A Saúde Pública Pode Ser de Nida Como

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Introdução

Muitas pessoas nunca pararam para pensar o que é ter saúde, vivem suas vidas
imaginando que uma pessoa tem saúde quando não tem nenhuma doença. Essa
ideia fortalece uma das concepções mais enraizadas e limitadas da sociedade. É
importante considerar e ter um olhar mais amplo e crítico sobre uma série de
factores e situações que podem afectar e/ou determinar as condições de saúde de
um indivíduo ou mesmo de um grupo de pessoas. A reflexão sobre o conceito de
saúde pode desencadear um processo de observação da qualidade de vida no
quotidiano do sujeito e de sua comunidade.

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Fundamentação Teórica

1. Saúde e Doença

Segundo Moacyr Scliar, esses termos podem variar de uma época para outra, de
acordo com a classe social, crenças, hierarquia e valores individuais. Na
Antiguidade, a doença estava relacionada a questões mágico-religiosas,
resultando de acções alheias aos indivíduos, como maldições, pecado ou bruxaria.
Nesse sentido, a doença estava ligada directamente com a influência que a
religião exercia sobre os indivíduos, e aqueles que não seguiam os preceitos
determinados por ela, eram considerados como desobedientes e pecadores.

Foi a partir do pensamento do pai da Medicina, Hipócrates de Cós, que a doença


passou a ser vista de outra forma. Ele afirmava que a doença estava diretamente
relacionada com a existência de quatro humores no corpo: a bile amarela, bile
negra, fleuma e sangue. Diante disso, ter saúde representava ter os quatro
humores em harmonia e equilíbrio. Além disso, Hipócrates alertava para a
valorização da observação empírica.

O desenvolvimento da alquimia, mecânica, epidemiologia e estatística também


tiveram papel importante na construção do conceito de saúde, pois o
desenvolvimento destas acarretou na evolução do pensamento acerca do que
seria saúde e doença. No entanto, ainda não havia uma definição concreta do
conceito de saúde. Foi a partir da criação da Organização das Nações Unidas
(ONU) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) que isso aconteceu.

Seguindo essa linha mais abrangente, a Organização Mundial da Saúde (OMS),


em 1946, definiu saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e
social, e não apenas como a ausência de doença ou enfermidade.

Porém, o entendimento dos conceitos saúde, doença e cuidados com a saúde


(prevenção e recuperação), hábitos saudáveis e qualidade de vida é intensamente

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influenciado pelo contexto sociocultural em que ocorre, variando de uma cultura
para outra e mesmo entre indivíduos de uma mesma cultura. Através dos séculos,
foram propostas diferentes teorias sobre o processo saúde/doença, resultado da
busca humana por respostas que explicassem as causas das doenças.

2. Saúde Pública

A saúde pública pode ser definida como “o esforço organizado da comunidade,


por intermédio do governo ou de instituições, para promover, proteger e recuperar
a saúde das pessoas e da população, por meio de acções individuais e/ou
coletivas”. Essas acções têm buscado reduzir as enfermidades, controlar as
doenças endêmicas e parasitárias, melhorar a vigilância à saúde e qualidade de
vida da população.

Ela pode ser vista também como disciplina médica encarregada de estudar as
formas de proteção, apoio e melhoria da saúde das populações humanas. Dedica-
se tanto ao trabalho de higiene e prevenção de doenças, quanto ao seu controle e
erradicação.

Para fazer isso, ela usa conhecimentos de outras áreas científicas, como Biologia,
Sociologia e outros ramos da Medicina. É também um dos pilares da formação
médica universitária.

A saúde pública como disciplina tem existência formal relativamente recente,


coincidindo com a descoberta das técnicas de saneamento básico da medicina
moderna. No entanto, muitos de seus conteúdos são conhecidos ou pelo menos
intuídos pela humanidade desde tempos imemoriais.

Cada um dos povos antigos tinha seus próprios métodos de sanitarização e seus
próprios conceitos de saúde pública, mesmo quando envolvia uma combinação de
conhecimentos filosóficos e religiosos. Na verdade, estima-se que muitas das

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proibições rituais relativas à conduta, alimentação e costumes de textos religiosos,
como a Bíblia ou o Alcorão, têm origem sanitária.

No entanto, hoje a saúde pública é uma das principais disciplinas médicas na


prática. Em linhas gerais, estuda os seguintes determinantes da saúde, ou seja,
com os fatores que regem a saúde das pessoas:

 O estilo de vida: principalmente no que diz respeito ao exercício físico (ou


sedentarismo) e vícios (cigarro, álcool , etc.);

 Biologia humana: a herança genética com a qual nascemos e que nos


predispõe a sofrer de certas enfermidades e a ser resistentes a outras;

 O sistema nacional de saúde: facilidade de acesso aos serviços médicos


e preventivos que nossa nação nos oferece;

 O meio ambiente: em termos de tipo de agentes infecciosos ou efeitos


prejudiciais podemos ser expostos com frequência.

2.1 Funções de saúde pública

A saúde pública é exercida de maneiras diferentes nas diferentes nações , mas,


de forma geral, cumpre as seguintes funções:

 Diagnóstico, avaliação e monitoramento das doenças que afligem a


população;
 Manutenção dos aparelhos de vigilância e atenção à saúde pública
(hospitais, ambulatórios, etc.);
 Educação e promoção de métodos de higiene, prevenção e reacção a
doenças e outros incidentes semelhantes;

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 Avaliação do acesso aos recursos de saúde no país e promoção da sua
melhoria;
 Redução do impacto de epidemias, desastres e catástrofes na saúde
pública nacional.
2.2 Organizações e instituições de saúde pública

A saúde pública é uma das grandes preocupações nacionais, regionais e globais.


É particularmente importante porque a interconexão do mundo permitiu o
transporte rápido de pessoas por grandes distâncias, possibilitando o surgimento
de novas doenças ou a disseminação igualmente rápida de seu contágio.

Portanto, existem agências e instituições de cooperação internacional dedicadas à


área de saúde pública, tais como:

 A Organização Mundial da Saúde (OMS). Máxima autoridade


internacional em saúde pública, busca coordenar os esforços das nações
em questões epidemiológicas e preventivas, tanto em situações normais
como de emergência;

 A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura


(FAO). É um órgão vinculado às Nações Unidas que garante a erradicação
da fome e da desnutrição no mundo, servindo como fórum de discussão em
termos neutros dessas questões;

 A UNICEF . Também vinculada às Nações Unidas, este Fundo da Infância


é responsável pelo combate à pobreza, desnutrição e marginalização
educacional no mundo, especialmente nos países subdesenvolvidos, e por
isso, tem um importante impacto na educação preventiva e na saúde
pública das nações.

 UNAIDS. A Organização das Nações Unidas para coordenar a luta contra a


Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) em todo o mundo.

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 O Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos
(PNUAH). Com sede em Nairóbi, Quênia, e fundada em 1978, tem como
objetivo promover o desenvolvimento sustentável nas nações do Terceiro
Mundo, alcançando assim avanços econômicos e sociais na saúde.

2.3 Conquistas da saúde pública no século XXI

Como em outros assuntos, o século XX representou um grande salto para a saúde


pública que se traduziu em enormes conquistas como:

 Vacinação infantil em larga escala;


 O controle de inúmeras doenças infecciosas;
 Invenção e massificação de antibióticos;
 Fluoretação da água potável;
 Métodos de planejamento familiar;
 Proibição do tabaco;
 Extensão da expectativa de vida.

3. Epidemiologia

O conhecimento das condições patológicas mais comumente observadas numa


população é de grande relevância e interesse para gestores públicos e
profissionais que actuam na promoção, prevenção e assistência em saúde. Os
levantamentos epidemiológicos e o processamento de dados advindos de
arquivos e sistemas de informação devem servir de base para o correcto
planejamento e elaboração de medidas de saúde contextualizadas às reais
necessidades da população assistida. Neste contexto, a epidemiologia ganha
destaque como uma ferramenta útil e indispensável, cujo termo é definido por
Pereira (1995) como:

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EPIDEMIOLOGIA

Termo de origem grega que significa:

EPI = sobre
DEMO = população
LOGIA = estudo

Epidemiologia é uma disciplina básica da Saúde Pública voltada para a


compreensão do processo saúde-doença no âmbito de populações, aspecto que a
diferencia da clínica, que tem por objetivo o estudo desse mesmo processo, mas
em termos individuais.

A Epidemiologia e a Saúde Pública, quando trabalhadas em conjunto, possibilita


alcançar o conhecimento sobre o modo como uma doença se origina, realizar o
controle na população, e até mesmo evitar a sua ocorrência.

A Epidemiologia oferece à Saúde Pública explicações para os problemas de


saúde das populações, o que permite à Saúde Pública, saber como e quando agir,
através de intervenções adequadas e resolutivas.

O foco das acções se desloca efectivamente da doença e se volta para a vida do


indivíduo e da comunidade. Assim, na concepção de promover saúde busca-se
modificar as condições de vida para que sejam dignas e adequadas. Estimulam-se
as tomadas de decisões, individuais e coletivas, investindo no sentido de que
sejam favoráveis à saúde e à qualidade de vida das pessoas e comunidades.
Essa concepção de saúde se consolida pela implementação de políticas públicas
saudáveis.

Promover saúde significa investir no processo de capacitação da comunidade para


actuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo maior participação
do sujeito e da comunidade no controle das suas próprias condições de saúde e

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de vida. Para atingir um estado de completo bem-estar físico, mental e social, os
indivíduos e os grupos devem saber identificar aspirações, satisfazer
necessidades e modificar favoravelmente o meio ambiente (Carta de Ottawa,
1986). Assim, a saúde deve ser vista como um recurso para a vida, e não como
objectivo de viver.

4. O Sistema de Saúde em Angola

O sistema de saúde em Angola é basicamente dividido em 3 níveis: primário,


secundário e terciário. A rede primária abrange os postos/centros de saúde e os
hospitais municipais.  A rede secundária contém os hospitais provinciais e
regionais. (Essas duas redes são administradas pelos governos
provinciais). A rede terciária é constituída pelos hospitais de referência e
nacionais, os centros de cirurgia cardíaca, o centro oftalmológico de Benguela, os
centros de hemodiálise e os centros de tratamento oncológico. Essa rede depende
do MINSA. Enquanto o acesso a serviços de saúde não chega a determinadas
regiões, é substituído por clínicas que actuam de forma complementar às
instituições principais de saúde pública. O atendimento público de saúde em
Angola é gratuito e obrigatório, e a rede privada é obrigada a prestar atendimento
de primeiros socorros, independentemente do poder aquisitivo do paciente. 

Luanda
O serviço privado de saúde ainda se encontra muito concentrado na sua capital, a
mesma (onde vive a maioria da população), mas terá de se expandir por todo o
país.
Em Angola há 7 faculdades de medicina, e em 2012 possuía 3.085 médicos. Em
Luanda ficam duas delas, uma pública e outra privada. 

Além disso, em todos os centros universitários foram criados hospitais regionais


para potencializar os cursos de medicina, que formam 150 médicos por ano. Em
2013, com a abertura de novas faculdades, este número deve chegar a 250-300

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médicos, e a meta para os próximos 5 anos é de formar de 500 a 600 médicos por
ano.

A taxa de mortalidade infantil também baixou de 150 para 116. A relação actual de
médico para habitantes é de 1 para 8 mil, e a meta é atingir 1 para 3 mil nos
próximos 4 anos, possibilidade oferecida pela abertura de novas faculdades e
centros de pós-graduação.

4.1 Perfil Sanitário do País

De acordo com o Plano Nacional de Desenvolvimento Sanitário 2012 - 20125 


(agosto 2012), apesar da melhoria significativa dos principais indicadores de
saúde globais do país, Angola ainda tem uma elevada taxa de mortalidade
materna, infantil e infanto-juvenil, alta incidência de doenças infecciosas e
parasitárias com destaque para as grandes endemias, doenças respiratórias e
doenças diarreicas, um nível de malnutrição ainda elevado em menores de cinco
anos, persistência de surtos de Cólera, Raiva e Sarampo, e um aumento
exponencial das doenças crónicas não transmissíveis (DCNT), sinistralidade
rodoviária e violência. As doenças transmissíveis, ainda são responsáveis por
mais de 50% dos óbitos registados na população.

As necessidades em saúde e os problemas actuais que o SNS enfrenta estão


principalmente relacionados com: a cobertura sanitária ainda insuficiente e fraca
manutenção das US; o fraco sistema de referência e contra referência entre os
três níveis do SNS; os recursos humanos e técnicos de saúde de reduzida
expressão quantitativa e qualitativa e má distribuição do pessoal nas áreas rurais
e periurbanas; as fraquezas no Sistema de Gestão em Saúde, incluindo o sistema
de informação, de logística e de comunicação; a insuficiência de recursos
financeiros e inadequação do modelo de financiamento e o reduzido acesso à
água potável, saneamento e energia.

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Conclusão

Saúde pública na concepção mais tradicional, é a aplicação de conhecimentos


(médicos ou não), com o objectivo de organizar sistemas e serviços de saúde,
actuar em factores condicionantes e determinantes do processo saúde-
doença, controlando a incidência de doenças nas populações através de ações de
vigilância e intervenções governamentais.

A epidemiologia trata de uma área da saúde pública que busca compreender as


causas e a distribuição de doenças em uma população. Ela utiliza métodos
estatísticos e epidemiológicos para avaliar a frequência, a gravidade e a
distribuição de doenças, bem como as possíveis causas de sua ocorrência. Com
base nesses dados, os profissionais de saúde desenvolvem estratégias para
prevenir e controlar doenças, bem como conseguem identificar populações
vulneráveis que precisam de cuidados específicos.

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Referências Bibliográficas

Universidade Federal Do Maranhão. Conceitos e ferramentas de epidemiologia.


2014, Módulo3 (p7-14)

Silvio S D, Satie K, Luciene B. Introdução à Saúde Pública; 2011 (p10-33)

Thereza M M M, Maria M M Á, Maria S B J, Ilse M T de A L. Manual de Saúde


Pública. (p53-54)

https://www.rets.epsjv.fiocruz.br/pais/angola

saúde pública e epidemiologia - Procurar (bing.com)

Saúde pública – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

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