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RESUMO
Introdução: A gestação e o parto são momentos ímpares da vida de uma mulher. Ao mesmo
tempo que esse período pode ser repleto de alegria, segurança e apoio profissional, pode
também caracterizar-se pela presença de tristeza, muitas incertezas e violência obstétrica.
Nesse contexto o Plano de Parto constitui-se em um instrumento legal que permite registros,
garante autonomia à mulher e um diálogo aberto entre a gestante e o profissional de saúde.
Objetivo: compreender se a construção do plano de parto com a gestante durante o pré-natal,
com abordagem da violência obstétrica, interferiu na qualidade do parto, na visão dessas
mulheres. Metodologia: trata-se de um estudo qualitativo realizado com gestantes de um
município do interior de Minas Gerais. A coleta dos dados aconteceu por meio da construção
do plano de parto com as gestantes em um grupo operativo e com uma entrevista
semiestruturada no pós-parto. A análise dos dados foi realizada por meio da técnica de análise
de conteúdo de Laurence Bardin. Resultados: foram construídas três categorias: 1-
Importância do pré-natal para a autonomia e informação da gestante; 2- Construção do plano
de parto e seus reflexos na assistência e 3- Plano de parto e a prevenção da violência
obstétrica. Observou-se que o pré-natal é um momento propício para a troca de informações
e empoderamento da mulher para o cuidado e que a construção do plano trouxe reflexos
diretos no conhecimento dos seus direitos e na tomada de decisões, permitindo assim maior
participação da mesma e prevenção da violência obstétrica.
ABSTRACT
Introduction: Pregnancy and childbirth are unique moments in a woman's life. While this
period can be filled with joy, security and professional support, it can also be characterized
by the presence of sadness, many uncertainties and obstetric violence. In this context, the
Birth Plan is a legal instrument that allows registration, guarantees autonomy for women and
an open dialogue between the pregnant woman and the health professional. Objective:
Understand whether the construction of the delivery plan with pregnant women during
prenatal care, with an approach to obstetric violence, interfered with the quality of delivery,
in the view of these women. Methodology: this is a qualitative study carried out with
pregnant women in a city of Minas Gerais. Data collection took place through the construction
of the birth plan with pregnant women in an operative group and with a semi-structured
interview in the postpartum period. Data analysis was performed using Laurence Bardin's
1
Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Ciências da Vida, Sete Lagoas-MG. E-mail:
[email protected]
2
Doutoranda em Enfermagem pela UFMG. Docente do curso de graduação em Enfermagem pela Faculdade
Ciências da Vida, Sete Lagoas. Orientadora da Pesquisa. E-mail: [email protected].
2
content analysis technique. Results: three categories were built: 1- Importance of prenatal
care for the pregnant woman's autonomy and information; 2- Construction of the delivery
plan and its effects on care and 3- Birth plan and the prevention of obstetric violence. It was
observed that prenatal care is a favorable moment for the exchange of information and
empowerment of women for care and that the construction of the plan brought direct
reflections on the knowledge of their rights and decision-making, thus allowing their greater
participation and prevention of obstetric violence.
1 INTRODUÇÃO
gestação, como também sobre o trabalho de parto. Desta forma ela estará mais preparada e
segura para assumir sua autonomia, para planejar de acordo com sua subjetividade esse
momento tão esperado e ainda buscar a garantia dos seus direitos (MENDES et al., 2018;
SALIMENA et al., 2019; SANTOS et al., 2019).
O enfermeiro assume um papel importante na construção do Plano de Parto em
conjunto com a gestante, pela busca de aproximação, humanização e assistência integral. De
acordo com o decreto nº 7.498 de 1987, esse profissional pode realizar todas as consultas pré-
natais de baixo risco, bem como a solicitação de exames para rastreamento e prevenção de
agravos (ASSUNÇÃO et al., 2019).
Ainda é visível o elevado índice de violência obstétrica, principalmente no momento
do parto, apesar de todos os avanços na assistência à gestante, seja em relação às questões
tecnológicas, à garantia por lei de direitos ou de vínculo com os profissionais da saúde. Essa
violência configura-se como a apropriação sobre o corpo da mulher, utilizando-se de
procedimentos invasivos sem prévia comunicação e autorização, considerando assim um
desrespeito à autonomia da gestante sobre seu corpo (BRASIL, 2017; ZANARDO et al., 2017).
O interesse pelo presente tema despertou-se a partir da experiência da pesquisadora
durante suas atividades em um hospital de referência para atendimento à gestante, enquanto
técnica de enfermagem. No cotidiano de trabalho observou-se uma assistência que não estava
voltada para a humanização e que não preservava o direito da autonomia das gestantes durante
o período do parto. Diante disso questiona-se: como o plano de parto com inclusão do tema
violência obstétrica, trabalhado como atividade de educação em saúde no pré-natal, pode
empoderar a gestante e trazer mais qualidade na assistência ao parto?
Pressupõe-se que a partir do momento que as gestantes tiverem mais conhecimento
acerca dos seus direitos, incluindo a assistência humanizada, a promoção da autonomia e a
prevenção da violência obstétrica por meio do Plano de Parto, estarão mais empoderadas e
problemas poderão ser evitados.
A realização da pesquisa justifica-se pela incidência de condutas rotineiras que
atingem diretamente a saúde da gestante e consequentemente a do recém-nascido. As Diretrizes
Nacionais de Assistência ao Parto Normal observa e analisa através dos autores vertentes que
se relacionam com os sentimentos da gestante e dos familiares ao afirmar que: “A experiência
vivida por eles neste momento pode deixar marcas indeléveis, positivas ou negativas, para o
resto das suas vidas” (BRASIL, 2017, p. 6).
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
pela autoridade e poder de decisão concentrado na equipe de saúde vai fazendo com que essa
prática não seja identificada pelos que a praticam e ainda entendida como uma conduta
necessária por muitos, o que pode ocasionar descontinuidade na relação profissional/usuário
(CASSIANO et al., 2016; JARDIM; MODERNA, 2018; LANSKY et al., 2018).
Algumas formas de violência que permeiam o contexto da saúde da mulher são a
institucional, em que a gestante vai em busca de atendimento, se deparando com a
desassistência pela qual procura; a recusa da permanência de um acompanhante de sua escolha
durante o pré parto, parto e pós parto, onde é defendida pela lei n° 11.108, de 7 de abril de 2005
(BRASIL, 2012); a violência física, constitui-se em ações que acarretam danos ao corpo da
mulher e consequentemente do seu bebê, como a episiotomia (corte na vagina), a manobra de
Kristeller (estimulo na área superior do útero com proposito de expulsar o bebê); toques
vaginais repetitivos; a imposição da posição litotômica sem a permissão de deambular; o uso
de ocitocina para adiantar o tempo do parto sem indicação e o jejum muitas vezes imposto
(MARTINS; BARROS, 2016; BRASIL, 2017; CÔRTES, 2018; OMS, 2018).
Além dessas violências, a verbal está presente nos momentos em que a mulher sofre
humilhações, grosserias, tratamento desumano, julgamentos e procedimentos agressivos e
dolorosos como forma de punição (SILVA; SERRA, 2018). Possíveis causas desses agravos
são atribuídas à sobrecarga de trabalho dos profissionais de saúde, a um ambiente com precárias
condições de atuação e à desqualificação do pessoal. Em relação aos usuários, outro aspecto
analisado foi o nível socio econômico baixo, adolescentes sem acompanhantes e sem assistência
durante o pré-natal e pessoas que de alguma forma se tornam passivas diante de intervenções
sem qualquer tipo de informação preexistente, sem apoio social e familiar (CASSIANO et al.,
2016; RODRIGUES et al., 2018; JARDIM; MODERNA, 2018).
Diante de tudo isso, é possível observar que na atualidade o modelo de assistência ao
parto não traz a mulher como atuante, levando consequentemente a inseguranças no ato de parir.
Os profissionais de saúde se tornaram responsáveis pelas decisões que serão tomadas e a
gestante já está culturalmente convencida de que todos os procedimentos são realmente
imprescindíveis para o nascimento do seu bebê (ALVARENGA; KALIL, 2016).
Nesse sentido, a busca da implantação do Plano de parto no pré-natal tem como
objetivo promover uma assistência centrada no bem-estar da mulher, que proporcione
autoconfiança e garantia dos seus direitos como cidadã e gestante. O profissional da saúde tem
papel fundamental na construção de saberes, visto que se corrobora um momento frágil e
susceptível a ações adversas e consequências (OMS, 2014).
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Dessa forma, o pré-natal, por ser uma assistência disposta à preparação da mulher e
sua família para a chegada da criança pode ser considerado como um momento propício
também na prevenção da violência obstétrica, visto que a maioria delas ocorre pela falta de
conhecimento das gestantes, onde consideram esse atendimento desumanizado uma rotina e
uma forma de abordagem normal (FREITAS et al., 2016; SILVA et al., 2019).
Dessa forma, uma relação de confiança deve ser estabelecida e o acompanhamento
durante o pré-natal fortalece esse vínculo e permite que o usuário se torne protagonista do
cuidado. O atendimento humanizado permite uma escuta qualificada e alivia as tensões
ocasionadas pelo período puerperal e o enfermeiro por sua vez, por meio da consulta de
enfermagem se torna responsável por essa escuta e por ações de promoção da saúde (COSTA;
GARCIA; TOLEDO, 2016; ROCHA; ANDRADE, 2017). Espera-se que a expectativa
imaginada pela gestante durante todo o período gestacional seja vivenciada de forma positiva,
com segurança e proteção, e livre de práticas de negligentes, desatenção e frustação (SILVA;
SILVA; ARAUJO 2017).
3 METODOLOGIA
de Parto onde foi possível avaliar sua eficácia na autonomia e qualidade da assistência prestada
à mulher.
Foi realizada uma solicitação junto à Secretaria Municipal do município para a
autorização da pesquisa no município. Participaram do estudo 07 gestantes. Os critérios de
inclusão eram ser cadastrada na ESF, realizar pré-natal no local e estar no último trimestre da
gestação para que o tempo de realização da pesquisa permitisse contemplar o pré-natal, o parto
e a verificação dos efeitos do Plano de Parto. O critério de exclusão era algum impedimento,
como parto prematuro ou não comparecimento às atividades, que dificultasse o
acompanhamento proposto.
A implementação da pesquisa e coleta dos dados aconteceu nas seguintes etapas: 1-
Identificação das gestantes por meio do cadastro da ESF, esclarecimentos sobre a pesquisa e
convite para participar do estudo; 2- Construção do plano de parto com as gestantes por meio
de grupo operativo (momento em que foi abordada a violência obstétrica) mantendo o
distanciamento social de 1,5 metros e uso de máscara; 3- Entrevista com roteiro semiestruturado
realizada por ligação telefônica no pós-parto pra conhecimento da vivência experimentada e
contribuições do plano de parto.
A análise dos dados foi realizada por meio da técnica de Análise de Conteúdo de
Laurence Bardin (Bardin, 2016). Nessa abordagem a sistematização de análise dos dados é
realizada por meio da pré analise, em que deve ser realizada uma leitura dos documentos para
uma organização dos dados e das ideias; a exploração das informações em que deve-se
estabelecer a construção de categorias e a terceira etapa, de tratamento dos resultados, que
consiste na interpretação e discussão das informações com a literatura já existente (CÂMARA,
2013; SILVA; FOSSÁ, 2013; BARDIN, 2016).
Os materiais produzidos na pesquisa têm utilização somente para fins científicos e
ficarão em poder da pesquisadora por 5 anos, sendo posteriormente destruídos. O projeto foi
cadastrado na plataforma Brasil e enviado ao Comitê de Ética em Pesquisa para apreciação.
Todas as participantes foram convidadas, assinaram o Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido (TCLE), em respeito às Resoluções 466/12, 518/2016 e 580/2018 (BRASIL,
2012; 2016; 2018), referentes a pesquisas com seres humanos. Aceitaram também que as
entrevistas fossem gravadas, para maior fidedignidade na transcrição das informações. O sigilo
foi garantido e as mulheres foram identificadas pela letra G (gestante) e numeradas pela ordem
de realização da entrevista (G1, G2 e assim sucessivamente). A qualquer momento as
participantes poderiam sair da pesquisa, sem nenhum prejuízo. Estavam sujeitas a risco mínimo,
8
sendo esse relacionado a vivências do pré-natal e parto e ainda relacionados a algum tipo de
violência obstétrica, ficando o pesquisador responsável por providenciar a assistência
necessária (BRASIL, 2012).
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O pré-natal me ajudou a saber mais das coisas que estavam acontecendo comigo e
com o meu bebê, porque é através dessas conversas que a gente fica sabendo do que
realmente precisa. Sem o pré-natal não teria como ficar tranquila (G1).
Meu maior medo era não saber a hora de ir pro hospital, porque foi minha primeira
gestação... eu fui muito bem instruída lá [consultas de pré-natal] ... e com isso
consegui relaxar, consegui focar no que eu podia sentir e saber identificar a hora certa
de ir para a maternidade (G4).
minimizar esses anseios, fazendo com que a gestante ou parturiente possa tomar decisões, fazer
escolhas e buscar maior satisfação com o processo da gestação e nascimento.
De acordo com a OMS o cuidado prestado durante o pré-natal está diretamente ligado
com a melhoria da saúde do binômio mãe e filho, como também um momento adequado para
estimular a troca de conhecimento através da comunicação com a mulher e com sua família
(OMS, 2016). A partir da busca da autonomia da mulher e o empoderamento da mesma,
favorece a participação ativa no processo do nascimento, possibilitando o fortalecimento e
satisfação dos seus desejos (REIS, et al., 2017; JARDIM; SILVA; FONSECA, 2019).
Percebe-se também, por meio das falas das participantes, que sentimentos de satisfação
e a sensação de preparo para o momento do parto e cuidado com o recém-nascido são
construídos por meio de uma assistência qualificada:
Se não tivesse tido tanta orientação eu nem sei como faria sozinha. Porque foi meu
primeiro filho, sabe? (G4)
Fiquei com medo de não deixar acompanhante e a gente sabendo que a gente tem
direito, me ajudou bastante. Se caso fosse necessário eu ia falar que queria meu
acompanhante porque ajuda demais e querendo ou não traz confiança ver alguém que
a gente conhece com a gente nessa hora (G3).
Eu gostei de saber das coisas, porque me ajudou. Eu não aceito que faça coisas que eu
não gosto em mim e você disse que eu tinha os direitos lá. Então se eles fizessem algo
que eu não queria eu não ia deixar mesmo (G5).
Eu vou te falar viu, aquela palestra lá, que a gente teve, que você conversou com a
gente, fez eu ficar sabendo do que eu podia e do que eu não podia. Então eu fiquei
sabendo que eu podia levar meu marido comigo, porque não precisava ser mulher
(G6).
Eles colocaram 3 comprimidos dentro de mim, para dilatar, durante o dia. Aí depois
estourou a bolsa com um negócio que eles usam lá e ela já foi saindo rápido também.
Sempre fizeram isso nos meus outros partos (G5).
É possível notar que muitos procedimentos são ditados como normais e necessários
pela frequência que são realizados. É culturalmente difundida a ideia da obrigatoriedade da
ruptura artificial da bolsa amniótica denominada de amniotomia e do uso de indutores do parto
que podem ser o soro ou comprimidos vaginais com ocitocina. É valido lembrar que esses itens
podem ser usados, com justificativa para tal, mas não de maneira rotineira.
A assistência ao parto deixou de ser empírica e hoje se baseia em comprovações
científicas, vinculado ao atendimento humanizado. Segundo as diretrizes de assistência ao parto
normal do Ministério da Saúde a amniotomia com ou sem o hormônio ocitocina não deve ser
realizada de maneira rotineira quando a mulher e o bebê estão evoluindo dentro do esperado
(BRASIL, 2017; PEREIRA et al., 2019).
A necessidade de acelerar o trabalho de parto vem concomitantemente com o modelo
biomédico realizado nos hospitais. O dia a dia sobrecarregado dos profissionais faz com que
esse procedimento se torne uma válvula de escape para adiantar o processo de nascimento
(SOUSA et al., 2016; PEREIRA, et al., 2019).
Diante dessas situações ressalta-se ainda mais a importância de construir o plano de
parto, informar e sensibilizar a mulher. De acordo com o estudo de Narchi (2019) o plano de
parto é considerado potencializador da autonomia e protagonismo da gestante. Nesse cuidado
construído de forma conjunta entre profissionais e mulheres, a assistência é pautada nos direitos
legais e em fundamentos científicos.
Percebe-se que medidas e ações simples realizadas pela equipe de saúde com a mulher,
no sentido de maior humanização da assistência, trazem felicidade e autonomia:
Eu levei aquele papel lá (plano de parto), que você me deu. Escrevi lá que queria tomar
café e eles me deram. Eu achei o máximo! Me deram café duas vezes (G5).
O plano de parto foi legal, eu gostei. Muito interessante esse negócio porque a gente
não pode deixar que aconteça coisas que a gente não quer. Eu não deixo. Acho que
ajuda muito as gestantes (G7).
durante a elaboração do plano de parto pra que a gestante tenha conhecimento do que pode ou
não intervir e que muitas situações serão conduzidas de acordo com o quadro clínico
apresentado.
Tendo em vista seu grande valor, a criação do plano de parto está entre as novas
recomendações da OMS que tratam do parto humanizado. O objetivo é diminuir procedimentos
desnecessários, incluir a mulher na tomada de decisão e contribuir para um atendimento
humanizado e acolhedor. Ainda assim observa-se negligência desse instrumento por muitas
vezes (MOUTA, et al., 2017; NARCHI; 2019; OMS, 2018).
De uma maneira geral foi possível observar que a construção desse instrumento trouxe
um impacto positivo na assistência das mulheres ao parto, com aumento da autoconfiança e
conhecimento dos seus direitos. Nesse sentido são possíveis maiores reflexões a respeito da
prevenção da violência obstétrica.
A única coisa que foi diferente é que eles colocaram uma sonda na minha vagina para
poder segurar a urina. Isso foi incomodativo, a única coisa foi isso, a sonda. E isso foi
na hora do parto. Das outras vezes não fizeram isso comigo. Aí eu achei estranho e
perguntei por que iam colocar (G3).
Quando meu bebê nasceu, eles (profissionais) só me mostraram por cima do pano e já
levaram ele. Aí eu perguntei se eu podia ficar com ele, em contato comigo. Eles me
disseram que como ele tinha nascido antes da hora, não podia, mas que ele estava bem
e que já ia ficar comigo (G6)
Eu cheguei lá 12:00 horas sem almoço, eu e meu marido. E eles (profissionais) não
me deixaram em jejum. Ainda bem! Porque eu sabia que não precisava ficar com fome
para ganhar (G5)
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A enfermeira estava muito nervosa. Chegou grosseira e errou minhas veias várias
vezes. Mas aí depois ela viu que estava errada e me pediu desculpas (G5).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo permitiu observar que a construção do plano de parto com a gestante
durante o pré-natal, com abordagem da violência obstétrica, interfere positivamente na
qualidade do parto.
O pressuposto de que a partir do momento que as gestantes tivessem mais
conhecimento acerca dos seus direitos, incluindo a assistência humanizada, a promoção da
autonomia e a prevenção da violência obstétrica por meio do Plano de Parto, estariam mais
empoderadas e problemas poderiam ser evitados foi confirmado.
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Foi possível perceber que a construção do plano de parto ameniza medos, anseios e
dúvidas presentes no período gestacional, potencializando a resolução dessas vulnerabilidades.
Notou-se também que um bom acompanhamento durante o pré-natal tem estrita relação com o
empoderamento da mulher e com o conhecimento que ela leva para a maternidade, o que facilita
sua tomada de decisão, participação no processo do parto e identificação de sintomas de
violência obstétrica.
Algumas limitações do estudo foram trabalhar somente com gestantes que estavam no
terceiro trimestre de gestação, tendo em vista o tempo de realização da pesquisa e objetivo de
avaliar como foi a assistência ao parto e ainda a indisponibilidade de uma das participantes para
a realização da entrevista no puerpério. Sugere-se novas discussões e estudos sobre o tema, com
abordagem da mulher durante todo o período gravídico, para que todas as suas necessidades
sejam abordadas.
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