M4 - S17 - Sustentabilidade e Inovação
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Olá pessoal! Na semana anterior conhecemos algumas ferramentas de gestão que podem
auxiliar empresas de qualquer porte a implementar a sustentabilidade e usufruir de seus benefícios.
Estudamos também acerca do Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS), um prédio baseado na
arquitetura indígena e totalmente sustentável.
Segundo o Sebrae (2013), os termos inovação e sustentabilidade tornam-se dois pilares para a
construção de uma visão empresarial futura. As empresas constroem vantagem competitiva ou no
mínimo, o sustento do negócio. Inovar é pensar além, já que a sustentabilidade é um terreno fértil
para o sucesso do empreendedorismo. Neste contexto, o ODS 9 – Indústria, Inovação e Infraestrutura,
destaca a importância do desenvolvimento sustentável e do fomento à inovação para o país.
Imagem: brasil.un.org
Inovar é buscar soluções diferentes e formas mais práticas e eficientes para a rotina das
empresas. Mudar o pensamento de desperdício e extravagância que assola nossa sociedade,
implementando soluções ambientalmente e socialmente corretas, inova na medida em que concorre
para um mundo mais justo e para a manutenção das necessidades das futuras gerações. Novas ideias,
produtos, negócios ou metodologias que objetivem a conservação do meio ambiente e a qualidade de
vida de todas as pessoas envolvidas.
Se o mundo está passando por transformações, os negócios também, pois nele estão contidos.
Se o consumidor da atual geração já está fazendo a sua parte, o mesmo ele espera das instituições
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para a promoção de uma sociedade ecologicamente sustentável, socialmente justa e sem abrir mão
de suas responsabilidades financeiras com os acionistas. Segundo Lima et al (2020), a inovação tem
sido considerada um elemento estratégico para a competitividade das organizações e apresenta um
caminho para que as empresas de pequeno porte sejam competitivas e sustentáveis.
Nesta semana 17 (S17), vamos estudar sobre sustentabilidade e práticas inovadoras como
ecodesign, Design Sustentável, Biomimética, Empreendedorismo Social e Comunidades Sustentáveis.
Bons Estudos!
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Embora pareçam a mesma coisa e algumas vezes sejam utilizados como sinônimos, ecodesign e
design sustentável são conceitos diferentes. Segundo Finger (2019) enquanto o ecodesign foca
em reduzir o consumo de recursos não renováveis e o impacto ambiental focando na fase de
concepção de produtos, o design sustentável tem como foco principal todas as formas de
sustentabilidade, considerando preocupações sociais e econômicas e não somente ambientais.
O upcycling, assunto da nossa S6, é um exemplo de ecodesign na medida em que empresa utiliza
materiais que não teriam mais uso e onde o produto é pensado para durar o maior tempo possível,
gerando menos resíduo do início ao final do seu ciclo de vida, com pouca energia ou a menor
quantidade possível, matérias primas não poluentes, não tóxicas e priorizando a escolha de
matéria prima de fontes renováveis.
No design sustentável, o projeto deve ser ao mesmo tempo socialmente equitativo com o bem
estar de quem trabalha na produção e de quem vai consumí-lo, economicamente viável gerando
retorno para a economia local e ecologicamente favorável buscando por matérias primas
recicladas, renováveis e corretas.
A fim de exemplificar um ecodesign, podemos citar o exemplo de roupas feitas com plástico
retirado dos oceanos. Já com um design sustentável, essas roupas seriam produzidas por
funcionários da comunidade local, para a comunidade local (social) e cujos recursos oriundos da
venda, seriam revertidos para atividades artísticas na própria comunidade. O ecodesign, portanto,
está dentro do design sustentável.
Segundo o Ecycle (2022) o design sustentável propõe uma visão holística de todos os elementos
envolvidos no processo produtivo de um serviço ou produto, oferecendo um maior compromisso
com a sustentabilidade ambiental e social e mantendo um cuidado com um número maior de
fatores, como a forma como o produto é pensado, projetado e criado; seu impacto ambiental; sua
embalagem; o transporte; a venda; a forma como ele chega na casa do consumidor; a forma da
reciclagem, descarte e até mesmo a reutilização do produto, tentando reduzir ao máximo o
número de resíduos gerados e aumentando o seu ciclo de vida.
O Design Sustentável procura dar atenção as pessoas influenciadas por todas as etapas do
processo, atendendo principalmente as menos favorecidas. Dentre as abordagens do Design
Sustentável podemos citar a Biomimética.
17.2. Biomimética
A biomimética (bios – vida, mimesis – imitação) é uma ciência que se inspira nas soluções
adotadas pela natureza para desenvolver produtos e projetos em diferentes áreas do
conhecimento, como por exemplo nas áreas de design de moda, engenharias e arquitetura. A
biomimética pode ser, antes de tudo, um exercício de humildade para os seres humanos.
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Entender as soluções naturais pode ser um bom caminho para arquiteturas mais sustentáveis.
Neste sentido, torna-se vital a aproximação de engenheiros, designers e biólogos com o mundo
natural. No processo de desenvolvimento de produtos, alguns organismos vivos estão muito a
frente de nós e suas estratégias de sobrevivência, adaptação e eficiência dos sistemas, servem de
analogia para aplicação. Os sistemas biológicos realizam suas funções utilizando o máximo que a
natureza fornece com o mínimo de energia, visando assim adquirir estratégias de sobrevivência
e de vida saudável.
O termo biomimética já existe há muitos séculos, mas o termo ganhou popularidade através do
cientista americano Janine Benyus em 1997, com o lançamento do livro Biomimicry: innovation
Inspired by Nature (“Biomimética: Inovação inspirada pela natureza”, numa tradução livre). Um
dos exemplos mais famosos da biomimética é o popular velcro que usamos nas roupas. Após
observar a semente do carrapicho no microscópio e notar que ela era dotada de filamentos
entrelaçados com pequenos ganchos nas pontas, o engenheiro suiço Georges de Mestral (1941)
criou a invenção, isto é, “copiou” da natureza.
Um outro exemplo que vem do japão é o famoso trem bala inspirado em um pássaro chamado
martim-pescador. O trem-bala pode alcançar velocidade de 300 km/h, mas o som emitido por ele
era superior aos padrões ambientais de poluição sonora. Uma parte do problema estava no design
da parte frontal do trem (BBC, 2017). Quando entrava em túneis, o veículo também enfrentava
uma mudança drástica na resistência do ar. Na natureza, existia um animal que passa por
condições semelhantes, chamado martim-pescador.
Imagens: bbc.com
Esse pássaro precisa mergulhar para se alimentar e troca rapidamente de um ambiente de baixa
resistência (ar) para um com muita resistência (água), logo, possui a aerodinâmica perfeita para a
mesma situação do trem. A parte do trem foi remodelada para um formato similar ao bico do
martim-pescador e os trens não só passaram apenas a viajar de maneira mais silenciosa, como
também se tornaram 10% mais rápidos e 15% mais econômicos.
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Projetado pelo arquiteto Mick Pearce, o grande empreendimento não possui sistema de ar
condicionado. Apesar disso, sua temperatura interna permanece agradável e regular o ano inteiro.
Como isso foi possível? Pearce se inspirou nos grandes cupinzeiros africanos.
Esses cupins se alimentam de um fungo que é cultivado dentro do próprio cupinzeiro. Para tal, a
temperatura interna do cupinzeiro deve estar na casa dos 30,5ºC. Para manter essa temperatura,
os cupins cavam e fecham constantemente várias saídas de ar, cujo fluxo permite a obtenção da
temperatura interna desejada (GOINGGREEN, 2018).
O princípio das nadadeiras das baleias também foi aplicado às turbinas utilizadas para geração de
energia eólica. A geometria das barbatanas da baleia jubarte utilizada nas turbinas da empresa
Whale Power, produzem 32% menos atrito e 8% menos arrasto que as lâminas convencionais.
Especialmente nas eólicas, os engenheiros precisam lidar constantemente com fortes rajadas de
ventos que danificam a estrutura do moinho. Mas com o desenvolvimento dessa nova tecnologia
baseada no design das nadadeiras da Jubarte, o vento pode ser desviado facilmente, permitindo
que a energia seja melhor aproveitada, aumentando significativamente a velocidade do giro e
consequentemente gerando mais energia, além de diminuir a manutenção das hélices.
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Fonte: Futuroexponencial.com
Por mais diferente que possa ser, o carro abaixo, o Mercedes-Benz Box Fish, teve seu design
inspirado no peixe-cofre, um habitante dos oceanos Índico, Pacífico e Atlântico.
Quando Dieter Gürtler, um dos engenheiros mais importantes da Daimler Chrysler, recebeu a
missão de desenvolver um carro-conceito, com foco na aerodinâmica, ele levou seus colegas de
trabalho para passearem em um museu de história natural. O objetivo? Observar a aerodinâmica
de peixes e mamíferos marinhos. Depois de analisar muitas espécies esguias, cujos formatos, se
adaptados para um carro, deixariam motorista e passageiros bem apertados, Gürtler e sua equipe
foram apresentados ao peixe-cofre (Ostracion cubicus).
Fonte: TecMundo
Apesar de não ser uma espécie muito bonita, esse peixe possui grande mobilidade, além de ser
bem espaçoso, o que resultaria em mais conforto para as pessoas dentro de um carro construído
com aquele design.
Depois disso, a equipe trabalhou em um modelo 3D do peixe e fez testes em túneis de vento e
tanques d’água. A forma do modelo proporcionava uma performance quase tão boa quanto a de
uma gota d’água, considerada como uma das formas mais aerodinâmicas que existem. Esses
foram apenas alguns exemplos, mas você encontra diversos outros na internet.
https://www.youtube.com/watch?v=h-4nK-jyQoY
Biomimética
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Jeff Skoll (2013) define os empreendedores sociais como pessoas sonhadoras de práticas que têm
o talento, habilidade e visão para resolver os problemas e mudar o mundo para melhor, operando
em um mercado onde o sucesso não é medido apenas em lucros, mas na melhoria da qualidade
de vida.
Motivados pelo altruísmo, o empreendedor social gera valor para a sociedade em primeiro lugar,
buscando atrair parceiros e oportunidades, focados na população de baixa renda. São antes de
tudo inovadores e idealizadores com senso de solidariedade e empatia, colocando o propósito em
primeiro lugar. O site meusucesso.com indica como ideias de empreendedorismo social a
revitalização de comunidades; saneamento e distribuição de energia; atendimento popular de
advogados; consultas médias, psicológicas e odontológicas acessíveis; inclusão digital; espaço
cultural; artesanato e centros de distribuição; agricultura e reciclagem.
https://graacc.org.br/
Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (GRAACC)
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Algumas comunidades sustentáveis são tão radicais que se desconectam dos serviços públicos e
evitam o uso do dinheiro emitido pelo governo. De acordo com o GEN (Global Ecovillage Network,
ou Rede Global de Ecovilas, em tradução livre), as ecovilas podem ser definidas como
comunidades que, como propósito comum, ajudam a implementar os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável da ONU e os Acordos Climáticos em nível local (SENRA, 2022).
De acordo com a Global Ecovillage Network (GEN), existem mais de 400 ecovilarejos no mundo.
O GEN conta com um diretório específico para a América Latina, a rede CASA (Conselho de
Assentamentos Sustentáveis da América Latina), no qual são cadastradas atualmente 36 ecovilas
no Brasil. No Brasil, desde 1978, a ABRASCA (Associação Brasileiras de Comunidades
Autossustentáveis) informa a existência de cerca de 300 ecovilas no país (RICHENA, 2022).
RESUMO DA SEMANA
Sustentabilidade e Inovação caminham juntas na construção por uma vantagem competitiva e
para o sustento do negócio. O capitalismo de propósito é uma exigência da nova geração de
consumidores e investidores, onde a reputação das empresas estará cada vez mais baseada em ESG e
seus produtos e serviços em conceitos como ecodesign, design sustentável, biomimética e cidades e
comunidades sustentáveis. Na próxima semana, encerramos nosso módulo 04 – Sustentabilidade
Empresarial, Ferramentas de Gestão e Inovação, apresentando de ações práticas de empresas
relacionadas aos ODS da Agenda 2030. Até lá!
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