Flona Chapeco PM Vol1
Flona Chapeco PM Vol1
Flona Chapeco PM Vol1
de Manejo
Floresta
Nacional de
Chapecó
Santa Catarina
Volume I – Diagnóstico
Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Volume I – Diagnóstico
Florianópolis
Junho de 2013
Presidenta da República
Dilma Vana Rousseff
Secretário Executivo
Francisco Gaetani
i
Equipe do ICMBio Responsável pela Coordenação e Supervisão da Elaboração do
Plano de Manejo
Coordenação Geral
Artur José Soligo – Analista Ambiental, Eng°. Florestal, MSc - FLONA de São Francisco-RS
ii
Empresa Responsável pela Elaboração do Plano de Manejo
Coordenação Técnica
José Olimpio da Silva Jr., Biólogo, M.Sc. - Coordenação Técnica e Geral, Planejamento e
Supervisão do Meio Biótico
- Pedologia
- Recursos Hídricos
Tony Thomass Sartori, Engº Florestal - Responsável pelo Levantamento de Dados Primários
- Ictiofauna
- Avifauna
Revisão de Texto
iv
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................1
2 HISTÓRICO DE PLANEJAMENTO ................................................................................4
3 INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE A FLORESTA NACIONAL DE CHAPECÓ ............6
3.1 Acesso à Unidade .........................................................................................................8
3.2 Origem do Nome e Histórico da Floresta Nacional ..................................................10
4 ANÁLISE DA REPRESENTATIVIDADE DA FLORESTA NACIONAL........................11
4.1 A Conservação dos Biomas Nacionais no Contexto das Unidades de
Conservação ................................................................................................................11
4.2 Contexto da Conservação no Estado de Santa Catarina ........................................13
4.2.1 Unidades de Conservação Federais e Estaduais no Estado de Santa
Catarina ...................................................................................................................17
4.2.2 A FLONA Chapecó e as Áreas Prioritárias para a Conservação em Santa
Catarina ...................................................................................................................22
4.3 Potencialidades de Cooperação nos Níveis Regional e Local................................29
4.3.1 Corredores Ecológicos Chapecó e Timbó ...........................................................29
4.3.2 Plano Diretor de Desenvolvimento Territorial de Chapecó. ...............................31
4.3.3 Gestão das Bacias Hidrográficas Chapecó e Irani ..............................................35
4.4 A Floresta Nacional de Chapecó e a Faixa de Fronteira..........................................36
5 ASPECTOS HISTÓRICOS, CULTURAIS E SOCIOECONÔMICOS............................39
5.1 As Repercussões das Relações Socioambientais na Região.................................41
5.2 Características da População da Região da Unidade da Conservação .................43
5.2.1 Indicadores de Desenvolvimento Socioeconômico ............................................44
5.2.2 Dinâmica Demográfica e Situação Educacional ..................................................45
5.3 Aspectos Econômicos ................................................................................................52
5.3.1 Estrutura Produtiva e Emprego .............................................................................52
5.4 Estrutura Fundiária da Região de Chapecó ..............................................................55
5.5 Visão da Comunidade sobre a Floresta Nacional ....................................................57
5.6 Situação Fundiária da FLONA Chapecó....................................................................60
5.7 Uso e Ocupação do Solo e Problemas Ambientais Decorrentes ...........................60
5.7.1 Produção Vegetal ...................................................................................................61
5.7.2 Produção Animal ....................................................................................................62
5.7.3 Extração Vegetal e Silvicultura .............................................................................64
5.7.4 Algumas Considerações Sobre o Setor Agropecuário .......................................65
5.8 Alternativas de Desenvolvimento Econômico Sustentável ....................................65
5.9 Legislação Pertinente .................................................................................................66
5.10 Potencial de Apoio à Floresta Nacional ....................................................................69
5.10.1 Turismo ....................................................................................................................69
5.10.2 Saúde 69
5.10.3 Rede de serviços ....................................................................................................70
5.10.4 Segurança pública ..................................................................................................70
5.10.5 Educação .................................................................................................................71
5.10.6 Telecomunicação ....................................................................................................71
5.10.7 Fornecimento de Energia Elétrica .........................................................................72
5.10.8 Transporte ...............................................................................................................72
v
5.10.9 Potencial de Apoio Institucional ...........................................................................73
6 CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES ABIÓTICOS E BIÓTICOS ...............................74
6.1 Geologia .......................................................................................................................75
6.2 Geomorfologia .............................................................................................................76
6.2.1 Região do Planalto das Araucárias .......................................................................76
6.2.2 Geomorfologia Local ..............................................................................................77
6.3 Aspectos Pedolológicos .............................................................................................80
6.4 Latossolo Bruno/Vermelho-Escuro Álico .................................................................81
6.5 Cambissolo Eutrófico Ta Chernozêmico ..................................................................81
6.5.1 Considerações sobre os solos da FLONA CHAPECÓ ........................................85
6.5.2 Suscetibilidade Erosiva .........................................................................................85
6.6 Recursos Hídricos .......................................................................................................89
6.6.1 Contexto Estadual ..................................................................................................89
6.6.2 Recursos Hídricos Locais ......................................................................................91
6.7 Vegetação e Uso do Solo ...........................................................................................98
6.8 Contexto Fitogeográfico da FLONA Chapecó ..........................................................99
6.9 Caracterização da Cobertura Vegetal e Uso do Solo .............................................100
6.9.1 Mata Nativa – Floresta Ombrófila Mista ..............................................................104
6.9.2 Caracterização Geral dos Plantios ......................................................................118
6.10 Fauna ..........................................................................................................................124
6.10.1 Ictiofauna ...............................................................................................................124
6.10.2 Herpetofauna .........................................................................................................131
6.10.3 Avifauna .................................................................................................................134
6.10.4 Mastofauna ............................................................................................................143
6.11 Incêndios ....................................................................................................................154
7 CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DAS ATIVIDADES PRÓPRIAS AO USO
MÚLTIPLO, CONFLITANTES E ILEGAIS..................................................................156
7.1 Atividades Próprias ao Uso Múltiplo .......................................................................156
7.2 Atividades Conflitantes ............................................................................................160
7.3 Atividades Ilegais ......................................................................................................160
8 ASPECTOS INSTITUCIONAIS ...................................................................................162
8.1 Pessoal .......................................................................................................................162
8.2 Infraestrutura e Equipamentos ................................................................................162
8.3 Estrutura Organizacional ..........................................................................................165
8.4 Recursos Financeiros ...............................................................................................165
8.5 Cooperação Institucional .........................................................................................165
9 SIGNIFICÂNCIA E PRINCIPAIS ATRIBUTOS DA FLONA CHAPECÓ ....................167
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................................170
ANEXOS...............................................................................................................................181
Lista de Pesquisas desenvolvidas na FLONA Chapecó .................................................182
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 4.1: Porcentagem de Área de Unidades de Conservação por Bioma ................................. 13
Figura 5.1: Comparação da Variação da População entre os Anos de 1991 e 2000 ..................... 47
Figura 5.2: Percentual de migrantes segundo faixa-etária, Chapecó, 2002-2003 ......................... 48
Figura 5.3: Percentual de migrantes segundo faixa-etária, Guatambu, 2002-2003 ....................... 48
Figura 5.4: População Residente por Faixa Etária para os Municípios em 2000 (em %) ............. 50
Figura 5.5: População com 10 Anos ou Mais de Idade – Total e Alfabetizada para os
Municípios da FLONA Chapecó, 2000 ..................................................................................... 51
Figura 5.6: Taxa de Analfabetismo da População entre 10 a 15 Anos e Acima de 15 Anos
para os Municípios da FLONA Chapecó, 2000 ....................................................................... 51
Figura 5.7: Taxa de Analfabetismo Funcional por Faixa Etária para os Municípios da
FLONA Chapecó em 2000. ........................................................................................................52
Figura 5.8: Variação (%) PIB, 2002-2005 ............................................................................................ 53
Figura 5.9: Variação (%) PIB per Capita, 2002-2005.......................................................................... 53
Figura 5.10: Número de Empregados por Eetor Econômico para os Municípios da FLONA
Chapecó em 2006 ....................................................................................................................... 54
Fonte: SPG/DEGE/Gerência de Estatística e IBGE, 2006 ................................................................. 54
Figura 5.11: Utilização em (%) das terras dos estabelecimentos agropecuários, 2006 ............... 61
Figura 5.12: Área (ha) segundo utilização da terra de Chapecó, 2003 ........................................... 61
Figura 5.13: Principais Produtos de Origem Animal por Estabelecimento e Tamanho do
Rebanho para os Municípios da FLONA Chapecó, 2007 ....................................................... 64
Figura 6.1: Detalhe do Mapa Geológico do Projeto Oeste de Santa Catarina – PROESC,
Folha Chapecó (2002) Ilustrando, em Tons de Verde, as Unidades Geológicas:
Ácidas Tipo Chapecó (Verde Mais Claro), Basaltos Tipo Alto Uruguai (Verde
Escuro) e Basalto Tipo Cordilheira Alta (Verde Intermediário), Presentes na Área da
FLONA Chapecó. As Siglas qz e pca Significam Respectivamente: Cristal De
Rocha/Quartzo e Pedreira em Atividade.................................................................................. 75
Figura 6.2: Recorte do Mapa Geomorfológico do Estado de Santa Catarina, em Destaque
em Linhas de Cor Amarela as Glebas I e II da FLONA Chapecó, as quais se
Encontram Assentadas Sobre as Unidades Geomorfológicas: Predominantemente
no Planalto dos Campos Gerais (Verde Com Hachuras) e Pequena Porção no Oeste
da Gleba I no Planalto Dissecado Rio Iguaçu/Rio Uruguai (Verde Claro)............................ 76
Figura 6.3: Paisagem do modelado de dissecação em colina característico das áreas a
montante da FLONA Chapecó - Gleba I ................................................................................... 77
Figura 6.4: Paisagem do modelado de dissecação em outeiros ou morrarias com áreas
de vegetação nativa da FLONA Chapecó - Gleba II no canto superior direito da foto ....... 77
Figura 6.5: Solos da Unidade de Planejamento Regional Oeste Catarinense (UPR 1), e
Localização da FLONA Chapecó .............................................................................................. 80
Figura 6.6: Bacias do Rio Uruguai e seus Afluentes ........................................................................ 89
Figura 6.7: Localização da FLONA Chapecó no Contexto Regional .............................................. 90
Figura 6.8: Barragem Guatambu......................................................................................................... 93
Figura 6.9: Delimitação das Unidades Amostrais - UAs e Mensuração da CAP ........................... 99
Figura 6.10: Configuração Fitogeográfica Geral da Bacia Hidrográfica do Rio Chapecó,
Extraída do Mapa Fitogeográfico do Estado de Santa Catarina (KLEIN, 1978), com a
Indicação Aproximada da FLONA Chapecó: I - Campos do Planalto com Capões,
Florestas de Galeria e Bosques de Pinhais; II - Floresta de Araucária nas Bacias
dos Rios Negro e Iguaçu e na parte Superior das Bacias dos Afluentes do Rio
vii
Uruguai; III - Floresta de Araucária no Extremo Oeste; e IV - Floresta Subtropical da
Bacia do Uruguai...................................................................................................................... 100
Figura 6.11: Respectivos Percentuais de Vegetação e Uso do Solo da FLONA Chapecó. ........ 104
Figura 6.12: As 10 Famílias com Maior Número de Espécies Registradas na Gleba I. .............. 105
Figura 6.13: As 10 Famílias com Maior Número de Indivíduos Registrados na Gleba I. ............ 106
Figura 6.14: As 8 Famílias com Maior Número de Espécies Registradas na Gleba II. ............... 106
Figura 6.15: As 10 Famílias com Maior Número de Indivíduos Registrados na Gleba II. ........... 107
Figura 6.16: Curva do Coletor para as Unidades Amostrais da Gleba I. ...................................... 107
Figura 6.17: Curva do Coletor para as Unidades Amostrais da Gleba II. ..................................... 108
Figura 6.18: Gráfico com as 10 espécies com Maiores Valores de VI na Gleba I........................ 108
Figura 6.19: Gráfico com as 11 Espécies com Maiores Valores de PSR na Gleba I. .................. 109
Figura 6.20: Gráfico com as 10 Espécies com Maiores Valores de VI na Gleba II. ..................... 110
Figura 6.21: Gráfico com as 11 Espécies com Maiores Valores de PSR na Gleba II. ................. 110
Figura 6.22: Indivíduo de Grande Porte de angico-vermelho Parapiptadenia rigida na
Unidade Amostral 1 da Gleba I ............................................................................................... 111
Figura 6.23: Sub-bosque da FOM na Unidade Amostral 2 da Gleba I........................................... 111
Figura 6.24: Vista do Sub-bosque da FOM Sobre Solo Hidromórfico na Unidade Amostral
9 da Gleba I com Predomínio do branquilho Sebastiania commersoniana....................... 111
Figura 6.25: Sub-bosque da FOM na Unidade Amostral 7 da Gleba I com Predomínio do
cambuí Myrciaria tenella ......................................................................................................... 111
Figura 6.26: Vista do Sub-bosque da FOM na Unidade Amostral 10 da Gleba I ......................... 112
Figura 6.27: Vista do Sub-bosque da FOM na Unidade Amostral 13 da Gleba I ......................... 112
Figura 6.28: Vista do Sub-bosque da FOM na Unidade Amostral 15 da Gleba I ......................... 112
Figura 6.29: Vista do Sub-bosque da FOM na Unidade Amostral 16 da Gleba I ......................... 112
Figura 6.30: Vista do Sub-bosque da FOM na Unidade Amostral 1 da Gleba II. ......................... 113
Figura 6.31: Vista do Sub-bosque da FOM na Unidade Amostral 5 da Gleba II. ......................... 113
Figura 6.32 Vista do Sub-bosque da FOM na Unidade Amostral 7 da Gleba II,
Evidenciando Clareira Formada pelo Adensamento da taquara Merostachys sp. ........... 113
Figura 6.33: Percentuais do Volume Total Estimado de Madeira dos Plantios da FLONA
Chapecó .................................................................................................................................... 120
Figura 6.34: Vista do Sub-bosque de Silvicultura de Pinus elliottii com Processo de
Regeneração Natural, Evidenciando em Primeiro Plano Indivíduo Arbóreo de
Espécie Nativa .......................................................................................................................... 122
Figura 6.35: Vista do Sub-bosque de Silvicultura de Pinus elliottii com Processo de
Regeneração Natural ............................................................................................................... 122
Figura 6.36: Vista do Sub-bosque de Silvicultura de Eucalyptus spp. com Processo de
Regeneração Natural Evidenciando em Primeiro plano Indivíduo Jovem de
Araucaria angustifolia ............................................................................................................. 123
Figura 6.37: Vista do Sub-bosque de Silvicultura de Eucalyptus spp. com Processo de
Regeneração Natural ............................................................................................................... 123
Figura 6.38: Vista do Sub-bosque de Silvicultura de Araucaria angustifolia com Processo
de Regeneração Natural .......................................................................................................... 123
Figura 6.39: Vista do Sub-bosque de Silvicultura de Araucaria angustifolia com Processo
de Regeneração Natural .......................................................................................................... 123
Figura 6.40: Ponto de Amostragem 1 ............................................................................................... 129
Figura 6.41: Ponto de Amostragem 12, Rio Retiro ......................................................................... 129
viii
Figura 6.42: Saicanga Oligosarcus brevioris .................................................................................. 129
Figura 6.43: Lambari Astyana bimaculatus ..................................................................................... 129
Figura 6.44: Bagre Heptapterus mustelinus ....................................................................................129
Figura 6.45: Viola Rineloricaria zaina ............................................................................................... 129
Figura 6.46: Barrigudinho Cnesterodon decemmaculatus ............................................................ 130
Figura 6.47: Lambari Astyanax eigenmanniorum ........................................................................... 130
Figura 6.48: Traíra Hoplias malabaricus .......................................................................................... 130
Figura 6.49: Cará Geophagus brasiliensis ......................................................................................130
Figura 6.50: Tilápia Oreochromis niloticus ..................................................................................... 130
Figura 6.51: Contribuição Relativa dos Diferentes Grupos na Composição da
Herpetofauna da FLONA Chapecó ......................................................................................... 131
Figura 6.52: Curva de Acumulação da Riqueza Observada nas duas Glebas da Floresta
Nacional de Chapecó, Durante o Período de Inventário da Avifauna (fevereiro e
julho de 2009) ........................................................................................................................... 138
Figura 6.53: Espécies Registradas na FLONA Chapecó. Da Esquerda para a Direita e de
Cima para Baixo: Coruja-listrada (Strix hylophila), Macho de Sanhaçu-de-fogo
(Piranga flava), Macho de Beija-flor-de-topete (Stephanoxis lalandi) e Beija-flor-de-
papo-branco (Leucochloris albicollis) ................................................................................... 143
Figura 6.54: Espécie Eptesicus taddeii Capturada Durante a AER na FLONA Chapecó............ 150
Figura 6.55: Espécie Histiotus montanus Capturada Durante a AER na FLONA Chapecó........ 150
Figura 6.56: Espécie Sturnira lilium Capturada Durante a AER na FLONA Chapecó ................. 150
Figura 6.57: Espécie Artibeus lituratus Capturada Durante a AER na FLONA Chapecó ........... 150
Figura 7.1: Área do Açude e Vista do Quiosque em Local de Recreação ao Ar Livre
Próximo à Sede Administrativa .............................................................................................. 158
Figura 7.2: Traçado da Trilha das Araucárias na FLONA Chapecó – Gleba I .............................. 159
LISTA DE TABELAS
ix
Tabela 5.11: Principais Produtos de Origem Animal por Estabelecimento e Tamanho do
Rebanho, para Santa Catarina e Municípios da FLONA Chapecó, 2007 .............................. 63
Tabela 6.1: Quadro de Áreas das Tipologias de Vegetação e Uso do Solo Mapeadas para
a FLONA Chapecó – Gleba I e III ............................................................................................ 101
Tabela 6.2: Quadro de Áreas das Tipologias de Vegetação e Uso do Solo Mapeadas para
a FLONA Chapecó – Gleba II .................................................................................................. 101
Os Mapas 6.10 e 6.11 apresentam a distribuição da cobertura vegetal e do uso do solo da
FLONA Chapecó e a Figura 6.11 apresenta a representação gráfica dessa
distribuição. .............................................................................................................................. 101
Tabela 6.3: Índices de Diversidade Calculados para as Unidades Amostrais da Gleba I. ......... 114
Tabela 6.4: Índices de Diversidade Calculados para as Unidades Amostrais da Gleba II. ........ 114
Tabela 6.5: Relação das Espécies Nativas com Potencial de Uso Madeireiro Registradas
na FOM da FLONA Chapecó ................................................................................................... 116
Tabela 6.6: Relação das Espécies Arbóreas e Arbustivas Nativas com Potencial de Uso
Não Madeireiro Registradas na FLONA Chapecó ................................................................ 117
Tabela 6.7: Representatividade Sociológica de Ilex paraguariensis (erva-mate) no Sub-
bosque dos Plantios ................................................................................................................ 118
Tabela 6.8: Parâmetros Dendrométricos Básicos Obtidos para cada Talhão de Plantio ........... 119
Tabela 6.9: Relação dos Estágios de Regeneração Natural do Sub-bosque dos Plantios
Considerado com Base na Estrutura Diamétrica e Diversidade Florística........................ 121
Tabela 6.10: Relação dos Parâmetros de Qualidade do Plantio para os Talhões dos
Plantios ..................................................................................................................................... 124
Tabela 6.11: Espécies Registradas na FLONA Chapecó nas duas Campanhas de Campo
em 2009 e tipo de Ambiente ....................................................................................................127
Tabela 6.12: Ocorrência de Espécies nos Pontos de Amostragem nas Campanhas de
Campo de 2009; (S= riqueza específica; S gleba = riqueza específica por gleba) ............... 128
Tabela 6.13: Anuros Registrados na Floresta Nacional de Chapecó, Glebas I (G I) e II (G
II), e Ambiente de Registro, Segundo Gonsales (1999), Pandolfo (2001), Gonsales
(2002) e Projeto Unochapecó. FN = interior de floresta nativa, PL = interior de
plantio de pínus, AA = área aberta, AB = áreas de borda (nativa e pínus) ........................ 132
Tabela 6.14: Riqueza e Abundância de Répteis Registradas na Floresta Nacional de
Chapecó, Gleba I, em Área de Plantio de Pínus e Floresta Nativa, no Período de
Novembro de 2006 a Junho de 2007. Os Números Correspondem ao Número
Absoluto de Indivíduos Registrados. As Famílias e o Número de Espécies
Encontram-se em Negrito .......................................................................................................134
Tabela 6.15: Espécies de Aves de Interesse Especial (raras e/ou potencialmente
ameaçadas em Santa Catarina, ou sem registros prévios no oeste catarinense),
Registradas na FLONA Chapecó e Entorno Imediato em Fevereiro e Julho de 2009 ...... 140
Tabela 6.16: Aves Observadas em Talhões de Pínus na Floresta Nacional de Chapecó
Durante a Avaliação Ecológica Rápida (fevereiro e julho de 2009) .................................... 141
Tabela 6.17: Espécies de Mamíferos Terrestres não Voadores Registradas ou de Possível
Ocorrência na Floresta Nacional de Chapecó ...................................................................... 145
Tabela 6.18: Lista das Espécies de Morcegos de Possível Ocorrência para Floresta
Nacional de Chapecó ............................................................................................................... 148
Tabela 6.19: Lista das Espécies de Morcegos Ocorrentes e de Possível Ocorrência para
Floresta Nacional de Chapecó e seu status de Conservação ............................................. 153
x
LISTA DE QUADROS
LISTA DE MAPAS
xi
Mapa 4.6: Localização dos CE Chapecó e Timbó e Unidades de Conservação em Santa
Catarina ....................................................................................................................................... 30
Mapa 4.7: Anexo I do Plano Diretor de Desenvolvimento Territorial de Chapecó (PDDTC) ........ 34
Mapa 4.8: FLONA Chapecó e áreas protegidas na Argentina que fazem fronteira ou
próximas a fronteira com o Brasil. ...........................................................................................36
Mapa 6.1: Geomorfologia Local para a Gleba I – FLONA Chapecó ................................................ 78
Mapa 6.2: Geomorfologia Local para a Gleba II – FLONA Chapecó ............................................... 79
Mapa 6.3: Sítios Naturais com os Pontos Amostrais de Solo para a Gleba I ................................ 83
Mapa 6.4: Sítios Naturais com os Pontos Amostrais de Solo para a Gleba II ............................... 84
Mapa 6.5: Declividade da FLONA Chapecó – Gleba I ....................................................................... 87
Mapa 6.6: Declividade da FLONA Chapecó – Gleba II ...................................................................... 88
Mapa 6.7: Microbacias da Gleba I ....................................................................................................... 92
Mapa 6.8: Microbacias da Gleba II ...................................................................................................... 94
Mapa 6.9: Localização dos Pontos de Amostragem......................................................................... 97
Mapa 6.10: Distribuição da Cobertura Vegetal e do Uso do Solo da FLONA Chapecó –
Glebas I e III .............................................................................................................................. 102
Mapa 6.11: Distribuição da Cobertura Vegetal e do Uso do Solo da FLONA Chapecó –
Gleba II ...................................................................................................................................... 103
Mapa 6.12: Pontos de Amostragem da Ictiofauna no Interior da Gleba I da FLONA
Chapecó .................................................................................................................................... 125
Mapa 6.13: Pontos de aAmostragem da Ictiofauna no Interior da Gleba II da FLONA
Chapecó .................................................................................................................................... 126
Mapa 6.14: Uso e Cobertura do Solo com as Trilhas Percorridas na Gleba I para
Levantamento da Avifauna .....................................................................................................136
Mapa 6.15: Uso e Cobertura do Solo com as Trilhas Percorridas na Gleba II para
Levantamento da Avifauna .....................................................................................................137
Mapa 6.16: Áreas de Coleta de Morcegos na Floresta Nacional de Chapecó, Gleba I ............... 151
Mapa 6.17: Área de Coleta de Morcegos na Floresta Nacional de Chapecó, Gleba II ................ 152
xii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AM Amplitude Modulation
CE Corredor Ecológico
CI Conservação Internacional
CR Coordenação Regional
xiii
DVD Digital Video Disc
E East
FM Frequency Modulation
xiv
MS Mato Grosso do Sul
N North
PC Personal Computer
PR Paraná
RB Reserva da Biosfera
RH Região Hidrográfica
S South
SC Santa Catarina
xv
SED Secretaria de Estado da Educação
TI Terra Indígena
TR Termo de Referência
UC Unidade de Conservação
UF Unidade da Federação
VA Valor Adicionado
W West
ZA Zona de Amortecimento
xvi
1 INTRODUÇÃO
Implantada em 1962 com o nome de Parque Florestal João Goulart, após a extinção do
Instituto Nacional do Pinho (INP), passou a denominar-se Floresta Nacional de Chapecó
(FLONA Chapecó) pela Portaria nº 560/68 do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento
Florestal (IBDF). Teve seu primeiro Plano de Manejo (PM), elaborado em 1989 pela
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A presente revisão do PM foi realizada pela
SOCIOAMBIENTAL Consultores Associados Ltda., sob supervisão do Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) atual gestor da Unidade. Os recursos
financeiros para realização deste trabalho foi da Foz do Chapecó Energia S.A., referente à
parte dos recursos da compensação ambiental do licenciamento da Usina Hidrelétrica de
Foz do Chapecó.
A mesma lei determina que o Plano de Manejo deva abranger, além da área da
Unidade de Conservação (UC), a sua Zona de Amortecimento2 (ZA) e os Corredores
Ecológicos3 (CE) associados a ela.
1
Lei nº 9.985/2000
2
“Zona de Amortecimento: o entorno de uma Unidade de Conservação, onde as atividades humanas estão
sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a
Unidade” (Lei no 9.985/00, artigo 2o - XVIII).
3 “Corredores Ecológicos: porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando Unidades de Conservação,
que possibilitem entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a
recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua
sobrevivência, áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais”. (Lei no 9.985/00, artigo 2o -
XIX).
1
dotar a FLONA de um instrumento de planejamento, gerenciamento e manejo e
possibilitando atingir os objetivos para os quais foi criada;
definir objetivos específicos de manejo para orientar a gestão da UC;
definir ações específicas para o manejo da FLONA;
estabelecer normas específicas para regulamentar a ocupação e o uso dos recursos da
ZA e dos Corredores Ecológicos, com o objetivo de proteger a UC;
promover o manejo da UC, orientado pelo conhecimento disponível e(ou) gerado;
estabelecer a diferenciação e intensidade de uso mediante zoneamento, com o objetivo
de proteger seus recursos naturais e culturais;
promover a integração socioeconômica das comunidades do entorno com a UC;
fortalecer a proteção da FLONA e estimular as atividades de pesquisa científica e o
monitoramento ambiental da área da UC, a fim de subsidiar a atualização do seu manejo;
promover atividades de educação ambiental e uso público para ampliar o apoio da
população no manejo e na implementação da FLONA e da melhoria das condições
ambientais da região.
2
No Quadro 1.1, é apresentado a ficha técnica da FLONA Chapecó com um resumo
das principais informações da Unidade.
3
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
2 HISTÓRICO DE PLANEJAMENTO
Os trabalhos não evoluíram e foram paralisados. Em 2008, com parte dos recursos da
compensação ambiental do empreendimento Usina Hidrelétrica Foz do Chapecó, optou-se,
mediante processo de análise de propostas, por contratar a empresa Socioambiental
Consultores Associados Ltda., que realizou a elaboração do presente Plano de Manejo da
4
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
5
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Gleba 1 - Guatambu
4
Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>, acessado em 13 de janeiro de 2012.
6
Gleba 2 - Chapecó
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
7
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
O acesso à sede da FLONA Chapecó é feito por via terrestre, partindo-se do centro de
Chapecó, percorrendo-se aproximadamente 6 km por vias municipais e mais 11 km pela
rodovia BR/SC-283 (Estrada Chapecó – São Carlos) em direção oeste. O acesso a Gleba III
também se dá pela BR/SC-283, estando localizada a margem desta, entre a sede da
Unidade (distanciada cerca de 2 km) e o Distrito de Fazenda Zandavalli (distanciado cerca
de 1 km). O acesso à Gleba II também é feito por via terrestre, partindo-se do centro da
cidade de Chapecó por vias municipais e pela SC-480 percorre-se aproximadamente 8,5
km, adentrando-se 2 km por estrada secundária não pavimentada de acesso a Linha Monte
Alegre, a qual contorna a gleba nas faces sul e oeste. No Quadro 3.1, pode-se verificar a
distância entre a FLONA Chapecó e as principais capitais da região sul e sudeste.
Quadro 3.1: Distância dos principais centros urbanos mais próximos à FLONA Chapecó
Cidade Distância (km) Rodovias
Porto Alegre 470 BR 386 / RS 404 / RS 324 / RS 406 / BR 480 / SC 283
Curitiba 496 BR 476 / BR 153 / BR 282 / SC 283
Florianópolis 564 BR 101/ BR 282 / SC 283
São Paulo 893 BR 116 / BR 476 / BR 153 / BR 282 / SC 283
Fonte: Google Mapas, acessado em 3 de março de 2010
8
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
9
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
O segundo ciclo madeireiro ocorreu entre 1940 e 1965, com a implantação de uma
série de serrarias em toda a região oeste de Santa Catarina, caracterizadas por
equipamentos de cortes mais avançados e por uma política do governo de incentivo a
produção de madeira serrada. A área ocupada pela FLONA Chapecó passou por este ciclo
madeireiro, antes de sua implantação como Parque Florestal, sendo que em uma de suas
glebas funcionava uma destas serrarias.
A área da Floresta Nacional de Chapecó foi adquirida em 1961, sendo o último dos
Parques Florestais criado pelo Instituto Nacional do Pinho (INP) na região de ocorrência
natural do pinheiro. A Unidade foi destinada ao plantio de Araucaria angustifolia com o
objetivo de estudar seu crescimento e comportamento, sob diferentes condições
silviculturais, mas, também à implantação de espécies exóticas como o Pinus elliottii e o
Pinus taeda. A Unidade conta com três glebas, a Gleba I (1.266,48 ha) foi comprada em
1961. Uma segunda, Gleba II (306,63 ha), foi posteriormente doada ainda naquele mesmo
ano ao governo federal pela Câmara Municipal de Chapecó e ratificada pela Prefeitura
Municipal (INP, 1962). A Gleba III (0,405 ha), localizada às margens da BR/SC-283, no
município de Guatambu, foi doada através de um acordo entre o espólio de Zandavalli e o
IBAMA, conforme Ofício 371/03 SEC/SCHA026 datado de abril de 2003. Em 1962 o Parque
foi implantado, recebendo o nome de Parque Florestal João Goulart, presidente deposto
pelos militares em março de 1964.
No período de 1980 a 1990, iniciou-se o manejo das florestas plantadas, com vendas
de matéria-prima para a indústria madeireira. Simultaneamente, na região ocorreu uma
intensa exploração madeireira, com abertura de fronteiras agrícolas. No final dos anos 80 foi
elaborado o primeiro Plano de Manejo da Floresta Nacional de Chapecó. Nesta época, o
IBDF passou por reformulações transformando-se no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA. Criado o IBAMA em fevereiro de 1989, a
FLONA Chapecó foi incorporada à sua estrutura administrativa até agosto de 2007, quando
o então criado Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) passou a
fazer a gestão das Unidades de Conservação Federais.
Neste item é tratado o contexto em que se insere a FLONA Chapecó e sua importância
nos esforços de conservação do bioma Mata Atlântica, particularmente em Santa Catarina.
É também abordada sua representatividade em relação às Unidades de Conservação
estaduais e federais do estado, bem como sua inserção no contexto ambiental internacional,
como integrante da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, e do Hotspot de biodiversidade
do Bioma Mata Atlântica. Além disso, são abordadas especificidades locais em termos da
inserção das áreas da FLONA Chapecó nos Planos Diretores dos Municípios, nos Planos de
Bacias Hidrográficas sua interface com os planejamentos de Corredores Ecológicos
previstos para o estado e sua localização na faixa de fronteira.
Desde então, o número de UCs no Brasil têm aumentado, porém, de acordo com a
Figura 4.1, até 2009, o Brasil não havia atingido a referida meta da CONABIO, inclusive
para o Bioma Mata Atlântica, no qual está inserida a FLONA Chapecó. Isso reforça a
importância desta UC, em conjunto com o restante das presentes neste Bioma, na busca
para se atingir a meta futuramente.
7
Designação criada pelo Presidente da instituição, Russell Mittermeier, primatólogo de renome
internacional que durante suas pesquisas observara a concentração de 75% das espécies de
primatas em apenas 4 países: Brasil, Congo (ex-Zaire), Indonésia e Madagascar e, após a
compilação de levantamentos para outros grupos taxonômicos (plantas e outros animais), concluiu
que, a exemplo do G7, grupo dos 7 países que concentram a riqueza econômica do planeta, a
maior parte da riqueza em biodiversidade estaria concentrada em um grupo de 17 países, os então
chamados Países Megadiversos.
8 Decreto nº 4.339, de 22 de agosto de 2002.
9
Oficializada pela Resolução CONABIO nº 3, de 21 de dezembro de 2006.
11
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
12
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
13
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Mapa 4.2: Localização das Unidades de Conservação e RPPNs na Região Oeste de Santa Catarina
14
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Já no contexto local, o Mapa 4.3, elaborada com base no uso do solo do PPMA/SC
(2008), considerando apenas a legenda “Florestas em Estágio Médio ou Avançado e/ou
Primárias”, evidencia a alta relevância das duas glebas da FLONA Chapecó como partes
significativas de dois dos quatro maiores fragmentos de Mata Atlântica nativa da região
(representados no mapa pela legenda mais escura). A análise apresentada foi elaborada por
meio do software ArcGis 10, que dividiu automaticamente os fragmentos em cinco classes
de tamanho, baseado na própria fragmentação da mata.
Em termos quantitativos, a relação entre a área total compreendida por cada classe e
o número de fragmentos da respectiva classe (Quadro 4.1), também evidencia a
importância dos quatro maiores remanescentes na paisagem, já bastante fragmentada, pois
sozinhos estes encerram a maior área (6.880,68 ha) dentre as cinco classes.
Quadro 4.2: Tamanhos dos Quatro Maiores Fragmentos da Paisagem (em ha) e Percentual
destes Protegido pelas Glebas da FLONA Chapecó (quando aplicável)
PORCENTAGEM DO
TAMANHO FRAGMENTO
FRAGMENTO LOCALIZAÇÃO
FRAGMENTO CONTEMPLADA NA
UC
Entre as glebas da FLONA
Fragmento 1 2.963,30 Não se aplica
Chapecó
Contempla Gleba II da
Fragmento 2 1.338,40 21%
FLONA Chapecó
No mapa, à direita da
Fragmento 3 1.333,70 Não se aplica
Gleba II
Contempla Gleba I da
Fragmento 4 1.245,50 57%
FLONA Chapecó
15
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Mapa 4.3: Mapa de Fragmentos de Floresta Atlântica Nativa em Estágio Médio ou Avançado e/ou Primários, Divididos em
Cinco Classes de Tamanho Geradas Automaticamente pelo Programa Arcgis 10, com Base na Fragmentação Florestal
Evidenciada no Mapa de Uso do Solo Realizado por PPMA (2008).
16
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
10
Cerca de 0,2%, em inferência aproximada, com base no cruzamento das informações disponíveis
para UCs Federais e Estaduais, com o limite aproximado da área de distribuição original da FOM em
SC, oriundo do Mapa Fitogeográfico do Estado de SC, do ano de 2001, elaborado pela Secretaria de
Estado do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente e Fundação do Meio Ambiente, baseado no
Mapa Fitogeográfico de Santa Catarina, proposto pelo botânico Roberto Klein em 1978. Ver Mapa
4.2.
17
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Proteção Integral
Reserva Biológica
Mata Atlântica/ Dec. nº 99.142 de 12 de
Marinha do Arvoredo 1990 171,0452
Marinho Costeiro março de 1990
Estação Ecológica
Dec. s/nº de 19 de
Mata Preta 2005 Mata Atlântica 65,6570
outubro de 2005
Dec. nº 94.656 de 20 de
Carijós 1987 Mata Atlântica 7,593
julho de 1987
Parque Nacional
Dec. s/nº de 19 de
das Araucárias 2005 Mata Atlântica 128,4670
outubro de 2005
Dec. nº 70.296 de 17 de
Aparados da Serra 1959 Mata Atlântica 130,4156
março de 1972
Dec. nº 531 de 20 de
Serra Geral 1992 Mata Atlântica 173,1036
maio de 1992
Dec. nº 50.922 de 06 de
São Joaquim 1961 Mata Atlântica 427,7472
julho de 1961
Uso Sustentável
Área de Proteção Ambiental
Mata Atlântica/ Dec. nº de 14 de
Baleia Franca 2000 1.548,64
Marinho Costeiro setembro de 2000
Mata Atlântica/ Dec. nº 528 de 20 de
Anhatomirim 1992 44,36
Marinho Costeiro maio de 1992
Área de Relevante Interesse Ecológico
Decreto S/N de
Serra das Abelhas 1990 Mata Atlântica 50,1655
25/05/1996
Floresta Nacional
Portaria nº 560 de 25 de
Caçador 1968 Mata Atlântica 7,0654
outubro de 1968
Portaria nº 560 de 25 de
Chapecó 1968 Mata Atlântica 16,04*
outubro de 1968
Dec. nº 95.818 de 11 de
Ibirama 1998 Mata Atlântica 5,1935
março de 1998
Portaria nº 560 de 25 de
Três Barras 1968 Mata Atlântica 43,8533
outubro de 1968
Reservas Extrativista
Mata Atlântica/ Dec. nº 533 de 20 de
Pirajubaé 1992 16,9690
Marinho Costeiro maio de 1992
* Área referente a FLONA Chapecó contida em seu registro de Imóveis, disponibilizado pela Unidade, é de
15,7351 Km²
Fonte: Cadastro Nacional de Unidades de Conservação. MMA. Disponível em: http://www.mma.gov.br, acessado
em 29 de setembro de 2011.
19
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
do Rio
2007 308 1.532 Florianópolis Restinga
Vermelho
Floresta Estacional
Fritz Plaumann 2003 797 740 Concórdia
Decidual
São Domingos e
das Araucárias 2003 293 612 F. Ombrófila Mista
Galvão
Reserva Biológica Estadual
11.232
Botuverá e Nova
da Canela Preta 1980 e 1.899 F. Ombrófila Densa
Trento
4.840
Doutor Pedrinho e
do Sassafrás 1977 2.221 5.522 F. Ombrófila Densa
Benedito Novo
Treviso, Morro Grande,
F. Ombrófila Densa,
do Aguaí 1983 19.635 7.672 Siderópolis e Nova
Campo de Altitude
Veneza
Fonte: FATMA. Disponível em: http://www.fatma.sc.gov.br/
20
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
21
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
A definição dessas áreas foi feita para todos os biomas brasileiros, com base em
informações disponíveis e uma série de reuniões técnicas, seminários regionais e oficinas
participativas com uma série de especialistas e entidades afins. As áreas identificadas foram
classificadas de acordo com seu grau de importância para biodiversidade e com a urgência
para a implementação das ações sugeridas. As áreas foram classificadas quanto a sua
importância em extremamente alta, muito alta, alta e insuficientemente conhecida. Quanto à
urgência das ações foram classificadas como extremamente alta, muito alta e alta (MMA,
2007).
No Bioma Mata Atlântica estão mapeadas e tabeladas 886 áreas, que incluem
praticamente todas as UCs públicas desse bioma, além de terras indígenas e também
outras áreas não protegidas. Na região da FLONA Chapecó, inserida no oeste de Santa
Catarina, foram mapeadas algumas áreas prioritárias (Figura 4.2), incluindo a própria
FLONA Chapecó como uma dessas áreas, além de outras nove áreas, sendo quatro terras
indígenas, uma área caracterizada como "Entorno da FLONA Chapecó" e os Corredores
Ecológico do rio Chapecó e do Rio Uruguai (Quadro 4.6 e Figura 4.3). Ainda no oeste de
Santa Catarina, são mapeadas, aproximadamente, outras 12 áreas prioritárias, sendo que
quatro são Unidades de Conservação: ESEC da Mata Preta, Parque Estadual Fritz
Plauman, Parque Nacional das Araucárias e Parque Estadual das Araucárias (Figura 4.2).
22
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
23
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Quadro 4.6: Áreas Prioritárias para a Conservação (segundo MMA, 2007), existentes na região da FLONA Chapecó
Nome Característica Importância Prioridade Oportunidade Ameaças Ação
Importantes fragmentos de Existência de RPPN e UCs Presença de espécies exóticas.
Floresta Ombrófila Mista e municipais. Pesquisa científica. Caça predatória. Barramentos -
Floresta Estacional Decidual Demanda de produtos orgânicos. Inundação de áreas por
Entorno
(transição) na região; Oportunidade de aproveitamento hidrelétricas. Expansão de área Cria UC -
Flona Alta Muito Alta
registro do papagaio-do- de resíduos orgânicos para agrícola. Expansão de área urbana. PI
Chapecó
peito-roxo (espécie geração de energia e outras Contaminação de recursos hídricos.
ameaçada); a área engloba riquezas. Existência de Perda de biodiversidades e
a FLONA Chapecó. universidades regionais. recursos. Contaminação do solo.
Corredor do Uruguai; liga as Presença de espécies exóticas.
terras indígenas (não Caça predatória. Pesca predatória.
diretamente, liga a 1.58) ao Barramentos - Inundação de áreas
Corredor do Projetos de desenvolvimento
PE do Turvo e ao Maciço Extremamen Extremam por hidrelétricas. Uso de Mosaico/C
Rio Uruguai sustentável. Existência de RPPN e
Florestal de Missiones, AR. te Alta ente Alta agrotóxicos. Expansão de área orredor
(Oeste) UCs municipais.
Presença de espécies agrícola. Perda de biodiversidades
ameaçadas gênero Dyckia e recursos. Extração de madeira.
extinta no Brasil. Isolamento e fragmentação de área
Existência do PARNA das Presença de espécies exóticas.
Araucárias. Área núcleo da Caça predatória. Barramentos.
limites ao longo da mata reserva da Biosfera. Existência de Inundação de áreas por
Corredor ciliar do rio Chapecó. Área Extremam águas termais. Conservação da hidrelétricas. Uso de agrotóxicos. Cria UC -
Muito Alta
Chapecó núcleo da Reserva da ente Alta ictiofauna. Existência da estação Expansão de área agrícola. PI
Biosfera da Mata Atlântica. de piscicultura de São Carlos (SC) Expansão de área urbana.
que atua somente com espécies Contaminação de recursos hídricos.
nativas. Perda de biodiversidade.
Presença de espécies exóticas.
Caça predatória. Pesca predatória.
Limite ao longo da mata Barramentos - Inundação de áreas
Existência de RPPN e UCs
Corredor ciliar. Área núcleo da por hidrelétricas. Uso de Mosaico/C
Alta Alta municipais. Projetos de
Rio Uruguai Reserva da Biosfera da agrotóxicos. Captura de fauna e orredor
desenvolvimento sustentável.
Mata Atlântica. flora silvestre para tráfico.
Contaminação de recursos hídricos.
Perda de biodiversidades.
Limite ao longo da mata Presença de espécies exóticas.
ciliar. Área núcleo da Caça predatória. Pesca predatória.
Corredor do Existência de RPPN e UCs
reserva da biosfera da Mata Barramentos - Inundação de áreas Mosaico/C
Rio Uruguai Alta Muito Alta municipais. Projetos de
Atlântica. Presença de por hidrelétricas. Uso de orredor
(Leste) desenvolvimento sustentável.
espécies ameaçadas agrotóxicos. Captura de fauna e
gênero Dyckia extinta no flora silvestre para tráfico.
24
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
25
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Figura 4.3: Áreas Prioritárias para Conservação (segundo MMA,2007), existentes na região da FLONA Chapecó.
26
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
A RBMA incluiu a área da FLONA Chapecó em sua última fase (Fase VI, em 2008), a
partir da qual, também de acordo com informações fornecidas pela instituição12, passou a
totalizar cerca de 78.500.000 ha, sendo aproximadamente 62.300.000 ha em áreas
terrestres e 16.200.000 em áreas marinhas, contemplando 16 dos 17 estados de ocorrência
de Mata Atlântica no país (Mapa 4.5).
11
Disponível em < http://www.rbma.org.br/rbma/rbma_1_textosintese.asp>, acesso em 11 de junho de 2011.
12
Disponível em < http://www.rbma.org.br/rbma/rbma_fase_vi_01_apres.asp>, acesso em 11 de julho de 2011.
13
Disponível em <http://www.rbma.org.br/rbma/rbma_1_zoneamento.asp>, acesso em 11 de julho de 2011.
27
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Hotspot foi um conceito criado em 1988 pelo ecólogo inglês Norman Myers, para
identificar as áreas prioritárias à conservação. São considerados “hotsposts” regiões com
pelo menos 1.500 espécies endêmicas de plantas e que tenham perdido mais de ¾ de sua
vegetação original, ou seja, áreas de alta biodiversidade e ameaçadas no mais alto grau14.
14
Disponível em < http://www.conservation.org.br/como/index.php?id=8>, acesso em 11 de julho de 2011.
29
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
O conceito utilizado nesses trabalhos tem sido considerado pioneiro no Brasil, pois vai
além dos pressupostos estabelecidos pelo SNUC. Segundo Santa Catarina (2009), as ações
de implementação estão focadas em compatibilizar o desenvolvimento do meio rural com a
conservação da biodiversidade, por meio de uma proposta de desenvolvimento territorial
sustentável. Assim, os CEs Chapecó e Timbó têm como principais objetivos a promoção de
melhoria na paisagem, garantindo a cobertura vegetal existente, e a agregação de valor,
produtividade e mercado para a produção agropecuária sustentável de produtos regionais.
De acordo com Santa Catarina (2010):
30
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Governança, para remunerar produtores rurais que mantém florestas nativas em suas
propriedades ou que se dispõem a recuperar áreas degradadas (SANTA CATARINA, 2010).
Dentre os municípios da região onde se insere a UC, o único cujo Plano Diretor foi
publicado antes da conclusão deste Plano de Manejo, é Chapecó. O Plano Diretor de
Desenvolvimento Territorial de Chapecó (PDDTC)20, foi instituído pela Lei Complementar
15
Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de SC.
16
Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca de SC.
17
Fundo de Desenvolvimento Rural.
18
Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável.
19
Em termos de facilitação de fluxo entre populações de fauna e flora, dos importantes
remanescentes florestais da região.
20
Disponível em <http://www.leismunicipais.com.br/legislacao-de-chapeco/865841/lei-complementar-
202-2004-chapeco-sc.html>; acesso em 11 de julho de 2011.
31
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
De acordo com o documento, a Gleba II FLONA Chapecó está inserida na MPP, que
de acordo com § 2º do Art. 112, “é caracterizada pela prevalência do patrimônio ambiental
do Município e da humanidade, pelos núcleos de agrupamentos rurais em estruturação e
pelas atividades predominantemente ligadas à produção agrofamiliar primária”. Esta
macrozona é, de acordo com Art. 115, formada por macroáreas e demais unidades
territoriais, dentre as quais está a “Unidade de Conservação Florestal (UCF)” que
compreende os limites da Gleba II da FLONA Chapecó.
A descrição desta UCF é encontrada no Art. 135 da referida lei, conforme disposto a
seguir:
32
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33
Plano de Manejo - Floresta Nacional de Chapecó - Santa Catarina
Gleba II
FLONA Chapecó
34
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
21
Disponível em: <http://www.aguas.sc.gov.br/sirhsc/noticia_visualizar.jsp?idNoticia=632&idEmpresa=1>, acesso
em 11 de junho de 2011.
22
Disponível em:
<http://www.aguas.sc.gov.br/sirhsc/biblioteca_visualizar_arquivos.jsp?idEmpresa=58&idPasta=438>, acesso em
11 e junho de 2011.
35
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Mapa 4.8: FLONA Chapecó e áreas protegidas na Argentina que fazem fronteira ou próximas a
fronteira com o Brasil.
Brasília, 15/08/1980.
36
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
➢ Florestas;
➢ Áreas fronteiriças;
➢ Parques nacionais;
➢ Mudança de clima;
➢ Ozônio;
➢ Poluição urbana;
37
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
➢ áreas protegidas;
➢ incêndios florestais;
38
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Com a chegada do colonizador branco, outros usos dos recursos passaram a ser
introduzidos. Inicialmente, nos séculos XVII e XVIII, o uso mais intenso se fez sobre os
campos nativos, utilizados para a criação do gado e áreas de invernada.
Também foram trazidos para a região escravos negros para trabalhar nas estâncias e
fazendas. Da miscigenação dos grupos sociais que estavam vivendo no território – índios,
brancos e negros - é que se formou uma nova etnia, o caboclo.
Os primeiros portugueses que ocuparam o território faziam parte das expedições que
desciam da região paulista rumo ao sul do país. Instalavam-se em extensas fazendas, onde
criavam gado, tanto para garantir a posse da terra como para atender a demanda por
alimentos da região das Minas Gerais. Esse movimento de ocupação pelos colonizadores
portugueses foi conhecido como o Ciclo do Tropeirismo, atrelado a um dos grandes ciclos
da economia brasileira, o da mineração. A exploração das Minas Gerais, na região central e
sudeste do Brasil, impulsionou o desenvolvimento da atividade pecuária na região sul do
país, cujo transporte dos animais se fazia por aquele que ficou conhecido como o “Caminho
das Tropas”25.
23 Para maior aprofundamento ver: Pereira, W.S., 1995; Fernandes, Ricardo Cid., 2004; Santa Catarina, 2009.
24 Para maior aprofundamento ver: Wachowicz, R. C., 1972; Pilati, José Isaac, 2001; Grybowski, 2002; Santa
Catarina, 2009.
25 Para maior aprofundamento ver: Wachowicz, R. C., 1972; Pilati, José Isaac, 2001; Grybowski, 2002; Santa
Catarina, 2009.
26 Para maior aprofundamento ver: Wachowicz, R. C., 1972; Padis, P.C., 1981; Santa Catarina, 2009.
39
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
estâncias e fazendas é que faziam o primeiro comércio do produto, o qual era transacionado
com outros comerciantes, chegando, por fim, à exportação pelo porto de São Francisco.
Mais adiante, houve a disputa entre os estados do Paraná e de Santa Catarina pelo
território “Contestado”. Dentre as demandas do movimento estava a legalização de terras
“livres” como de propriedade dos “coronéis”. Interessava-lhes a exploração das riquezas
naturais existentes, cujas atividades eram basicamente extrativas. Os campos nativos
serviam de pasto para a criação extensiva do gado; dos ervais nativos se extraia a erva-
mate, com grande importância econômica no final do século XIX e começo do XX,
culminando com a extração da madeira, que, praticamente, extinguiu a floresta de
araucárias da região, na primeira metade século XX27.
Toda a região meio-oeste e oeste catarinense foi colonizada por meio de projetos de
colonização29. A grande maioria tinha um determinado padrão, retiravam a madeira e abriam
estradas com demarcação de lotes ao longo das mesmas, as chamadas “linhas”, onde cada
lote tinha em média 25 ha. Entretanto, também havia lotes maiores, com área variando de
100 a 1.000 ha que se caracterizavam por serem áreas de campos, destinadas a atividades
pastoris ou, ainda, com florestas, destinadas à extração da erva-mate e da retirada de
madeira (VALENTINI, 2003).
Todo esse processo de ocupação territorial gerou grandes conflitos. Do ponto de vista
social, sucedeu-se uma intensa e quase completa dizimação das populações indígenas
pelos colonizadores portugueses. Das grandes extensões de terras outrora ocupadas pelos
índios, hoje, os que restaram estão confinados a pequenas parcelas (PROJETO
MICROBACIAS 3, 2009).
27 Para maior aprofundamento ver: Auras, M. 1984; Padis, P.C., 1981; Santa Catarina, 2009.
28 Para maior aprofundamento ver: Valentini, D.J. 2003; Cotrim, G., 2002; Santa Catarina, 2009.
29 Para maior aprofundamento ver: Pilati, José Isaac, 2001; Brandt, M. 2007; Brandt, M. 2005; Radin, José
Carlos, 2001; Pilati, José Isaac, 1991; Piazza, Walter F. 2001; Grybowski, Cândido, 2002; Santa Catarina, 2009.
40
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Com a chegada do colonizador branco, outros usos dos recursos passaram a ser
introduzidos. No início dos séculos XVII e XVIII, o uso mais intenso se fez sobre os campos
nativos, utilizados para a criação do gado e áreas de invernada, à época do Tropeirismo.
Mas a região foi efetivamente colonizada no final do século XIX, quando, estimulados
pelo Governo, foram concebidos projetos de colonização para atrair novos imigrantes para o
país. Inicialmente, eles ocuparam a região do planalto norte e do meio-oeste catarinense,
visando assegurar o domínio das terras disputadas com o Paraná (VALENTINI, 2003).
Deste modo, a existência da estrada de ferro ligando o Rio Grande do Sul a São
Paulo, que no oeste de Santa Catarina passava por Caçador e Joaçaba, foi decisiva para o
transporte do produto. Após, em 1930, chegaram os primeiros caminhões, mais uma vez se
multiplicaram as serrarias, adentrando o interior em busca das florestas de pinheiro nativo.
30
Santa Catarina, 2009a e Santa Catarina, 2009b
41
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
na produção agrícola diversificada, com o cultivo de produtos básicos, como milho, arroz,
feijão e a criação de animais para consumo (aves e suínos) e para os serviços. Além da
produção primária, era um grupo social que tinha a tradição de beneficiar seus produtos,
destinados tanto para o consumo familiar como para a comercialização.
42
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Cabe ainda fazer uma breve menção com relação a situação das populações
indígenas no cenário socioambiental da região. Segundos dados da FUNAI (2008), dos
8.751 indígenas residentes em Terras Indígenas (TIs) no estado de Santa Catarina, 875
deles vivem em três TIs situadas no município de Chapecó, representando 10% da
população indígena estadual. Todas são habitadas pela etnia Kaingang, sendo que duas
delas estão homologadas – TI Chimbangue I e II, e a TI Aldeia Condá ainda está na
condição de identificada. O total das terras ocupadas por esta população é um pouco maior
do que 4 mil hectares, o que representa menos de 7% do total das terras do município de
Chapecó.
43
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Em situação oposta está o município de Guatambu, uma vez que se encontra entre
aqueles com o menor IDH em Santa Catarina. Em 1991, ocupava a 269ª posição no ranking
estadual, porém, em 2000 perdeu tal posição, ficando em 272º lugar dentre todos os
municípios catarinenses. O que pode explicar tal condição é o fato de o município ser
relativamente novo (1991) e, por ser um dos antigos distritos de Chapecó, ainda ter
significativa dependência do município vizinho.
Percebe-se que entre os anos de 1991 e 2000, com exceção do IDHM Renda e IDHM
Educação, Guatambu obteve crescimento superior à Chapecó, entretanto, mesmo com esse
crescimento, Guatambu ainda apresenta desenvolvimento menor que Chapecó em todos os
índices. O dado que chama atenção em Guatambu se refere ao IDHM Educação, cuja
variação foi maior em relação às demais unidades.
44
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Quando se observa a situação regional, por meio dos dados da SDR Chapecó,
verifica-se que a situação é semelhante ao total do estado. Porém, ao se analisar o
comportamento populacional dos dois municípios da FLONA Chapecó, a situação é
bastante diversa.
45
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
46
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Tabela 5.2: População Residente por Situação de Domicílios e Variação de Crescimento em Santa Catarina, SDR Chapecó, Municípios da FLONA
Chapecó - 1991, 2000, 2007 e 2010
100
80
60
40
20
0
Santa Catarina SDR Chapecó Chapecó Guatambu
47
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Chapecó Guatambu
2% 6%
2% 2%
30%
Até 9 Até 9
De 10 a 19 38% De 10 a 19
De 20 a 39 54% De 20 a 39
De 40 a 59 De 40 a 59
66%
48
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Tabela 5.3: Distribuição Percentual da População por Sexo, Proporção de Pessoas Naturais
dos Municípios, 2000
O trabalho de campo realizado para este diagnóstico mostrou, pelo relato de famílias
entrevistadas que, embora sejam os jovens que têm deixado a propriedade dos pais para
estudar ou para trabalhar na cidade, muitas vezes eles retornam e dormem na propriedade
diariamente. Alguns relatos evidenciaram que até mesmo as agroindústrias estão
preocupadas com esta situação, uma vez que a mão de obra barata e flexível dos jovens,
utilizada dentro da propriedade e nas agroindústrias, começa a escassear em função da
migração dos mesmos para centros urbanos. No entanto, continua significativo o número de
jovens que procuram os postos de trabalho ofertados pelas agroindústrias, uma vez que os
rendimentos são superiores aos alcançados no campo e o trabalho menos desgastante que
o rural.
Outro aspecto que merece ser destacado diz respeito à interferência das condições
climáticas na decisão da migração rural. A forte estiagem que tem assolado a região oeste
catarinense nos últimos anos vem sendo decisiva na tomada de decisão da saída do campo
e isso contribui para acelerar o processo de abandono das propriedades.
Tabela 5.4: População Residente por Faixa Etária para os Municípios, 2000 (em %)
49
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
40
35
30
25
20
15
10
5
0
0 a 9 anos 10 a 19 anos 20 a 39 anos 40 a 59 anos 60 anos ou mais
Chapecó (SC) Guatambu (SC)
Figura 5.4: População Residente por Faixa Etária para os Municípios em 2000 (em %)
Por fim, algumas observações da fase da pesquisa de campo para este trabalho
merecem destaque em função da dinâmica demográfica.
As diferenças entre os dois municípios também são evidentes no que se refere à área
educacional. Segundo dados da Prefeitura Municipal, Chapecó conta com mais de 180
estabelecimentos e cerca de 3.000 profissionais atuando nas áreas do ensino fundamental e
médio. O município dispõe também de infraestrutura e de profissionais atuantes no ensino
técnico profissionalizante, a maior parte deles voltados ao atendimento do setor
agroindustrial, assim como da presença do Instituto Federal de Ensino Tecnológico de Santa
Catarina (IFSC). O município é referência regional no que se refere ao ensino superior,
abrigando mais de 10 instituições, dentre elas três (3) Universidades.
De outro lado está Guatambu, que tem somente seis (6) estabelecimentos de ensino.
Dois deles são da rede estadual, um com ensino fundamental e médio e outro somente com
o fundamental. Os outros quatro estabelecimentos são da rede municipal, mantendo as
50
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
120.000 20
100.000
15
80.000
60.000
10
40.000
20.000 5
0
Chapecó (SC) Guatambu (SC) 0
Chapecó (SC) Guatambu (SC)
Total Alfabetizada
População Entre 10 e 15 anos
População com 15 anos ou +
Figura 5.5: População com 10 Anos ou Mais Figura 5.6: Taxa de Analfabetismo da
de Idade – Total e Alfabetizada para os População entre 10 a 15 Anos e Acima de 15
Municípios da FLONA Chapecó, 2000 Anos para os Municípios da FLONA Chapecó,
2000
Entretanto, há outra consideração importante a ser feita com relação à população que
se declara alfabetizada. Convencionalmente, ao se coletar os dados censitários relativos às
condições de educação, além de se perguntar se o declarante é alfabetizado ou não,
também se indaga quantos anos de estudo ele tem. Esta informação permite que se infira a
condição de analfabetismo funcional da população. Os dados da Figura 5.7 permitem
observar que as condições de analfabetismo funcional no país, no estado e na região vêm
melhorando. Esta informação já foi contemplada quando se analisou o IDH-M e se constatou
que o índice relativo à educação cresceu entre as décadas de 1991-2000.
31
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
51
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
ainda estão nesta condição mais de 27% do total da população acima de 15 anos (Figura
5.7).
40
35
30
25
20
15
10
0
Figura 5.7: Taxa de Analfabetismo Funcional por Faixa Etária para os Municípios da FLONA
Chapecó em 2000.
Um dos indicadores da riqueza gerada num município, estado e/ou país é o PIB –
Produto Interno Bruto. Como se observa, é muito discrepante a situação entre os dois
52
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
A justificativa para tal situação em Guatambu decorreu do fato de que a então recém-
criada empresa Bondio Alimentos, do Grupo Sperandio, construiu sua planta industrial no
município em dezembro de 2003, em parceria com outros dois municípios, Planalto Alegre e
Caxambu do Sul. Cada um deles ficou com uma cota de aviários e empregos.
165,30% 164,40%
180,00% 180,00%
160,00% 160,00%
140,00% 140,00%
120,00% SC 120,00% SC
100,00% Chapecó 100,00% Chapecó
80,00% Guatambu 80,00% Guatambu
49,80% 47,30% 45,80%
60,00% 60,00% 36,80%
40,00% 40,00%
20,00% 20,00%
0,00% 0,00%
Variação 2002‐2005 Variação 2002‐2005
Figura 5.8: Variação (%) PIB, 2002-2005 Figura 5.9: Variação (%) PIB per Capita, 2002-
2005
53
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Tabela 5.5: Participação dos Setores Econômicos no VAB – Valor Adicionado Bruto, 2002-2005
(em %)
Valor Adicionado Bruto (%)
Área de
Agropecuária Indústria Comércio e serviços
abrangência
2002 2005 2002 2005 2002 2005
Santa Catarina 9,0 8,4 34,0 34,5 57,0 57,1
SDR Chapecó 9,0 6,0 37,0 25,4 54,0 68.6
Chapecó 2,2 2,1 47,4 44,2 50,4 53,7
Guatambu 38,2 19,0 23,4 53,8 38,4 27,2
Fonte: SPG/DEGE/Gerência de Estatística e IBGE, 2002, 2005
20.000 1.200
1.000
15.000
800
10.000 600
400
5.000
200
0 0
Chapecó
Guatambu
Agropecuária Agropecuária Indústria de Transformação
Indústria de Transformação Serviços Industriais de Utilidade Pública Construção Civil
Serviços Industriais de Utilidade Pública
Construção Civil Comércio Serviços
Comércio Administração Pública
Figura 5.10: Número de Empregados por Eetor Econômico para os Municípios da FLONA
Chapecó em 2006
Fonte: SPG/DEGE/Gerência de Estatística e IBGE, 2006
54
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
A região oeste catarinense foi densamente ocupada entre as décadas de 1930 a 1950,
com projetos de colonização. Inicialmente, as empresas de colonização retiravam toda a
madeira da área, abriam algumas estradas e demarcavam os lotes ao longo das mesmas,
criando as chamadas “linhas”. Cada lote tinha em média 25 ha (VALENTINI, 2003).
Este padrão de estrutura fundiária atraiu os migrantes, que já não tinham mais terras
nas “colônias velhas” para dividir entre todos os filhos. Muitos migraram e, a partir de então,
construiu-se um modelo agrário característico daquela região, baseado no minifúndio.
Esta característica ainda predomina na região. Os dados que permitem que se faça
esta constatação sobre a estrutura fundiária não são recentes, datam dos Censos
Agropecuários de 1975 e 1995, nos quais se observa o número de estabelecimentos
agrícolas por grupo de área (Tabela 5.6).
Dentre elas, o que se verifica é que as mudanças mais expressivas no meio rural
ocorreram em períodos anteriores, pois se observa que a oscilação no número de
estabelecimentos agropecuários é pouco significativa em quase uma década. Em Chapecó,
a diminuição não representou nem 3% do total que havia em 1995, ou seja, passou de 1.837
para 1.710 estabelecimentos em 2002/3. Em Guatambu, o aumento no número de
estabelecimentos não chegou a 5%, eram 578 em 1995, passando a 605 estabelecimentos
em 2002/3.
55
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Tabela 5.7: Número e área dos Estabelecimentos Agrícolas por Estrato de Área, Município de
Chapecó, 2002/03
Estrutura Fundiária (ha) Propriedades % da Área
Menos de 1 13 0,72
1 a menos de 2 97 5,42
2 a menos de 5 295 16,47
5 a menos de 10 386 21,55
10 a menos de 20 480 26,80
20 a menos de 50 392 21,88
50 a menos de 100 76 4,24
100 amenos de 200 35 1,96
200 a menos de 500 15 0,84
500 a menos de 1000 02 0,12
TOTAL 1.791 100
Fonte: Santa Catarina, 2005
O LAC confirma o predomínio da agricultura familiar na região por meio dos dados da
condição de posse da terra. Em 2002/03, o proprietário com título de posse era a categoria
mais expressiva no que se referia à condição dos estabelecimentos. Em Chapecó, eles
representavam cerca de 91% do total e em Guatambu eram aproximadamente 84% do total
de estabelecimentos. As demais categorias são pouco relevantes, só chama a atenção o
fato de que, em Guatambu, quase 10% dos estabelecimentos estão na condição de
arrendamento, o que é pouco comum na região (Tabela 5.8).
Tabela 5.8: Área Total dos Estabelecimentos Agropecuários, Segundo a Condição da Posse da
Terra, 2003
Nº de Área (ha)
Área de Área
estabelecimentos Própria Própria sem
Abran- total Arren- Em
agropecuários com título título de Ocupada
gência (ha) dada parceria
informantes de posse posse
Chapecó 1.791 36.870,7 33.430,2 1.072,9 1.682,1 511,1 174,4
Guatambu 605 16.237,1 13.636,7 1.053,1 1.526,7 10,6 10,0
Fonte: Santa Catarina, 2005
Nos dois municípios, mais de 80% das pessoas, que trabalham nas atividades do
estabelecimento, mantêm laços de parentesco com o produtor, o que confirma o predomínio
da agricultura familiar na região.
56
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Neste item são abordadas as percepções dos três principais atores sociais da região
da FLONA Chapecó que foram contatados em campo: moradores do entorno,
representantes de órgãos públicos e representantes de entidades. As distinções
evidenciadas por cada um deles são relativamente isoladas, pois é possível verificar a
existência de opiniões e percepções comuns ao conjunto dos atores. Entretanto, o que se
busca destacar aqui são questões pontuais para cada grupo analisado.
57
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
d) Considerações gerais
Além das escolas da rede pública, grupos organizados (terceira idade, Unimed,
universitários) também procuram levar seus alunos para conhecer a FLONA Chapecó.
Inclusive, em conversa com representantes da Escola Estadual Agilberto Zandavalli existe
58
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Pode-se sugerir que uma opção para mitigar os conflitos seria atribuir à outra entidade
(pública ou privada) a função de promover programas de educação ambiental. Dessa
maneira, situações conflituosas poderiam ser resolvidas através do esclarecimento das
possibilidades de uso das propriedades frente às implicações da legislação ambiental,
evitando a aplicação de multas antes que outros instrumentos possam ser utilizados para
melhorar a situação problema. Em suma, é necessário implementar um programa de
comunicação social capaz de informar, apresentar as alternativas produtivas viáveis e
intermediar conflitos. Para tanto, deve-se atentar para três características, sobre as quais os
conflitos geralmente emergem.
32O conjunto das entrevistas indica que a mecanização da produção é, atualmente, uma condição para a
continuidade da produção agropecuária nas propriedades.
59
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Os dados mais atualizados sobre a utilização das terras são de 2006, coletados pelo
Censo Agropecuário (IBGE, 2006). Como são dados preliminares, ainda não há um maior
detalhamento na utilização das terras. Contudo, estes dados atualizados permitem que se
verifique o que está ocorrendo na região. Eles também fornecem uma comparação
aproximada em relação aos dados do LAC, que se referem a 2002/03.
Com relação ao uso da terra nos municípios da FLONA Chapecó (em % de área e em
ha), em 2006, observa-se que o comportamento do município de Chapecó destoava do de
Guatambu, que mantinha maior semelhança com a situação que se verificava para o total do
estado (Figura 5.11).
33 Certidões de Registro Nº 17.875, Livro 02-Fls. (Área de 1.290,68 ha) – Gleba I; Nº 35.736, Livro 02-Fls. (Área
de 306,631 ha) – Gleba II; Nº 72.261, Livro 02-Fls. (Área de 0,405 ha) – Gleba III.
60
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Guatambu, observa-se o predomínio das áreas com lavouras temporárias, as quais ocupam
cerca de 40% do total das áreas utilizadas, seguidas das pastagens nativas. Tal composição
é expressiva de áreas com predomínio da agricultura familiar.
40
35
30
25
20
15
10
0
Chapecó Guatambu
Lavouras temporárias Lavouras permanentes
Pastagens Matas e Florestas
Figura 5.11: Utilização em (%) das terras dos estabelecimentos agropecuários, 2006
12.000,00
10.000,00
8.000,00
6.000,00
4.000,00
2.000,00
0,00
Chapecó Guatambu
Analisando a Tabela 5.9, pode-se verificar que em Guatambu, as terras com lavouras
representam 50% do total, predominando os cultivos de ciclo temporário; as terras utilizadas
com pastagens e matas/florestas têm representação parecida, cerca de 20%. No caso das
61
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Chapecó tem uma situação um tanto diversa. Embora a maior parte da área dos
estabelecimentos esteja sendo utilizada com lavouras (aproximadamente 40%), as
pastagens são bastantes expressivas na utilização das terras (31,6%), sendo que as
plantadas têm maior participação, representam cerca de 60% do total das pastagens. As
matas e florestas representam 22% das terras utilizadas, as nativas são mais relevantes,
participando em quase 61% nos estabelecimentos (LAC, 2002/3).
Tabela 5.9: Área dos Estabelecimentos Agropecuários Segundo a Utilização das Terras, Santa
Catarina e Municípios da FLONA Chapecó, 2002/3
Utilização das terras (%)
Lavouras
Área de Total de Pastagens Matas e Florestas
(temporárias +
abrangência área (ha) (nativas + (capoeira + nativa Outras
permanentes +
plantadas) + plantada)
em descanso)
Santa
5.957.514,9 28,0 34,3 32,3 5,4
Catarina
Chapecó 36.870,7 39,7 31,6 22,0 6,7
Guatambu 16.237,1 50,0 21,7 20,1 8,2
Fonte: Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural. Levantamento Agropecuário de Santa
Catarina, 2002-2003
62
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Tabela 5.10: Principais Produtos Cultivados por Área de Colheita e Valor da Produção, para Santa Catarina e Municípios da FLONA Chapecó, 2007
Principais produtos
Tabela 5.11: Principais Produtos de Origem Animal por Estabelecimento e Tamanho do Rebanho, para Santa Catarina e Municípios da FLONA
Chapecó, 2007
63
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
5.000.000
4.000.000
3.000.000
2.000.000
1.000.000
0
Chapecó Guatambu
64
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65
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Dentre as feiras que têm alguma relação como os objetivos da FLONA Chapecó, está
a Ambientalis (Conferência e Mostra de Sustentabilidade), que é um evento que ocorre
anualmente e discute questões de sustentabilidade difundindo os recentes avanços e
resultados socioambientais. Além de palestras, acontece paralelamente a Mostra de
Sustentabilidade.
66
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
A Lei do SNUC dispõe ainda que as Unidades de Conservação, com exceção das
categorias Área de Proteção Ambiental (APA) e Reserva Particular do Patrimônio Natural
(RPPN), devem possuir uma Zona de Amortecimento (ZA) e, quando conveniente,
Corredores Ecológicos. O órgão responsável pela administração da unidade estabelecerá
normas específicas regulamentando a ocupação e o uso dos recursos da ZA da UC e dos
Corredores Ecológicos, desde que respeitados os parâmetros da legislação em vigor e
embasado em critérios técnicos devidamente justificados. Ao ser estabelecida a ZA de uma
UC, sua área não poderá ser transformada em zona urbana. Sua delimitação e as
respectivas normas de uso poderão ser definidas no ato de criação da UC ou
posteriormente.
A referida lei prevê ainda que as Unidades de Conservação devem dispor de um Plano
de Manejo, o qual deve abranger sua área, sua Zona de Amortecimento e os corredores
ecológicos, incluindo medidas com a finalidade de promover sua integração à vida
econômica e social das comunidades vizinhas. A UC poderá ser gerida por Organização da
Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), com objetivos afins aos da Unidade,
mediante instrumento a ser firmado com o órgão responsável pela sua gestão.
67
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
A Floresta Nacional de Chapecó está inserida no Bioma Mata Atlântica, o qual tem a
sua utilização e proteção regidas pela Lei da Mata Atlântica e seu Decreto de
Regulamentação, respectivamente a Lei Federal nº 11.428/06 e o Decreto Federal nº
6.660/08. Tais normas vedam o corte e a supressão de vegetação primária ou nos estágios
avançado e médio de regeneração do Bioma Mata Atlântica, quando essa vegetação formar
corredores entre remanescentes de vegetação primária ou secundária em estágio avançado
de regeneração e proteger o entorno das Unidades de Conservação.
A Lei Federal nº 11.284/06, que trata da gestão de florestas públicas para a produção
sustentável, estabelece como princípios a proteção dos ecossistemas, do solo, da água, da
biodiversidade e dos valores culturais associados; o respeito ao direito da população, em
especial das comunidades locais, de acesso às florestas públicas e aos benefícios
decorrentes de seu uso e conservação; o acesso livre de qualquer indivíduo às informações
referentes à gestão de florestas públicas; a promoção e difusão da pesquisa florestal,
faunística e edáfica, relacionada à conservação, à recuperação e ao uso sustentável das
florestas; o fomento ao conhecimento e a promoção da conscientização da população sobre
a importância da conservação, da recuperação e do manejo sustentável dos recursos
florestais, dentre outros.
Além disso, a lei apresenta disposições gerais sobre a gestão de florestas públicas
para a produção sustentável, regras e critérios para as concessões florestais, direitos das
comunidades locais e o estabelecimento dos órgãos competentes e suas atribuições e
responsabilidades. Destaca-se que as concessões em florestas nacionais, estaduais e
municipais devem observar o disposto no Plano de Manejo da Unidade de Conservação e
na legislação em vigor. A inserção de unidades de manejo das florestas nacionais, estaduais
e municipais no Plano Anual de Outorga Florestal (PAOF) requer prévia autorização do
órgão gestor da Unidade de Conservação.
O Código Florestal (Lei nº 4.771/65), em seu artigo 27, proíbe o uso de fogo nas
florestas e demais formas de vegetação. Porém, admite que, se peculiaridades locais ou
regionais justifiquem o emprego de fogo em atividades agropastoris ou florestais, a
permissão será estabelecida em ato do poder público, circunscrevendo as áreas e
estabelecendo normas de precaução. O Decreto Federal nº 2.661/98 regulamenta parágrafo
único do citado artigo 27, mediante o estabelecimento de normas de precaução, relativas ao
emprego do fogo em práticas agropastoris e florestais. Tal norma permite, mediante a
queima controlada previamente autorizada por órgão do SISNAMA, o emprego de fogo em
práticas florestais e agropastoris. A Fundação Estadual do Meio Ambiente (FATMA) possui a
Instrução Normativa nº 30, em que apresenta instruções para o processo de autorização de
queima controlada.
A fauna silvestre ocorrente na região é tutelada nos termos da Lei Federal nº 5.197/67
de Proteção à Fauna. A ocorrência de danos diretos ou indiretos à fauna e à flora,
localizadas na UC e em sua Zona de Amortecimento, sujeitarão os agentes às sanções
previstas nas normas penais e administrativas que tutelam o meio ambiente.
68
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
5.10.1 Turismo
a) Chapecó
A rede hoteleira do município, conta com mais de 20 hotéis, totalizando 1.350 leitos, e
há boa infraestrutura de serviços e equipamentos para grandes eventos.
b) Guatambu
5.10.2 Saúde
a) Chapecó
Chapecó conta com 457 unidades de saúde, dentre elas: 2 Hospitais gerais, 1
Policlínica, 4 Postos de Saúde, 1 Pronto socorro geral, 29 Centros de saúde/unidade básica
de saúde e 324 Consultórios isolados (Fonte: Ministério da Saúde, Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde - CNES).
69
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
b) Guatambu
a) Chapecó
b) Guatambu
a) Chapecó
O município ainda conta com a guarda municipal, Corpo de Bombeiros com um efetivo
de 65 homens e 9 viaturas operacionais e no trevo de Chapecó há a Delegacia de Polícia
Rodoviária Federal, com 22 homens que atendem os postos em Xanxerê e Maravilha.
34Informação fornecida pelo senhor Carlos Vinicius Gonçalves Ferreira - Chefe do Escritório Regional do IBAMA
em Chapecó, em 8 de setembro de 2011
70
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
b) Guatambu
5.10.5 Educação
5.10.6 Telecomunicação
a) Chapecó
b) Guatambu
71
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
a) Chapecó
c) Guatambu
O município faz parte da região atendida pela Celesc quanto à geração e distribuição
de energia elétrica. A voltagem é de 220 volts.
5.10.8 Transporte
a) Chapecó
b) Guatambu
72
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
UNOCHAPECÓ
Ainda, para buscar parceria com as entidades locais ou regionais que viabilizem a
implementação deste Plano de Manejo, tem-se como referência as instituições indicadas na
Oficina de Planejamento Participativo (OPP), relacionadas no item 16 Cooperação
Institucional no relatório da OPP, realizado para este Plano de Manejo.
73
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Com relação aos ventos, os maiores valores ocorrem em julho e setembro, com
intensidades médias de 7,5 e 7,2 km/h. As direções predominantes são NE (no inverno) e
SE (no verão), sendo que secundariamente ocorrem ventos de N e SW.
De maneira geral temos para o número de geadas uma média anual de 1,7 dias sendo
os meses de junho e julho os períodos de maior quantidade (3,3 e 3,0 dias de média
mensal, respectivamente). Para as horas de frio temos valores de média anual de 39,6
horas com valores máximos para o mês de julho (102,8 h).
74
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
6.1 Geologia
Figura 6.1: Detalhe do Mapa Geológico do Projeto Oeste de Santa Catarina – PROESC, Folha
Chapecó (2002) Ilustrando, em Tons de Verde, as Unidades Geológicas: Ácidas Tipo Chapecó
(Verde Mais Claro), Basaltos Tipo Alto Uruguai (Verde Escuro) e Basalto Tipo Cordilheira Alta
(Verde Intermediário), Presentes na Área da FLONA Chapecó. As Siglas qz e pca Significam
Respectivamente: Cristal De Rocha/Quartzo e Pedreira em Atividade
Fonte: Freitas, 2002
Os Basaltos tipo Alto Uruguai são caracterizados por basaltos aflorantes na base da
coluna vulcânica, especificamente: basaltos, andesi-basaltos subordinados e raros
andesitos. Na área da FLONA Chapecó, eles estão presentes apenas na Gleba II,
correspondendo a 19,47% do total da área.
A unidade basaltos Cordilheira Alta é constituída por uma pilha de rochas básicas, que
alcança 400 metros de espessura e está sobreposta sobre as rochas ácidas tipo Chapecó.
75
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Tais basaltos são compostos de vidro preto, quebradiço e microvesicular. Eles ocorrem em
maior área na Gleba I, representando 48,19% da área. Na Gleba II essa litologia
compreende 9,33 %.
6.2 Geomorfologia
76
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
77
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
78
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
79
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Os solos naturais do sul do Brasil são caracterizados pela ocorrência de solos ácidos,
com pH reduzido, baixos teores de matéria orgânica, baixos teores de Ca e Mg trocáveis,
baixo índice de saturação de bases, e relativamente elevados teores de alumínio trocáveis
(OLIVEIRA e YOKOYAMA, 2003).
Com o objetivo de verificar os tipos de solo para a FLONA Chapecó em cada sítio
amostral foram coletadas 11 amostras, fundamentado na análise da disposição geográfica
de cada sítio em relação à figura acima e contemplando todas as espécies plantadas,
conforme a definição dos sítios naturais para cada gleba da FLONA Chapecó, estabelecida
no Plano de Manejo da Universidade Federal de Santa Maria (1989).
A análise dos parâmetros químicos do solo foi realizada pelo laboratório de análise de
solo da CIDASC – Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina.
80
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Grande parte dos Sítios Amostrais está localizada nesse tipo de solo. A descrição das
amostras coletadas está disposta no Quadro 6.1 e suas localizações na FLONA Chapecó
podem ser visualizadas nos Mapas 6.3 e 6.4:
81
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Devido às condições topográficas, esses solos são inaptos para plantios mecanizados,
porém, tornam-se aptos para culturas a partir de um sistema de manejo pouco desenvolvido,
pois são de alta fertilidade natural.
Apenas um Sítio Amostral localiza-se nesse tipo de solo, no entanto, nota-se que no
Mapa de Solos da Unidade de Planejamento Regional Oeste Catarinense, confeccionado
pela EPAGRI (Figura 6.5), o Sítio está localizado em área de Latossolo, porém, de acordo
com a análise de solo realizada pelo laboratório da CIDASC, o ponto foi inserido no tipo de
solo "Cambissolo Eutrófico Ta chernozêmico" pelo fato de apresentar como característica
classe textural 2 (44%) de argila, diferentemente dos demais (Latossolo) com classe textural
1. Por isso, neste caso, não se pôde definir com certeza se esse fato se deve a problemas
de amostragem de solo ou devido à escala do mapa. A descrição do Sítio está disposta no
Quadro 6.2 e sua localização no Mapa 6.3.
82
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Mapa 6.3: Sítios Naturais com os Pontos Amostrais de Solo para a Gleba I
83
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Mapa 6.4: Sítios Naturais com os Pontos Amostrais de Solo para a Gleba II
84
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A análise dos parâmetros químicos do solo aponta para uma relativa uniformidade das
condições de fertilidade natural do mesmo nos diferentes Pontos Amostrais. No entanto,
essa condição está atrelada diretamente aos 2 tipos de solo encontrados na FLONA
Chapecó.
Com relação aos teores de Matéria Orgânica do solo, alguns Pontos Amostrais
apresentaram teores elevados, como é o caso dos pontos: CHPT1G1, CHPT2G1, CHA1G1,
CHE2G1, CHNATG2 e CHPTG2.
Observando o Mapa 6.5, é possível perceber que a FLONA Chapecó - Gleba I possui
características de relevo predominantemente relacionadas aos declives: <3º; 3º-8º e 8º-20º.
Com isso, entende-se que a suscetibilidade erosiva para quase toda a área é de nula a
moderada, justamente por apresentar relevo com características que pouco contribuem para
o favorecimento de eventos erosivos, tais como movimentos de massa. Os declives são
mais acentuados com possibilidade de eventos erosivos nos vales localizados
principalmente na porção oeste da Gleba I, onde estão os basaltos Cordilheira Alta.
Assim como na Gleba I, a Gleba II possui a quase totalidade de seu relevo relacionada
às mesmas classes de declive, por isto a suscetibilidade erosiva segue o mesmo padrão, ou
85
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
seja, de nula a moderada para grande parte da FLONA Chapecó, conforme apresentado no
Mapa de Declividade da Gleba II (Mapa 6.6). A área de maior risco à suscetibilidade erosiva
tende a se localizar na região nordeste da Gleba II, não se distribuindo ao longo da FLONA
Chapecó. Verifica-se, portanto, em vale encaixado sobre o embasamento geológico
Basaltos tipo Alto Uruguai, com características de relevo mais acidentado. Na porção leste
da Gleba II, onde se encontra o talhão de Pinus taeda a declividade é baixa, com pouca
suscetibilidade a erosão o que pode favorecer a exploração florestal mecanizada.
86
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
87
Plano de Manejo - Floresta Nacional de Chapecó - Santa Catarina
88
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89
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
A região hidrográfica RH2 - Meio Oeste possui uma área de aproximadamente 11.307
km² e sua população total está estimada em 171.789 de habitantes, distribuídos em 39
municípios com uma densidade demográfica em torno de 19,02 hab./km².
No que se refere à gestão dos recursos hídricos, a RH2 - Meio Oeste é a única bacia
hidrográfica do estado que, até o momento, não possui comitê de bacia oficialmente
estabelecido. Atualmente, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Chapecó se encontra em
processo de criação (Pró-Comitê). Assim, no caso da bacia do rio Chapecó, são esperadas
ações junto aos conflitos de utilização dos recursos hídricos na bacia com a consolidação do
Plano Estratégico de Gestão Integrada da Bacia Hidrográfica do Rio Chapecó.
Na Região Hidrográfica do Meio Oeste, são captados cerca de 1,02 m³ de água a cada
segundo para o abastecimento das populações urbanas e rurais (SANTA CATARINA/SDS,
2007).
90
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Quadro 6.3: Demanda de Água por Atividade Econômica na Região Oeste de Santa Catarina
População Dessedentação
Região População Urbana Irrigação Indústria
Rural animal
Hidrográfica
m³/ano m³/ano m³/ano m³/ano m³/ano
Meio Oeste
5.840.437 19.276.625 1.239.198 31.766.402 24.685.056
(RH2)
Fonte: Santa Catarina/SDS, 2007
Segundo Santa Catarina/SDS (2007) a qualidade da água é crítica no meio rural para
a RH2 - Meio Oeste, com forte presença da poluição provocada por dejetos de suínos,
comprometendo grande parte dos recursos hídricos superficiais. Apesar de quase todos os
municípios desenvolverem a suinocultura, essa tendência é maior nas bacias dos
contribuintes da margem esquerda do rio Chapecó, nas áreas de drenagens diretas do rio
Uruguai e também ao longo de toda a bacia do rio Irani.
6.6.2.1 Gleba I
A drenagem da Gleba I é formada por três rios no interior da FLONA Chapecó, sendo
que a microbacia principal é a do rio Tigre (Sanga da Bacia), e as secundárias a do Lajeado
Tigre e Lajeado Retiro (Sanga Capinzal) (Mapa 6.7). A base cartográfica do IBGE de
1:50.000 foi utilizada para a análise hidrográfica principal.
O principal curso d’água da Gleba I é o rio Tigre, que, como o rio Lajeado Tigre, tem
sua nascente no interior da FLONA Chapecó. O rio Lajeado Retiro também possui relativa
importância para a UC, pois, em sua porção final, passa pelo limite leste da Unidade
importando as águas drenadas de toda a bacia de montante para o seu interior. Já o rio
Lajeado Tigre tem a sua região mais de montante (cabeceiras/nascente) junto aos limites sul
da FLONA Chapecó.
Além destes cursos d´água principais, pode-se destacar também a presença de dois
açudes em sequência, um a montante (com 1,25 ha) e outro a jusante (com 1,36 ha), junto
à sede da FLONA Chapecó (no interior da mesma), estando localizados junto a um afluente
do rio Tigre.
91
Plano de Manejo - Floresta Nacional de Chapecó - Santa Catarina
35
O fato do limite da FLONA não estar compreendido totalmente dentro da microbacia Sanga da Bacia é devido
à diferença de escalas nos mapeamentos utilizados para a representação dessa figura. A base cartográfica
utilizada tem escala 1:50.000 (IBGE/EPAGRI, 2004) e o limite da UC foi delimitado através de restituição
aerofotogramétrica realizada no ano de 2006, em escala 1: 10.000.
92
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6.6.2.2 Gleba II
A Gleba II está localizada nas microbacias do rio Monte Alegre, Lajeado Capinzal e
Lajeado São José (Mapa 6.8), junto às cabeceiras de alguns afluentes dessas microbacias.
A Gleba I localiza-se na porção final dos rios Tigre e Lajeado Retiro (microbacia Sanga
Capinzal), sendo que, neste ponto, há a presença de um corpo hídrico do tipo reservatório,
que recebe o aporte de ambos. Ele foi construído com a finalidade de geração de energia
elétrica e o aproveitamento dos recursos hídricos local é chamado de PCH Rio Tigre (Figura
6.8).
Como na região final dos afluentes que formam a barragem temos a presença da
FLONA Chapecó, a mesma contribui para a melhoria da qualidade da água além de
favorecer maiores permanências de vazões. Inclusive, a partir da proteção exercida pela
vegetação da FLONA Chapecó junto aos cursos d’água, reduz-se significantemente o aporte
de sedimentos para a barragem, aumentando a sua vida útil.
93
Plano de Manejo - Floresta Nacional de Chapecó - Santa Catarina
94
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Quadro 6.4: IQA dos Pontos de Monitoramento de Qualidade da Água Da Gleba I com a
Classificação CETESB, 2008
Pontos IQA Classificação
FLOCPC-01 61 BOA
FLOCPC-02 67 BOA
FLOCPC-03 76 BOA
Média 68 BOA
Os resultados dos três pontos levaram a um IQA médio de 68, com classificação da
qualidade de água “BOA”.
36Os parâmetros do IQA são: temperatura da amostra, pH, oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio
(5 dias, 20ºC), coliformes termotolerantes, nitrogênio total, fósforo total, resíduo total e turbidez.
95
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
96
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
37O fato do limite da FLONA não estar compreendido totalmente dentro da microbacia Sanga da Bacia é devido
à diferença de escalas nos mapeamentos utilizados para a representação dessa figura. A base cartográfica
utilizada tem escala 1:50.000 (IBGE/EPAGRI, 2004) e o limite da UC foi delimitado através de restituição
aerofotogramétrica realizada no ano de 2006, em escala 1: 10.000.
97
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
A FLONA Chapecó foi criada pelo extinto Instituto Nacional do Pinho (INP) com o
objetivo principal de desenvolvimento silvicultural, que se destacou com o plantio de
espécies exóticas de origem das regiões sul e sudeste dos EUA, Pinus elliottii e P. taeda
(pinheiros-americanos). Esses plantios foram acompanhados em menor proporção por
plantios da espécie nativa Araucaria angustifolia, conhecida popularmente como pinheiro-
brasileiro ou araucária. Mais recentemente, em 1983, foi plantado o último talhão com
espécies do gênero Eucalyptus (eucaliptos) de origem australiana. No entanto, a maior parte
da FLONA Chapecó permaneceu com sua cobertura vegetal primitiva, ainda que
parcialmente alterada, representada pela Floresta Ombrófila Mista – FOM (IBGE, 2004),
também denominada por Klein (1978) “Floresta de Araucárias do Extremo Oeste”, devido à
dominância fisionômica desta conífera nativa.
98
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Para a determinação do volume real foi efetuada cubagem rigorosa pelo método
relativo de Hohenadl de 16 seções, num total de 116 árvores, sendo 62 de Pinus spp. e 54
de Araucaria angustifólia.
99
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Inserida num contexto ambiental dominado pelo uso agropecuário do solo, a FLONA
Chapecó representa porção territorial de inestimável valor para a conservação da natureza,
configurando-se num importante banco genético de biodiversidade, com potencial para
desempenhar papel fundamental na regeneração, manutenção e desenvolvimento
vegetacional de ecossistemas naturais, tanto em escala local quanto regional.
PR
I
II
I
III
IV
II
III
IV
Gleba I Gleba II
RS
Figura 6.10: Configuração Fitogeográfica Geral da Bacia Hidrográfica do Rio Chapecó, Extraída
do Mapa Fitogeográfico do Estado de Santa Catarina (KLEIN, 1978), com a Indicação
Aproximada da FLONA Chapecó: I - Campos do Planalto com Capões, Florestas de Galeria e
Bosques de Pinhais; II - Floresta de Araucária nas Bacias dos Rios Negro e Iguaçu e na parte
Superior das Bacias dos Afluentes do Rio Uruguai; III - Floresta de Araucária no Extremo
Oeste; e IV - Floresta Subtropical da Bacia do Uruguai.
100
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
naturais fragmentadas pelo intenso uso agrícola do solo para lavouras anuais, pastagens e
silviculturas.
Tabela 6.1: Quadro de Áreas das Tipologias de Vegetação e Uso do Solo Mapeadas para a
FLONA Chapecó – Gleba I e III
Tipologias de Vegetação e Uso do Solo Área (ha) %
Aceiro/Caminho/Estrada 41,32 3,21
Açude 2,32 0,18
Banhado 16,21 1,26
Estágio Inicial de Regeneração 24,22 1,87
Floresta Ombrófila Mista 678,98 52,71
Floresta Ombrófila Mista em Solo Hidromórfico 31,02 2,41
Linha de Distribuição de Energia 9,25 0,72
Plantio de Araucaria angustifolia 30,72 2,39
Plantio de Eucalyptus sp. 23,01 1,79
Plantio de Pinus elliottii 148,72 11,55
Plantio de Pinus sp. 137,61 10,69
Plantio de Pinus taeda 118,10 9,17
Unidade Experimental da Epagri (Eucalyptus sp.) 18,34 1,42
Unidade experimental de erva-mate (EPAGRI) 8,16 0,63
Total 1287,98 100
Tabela 6.2: Quadro de Áreas das Tipologias de Vegetação e Uso do Solo Mapeadas para a
FLONA Chapecó – Gleba II
Tipologias de Vegetação e Uso do Solo Área (ha) %
Floresta Ombrófila Mista 287,02 94,84
Plantio de Pinus taeda 15,60 5,15
Total 302,62 100
101
323000 324000 325000 326000 327000
da Alto
rra
Se
P/
Ri
o
Ti
gr
e
7004000
7004000
14 3
14 28
SC
13
16
7003000
7003000
12
7A 18
7B 15
283
SC
11
4
5
7002000
7002000
3 10
Rio Tigre
9
7001000
7001000
1
6
e
igr
doT
a
je
La
7000000
7000000
o
etir
oR
ead
Laj
bu
am
at
Gu
P/
Barragem Guatambu
6999000
6999000
Legenda
Rios
Trilhas
Unidade experimental de Eucalyptus sp. (EPAGRI)
m
400 600
10 Talhões e respectivos números Floresta Ombrófila Mista Projeção Universal Transversa de Mercator
Meridiano Central: 51° W GR Datum Horizontal: SAD-69
FLONA Chapecó - Glebas I e III Floresta Ombrófila Mista em Solo Hidromórfico Origem da quilometragem UTM: Equador e Meridiano Central,
acrescidas as constantes 10.000 Km e 500 Km respectivamente.
Vegetação e Uso do Solo Plantio de Araucaria angustifolia 53° W 50° W Execução: Recursos de Compensação Realização:
Paraná Ambiental:
Linha de Distribuição de Energia Plantio de Eucalyptus sp.
Aceiro/Caminho/Estrada Plantio de Pinus sp. Santa Catarina
28° S
ic o
®
ul Mapa 6.10: Distribuição da Cobertura Vegetal
oA
- Glebas I e III
e
Oc
Outubro/2011 1: 20.000
339500 340000 340500 341000 341500
6993000
6993000
6992500
6992500
pecó a
P/ Ch
6992000
oã
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oulart
17
6991500
6991500
Laje
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Ca
pin
za
l
6991000
6991000
6990500
6990500
Mo P/ L
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339500 340000 340500 341000 341500
Legenda
Trilha da Cachoeira
Rios 0 100
® 200
m
400
ic o
ed
oS
FLORESTA NACIONAL DE CHAPECÓ
®
ul Mapa 6.11: Distribuição da Cobertura Vegetal
oA
Gleba II
e
Oc
Data: Escala:
Outubro/2011 1: 10.000
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
FLONA Gleba I
2,6% 0,2%
3,2%
1,0%
0,1% 0,7%
0,6% 1%
1,2% 0,5% 0,6%
1,4% 1,9%
1,5%
7,4%
9,2%
9,6%
10,7%
1,4% 9,3%
11,6%
52,7%
1,9% 1,8%
60,7%
2,0% 2,4%
2,4%
Gleba II
Gleba III
5,2%
37,9%
62,1%
94,8%
104
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
referentes a um total de 1.044 indivíduos amostrados, sendo 535 adultos e 509 jovens. O
conjunto de espécies registradas abrange 46 gêneros pertencentes a 29 famílias. Na
regeneração natural foram registradas 46 espécies nativas arbóreas e arbustivas
pertencentes às 24 famílias.
14 13
Número de Espécies
12
10
8
6 5 6 5
6 4
4 3 3 3 3
2
0
E
AE
E
AE
AE
E
E
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BA
BA
FA
FA
Interessante destacar que a família Araucariaceae, que possui apenas uma espécie
(Araucaria angustifolia), apresenta alta abundância relativa se comparada às demais
famílias registradas.
105
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
800
697
Número de Indivíduos
700 594
600
443 451
500
383
400
300 241
161 195 173
200
88
100
0
E
E
AE
E
AE
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E
E
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EA
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EA
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CE
CE
BA
BA
FA
FA
A Figura 6.14 apresenta as 8 famílias com maior riqueza na Gleba II. Dentre as
famílias mais ricas destacam-se Lauraceae com 7 espécies, seguida de
Fabaceae/Mimosoideae, Fabaceae/Papilionoideae, Melastomataceae e Solanaceae com 4 e
Aquifoliaceae, Salicaceae e Sapindaceae que apresentaram 3 espécies cada. O restante
das 21 famílias apresentaram 1 ou 2 espécies.
8 7
Número de Espécies
7
6
5 4 4 4 4
4 3 3 3
3
2
1
0
E
E
E
E
AE
E
E
E
EA
EA
EA
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A
E/
CE
M
CE
BA
BA
FA
FA
Figura 6.14: As 8 Famílias com Maior Número de Espécies Registradas na Gleba II.
106
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Na Figura 6.15 são apresentadas as 11 famílias mais abundantes na Gleba II, isto é,
com maior número de indivíduos, expresso em valores absolutos. Nesta análise nota-se
uma diferença em relação às famílias com maior riqueza, com Myrsinaceae possuindo o
maior número de indivíduos (117), seguida de Rosaceae com 110, Rubiaceae com 107,
Asteraceae com 99, Aquifoliaceae com 71, Lauraceae com 62, Melastomataceae com 56,
Bignoniaceae com 54, Solanaceae com 51, Fabaceae/Papilionoideae com 50 e
Araucariaceae com 47.
140
Número de Indivíduos
E
E
E
E
E
E
E
E
E
E
E
EA
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EA
EA
EA
EA
EA
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G
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AP
M
A
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EL
E
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M
C
BA
FA
Figura 6.15: As 10 Famílias com Maior Número de Indivíduos Registrados na Gleba II.
Nas Figuras 6.16 e 6.17 são apresentados os gráficos da Curva do Coletor para as
Glebas I e II, respectivamente, que indicam uma tendência à estabilização no número de
espécies acumuladas por área amostrada a partir da 11ª Unidade Amostral na Gleba I com
78 espécies acumuladas e a partir da 5ª Unidade Amostral na Gleba II com 56 espécies
acumuladas.
Curva do Coletor
100
90
83 88 88
Número de Espécies
80
78 78 80 81 81 82 83
70 74 77
Acumuladas
67 71 72
60 61 64
50 51
40 37
30
20
10
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
Unidades Amostrais
107
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Curva do Coletor
70
60
Número de Espécies
56 57 58
50 53
Acumuladas
50
40
41
30 31
20
10
0
1 2 3 4 5 6 7
Unidades Amostrais
30 27,012
25
19,147
20
16,52 15,454 15,274
15 12,177
11,775 10,561 9,44
10 8,176
5
0
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a
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nn
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Ci
ba
Se
108
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
16 13,43
14
12
10
7,82
8 6,13 5,32
5,62 5,53 4,87
6
3,74 3,07 2,71
4
2
0
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Se
Figura 6.19: Gráfico com as 11 Espécies com Maiores Valores de PSR na Gleba I.
109
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
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Ps
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Ar
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Figura 6.20: Gráfico com as 10 Espécies com Maiores Valores de VI na Gleba II.
10 9,43
9 8,26
8 7,62
6,73 6,15
7 5,88
6 5,75
4,82
5 4,24
3,61
4
3
2
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Br
rn
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Figura 6.21: Gráfico com as 11 Espécies com Maiores Valores de PSR na Gleba II.
110
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Figura 6.22: Indivíduo de Grande Porte de Figura 6.23: Sub-bosque da FOM na Unidade
angico-vermelho Parapiptadenia rigida na Amostral 2 da Gleba I
Unidade Amostral 1 da Gleba I
111
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Figura 6.26: Vista do Sub-bosque da FOM na Figura 6.27: Vista do Sub-bosque da FOM na
Unidade Amostral 10 da Gleba I Unidade Amostral 13 da Gleba I
Figura 6.28: Vista do Sub-bosque da FOM na Figura 6.29: Vista do Sub-bosque da FOM na
Unidade Amostral 15 da Gleba I Unidade Amostral 16 da Gleba I
112
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Figura 6.31: Vista do Sub-bosque da FOM na Figura 6.32 Vista do Sub-bosque da FOM na
Unidade Amostral 5 da Gleba II. Unidade Amostral 7 da Gleba II, Evidenciando
Clareira Formada pelo Adensamento da
taquara Merostachys sp.
113
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Tabela 6.4: Índices de Diversidade Calculados para as Unidades Amostrais da Gleba II.
Unidades
N S ln(S) H' C J QM
Amostrais
1 120 25 3,22 2,59 0,87 0,8 1 : 4,80
2 197 34 3,53 2,87 0,91 0,81 1 : 5,85
3 183 31 3,43 2,81 0,92 0,82 1 : 5,90
4 134 28 3,33 2,84 0,92 0,85 1 : 5,00
5 128 24 3,18 2,67 0,9 0,84 1 : 5,33
6 130 20 3 2,45 0,88 0,82 1 : 6,50
7 152 30 3,4 2,89 0,92 0,85 1 : 5,10
Geral 1044 63 4,14 3,37 0,95 0,81 1 : 16,71
Jackknife T (95%) = 2,45 3,40 a 3,70
Legenda: N = Número de indivíduos; S = Número de espécies; ln = logaritmo de base neperiana; H’ = Índice de Diversidade
de Shannon-Weaver; C = Índice de Dominância de Simpson; J = Índice de Equabilidade de Pielou; QM = Coeficiente de
Mistura de Jentsch
114
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
115
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Tabela 6.5: Relação das Espécies Nativas com Potencial de Uso Madeireiro Registradas na
FOM da FLONA Chapecó
Nome científico Nome popular Família
Nectandra megapotamica Canela-fedorenta Lauraceae
Nectandra lanceolata Canela-amarela Lauraceae
Ocotea pulchella Canela-lageana Lauraceae
Ocotea diospyrifolia Canela-louro Lauraceae
Parapiptadenia rigida Angico-vermelho Fabaceae
Albizia niopoides Angico-branco Fabaceae
Myrocarpus frondosus Cabreúva Fabaceae
Cedrela fissilis Cedro Meliaceae
Ocotea odorifera Canela-sassafrás Lauraceae
Cabralea canjerana Cangerana Meliaceae
Luehea divaricata Açoita-cavalo Meliaceae
Prunus myrtifolia Pessegueiro-bravo Meliaceae
Cordia trichotoma Louro-pardo Meliaceae
Cordia americana Guajuvira Meliaceae
Balfourodendron riedelianum Pau-marfim Meliaceae
Aspidosperma australe Peroba-amarela Meliaceae
Lamanonia speciosa Guaperê Meliaceae
Diatenopteryx sorbifolia Maria-preta Sapindaceae
116
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Tabela 6.6: Relação das Espécies Arbóreas e Arbustivas Nativas com Potencial de Uso Não
Madeireiro Registradas na FLONA Chapecó
Potencial de
Nome Científico Nome Popular Família
Uso
Araucaria angustifolia Pinheiro-brasileiro ARAUCARIACEAE comestível
ornamental e
Brunfelsia cuneifolia Primavera SOLANACEAE
medicinal
Campomanesia guazumifolia Sete-capotes MYRTACEAE comestível
117
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Como se trata de uma planta muito comum tanto na região da bacia do Chapecó
quanto na FLONA Chapecó, seu potencial de manejo é muito relevante nos talhões dos
plantios, sendo pertinente a exploração desse potencial (sementes e folhas) antes da efetiva
exploração madeireira dos plantios de pínus.
118
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Tabela 6.8: Parâmetros Dendrométricos Básicos Obtidos para cada Talhão de Plantio
119
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Quadro 6.5: Volume Total Estimado do Estoque de Madeira para Cada Plantio da FLONA
Chapecó
Plantios Estoque total (m³)
Araucaria angustifolia 13.180,87
Eucalyptus sp. 1.166,40
Pinus elliottii 102.294,7
Pinus sp. 94.128,43
Pinus taeda 84.687,16
Total Plantios da FLONA Chapecó 295.457,53
Total Pinus spp. (95,14%) 281.110,30
Volume estimado de madeira na FLONA
4,46%
0,39%
28,66% Araucaria angustifolia
Eucalyptus sp.
34,62%
Pinus elliottii
Pinus sp.
Pinus taeda
31,86%
Figura 6.33: Percentuais do Volume Total Estimado de Madeira dos Plantios da FLONA
Chapecó
120
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Tabela 6.9: Relação dos Estágios de Regeneração Natural do Sub-bosque dos Plantios
Considerado com Base na Estrutura Diamétrica e Diversidade Florística
Plantio Talhão Estágio de regeneração considerado
T2 Intermediário a avançado
Araucaria angustifolia
T3 Intermediário
T1 Intermediário
T4 Intermediário
T5 Intermediário a avançado
T7A Inicial
Pinus elliottii
T10 Intermediário
T12 Inermediário
T15 Inicial
T16 Inicial a intermediário
T7B Inicial
T8 Inicial
Pinus taeda
T9 Inicial a intermediário
T13 Avançado
T6 Inicial a intermediário
T11 Avançado
Pinus sp.
T14 Inicial a intermediário
T17 Inicial
Eucalyptus sp. T18 Intermediário
121
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
As principais espécies registradas nos plantios de pínus Pinus spp. são angico-
vermelho Parapiptadenia rigida, canela-amarela Nectandra grandiflora, gerivá Syagrus
romanzoffiana, erva-de-rato Palicourea australis, cafezeiro-do-mato Casearia sylvestris,
cangerana Cabralea canjerana, marmeleiro-do-mato Ruprechtia laxiflora, carobinha
Jacaranda puberula, vacunzeiro Allophylus edulis, capororocão Myrsine umbellata, pau-
leiteiro Sapium glandulatum, camboatá-vermelho Cupania vernalis, timbó Ateleia
glazioviana, erva-mate Ilex paraguariensis, angico-branco Albizia polycephala, cambroé
Casearia obliqua, canela-fedorenta Nectandra megapotamica, grápia Apuleia leiocarpa, pau-
marfim Balfourodendron riedelianum, camboatá-branco Matayba elaeagnoides, pinheiro-
brasileiro Araucaria angustifolia, sete-capotes Campomanesia guazumifolia, cedro Cedrela
fissilis, maria-preta Diatenopteryx sorbifolia, cabreúva Myrocarpus frondosus, rabo-de-bugio
Dalbergia frutescens, pindabuna Duguetia lanceolata, gerivá Syagrus romanzoffiana, canela-
pururuca Cryptocarya aschersoniana, grindiúva Trema micrantha, coerana Cestrum
amictum, guaperê Lamanonia ternata, uvarana Cordyline dracaenoides, canela-amarela
Nectandra lanceolata, mamica-de-cadela Zanthoxylum rhoifolium, guajuvira Cordia
americana, branquilho Sebastiania commersoniana. Como espécie exótica invasora foi
registrada a presença do ligustro Ligustrum lucidum.
122
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Na Tabela 6.10 são indicados para cada talhão os parâmetros relacionados como
referência para análise da qualidade do plantio baseada no valor de produção e na taxa de
mortalidade. O valor de produção está relacionado às análises efetuadas sobre a qualidade
do fuste e taxas de mortalidade registradas nos plantios. Ambos talhões de Araucaria
angustifolia foram considerados como altíssimo valor de produção em razão da excelente
qualidade dos fustes. Já os talhões de Pinus spp. apresentaram valores variáveis entre
médio alto, médio e baixo, com destaque para os talhões 8 e 9 de Pinus taeda que
apresentaram os maiores valores.
123
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Tabela 6.10: Relação dos Parâmetros de Qualidade do Plantio para os Talhões dos Plantios
Plantio Talhão Valor de Produção Mortalidade (%)
T2 altíssimo 0,00
Araucaria angustifolia
T3 altíssimo 2,56
T1 médio 2,50
T4 médio 1,23
T5 baixo 0,63
T7A baixo 1,22
Pinus elliottii
T10 médio 1,63
T12 médio 2,86
T15 baixo 11,6
T16 baixo 1,1
T7B baixo 6,02
T8 médio a alto 0,74
Pinus taeda
T9 médio a alto 3,88
T13 baixo 6,02
T6 médio 2,86
T11 baixo 0,00
Pinus sp.
T14 baixo 1,90
T17 baixo 1,93
Eucalyptus sp. T18 baixo 12,00
6.10 Fauna
6.10.1 Ictiofauna
Este estudo foi efetuado em onze pontos de amostragem no interior da Gleba I (pontos
1 a 11, Mapa 6.12) e em quatro pontos no interior da Gleba II (pontos 13 a 16, Mapa 6.13),
da Floresta Nacional de Chapecó, além de um (ponto 12) no lago formado pela barragem de
Guatambu, adjacente à Gleba I, totalizando 16 pontos de amostragem.
124
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
125
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
126
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Tabela 6.11: Espécies Registradas na FLONA Chapecó nas duas Campanhas de Campo em
2009 e tipo de Ambiente
Táxon Nome comum Ambiente
Characiformes
Erythrinidae
Hoplias malabaricus Traíra lêntico
Characidae
A. bimaculatus Lambari lêntico
A. eigenmanniorum Lambari lêntico
B. iheringii Lambari lêntico
Hyphessobrycon sp Lambari lótico e lêntico
Oligosarcus brevioris Saicanga lêntico
Siluriformes
Heptapteridae
Rhamdia quelen Jundiá lêntico
Heptapterus cf. mustelinus Bagre-mole lótico
Loricariidae
H. commersonii Cascudo lêntico
Pareiorhaphis hystrix Cascudo lêntico
Rineloricaria zaina Viola lêntico
Cyprinodontiformes
Poeciliidae
C. decemmaculatus Barrigudinho lêntico
Perciformes
Cichlidae
Geophagus brasiliensis Acará lêntico
O. niloticus Tilápia lêntico
127
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Tabela 6.12: Ocorrência de Espécies nos Pontos de Amostragem nas Campanhas de Campo
de 2009; (S= riqueza específica; S gleba = riqueza específica por gleba)
Pontos de amostragem
Espécies Gleba I Gleba II
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Hoplias malabaricus X X
Astyana bimaculatus X X X X X X X
Astyanax eigenmanniorum X X X X X
Hyphessobrycon sp X
Oligosarcus brevioris X X X X X
Bryconamericus iheringii X
Rhamdia quelen X X X
Heptapterus mustelinus cf X X X
Hypostomus commersonii X X
Pareiorhaphis hystrix X
Rineloricaria zaina X X
Cnesterodon
X
decemmaculatus
Geophagus brasiliensis X X X X X
Oreochromis niloticus X
S 3 3 9 5 1 1 0 0 3 0 8 3 0 1 0 2
S gleba 12 3
Entre aquelas espécies que indicam conservação de populações está a traíra Hoplias
malabaricus, que se constitui em espécie de topo de cadeia e que necessita uma
comunidade de espécies forrageiras, constituída principalmente pelos lambaris Astyana
bimaculatus.
Principais impactos:
Presença de espécies vegetais exóticas como pínus e eucaliptos, que podem ter
contribuído para o desaparecimento de alguns riachos no interior na FLONA
Chapecó;
Pesca predatória no rio Tigre e Retiro devido à localização na divisa com a UC;
128
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Figura 6.42: Saicanga Oligosarcus brevioris Figura 6.43: Lambari Astyana bimaculatus
Figura 6.44: Bagre Heptapterus mustelinus Figura 6.45: Viola Rineloricaria zaina
129
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Figura 6.48: Traíra Hoplias malabaricus Figura 6.49: Cará Geophagus brasiliensis
130
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
6.10.2 Herpetofauna
27%
3%
70%
131
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
6.10.2.4 Anfíbios
132
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Deve-se considerar, ainda, que mesmo sendo áreas relativamente pequenas, as duas
glebas da FLONA Chapecó estão entre as maiores áreas protegidas do município de
Chapecó e entorno.
6.10.2.5 Répteis
Sete espécies de serpentes foram registradas nas áreas de vegetação nativa e três
espécies nas áreas de plantio de pínus. Destas, seis foram registradas exclusivamente nas
áreas de floresta nativa (Atractus sp., Echinanthera cyanopleura, Helicops infrataeniatus,
Liophis miliaris, Oxyrophus chlatratus e Micrurus altirostris) e duas exclusivamente nas
áreas de plantio de pínus (Sibynomorphus ventrimaculatus e Tomodon dorsatus). Bothrops
neuwiedi foi registrada nos dois ambientes. A espécie de lagarto (Tupinambis merianae) foi
133
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
registrada somente em área de vegetação nativa até o momento, embora habite áreas
abertas e alteradas.
A fauna de répteis está sujeita a muitas ameaças, além da destruição dos ambientes
naturais, estão a matança indiscriminada e o atropelamento nas estradas e rodovias. As
duas glebas da FLONA Chapecó possuem estradas com acentuado movimento, que cortam
ou passam nos limites das reservas, sendo assim, estas questões devem ser consideradas
nos programas de pesquisa e monitoramento do Plano de Manejo.
6.10.3 Avifauna
134
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
incluindo 16,5 horas de amostragens noturnas. A Gleba II foi amostrada por um total de 45
horas (sendo 5 horas no período noturno) nos dias 4, 5, 6 e 7 de fevereiro, e novamente em
23 e 28 de julho. As atividades também incluíram uma visita ao Museu Zoobotânico da
Unochapecó, para contato com pesquisadores locais e revisão da coleção ornitológica,
assim como entrevistas com funcionários da FLONA Chapecó e com moradores da região.
135
Mapa 6.14: Uso e Cobertura do Solo com as Trilhas Percorridas na Gleba I para Levantamento
da Avifauna
136
Mapa 6.15: Uso e Cobertura do Solo com as Trilhas Percorridas na Gleba II para Levantamento
da Avifauna
137
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Foram registradas 181 espécies de aves nas duas glebas durante o inventário de
campo, sendo 170 na Gleba I e 130 na Gleba II. A curva de acumulação da riqueza durante
o período de amostragem indica que novas espécies continuariam sendo registradas na
FLONA Chapecó com a continuidade das observações, embora a um ritmo lento (Figura
6.52). Cerca de 35% das espécies constatadas tiveram sua ocorrência documentada por
fotografias ou gravações de áudio.
200
180
NÚMERO DE ESPÉCIES
160
140
120
100
80
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
DIAS
Figura 6.52: Curva de Acumulação da Riqueza Observada nas duas Glebas da Floresta
Nacional de Chapecó, Durante o Período de Inventário da Avifauna (fevereiro e julho de 2009)
A riqueza da avifauna é maior na Gleba I, o que, em grande parte, pode ser explicado
pela sua maior extensão e pela maior representatividade de hábitats não florestais nessa
área. Ao todo, 34 espécies foram registradas exclusivamente na Gleba I, ao passo que
apenas 19 espécies foram exclusivas da Gleba II.
138
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Seis dessas espécies raras, além de outras oito, possivelmente estão ameaçadas de
extinção em Santa Catarina ou na região oeste do estado, a julgar por informações da
literatura e pela sua situação em territórios vizinhos cobertos por listas regionais de fauna
ameaçada (Tabela 6.15). Estas são principalmente aves associadas às florestas estacionais
da bacia do rio Uruguai, como o estalador (Corythopis delalandi) e o olho-falso, mas também
aves de rapina e grandes frugívoros como o pavó (Pyroderus scutatus), que necessitam de
extensas áreas para sobreviver.
139
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Tabela 6.15: Espécies de Aves de Interesse Especial (raras e/ou potencialmente ameaçadas em
Santa Catarina, ou sem registros prévios no oeste catarinense), Registradas na FLONA
Chapecó e Entorno Imediato em Fevereiro e Julho de 2009
Nome do Táxon Nome em Português Gleba Situação(*)
Leptodon cayanensis gavião-de-cabeça-cinza II Ra,PAmSC
Harpagus diodon gavião-bombachinha I e II NW
Accipiter striatus gavião-miúdo I NW
Geranospiza caerulescens gavião-pernilongo I Ra,NW
Percnohierax leucorrhous gavião-de-sobre-branco I Ra,PAmSC
Tringa solitária maçarico-solitário I Ra,NW
Aratinga leucophthalma periquitão-maracanã I NW
Amazona vinacea papagaio-de-peito-roxo I AmGl/Br
Asio stygius mocho-diabo I e II Ra,NW
Nyctibius griseus mãe-da-lua I e II NW
Chordeiles cf. minor bacurau-norte-americano I NW
Cypseloides cf. senex taperuçu-velho I NW
Phaethornis eurynome rabo-branco-de-garganta-rajada I e II PAmW
Florisuga fusca beija-flor-preto I NW
Baryphthengus ruficapillus juruva-verde II PAmW
Pteroglossus castanotis araçari-castanho I (entorno) Ra,PAmSC,NW
Dryocopus galeatus pica-pau-de-cara-canela I AmGl/Br,NW
Dryocopus lineatus pica-pau-de-banda-branca I e II PAmW
Campephilus robustus pica-pau-rei I e II PAmW
Pyriglena leucoptera papa-taoca-do-sul II PAmW
Philydor lichtensteini limpa-folha-ocráceo II PAmW
Corythopis delalandi Estalador I PAmSC
Hemitriccus diops olho-falso I Ra,PAmSC
Phyllomyias burmeisteri piolhinho-chiador I e II Ra
Phyllomyias virescens piolhinho-verdoso I e II Ra,NW
Myiopagis caniceps guaracava-cinzenta I e II Ra,NW
Myiopagis viridicata guaracava-de-crista-alaranjada I e II Ra,NW
Capsiempis flaveola marianinha-amarela I Ra,PAmW
Contopus cinereus papa-moscas-cinzento I e II PAmW
Pyroderus scutatus pavó I Ra,PAmSC
Cyanoloxia moesta negrinho-do-mato I e II Ra
Euphonia chalybea cais-cais I e II Ra
(*) Ra – rara (conhecida através de poucos registros em SC); NW – novo registro para o oeste de SC; Pam –
potencialmente ameaçada (SC – em Santa Catarina; W – no oeste do estado); Am – ameaçada de extinção (Gl –
globalmente; Br – no Brasil)
140
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Das espécies observadas em talhões de pínus, três são consideradas raras em Santa
Catarina (embora possivelmente sejam apenas subestimadas), e outras duas estão
potencialmente ameaçadas de extinção no oeste do estado (Tabela 6.16). Dessas, somente
o mocho-diabo e o pica-pau-de-banda-branca (Dryocopus lineatus) ocorrem com certa
regularidade nesse ambiente.
Por outro lado, algumas espécies observadas nas áreas de silvicultura da FLONA
chapecó não estão propriamente vivendo sob os plantios de pínus, mas, sim, entre os
talhões, onde pequenos bolsões de vegetação nativa se desenvolvem espontaneamente,
por exemplo, em áreas de nascentes. É o caso do beija-flor rabo-branco-de-garganta-rajada
(Phaethornis eurynome) e do piolhinho-verdoso (Phyllomyias virescens).
Tabela 6.16: Aves Observadas em Talhões de Pínus na Floresta Nacional de Chapecó Durante
a Avaliação Ecológica Rápida (fevereiro e julho de 2009)
Nome do Táxon Nome em Português Uso Situação
Crypturellus tataupa inhambu-chintã R
Cathartes aura urubu-de-cabeça-vermelha D
Accipiter striatus gavião-miúdo X
Rupornis magnirostris gavião-carijó X
Milvago chimachima Carrapateiro R
Milvago chimango Chimango D
Micrastur semitorquatus falcão-relógio D
Patagioenas picazuro Pombão D
Zenaida auriculata pomba-de-bando D
Leptotila verreauxi juriti-pupu R
Aratinga leucophthalma periquitão-maracanã A
Pyrrhura frontalis tiriba-de-testa-vermelha A
Pionus maximiliani maitaca-verde D
Tyto alba coruja-da-igreja D
Strix hylophila coruja-listrada X
Asio stygius mocho-diabo R Ra
Lurocalis semitorquatus Tuju A
Chordeiles cf. minor bacurau-norte-americano D
Trogon surrucura surucuá-variado R
Trogon rufus surucuá-de-barriga-amarela X
Melanerpes flavifrons benedito-de-testa-amarela X
Veniliornis spilogaster picapauzinho-verde-carijó X
Colaptes melanochloros pica-pau-verde-barrado X
Dryocopus lineatus pica-pau-de-banda-branca A PAm (W)
Campephilus robustus pica-pau-rei X PAm (W)
141
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Os talhões antigos de araucária, por outro lado, abrigam uma avifauna bem mais
semelhante à encontrada nas florestas nativas. Se, por um lado, a falta de um subdossel
arbóreo mais consolidado, a escassez de cavidades naturais para nidificação e o baixo
epifitismo restringem a ocupação por determinadas espécies, a vigorosa regeneração do
sub-bosque de espécies nativas permite que ali subsistam aves mais exigentes quanto às
características do hábitat, como o olho-falso (Hemitriccus diops). Os talhões de araucária
142
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
também são bastante frequentados por pica-paus e corujas de médio a grande porte,
enquanto o gavião-miúdo (Accipiter striatus) tem neles o seu ambiente preferencial de
nidificação dentro da FLONA Chapecó. As plantações de eucalipto, menos extensas na
FLONA Chapecó, tendem a apresentar uma riqueza intermediária em comparação com as
plantações de pínus e de araucária.
Figura 6.53: Espécies Registradas na FLONA Chapecó. Da Esquerda para a Direita e de Cima
para Baixo: Coruja-listrada (Strix hylophila), Macho de Sanhaçu-de-fogo (Piranga flava), Macho
de Beija-flor-de-topete (Stephanoxis lalandi) e Beija-flor-de-papo-branco (Leucochloris
albicollis)
Fonte: G. A. Bencke
6.10.4 Mastofauna
143
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Com base nos estudos de Rosa (1998), Cella (1999), Prigol (1999), Dagostini (2002),
Fortes et al. (2002) e Farneda (2007), todos desenvolvidos na FLONA Chapecó, foram
registradas efetivamente na UC 25 espécies de mamíferos (Tabelas 6.7 e 6.8). Além
destas, segundo Müller (2007), outras 6 espécies foram citadas pelos moradores como
ocorrentes na FLONA Chapecó: Puma concolor (leão-baio), Leopardus pardalis (jaguatirica),
Lontra longicaudis (lontra), Spphigurus villosus (ouriço), Conepatus chinga (zorrilho) e
Pteronura brasiliensis (ariranha). Entretanto, parece ser pouco provável que C. chinga
ocorra na FLONA Chapecó, por se tratar de uma espécie típica de áreas abertas,
particularmente aquelas de campos nativos. Da mesma forma, é improvável que P.
brasiliensis (ariranha) habite a FLONA Chapecó, pois esta espécie está associada a
grandes rios e é considerada extinta no rio Uruguai, principal rio mais próximo da UC. A
ocorrência do puma pode acontecer de forma esporádica e ocasional, tendo em vista que a
área da FLONA Chapecó não comportaria uma população ou, mesmo, um indivíduo da
espécie.
144
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oeste do estado de Santa Catarina e da pressão de caça. Entre estas espécies estão
Myrmecophaga tridactyla (Linnaeus, 1758) (tamanduá-bandeira), Panthera onca (Linnaeus,
1758) (onça), Chrysocyon brachyurus (Illiger, 1815) (lobo-guará), Speothos venaticus (Lund,
1842) (cachorro-vinagre), Tapirus terrestris (Linnaeus, 1758) (anta), Tayassu pecari (Link,
1795) (queixada) e Pecari tajacu (Linnaeus, 1758) (cateto). Em geral, isto reflete um padrão
denominado de truncamento ecológico, ou seja, perda de grandes espécies especializadas
pelo fato de ocorrerem em densidades muito baixas e/ou por possuírem grandes áreas de
vida (CHIARELLO, 1999).
145
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
146
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147
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Tabela 6.18: Lista das Espécies de Morcegos de Possível Ocorrência para Floresta Nacional de
Chapecó
TÁXON Já registrada Status**
na FLONA* Paraná Brasil Argentina
Noctilionidade
Noctilio albiventris
Noctilio leporinus
Phillostomidade
Anoura caudifer VU
Artibeus fimbriatus NT
Artibeus lituratus NT
Artibeus obscurus
Carollia perspicillata x VU
Chrotopterus auritus x VU NT
Desmodus rotundus
Diaemus youngii CR DI
Diphylla ecaudata VU DI
Glossophaga soricina VU
Macrophyllum macrophyllum
Micronycteris sylvestris
Platyrrhinus linneatus NT
Pygoderma bilabiatum VU
Sturnira lilium x
Tonatia bidens VU DI
Vampyressa pussilla DI
Vespertilionidade
Eptesicus brasiliensis DI
Eptesicus diminutus
Eptesicus furinalis
Eptesicus taddeii
Histiotus velatus DI
Lasiurus blossevillii
Lasiurus cinereus
Lasiurus ega
Myotis albescens
Myotis Levis x
Myotis nigricans
Myotis riparius
Myotis rubber x VU NT
Myotis simus x NT
Molossidae
Cynomops abrasus NT
Eumops auripendulus DI
Molossops temminckii
Molossus ater
Molossus molossus
Promops nasutus
Tadarida brasiliensis
* Os registros de ocorrência confirmadas na FLONA Chapecó são baseados nos trabalhos compilados por Muller
(2007). O registro de possível ocorrência é baseado em: Chebez, 1996; Barquez et al., 1999; Diaz & Ojeda,
2000, Sekiama et al., 2001; Dagostini & Fortes, 2002; Cherem et al., 2004 Mikich &; Bernils, 2004 e Cherem et
al., 2008. **Estado de conservação e grau de ameaça segundo IUCN (2006) e MMA (2006) - VU: Vulnerável, NT:
Quase Ameaçada. DI: Dados Insuficientes. A classificação dos status de conservação das espécies foi elaborada
pela união das listas vermelhas do estado do Paraná, Argentina, IUCN e MMA
148
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6.10.4.4 Quiropterofauna
seguir, é apresentada uma breve descrição das espécies registradas na FLONA Chapecó
pelo presente trabalho e trabalhos anteriores (Tabela 6.19)
Figura 6.54: Espécie Eptesicus taddeii Figura 6.55: Espécie Histiotus montanus
Capturada Durante a AER na FLONA Chapecó Capturada Durante a AER na FLONA
Chapecó
Figura 6.56: Espécie Sturnira lilium Capturada Figura 6.57: Espécie Artibeus lituratus
Durante a AER na FLONA Chapecó Capturada Durante a AER na FLONA
Chapecó
150
Mapa 6.16: Áreas de Coleta de Morcegos na Floresta Nacional de Chapecó, Gleba I
151
Mapa 6.17: Área de Coleta de Morcegos na Floresta Nacional de Chapecó, Gleba II
152
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Tabela 6.19: Lista das Espécies de Morcegos Ocorrentes e de Possível Ocorrência para
Floresta Nacional de Chapecó e seu status de Conservação
Registrada Status de Conservação**
Já registrada
TAXON neste
na FLONA* PR RS SC MMA/IUCN Argentina
trabalho
NOCTILIONIDAE
Noctilio albiventris
Noctilio leporinus
PHILLOSTOMIDAE
Anoura caudifer VU
Artibeus fimbriatus NT
Artibeus lituratus X NT
Artibeus obscurus
Carollia perspicillata X VU
Chrotopterus auritus X VU NT
Desmodus rotundus
Diaemus youngii CR DD
Diphylla ecaudata VU EN
Glossophaga soricina VU
Macrophyllum
Micronycteris sylvestris
Platyrrhinus linneatus NT
Pygoderma bilabiatum VU
Sturnira lilium X X
Tonatia bidens VU CR DD (IUCN) DD
Vampyressa pussilla DD
VESPERTILIONIDAE
Eptesicus brasiliensis X DD
Eptesicus diminutus X DD (IUCN)
Eptesicus furinalis X X
Eptesicus taddeii X
Histiotus montanus X
Histiotus velatus DD
Lasiurus blossevillii X
Lasiurus cinereus
Lasiurus ega
Myotis albescens
Myotis levis X
Myotis nigricans X NT
Myotis riparius
Myotis ruber X VU VU (MMA) NT
Myotis simus X X VU NT (IUCN)
DD (IUCN) NT
MOLOSSIDAE
Cynomops abrasus DD (IUCN) NT
Eumops auripendulus DD
Molossops temminckii VU
Molossus ater
Molossus molossus
Promops nasutus
Tadarida brasiliensis
*Todos os trabalhos utilizaram o mesmo instrumento de captura (rede de neblina) para registro.
**Em STATUS: Estado de conservação e grau de ameaça – CR: Criticamente ameaçada, EN: Em perigo; VU:
Vulnerável, NT: Quase Ameaçada, DD: Dados Insuficientes. Em destaque (negrito) as espécies com algum
grau de ameaça e com ocorrência confirmada na UC.
153
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Espécies ameaçadas
6.11 Incêndios
38
Instrução Normativa N°3, de 27 de maio de 2003
39
Mikich &; Bernils, 2004
40
MARQUES, A. A. B. et al, 2002
41
Disponível em http://www.iucnredlist.org/, acessado em 3 de maio de 2011
42
Elaborada pela organização civil sem fins lucrativos IGNIS, disponível em http://ignis.org.br/lista/, acessado em 3 de maio de
2011
154
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Na Gleba II, a existência de aceiros restringe-se aos limites do único talhão de pínus
plantado, que não vêm sendo mantidos. Como pontos para captação de água, há a
existência de pequenos cursos d’água. Não há acessos para veículos no interior da
Unidade.
155
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Neste item são apresentadas informações sobre as atividades que atualmente são
desenvolvidas na UC, que estão de acordo com os objetivos de uma Floresta Nacional, que
são atividades conflitantes e as atividades ilegais.
Pesquisa científica
Por ser um dos poucos fragmentos de Floresta Ombrófila Mista da região do Oeste de
Santa Catarina, a Floresta Nacional de Chapecó torna-se atrativa para a comunidade
científica, sendo desenvolvidas diversas pesquisas sobre a sua flora e fauna.
Foi elaborada uma lista de pesquisas realizadas na UC de 1994 a 2009 (anexo a este
Volume) onde constam cerca de 1 boletim técnico, 46 projetos de pesquisa, 24 monografias
de graduação, 5 relatórios de estágio, 2 relatórios de iniciação científica, 7 relatórios, 1
resumo, 9 artigos e 3 dissertações de pós-graduação. Do total de 102 pesquisas listadas,
47,05% (48) tiveram como tema a flora local, 45,09% (46) pesquisaram sobre a fauna e
7,86% (8) trataram de temas ambientais como educação ambiental, gestão e manejo da
FLONA Chapecó.
156
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Uso Público
157
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Educação ambiental
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açude, cruza sangas e dá acesso à Lagoa da Rã. No percurso, não existem pontos
específicos de abordagem, sendo realizadas explicações genéricas dos locais onde o grupo
encontra-se, de acordo com os objetivos da visita e com as perguntas que surgem durante a
caminhada.
Conselho Consultivo
A FLONA Chapecó possui Conselho Consultivo desde 2004. Ele foi constituído
através da Portaria nº 68, de 8 de julho de 2004, com a participação de 16 entidades,
regidas pelo Regimento Interno aprovado através da Portaria nº 69 da mesma data. Após o
término do mandato em julho de 2006, iniciou-se o processo de renovação do Conselho
Consultivo da FLONA Chapecó, sendo formado em reunião no dia 22 de novembro de 2006,
com o ingresso de novas entidades e a saída de duas do conselho anterior, totalizando 19
entidades. Apesar de formado e com reuniões periódicas, a renovação deu-se somente
2008, através da Portaria nº 81, de 13 de outubro de 2008.
159
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Rodovia e estradas
Caça
160
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Retirada de pinhão
Nos meses de coleta do pinhão, abril a julho, durante as rondas de rotina na UC,
evidencia-se a entrada de pessoas não autorizadas na Unidade para a retirada de pinhões
através dos rastros do movimento intenso de pessoas. Em muitos casos, constata-se a
derrubada de pinhas ainda imaturas.
161
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
8 ASPECTOS INSTITUCIONAIS
8.1 Pessoal
Tempo de Serviço
Nome IBAMA/ICMBIO Idade Escolaridade Cargo
TOTAL
/OUTROS
Engenheiro Florestal,
Juares Andreiv 08 06 35 Analista Ambiental
M.Sc.
Contadora,
Neiva Maria da Analista
37 37 61 Especialização MBA
Silva Administrativo
em Gestão Ambiental
João Chaves 43 43 67 Médio Técnico Ambiental
162
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Esta Gleba possui cercas de arame farpado em várias divisas secas, porém, em
péssimo estado de conservação, necessitando de reforma. Nestas divisas, há alguns
marcos de madeira antigos. A sinalização é composta por placas indicativas ao longo do
trecho da rodovia BR/SC-283, que corta a Unidade, por um portal em sua entrada e por
placas proibitivas e informativos em seu interior.
A Gleba II não conta com edificações, entretanto é servida de energia elétrica por
postes colocados na via que contorna parte da Gleba. Não há fornecimento de água potável,
apesar da verificação de pequenas sangas em seu interior com potencial de utilização.
Nesta Gleba, não há cercas em seus limites e apenas poucos marcos de madeira
antigos. Não há qualquer tipo de sinalização indicativa, informativa ou proibitiva. A
circulação externa é feita por uma via municipal que circunda as faces leste (em parte), sul e
oeste da Gleba, e a interna é feita somente a pé pelo interior da floresta e por antigo aceiro,
que contornava o talhão de pínus existente.
163
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
164
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No Quadro 8.4 são demonstrados os valores em reais, gastos nos anos de 2006,
2007 e 2008 com suas respectivas rubricas.
165
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Parceiro Vigência
Universidade Comunitária Regional de Chapecó –
2008
UNOCHAPECÓ
Prefeitura Municipal de Guatambu 2007
KIRKA – O Som das Árvores Expirado em data não conhecida
166
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Santa Catarina encontra-se inserida totalmente dentro dos domínios do Bioma Mata
Atlântica. De acordo com a classificação fitogeográfica do estado proposta por KLEIN
(1978), ocorre na região da FLONA Chapecó o contato entre duas formações florestais que
compõem a Mata Atlântica na região. Assim, a FLONA Chapecó contribui para a
preservação do encontro de espécies vegetais lenhosas pertencentes à Floresta Ombrófila
Mista (Floresta de Araucária), predominante nas altitudes do Planalto Meridional, e à
Floresta Estacional Decidual (Floresta do Rio Uruguai), distribuída ao longo do rio Uruguai e
vales dos afluentes superiores.
Além das três espécies exóticas cultivadas nos plantios da FLONA Chapecó (Pinus
elliottii, Pinus taeda e Eucalyptus sp.), foram registradas apenas duas espécies exóticas no
estrato adulto das florestas nativas, indivíduos dispersos de pínus e amoreira Morus sp.. No
sub-bosque dos plantios foram encontradas outras três espécies exóticas, uva-do-japão
Hovenia dulcis, nêspera Eryobotrya japonica, ligustro Ligustrum lucidum, além de indivíduos
dispersos de pínus Pinus sp. e eucalipto Eucalyptus sp.. A ocorrência dessas espécies
sugere a elaboração futura de projetos específicos para definição de ações de erradicação
das mesmas.
167
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Além de área significativa de mata nativa, a FLONA Chapecó possui ainda grande
potencial madeireiro em seus plantios. São estimados cerca de 282 mil metros cúbicos de
madeira somente nos plantios de pínus, o que representa 93% do total estimado, quando
considerados também os volumes de madeira dos plantios de araucária e eucalipto. Esses
volumes de madeira representam significativo potencial econômico. Soma-se a isso, a
possibilidade de exploração de número significativo de espécies com potencial de uso não
madeireiro, medicinal e comestível, presentes tanto nos sub-bosques da floresta nativa
como dos plantios, além das inúmeras espécies nativas de potencial de uso madeireiro que
podem fornecer material genético autóctone para futuros plantios de espécies nativas com
fins experimentais, de recuperação ambiental e de exploração comercial. A possibilidade do
desenvolvimento econômico no contexto local, a partir da exploração dos recursos florestais,
madeireiros e não madeireiros da FLONA Chapecó, deve ser considerado na perspectiva da
geração de oportunidades para as comunidades e empreendedores locais.
168
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
169
Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
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Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
WWF-Brasil - World Wildlife Fund. Fundo Mundial da Natureza - Brasil Disponível em:
<http://www.wwf.org.br/wwf_brasil/>.
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ANEXOS
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Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Artigo (Acta
Inventário preliminar dos mamíferos de
Vanessa Barbisan Fortes, Vânia Maria Ambiental
médio porte da Floresta Nacional de 2002 UNOCHAPECÓ I e II na FLONA
Bezerra Cella e Rosane Prigol Catarinense, v.1,
Chapecó, Santa Catarina
n.2, jul./dez./2002)
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Plano de Manejo ‐ Floresta Nacional de Chapecó ‐ Santa Catarina
Análise do Banco de Sementes do Solo na Manuela Gazzoni dos Passos, Rosiane Projeto de pesquisa
2006 UNOCHAPECÓ I na FLONA
Floresta Nacional de Chapecó - SC Berenice Nicoloso Denardin - Mestrado
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Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
UNOESC -
Biologia de Morcegos (Mammalia: Maria Helena Pinheiro Renck, Vanessa Dissertação de Pós-
1999 Campus I na FLONA
Chiroptera) com ênfase em ectoparasitas Barbisan Fortes Graduação
Chapecó
Frog diversity in the Floresta Nacional de Elaine Maria Lucas & Vanessa Artigo ( Revista
2008 UNOCHAPECÓ I na FLONA
Chapecó, Atlantic Forest of southern Brazil Barbisan Fortes biotaneotropica)
Análise Faunística de formigas 2007 UNOCHAPECÓ Junir Antonio Lutinski Dissertação I na FLONA
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