para empresas
colonizadoras, dentre elas, a estrangeira, que construiu a ferrovia Rio Grande-São Paulo.

A intensificação na exploração da madeira ocorreu no período da Primeira Guerra


Mundial, quando a importação ficou inviável e, a partir de então, buscou-se a madeira
nacional tanto para o abastecimento do mercado interno como para exportar aos países
vizinhos.

Deste modo, a existência da estrada de ferro ligando o Rio Grande do Sul a São
Paulo, que no oeste de Santa Catarina passava por Caçador e Joaçaba, foi decisiva para o
transporte do produto. Após, em 1930, chegaram os primeiros caminhões, mais uma vez se
multiplicaram as serrarias, adentrando o interior em busca das florestas de pinheiro nativo.

Ao mesmo tempo em que ocorria a devastação da floresta, instalava-se o processo de


colonização da região. Tal estratégia interessava aos governos federal e estadual, pois era
importante consolidar a ocupação do território de forma “ordenada” e, para tanto, eles
apoiavam a ação das colonizadoras, que executavam serviços de infraestrutura, como
construção de estradas, demarcação de lotes rurais e urbanos, etc.

As regiões meio-oeste e oeste catarinense foram colonizadas por meio de projetos de


colonização. Em decorrência da tradição dos migrantes, a base produtiva estava assentada

30
Santa Catarina, 2009a e Santa Catarina, 2009b

41 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

na produção agrícola diversificada, com o cultivo de produtos básicos, como milho, arroz,
feijão e a criação de animais para consumo (aves e suínos) e para os serviços. Além da
produção primária, era um grupo social que tinha a tradição de beneficiar seus produtos,
destinados tanto para o consumo familiar como para a comercialização.

A estrutura agrária e a base produtiva foram a mola propulsora do dinamismo


econômico que se construiu na região. A população, que havia desenvolvido a capacidade
de incorporar processos tecnológicos, não teve dificuldade em readequar a base produtiva.
Assim, a região oeste catarinense tornou-se precursora de amplo desenvolvimento da
agroindustrialização, baseada no sistema de integração entre a indústria de transformação e
a produção de base familiar.

Tais condições elevaram a região à condição de principal produtora agroalimentar do


estado, destacando-se também nacional e internacionalmente. A região tem produzido e
comercializado vários produtos agropecuários, predominando a produção pecuária de
suínos e aves, bem como a produção de milho, soja, arroz, feijão, mandioca, fumo e
algumas frutíferas. Grande parte destes produtos é insumo para as agroindústrias
processadoras de alimentos (ALVES & MATTEI, 2006).

Do ponto de vista demográfico, a região observou elevados índices de crescimento


populacional. O município de Chapecó, criado em 1917, no fim da Guerra do Contestado,
abrangia um extenso território à época e contava com vários distritos. Segundo o Censo
Demográfico de 1920, eram 11.315 habitantes, representando 1,7% do total da população
de Santa Catarina. Em 30 anos, a população cresceu quase 90%, passando a contar, em
1950, com uma população de 96.624 habitantes. E, em 1970, a população da região já
representava 26% da população total do estado de Santa Catarina.

A partir dos anos de 1980, um processo de reestruturação agroindustrial teve início,


deflagrado pelas agroindústrias, onde, entre outras coisas, ampliaram-se os riscos
assumidos pelos agricultores, tanto no processo produtivo como em relação aos encargos
sociais e trabalhistas. Tal situação resultou em uma crise de relacionamento entre
agroindústrias e agricultores familiares em todo o oeste de Santa Catarina.

As consequências foram profundas e se fizeram sentir na economia, com milhares de


agricultores abandonando as atividades de integração na agricultura em geral e na área
social, com um movimento de esvaziamento do campo e da própria região. O último Censo
Demográfico demonstra que, no decorrer de três décadas, houve um decréscimo da
população do oeste em relação ao total do estado de Santa Catarina, enquanto ela
representava 26% em 1970, verificou-se que passou a representar menos de 21% da
população catarinense em 2000.

No que se refere às repercussões sobre o meio ambiente, os problemas ocasionados


pelo sistema de integração agroindustrial no oeste catarinense são amplamente conhecidos.
É sabido que o processo de concentração e intensificação, particularmente da suinocultura,
tem trazido sérios problemas principalmente ao solo e à água.

A adoção do sistema de produção confinada de animais se deu sem que os


agricultores mudassem as instalações que outrora mantinham, localizadas, a maior parte
das vezes, nas proximidades dos cursos d’água. A intensificação produtiva, a capacidade
limitada das esterqueiras para armazenamento dos dejetos, a falta de possibilidades de
aproveitamento dos mesmos, levam geralmente ao extravasamento dos depósitos que, por
fim, acabam despejados nas águas dos rios, contaminando-as.

Da mesma forma que a população rural sofria os efeitos ambientais do sistema


produtivo, várias cidades do oeste catarinense também experimentavam as consequências,
principalmente por problemas no abastecimento de água à população urbana, porque

42 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

muitos mananciais se encontravam contaminados, o que exigia a interrupção no


fornecimento de água.

Cabe ainda fazer uma breve menção com relação a situação das populações
indígenas no cenário socioambiental da região. Segundos dados da FUNAI (2008), dos
8.751 indígenas residentes em Terras Indígenas (TIs) no estado de Santa Catarina, 875
deles vivem em três TIs situadas no município de Chapecó, representando 10% da
população indígena estadual. Todas são habitadas pela etnia Kaingang, sendo que duas
delas estão homologadas – TI Chimbangue I e II, e a TI Aldeia Condá ainda está na
condição de identificada. O total das terras ocupadas por esta população é um pouco maior
do que 4 mil hectares, o que representa menos de 7% do total das terras do município de
Chapecó.

Os fatos apresentados até o momento dizem respeito ao cenário regional onde se


situa a FLONA Chapecó. Como mencionado anteriormente, Chapecó era o município que
abrangia todo o contexto regional já que, criado em 1917, só começou a ser desmembrado
no início da década de 1950 e, mesmo assim, gradativamente. Desta forma, a descrição
anterior diz respeito a toda a área da FLONA Chapecó, incluindo o município de Guatambu.

Em relação ao município de Guatambu, segundo as informações disponíveis da


Prefeitura Municipal, verifica-se que sua história desenrola-se nos mesmos moldes de
Chapecó, lembrando que, até o início da década de 1990, Guatambu era um dos seus
distritos. Nos primeiros anos de ocupação de sua área, início do século XX, ali se instalou
uma serraria no Porto Chalana (hoje povoado pertencente a Guatambu), sendo a primeira
atividade econômica a extração da madeira. Gradualmente, as "terras devolutas" foram
sendo ocupadas por famílias de pequenos agricultores, que não possuíam a posse legal da
terra.

Nas décadas de 40 a 60, a atividade madeireira intensificou-se e o escoamento se


dava através do rio Uruguai, com intenso tráfego de balsas. A principal madeira existente
era o pau marfim ou guatambu, motivo na qual originou o nome do município, em 1938,
quando foi elevado à categoria de Vila, pertencente a Chapecó.

Nos anos 90, intensificou-se o movimento Pró-emancipação e em 1991 (Decreto n°


8482 de 12/12/1991), após plebiscito, foi criado o Município de Guatambu, desmembrado de
Chapecó, com uma área de 205.58 km². Atualmente ele é o 3° município que mais cresce
na região da AMOSC (Associação dos Municípios do Oeste de Santa Catarina) e recebe o
nome de capital catarinense na produção de Matrizes de Peru.

5.2 Características da População da Região da Unidade da Conservação

É importante salientar que os dois municípios alvo da análise a seguir, Chapecó e


Guatambu, apresentam condições socioeconômicas extremamente díspares, o que se
verificará ao longo da caracterização. Esta situação exigirá que, no processo de
planejamento da UC, em alguns casos sejam implementadas atividades específicas para
cada região, a fim de se considerar as particularidades de ambos os municípios, de sua
população, ao mesmo tempo em que se busque atentar para as exigências de manutenção
da própria FLONA Chapecó.

No que se refere ao atual arranjo administrativo do estado de Santa Catarina, esses


dois municípios estão inseridos na Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional
(SDR) Chapecó, a qual abrange 11 (onze) municípios, sendo eles: Águas Frias, Caxambu
do Sul, Chapecó, Cordilheira Alta, Coronel Freitas, Guatambu, Nova Erechim, Nova
Itaberaba, Planalto Alegre, Serra Alta e Sul Brasil.

43 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

5.2.1 Indicadores de Desenvolvimento Socioeconômico

Santa Catarina se destaca entre os estados brasileiros no ranking do IDH – Índice de


Desenvolvimento Humano. No início da década 1990, alcançou o índice de IDH de 0,748,
colocando o estado na 5ª posição dentre os demais do país, situação que o classificava no
nível de “médio desenvolvimento”. Uma década depois, em 2000, as condições estaduais
melhoraram, sendo que o índice passou para 0,822, acima da média nacional (0,766),
colocando o estado na 2ª posição no ranking nacional.

Como a condição de Santa Catarina é uma referência para o conjunto de seus


municípios, é importante observar a situação dos dois municípios onde se localiza a FLONA
Chapecó, em função da significativa disparidade entre eles.

O IDH no município de Chapecó tem se apresentado acima da média estadual, tanto


em 1991 como em 2000. No primeiro ano, situava-se na 23ª posição e na década seguinte
já ocupava a 14ª posição dentre os 293 municípios catarinenses. Esta condição reforça a
importância do município tanto em termos regional como estadual, lembrando que é o
município polo de toda a região oeste catarinense, concentrando não só atividades
econômicas como os serviços em geral, e todo o tipo de infraestrutura social.

Em situação oposta está o município de Guatambu, uma vez que se encontra entre
aqueles com o menor IDH em Santa Catarina. Em 1991, ocupava a 269ª posição no ranking
estadual, porém, em 2000 perdeu tal posição, ficando em 272º lugar dentre todos os
municípios catarinenses. O que pode explicar tal condição é o fato de o município ser
relativamente novo (1991) e, por ser um dos antigos distritos de Chapecó, ainda ter
significativa dependência do município vizinho.

Os indicadores específicos que compõem o IDH-M – renda, longevidade e educação


confirmam a situação discrepante, apontada entre os dois municípios da FLONA Chapecó.
Chapecó não só está acima da média estadual no que se refere ao IDH-M renda, mas, em
relação à situação regional, encontra-se acima da média em todos os índices. De outro lado
está Guatambu, cujos indicadores confirmam sua condição abaixo não só da média estadual
como também da regional (Tabela 5.1).

É importante destacar, no entanto, que se observa, no período, uma melhoria de todos


os indicadores, tanto no país como em Santa Catarina, na região e nos municípios da
FLONA Chapecó. Nestes últimos, o principal destaque se refere ao IDH relativo à educação,
cuja variação ultrapassa a observada no estado e no país. Já o IDH renda foi o que
apresentou a menor elevação entre os anos analisados para os municípios da FLONA
Chapecó.

Percebe-se que entre os anos de 1991 e 2000, com exceção do IDHM Renda e IDHM
Educação, Guatambu obteve crescimento superior à Chapecó, entretanto, mesmo com esse
crescimento, Guatambu ainda apresenta desenvolvimento menor que Chapecó em todos os
índices. O dado que chama atenção em Guatambu se refere ao IDHM Educação, cuja
variação foi maior em relação às demais unidades.

44 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

Tabela 5.1: Índice de Desenvolvimento Humano, 1991-2000


IDHM IDHM IDHM
Área de IDHM
Renda Longevidade Educação
abrangência
1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000
Brasil 0,696 0,766 0,681 0,723 0,662 0,727 0,745 0,849
Santa Catarina 0,748 0,822 0,682 0,750 0,753 0,811 0,808 0,906
SDR Chapecó 0,694 0,793 0,581 0,686 0,756 0,812 0,745 0,881
Chapecó 0,761 0,848 0,676 0,747 0,799 0,855 0,807 0,943
Guatambu 0,649 0,737 0,551 0,604 0,675 0,757 0,720 0,851
Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil/PNUD. IPEA, 2003

O conjunto de indicadores apresentados permite que se visualize genericamente a


situação socioeconômica de cada um dos municípios da FLONA Chapecó nas últimas
décadas. Entretanto, é importante salientar que todos os índices que compõem o IDH-M
apresentaram variação positiva entre 1991-2000.

A seguir, outros elementos sobre os municípios serão apresentados, contribuindo para


um melhor conhecimento sobre a região da FLONA Chapecó.

5.2.2 Dinâmica Demográfica e Situação Educacional

Antes de se analisar a particularidade da dinâmica demográfica e educacional de cada


um dos municípios da FLONA Chapecó, é importante destacar que se está diante de dois
municípios com dados distintos.

De um lado está o município de Chapecó, que é reconhecido como a “Capital do


Oeste Catarinense”, exercendo a função de polo regional para cerca de 200 municípios, os
quais congregam mais de 2 milhões de habitantes. Sua população, em 2010, era de
aproximadamente 183,5 mil habitantes, sendo que mais de 90% habitava a área urbana e
os demais a área rural.

De outro lado, o município de Guatambu, é reconhecidamente um município rural.


Emancipou-se de Chapecó em 1991, na época com uma população de um pouco mais de 5
mil habitantes, sendo que aproximadamente 95% residiam na área rural. O município vem
perdendo população desde a sua criação. Segundo a Contagem Populacional de 2010,
atualmente residem em Guatambu pouco mais de 4,6 mil habitantes.

5.2.2.1 Dinâmica Demográfica

Santa Catarina experimentou um acréscimo populacional nas últimas décadas de mais


de 1,7 milhões de habitantes (1991-2010). Entretanto, o ritmo de crescimento vem decaindo
nas últimas décadas. Entre 1991 e 2000, a variação de crescimento foi de 17,9% e a mesma
ficou bem abaixo, 9,5%, entre os anos de 2000 a 2007. A última contagem populacional
para o estado aponta uma população de mais de 6 milhões de pessoas. Esta situação é
compatível com a do cenário nacional, com mudanças expressivas na dinâmica
demográfica, iniciada nos anos de 1970/1980, cujos reflexos se expressam por meio da
diminuição das taxas de fecundidade (Tabela 5.2).

Quando se observa a situação regional, por meio dos dados da SDR Chapecó,
verifica-se que a situação é semelhante ao total do estado. Porém, ao se analisar o
comportamento populacional dos dois municípios da FLONA Chapecó, a situação é
bastante diversa.

Chapecó apresentou um crescimento populacional mais intenso que o estado e a


região na década de 1991-2000, com variação acima de 22,1%. Entretanto, a variação de

45 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

crescimento teve um expressivo decréscimo no período seguinte, 2000/2007, chegando a


12,1% (Figura 5.1).

Os dados possivelmente estão mostrando que o município foi receptor de população


no período 1991/2000, particularmente aquela proveniente de outros municípios da própria
região oeste catarinense. Porém, o período mais recente parece estar sinalizando para uma
acomodação da situação de migração e, consequentemente, para uma redução da variação
de crescimento.

Diferentemente das demais áreas de abrangência está Guatambu. Criado em 1991, o


município perdeu população nos dois períodos analisados, apresentando taxa negativa de
crescimento de -7,1%, entre 1991/2000, e de -4,2%, entre 2000/2007 (Tabela 5.2).

46 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

Tabela 5.2: População Residente por Situação de Domicílios e Variação de Crescimento em Santa Catarina, SDR Chapecó, Municípios da FLONA
Chapecó - 1991, 2000, 2007 e 2010

População residente por situação de domicílios


Variação de
Área de 1991 2000 2007 2010 crescimento (%)
Abrangência
1991 - 2000 -
Rural Urbana Total Rural Urbana Total Total Total
2000 2007
Santa
1.333.457 3.208.537 4.541.994 1.138.429 4.217.931 5.356.360 5.866.487 6.249.682 17,9 9,5
Catarina
SDR
45.445 104.998 150.443 42.010 147.772 189.782 207.486 226.318 26,1 9,3
Chapecó
Chapecó 14.218 95.743 109.961 12.375 134.592 146.967 164.803 183.561 22,4 12,1
Guatambu 4.796 266 5.062 3.719 983 4.702 4.505 4.675 - 7,1 - 4,2
Fonte: IBGE. Censo Demográfico 1991, 2000, 2007 e 2010

100

80

60

40

20

0
Santa Catarina SDR Chapecó Chapecó Guatambu

Rural ‐ 1991 Urbana ‐ 1991 Rural ‐ 2000 Urbana ‐ 2000

Figura 5.1: Comparação da Variação da População entre os Anos de 1991 e 2000

47
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

No estado, na região e nos municípios observa-se que todas as áreas têm


acompanhado a tendência nacional de uma significativa mudança do local de residência da
população, cada vez mais concentrada em áreas urbanas. No município de Chapecó, esta
condição é muito expressiva, ultrapassando muito a média estadual, uma vez que mais de
90% da sua população já estava domiciliada na área urbana em 2000. Situação oposta
ocorre em Guatambu, que, embora apresente crescimento da população urbana, é um
município predominantemente rural, como se verifica na Tabela 5.2.

Buscando elementos para entender a dinâmica demográfica na área rural, foram


usados dados do LAC - Levantamento Agropecuário de Santa Catarina. O Censo foi
realizado junto aos estabelecimentos agropecuários do estado entre 2002 e 2003. Dentre os
dados, é interessante observar o que levantou o número de pessoas da família do produtor
rural por faixa etária, que migrou para centros urbanos nos três anos anteriores ao censo.
As Figuras 5.2 e 5.3 mostram que há um predomínio de migração nas faixas etárias mais
jovens da população dos dois municípios, porém com maior ocorrência naquelas entre 20 a
39 anos, ou seja, a população considerada em plena condição economicamente ativa.

Chapecó Guatambu
2% 6%
2% 2%

30%
Até 9 Até 9
De 10 a 19 38% De 10 a 19
De 20 a 39 54% De 20 a 39
De 40 a 59 De 40 a 59
66%

Figura 5.2: Percentual de migrantes segundo Figura 5.3: Percentual de migrantes


faixa-etária, Chapecó, 2002-2003 segundo faixa-etária, Guatambu, 2002-2003

Entre os sexos, existe uma predominância da migração de mulheres em relação aos


homens. Isso se deve, a um problema generalizado de escassez de terra para ser dividida
entre todos os filhos das famílias rurais. Neste sentido, a tendência tem sido de a
propriedade rural ser dividida entre os filhos homens, e, ainda, preferencialmente o mais
velho ou aquele que permanece na propriedade com os pais. Diante de tal situação, grande
parte das mulheres da zona rural busca emancipação e reconhecimento atuando em outras
áreas, ou seja, grande parte delas migra para as cidades para estudar e em busca de
postos de trabalho.

Complementando as informações relativas à dinâmica demográfica nos municípios da


FLONA Chapecó, é interessante observar os dados censitários da população residente por
sexo. O que chama a atenção é a situação de Guatambu em relação ao estado e ao
município de Chapecó. Enquanto nestas duas áreas, em 2000, há um número maior de
mulheres no conjunto da população, em Guatambu a situação é inversa, predominando a
população masculina. Este dado confirma o que se apontou anteriormente, em municípios
com características predominantemente rurais, como é o caso daquele município. Observa-
se que os homens se mantêm no estabelecimento agrícola e as mulheres saem em busca
de outras oportunidades de vida (Tabela 5.3).

48 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

Tabela 5.3: Distribuição Percentual da População por Sexo, Proporção de Pessoas Naturais
dos Municípios, 2000

Sexo (%) Proporção de


Área de Abrangência Total pessoas naturais
Homens Mulheres (%) (1)
Santa Catarina 5.357.864 49,8 50,2 58,7
Chapecó 46.967 49,4 50,6 49,9
Guatambu 4.702 52,2 47,8 64,2
Fonte: IBGE: Censo Demográfico, 2000

O trabalho de campo realizado para este diagnóstico mostrou, pelo relato de famílias
entrevistadas que, embora sejam os jovens que têm deixado a propriedade dos pais para
estudar ou para trabalhar na cidade, muitas vezes eles retornam e dormem na propriedade
diariamente. Alguns relatos evidenciaram que até mesmo as agroindústrias estão
preocupadas com esta situação, uma vez que a mão de obra barata e flexível dos jovens,
utilizada dentro da propriedade e nas agroindústrias, começa a escassear em função da
migração dos mesmos para centros urbanos. No entanto, continua significativo o número de
jovens que procuram os postos de trabalho ofertados pelas agroindústrias, uma vez que os
rendimentos são superiores aos alcançados no campo e o trabalho menos desgastante que
o rural.

Outro aspecto que merece ser destacado diz respeito à interferência das condições
climáticas na decisão da migração rural. A forte estiagem que tem assolado a região oeste
catarinense nos últimos anos vem sendo decisiva na tomada de decisão da saída do campo
e isso contribui para acelerar o processo de abandono das propriedades.

A composição da população por faixa etária vem ao encontro do que se observou na


dinâmica demográfica até o momento. No município de Guatambu, onde a população
residente se encontra predominantemente na zona rural, a participação das crianças até
nove anos ainda é expressiva, situação similar a de outros municípios ou regiões com
características rurais. Os dados relativos à migração da população em idade de trabalho
daquele município são confirmados pela menor migração da faixa etária entre 20 e 39 anos,
quando comparada à média estadual e ao município de Chapecó (Tabela 5.4 e Figura 5.4).

Em Chapecó, a maior participação é dos adultos em idade economicamente ativa,


54%, ou seja, a faixa etária entre 20 e 59 anos. Neste conjunto, predomina o estrato dos
adultos jovens, os quais representam mais de 1/3 do total da população do município. E, à
medida que o grupo etário em idade produtiva predomina, verifica-se que o percentual de
pessoas mais velhas é menor. Este dado indica que o município caracteriza-se como um
receptor de população, sendo que para lá devem estar migrando pessoas em busca de
trabalho e estudo, situação característica de um polo regional, como é o caso de Chapecó.

Com relação à participação da população com idade acima de 60 anos, verifica-se um


maior envelhecimento em Guatambu, situação que confirma o que vem ocorrendo na
maioria dos municípios rurais brasileiros.

Tabela 5.4: População Residente por Faixa Etária para os Municípios, 2000 (em %)

População por faixa etária


Área de abrangência 0a9 10 a 19 20 a 39 40 a 59 60 anos
Total
anos anos anos anos ou mais
Santa Catarina 5.356.360 18,4 19,8 33,7 20,1 8,0
Chapecó 146.967 19,8 20,4 35,9 17,8 6,1
Guatambu 4.702 21,9 21,8 27,7 20,7 7,9
Fonte: IBGE: Censo Demográfico, 2000

49 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

40
35
30
25
20
15
10
5
0
0 a 9 anos 10 a 19 anos 20 a 39 anos 40 a 59 anos 60 anos ou  mais

Chapecó (SC) Guatambu (SC)

Figura 5.4: População Residente por Faixa Etária para os Municípios em 2000 (em %)

Por fim, algumas observações da fase da pesquisa de campo para este trabalho
merecem destaque em função da dinâmica demográfica.

A cidade de Chapecó apresenta uma tendência de crescimento concentrada na região


do bairro Efapi. Isso se explica pela concentração de grandes agroindústrias (Sadia, Aurora
e Bondio) e da Universidade Comunitária Regional de Chapecó (UNOCHAPECÓ) que ali
estão instaladas – inclusive a prefeitura de Guatambu fornece transporte gratuito para
alunos e trabalhadores. Esse novo núcleo urbano é composto, em sua maioria, por
indivíduos e famílias oriundos do meio rural, que buscam a cidade, sua aglomeração
industrial, como forma de superar as condições adversas encontradas no campo.

Ainda, segundo as mesmas observações, verificou-se que existe um “deserto


populacional” no entorno das duas glebas da FLONA Chapecó, isto é, as comunidades são
pouco populosas e se encontram dispersas ao longo das estradas de terra que a margeiam.

Todavia, em Guatambu, mesmo que os dados estatísticos oficiais apontem um


decréscimo populacional desde a última década, estima-se que a tendência é que este
quadro comece a se inverter em médio prazo, uma vez que a pavimentação de todo o
acesso ao perímetro urbano, associada à instalação de importantes indústrias (Bondio,
Aurora, Ferticel, Planaterra, Replacil e Papelão União) vêm estimulando a compra de muitos
terrenos em sua região de entorno. Inclusive, estas indústrias somadas possuem uma oferta
de empregos superior ao contingente populacional de Guatambu, segundo relato dos
entrevistados ligados à administração pública municipal.

5.2.2.2 Situação educacional da população

As diferenças entre os dois municípios também são evidentes no que se refere à área
educacional. Segundo dados da Prefeitura Municipal, Chapecó conta com mais de 180
estabelecimentos e cerca de 3.000 profissionais atuando nas áreas do ensino fundamental e
médio. O município dispõe também de infraestrutura e de profissionais atuantes no ensino
técnico profissionalizante, a maior parte deles voltados ao atendimento do setor
agroindustrial, assim como da presença do Instituto Federal de Ensino Tecnológico de Santa
Catarina (IFSC). O município é referência regional no que se refere ao ensino superior,
abrigando mais de 10 instituições, dentre elas três (3) Universidades.

De outro lado está Guatambu, que tem somente seis (6) estabelecimentos de ensino.
Dois deles são da rede estadual, um com ensino fundamental e médio e outro somente com
o fundamental. Os outros quatro estabelecimentos são da rede municipal, mantendo as

50 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

séries iniciais do ensino fundamental. O número de prestadores de serviços educacionais no


município é pouco maior do que 150 profissionais.

Tendo ciência das diferenças de infraestrutura da rede de ensino entre os municípios,


é importante conhecer, a seguir, outros aspectos relativos à educação. Um dos mais
importantes é saber quais são as condições de alfabetização da população. Duas fontes
tratam desta informação, o IBGE, com os dados censitários de 2000 e os dados do
MEC/INEP31, que trabalha anualmente com o Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica (IDEB).

Segundo o IBGE (2000), a taxa da população alfabetizada acima de 10 anos em Santa


Catarina era de 94,3%. Dentre os dois municípios onde se situa a FLONA Chapecó, o de
Chapecó é o que se encontra mais próximo da média estadual, uma vez que a taxa de
alfabetização de sua população era de 93,6%. Guatambu se situa numa condição mais
precária, uma vez que somente 84,7% da população acima de 10 anos eram alfabetizados
no período pesquisado. Cabe lembrar que este último município tem a maior parte da
população na zona rural, o que, na maioria das vezes, significa maior dificuldade de
frequência à escola, bem como menor possibilidade de acesso à educação formal de modo
geral (Figuras 5.5 e 5.6).

120.000 20
100.000
15
80.000
60.000
10
40.000
20.000 5
0
Chapecó (SC) Guatambu (SC) 0
Chapecó (SC) Guatambu (SC)
Total Alfabetizada
População Entre 10 e 15 anos
População com 15 anos ou +

Figura 5.5: População com 10 Anos ou Mais Figura 5.6: Taxa de Analfabetismo da
de Idade – Total e Alfabetizada para os População entre 10 a 15 Anos e Acima de 15
Municípios da FLONA Chapecó, 2000 Anos para os Municípios da FLONA Chapecó,
2000

Entretanto, há outra consideração importante a ser feita com relação à população que
se declara alfabetizada. Convencionalmente, ao se coletar os dados censitários relativos às
condições de educação, além de se perguntar se o declarante é alfabetizado ou não,
também se indaga quantos anos de estudo ele tem. Esta informação permite que se infira a
condição de analfabetismo funcional da população. Os dados da Figura 5.7 permitem
observar que as condições de analfabetismo funcional no país, no estado e na região vêm
melhorando. Esta informação já foi contemplada quando se analisou o IDH-M e se constatou
que o índice relativo à educação cresceu entre as décadas de 1991-2000.

A situação com melhor condição é a da população na faixa etária de 15 a 17 anos,


cuja taxa caiu praticamente pela metade no país, em Santa Catarina e nos municípios da
FLONA Chapecó. Guatambu é onde se verificou a melhor situação, passando de quase
14% de analfabetos funcionais em 1991 para pouco mais de 6% em 2000. A faixa etária em
situação de analfabetismo funcional mais fragilizada é a dos 25 anos e de mais idade. Dos
dois municípios, Guatambu está em pior condição, pois, em 1991, mais de 1/3 da população
era considerada analfabeta funcional e, embora a situação tenha melhorado um pouco,

31
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

51 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

ainda estão nesta condição mais de 27% do total da população acima de 15 anos (Figura
5.7).

40

35

30

25

20

15

10

0
Figura 5.7: Taxa de Analfabetismo Funcional por Faixa Etária para os Municípios da FLONA
Chapecó em 2000.

Como mencionado anteriormente, verificou-se que a situação educacional da


população da região da FLONA Chapecó melhorou nas últimas décadas. Porém, a condição
de analfabetismo e de analfabetismo funcional no município de Guatambu ainda é
preocupante. Isso implicará que estratégias de comunicação de acordo com a condição de
tal população sejam contempladas durante o processo de gestão da UC, oportunizando a
participação da mesma no processo.

5.3 Aspectos Econômicos

Chapecó é o município polo da região oeste catarinense. Economicamente, a


agroindústria é a principal atividade, tanto do município como da própria região, de tal forma
que Chapecó é denominado de “Capital da Agroindústria” do país. Contudo, é cada vez
mais relevante a participação do setor de comércio e de serviços, cujas atividades mantêm
estreita relação com a própria agroindústria.

Dentre os equipamentos de infraestrutura, que garantem a atual posição de Chapecó,


está a manutenção do maior e principal aeroporto da região oeste catarinense - Aeroporto
Municipal Serafin Enoss Bertaso. Além de rodovias federais e estaduais, o acesso e o
escoamento da produção serão feitas por meio da construção de um ramal da Ferrovia do
Oeste do Paraná (FERROESTE), que, ligará Santa Catarina ao Mato Grosso, passando
pelo sudoeste e oeste paranaense.

5.3.1 Estrutura Produtiva e Emprego

Um dos indicadores da riqueza gerada num município, estado e/ou país é o PIB –
Produto Interno Bruto. Como se observa, é muito discrepante a situação entre os dois

52 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

municípios no que tange à participação no conjunto do estado. Enquanto Chapecó se


manteve na 6ª posição no período 2002-2005, Guatambu ocupava o 211º lugar em 2002.
Porém, a situação deste último mudou significativamente em três anos, sendo que já
ocupava o 154º lugar no ranking estadual em 2005 (Figura 5.8).

A justificativa para tal situação em Guatambu decorreu do fato de que a então recém-
criada empresa Bondio Alimentos, do Grupo Sperandio, construiu sua planta industrial no
município em dezembro de 2003, em parceria com outros dois municípios, Planalto Alegre e
Caxambu do Sul. Cada um deles ficou com uma cota de aviários e empregos.

Os reflexos da melhoria do PIB municipal de Guatambu se fizeram sentir no PIB per


capita, tendo uma variação positiva muito expressiva, de 164,4%, passando da 219ª posição
em 2002 para a 54ª posição em 2005 (Figura 5.9).

165,30% 164,40%
180,00% 180,00%
160,00% 160,00%
140,00% 140,00%
120,00% SC 120,00% SC
100,00% Chapecó 100,00% Chapecó
80,00% Guatambu 80,00% Guatambu
49,80% 47,30% 45,80%
60,00% 60,00% 36,80%
40,00% 40,00%
20,00% 20,00%
0,00% 0,00%
Variação 2002‐2005 Variação 2002‐2005

Figura 5.8: Variação (%) PIB, 2002-2005 Figura 5.9: Variação (%) PIB per Capita, 2002-
2005

Historicamente, as atividades agropecuárias foram as principais geradoras da riqueza


econômica na região oeste catarinense. O sistema de integração indústria/agricultura
familiar iniciou com a suinocultura e, em seguida, se estendeu para a avicultura. Para se
otimizar a criação animal, a produção de ração também é produzida pelos agricultores
familiares.

Se, inicialmente, os processos produtivos agrícolas foram os principais geradores da


riqueza econômica, a indústria de transformação liderou a geração de riqueza nas décadas
subsequentes. Porém, esta liderança vem gradualmente se deslocando para o setor de
comércio e serviços nos últimos anos, sendo que, na região oeste catarinense, a maior parte
das atividades do setor permanece relacionada à agroindústria, que se mantém muito
importante regionalmente.

A região onde se situa a FLONA Chapecó possui grande relevância econômica no


cenário de Santa Catarina. Com relação à participação de cada setor no conjunto do VA, é
interessante observar que o setor de comércio e serviços apresenta o maior crescimento no
período (2002-2005) nas diferentes áreas, com exceção do município de Guatambu. Tal
situação é compatível com as atuais características da economia nacional e mundial.

Em Guatambu, as características predominantes de município rural mantinham


relevante a participação do setor agropecuário até 2002, o qual respondia por quase 40% da
geração da riqueza econômica. Entretanto, o setor industrial teve expressivo incremento
com a instalação da agroindústria no município, passando a representar mais da metade do
VA, cerca de 54%, em 2005 (Tabela 5.5).

53 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Tabela 5.5: Participação dos Setores Econômicos no VAB – Valor Adicionado Bruto, 2002-2005
(em %)
Valor Adicionado Bruto (%)
Área de
Agropecuária Indústria Comércio e serviços
abrangência
2002 2005 2002 2005 2002 2005
Santa Catarina 9,0 8,4 34,0 34,5 57,0 57,1
SDR Chapecó 9,0 6,0 37,0 25,4 54,0 68.6
Chapecó 2,2 2,1 47,4 44,2 50,4 53,7
Guatambu 38,2 19,0 23,4 53,8 38,4 27,2
Fonte: SPG/DEGE/Gerência de Estatística e IBGE, 2002, 2005

Com relação à ocupação da população, os dados de emprego formal mostram que os


dois setores de maior empregabilidade eram o do comércio e serviços e o da indústria, tanto
em 2004 como em 2006 (Figura 5.10). A indústria de transformação individualmente é o
setor que mantém o maior número de empregados, tanto no estado como nos municípios da
região da FLONA Chapecó.

Em 2006, 33% dos empregos dos catarinenses eram na indústria de transformação. A


participação era um pouco mais alta em Chapecó, e chegava a quase 70% dos empregos
formais em Guatambu, lembrando que a maioria dos empregos é nas agroindústrias
localizadas nos municípios.

Em Chapecó, o setor de comércio e serviços, se observados em conjunto, ofereceram


o maior número de empregos, ultrapassando a participação da indústria de transformação,
tanto em 2004 como em 2006, sendo que somente o setor de serviços foi responsável por
quase 30% do total dos empregos ocupados em 2006.

Entretanto, o setor é praticamente insignificante no que se refere à participação no


número de empregos em Guatambu, ficando abaixo daqueles ocupados na administração
pública. Também há outro dado que chama a atenção neste município: a ampliação da
participação de empregos na agropecuária, pois eles eram 75 postos em 2004 e passaram a
192 em 2006.

Cabe, ainda, mais uma consideração com relação ao número de empregos em


Guatambu. Tanto em Santa Catarina como em Chapecó houve uma ampliação dos postos
de trabalho de 2004 para 2006, entretanto a situação foi exatamente inversa no município
de Guatambu. Lá ocorreu a queda de cerca de 50% no total de postos de trabalho, sendo
que só no setor da indústria de transformação este percentual representou menos 60%. Tal
situação mereceria uma análise mais detalhada, a fim de verificar o que ocorreu e se esta
situação tenderá a se repetir com a crise internacional e os reflexos negativos na
agroindústria de Santa Catarina.

20.000 1.200
1.000
15.000
800
10.000 600
400
5.000
200
0 0
Chapecó 
Guatambu
Agropecuária Agropecuária Indústria de Transformação
Indústria de Transformação Serviços Industriais de Utilidade Pública Construção Civil
Serviços Industriais de Utilidade Pública
Construção Civil Comércio Serviços
Comércio Administração Pública

Figura 5.10: Número de Empregados por Eetor Econômico para os Municípios da FLONA
Chapecó em 2006
Fonte: SPG/DEGE/Gerência de Estatística e IBGE, 2006

54 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

5.4 Estrutura Fundiária da Região de Chapecó

A região oeste catarinense foi densamente ocupada entre as décadas de 1930 a 1950,
com projetos de colonização. Inicialmente, as empresas de colonização retiravam toda a
madeira da área, abriam algumas estradas e demarcavam os lotes ao longo das mesmas,
criando as chamadas “linhas”. Cada lote tinha em média 25 ha (VALENTINI, 2003).

Este padrão de estrutura fundiária atraiu os migrantes, que já não tinham mais terras
nas “colônias velhas” para dividir entre todos os filhos. Muitos migraram e, a partir de então,
construiu-se um modelo agrário característico daquela região, baseado no minifúndio.

Esta característica ainda predomina na região. Os dados que permitem que se faça
esta constatação sobre a estrutura fundiária não são recentes, datam dos Censos
Agropecuários de 1975 e 1995, nos quais se observa o número de estabelecimentos
agrícolas por grupo de área (Tabela 5.6).

Tabela 5.6: Número de Estabelecimentos por Estrato de Área – 1975 e 1995


MENOS DE 10 A MENOS 20 A MENOS 50 A MENOS
Área de
10 ha DE 20 ha DE 50 ha DE 100 ha
abrangência
1975 1995 1975 1995 1975 1995 1975 1995
SC 69.921 72.462 55.203 60.051 58.035 49.865 14.693 12.120
Chapecó 3.250 3.290 2.265 2.980 2.005 1.696 316 227
Chapecó 1.434 822 1.108 539 966 363 173 77
Guatambu - 201 - 189 - 136 - 30

Tabela 5.6: Continuação


100 A 500 0U MAIS TOTAL DE
Área de
MENOS DE 500 ha ha MUNICÍPIOS ESTAB.
abrangência
1975 1995 1975 1995 1975 1995
SC 7.338 7.314 1.315 1.535 206.505 203.347
Chapecó 82 68 8 8 7.926 8.269
Chapecó 66 32 8 4 3.755 1.837
Guatambu - 19 - 3 - 578
Fonte: IBGE: Censo Agropecuário, 1975-1995

Em 2005, o Governo do estado publicou o LAC – Levantamento Agropecuário de


Santa Catarina (SANTA CATARINA, 2005), resultado de uma pesquisa de caráter censitário
do meio rural catarinense, realizada entre 2002/03. Embora os resultados publicados sejam
preliminares e não possam ser diretamente comparados com os dos Censos Agropecuários
(IBGE, 1975; 1995; 2006), é possível estabelecer algumas relações.

Dentre elas, o que se verifica é que as mudanças mais expressivas no meio rural
ocorreram em períodos anteriores, pois se observa que a oscilação no número de
estabelecimentos agropecuários é pouco significativa em quase uma década. Em Chapecó,
a diminuição não representou nem 3% do total que havia em 1995, ou seja, passou de 1.837
para 1.710 estabelecimentos em 2002/3. Em Guatambu, o aumento no número de
estabelecimentos não chegou a 5%, eram 578 em 1995, passando a 605 estabelecimentos
em 2002/3.

Recentemente, a Prefeitura de Chapecó trabalhou os microdados do LAC, detalhando


a estrutura fundiária do município. O que se verifica é a manutenção da estrutura agrária
baseada na pequena propriedade, pois mais de 44% dos estabelecimentos tinham menos
de 10 ha e aproximadamente 49% estavam nos estratos entre 10 e 50 ha em 2002/3
(Tabela 5.7).

55 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Tabela 5.7: Número e área dos Estabelecimentos Agrícolas por Estrato de Área, Município de
Chapecó, 2002/03
Estrutura Fundiária (ha) Propriedades % da Área
Menos de 1 13 0,72
1 a menos de 2 97 5,42
2 a menos de 5 295 16,47
5 a menos de 10 386 21,55
10 a menos de 20 480 26,80
20 a menos de 50 392 21,88
50 a menos de 100 76 4,24
100 amenos de 200 35 1,96
200 a menos de 500 15 0,84
500 a menos de 1000 02 0,12
TOTAL 1.791 100
Fonte: Santa Catarina, 2005

O LAC confirma o predomínio da agricultura familiar na região por meio dos dados da
condição de posse da terra. Em 2002/03, o proprietário com título de posse era a categoria
mais expressiva no que se referia à condição dos estabelecimentos. Em Chapecó, eles
representavam cerca de 91% do total e em Guatambu eram aproximadamente 84% do total
de estabelecimentos. As demais categorias são pouco relevantes, só chama a atenção o
fato de que, em Guatambu, quase 10% dos estabelecimentos estão na condição de
arrendamento, o que é pouco comum na região (Tabela 5.8).

Tabela 5.8: Área Total dos Estabelecimentos Agropecuários, Segundo a Condição da Posse da
Terra, 2003

Nº de Área (ha)
Área de Área
estabelecimentos Própria Própria sem
Abran- total Arren- Em
agropecuários com título título de Ocupada
gência (ha) dada parceria
informantes de posse posse
Chapecó 1.791 36.870,7 33.430,2 1.072,9 1.682,1 511,1 174,4
Guatambu 605 16.237,1 13.636,7 1.053,1 1.526,7 10,6 10,0
Fonte: Santa Catarina, 2005

Nos dois municípios, mais de 80% das pessoas, que trabalham nas atividades do
estabelecimento, mantêm laços de parentesco com o produtor, o que confirma o predomínio
da agricultura familiar na região.

O que se observou até o momento confirma a manutenção do modelo agrário e


produtivo construído na região, a partir da colonização recente pelos descendentes dos
imigrantes europeus. Tais características foram herdadas do modelo camponês trazido
pelos primeiros imigrantes, os quais foram se adequando à medida que se confrontavam
com os sistemas produtivos capitalistas, gerando um tipo de racionalidade diversa daquela
de uma empresa agrícola, caracteristicamente sob o regime patronal. Tal modelo é
reconhecido como o da agricultura familiar, assentado sob três pilares centrais: a família tem
a propriedade dos meios de produção – a terra e os instrumentos de trabalho; o predomínio
da mão de obra no estabelecimento é familiar e, ainda a decisão sobre a unidade é
compartilhada pela família (ABRAMOVAY, 1992; LAMARCHE, 1993).

Conhecer tais características é relevante para o processo de gestão da FLONA


Chapecó, à medida que se compreende a dinâmica social da região, em particular na área
rural, onde também se situa a Unidade de Conservação.

56 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

5.5 Visão da Comunidade sobre a Floresta Nacional

Neste item são abordadas as percepções dos três principais atores sociais da região
da FLONA Chapecó que foram contatados em campo: moradores do entorno,
representantes de órgãos públicos e representantes de entidades. As distinções
evidenciadas por cada um deles são relativamente isoladas, pois é possível verificar a
existência de opiniões e percepções comuns ao conjunto dos atores. Entretanto, o que se
busca destacar aqui são questões pontuais para cada grupo analisado.

a) A percepção das comunidades

Existe um sensível contraste entre as percepções dos entrevistados nas comunidades


de entorno da UC. De um lado existem pessoas que nunca se envolveram com qualquer
questão ambiental. Em outro extremo situam-se aqueles que já sofreram sanção ou
restrição de uso por decorrência da aplicação da legislação ambiental por algum órgão
competente. Existem também aqueles que conhecem/conheceram algum funcionário da
FLONA Chapecó e, portanto, relatam com maior exatidão o funcionamento da UC e seu
propósito.

De maneira geral, percebeu-se que os entrevistados desconhecem o que é uma


Floresta Nacional e qual o seu papel na região. Um fator de influência das percepções é a
distância entre as comunidades e a FLONA Chapecó. Quando próximas elas possuem
maior conhecimento sobre os trabalhos que são desenvolvidos na Unidade, ao passo que,
nas comunidades mais distantes, as pessoas desconhecem por completo a sua existência.

Os temas com maior recorrência durante a pesquisa de campo foram a necessidade


de averbação da Reserva Legal das propriedades e a observação das Áreas de
Preservação Permanente (APPs). Quase em sua totalidade, os entrevistados se declaram
contra estas determinações legais. A confusão e o medo gerados por esses assuntos
podem ser confirmados pela existência de informações (distorcidas) que circulam na região
ou ainda pela falta de informações. Fala-se que as Reservas Legais e as APPs são uma
forma do governo brasileiro tomar as propriedades dos agricultores em um futuro próximo. A
principal reação é o descumprimento declarado da legislação ambiental, como forma de
repúdio e defesa das propriedades. A implicação deste desconhecimento e até desrespeito
as leis ambientais podem trazer implicação na gestão da FLONA Chapecó com relação à
qualidade dos recursos hídricos e florestais e a própria conservação da UC como um todo.

Contudo, verificou-se que os agricultores desconhecem as implicações do


descumprimento desta legislação, como a não concessão de licenças para a instalação e/ou
operação de aviários.

Em relação à imagem da FLONA Chapecó como um patrimônio natural, ela é bastante


prejudicada pela existência de grandes áreas de plantio de pínus. Segundo os
entrevistados, o pínus deveria ser completamente extraído e realizado um reflorestamento
com espécies nativas. Para muitos deles, a FLONA Chapecó carece de sentido, pois “só
existe pínus”, então por que deveria ser preservada? Estas observações são corroboradas
pelo trabalho de Floresta Nacional de Chapecó (2007).

A FLONA Chapecó é considerada uma propriedade do IBAMA e não de uso público.


Para o conjunto dos entrevistados, a FLONA Chapecó deveria estar mais aberta para as
comunidades e ser uma fonte de geração de emprego e renda, mesmo que de forma
indireta. No estudo Floresta Nacional de Chapecó (2007), verifica-se que os entrevistados
conhecem o IBAMA e percebem a instituição como um órgão exclusivamente fiscalizador.

57 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

b) A percepção dos representantes de órgão públicos

Os órgãos governamentais projetam na FLONA Chapecó uma possibilidade de


desenvolvimento econômico para a região. Nesse sentido, uma das probabilidades
apontada por grande parte dos entrevistados é o aproveitamento turístico da área da
FLONA Chapecó.

Nas entrevistas com os funcionários da FLONA Chapecó, os mesmos mencionam que


existe a intenção de promover atividades turísticas no interior da UC, de maneira planejada
e concedendo a gestão da atividade a uma empresa/instituição capacitada.

c) A percepção dos representantes das entidades

Pode-se dizer que a questão mais premente surgida no conjunto de entrevistas


realizadas com as entidades representativas da sociedade civil organizada refere-se à Zona
de Amortecimento (ZA) no entorno da FLONA Chapecó. Isso se explica, pois as ações
destas entidades estão justamente localizadas nesta zona de entorno da UC, seja na
organização dos produtores, no fomento da capacidade produtiva das propriedades ou na
assistência técnica. Portanto, uma suposta ZA restritiva as atividades desenvolvidas por
essas entidades seria algo indesejável do ponto de vista socioprodutivo.

Existe uma grande confusão e, por implicação, receio em relação à ZA da FLONA


Chapecó. Muitos acreditam que ela já exista e que abranja uma distância de 10 km em torno
da UC; outros dizem que está definida em faixa de 500 metros. Independentemente da
dimensão exata da ZA, a preocupação geral é com a possível inviabilização das atividades
produtivas da região em razão de sua implicação legal, trazendo prejuízos socioeconômicos
para a região.

d) Considerações gerais

Através das entrevistas realizadas com alguns funcionários da FLONA Chapecó,


percebeu-se que eles possuem certa dificuldade em conciliar o trabalho de gestão com o de
fiscalização da UC. Segundo a visão dos moradores do entorno, predominam as ações
relacionadas à fiscalização e, por exemplo, ficam prejudicadas aquelas que poderiam ser
executadas em programas de educação ambiental, voltadas aos usuários, principalmente
aos situados no seu entorno.

Uma hipótese para explicar esta situação é a existência de uma ambiguidade


fundamental, a saber: o órgão que aplica as sanções previstas na legislação ambiental é o
mesmo que procura, de forma espontânea, promover estratégias de educação ambiental e
mediar conflitos de uso. Acredita-se que esta sobreposição de papéis estimula uma
sensação de desconfiança nas comunidades. Inclusive, no decorrer do trabalho de campo,
houve casos em que os entrevistados se referiam de maneira rude e ameaçadora aos
funcionários da FLONA Chapecó(ao IBAMA, segundo sua própria linguagem) responsáveis
pela fiscalização e aplicação de multas.

De outra parte, os funcionários da FLONA Chapecó apontam que as comunidades, as


administrações públicas municipais e as instituições, que atuam no entorno da FLONA
Chapecó, não se interessam em conhecer sua estrutura, seus trabalhos e os anseios do
Conselho Consultivo. Inclusive, trabalhos voltados à educação ambiental junto às
comunidades já foram realizados, mas, devido à falta de comunicação, a participação não
foi satisfatória.

Além das escolas da rede pública, grupos organizados (terceira idade, Unimed,
universitários) também procuram levar seus alunos para conhecer a FLONA Chapecó.
Inclusive, em conversa com representantes da Escola Estadual Agilberto Zandavalli existe

58 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

necessidade da criação de um programa de educação mais consistente no município, com


metodologia definida e que seja executado durante todo o ano letivo.

Pode-se sugerir que uma opção para mitigar os conflitos seria atribuir à outra entidade
(pública ou privada) a função de promover programas de educação ambiental. Dessa
maneira, situações conflituosas poderiam ser resolvidas através do esclarecimento das
possibilidades de uso das propriedades frente às implicações da legislação ambiental,
evitando a aplicação de multas antes que outros instrumentos possam ser utilizados para
melhorar a situação problema. Em suma, é necessário implementar um programa de
comunicação social capaz de informar, apresentar as alternativas produtivas viáveis e
intermediar conflitos. Para tanto, deve-se atentar para três características, sobre as quais os
conflitos geralmente emergem.

A primeira diz respeito à história de utilização indiscriminada, que contou com a


conivência e precariedade dos órgãos de fiscalização, dos recursos naturais das
propriedades rurais. Por exemplo, a situação em que o proprietário, justamente devido à sua
condição de “proprietário”, acredita poder utilizar a terra e os recursos naturais da maneira
que melhor lhe convir.

A segunda se refere às sucessivas crises dos sistemas produtivos da região, as quais


contribuíram para a configuração de um cenário de incertezas, que teve o efeito de diminuir
as chances de tratar os problemas socioprodutivos e ambientais com uma visão de longo
prazo.

A terceira diz respeito às “imposições” da legislação ambiental, que, principalmente


nas propriedades mais simples que carecem de mecanização32 e estão situadas em áreas
com topografia desfavorável ao cultivo das principais culturas, atualmente vem inviabilizando
grande parte das propriedades rurais familiares, como restringindo a área destinada a
produção. Estas características foram associadas por diversos entrevistados como causas
do êxodo rural.

Em certo sentido, as comunidades encontram-se desamparadas em sua própria


percepção: “o IBAMA fiscaliza demais”, e procura os proprietários somente para autuá-los,
quer dizer, a legislação é cada vez mais severa e são escassas as opções socioprodutivas
rentáveis.

Face ao exposto, sugere-se o estabelecimento de parcerias com outros entes e de


estratégia de comunicação social capaz de esclarecer aos produtores sobre as limitações e
oportunidades da legislação ambiental incidente em suas propriedades. Por exemplo, sobre
como efetuar a averbação da Reserva Legal e como adquirir licença ambiental para
produzir/manejar nela e em áreas de APP; qual o papel do Conselho Consultivo da FLONA
Chapecó e como uma entidade pode se agregar a ele e participar da gestão da Unidade.

Escritórios municipais da EPAGRI e Secretarias de Agricultura e Meio Ambiente


municipais poderiam auxiliar nesta tarefa de maneira mais eficaz, criando programas
direcionados ao produtor. O estudo de Floresta Nacional de Chapecó (2007) aponta que
69,3% das pessoas entrevistadas afirmam que nenhuma entidade governamental visita a
sua propriedade.

32O conjunto das entrevistas indica que a mecanização da produção é, atualmente, uma condição para a
continuidade da produção agropecuária nas propriedades.

59 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

5.6 Situação Fundiária da FLONA Chapecó

A Unidade possui áreas escrituradas e registradas no Cartório de Registro de Imóveis


do Município de Chapecó33, em nome do IBAMA. Os registros totalizam uma área de
1.597,716 ha.

Estas informações diferem do apresentado no primeiro Plano de Manejo da FLONA


Chapecó, que traz uma área de 1.344,33 ha para a Gleba I e 315,88 ha para a Gleba II.
Observa-se, porém, que, à época, a Gleba I contava com uma área adicional de 24,2 ha,
doada em 1963 ao Instituto Nacional do Pinho. Esta doação foi cancelada judicialmente,
ficando a FLONA Chapecó somente com uma fração de 0,405 ha desta (Gleba III).

A Gleba I é parcialmente cercada e possui trechos de divisas delimitadas por rios e


pela Barragem de Guatambu. Existem, em seu interior, duas estradas em pleno uso, uma
rodovia BR/SC 283, que cruza a gleba no sentido leste-oeste (implementada na década de
1970, ou seja, já em terras da União), e uma estrada, que a corta no sentido norte-sul. Nesta
gleba também existem conflitos com alguns proprietários vizinhos acerca do
estabelecimento dos limites entre suas propriedades e a FLONA Chapecó, uma vez que
estes limites estavam referenciados por estradas e aceiros que, ao longo do tempo tiveram
pequena alteração de traçado.

A Gleba II é parcialmente cercada, porém não possui marcos que a delimitam,


podendo ocorrer áreas com conflito de divisas com terceiros. A Gleba III não possui cercas,
não estando delimitada.

5.7 Uso e Ocupação do Solo e Problemas Ambientais Decorrentes

Os dados mais atualizados sobre a utilização das terras são de 2006, coletados pelo
Censo Agropecuário (IBGE, 2006). Como são dados preliminares, ainda não há um maior
detalhamento na utilização das terras. Contudo, estes dados atualizados permitem que se
verifique o que está ocorrendo na região. Eles também fornecem uma comparação
aproximada em relação aos dados do LAC, que se referem a 2002/03.

Com relação ao uso da terra nos municípios da FLONA Chapecó (em % de área e em
ha), em 2006, observa-se que o comportamento do município de Chapecó destoava do de
Guatambu, que mantinha maior semelhança com a situação que se verificava para o total do
estado (Figura 5.11).

O que mais chama a atenção em Chapecó refere-se à maior participação de área


ocupada com lavouras permanentes no total das terras utilizadas, uma vez que mais de um
terço (34,2%) estava destinado para tal fim em 2006. Em relação a área em ha., é
surpreendente constatar o intenso crescimento com tal utilização, acima de 500% entre
2002/03 e 2006, passando de 2,4 mil ha (6,5%) para mais de 15 mil ha (40,1%). Também é
distinta a situação com relação à área de pastagens nativas. Enquanto no estado elas
representavam cerca de 40% e em Guatambu 31% da utilização das terras dos
estabelecimentos, em Chapecó não chegavam a 20% (Figura 5.12).

Com relação a percentagem de área destinada a matas e florestas, a situação dos


municípios confirma o que sucedeu em passado recente, quando da colonização dos
municípios, já que as áreas com tal utilização estão abaixo da média estadual. Em Chapecó,
representam somente 15% do total de terras utilizadas e em Guatambu, 21%. No caso de

33 Certidões de Registro Nº 17.875, Livro 02-Fls. (Área de 1.290,68 ha) – Gleba I; Nº 35.736, Livro 02-Fls. (Área

de 306,631 ha) – Gleba II; Nº 72.261, Livro 02-Fls. (Área de 0,405 ha) – Gleba III.

60 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

Guatambu, observa-se o predomínio das áreas com lavouras temporárias, as quais ocupam
cerca de 40% do total das áreas utilizadas, seguidas das pastagens nativas. Tal composição
é expressiva de áreas com predomínio da agricultura familiar.

40

35

30

25

20

15

10

0
Chapecó Guatambu

Lavouras temporárias Lavouras permanentes
Pastagens Matas e Florestas
Figura 5.11: Utilização em (%) das terras dos estabelecimentos agropecuários, 2006

12.000,00

10.000,00

8.000,00

6.000,00

4.000,00

2.000,00

0,00
Chapecó Guatambu

Lavouras temporárias Lavouras permanentes Lavouras em descan


Pastagens nativas Pastagens plantadas Capoeiras (até 6 an

Figura 5.12: Área (ha) segundo utilização da terra de Chapecó, 2003

5.7.1 Produção Vegetal

Observando mais detalhadamente as informações sobre a utilização das terras a partir


do LAC (2002/3), verifica-se que tanto em Chapecó como em Guatambu as terras são
bastante utilizadas para as lavouras.

Analisando a Tabela 5.9, pode-se verificar que em Guatambu, as terras com lavouras
representam 50% do total, predominando os cultivos de ciclo temporário; as terras utilizadas
com pastagens e matas/florestas têm representação parecida, cerca de 20%. No caso das

61 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

pastagens, as nativas representam 86%, assim como as matas e florestas nativas


representam quase 61% das terras dos estabelecimentos, de acordo com LAC (2002/3).

Chapecó tem uma situação um tanto diversa. Embora a maior parte da área dos
estabelecimentos esteja sendo utilizada com lavouras (aproximadamente 40%), as
pastagens são bastantes expressivas na utilização das terras (31,6%), sendo que as
plantadas têm maior participação, representam cerca de 60% do total das pastagens. As
matas e florestas representam 22% das terras utilizadas, as nativas são mais relevantes,
participando em quase 61% nos estabelecimentos (LAC, 2002/3).

Tabela 5.9: Área dos Estabelecimentos Agropecuários Segundo a Utilização das Terras, Santa
Catarina e Municípios da FLONA Chapecó, 2002/3
Utilização das terras (%)
Lavouras
Área de Total de Pastagens Matas e Florestas
(temporárias +
abrangência área (ha) (nativas + (capoeira + nativa Outras
permanentes +
plantadas) + plantada)
em descanso)
Santa
5.957.514,9 28,0 34,3 32,3 5,4
Catarina
Chapecó 36.870,7 39,7 31,6 22,0 6,7
Guatambu 16.237,1 50,0 21,7 20,1 8,2
Fonte: Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural. Levantamento Agropecuário de Santa
Catarina, 2002-2003

Com relação à produção vegetal, os dados mais completos se encontram publicados


na Produção Agrícola Municipal (IBGE, 2007). Os cinco principais produtos cultivados nos
dois municípios, segundo o tamanho da área, são: milho, soja, trigo, feijão e fumo.
Entretanto, quando se observam quais os produtos de agregação de valor, verifica-se que o
fumo é o gerador de maior rentabilidade econômica ao agricultor, embora este produto
ocupe a menor área cultivada (Tabela 5.10). Em todas as culturas mencionadas são
utilizados agrotóxicos no cultivo, somente 23% dos produtores entrevistados pelo LAC
(2002/3) declararam não utilizar algum tipo de agrotóxico no estabelecimento.

5.7.2 Produção Animal

A avicultura e a suinocultura são as duas principais atividades econômicas da região


oeste catarinense. A produção animal ocorre nos estabelecimentos dos agricultores
familiares na maior parte das situações, os quais se relacionam com as agroindústrias por
meio do sistema de integração.

A avicultura está presente em mais de 60% dos estabelecimentos de Guatambu e


em 59% dos de Chapecó. Este é um percentual um pouco acima da média estadual, onde
se verifica que 57% dos estabelecimentos mantêm essa atividade.

Quanto à suinocultura, os dois municípios estão acima da média estadual, onde se


observa que 42% dos estabelecimentos se dedicam a tal atividade. Em Guatambu, a
participação de estabelecimentos que fazem criação de suínos é mais alta, ou seja, 62%.
Em Chapecó, a representatividade é um pouco menor, ali 48% dos estabelecimentos fazem
criação de suínos.

Contudo, na produção animal também se verifica a relevância dos bovinos para


grande parte dos estabelecimentos. Em Guatambu, 82% deles têm rebanho bovino, sendo
46% de vacas de leite. Já em Chapecó, o percentual de estabelecimentos com bovino é um
pouco menor, chegando a 70%, porém, é semelhante com relação às vacas de leite, que
estão presentes em 43% dos estabelecimentos (Tabela 5.11 e Figura 5.13).

62 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

Tabela 5.10: Principais Produtos Cultivados por Área de Colheita e Valor da Produção, para Santa Catarina e Municípios da FLONA Chapecó, 2007

Principais produtos

Área de Milho Soja Trigo Feijão Fumo Total de


Abrangência Estabelecimentos
Área Área Valor Área Valor Área Valor Área Valor
Valor
colhida colhida (1 000 colhida (1 000 colhida (1 000 colhida (1 000
(1000 R$)
(ha) (ha) R$) (ha) R$) (ha) R$) (ha) R$)
Santa Catarina 694.393 1.046.082 385.496 516.012 81.675 98.849 129.685 124.088 121.969 1.045.171 5.957.514,9
Chapecó 12.800 19.508 6.580 8.137 2.300 1.321 1.600 2.198 222 1.503 36.870,7
Guatambu 3.543 5.741 2.580 3.135 900 907 75 67 109 711 16.237,1
Fonte: IBGE. Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária, Produção Agrícola Municipal, 2007

Tabela 5.11: Principais Produtos de Origem Animal por Estabelecimento e Tamanho do Rebanho, para Santa Catarina e Municípios da FLONA
Chapecó, 2007

Principais produtos de origem animal


Área de Total de
Abrangência Bovino Vaca de leite Suínos Aves Estabelecimentos
Estab. Rebanho Estab. Rebanho Estab. Rebanho Estab. Rebanho
Santa Catarina 146.535 3.586.476 88.822 1.435.581 82.198 6.588.600 111.225 190.845.532 194.533
Chapecó 1.351 51.571 823 20.980 920 99.156 1.135 4.944.270 1.914
Guatambu 437 10.065 243 5.332 332 23.285 332 1.499.628 533
Fonte: IBGE: Censo Agropecuário, 2006 – Dados Preliminares

63
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

5.000.000
4.000.000
3.000.000
2.000.000
1.000.000
0
Chapecó Guatambu

Bovino  Vaca de leite Suínos  Aves 

Figura 5.13: Principais Produtos de Origem Animal por Estabelecimento e Tamanho do


Rebanho para os Municípios da FLONA Chapecó, 2007

Durante o trabalho de campo constatou-se, junto a técnicos e representantes das


associações ligadas ao meio rural, que a produção leiteira vem crescendo na região nos
últimos cinco anos, em virtude das fortes estiagens ocorridas na região oeste de Santa
Catarina. Eles declaram que vem ocorrendo uma transição produtiva rumo à produção de
leite, pois ela representa uma alternativa à medida que as culturas temporárias e
permanentes, em geral, não se adaptam mais ao regime pluviométrico. Outro fator que
estimula a conversão da atividade produtiva nas propriedades é a autonomia propiciada pela
atividade leiteira, uma vez que pequenos, médios ou grandes produtores não precisam se
atrelar aos laticínios da mesma forma que o fazem na suinocultura ou na avicultura.

A suinocultura, embora importante para o município de Chapecó e seus agricultores, é


menos presente no entorno da FLONA Chapecó. Uma das razões mencionadas se refere à
exigência de maiores investimentos para a instalação da atividade. Isto é diferente da
situação da avicultura, cujos custos de instalação são menores e, além disso, haveria maior
flexibilidade de adaptação frente às necessidades do produtor, uma vez que elas podem ser
aumentadas ou diminuídas em função do cenário econômico que se apresenta.

5.7.3 Extração Vegetal e Silvicultura

As informações das fontes secundárias relativas à extração vegetal e à silvicultura não


destacam estas atividades como relevantes na região. Segundo os técnicos e
representantes do setor agrícola entrevistados, há uma expansão da silvicultura na região,
incrementada pela demanda nacional e internacional, bem como pelo desenvolvimento
tecnológico, que tem permitido o aproveitamento (plantio e extração) em áreas com precário
aproveitamento para a produção. Nesse sentido, a EPAGRI – Empresa de Pesquisa
Agrícola e Extensão Rural de Santa Catarina vem investindo em tecnologia adaptada à
realidade da região, a partir do centro de pesquisa, que mantém em Chapecó, e em parceria
com a FLONA Chapecó.

O pínus e o eucalipto são as duas espécies cultivadas na região. De acordo com


dados passados pela secretária de agricultura de Guatambu, no levantamento de 2010
existiam 835 ha plantados com eucalipto. Em 2009 a quantidade comercializada desta
espécie foi de 72.114,29 m³ para as agroindústrias da região, na forma de lenha e 6.000 m³
para madeireiras que utilizam a espécie para outras finalidades.

Segundo os entrevistados, esses plantios representam uma poupança para o


agricultor. O plantio aumentou em decorrência do trabalho e do incentivo promovidos pelos
profissionais da EPAGRI. O eucalipto tem sido comercializado regionalmente para lenha,
principalmente para as agroindústrias, servindo de fonte energética. Também é
comercializado como matéria-prima utilizada na construção civil e no setor moveleiro da
região, que, segundo os entrevistados, cresceu e começa a adquirir projeção nacional e
internacional.

64 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

5.7.4 Algumas Considerações Sobre o Setor Agropecuário

A partir da pesquisa de campo, apresentam-se, a seguir, algumas considerações


relativas ao setor agropecuário:

- Segundo os técnicos da EPAGRI de Guatambu, as culturas que mais se adaptaram


foram: fumo, milho, erva-mate, eucalipto e o gado leiteiro.

- As famílias localizadas às margens do rio Lambedor desenvolvem apenas a


agricultura de subsistência, tamanha é a declividade das propriedades. Consequentemente,
as culturas praticadas nesta região são o trigo, o milho, a soja e a horticultura.

- As comunidades do entorno da FLONA Chapecó, as quais possuem na


diversificação da produção uma alternativa contra as oscilações de mercado, em geral,
dedicam-se à produção de feijão, trigo, milho e criação de aves, suínos e leite.

- A erva-mate existe em toda a região e a sua produção é destinada ao mercado


interno e exportação. Atualmente, o mercado exibe uma tendência de crescimento de seu
preço, portanto, a sua produção é uma opção rentável.

- Segundo os entrevistados, a causa principal do uso dos agrotóxicos é o receio de


que as lavouras fiquem danificadas, piorando a situação econômica das famílias.

- A Secretaria de Agricultura do município de Chapecó vem aplicando o Programa de


Aquisição de Alimentos (PAA), o qual tem a finalidade de incentivar a agricultura familiar. O
PAA destina-se à aquisição de produtos agropecuários produzidos por agricultores
familiares que se enquadram no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura
Familiar – PRONAF.

5.8 Alternativas de Desenvolvimento Econômico Sustentável

Dentre as alternativas de desenvolvimento econômico sustentável, a produção de


alimentos com base nos princípios agroecológicos vem ganhando adeptos entre os
agricultores familiares do oeste de Santa Catarina, à medida que oferece uma alternativa
produtiva frente às oscilações mercadológicas dos principais sistemas produtivos. Os
agricultores têm apoio e são estimulados por diversas instituições locais e regionais. O
Projeto Microbacias 2, por exemplo, tem na agroecologia uma de suas principais diretrizes,
pretendendo alcançar mais de 40 mil unidades familiares na região. Outros projetos que
também tem enfoque na agroecologia estão sendo concebidos e executados pela APACO
(Associação dos Pequenos Agricultores do Oeste de Santa Catarina), pela FETRAF-SUL
(Federação da Agricultura Familiar/Região Sul), pela UNOCHAPECÓ, Prefeitura Municipal,
e por outras ONGs que atuam no meio rural (MARQUES & MELLO, 2009).

Exemplos de ações coordenadas bastante dinâmicas na região vêm sendo


estabelecidas pela APACO que, desde o final dos anos de 1990, vem fomentando a
produção de alimentos agroecológicos/orgânicos através do estímulo à criação de grupos de
cooperação e associações de agricultores agroecológicos. Atualmente, há na região oeste
12 cooperativas de agricultores familiares, com 117 agroindústrias e mais de 600 famílias
envolvidas na produção de 784 itens de produtos tais como: embutidos em geral, laticínios,
mel, derivados da cana de açúcar, ovos, panificios, conservas, doces, entre outros, sendo
que grande parte desses grupos já conta com certificação da rede Ecovida.

Dentre as atividades da APACO, estão o desenvolvimento de atividades de apoio as


unidades agroindustriais, como elaboração de projetos de contabilidade, gestão, rótulo,
responsabilidade técnica, marca, código de barras, etc., e a comercialização dos produtos
diretamente aos consumidores, em feiras, pequenos mercados e através do PAA –
Programa de Aquisição de Alimentos do Governo Federal em merenda escolar. O Programa

65 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

de Aquisição de Alimentos (PAA), também vem estimulando a comercialização dos produtos


agroecológics, uma vez que adquire alimentos provenientes da agricultura familiar
produzidos de forma agroecológica.

A produção agroecológica do oeste de Santa Catarina destina-se, majoritariamente, ao


abastecimento local (municipal) de alimentos como hortaliças, frutas, carne de aves, ovos e
laticínios. Esse mercado se caracteriza pela relação direta entre o agricultor e o consumidor,
que acontece nas feiras agroecológicas em diferentes locais da cidade de Chapecó,
incentivadas pelas instituições locais. Trata-se, na realidade, de um mercado de ciclo curto,
onde a relação de proximidade e os laços de confiança são as marcas que o caracterizam.
Em menor escala, os agricultores agroecológicos também têm construído oportunidades de
comercialização nas redes de supermercados locais e, até mesmo, para mercados mais
distantes. No entanto, essa venda mais distante, em geral, requer algum sistema de
certificação que garanta a origem e a forma de produção (MARQUES; MELLO, 2009).

Outra alternativa econômica sustentável desenvolvida na região é o ecoturismo. A fim


de estimular o agroturismo do município de Chapecó, a Prefeitura Municipal instituiu em
1999, o Programa Municipal de Apoio ao Agroturismo, com o objetivo de promover a
geração de trabalho e renda, melhorar a preservação do meio ambiente e ampliar a
consciência sobre o desenvolvimento sustentável. Com isso, iniciou-se a ideia de
estruturação de quatro Rotas: Rota Italiana, Rota Vale do Rio Uruguai, Rota dos Tropeiros e
Rota Vale do Rio Irani, aproveitando as diversidades étnicas e ambientais das diferentes
regiões. Estas rotas oferecem vários atrativos aos turistas, como os produtos típicos; o
ecoturismo nas trilhas do interior de Chapecó; o turismo de aventura e esportes náuticos
praticado na “prainha” às margens do rio Uruguai; o turismo religioso com romarias, festas e
encontros religiosos; o turismo gastronômico-cultural que divulga a cultura das etnias que
formam o povo da região, através das danças, dos costumes, da culinária e do artesanato. A
Gleba II da FLONA Chapecó é mencionada na Rota do Vale do Rio Uruguai.

Dentre as feiras que têm alguma relação como os objetivos da FLONA Chapecó, está
a Ambientalis (Conferência e Mostra de Sustentabilidade), que é um evento que ocorre
anualmente e discute questões de sustentabilidade difundindo os recentes avanços e
resultados socioambientais. Além de palestras, acontece paralelamente a Mostra de
Sustentabilidade.

Outras informações sobre o turismo sustentável nos municípios próximos à FLONA


Chapecó podem ser encontradas no relatório de Uso Público realizado para esse Plano de
Manejo.

5.9 Legislação Pertinente

Neste item são destacadas algumas disposições de normas federais e estaduais, de


diversos níveis hierárquicos, que se aplicam no contexto da Floresta Nacional de Chapecó e
sua Zona de Amortecimento.

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), instituído pela


Lei no 9.985/2000, estabelece critérios e normas para a criação, implantação e gestão de
Unidades de Conservação (UC), apresentando conceitos, objetivos e diretrizes para o
manejo dessas áreas protegidas. A categoria Floresta Nacional (FLONA) é definida no artigo
17 do SNUC como uma área com cobertura florestal de espécies predominantemente
nativas e tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a
pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas
nativas. A Floresta Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares
incluídas em seus limites devem ser desapropriadas de acordo com o que dispõe a lei.
Ainda segundo esse mesmo artigo, nas Florestas Nacionais a visitação pública é permitida,

66 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

condicionada às normas estabelecidas para o manejo da Unidade pelo órgão responsável


por sua administração, bem como a pesquisa científica, que também é permitida e
incentivada, sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela administração da
UC, às condições e restrições estabelecidas pelo mesmo e àquelas previstas em
regulamento.

O Decreto Federal nº 1.298/94, que aprova o Regulamento das Florestas Nacionais,


dispõe que as mesmas são estabelecidas com os seguintes objetivos: I - promover o manejo
dos recursos naturais, com ênfase na produção de madeira e outros produtos vegetais; II -
garantir a proteção dos recursos hídricos, das belezas cênicas, e dos sítios históricos e
arqueológicos; e III - fomentar o desenvolvimento da pesquisa científica básica e aplicada,
da educação ambiental e das atividades de recreação, lazer e turismo. Prevê ainda que as
FLONAs serão administradas visando: a) demonstrar a viabilidade do uso múltiplos e
sustentável dos recursos florestais e desenvolver técnicas de produção correspondente; b)
recuperar áreas degradadas e combater a erosão e sedimentação; c) preservar recursos
genéricos in-situ e a diversidade biológica; d) assegurar o controle ambiental nas áreas
contíguas

A Lei do SNUC dispõe ainda que as Unidades de Conservação, com exceção das
categorias Área de Proteção Ambiental (APA) e Reserva Particular do Patrimônio Natural
(RPPN), devem possuir uma Zona de Amortecimento (ZA) e, quando conveniente,
Corredores Ecológicos. O órgão responsável pela administração da unidade estabelecerá
normas específicas regulamentando a ocupação e o uso dos recursos da ZA da UC e dos
Corredores Ecológicos, desde que respeitados os parâmetros da legislação em vigor e
embasado em critérios técnicos devidamente justificados. Ao ser estabelecida a ZA de uma
UC, sua área não poderá ser transformada em zona urbana. Sua delimitação e as
respectivas normas de uso poderão ser definidas no ato de criação da UC ou
posteriormente.

A referida lei prevê ainda que as Unidades de Conservação devem dispor de um Plano
de Manejo, o qual deve abranger sua área, sua Zona de Amortecimento e os corredores
ecológicos, incluindo medidas com a finalidade de promover sua integração à vida
econômica e social das comunidades vizinhas. A UC poderá ser gerida por Organização da
Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), com objetivos afins aos da Unidade,
mediante instrumento a ser firmado com o órgão responsável pela sua gestão.

Por fim, de acordo com o SNUC, as Florestas Nacionais também disporão de um


Conselho Consultivo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído
por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e, quando for o
caso, das populações tradicionais residentes.

O Decreto nº 4.340/2002, que regulamenta a Lei do SNUC, dispõe em seu artigo 12


que o Plano de Manejo das FLONAs será aprovado em Portaria do órgão executor, neste
caso o ICMBio. Outros aspectos importantes do regulamento são as disposições sobre a
estrutura, funcionamento e competências do conselho da Unidade de Conservação e a
gestão compartilhada com OSCIP.

Em substituição à Resolução CONAMA nº 13/1990, o CONAMA editou a Resolução nº


428, de 17 de dezembro de 2010, que dispõe, no âmbito do licenciamento ambiental, sobre
a autorização do órgão responsável pela administração de uma UC, conforme trata o
parágrafo 3º do artigo 36 da Lei do SNUC, bem como sobre a ciência do órgão responsável
pela administração da UC, em casos de licenciamento ambiental de empreendimentos não
sujeitos a EIA-RIMA.

As Áreas de Preservação Permanente e a Reserva Florestal Legal das propriedades


rurais localizadas na ZA e região de entorno da FLONA, têm sua definição e regras de
utilização conforme disposto no Código Florestal e Resoluções do CONAMA.

67 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

A Floresta Nacional de Chapecó está inserida no Bioma Mata Atlântica, o qual tem a
sua utilização e proteção regidas pela Lei da Mata Atlântica e seu Decreto de
Regulamentação, respectivamente a Lei Federal nº 11.428/06 e o Decreto Federal nº
6.660/08. Tais normas vedam o corte e a supressão de vegetação primária ou nos estágios
avançado e médio de regeneração do Bioma Mata Atlântica, quando essa vegetação formar
corredores entre remanescentes de vegetação primária ou secundária em estágio avançado
de regeneração e proteger o entorno das Unidades de Conservação.

A Lei Federal nº 11.284/06, que trata da gestão de florestas públicas para a produção
sustentável, estabelece como princípios a proteção dos ecossistemas, do solo, da água, da
biodiversidade e dos valores culturais associados; o respeito ao direito da população, em
especial das comunidades locais, de acesso às florestas públicas e aos benefícios
decorrentes de seu uso e conservação; o acesso livre de qualquer indivíduo às informações
referentes à gestão de florestas públicas; a promoção e difusão da pesquisa florestal,
faunística e edáfica, relacionada à conservação, à recuperação e ao uso sustentável das
florestas; o fomento ao conhecimento e a promoção da conscientização da população sobre
a importância da conservação, da recuperação e do manejo sustentável dos recursos
florestais, dentre outros.

Além disso, a lei apresenta disposições gerais sobre a gestão de florestas públicas
para a produção sustentável, regras e critérios para as concessões florestais, direitos das
comunidades locais e o estabelecimento dos órgãos competentes e suas atribuições e
responsabilidades. Destaca-se que as concessões em florestas nacionais, estaduais e
municipais devem observar o disposto no Plano de Manejo da Unidade de Conservação e
na legislação em vigor. A inserção de unidades de manejo das florestas nacionais, estaduais
e municipais no Plano Anual de Outorga Florestal (PAOF) requer prévia autorização do
órgão gestor da Unidade de Conservação.

Os recursos florestais das unidades de manejo de florestas nacionais, estaduais e


municipais somente serão objeto de concessão após aprovação do Plano de Manejo da
Unidade de Conservação, nos termos da Lei do SNUC. Para a elaboração do edital e do
contrato de concessão florestal das unidades de manejo em florestas nacionais, estaduais e
municipais, ouvir-se-á o respectivo Conselho Consultivo, o qual acompanhará todas as
etapas do processo de outorga.

O Código Florestal (Lei nº 4.771/65), em seu artigo 27, proíbe o uso de fogo nas
florestas e demais formas de vegetação. Porém, admite que, se peculiaridades locais ou
regionais justifiquem o emprego de fogo em atividades agropastoris ou florestais, a
permissão será estabelecida em ato do poder público, circunscrevendo as áreas e
estabelecendo normas de precaução. O Decreto Federal nº 2.661/98 regulamenta parágrafo
único do citado artigo 27, mediante o estabelecimento de normas de precaução, relativas ao
emprego do fogo em práticas agropastoris e florestais. Tal norma permite, mediante a
queima controlada previamente autorizada por órgão do SISNAMA, o emprego de fogo em
práticas florestais e agropastoris. A Fundação Estadual do Meio Ambiente (FATMA) possui a
Instrução Normativa nº 30, em que apresenta instruções para o processo de autorização de
queima controlada.

A fauna silvestre ocorrente na região é tutelada nos termos da Lei Federal nº 5.197/67
de Proteção à Fauna. A ocorrência de danos diretos ou indiretos à fauna e à flora,
localizadas na UC e em sua Zona de Amortecimento, sujeitarão os agentes às sanções
previstas nas normas penais e administrativas que tutelam o meio ambiente.

O incentivo à sensibilização da sociedade para a importância da criação, gestão e


manejo das Unidades de Conservação é atribuição do poder público, de acordo com a
Política Nacional de Educação Ambiental. Também, a integração da gestão das águas com
a gestão ambiental é uma diretriz expressa na Política Nacional de Recursos Hídricos.

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Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

5.10 Potencial de Apoio à Floresta Nacional

O município de Guatambu, onde se localiza a sede da FLONA Chapecó, possui a


infraestrutura básica de município de pequeno porte com escola pública, posto de saúde,
posto de combustível, delegacia de polícia, além de estabelecimentos de comércio e
serviços e hospedagem.

As instituições públicas estaduais e federais, o comércio e os serviços mais


especializados, bem como as Universidades, podem ser encontrados no município
Chapecó. Este, considerado polo regional, constitui o oitavo maior do estado em população
e conta com boa infraestrutura de acesso, hospedagem, lazer e alimentação, além de
comportar eventos de médio porte do estado.

5.10.1 Turismo

a) Chapecó

De acordo com o Portal de Turismo do Estado, o município é polo econômico da


região oeste e firma-se também como polo turístico. Sua excelente infraestrutura urbana,
com bom acesso, hospedagem, lazer e alimentação e promoção de eventos de médio porte
do estado trazem cada vez mais visitantes à cidade.

A rede hoteleira do município, conta com mais de 20 hotéis, totalizando 1.350 leitos, e
há boa infraestrutura de serviços e equipamentos para grandes eventos.

b) Guatambu

Atualmente não se identifica no município de Guatambu opções relevantes ligadas ao


lazer, possuindo algum potencial turístico associado aos seus recursos naturais e sua
agricultura familiar, mas praticamente não possui infraestrutura de hospedagem,
alimentação e lazer. Os poucos empreendimentos ligados ao turismo estão associados à
natureza e aventura, tais como trilhas ecológicas, campings, esportes náuticos e um hotel
fazenda. Segundo o Portal de Turismo do município, entre seus atrativos estão: Barragem
de Guatambu, cascata do rio Tigre, Praia Fluvial do rio Uruguai e pesque-pague.

Dos empreendimentos e atrativos turísticos da cidade, aquele que se destaca com


maior fluxo de visitação é o Hotel Fazenda Don Guilherme, situado cerca de 7 km ao sul da
FLONA Chapecó seguindo pela estrada que atravessa a FLONA Chapecó e 22 km seguindo
pela BR/SC-283 e SC-459.

5.10.2 Saúde

a) Chapecó

Chapecó conta com 457 unidades de saúde, dentre elas: 2 Hospitais gerais, 1
Policlínica, 4 Postos de Saúde, 1 Pronto socorro geral, 29 Centros de saúde/unidade básica
de saúde e 324 Consultórios isolados (Fonte: Ministério da Saúde, Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde - CNES).

Em 2007, Chapecó contava com 358 leitos de internação. Os mais representativos


em números absolutos estão relacionados ao atendimento clínico e cirúrgico. Do total de
leitos existentes no município, 296 leitos (83%), realizam atendimentos pelo Sistema Único
de Saúde – SUS.

69 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

b) Guatambu

Segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) em 2007,


Guatambu conta com 2 unidades básicas de saúde e 1 posto de saúde, não sendo
registrados leitos hospitalares no município. Em 2007 eram 17 profissionais ligados à saúde
em Guatambu, sendo: 2 médicos, 5 cirurgiões dentistas, 2 enfermeiros, 1 fisioterapeuta, 1
farmacêutico, 2 assistentes sociais, 1 psicólogos e 1 auxiliar de enfermagem.

5.10.3 Rede de serviços

a) Chapecó

O município apresenta diversos estabelecimentos de prestação de serviços. Quanto


ao serviço bancário, o sistema financeiro de Chapecó é constituído por 50 postos e 19
agências bancárias, 2 cooperativas de crédito e 1 agência de microcrédito, que atende ao
município e à região. Estão presentes os bancos: Bgn, Bradesco, Banco do Brasil, Banco do
Estado de Santa Catarina S/A (BESC), Fininvest, Itaú S/A, Banco Santader Brasil S/A,
Banco Triângulo S/A, Banco do Povo, Banco do Estado do Rio Grande do Sul S/A
(BANRISUL).

b) Guatambu

O único estabelecimento bancário do município é um Posto de Atendimento Bancário


Eletrônico (PAE) do Banco do Estado de Santa Catarina S/A - BESC.

5.10.4 Segurança pública

a) Chapecó

No município de Chapecó a Segurança Pública é realizada pelas Policias Civil e Militar


de Santa Catarina. A Polícia Civil esta lotada na 1ª, 2ª e 3ª Delegacia de Polícia da Comarca
(com 10, 9, 8 homens e 5, 5, 3 viaturas, respectivamente), Central de Polícia (com 17
homens e 2 viaturas), Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (com 5
homens e 2 viaturas) e Divisão de Investigação Criminal (com 7 homens e 5 viaturas).

Para executar o patrulhamento, a Polícia Militar possui a 4ª Região de Polícia Militar,


2º Batalhão de Polícia Militar, 3ª Companhia/2º Batalhão de Polícia Militar. Ao total, os
batalhões da Polícia Militar possuem um contingente de 401 homens e 27 viaturas que
atende tanto a área urbana quanto rural. Para as questões ambientais conta ainda com a 5º
Companhia/Batalhão de Polícia Militar Ambiental. Há também 1 escritório do IBAMA com 4
fiscais que atuam principalmente na fiscalização e defesa do meio ambiente (informação
verbal34).

O município ainda conta com a guarda municipal, Corpo de Bombeiros com um efetivo
de 65 homens e 9 viaturas operacionais e no trevo de Chapecó há a Delegacia de Polícia
Rodoviária Federal, com 22 homens que atendem os postos em Xanxerê e Maravilha.

34Informação fornecida pelo senhor Carlos Vinicius Gonçalves Ferreira - Chefe do Escritório Regional do IBAMA
em Chapecó, em 8 de setembro de 2011

70 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

b) Guatambu

Desde a emancipação do município de Guatambu o policiamento feito pela Polícia


Civil conta com 1 homem e é vinculado a 12º Delegacia Regional de Policia de Chapecó. O
policiamento da Policia Militar é realizado por 1 sargento da 12ºGP/1ºPelotão/3ª
Companhia/2º Batalhão de Polícia Militar.

5.10.5 Educação

A relação das Unidades de ensino dos municípios de Guatambu e Chapecó está


apresentada no Quadro 5.1 a seguir.

Quadro 5.1: Unidades de Ensino em Chapecó e Guatambu


UNIDADES CHAPECÓ GUATAMBU
Unidades de educação infantil 47 1
Unidades de educação infantil e ensino fundamental 30 2
Unidades de ensino fundamental 9 1
Unidades de ensino fundamental e médio 18 0
Unidades de ensino médio 2 0
Unidades de educação infantil, ensino fundamental e médio 3 1
Unidades de ensino superior 6 0
Fonte: Governo do Estado de Santa Catarina. Secretaria de Estado da Educação. Disponível em:
http://sistemas.sed.sc.gov.br/serieedu/hueoutco.aspx>.

5.10.6 Telecomunicação

a) Chapecó

Os principais meios de comunicação do município são as Emissoras de TV (Globo,


Rede Vida, Record, Record News, Bandeirantes e SBT), Jornais (Folha do Bairro), Rádios
FM (Radiodifusão Índio Condá, RBS - Empresa Catarinense de Comunicações e Rádio
Sociedade Oeste Catarinense), Rádios AM (Rádio Sociedade Oeste Catarinense e
Radiodifusão Índio Condá), Rádios Comunitárias (Associação Comunitária Radiocom FM
Chapecó) e 7 Agências de Correios. Compete observar que, além dos veículos de
comunicação destacados acima, o município conta com acesso a jornais e revistas de
circulação regional e nacional, o que dimensiona sua posição socioeconômica na região
oeste catarinense. Entretanto o município não conta com programas que envolvem temas
ligados ao meio ambiente.

b) Guatambu

Os principais meios de comunicação do município são as Emissoras de TV (Globo,


Rede Vida, Record, Record News, Bandeirantes e SBT) e 1 Agência de Correio. Compete
observar que, além dos veículos de comunicação destacados, o município conta com
acesso a jornais e revistas de circulação regional e nacional. Em relação à disponibilidade
de serviços de telefonia fixa, móvel e internet móvel em Guatambu, há somente telefonia
fixa realizada pela operadora Oi. O município não conta com programas que envolvem
temas ligados ao meio ambiente.

71 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

5.10.7 Fornecimento de Energia Elétrica

a) Chapecó

A energia elétrica consumida no município é gerada e distribuída pelas Centrais


Elétricas de Santa Catarina (Celesc), atendendo a sede do município na quase totalidade de
sua população. A voltagem é de 220 volts. A região atendida por duas subestações é
composta pelos municípios: Coronel Freitas, Guatambu, Caxambu do Sul, Planalto Alegre e
Chapecó. Têm uma rede de distribuição composta de 17 alimentadores. Atualmente, a
Celesc possui instalado na área que compreende o município de Chapecó 1.565
transformadores urbanos e 1.352 transformadores rurais.

c) Guatambu

O município faz parte da região atendida pela Celesc quanto à geração e distribuição
de energia elétrica. A voltagem é de 220 volts.

5.10.8 Transporte

a) Chapecó

Para o sistema de transporte no município, o transporte aéreo é realizado no


Aeroporto Municipal Serafin Enoss Bertaso. As empresas aéreas que operam no aeroporto
são: Avianca Brasil (ex-Ocean Air) (voos diários), Gol (voos diários), TRIP (voos diários) e
NHT (voos segunda a sexta).

O transporte rodoviário é realizado pela Estação Rodoviária de Chapecó, sendo que


em dias normais, recebe cerca de 180 ônibus para embarque e desembarque. Já o
transporte urbano é feito por táxi, onde possui diversos pontos, e ônibus. A empresa que
presta serviço de transporte é a Auto Viação Chapecó, que possui uma frota com 62 ônibus,
dos quais: 1 é articulado, 10 alongados, 27 adaptados para transporte de portadores de
necessidades especiais, 1 micro-ônibus e o restante padrão. Atende em diversos horários,
com frequência dos ônibus de segunda à sexta-feira, sábado e domingo.

b) Guatambu

O município possui apenas transporte urbano realizado pela empresa Transportes


Guatambu Ltda.

72 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

5.10.9 Potencial de Apoio Institucional

Na região da FLONA Chapecó foram identificadas algumas instituições, organizações e


projetos com ações relevantes, desenvolvidos por instituições públicas ou privadas. A seguir
apresenta-se um breve texto explicativo destes.

UNOCHAPECÓ

A Universidade Comunitária da Região de Chapecó – UNOCHAPECÓ é uma


instituição comunitária, que nasceu da iniciativa de lideranças locais, com o intuito de
garantir a oferta de educação à população da região. Com o curso de Ciências Biológicas, a
universidade realiza saídas de campo à FLONA Chapecó com os alunos da graduação, e
diversas pesquisas são realizadas na Unidade.

COA – Clube de Observadores de Aves

O Clube de Observadores de Aves – COA foi fundado em 2004 pela Professora da


Universidade Comunitária da Região de Chapecó – Unochapecó, a bióloga Eliara Solange
Muller e reúne aproximadamente 20 participantes. O clube é aberto a todas as faixas de
idade, inclusive crianças. As espécies mais observadas são aquelas mais resistentes à
depredação do meio ambiente, como sabiás, canários da terra, tico-tico e tico-tico rei, joão
de barro, pombas-de-bando, quiri-quiri e pica-pau-do-campo. O Clube organiza saídas de
campo pela região e serve como estudo para acadêmicos de Biologia da Unochapecó. As
observações são registradas e os resultados apresentados em Congressos nacionais.

Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS

A Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) é uma instituição de ensino superior


pública e popular. Criada pela lei no 12.029, de 15 de setembro de 2009, a UFFS abrange
os 396 municípios da Mesorregião Fronteira Mercosul – Sudoeste do Paraná, Oeste de
Santa Catarina e Noroeste do Rio Grande do Sul. Os 5 campi estão distribuídos pelas
cidades de Chapecó (SC), sede da instituição, Realeza e Laranjeiras do Sul (PR) e Cerro
Largo e Erechim (RS). As graduações oferecidas privilegiam as vocações da economia
regional – visando o desenvolvimento regional integrado, pela valorização e superação da
matriz produtiva.

Ainda, para buscar parceria com as entidades locais ou regionais que viabilizem a
implementação deste Plano de Manejo, tem-se como referência as instituições indicadas na
Oficina de Planejamento Participativo (OPP), relacionadas no item 16 Cooperação
Institucional no relatório da OPP, realizado para este Plano de Manejo.

73 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

6 CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES ABIÓTICOS E BIÓTICOS

A localização geográfica e o relevo são condicionantes básicos que determinam o


clima em Santa Catarina. De acordo com o Atlas Climatológico do estado de Santa Catarina
(PANDOLFO et al., 2002), a região da FLONA Chapecó está inserida em uma área cuja
classificação climática, segundo a metodologia proposta por Köeppen (1948), é Cfa (Clima
Subtropical – mesotérmico úmido e verão quente), em razão da temperatura média do mês
mais quente ser superior a 22,0 °C.

Os fatores dinâmicos geradores do clima mais importantes, que atuam no oeste


catarinense, são o anticiclone móvel polar da América do Sul e o anticiclone do Atlântico
Sul. O primeiro constitui uma fonte de ar frio, dotado de grande mobilidade, enquanto que o
segundo constitui uma massa de ar tropical marítima, que mantém a estabilidade do tempo
e a umidade limitada à camada superficial.

Para a caracterização climatológica da FLONA Chapecó, foram utilizadas as


informações contidas no Diagnóstico dos Recursos Hídricos Subterrâneos do Oeste do
Estado de Santa Catarina - Projeto Oeste de Santa Catarina (PROESC), conforme Freitas
(2002), complementados com informações climatológicas da estação meteorológica de
Chapecó, fornecidas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa
Catarina – EPAGRI, localizada no Município de Chapecó com Lat. 27º07’ S e Log. 52°37’ W
a 679 m de altitude.

Segundo dados apresentados no portal de turismo do Governo do Estado de Santa


Catarina, a temperatura média da região está entre 15ºC e 25ºC. Observa-se nos registros
de dados da Estação Meteorológica de Chapecó (no período de 1976 - 2001): para os
meses de janeiro, a maior média da temperatura máxima foi de 28,9 °C, enquanto que a
média da temperatura mínima foi de 10,4 °C, ocorrida nos meses de junho. Na região, é
comum haver geadas nos meses entre abril e setembro, nos dias em que ocorrem as
temperaturas mínimas.

Na região, especialmente no inverno e início da primavera, há predominância de


tempo bom com dias ensolarados, porém interrompidos por sequências de dias chuvosos,
decorrentes da frente polar. As linhas de instabilidade tropical ocasionam dias de chuvas
intensas e de curta duração, em particular no final da primavera e no verão. As chuvas na
região são bem distribuídas, não apresentando problemas de secas prolongadas. No que se
refere ao regime pluvial, os dados da Estação Meteorológica de Chapecó apontam uma
precipitação total média anual de 2007,20 mm (entre os anos de 1981 e 2008), variando
entre um máximo de 187,7mm (janeiro) e um mínimo de 124,5mm (março). Em relação à
variação sazonal, as maiores precipitações médias mensais ocorrem nos períodos de
outubro a fevereiro e as mínimas nos períodos de março a abril e de julho a setembro.

Com relação aos ventos, os maiores valores ocorrem em julho e setembro, com
intensidades médias de 7,5 e 7,2 km/h. As direções predominantes são NE (no inverno) e
SE (no verão), sendo que secundariamente ocorrem ventos de N e SW.

No âmbito do projeto PROESC, foi realizado o balanço hídrico mensal climatológico


para a estação meteorológica de Chapecó, que dá uma noção das parcelas de excesso
hídrico e evapotranspiração comparadas à precipitação. Neste caso, a metodologia
desenvolvida por Thornthwaite & Mather (1955) foi empregada, com uma capacidade de
armazenamento de água no solo de 100 mm. Os maiores excessos hídricos ocorrem
principalmente entre os meses de maio e outubro.

De maneira geral temos para o número de geadas uma média anual de 1,7 dias sendo
os meses de junho e julho os períodos de maior quantidade (3,3 e 3,0 dias de média
mensal, respectivamente). Para as horas de frio temos valores de média anual de 39,6
horas com valores máximos para o mês de julho (102,8 h).

74 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

6.1 Geologia

A região da FLONA Chapecó é constituída pela Formação Serra Geral, unidade


litoestratigráfica da Era Mesozoica, Período Juro-Cretácio. Tal unidade corresponde às
efusivas ácidas e básicas do Planalto Catarinense e pode ser assim dividida, conforme a
litologia dominante: Ácidas tipo Chapecó, Basaltos tipo Alto Uruguai e Basalto tipo
Cordilheira Alta, tal como apresentadas na Figura 6.1.

Figura 6.1: Detalhe do Mapa Geológico do Projeto Oeste de Santa Catarina – PROESC, Folha
Chapecó (2002) Ilustrando, em Tons de Verde, as Unidades Geológicas: Ácidas Tipo Chapecó
(Verde Mais Claro), Basaltos Tipo Alto Uruguai (Verde Escuro) e Basalto Tipo Cordilheira Alta
(Verde Intermediário), Presentes na Área da FLONA Chapecó. As Siglas qz e pca Significam
Respectivamente: Cristal De Rocha/Quartzo e Pedreira em Atividade
Fonte: Freitas, 2002

Os tipos litológicos pertencentes às Ácidas tipo Chapecó são os dacitos, riodacitos e


traquitos porfiríticos, isto é, rochas vulcânicas ácidas caracterizadas pela ocorrência de
fenocristais de plagioclásio, clinopiroxênio e minerais opacos. Tal unidade litoestratigráfica
separa uma sequência de basaltos superiores de uma sequência inferior mais espessa de
rochas vulcânicas ácidas e básicas. Possui espessura de boa regularidade e continuidade
lateral. Praticamente toda a Gleba II está assentada sobre esse tipo de rocha, a qual
compreende 71,20% de toda a área. Enquanto que na Gleba I essa litologia representa
51,81%.

Os Basaltos tipo Alto Uruguai são caracterizados por basaltos aflorantes na base da
coluna vulcânica, especificamente: basaltos, andesi-basaltos subordinados e raros
andesitos. Na área da FLONA Chapecó, eles estão presentes apenas na Gleba II,
correspondendo a 19,47% do total da área.

A unidade basaltos Cordilheira Alta é constituída por uma pilha de rochas básicas, que
alcança 400 metros de espessura e está sobreposta sobre as rochas ácidas tipo Chapecó.

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Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Tais basaltos são compostos de vidro preto, quebradiço e microvesicular. Eles ocorrem em
maior área na Gleba I, representando 48,19% da área. Na Gleba II essa litologia
compreende 9,33 %.

6.2 Geomorfologia

De acordo com o Mapa Geomorfológico do estado de Santa Catarina, elaborado pelo


Gabinete de Planejamento e Coordenação Geral (SANTA CATARINA, 1986), (Figura 6.2),
as áreas da FLONA Chapecó se enquadram no domínio morfoestrutural denominado de
Bacias e Coberturas Sedimentares, que compreende as rochas vulcânicas ácidas e básicas
da Bacia do Paraná. Este domínio abrange a região geomorfológica Planalto das
Araucárias, com suas respectivas unidades: Planalto dos Campos Gerais e Planalto
Dissecado Rio Iguaçu/ Rio Uruguai.

Figura 6.2: Recorte do Mapa Geomorfológico do Estado de Santa Catarina, em Destaque em


Linhas de Cor Amarela as Glebas I e II da FLONA Chapecó, as quais se Encontram Assentadas
Sobre as Unidades Geomorfológicas: Predominantemente no Planalto dos Campos Gerais
(Verde Com Hachuras) e Pequena Porção no Oeste da Gleba I no Planalto Dissecado Rio
Iguaçu/Rio Uruguai (Verde Claro)
Fonte: Santa Catarina, 1986

6.2.1 Região do Planalto das Araucárias

Unidade Planalto dos Campos Gerais

O Planalto dos Campos Gerais encontra-se distribuído em blocos de relevos isolados,


resultantes de uma superfície de aplanamento, encontrados ao longo da Unidade Planalto
Dissecado do Rio Iguaçu/Rio Uruguai. Na FLONA Chapecó essa unidade compreende
quase toda a área na Gleba I e inteiramente a Gleba II. O relevo característico é do pouco
dissecado ao plano. As cotas altimétricas nessa unidade geomorfológica chegam a 580 m
na Gleba I e 760 m na Gleba II, de acordo com as cartas topográficas na escala 1: 50.000
de Chapecó (SG-22-Y-C-III-2) e Caxambu do Sul (SG-22-Y-C-III-1), adquiridas no site da
EPAGRI/CIRAM.

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Unidade Planalto Dissecado do Rio Iguaçu/Rio Uruguai

Esta unidade geomorfológica caracteriza-se por relevo dissecado, apresentando vales


profundos e encostas em patamares, com cotas altimétricas que ultrapassam os 1.000
metros na borda leste e diminuem no sentido oposto até cerca de 300 metros. Nesta
unidade geomorfológica na Gleba I, as cotas altimétricas alcançam 617 metros, enquanto
que as cotas chegam a 730 metros na Gleba II, de acordo com a restituição
aerofotogramétrica realizada no ano de 2006 em escala (1: 10.000).

6.2.2 Geomorfologia Local

O modelado que representa as duas glebas da FLONA Chapecó é caracterizado por


ser de dissecação, onde na Gleba I consta o modelado de dissecação em colinas e na
Gleba II o modelado de dissecação em outeiros ou morrarias (Figura 6.3 e Figura 6.4).

Figura 6.3: Paisagem do modelado de dissecação em colina característico das áreas a


montante da FLONA Chapecó - Gleba I

Figura 6.4: Paisagem do modelado de dissecação em outeiros ou morrarias com áreas de


vegetação nativa da FLONA Chapecó - Gleba II no canto superior direito da foto

A geomorfologia da Gleba I tem formas de relevo diversas, como aponta o Mapa de


Geomorfologia Local (Mapa 6.1). A maior parte da gleba é representada por vales abertos
em forma de “U”. As feições mais relevantes encontradas na gleba são: topos de morro
planos, topos de morro, apenas uma ruptura de declive significante, diversas ombreiras de
rift e duas áreas identificadas como colo entre dois morros. As cotas altimétricas variam de
aproximadamente 520 m a 617 m (ponto mais alto), de acordo com a restituição
aerofotogramétrica realizada no ano de 2006 em escala (1: 10.000).

A geomorfologia da Gleba II é representada por relevo de dissecação em outeiros ou


morrarias, constituída pelos mesmos elementos que a Gleba I (Mapa 6.2). Apresenta, no
entanto, diversos vales encaixados na forma de “V” e rupturas com declives mais
acentuados, justamente onde estão localizadas as escarpas dos morros. As cotas
altimétricas alcançam 730 m no ponto mais alto e 575 m no ponto mais baixo, de acordo
com a restituição aerofotogramétrica realizada no ano de 2006 em escala (1: 10.000).

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Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Mapa 6.1: Geomorfologia Local para a Gleba I – FLONA Chapecó

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Mapa 6.2: Geomorfologia Local para a Gleba II – FLONA Chapecó

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6.3 Aspectos Pedolológicos

Os solos naturais do sul do Brasil são caracterizados pela ocorrência de solos ácidos,
com pH reduzido, baixos teores de matéria orgânica, baixos teores de Ca e Mg trocáveis,
baixo índice de saturação de bases, e relativamente elevados teores de alumínio trocáveis
(OLIVEIRA e YOKOYAMA, 2003).

Os tipos litológicos presentes na área da FLONA Chapecó pertencem às unidades


geológicas: Ácidas tipo Chapecó (dacitos, riodacitos e traquitos porfiríticos), isto é, rochas
vulcânicas ácidas. Em menor escala também se encontram os Basaltos tipo Alto Uruguai,
caracterizados por basaltos aflorantes na base da coluna vulcânica, presentes apenas na
Gleba II e a unidade basaltos Cordilheira Alta, que é constituída por uma pilha de rochas
básicas, que possui maior área de ocorrência na Gleba I.

Os tipos de solos dominantes na área da FLONA Chapecó estão dispostos segundo o


Mapa de Solos da Unidade de Planejamento Regional Oeste Catarinense (UPR 1),
confeccionado por EPAGRI/CIRAM (2002) em escala original 1:250.000 (Figura 6.5).

Fonte: EPAGRI/CIRAM, 2002


Figura 6.5: Solos da Unidade de Planejamento Regional Oeste Catarinense (UPR 1), e
Localização da FLONA Chapecó

Com o objetivo de verificar os tipos de solo para a FLONA Chapecó em cada sítio
amostral foram coletadas 11 amostras, fundamentado na análise da disposição geográfica
de cada sítio em relação à figura acima e contemplando todas as espécies plantadas,
conforme a definição dos sítios naturais para cada gleba da FLONA Chapecó, estabelecida
no Plano de Manejo da Universidade Federal de Santa Maria (1989).

A análise dos parâmetros químicos do solo foi realizada pelo laboratório de análise de
solo da CIDASC – Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina.

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Os parâmetros analisados foram: Análise Básica (Macronutrientes). A metodologia utilizada


para a realização das análises de solo foi baseada no Boletim Técnico de Solos nº5 do
Departamento de Solos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (TEDESCO,1995).

Os tipos de solo encontrados na FLONA Chapecó estão descritos abaixo:

6.4 Latossolo Bruno/Vermelho-Escuro Álico

Os solos do tipo Latossolo Bruno/Vermelho-Escuro Álico compreendem solos


minerais, não hidromórficos, muito profundos, com textura muito argilosa, de bem a
acentuadamente drenados e derivados das rochas que compõem a Formação Serra Geral.

Ocupam as superfícies mais elevadas e aplainadas da paisagem, perfazendo a quase


totalidade das duas glebas da área da FLONA Chapecó, coincidindo com a ocorrência do
relevo de campos. Possuem boas condições físicas e um relevo favorável à mecanização.

Grande parte dos Sítios Amostrais está localizada nesse tipo de solo. A descrição das
amostras coletadas está disposta no Quadro 6.1 e suas localizações na FLONA Chapecó
podem ser visualizadas nos Mapas 6.3 e 6.4:

Quadro 6.1: Código de Identificação, Descrição e Tipo de Solo da Amostra


Código Tipo de Solo
Descrição
Amostras
Amostra de solo em área ocupada por Pinus taeda Latossolo Bruno/Vermelho-
CHPT1G1
no sítio natural 1 na Gleba I Escuro Álico
Amostra de solo em área ocupada por Pinus taeda Latossolo Bruno/Vermelho-
CHPT2G1
no sítio natural 2 na Gleba I Escuro Álico
Amostra de solo em área ocupada por Araucaria Latossolo Bruno/Vermelho-
CHA1G1 angustifolia Escuro Álico
no sítio natural 1 na Gleba I
Amostra de solo em área ocupada por Araucaria Latossolo Bruno/Vermelho-
CHA2G1 angustifolia Escuro Álico
no sítio natural 2 na Gleba I
Amostra de solo em área ocupada por Pinus elliottii Latossolo Bruno/Vermelho-
CHPE1G1
no sítio natural 1 na Gleba I Escuro Álico
Amostra de solo em área ocupada por Pinus elliottii Latossolo Bruno/Vermelho-
CHPE2G1
no sítio natural 2 na Gleba I Escuro Álico
Amostra de solo em área ocupada por Eucalyptus Latossolo Bruno/Vermelho-
CHE2G1 sp. Escuro Álico
no sítio natural 2 na Gleba I
Amostra de solo em área de solo hidromórfico Latossolo Bruno/Vermelho-
CHSITIOG1
no sítio natural 3 na Gleba I Escuro Álico
Amostra de solo em área ocupada por Pinus taeda Latossolo Bruno/Vermelho-
CHPTG2
na Gleba II Escuro Álico
Amostra de solo em área ocupada por Mata Nativa Latossolo Bruno/Vermelho-
CHNATG2
na Gleba II Escuro Álico

6.5 Cambissolo Eutrófico Ta Chernozêmico

Os solos da Associação Cambissolo Eutrófico Ta chernozêmico + Solos Litólicos


Eutróficos A chernozêmico são derivados do basalto, possuem textura argilosa, de
coloração vermelho-escuro ou bruno-avermelhado escuro. O horizonte A chernozêmico de
textura argilosa possui cerca de 20 a 30 cm de espessura. O horizonte B possui espessura
em torno de 30 a 60 cm, estrutura fraca à moderada pequena e média, blocos subangulares
e consistência ligeiramente dura a dura, friável a firme, plástica a muito plástica e pegajosa a
muito pegajosa. É comum a presença de matacões e calhaus no corpo e na superfície do
solo, sendo extremamente suscetíveis à erosão.

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Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Devido às condições topográficas, esses solos são inaptos para plantios mecanizados,
porém, tornam-se aptos para culturas a partir de um sistema de manejo pouco desenvolvido,
pois são de alta fertilidade natural.

Apenas um Sítio Amostral localiza-se nesse tipo de solo, no entanto, nota-se que no
Mapa de Solos da Unidade de Planejamento Regional Oeste Catarinense, confeccionado
pela EPAGRI (Figura 6.5), o Sítio está localizado em área de Latossolo, porém, de acordo
com a análise de solo realizada pelo laboratório da CIDASC, o ponto foi inserido no tipo de
solo "Cambissolo Eutrófico Ta chernozêmico" pelo fato de apresentar como característica
classe textural 2 (44%) de argila, diferentemente dos demais (Latossolo) com classe textural
1. Por isso, neste caso, não se pôde definir com certeza se esse fato se deve a problemas
de amostragem de solo ou devido à escala do mapa. A descrição do Sítio está disposta no
Quadro 6.2 e sua localização no Mapa 6.3.

Quadro 6.2: Código de Identificação, Descrição e tipo de Solo da Amostra


Código Amostras Descrição Tipo de Solo
Amostra de solo em área ocupada por Mata Cambissolo Eutrófico Ta
CHNATIVAG1
Nativa na Gleba I chernozêmico

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Mapa 6.3: Sítios Naturais com os Pontos Amostrais de Solo para a Gleba I

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Mapa 6.4: Sítios Naturais com os Pontos Amostrais de Solo para a Gleba II

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6.5.1 Considerações sobre os solos da FLONA CHAPECÓ

A análise dos parâmetros químicos do solo aponta para uma relativa uniformidade das
condições de fertilidade natural do mesmo nos diferentes Pontos Amostrais. No entanto,
essa condição está atrelada diretamente aos 2 tipos de solo encontrados na FLONA
Chapecó.

Grande parte dos Pontos Amostrais, localizados em áreas de Latossolo


Bruno/Vermelho-Escuro Álico, apresenta classe textural 1, com teores de argila entre 64% e
70%, Matéria Orgânica elevada, pH muito ácido, Cálcio e magnésio baixos, Soma de Bases
e Saturação de Bases baixas, CTC e hidrogênio + alumínio (H + Al) altos.

O solo coletado no Ponto Amostral CHNativaG1, localizado em área de Cambissolo


Eutrófico Ta chernozêmico, apresenta classe textural 2, com teor de argila de 44%, pH muito
ácido, Matéria Orgânica média, cálcio médio e magnésio alto e Soma de Bases média.

O conhecimento da estreita relação entre solo e planta (vegetação) é essencial ao


manejo dos diferentes Sítios Amostrais da FLONA Chapecó. Dentre os fatores que
interferem na formação e no entendimento da paisagem, o solo desempenha papel
fundamental, fornecendo suporte de nutrientes para o estabelecimento e desenvolvimento
das plantas.

De todos os parâmetros químicos analisados, a matéria orgânica do solo tem maior


relevância com relação à sustentabilidade dos ecossistemas da FLONA Chapecó, uma vez
que influencia sobremaneira nos demais atributos químicos, físicos e biológicos do solo. Por
outro lado, outro parâmetro relevante no que diz respeito à provável degradação do solo
está relacionado aos teores de Potássio (K) medianamente baixos encontrados em todos os
Pontos Amostrais.

Com relação aos teores de Matéria Orgânica do solo, alguns Pontos Amostrais
apresentaram teores elevados, como é o caso dos pontos: CHPT1G1, CHPT2G1, CHA1G1,
CHE2G1, CHNATG2 e CHPTG2.

Por outro lado, alguns Pontos Amostrais apresentaram parâmetros químicos de


degradação, relacionados à Saturação de Bases extremamente baixa, teores de Potássio
(K) muito baixos e teores de Matéria Orgânica inferiores aos pontos supracitados, como é o
caso dos pontos: CHA2G1, CHPE1G1, CHPE2G1 e CHNATIVAG1. Os demais Pontos
Amostrais seguem um padrão de normalidade em relação ao que se pode esperar de solos
recobertos por florestas naturais.

6.5.2 Suscetibilidade Erosiva

A declividade é um importante fator na determinação de eventos erosivos, juntamente


com a morfologia de encostas e as oscilações climatológicas. Além disso, devem-se levar
em consideração fatores como cobertura vegetal e a ação humana.

Observando o Mapa 6.5, é possível perceber que a FLONA Chapecó - Gleba I possui
características de relevo predominantemente relacionadas aos declives: <3º; 3º-8º e 8º-20º.
Com isso, entende-se que a suscetibilidade erosiva para quase toda a área é de nula a
moderada, justamente por apresentar relevo com características que pouco contribuem para
o favorecimento de eventos erosivos, tais como movimentos de massa. Os declives são
mais acentuados com possibilidade de eventos erosivos nos vales localizados
principalmente na porção oeste da Gleba I, onde estão os basaltos Cordilheira Alta.

Assim como na Gleba I, a Gleba II possui a quase totalidade de seu relevo relacionada
às mesmas classes de declive, por isto a suscetibilidade erosiva segue o mesmo padrão, ou

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Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

seja, de nula a moderada para grande parte da FLONA Chapecó, conforme apresentado no
Mapa de Declividade da Gleba II (Mapa 6.6). A área de maior risco à suscetibilidade erosiva
tende a se localizar na região nordeste da Gleba II, não se distribuindo ao longo da FLONA
Chapecó. Verifica-se, portanto, em vale encaixado sobre o embasamento geológico
Basaltos tipo Alto Uruguai, com características de relevo mais acidentado. Na porção leste
da Gleba II, onde se encontra o talhão de Pinus taeda a declividade é baixa, com pouca
suscetibilidade a erosão o que pode favorecer a exploração florestal mecanizada.

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Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

Mapa 6.5: Declividade da FLONA Chapecó – Gleba I

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Mapa 6.6: Declividade da FLONA Chapecó – Gleba II

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6.6 Recursos Hídricos

Analisando de uma forma geral, a FLONA Chapecó está inserida na porção


catarinense da Bacia Hidrográfica do Uruguai. Em Santa Catarina, a Bacia do rio Uruguai
ocupa 27% do território e é composta pelas seguintes sub-bacias principais: Peperi-Guaçu,
das Antas, Chapecó, Irani, Jacutinga, do Peixe, Canoas e Pelotas, conforme a Figura 6.6.

Figura 6.6: Bacias do Rio Uruguai e seus Afluentes


Fonte: MMA, 2005

Apesar do grande potencial da região, a Bacia do rio Uruguai apresenta grandes


problemas ambientais, como a falta de saneamento básico e tratamento de efluentes
urbanos e industriais, uso descontrolado de agrotóxicos nas atividades agrícolas, despejo
desmedido de dejetos de origem animal, destruição dos recursos florísticos e faunísticos e
mineração de areia, que revolvem os sedimentos de fundo, podendo disponibilizar para a
coluna d’água contaminantes e nutrientes, além de plumas de elevada turbidez.

6.6.1 Contexto Estadual

Segundo a divisão das regiões hidrográficas no estado de Santa Catarina (SANTA


CATARINA/SDM, 1997), a FLONA Chapecó está inserida na região hidrográfica RH2 - Meio
Oeste. A Figura 6.7 apresenta uma localização regional do ponto de vista hidrológico, onde
se pode observar que a FLONA Chapecó está inserida entre as bacias do rio Irani e do rio
Chapecó, em microbacias que drenam diretamente para o rio Uruguai. Ressalta-se que do
ponto de vista institucional e de gerenciamento de recursos hídricos essas microbacias
independentes que drenam para o rio Uruguai foram incorporada a bacia do rio Chapecó.
Desta forma, a descrição da hidrologia se dará em relação à Região Hidrográfica do Meio
Oeste, onde a UC está inserida.

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Figura 6.7: Localização da FLONA Chapecó no Contexto Regional

A região hidrográfica RH2 - Meio Oeste possui uma área de aproximadamente 11.307
km² e sua população total está estimada em 171.789 de habitantes, distribuídos em 39
municípios com uma densidade demográfica em torno de 19,02 hab./km².

No que se refere à gestão dos recursos hídricos, a RH2 - Meio Oeste é a única bacia
hidrográfica do estado que, até o momento, não possui comitê de bacia oficialmente
estabelecido. Atualmente, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Chapecó se encontra em
processo de criação (Pró-Comitê). Assim, no caso da bacia do rio Chapecó, são esperadas
ações junto aos conflitos de utilização dos recursos hídricos na bacia com a consolidação do
Plano Estratégico de Gestão Integrada da Bacia Hidrográfica do Rio Chapecó.

6.6.1.4 Disponibilidade X Usos dos Recursos Hídricos

Na Região Hidrográfica do Meio Oeste, são captados cerca de 1,02 m³ de água a cada
segundo para o abastecimento das populações urbanas e rurais (SANTA CATARINA/SDS,
2007).

Quando confrontada a disponibilidade de água com os diversos usos, conforme


Quadro 6.3, verifica-se que há uma relativa normalidade na maior parte das sub-bacias da
região. Em algumas delas, contudo, há escassez, como é o caso do rio Chalana na foz,
próximo de Chapecó, onde a situação pode ser considerada crítica, já que, em estiagem,
mais de 70% da água estão comprometidos com os usuários atuais. Neste contexto, vem
aumentando a perfuração de poços profundos na área, sem um processo adequado de
cadastramento e sem a necessária avaliação dos aquíferos e do potencial das águas
subterrâneas da região.

90 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

Quadro 6.3: Demanda de Água por Atividade Econômica na Região Oeste de Santa Catarina
População Dessedentação
Região População Urbana Irrigação Indústria
Rural animal
Hidrográfica
m³/ano m³/ano m³/ano m³/ano m³/ano
Meio Oeste
5.840.437 19.276.625 1.239.198 31.766.402 24.685.056
(RH2)
Fonte: Santa Catarina/SDS, 2007

6.6.1.5 Qualidade da Água

Segundo Santa Catarina/SDS (2007) a qualidade da água é crítica no meio rural para
a RH2 - Meio Oeste, com forte presença da poluição provocada por dejetos de suínos,
comprometendo grande parte dos recursos hídricos superficiais. Apesar de quase todos os
municípios desenvolverem a suinocultura, essa tendência é maior nas bacias dos
contribuintes da margem esquerda do rio Chapecó, nas áreas de drenagens diretas do rio
Uruguai e também ao longo de toda a bacia do rio Irani.

Os principais impactos ambientais causados nas regiões com alta concentração de


suínos são decorrentes do manejo impróprio de seus dejetos, que têm sido utilizados como
fertilizantes de lavouras. Porém, a agricultura não consegue absorver a totalidade e, assim,
parte deles não tem destino apropriado, sendo lançados in natura nos cursos d'água e nos
solos. Nestes casos, podem provocar doenças de veiculação hídrica, proliferação de insetos
e odores e a degradação do meio ambiente, alterando a fauna aquática. Desta forma há
uma grande preocupação ambiental neste contexto com o oeste do estado.

6.6.2 Recursos Hídricos Locais

A FLONA Chapecó é composta por duas áreas distintas, separadas fisicamente,


sendo que a maior (Gleba I) está inserida nas microbacias Sanga da Bacia, Sanga Capinzal
e Lajeado Tigre e a menor (Gleba II) está inserida nas bacias do rio Monte Alegre, Lajeado
Capinzal e Lajeado São José.

6.6.2.1 Gleba I

A drenagem da Gleba I é formada por três rios no interior da FLONA Chapecó, sendo
que a microbacia principal é a do rio Tigre (Sanga da Bacia), e as secundárias a do Lajeado
Tigre e Lajeado Retiro (Sanga Capinzal) (Mapa 6.7). A base cartográfica do IBGE de
1:50.000 foi utilizada para a análise hidrográfica principal.

O principal curso d’água da Gleba I é o rio Tigre, que, como o rio Lajeado Tigre, tem
sua nascente no interior da FLONA Chapecó. O rio Lajeado Retiro também possui relativa
importância para a UC, pois, em sua porção final, passa pelo limite leste da Unidade
importando as águas drenadas de toda a bacia de montante para o seu interior. Já o rio
Lajeado Tigre tem a sua região mais de montante (cabeceiras/nascente) junto aos limites sul
da FLONA Chapecó.

Além destes cursos d´água principais, pode-se destacar também a presença de dois
açudes em sequência, um a montante (com 1,25 ha) e outro a jusante (com 1,36 ha), junto
à sede da FLONA Chapecó (no interior da mesma), estando localizados junto a um afluente
do rio Tigre.

Eles possuem, em sua margem esquerda, ocupações (casas) e, na sua margem


direita, plantação de pínus. Especificamente o açude de jusante tem margens mais
desprotegidas e com problemas de erosão, assoreamento, apresentando maior turbidez.
Atualmente, o uso público recreacional e a pesca estão suspensos.

91 
Plano de Manejo - Floresta Nacional de Chapecó - Santa Catarina

Mapa 6.7: Microbacias da Gleba I35

35
O fato do limite da FLONA não estar compreendido totalmente dentro da microbacia Sanga da Bacia é devido
à diferença de escalas nos mapeamentos utilizados para a representação dessa figura. A base cartográfica
utilizada tem escala 1:50.000 (IBGE/EPAGRI, 2004) e o limite da UC foi delimitado através de restituição
aerofotogramétrica realizada no ano de 2006, em escala 1: 10.000.

92 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

6.6.2.2 Gleba II

A Gleba II está localizada nas microbacias do rio Monte Alegre, Lajeado Capinzal e
Lajeado São José (Mapa 6.8), junto às cabeceiras de alguns afluentes dessas microbacias.

Percebe-se a existência de nascentes de três rios na FLONA Chapecó. O principal é o


rio Presidente João Goulart (denominação adotada), que está inserido na microbacia rio
Monte Alegre e que drena a parte central da Unidade. Este rio ainda possui uma grande
cachoeira dentro da FLONA Chapecó (com aproximadamente 15 metros de extensão),
denominada cachoeira do rio Presidente João Goulart. Secundariamente, há o rio Lajeado
Capinzal (pertencente à microbacia de mesmo nome) e o rio Lajeado Ferreira, que drenam
junto ao limite sul e norte da Unidade, respectivamente.

Diferentemente da Gleba I, esta gleba, além de ser de pequena dimensão, está


situada nas cabeceiras das microbacias de drenagem, não recebendo aportes de
contaminantes diretamente para o seu interior.

6.6.2.3 PCH Rio Tigre (Barragem Guatambu)

A Gleba I localiza-se na porção final dos rios Tigre e Lajeado Retiro (microbacia Sanga
Capinzal), sendo que, neste ponto, há a presença de um corpo hídrico do tipo reservatório,
que recebe o aporte de ambos. Ele foi construído com a finalidade de geração de energia
elétrica e o aproveitamento dos recursos hídricos local é chamado de PCH Rio Tigre (Figura
6.8).

Foi constatado durante as amostragens da qualidade da água que as águas do


reservatório possuem transparência reduzida (de baixa a média), e se nota a presença de
colônias de algas. Plantas Aquáticas, sejam elas superficiais e/ou submersas, não são
observadas junto ao barramento.

Como na região final dos afluentes que formam a barragem temos a presença da
FLONA Chapecó, a mesma contribui para a melhoria da qualidade da água além de
favorecer maiores permanências de vazões. Inclusive, a partir da proteção exercida pela
vegetação da FLONA Chapecó junto aos cursos d’água, reduz-se significantemente o aporte
de sedimentos para a barragem, aumentando a sua vida útil.

Figura 6.8: Barragem Guatambu

93 
Plano de Manejo - Floresta Nacional de Chapecó - Santa Catarina

Mapa 6.8: Microbacias da Gleba II

94 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

6.6.2.4 Qualidade da Água

Para medir a qualidade da água da FLONA Chapecó, foram realizadas amostragens


somente na Gleba I em virtude da mesma possuir uma área de drenagem mais significativa
e tendo o curso d’água principal (rio Tigre) drenando a maior parte da FLONA Chapecó. Já
na Gleba II, a sua área está inserida junto às cabeceiras de três bacias de drenagem, onde
não foram identificados problemas quanto a potenciais usos poluidores dos recursos
hídricos, presume-se que suas águas são de boa qualidade.

As coletas de amostras para análises de qualidade da água foram realizadas no dia 23


de abril de 2009 nos pontos estabelecidos na área de abrangência da Gleba I, conforme
Mapa 6.9 que traz a localização dos pontos amostrais.

Para a avaliação da qualidade da água, utilizou-se como padrão a Resolução


CONAMA nº 357, artigo 15, de 17/03/05, além da aplicação do Índice de Qualidade das
Águas (CETESB, 2008).

 Para o ponto FLOCPC-02 (açude próximo à Sede), o valor de Oxigênio dissolvido


apresentou-se levemente abaixo do limite da resolução CONAMA nº 357 para rios
classe 2;

 O ponto FLOCPC-01 (rio Tigre) apresentou coliformes fecais em concentração


superior à estabelecida pela Resolução nº 357/05 para águas de classe 2. Neste
caso, a poluição pode estar associada ao lançamento de esgotos domésticos e/ou
dejetos de animais, principalmente de suinocultura;

 Nos pontos FLOCPC-02 e FLOCPC-03 (Barragem de Guatambu), os coliformes


totais foram detectados em concentrações acima do limite estabelecido para águas
da classe 2, segundo a Resolução CONAMA nº 357/05, entretanto, os fecais
estavam abaixo dos limites preconizados;

 Análises de Glifosato, herbicida utilizado para no controle de vegetação daninha,


foram realizadas em todos os três (3) pontos. Entretanto, não foram detectadas
concentrações destes compostos em água, estando, assim, em conformidade com
os limites da classe 2 da Resolução nº 357 do CONAMA.

O Índice de Qualidade da Água – IQA é uma classificação proposta pela CETESB


(2002), calculado pelo produtório ponderado de nove (9) parâmetros de qualidade da
água36. O Quadro 6.4 apresenta os valores da classificação do IQA para os três (3) pontos
monitorados.

Quadro 6.4: IQA dos Pontos de Monitoramento de Qualidade da Água Da Gleba I com a
Classificação CETESB, 2008
Pontos IQA Classificação
FLOCPC-01 61 BOA
FLOCPC-02 67 BOA
FLOCPC-03 76 BOA
Média 68 BOA

Os resultados dos três pontos levaram a um IQA médio de 68, com classificação da
qualidade de água “BOA”.

36Os parâmetros do IQA são: temperatura da amostra, pH, oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio
(5 dias, 20ºC), coliformes termotolerantes, nitrogênio total, fósforo total, resíduo total e turbidez.

95 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

O ponto FLOCPC-01 apresentou a classificação mais baixa em relação aos demais,


devido principalmente à redução de oxigênio dissolvido e turbidez e concentração elevada
de coliformes fecais. Ele representa as áreas de drenagem das regiões de montante da
bacia antes de entrar na Unidade.

Por fim, de uma maneira geral, os resultados da qualidade da água e do IQA


apontam alterações de alguns parâmetros na qualidade da água que adentra à FLONA
Chapecó, no caso o ponto do rio Tigre. O resultado no interior da UC mostrou condições um
pouco melhores, entretanto inferiores ao obtido na barragem.

96 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

Mapa 6.9: Localização dos Pontos de Amostragem37

37O fato do limite da FLONA não estar compreendido totalmente dentro da microbacia Sanga da Bacia é devido
à diferença de escalas nos mapeamentos utilizados para a representação dessa figura. A base cartográfica
utilizada tem escala 1:50.000 (IBGE/EPAGRI, 2004) e o limite da UC foi delimitado através de restituição
aerofotogramétrica realizada no ano de 2006, em escala 1: 10.000.

97 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

6.7 Vegetação e Uso do Solo

A FLONA Chapecó foi criada pelo extinto Instituto Nacional do Pinho (INP) com o
objetivo principal de desenvolvimento silvicultural, que se destacou com o plantio de
espécies exóticas de origem das regiões sul e sudeste dos EUA, Pinus elliottii e P. taeda
(pinheiros-americanos). Esses plantios foram acompanhados em menor proporção por
plantios da espécie nativa Araucaria angustifolia, conhecida popularmente como pinheiro-
brasileiro ou araucária. Mais recentemente, em 1983, foi plantado o último talhão com
espécies do gênero Eucalyptus (eucaliptos) de origem australiana. No entanto, a maior parte
da FLONA Chapecó permaneceu com sua cobertura vegetal primitiva, ainda que
parcialmente alterada, representada pela Floresta Ombrófila Mista – FOM (IBGE, 2004),
também denominada por Klein (1978) “Floresta de Araucárias do Extremo Oeste”, devido à
dominância fisionômica desta conífera nativa.

A caracterização da vegetação e do uso do solo da FLONA Chapecó para o presente


plano foi realizada com base em análise de foto aérea do ano de 2006 na escala 1:30.000
elaborado por Base Aerofotogrametria S.A. seguida de checagem em campo,
fundamentalmente para a elaboração do mapa de uso do solo e cobertura vegetal e também
para registro de características fitofisionômicas e florística. O levantamento da florística e da
estrutura da vegetação foram baseada em metodologia de inventários florestais realizados
entre 2009 e 2010, cujos relatórios na íntegra encontram-se disponíveis nos relatórios
temáticos do Plano de Manejo. O presente texto apresenta apenas um extrato dos
resultados dos inventários e da caracterização da vegetação da FLONA Chapecó.

Os objetivos dos estudos florestais apresentam enfoques diferentes para as florestas


nativas e plantadas. Para as nativas o objetivo geral foi analisar quali-quantitativamente
suas condições atuais sob os pontos de vista florístico, fitossociológico e dendrométrico,
com indicações sobre o estado de conservação, presença de espécies exóticas invasoras e
relação das espécies nativas com potencial madeireiro e não-madeireiro. Para os plantios o
objetivo foi estimar os estoques madeireiros quanto ao número de toras e volumes comercial
e total, além de indicar as condições de regeneração natural presentes no sub-bosque
destes plantios

As metodologias aplicadas para desenvolvimento desses inventários foram


diferenciadas em relação às florestas nativas e as plantadas. Para a FOM aplicou-se
metodologia de amostragem por transecções com unidades amostrais alinhadas e sub-
níveis de amostragem. Para os plantios a amostragem foi efetuada em cada talhão e
considerou também a regeneração natural no sub-bosque formada por espécies nativas.

Para a FOM, a metodologia utilizada caracterizou-se como uma Amostragem


Sistemática com alocação das Unidades Amostrais (UA) retangulares com área fixa de
2.000 m² correspondente (20 x 100 m), alinhadas em transecções, com mínimo de 4
unidades por transecção, orientadas preferencialmente em sentido Norte-Sul, e distância de
100 m entre as parcelas, com afastamento mínimo de 50 m da borda florestal. Na
extremidade de cada UA foi fixado uma baliza de cano PVC de 2 m de altura com uma placa
metálica em sua porção superior com a respectiva numeração da UA, caracterizando-se
como UAs permanentes.

A coleta de informações nas UAs foi efetuada em 5 níveis de inclusão


correspondentes aos diferentes estratos florestais (emergente e arbóreo superior, arbóreo
médio, arbóreo inferior, arbustivo e regeneração que incluiu árvores com altura inferir a 1,3
m), respectivamente na UA como um todo e em sub-parcelas de 1.000 m², 400 m², 100 m² e
25 m² considerando distintos intervalos de tamanho de DAP – diâmetro na altura do peito. A
amostragem foi realizada em 19 UAs subdivididas em 4 transecções na Gleba I e 7 UAs em
uma transecção instalada na Gleba II. Com os resultados florísticos e dendrométricos foram

98 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

efetuadas análises florísticas (espécies, famílias e índices de diversidade de Shannon-


Weaver, de Simpson, de Pielou e Quociente de Mistura de Jentsch), análises
fitossociológicas com base nas estruturas horizontal (Densidade, Frequência e Dominância,
Índice Valor de Cobertura e Índice Valor de Importância) e vertical (Posição Sociológica) e
análises diamétricas (número de indivíduos, área basal e volume) para as espécies
registradas, para as UAs e por classe de DAP.

Nos plantios as UAs instaladas também foram retangulares, mas, com 20 x 30 m,


perfazendo 600m² de área. No primeiro vértice de cada parcela foram instaladas duas sub-
parcelas de 15 x 10 m e de 5 x 5 m, para a avaliação da regeneração natural em dois níveis.
Foram instaladas 101 UAs distribuídas entre os plantios da seguinte forma: 5 nos plantios de
araucária, 94 nos plantios de pínus e 2 nos plantios de eucalipto.

Para a determinação do volume real foi efetuada cubagem rigorosa pelo método
relativo de Hohenadl de 16 seções, num total de 116 árvores, sendo 62 de Pinus spp. e 54
de Araucaria angustifólia.

Na análise da regeneração natural de sub-bosque dos plantios foram calculados o


índice de diversidade de Shannon-Wiener (H’) e parâmetros fitossociológicos como
freqüência absoluta e relativa, densidade absoluta e relativa, dominância absoluta e relativa
e Índice de valor de importância.

Figura 6.9: Delimitação das Unidades Amostrais - UAs e Mensuração da CAP

6.8 Contexto Fitogeográfico da FLONA Chapecó

A configuração fitogeográfica do Estado de Santa Catarina, integralmente


representada por formações vegetais pertencentes ao Bioma Mata Atlântica, é marcada pela
predominância de ecossistemas florestais referentes à Floresta Ombrófila Densa (ou Mata
Atlântica sentido restrito), Floresta Ombrófila Mista (ou Floresta de Araucárias) e à Floresta
Estacional Decidual (ou Floresta Subtropical da Bacia do Uruguai), e presença localizada de
ecossistemas associados como restingas e manguezais no litoral e campos de altitude nas
serras e planaltos.

A bacia hidrográfica do rio Chapecó, localizada na porção oeste catarinense, onde se


insere a FLONA Chapecó, abrange um dos cenários vegetacionais mais heterogêneos e
complexos da região sul do Brasil, no qual se destaca o pinheiro-brasileiro Araucaria
angustifolia na constituição de formações florestais com diferentes composições florísticas e
estruturas (associações da Floresta Ombrófila Mista), ora interpenetradas e em contiguidade
ora estabelecidas em mosaico com formações campestres (Estepe Gramíneo-Lenhosa),
considerando ainda as formações florestais sem a sua presença (Floresta Estacional

99 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Decidual), resultando na existência de habitats que guardam significativas riqueza e


diversidade vegetais (Figura 6.10)

Contudo, a classificação fitogeográfica catarinense proposta por KLEIN (1978)


ressalta uma característica florística de importante relevância para o contexto específico da
FLONA Chapecó: o encontro de espécies vegetais lenhosas pertencentes à Floresta
Ombrófila Mista, para a qual o autor utiliza a denominação de “Floresta de Araucária do
Extremo Oeste” (predominante nas altitudes do Planalto Meridional) e à Floresta Estacional
Decidual, denominada por Klein “Floresta Subtropical da Bacia do Uruguai”, distribuída ao
longo deste rio e vales e seus afluentes superiores

Inserida num contexto ambiental dominado pelo uso agropecuário do solo, a FLONA
Chapecó representa porção territorial de inestimável valor para a conservação da natureza,
configurando-se num importante banco genético de biodiversidade, com potencial para
desempenhar papel fundamental na regeneração, manutenção e desenvolvimento
vegetacional de ecossistemas naturais, tanto em escala local quanto regional.

PR

I
II
I
III
IV

II
III
IV

Gleba I Gleba II

RS

Figura 6.10: Configuração Fitogeográfica Geral da Bacia Hidrográfica do Rio Chapecó, Extraída
do Mapa Fitogeográfico do Estado de Santa Catarina (KLEIN, 1978), com a Indicação
Aproximada da FLONA Chapecó: I - Campos do Planalto com Capões, Florestas de Galeria e
Bosques de Pinhais; II - Floresta de Araucária nas Bacias dos Rios Negro e Iguaçu e na parte
Superior das Bacias dos Afluentes do Rio Uruguai; III - Floresta de Araucária no Extremo
Oeste; e IV - Floresta Subtropical da Bacia do Uruguai.

6.9 Caracterização da Cobertura Vegetal e Uso do Solo

A paisagem atual de ambas as glebas da FLONA Chapecó é marcado pela


heterogeneidade de feições vegetais. Em suas áreas destaca-se a dominância de
fisionomias florestais, de formação natural representada por remanescente de Floresta
Ombrófila Mista e de caráter artificial representado pelas diferentes silviculturas implantadas,
enquanto em seu entorno prevalece a condição de mosaico com as formações florestais

100 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

naturais fragmentadas pelo intenso uso agrícola do solo para lavouras anuais, pastagens e
silviculturas.

A Tabela 6.1 apresenta o quantitativo de áreas das tipologias de vegetação e uso do


solo mapeadas para a FLONA Chapecó – Gleba I e Gleba III, permitindo verificar a
importante representatividade da Floresta Ombrófila Mista que ocupa 710 ha (55,12%) da
área total da gleba de 1.287,98 ha.

Tabela 6.1: Quadro de Áreas das Tipologias de Vegetação e Uso do Solo Mapeadas para a
FLONA Chapecó – Gleba I e III
Tipologias de Vegetação e Uso do Solo Área (ha) %
Aceiro/Caminho/Estrada 41,32 3,21
Açude 2,32 0,18
Banhado 16,21 1,26
Estágio Inicial de Regeneração 24,22 1,87
Floresta Ombrófila Mista 678,98 52,71
Floresta Ombrófila Mista em Solo Hidromórfico 31,02 2,41
Linha de Distribuição de Energia 9,25 0,72
Plantio de Araucaria angustifolia 30,72 2,39
Plantio de Eucalyptus sp. 23,01 1,79
Plantio de Pinus elliottii 148,72 11,55
Plantio de Pinus sp. 137,61 10,69
Plantio de Pinus taeda 118,10 9,17
Unidade Experimental da Epagri (Eucalyptus sp.) 18,34 1,42
Unidade experimental de erva-mate (EPAGRI) 8,16 0,63
Total 1287,98 100

Na Tabela 6.2, são apresentados os quantitativo de áreas das tipologias de vegetação


e uso do solo mapeadas para a FLONA Chapecó – Gleba II, permitindo verificar, de maneira
análoga à Gleba I, a importante representatividade da Floresta Ombrófila Mista que ocupa
287,02 ha (94,84 %) da área total da gleba de 302,62 ha.

Tabela 6.2: Quadro de Áreas das Tipologias de Vegetação e Uso do Solo Mapeadas para a
FLONA Chapecó – Gleba II
Tipologias de Vegetação e Uso do Solo Área (ha) %
Floresta Ombrófila Mista 287,02 94,84
Plantio de Pinus taeda 15,60 5,15
Total 302,62 100

Os Mapas 6.10 e 6.11 apresentam a distribuição da cobertura vegetal e do uso do solo da


FLONA Chapecó e a Figura 6.11 apresenta a representação gráfica dessa distribuição.

101 
323000 324000 325000 326000 327000

da Alto
rra
Se
P/

Ri
o
Ti
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e
7004000

7004000
14 3
14 28
SC

13
16
7003000

7003000
12
7A 18

7B 15

283
SC

11
4

5
7002000

7002000
3 10
Rio Tigre

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7001000
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7000000

7000000
o
etir
oR
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Laj
bu
am
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Gu
P/

Barragem Guatambu
6999000

6999000

323000 324000 325000 326000 327000

Legenda
Rios

Trilhas
Unidade experimental de Eucalyptus sp. (EPAGRI)

Estágio Inicial de Regeneração 0 100


®
200

m
400 600

10 Talhões e respectivos números Floresta Ombrófila Mista Projeção Universal Transversa de Mercator
Meridiano Central: 51° W GR Datum Horizontal: SAD-69
FLONA Chapecó - Glebas I e III Floresta Ombrófila Mista em Solo Hidromórfico Origem da quilometragem UTM: Equador e Meridiano Central,
acrescidas as constantes 10.000 Km e 500 Km respectivamente.
Vegetação e Uso do Solo Plantio de Araucaria angustifolia 53° W 50° W Execução: Recursos de Compensação Realização:
Paraná Ambiental:
Linha de Distribuição de Energia Plantio de Eucalyptus sp.
Aceiro/Caminho/Estrada Plantio de Pinus sp. Santa Catarina
28° S

ic o

Rio G PLANO DE MANEJO DA


rand
tlân t

Açude Plantio de Pinus elliottii ed FLORESTA NACIONAL DE CHAPECÓ


oS

®
ul Mapa 6.10: Distribuição da Cobertura Vegetal
oA

Banhado Plantio de Pinus taeda e do Uso do Solo da FLONA Chapecó


an

- Glebas I e III
e
Oc

Unidade experimental de erva-mate (EPAGRI) Data: Escala:

Outubro/2011 1: 20.000
339500 340000 340500 341000 341500
6993000

6993000
6992500

6992500
pecó a
P/ Ch

Rio Pre sidente J


6992000

6992000

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17
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6991500
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6991000

6991000
6990500

6990500

Mo P/ L
nte inh
Al a
eg
re
339500 340000 340500 341000 341500

Legenda
Trilha da Cachoeira
Rios 0 100
® 200

m
400

10 Talhões e respectivos números Projeção Universal Transversa de Mercator


Meridiano Central: 51° W GR Datum Horizontal: SAD-69
FLONA Chapecó - Gleba II Origem da quilometragem UTM: Equador e Meridiano Central,
acrescidas as constantes 10.000 Km e 500 Km respectivamente.
Vegetação e Uso do Solo 53° W 50° W Execução: Recursos de Compensação Realização:
Paraná Ambiental:
Floresta Ombrófila Mista
Plantio de Pinus sp. Santa Catarina
28° S

ic o

Rio G PLANO DE MANEJO DA


rand
tlân t

ed
oS
FLORESTA NACIONAL DE CHAPECÓ

®
ul Mapa 6.11: Distribuição da Cobertura Vegetal
oA

e do Uso do Solo da FLONA Chapecó


an

Gleba II
e
Oc

Data: Escala:

Outubro/2011 1: 10.000
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

FLONA Gleba I
2,6% 0,2%
3,2%
1,0%
0,1% 0,7%
0,6% 1%
1,2% 0,5% 0,6%
1,4% 1,9%
1,5%
7,4%
9,2%
9,6%
10,7%

1,4% 9,3%
11,6%
52,7%
1,9% 1,8%
60,7%
2,0% 2,4%
2,4%

Gleba II
Gleba III
5,2%

37,9%

62,1%
94,8%

Figura 6.11: Respectivos Percentuais de Vegetação e Uso do Solo da FLONA Chapecó.

6.9.1 Mata Nativa – Floresta Ombrófila Mista


Os resultados da amostragem na FOM indicaram ocorrência de 94 espécies nativas
e 2 exóticas, sendo 86 espécies arbóreas e arbustivas nativas e 2 exóticas registradas em
todos os níveis de inclusão das 19 UAs na Gleba I, referentes a um total de 4.222 indivíduos
amostrados, sendo 2.973 árvores adultas relativas aos níveis de inclusão 1 a 3 (estratos
arbóreos e arbustivo) e 1.249 jovens referentes aos níveis de inclusão 4 e 5 (regeneração
natural). O conjunto de espécies registradas abrange 67 gêneros pertencentes a 37 famílias.
Na regeneração natural da Gleba I foram registradas 67 espécies nativas arbóreas e
arbustivas pertencentes a 30 famílias. Na Gleba II foram registradas 58 espécies arbóreas e
arbustivas, sendo uma destas espécie exótica, em todos os níveis de inclusão das 7 UAs,

104 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

referentes a um total de 1.044 indivíduos amostrados, sendo 535 adultos e 509 jovens. O
conjunto de espécies registradas abrange 46 gêneros pertencentes a 29 famílias. Na
regeneração natural foram registradas 46 espécies nativas arbóreas e arbustivas
pertencentes às 24 famílias.

A Figura 6.12 demonstra as 10 famílias que apresentaram maior riqueza na Gleba I,


ou seja, maior número de espécies. Dentre as famílias mais ricas destacam-se Myrtaceae
com 13 espécies, seguida de Fabaceae/Mimosoideae e Lauraceae com 6,
Fabaceae/Papilionideae e Sapindaceae com 5, Aquifoliaceae com 4 espécies e Asteraceae,
Meliaceae, Salicaceae e Solanaceae com 3 espécies cada. O restante das 27 famílias
apresentaram 1 ou 2 espécies.

Riqueza das Famílias

14 13
Número de Espécies

12
10
8
6 5 6 5
6 4
4 3 3 3 3
2
0
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BA
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FA

Figura 6.12: As 10 Famílias com Maior Número de Espécies Registradas na Gleba I.

Já na Figura 6.13 são apresentadas as 10 famílias mais abundantes na Gleba I, isto


é, com maior número de indivíduos, expresso em valores absolutos. Nesta análise nota-se
uma semelhança em relação às famílias com maior riqueza, com Myrtaceae possuindo 697
dos indivíduos amostrados, seguida de Lauraceae com 594, Sapindaceae com 451,
Fabaceae/Papilionoideae com 443, Aquifoliaceae com 383, Rubiaceae com 241,
Euphorbiaceae com 195, Myrsinaceae com 173, Araucariaceae com 161 e
Fabaceae/Mimosoideae com 88.

Interessante destacar que a família Araucariaceae, que possui apenas uma espécie
(Araucaria angustifolia), apresenta alta abundância relativa se comparada às demais
famílias registradas.

105 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Abundância das Famílias

800
697
Número de Indivíduos

700 594
600
443 451
500
383
400
300 241
161 195 173
200
88
100
0

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BA
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FA

Figura 6.13: As 10 Famílias com Maior Número de Indivíduos Registrados na Gleba I.

A Figura 6.14 apresenta as 8 famílias com maior riqueza na Gleba II. Dentre as
famílias mais ricas destacam-se Lauraceae com 7 espécies, seguida de
Fabaceae/Mimosoideae, Fabaceae/Papilionoideae, Melastomataceae e Solanaceae com 4 e
Aquifoliaceae, Salicaceae e Sapindaceae que apresentaram 3 espécies cada. O restante
das 21 famílias apresentaram 1 ou 2 espécies.

Riqueza das Famílias

8 7
Número de Espécies

7
6
5 4 4 4 4
4 3 3 3
3
2
1
0
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BA

BA
FA

FA

Figura 6.14: As 8 Famílias com Maior Número de Espécies Registradas na Gleba II.

106 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

Na Figura 6.15 são apresentadas as 11 famílias mais abundantes na Gleba II, isto é,
com maior número de indivíduos, expresso em valores absolutos. Nesta análise nota-se
uma diferença em relação às famílias com maior riqueza, com Myrsinaceae possuindo o
maior número de indivíduos (117), seguida de Rosaceae com 110, Rubiaceae com 107,
Asteraceae com 99, Aquifoliaceae com 71, Lauraceae com 62, Melastomataceae com 56,
Bignoniaceae com 54, Solanaceae com 51, Fabaceae/Papilionoideae com 50 e
Araucariaceae com 47.

Abundância das Famílias

140
Número de Indivíduos

117 110 107


120
99
100
80 71
62 56 50
47 54 51
60
40
20
0

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M

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BA
FA

Figura 6.15: As 10 Famílias com Maior Número de Indivíduos Registrados na Gleba II.

Nas Figuras 6.16 e 6.17 são apresentados os gráficos da Curva do Coletor para as
Glebas I e II, respectivamente, que indicam uma tendência à estabilização no número de
espécies acumuladas por área amostrada a partir da 11ª Unidade Amostral na Gleba I com
78 espécies acumuladas e a partir da 5ª Unidade Amostral na Gleba II com 56 espécies
acumuladas.

Curva do Coletor

100
90
83 88 88
Número de Espécies

80
78 78 80 81 81 82 83
70 74 77
Acumuladas

67 71 72
60 61 64
50 51
40 37
30
20
10
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
Unidades Amostrais

Figura 6.16: Curva do Coletor para as Unidades Amostrais da Gleba I.

107 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Curva do Coletor

70
60
Número de Espécies

56 57 58
50 53
Acumuladas

50
40
41
30 31
20
10

0
1 2 3 4 5 6 7
Unidades Amostrais

Figura 6.17: Curva do Coletor para as Unidades Amostrais da Gleba II.

Na Figura 6.18 são apresentadas em gráfico as 10 espécies com maiores Valores


de Importância (“VI”) na Gleba I, sendo possível reconhecer a dominância fitossociológica
na estrutura horizontal florestal do pinheiro-brasileiro Araucaria angustifolia em relação às
demais espécies. Destacam-se ainda nesta relação a categoria “Mortas” com o segundo
maior “VI”, indicando intenso processo sucessivo na comunidade florestal estudada. As
espécies camboatá-branco Matayba elaeagnoides, canela-fedida Nectandra megapotamica
e o angico-vermelho Parapiptadenia rigida aparecem como co-dominantes do estrato
arbóreo superior, e a guaçatunga Banara tomentosa, a chal-chal Allophylus edulis, o
camboatá-vermelho Cupania vernalis e o camboim Myrciaria tenella aparecem como co-
dominantes dos estratos arbóreo inferior e arbustivo.

Valor de Importância (VI)

30 27,012
25
19,147
20
16,52 15,454 15,274
15 12,177
11,775 10,561 9,44
10 8,176

5
0
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Se

Figura 6.18: Gráfico com as 10 espécies com Maiores Valores de VI na Gleba I

108 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

Na Figura 6.19 são apresentadas as 11 espécies com maiores valores relativos à


Posição Sociológica Relativa na Gleba I, que indica a participação das mesmas na estrutura
vertical da comunidade florestal estudada. A 11ª posição obtida pelo pinheiro-brasileiro
Araucaria angustifolia expressa sua menor participação nos estratos verticais, indicando
desta forma a baixa representatividade de indivíduos jovens que naturalmente ocupariam
estes estratos. Tal condição também é observada para a espécie camboatá-branco Matayba
elaeagnoides. A dominância fitossociológica quanto à estrutura vertical é exercida
principalmente por espécies arbóreas de pequeno e médio porte como a guaçatunga Banara
tomentosa, o chal-chal Allophylus edulis, o catiguá Trichilia elegans, a guaçatunga Casearia
decandra e o camboim Myrciaria tenella. Entretanto, a espécie arbórea de grande porte que
apresentou os maiores valores sociológicos em ambas estruturas está representada pela
canela-fedida Nectandra megapotamica, indicando tratar-se de espécie com relevante
importância sociológica na estruturação florestal.

Posição Sociológica Relativa (PSR)

16 13,43
14
12
10
7,82
8 6,13 5,32
5,62 5,53 4,87
6
3,74 3,07 2,71
4
2
0

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a
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st
ba
Se

Figura 6.19: Gráfico com as 11 Espécies com Maiores Valores de PSR na Gleba I.

Na Figura 6.20 são apresentadas as 10 espécies com maiores Valores de


Importância na Gleba II, sendo possível reconhecer a dominância fitossociológica na
estrutura horizontal florestal do pinheiro-brasileiro Araucaria angustifolia em relação às
demais espécies. Destacam-se ainda a categoria “Mortas” com o segundo maior “VI”,
indicando intenso processo sucessivo na comunidade florestal estudada. Observa-se ainda
o camboatá-branco Matayba elaeagnoides, a canela-fedida Nectandra megapotamica e o
angico-vermelho Parapiptadenia rigida como co-dominantes do estrato arbóreo superior, e a
guaçatunga Banara tomentosa, chal-chal Allophylus edulis, camboatá-vermelho Cupania
vernalis e o camboim Myrciaria tenella como co-dominantes dos estratos arbóreo inferior e
arbustivo.

109 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Valor de Importância (VI)


13,26
14
11,78
12
10
8
6,13
6 4,51 3,58 3,56
3,79 3,44 3,41 3,03
4
2
0

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Ps
rn
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Figura 6.20: Gráfico com as 10 Espécies com Maiores Valores de VI na Gleba II.

Na Figura 6.21 são apresentadas as 11 espécies da Gleba II com maiores valores


relativos à Posição Sociológica Relativa, que indica a participação das mesmas na estrutura
vertical da comunidade florestal estudada. A 11ª posição obtida pelo pinheiro-brasileiro
Araucaria angustifolia expressa sua menor participação nos estratos verticais, indicando
desta forma a baixa representatividade de indivíduos jovens que naturalmente ocupariam
estes estratos. Tal condição também é observada para a espécie camboatá-branco Matayba
elaeagnoides. A dominância fitossociológica quanto à estrutura vertical é exercida
principalmente por espécies arbóreas de pequeno e médio porte como a guaçatunga Banara
tomentosa, o chal-chal Allophylus edulis, o catiguá Trichilia elegans, a guaçatunga Casearia
decandra e o camboim Myrciaria tenella. Entretanto, a espécie arbórea de grande porte que
apresentou os maiores valores sociológicos em ambas estruturas está representada pela
canela-fedida Nectandra megapotamica, indicando tratar-se de espécie com relevante
importância sociológica na estruturação florestal da Gleba II.

Posição Sociológica Relativa (PSR)

10 9,43
9 8,26
8 7,62
6,73 6,15
7 5,88
6 5,75
4,82
5 4,24
3,61
4
3
2
1
0
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ru

ce
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I le

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M

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rn
Ve

Figura 6.21: Gráfico com as 11 Espécies com Maiores Valores de PSR na Gleba II.

110 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

Nas UAs 1 a 5 do transecto 1 de amostragem da Gleba I, fisionomicamente observa


uma floresta secundária em estágio avançado de regeneração que não sofreu interferência
exploratória de madeira nos muitos anos.

Figura 6.22: Indivíduo de Grande Porte de Figura 6.23: Sub-bosque da FOM na Unidade
angico-vermelho Parapiptadenia rigida na Amostral 2 da Gleba I
Unidade Amostral 1 da Gleba I

Nas UAs 6 a 9 do transecto 2 de amostragem da Gleba I, observa-se que a floresta


encontra-se visivelmente alterado apresentando pouca diversidade e uma alta abundância
de espécies pioneiras (Myrsine spp. e Ateleia glazioviana). Nas condições de solo
hidromórfico observa-se a dominância expressiva do branquilho Sebastiania
commersoniana.

Figura 6.24: Vista do Sub-bosque da FOM Sobre


Figura 6.25: Sub-bosque da FOM na Unidade
Solo Hidromórfico na Unidade Amostral 9 da
Amostral 7 da Gleba I com Predomínio do
Gleba I com Predomínio do branquilho
cambuí Myrciaria tenella
Sebastiania commersoniana

Nas UAs 10 a 14 do transecto 3 de amostragem da Gleba I, observa-se que a


floresta, juntamente com a área amostrada do transecto 2, forma um único e grande
fragmento florestal, importante pelas dimensões e características ecológicas. É uma área
com ótimas características para conservação de espécies in situ, apesar de que em alguns
pontos não haver sub-bosque considerável devido a uma provável exploração num passado
não tão recente.

111 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Figura 6.26: Vista do Sub-bosque da FOM na Figura 6.27: Vista do Sub-bosque da FOM na
Unidade Amostral 10 da Gleba I Unidade Amostral 13 da Gleba I

Nas UAs 14 a 19 do transecto 4 de amostragem da Gleba I, observa-se que a


floresta encontra-se em estágio de sucessão secundária. Em alguns pontos apresenta-se
bastante degradado principalmente o sub-bosque, onde abundam gramíneas e arbustos. O
local apresenta um número alto de indivíduos nas maiores classes de diâmetro, porém, uma
certa deficiência na regeneração natural.

Figura 6.28: Vista do Sub-bosque da FOM na Figura 6.29: Vista do Sub-bosque da FOM na
Unidade Amostral 15 da Gleba I Unidade Amostral 16 da Gleba I

Nas UAs 1 a 7 do transecto de amostragem da Gleba II, a formação florestal


amostrada apresenta um sub-bosque bastante ralo, uma boa cobertura do solo com alta
abundância de arbustos do gênero Psychotria e diversas espécies da família
Melastomataceae. Observa-se também uma alta regeneração de taquaras do gênero
Merostachys devido ao fenômeno de frutificação e morte que ocorreu nos últimos anos.
Aparentemente a área sofreu exploração seletiva e, em alguns pontos, acesso permanente
de animais domésticos. Consiste em local estratégico para preservação, pois apresenta
indivíduos adultos e uma significativa regeneração da espécie canela-sassafrás Ocotea
odorifera, classificada como em ameaça de extinção. O sub-bosque possui significativa
presença de espécies pioneiras, mas o local apresenta também relevante ocorrência de
indivíduos arbóreos de grande porte e potencial madeireiro como pinheiro-brasileiro
Araucaria angustifolia, o pessegueiro-bravo Prunus myrtifolia e o cedro Cedrela fissilis, com
possibilidades também de aproveitamento como árvores porta sementes.

112 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

Figura 6.30: Vista do Sub-bosque da FOM na Unidade Amostral 1 da Gleba II.

Figura 6.31: Vista do Sub-bosque da FOM na Figura 6.32 Vista do Sub-bosque da FOM na
Unidade Amostral 5 da Gleba II. Unidade Amostral 7 da Gleba II, Evidenciando
Clareira Formada pelo Adensamento da
taquara Merostachys sp.

O estrato emergente e arbóreo superior da floresta nativa da Gleba I apresenta um


DAP médio de cerca de 30,6 cm e uma altura média de cerca de 11,2 m. Na Gleba II esses
valores de DAP e altura médios são bastantes próximos, respectivamente 31,6 e 11,8.
Entretanto, na leitura dos dados de volumetria das nativas observa-se que o volume
comercial com casca por hectare (vc/ha) na Gleba I é de 28,06 m³, enquanto na Gleba II
esse volume é de 50,31 m³. Apesar de na Gleba I haver mais madeira em termos absolutos,
em razão de sua maior extensão, na Gleba II há mais madeira de potencial aproveitamento
comercial, devido ao maior número de indivíduos de grande porte com fuste mais
desenvolvido. Mesmo que esse dado não remeta a ações de manejo madeireiro, já que no
presente plano não é previsto esse tipo de manejo nas florestas nativas, esse dado
demonstra significativa diferença estrutural entre as duas Glebas da FLONA Chapecó.

Nas Tabelas 6.3 e 6.4 encontram-se relacionados os índices de diversidade


calculados para cada uma das Unidades Amostrais, respectivamente das Glebas I e II, os
quais indicam em conjunto um padrão de diversidade florística de média a alta.

113 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Tabela 6.3: Índices de Diversidade Calculados para as Unidades Amostrais da Gleba I.


Unidades
N S ln(S) H' C J QM
Amostrais
1 272 26 3,26 2,41 0,84 0,74 1 : 10,46
2 258 29 3,37 2,66 0,9 0,79 1 : 8,90
3 367 33 3,5 2,6 0,89 0,74 1 : 11,12
4 203 38 3,64 3,11 0,93 0,85 1 : 5,34
5 287 33 3,5 2,62 0,87 0,75 1 : 8,70
6 112 23 3,14 2,65 0,9 0,84 1 : 4,87
7 202 22 3,09 2,43 0,88 0,79 1 : 9,18
8 120 17 2,83 2,38 0,88 0,84 1 : 7,06
9 295 17 2,83 1,68 0,69 0,59 1 : 17,35
10 218 31 3,43 2,67 0,88 0,78 1 : 7,03
11 138 30 3,4 2,93 0,94 0,86 1 : 4,60
12 247 23 3,14 2,33 0,83 0,74 1 : 10,74
13 327 33 3,5 2,19 0,74 0,63 1 : 9,91
14 168 23 3,14 2,47 0,87 0,79 1 : 7,30
15 239 25 3,22 2,15 0,78 0,67 1 : 9,56
16 183 16 2,77 2,35 0,88 0,85 1 : 11,44
17 260 24 3,18 2,67 0,92 0,84 1 : 10,83
18 130 26 3,26 2,54 0,87 0,78 1 : 5,00
19 196 34 3,53 2,95 0,93 0,84 1 : 5,76
Geral 4222 91 4,51 3,57 0,96 0,79 1 : 46,40
Jackknife T (95%) = 2,10 3,48 a 3,95
Legenda: N = Número de indivíduos; S = Número de espécies; ln = logaritmo de base neperiana; H’ = Índice de
Diversidade de Shannon-Weaver; C = Índice de Dominância de Simpson; J = Índice de Equabilidade de Pielou; QM =
Coeficiente de Mistura de Jentsch.

Tabela 6.4: Índices de Diversidade Calculados para as Unidades Amostrais da Gleba II.
Unidades
N S ln(S) H' C J QM
Amostrais
1 120 25 3,22 2,59 0,87 0,8 1 : 4,80
2 197 34 3,53 2,87 0,91 0,81 1 : 5,85
3 183 31 3,43 2,81 0,92 0,82 1 : 5,90
4 134 28 3,33 2,84 0,92 0,85 1 : 5,00
5 128 24 3,18 2,67 0,9 0,84 1 : 5,33
6 130 20 3 2,45 0,88 0,82 1 : 6,50
7 152 30 3,4 2,89 0,92 0,85 1 : 5,10
Geral 1044 63 4,14 3,37 0,95 0,81 1 : 16,71
Jackknife T (95%) = 2,45 3,40 a 3,70
Legenda: N = Número de indivíduos; S = Número de espécies; ln = logaritmo de base neperiana; H’ = Índice de Diversidade
de Shannon-Weaver; C = Índice de Dominância de Simpson; J = Índice de Equabilidade de Pielou; QM = Coeficiente de
Mistura de Jentsch

Constata-se na análise das Tabelas 6.3 e 6.4 que o Coeficiente de Mistura de


Jenttsch (QM) é o que apresenta maior diferença entre as duas Glebas, sendo os demais
índices muito parecidos, inclusive o de Shannon, não havendo diferença significativa. O que
acontece é que o QM indica a proporção do número de indivíduos por espécie registrada. A
Gleba I, devido à maior densidade apresentada em relação à Gleba II, ou seja, um maior
número de indivíduos por hectare devido ao sub-bosque mais denso, com uma quantidade
muito maior de árvores jovens, resulta nesta parâmetro mais elevado. Observa-se as
referidas tabelas que os valores para DA (Densidade Absoluta) para a Gleba I, que é de
1.110,52 e para a Gleba II é de 745,71. Esta condição corrobora o observado para o QM,
pois na Gleba I há muito mais indivíduos por espécie. Outro exemplo: na Gleba I, com 19
UA's registrou-se 4.222, na Gleba II com 7 UA's registrou-se 1044, ou seja, o esforço
amostral para a Gleba I é pouco mais que o dobro da Gleba II (19 para 7) mas o número de
indivíduos registrados é 4 vezes maior (4222 para 1044). Ou seja, conforme o já observado
em relação a volume por hectare, na Gleba I há uma maior quantidade de indivíduos que

114 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

são predominantemente árvores jovens de pequeno a médio porte, enquanto na Gleba II há


uma menor quantidade de indivíduos que são predominantemente árvores adultas de médio
a grande porte.

Dentre as espécies dominantes destacam-se as seguintes em ambas as Glebas:


timbó Ateleia glazioviana, pinheiro-brasileiro Araucaria angustifolia, garuva Cinnamomum
amoenum, camboatá-branco Matayba elaeagnoides, canela-lageana Ocotea pulchella,
pessegueiro-bravo Prunus myrtifolia, voadeira Ilex brevicuspis, erva-mate Ilex
paraguariensis, cedro Cedrela fissilis. Na Gleba I destacam-se ainda como dominantes:
camboatá-vermelho Cupania vernalis, canela-louro Ocotea diospyrifolia, canela-amarela
Nectandra lanceolata, cocão Erythroxylum deciduum, angico-vermelho Parapiptadenia
rigida, guamirim-araçá Myrcianthes gigantea, maria-preta Diatenopteryx sorbifolia, gajuvira
Cordia americana. Na Gleba II também ocorrem como dominantes: vassourão-preto
Vernonathura discolor, guaperê Lamanonia speciosa, carne-de-vaca Styrax leprosus e
cambroé Casearia obliqua.

Entre as espécies que apresentam menores valores sociológicos aparecem na


Gleba I a mamica-de-cadela Zanthoxylum rhoifolium, a cangerana Cabralea canjerana, o
aguaí Chrysophyllum gonocarpum, o guaçatunga Banara tomentosa, a cerejeira-do-mato
Eugenia involucrata, o guatambu Balfourodendron riedelianum, a guabirobeira
Campomanesia xanthocarpa, o ingazeiro Inga vera, o louro-pardo Cordia trichotoma, o pau-
leiteiro Sapium glandulatum e a guaçatunga Casearia decandra. Na Gleba II as espécies
com menores valores sociológicos são açoita-cavalo Luehea divaricata, canela-guaicá
Ocotea puberula, pau-leiteiro Sapium glandulatum, canela-sassafrás Ocotea odorifera,
vassourã-branco Piptocarpha angustifolia, carvalho-brasileiro Roupala brasiliensis e aperta-
guela Gomidesia affinis, canela-amarela Nectandra lanceolata e cocão Erythroxylum
deciduum, sendo que as duas últimas aparecem entre as dominantes da Gleba I.

No estrato arbustivo da Gleba I merecem destaque especial o cambuí Myrciaria


tenella, a grandiúva-d’anta Psychotria suterella, a pariparoba Piper gaudichaudianum, a
urtiga Urera baccifera, a pixirica-peluda Leandra australis, a pixirica-cinzenta Miconia
cinerascens, o cincho Sorocea bonplandii, o guamirim Myrcia bombycina, a primavera
Brunfelsia cuneifolia, o pau-ervilha Trichilia elegans e a vassoura-braba Baccharis
dracunculifolia. Já na Gleba II esse estrato é representado por capororoca Myrsine
coriacea, as grandiúvas-d’anta Psychotria suterella e Psychotria leiocarpa, a pariparoba
Piper gaudichaudianum, a coerana Cestrum amictum, a pixirica-peluda Leandra australis e a
pixirica L. regnellii, a pixirica-cinzenta Miconia cinerascens e a primavera Brunfelsia
cuneifolia.

Quanto à regeneração natural, as espécies mais frequentemente observadas na


Gleba I: camboatá-branco Matayba elaeagnoides, cambuí Myrciaria tenella, branquilho
Sebastiania commersoniana, capororoca Myrsine coriacea, camboatá-vermelho Cupania
vernalis, pitangueira Eugenia uniflora, canela-louro Ocotea diospyrifolia, canela-amarela
Nectandra lanceolata, canela-lageana Ocotea pulchella, angico-vermelho Parapiptadenia
rigida, canela-fedorenta Nectandra megapotamica e o rabo-de-bugio Dalbergia frutescens.
Na Gleba II as espécies mais frequentemente observadas na regeneração natural são:
capororocão Myrsine umbellata, carobinha Jacaranda puberula, rabo-de-bugio Dalbergia
frutescens, vassourão-preto Vernonathura discolor, canela-louro Ocotea diospyrifolia,
cafezeiro-do-mato Casearia sylvestris, cedro Cedrela fissilis, capororoca Myrsine coriacea,
timbó Ateleia glazioviana, erva-mate Ilex paraguariensis, araticum Rollinia sp., cangerana
Cabralea canjerana, canela-guaicá Ocotea puberula, congonha Ilex theezans, canela-
sassafrás Ocotea odorifera, pinheiro-brasileiro Araucaria angustioflia e cocão Erythroxylum
deciduum.

O epifitismo na Gleba I é bastante escasso. Dentre as espécies vasculares mais


comuns destacam-se as espécies da família Bromeliaceae como o gravatá Aechmea
recurvata, a bromélia Vriesea platynema, o cravo-do-mato Tillandsia stricta, espécies da

115 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

família Cactaceae como a comambaia Rhipsalis houlletiana e R. filiformis, além de algumas


espécies de pequeno porte da família Orchidaceae. O epifitismo encontrado na Gleba II é
bastante escasso igualmente à Gleba I, encontrando-se basicamente as mesmas espécies
das famílias Bromeliaceae, Cactaceae e Orchidaceae.

As espécies classificadas como em ameaça de extinção, conforme a Lista Oficial das


Espécies da Flora Brasileira Ameaçada de Extinção (MMA, 2008), são o pinheiro-brasileiro
Araucaria angustifolia, o xaxim-bugio Dicksonia sellowiana e a canela-sassafrás Ocotea
odorifera, sendo que esta última só foi encontrada na Gleba II.
Destaca-se ainda a presença de algumas espécies exóticas em meio à vegetação
florestal nativa como a amoreira Morus sp. em ambas as Glebas e o próprio pinheiro-
americano Pinus elliottii oriundo das silviculturas adjacentes, principalmente nas clareiras
florestais.

Mesmo que no presente Plano de Manejo não esteja prevista a exploração


madeireira das florestas nativas da FLONA Chapecó, cabe destacar a ocorrência de
significativo número de espécies nativas de potencial de uso madeireiro (Tabela 6.5).
Indivíduos dessas espécies são potenciais fornecedores de sementes para projetos futuros
de experimentação de cultivos comerciais na UC, bem como projetos de recuperação de
áreas degradadas, dentro e fora da FLONA Chapecó.

Tabela 6.5: Relação das Espécies Nativas com Potencial de Uso Madeireiro Registradas na
FOM da FLONA Chapecó
Nome científico Nome popular Família
Nectandra megapotamica Canela-fedorenta Lauraceae
Nectandra lanceolata Canela-amarela Lauraceae
Ocotea pulchella Canela-lageana Lauraceae
Ocotea diospyrifolia Canela-louro Lauraceae
Parapiptadenia rigida Angico-vermelho Fabaceae
Albizia niopoides Angico-branco Fabaceae
Myrocarpus frondosus Cabreúva Fabaceae
Cedrela fissilis Cedro Meliaceae
Ocotea odorifera Canela-sassafrás Lauraceae
Cabralea canjerana Cangerana Meliaceae
Luehea divaricata Açoita-cavalo Meliaceae
Prunus myrtifolia Pessegueiro-bravo Meliaceae
Cordia trichotoma Louro-pardo Meliaceae
Cordia americana Guajuvira Meliaceae
Balfourodendron riedelianum Pau-marfim Meliaceae
Aspidosperma australe Peroba-amarela Meliaceae
Lamanonia speciosa Guaperê Meliaceae
Diatenopteryx sorbifolia Maria-preta Sapindaceae

Para projetos futuros de manejo florestal não-madeireiro de espécies nativas, seja


para o aproveitamento comercial ou experimental, foram listadas as principais espécies com
potencial para tanto encontradas na FLONA Chapecó (Tabela 6.6). Certamente, para esse
tipo de aproveitamento, projetos específicos terão ainda que avaliar, entre outros fatores
como viabilidade econômica, a sustentabilidade ecológica desses recursos naturais,
incluindo informações como distribuição e abundância, definindo locais e formas mais
propícias de exploração.

116 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

Tabela 6.6: Relação das Espécies Arbóreas e Arbustivas Nativas com Potencial de Uso Não
Madeireiro Registradas na FLONA Chapecó
Potencial de
Nome Científico Nome Popular Família
Uso
Araucaria angustifolia Pinheiro-brasileiro ARAUCARIACEAE comestível
ornamental e
Brunfelsia cuneifolia Primavera SOLANACEAE
medicinal
Campomanesia guazumifolia Sete-capotes MYRTACEAE comestível

Campomanesia xanthocarpa Guabirobeira MYRTACEAE comestível

Casearia sylvestris Cafezeiro-do-mato SALICACEAE medicinal

Cordia americana Guajuvira BORAGINACEAE medicinal


comestível e
Eugenia uniflora Pitangueira MYRTACEAE
medicinal
Erythroxylum deciduum Cocão ERYTHROXYLACEAE medicinal

Ilex paraguariensis Erva-mate AQUIFOLIACEAE medicinal

Maytenus dasyclada Coração-de-bugre CELASTRACEAE medicinal

Mimosa scabrella Bracatinga FABACEAE/MIMOSOIDEAE medicinal

Myrocarpus frondosus Cabreúva FABACEAE medicinal

Picrasma crenata Pau-amargo SIMAROUBACEAE medicinal

Piper gaudichaudianum Pariparoba PIPERACEAE medicinal


pesquisa
Psychotria suterella. Grandiúva-d'anta RUBIACEAE
famacológica

Especificamente em relação a importantes recursos florestais não-madeireiros típico


da região, além do pinhão, têm-se abundância de erva-mate na FLONA Chapecó. Neste
sentido, a Tabela 6.7 a seguir indica a representatividade sociológica da erva-mate Ilex
paraguariensis nos talhões de plantios florestais. O resultado obtido com o inventariamento
da floresta nativa da FLONA Chapecó indica que a erva-mate possui uma densidade
absoluta de 71,57 árvores por hectare em condições naturais. Com exceção do talhão 1, a
espécie ocorre em todos os talhões dos diferentes plantios apresentando variações
significativas quanto aos parâmetros analisados. Chama-se atenção para os talhões que
apresentaram valores sociológicos suficientes para suportar um manejo desta espécie,
tendo-se como referência densidade e representatividade mínimas aquelas encontradas na
floresta nativa em condições naturais.

117 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Tabela 6.7: Representatividade Sociológica de Ilex paraguariensis (erva-mate) no Sub-bosque


dos Plantios

Plantio Talhão N/ha VI (%)


T2 66,67 10,2
Araucaria angustifolia
T3 33,33 6,32
T4 16,67 6,98
T5 33,33 6,61
T7A 44,44 10,10
Pinus elliottii T10 166,67 41,96
T12 133,33 15,84
T15 50,00 11,39
T16 83,33 16,54
T7B 500,00 47,59
T8 55,56 17,59
Pinus taeda
T9 195,24 30,04
T13 72,73 12,03
T6 100 14,77
T11 53,33 10,43
Pinus sp.
T14 66,67 18,68
T17 40,00 10,75
Eucalyptus sp. T18 166,67 8,91
N/ha = número de indivíduos por hectare (Densidade Absoluta); VI = Valor de Importância

Como se trata de uma planta muito comum tanto na região da bacia do Chapecó
quanto na FLONA Chapecó, seu potencial de manejo é muito relevante nos talhões dos
plantios, sendo pertinente a exploração desse potencial (sementes e folhas) antes da efetiva
exploração madeireira dos plantios de pínus.

Mesmo para os talhões 2 e 3 com plantio de Araucaria angustifolia que


apresentaram valores sociológicos em relação à erva-mate bem abaixo aos talhões de
Pinus acima relacionados, é possível reconhecer o potencial destas áreas para manejo
desta espécie, sendo necessário projetos específicos para tanto. Destaca-se ainda os
valores constatados no talhão 7B, que apresentou 500 árvores/ha, muito acima dos 280 a
340 árvores/ha utilizadas, por exemplo, em plantios comerciais planejados de erva-mate.

6.9.2 Caracterização Geral dos Plantios

Em relação aos plantios, são apresentados na Tabela 6.8 os principais resultados


dendrométricos obtidos para cada talhão, indicando a espécie plantada, ano de plantio, a
área atual de efetivo plantio, o diâmetro médio, alturas média e máxima, densidade absoluta
(número de indivíduos por hectare), Área Basal e Volume total.

118 
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Tabela 6.8: Parâmetros Dendrométricos Básicos Obtidos para cada Talhão de Plantio

Área plantio V c/c Volume Total


N° talhão Espécie* Ano do plantio dm (cm) hm (m) h0 (m) N (n/ha)* G (m²/ha)
atual (ha) (m³/ha) (m³/talhão)

1 PE 1964 10,82 37,3 32,1 35,6 444 50,4 807,027 8.732,03


2 AA 1963 11,49 40,5 23,3 25 206 26,3 305,775 3.513,35
3 AA 1963 18,17 35,7 23 24,7 317 32,9 532,059 9.667,51
4 PE 1964 29,98 41 31,5 33,5 340 44,4 683,519 20.491,90
5 PE 1965 19,98 37,1 31,1 33,6 439 48,12 738,562 14.756,47
6 Psp 1972 29,10 46,3 31,9 32,9 250 42,9 671,064 19.527,96
7A PE 1969 14,88 37,7 31 33,4 456 51,3 786,804 11.707,64
7B PT 1974 6,56 33,1 30,3 33 692 54,8 726,495 4.765,80
8 PT 1966 19,8 38,7 33,5 35,8 375 44,5 735,406 14.561,04
9 PT 1972 54,53 37,3 32,2 34,5 413 45,8 728,356 39.717,25
10 PE 1975 34,33 33,1 29,3 31,2 512 42,8 617,291 21.191,60
11 Psp 1974 37,25 38,4 31,2 32,5 297 35,4 546,7 20.364,58
12 PE 1978 4,69 32,5 29,9 32,7 583 48,2 712,964 3.343,80
13 PT 1969 37,19 37,7 30,8 32,6 427 45,4 689,515 25.643,06
14 Psp 1971/1975 61,35 39,8 31,9 33,9 350 43,6 683,161 41.911,93
15 PE 1968 16,06 35,1 29,4 31,9 504 43,5 635,081 10.199,40
16 PE 1968 17,67 39 31,1 33,1 379 43,7 671,863 11.871,82
17 Psp 1971 15,6 36,3 29,8 32,1 517 47,8 789,998 12.323,97
18 EU 1983 3,6 41,2 22,1 24,4 208 13,5 324 1.166,40
Área Total de Plantio 443,05 Volume Total da FLONA Chapecó (m³) 295.457,53
AA = Araucaria angustifolia; PE = Pinus elliottii; PT = Pinus taeda; Psp. = Pinus sp.; EU = Eucalyptus sp.; dm = DAP médio; hm = altura total média; h0 =
altura máxima registrada; N = Número de indivíduos; G = Área Basal; Vc/c = Volume total com casca.
* Para o cálculo do N, neste caso, foram considerados os indivíduos mortos.

119 
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Os dados da Tabela 6.8, juntamente com as áreas conhecidas das distintas


tipologias obtidas do mapa de vegetação e uso do solo, permitem estimar o volume total de
madeira existente na FLONA Chapecó (volume médio/hectare dos plantios x área das
distintas tipologias), conforme apresentado no Quadro 6.5 e gráfico da Figura 6.33.

Quadro 6.5: Volume Total Estimado do Estoque de Madeira para Cada Plantio da FLONA
Chapecó
Plantios Estoque total (m³)
Araucaria angustifolia 13.180,87
Eucalyptus sp. 1.166,40
Pinus elliottii 102.294,7
Pinus sp. 94.128,43
Pinus taeda 84.687,16
Total Plantios da FLONA Chapecó 295.457,53
Total Pinus spp. (95,14%) 281.110,30

Volume estimado de madeira na FLONA
4,46%
0,39%

28,66% Araucaria angustifolia
Eucalyptus sp.
34,62%
Pinus elliottii
Pinus sp.
Pinus taeda

31,86%

Figura 6.33: Percentuais do Volume Total Estimado de Madeira dos Plantios da FLONA
Chapecó

Quanto à composição florística registrada na regeneração natural no sub-bosque dos


plantios, foram encontradas um total de 140 espécies, deste total, 107 são espécies
arbóreas, sendo 7 identificadas apenas em nível de gênero e 5 espécies são espécies
exóticas (Pinus sp., Eucalyptus sp., Ligustrum lucidum, Eryobotrya japonica, Hovenia dulcis).
Das 33 espécies restantes, 26 são arbustivas, 5 espécies foram identificadas apenas em
nível de gênero, 1 espécie é uma palmeira (gerivá Syagrus romanzoffiana) e 1 espécie não
foi identificada.

O maior número de espécies na regeneração natural no sub-bosque dos plantios em


comparação ao encontrado nas nativas pode estar relacionado, entre outros fatores, à maior
amostragem que os plantios tiveram nos levantamentos do inventário florestal.

120 
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A regeneração natural ocorrente no sub-bosque das diferentes silviculturas encontra-


se representada, de maneira geral, por 2 estratos principais: um estrato de porte arbóreo
configurado por árvores adultas e um estrato de porte arbustivo que inclui indivíduos
arbóreos jovens, arbustos e plântulas.

Para representar a diversidade encontrada no sub-bosque dos diferentes talhões de


plantios, foram selecionados dois parâmetros: Índice de diversidade de Shannon-Weaver
(H') e Índice de dominância de Simpson (C). Estes dois índices complementam-se na
medida em que uma comunidade com maior diversidade deverá apresentar menor
dominância.

Os talhões 11, 13, 14 e 17 são os que apresentaram, nesta ordem, os melhores


índices de diversidade. Os talhões 11 e 17 apresentam interface com florestas nativas da
FLONA Chapecó, o que não ocorre com os outros dois.Os talhões 6, 9 e 10, mesmo
estando em contato com as florestas nativas não se destacam em termos de diversidade.

Tanto a composição florística quanto a estrutura vegetacional, principalmente em


relação à densidade e porte dos indivíduos, varia consideravelmente entre os diferentes
talhões dos plantios. Estas variações estão relacionadas principalmente às espécies
plantadas, representadas pela Araucaria angustifolia, Eucalyptus spp. e Pinus spp. (Pinus
elliottii e P. taeda), à idade dos plantios os quais iniciaram por volta de 1963 sendo
concluídos em 1983, bem como ao manejo que os talhões sofreram ao longo dos anos.

A Tabela 6.9 traz a indicação do estágio de desenvolvimento interpretado para a


regeneração natural observada nos sub-bosques dos plantios, o qual foi considerado com
base na riqueza florística (número de espécies e de famílias e índice de diversidade de
Shannon) e no desenvolvimento estrutural (número de indivíduos por hectare, altura média e
diâmetro médio). Do total de talhões amostrados, 5 foram considerados em estágio inicial, 5
foram considerados em estágio intermediário, 2 em estágio avançado, 4 em estágio variável
entre inicial e intermediário e 2 em estágio variável entre intermediário e avançado.

Tabela 6.9: Relação dos Estágios de Regeneração Natural do Sub-bosque dos Plantios
Considerado com Base na Estrutura Diamétrica e Diversidade Florística
Plantio Talhão Estágio de regeneração considerado
T2 Intermediário a avançado
Araucaria angustifolia
T3 Intermediário
T1 Intermediário
T4 Intermediário
T5 Intermediário a avançado
T7A Inicial
Pinus elliottii
T10 Intermediário
T12 Inermediário
T15 Inicial
T16 Inicial a intermediário
T7B Inicial
T8 Inicial
Pinus taeda
T9 Inicial a intermediário
T13 Avançado
T6 Inicial a intermediário
T11 Avançado
Pinus sp.
T14 Inicial a intermediário
T17 Inicial
Eucalyptus sp. T18 Intermediário

121 
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A seguir são apresentadas as principais espécies arbóreas e arbustivas nativas


registradas nos sub-bosques dos diferentes plantios.

As principais espécies registradas nos plantios de pínus Pinus spp. são angico-
vermelho Parapiptadenia rigida, canela-amarela Nectandra grandiflora, gerivá Syagrus
romanzoffiana, erva-de-rato Palicourea australis, cafezeiro-do-mato Casearia sylvestris,
cangerana Cabralea canjerana, marmeleiro-do-mato Ruprechtia laxiflora, carobinha
Jacaranda puberula, vacunzeiro Allophylus edulis, capororocão Myrsine umbellata, pau-
leiteiro Sapium glandulatum, camboatá-vermelho Cupania vernalis, timbó Ateleia
glazioviana, erva-mate Ilex paraguariensis, angico-branco Albizia polycephala, cambroé
Casearia obliqua, canela-fedorenta Nectandra megapotamica, grápia Apuleia leiocarpa, pau-
marfim Balfourodendron riedelianum, camboatá-branco Matayba elaeagnoides, pinheiro-
brasileiro Araucaria angustifolia, sete-capotes Campomanesia guazumifolia, cedro Cedrela
fissilis, maria-preta Diatenopteryx sorbifolia, cabreúva Myrocarpus frondosus, rabo-de-bugio
Dalbergia frutescens, pindabuna Duguetia lanceolata, gerivá Syagrus romanzoffiana, canela-
pururuca Cryptocarya aschersoniana, grindiúva Trema micrantha, coerana Cestrum
amictum, guaperê Lamanonia ternata, uvarana Cordyline dracaenoides, canela-amarela
Nectandra lanceolata, mamica-de-cadela Zanthoxylum rhoifolium, guajuvira Cordia
americana, branquilho Sebastiania commersoniana. Como espécie exótica invasora foi
registrada a presença do ligustro Ligustrum lucidum.

Figura 6.34: Vista do Sub-bosque de Figura 6.35: Vista do Sub-bosque de


Silvicultura de Pinus elliottii com Processo de Silvicultura de Pinus elliottii com Processo de
Regeneração Natural, Evidenciando em Regeneração Natural
Primeiro Plano Indivíduo Arbóreo de Espécie
Nativa

Nos plantios de eucalipto Eucalyptus spp. as principais espécies encotradas foram


canela-amarela Nectandra grandiflora, timbó Ateleia glazioviana, camboatá-branco Matayba
elaeagnoides, guaçatunga Casearia decandra, erva-mate Ilex paraguariensis, maria-preta
Diatenopteryx sorbifolia, canela-amarela Nectandra lanceolata, cocão Erythroxylum
deciduum, angico-vermelho Parapiptadenia rigida e marmeleiro-do-mato Ruprechtia
laxiflora.

122
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

Figura 6.36: Vista do Sub-bosque de Figura 6.37: Vista do Sub-bosque de


Silvicultura de Eucalyptus spp. com Processo Silvicultura de Eucalyptus spp. com Processo
de Regeneração Natural Evidenciando em de Regeneração Natural
Primeiro plano Indivíduo Jovem de Araucaria
angustifolia

As principais espécies registradas nos plantios de pinheiro-brasileiro Araucaria


angustifolia foram rabo-de-bugio Dalbergia frutescens, capororocão Myrsine umbellata,
cafezeiro-do-mato Casearia sylvestris, camboatá-branco Matayba elaeagnoides, erva-mate
Ilex paraguariensis, pinheiro-brasileiro Araucaria angustifolia, guaçatunga Casearia
decandra, branquilho Sebastiania commersoniana, vacunzeiro Allophylus edulis, camboatá-
vermelho Cupania vernalis, cangerana Cabralea canjerana, carobinha Jacaranda puberula,
canela-louro Ocotea diospyrifolia, voadeira Ilex brevicuspis, grindiúva Trema micrantha, pau-
leiteiro Sapium glandulatum, coerana Cestrum amictum, pariparoba Piper gaudichaudianum,
grandiúva-d’anta Psychotria suterella e angico-branco Albizia polycephala.

Figura 6.38: Vista do Sub-bosque de Figura 6.39: Vista do Sub-bosque de


Silvicultura de Araucaria angustifolia com Silvicultura de Araucaria angustifolia com
Processo de Regeneração Natural Processo de Regeneração Natural

Na Tabela 6.10 são indicados para cada talhão os parâmetros relacionados como
referência para análise da qualidade do plantio baseada no valor de produção e na taxa de
mortalidade. O valor de produção está relacionado às análises efetuadas sobre a qualidade
do fuste e taxas de mortalidade registradas nos plantios. Ambos talhões de Araucaria
angustifolia foram considerados como altíssimo valor de produção em razão da excelente
qualidade dos fustes. Já os talhões de Pinus spp. apresentaram valores variáveis entre
médio alto, médio e baixo, com destaque para os talhões 8 e 9 de Pinus taeda que
apresentaram os maiores valores.

123 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Tabela 6.10: Relação dos Parâmetros de Qualidade do Plantio para os Talhões dos Plantios
Plantio Talhão Valor de Produção Mortalidade (%)
T2 altíssimo 0,00
Araucaria angustifolia
T3 altíssimo 2,56
T1 médio 2,50
T4 médio 1,23
T5 baixo 0,63
T7A baixo 1,22
Pinus elliottii
T10 médio 1,63
T12 médio 2,86
T15 baixo 11,6
T16 baixo 1,1
T7B baixo 6,02
T8 médio a alto 0,74
Pinus taeda
T9 médio a alto 3,88
T13 baixo 6,02
T6 médio 2,86
T11 baixo 0,00
Pinus sp.
T14 baixo 1,90
T17 baixo 1,93
Eucalyptus sp. T18 baixo 12,00

6.10 Fauna

6.10.1 Ictiofauna

A FLONA Chapecó insere-se no Domínio da Mata Atlântica, Floresta Ombrófila Mista,


localizada no município de Chapecó, SC. A região integra a bacia do alto rio Uruguai.

A primeira campanha de campo para levantamento da ictiofauna foi executada entre


os dias 2 e 6 de fevereiro de 2009, complementada de 27 a 30 de maio, consideradas a
campanha de verão. A segunda campanha de campo foi executada entre os dias 17 a 24 de
junho de 2009 e foi considerada a campanha de inverno.

Este estudo foi efetuado em onze pontos de amostragem no interior da Gleba I (pontos
1 a 11, Mapa 6.12) e em quatro pontos no interior da Gleba II (pontos 13 a 16, Mapa 6.13),
da Floresta Nacional de Chapecó, além de um (ponto 12) no lago formado pela barragem de
Guatambu, adjacente à Gleba I, totalizando 16 pontos de amostragem.

124
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

Mapa 6.12: Pontos de Amostragem da Ictiofauna no Interior da Gleba I da FLONA Chapecó

125 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Mapa 6.13: Pontos de aAmostragem da Ictiofauna no Interior da Gleba II da FLONA Chapecó

126
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

6.10.1.4 Composição Ictiofaunística da FLONA Chapecó

Foram registradas 14 espécies no interior dos riachos e açudes da FLONA Chapecó,


pertencentes às ordens Characiformes (6 spp), Siluriformes (5 spp), Cyprinodontiformes (1
sp) e Perciformes (2 spp) (Tabela 6.11).

No açude no interior da Gleba I, que foi esgotado em fevereiro de 2009, registraram-se


as seguintes espécies nativas: traíra Hoplias malabaricus, lambari Astyanax bimaculatus,
saicanga Oligosarcus brevioris e o jundiá Rhamdia quelen, e as seguintes espécies exóticas:
tilápia do nilo Oreochromis niloticus, carpa húngara Cyprinus carpio, carpa capim
Ctenopharingodon idellus, carpa cabeça grande Hypophthalmichthys nobilis e carpa
prateada Hypophthalmichthys molitrix.

Tabela 6.11: Espécies Registradas na FLONA Chapecó nas duas Campanhas de Campo em
2009 e tipo de Ambiente
Táxon Nome comum Ambiente
Characiformes
Erythrinidae
Hoplias malabaricus Traíra lêntico
Characidae
A. bimaculatus Lambari lêntico
A. eigenmanniorum Lambari lêntico
B. iheringii Lambari lêntico
Hyphessobrycon sp Lambari lótico e lêntico
Oligosarcus brevioris Saicanga lêntico
Siluriformes
Heptapteridae
Rhamdia quelen Jundiá lêntico
Heptapterus cf. mustelinus Bagre-mole lótico
Loricariidae
H. commersonii Cascudo lêntico
Pareiorhaphis hystrix Cascudo lêntico
Rineloricaria zaina Viola lêntico
Cyprinodontiformes
Poeciliidae
C. decemmaculatus Barrigudinho lêntico
Perciformes
Cichlidae
Geophagus brasiliensis Acará lêntico
O. niloticus Tilápia lêntico

6.6.1.2 Riqueza das Espécies Registradas por Gleba e Total

Na Gleba I, registrou-se uma riqueza específica total de 12 espécies e na Gleba II 3


espécies (Tabela 6.12). No verão foram registradas 11 espécies na Gleba I e 3 espécies na
Gleba II, enquanto que no inverno este parâmetro reduziu-se, respectivamente, para 6 e 1
espécies.

127
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Tabela 6.12: Ocorrência de Espécies nos Pontos de Amostragem nas Campanhas de Campo
de 2009; (S= riqueza específica; S gleba = riqueza específica por gleba)
Pontos de amostragem
Espécies Gleba I Gleba II
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Hoplias malabaricus X X
Astyana bimaculatus X X X X X X X
Astyanax eigenmanniorum X X X X X
Hyphessobrycon sp X
Oligosarcus brevioris X X X X X
Bryconamericus iheringii X
Rhamdia quelen X X X
Heptapterus mustelinus cf X X X
Hypostomus commersonii X X
Pareiorhaphis hystrix X
Rineloricaria zaina X X
Cnesterodon
X
decemmaculatus
Geophagus brasiliensis X X X X X
Oreochromis niloticus X
S 3 3 9 5 1 1 0 0 3 0 8 3 0 1 0 2
S gleba 12 3

6.6.1.3 Espécies mais Relevantes ou Ameaçadas

Citam-se as espécies mais relevantes para a Unidade, o lambari Hyphessobrycon sp.,


devido à baixa abundância e ocorrência em somente um ponto, bem como os cascudos
Pareiorhaphis hystrix e Rineloricaria zaina, a primeira por ocorrer somente na Gleba II no
ponto 16 junto à cascata e a segunda registrada somente nos pontos 4 e 12. O barrigudinho
Cnesterodon decemmaculatus também apresentou ocorrência restrita no ponto 18.

Considerando a presença de espécies indicadoras de qualidade ambiental deve-se


citar o cascudo Pareiorhaphis hystrix, que pode indicar ambiente conservado, pelo menos
no trecho do riacho em que ocorre em área restrita abaixo da cachoeira (ponto 14).

Entre aquelas espécies que indicam conservação de populações está a traíra Hoplias
malabaricus, que se constitui em espécie de topo de cadeia e que necessita uma
comunidade de espécies forrageiras, constituída principalmente pelos lambaris Astyana
bimaculatus.

Principais impactos:

 Presença e, em alguns casos, predomínio de espécies exóticas nos açudes e na


represa no entorno da Gleba I;

 Presença de espécies vegetais exóticas como pínus e eucaliptos, que podem ter
contribuído para o desaparecimento de alguns riachos no interior na FLONA
Chapecó;

 Assoreamento e presença de espículas de pínus em riachos, ocasionando


eutrofização e consequentemente impossibilidade de ocupação por espécies de
peixes;

 Pesca predatória no rio Tigre e Retiro devido à localização na divisa com a UC;

128 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

 Acesso de espécies exóticas da represa ao rio Retiro;

 Eutrofização (não quantificada) caracterizada pela presença de algas filamentosas


na barra do rio Tigre junto à represa;

 Agricultura intensiva responsável pelo desaparecimento do riacho do ponto 14 na


Gleba II.

Figura 6.41: Ponto de Amostragem 12, Rio


Figura 6.40: Ponto de Amostragem 1
Retiro

Figura 6.42: Saicanga Oligosarcus brevioris Figura 6.43: Lambari Astyana bimaculatus

Figura 6.44: Bagre Heptapterus mustelinus Figura 6.45: Viola Rineloricaria zaina

129 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Figura 6.46: Barrigudinho Cnesterodon Figura 6.47: Lambari Astyanax


decemmaculatus eigenmanniorum

Figura 6.48: Traíra Hoplias malabaricus Figura 6.49: Cará Geophagus brasiliensis

Figura 6.50: Tilápia Oreochromis niloticus

130 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

6.10.2 Herpetofauna

O levantamento da herpetofauna não foi previsto para a elaboração do Plano de


Manejo no Termo de Referência para a contratação dos trabalhos. Portanto, foi realizada a
revisão de dados secundários pelo consultor da Socioambiental, o Biólogo e Herpetólogo
Magno Segalla. Esta revisão se deu basicamente em relação a compilação de estudos
sobre a herpetofauna da FLONA Chapecó, contida em “Diagnósticos Preliminares como
Subsídio à Elaboração do Plano de Manejo da Floresta Nacional de Chapecó” (FLORESTA
NACIONAL DE CHAPECÓ, 2007) realizada pela Bióloga Dra. Elaine Maria Lucas Gonsales,
Professora da Unochapecó e suplente no Conselho Consultivo da FLONA Chapecó por esta
Universidade, dentro dos trabalhos realizados pelo Grupo de Trabalho deste Conselho,
constituído com o objetivo de iniciar os trabalhos de elaboração do Plano de Manejo da
FLONA Chapecó.

A seguir é apresentado um resumo da compilação realizada por Gonsales,


considerada bastante consistente pela revisão do consultor, sendo apenas realizadas as
seguintes alterações: exclusão das referências às fotos de espécimes registrados, em
função da cópia que nos foi disponibilizada pelo ICMBio não conter tais fotos; mudança da
sinonímia das duas primeiras espécies relacionadas na Tabela 6.13 (troca do gênero
Chaunus pelo gênero Rhinella) e exclusão da referência “cf” de Leptodactylus ocellatus.

Os dados sobre a riqueza de anfíbios e répteis são resultantes da compilação dos


estudos realizados nos períodos entre 1998-2002 e 2006-2007 nas Glebas I e II da Floresta
Nacional de Chapecó. Nenhum estudo sobre a comunidade de répteis foi realizado até o
momento na Gleba II.

Os estudos avaliados registraram a presença de 26 espécies de anfíbios da ordem


Anura e 11 espécies de répteis Squamata (dez espécies de serpentes e uma espécie de
lagarto) na FLONA Chapecó (Figura 6.51).

Anuros Lagartos Serpentes

27%

3%

70%

Figura 6.51: Contribuição Relativa dos Diferentes Grupos na Composição da Herpetofauna da


FLONA Chapecó

131 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Tabela 6.13: Anuros Registrados na Floresta Nacional de Chapecó, Glebas I (G I) e II (G II), e


Ambiente de Registro, Segundo Gonsales (1999), Pandolfo (2001), Gonsales (2002) e Projeto
Unochapecó. FN = interior de floresta nativa, PL = interior de plantio de pínus, AA = área
aberta, AB = áreas de borda (nativa e pínus)
Família/Espécie Nome comum GI G II FN PP AA AB
Bufonidae
Rhinella henseli Lutz, 1934 Sapo X X X X X X
Rhinella icterica Spix, 1824 Sapo-cururu X X X X X
Melanophryniscus sp. Sapinho-de-barriga- X X X X X
vermelha
Centrolenidae
Hyalinobatrachium uranoscopum Muller, Perereca-de-vidro X X
1924
Cyclorhamphidae
Odontophrynus americanus Duméril & Rã-de-focinho-curto X X X X X X
Bibron, 1841
Proceratophrys bigibbosa Peters, 1872 Rã-de-barriga-vermelha X X X
Hylidae
Aplastodiscus perviridis Lutz in Lutz, Perereca-verde X X X X X
1950
Dendropsophus minutus Peters, 1872 Pererequinha-do-brejo X X X X X X
Hypsiboas albopunctatus Spix, 1824 Perereca-cabrinha X X
Hypsiboas faber Wied-Neuwied, 1821 Sapo-ferreiro, sapo- X X X X X X
martelo
Hypsiboas leptolineatus Braun & Braun, Pererequinha-listrada X X X
1977
Scinax berthae Barrio, 1962 Pererequinha-dourada X X X X
Scinax catharinae Boulenger, 1888 Perereca-de-riacho X X X X
Scinax fuscovarius Lutz, 1925 Perereca-de-banheiro X X X
Scinax perereca Haddad e Kasahara, Perereca X X
1995
Scinax granulatus Peters, 1871 Perereca-granulada X X X
Scinax squalirostris Lutz, 1925 Pererequinha-bicuda X X X
Leiuperidae
Physalaemus cuvieri Fitzinger, 1826 Rã-cachorro X X X X X X
Physalaemus aff. gracilis Rã-chorona X X X X X X
Leptodactylidae
Leptodactylus fuscus Schneider, 1799 Rã-assobiadora X X X
Leptodactylus gracilis Duméril & Bibron, Rã-gota X X X X X X
1840
Leptodactylus mystacinus Burmeister, Rãzinha X X X
1861
Leptodactylus ocellatus Linnaeus, 1758 Rã-manteiga X X X X X
Família/Espécie Nome comum GI G II FN PP AA AB
Leptodactylus plaumanni Ahl, 1936 Rã X X X X X X
Microhylidae
Elachistocleis bicolor Guérin-Méneville, Sapo-guarda X X X X X
1838
Ranidae
Lithobates catesbeianus Shaw, 1802 Rã-touro X X X X X X
Total de espécies 23 24 18 16 17 16
Fonte: compilação dos resultados dos trabalhos realizados na FLONA Chapecó entre 1999 e 2002

6.10.2.4 Anfíbios

As 26 espécies de anfíbios anuros registradas até o momento na FLONA Chapecó


pertencem a 13 gêneros e oito famílias (Tabela 6.13). As famílias Hylidae e Leptodactylidae
foram as mais representativas. As duas glebas apresentaram riqueza de espécies similar,
no entanto, a composição de espécies apresentou algumas diferenças. Na Gleba I, duas
espécies foram exclusivas (Leptodactylus mystacinus e Hypsiboas albopunctatus) e na
Gleba II, três espécies (Hyalinobatrachium uranoscopum, Scinax perereca e Scinax
catharinae).

132 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

Nove espécies (34,6% do total) foram registradas em todos os ambientes estudados


(áreas abertas, interior de plantio de pínus e mata nativa e áreas de borda). Cinco espécies
(19,2%) ocorreram exclusivamente em áreas abertas, duas (7,7%) exclusivamente em áreas
de borda (mata nativa ou plantio de pínus) e duas (7,7%) exclusivamente no interior de
áreas de vegetação nativa

A maioria das espécies registradas ocorre em ambientes abertos, naturais (como


Cerrado e Pampas) ou modificadas pelo homem. No entanto, das 17 espécies registradas
em áreas abertas, 12 (70,6%) foram observadas também no interior de áreas de vegetação
nativa, mostrando que muitas espécies de anuros, que vivem e se reproduzem em áreas
abertas, utilizam as áreas florestadas, possivelmente como locais de abrigo.

Das espécies nativas registradas, duas (Chaunus henselli, H. leptolineatus)


apresentam distribuição restrita aos estados do sul do Brasil (um ou mais), dez ocorrem
principalmente no sudeste e sul do Brasil (e às vezes Brasil central) e países vizinhos
(Argentina, Uruguai, Paraguai; C. ictericus, O. americanus, H. uranoscopum, A. perviridis, H.
albopunctatus, H. faber, S. berthae, S. fuscovarius, S. squalirostris, L. plaumanni), e sete
apresentam ampla distribuição no Brasil e em outros países da América do Sul (D. minutus,
L. fuscus, L. gracilis, L. mystacinus, L. cf. ocellatus, P. cuvieri, E. bicolor) (FROST, 2007).

De acordo com as categorias de ameaças de extinção das espécies de anuros


consideradas pela IUCN (2006), Proceratophrys bigibbosa é listado na categoria “próxima
de ameaçada” (near threatened), e Hyalinobatrachium uranoscopum é classificada como de
“preocupação menor” (least concern). Nenhuma das espécies registradas está classificada
em alguma categoria de ameaça na Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira
Ameaçadas de Extinção.

A espécie exótica Lithobates catesbeianus é uma espécie extremamente voraz e


generalista. Ela foi registrada em todos os ambientes da FLONA Chapecó. Porém, na UC,
não se sabe sobre o possível impacto desta espécie sobre as espécies nativas de anuros,
sendo recomendados programas visando a esta avaliação.

Considerando o esforço de amostragem e a relativamente pequena proporção de área


amostrada na FLONA Chapecó em busca de anfíbios, a riqueza de espécies registrada
pode ser considerada alta.

Deve-se considerar, ainda, que mesmo sendo áreas relativamente pequenas, as duas
glebas da FLONA Chapecó estão entre as maiores áreas protegidas do município de
Chapecó e entorno.

6.10.2.5 Répteis

Foram registrados dois grupos de répteis da ordem Squamata na Gleba I: Serpentes e


Lacertilia (lagartos). Nenhuma espécie de Amphisbaenia (anfisbenas) foi registrada nos
estudos na Unidade (Tabela 6.14).

As nove espécies de serpentes registradas pertencem a nove gêneros e três famílias,


sendo a família Colubridae a mais representativa. Apenas uma espécie de lagarto foi
registrada no período de estudo.

Sete espécies de serpentes foram registradas nas áreas de vegetação nativa e três
espécies nas áreas de plantio de pínus. Destas, seis foram registradas exclusivamente nas
áreas de floresta nativa (Atractus sp., Echinanthera cyanopleura, Helicops infrataeniatus,
Liophis miliaris, Oxyrophus chlatratus e Micrurus altirostris) e duas exclusivamente nas
áreas de plantio de pínus (Sibynomorphus ventrimaculatus e Tomodon dorsatus). Bothrops
neuwiedi foi registrada nos dois ambientes. A espécie de lagarto (Tupinambis merianae) foi

133 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

registrada somente em área de vegetação nativa até o momento, embora habite áreas
abertas e alteradas.

O maior número de espécies e, também, de indivíduos (quatro e sete,


respectivamente) foi registrado em uma área de mata nativa.

Tabela 6.14: Riqueza e Abundância de Répteis Registradas na Floresta Nacional de Chapecó,


Gleba I, em Área de Plantio de Pínus e Floresta Nativa, no Período de Novembro de 2006 a
Junho de 2007. Os Números Correspondem ao Número Absoluto de Indivíduos Registrados.
As Famílias e o Número de Espécies Encontram-se em Negrito
Família/Espécie Floresta nativa Plantio pínus
Colubridae
Atractus sp. 2
Echinanthera cyanopleura 3
Helicops infrataeniatus 2
Liophis miliaris 1
Oxyrophus chlatratus 1
Sibynomorphus ventrimaculatus 2
Tomodon dorsatus 1
Elapidae
Micrurus altirostris 2
Viperidae
Bothrops neuwiedi 1 1
Teiidae
Tupinambis merianae (Duméril e Bibron, 1839) 2
Total de indivíduos/(espécies) 14 (7) 4 (3)

Nenhuma das espécies de serpentes ou lagarto registrados na FLONA Chapecó


encontra-se em alguma categoria de ameaça de extinção, segundo as listas da IUCN
(2006), Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção
(IBAMA/MMA), Lista das Espécies da Fauna Silvestre Ameaçada de Extinção do Rio
Grande do Sul (MARQUES et al., 2002) e o Livro Vermelho da Fauna Ameaçada do Estado
do Paraná (BÉRNILS et al., 2004). No entanto, não se conhece sobre o status de
conservação destas espécies no estado de Santa Catarina.

Uma lista preliminar de espécies de répteis indicou a ocorrência de pelo menos 24


espécies de serpentes e sete espécies de lagartos na região oeste de Santa Catarina
(BRESSAN et al., 2007). Desta forma, somente cerca de 37,5% das espécies de serpentes
e 14,3% das espécies de lagartos, conhecidas para a região até o momento, foram
registradas na Gleba I. Deve-se considerar que nenhum estudo intensivo sobre a
diversidade de répteis foi realizado na região, indicando que o número de espécies deve ser
maior.

A fauna de répteis está sujeita a muitas ameaças, além da destruição dos ambientes
naturais, estão a matança indiscriminada e o atropelamento nas estradas e rodovias. As
duas glebas da FLONA Chapecó possuem estradas com acentuado movimento, que cortam
ou passam nos limites das reservas, sendo assim, estas questões devem ser consideradas
nos programas de pesquisa e monitoramento do Plano de Manejo.

6.10.3 Avifauna

Os estudos relativos à avifauna da FLONA Chapecó foram desenvolvidos em duas


campanhas com 10 dias de duração cada, realizadas nos períodos de 2 a 11 de fevereiro e
de 20 a 29 de julho de 2009 (Mapas 6.12 e 6.13).

As amostragens na Gleba I ocorreram nos dias 2 a 5 e 7 a 11 de fevereiro, e de 21 a


29 de julho, totalizando um esforço de aproximadamente 133 horas de observações,

134 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

incluindo 16,5 horas de amostragens noturnas. A Gleba II foi amostrada por um total de 45
horas (sendo 5 horas no período noturno) nos dias 4, 5, 6 e 7 de fevereiro, e novamente em
23 e 28 de julho. As atividades também incluíram uma visita ao Museu Zoobotânico da
Unochapecó, para contato com pesquisadores locais e revisão da coleção ornitológica,
assim como entrevistas com funcionários da FLONA Chapecó e com moradores da região.

O inventário de campo compreendeu visitas a todos os setores e fitofisionomias


principais das duas glebas que compõem a FLONA Chapecó, procurando-se realizar pelo
menos uma amostragem matutina em cada setor. As atividades geralmente estenderam-se
da madrugada ou do amanhecer até o anoitecer, eventualmente abrangendo também parte
da noite, para amostragem das espécies de hábitos noturnos. A identificação taxonômica
baseou-se na visualização de características morfológicas com binóculo e/ou no
reconhecimento de vocalizações peculiares a cada espécie. Não foram realizadas coletas
de espécimes para fins de identificação ou documentação, mas deu-se especial atenção à
documentação dos registros, como forma de possibilitar a sua verificação independente por
terceiros. Os métodos de documentação utilizados foram a fotografia e a filmagem com
máquina fotográfica digital semiprofissional e a gravação de áudio com microfone direcional
acoplado a gravador cassete profissional. Registros de espécies de interesse especial foram
georreferenciados em campo com GPS.

O inventário foi ainda complementado com dados secundários obtidos na literatura


científica ou compilados por pesquisadores de universidades locais.

135 
Mapa 6.14: Uso e Cobertura do Solo com as Trilhas Percorridas na Gleba I para Levantamento
da Avifauna

136 
Mapa 6.15: Uso e Cobertura do Solo com as Trilhas Percorridas na Gleba II para Levantamento
da Avifauna

137
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

Foram registradas 181 espécies de aves nas duas glebas durante o inventário de
campo, sendo 170 na Gleba I e 130 na Gleba II. A curva de acumulação da riqueza durante
o período de amostragem indica que novas espécies continuariam sendo registradas na
FLONA Chapecó com a continuidade das observações, embora a um ritmo lento (Figura
6.52). Cerca de 35% das espécies constatadas tiveram sua ocorrência documentada por
fotografias ou gravações de áudio.

200

180
NÚMERO DE ESPÉCIES

160

140

120

100

80
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

DIAS

Figura 6.52: Curva de Acumulação da Riqueza Observada nas duas Glebas da Floresta
Nacional de Chapecó, Durante o Período de Inventário da Avifauna (fevereiro e julho de 2009)

Levantamentos prévios nas duas glebas (MÜLLER et al., 2005; FLORESTA


NACIONAL DE CHAPECÓ, 2007) complementam os resultados do inventário realizado para
o Plano de Manejo e permitem gerar uma lista razoavelmente completa das aves que
habitam a FLONA Chapecó, assim como uma estimativa de riqueza possivelmente muito
próxima da real. Algumas espécies adicionais registradas nesses levantamentos ocupam
hábitats efetivamente representados no interior da Unidade de Conservação. Várias outras,
porém, estão associadas a ambientes abertos antrópicos, como lavouras e pastagens, e
ocorrem regularmente apenas em seu entorno, ou então têm ocorrência altamente
improvável no oeste de Santa Catarina, por razões biogeográficas, podendo a sua menção
resultar de confusão com espécies similares ou solturas indiscriminadas. Assim sendo,
computando-se somente as espécies de ocorrência plausível, chega-se a um total de 196
espécies de aves para a área da FLONA Chapecó, sendo pelo menos 176 para a Gleba I e
157 para a Gleba II.

A riqueza da avifauna é maior na Gleba I, o que, em grande parte, pode ser explicado
pela sua maior extensão e pela maior representatividade de hábitats não florestais nessa
área. Ao todo, 34 espécies foram registradas exclusivamente na Gleba I, ao passo que
apenas 19 espécies foram exclusivas da Gleba II.

138 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

6.6.2.1 Espécies Ameaçadas de Extinção

Ocorrem na FLONA Chapecó duas espécies de aves incluídas na Lista da Fauna


Brasileira Ameaçada de Extinção (Instrução Normativa 03/2003, do Ministério do Meio
Ambiente): o papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea) e o pica-pau-de-cara-canela
(Dryocopus galeatus). Ambas são listadas como ameaçadas também em escala global pela
União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, 2009) e foram constatadas
somente na Gleba I.

6.6.2.2 Outras Espécies de Interesse Especial

A FLONA Chapecó abriga 15 espécies de aves qualificadas regionalmente como


raras, por serem conhecidas em território catarinense através de poucos registros em um
número reduzido de localidades (Tabela 6.15). Uma delas, o olho-falso (Hemitriccus diops),
não possui registros atuais publicados para o território catarinense, datando de 1928 as
últimas informações divulgadas (conhece-se, entretanto, um registro recente ainda inédito
para uma localidade ao longo do rio Tigre, em Guatambu, portanto, muito próximo à área da
FLONA Chapecó). Em situação semelhante encontram-se o piolhinho-verdoso (Phyllomyias
virescens) e o estalador (Corythopis delalandi), ambos “redescobertos” em Santa Catarina
apenas recentemente (ACCORDI & BARCELLOS, 2008). O gavião-pernilongo (Geranospiza
caerulescens) era conhecido até agora em apenas três localidades em território catarinense
(ROSÁRIO, 1996).

Seis dessas espécies raras, além de outras oito, possivelmente estão ameaçadas de
extinção em Santa Catarina ou na região oeste do estado, a julgar por informações da
literatura e pela sua situação em territórios vizinhos cobertos por listas regionais de fauna
ameaçada (Tabela 6.15). Estas são principalmente aves associadas às florestas estacionais
da bacia do rio Uruguai, como o estalador (Corythopis delalandi) e o olho-falso, mas também
aves de rapina e grandes frugívoros como o pavó (Pyroderus scutatus), que necessitam de
extensas áreas para sobreviver.

Os resultados do inventário da avifauna da FLONA Chapecó também representam


uma importante contribuição para o conhecimento sobre a distribuição geográfica de aves
em Santa Catarina. Em que pese a existência de levantamentos ornitológicos prévios na
região (MÜLLER et al., 2005; AZEVEDO, 2006), 15 espécies constatadas na FLONA
Chapecó e em seu entorno imediato são ocorrências novas para o oeste de Santa Catarina
(a oeste de 51º30’W), ou seja, não possuíam registros anteriores nessa parte do estado.

Em resumo, a área apresenta grande relevância para a conservação de aves florestais


nas escalas estadual e regional, por concentrar várias espécies raras e/ou potencialmente
ameaçadas no oeste de Santa Catarina ou no estado como um todo. O destaque é para as
espécies típicas das florestas estacionais da bacia do rio Uruguai e sua transição para as
florestas com araucária do planalto.

139 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Tabela 6.15: Espécies de Aves de Interesse Especial (raras e/ou potencialmente ameaçadas em
Santa Catarina, ou sem registros prévios no oeste catarinense), Registradas na FLONA
Chapecó e Entorno Imediato em Fevereiro e Julho de 2009
Nome do Táxon Nome em Português Gleba Situação(*)
Leptodon cayanensis gavião-de-cabeça-cinza II Ra,PAmSC
Harpagus diodon gavião-bombachinha I e II NW
Accipiter striatus gavião-miúdo I NW
Geranospiza caerulescens gavião-pernilongo I Ra,NW
Percnohierax leucorrhous gavião-de-sobre-branco I Ra,PAmSC
Tringa solitária maçarico-solitário I Ra,NW
Aratinga leucophthalma periquitão-maracanã I NW
Amazona vinacea papagaio-de-peito-roxo I AmGl/Br
Asio stygius mocho-diabo I e II Ra,NW
Nyctibius griseus mãe-da-lua I e II NW
Chordeiles cf. minor bacurau-norte-americano I NW
Cypseloides cf. senex taperuçu-velho I NW
Phaethornis eurynome rabo-branco-de-garganta-rajada I e II PAmW
Florisuga fusca beija-flor-preto I NW
Baryphthengus ruficapillus juruva-verde II PAmW
Pteroglossus castanotis araçari-castanho I (entorno) Ra,PAmSC,NW
Dryocopus galeatus pica-pau-de-cara-canela I AmGl/Br,NW
Dryocopus lineatus pica-pau-de-banda-branca I e II PAmW
Campephilus robustus pica-pau-rei I e II PAmW
Pyriglena leucoptera papa-taoca-do-sul II PAmW
Philydor lichtensteini limpa-folha-ocráceo II PAmW
Corythopis delalandi Estalador I PAmSC
Hemitriccus diops olho-falso I Ra,PAmSC
Phyllomyias burmeisteri piolhinho-chiador I e II Ra
Phyllomyias virescens piolhinho-verdoso I e II Ra,NW
Myiopagis caniceps guaracava-cinzenta I e II Ra,NW
Myiopagis viridicata guaracava-de-crista-alaranjada I e II Ra,NW
Capsiempis flaveola marianinha-amarela I Ra,PAmW
Contopus cinereus papa-moscas-cinzento I e II PAmW
Pyroderus scutatus pavó I Ra,PAmSC
Cyanoloxia moesta negrinho-do-mato I e II Ra
Euphonia chalybea cais-cais I e II Ra
(*) Ra – rara (conhecida através de poucos registros em SC); NW – novo registro para o oeste de SC; Pam –
potencialmente ameaçada (SC – em Santa Catarina; W – no oeste do estado); Am – ameaçada de extinção (Gl –
globalmente; Br – no Brasil)

6.6.2.3 Uso dos Talhões de Árvores Exóticas pela Avifauna

Pelo menos 55 espécies de aves foram observadas frequentando talhões antigos de


pínus na FLONA Chapecó. Aparentemente, a riqueza da avifauna nesses ambientes é
proporcional à intensidade de regeneração do sub-bosque e à distância em relação a
remanescentes de floresta nativa.

Cerca de 15 espécies mostram-se particularmente comuns em talhões antigos de


pínus, incluindo o mocho-diabo (Asio stygius), a juriti-pupu (Leptotila verreauxi), o surucuá
(Trogon surrucura), o arapaçu-verde (Sittasomus griseicapillus), o joão-teneném (Synallaxis
spixi), a corruíra (Troglodytes musculus), o sabiá-barranco (Turdus leucomelas), o sanhaçu-
de-fogo (Piranga flava), o tico-tico (Zonotrichia capensis), o pula-pula (Basileuterus
culicivorus) e o pintassilgo (Carduelis magellanica). Porém, nenhuma é exclusiva desse
ambiente.

140 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

Algumas aves de rapina, como o chimango (Milvago chimango), o carrapateiro


(Milvago chimachima) e o gavião-relógio (Micrastus semitorquatus), além de psitacídeos,
pombos e a coruja-de-igreja (Tyto alba), utilizam os plantios de pínus como dormitório. Os
pombões (Patagioenas picazuro) e as maitacas (Pionus maximiliani) formam concentrações
de dezenas ou centenas de indivíduos nos talhões ao redor da sede. Psitacídeos como a
tiriba-de-testa-vermelha (Pyrrhura frontalis) e o periquito-maracanã (Aratinga leucophthalma)
alimentam-se das sementes dos cones maduros dos pínus.

Os grandes pica-paus, especialmente o pica-pau-de-banda-branca (Dryocopus


lineatus), forrageiam com certa frequência em bosques antigos de pínus nas proximidades
de matas nativas. Ao que parece, essas espécies incorporam os talhões de pinheiros
exóticos em suas áreas de vida, embora provavelmente não possam subsistir longe de
matas nativas.

Das espécies observadas em talhões de pínus, três são consideradas raras em Santa
Catarina (embora possivelmente sejam apenas subestimadas), e outras duas estão
potencialmente ameaçadas de extinção no oeste do estado (Tabela 6.16). Dessas, somente
o mocho-diabo e o pica-pau-de-banda-branca (Dryocopus lineatus) ocorrem com certa
regularidade nesse ambiente.

Por outro lado, algumas espécies observadas nas áreas de silvicultura da FLONA
chapecó não estão propriamente vivendo sob os plantios de pínus, mas, sim, entre os
talhões, onde pequenos bolsões de vegetação nativa se desenvolvem espontaneamente,
por exemplo, em áreas de nascentes. É o caso do beija-flor rabo-branco-de-garganta-rajada
(Phaethornis eurynome) e do piolhinho-verdoso (Phyllomyias virescens).

Tabela 6.16: Aves Observadas em Talhões de Pínus na Floresta Nacional de Chapecó Durante
a Avaliação Ecológica Rápida (fevereiro e julho de 2009)
Nome do Táxon Nome em Português Uso Situação
Crypturellus tataupa inhambu-chintã R
Cathartes aura urubu-de-cabeça-vermelha D
Accipiter striatus gavião-miúdo X
Rupornis magnirostris gavião-carijó X
Milvago chimachima Carrapateiro R
Milvago chimango Chimango D
Micrastur semitorquatus falcão-relógio D
Patagioenas picazuro Pombão D
Zenaida auriculata pomba-de-bando D
Leptotila verreauxi juriti-pupu R
Aratinga leucophthalma periquitão-maracanã A
Pyrrhura frontalis tiriba-de-testa-vermelha A
Pionus maximiliani maitaca-verde D
Tyto alba coruja-da-igreja D
Strix hylophila coruja-listrada X
Asio stygius mocho-diabo R Ra
Lurocalis semitorquatus Tuju A
Chordeiles cf. minor bacurau-norte-americano D
Trogon surrucura surucuá-variado R
Trogon rufus surucuá-de-barriga-amarela X
Melanerpes flavifrons benedito-de-testa-amarela X
Veniliornis spilogaster picapauzinho-verde-carijó X
Colaptes melanochloros pica-pau-verde-barrado X
Dryocopus lineatus pica-pau-de-banda-branca A PAm (W)
Campephilus robustus pica-pau-rei X PAm (W)

141 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Tabela 6.16: Continuação


Nome do Táxon Nome em Português Uso Situação
Sittasomus griseicapillus arapaçu-verde R
Dendrocolaptes platyrostris arapaçu-grande X
Synallaxis cinerascens pi-puí X
Synallaxis spixi joão-teneném R
Leptopogon amaurocephalus Cabeçudo X
Myiornis auricularis Miudinho X
Phyllomyias burmeisteri piolhinho-chiador X Ra
Myiopagis caniceps guaracava-cinzenta X Ra
Phylloscartes ventralis borboletinha-do-mato X
Platyrinchus mystaceus Patinho X
Lathrotriccus euleri Enferrujado X
Pitangus sulphuratus bem-te-vi X
Myiodynastes maculatus bem-te-vi-rajado X
Cyanocorax chrysops gralha-picaça X
Troglodytes musculus Corruíra R
Turdus rufiventris sabiá-laranjeira X
Turdus leucomelas sabiá-barranco R
Turdus albicollis sabiá-coleira X
Pyrrhocoma ruficeps cabecinha-castanha X
Trichothraupis melanops tiê-de-topete X
Piranga flava sanhaçu-de-fogo R
Hemithraupis guira saíra-de-papo-preto X
Conirostrum speciosum figuinha-de-rabo-castanho X
Zonotrichia capensis tico-tico R
Saltator similis trinca-ferro-verdadeiro R
Parula pitiayumi Mariquita X
Basileuterus culicivorus pula-pula R
Basileuterus leucoblepharus pula-pula-assobiador X
Cacicus chrysopterus Tecelão R
Carduelis magellanica Pintassilgo R
Usos: X – observada no ambiente; R – presença regular; D – dormitório; A – forrageamento (alimentação).
Situação das espécies: Ra – rara ou pouco conhecida em Santa Catarina; PAm (W) – provavelmente ameaçada
na região oeste do estado

Como visto, apesar de serem ambientes antropogênicos e estruturalmente simples, os


plantios antigos de pínus são utilizados em maior ou menor grau por uma parcela
considerável da avifauna nativa (cerca de uma em cada quatro espécies). Isto se deve a
fatores como a estabilidade desses ambientes ao longo do tempo, a presença de um sub-
bosque de espécies nativas e a proximidade em relação a remanescentes florestais
naturais. O valor desses ambientes para a conservação da fauna está longe de ser nulo e
tende a aumentar com o tempo, à medida que se tornam mais complexos e passam a
atender às necessidades de hábitat de um número maior de espécies e indivíduos.
Consequentemente, o seu manejo ou substituição por outros tipos de vegetação com maior
grau de naturalidade, ainda que desejável, deve necessariamente levar em consideração
esse aspecto, de modo a se evitarem transições bruscas e impactos significativos às
populações animais que ali se estabeleceram ao longo de gerações.

Os talhões antigos de araucária, por outro lado, abrigam uma avifauna bem mais
semelhante à encontrada nas florestas nativas. Se, por um lado, a falta de um subdossel
arbóreo mais consolidado, a escassez de cavidades naturais para nidificação e o baixo
epifitismo restringem a ocupação por determinadas espécies, a vigorosa regeneração do
sub-bosque de espécies nativas permite que ali subsistam aves mais exigentes quanto às
características do hábitat, como o olho-falso (Hemitriccus diops). Os talhões de araucária

142 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

também são bastante frequentados por pica-paus e corujas de médio a grande porte,
enquanto o gavião-miúdo (Accipiter striatus) tem neles o seu ambiente preferencial de
nidificação dentro da FLONA Chapecó. As plantações de eucalipto, menos extensas na
FLONA Chapecó, tendem a apresentar uma riqueza intermediária em comparação com as
plantações de pínus e de araucária.

Dentre as principais ameaças a avifauna da FLONA Chapecó estão: a caça, sendo


relatada por funcionários da UC e alguns moradores do entorno em ambas as glebas; a
presença de animais domésticos; risco de disseminação de doenças aviárias dos criadouros
próximos aos limites da FLONA Chapecó; solturas de animais oriundos de apreensões;
coleta de pinhões, prática comum em toda a região; insuficiência e isolamento da área da
UC em termos de requerimento de habitat; entre outros impactos e problemas ambientais
constatados.

Figura 6.53: Espécies Registradas na FLONA Chapecó. Da Esquerda para a Direita e de Cima
para Baixo: Coruja-listrada (Strix hylophila), Macho de Sanhaçu-de-fogo (Piranga flava), Macho
de Beija-flor-de-topete (Stephanoxis lalandi) e Beija-flor-de-papo-branco (Leucochloris
albicollis)
Fonte: G. A. Bencke

6.10.4 Mastofauna

O levantamento da mastofauna nos estudos para a elaboração do Plano de Manejo foi


previsto pelo Termo de Referência somente quanto à contratação dos trabalhos para
quirópteros (morcegos), que foram realizados em duas campanhas de captura para o
levantamento de espécies no âmbito da realização da AER (Avaliação Ecológica Rápida),
além da compilação de dados secundários.

143 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Para os demais mamíferos, foi realizado levantamento e revisão de dados secundários


pelo consultor da Socioambiental, o Biólogo, M.SC. Mastozoólogo Jorge Cherem. Esta
revisão, no que tange aos levantamentos de mamíferos realizados nas áreas da FLONA
Chapecó, deu-se basicamente sobre a compilação de estudos sobre a mastofauna, contida
em “Diagnósticos Preliminares como Subsídio à Elaboração do Plano de Manejo da Floresta
Nacional de Chapecó” (FLORESTA NACIONAL DE CHAPECÓ, 2007) realizada pela
Bióloga, M.Sc. Eliara Muller, Professora da Unochapecó, dentro dos trabalhos realizados
pelo Grupo de Trabalho do Conselho Consultivo da FLONA Chapecó, constituído com o
objetivo de iniciar os trabalhos de elaboração do Plano de Manejo da Unidade. Também
foram analisados alguns dos trabalhos citados pela autora e outros pertinentes. Desta
forma, a responsabilidade pela precisão da identificação das espécies registradas como
ocorrentes na UC são dos autores dos respectivos trabalhos e seus orientadores.

Os dados secundários preliminares e levantamentos de dados primários no âmbito da


AER aqui apresentados sobre quirópteros foram compilados e realizado pelo Biólogo, Dr.
Sérgio Luiz Althoff, Professor da FURB. O levantamento bibliográfico das espécies de
ocorrência na região da FLONA Chapecó foi baseado nas listas mais atualizadas de
mamíferos dos estados de Santa Catarina, Paraná e da província de Missiones na
Argentina.

O diagnóstico da mastofauna da FLONA Chapecó foi realizado com base em dados


secundários, considerando-se os estudos já desenvolvidos nesta UC, complementados com
um levantamento das espécies de possível ocorrência em função do conhecimento
bibliográfico da distribuição destas espécies.

Müller (2007) relacionou seis estudos desenvolvidos com mamíferos na Floresta


Nacional de Chapecó: Rosa (1998); Cella (1999); Prigol (1999); Dagostini (2002); Farneda
(2007); Fortes, Cella & Prigol (2002). Para completar a listagem desses autores com
espécies de possível ocorrência na FLONA Chapecó, foram consultados os trabalhos de
Cabrera (1958; 1961), Mazzolli (1993), Wilson & Reeder (1993), Avila-Pires (1994), Silva
(1994), Cimardi (1996), Gregorin (1996), Eisenberg & Redford (1999), Souza & Silva (2001),
Mazzolli et al. (2002), Cherem et al. (2004; 2008) e Cherem (2005).

Com os levantamentos, foram identificadas 96 espécies pertencentes a 8 ordens, 25


famílias e 66 gêneros, considerando-se aquelas já registradas e as de possível ocorrência,
com base na bibliografia disponível. Os morcegos representam 38,5% desse total (37
espécies distribuídas em 24 gêneros e 4 famílias), enquanto os roedores representam 28%
(27 espécies distribuídas em 19 gêneros e 10 famílias).

Com base nos estudos de Rosa (1998), Cella (1999), Prigol (1999), Dagostini (2002),
Fortes et al. (2002) e Farneda (2007), todos desenvolvidos na FLONA Chapecó, foram
registradas efetivamente na UC 25 espécies de mamíferos (Tabelas 6.7 e 6.8). Além
destas, segundo Müller (2007), outras 6 espécies foram citadas pelos moradores como
ocorrentes na FLONA Chapecó: Puma concolor (leão-baio), Leopardus pardalis (jaguatirica),
Lontra longicaudis (lontra), Spphigurus villosus (ouriço), Conepatus chinga (zorrilho) e
Pteronura brasiliensis (ariranha). Entretanto, parece ser pouco provável que C. chinga
ocorra na FLONA Chapecó, por se tratar de uma espécie típica de áreas abertas,
particularmente aquelas de campos nativos. Da mesma forma, é improvável que P.
brasiliensis (ariranha) habite a FLONA Chapecó, pois esta espécie está associada a
grandes rios e é considerada extinta no rio Uruguai, principal rio mais próximo da UC. A
ocorrência do puma pode acontecer de forma esporádica e ocasional, tendo em vista que a
área da FLONA Chapecó não comportaria uma população ou, mesmo, um indivíduo da
espécie.

Algumas outras espécies de mamíferos certamente ocorriam na área da FLONA


Chapecó, mas devem ter sido extintas em função do intenso desmatamento ocorrido no

144 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

oeste do estado de Santa Catarina e da pressão de caça. Entre estas espécies estão
Myrmecophaga tridactyla (Linnaeus, 1758) (tamanduá-bandeira), Panthera onca (Linnaeus,
1758) (onça), Chrysocyon brachyurus (Illiger, 1815) (lobo-guará), Speothos venaticus (Lund,
1842) (cachorro-vinagre), Tapirus terrestris (Linnaeus, 1758) (anta), Tayassu pecari (Link,
1795) (queixada) e Pecari tajacu (Linnaeus, 1758) (cateto). Em geral, isto reflete um padrão
denominado de truncamento ecológico, ou seja, perda de grandes espécies especializadas
pelo fato de ocorrerem em densidades muito baixas e/ou por possuírem grandes áreas de
vida (CHIARELLO, 1999).

Tabela 6.17: Espécies de Mamíferos Terrestres não Voadores Registradas ou de Possível


Ocorrência na Floresta Nacional de Chapecó
Status de
Táxon Nome comum Ambiente Ocorrência
conservação
Ordem Didelphimorphia
Família Didelphidae
Chironectes minimus
cuíca-d’água Al, Fa IU-NT C
(Zimmermann, 1780)
raposa ou gambá-
Didelphis albiventris Lund, 1840 Ab, Fi, Fa C
de-orelha-branca
Didelphis aurita Wied-Neuwied, raposa ou gambá-
Ab, Fi, Fa C
1826 de-orelha-preta
Gracilinanus microtarsus
guaiquiquinha Fi, Fa IU-NT P
(Wagner, 1842)
Lutreolina crassicaudata
cuíca Al, Fi, Fa C
(Desmarest, 1804)
Monodelphis sp. catita Ab, Fi, Fa IU-NT P
Philander frenatus (Olfers,
cuíca Al, Fa P
1818)
Ordem Xenarthra
Família Dasypodidae
Cabassous tatouay
tatu-de-rabo-mole Ab, Fi, Fa P
(Desmarest, 1804)
Dasypus hybridus (Desmarest,
tatu-mulita Ab, Fi, Fa IU-NT P
1804)
Dasypus novemcinctus
tatu-galinha Ab, Fi, Fa C
Linnaeus, 1758
Dasypus septemcinctus
tatu-mulita Ab, Fi, Fa P
Linnaeus, 1758
Euphractus sexcinctus
tatu-peludo Ab, Fi, Fa P
(Linnaeus, 1758)
Família Myrmecophagidae
Tamandua tetradactyla
tamanduá-mirim Ab, Fi, Fa P
(Linnaeus, 1758)
Ordem Primates
Família Atelidae
Alouatta caraya (Humboldt,
bugio-preto Fa P
1812)
Alouatta guariba (Humboldt,
bugio-ruivo Fa IU-NT P
1812)
Família Cebidae
Cebus nigritus (Goldfuss, 1809) macaco, mico Fi, Fa C
Ordem Carnivora
Família Canidae
Cerdocyon thous (Linnaeus, graxaim, cachorro-
Ab, Fi, Fa C
1766) do-mato
Família Felidae
Leopardus pardalis (Linnaeus,
jaguatirica Fi, Fa BR-VU P
1758)

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Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Tabela 6.17: Continuação


Status de
Táxon Nome comum Ambiente Ocorrência
conservação
Leopardus tigrinus (Schreber, gato-do-mato-
Ab, Fi, Fa IU-NT, BR-VU C
1775) pequeno
Leopardus wiedii (Schinz, 1821) gato-maracajá Fa BR-VU P
Puma concolor (Linnaeus,
leão-baio, puma Ab, Fi, Fa IU-NT, BR-VU P
1771)
Puma yagouaroundi (É. jaguarundi, gato-
Ab, Fi C
Geoffroy, 1803) mourisco
Família Mustelidae
Lontra longicaudis (Olfers,
lontra Al IU-DD P
1818)
Eira barbara (Linnaeus, 1758) irara Fi, Fa P
Galictis cuja (Molina, 1782) furão Ab, Fi, Fa C
Família Procyonidae
Nasua nasua (Linnaeus, 1766) quati Fi, Fa C
Procyon cancrivorus (G. Cuvier,
mão-pelada Ab, Al, Fi, Fa C
1798)
Ordem Artiodactyla
Família Cervidae
Mazama americana (Erxleben, veado-mateiro,
Fi, Fa IU-DD C
1777) veado-pardo
Mazama gouazoubira (G.
veado-virá Ab, Fi, Fa IU-DD P
Fischer, 1814)
veado-bororó, poca,
Mazama nana (Hensel, 1872) Fa IU-DD, BR-VU P
poquinha
Ordem Lagomorpha
Família Leporidae
Lepus europaeus (Pallas, 1778) lebre, lebrão Ab C
Sylvilagus brasiliensis
tapiti Fi, Fa P
(Linnaeus, 1758)
Ordem Rodentia
Família Sciuridae
Sciurus aestuans Linnaeus,
esquilo Fa C
1766
Família Cricetidae
Akodon montensis Thomas,
rato Ab, Fi, Fa P
1913
Akodon reigi González,
rato Ab, Fi, Fa P
Langguth e Oliveira, 1998
Brucepattersonius iheringi
rato Fa P
(Thomas, 1896)
Necromys lasiurus (Lund, 1841) rato Ab, Fi P
Nectomys squamipes (Brants,
rato Al, Fi, Fa P
1827)
Oligoryzomys flavescens
rato Ab, Fi P
(Waterhouse, 1837)
Oligoryzomys nigripes (Olfers,
rato Ab, Fi P
1818)
Oxymycterus judex Thomas,
rato Ab, Fi, Fa P
1909
Oxymycterus nasutus
rato Ab, Fi, Fa P
(Waterhouse, 1837)
Scapteromys sp. rato Al P
Sooretamys angouya (G.
rato Fa P
Fischer, 1814)
Thaptomys nigrita (Lichtenstein,
rato Fa P
1829)
Família Muridae

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Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

Tabela 6.17: Continuação


Status de
Táxon Nome comum Ambiente Ocorrência
conservação
camundongo-
Mus musculus Linnaeus, 1758 Ab, Fi, Fa P
doméstico
Rattus rattus (Linnaeus, 1758) rato-preto Ab, Fi P
Rattus norvegicus (Berkenhout,
ratazana Ab P
1769)
Sphiggurus villosus (F. Cuvier,
ouriço Fi, Fa P
1823)
Família Caviidae
Cavia aperea Erxleben, 1777 preá Ab C
Família Erethizontidae
Família Hydrochoeridae
Hydrochoerus hydrochaeris
capivara Ab, Al, Fi, Fa P
(Linnaeus, 1766)
Família Dasyproctidae
Dasyprocta azarae
cutia Fi, Fa IU-VU P
Lichtenstein, 1823
Família Cuniculidae
Cuniculus paca (Linnaeus,
paca Al, Fi, Fa C
1766)
Família Echimyidae
Kannabateomys amblyonyx
rato-da-taquara Fi, Fa C
(Wagner, 1845)
Phyllomys dasythrix Hensel,
rato-de-espinho Fa P
1872
Phyllomys medius (Thomas,
rato-de-espinho Fa P
1909)
Phyllomys sulinus Leite,
rato-de-espinho Fa P
Christoff e Fagundes, 2008
Euryzygomatomys spinosus (G.
rato Ab, Fi P
Fischer, 1814)
Família Myocastoridae
Myocastor coypus (Molina,
ratão-do-banhado Al C
1782)
Ambiente: Ab = áreas abertas; Al = áreas alagadas e rios; Fi = floresta em estágio inicial; Fa = floresta em
estágio médio e avançado. Status de conservação: IU = lista mundial (IUCN, 2006); BR = lista nacional (IBAMA,
2003), DD = dados insuficientes para se determinar a categoria de ameaça; NT = quase ameaçado; VU =
vulnerável; EN = em perigo; CR = criticamente em perigo. Ocorrência: C = confirmada (Rosa, 1998; Cella, 1999;
Prigol, 1999; Dagostini, 2002; Fortes et al., 2002; Farneda, 2007); P = possível (com base na distribuição
conhecida da espécie)

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Tabela 6.18: Lista das Espécies de Morcegos de Possível Ocorrência para Floresta Nacional de
Chapecó
TÁXON Já registrada Status**
na FLONA* Paraná Brasil Argentina
Noctilionidade
Noctilio albiventris
Noctilio leporinus
Phillostomidade
Anoura caudifer VU
Artibeus fimbriatus NT
Artibeus lituratus NT
Artibeus obscurus
Carollia perspicillata x VU
Chrotopterus auritus x VU NT
Desmodus rotundus
Diaemus youngii CR DI
Diphylla ecaudata VU DI
Glossophaga soricina VU
Macrophyllum macrophyllum
Micronycteris sylvestris
Platyrrhinus linneatus NT
Pygoderma bilabiatum VU
Sturnira lilium x
Tonatia bidens VU DI
Vampyressa pussilla DI
Vespertilionidade
Eptesicus brasiliensis DI
Eptesicus diminutus
Eptesicus furinalis
Eptesicus taddeii
Histiotus velatus DI
Lasiurus blossevillii
Lasiurus cinereus
Lasiurus ega
Myotis albescens
Myotis Levis x
Myotis nigricans
Myotis riparius
Myotis rubber x VU NT
Myotis simus x NT
Molossidae
Cynomops abrasus NT
Eumops auripendulus DI
Molossops temminckii
Molossus ater
Molossus molossus
Promops nasutus
Tadarida brasiliensis
* Os registros de ocorrência confirmadas na FLONA Chapecó são baseados nos trabalhos compilados por Muller
(2007). O registro de possível ocorrência é baseado em: Chebez, 1996; Barquez et al., 1999; Diaz & Ojeda,
2000, Sekiama et al., 2001; Dagostini & Fortes, 2002; Cherem et al., 2004 Mikich &; Bernils, 2004 e Cherem et
al., 2008. **Estado de conservação e grau de ameaça segundo IUCN (2006) e MMA (2006) - VU: Vulnerável, NT:
Quase Ameaçada. DI: Dados Insuficientes. A classificação dos status de conservação das espécies foi elaborada
pela união das listas vermelhas do estado do Paraná, Argentina, IUCN e MMA

148 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

6.10.4.4 Quiropterofauna

Dentre as fitofisionomias da Mata Atlântica na região Sul, destaca-se uma formação


florestal de grande potencial cênico, cuja espécie predominante, a araucária Araucaria
angustifolia, torna essa formação, denominada Floresta Ombrófila Mista (FOM),
verdadeiramente singular. Por ocorrer em elevada frequência e com indivíduos de porte
majestoso, produzindo madeira de superior qualidade, a A. angustifolia foi alvo de intensa
exploração madeireira, o que resultou na redução drástica de sua área de ocorrência
original, bem como de toda a formação florestal (MEDEIROS et al., 2005).

A área de ocorrência da Floresta Ombrófila Mista no Brasil era de aproximadamente


200.000 km2 e, hoje, estima-se que os remanescentes nos estágios primários ou avançados
não perfazem mais de 0,7% da área original (MMA, 2002), tornando-a uma das tipologias
mais ameaçadas do bioma Mata Atlântica (MEDEIROS et al., 2005).

Os estudos sobre a composição faunística são ferramentas básicas para embasar o


manejo e conservação de áreas naturais, principalmente em áreas de grande endemismo,
como a Mata Atlântica (HADDAD, 1998). Trabalhos de levantamentos possibilitam conhecer
aspectos ecológicos importantes das comunidades, tais como a sua estrutura e composição
(WHITTAKER, 1970).

Os morcegos são mamíferos pertencentes à Ordem Chiroptera e são boas fontes de


informações para o estudo da diversidade, interação competitiva e respostas para o estudo
das flutuações do ambiente, tanto pela abundância e pelo número de espécies coexistindo
em uma mesma área (MARINHO-FILHO, 1985), quanto pela diversidade de interações
ecológicas que os envolvem nas florestas neotropicais, as quais incluem dispersão de
sementes, polinização de flores e predação de artrópodes e pequenos vertebrados
(HEITHAUS et al., 1975; FARIA, 1995).

A importância funcional dos morcegos para a dinâmica dos ecossistemas tropicais é


sugerida pela diversidade e densidade relativa de espécies de morcegos, os quais podem
alimentar-se de frutas, néctar e pólen, insetos e/ou pequenos vertebrados e sangue
(MARINHO-FILHO, 1991). Esberárd (2000) exemplifica esta importância citando que um
morcego de 145 gramas pode espalhar 6.000 sementes em uma única noite.

Diferentes espécies de morcegos podem estar coexistindo em uma mesma área,


através de diferentes mecanismos que atuam isoladamente ou em conjunto, sendo eles: a
utilização do recurso alimentar em diferentes horários, preferências na dieta ou no tamanho
de frutos ou insetos (MARINHO-FILHO, 1985).

Foram efetuadas coletas em seis localidades da FLONA Chapecó (Mapas 6.16 e


6.17), sendo cinco na Gleba I: sede (2 campanhas), reflorestamento de pínus (2
campanhas), reflorestamento de araucária (2 campanhas), estrada Guatambu (colônia, 1
campanha) e trilha da Barragem (2 campanhas), e um ponto no entorno imediato da Gleba II
(1 campanha).

Ao final de duas campanhas de 10 dias em campo cada (entre os dias 02 e 11 de


fevereiro e 08 a 18 de junho de 2009) com um esforço de 25.758 m2.h, foram realizadas 120
capturas de morcegos pertencentes a 6 gêneros, 9 espécies e 2 famílias (Figuras 6.54,
6.55, 6.56 e 6.57).

Das espécies encontradas, Eptesicus brasiliensis, Eptesicus taddeii, Histiotus


montanus, Myotis nigricans, Lasiurus blossevillii e Artibeus lituratus foram registrados pela
primeira vez nesta Unidade. Com isso, unindo os dados com trabalhos passados, são
registradas até o momento, 14 espécies de morcegos para Floresta Nacional de Chapecó.
Não foram computados os exemplares que não obtiveram identificação a nível específico. A
149 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

seguir, é apresentada uma breve descrição das espécies registradas na FLONA Chapecó
pelo presente trabalho e trabalhos anteriores (Tabela 6.19)

Figura 6.54: Espécie Eptesicus taddeii Figura 6.55: Espécie Histiotus montanus
Capturada Durante a AER na FLONA Chapecó Capturada Durante a AER na FLONA
Chapecó

Figura 6.56: Espécie Sturnira lilium Capturada Figura 6.57: Espécie Artibeus lituratus
Durante a AER na FLONA Chapecó Capturada Durante a AER na FLONA
Chapecó

150 
Mapa 6.16: Áreas de Coleta de Morcegos na Floresta Nacional de Chapecó, Gleba I

151 
Mapa 6.17: Área de Coleta de Morcegos na Floresta Nacional de Chapecó, Gleba II

152
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Tabela 6.19: Lista das Espécies de Morcegos Ocorrentes e de Possível Ocorrência para
Floresta Nacional de Chapecó e seu status de Conservação
Registrada Status de Conservação**
Já registrada
TAXON neste
na FLONA* PR RS SC MMA/IUCN Argentina
trabalho
NOCTILIONIDAE
Noctilio albiventris
Noctilio leporinus
PHILLOSTOMIDAE
Anoura caudifer VU
Artibeus fimbriatus NT
Artibeus lituratus X NT
Artibeus obscurus
Carollia perspicillata X VU
Chrotopterus auritus X VU NT
Desmodus rotundus
Diaemus youngii CR DD
Diphylla ecaudata VU EN
Glossophaga soricina VU
Macrophyllum
Micronycteris sylvestris
Platyrrhinus linneatus NT
Pygoderma bilabiatum VU
Sturnira lilium X X
Tonatia bidens VU CR DD (IUCN) DD
Vampyressa pussilla DD
VESPERTILIONIDAE
Eptesicus brasiliensis X DD
Eptesicus diminutus X DD (IUCN)
Eptesicus furinalis X X
Eptesicus taddeii X
Histiotus montanus X
Histiotus velatus DD
Lasiurus blossevillii X
Lasiurus cinereus
Lasiurus ega
Myotis albescens
Myotis levis X
Myotis nigricans X NT
Myotis riparius
Myotis ruber X VU VU (MMA) NT
Myotis simus X X VU NT (IUCN)
DD (IUCN) NT
MOLOSSIDAE
Cynomops abrasus DD (IUCN) NT
Eumops auripendulus DD
Molossops temminckii VU
Molossus ater
Molossus molossus
Promops nasutus
Tadarida brasiliensis
*Todos os trabalhos utilizaram o mesmo instrumento de captura (rede de neblina) para registro.
**Em STATUS: Estado de conservação e grau de ameaça – CR: Criticamente ameaçada, EN: Em perigo; VU:
Vulnerável, NT: Quase Ameaçada, DD: Dados Insuficientes. Em destaque (negrito) as espécies com algum
grau de ameaça e com ocorrência confirmada na UC.

153 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Perda de locais de forrageio e abrigo

A manutenção de florestas nativas e áreas bem preservadas na UC, bem como


corredores que às liguem a outras áreas existentes na região, é de grande importância, pois
haveria passagem para espécies e abrigos naturais diferentes, como as calhas de rios para
morcegos que utilizam grutas ou fendas. Outra vantagem na manutenção das áreas nativas,
sem interferência em sua estrutura, é que possibilita a existência de árvores altas e antigas
permitindo a existência de ocos e epífitas, que servem de abrigo para a maioria dos
morcegos. Pois, muitos deles têm uma relação maior com o local de abrigo do que com a
proximidade de locais de forrageio, então, a presença apenas de alimento, não é o único
fator que determina a presença ou não dos morcegos.

Espécies ameaçadas

De acordo com os dados secundários e primários levantados pelo presente estudo,


pode-se observar, até o momento, o registro confirmado para FLONA Chapecó de apenas 3
espécies com algum grau de ameaça (Chrotopterus auritus, Myotis ruber e M. simus).
Chega-se a esse dado tendo-se como referência a lista de espécies da fauna brasileira
ameaçada de extinção (MMA38), a lista do Paraná39, do Rio Grande do Sul40 e a da IUCN41.
Apenas M. simus se encontra na lista do estado de Santa Catarina42, sendo também a única
entre as três registradas como dado primário no presente trabalho.

6.11 Incêndios

Os registros de incêndio na Floresta Nacional de Chapecó são feitos principalmente


por relatos locais, existindo somente registro documental relatando o ocorrido. Segundo os
relatos, os incêndios ocorreram, principalmente, na década 80 e 90. O primeiro incêndio
aconteceu na década de 70 no talhão 1, com plantio de pínus. Ele ocasionou a perda de 3
hectares de plantas ainda jovens, e foi causado pela queima realizada na propriedade
vizinha. O talhão 1 sofreu novamente um novo incêndio em 1980 atingindo
aproximadamente metade do talhão, porém, sem prejudicar a vitalidade das árvores. Na
ocasião, o novo incêndio foi ocasionado por restos de fogo utilizado para aquecer as
refeições dos trabalhadores que realizavam o primeiro desbaste deste talhão. Outros
talhões de pínus tiveram a incidência de incêndio causada principalmente por vândalos, tais
como o talhão 8 (queima de aproximadamente 2 hectares, com morte de algumas árvores),
talhão 11 (queima de menos de 1 hectare, com morte de poucas árvores), talhão 15 (queima
de aproximadamente 0,5 hectare, sem causar danos às árvores), talhão 17 (queima de
aproximadamente 2 hectares, sem causar danos às árvores). Na vegetação nativa, na
Gleba I, ocorreu a queima de pequena área ocupada por samambaias secas com fogo de
origem da propriedade vizinha e na Gleba II em pequena área, provocada por incendiários.

Um dos últimos incêndios florestaies e com registro escrito em boletim de ocorrência


aconteceu em 8 de junho de 2005, provavelmente provocado por vândalos devido à
existência de vários focos de incêndio. Ele atingiu principalmente o talhão 14 (pínus) em
aproximadamente 5 hectares, causando danos à regeneração natural. Tal incêndio foi
combatido pelos servidores da FLONA Chapecó com o auxílio do Corpo de Bombeiros de
Chapecó.

38
Instrução Normativa N°3, de 27 de maio de 2003
39
Mikich &; Bernils, 2004
40
MARQUES, A. A. B. et al, 2002
41
Disponível em http://www.iucnredlist.org/, acessado em 3 de maio de 2011
42
Elaborada pela organização civil sem fins lucrativos IGNIS, disponível em http://ignis.org.br/lista/, acessado em 3 de maio de
2011

154 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

Mais recentemente, em setembro de 2010, ocorreu pequeno incêndio no talhão 15, as


margens do acesso a sede administrativa da Unidade, sendo combatido pelo Corpo de
Bombeiros de Chapecó e pelos servidores da FLONA Chapecó.

A prática do uso do fogo pela população do entorno é pouco comum, observando-se,


porém, de forma isolada para a limpeza de áreas destinadas para agricultura, silvicultura e
pasto, principalmente após o inverno. Apesar do pequeno número de eventos de incêndios
florestais, a existência de vias que cortam ou delimitam a FLONA Chapecó (rodovia e
estradas), a presença de camada de acículas sobre o solo, as ocorrências de geadas e a
incidência da seca da taquara, distribuída na vegetação nativa (ocorrida em 2006), são
características que propiciam a ocorrência de incêndios.

Como medida de controle de incêndios florestais, na Gleba I da FLONA Chapecó, há


aceiros externos, que circundam as áreas ocupadas por plantios florestais, e internos, que
dividem os talhões. Na vegetação nativa, em áreas de limites com cercas, eram mantidas
faixas limpas até os anos 90, utilizando-se de mão de obra da Unidade, fazendo-se a roçada
com foice e trator nos locais possíveis. Atualmente, grande parte dos aceiros dos plantios é
mantida limpa. A manutenção é realizada pelos servidores da UC, utilizando trator e
roçadeira acoplada, com exceção de alguns aceiros, que, pela falta de manutenção, não
foram mantidos e possuem atualmente vegetação arbórea estabelecida. Esta Gleba ainda
possui pontos para captação de água, em especial os açudes localizados próximos a sede
administrativa e acessos para veículos ao interior dos plantios, através dos aceiros, e de
caminhos no interior da vegetação nativa.

Na Gleba II, a existência de aceiros restringe-se aos limites do único talhão de pínus
plantado, que não vêm sendo mantidos. Como pontos para captação de água, há a
existência de pequenos cursos d’água. Não há acessos para veículos no interior da
Unidade.

Atualmente, a FLONA Chapecó possui os seguintes equipamentos de combate a


incêndios florestais, que estão localizados na Gleba I (Quadro 6.6):

Quadro 6.6: Equipamentos de Combate a Incêndios Florestais na FLONA Chapecó (Gleba I)


Equipamento Quantidade Observação
Pinga fogo 2 Nunca utilizado
Sistema de pressão
Bomba costal 20 l 4
inadequado à função
Sistema de pressão
Bomba costal 5 l 1
inadequado à função
Abafador 11 Um sem cabo
Trator de pneu, com lâmina, garfo e concha 1 Ótimo estado
Motosserras 2 Ótimo estado

155 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

7 CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DAS ATIVIDADES PRÓPRIAS AO USO MÚLTIPLO,


CONFLITANTES E ILEGAIS

Neste item são apresentadas informações sobre as atividades que atualmente são
desenvolvidas na UC, que estão de acordo com os objetivos de uma Floresta Nacional, que
são atividades conflitantes e as atividades ilegais.

7.1 Atividades Próprias ao Uso Múltiplo

Pesquisa científica

Por ser um dos poucos fragmentos de Floresta Ombrófila Mista da região do Oeste de
Santa Catarina, a Floresta Nacional de Chapecó torna-se atrativa para a comunidade
científica, sendo desenvolvidas diversas pesquisas sobre a sua flora e fauna.

Por sua proximidade com a Unidade, a Universidade Comunitária da Região de


Chapecó (UNOCHAPECÓ) é hoje a instituição que mais desenvolve pesquisas dentro da
UC, sendo estas pesquisas realizadas com a fauna, principalmente. Outras instituições de
ensino que desenvolveram pesquisas na FLONA Chapecó são a UNOESC, UNC, UFSM e
FURB, além da EPAGRI e empresas como a Socioambiental Consultores Associados e BM
Consultoria Ambiental.

Foi elaborada uma lista de pesquisas realizadas na UC de 1994 a 2009 (anexo a este
Volume) onde constam cerca de 1 boletim técnico, 46 projetos de pesquisa, 24 monografias
de graduação, 5 relatórios de estágio, 2 relatórios de iniciação científica, 7 relatórios, 1
resumo, 9 artigos e 3 dissertações de pós-graduação. Do total de 102 pesquisas listadas,
47,05% (48) tiveram como tema a flora local, 45,09% (46) pesquisaram sobre a fauna e
7,86% (8) trataram de temas ambientais como educação ambiental, gestão e manejo da
FLONA Chapecó.

De todas as pesquisas listadas desenvolvidas na Gleba I e II da FLONA Chapecó, 66


encontram-se na Unidade, representando importantes materiais de apoio ao conhecimento
da UC. No entanto, há pesquisas que se encontram em andamento, listadas no Quadro 7.1.

Quadro 7.1: Lista de Pesquisas em Desenvolvimento na FLONA Chapecó


Lista de Pesquisas em desenvolvimento na FLONA Chapecó
Autor Título Instituição
Thais de Beauclair Estrutura genética e filogeografia de Tillandsia UFRGS
Guimarães aeranthos (Bromeliaceae) na América do Sul
Subtropical
Marisa de Campos Taxonomia e ecologia de Phellinus sensu lato UFRGS
Santana (Basidiomycota) na Região Sul do Brasil
Rubens Onofre Conservação in situ e Filogeografia de Goiabeira UFSC
Nodari serrana (Acca sellowiana): coleta e caracterização
genética de populações naturais na área de
ocorrência no sul do Brasil.
Fernanda Karstedt Diversidade de Entolomataceae com basidiósporos Instituto de Botânica
cuboides no Brasil: revisão taxonômica e
contribuição para a filogenia molecular
Thais de Beauclair Estrutura genética e filogeografia de Tillandsia UFRGS
Guimarães aeranthos (Bromeliaceae) na América do Sul
Subtropical
Mauro Carpes Sistemática e Biologia de Políporos (Basidiomycota) Instituto de Botânica

156 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

Westphalen do Sul Do Brasil: gêneros Antrodiella, Flaviporus,


Junghuhnia e Tyromyces.
Gilza Maria de Papel da Floresta Nacional de Chapecó na Fundação
Souza Franco conservação da qualidade das águas na Bacia do Universitária do
Rio Tigre, Santa Catarina. Desenvolvimento do
Oeste
Giovana Secretti Levantamento florístico em remanescente florestal Fundação
Vendruscolo na Floresta Nacional de Chapecó, Chapecó, Santa Universitária do
Catarina. Desenvolvimento do
Oeste
Luciana da Silva Levantamento florístico e filogenia molecular das Universidade
Canez espécies brasileiras de Punctelia (Parmeliaceae, Federal do Rio
Ascomycota Liquenizados) Grande – FURG
Geraldo Ceni Estudo comparativo de métodos de regeneração de UFFS
Coelho floresta ciliar
Gilza Maria de Importância da FLONA Chapecó na preservação da Fundação
Souza Franco diversidade de macroinvertebrados bentônicos na Universitária do
Bacia do Rio Tigre, Santa Catarina Desenvolvimento do
Oeste
Eliara Solange Espécies ameaçadas de extinção no oeste de Santa Fundação
Muller Catarina: tamanho populacional e aspectos da Universitária do
biologia e ecologia. Desenvolvimento do
Oeste
Bruno Madalozzo Invasão da rã-touro, Lithobates catesbeianus, em UFSM
matrizes florestais e áreas adjacentes no sul do
Brasil

A Empresa de Pesquisa e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI) também


desenvolve pesquisas na Unidade abrangendo 3 linhas de pesquisa:

1. Coleta, armazenamento, avaliação, conservação genética e produção de


sementes/procedências selecionadas de Eucalyptus spp. e, introdução e avaliação de
outras espécies

2. Conservação genética e produção de sementes de erva-mate (Ilex paraguariensis St.Hil.)


para a região Oeste de Santa Catarina;

3. Avaliação do crescimento e do potencial produtivo da espinheira santa (Maytenus ilicifolia)


a pleno sol e sombreada.

Uso Público

A Floresta Nacional de Chapecó, atualmente, está com as atividades de uso público


restrita somente a visitas pré-agendadas, para atividades de educação ambiental e
pesquisa, devido à falta de infraestrutura adequada e de pessoal para recebimento do
grande número de visitantes que procuravam a Unidade. Em função dessa falta de
estrutura, o atendimento e repasse de informações a respeito da UC e seus objetivos
ficavam prejudicados. Conforme os dados colhidos nas listas de visitantes da FLONA
Chapecó, anualmente a Unidade recebia mais de 5 mil visitantes e, nos finais de semana, já
chegou a ter mais de 100 pessoas ocupando a área entorno dos açudes (Quadro 7.2).

157 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Quadro 7.2: Número de Visitas à FLONA Chapecó no Período de 2005 a 2010


QUANTITATIVO MENSAL DE VISTAS POR ANO
MÊS
2005 2006 2007 2008 2009 2010
Janeiro 1194 1.155 622 266 0 0
Fevereiro 767 781 520 544 0 0
Março 503 629 472 617 0 37
Abril 322 459 438 225 25 111
Maio 134 311 520 256 0 0
Junho 77 255 409 150 10 0
Julho 286 186 322 312 203 0
Agosto 318 173 310 329 45 0
Setembro 117 314 419 284 10 100
Outubro 374 886 580 337 * 44 29
Novembro 957 425 599 128 50 10
Dezembro 1045 561 389 83 31 50
TOTAL ANUAL: 6.094 6.135 5.600 3.531 418 337
* Refere-se ao mês em que a Unidade foi fechada para a visitação sem agendamento prévio.
Fonte: Arquivos Floresta Nacional de Chapecó

As principais atividades desenvolvidas pelos visitantes da FLONA Chapecó eram


recreação ao ar livre em local próximo à Sede Administrativa, com disponibilidade de
churrasqueiras e quiosques, e banho e pesca em um dos açudes (Figura 7.1). Os principais
atrativos da UC são os açudes, o quiosque, a vegetação e a fauna, sendo a avifauna a que
mais facilmente desperta a atenção dos visitantes.

Figura 7.1: Área do Açude e Vista do Quiosque em Local de Recreação ao Ar Livre


Próximo à Sede Administrativa

Educação ambiental

Atualmente, e de forma eventual, a FLONA Chapecó recebe escolas da região e


outros grupos interessados em visitar a Unidade. A atividade objetiva atender a demanda
por informações referentes ao meio ambiente e consiste em uma apresentação sobre a
FLONA Chapecó, seus objetivos e sua importância, com data-show ou reportagem gravada
e fotos (estas para faixas etárias mais baixas) e a realização de caminhada na trilha das
Araucárias para visualização da flora e fauna local. É distribuído também folhetos com
informações sobre as UCs, a Floresta Nacional de Chapecó e seus objetivos.

Na Figura 7.2 é demonstrado o traçado da Trilha das Araucárias e sua localização na


Gleba I. A trilha é circular, com aproximadamente 2,5 km de extensão. Percorre talhões com
reflorestamento de pínus e um trecho com Araucárias plantadas. A trilha passa por um

158 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

açude, cruza sangas e dá acesso à Lagoa da Rã. No percurso, não existem pontos
específicos de abordagem, sendo realizadas explicações genéricas dos locais onde o grupo
encontra-se, de acordo com os objetivos da visita e com as perguntas que surgem durante a
caminhada.

Figura 7.2: Traçado da Trilha das Araucárias na FLONA Chapecó – Gleba I

Conselho Consultivo

A FLONA Chapecó possui Conselho Consultivo desde 2004. Ele foi constituído
através da Portaria nº 68, de 8 de julho de 2004, com a participação de 16 entidades,
regidas pelo Regimento Interno aprovado através da Portaria nº 69 da mesma data. Após o
término do mandato em julho de 2006, iniciou-se o processo de renovação do Conselho
Consultivo da FLONA Chapecó, sendo formado em reunião no dia 22 de novembro de 2006,
com o ingresso de novas entidades e a saída de duas do conselho anterior, totalizando 19
entidades. Apesar de formado e com reuniões periódicas, a renovação deu-se somente
2008, através da Portaria nº 81, de 13 de outubro de 2008.

O Regimento Interno também sofreu adaptações feitas com a colaboração de um


Grupo de Trabalho formado pelo Conselho Consultivo, sendo aprovado pelo Conselho
Consultivo em reunião ordinária na data de 25 de abril de 2007. Dentro do Conselho
Consultivo da FLONA Chapecó foram formadas Câmaras Técnicas e Grupos de Trabalho,
que prestam apoio em diferentes questões relacionadas à UC.

Em 2011, considerando o interesse em ampliar a gestão participativa e contribuir


com as ações voltadas ao planejamento e desenvolvimento da Floresta Nacional de
Chapecó, um novo processo de renovação do Conselho foi iniciado, estando em trâmite
dentro do Órgão.

159 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Proteção dos recursos ambientais

Pela limitação de servidores, a fiscalização na área da Unidade fica limitada,


principalmente aquela referente à Gleba II, que, pela ausência de equipe local, é realizada
de forma esporádica. Procura-se identificar pontos de entrada de pessoas, visando
intensificar a fiscalização destas, instalar placas proibitivas e reparar eventuais danos às
cercas existentes.

São realizadas, também, operações de fiscalização no entorno da Floresta Nacional,


em atendimento a denúncias de degradação ambiental e acompanhamento, quando
possível, de obras e atividades com potencial causador de degradação ambiental.

7.2 Atividades Conflitantes

Rodovia e estradas

Duas vias cruzam a Gleba I da Floresta Nacional de Chapecó, a rodovia BR/SC-283


e uma estrada não pavimentada. A BR/SC-283 corta a FLONA Chapecó no sentido leste-
oeste, dá acesso à Unidade e liga Chapecó ao município de São Carlos. A estrada cruza a
UC no sentido norte-sul e liga o município de Guatambu a BR/SC-283 e ao distrito de Alto
da Serra, Chapecó.

Apesar da existência de placas indicativas de controle de velocidade na BR/SC-283,


esta não é respeitada, o que causa atropelamentos de animais silvestres que cruzam a
rodovia. Outro problema proporcionado pela rodovia é o depósito de lixo na beira da via, o
que acaba adentrando a Unidade.

Na estrada, além do atropelamento da fauna, depósito de lixo, drenagem deficiente,


causando pontos de erosão e facilidade de acesso não autorizado na FLONA Chapecó, a
manutenção é feita de forma empírica, o que ocasionou o rebaixamento e o alargamento da
via em detrimento a árvores lindeiras.

Na Gleba II, a manutenção inadequada da estrada que a delimita em parte causa


pontos de erosão e assoreamento de cursos d’água, além do alargamento da via em direção
da Unidade.

Linha de Distribuição de Energia

Corresponde à faixa de servidão da linha de distribuição de energia da CELESC que


cruza a FLONA Chapecó no sentido norte/sul, entre a Fazenda Zandavalli e a sede do
município de Guatambu, e uma ramificação que segue sentido ao município de Planalto
Alegre. Sua existência causa descontinuidade da vegetação, em especial no trecho que
incide sobre a floresta nativa.

7.3 Atividades Ilegais

Caça

Já foram encontrados vestígios e foram registrados relatos locais de que ocorre a


entrada de caçadores no interior da FLONA Chapecó. A fiscalização é realizada
identificando os pontos de entrada ilegal dentro da Unidade para intensificação da
fiscalização nestes locais e instalações de placas informativas. Entretanto, pela limitação do

160 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

número de servidores, a fiscalização na Unidade fica limitada, sendo solicitado apoio da


Polícia Militar Ambiental.

Retirada de pinhão

Nos meses de coleta do pinhão, abril a julho, durante as rondas de rotina na UC,
evidencia-se a entrada de pessoas não autorizadas na Unidade para a retirada de pinhões
através dos rastros do movimento intenso de pessoas. Em muitos casos, constata-se a
derrubada de pinhas ainda imaturas.

161 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

8 ASPECTOS INSTITUCIONAIS

Este item aborda a disponibilidade de recursos, a infraestrutura disponível para as


atividades desenvolvidas, além de outros aspectos importantes para o bom funcionamento
da Unidade, tais como entraves no fluxo de informações e na execução financeira. Este
último foi levantado a partir da análise das planilhas orçamentárias dos três anos anteriores
à elaboração deste Plano.

8.1 Pessoal

No Quadro 8.1, são apresentados a equipe integrante de servidores da Floresta


Nacional de Chapecó, com suas respectivas funções, formação e tempo de serviço no órgão
gestor da Unidade.

Quadro 8.1: Pessoal Integrante da Equipe da FLONA Chapecó

Tempo de Serviço
Nome IBAMA/ICMBIO Idade Escolaridade Cargo
TOTAL
/OUTROS
Engenheiro Florestal,
Juares Andreiv 08 06 35 Analista Ambiental
M.Sc.
Contadora,
Neiva Maria da Analista
37 37 61 Especialização MBA
Silva Administrativo
em Gestão Ambiental
João Chaves 43 43 67 Médio Técnico Ambiental

Onório Heuko 43 43 58 Médio Técnico Ambiental

8.2 Infraestrutura e Equipamentos

A sede administrativa da Unidade localiza-se no interior da Gleba I, onde estão


localizadas onze (11) edificações, listadas no Quadro 8.2:

Quadro 8.2: Infraestrutura Imobiliária da FLONA Chapecó


Quantidade Edificação Estado de conservação
1 Escritório Regular
1 Garagem/depósito/almoxarifado Bom
6 Residências (uma atualmente desocupadas) Entre regular e ruim
1 Alojamento Regular
1 Galpão Ruim
1 Guarita (vigilância) Bom

Todas as edificações são em madeira, exceto a guarita, e o abastecimento de água é


executado através do uso de um poço artesiano (uso apenas na Unidade), mas que possui
problemas de infiltração, necessitando de reforma ou substituição.

O abastecimento elétrico sofreu uma reforma em 2007 e teve novas instalações da


fiação elétrica, postes, iluminação e transformador, utilizando parte dos recursos destinados
à compensação ambiental pelo empreendimento denominado UHE Foz do Chapecó. Uma
linha telefônica, antiga e obsoleta (sistema de telefonia celular rural fixa) serve a UC (Gleba
I), necessitando a instalação de um sistema mais moderno, que permita uma boa qualidade
das ligações. Não há sistema de comunicação entre a sede e o pessoal de campo
(radiocomunicação). A Unidade é servida por internet via satélite. A Gleba conta ainda com
uma estrutura de recreação, que possui 2 açudes, 2 quiosques, além de mesas, bancos e
churrasqueiras.

162 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

Esta Gleba possui cercas de arame farpado em várias divisas secas, porém, em
péssimo estado de conservação, necessitando de reforma. Nestas divisas, há alguns
marcos de madeira antigos. A sinalização é composta por placas indicativas ao longo do
trecho da rodovia BR/SC-283, que corta a Unidade, por um portal em sua entrada e por
placas proibitivas e informativos em seu interior.

A circulação interna compõe-se de: acesso principal, a partir do portal de entrada às


margens da rodovia BR/SC-283, que dá acesso à sede administrativa, área de recreação e
casas funcionais, com extensão de 600 metros e recoberta com rejeito de asfalto; acessos
secundários com portão a partir da estrada de terra que corta a Unidade; aceiros entre os
talhões de pínus, eucalipto e araucária, em sua maioria em condições de circulação por
tratores e caminhonetas; trilhas internas tanto nos talhões quanto nas áreas com vegetação
nativa para circulação com veículos e a pé. Não há acesso interno entre a sede da UC e a
porção leste da Unidade, separadas pelo rio Tigre, necessitando a consolidação deste
acesso para a execução das atividades da Unidade, em especial a fiscalização e o manejo
florestal.

O saneamento básico é constituído de fossas negras, necessitando substituição. A


coleta de lixo é feita semanalmente por empresa terceirizada pela Prefeitura Municipal de
Guatambu para o atendimento municipal. Em 2008, foi iniciado o processo de compostagem
e, em 2009, iniciou-se o procedimento de separação do lixo seco produzido dentro da
FLONA Chapecó.

A Gleba II não conta com edificações, entretanto é servida de energia elétrica por
postes colocados na via que contorna parte da Gleba. Não há fornecimento de água potável,
apesar da verificação de pequenas sangas em seu interior com potencial de utilização.

Nesta Gleba, não há cercas em seus limites e apenas poucos marcos de madeira
antigos. Não há qualquer tipo de sinalização indicativa, informativa ou proibitiva. A
circulação externa é feita por uma via municipal que circunda as faces leste (em parte), sul e
oeste da Gleba, e a interna é feita somente a pé pelo interior da floresta e por antigo aceiro,
que contornava o talhão de pínus existente.

A Gleba III possui uma construção em madeira com sistema de fornecimento de


energia elétrica. O objetivo inicial era que a construção servisse como escritório da FLONA
Chapecó, porém, o imóvel não foi utilizado e se encontra, atualmente, em estado de
conservação precário.

A construção é envolta por áreas de circulação (gramados, calçadas) e árvores


isoladas. Não é cercada e não possui marcos. Também não conta com sinalização.

A Unidade dispõe de 4 veículos movidos a diesel e 1 a gasolina, em ótimo estado de


conservação, com as seguintes características:

 Caminhonete Ford Ranger 4X4 cabine dupla, ano 2007;

 Caminhonete Ford Ranger 4X4 cabine dupla, ano 2004;

 Moto Honda Tornado 250, ano 2007;

 Trator de pneu 120 cv, ano 2007;

 Microtrator 11 cv, ano 2007.

163 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Os outros equipamentos disponíveis na Unidade, assim como o seu estado de


conservação, estão listados no Quadro 8.3.

A Unidade possui alguns equipamentos de proteção individual, como perneiras,


capacetes, luvas, assim como facões para as atividades de campo.

Quadro 8.3: Demais Equipamentos Elétricos/Eletrônicos


Equipamento Quantidade Observação
Aquecedores 3 Em bom estado de conservação
Betoneira 1 Em bom estado de conservação
Bomba centrífuga 1 Em bom estado de conservação
Bomba hidráulica 1 Em bom estado de conservação
Bomba para lavagem 1 Em bom estado de conservação
Calculadora científica 1 Não funciona
Circulador de ar 1 Em bom estado de conservação
Compressor de ar 1 Necessita conserto
Condicionador de ar 3 Regular estado de conservação
CPU 2 Bom e regular estado de conservação
DVD 1 Em bom estado de conservação
Esmirilhadeira 2 Em bom estado de conservação
Três em bom estado de conservação, outro
Estabilizador de voltagem 4
não funciona
GPS 3 Em bom estado de conservação
HUB 1 Em bom estado de conservação
Impressora laser 2 Em bom estado de conservação
Impressora multifuncional jato de tinta Em regular estado de conservação
1
colorida
Liquidificador 1 Em regular estado de conservação
Máquina de escrever 1 Em bom estado de conservação
Máquina de lavar roupas 1 Em bom estado de conservação
Máquina fotográfica 2 Em bom estado de conservação
Máquina furadeira 1 Necessita conserto
Monitor 4 Em bom estado de conservação
Moto esmeril 1 Em bom estado de conservação
Notebooks 3 Em bom estado de conservação
Projetor multimídia 1 Em bom estado de conservação
Dois em bom estado de conservação, um
Rádio gravador 3
necessita conserto
Refrigerador 2 Em bom estado de conservação
Retroprojetor 1 Em bom estado de conservação
Serra circular 1 Em bom estado de conservação
Telefax 1 Necessita conserto

164 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

Equipamento Quantidade Observação


Televisor 1 Em regular estado de conservação
Tranformador de voltagem 1 Em bom estado de conservação
Ventilador de coluna 2 Em bom estado de conservação
Vídeo cassete 1 Necessita conserto

8.3 Estrutura Organizacional

A Unidade é administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da


Biodiversidade – ICMBio, com sede nacional em Brasília. A FLONA Chapecó possui chefia
local e vinculação técnica com a Coordenação Regional 9 (CR9) para assuntos técnicos. A
parte financeira é vinculada à Unidade Avançada de Administração e Finanças - UAAF Foz
do Iguaçu.

Em função do reduzido número de servidores na Unidade, não há um fluxograma


interno instituído, sendo desenvolvidas as questões técnicas, administrativas e de apoio
pelos servidores.

8.4 Recursos Financeiros

No Quadro 8.4 são demonstrados os valores em reais, gastos nos anos de 2006,
2007 e 2008 com suas respectivas rubricas.

Quadro 8.4: Execução Orçamentária da FLONA Chapecó, Valores em Reais (R$)


Rubrica 2006 2007 2008
3390.30 - Material de Consumo 3.005,00 13.431,31 10.813,15
3390.36 - OST-PF 0,00 0,00 0,00
3390.39 – OSTPJ 165,00 5.638,00 2.843,73
Total Aplicado 3.170,00 19.069,31 13.656,88

8.5 Cooperação Institucional

A Floresta Nacional de Chapecó possui cooperação institucional com a Empresa de


Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina – EPAGRI, objetivando o
estabelecimento de intercâmbio técnico, didático, cultural e administrativo. Esta cooperação,
iniciada ainda nos anos 90, proporcionou o estabelecimento de experimentos científicos,
especialmente com eucalipto e erva-mate, visando testar progênies e procedências, e a
projeção de transformação em áreas produtoras de sementes (Quadro 8.5).

165 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Quadro 8.5: Parceiros Institucionais da Floresta Nacional de Chapecó

Parceiro Instrumento Objeto Vigência


Legal
Empresa de Estabelecer intercâmbio técnico, didático, cultural 5 (cinco)
ACORDO DE
Pesquisa e administrativo com realização de projetos anos a partir
COOPERAÇÃO
Agropecuária e conjuntos de pesquisa desenvolvimento da data de
TÉCNICA Nº
Extensão Rural tecnológico, cultural, de extensão e educação sua
12/2009 (DOU,
de Santa ambiental nas áreas das Floretas Nacionais publicação,
Seção 3, de 19
Catarina - (FLONAs) de Chapecó e Três Barras no Estado podendo ser
de junho de
EPAGRI de Santa Catarina prorrogado
2009)

Outras parcerias foram estabelecidas preteritamente, conforme listadas abaixo:

Parceiro Vigência
Universidade Comunitária Regional de Chapecó –
2008
UNOCHAPECÓ
Prefeitura Municipal de Guatambu 2007
KIRKA – O Som das Árvores Expirado em data não conhecida

166 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

9 SIGNIFICÂNCIA E PRINCIPAIS ATRIBUTOS DA FLONA CHAPECÓ

Neste item busca-se situar sumariamente a FLONA Chapecó em relação à sua


representatividade, importância ecológica e seu potencial para o alcance dos objetivos de
sua categoria de manejo, com base nos diagnósticos efetuados, seja em relação ao
potencial de uso sustentável de produção madeireira e não madeireira, à conservação
biológica, à pesquisa, à educação ambiental, ao lazer e outros benefícios socioambientais.
Nesta direção, são destacados os principais atributos da FLONA Chapecó que constituem
elementos de sua significância.

Santa Catarina encontra-se inserida totalmente dentro dos domínios do Bioma Mata
Atlântica. De acordo com a classificação fitogeográfica do estado proposta por KLEIN
(1978), ocorre na região da FLONA Chapecó o contato entre duas formações florestais que
compõem a Mata Atlântica na região. Assim, a FLONA Chapecó contribui para a
preservação do encontro de espécies vegetais lenhosas pertencentes à Floresta Ombrófila
Mista (Floresta de Araucária), predominante nas altitudes do Planalto Meridional, e à
Floresta Estacional Decidual (Floresta do Rio Uruguai), distribuída ao longo do rio Uruguai e
vales dos afluentes superiores.

Nesse contexto, em sua área de 1.590 hectares, a FLONA Chapecó preserva um


total de 997 hectares de mata nativa, o que corresponde a cerca de 61% de sua área total.
Esta área de mata nativa está dividida nas suas três Glebas, sendo 710 hectares na Gleba I
e Gleba III, situadas no município de Guatambu e 287 hectares na Gleba II em Chapecó.

No contexto dos municípios em que se localiza, a FLONA Chapecó preserva parte de


dois dos quatro maiores fragmentos de florestas nativas, sendo 57% de um dos fragmentos
na Gleba I e 21% de outro fragmento na Gleba II. Representa ainda, 10,8 % da área coberta
por remanescentes florestais em Guatambu e 1,65 % em Chapecó. Papel de importância
significativa na região, principalmente num contexto de expansão tanto de atividades
agropecuárias como da urbanização, principalmente do município de Chapecó.

Na mata nativa, foram registradas 94 espécies nativas da flora, sendo 86 espécies


nos 709 hectares de mata nativa da Gleba I e 57 nos 287 hectares de mata nativa da Gleba
II. As espécies da flora classificadas como ameaçadas de extinção, conforme a Lista Oficial
das Espécies da Flora Brasileira Ameaçada de Extinção (MMA, 2008), estão representadas
na FLONA Chapecó pela araucária ou pinheiro-brasileiro Araucaria angustifolia, o xaxim-
bugio Dicksonia sellowiana e o sassafrás Ocotea odorifera.

Além das três espécies exóticas cultivadas nos plantios da FLONA Chapecó (Pinus
elliottii, Pinus taeda e Eucalyptus sp.), foram registradas apenas duas espécies exóticas no
estrato adulto das florestas nativas, indivíduos dispersos de pínus e amoreira Morus sp.. No
sub-bosque dos plantios foram encontradas outras três espécies exóticas, uva-do-japão
Hovenia dulcis, nêspera Eryobotrya japonica, ligustro Ligustrum lucidum, além de indivíduos
dispersos de pínus Pinus sp. e eucalipto Eucalyptus sp.. A ocorrência dessas espécies
sugere a elaboração futura de projetos específicos para definição de ações de erradicação
das mesmas.

Soma-se à significativa riqueza de espécies da flora, o fato de que, em geral, a


grande maioria das áreas de floresta nativa remanescente, apesar da exploração madeireira
anterior à criação da FLONA Chapecó, se encontra em estado avançado de regeneração, o
que representa relativa boa integridade desses ambientes. Grau avançado de regeneração
é encontrado também no sub-bosque de alguns plantios florestais da FLONA Chapecó,
representado pelo significativo número de espécies da flora nativa encontrado. São 140
espécies registradas nos sub-bosques dos plantios, o que denota um importante processo
de regeneração espontânea da vegetação nativa nessas áreas de plantios.

167 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

Além de área significativa de mata nativa, a FLONA Chapecó possui ainda grande
potencial madeireiro em seus plantios. São estimados cerca de 282 mil metros cúbicos de
madeira somente nos plantios de pínus, o que representa 93% do total estimado, quando
considerados também os volumes de madeira dos plantios de araucária e eucalipto. Esses
volumes de madeira representam significativo potencial econômico. Soma-se a isso, a
possibilidade de exploração de número significativo de espécies com potencial de uso não
madeireiro, medicinal e comestível, presentes tanto nos sub-bosques da floresta nativa
como dos plantios, além das inúmeras espécies nativas de potencial de uso madeireiro que
podem fornecer material genético autóctone para futuros plantios de espécies nativas com
fins experimentais, de recuperação ambiental e de exploração comercial. A possibilidade do
desenvolvimento econômico no contexto local, a partir da exploração dos recursos florestais,
madeireiros e não madeireiros da FLONA Chapecó, deve ser considerado na perspectiva da
geração de oportunidades para as comunidades e empreendedores locais.

A importância da FLONA Chapecó no âmbito dos serviços ambientais, representado


não somente pela preservação de parcela importante da biodiversidade remanescente da
região, mas também pela conservação de nascentes d’água e das margens de rios que
abastecem o reservatório da Barragem de Guatambu, também é meritório de destaque no
cenário local.

Em relação à fauna, nos levantamentos efetuados foram registradas 14 espécies de


peixes no interior da FLONA Chapecó. Na Gleba I registrou-se uma riqueza específica de 12
espécies e na Gleba II de 3 espécies. Dentre essas, destaca-se a presença de espécie
indicadora de qualidade ambiental como o cascudo Pareiorhaphis hystrix na Gleba II. A
traíra Hoplias malabaricus, encontrada na Gleba I, constitui espécie de topo de cadeia que
necessita uma comunidade de espécies forrageiras, indicando boa conservação de
populações.

Também foram registradas 26 espécies de anfíbios e 10 espécies de répteis (9


espécies de serpentes e uma de lagarto). Dentre as aves, 196 espécies foram registradas
nas duas glebas, 170 na Gleba I e 130 na Gleba II, sendo que a curva de acumulação da
riqueza indica a tendência de que novas espécies sejam registradas, aproximando-se ainda
mais do total estimado de 209 espécies para a região. Dentre as espécies registradas, duas
encontram-se incluídas na Lista das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção
(MMA, 2003), o papagaio-de-peito-roxo Amazona vinacea e o pica-pau-de-cara-canela
Dryocopus galeatus. Essas duas espécies estão incluídas também como vulneráveis em
escala global segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, 2009).

A FLONA Chapecó apresenta também grande relevância para a conservação de


aves florestais nas escalas estadual e regional, por concentrar várias espécies raras e/ou
potencialmente ameaçadas no oeste de Santa Catarina ou no estado como um todo. Dentre
essas se destacam as espécies típicas das florestas estacionais da bacia do rio Uruguai e
sua transição para as florestas com araucária do planalto. São 15 espécies de aves
qualificadas regionalmente como raras, por serem conhecidas em território catarinense
através de poucos registros e em número reduzido de localidades. Uma delas, o olho-falso
Hemitriccus diops, que não possui registros atuais publicados para o território catarinense,
foi registrado apenas em 1928 segundo as últimas informações divulgadas. Em situação
semelhante encontram-se o piolhinho-verdoso Phyllomyias virescens e o estalador
Corythopis delalandi, ambas espécies “redescobertas” em Santa Catarina apenas
recentemente (ACCORDI & BARCELLOS, 2008). O gavião-pernilongo Geranospiza
caerulescens era conhecido até agora em apenas três localidades em território catarinense
(ROSÁRIO, 1996).

Segundo os levantamentos efetuados até o momento, dentre os mamíferos, têm-se o


registro de 19 espécies confirmadas de mamíferos terrestres não voadores, de um total de
59 espécies esperadas. Dentre essas espécies confirmadas, uma se encontra ameaçada de

168 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

extinção na categoria vulnerável da Lista das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de


Extinção (MMA, 2003), o gato-do-mato-pequeno Leopardus tigrinus. Dentre os morcegos, 14
espécies já foram registradas na FLONA Chapecó, o que representa 34% das 41 espécies
esperadas para a região, ou percentual ainda maior, se considerarmos que 41 é o número
de espécies esperado para a região que abrange também a Floresta do Rio Uruguai, cuja
distribuição não inclui a área da FLONA Chapecó.

Finalmente, destaca-se a importância da FLONA Chapecó como área potencial de


visitação pública, constituindo-se, no contexto local, como área privilegiada de lazer
educativo junto à natureza, podendo vir a se desenvolver como alternativa importante no
turismo local, mediante o provimento de estrutura e pessoal necessários, tornando-a capaz
de integrar-se a pelo menos duas das rotas turística do município de Chapecó.

169 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

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Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

ANEXOS

181 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

LISTA DE PESQUISAS DESENVOLVIDAS NA FLONA CHAPECÓ


LEVANTAMENTO PESQUISA - FLORESTA NACIONAL DE CHAPECÓ
TITULO ANO INSTITUIÇÃO AUTORES DOC. NA FLONA GLEBA SITUAÇÃO
Escolha de fontes de sementes de erva-
Dorli Mário Da Croce, Antonio Rioyei Boletim Técnico nº
mate (Ilex paraguariensis St. Hil) para 1994 EPAGRI I na FLONA
Higa, Paulo Alfonso Floss 69
Santa Catarina
Vilma de Witt, Miguel Chokaico Neto,
Demarcação de trilhas de interpretação UNOESC -
Émerson Nunes Horostecki, Paulo
ecológica na Floresta Nacional de 1997 Campus Projeto de Pesq. II na FLONA
Ricardo Ficagna, Vladimir Stolzenberg
Chapecó-SC Chapecó
Torres
Avaliação qualitativa das algas
UNOESC - Projeto de Pesq. Pesquisa
chlorophyceae zygnernatales e Maria Elena Krombauer, Marinês
1998 Campus Monografia de não
chlorococcales da Floresta Nacional de Garcia
Chapecó graduação realizada
Chapecó
Levantamento das espécies de anuros UNOESC -
Eliane Maria Lucas Gonsales, Vanessa
encontrados na Floresta Nacional de 1998 Campus Projeto de pesquisa I na FLONA
B. Fortes
Chapecó no municipio de Guatambu - SC Chapecó
Levantamento de espécies de mamíferos
UNOESC -
existentes na Floresta Nacional (IBAMA),
1998 Campus Rosane Prigol, Vanessa B. Fortes Projeto de pesquisa II na FLONA
no municipio de Chapecó-SC, através das
Chapecó
pegadas preparadas com gesso
Levantamento preliminar dos mamíferos de UNOESC -
Diles Pagliari da Rosa, Vanessa B. Monografia de
médio porte da Floresta Nacional de 1998 Campus I na FLONA
Fortes Graduação
Chapecó – Guatambu - SC Chapecó
Riqueza e diversidade de morcegos UNOESC -
(Mammalia: Chiroptera) na Floresta 1998 Campus Adriane Marangoni, Vanessa B. Fortes Projeto de pesquisa I na FLONA
Nacional de Chapecó, Guatambu, SC Chapecó
Riqueza e diversidade dos mamíferos de
UNOESC -
médio porte na Floresta Nacional de
1998 Campus Vânia Cella, Vanessa B. Fortes Projeto de pesquisa I na FLONA
Chapecó (IBAMA) no municipio de
Chapecó
Guatambu-SC
Estudo taxonômico e ecológico das UNOESC -
orquidáceas da Floresta Nacional de 1999 Campus Fábio Roberto Conci, Marinês Garcia Projeto de pesquisa I na FLONA
Chapecó, Guatambu, SC Chapecó

182 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

LEVANTAMENTO PESQUISA - FLORESTA NACIONAL DE CHAPECÓ


TITULO ANO INSTITUIÇÃO AUTORES DOC. NA FLONA GLEBA SITUAÇÃO
Levantamento da anurofauna (AMPHIBIA: UNOESC -
Eliane Maria Lucas Gonsales, Vanessa Relatório de
ANURA) da Floresta Nacional de Chapecó, 1999 Campus I na FLONA
B. Fortes Graduação
município de Guatambu - SC Chapecó

Levantamento dos mamíferos da Floresta UNOESC -


Monografia de
Nacional de Chapecó (IBAMA) através da 1999 Campus Rosane Prigol, Vanessa B. Fortes I e II na FLONA
Graduação
interpretação dos vestígios Chapecó
Os mamíferos da Floresta nacional de
UNOESC -
Chapecó - Comparação entre área de Vânia Maria B. Cella, Vanessa B. Monografia de
1999 Campus I na FLONA
floresta nativa e área de plantio Araucaria Fortes Graduação
Chapecó
angustifolia
Artigo (Revista
Teste de procedências e progênies de Paulo Alfonso Floss, Dorli Mário da
Agropecuária, Vol.
Eucalyptus viminalis Labill na região Oeste 1999 EPAGRI Croce, João Augusto Müller Bohner e I na FLONA
12 nº 3, set. 1999,
de Santa Catarina Antônio R. Higa
pag. 20)
Censo Florestal para Implantação de Área UNOESC -
Adriano Cecon, Alencar Belotti, Lucia Relatório de inicição
de Coleta de Sementes Nativas na Floresta 2000 Campus I na FLONA
S. Sobral Verona cientifica
Nacional de Chapecó - Guatambu (SC) Chapecó

Influência da temperatura e do substrato na UNOESC -


germinação de sementes de camboatã- 2000 Campus Madelaine L. Varnier, Alencar Belotti I
vermelho (Cupania vernalis Camb.) Chapecó
Levantamento dos ASCOMYCOTA e
BASIDIOMYCOTA na mata com Araucária UNOESC -
Monografia de
angustifolia (BERT). KUNTZE da FLONA 2000 Campus Rosângela Lichak, Marinês Garcia I na FLONA
Graduação
(Floresta Nacional de Chapecó - IBAMA) - Chapecó
Guatambu-SC
Avaliação do método de cromatografia
gasosa (CG), para detecção de UNOESC -
Monografia de
progesterona em fezes de ratão-do- 2000 Campus Juliane Maria Rosa, Jacir Dal Magro I na FLONA
Graduação
banhado (Myocastor coypus) (Rodentia: Chapecó
Myocastoriidae)
UNOESC -
Pteridófitas ocorrentes na Floresta Nacional Monografia de
2000 Campus Vanize Maria Darroit, Marinês Garcia I na FLONA
de Chapecó (FLONA) - Guatambu - SC Graduação
Chapecó

183 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

LEVANTAMENTO PESQUISA - FLORESTA NACIONAL DE CHAPECÓ


TITULO ANO INSTITUIÇÃO AUTORES DOC. NA FLONA GLEBA SITUAÇÃO
Estudo ecológico da comunidade de anuros UNOESC - Vanessa B. Fortes, Camile Pandolfo
Monografia de
(Amphibia: Anura) da Floresta Nacional de 2001 Campus Tramontini Carvalho, Elaine M. L. I na FLONA
Graduação
Chapecó, Guatambu/SC Chapecó Gonsales
Geração de Tecnologias para a cultura da
Dorli Mário Da Croce, Paulo Alfonso
Erva-mate no Oeste e Norte de Santa 2001 EPAGRI Relatório I na FLONA
Floss
Catarina
Geração de Tecnologias para o
Dorli Mário Da Croce, Paulo Alfonso
Desenvolvimento Florestal nas 2001 EPAGRI Relatório I na FLONA
Floss
Propriedades Rurais do Oeste Catarinense
UNOESC -
Inventário de Avifauna e Anurofauna da
2001 Campus Vanessa B. Fortes Projeto de pesquisa
Floresta Nacional de Chapecó
Chapecó
Biologia e aspectos de nidifocação de
Pyrrhocoma ruficeps (Emberezidae, Monografia de
2002 UNOCHAPECÓ Tânia L. Muneron, Vanessa B. Fortes II na FLONA
Thraupinae) na Floresta Nacional de Graduação
Chapecó, Gleba II

Comportamento germinativo de sementes


de Guatambu (Balfourodendron riedelianum Madelaine Lurdes Varnier, Lúcia Monografia de
2002 UNOCHAPECÓ I na FLONA
Engler) em diferentes estádios de Salengue Sobral, Celso A. Dal Piva Graduação
maturação e temperaturas

Determinação da taxa de crescimento de


Pteridófitas arborescentes Alsophila setosa UNOESC -
Ana Beatriz de Menezes de Carvalho,
Kaulf e Dicksonia sellowiana Hook em 2002 Campus Projeto de pesquisa I e II
Marinês Garcia
fragmentos da mata ombrófila mista do Chapecó
oeste de Santa Catarina (Brasil)
Dieta de quadro espécies de Leptodactylus
Monografia de
(Anura: leptodactylidae) de distribuição 2002 UNOCHAPECÓ Flaviane Draghetti, Vanessa B. Fortes, na FLONA
Graduação
simpátrica em Chapecó-SC
Efeitos da fragmentação florestal sobre a
predação de ninhos artificiais de aves em
Graziele Simone Boscatto, Vanessa B. Monografia de
dois tipos diferentes de florestas na 2002 UNOCHAPECÓ I na FLONA
Fortes Graduação
Floresta Nacional de Chapecó (IBAMA),
Gleba I

184 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

LEVANTAMENTO PESQUISA - FLORESTA NACIONAL DE CHAPECÓ


TITULO ANO INSTITUIÇÃO AUTORES DOC. NA FLONA GLEBA SITUAÇÃO
Estudo fitossociológico das pteridófitas
herbáceas e arbóreas ocorrentes na Mata Monografia de
2002 UNOCHAPECÓ Eliane Leticia Trizotto e Marinês Garcia I na FLONA
da Floresta Nacional de Chapecó - Graduação
Guatambu - SC
Estudo fitossociológico das pteridófitas
UNOESC -
terrestres arbóreas e herbáceas da Floresta Monografia de
2002 Campus Eduardo Tortelli, Marinês Garcia II na FLONA
Nacional de Chapecó – Gleba II – Chapecó Graduação
Chapecó
- SC
Inventário de Briófitas (Hepáticas Folhosas)
Rosine Catarina Baggio, Marinês Monografia de
em fragmentos Florestais da Área Rural de 2002 UNOCHAPECÓ I e II na FLONA
Garcia Graduação
Chapecó

Inventário de morcegos frugívoros


Monografia de
(Chiroptera, Phyllostomidae) na Floresta 2002 UNOCHAPECÓ Tatiane Dagostin, Vanessa B. Fortes I na FLONA
Graduação
Nacional de Chapecó, Guatambu, SC

Artigo (Acta
Inventário preliminar dos mamíferos de
Vanessa Barbisan Fortes, Vânia Maria Ambiental
médio porte da Floresta Nacional de 2002 UNOCHAPECÓ I e II na FLONA
Bezerra Cella e Rosane Prigol Catarinense, v.1,
Chapecó, Santa Catarina
n.2, jul./dez./2002)

Determinação da taxa de crescimento de


Pteridófitas arborescentes Alsophila setosa
Ana Beatriz de Menezes de Carvalho, Relatório de inicição
Kaulf e Dicksonia sellwiana Hook em 2003 UNOCHAPECÓ I e II na FLONA
Marinês Garcia cientifica
fragmentos da mata ombrófila mista do
oeste de Santa Catarina (Brasil)

Estudo da fauna de dispersores de


semente de algumas espécies arbóreas e
2003 UNOCHAPECÓ Vanessa B. Fortes
arbustivas da Floresta Nacional de
Chapecó
Frugivoria por Aves na Floresta Nacional de
Chapecó - Gleba II (Distrito de Marechal 2003 UNC Eliara Solange Müller Projeto de pesquisa II na FLONA
Borman) Municipio de Chapecó/SC

185 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

LEVANTAMENTO PESQUISA - FLORESTA NACIONAL DE CHAPECÓ


TITULO ANO INSTITUIÇÃO AUTORES DOC. NA FLONA GLEBA SITUAÇÃO

Inventário entomofaunístico na Floresta


Nacional de Chapecó (Gleba I) com ênfase Flávio Roberto Mello Garcia, Jacir Dal
2003 UNOCHAPECÓ Projeto de pesquisa I na FLONA
para os táxons Hymenoptera, Odonata, Magro, Junir
Orthoptera e Hemiptera

Artigo (3º Cong.


Desenvolvimento de duas procedências de Floss, P. A., Da Croce, D. M., Sturion,
2003 EPAGRI Sul-Americano da I na FLONA
erva-mate na região de Chapecó - SC J. A.
erva Mate)

Paulo Alfonso Floss, Dorli Mário da Artigo (3º Cong.


Desenvolvimento de procedências de erva-
2003 EPAGRI Croce, Gallotti, G. J. M., Sturion, J. A., Sul-Americano da I na FLONA
mate em duas regiões de Santa Catarina
Resende, M. D. V. de erva Mate)

Análise fitossociológica do sub bosque de


Ediane Andréia Buligon, Renata
um talhão de Pínus elliotti localizado na 2004 UFSM Relatório de estágio I na FLONA
Rauber
Floresta Nacional de Chapecó

Comportamento germinativo de sementes


de Grápia (Apuleia leiocarpa) em diferentes
2004 UNOCHAPECÓ Lucia Salengue Sobral
embalagens, períodos e locais de
armazenamento

Diagnostico de coleópteras associados a


Flávio Roberto Mello Garcia,
estruturas reprodutivas de leguminosas da 2004 UNOCHAPECÓ Projeto de pesquisa I na FLONA
Alexsandro Zidko
Floresta Nacional de Chapecó
Influência do estádio de maturação das
sementes sobre a germinação e
emergência de Guatambu 2004 UNOCHAPECÓ Lucia Salengue Sobral
(Balfourodendron riedelianum Engler) e
camboatã-vermelho

Inventário de moscas-das-frutas (Diptera,


Tephritidae) seus hospedeiros e
2004 UNOCHAPECÓ Flávio Roberto Mello Garcia Projeto de pesquisa I na FLONA
parasitóides (Hemynoptera) na Floresta
Nacional de Chapecó

186 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

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TITULO ANO INSTITUIÇÃO AUTORES DOC. NA FLONA GLEBA SITUAÇÃO
Diagnóstico dos visitantes na Floresta
Monografia de
Nacional de Chapecó e Proposição de um 2004 UNOCHAPECÓ Cassiane Belen, Vanusa Perin I na FLONA
Graduação
Programa de Educação Ambiental

Caracterização e inventário florestal dos


povoamentos implantados na FLONA - 2004 UFSM Jeison Tiago Alflen Relatório de estágio I e II na FLONA
Chapecó/SC

Frugivoria por Mamíferos na Floresta Monografia de


2004 UNOCHAPECÓ Leticia Comim, Vanessa B. Fortes I na FLONA
Nacional de Chapecó-SC Graduação
Aves frugívoras como Dispersoras de
Frutos de Erythroxylum decidum e de
2004 UNOCHAPECÓ Tânia L. Muneron, Marilise M. Krügel Projeto de pesquisa I na FLONA
Schinus terebinthifolia em duas áreas
distintas
Inventário de moscas-das-frutas (Diptera,
Elton Robson Vargas, Flávio Roberto
Tephritidae) seus hospedeiros e Monografia de
2005 UNOCHAPECÓ Mello Garcia, João Arthur Soccal I na FLONA
parasitóides (Hemynoptera) na Floresta Graduação
Seyffarth
Nacional de Chapecó – Gleba I
Projeto de pesquisa
Teste de procedências/progênies da
(recurso da
Araucaria angustifolia e Ocotea pretiosa na 2005 EPAGRI/CEPAF EPAGRI I e II na FLONA
compensação
Floresta Nacional de Chapecó
ambiental)

Diagnóstico de visitação na Floresta


Monografia de
Nacional de Chapecó e Proposição de um 2005 UNOCHAPECÓ Cassiane Belen, Vanusa Perin I na FLONA
Graduação
Programa de Uso Público

Inventário de Florestas Plantadas na


2005 UFSM Pablo Signor Relatório de estágio I na FLONA
Floresta Nacional de Chapecó, SC

Participação na coleta de dados do


André Camatti, Rodrigo Diego Quoos,
inventário de florestas plantadas da FLONA 2006 UFSM Relatório de estágio I na FLONA
Tobias Brancher
de Chapecó

187 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

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TITULO ANO INSTITUIÇÃO AUTORES DOC. NA FLONA GLEBA SITUAÇÃO

Análise do Banco de Sementes do Solo na Manuela Gazzoni dos Passos, Rosiane Projeto de pesquisa
2006 UNOCHAPECÓ I na FLONA
Floresta Nacional de Chapecó - SC Berenice Nicoloso Denardin - Mestrado

Dinâmica da Estrutura Fitossociológica da


Regeneração Natural das Espécies
Robison Fumagalli Lima, Rosiane Projeto de pesquisa
Arbóreas no Sub-Bosque dos Povoamentos 2006 UNOCHAPECÓ I na FLONA
Berenice, Nicoloso Denardin - Mestrado
Nativos da Floresta Nacional de Chapecó -
SC
Efeitos do Habitat sobre a Diversidade de
Invertebrados Aquáticos, Anfíbios e
2006 UNOCHAPECÓ Gilza Maria de Souza Franco (coord.) Projeto de pesquisa I na FLONA
Serpentes na Floresta Nacional de
Chapecó (Gleba I)
Estudo da frutificação e proporção de sexo
em populações naturais de Ilex Paulo Alfonso Floss, Paulo Yoshio
1996 EPAGRI Resumo I na FLONA
paraguariensis St. Hil. Avaliadas em Hageyama
Chapecó, Três Barras/Santa Catarina

Três espécies Vegetais Arbóreas utilizadas


pelas aves na Floresta Nacional de Artigo (no prelo) -
UNOCHAPECÓ Eliara Solange Müller II na FLONA
Chapecó (Gleba II) Distrito de Marechal Rev. Iniciação
Bormann, Chapecó/SC

O efeito da formação vegetal sobre a Artigo (no prelo) -


Daniela Fátima Bergamo Gandolfi,
comunidade de aves na Floresta Nacional UNOCHAPECÓ Rev. Acta I na FLONA
Eliara Solange Müller
de Chapecó/SC (Gleba I) Ambientalis

Avifauna da Floresta Nacional de Chapecó Artigo (no prelo) -


Eliara Solange Müller, Mariléia Fatima
(Gleba II), Distrito de Marechal Bormann, UNOCHAPECÓ Rev. Acta II na FLONA
Matiazzo, Gelson Campos
Municipio de Chapecó/SC Ambientalis

188 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

LEVANTAMENTO PESQUISA - FLORESTA NACIONAL DE CHAPECÓ


TITULO ANO INSTITUIÇÃO AUTORES DOC. NA FLONA GLEBA SITUAÇÃO

Estudos da fauna de dispersores de


Grupo de pesquisa em Estudos
semente de Canela Nectandra lanceolata Relatório de
2001 UNOCHAPECÓ Ambientais da Bacia Hidorgráfica do I na FLONA
(Lauraceae) na Floresta Nacional de Pesquisa
Alto Rio Uruguai
Chapecó

Inventário de moscas-das-frutas (Diptera,


Elton Robson Vargas, Flávio Roberto
Tephritidae) seus hospedeiros e
2005 UNOCHAPECÓ Mello Garcia, João Arthur Soccal Relatório Final I na FLONA
parasitóides (Hemynoptera, Braconidae) na
Seyffarth
Floresta Nacional de Chapecó - Gleba I

UNOESC -
Biologia de Morcegos (Mammalia: Maria Helena Pinheiro Renck, Vanessa Dissertação de Pós-
1999 Campus I na FLONA
Chiroptera) com ênfase em ectoparasitas Barbisan Fortes Graduação
Chapecó

Frugivoria por mamiferos em Canela


amarela (Nectandra lanceolata) e Coqueiro Monografia de
2003 UNOCHAPECÓ Leticia Comim, Vanessa B. Fortes I na FLONA
Jerivá (Syagrus romanzoffiana) na Floresta Graduação
Nacional de Chapecó - SC

Análise faunistica de gafanhotos


(Orthoptera: Acridoidea, Tridactyloidea, Cladis Juliana Lutinski Flávio Roerto Monografia de
2008 UNOCHAPECÓ I na FLONA
Tetrigoidea) e flutuação populacional na Mello Garcia, Graduação
Floresta Nacional de Chapecó - SC

Inventário preliminar de girinos em


Gelso Lemes Campos, Vanessa
ambientes lóticos na Floresta Nacional de 2003 UNOCHAPECÓ Relatório Estágio II na FLONA
Barbisan Fortes
Chapecó (Gleba II), Chapecó - SC

Frog diversity in the Floresta Nacional de Elaine Maria Lucas & Vanessa Artigo ( Revista
2008 UNOCHAPECÓ I na FLONA
Chapecó, Atlantic Forest of southern Brazil Barbisan Fortes biotaneotropica)

Diversidade de Morcegos (Mammalia, UNOESC, Fábio Zanella Ferneda, Elaine Maria


Chiroptera) na Floresta Nacional de 2008 UNOCHAPECÓ Lucas Gonsales, Gledson Vigiano Relatório Final I na FLONA
Chapecó, Santa Catarina, Brasil E MÜLLERIANA Bianconi

Análise Faunística de formigas 2007 UNOCHAPECÓ Junir Antonio Lutinski Dissertação I na FLONA

189 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

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TITULO ANO INSTITUIÇÃO AUTORES DOC. NA FLONA GLEBA SITUAÇÃO
(Hymenoptera: formicidae) e seu potencial
como bioindicadores de qualidade
ambiental na Floresta Nacional de
Chapecó, Santa Catarina.
Proposta preliminar de implantação de
Margarete Tironi, Vanessa Cristiane Monografia de
corredores ecológicos: estratégias de 2007 UNOCHAPECÓ I, II na FLONA
Cruz Graduação
desenvolvimento regional e conservação
Levantamento de espécies de lepidópteros
(Rhopalocera) encontrados na Floresta Monografia de
2003 UNOCHAPECÓ Caroline Mazon, Flávio R. Mello Garcia I na FLONA
Nacional do município de Guatambu, Santa Graduação
Catarina (Gleba I)
Flutuação populacional de gafanhotos na Cladis Juliana Lutinski, Flavio R. Mello
Artigo (Revista
Floresta Nacional de Chapecó, Santa 2008 UNOCHAPECÓ Garcia, Maria Kátia Matiotti da Costa, I na FLONA
Ciência Rural)
Catarina Junir Antonio Lutinski
Levantamento de espécies de borboletas
Aline Rodrigues da Silva, Flávio R. Monografia de
(Lepidoptera) da Floresta Nacional de 2003 UNOCHAPECÓ II na FLONA
Mello Garcia Graduação
Chapecó – Gleba II
Anurofauna como indicadora do estado de
Eliane M. Lucas Gonsales, Vanessa Relatório de
conservação em fragmento de Floresta 2002 UNC II na FLONA
Barbisan Fortes pesquisa
Ombrófila Mista
Regeneração natural das espécies
arbóreas no sub-bosque dos povoamentos Robison Fumagalli Lima, Rosiane
2008 UNOCHAPECÓ Dissertação I na FLONA
nativos e de Pínus taeda L. da Flona de Berenice Nicoloso Denardin
Chapecó, Guatambu-SC
Avaliação do tamanho e forma de parcelas
em dois sistemas de amostragem em um 2007 UNOESC Edison Rogério Perrando Projeto de pesquisa I SISBIO
povoamento de Pinus elliottii Engelm.
Socioambiental
Inventário de florestas plantadas para o
2009 Consultores Daiane Soares Caporal Projeto de pesquisa I e II SISBIO
plano de manejo da Flona de Chapecó
Associados
Levantamento da ictiofauna para
BM Consultoria
elaboração do plano de manejo da Flona 2009 Bernd-Egon Ludwig Artur Marterer Projeto de pesquisa I e II SISBIO
Ambiental
de Chapecó
Diagnóstico da avifauna da Floresta
Socioambiental
Nacional de Chapecó, Santa Catarina, com
2009 Consultores Glayson Ariel Bencke Projeto de pesquisa I e II SISBIO
vistas à elaboração do plano de manejo da
Associados
unidade de conservação

190 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

LEVANTAMENTO PESQUISA - FLORESTA NACIONAL DE CHAPECÓ


TITULO ANO INSTITUIÇÃO AUTORES DOC. NA FLONA GLEBA SITUAÇÃO
Avaliação ecológica rápida da
2008 FURB Sérgio Luiz Althoff Projeto de pesquisa I e II SISBIO
quiropterofauna da Flona Chapecó
Levantamento de ocorrência e distribuição
de espécies de primatas no Estado de 2007 FURB Zelinda Maria Braga Hirano Projeto de pesquisa I e II SISBIO
Santa Catarina, Brasil
Revisão taxonômica do grupo Vriesea
platynema Gaudich. (Bromeliaceae) - Santa 2009 UFRJ Ricardo Loyola de Moura Projeto de pesquisa I e II SISBIO
Catarina
Aspectos da vegetação ao longo do
gradiente topográfico no entorno de
2008 EPAGRI Paulo Alfonso Floss Projeto de pesquisa I e II SISBIO
nascentes em diferentes formações
fitogeográficas do Oeste de Santa Catarina
Monitoramento da Atividade Reprodutiva de
Fundação
Cebus nigritus (Cebidae, Primates) na
Universitária do
Floresta Nacional de Chapecó (Gleba 1) 2008 Maitê Cristina Sordi Projeto de Pesquisa I SISBIO
Desenvolviment
Através da análise de hormônios em fezes
o do Oeste
por Cromatografia em fase gasosa.
Revisão Taxonômica e Análise Cladística
do Gênero Benthana Budde-Lund, 1908 2010 UFRGS Ivanklin Soares Campos Filho Projeto de Pesquisa I e II SISBIO
(Crustacea: Isopoda)
Inventário Florístico Florestal de Santa
2009 FURB Marcio Verdi Projeto de Pesquisa I e II SISBIO
Catarina - IFFSC
Prevenção De Incêndios Em Unidades De
Conservação: Da Formação Da Equipe
2011 UFV Gínia César Bontempo Projeto de Pesquisa I e II SISBIO
Técnica Ao Desenvolvimento De
Estratégias
Dendrocronologia E Padrões De
Crescimento De Árvores Nativas De
2010 UFPR Thiago Floriani Stepka Projeto de Pesquisa I SISBIO
Araucaria angustifolia, Ocotea porosa e
Cedrela fissilis No Sul Do Brasil
Taxonomia e ecologia de Phellinus sensu
lato (Basidiomycota) na Região Sul do 2010 UFRGS Marisa de Campos Santana Projeto de Pesquisa I e II SISBIO
Brasil
Conservação in situ e Filogeografia de
Goiabeira serrana (Acca sellowiana): coleta
2011 UFSC Rubens Onofre Nodari Projeto de Pesquisa I e II SISBIO
e caracterização genética de populações
naturais na área de ocorrência no sul do

191 
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina 

LEVANTAMENTO PESQUISA - FLORESTA NACIONAL DE CHAPECÓ


TITULO ANO INSTITUIÇÃO AUTORES DOC. NA FLONA GLEBA SITUAÇÃO
Brasil.
Diversidade de Entolomataceae com
basidiósporos cuboides no Brasil: revisão Instituto de
2011 Fernanda Karstedt Projeto de Pesquisa I e II SISBIO
taxonômica e contribuição para a filogenia Botânica
molecular
Conservação genética e produção de
semente de erva-mate (Ilex paraguariensis
2011 EPAGRI Dorli Mario Da Croce Projeto de Pesquisa I SISBIO
St. Hil.) para as regiões oeste e norte de
Santa Catarina
Estrutura genética e filogeografia de
Tillandsia aeranthos (Bromeliaceae) na 2011 UFRGS Thais de Beauclair Guimarães Projeto de Pesquisa I e II SISBIO
América do Sul Subtropical
Sistemática e Biologia de Políporos
(Basidiomycota) do Sul Do Brasil: gêneros Instituto de
2011 Mauro Carpes Westphalen Projeto de Pesquisa I e II SISBIO
Antrodiella, Flaviporus, Junghuhnia e Botânica
Tyromyces
Fundação
Papel da Floresta Nacional de Chapecó na
Universitária do
conservação da qualidade das águas na 2011 Gilza Maria de Souza Franco Projeto de Pesquisa I SISBIO
Desenvolviment
Bacia do Rio Tigre, Santa Catarina.
o do Oeste
Fundação
Levantamento Florístico em Remanescente
Universitária do
Florestal na Floresta Nacional de Chapecó, 2011 Giovana Secretti Vendruscolo Projeto de Pesquisa I SISBIO
Desenvolviment
Chapecó, Santa Catarina
o do Oeste
Levantamento florístico e filogenia
Universidade
molecular das espécies brasileiras de
2011 Federal Do Rio Luciana da Silva Canez Projeto de Pesquisa I e II SISBIO
Punctelia (Parmeliaceae, Ascomycota
Grande - FURG
Liquenizados)
Estudo Comparativo de Métodos de
2011 UFFS Geraldo Ceni Coelho Projeto de Pesquisa I e II SISBIO
Regeneração De Floresta Ciliar
Importância da Flona Chapecó na Fundação
preservação da diversidade de Universitária do
2011 Gilza Maria de Souza Franco Projeto de Pesquisa I SISBIO
macroinvertebrados bentônicos na Bacia do Desenvolviment
Rio Tigre, Santa Catarina o do Oeste
Espécies ameaçadas de extinção no oeste Fundação
de Santa Catarina: tamanho populacional e 2011 Universitária do Eliara Solange Müller Projeto de Pesquisa I e II SISBIO
aspectos da biologia e ecologia Desenvolviment

192 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade 

LEVANTAMENTO PESQUISA - FLORESTA NACIONAL DE CHAPECÓ


TITULO ANO INSTITUIÇÃO AUTORES DOC. NA FLONA GLEBA SITUAÇÃO
o do Oeste
Conservação genética e produção de
sementes de espécies/procedências 2011 EPAGRI Paulo Alfonso Floss Projeto de Pesquisa I SISBIO
selecionadas de Eucalyptus spp.
Invasão da rã-touro, Lithobates
catesbeianus, em matrizes florestais e 2011 UFSM Bruno Madalozzo Projeto de Pesquisa I e II SISBIO
áreas adjacentes no sul do Brasil
Remedição parcial de área florestal
censeada na Floresta Nacional de 2011 ICMBio Juares Andreiv Projeto de Pesquisa I SISBIO
Chapecó/SC
Obs.: Os autores dos projetos de pesquisa registrados no SISBIO citados são os titulares, não sendo citados os demais membros da equipe.

193 

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