Simulação Exame 2023 22.06.2023 (Com Correção)
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Simulação Exame 2023 22.06.2023 (Com Correção)
VERSÃO 1
Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta. Escreva, na folha de
respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
2. O Universo é infinito. A sociedade é tão fascinante quanto o Universo. Logo, a sociedade é infinita.
3. O último relatório da UNICEF sobre a pobreza infantil revela que na Ásia as situações de carência
alimentar são menos graves do que nos países do continente africano. Por isso, as situações de
carência alimentar na Ásia são menos graves do que nos países do continente africano.
(A) 1. indução por generalização; 2. argumento por analogia; 3. indução por previsão.
(B) 1. indução por generalização; 2. argumento de autoridade; 3. indução por previsão.
(C) 1. indução por previsão; 2. argumento por analogia; 3. argumento de autoridade.
(D) 1. indução por generalização; 2. argumento por analogia; 3. argumento de autoridade.
Se achas que eu não vou ganhar o próximo torneio de ténis, então o vencedor do torneio vai ser o
mesmo do ano passado.
Mas o vencedor não vai ser o mesmo do ano passado.
Portanto, eu vou ganhar o torneio de ténis.
5. Suponha que uma casa está a arder e o Francisco ouve duas pessoas a gritar, aparentemente
encurraladas dentro da casa. Apercebe-se que nesse mesmo momento um conhecido canal de
televisão estava a fazer uma reportagem uns metros à frente. Sem pensar duas vezes e, na
esperança de ficar conhecido pelo seu ato heroico, decide arrombar a casa e salva as duas
pessoas. Mill diria que a ação do Francisco
(A) não tem valor moral, porque a ação foi motivada pelo interesse de ficar conhecido por
um
ato heroico.
(B) tem valor moral, porque dela resulta a maior felicidade possível para o maior número de
pessoas envolvidas e respeita, portanto, o Princípio da Utilidade.
(C) não valor moral, porque o Francisco não pensou nas possíveis consequências do seu
ato.
(D) tem valor moral, porque aumentou a felicidade do agente.
7. Para Kuhn,
(A) a evolução da ciência está associada à adoção de modelos de investigação designados
como paradigmas.
(B) a constituição de paradigmas é uma das características do período pré-científico.
9. Quando Tomás de Aquino afirma que as coisas desprovidas de cognição operam em vista de
um fim e que o facto de terem um propósito não pode ser fruto do acaso, está a defender a
existência de Deus como uma necessidade
(A) moral.
(B) ontológica.
(C) teleológica.
(D) cosmológica.
Na minha opinião, os alunos são capazes de ter boas notas nos exames. Afirmo isto não só
porque eles têm trabalhado com muita dedicação em casa, mas também porque os alunos são
capazes de ter boas notas nos exames, se trabalham com muita dedicação em casa e não estão
desatentos nas aulas.
[Dicionário:]
P: Os alunos são capazes de ter boas notas nos exames.
Q: Os alunos trabalham com muita dedicação em casa.
R: Os alunos estão desatentos nas aulas.
[Formalização:]
Q
(Q ∧ ¬R) → P
P
VVV V v F f V v V
VVF V v V v V v V
VFV F f F f V v V
VFF F f F v V v V
FVV V v F f V f F
FVF V v V v F f F
FFV F f F f V f F
FFF F f F v V f F
Trata-se de um argumento inválido, pois sucede que em pelo menos uma das circunstâncias (neste caso, na quinta
circunstância) as premissas são verdadeiras e a conclusão falsa.
12.1. Para os defensores do compatibilismo, o que têm em comum estes cenários e o que é que
os distingue um do outro?
Justifique a sua resposta.
A resposta integra os aspetos seguintes, ou outros igualmente relevantes.
− Para os defensores do compatibilismo (ou do determinismo moderado), os dois cenários têm em comum o facto de
estarem sujeitos ao determinismo e, portanto, serem o resultado de acontecimentos anteriores (por exemplo, o facto de
existir pobreza no Congo e o facto de o João ter sido operado).
− Para os defensores do compatibilismo, o determinismo coexiste com a liberdade, de tal modo que as proposições “Um
agente praticou livremente a ação X” e “A ação praticada por esse agente tem uma causa e resulta necessariamente
dessa causa” são compatíveis. Segundo esta perspetiva, uma ação é livre quando está determinada por fatores internos
ao agente (os seus desejos, crenças, etc.) e o agente pode fazer aquilo que deseja fazer, não existindo fatores externos
que o impeçam. Ou seja, apesar de o determinismo ser verdadeiro, dispomos de possibilidades alternativas:
poderíamos ter escolhido e agido de modo diferente daquele que agimos, se os nossos desejos, crenças, etc. fossem
diferentes e não houvesse qualquer impedimento exterior à nossa vontade. O livre-arbítrio significa, assim, a ausência
de obstáculo, de constrangimento ou de coação exterior à vontade.
− É precisamente aqui que estes dois cenários divergem, pois no cenário 1 o João decide fazer greve de fome como
sinal de protesto e esta ação advém de causas internas ao agente (os seus desejos, crenças, convicções) e, portanto,
uma vez que não foi coagido por circunstâncias externas a si, a sua ação foi livre.
− No caso do cenário 2, o João não come nada há 3 dias, não por ser um desejo seu, mas porque devido ao que lhe
aconteceu (ter sido operado) está impedido de o fazer. Neste caso, como o João está impedido pelas circunstâncias de
fazer aquilo que pretende, a ação não é livre.
Nota: A mera paráfrase/transcrição do texto ou de excertos do texto implica a atribuição de zero pontos.
Identifique o imperativo que, de acordo com Kant, tem valor moral. Justifique a sua resposta,
distinguindo-o do imperativo que não tem valor moral.
A resposta integra os aspetos seguintes, ou outros igualmente relevantes.
Identificação do imperativo moral:
− somente o imperativo 2 tem valor moral.
Justificação:
− a ordem contida no imperativo 2 é absoluta e incondicional/independente de qualquer condição, interesse, desejo ou
inclinação pessoal. Trata-se de um imperativo categórico.
− em contrapartida, a ordem contida no imperativo 1 faz depender a verdade (o dizer a verdade, não enganar os outros)
da condição/hipótese de não se ser apanhado. O cumprimento do imperativo é feito a pensar nas consequências. Trata-
se de um imperativo hipotético.
OU
− o imperativo 2 é categórico. A ação que segue o imperativo é feita por dever, ou seja, é uma ação cuja única intenção
é o puro cumprimento do dever, independentemente do que disso resulte.
− em contrapartida, o imperativo 1 é um tipo de imperativo que determina uma ação conforme ao dever. A ação
encontra--se, de facto, de acordo com o dever (não enganar os outros), mas é apenas realizada porque daí resulta o
benefício ou a vantagem de não se ser apanhado: a ação é simplesmente um meio para atingir um determinado fim (de
tal modo que, se por acaso desaparecesse a consequência de se ser apanhado, o imperativo deixaria de fazer sentido).
Segundo Kant, tais ações são desprovidas de valor moral.
Nota: A mera paráfrase/transcrição do texto ou de excertos do texto implica a atribuição de zero pontos.
16.1. Segundo Hume, como é possível conciliar o exposto no texto com a perspetiva de que tudo
aquilo que podemos conhecer provém da experiência?
A resposta integra os aspetos seguintes, ou outros igualmente relevantes.
− Parece de facto haver uma contradição/incompatibilidade entre afirmar-se que o nosso pensamento tem a capacidade
de conceber tudo (exceto o que envolve contradição), inclusivamente «o que nunca foi visto ou se ouviu», e a
perspetiva empirista de Hume segundo a qual tudo o que podemos conhecer tem a sua origem na experiência: como é
possível eu ter ideias de coisas que nunca vi ou ouvi, se todo aquilo que concebemos provém da experiência? Como é
que eu não estou «encarcerado dentro dos limites da natureza e da realidade», se a fonte de tudo aquilo que posso
pensar é a experiência?
Só aparentemente existe contradição/incompatibilidade/incongruência:
− segundo o princípio da cópia, as nossas ideias são cópias das impressões, ou seja, todas as nossas ideias derivam
das impressões sensíveis correspondentes (por exemplo, a ideia de “verde” provém da impressão sensível de “verde”).
Nesse sentido, todo o nosso pensamento (todos os materiais do nosso pensamento, tudo aquilo que concebemos),
mesmo que não tenhamos consciência disso, deriva da sensibilidade, ou tem uma origem empírica. As representações
ou imagens constituídas desta forma são ideias simples.
− Mas, sendo assim, o pensamento humano possui também ideias complexas: ideias formadas a partir da nossa
imaginação, que através da combinação, reordenação, aumento ou diminuição de diferentes ideias simples consegue
«dar forma a monstros» ou a outras ideias pouco familiares, isto é, de que nunca se teve impressão sensível “direta”.
− Isto permite entender que é perfeitamente conciliável aquilo que Hume diz no texto apresentado e a perspetiva
segundo a qual tudo o que podemos conhecer vem da experiência. Com efeito, ainda que o nosso pensamento tenha a
enorme liberdade de que Hume fala e que consigamos imaginar algo completamente “distante” daquilo que
experimentámos, na verdade não fazemos mais do que associar ideias diferentes das quais já tivemos alguma
impressão correspondente (por exemplo, eu posso conceber um “minotauro” porque tive uma impressão de “homem” e
uma impressão de “touro”).
Esclarece, de modo completo e preciso, a relação entre o texto e a perspetiva de que tudo
4 aquilo que podemos conhecer provém da experiência, desfazendo a aparente contradição 14
entre ambos e articulando os conceitos fundamentais num discurso coerente.
Esclarece, de modo incompleto ou impreciso, a relação entre o texto e a perspetiva de
3 que tudo aquilo que podemos conhecer provém da experiência, desfazendo a aparente 11
contradição entre ambos e articulando os conceitos fundamentais num discurso coerente.
Esclarece, de modo incompleto e impreciso, a relação entre o texto e a perspetiva de
2 que tudo aquilo que podemos conhecer provém da experiência, desfazendo a aparente 7
contradição entre ambos e articulando os conceitos fundamentais num discurso coerente.
17.1. Apresente uma possível objeção da teoria formalista de Bell à perspetiva expressa no texto.
A resposta integra os aspetos seguintes, ou outros igualmente relevantes.
− A perspetiva ou teoria sobre a arte que é expressa no texto é a perspetiva imitativa da arte*, segundo a qual a arte
representa a realidade exterior ou, num sentido mais estrito (que é aquele que está sobretudo em causa no texto) imita
ou reproduz a Natureza, funcionando como que um «espelho» dela. Segundo esta perspetiva, a arte é tanto melhor
quanto mais fiel e exatamente representar a realidade, tal como um espelho reflete o objeto que se encontra diante
dele.
− Bell poderia contra-argumentar dizendo que o essencial na arte não é aquilo que ela imita ou representa, mas sim o
facto de ter uma forma significante que gera a emoção estética. Desse ponto de vista, o conteúdo representado na obra
é completamente irrelevante. Assim, um pintor como aquele que é descrito por Leonardo da Vinci será provavelmente
incapaz de criar formas que provoquem esse tipo de emoção. Para Bell, a obra pode ser representativa da Natureza e
pode até ter valor artístico, mas esse valor não advém da fidelidade à Natureza ou da exatidão com que a reproduz:
nada tem que ver com se ser «o mestre universal de imitar toda a variedade de formas da Natureza»; o seu valor
artístico decorrerá, antes, do facto de tal obra provocar uma emoção estética no espetador. E, para Bell, a emoção
estética não é justamente provocada pelos objetos representados, por mais fiel que se seja a representação, mas sim
por um conjunto de propriedades formais (linhas, cores, etc.) combinadas de modo harmonioso e que são interessantes
por si mesmas (forma significante). É isto que leva a que obras como a pintura abstrata possam ser consideradas obras
de arte.
Concorda com a perspetiva acerca da natureza dos juízos morais referida no texto? Porquê?
CENÁRIOS DE RESPOSTA.
Clarificação do problema.
− O problema em causa no texto é o problema da natureza dos juízos morais, mais propriamente o de saber se o seu
valor de verdade é dependente de uma dada perspetiva (seja ela individual ou coletiva) ou, pelo contrário, independente
de qualquer ponto de vista, tendo por isso um carácter objetivo, de tal maneira que, não obstante a possibilidade de
haver desacordo, existem realmente factos morais – universais, transversais, comuns a todos os indivíduos e culturas
(assim, por exemplo, o juízo “matar é moralmente condenável” é um juízo verdadeiro ou falso independentemente do
que o sujeito A ou B, ou a cultura C ou D, consideram a este respeito).
Nota: A resposta é classificada com zero pontos no parâmetro C – Comunicação, se não for atingido o nível 1 de desempenho em,
pelo menos, um dos outros parâmetros.
FIM
Simulação de Exame de Filosofia Página 14 de 15
COTAÇÕES
As pontuações
obtidas nas respostas
a estes 12 itens da
1. 5. 6. 9. 11. 12.1. 13. 14.1. 15.1. 16.1. 17.1. 18. Subtotal
prova contribuem
obrigatoriamente para
a classificação final.
Cotação (em pontos) 11 11 11 11 14 14 14 14 14 14 14 14 156
Destes 6 itens,
contribuem para a
classificação final da
2. 3. 5. 6. 8. 10. Subtotal
prova os 4 itens cujas
respostas obtenham
melhor pontuação.
Cotação (em pontos) 4 x 11 pontos 44
TOTAL 200