Dissertação ElisangelaSilva PPGSCA
Dissertação ElisangelaSilva PPGSCA
Dissertação ElisangelaSilva PPGSCA
MANAUS, 2019
Elisãngela Guedes da Silva
MANAUS, 2019
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Ficha Catalográfica
Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a)
autor(a).
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BANCA EXAMINADORA
_________________________________________
(Presidente)
_________________________________________
(Membro)
_______________________________________
(Membro)
EPÍGRAFE
AGRADECIMENTOS
Primeiramente ao meus Deus todo poderoso, que me permitiu realizar esse sonho,
a minha mãe Nossa Senhora que em momentos de angustias, pedia auxilio e sempre fui e sou
atendida.
Dentre estes destacarei alguns que foram peças fundamentais durante esse
processo. À Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e ao Programa de Pós-graduação
em Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSA), que abriram as portas para que eu pudesse
dar esse importante passo na carreira profissional e na realização de um sonho. Aos Drs. Que
construíram pensamentos de liberdade para com a turma do mestrado de 2018, que
apresentarem importantes teóricos e possibilitarem discussões relevantes para construção
deste trabalho. Quero dizer “meu muito obrigada”, especialmente, à minha orientadora Dra.
Heloísa Helena Corrêa da Silva que inúmeras vezes mostrou uma nova forma de
conhecimento, com uma postura exemplar de responsabilidade, coerência, e apoio
incondicional ao nosso trabalho de pesquisadoras. Ao prof. Dr. Odenei Ribeiro e Dr.
Raimundo Nonato membros da banca de defesa da dissertação com contribuições valiosas.
Aos colegas da turma em especial ao Adriano Feitosa (razão) e Félix Cândido (emoção)
novos amigos.
minha pessoa. Aos gerentes da Educação Indígena da SEMED Dr. Glademir e Dra. Altaci
Rubim, pelo incentivo e as informações repassadas durante esse processo.
Aos amigos de infância Charles Maciel Falcão pelas orientações e incentivo, aos
compadres Manuela Dantas e Azenilton Melo, pelas orientações, angustias e incentivos. Aos
meus irmãos: Penha, Raimundo, Elpidio, Izabel, Lídia, Lourenço e Daniele por inúmeras
vezes me deixarem de fora das situações de família que precisavam resolver, pelas orações e
por estarem comigo nesse sonho. Aos meus filhos Gabriel, Gabriela, Ely Neto, obrigada por
entender os dias, noites, que fiquei no quarto trancada, escrevendo, e vocês compreendiam
minha situação, e sonhavam comigo a conquista dos conhecimentos adquiridos.
Ao meu amor Elciney Alfaia, um dos maiores presentes que Deus reservou para
mim. Minha vida como ele mesmo me chama, como você foi e é importante na minha vida.
Tenha certeza que teria sido muito mais complicado se você não tivesse do meu lado. Nas
horas dos sonos, dos choros, das alegrias. Da pesquisa de campo, nas defesas em tudo, você é
meu melhor amigo, amor. Obrigada por tudo, como eu falo sempre metade do título é teu.
O agradecimento mais especial aos meus pais Francisco Castro e Maria Guedes,
meus maiores exemplos, esse sonho de se tornar mestra, foi construído há anos atrás quando
aprendi e ouvi de vocês que para sermos alguém na vida precisávamos estudar muito, pois eu
tinha nascido no momento difícil de que a família estava passando. Mas, vocês sendo
semianalfabetos sabiam que para os filhos terem um futuro melhor que o de vocês precisavam
estudar. Assim, mudaram do interior para a cidade com um objetivo proporcionar aos filhos
educação. Pai e mãe vocês fizeram tudo certo, conseguiram, por isso estou me tornando
mestre, mas meu sonho ainda não termina aqui, vou ser doutora, para ratificar os
ensinamentos de vocês... que inúmeras vezes falara [...]“que através dos estudos você será
alguém”. Amo vocês e enfatizo que: a filha de vocês está concretizando os sonhos vocês
sonharam para ela.
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É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que, num
dado momento, a tua fala seja a tua prática.
Paulo Freire
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RESUMO
ABSTRACT
The present dissertation is about the Indians in an urban context, with the purpose of
understanding the social and cultural processes of the participants of the research, who live in
the city of Manaus in relation to their culture and education. To that end, some questions
guided the research: how can we understand, based on the current situation of the natives
living in the city of Manaus, it is possible to reflect on how the indigenous culture and the
process of school education are being preserved. The methodology adopted was based on
bibliographical research, documentary, field research, emphasizing observation. The
dissertation is divided into three chapters. The first chapter is made up of the Genesis Partner,
a description of the ethnographic historical setting in which the Kokama, the research focus
population, emerge, emphasizing the territory-culture and non-indigenous relations in the city
of Manaus. This chapter is divided into three sub-topics: 1. Indigenous in the city and
Brazilian legislation, 2. Indigenous Rights in the Federal Constitution of 1988, The LDB and
the guidelines for the implementation of indigenous schools. The second is centered on the
process of Kokoma indigenous migration to the city of Manaus. It is divided into two sub-
topics: 1. The process of migration and the organization of communities in the city; 2. The
struggle for visibility. 3. Thinking about the historical trajectory, analyzing the setbacks faced
by the Kokama and their strength in resisting hegemonic retaliation, it became crucial to seek
to understand the motivations, devices, mechanisms and networks of social and cultural
relations. What motivated the writing of the third and last chapter is about the indigenous
people who live in the urban context, analyzing the so-called "traditional" characteristics and
their present cultural aspects, their organization, their political space in the city and their
mobilization by reaffirmation of their ethnic identity in the Indigenous Nations Community in
the Tarumã neighborhood. Besides explaining the organizations and the leaderships of these
people in the city of Manaus, present in the urban societies and the implications present in the
process of re-signification of the culture. They are living and what are the ways of preserving
culture through the mother tongue.
LISTA DE FIGURAS
Figura 05 - Tabela com os municípios atendidos com Educação Indígena pela SEMED ....... 71
Figura 08 – Mapa do caminho percorrido pelos Kokamas do Peru até Manaus ..................... 81
Figura 14 – Mapa da autoidentificação das etnias indígenas em Manaus por bairro .............. 98
LISTA DE IMAGENS
Foto 8 – Imagem do chapéu de palha, que estava em funcionamento até 2018) .......................... 113
Foto 10 – Pesquisa de campo, ano 2019 - rua de principal Acesso a Comunidade Nações
indígenas......................................................................................................................... 119
Foto 11 – Pesquisa de campo ano 2019, imagem da ausência de serviços públicos. Coleta de
lixo .............................................................................................................................. 120
Foto 12 – Pesquisa de campo, ano 2019. Imagem de uma das ruas da Comunidade Nações
Indígenas. ....................................................................................................................... 121
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LISTA DE SIGLAS
CF – Constituição Federal
GT – Grupo de Trabalho
T. I. – Terra Indígena
SUMÁRIO
Introdução .......................................................................................................................... 17
1. Capítulo 1 - Indígenas em contexto urbano e a legislação brasileira ........................... 23
1.1. Direitos Indígenas na Constituição Federal de 1988 ...................................................... 23
1.2. Declaração de Princípios IX Encontro dos Professores Indígenas do AM, RR e AC. ..... 25
1.3. Criação Ministério da Educação e Cultura – (MEC) ..................................................... 26
1.4. A LDB e as Diretrizes para a Implantação das Escolas Indígenas. ................................. 28
1.5. Plano Nacional de Educação ......................................................................................... 31
1.6. Convenção 169 da organização internacional do trabalho (OIT) ................................... 31
1.7. Conselho Nacional de Educação.................................................................................... 32
1.8. Referencial Curricular Nacional Para Escolas Indígenas (Rcnei) .................................. 34
1.9. Retrospectiva Histórica da Educação Indígena no Brasil ............................................... 35
1.10. Da República Nova ao Governo Militar de 1964 a Educação Escolar Indígena no Brasil38
1.11. História da Educação Indígena No Amazonas ............................................................. 41
1.12. Autonomia, Movimento Indígena Educação Escolar: Caminhos para a Educação
Intercultural Bilíngue. .......................................................................................................... 45
1.13. Formação de Professores Indígenas em Cursos de Licenciaturas Indígenas.................. 48
1.14. Configurações Acerca dos Indígenas em Contexto Urbano na Pan-Amazônia ............. 51
1.15. Educação Escolar Indígena pela Estrutura da Secretaria Municipal de Educação- Semed.55
1.16. Contexto histórico da educação escolar indígena de Manaus (2002-2017). .................. 56
1.17. Proposta Pedagógica da Secretaria Estadual de Educação. ........................................... 63
1.17.1. Gerência de Educação Escolar Indígena- Geei - A luz da Lei Federal criou-se a Lei
Estadual ............................................................................................................................... 63
1.17.2. Formação do Grupo de Trabalho (GT) Por Intermédio do CEEI ............................... 63
1.17.3. Proposta pedagógica de matrizes curriculares interculturais de referência para as
escolas indígenas no Amazonas: ensino fundamental e ensino médio. .................................. 64
1.17.4. Centro de Formação Profissional Pe. José Anchieta – CEPAN ................................. 71
2. Capítulo 2 – Caminho percorrido até a metrópole Manaus ......................................... 75
2.1. Indígenas e o processo de migração para a cidade.......................................................... 75
2.2. A Irmandade da Santa Cruz: um reflexo da migração dos indígenas da Pan Amazônia. ............... 77
2.3. Do início da aldeia no Peru e Colômbia a cidade: o caminho percorrido pelos indígenas
Kokama até Manaus............................................................................................................. 78
2.4. A luta pela visibilidade na cidade: o início das lutas, organizações. ............................... 81
2.5. Registro da história do “Mestre Supremo” de todo conhecimento da medicina .............. 90
16
2.6. A presença multiétnica na cidade de Manaus: a cultura e vida social dos indígenas e não-
indígenas.............................................................................................................................. 93
2.7. Os Kokamas na Cidade de Manaus - Contribuições retiradas do documento oficial do
povo Kokama: ASSOCIAÇÃO DOS INDIOS KOKAMAS RESIDENTES NO MUNICIPIO
DE MANAUS-AM .............................................................................................................. 94
2.8. Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno – COPIME............................. 95
INTRODUÇÃO
O objeto da pesquisa está centrado nos indígenas que vivem em contexto urbano,
enfatizando a trajetória histórica do povo Kokama, seu processo de transformação cultural e
social, sua batalha política por reconhecimento, pela demarcação de terras, pela educação
diferenciada, pelo direito a saúde e ao Registro Administrativo de Nascimento do Índio. No
interior desta pesquisa trabalha-se a categoria “cultura” com base em Barth (2000), o autor
gerou uma mudança analítica na conceitualização de etnicidade. Enfatizando a educação
escolar indígena mapeada pela Secretaria Municipal de educação no município de Manaus e a
Secretaria Estadual de Educação como responsável pelos municípios do Estado do Amazonas.
pela cidade inicia com a assimilação do modo de vida da cidade. E a penetração da cidade na
aldeia acontece pela adoção de costumes e valores, inerentes à cidade, ao modo de vida dos
indígenas aldeados que vão, sucessivamente, alterando aspectos da vida na aldeia, assim dão
origem a alguns componentes urbanos identificados no dia a dia da aldeia.
A presença dos indígenas nos espaços urbanos, mesmo não tão visível constitui
uma nova forma de vivenciar culturas distintas, situações que fora das suas terras os indígenas
não contam com assistência de órgãos governamentais responsáveis pelas políticas, porém é
preciso na tessitura do urbano saber olhar de perto e em seu interior para reconhecer os modos
de vida diferenciados que se estabelecem no contexto urbano.
Em relação à educação indígena o marco legal enfatiza que de acordo com o Art.
205 da Constituição, a educação é direito de todos, e o Art. 210, em seu § 2º, estabelece que
“o ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às
comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de
aprendizagem. ” A quantidade de escolas indígenas e centros educacionais indígenas que
foram implantadas com os direitos resguardados pela constituição Federal na efetividade da
Lei nº 9.394/1996 estabelece as bases da educação nacional e, no Título VIII, das Disposições
Gerais, em seus Arts. 78 e 79, dispõe que o sistema de ensino da União desenvolverá
programas integrados de ensino e pesquisa para oferta de educação escolar bilíngue e
intercultural, bem como apoiará técnica e financeiramente os sistemas de ensino.
Pode-se destacar a luta dos professores pela visibilidade, trabalho e luta por
direitos, em 1999 foi realizado o IX encontro de professores Indígenas, com participantes do
Amazonas, Roraima e Acre, do qual resultou uma declaração com os maiores anseios.
1.As escolas indígenas deverão ter currículos e regimentos específicos, elaborados pelos
professores indígenas, juntamente com suas comunidades, lideranças, organizações e
assessorias.
1. As comunidades indígenas devem, juntamente com os professores e organizações,
indicar a direção e supervisão das escolas.
2. As escolas indígenas deverão valorizar as culturas, línguas e tradições de seus povos.
26
A história do MEC, como é conhecido hoje, começa em 1930, quando foi criado o
Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública, no governo de Getúlio Vargas. Como
é possível perceber pelo nome, a Educação não era a única área tratada pelo ministério, que
também desenvolvia atividades pertinentes à saúde, ao esporte e ao meio ambiente.
27
Desde cedo, as novas gerações são estimuladas a participar das ações cotidianas,
assumir responsabilidades e realizar alguns trabalhos confere certa autonomia a cada um dos
sistemas educacionais. Entretanto, essa transferência de responsabilidade não implicou na
criação de mecanismos que assegurem um tratamento adequado e o respeito à especificidade
das escolas indígenas. Registra-se um avanço em relação à concepção de Educação Escolar
Indígena a partir da Portaria Interministerial 559/91, através da qual a escola deixa de ter o
caráter integracionista, conforme previa o Estatuto do Índio/Lei 6.001/73, e passa a ser regida
pelo reconhecimento da multiplicidade cultural e linguística dos povos indígenas e pelo
direito a eles assegurado de viver de acordo com suas culturas e tradições.
Art. 78. O Sistema de Ensino da União, com a colaboração das agências federais de
fomento à cultura e de assistência aos índios, desenvolverá programas integrados de
ensino e pesquisa, para oferta de educação escolar bilíngue e intercultural aos povos
indígenas, com os seguintes objetivos: I – proporcionar aos índios, suas
comunidades e povos, a recuperação de suas memórias históricas; a reafirmação de
suas identidades étnicas; a valorização de suas línguas e ciências;
II – Garantir aos índios, suas comunidades e povos, o acesso às informações,
conhecimentos técnicos e científicos da sociedade nacional e demais sociedades
indígenas e não índias. Art. 79. A União apoiará técnica e financeiramente os
sistemas de ensino no provimento da educação intercultural às comunidades
indígenas, desenvolvendo programas integrados de ensino e pesquisa. § 1º Os
programas serão planejados com audiência das comunidades indígenas. § 2º Os
programas a que se refere este artigo, incluindo nos Planos nacionais de Educação,
terão os seguintes objetivos: I Fortalecer as práticas socioculturais e a língua
materna de cada comunidade indígena; II Manter programas de formação de pessoal
especializado, destinado à educação escolar nas comunidades indígenas; III
Desenvolver currículos e programas específicos, neles incluindo os conteúdos
culturais correspondentes às respectivas comunidades; IV elaborar e publicar
sistematicamente material didático específico e diferenciado.
Os materiais pedagógicos, não tem uma divulgação grande nas escolas, e alguns
materiais didáticos como livros, ainda carregam a mesma ideia de que o indígena era
preguiçoso, selvagem e em outras vezes como escravo ou inferior a raça branca, enfatizando o
mesmo pensamento relacionado ao indígena descrito no período da colonização. Cabe
ressaltar que essas informações circulando de forma correta poderá fornecer conhecimentos
que possibilitem à sociedade uma compreensão mais contextualizada e plural das culturas
indígenas e afro brasileiras
ortográfico das línguas maternas. Esse processo precisa ter a condução de pesquisas de caráter
antropológico visando à sistematização e incorporação dos conhecimentos e saberes
tradicionais das sociedades indígenas e à elaboração de materiais didático-pedagógicos,
bilíngues ou não, para uso nas escolas instaladas em suas comunidades.
homens que criavam e votavam as leis, nesse período em 1983, conhecemos o primeiro
deputado indígena eleito no país Mário Juruna (Batizado: Mario Dzuruna Butsé) reforçando a
ideia de que, para evoluir em sua luta, os povos indígenas precisariam ser representados por
quem a conhecia e vivenciava de fato. Atualmente existem um quantitativo bem maior de
indígenas que exercem cargos políticos no Brasil de Norte a Sul.
escolares, independentemente do ano civil, que respeita o fluxo das atividades econômicas,
sociais, culturais e religiosas das comunidades, e os períodos escolares devem ajustar-se às
condições e especificidades próprias de cada comunidade.
Os indígenas viviam muito bem aqui no Brasil, com suas tradições, seus
costumes, seu habitat e, especialmente, sua língua e alguns eram autóctones. Quando o
homem branco colonizador europeu chegou impondo sua cultura, para a dominação do Brasil
ser facilitada. Do período da colonização, a educação indígena era gerida pelos interesses dos
colonizadores, seguidamente pelos governantes, mas nunca pelos próprios indígenas, as leis
foram criadas instituídas, mas, foram criadas não por indígenas e sim pelo homem não
indígena, que colocou nas entrelinhas sua forma de pensar arraigadas durante séculos de
invasão.
Jose e Anchieta S.J. Anchieta que veio para a América do Sul na segunda metade do sec.
XVI, não apenas atraído pela tarefa de conversão dos gentios, mas para facilitar o processo de
dominação.
civiliza-los. Com objetivos claros de converter os gentios e a salvação de suas almas. Com
essa premissa o S.I.L conquistou o poder público e a universidade brasileira. Que queriam
algo urgente na forma de documentação sob a alegação dos famigerados "riscos iminentes de
desaparecimento". E a diferença deixou de representar um obstáculo para se torna r um
instrumento do próprio método civilizatório. Dessa forma, não se tratava de negras os povos
indígenas e suas línguas, mas uma maneira de impor domesticando através de adotar normas e
sistemas ortográficos gerados pelos S.I.L. Neste quadro as línguas indígenas passaram a
representar meios de "educação" desses povos a partir de valores e conceitos civilizados.
A escola assumiu diferentes facetas ao longo da História num movimento que vai
da imposição de modelos educacionais aos povos indígenas, por meio da dominação, da
negação de identidades, da integração e da homogeneização cultural, a modelos educacionais
reivindicados pelos indígenas, dentro de paradigmas de pluralismo cultural e de respeito e
valorização de identidades étnicas.
Indígenas, do ensino catequético ao bilíngue, a tônica foi sempre negar a diferença, assimilar
os indígenas, fazer que se transformassem em algo diferente do que eram, se enquadrando ao
padrão imposição de valores alheios e negação de identidades e culturas diferenciadas.
capacidade dirigente das elites e qualificar as massas trabalhadoras para funções produtivas
mais complexas, inserindo os cursos técnicos de forma mais abrangente.
Nos anos seguintes de 1950 e 1960 foram marcados por um intenso debate sobre a
educação brasileira. Muitos intelectuais e movimentos sociais formularam propostas para a
organização de um sistema nacional de ensino mais democrático e popular, que superasse as
desigualdades socioculturais, formasse cidadãos consciente de seus direitos e preparados para
desafios econômicos. A referência do Brasil sobre analfabetismo não era positiva, o
quantitativo de pessoas analfabetas era enorme. No início dos anos sessenta, a Educação
Popular, que se articulava à ação política junto aos grupos populares: intelectuais, estudantes,
pessoas ligadas à igreja Católica e a CNBB. Em 1964, foi aprovado o Plano Nacional de
Alfabetização, que deveria atingir todo o país, orientado pela proposta pedagógica de Paulo
Freire, mas, foi suprimida pelo golpe militar de 64 e substituída pelo Movimento Brasileiro de
Alfabetização (MOBRAL). O presente trabalho, portanto, está voltado para a temática da
Educação de Jovens e Adultos e tem seu foco no Movimento Brasileiro de Alfabetização
(MOBRAL), criado no ano de 1967.
Esse novo ordenamento ofereceu uma face econômica mais definida à política
indigenista, propondo não apenas a transformação do índio em trabalhador nacional - como
previa o positivismo nos primórdios do SPI -, mas principalmente a transformação do Posto
40
Indígena (unidade básica criada pelo SPI, que ainda funciona no interior das terras indígenas)
em uma empresa capitalista moderna.
Recentemente esse quadro mudou com novas formas de pensar a educação escolar
indígena. Passou a ser entendia como categoria étnica e social transitória e fadada à extinção;
as mudanças e as inovações garantidas pelo atual texto constitucional e a crescente
mobilização política de diversas lideranças indígenas ensejaram a necessidade de se
estabelecer uma nova forma de relacionamento jurídico e de fato entre as sociedades
indígenas e o Estado brasileiro. A escola entre grupos indígenas ganhou, então, um novo
significado e um novo sentido, como meio para garantir acesso a conhecimentos gerais, sem
precisar negar as especificidades culturais e a identidade daqueles grupos.
política e social em que vivia o índio brasileiro e de como era difícil romper com concepções
étnicas e culturais que se estabeleceram há séculos sobre os indígenas do país.
Indígena, sobretudo no que diz respeito à autonomia do CEEI frente à Secretaria Estadual de
Educação- SEDUC.
Em relação aos movimentos indígena, segundo uma definição mais comum entre
as lideranças indígenas, é o conjunto de estratégias e ações que as comunidades e as
organizações indígenas desenvolvem em defesa de seus direitos e interesses coletivos.
Movimento indígena não é o mesmo que organização indígena, embora esta última seja parte
importante dele. Como afirma Gersem Baniwa, um indígena não precisa pertencer
formalmente a uma organização ou aldeia indígena para estar incluído no movimento
indígena, basta que ele comungue e participe politicamente de ações, aspirações e projetos
definidos como agenda de interesse comum das pessoas, das comunidades e das organizações
que participam e sustentam a existência do movimento indígena (BANIWA, 2006).
aos indígenas o direito à prática de suas formas culturais próprias, de acordo com 231 da
Carta Magna que afirma,
[...]são reconhecidos aos indígenas sua organização social, costumes, línguas,
crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente
ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus
bens. (CF, Art 231,)
O fortalecimento dos grupos amparados nas leis tem notoriedade nas presenças
marcadas pelos indígenas nos movimentos e eventos que a partir de então tornam mais
rotineiro e visíveis. Assim, a educação escolar indígena passa a receber um tratamento, no
Ministério da Educação e Cultura, focado na asserção dos direitos humanos, entre eles o de ter
seus projetos societários e identitários fortalecidos nas escolas indígenas.
participado da formulação de políticas públicas nos seminários indígenas, buscando, com isso,
combater a discriminação e o preconceito, ainda vigentes, em relação às sociedades indígenas,
e procurando valorizar a diversidade sociocultural do país. Nesse sentido, pode-se afirmar
que os professores estão constituindo uma nova forma de liderança no interior dessas
comunidades, possibilitando a construção de uma nova escola indígena e, portanto, de uma
nova concepção de cidadania.
A partir da década de 1980, contudo, observou-se, nas últimas décadas, por meio
de movimentos de afirmação étnica, que outro modelo escolar apareceu no cenário
educacional: a escola dos povos indígenas. Amparada em leis que constituem um modelo
diferenciado e específico de educação escolar, cada povo tomou para si a tarefa de elaborar
currículos escolares e propostas pedagógicas, informados por suas cosmologias.
Uma grande parte deles dominava conhecimentos próprios da sua cultura e não
possuíam o domínio da língua portuguesa e das demais áreas dos conteúdos considerados
escolares. De acordo com a Fundação Nacional do Indígena (Funai), órgão vinculado ao
Ministério da Justiça, informou que até o final dos anos 1980, a instituição era a única
responsável pela oferta da educação escolar indígena. Na época, a demanda era de apenas 200
estudantes em todo Brasil. Sob a responsabilidade custeada de mensalidade, material didático,
hospedagem e alimentação eram por conta da própria Funai.
Solimões, que contempla 250 professores dos povos Tikuna, Kokama, Kaixana. Existe uma
parceria com a Organização Geral dos Professores Tikuna Bilíngües (OGPTB), Fundo
Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida), Funai e a Prefeitura Municipal de
Benjamin Constant/AM. Fonte (site encurtador.com.br/dt049.
[....] Levar em conta os direitos linguísticos das crianças nas escolas indígenas
significa, então, conhecer a realidade sociolinguística da comunidade e discutir
essa realidade na escola, fortalecendo e valorizando a língua indígena em seu uso
como língua de instrução, de comunicação, dos materiais didáticos e como
objeto de análise e estudo. (BRASIL. MEC, 2005a).
51
Os povos indígenas têm uma história, que inclui guerras e migrações, trazendo
consigo a redefinição das unidades socioculturais, algumas vezes com a fragmentação e outras
com a fusão ou incorporação em unidades maiores. Uma vez que estão situados dentro da
história, os povos indígenas passam por enormes mudanças culturais, que decorrem seja da
adaptação a um meio ambiente novo ou modificado, seja da influência ou troca cultural
realizada com outros povos, ou ainda por um dinamismo interno aquelas culturas. Pode-se
definir como um processo de migração das aldeias para as cidades, iniciando seguimento de
mudanças e adaptabilidade.
campos naturais. Mas hoje a maior parte da população já vive nas cidades e a tendência do
êxodo rural, ou melhor, da “fuga” para as grandes aglomerações urbanas cresce
vertiginosamente.
O destino dos povos e culturas indígenas, tal como o de qualquer grupo étnico ou
mesmo nação, não está escrito previamente em algum lugar. A sua tendência a extinção não
foi jamais um processo natural, mas apenas o resultado da compulsão das elites coloniais em
instituir a homogeneidade apagando ou abolindo as diferenças
Como descreve Cunha, no século XVIII, como escrevia em 1757 o jesuíta João
Daniel, encontravam-se nas missões do baixo Amazonas indígenas de "trinta a quarenta
nações diversas". Alguns grupos apenas foram mantidos nos seus lugares de origem para que
atestassem e defendessem os limites da colonização portuguesa: foram eles os responsáveis
pelas fronteiras atuais da Amazônia em suas regiões. É o caso dos Macuxi e Wapi-xana, na
Roraima atual, chamados no século XVIII de "muralhas do sertão (CUNHA,131).
Ainda pode-se provar pelas exceções: onde houve borracha, por exemplo no Acre,
as populações e as terras indígenas foram duramente atingidas e a maior parte dos
sobreviventes dos grupos pano do Brasil hoje estão em território peruano. (IBGE, 2010).
Como afirma Manuela Cunha, O número de indígenas urbanos em Manaus pode ser
considerado muito pequeno se comparado a outras capitais. Essa característica pode
ser justificada em razão de grande parte da Amazônia ter ficado à margem dos
grandes surtos econômicos, dessa forma, só poderia apresentar um processo de
urbanização (CUNHA, 2004).
Fonte: FUNAI – AM
Esse desafio de mudar a rotina de vida não é simples para os indígenas que
migram para os centros urbanos da Amazônia. Pois ao migrarem, se deparam com situações
de exclusão e marginalização, com políticas públicas que não atendem as mínimas condições
de promover o respeito e a dignidade do grupo, apesar da existência de um aparato legislativo
com validade formal e vigência que regulamenta a referida comunidade.
As culturas indígenas são concretas, como concretos são os que dão vida a elas.
Os indígenas conservam suas línguas, suas experiências e sua relação com a natureza e com a
sociedade. Eles mantêm a tradição oral e os rituais como manifestação artística e maneira de
vinculação com a natureza e o sobrenatural. Mantêm o papel socializador e educador da
família, aplicam os sábios conhecimentos milenares e praticam o respeito à natureza. Com
isso, as culturas indígenas seguem manifestando sua personalidade coletiva e de alteridade,
seja em qualquer lugar. O Indígena é indígena na Aldeia ou na Cidade, o lugar que ele se
encontra não defini sua raça, e sim a gama de conhecimentos culturais que fazem parte da sua
história.
Conquistas foram alcançadas, mas ainda temos grandes desafios à frente, dentre
eles, citamos como relevantes: o respeito pelo indígena em contexto urbano, que preceitua
uma história de migração, adaptabilidade ao novo local de vida, a necessidade, continuidade
da cultura recebida pelos encentrais, a sobrevivência econômica, mas essencialmente o
respeito pelas lutas dos direitos conquistados.
Art. 35. A Educação Escolar Indígena na Rede Pública Municipal de ensino será
oferecida, preferencialmente, no Ensino Fundamental e terá por finalidade o
atendimento de crianças, jovens e adultos das comunidades indígenas, assegurando-
lhes a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem,
conforme preconiza o art. 210, § 2º da Constituição Federal e o art. 32, § 3º da Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 9394/96.
Art. 36. A escola indígena será criada por meio de iniciativa do Poder Público
Municipal ou por meio de reinvindicação da comunidade interessada, ou com sua
anuência, respeitadas suas formas e representações, de acordo com o Decreto n.
1.394/2011.
possibilidade de participar da vida cultural de sua preferência, exercer e fazer fruir suas
próprias práticas culturais que dão sentido a sua existência.
membros do grupo não terem como justificar oficialmente às suas instituições de origem suas
presenças nas reuniões do GTI; 4) Levantamento socioantropológico das comunidades
indígenas que vivem no Município de Manaus; 5) Na fase inicial de implantação da escola
Indígena, a SEMED deverá apoiar as experiências educacionais desenvolvidas nas
comunidades, estabelecendo parcerias, viabilizando a contratação dos Professores Indígenas,
a orientação didático-pedagógica e administrativa, a aquisição de materiais (carteiras,
quadros, bebedouros) e merenda escolar.
Em 2017, a GEEI, a partir das demandas dos fóruns, tem efetivado importantes
ações na construção de políticas definitivas na educação escolar indígena no município de
Manaus, tais como: 1) Construção das Diretrizes Pedagógicas da Educação Escolar Indígena,
a partir de escutas e discussões dos pré-fóruns e fóruns realizados, e constituição de Grupo de
Trabalho com representantes dos diversos setores da SEMED, de organizações indígenas e
indigenistas, do movimento indígena, de instituições e universidades públicas e particulares.
trabalham nos centros educacionais indígenas são contratados pela Secretaria Municipal de
Educação – SEMED, utilizando a proposta pedagógica que é direcionada pela mantenedora.
Este modelo de escola indígena bilíngue não é, portanto, novo. Não queremos dizer com isso
que os povos indígenas não possam ler e escrever em suas línguas nativas e que possam
aprender a fazer isso em suas escolas. Mas o que as escolas indígenas devem ou não ensinar é
matéria cuja decisão depende exclusivamente dos povos indígenas para os quais elas existem.
Atualmente com a demanda de indígenas que vivem na a cidade de Manaus,
cresceu demasiadamente e houve a necessidade de cria novos centros educacionais nas
diversas zonas da cidade. Do ano de 2018 para 2019 aumentaram 9 centros, chegando ao
montante de 39 centros educacionais em atuação. De acordo com informações da GEEI
SEMED.
1.17.1. Gerência De Educação Escolar Indígena- Geei - A luz da lei federal criou-se a lei
estadual
Com base no RCNEI as Línguas Indígenas não são somente sistemas linguísticos
pertencentes às comunidades Indígenas, compostos por um conjunto de signos, que permitem
a comunicação entre os indivíduos de determinado grupo étnico, mas elas exigem muito mais
reflexão na composição do currículo, objetivando proporcionar aos indígenas a recuperação
de suas memórias históricas, a reafirmação de suas identidades e a valorização de suas
Ciências.
A inclusão de uma língua indígena quer como língua de instrução, quer como uma
disciplina específica tem como objetivos possibilitar que os alunos indígenas usufruam dos
direitos linguísticos que lhe são assegurados, como cidadãos brasileiros e de atribuir prestígio
as línguas indígenas, o que contribui para que seus falantes desenvolvam atitudes positivas em
relação elas, diminuindo assim, os riscos de perdas linguísticas e garantindo a manutenção da
65
Matriz Curricular Intercultural de Referência para o Ensino Fundamental de 1º ao 9º ANO para as Escolas Indígenas do Estado do Amazonas
Resolução nº 02/2014 – CEEI-AM
1º Ano 2º Ano 3º Ano 4º Ano 5º Ano 6º Ano 7º Ano 8º Ano 9º Ano Carga
Área do
Legislação Componentes Curriculares Horária
conhecimento A.S H.A A.S H.A A.S H.A A.S H.A A.S H.A A.S H.A A.S H.A A.S H.A A.S H.A
Total
Língua Indígena 4 160 4 160 4 160 4 160 4 160 4 160 4 160 4 160 4 160 1440
Língua Portuguesa e
4 160 4 160 4 160 4 160 4 160 4 160 4 160 4 160 4 160 1440
Conhecimentos Tradicionais
Linguagens
Arte, Cultura e Mitologia 2 80 2 80 2 80 2 80 2 80 2 80 2 80 2 80 2 80 720
RE. Nº 11/2001 CEE/AM
Lei Federal Nº 9393/96
Formas Próprias de Educar: Oralidade, Trabalho, Lazer e Expressões Culturais - Serão desenvolvidas de forma intercultural e contarão com a colaboração e atuação de especialistas em
saberes tradicionais: os tocadores de instrumentos musicais, cantadores, contadores de narrativas míticas, pajés e xamãs, rezadores, raizeiros, parteiras, organizadores de rituais, conselheiros
e outras funções próprias e necessárias ao bem viver dos povos indígenas. O procedimento será aplicado em forma de Projetos, através de pesquisa com temáticas e área de interesse dos
saberes indígenas nos que envolvem a consulta de outros membros da comunidade. (Resolução CEB/CNE nº. 5/12, art.2º, VII). Eles serão articulados numa perspectiva de formação ampla,
contemplando a gestão territorial e ambiental das terras indígenas e a sustentabilidade das comunidades indígenas, saúde indígena e pluralidade cultural, sendo desenvolvidos com atividades
práticas e teóricas, tendo a base na cultura indígena e sua especificidade.
Matriz Curricular Intercultural de Referência para o Ensino Médio para as Escolas Indígenas do Estado do Amazonas
Resolução nº 02/2014 – CEEI-AM
Figura 04 – Pesquisa Documental Tabela de Explicação das Matrizes Curriculares Indígena Ensino Fundamental
De acordo com Lei nº 9.394/96 em seu artigo 23 afirma que a educação básica
poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de
estudos, grupos-não seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por
forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o
recomendar.
Linguagens
Língua Indígena
oralidade nas sociedades indígenas está presente nas relações de troca, construção e
transmissão de conhecimentos em todas as fases da vivência humana, antagonicamente à
escrita que tem uma história recente e conflituosa junto às sociedades indígenas.
POSSUI MATRIZ
LOCALIDADE (Aldeia ou
Nº MUNICÍPIOS ESCOLAS ESTADUAIS INDÍGENAS E ANEXOS CURRICULAR NÍVEL DE ENSINO
Comunidade)
INDÍGENA
Es col a Estadual Pio Veiga (Ato de Criação Lei nº 266 de
Cidade NÃO 6º ao 9º
17.08.1965)
Anexo Indígena da Escola Estadual Pi o Vei ga São Sebastião NÃO 6º ao 9º
Anexo Indígena da Escola Estadual Pi o Vei ga Maronal NÃO 6º ao 9º
1 Atalaia do Norte Anexo Indígena da Escola Estadual Pi o Vei ga Vi da Nova NÃO 6º ao 9º
Anexo Indígena da Escola Estadual Pi o Vei ga Tawaya NÃO 6º ao 9º
Anexo Indígena da Escola Estadual Pi o Vei ga São Luis NÃO 6º ao 9º
Anexo Indígena da Escola Estadual Pi o Vei ga Massapê NÃO 6º ao 9º
Anexo Indígena da Escola Estadual Pi o Vei ga Mayuruna NÃO 6º ao 9º
Anexo Indígena
8 daIpixuna
Es cola Estadual Armando de Souza Mendes funcionando na Escola Municipal Indígena
Aldei a Marechal
Pi au RondonSIM 6º ao 9º
9 Jutaí Escola Estadual Indígena Joaquim Romão (Dec. nº 35.453 de 12.12.2014) Bugai o SIM 6º ao 9º e Ensino Médi o
Escol a Estadual Indígena Raimundo Soares (ai nda anexo da Comunidade Boca do
SIM 6º ao 9º, Ens. Médi o e Tec.
Escol a Estadual Indígena Gomerci ndo Caetano de Oli vei ra) Jauari
10 Manicoré
Es col a Estadual Indígena São José (ai nda anexo da Es col a Estadual Indígena Gomerci ndo
Comuni
Caetano
dade
deSão
Oli vei
Joséra) SIM 6º ao 9º
Comunidade Nazaré do
Anexo Indígena da Escol a Estadual Indígena Gomerci ndo Caetano de Oli vei ra SIM 6º ao 9º
Uruá
Comunidade Nossa
Anexo Indígena da Escol a Estadual Indígena Gomerci ndo Caetano de Oli vei ra SIM 6º ao 9º
Senhora de Nazaré
Demanda das escolas indígenas nos municípios do Amazonas atendidas pela SEDUC
72
POSSUI MATRIZ
LOCALIDADE(Aldeia ou
Nº MUNICÍPIOS ESCOLAS ESTADUAIS INDÍGENAS E ANEXOS CURRICULAR NÍVEL DE ENSINO
Comunidade)
INDÍGENA
Comunidade Terra
Manicoré
Anexo Indígena da Es cola Es tadual Indígena Gomercindo Caetano de Oliveira SIM 6º ao 9º
Preta
Anexo Indígena da Escola Estadual Santo Antônio do Matupy (Dec. nº 28.918 de 10.08.2009)
Aldeia Campinho SIM 6º ao 9º, Ens. Médio e Tec.
Anexo Nossa Senhora de Guadalupe Comunidade Maiá SIM 1º ao 5º, 6º ao 9º e Ensino Médio
Anexo IBARN-ESTRADA Comunidade Bíblica SIM 1º ao 5º, 6º ao 9º e Ensino Médio
Comunidade Ilha das
Anexo Ilha das Flores SIM 1º ao 5º, 6º ao 9º e Ensino Médio
Flores
Escola Estadual Indígena Ye Pa Mahsa Imikohorimahsa (Dec. nº 36.729
Balaio
de 26.02.2016) SIM 1º ao 5º, 6º ao 9º e Ensino Médio
Curika Curicuriarí SIM 1º ao 5º, 6º ao 9º e Ensino Médio
Itapereira Itapereira SIM 1º ao 5º, 6º ao 9º e Ensino Médio
Escola Estadual Indígena Genésio Costodio Manuel (Dec. nº 6º ao 9º, Ensino Médio e
Campo Alegre SIM
São Paulo de 34.613 de 21.03.2014) Tecnol ógico
14
Olivença Escola Estadual Indígena Pogüta (Dec. nº 30.954 de 6º ao 9º, Ensino Médio e
Vendaval SIM
31.01.2011) Tecnol ógico
Escola Estadual Indígena Almirante Tamandaré (Dec. nº 1º ao 5º, 6º ao 9º, Ensino Médio e
Umariaçu II SIM
6998 de 07.02.1983) Tecnol ógico
Escola Estadual Indígena Belém do Solimões (Dec. nº 23.011 6º ao 9º, Ensino Médio e
15 Tabatinga Belém do Solimões SIM
de 23.10.2002) Tecnol ógico
Escola Estadual Indígena Profess ora Elécia Campos
Umariaçu II SIM 1º ao 5º
Manduca (Dec. nº 34168 de 12.11.2013)
Figura 05: Fonte: Pesquisa de Campo- GEEI da Tabela com os municípios atendidos
com Educação Indígena pela SEDUC 2019
73
Dessa forma, o CEPAN trabalha com planejamento anual, semestral e mensal das
formações para atender a demanda. Segue o roteiro das atividades desenvolvidas: planejamento
na Gerencia Indígena, Planejamento na coordenação de formação, criação do Plano de Ensino,
Projeto Político Pedagógico, Plano de Curso em Ensino de Matemática e Conhecimento Tradicionais
74
nas Séries Iniciais, Plano de Curso em Ensino de Língua Portuguesa e Conhecimento Tradicionais nas
Séries Iniciais, vide em quadro:
Para realizar um trabalho embasada nos fatos é necessário buscar várias fontes
documentais retratam a história do contato desde povo com os colonizadores. Assim como a
literatura desde contato é realizada por pesquisadores que trabalham ou trabalhavam com este
povo tanto no Brasil, quanto na Colômbia e Peru. A exemplos temos os seguintes trabalhos
dos pesquisadores no Brasil: CABRAL (1995); FREITAS (2002); RAMOS (2004); RUBIM
(2011); VIEGAS (2010), (2014); ALMEIDA e RUBIM (2012); na Colômbia: GONZALÉZ
(1999); e no Peru: ABAURRE (2002), RUIZ (2003), VALLEJO (2010) e outros. Todos os
autores ressaltam a história do contado dos colonizadores com as populações indígenas da
Amazônia peruana, principalmente sobre o povo Kokama. Como dito anteriormente,
atualmente o povo Kokama se encontra na Colômbia, Peru e Brasil.
seu espaço, sua cultura e sua liberdade. Oliveira (1997). Descreve a perda da interação entre o
sentimento de pertencer ao lugar de nascimento, sua cultura, passando a pertencer outro lugar,
e outras formas de cultura.
A longo dos anos a história dos Kokamas sobre sua localização nos países da
América Latina que fazem fronteiras Colômbia, Peru e Brasil. De acordo com Instituto Sócio
Ambiental, em 2005, a população Kokama conhecida no Brasil era de 786 pessoas (Cimi,
2005), distribuída por comunidades localizadas no alto e médio rio Solimões, no estado do
Amazonas, principalmente nos municípios de Tabatinga, São Paulo de Olivença, Benjamim
Constant, Amaturá, Santo Antônio do Içá, Tonantins, Fonte Boa, Tefé e Jutaí. Por outro lado,
o CGTT – Conselho Geral da Tribo Ticuna, que foi conveniado com a Funasa – Fundação
Nacional de Saúde, no tratamento da saúde indígena na região do Alto Solimões.
encontro com esses indígenas na foz do Ucayali. Na região próxima ao alto rio Amazonas,
incluindo o Marañón, baixos Huallaga e Ucayali e o rio Napo, a conquista missionária já
havia atingido os Omágua (Kambeba) e Kokama desde 1547 A frente missionária jesuítica
estabelece-se na Amazônia de forma mais contundente, através da atuação dos padres Samuel
Fritz e Richler, que deram início aos trabalhos de catequese junto aos Omágua, Assuare,
Ibanoma, Tauma, Xebeco e Kokama. Em território brasileiro a missão de San Joaquin de
Omágua, coordenada por Fritz, estabeleceu-se no Putamayo (Içá) e 27 outras foram fundadas
durante as décadas seguintes.
situação das povoações do alto Amazonas são concordantes em relatarem a instabilidade dos
núcleos indígenas, que sofreriam bruscas variações populacional.
Lutam por direito de ser respeitado como povo originário, respeito à diferença
conforme a Constituição, querem a autodeterminação, querem as garantia e respeito no
atendimento das políticas públicas. Querem participar dos órgãos públicos de acordo com os
costumes e ter representantes Kokama dentro das esferas do governo para atender com
atenção o povo. Querem respeito a auto declaração, que é o direito de dizerem quem
realmente são. De acordo com SILVA (2005, p. 853): "o sentimento de pertinência a uma
comunidade indígena é que identifica o indígena. A dizer, é indígena quem se sente indígena"
(Curso de Direito Constitucional Positivo. 25. cd. São Paulo: Malheiros Editores, 2005)
sentimento de pertinência a uma comunidade indígena é que identifica o indígena. A dizer, é
indígena quem se sente indígena" (Curso de Direito Constitucional Positivo. 25. cd. São
Paulo: Malheiros Editores, 2005).
84
1
Capacitar povos indígenas e moradores de comunidades tradicionais na Amazônia, como
quilombolas, pescadores, ribeirinhos e quebradeiras de coco babaçu, o Projeto Nova Cartografia Social da
Amazônia, PNCSA) – criado em 2005 pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA) coordenado pelo
antropólogo Alfredo Wagner Berno de Almeida, esse público, nos últimos anos, adquiriu conhecimentos sobre o
uso de tecnologias modernas, como softwares e técnicas de GPS, e sobre linguagem cartográfica formal, pelos
quais começaram a produzir mapas e monitorar em tempo real suas próprias terras.
Fonte: www.mundogeo.com/blog/16/06/2019/projeto-nova-cartografia-social-na-amazonia
85
Figura 10: Recorte da Nova cartografia Social da Amazônia, referência ao povo Kokama
Para os indígenas Kukami-Kukamiria tem que ter sangue de origem, tem que ser
filho de indígena, tem que pertencer ao povo, é aceito e reconhecido e se autodeclaram.
Afirmam “que indígenas que residem em cidades sofrem discriminação, preconceitos e
descasos institucional de todos os lados”. (Relato do Indígena Kokama). A forma de
organização dos povos da etnia Kokama, em aceitar uma pessoa a fazer parte de sua família
indígena, segue algumas ordens: quando for filho indígena e quem define é o pai, exemplo, se
o pai for branco e mãe for Kukami-Kukamiria então o filho é branco, mas esse filho meio
branco poderá decidir ser Kukami-Kukamiria e se a comunidade o acolher. A autodeclaração
é válida para dar essa ajuda momentânea, mas que depende da heteroidentificação que é a
aceitação do povo que confirma a veracidade da informação de que alguém pertence ao povo
indígena Kukami-Kukamiria. (afirmação do cacique Kokama)
As organizações superiores:
08 Idosos falantes maternos que são professores Os guerreiros e guerreiras (os guardas indígenas
Tradicionais da língua materna voluntários, conselheiros tradicionais e fiscais
tradicionais) ajudam e cuidam do cacique e do
pajé, andam com eles e protegem os territórios e
moradores. Existe um idoso que domina a técnica
de luta e defesa que é o chefe dos guerreiros.
Cada Cacique de Aldeia é autônomo nas suas atribuições e guia sua comunidade,
que tem apoio na liderança do Pajé da Comunidade e das demais lideranças da comunidade,
esse governante é escolhido pelos seus moradores, só pode ser cacique local, se for filho de
pai e de mãe Kukami-Kukamiria, esse tipo de cacique pode deixar o cargo também para seu
filho se houver aceitação da maioria dos moradores, mas caso o filho não dispõe de boa
conduta, o cargo fica à disposição da comunidade.
Em relação as punições quando o cacique cometer algo ilegal, pode perder o cargo
o cacique que transgredir os costumes ou violar o código de hora e costumes, tradição, rituais,
hierarquia e também como venda de RANI, venda de declaração ou qualquer documento, bem
cometer crimes dispostos pelos brancos, como qualquer tipo de tráfico, estupro, pedofilia,
falsificação, falsa declaração, roubo, furto, assassinatos e outros crimes dispostos das leis.
(documentos do estatuto dos Kokamas).
Apesar de termos um líder superior, o Patriarca Cacique Geral que representa todo
o povo Kukami-Kukamiria no que diz respeito à cultura milenar, ele não decide sozinho as
necessidades e desejos.
Quem decide as coisas que afetam todos os Kukami-Kukamiria é a Grande
Assembleia Geral do Povo Kukami-Kukamiria, que é um conjunto dos representantes de
todas as aldeias, moradores e lideranças conversando entre si, em ajuri e consenso. Essa
Grande Assembleia geral poderá ser convocada extraordinariamente caso for necessário e
urgente.
As necessidades e demandas locais são feitas em Assembleia local, de cada
aldeia, daí passa para a Assembleia Municipal com todas as Aldeias daquele município e daí
passa para a Grande Assembleia Geral do Povo Kukami-Kukamiria. Não existe uma
Assembleia Regional, não temos divisão de Kukami-Kukamiria do Alto Solimões, do Médio
ou Baixo Amazonas, somos um só povo Kukami-Kukamiria.
Lembrando mais uma vez, que como órgãos máximos do Povo Kukami
Kukamiria: A Federação Indígena Do Povo Kukami-Kukamiria Do Brasil, Peru e Colômbia
(Órgão Jurídico-Administrativo); é o órgão permanente, tradicional do Movimento
Patriarcado Cacicado Geral do Povo Indígena Kukami Kukamiria do Brasil, (Órgão supremo
tradicional). Como organismos de apoio as várias Associações e Organizações Indígenas
Kukami-Kukamiria, sendo que também as Associações e Organizações não tem o poder de
tomar decisões sozinhas em nome do povo.
plantio de economia familiar (agricultura). Mantendo vivo a nossa língua, pintura, cerâmica,
colares, cocá, vestimenta, cânticos, orações, curas, chás, bebidas, alimentos etc.
Na cultura dos indígenas Kukami-Kukamiria é necessário algum documento
comprobatório, como o atestado de comprovação de prazo indeterminado e declaração
assinado por três caciques e lideranças, a rani -Funai como documento de identificação
indígena, documento expedido pela FUNAI.
Flores (Atalaia do Norte), Franco, Freitas (Alvarães e Fonte Boa), Fumachi, Garcia, Gean
(Amaturá), Germana, Germano, Gomes, Gonçalves, Gordom, Graça (Tabatinga), Grandes
(Tabatinga e Atalaia do Norte). Guedes (Tabatinga), Guerra, Guerreiro, Guerrero, Guimarães
(Amaturá), Haiden, Hayden, Hilario (Tabatinga, Kukami/Caixana), Huanaquiri, Huance,
Huane, Huanse, Huanuiri, Huarin, Huayta, Icahuate, Icomiena (Amaturá), Inácio (Amaturá),
Inaquiri, Inuma, Ipuchima, Izuisa, Jaramillo, Jean, Junio (São Paulo de Olivença), Lancha,
Laranhaga, Laranja (Santo Antônio do Içá), Laranjeira, Laurente, Leite, Leitão, Leonardo,
Lima, Linares (Atalaia do Norte), Linhares, Lomas, Lopes, Lozada, Lucas, Lujan (Tabatinga),
Maca, Macahuachi, Macario, Macedo, Machado (Fonte Boa), Macuiama, Macuyama, Mafra
(Santo Antônio do Içá, Amaturá e São Paulo de Olivença), Maia, Maia, Malafaia (Amaturá e
Santo Antônio do Içá), Maldonado, Mananita, Manrrique, Manuiama, Manuyama, Mapiama,
Marcelo, Maricaua,Marin, Marinho (Santo Antônio do Içá e Benjamin Constant), Marite,
Marques (Santo Antônio do Içá), Marquez, Martines, Martins, Marulanda (Tabatinga),
Maytahuari, Melo (Amaturá e Santo Antônio do Içá), Medina, Mendes (Santo Antônio do Içá
e Benjamin Constant), Menezes (Santo Antônio do Içá). Miller (Kukami com Alemão),
Moçambite, Montalvão (São Paulo de Olivença), Montes, Moraes (Tabatinga), Moraiari,
Morais, Morales, Moralles (Santo Antônio do Içá), Moreira, Moreno, Mota, Moura (Benjamin
Constant), Mourão, Mozombite, Muraiare, Murayari, Nascimento, Nazario, Neves
(Amaturá)Nilo, Niveira, Nogueira (Amaturá e Santo Antônio do Içá), Noriega, Nube, Nunes
(Santo Antônio do Içá), Nunhes, Oliveira, Pacaio, Pacaya, Paima, Paiva, Panduro, Paredes,
Patricio, Pedrosa, Pedroza, Penedo, Penha (Tabatinga), Pereira, Peres, Pevas, Peso, Pezo,
Pinheiro, Pinto, Pipa, Pisco, Pissango (Atalaia do Norte), Plascido, Portilho, Portillo (Atalaia
do Norte), Prado (Santo Antônio do Içá), Prisco, Quicube, Rabelo, Ramires, Ramos, Reategue
(Kukami com Frances), Reateque, Rego, Reis (Tabatinga, Amaturá, São Paulo de Olivença e
Santo Antônio do Içá), Renchecho.(Amaturá), Rengifo, Restrepo, Ribeiro, Ricopa, Rimachi,
Rimate, Rios, Rivera, Rocha, Rodrigues, Rojas, Romaina, Rosas, Rubem, Rubim,
Rufino,Ruiz, Sajamir, Saldanha, Sales, Salvino (Tabatinga), Sambrano (Alto Solimões),
Samia Samires, Sampaio, Sammp, Sanches (Amaturá), Sanchez (Amaturá), Sangama, Santa,
Santana, Santiago, Saquiray (Kukami com Japonês), Sarate, Satiro, Seabra, Serpa, Serras,
Sevalho, Shahuuano, Sias, Silvano, Silveira (Amaturá), Sinarau, Sintras, Silvano, Soares
(Amaturá), Taite, Talecio, Talexio, Tamaio, Tamani, Tamanho, Tango, Tangoa, Tapaiuri,
Tapayuri, Taricuarima, Taricuaryma, Tavares, Tello, Tenazon (Ticuna com Kukam). Fonte
(Protocolo de reconhecimento Étnico, de consulta e consentimento do povo Indígena
Kukami-kukamiria – 25/08/2017).
96
2.6. A presença multiétnica na cidade de Manaus: a cultura e vida social dos indígenas e
não-indígenas
Anambé, Deni, Kanamari, Katukina, Kubeo, Kulina, Marubo, Paumari, Arara do Pará e
Manchineri. Em vários bairros da capital amazonense. Fonte (COPIME, 2019)
ter a representatividade nessa casa por ser o lugar onde se discuti as políticas públicas de
educação voltadas aos indígenas”. (relato da administradora da Copime).
Conselho precisa contemplar essa participação dos indígenas no Conselho
Municipal, discutir as pautas dos professores, discutir os anseios dos indígenas que vivem em
contexto urbano em relação a educação dos indígenas nascidos na cidade, outro ponto de
referência das lutas é por escolas indígenas para os indígenas. Manaus é uma cidade na
Amazônia, com um quantitativo grande de indígenas vivendo em seu contexto, historicamente
os indígenas sempre estiverem aqui, e permanecem até os dias atuais.
Figura 14: Mapa da autoidentificação das etnias indígenas em Manaus por bairro
100
A COPIME realiza reuniões mensalmente, para elaboração e planejamento das ações a serem
realizadas.
Kokama e saberes tradicionais e ancestrais iniciativa esta dos próprios Kokama residente
nessa comunidade localizada na Rua: Guaraná, n 258 São José, Cep: 69 0866-58, Manaus-
Am. A Comunidade sempre realiza ações voltadas para a revitalização da língua e da cultura
Kokama, sempre mobilizando os comunitários, associados ou não a participarem dessas
mobilizações para o resgate da língua e da cultura Kokama.
Historicamente o bairro tarumã foi uma das primeiras localidades de Manaus a ter
registros indígenas, conforme alguns escritores, entre eles Moacir de Andrade, em "Manaus,
Ruas, Fachadas e Varandas", e Mario Ypiranga Monteiro, em "Roteiro Histórico de Manaus",
foi onde hoje está o bairro, por volta de 1657, o ponto inicial da colonização da cidade de
Manaus. Mario Ypiranga, por exemplo, diz que o local era habitado por índios aruaque e
alófila, quando da chegada de uma tropa de resgate que fincou uma cruz jesuítica e batizou o
local com o nome de Missão do Tarumã.
105
Figura 16: Mapa da cidade de Manaus e seus bairros com marcação no bairro Tarumã.
Faziam parte dessa expedição frei Teodósio e Pedro da Costa Favela, este
apontado por historiadores como o mais famoso matador de índios da história do Amazonas.
Esta tropa funda o primeiro núcleo cristão no vale do Rio Negro. O Intelectual Amazônida
Moacir de Andrade fala de uma segunda tropa de resgate que voltou para continuar com a
colonização e dar início à extração de drogas do sertão, rebatizando o local de Arraial do
Tarumã. Este nome vem sendo usado ao longo dos séculos é faz referência ao rio Tarumã, que
desemboca na margem esquerda do rio Negro. Fonte (ANDRADE, Moacir, 2006).
corredeiras e grandes areais. Porém, essa exploração, sem precedentes, dos recursos naturais
ao longo dos anos causou prejuízos à flora, fauna, pássaros e animais do Tarumã, fonte
(ANDRADE, 2006).
Hoje, o bairro Tarumã possui uma variada infraestrutura voltada ao turismo como
restaurantes, bares, casas noturnas, além de inúmeros condomínios de alto luxo como: Parque
do Lago, Vitória, Vivenda do Pontal, Mediterrâneo, residencial Solimões. Além disso, há,
ainda, parque náutico Marina Tauá, clubes de veraneio como: Clube dos Oficiais da
Aeronáutica, Bancrévea, Cetu, o cemitério Parque Tarumã, o Aeroporto Internacional
Eduardo Gomes e o Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM), além de inúmeras
indústrias (JORNAL A CRÍTICA, 2013).
mercados, agência lotérica, restaurantes e lanchonetes. Também apresenta uma animada vida
noturna, com os bares recebendo público variado vindo dos bairros vizinhos. Com grandes
áreas verdes, o bairro possui ainda campos de futebol e quadras poliesportivas, destinados à
prática desportiva dos comunitários.
Foto 3: Imagem do cacique da Kokama - Fonte pesquisa de Campo (GUEDES, vide autorização
Cacique Sebastião Kokama)
Sateré
Tapeuas Tikuna Baré
Mawé
Mura
A partir da observação direta, foi verificado que essa população é formada por
crianças, jovens, adultos e idosos. A maioria apresenta níveis de escolaridade elementar e se
valem do trabalho informal para sobreviver: faxineiros, verdureiros, auxiliares de pedreiro,
desempregados, alguns trabalham de carteira assinada em empresas no distrito industrial.
Ainda destaca que esse cenário de expansão tanto da língua como dos costumes,
esta ampliação ocorre em razão das escolas indígenas, estes espaços educacionais são
complexos pois vivem num dilema entre as barreiras legais, pedagógicas inseridas pela
“educação indígena” e as reais demandas das comunidades étnicas localizadas.
Fonte: GUEDES
Foto 9: pesquisa de campo, ano 2019. Imagem do chapéu de palha, que estava em
funcionamento até 2018)
percebidas como prejulgadas, mas fundamentou mesmo a parte das teorias explicativas sobre
o desenvolvimento dos povos e sociedade.
Contudo, White constatou que a diferença entre os homens e os outros animais era
uma diferença qualitativa e não quantitativa. Explicando que o homem usa símbolos para
registrar, expressar seu conhecimento, para existir, mas que estes símbolos são criados,
inventados, pelos próprios humanos. E ao refere-se ao animal, é diferente e pode ser
condicionado por símbolos, mas jamais poderá criá-los. Esse controle de poder do homem
criar símbolos é especificamente humano, não há outro ser vivo que o façam, nem de forma
mais simples.
O símbolo é uma coisa cujo valor ou significado é atribuído pelos seus usuários.
Este valor nunca é determinado pelas características físicas do objeto em questão, isto é, de
suas propriedades intrínsecas, mas sempre por algo arbitrário que se torna convencional. Os
indígenas Kokama que vivem em contexto urbano conseguem atribuir aos símbolos da cultura
uma forma de continuidade das ações culturais no contexto fora do seu local de origem. Em
relação a essa afirmação, pode-se relatar o pensamento de Roque Laraia relata que:
A cultura de forma geral ela existe por via da comunicação e que o homem se
comunica através de símbolos, que é gravado no cérebro, com o passar dos tempos foi se
aprimorando, e o homem conseguiu transmitir informações, interpretar e armazenar
informações. Esse armazenamento através da memória, permite, o que se pode conhecer os
princípios básicos da cultura, quando pode-se transmitir conhecimentos, interpretar e
armazenar símbolos, cria-se hábitos e forma de conviver em sociedade.
118
Foto 10: Fonte GUEDES; pesquisa de campo, ano 2019 - rua de principal Acesso a
Comunidade Nações indígenas.
Foto 11, Fonte GUEDES, pesquisa de campo ano 2019, imagem da ausência de serviços
públicos. Coleta de lixo.
Foto 12, GUEDES, pesquisa de campo, ano 2019. Imagem de uma das ruas da Comunidade
Nações Indígenas
Pose-se notar que socialmente, os direitos dos indígenas que moram na cidade não
estão sendo respeitados, de acordo com a pesquisadora Heloísa Helena que enfatiza...
políticos, questões linguísticas e conflitos internos ao grupo. Por isso, para compreender a
mobilização por reconhecimento da identidade étnica dos Kokama na comunidade nações
indígenas, foi preciso descrever todo processo histórico e social desse povo, os meios
encontrados para o enfrentamento e resolução dos problemas que surgiram em relação a sua
aceitação como indígena (pelos não-indígenas e por outros povos indígenas).
Considerações Finais
As lutas que a Educação Escolar Indígena desse contexto maior das lutas gerais
dos povos indígenas no Brasil e, por essa razão, necessita ser compreendida como um
componente estratégico das relações de poder estabelecidas entre o Estado invasor e os povos
originários. Por isso, conscientes da realidade imposta pelo projeto colonial, os povos
indígenas, anteriormente avessos à educação escolar branca ocidental, por entendê-la como
sendo um dos principais instrumentos a serviço da colonialidade do poder, resolveram, num
dado momento histórico, convertê-la em mais um instrumento de resistência, de libertação,
fazendo dessa forma, um processo de apropriação e redefinição do papel da escola. Por essa
razão, o movimento de professores indígenas, se orienta por uma perspectiva de luta em vista
de uma prática educativa que contribua para o processo de descolonialidade, por uma
educação descolonial e libertadora.
Para que esses debates continuem a fortalecendo as lutas pelos direitos indígenas
que vivem em contexto urbano, possam dar visibilidade, que os direitos explícitos na
Constituição Federal e nas leis que asseguram os direitos indígenas. Mesmo quando o
indígena não está no seu local de origem, de nascimento, que as políticas públicas possam ser
atendidas na aldeia, na cidade e qualquer lugar onde o indígena estiver.
Contudo, a capacidade de resistir tem sido uma das maiores virtudes dos povos
indígenas. E, através das relações internacionais, por meio de congressos, tratados, acordos e
declarações, percebemos o quanto o movimento indígena tem se fortalecido. Sem dúvida, o
plano internacional (Pan-Amazônia) tem ocupado um papel estratégico em prol dos direitos
indígenas frente aos Estados Nacionais. E as lutas que cada vez conseguem ter os direitos
adquiridos, apesar de todo o sofrimento e as injustiças de que são vítimas os povos indígenas,
estes, no plano da Pan-Amazônia, vão ganhando espaços políticos importantes. Por ora,
espera-se que isso possa de forma concreta reverter-se para os milhares de comunidades
indígenas espalhadas pelo Brasil, pela América e pelo mundo, carentes do respeito que
possuem por direito.
Casas de Saúde Indígena (CASAIs), além de abranger seis municípios, distribuídos pelo sul
do Pará e norte do Mato Grosso.
REFERÊNCIAS
CORRÊA DA SILVA, Heloisa Helena; PEREIRA, Viviane Mesquita. Indígenas urbanos: uma
questão social no contexto da cidade de Manaus. Costa Rica: Universidade de Costa Rica, 2007.
(Pesquisa de Iniciação Científica).
CORRÊA DA SILVA, Heloísa Helena - Corrêa da Silva, H. H; Lima, K. M. S. 2009 “Controle Social
& Saúde Indígena: Um estudo dos Conselhos de Saúde do Distrito Sanitário Indígena de Manaus” em
Scherer, E. F. (org.). A questão Social Amazônica. (Manaus: Edua/Valer).
CUNHA, Manuela Carneiro da. O futuro da questão indígena no Brasil. In: SILVA, Aracy L. da;
GRUPIONE, Luiz Donisete Benzi (Org.). A temática indígena na escola: novos subsídios para
professores de 1º e 2º graus. 4. ed. São Paulo: Global. Brasília: MEC. Madri: UNESCO, 2004.
CUNHA, Manuela Carneiro da. O futuro da questão indígena no Brasil. In: SILVA. 1994
DARCY, Ribeiro. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. 2. Ed. São Paulo: Companhia
das Letras, 1995.
Do nacional ao local, do Federal ao Estadual: as leis e a educação escolar indígena. In: Congresso
Brasileiro de Qualidade na Educação: formação de professores: educação escolar indígena; Brasília,
2002. KAHN, Marina & FRANCHETTO, Bruna. Educação Indígena no Brasil: conquistas e desafios.
Em Aberto. Brasília, v. 14, n. 63, p. 63, p. 5-9, jul. /set. 1994.
Fonte: Lei No 10.172 de 9 de janeiro de 2001.Educação Indígena no Plano Nacional de Educação 33
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998.
FREITAS PINTO, Renan. Viagem das Ideias. 2ª Ed. Editora Valer Manaus, 2008.
GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em Ciências Sociais /.
- 8' ed. - Rio de Janeiro: Record, 2004.
GONDIM, Neide. A invenção da Amazônia. 2. ed. Manaus: Valer, 2007.
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/caracteristicas_gerais_indígenas/defaul
t_caracteristicas_gerais_indígenas.shtm
LARAIA, Roque de Barros. Nossos contemporâneos indígenas. In: SILVA. A. L. da; GRUPIONE, L.
D. B. (org.). A temática indígena na escola. Brasília: MEC/Mari/Unesco, 1995, p. 261-290.
LEFREBRE, Henri. O direito à cidade. São Paulo: Moraes, 1991.
LEITÃO, R. M. Estudantes indígenas em escolas de branco: expectativas e dificuldades. In:
LEVIS STRAUSS, Claude. O pensamento Selvagem. Capitulo a “ciência do concreto". São Paulo:
Editora Nacional, 1976, págs. 19-55.
LUCIANO G. B. Ministério da Educação. O Indígena Brasileiro: o que você precisa saber sobre os
povos indígenas no Brasil de hoje. Brasília: Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e
Diversidade; LACED/Museu Nacional, 2006.
MAGNANI, J. G. De perto e de dentro: notas para uma etnógrafa urbana. Revista Brasileira de
Ciências Sociais, v. 17, n. 49, p. 11-29, 2002
MAGNANI, J. G. O velho e bom caderno de campo. Revista Sexta Feira, n. 1, p. 8-12, maio 1997.
131
Apêndice
134
135
136
137
138
Anexos
Fonte: GUEDES, pesquisa de campo, ano 2019 reunião com as lideranças Cacique José
Augusto, Cacique Pedro Mura, Erivelton Albuquerque- funcionário da FEI. Sr. Téo
Barros, pesquisadora Elisângela Guedes.
Fonte: GUEDES, pesquisa de campo, ano 2019 apresentação cultural do COPIME dos
indígenas que moram na cidade.
Fonte: GUEDES, pesquisa de campo, ano 2019 apresentação cultural do COPIME dos
indígenas que moram na cidade.
140
Fonte; GUEDES pesquisa de campo, ano 2019 (apresentação cultural do COPIME dos
indígenas que moram na cidade)
Fonte: GUEDES, pesquisa de campo, ano 2019, local onde está sendo construído outro
chapéu de palha)
Fonte (GUEDES, livro doado pela Autora Altaci, sobre a língua Kokama).
143
144
145
146
147
PLANO PEDAGÓGICO
DO CURSO MULTISSERIADO
NA
ESCOLA INDÍGENA
MANAUS/2019
148
Sumário
1. IDENTIFICAÇÃO......................................................................................................................... 149
2. EMENTA ......................................................................................................................................... 149
3. OBJETIVOS ................................................................................................................................... 150
Objetivo Geral:............................................................................................................................................... 150
Objetivos Específicos: ................................................................................................................................... 150
4. CONTEÚDOS ................................................................................................................................. 150
5. MATRIZ DE DISTRIBUIÇÃO DA CARGA HORÁRIA ................................................... 151
6. METODOLOGIA/ESTRATÉGIAS .......................................................................................... 151
7. RECURSOS DIDÁTICOS ........................................................................................................... 152
8. AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ..................................................................................... 152
9. CRONOGRAMA DE ESTUDO ................................................................................................. 155
10. BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................................... 155
MANAUS/2019
149
1. IDENTIFICAÇÃO
CURSO: MULTISSERIADO NA ESCOLA INDÍGENA
MÓDULO: I
CARGA HORÁRIA: 80 horas PERÍODO: 1° semestre de 2019
PROFESSOR (A) FORMADOR (A):
Audres Marta Carvalho Gomes
Cristina Luciano de Oliveira Canuto
Rauciele da Silva Cazuza
2. EMENTA
A ensino da pratica do multisseriado no contexto pedagógico das escolas indígenas
municipais torna-se um ensino alternativo vivenciadas pelos professores indígenas, no Amazonas, levando
uma série de práticas interdisciplinares com a proposta de priorizar a reflexão/Reorganização coletiva para (re)
construção dos saberes locais e gerais, numa perspectiva de se produzir práticas condizentes com a realidade
de sua aldeia/comunidades. Este processo no Amazonas ainda é um desafio para os professores. O
multisseriado são aquelas onde encontramos alunos de diferentes séries e níveis em uma mesma sala de aula,
independentemente do número de professores responsáveis pela classe. Portanto é necessário pensar em todas
as atividades proposta para o ensino desta especificidade, várias atividades e situações individuais, em
pequenos grupos, dividindo por idades próximas e distantes, por saberes de acordo com o grau de
aprendizagem sem esquecer a intencionalidade do professor, seus objetivos, onde pretende chegar e quais as
aprendizagens esperadas.
3. OBJETIVOS
Geral:
Refletir e reorganizar de forma coletiva as práticas pedagógicas dos professores
indígenas, priorizando os conhecimentos tradicionais na construção de um
conhecimento intercultural.
Específicos:
Fazer um diagnóstico das práticas pedagógicas utilizadas atualmente pelos professores em suas
escolas através das dinâmicas das arvore dos sonhos;
Conhecer e refletir sobre as práticas pedagógicas nas escolas indígenas (pesquisa) e a prática
pedagógica de sequência didática;
Produzir práticas pedagógicas que sejam condizentes com sua realidade, dando ênfase na sequência
didática e pequenos projetos.
4. CONTEÚDOS
1. Salas multisseriadas e a Educação Escolar Indígena
Princípios
Marcos normativo
QTD.
CONTEÚDO/UNIDADE
AULAS TD. DIAS
marcos normativo. 0
Escolas Indígenas e Práticas Pedagógicas
Planejamento de aula na perspectiva intercultural 0
Sequência Didática como prática pedagógica
0
Planejamento de aula na prática de sequência didática
0
6. METODOLOGIA/ESTRATÉGIAS
Primeiro momento: Organização da turma por polo, por escola ou por comunidade, para a fazer
o levantamento da realidade pedagógica dos docentes. Para essa ação, será realizado um diagnóstico das
práticas desenvolvimento em suas salas de aula, através de dinâmicas e questionários.
Dinâmica: Árvores dos sonhos (1º momento: a educação escolar que eu quero na minha comunidade)
Fichas de questionários
Segundo momento: Aula dialogada com reflexões para identificar as necessidades didático-
pedagógicas dos professores e equipe pedagógica. Para refletir sobre esse contexto serão utilizados textos sobre
salas multisseriadas; a realidade das salas de aulas indígenas; a educação escolar indígena e seus marcos
normativos.
Dinâmica da árvore (2º momento: as lamentações (problemas que enfrento) as reflexões acerca da
realidade que o professor e equipe pedagógica enfrenta.
Terceiro momento: estudo da pedagogia intercultural e sequência didática com uso de texto e slide.
152
Quarto momento: preparação e execução de oficinas para a produção de planejamento de aula, com uso das
metodologias apresentadas e que priorizam o trabalho com base no acolhimento, diagnostico e decisões do
coletivo da escola.
7. RECURSOS DIDÁTICOS
Para as aulas expositivas: data show, notebook e textos, caixa de som, microfones sem fio;
Para atividades e avaliação: jornais, ilustrações, revistas, álbum seriado, livro didático e
paradidático, vídeos, máquina fotográfica, filmadora, quadro branco, pincel, apagador, cola, tesoura, tubo de cola,
chameguinho nas cores verde, azul e amarelo e papel pautado.
8. AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
ATIVIDADE -01
Ficha diagnóstica pedagógica do professor da pratica pedagógica do professor: é uma ficha de
diagnóstico da prática pedagógica do professor, que deverá ser preenchida no primeiro momento da formação para fazer
uma reflexão no desenvolvimento de seu trabalho em sala de aula. Será uma auto avaliação realizada pelo professor cursista.
(árvore dos sonhos)
Orientação: fazer um levantamento das situações problemas que o profissional da sala multisseriados
enfrenta no seu dia a dia.
153
Palavra de Estimulo:
Construir frases curtas que explicita os sonhos que pretende realizar em suas práticas pedagógicas como bom
profissional que atua nas salas multisseriado. (Para compor a copa da árvore)
Sintetizar situações de lamentação que enfrenta em suas práticas pedagógicas. (Para compor o caule da árvore)
Relatar instrumentos necessários que irão contribuir na melhoria de suas práticas pedagógicas nas salas
multisseriadas. (Sementes, na raiz para obter uma educação escolar indígena de qualidade e comunitária.).
ATIVIDADE Nº 02
Plano de aula na perspectiva interdisciplinar: plano de aula para ser desenvolvido nas salas multisseriadas
construída pelos professores para aplicar os passos da pedagogia Intercultural. Levantamento dos eixos temáticos.
Orientação: levantamento sobre os instrumentos pedagógicos: PPP, plano de ensino, plano de aula.
Palavra de Estimulo:
Coletividade, diversidade de ideias, ensino-aprendizagem.
Critérios de avaliação:
O cursista deve:
1) Participar da apresentação e discussões, dentro do prazo previsto
2). Expor com clareza, objetividade e coerência seu ponto de vista, considerando o que foi solicitado no
enunciado da questão
3). Interagir com outros cursistas, a interação não pode fugir ao conteúdo proposto para a discussão (plano de
aula multisseriado).
PARA REALIZAR ESTA ATIVIDADE
1. Ler o conteúdo sobre a temática que irá apresentar;
2. Preparar seu material de exposição;
3. Expor o material com objetividade e segurança;
4. Interagir com seus colegas.
( ) Memorial ( ) Projeto
( ) Seminário ( x ) Outros
ATIVIDADE Nº 03
Plano de aula com metodologia de sequência didática: construção e organização de um Plano de Aula
interdisciplinar com sequência didática-uma estrutura de plano de aula com sequência didática interdisciplinar e transversal
a ser elaborado pelo professor cursista, e em grupo para socialização.
Orientação: Elaboração de um Plano de aula interdisciplinar, tendo como base a diversidade textual das
comunidades indígenas e a interculturalidade.
Lembrete: O cursista confeccionará um Plano de aula semanal ou quinzenal, abordando uma temática
transversal, conteúdo, habilidades, competências, metodologia, recursos e avaliação.
Critérios de avaliação:
O cursista deve:
1) Construir um Plano Interdisciplinar;
2). Expor com clareza, objetividade e coerência as competências e habilidades, considerando o que foi
solicitado no enunciado da questão.
3). Interagir com outros cursistas, a interação não pode fugir ao conteúdo proposto para a discussão
PARA REALIZAR ESTA ATIVIDADE
1. Ter acesso aos diversos formatos de plano de aula.
2. Construir um plano com eixo temático definido
3. Interagir com os colegas;
4. Participar das atividades de socialização.
9. CRONOGRAMA DE ESTUDO
INSTUMENTO
CONTEÚDO / UNIDADE DATA ATIVIDADE
AVALIATIVO
Sala multisseriado: Exposição oral, relatos de Ficha Diagnóstica
Ficha diagnóstica pedagógica do experiências e sobre as experiências Produção textual: síntese
professor da pratica pedagógica do didáticas das escolas indígenas.
professor: (árvore dos sonhos)
Concepção de educação escolar Fevereiro
indígena a
Marcos normativo Junho
Plano de aula na perspectiva 2019 Pesquisa e levantamento dos PPPs Levantamento dos planos
interdisciplinar: das escolas indígenas, plano de de aula
ensino e plano de aula. Apresentação/socialização
Apresentação
Sequência Didática como pratica Elaboração de plano de aula na /socialização
pedagógica com sequência didática.
Plano de aula com metodologia de
sequência didática
10. BIBLIOGRAFIA
___. Diretrizes para a política nacional de educação escolar indígena/Elaborado pelo comitê de Educação
Escolar Indígena-2’ed.Brasilia: MEC/SEF/DPEF, 1994.24p.(caderno de educação básica.institucional,2)
ZABALA, Antoni. A pratica educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed,1998
D’AGOSTINI, Adriana. Experiência e reflexões sobre escolas/classes multisseriadas.
Florianópolis: Insular,2014.
MARCUSCHI, L. A. Leitura e compreensão de texto falado e escrito como ato individual de uma prática
social. In: ZILBERMAN, R; SILVA, E. T. da (org.), Leitura: perspectivas interdisciplinares. São Paulo:
Ática, 2005.
PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa,
Curitiba, 2006.
MACEDO, A.V.1997.Pontos e contrapontos para a compreensão de uma história do Brasil. São
Paulo: MARI/UST.RIBEIRO, Berta.1991.O índio na cultura brasileira. Rio de Janeiro: Revan.
156
PROJETO PEDAGÓGICO
DO CURSO
MULTISSERIADO NA
ESCOLA INDÍGENA
MANAUS/2019
157
Sumário
1.IDENTIFICAÇÃO....................................................................................................................... 158
1.1 ÁREA DE CONHECIMENTO ................................................................................................. 158
1.2 FORMA DE OFERTA: .............................................................................................................. 158
1.2 CARGA HORÁRIA: ................................................................................................................... 158
1.4 FORMADORE(A) RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO: .............................................. 158
2. JUSTIFICATIVA........................................................................................................................ 158
3. OBJETIVOS ................................................................................................................................ 159
Objetivo Geral ............................................................................................................................................. 159
Objetivos Específicos ................................................................................................................................. 159
4. PERFIL DO PARTICIPANTE................................................................................................ 160
5. ORGANIZAÇÃO PEDAGÓGICA DO CURSO ................................................................. 160
5.1 FUNDAMENTOS PEDAGÓGICOS .............................................................................................. 160
5.2 ÁREAS DE DOMINIO ....................................................................................................................... 161
Interdisciplinaridade: ...................................................................................................................... 161
Transversalidades: ............................................................................................................................ 161
Didática: .............................................................................................................................................. 161
Componentes curriculares: ............................................................................................................. 161
6. ORGANIZAÇÃO METODOLÓGICA DO CURSO ......................................................... 161
6.1 RECURSOS NECESSÁRIOS PARA O DESENVOLVIMENTO DO CURSO................... 162
6.2 CRONOGRAMA ................................................................................................................................. 163
7. ORGANIZAÇÃO AVALIATIVA DO CURSO ................................................................... 163
7.1 PRINCIPIOS ......................................................................................................................................... 163
7.2 INSTRUMENTOS ............................................................................................................................... 163
8. CERTIFICAÇÃO ....................................................................................................................... 164
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................ 164
158
1.IDENTIFICAÇÃO
2. JUSTIFICATIVA
Nesse sentido, faz-se necessário pensar a prática do professor que atua nesse universo,
apresentando o uso de metodologias adequadas para o trabalho com a diversidade cognitiva, empírica
e etária, no contexto de uma educação interdisciplinar e intercultural.
3. OBJETIVOS
Geral
Promover formação de professores, atendendo às necessidades específicas das salas
multisseriadas em escolas indígenas, através do uso de metodologias que congreguem a formação
integral dos alunos à interdisciplinaridade, em um diálogo intercultural.
Específicos
4. PERFIL DO PARTICIPANTE
Docentes indígenas do Ensino Fundamental das séries iniciais, que estejam em sala
multisseriadas, especificamente professores da rede pública municipal que desenvolvam atividades
pedagógicas interdisciplinar, em suas comunidades indígenas.
A educação escolar para os povos indígenas deve ser intercultural e bi/multilíngue, visando à
reafirmação de suas identidades étnicas, à recuperação de suas memórias históricas, a valorização de
suas línguas e ciências, como também possibilitando o acesso às informações e aos conhecimentos da
sociedade nacional (LDBEN, n.º 9.394, Arts. 78 e 79 1996). Será praticada de forma intercultural,
respeitando os princípios da educação escolar indígena que visa à conversa entre os saberes, através da
pedagogia intercultural, para o fortalecimento de práticas pedagógicas eficazes capazes de
ressignificar a aprendizagem dos alunos indígenas em suas respectivas comunidades.
Nesse sentido, convém enfatizar que a pedagogia utilizada no processo multisseriado, em salas
de escolas indígenas, está ligada às necessidades e desafios da escola de cada povo. É uma prática
pedagógica que objetiva o desenvolvimento da reflexão, o espirito investigativo e a habilidade de
argumentação dos alunos. É um instrumento voltado para a ampliação dos conhecimentos, a interação,
a descoberta e ressignificação de conceitos a partir de um universo cultural. E ao professor cabe a
função de gerenciar e orientar o processo ensino aprendizagem unindo dimensão científica, empírica,
social, histórica e econômica.
No mesmo contexto, a metodologia de sequência, definida por ZABALA, 1998, como um
conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos objetivos
educacionais, que tem um princípio e um fim conhecido pelos professores e pelos alunos (grifos do
autor),vem implementar o trabalho pedagógico do docente, pois objetiva construir um novo
conhecimento, um novo saber, levando em consideração a contextualização e uma prática pedagógica
de forma interdisciplinar e transdisciplinar, onde é importante considerar no planejamento as relações
entre professor e aluno, entre os alunos e as influências dos conteúdos nessas relações, sem deixar de
lado o papel do professor e do aluno, a organização para agrupamentos, organização de conteúdo, do
tempo e dos recursos didáticos, assim como avaliação.
161
Na resolução CNE nº 05/2012 no artigo 15, orienta que o currículo das escolas indígenas deve
estar ligado às concepções e práticas que definem o papel sociocultural da escola. Isso diz respeito aos
modos de organização dos tempos e espaços da escola, de suas atividades pedagógicas, das relações
sociais tecidas no cotidiano escolar, das interações do ambiente educacional com a sociedade.
Os princípios constitucionais consolidados com a promulgação da Constituição Federal (1988)
garantem aos povos indígenas o direito à cidadania, identidade étnica e uma educação escolar
diferenciada, específica, intercultural e bilíngue. (CRFB. Arts. 210 215, 231 e 232, 1988).
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN, n.º 9.394/96), reconhece a
diversidade cultural brasileira, definindo como um dos princípios norteadores do ensino nacional: o
pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, garantindo às escolas indígenas um processo
educativo diferenciado e respeitoso de sua identidade cultural, assegurando às comunidades indígenas
a utilização de suas línguas indígenas e processos próprios de aprendizagem.
A educação escolar para os povos indígenas deve ser intercultural e bi/multilíngue, visando à
reafirmação de suas identidades étnicas, à recuperação de suas memórias históricas, a valorização de
suas línguas e ciências, como também possibilitando o acesso às informações e aos conhecimentos da
sociedade nacional (LDBEN, n.º 9.394, Arts. 78 e 79 1996).
De acordo com a especificidade do curso, os princípios da educação escolar indígena e a
melhor compreensão do trabalho em salas multisseriadas. A formação contará com quatros momentos
distinta com suas especificidades e sua realidade, a saber:
162
Ch
Mês Temática
Dinâmica: árvore dos sonhos
- A sala multisseriadas: diagnostico da Ficha de questionamentos
A turma será dividida em
realidade. grupos.
Salas multisseriadas e - O que são salas multisseriadas. 10 h
Educação Escolar Indígena Exposição de conteúdos
Princípios da educação escolar indígena. Refletir para identificar as necessidades 10 h
Marcos normativos. didáticas e pedagógicas do professor.
Exposição dialogada
Escolas indígenas e Sequência didática como pratica Analise dos planos apresentados
a prática pedagógica pedagógica Construção de planos 20 h
Projeto de pesquisa.
Planejamento na sequencia didática Apresentação de planos.
6.1 RECURSOS NECESSÁRIOS PARA O DESENVOLVIMENTO DO CURSO
Recursos físicos: local para a formação, de fácil acesso, arrejado e com estrutura
adequada para o bem-estar dos cursistas.
Recursos materiais: projetor de mídias, notebook, caixa de som, microfones sem fio,
câmeras fotográficas, filmadoras, kit do cursista ( caderno, caneta, lápis, borracha, régua, apontador,
163
bloco de notas), papel madeira, cartolina, papel ofício, barbante, pincel atômico, cola, tesoura, pincel
para quadro branco, lápis de cor, giz de cera, textos, livros paradidáticos, banners, folders e outros.
Recursos humanos: professores indigenas, pedagogos, contadores de história, sábios,
curandeiros, pajés, benzendeiros e outos saberes empíricos presentes na comunidade.
6.2 CRONOGRAMA
DATA DE Nº DE COMUNIDADE
LOCAL CURSO
REALIZAÇÃO PROFESSORES INÍGENA
Janeiro Alvarães
a Sta.Isa.Rio Negro
Junho Manaquiri Multisseriado nas
Tapauá escolas indígenas
2019 Uarini
Nhamundá
7.1 PRINCIPIOS
7.2 INSTRUMENTOS
164
8. CERTIFICAÇÃO
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
___. Diretrizes para a política nacional de educação escolar indígena/Elaborado pelo comitê de
Educação Escolar Indígena-2’ed.Brasilia: MEC/SEF/DPEF, 1994.24p.(caderno de educação
básica.institucional,2)
ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed,1998
D’AGOSTINI, Adriana. Experiência e reflexões sobre escolas/classes multisseriadas.
Florianópolis: Insular,2014.
MARCUSCHI, L. A. Leitura e compreensão de texto falado e escrito como ato individual de uma
prática social. In: ZILBERMAN, R; SILVA, E. T. da (org.), Leitura: perspectivas
interdisciplinares. São Paulo: Ática, 2005.
PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa,
Curitiba, 2006.
MACEDO, A.V.1997.Pontos e contrapontos para a compreensão de uma história do Brasil. São
Paulo: MARI/UST.
RIBEIRO, Berta.1991.O índio na cultura brasileira. Rio de Janeiro: Revan.