Cópia de Peças - Estagio III

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Ao Juízo da Vara do Juizado Especial Federal de Belo Horizonte –Seção

Judiciária de MG.

Marcos do Val, brasileiro, casado, catador de papel, CPF... identidade..., residente na Rua.., n°..,
bairro..., cidade..., Estado..., CEP..., E-mail, vem, respeitosamente, perante V. Exa., por seu
advogado abaixo assinado, conforme procuração anexa propor AÇÃO DE CONCESSÃO DE
BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEPRESTAÇÃO CONTINUADA, COM PEDIDO DE
TUTELA ANTECIPADA CONTRA INSS – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO
SOCIAL, autarquia federal, CNPJ..., com sede na Rua..., n°...,bairro..., Estado..., CEP..., e-
mail, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

DOS FATOS

No dia 10/05/2022 o autor estava andando pelas ruas do Centro de Belo Horizonte,
quando, ao atravessar a avenida Paraná, foi atropelado por um ônibus, acidente que lhe
causou várias lesões,culminando na perda da visão do olho esquerdo e 95% da visão do
olho direito, colocando-o na condição de deficiente visual, conforme atesta laudo
médico anexo.
O autor exercia a atividade de catador de papel e, após o acidente,não mais consegue fazê-
lo, sobrevindo com a renda de R$ 1.302,00 (MIL TREZENTOS E DOIS REAIS),
percebida pela sua esposa, Maria do Val, no seu labor de empregada doméstica, quantia
insuficiente para o sustento do casal e cinco filhos menores, impossibilitando0o de arcar
com aluguel, luz, água e alimentação.
No dia 20/10/2022 o autor requereu administrativamente o benefício assistencial de
prestação continuada junto à agência doINSS, tendo este por sua vez indeferido seu
pleito, sobre o argumento de que o autor não se enquadra no conceito de deficiente
regulado pelo artigo 20, p. 2° da Lei 8.742/93.
Dessa forma, o autor não teve outra alternativa senão buscar a tutela jurisdicional para
garantir o seu direito ao recebimento do benefício assistencial de prestação continuada,
direito previsto naConstituição e legislação extravagante.

DO DIREITO

A CF/88 garante o direito do idoso e/ou a pessoa com deficiênciareceber mensalmente


o benefício assistencial de prestação continuada, no valor de um salário-mínimo,
exigindo de ambos a prova de não conseguir se sustentar ou que a família não consiga
fazê-lo, nos termos do artigo 203, inciso V, o que foi regulamentado pela Lei 8742/93,
no seu artigo 20, §§ 2° e 3°.
Constituição Federal

Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de
contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
V - a garantia de um salário mínimo de benefíciomensal à pessoa portadora de deficiência e ao
idoso que comprovem não possuir meios deprover à própria manutenção ou de tê-la providapor
sua família, conforme dispuser a lei.

Lei 8.742/93
Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à
pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovemnão
possuir meios de prover a própriamanutenção nem de tê-la provida por sua família.

§ 2o Para efeito de concessão do benefício de prestação continuada, considera-se pessoa com


deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual
ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação
plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

§ 3º Observados os demais critérios de elegibilidade definidos nesta Lei, terão direito ao


benefício financeiro de que trata o caput deste artigo a pessoa com deficiência ou a pessoaidosa
com renda familiar mensal per capita igualou inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo.

Tratando-se de pessoa com deficiência, aplica-se também a Lei 13.146/15, Estatuto da Pessoa
com Deficiência, que assegura a toda pessoa com deficiência o direito ao recebimento mensal
de um salário mínimo, a título de benefício assistencial de prestação continuada, exigindo
também a demonstração da incapacidade financeira de sustento próprio e que a família não
consiga mantê-lo, inclusive, a referida lei, também garante o direito da prioridadeprocessual, em
todos os atos e diligências, conforme artigo 9, inciso, VII e artigo 40.

Lei 13.146/15

Art. 9º A pessoa com deficiência tem direito a receber atendimento prioritário, sobretudo coma
finalidade de:
VII - tramitação processual e procedimentos judiciais e administrativos em que for parte ou
interessada, em todos os atos e diligências.

Art. 40. É assegurado à pessoa com deficiência que não possua meios para prover sua
subsistência nem de tê-la provida por sua famíliao benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo,
nos termos da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de1993.

O autor sofreu várias lesões no atropelamento, que culminou na perda da visão do olho esquerdo
e 95% da visão do olho direito, ficando na condição de deficiente visual que lhe trás impedimento
para o trabalho de forma permanente, visto que tem natureza física e sensorial que, em interação
e participação na sociedade o impede de isonomia de condições com as demais pessoas,
conforme laudo médico anexo.

Portanto, não prospera o indeferimento do pedido administrativo efetivado pelo autor


junto ao INSS, pois a sua deficiência visual seenquadra no conceito de deficiência
disciplinado pelo artigo 20,
§2° da Lei 8.742/93.

Quanto ao requisito socioeconômico, este também restou preenchido, pois a renda total
da unidade familiar do autor, composta de 07 (sete) indivíduos, casal e sete filhos
menores, é de R$ 1.302,00 (mil trezentos e dois reais), o que demonstra umarenda per
capta de R$ 182,00 (cento e oitenta e dois reais), quantia inferior à ¼ do salário
mínimo disciplinado pelo artigo 20, §3° da Lei 8.742/93.

Dessa forma, restou demonstrado os requisitos exigidos por lei para a concessão do
benefício assistencial de prestação continuada ao autor.

Nossos Tribunais, em casos análogos, vêm decidindo pela concessão do benefício


assistencial de prestação continuada, conforme acórdãos abaixo colacionados:

DO MERITO

Cabe ressaltar a jurisprudencia e o entendimento do STF a respeito do assunto, tendo como


base suas ementas jurisprudenciais, tendo em vista a vulnerabilidade e a necessidade do
beneficiario.

Repercussão Geral – Mérito (Tema 27)


Órgão julgador: Tribunal Pleno
Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO
Redator(a) do acórdão: Min. GILMAR MENDES
Julgamento: 18/04/2013
Publicação: 03/10/2013
Ementa
Benefício assistencial de prestação continuada ao idoso e ao deficiente.
Art. 203, V, da Constituição. A Lei de Organização da Assistência Social
(LOAS), ao regulamentar o art. 203, V, da Constituição da República,
estabeleceu os critérios para que o benefício mensal de um salário
mínimo seja concedido aos portadores de deficiência e aos idosos que
comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-
la provida por sua família. 2. Art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993 e a
declaração de constitucionalidade da norma pelo Supremo Tribunal
Federal na ADI 1.232. Dispõe o art. 20, § 3º, da Lei 8.742/93 que
“considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de
deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior
a 1/4 (um quarto) do salário mínimo”. O requisito financeiro estabelecido
pela lei teve sua constitucionalidade contestada, ao fundamento de que
permitiria que situações de patente miserabilidade social fossem
consideradas fora do alcance do benefício assistencial previsto
constitucionalmente. Ao apreciar a Ação Direta de Inconstitucionalidade
1.232-1/DF, o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade
do art. 20, § 3º, da LOAS. 3. Decisões judiciais contrárias aos critérios
objetivos preestabelecidos e Processo de inconstitucionalização dos
critérios definidos pela Lei 8.742/1993. A decisão do Supremo Tribunal
Federal, entretanto, não pôs termo à controvérsia quanto à aplicação em
concreto do critério da renda familiar per capita estabelecido pela LOAS.
Como a lei permaneceu inalterada, elaboraram-se maneiras de se
contornar o critério objetivo e único estipulado pela LOAS e de se avaliar
o real estado de miserabilidade social das famílias com entes idosos ou
deficientes. Paralelamente, foram editadas leis que estabeleceram
critérios mais elásticos para a concessão de
outros benefícios assistenciais, tais como: a Lei 10.836/2004, que criou
o Bolsa Família; a Lei 10.689/2003, que instituiu o Programa Nacional
de Acesso à Alimentação; a Lei 10.219/01, que criou o Bolsa Escola; a
Lei 9.533/97, que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio
financeiro a Municípios que instituírem programas de garantia de renda
mínima associados a ações socioeducativas. O Supremo Tribunal
Federal, em decisões monocráticas, passou a rever anteriores
posicionamentos acerca da intransponibilidade do critérios objetivos.
Verificou-se a ocorrência do processo de inconstitucionalização
decorrente de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas e sociais)
e jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos patamares
econômicos utilizados como critérios de concessão de
outros benefícios assistenciais por parte do Estado brasileiro). 4.
Declaração de inconstitucionalidade parcial, sem pronúncia de nulidade,
do art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993. 5. Recurso extraordinário a que se
nega provimento.

Sposati (2008,p133) esclarece que se pode verificar que a vinculação do


acesso ao benefício à condição econômica da família do idoso ou da
pessoa com deficiência fez o seu direito fundamental individual transitar
para a esfera do direito de família. Com isso, esclarece Sposati (2008, p.
133), a regulação legal transmutou o benefício constitucional, e aqui
consiste uma das maiores restrições, onde o direito constitucional de um
salário ao cidadão foi submetido a direito da família, e não mais do
cidadão individualmente considerado. Sposati (2008, p. 133)

DA NECESSIDADE DE CONCESSÃO DA TUTELA ANTECIPADA

A Lei processual civil prevê a possibilidade de o magistrado deferirtutelas provisórias de


urgência, antecipada ou cautelar, exigindo para tanto a demonstração, no caso concreto,
da probabilidade do direito e do perigo de dano ou risco ao resultado útil do
processo, nos termos no artigo 300.

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem
a probabilidade do direito e o perigo de dano ou orisco ao resultado útil do processo.

A probabilidade do direito está evidenciada na deficiência visual do autor, bem como na


sua renda per capta inferior à ¼ do saláriomínimo, requisitos exigidos pelo artigo 20,
§§2° e 3° da Lei 8.742/93.

O perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo está no comprometimento do


sustento do autor e sua família, pois um salário mínimo é insuficiente para o pagamento
de aluguel, luz, água, vestuário, medicamentos e alimentação, e caso não seja
deferido de pronto o benefício assistencial de prestação continuada ao autor, a sua
subsistência está comprometida.

Portanto, demonstrados os requisitos exigidos pelo artigo 300 doCPC para a concessão
da tutela antecipada, deve o réu ser compelido a pagar de pronto o benefício de prestação
continuada ao autor.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto requer a V. Exa.

a. Seja deferida a tutela antecipada, initio litis, para determinaro réu a conceder ao autor o
benefício assistencial de prestação continuada, sob pena de multa diária para o caso de
descumprimento da ordem, em valor a ser arbitrado por
I. Exa.
b. Seja citado o réu para, querendo, no prazo legal, apresentarcontestação, sob pena de
revelia e confissão;
c. Seja deferida à assistência judiciária, nos termos no artigo 98do CPC.
d. Seja deferida a prioridade processual ao autor, nos termos do artigo 1.048, inciso I do
CPC, combinado com artigo 9°, inciso VII da Lei 13.146/15;
e. Seja designada a audiência de conciliação;
f. Seja intimado o Ministério Público Federal para todos os atos e termos do processo;
g. Seja julgado procedente o pedido para condenar o réu à conceder ao autor o benefício
assistencial de prestação continuada, desde o requerimento administrativo, ocorridoem
20/10/2022, acrescido de juros e correção monetária, tornando definitiva a tutela
antecipada porventura deferida;
h. Seja o réu condenado ao pagamento das custas e honoráriosadvocatícios, caso o processo
atinja a via recursal;
Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidasno direito.

Dá-se à causa o valor de R$ 20.832,00 (vinte mil oitocentos e trintae dois reais).

Nestes Termos pede-se deferimento.

Belo Horizonte, 20 de Fevereiro De 2023.

ADVOGADO...
OAB...
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA DO JUIZADO DA
INFANCIA E JUVENTUDE CÍVEL DE BELO HORIZONTE-MG.

JOÃO NEOSALDINA, brasileiro, solteiro, menor impúbere, CPF. ,


identidade. , representado por sua genitora, MARIA NEOSALDINA, brasileira, viúva,
pensionista, CPF...., identidade....., ambos residentes na rua n°...., bairro...., cidade. ,
estado....., CEP....., e-mail , vem respeitosamente perante vossa excelência, pelo seu
advogado abaixo assinado, conforme procuração anexa, propor AÇÃO
COMINATÓRIA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE TUTELA
PROVISORIA DE URGENCIA NA MODALIDADE ANTECIPADA, contra o
ESTADO DE MINAS GERAIS, pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ, com
sede na rua n°, bairro, cidade, estado, CEP, e-mail, pelos fatos e fundamentos a seguir
expostos:

1- DOS FATOS

O autor é uma criança de nove anos que sofre de uma patologia rara grave
denominada síndrome de Bourneville, conforme laudo médico anexo, que lhe causa
várias episódios diários de crises convulsivas, somente controladas mediante uso dos
medicamentos Trileptal 600mg e Clonazepam 20mg, em três doses diárias, custando, os
mesmo respectivamente, a quantia de R$ 800,00 (oitocentos reais) e R$ 200,00 (duzentos
reais), conforme receita médica e orçamentos anexos.

A genitora do autor, Maria Neosaldina, é viúva e recebe uma pensão no INSS


de R$ 1.302,00 (mil trezentos e dois reais), quantia insuficiente para o sustento de seus
quatro filhos menores, pagando o aluguel de R$ 300,00 (trezentos reais), vestuário,
alimentação, gás, energia, o que a impossibilita custear o tratamento do autor.

No dia 10.02.2023 o autor requereu administrativamente o fornecimento dos


fármacos junto ao estado de Minas Gerais, tendo este negado seu pleito.

Dessa forma, o autor não teve outra alternativa senão buscar a tutela
jurisdicional para garantir o seu direito constitucional à saúde.

2- DO DIREITO

A Constituição Federal garante a todos os brasileiros o direito à vida,


elegendo a saúde como um dos direitos sociais, impondo ao Estado a obrigação de
disponibiliza-la a todos mediante a adoção de políticas sócio econômicas que visem sua
proteção, a prevenção e recuperação, inclusive, com o fornecimento de medicamentos e
demais insumos, nos termos do art.5°, 6° e 196, o que foi regulamentado pela Lei
8.080/90, Lei Orgânica da Saúde, dos seus arts. 2°, §1° e 6°, inciso I, alínea “d”.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a


alimentação, otrabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade
e à infância, a assistência aos desamparados, na forma
desta Constituição.

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado,


garantido mediante políticas sociais e econômicas que
visem à redução do risco de doença e de outros agravos e
ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para
sua promoção, proteção e recuperação.

LEI 8.080/90

Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano,


devendoo Estado prover as condições indispensáveis ao
seu pleno exercício.
§ 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na
formulaçãoe execução de políticas econômicas e sociais
que visem à redução de riscos de doenças e de outros
agravos e no estabelecimento decondições que assegurem
acesso universal e igualitário às açõese aos serviços para
a sua promoção, proteção e recuperação.
Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do
Sistema Único de Saúde (SUS):
I - a execução de ações:
d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica;

Tratando-se de criança aplica-se também aplica-se o


estatuto da criança e do adolescentelei 8.069/90, que da
mesma forma da legislações supras citadas, também impõe
ao Estado,o dever de disponibilizar a saúde aos mesmos,
mediante de políticas socioeconômicas que promovam
prevenção, proteção, recuperação dos menores, inclusive
com fornecimento de medicamentos , órteses, próteses e
demais necessidades a eles inerentes , nos termos do
artigo 4, 11 §2 ECA
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da
sociedade em geral e do poder público assegurar, com
absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária.

Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cuidado


voltadas à saúde da criança e do adolescente, por
intermédio do Sistema Único de Saúde, observado o
princípio da equidade no acesso a ações e serviços para
promoção, proteção e recuperação da saúde.
§ 2 o Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente,
àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses, próteses
e outras tecnologias assistivas relativas ao tratamento,
habilitação ou reabilitação para crianças e adolescentes,
de acordo com as linhas de
cuidado voltadas às suas necessidades específicas.

No caso em comento, o autor é uma criança de 9 nove anos de idade que


sofre de uma patologia rara e grave denominada Síndrome de Bourneville, que lhe causa
vários episódios convulsivos diários somente controladas mediante o uso dos
medicamentos Trileptal 600mg e Clorazepan 20mg, em 3 (três) doses diárias, custando
ambos a quantia mensal de R$ 1,0000 (mil reais ) , quantia que o autor não tem para
adquirir os referidos farmácios, devendo o réu cumprir o seu dever de disponibiliza-lo,
conforme lhe impõe o Art 196 da constituição federal, bem como a lei orgânica de saúde
e o estatuto da criança e do adolescente

Lecionando sobre o direito á saúde , Ana Rafaely Tomaz da Silva1

O direito à saúde encontra guarida na dignidade da pessoa


humana, um dos fundamentos da República Federativa do
Brasil, contudo, somente recebeu tratamento constitucional
com o advento da Constituição Federal de 88

Nossos tribunais vêm decidindo que o Estado, todos os entes federados solidariamente,
devem cumprir sua obrigação legal de disponibilizar a saúde a todos que necessitarem,
inclusive fornecendo os medicamentos necessários, conforme acórdãos abaixo
colacionados:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. MEDICAMENTO.


FORNECIMENTO. UNIÃO
FEDERAL. RESPONSABILIDADE. A saúde é direito
constitucionalmente assegurado, encontrando-se
disciplinado no art. 196 e seguintes da Constituição
Federal. Compete ao Estado a garantia da saúde mediante
a execução de política de prevenção e assistência à saúde,
com a disponibilização dos serviços públicos de
atendimento à população, tendo a Constituição Federal
delegado ao Poder Público competência para editar leis
objetivando a regulamentação, fiscalização e controle dos
serviços e ações da saúde. Existe expressa disposição
constitucional sobre o dever de participação da União no
financiamento do Sistema Único de Saúde, nos termos do
art. 198, parágrafo único,da Constituição Federal. Negar
à agravada a internação pretendida implica desrespeito às
normas constitucionais que garantem o direito à saúde e à
vida. Agravo a que se dá parcial provimento, para que haja
divisão do custo do medicamento.

GRAVO DE INSTRUMENTO. MEDICAMENTO.


FORNECIMENTO. UNIÃO
FEDERAL. RESPONSABILIDADE. A saúde é
direito constitucionalmente assegurado, encontrando-se
disciplinado no art. 196 e seguintes da Constituição
Federal. Compete ao Estado a garantia da saúde mediante
a execução de políticade prevenção e assistência à saúde,
com a disponibilização dos serviços públicos de
atendimento à população, tendo a Constituição Federal
delegado ao Poder Público competência para editar leis
objetivando a regulamentação, fiscalização econtrole dos
serviços e ações da saúde. Existe expressa disposição
constitucional sobre o dever de participação da União
no financiamento do Sistema Único de Saúde, nos
termos do art. 198, parágrafo único, da Constituição
Federal. Negar à agravada a internação pretendida
implica desrespeito às normas constitucionais que
garantem o direito à saúde e à vida. Agravo a que se
nega provimento.

3. DA NECESSIDADE DE CONCESSÃO DA TUTELA ANTECIPADA

A norma Processual Civil, prevê a possibilidade do magistrado deferir tutelas provisórias


de urgência, de natureza antecipada e ou cautelar, exigindo para tanto a demonstração no
caso concreto, da probabilidade do direito e do perigo de dano ou risco ao resultado útil
do processo, nos termos do art. 300 - A tutela de urgência será concedida quando houver
elementos que evidenciema probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.

A probabilidade do direito restou demonstrada na patologia grave sofrida pelo autor, pela
síndrome de Bourneville, somente controlada mediante o uso dos medicamentos Trileptal
600mg e Clonazepam 20mg, em três doses diárias, na impossibilidade de adquiri-los, a
legislação constitucional e infraconstitucional acima citadas impõem a obrigação do réu
em fornecer os medicamentos

O perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo evidencia-se nas crises


convulsivas provocadas pelas patologias sofrida pelo autor que, caso o reu não forneça
de pronto os referidos medicamentos, o autor pode vir ao óbito, esvaziando o objeto do
pedido, evidenciando também, dessa forma, o risco ao resultado útil do processo,
portanto, presentes os requisitos que autorizam a concessão da tutela antecipada para
compelir o réu a fornecer, de pronto, os medicamentos ao autor.

4. DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer a Vossa Excelência:

a) Seja deferida a tutela antecipada, initio litis, para determinar o Réu a fornecer ao autor os
medicamentos Trileptal 600mg e Clorazepan 20mg, em três doses diárias,fixando multa
diária para o caso de descumprimento da ordem;
b) Seja citado o Réu para, querendo, no prazo legal, apresentar contestação sob penade
revelia e confissão;
c) Seja deferida a assistência judiciária ao Autor, nos termos do art. 98 do CPC;
d) Seja deferida a prioridade processual ao autor, , nos termos do art. 1.048, II, doCPC,
c/c art. 152, § 1º, do ECA;
e) Seja dispensada a audiência de conciliação por tratar-se de direito indisponível demenor,
conforme art. 334, § 4º, II, do CPC;
f) Seja intimado o Ministério Público para todos os atos e termos do processo;
g) Seja julgado procedente o pedido para condenar o Réu a fornecer ao Autor os
medicamentos Trileptal 600mg e Clorazepan 20mg, em três doses diárias, por tempo
necessário ao tratamento, bem como outros medicamentos, procedimentos afins, no
decorrer do processo, caso haja a modificação do estado clinico do autor, tornando
definitiva porventura deferida,
h) Seja o Réu condenado no pagamento das custas e honorários advocatícios;

Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidos no Direito, sem
exceção de nenhuma

Dá-se à causa o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais ).

Nestes termos, Pede deferimento,

Belo Horizonte, 10 de Março de 2023.


ADVOGADO/OAB
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da Vara da Fazenda Pública Estadual da
Comarca de BeloHorizonte/MG.

ROBERTO CARLOS, brasileiro, casado, radiologista desempregado, cpf: xxx, RG: xxx,
residente na rua xxxx, nºxxx, bairroxxx, cidadexx, cepxxx, endereço eletrônico xxxxxx, vem
respeitosamente perante vossa excelência, por seu advogado abaixo assinado, conforme
procuração anexa, propor AÇÃO ANULATÓRIA DE ATO ADMINISTRATIVO COM
PEDIDO DE TUTELA contra o ESTADO DE MINAS GERAIS, pessoa jurídica de direito
público interno, cnpj, com sede na rua, nº, bairro, cidade, cep, e-mail, pelos fatos e fundamentos
a seguir expostos:

DOS FATOS

O autor era servidor público estável do Estado de Minas Gerais, lotado no Hospital João XXIII,
sob o masp nº: xxx, onde exercia o cargo de Radiologista, no horário das 22h às07h, segunda à
sexta-feira, recebendo salário de R$ 3.000,00 (três mil reais).

No dia 31/12/2022, o autor precisou faltar ao trabalho e, servidor público responsável e zeloso
que é, solicitou ao colega de trabalho que lhe substituísse nesse dia, para evitar prejuízo ao
serviço público estadual. Contudo, no dia aprazado, seu colega de trabalho não compareceu,
sendo esclarecido, posteriormente pelo mesmo ter se envolvido em acidente de moto quando se
dirigia ao serviço, fato registrado na Ocorrência Militar nº: 222/2022.

No dia 15/01/2023, o autor foi surpreendido com a publicação do diário oficial de sua demissão,
sem a adoção de qualquer procedimento administrativo ou sem oportunizar-lhe oexercício da
ampla defesa e contraditório, entendendo ser ilegal sua demissão.

Desta forma, não restou outra alternativa ao autor senão buscar a tutela jurisdicional para anular
o ato administrativo demissional.

DO DIREITO

O autor era servidor público estável do Estado de Minas Gerais, lotado no Hospital João
XXIII, onde exercia o cargo de radiologista, cuja demissão foi publicada no Diário Oficial no
dia 15/01/2023, sem a prévia e necessária adoção do procedimento administrativo disciplinar,
descumprindo a garantia do devido processo legal, bem como da ampla defesa e contraditório,
que não lhe foram oportunizadas, conforme previsão no art. 5º, incisos LIV, LV da Constituição
Federal.

O art. 41, § 1º, incisos I a III da Carta Magna, delinia as hipóteses de demissão do servidor
público estável, que pode ser demitido no caso de sentença judicial transitada em julgado,
mediante decisão de procedimento administrativo
Art. 5º (...); LIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis
ou militares, contra a ordem constitucionale o Estado Democrático;
LV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendoa obrigação de reparar o dano e
a decretação do perdimento debens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra
eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os


servidores nomeados para cargo de provimento efetivo emvirtude
de concurso público.
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
II - mediante processo administrativo em que lhe sejaassegurada
ampla defesa;
- mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho,
na forma de leicomplementar, assegurada ampla defesa.

No caso em comento, a demissão do autor também não teve origem nas hipóteses
demissionárias previstas na Constituição Federal para demissão de servidor público estável,pois
não é hipótese de sentença judicial transitada em julgado ou decisão oriunda de procedimento
administrativo disciplinar, nem tampouco ter origem no procedimento de avaliação
periódica de desempenho, restando, portanto, ilegal a demissão, inclusive, violando os
princípios constitucionais da legalidade e moralidade administrativa.
Também não foi instaurado procedimento administrativo disciplinar, exigido por lei
para apuração de faltas administrativas e/ou criminais para imputar condenações ao autor,
logicamente, propiciando ao mesmo o exercício da ampla defesa e contraditório, o que não foi
feito, maculando, mais uma vez, o ato demissionário pela ilegalidade.
Para Marcos Marins Carazai, "A Ampla Defesa realiza-se na efetiva utilização dos
instrumentos, dos meios e modos de produção, certificação, esclarecimento ou confrontaçãode
elementos de prova que digam respeito à materialidade da infração criminal e com a autoria".

Nossos Tribunais vêm decidindo pela nulidade do ato demissionário quando não
precedido,do procedimento administrativo disciplinar, bem como violar o princípio da ampla
defesa e contraditório, conforme acórdãos abaixo

Ementa: remessa necessária e recurso voluntário. Direito


administrativo. Ação anulatória. Preliminar em contrarrazões.
Ausencia de dialeticidade. Rejeição. Anulação de ato
administrativo. Servidor público concursado. Demissão sem o
devido processo legal. Algação de abandono. Ausência de
procedimento administrativo. Ilegalidade. Ofensa aos princípios
do contraditório e ampla defesa. Reintegração ao cargo.
Valores devidos desde o afastamento. Juros e correção
monetária. Honorários advocatícios sucumbenciais. Sentença
reformada em parte.
Tendo o ente público municipal, nas razões recursais, ofertado
impugnação aos fundamentos adotados na decisão recorrida,
inocorre ofensa ao princípio da dialeticidade, devendo ser
conhecido o recurso. Preliminar rejeitada.
Caracteriza-se ilegal a demissão de servidor público efetivo, sem
a instauração deprocedimento administrativo que lhe assegure a
ampla defesa e o contraditório.
O servidor público efetivo afastado indevidamente do cargo faz
jus à reintegração noserviço público, bem como à indenização
correspondente a todos os valores que deixou dereceber durante
todo o tempo de afastamento.
A diferença devida deverá ser corrigida monetariamente nos
termos da tabela da Corregedoria-Geral de Justiça a contar da
época em deveria ter sido paga, acrescida de juros moratórios
"equivalentes aos índices oficiais de remuneração básica e juros
aplicáveis à caderneta de poupança", nos termos do art. 1º-F da
Lei Federal nº 9.494/1997,com redação dada pela Lei Federal nº
11.960/2009, desde a citação.
Por se tratar de sentença ilíquida o percentual de honorários
advocatícios somente poderá ser fixado depois de liquidado o
feito, segundo determina o artigo 85, § 4º, inciso II,do Código de
Processo Civil. (TJMG - Ap Cível/Rem Necessária
1.0471.14.012980- 3/002, Relator(a): Des.(a) Moacyr Lobato , 5ª
CÂMARA CÍVEL, julgamento em 26/04/2018, publicação da
sumula em 02/05/2018)

Ementa: direito administrativo. Agravo interno em recurso


extraordinário. Servidor público. Demissão. Necessidade de
processo administrativo com observância das garantías
constitucionais do contraditório e da ampla defesa. Precedentes.
O ato administrativo de demissão do servidor público deve ser
precedido do devido processo legal em que haja oportunidade
para o exercício do contraditório e da ampla defesa.
Agravo interno a que se nega provimento. (RE 599607 AgR,
Relator(a): ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em
02/05/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-104 DIVULG 18-
05-2017 PUBLIC 19-05- 2017)

DA NECESSIDADE DA CONCESSÃO DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA


DA MODALIDADE ANTECIPADA

A norma processual civil prevê a possibilidade do magistrado deferir tutelas provisórias de


urgência de natureza antecipada e/ou cautelar, exigindo para tanto a demonstração no caso
concreto, da probabilidade do direito e do perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo
, nos termos do art.300.

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

A probabilidade do direito, no caso concreto, restou demonstrada a ilegalidade da


demissão do autor, que não foi precedida do necessário procedimento Administrativo
Disciplinar, violando assim a garantia do devido processo legal, não oportunizando também ao
autor o exercício da ampla defesa e do contraditório e, ainda, a demissão não se enquadra nas
hipóteses demissionárias do servidor público estável, conforme previsto no art.41 §1, I e III,
cf/88.
O perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo está evidenciado na ausência de
recurso financeiro para custear o pagamento de aluguel , água , luz, alimentação, plano de saúde,
vestuário,pois o autor esta desempregado, comprometendo a manutenção e sustento da sua
família, portanto , preenchidos os requisitos que autorizam a concessão da tutela antecipada
para compelir o réu a reintegrar ao cargo de origem

DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer a Vossa Exa

1. seja concedida a tutela antecipada, initio litis, para compelir o réu a reintegrar o autor
ao cargo de radiologista junto ao Hospital João XXIII, pagando-lhe os salários e
demais vantagens, fixando multa diária para o caso de descumprimento da ordem

2. Seja o réu citado para, querendo, no prazo legal, apresentar contestação sob pena de
revelia e confissão;
3. Seja deferida assistência judiciária ao autor, nos termos do art. 98 do CPC
4. Seja designada audiência de conciliação
5. seja intimado o Ministério Público para todos os atos do processo
6. Seja julgado procedente o pedido para condenar o réu a reintegrar o autor ao cargo de
radiologista junto ao hospital João XXIII, pagando-lhe os salários e demais vantagens,
desde o ato demissionário, ocorrido no dia 15/01/2023, acrescido de juros e correção,
tornando definitiva a tutela antecipada porventura deferida, anulando o ato
administrativodemissionário

Seja o réu condenado no pagamento das custas e honorários advocatícios Protesta provar por
todos os meios de prova no Direito admitidos.
Dá-se à causa o valor de R$ 42.000,00 (quarenta e dois mil reais) Nestes termos, pede
deferimento.

Belo Horizonte, 15 de março de 2023.


Advogado OAB
Exmo. O Sr. O Dr. Juiz de Direito da Vara de Fazenda Pública Estadual
dacomarca de Belo Horizonte – Minas Gerais.

Daniele Pena , brasileira, solteira, advogada inscrita na OAB/MG sob o número


XXX, CPF, identidade, com escritório na rua...,bairro..., cidade..., estado..., CEP..., endereço
eletrônico ..., vem respeitosamente perante v. exa; advogando em causa própria, impetrar
MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO, COM PEDIDO DE LIMINAR contra
AMEAÇA DE ATO ILEGAL DO DIRETOR-GERAL DA ACADEMIA DE
POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE MINAS GERAIS, fulano de tal, delegado de polícia,
MASP..., CPF..., identidade.....,encontrado na rua..., bairro..., cidade..., estado..., CEP...,
email...,vinculada à SESP/MG, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

DOS FATOS

No dia 10/02/2023, a impetrante teve ciência da publicação do edital n° 01/23 , que abriu
concurso para o provimento do cargo de delegado depolícia I, da polícia civil do estado de minas
gerais, cuja inscrição estará abertasno período de 15/03/2023 a 30/03/2023.
O item 1.2 do edital estabelece, a idade inicial 18 anos e máximade 32 anos para a inscrição do
concurso, ressalvando desse limite de idade os servidores públicos efetivos do estado de minas
gerais
A impetrante tem hoje 34 anos e, por conta do limite de idade fixado no edital em 32 anos, tem
o justo receio de ter na sua inscrição no concurso indeferida, motivo do presente mandado de
segurança preventivo, quetem o objetivo de proteger o seu direito liquido e certo de participar
do concurso
, em igualdade de condições , estendendo a ele, a benesse editalícia disponibilizada aos
servidores efetivos do estado, que podem se inscrever no concurso com idade superior a 32
anos.

DO DIREITO

A Constituição Federal, no título “Dos direitos e garantias fundamentais”, prevê a proteção


do direito líquido e certo de alguém, nãoamparado por habeas corpus ou habeas data, contra
ato ilegal ou ameaça de ato ilegal praticado por autoridade pública, no exercício do cargo,
mediante o manejo do mandado de segurança, individual e coletivo, nos termos do Art. 5°,
LXIX, o que foi regulamentado pela lei 12.016/09, Lei de mandado de segurançaindividual e
coletivo, conforme art. 1°.

Constituição FederalArt. 5° (...);

LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger


direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou
habeas data, quando o
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público;

Lei 12.016/09

Art. 1o Conceder-se-á mandado de segurança para proteger


direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou
habeas data, sempre que, ilegalmente ou comabuso de poder,
qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver
justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que
categoria for e sejam quais forem
as funções que exerça.

No caso em comento , a impetrante tem 34 anos e devido ao item 1.2 do edital 01/23, que limita
a idade de participação do concurso em 32 anos,ressalvando desse limites os servidores públicos
efetivos do estado de minas gerais, tem o justo receio de ao fazer a sua inscrição tê-la indeferida,
motivo dopresente mandado de segurança preventiva para estender a mesma benesse editalícia,
disponibilizada aos servidores efetivos do estado, viabilizando sua inscrição e participação no
concurso em condições de igualdade, retirando por conseguinte a discriminação.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção dequalquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direitoà vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à
propriedade

I – DA AMEAÇA DE ATO ILEGAL

A ressalva do limite de idade presente no Item I.II do edital 01/23,quando ressalva do limite de
idade de 32 anos os servidores públicos efetivos do estado ,discrimina os iguais, violando os
princípios constitucionais da legalidade, e moralidade administrativa, que a administração
pública, previsto noartigo 37, caput, da constituição federal.

Dessa forma, se faz necessário que o judiciário iguale os iguais na situação fática- jurídica,
viabilizando a inscrição e participação do concurso em pé de igualdade, estendendo a
impetrante o direito de se inscrever no concurso independentemente do limite de idade fixado
no edital, conforme podefazer servidores efetivos do estado

Fulano de tal, lecionando sobre o princípio da isonomia ensina que de todos os direitos
fundamentais a igualdade é aquele que maistem subido de importância no Direito Constitucional
de nossos dias, sendo, comonão poderia deixar de ser, o direito-chave, o direito-guardião do
Estado social.”

Sem dúvida, esta é uma ótima colocação de Paulo Bonavides (1.997)[1], sendo o Princípio da
igualdade fundamental à sociedade para realização da justiça.

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1.988 apresenta o Princípio da Isonomia


em seu artigo 5º:
“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade...”. E ainda
complementa em seu inciso I: “homens e mulheres sãoiguais em
direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;”.

Nossos tribunais vêm decidindo pela ilegalidade do edital de concurso quando evidenciada a
discriminação, conforme acórdãos abaixo colacionados:

MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO.


DETETIVE. LIMITE DE IDADE. EXIGÊNCIA ILEGAL.
RESSALVA QUANTO A SERVIDORES PÚBLICOS.
ISONOMIA. VIOLAÇÃO. ART. 5º DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. IMPROVIMENTO DA APELAÇÃO. É ilegal a
exigência de limite de idade para concurso público em Edital que
traz a ressalva quanto a funcionários públicos ocupantes de cargo
efetivo, por violação do princípio da isonomia contido no art.
5º da Constituição Federal. (TJMG - Apelação Cível
1.0000.00.290724- 4/000, Relator (a): Des.(a) Fernando Bráulio
, 8ª CÂMARACÍVEL, julgamento em 11/09/2003, publicação da
sumula em 10/12/2003)

III.) DA NECESSIDADE DE CONCESSÃO DE LIMINAR:

A lei lei 12.016/09, que regulamentou o Mandado de


segurança individual ou coletivo, prevê a possibilidade do
magistrado ao despachar a inicial, concederordem liminar para
suspender o ato que deu motivo ao pedido, no caso em concreto,
que haja relevante fundamento e que o ato possa resultar na
eficácia da medida requerida , requisitos denominados fumus
boni Iuris e do periculum in mora, nos termos do artigo 7 , inciso
III

O fumus boni Iuris restou demonstrado na ilegalidade representada no item 1.2 do edital
1/2023 para o provimento do cargo de delegado de polícia I, que ressalva o limite de idade para
inscrição do concurso,fixado em em 32 anos, os servidores efetivos do estado, benesseeditalícia
que deve ser estendida também a impetrante, viabilizando a sua inscrição e participação do
certame em iguais condições

O periculum in mora está evidenciado pro lapso temporal disciplinado pelo edital n
01/2023 para a inscrição dos interessados em participar do concurso, período de no fato de que
a inscrição está aberta no período de 15/03/2023 a30/03/2023 e, caso não seja deferida a liminar,
o presente Mandado de Segurança perderá seu objeto.

Portanto, presentes os requisitos que autorizam a concessão de medida Liminar no


sentido de compelir a autoridade impetrada a inscrever de pronto a impetrante no concurso ,
independentemente do limite de idade editalicio.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer à V. Exa:

1. Seja deferida a liminar, initio litis para compelir à autoridade impetrada a inscrever a
impetrante no concurso disciplinado pelo edital 1/2023 para o provimento de cargo de
Delegado de polícia 1, independentemente do limite de idade fixado no edital,
estendendo a benesse editalícia disponibilizada aos servidores públicos efetivos do
estado , viabilizando sua inscrição e participação no certame, fixando multa diária para
o caso de descumprimento da ordem;

2. Seja a impetrada notificada para querendo no prazo legal, prestarinformações, sob pena
de revelia e confissão

3. Seja dada ciência ao órgão de representação judicial da impetrada para, querendo,


ingresse no feito;

4. Seja intimado o Ministério Público para dar seu parecer ministerial;

5. Seja concedida a segurança para compelir a autoridade impetradainscrever a impetrante


no concurso disciplinado no edital 01/23, independentemente do limite de idade fixado
pelo edital, viabilizando sua participação em todas as fases do concurso, e, se aprovado,
o direito à nomeação ao cargo de Delegado de Polícia I, tornando definitiva a liminar
porventura deferida, e se aprovado em todas as fases, o direito à nomeação ao cargo de
delegado de polícia I, tornando definitiva a liminar porventura deferida para igualar os
iguais numa mesma situação fático jurídica

Dá-se à causa o valor de R $1.000,00 (Mil reais) para efeitosmeramente fiscais.

Nestes termos, pede deferimento.

Belo Horizonte, xx de Março de 2023


OAB/MG
EXMO. SR. DR. JUIZ FEDERAL DA VARA FEDERAL DE BELO
HORIZONTE – SEÇÃO JUDICIÁRIA DE MINAS GERAIS.

SIMONE DUTRA, brasileira, solteira, estudante, CPF..., identidade..., residente na rua...,


número..., bairro ..., cidade..., estado ..., CEP ..., e-mail ..., vem respeitosamente, perante Exa.
, por seu advogado abaixo assinado, conforme procuração anexa, impetrar MANDADO DE
SEGURANÇA, COM PEDIDO DE LIMINAR Contra ato ilegal do REITOR DA UFMG,
Roberto Liber nacionalidade..., estado civil..., profissão..., CPF..., identidade..., encontrado na
rua..., número..., bairro..., cidade..., estado..., CEP ..., e-mail..., vinculada à UFMG, pelos fatos
e fundamentos a seguir expostos:

DOS FATOS
A impetrante é bacharelada em fisioterapia e mestre em engenharia de produção que
atualmente é aluna de graduação do curso de engenharia mecânica da UFMG, curso noturno,
no qual ingressou no ano de 2018, medianteprocesso seletivo regular e vaga de ampla
concorrência

No inicio de 2020 a impetrante candidatou- se ao processo seletivo de doutorado em


Engenharia Mecânica da UFMG, sendo aprovada. Contudo, teve sua matricula indeferida no
referido curso de pós- graduação, em ato proferido pelo magnifico reitor da UFMG, Roberto
Líber, publicado no dia 20/09/2020 no diário oficial , sob o argumento de que o regimento geral
da UFMG não permite a ocupação simultânea de dois cursos na UFMG, referindo-se á lei
12.089/09, que proíbe umamesma pessoas a ocupar duas vagas, simultaneamente, em cursos de
graduação em instituição pública de ensino superior

Desta Forma a impetrante teve o seu direito liquido e certo de cursar o doutorado em
Engenharia Mecânica na UFMG violado por ato do magnifico reitor daquela instituição,
motivo do presente Mandado de segurança para anularato ilegal

DO DIREITO

A Constituição Federal prevê em seu texto, a proteção do direito líquido e certo de


alguém, não amparado por habeas corpus ou habeasdata, contra ato ou ameaça de ato legal
praticadopor autoridade pública, no exercício das atribuições do cargo, mediante o manejo do
mandado de segurança individual ou coletivo, nos termos do art. 5º, inciso 69, o que foi
regulamentado pela Lei 12.016/09, que trata do mandado de segurança individual e coletivo, nos
termos do artigo 1º.

Constituição Federal

Artigo 5º, (...);

LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger


direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou
habeas data,quando o responsável pela ilegalidade ou abuso
de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
exercício de atribuições do Poder Público; Lei 12016/09
o
Art. 1 Conceder-se-á mandado de segurança para
proteger direito líquido e certo, não amparado por
habeas corpus ou habeasdata, sempre que, ilegalmente
ou com abuso de poder, qualquerpessoa física ou jurídica
sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte
de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais
forem as funções que exerça.

No caso em comento, a impetrante sagrou-se


aprovada no processo seletivo para o curso de pós-
graduação de Doutorado em Engenharia Mecânica, tendo
a autoridade impetrada indeferido a sua matrícula, ato
publicado no Diário Oficial da União no dia 15/03/2023,
sob o argumento de que o Regimento Interno da
UFMG não permite que o estudante curse,
simultaneamente, dois cursos em escola públicade ensino
superior no território nacional, referindo-se à Lei
12089/09, motivo do presenteMandado de Segurança, que
tem o objetivo de proteger o direito líquido e certo da
impetrante de se matricular e cursar o doutorado em
Engenharia Mecânica.

DO ATO ILEGAL

O artigo 2º da Lei 12089/09 veda a possibilidade do estudante cursar,


simultaneamente, dois cursos de graduação em instituição de ensino superior em
território nacional.
Contudo, a citada legislação não veda o estudante cursar, simultaneamente, uma
graduação e um curso de pós-graduação em escola pública de ensino superior no
território nacional, conforme é o caso da impetrante, valendo a máxima da
Hermenêutica: “onde o legislador não restringe, não cabe ao intérprete restringir.”
Lei 12089/09

o
Art. 2 É proibido uma mesma pessoa ocupar, na
condição de estudante, simultaneamente, no curso de
graduação, 2 (duas) vagas,no mesmo curso ou em cursos
diferentes em uma ou mais de umainstituição pública de
ensino superior em todo o território nacional.

Portanto, restou demonstrado a ilegalidade do indeferimento da matrícula,


efetivada pelo MAGNIFÍCO REITOR DA UFMG, devendo o Judiciário anular o ato
ilegal.

É neste sentido, que vem se decidindo nossos tribunais, conforme acórdãos


abaixo colacionados:
DA NECESSIDADE DECONCESSÃO DE LIMINAR

O art. 7º, inciso 3º, da lei 12.016/09 prevê a possibilidade do magistrado, ao


despachar a inicial, suspender o ato que deu motivo ao pedido, exigindo para tanto,
relevante fundamentação e que possa resultar a ineficácia da medida, requisitos
conhecidos como fumus boni iuris e periculum in mora, que devem ser apontados no
caso concreto.

º
Art. 7 Ao despachar a inicial, ojuiz ordenará:
III - que se suspenda oato que deu motivo ao pedido,
quando houver fundamentorelevante e do ato impugnado
puderresultar a ineficácia da medida, caso seja
finalmente deferida,sendo facultado exigir do impetrante
caução, fiança ou depósito, com o objetivo deassegurar o
ressarcimento à pessoajurídica.

O fumus boni iuris restou demonstrado na ilegalidade do indeferimento da


matrícula da impetrante no curso de pós-graduação de Doutorado em Engenharia
Mecânica, pois, o art.2º da Lei 12.089/09 veda apenas que o estudante
curse, simultaneamente, dois cursos de graduação em escola pública de ensino superior
em território nacional.
O periculum in mora está evidenciado na data que as aulas terão início,
01/04/2023 e,acaso, não deferida de pronto liminar para compelir a autoridade impetrada
a matricular a impetrante na pós-graduação de Doutorado em Engenharia Mecânica,
culminando em perda defrequência e conteúdo programático, dano irreparável à sua
formação técnica.
Portanto, presentes os requisitos queautorizam a concessão da medida liminar.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer a V. Exa.:

1. seja concedida a liminar, initio litis, para determinar a impetrada a matricular a


impetrante no curso de pós-graduação de Doutorado em Engenharia Mecânica,
viabilizando a sua participação no curso, fixando multa diária em caso de
descumprimento daordem;
2. seja notificada a autoridade coatora para, querendo, no prazo legal, prestar
informações, sob pena de revelia e confissão;
3. seja dada ciência ao órgão de representação da impetrada para, querendo,
ingresse no feito;
4. seja deferida assistência judiciária à impetrante, nos termos do artigo 98 do CPC;
5. seja intimado o Ministério Público Federal para dar o seu parecer ministerial;
6. seja concedida a segurança para compelira impetrada a matricular a impetrante no
curso de pós-graduação de Doutorado em Engenharia Mecânica, viabilizando a
sua participação no curso, tornando definitiva a liminar por ventura deferida,
anulando o ato ilegal.
Dá-se a causa, o valor de R$1.000.00 (mil reais) para efeitos meramente fiscais.

Nestes termos, pede deferimento.

Belo Horizonte, xx de março de 2023.

Advogado OAB
EXMO.DR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO ORGÃO ESPECIAL DO
TJMG

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL – SEÇÃO MINAS GERAIS, autarquia


especial federal, CNPJ, com sede na rua ........, numero........, bairro. , cidade ........., estado ......, cep......., e-
mail , vem respeitosamente perante vossa excelência, por seu advogado abaixo assinado, conforme procuração
anexa,impetrar MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO C/ C LIMINAR Contra ato ilegal do
Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, Alberto Covide, nacionalidade, estado civil,
desembargador, cpf, identidade, encontrado na rua, n, bairro, cidade, estado, cep, Email, vinculado ao TJMG,
pelosfatos e fundamentos a seguir expostos :

DOS FATOS

O presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, Alberto Covide, publicou no diário oficial do
dia 21/03/2023 a Portaria n 21/23, que proíbe a vista de autos fora do cartório mesmo no curso de prazo,
contrariando os direitos dos advogados no exercício da profissão, afetando também o direito do jurisdicionado
que eles representam.

DO DIREITO

A Constituição Federal, no título "Dos Direitos e Garantias Fundamentais", prevê a possibilidade de proteção
do direito líquido e certo de alguém, não amparado por habeas corpus ou habeas data, contra ato ou ameaça de
ato legal praticado por autoridade pública, no exercício das atribuições do cargo, mediante o manejo do mandado
de segurança, individual e coletivo, nos termos do Art. 5, inc. LXIX e LXX,letra b, que foi regulamentado
pela lei 12.016/09, que disciplina mandado de segurança individual e coletivo, conforme Art. 1 e Art. 21.

CF/88Art. 5º (...)
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito
líquidoe certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data,
quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público; LXX - o mandado de segurança
coletivo pode ser impetrado por:
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa
dos
interesses de seus membros ou associados;
Lei 12.016/09
Art. 1o Conceder-se-á mandado de segurança para protegerdireito
líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data,
sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder,qualquer pessoa
física ou jurídica sofrer violação ou houver justoreceio de sofrê-la
por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais
forem as funções que exerça
Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetradopor
partido político com representação no Congresso Nacional, na
defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à
finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe
ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo
menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da
totalidade, ou de parte, dos seus membros ouassociados, na forma
dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades,
dispensada, para tanto, autorização especial

No caso em comento, a autoridade impetrada publicou no dia 21/03/2023, a Portarian 21/23, que proibiu
a vista dos autos fora de cartório, mesmo no curso de prazo, contrariando os direitos dos advogados previstos na
norma processual civil e no Estatuto do Advogado, motivo do presente mandado de segurança coletivo, que tem
o objetivo de proteger o direito líquido e certo dos advogados inscritos no quadro daOAB-MG de acessar os
processos.

DO ATO ILEGAL

A Portaria 21/23, que proibiu a vista dos autos fora do cartório, mesmo no curso de prazo, viola os direitos dos
advogados previstos no Código de Processo Civil, onde oArt. 107, incs. I e III, preveem como um dos direitos
do advogado, examinar o processo, em cartório ou fora dele, sempre que nele necessitar acesso para vias de
direito ou por determinação do magistrado, norma que foi violada pela malfadada Portaria. Também a Lei 8.906/94,
Estatuto da Advocacia, prevê dentre os direitos do advogado, ter vista dos processos judiciais ou administrativos,
em cartório ou repartição pública, ou retira-los pelo prazo legal, nos termos do Art. 7, inc. XV, norma federal
também foi violada.

Art. 107. O advogado tem direito a:I - examinar, em cartório de


fórum e secretaria de tribunal, mesmo sem procuração, autos de
qualquer processo, independentemente da fase de tramitação,
assegurados a obtenção de cópias e o registro de anotações, salvo
na hipótese de segredo de justiça, nas quais apenas o advogado
constituído terá acesso aos autos
II - requerer, como procurador, vista dos autos de qualquer
processo, pelo prazo de 5 (cinco) dias; III - retirar os autos do
cartório ou da secretaria, pelo prazo legal, sempre que neles lhe
couber falar por determinação do juiz, nos casos previstos em lei.
LEI 8.906/94
Art. 7º São direitos do advogado:XV – ter vista dos processos judiciais
ou administrativos de qualquer natureza, em cartório ou na repartição
competente, ou retirá-los pelos prazos legais

Portanto, restou demonstrado a ilegalidade da Portaria 21/23, que por obvio, deve ser anulada pelo Poder
Judiciário, restabelecendo o direito de os advogados acessarem os processos.

DA NECESSIDADE DA CONCESSÃO DE LIMINAR

A Lei 12.016/09 prevê a possibilidade do magistrado, ao despachar a inicial, suspender o ato que deu motivo ao
pedido, exigindo para tanto, a demonstração, nocaso concreto, relevante fundamento e que do ato impugnado
possa resultar a ineficácia da medida, requisitos denominados fumus boni iuris e periculum in mora, conforme
Art. 7, inc. III.

Art. 7o Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: III - que se


suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver
fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a
ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo
facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o
objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica.

O fumus boni iuris restou demonstrado na ilegalidade da Portaria 21/23, que viola osdireitos dos advogados,
previstos na norma processual civil e o Estatuto da Advocacia, quando proíbe o acesso dos autos pelos mesmos.
O periculum in mora está evidenciado na impossibilidade do advogado acessar os processos, impedindo-o de
extrair peças para fins recursais ou manifestar-se nos autos, impedindo o advogado de exercer a advocacia na
sua plenitude, que pode lhe causar prejuizo, inclusive financeiro, além do prejuizo que o jurisdicionado por ele
representado possasofrer. Portanto, presentes os requisitos que autorizam a concessão de liminar para sobrestar
os efeitos da Portaria 21/23.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer a Vossa Excelência:

• Seja concedida a liminar, in litio litis, para suspender a Portaria 21/23, viabilizando o acesso dos advogados aos
processos, fixando multa diária para o caso de descumprimento da ordem; b) Seja notificada a autoridade para,
querendo, no prazo legal, prestar informações, sob pena de revelia e confissão;Seja dada ciência ao orgão de
representação judicial da impetrada, para, querendo,ingresse no feito;

• Seja intimado o Ministério Público, para dar o seu parecer ministerial;


• Seja concedida a segurança para anular a Portaria 21/23, reabrindo o prazo desdesua publicação, ocorrida em
21/03/2023, tornando definitiva a liminar porventura deferida.

Dá-se à causa o valor de R$ 1000,00 (mil reais) para efeitos meramente fiscais.

Nestes termos, pede deferimento

Belo Horizonte, xx de Março de 2023

ADVOGADO OAB XXX


Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da ª Vara de Fazenda Pública Municipal de
Belo Horizonte/MG

CÂNDIDO HONESTO, brasileiro, estado civil, profissão, CPF, RG, título de eleitor n º 9999,
profissão, zona 035, seção 024, residente na Rua n º, Bairro, Cidade, Estado, CEP, e-mail, vem
respeitosamente Perante Vossa Excelência, por seu advogado abaixo assinado, conforme
procuração anexa, propor AÇÃO POPULAR COM PEDIDO LIMINAR contra
MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE, pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ,
com sede na Rua, N º, Bairro, Cidade, Estado, CEP, e-mail, o PREFEITO DE BELO
HORIZONTE, Marcio de Lacerda, nacionalidade, estado civil, profissão, CPF, RG,
encontrado na sede profissional localizada em Rua n º, Bairro, Cidade, Estado, CEP, e-mail e
EMPRESA VIGILANCIA DIGITAL LTDA, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ, com
sede na rua n º, Bairro, Cidade, Estado, CEP, e-mail, pelos fatos e fundamento a seguir expostos
:

DOS FATOS

O autor é cidadão do Município de Belo Horizonte e, tomou conhecimento de ter o município


adquirido varias câmeras para monitoramento dos Bairros de Belo Horizonte , sem a devida e previa
licitação, com preços muitos superiores aos praticados pelo mercado, não sendo hipóteses de dispensa
ou inexigibilidade já tendo sido efetivado o pagamento da quantia de R$10.000,00 (cem mil reais), o
que corresponde a 10 % do contrato de R$1.000.000,00 (Um milhão de reais), restando 09 (nove)
parcelas igual ao valor
O superfaturamento foi detectado pelo autor através de três orçamentos por ele realizados, cujos
valores são bem inferiores ao contratado pelo município.

Assim, tendo o município, através do prefeito Márcio Lacerda, contratado com a empresa de
Vigilância Digital LTDA, sem prévia licitação e com sobre preço, restou demonstrado a ilegalidade e a
lesibilidade ao patrimônio público e a moralidade administrativa, motivo da presente ação popular

DA LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM E LEGITIMIDADE ATIVA PARA

A constituição Federal prevê a proteção do patrimônio público, moralidade administrativa, meio


ambiente e o patrimônio histórico cultural através da ação popular, elegendo como único a propô-la o
cidadão que, exceto na hipótese de má-fé, está isento do pagamento as custas e
sucumbência, nos termos do artigo 5, LXXIII, que foi regulamentado pela Lei 4717/65, que conceitua
que o cidadão como aquele que vota e pode ser votado, qualidade demonstrada através do título eleitoral
e comprovante de sua regularidade com TRE, conforme artigo 1º, parágrafo 3º.

Constituição Federal Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem


distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular

que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de

que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente

e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvocomprovada

má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; LEI Nº

4.717/65

Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou

a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do

Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades

autárquicas, de sociedades de economia mista (Constituição, art. 141,

§ 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os

segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais

autônomos,de instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o

tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta

por cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas

ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos

Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades

subvencionadas pelos cofres públicos. § 3º A prova da cidadania, para

ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral, ou com documento

que a ele corresponda.


No caso em comento, o autor apresenta seu título de eleitor nº xxxx, seção xxx. Zona
xx, bemcomo, a certidão negativa emitida pelo TRE comprovando a sua regularidade eleitoral,
sendo- o, portanto, pessoa legitima para propor a presente ação popular, que visa a proteção do
patrimônio público e da moralidade administrativa.

DO ATO ILEGAL

A constituição federal impõe a administração pública, antes de contratar a


obrigatoriedade de deflagar o procedimento licitatório, viabilizando a busca num universo de
possíveis proponentes, a melhor proposta para a contratação, executando, dessa exigência as
hipóteses de dispensa e inexigibilidade de licitação, conforme artigo 37, XXI, bem como Lei
14133/21, no seu artigo 2.

Constituição Federal:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer
dos Poderesda União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá
aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade
e eficiência e, também, ao seguinte: XXI - ressalvados os casos
especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações
serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure
igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas
da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências
de qualificação técnica eeconômica indispensáveis à garantia do
cumprimento das obrigações.

Lei. 14.133/21:Art. 2º Esta Lei aplica-se a: I - alienação e


concessão de direito real de uso de bens;
II - compra, inclusive por encomenda;
III - locação; IV - concessão e permissão de uso de bens
públicos;
V - prestação de serviços, inclusive os técnico-profissionais
especializados;
VI - obras e serviços de arquitetura e engenharia;
VII - contratações de tecnologia da informação e de
comunicação

No caso sub judice, o município de belo horizonte, através do prefeito Marcio Lacerda
contratoua compra e instalação de câmeras de monitoriamento para os bairros do município, com
a empresa vigilância digital LTDA, cujo o valor total do contrato é de 20.000.000,00 (Vinte
Milhões de reais) já tendo sigo paga a quantia de 2.000.000,00 ( dois milhões de reais), restando
nove parcelasde igual valor, contudo, o referido contrato não foi precedido de licitação, não
sendo hipótese de dispensa ou inexigibilidade do procedimento, o que leva o contrato para a
marginalidade, pois viola o artigo 37, XXI e Art. 2 , da Lei 14.133/2021, além de desatender os
princípios da legalidade, moralidadee eficiência, que norteiam a administração pública.

Ademais, além de legal, o malfadado contrato é superfaturado, pois os orçamentos


anexos, realizados pelo autor demonstram que o objeto do contrato é muito superior ao valor
praticado nomercado, evidenciando a ilegalidade e lesão ao patrimônio publico municipal e a
moralidade administrativa.
Maria Sylvia Zanella di Pietro11 observa:

Costuma-se dizer que o edital é a lei da licitação: é preferível


dizer que é a lei da licitação e do contrato, pois o que nele se
contiver deve ser rigorosamente cumprido, sob pena de
nulidade; trata-se de aplicação do princípio da vinculação ao
instrumento convocatório, previsto no art. 3º da Lei nº 8.666

Nossos tribunais vêm decidindo pela nulidade do contrato administrativo quando ausente
oprocedimento licitatório conforme acordoes abaixo colacionados

Ementa: ação civil pública por improbidade administrativa -


apelação - prescrição - inocorrência - interrupção pelo
ajuizamento da ação - descabimento de aplicação de prescrição
intercorrente - jurisprudência do colendo superior tribunal de
justiça - prova colhida no inquérito civil público- nulidade
inocorrência - mérito - concessão de benefícios fiscais, sem
autorização legal - concessão dos benefícios por ordem do réu -
presença do elemento anímico do dolo - conduta prevista no
artigo, 10, x, da lei 8.429/92 - improbidade reconhecida -
pagamento
de horas-extras a servidores, sem o controle do
registro de horas trabalhadas e em desacordo com a legislação
municipal - condutas previstas no artigo 10, incisos i, ix, xi e xii,
da lei n. 8.429/92 - negligência na tomada de medidas da correta
apuração e fiscalização da sobrejornada efetivamente prestada
pelos seridores municipais - presença do elemento anímico da
culpa grave - improbidade reconhecida
- pagamento de consultas excedentes, sem controle do registro
dos serviços efetivamente prestados - condutas previstas no
artigo 10, incisos i, ix, xi e xii, da lei n. 8.429/92 - negligência na
tomada de medidas da correta apuração e fiscalização das
consultas excedentes efetivamente realizadas - prática de
improbidade reconhecida - desaparecimento de equipamento de
informática de propriedade do município- ausência de provas de
que o desaparcimento do bem ocorreu no mandato do réu - ato de
improbidade não reconhecido - procedimento de dispensa de
licitação - contratação de transporte escolar - justificação da
dispensa em razão de atendimento de situação emergencial de
interesse público - art. 24, iv, da lei 8.429/93 - necessidade do
serviço para finalização do ano letivo - ausência de prova de má-
fé ou enriquecimento ilícito do gestor público - serviços prestados
- ausência de dano ao erário - conduta ímproba não reconhecida
- licitação de linha de ônibus escolar - homologaçã o e pagamento
de preço superior ao máximo permitido pelo edital - ausência de
justificativa - prejuízo ao erário
- conduta prevista no artigo 10, inciso viii, da lei n. 8.429/92 -

configuração - elemento anímico da culpa - improbidade


reconhecida - reembolso de despesas de alimentação e
hospedagem em viagens - ausência de detalhamento das despesas
- mera irregularidade - despesas e viagens realizadas no interesse
do município - ausência de prova de desvio ou malversação do
dinheiro público - improbidade não reconhecida -pagamento de
alimentação para médicos plantonistas - ausência de má-fé -
finalidade pública - improbidade afastada - contratação direta,
precedida de procedimento de inexigibilidade de licitaçao, de
assessoria e consultoria jurídica e contábil hipótese de inexigibilidade
de licitação - artigos 13, iii, e v, e 25, ii, § 1º, da lei 8.666/93-
ausência de publicação dos contratos - vício formal - ausência de
prova de prejuízo ao erário ou de enriquecimento indevido -
ausência de prova de dolo de vulneração dos princípios da
administração pública - prática de improbidade administrativa
afastada - aquisição de peças e serviços para veículos
automotores de propriedade do município - ausência de licitação
e de procedimento de dispensa - pagamento a empresa de
propriedade dos filhos do réu - dolo caracterizado - conduta
prevista no artigo 10, inciso viii, da lei n. 8.429/92 - penalidades-
necessidade de observância dos princípios constitucionais da
razoabilidade e proporcionalidade - ressarcimento ao erário -
decote dos valores relativos às condutas não considerada
ímprobas - multa civil - redução - cabimento- suspensão de
direitos políticos e proibição de contratar com o poder público-
redução - cabimento - provimento PARCIAL DO RECURSO.

1- A interrupção da prescrição, no caso da ação de


improbidade, interrompe-se com o mero ajuizamento da ação, sendo
irrelevante a data da citação, uma vez que não se aplica, no caso, a
prescrição intercorrente. Jurispr (TJMG - Apelação Cível
1.0528.06.000298- 7/001, Relator(a): Des.(a) Sandra Fonseca , 6ª
CÂMARA CÍVEL, julgamento em 26/03/2019, publicação da súmula
em 05/04/2019)

DA NECESSIDADE DE CONCESSAO DE LIMINAR

O artigo 5§4 da Lei 4.717/65, prevê a possibilidade do magistrado, a despachar a inicia,


deferir liminar para suspender o ato lesivo ao patrimônio público, exigindo para tanto, no caso
concreto,a demonstração do fumus boni iuris, e do Periculum in mora, art. 5§4 na defesa do
patrimonio público cabera a suspesao liminar do ato lesivo impugnado.
O fumus boni iuris restou demonstrado na ilegalidade do contrato, que não respeitou a
obrigatoriedade da previa licitação, violando os preceitos constitucionais e infraconstitucionais,
além de estar superfaturados, conforme bem demonstram os orçamentos anexos.
O periculum in moro, esta evidenciado no pagamento mensal das parcelas contratuais,
que cada mês o município liquida a quantia de R$2.000.000,00 (Dois milhões de reais) e , a caso
não suspenso o pagamento das mesmas, o prejuízo ao erário publico municipal sera
potencializado mensalmente, portanto, presente os requisitos que autorizam a concessão da
medida liminar para obstar opagamento das parcelas contratuais.

1. DOS PEDIDOS

Diante do exposto requer a V. EXA:

1. Seja concedida a Liminar, Initio Litis, para suspender o pagamento das parcelas bem como a execucao
do contrato , fixando multa diária para o caso de descumprimento da ordem
2. Seja os réus citados para, querendo no prazo legal, apresentarem contestação sob pena de revelia e
confissão
3. Seja dispensada audiência de conciliação por tratar-se de difuso que não comporta transação, nos termos
do artigo 334§4, II, CPC
4. Seja intimado Ministério publico para todos os atos e termos do processo
5. Seja julgado procedente o pedido , para anular o contrato celebrado entre Município e Empresa
Vigilância Digital LTDA, bem como condenar os réus, prefeito márcio Lacerda e Vigilância digital
LTDA, a devolverem as parcelas contratuais liquidadas, com Juros e correção monetária
6. Sejam os réus, prefeito márcio Lacerda e Vigilância digital LTDA, condenados das custas e honorários
advocatícios.
Protesta provar o legado por todos os meios de prova admitidos em direito.

Dá-se o valor da causa R$ 20.000.000 (Vinte milhões de reais )

Nesse termo pede deferimento.

Belo Horizonte , xx de abril de 2023

Advogado OAB XXX


Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da XX Vara de Fazenda
Publica Municipal de Belo Horizonte/ MG

Ministério Público do Estado de Minas Gerais, CNPJ, com sede na rua xx,bairro, cidade, estado
, cep, e- mail, vem respeitosamente perante Vossa excelência propor AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM
PEDIDO LIMINAR contra MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE, pessoa jurídica de direito
públicointerno, CNPJ, com sede na Rua, N º, Bairro, Cidade, Estado, CEP, e- mail, o PREFEITO
DE BELO HORIZONTE, Marcio de Lacerda, nacionalidade, estado civil,profissão, CPF, RG,
encontrado na sede profissional localizada em Rua n º, Bairro, Cidade, Estado, CEP, e- mail
e EMPRESA VIGILANCIA DIGITAL LTDA, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ, com
sede na rua n º, Bairro, Cidade,Estado, CEP, e- mail, pelos fatos e fundamento a seguir expostos
:

DOS FATOS

O autor é cidadão do Município de Belo Horizonte e, tomou conhecimento de ter o


município adquirido varias câmeras para monitoramento dos Bairros de Belo Horizonte , sem
a devida e previa licitação, com preços muitos superiores aos praticados pelo mercado, não
sendo hipóteses de dispensa ou inexigibilidade já tendo sido efetivado o pagamento da quantia
de R$10.000,00 (cem mil reais), o que corresponde a 10 % do contrato de R$1.000.000,00
(Um milhão de reais) , restando 09 (nove) parcelas igual ao valor

O superfaturamento foi detectado pelo autor através de três orçamentos por ele
realizados, cujos valores são bem inferiores ao contratado pelo município.
Assim, tendo o município, através do prefeito Márcio Lacerda, contratado com a empresa de
Vigilância Digital LTDA, sem prévia licitação e com sobre preço, restou demonstrado a
ilegalidade e a lesibilidade ao patrimônio público e a moralidade administrativa, motivo da
presente ação popular

DO DIREITO - DA LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM E DO CAMBIMENTO DA AÇÃO


CIVILPÚBLICA

No caso em comento, a lei 7347/ 85, que regulamenta a ação civil pública, temcomo
objetivo a tutela dos bens transindividuais, dentre eles , patrimônio publico, responsabilizando
civilmente por dano material e moral os atores envolvidos em sua lesão, nos termos do artigo
1, VIII, legitimando para propor- la dentro outros o ministério publico

Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da


ação popular, as ações de responsabilidade por
danos morais e patrimoniais causados: VIII – ao patrimônio
público e social.
Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principale a ação
cautelar: I - o Ministério Público;

No caso em comento, o contrato celebrado entre o município de belo horizonte e a


empresa vigilância digital LTDA não foi procedido do necessário procedimento licitatória, não
sendo hipótese ou inexigibilidade deste procedimento, levando o referido contrato para
marginalidade, além do mesmo estar super faturado, fato apurado no inquérito civil N 171/2022,
sendo o ministério publico pessoa legitima para propor a presente ação civil publica para
proteção do patrimônio publico municipal e responsabilizar civilmente os atores envolvidos,
nos termos dos Artigosacima citados

DO ATO ILEGAL E LESAO DO PATRIMONIO PUBLICO

A constituição federal impõe a administração pública, antes de contratar a obrigatoriedade de


deflagar o procedimento licitatório, viabilizando a busca num universo de possíveis
proponentes, a melhor proposta para a contratação, executando,dessa exigência as hipóteses de
dispensa e inexigibilidade de licitação, conforme artigo 37, XXI, bem como Lei 14133/ 21, no
seu artigo 2.

Constituição Federal:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
ao seguinte:

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,


serviços, compras e alienações serão contratados mediante
processo de licitação pública que assegure igualdade de
condições a todos os concorrentes, com cláusulas que
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições
efetivasda proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá
as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis
à garantia do cumprimento das obrigações.

Lei. 14.133/ 21:

Art. 2º Esta Lei aplica- se a:

alienação e concessão de direito real de uso de bens; compra,


inclusive por encomenda; locação; concessão e permissão de uso
de bens públicos; prestação de serviços, inclusive os técnico-
profissionais especializados; obras e serviços de arquitetura
engenharia; contratações de tecnologia da informação e de
comunicação

No caso sub judice, o município de belo horizonte, através do prefeito Marcio Lacerda
contratou a compra e instalação de câmeras de monitoramento para os bairros do município,
com a empresa vigilância digital LTDA, cujo o valor total do contrato é de 20.000.000,00
(Vinte Milhões de reais) já tendo sigo paga a quantia de 2.000.000,00 ( dois milhões de reais),
restando nove parcelas de igual valor

Contudo, o referido contrato não foi precedido de licitação, não sendo hipótese de
dispensa ou inexigibilidade do procedimento, o que leva o contrato para a marginalidade, pois
viola o artigo 37, XXI e Art. 2, da Lei 14.133/ 2021, além de desatender os princípios da
legalidade, moralidade e eficiência, que norteiam a administração pública
Ademais, além de legal, o malfadado contrato é superfaturado, pois os orçamentos
anexos, realizados pelo autor demonstram que o objeto do contrato é muito superior ao valor
praticado no mercado, evidenciando a ilegalidade e lesão ao patrimônio publico municipal e a
moralidade administrativa.

Maria Sylvia Zanella di Pietro11 observa:

Costuma- se dizer que o edital é a lei da licitação: é preferível dizer que é a lei da licitação e do
contrato, pois o que nele se contiver deve ser rigorosamente cumprido, sob pena de nulidade; trata-
se de aplicação do princípio da vinculação ao instrumento convocatório, previsto no art. 3º da Lei
nº8.666

Nossos tribunais vêm decidindo pela nulidade do contrato administrativo quando ausente o
procedimento licitatório conforme acordoes abaixo colacionados.

Ementa: ação civil pública por improbidade administrativa -


apelação - prescrição - inocorrência - interrupção pelo
ajuizamento da ação - descabimento de aplicação de prescrição
intercorrente - jurisprudência do colendo superior tribunal de
justiça - prova colhida no inquérito civil público- nulidade
inocorrência - mérito - concessão de benefícios fiscais, sem
autorização legal - concessão dos benefícios porordem do réu -
presença do elemento anímico do dolo - conduta prevista no
artigo, 10, x, da lei 8.429/92 - improbidade reconhecida –
pagamento de horas-extras a servidores, sem o controle do
registro de horas trabalhadas e em desacordo com a legislação
municipal - condutas previstas no artigo 10, incisos i, ix, xi e xii,
da lei n. 8.429/92 - negligência na tomada de medidas da correta
apuração e fiscalização da sobrejornada efetivamente prestada
pelos seridores municipais - presença do elemento anímico da
culpa grave - improbidade reconhecida - pagamento de consultas
excedentes, sem controle do registro dos serviços efetivamente
prestados - condutas previstas no artigo 10,incisos i, ix, xi e xii,
da lei n. 8.429/92 - negligênciana tomada de medidas da correta
apuração e fiscalização das consultas excedentes efetivamente
realizadas - prática de improbidade reconhecida -
desaparecimento de equipamento de informática de propriedade
do município- ausência de provas de que o desaparcimento do
bem ocorreu no mandato do réu - ato de improbidade não
reconhecido - procedimento de dispensa de licitação -
contratação de transporte escolar - justificação da dispensa em
razão de atendimento de situação emergencial de interesse
público - art. 24, iv, da lei 8.429/93 - necessidade do serviço para
finalização do ano letivo - ausência de prova de má-fé ou
enriquecimento ilícito do gestor público - serviços prestados -
ausência de dano ao erário - conduta ímproba não reconhecida -
licitação delinha de ônibus escolar - homologaçã o e pagamento
de preço superior ao máximo permitido pelo edital - ausência de
justificativa - prejuízo ao erário - conduta prevista no artigo 10,
inciso viii, da lei n. 8.429/92 - configuração - elemento anímico
da culpa -improbidade reconhecida - reembolso de despesas de
alimentação e hospedagem em viagens - ausência de
detalhamento das despesas - mera irregularidade - despesas e
viagens realizadas no interesse do município - ausência de prova
de desvio ou malversação do dinheiro público -improbidade não
reconhecida -pagamento de alimentação para médicos
plantonistas - ausência de má-fé - finalidade pública -
improbidade afastada - contratação direta, precedida de
procedimento de inexigibilidade de licitaçao, de assessoria e
consultoria jurídica e contábil - hipótese de
inexigibilidade de licitação - artigos 13, iii, e v, e 25,ii, § 1º, da
lei 8.666/93- ausência de publicação dos contratos - vício formal
- ausência de prova de prejuízo ao erário ou de enriquecimento
indevido -ausência de prova de dolo de vulneração dos princípios
da administração pública - prática de improbidadeadministrativa
afastada - aquisição de peças e serviços para veículos
automotores de propriedade do município - ausência de licitação
e de procedimento de dispensa - pagamento a empresa de
propriedade dos filhos do réu - dolo caracterizado - conduta
prevista no artigo 10, inciso viii, da lei n. 8.429/92 - penalidades-
necessidade de observância dos princípios constitucionais da
razoabilidade e proporcionalidade - ressarcimento ao erário -
decote dos valores relativos às condutas não considerada
ímprobas - multa civil - redução -cabimento- suspensão de
direitos políticos eproibição de contratar com o poder público-
redução - cabimento - provimento parcial do recurso.

1- A interrupção da prescrição, no caso da ação de improbidade,


interrompe-se com o mero ajuizamento da ação, sendo
irrelevante a data da citação, uma vez que não se aplica, no caso,
a prescrição intercorrente. Jurispr (TJMG
- Apelação Cível 1.0528.06.000298-7/001, Relator(a): Des.(a)
Sandra Fonseca , 6ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em
26/03/2019, publicação da súmula em 05/04/2019)
DA NECESSIDADE DE CONCESSAO DE LIMINAR

O artigo 12 da Lei 4.717/657347/85, prevê a possibilidade do magistrado, a despachar


a inicia, deferir liminar para suspender o ato lesivo ao patrimônio público, exigindo para tanto,
no caso concreto, a demonstração do fumus boni iuris , e do Periculum in mora, Art. 12. Poderá
o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em decisão sujeita a agravo.
O fumus boni iuris restou demonstrado na ilegalidade do contrato, que não respeitou a
obrigatoriedade da previa licitação, violando os preceitos constitucionais e Infraconstitucionais,
além de estar superfaturados, conformebem demonstram os orçamentos anexos.
O periculum in mora, esta evidenciado no pagamento mensal das parcelas contratuais,
que cada mês o município liquida a quantia de R$2.000.000,00(Dois milhões de reais) e , a caso
não suspenso o pagamento das mesmas, o prejuízo ao erário publico municipal sera
potencializado mensalmente, portanto, presente os requisitos que autorizam a concessão da
medida liminarpara obstar o pagamento das parcelas contratuais.
DOS PEDIDOS

Diante do exposto requer a V. EXA:

• Seja concedida a Liminar, Initio Litis, para suspender o pagamento das parcelas bem
como a execucao do contrato , fixando multa diária parao caso de descumprimento da
ordem
• Seja os réus citados para, querendo no prazo legal, apresentaremcontestação sob pena
de revelia e confissão
• Seja dispensada audiência de conciliação por tratar-se de difuso que não comporta
transação, nos termos do artigo 334§4, II, CPC
• Seja julgado procedente o pedido , para anular o contrato celebrado entre Município e
Empresa Vigilância Digital LTDA, bem como condenar os réus, prefeito márcio
Lacerda e Vigilância digital LTDA, a devolverem as parcelas contratuais liquidadas,
com Juros e correção monetária
• Sejam os réus, prefeito márcio Lacerda e Vigilância digital LTDA, condenados das
custas

Protesta provar o legado por todos os meios de prova admitidos em direitoDá- se o valor da

causa R$ 20.000.000 (Vinte milhões de reais)

Nesse termo pede deferimento

Belo Horizonte, 12 de abril de 2023

ADVOGADO - OAB
AO JUIZO DA VARA DO JUIZADO ESPECIAL DE FAZENDA
PÚBLICA DE BELO HORIZONTE/MG

Jóse da Silva, nacionalidade, estado civil, profissão, cpf, identidade, residente na rua, n, bairro,
cidade, estado, cep, email, vem respeirosamente perante vossa excelênica, por seu advogado
abaixo assinado, conforme procuração anexa,propor ação de indenização por dano material,
em face do município de belo horizonte, pessoa jurídica de direito público interno, cnpj,
residente na rua, n, bairro, cidade , estado, cep, e-mail, pelos fatos e fundamentos a seguir
expostos :

DOS FATOS
O autor estava trafegando no seu veículo, Fiat Palio placa GPX-9503, pela rodovia BR
381, sentido Sabará/BH, quando no km 171 foi violentamente abalroado pelo veículo Chevrolet
S10, placa GWA-8418, de propriedade do Munícipio de Belo Horizonte e dirigido pelo servidor
público Roberto Gardenal.

O acidente acima descrito causou danos no veículo do autor, que cauteloso que é,
realizou três orçamentos para consertá-lo, autorizando o serviço na oficina que menor valor
orçou, R$7.000,00 (sete mil reais), conforme nota fiscalanexa, valor que o réu deve reembolsar.

O acidente, descrito pela ocorrência da Polícia Rodoviária Federal n° 129/20,arrolou


três testemunhas que presenciaram o fato e apontam como causador do acidente, o motorista da
ré, que evadiu a contramão direcional, interceptando a trajetória do autor, culpa que também o
laudo n° 144/20, elaborado pelo Instituto de Criminalística da Polícia Civil, também concluiu.

Assim, inviabilizada a possibilidade de resolução amigável, o autor não teve outra


alternativa senão buscar o judiciário para reembolsá-lo o valor gasto como conserto de seu
veículo.

DO DIREITO

A Constituição Federal, no título “nos direitos e garantias fundamentais”, assegura a


vitima de dano o direito a indenização por dano material, moral ou a imagem, imputando ao
causador do dano a obrigação reparadora e, nocaso das pessoas jurídicas de direito público ou
pessoa jurídica de direito público privado prestadora de serviço público o dever de indenizar
quando causar dano ao terceiro, inclusive, independentemente de culpa, visto, ser asua atividade
fim potencialmente geradora de dano a terceiro, nos termos do art. 5, inciso V e X, que está
previsto também no arts. 43,186,187,927, parágrafo único do código civil brasileiro, conforme
abaixo transcrito

Constituição Federal de 1988;


Art. 5º (...);

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,


além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, asseguradoo direito a indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação;
Código Civil

Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são


civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa
qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo
contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa
ou dolo.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda queexclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular deum direito que,
ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu
fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e187), causar dano
a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, riscopara os direitos de outrem.

Nesse mesmo sentido, o Código Civil disciplina que as pessoas jurídicas de direito
público interno são civilmente responsáveis por danos que seus agentes,que nessa qualidade,
causem danos a terceiro, pois, o mesmo diploma legal disciplina ainda, que aquele que por ação
ou omissão, violar direito e causar dano ao outrem, ainda que exclusivamente moral, comete
ato ilícito e deve indenizar a vítima, conforme arts. 43, 186, 187 e 927, parágrafo único.

No caso em comento, o autor trafegava com seu veículo Fiat Palio placa GPX 9503, no
dia 02/12/2022, pela rodovia BR-381, sentido Sabará/BH, quando no km 171 teve a sua
trajetória interceptada pelo veículo Chevrolet S10, Placa GWA 8418, de propriedade do
município de Belo Horizonte dirigido pelo servidor público municipal, Roberto Gavernal,
que invadiu a contramão direcional eabalroou seu veículo, causando danos na frontal e lateral
esquerda.

O Instituto de Criminalística da Policia Civil apontou em seu laudo nº 144/22 que o


causador do acidente foi o motorista do réu, tendo o acidente também registrado pela Policia
Rodoviária Federal, ocorrência nº 129/22, que relacionou e qualificou três testemunhas que a
tudo presenciaram.

Portanto, demonstrado o dano, a conduta e o nexo de causalidade, deveo réu reembolsar


o autor na quantia de R$7.000,00 a título de dano material, conforme determina o art. 5º, inciso
V e X, da CF/88, e arts. 43, 186, 187, 927, parágrafo único, do Código Civil.

Tratando-se de acidente de veículo, aplica-se também o Código deTrânsito Brasileiro,


que prevê a obrigação do condutor ter domínio do seu veículo, dirigindo com atenção e cuidados
indispensáveis à segurança do trânsito e, quando for efetuar alguma manobra, deve certificar-
se de que pode faze-la em segurança para si e terceiros, nos termos do art. 28 e 34, cuidado queo
motorista do réu não observou, estando, inclusive, sujeito a multa prevista no art. 186, inciso I,
do mesmo diploma legal.

Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de seu


veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis à
segurança do trânsito.
Art. 34. O condutor que queira executar uma manobra deverá
certificar-se de que pode executá-la sem perigo para os demais
usuáriosda via que o seguem, precedem ou vão cruzarcom ele,
considerando sua posição, suadireção e sua velocidade.
Art. 186. Transitar pela contramão de direção em:
I - vias com duplo sentido de circulação, excetopara ultrapassar
outro veículo e apenas pelo tempo necessário, respeitada a
preferência doveículo que transitar em sentido contrário:

DO DANO MATERIAL

O autor, após o acidente, prudentemente, realizou três orçamentos emoficinas idôneas


e, naquela que menor valor orçou, executou o serviço de conserto de seu veículo, conforme
demonstra a nota fiscal anexa no valor deR$7.000,00 (sete mil reais), quantia que o réu deve
reembolsá-lo.

DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO RÉU

A responsabilidade civil no direito brasileiro, como regra, é a responsabilidade


subjetiva, que impõe a vítima o ônus de provar o dano, a conduta, o nexo de causalidade e a
culpa para imputar a obrigação reparadora ao causador do dano.
A exceção à regra, é a responsabilidade objetiva, também denominada teoria dorisco
administrativo, que dispensa a vítima de provar a culpa, presumindo-a pelofato da atividade fim
do Estado ser potencialmente geradora de danos a terceiros, bem como para facilitar a defesa da
vítima em juízo, visto ser a mesmaa parte hipossuficiente da relação litigiosa, nos termos do
artigo 37, §6º da CF, modalidade que deve ser aplicada ao caso sub judice.

artigo 37 (...);

§ 6º as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado


prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado
o direito de regresso contra o responsável noscasos de dolo ou
culpa.
Lecionando sobre a responsabilidade objetiva do Estado,
fundamentando a teoria da responsabilidade objetiva, SÍLVIO
RODRIGUES in Direito Civil, Volume IV, Editora Saraiva, 19ª
Edição, São Paulo, 2002, p. 10, assevera:

“Na responsabilidade objetiva a atitude culposa ou dolosa do


agente causador do dano é de menor relevância, pois, desde que
exista relação decausalidade entre o dano experimentado pela
vítima e oato do agente, surge o dever de indenizar, quer tenha
este último agido ou não culposamente.

A teoria do risco é a da responsabilidade objetiva. Segundo essa


teoria, aquele que, através de sua atividade, cria risco de dano
para terceiros deve ser obrigado a repará-lo, ainda que sua
atividade e seucomportamento sejam isentos de culpa. Examina-
se a situação, e, se for verificada, objetivamente, a relação de
causa e efeito entre o comportamento do agente e o dano
experimentado pela vítima, esta tem direito de ser indenizada por
aquele."

Nossos tribunais vêm decidindo pela responsabilidade civil objetiva em casos análogos,
conforme acórdãos abaixo colacionados:
Apelações cíveis - Ação de indenização - Responsabilidade civil
do Estado - Ressarcimentode danos decorrentes de acidente de
veículo - Sinistro envolvendo viatura policial - Dano e nexode
causalidade demonstrados - Dever deindenizar - Danos materiais
comprovados - Danosmorais - Mero aborrecimento - Recursos
não providos.
Nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição da República, as
pessoas jurídicas

de direito público respondem pelos danos que seus agentes, nessa


qualidade, causarem a terceiro.

Tratando-se de responsabilidade objetiva do ente estadual, é


prescindível a comprovação da culpa, sendo necessária apenas a
prova do dano e da relação de causalidade.

Demonstrado que o acidente que envolveu viatura policial


decorreu exclusivamente de ato do servidor público, e
comprovado o dano e nexo decasualidade, é patente o direito à
indenizaçãopelos danos materiais comprovadamente causados ao
veículo do autor.

Acidentes de trânsito sem vítimas e maiores repercussões


constituem meros aborrecimentos inaptos a ensejar a reparação
pordanos morais. (TJMG - Apelação Cível 1.0479.14.016082-
7/001, Relator(a): Des.(a) Marcelo Rodrigues , 2ª CÂMARA
CÍVEL, julgamento em 19/03/2019, publicação da súmula em
29/03/2019)

Ementa direito administrativo. responsabilidade civil.


acidente de trânsito. veículo de propriedade doestado. art.
37, § 6º, da constituição federal. fato e nexo causal
comprovados. incidência da súmula 279/stf. consonância
da decisãorecorrida com a jurisprudência cristalizada no
supremo tribunal federal. recurso extraordinário que não
merece trânsito. reelaboração da moldura fática.
procedimento vedado na instância extraordinária.
acórdão recorrido publicado em 1º.6.2013. 1. O
entendimento adotado pela Corte de origem, nos moldes
do assinalado na decisão agravada, não diverge da
jurisprudência firmada no âmbito deste Supremo
Tribunal Federal. Entender de modo diverso
demandaria a reelaboração da moldura fática delineada
no acórdão de origem, o que torna oblíqua e reflexa
eventual ofensa, insuscetível, como tal, de viabilizar o
conhecimento do recurso extraordinário. 2. Asrazões do
agravo regimental não se mostram aptas a infirmar os
fundamentos que lastrearam a decisão agravada. 3.
Agravo regimental conhecido e não provido.
(are 881873 agr, relator(a): min. rosa weber,
primeira turma, julgado em 26/05/2015, processo
eletrônico dje-111 divulg 10-06-2015 public 11-06-2015)

DOS PEDIDOS

Diante do exposto requer a Vossa Excelência

a) Seja o réu citado para, querendo, no prazo legal, apresentar contestaçãosob pena de revelia e
confissão;
b) Seja deferida assistência judiciaria ao autor, nos termos do artigo 98 doCPC;
c) Seja resignada audiência de conciliação;
d) Seja intimado Ministério Público para todos os atos do processo;
e) Seja julgado procedente o pedido para condenar o réu a reembolsar o autor a quantia de R$
7.000,00 (sete mil reais), acrescido de juros e correção desde o seu desembolso, a titulo de dano
material;
f) Seja o réu condenado ao pagamento das custas e honoráriosadvocatícios, caso o processo via
recursal;
Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidas dedireito.
Dá-se à causa o valor de R$ 7.000,00 (sete mil reais).

Nestes Termos pede deferimento

Belo Horizonte, xx, Março de 2023.


ADVOGADO – OAB
AO JUIZO DA XX VARA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DE BELO
HORIZONTE – SEÇÃO JUDICIAIRIA DE MINAS GERAIS
ANA PAULA, brasileira, estado civil, profissão, CPF....., identidade.,residente e domiciliada
na rua....., n°....., bairro....., cidade....., estado;CEP, endereço eletrônico., vem respeitosamente
perante a Vossa Excelência, por seu advogado abaixo assinado, conforme procuração anexa ,
Propor AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS C/C DANOS MORAIS
Em face de UNIÂO, pessoa jurídica de direito público Interno, CNPJ, com sedena rua.....,
n°....., bairro....., cidade....., estado...., CEP....., endereço eletrônico. , pelos fatos e
fundamentos a seguir exposto :

DOS FATOS

A autora sofreu um acidente automobilístico no dia 20/08/20, tendo sido socorrida pela
ambulância do SAMU, que a levou para o Hospital Federal JoãoBosco, localizado em Belo
Horizonte, onde foi atendida e, por conta de uma hemorragia abdominal interna foi submetida
a uma cirurgia.

Dois meses após a cirurgia a autora começou a sentir fortes dores abdominais, suspeitando os
médicos de apêndice supurado, tendo o exame de ultrassom descoberto que a causa das dores
foi o esquecimento de uma tesoura cirúrgicano interior do abdômen da autora, evidenciando o
erro médico sofrido.

A autora gastou R$30.000,00 (Trinta mil reais) para realizar a cirurgia de retirada da tesoura
cirúrgica do interior de seu abdômen, R$2.000,00 (dois mil reais) com exames, e R$1.200,00
(um mil e duzentos reais) com remédios, totalizando a quantia de R$33.200,00 (trinta e três mil
e duzentos reais), que o réu deve reembolsar a título de dano material, além dos danos morais
sofridos.Assim, tem a presente ação o objetivo de buscar a reparação pelos danos sofridos pela
autora a partir do erro médico ora denunciado, responsabilizandocivilmente a ré.

DO DIREITO

A Constituição Federal, no título “DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS”,


assegura o direito à indenização por dano material oumoral ou à imagem, decorrentes de sua
violação, seja por ato comissivo
ou omissivo, impondo ao causador do dano o dever de indenizar. Quanto às pessoas jurídicas de
direito público e pessoas jurídicas do direito privado prestadoras de serviço público, estas são
responsáveis pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, inclusive,
independentemente de culpa por tratar-se de responsabilidadeobjetiva, nos termos do art. 5º,
inc, V e X, previsão também estabelecida nos arts. 43, 186, 187, 927 e parágrafo único do
Código Civil, conforme abaixo transcritos:

CONSTITUIÇÃO FEDERALART. 5º [...];


V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,
além da indenização por dano material, moral ouà imagem;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação;
CÓDIGO CÍVIL

Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são


civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa
qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo
contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa
ou dolo
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar danoa outrem,
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de umdireito que,
ao exercê-lo, excede manifestamente oslimites impostos pelo seu
fim econômico ou social, pelaboa-fé ou pelos bons costumes.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano
a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

No caso em comento, a autora sofreu acidente automobilístico no dia 20/01/2023, sendo


socorrida pelo SAMU para o Hospital Federal João Bosco, onde detectada uma hemorragia
abdominal interna, a mesma foi submetida a uma cirurgia. Meses depois, a autora começou a
sentir fortes dores abdominais, o que a levou a realizar várias consultas médicas para investigar
aorigem da dor, utilizando-se de medicamentos, e fazendo vários exames, sendo detectada por
um ultrassom, a presença de uma tesoura cirúrgica no interior do seu corpo, motivo das dores
sofridas.

A autora gastou com medicamentos a quantia de R$ 1.200,00 (mil e duzentos reais), em


exames R$ 2.000,00 (dois mil reais), e R$ 30.000,00 (trinta mil reais)com a cirurgia para a
retirada da tesoura, motivo da presente ação indenizatória por danos materiais e morais, eis que
demonstrados o dano, a conduta e o nexo de causalidade, dispensando a prova da culpa por
tratar-se de Responsabilidade Objetiva ou Teoria do Risco Administrativo.
DO DANO MATERIAL

A partir das dores abdominais, a autora começou a fazer consultas médicas e exames
para investigar a causa, gastando a quantia de R$2.000,00 (Dois mil reais) com exames,
R$1.200,00 (um mil e duzentos reais) com remédios, e pararetirar a tesoura do abdômen, gastou
R$30.000,00 (Trinta mil reais), sendo assim gastando o valor de totalizando a quantia de
R$33.200,00 (trinta e três mil e duzentos reais) valores que a ré deve ser condenada a reembolsá-
la, a título dedanos materiais, com o devido acréscimo de juros e correção a partir dodesembolso
dos numerários

DO DANO MORAL

O Dano Moral é a lesão à personalidade da pessoa humana, que ultrapassa a dor física,
que causa dor na alma, causa angústia, sofrimento, depressão, em face de um ato ou omissão
praticado por outrem.

Conceituando Dano Moral, O dano moral é aquele que fere a


alma, causa sofrimento, angústia, bens pertencentes a
personalidade humana. Segundo leciona Carlos Roberto
Gonçalves:
“Dano moral é o que atinge o ofendido como pessoa, não
lesando seu patrimônio. É lesão de bem que integra os direitosda
personalidade, como a honra, a dignidade, intimidade, a
imagem, o bom nome, etc., como se infere dos art. 1º, III, e 5º, V
e X, da Constituição Federal, e que acarreta ao lesado dor,
sofrimento, tristeza, vexame e humilhação”. GONÇALVES,
Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 3. ed. rev. e atual. São
Paulo: Saraiva, 2008. v. IV.
No caso sub judice, o esquecimento do instrumental cirúrgico dentro do abdômen da autora,
além da dor física causada, também trouxe grande sofrimento e angústia, pois até descobrir,
através de consultas médicas e exames o motivo da dor, vários foram as hipóteses de
diagnóstico, cada um mais grave que o outro, causando grande abalo psicológico à autora, dano
moral que a ré deve indenizar, considerando a condição socioeconômico das partes, a gravidade
dos fatos e sua repercussão, de forma que o valor arbitrado alcance o caráter pedagógico,
punitivo ecompensatório.

Nesse sentido, vem decidindo nossos tribunais, conforme acórdão abaixo colacionado:
Ementa: reexame necessário. apelação cível. ação de
indenização. preliminar de inépcia da petição inicial. ausência
de exposição dos fatos e dos fundamentos jurídicos.
acolhimento. extinçãoparcial do feito, sem resolução de mérito.
ação deindenização. município de contagem. erro médico.
responsabilidade civil subjetiva. amputação daperna. danos
morais e estéticos caracterizados. possibilidade de cumulação.
quantificação.
a exposição fática e jurídica, que lastreia o pedido autoral, é
requisito imprescindível, constituindo importante capítulo da
peça de ingresso, pois possibilita ao réu o exercício, de forma
plena e ampla, do direito ao contraditório e à ampla defesa.
não trazendo a petição inicial os fundamentos fáticos e jurídicos
que amparam os pedidos de indenização por danos materiais,
lucros cessantes e pensionamento mensal, impõe-se, quanto aos
referidos pleitos, a extinção do feito, sem resolução demérito.
a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público
é, em regra, objetiva - independente de prova de culpa, porque
amparada na teoria do risco administrativo, prevista no art.37, §
6º da constituição da república federativa do brasil de 1.988.
quando o fato danoso se deve a uma omissão, decorrente de
"faute du service" (o serviço não funcionou, funcionou atrasado
ou funcionou de forma ineficiente), aplica-se a teoria da
responsabilidade subjetiva.
embora a medicina não encerre uma atividade de resultadocerto
e positivo, implicando sempre na melhora do quadro clínico, o
tratamento correto e satisfatório, com o diagnóstico preciso da
doença, é um direito assegurado ao paciente e um dever do
profissional que o assiste
demonstrado nos autos o liame de causalidade entre o
tratamento médico inadequado e ineficiente prestado pela
instituição hospitalar municipal e o resultado danoso
(amputação da perna esquerda do paciente), caracterizados se
encontram os elementos da responsab ilidade do ente público,
ensejando areparação dos danos morais e estéticos advindos de
sua conduta antijurídica culposa.
surgem os prejuízos extrapatrimoniais, em regra, daviolação
aos direitos da personalidade, tutelados juridicamente(imagem,
nome, honra, integridade física, privacidade e outros),
concretizando-se "in re ipsa". também se verifica a sua
configuração quando a conduta antijurídica, dada a sua
dimensão,é capaz de romper a paz, a rotina e a tranquilidade da
vida da vítima, expondo-a a intenso sofrimento psíquico e
emocional, situação esta que deve ser comprovada.
os danos estéticos originam-se do sentimento de repulsa
causado por determinada deformidade física (alteração
morfológica), expondo o seu portador a intenso sentimento de
inferiorização.
à luz da súmula nº 387 do colendo superior tribunal de justiça,
"é lícita a cumulação das indenizações de dano estético edano
moral".
na mensuração do "quantum" reparatório por danos moraise
estéticos, deve o julgador se ater aos critérios de razoabilidade e
da proporcionalidade, para que a medida não represente
enriquecimento sem causa da parte que busca a indenização,
bemcomo para que seja capaz de atingir seu caráter
pedagógico,coibindo a prática reiterada da conduta lesiva por
seu
causador. (tjmg - ap cível/rem necessária
1.0079.13.071888-9/001, relator(a): des.(a) ana paula caixeta ,
4ª câmara cível, julgamento em 04/04/0019, publicação da
súmula em 09/04/2019)

DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA REQUERIDA

A responsabilidade civil no Brasil, como regra geral, é a responsabilidade subjetiva, onde para
imputar ao causador do dano a obrigação indenizatória, é necessário demonstrar o dano, a
conduta, a culpa e o nexo causal. A exceção à regra, é a responsabilidade objetiva, também
denominada Teoria do Risco Administrativo, que dispensa a prova de culpa, bastando que a
vítima comprove apenas o dano, a conduta e o nexo causal entre uma e outra, tomando como
base que a atividade fim do Estado é potencialmente geradora de dano a outrem, bem como, a
dispensa da culpa facilita a defesa do cidadãoem juízo, presumindo-a, modalidade que deve ser
aplicada ao caso sub judice, conforme determina o art. 37 §6º, da CF

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade,publicidade e eficiência e, também,
ao seguinte:

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado


prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
direito
de regresso contra o responsável nos casos de doloou
culpa

Nossos tribunais entendem pela responsabilidade objetiva do Estado em casosanálogos,


conforme os acórdãos abaixo colacionados:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE


REPARAÇÃODE DANOS MORAIS.
PRELIMINAR - REVOGAÇÃO DA GRATUIDADE
JUDICIÁRIA - PRECLUSÃO.

Embora a Constituição da República assegure o amplo


acesso à justiça, a gratuidade deve ser deferida apenas
àqueles que dela necessitam, atendendo-se, assim, ao
princípio da isonomia.
Na esteira do entendimento deste e. Tribunal de Justiça
está caracterizada a preclusão do direito do apelado de
requerer, em sede de contrarrazões, a revogação da
gratuidade judiciária deferida à apelante logo no princípio
do processo, se não o fez em momento anterior, com a
apresentação de impugnação, e não há fatos
supervenientes que indiquem modificação na situação
econômica da recorrente.
Preliminar rejeitada.
MÉRITO - ERRO MÉDICO - LOCALIZAÇÃO DE
CORPO ESTRANHO NO ORGANISMO DA
PACIENTE - ESQUECIMENTO DE GAZES QUANDO
DA REALIZAÇÃO DE CESÁREA NA REDE
PÚBLICA DE SAÚDE - IMPERÍCIA E
NEGLIGÊNCIA DO MÉDICO - COMPROVAÇÃO -
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DOMUNICÍPIO -
LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ - DOLO NÃO
DEMONSTRADO.
Considerando a presença de elementos probatórios a
evidenciarem que o corpo estranho localizado no
organismo da postulante se tratava de gazes, que foram
esquecidas quando da realização de cesariana na rede
pública de saúde, imperiosa a responsabilização dos
requeridos pelo sofrimento que a situação ocasionou à
autora.
Imperícia e negligência do profissional que realizou o
atendimento e inadequação do serviço prestado pelo
hospital.
Não comprovado o dolo da parte, descabe a condenação
por litigância de má-fé.
Recurso parcialmente provido.(TJMG - Apelação
Cível 1.0621.10.002873-0/001, Relator(a):
Des.(a) José Eustáquio Lucas Pereira (JD
Convocado) , 5ª CÂMARA CÍVEL, julgamento
em 22/11/0018, publicação da súmula em
26/11/2018)

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer à V. Excelência:

• Seja a ré citada para, querendo, no prazo legal, apresentar contestaçãosob pena


de revelia e confissão;

• Seja deferida a assistência judiciária à autora, nos termos do art.98, do CPC;

• Seja designada a audiência de conciliação;

• Seja intimado o Ministério Público Federal para todos os atos e termos do


processo;

• Seja julgado procedente o pedido para condenar a ré a reembolsar à autora a


quantia de R$33.200,00 (trinta e três mil e duzentos reais), a título de danos
materiais, acrescido de juros e correção.

• Seja também julgado procedente o pedido para condenar à ré a indenizara autora


pelos danos morais sofridos, em valor a ser arbitrado por V. Exa., considerando
a condição socioeconômica das partes, a gravidade do dano e suarepercussão, de
forma que o valor da indenização atinja o caráter punitivo, pedagógico e
compensatório, em valor não inferior a R$10.000,00 (dez mil reais)

Seja a ré condenada ao pagamento das custas e honorários advocatícios,caso o processo


atinja a via recursal.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito.

Dá-se à causa o valor de R$ 43.200,00 (quarenta e três mil e duzentos reais)).

Neste termos, pede - se deferimento.

Belo Horizonte, xx de junho de 2023

ADVOGADO - OAB
AO JUIZO DA XX VARA DE FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL DA
COMARCA DE BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS

JOÃO AUGUSTO, brasileiro, estado civil, taxista, CPF..., identidade..., residente e


domiciliada na rua..., n°..., bairro..., cidade..., estado..., CEP..., endereço eletrônico..., vem
respeitosamente perante a Vossa Excelência, por seu advogado abaixo assinado, conforme
procuração anexa, Propor AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS C/C
DANOS MORAIS E LUCROS CESSANTES em face do ESTADO DE MINAS GERAIS,
pessoa jurídica de direito público Interno, CNPJ, com sede na rua..., n°..., bairro..., cidade...,
estado..., CEP..., endereço eletrônico..., pelos fatos e fundamentos a seguir exposto :

DOS FATOS

O autor estava trafegando no seu veículo, Fiat Palio placa GPX-9503, pela rodovia BR 381,
sentido Sabará/BH, quando no km 171 foi violentamente abalroado pelo veículo Chevrolet S10,
placa GWA-8418, de propriedade do Munícipio de Belo Horizonte e dirigido pelo servidor
público Roberto Gardenal.

O acidente acima descrito causou danos no veículo do autor, que cauteloso que é, realizou três
orçamentos para consertá-lo, autorizando o serviço na oficina que menor valor orçou,
R$7.000,00 (sete mil reais), conforme nota fiscal anexa, valor que o réu deve reembolsar.

O acidente, descrito pela ocorrência da Polícia Rodoviária Federal n° 129/20, arrolou três
testemunhas que presenciaram o fato e apontam como causador do acidente, o motorista da ré,
que evadiu a contramão direcional, interceptando a trajetória do autor, culpa que também o
laudo n° 144/20, elaborado pelo Instituto de Criminalística da Polícia Civil, também concluiu.

Assim, inviabilizada a possibilidade de resolução amigável, o autor não teve outra alternativa
senão buscar o judiciário para reembolsá-lo o valor gasto como conserto de seu veículo.

DO DIREITO
A Constituição Federal, no título “DOS
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS”,
assegura o direito à indenização por dano material ou
moral ou à imagem, decorrentes de sua violação, seja por
ato comissivo ou omissivo, impondo ao causador do dano
o dever de indenizar a vítima. Quantoàs pessoas jurídicas
de direito público e pessoas jurídicas do direito privado
prestadoras de serviço público, estas são responsáveis
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem
a terceiros, inclusive, independentemente de culpa por
tratar-se de responsabilidade objetiva, nos termos do art.
5º, inc, V e X, previsão também estabelecida nos Arts. 43,
186, 187, 927 e parágrafo único do Código Civil,
conforme abaixo transcritos:
CONSTITUIÇÃO FEDERALART. 5º [...];

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao


agravo, além da indenização por dano material, moral ou
àimagem;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e


aimagem das pessoas, assegurado o direito a indenização
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

CÓDIGO CIVIL

Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno


são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que
nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado
direito regressivo contra os causadores do dano, se
houver, porparte destes, culpa ou dolo

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano
a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um


direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostospelo seu fim econômico ou social, pela
boa-fé ou pelos bons costumes.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e
187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-
lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o


dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade
normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de
outrem.

No caso em comento, o autor fraturou a costela durante uma partida de futebol e, socorrido ao
hospital público estadual do Município de Belo Horizonte, foi submetido a uma intervenção
cirúrgica. Seis meses após a cirurgia o autor ainda sentia dores abdominais, motivo de ter se
submetido a várias consultas médicas, exames e medicamentos, até que no exame de ultrassom
detectou a presença de uma pinça cirúrgica no interior de seu corpo, razão das dores sofridas.
Desta forma demonstrado o dano, a conduta e o nexo de causalidade, deve o réu responsabilizar-
se civilmente pelo dano material, moral e lucros cessantes sofridos, conforme legislação supra
mencionada.
DO DANO MATERIAL

O autor, para investigar as dores sofridas, gastou a quantia de R$20.000,00 (vintemil reais),
com consultas médicas, exames e medicamentos, conforme notasfiscais anexas, quantia
que o réu deve reembolsá-lo a título de dano material.

DO LUCRO CESSANTE

O autor exerce a atividade de taxista, vivendo das tarifas cobradas pela concessãodo transporte
público municipal em carro particular e, diante da impossibilidade de trabalhar por 6 meses,
devido às dores causadas pela pinça cirúrgica presenteno interior de seu corpo, deixou de faturar
mensalmente R$10.000,00 (dez mil reais), conforme demonstram a declaração de imposto de
renda de pessoa física anexa e documento da BHTRANS, totalizando o lucro cessante de
R$60.000,00 (sessenta mil reais).

o Art.402 do Código Civil prevê que as perdas e danos abrangem não só o que avítima de dano
efetivamente perdeu, mas também o que a mesma deixou de
ganhar, devendo o réu reembolsar ao autor a quantia de R$60.000,00 (sessentamil reais) de
lucros cessantes.
Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor
abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
É nesse sentido que vem decidindo nossos tribunais conforme acórdãos abaixocolacionados:
taxista, lucro cessante, estado

II.I - DO DANO MORAL

O Dano Moral é a lesão à personalidade da pessoa humana, que ultrapassaa dor física,
que causa dor na alma, causa angústia, sofrimento, depressão, em face de um ato ou omissão
praticado por outrem.
Conceituando Dano Moral, Carlos Roberto Gonçalves
ensina ser aquele que fere a alma, causa sofrimento,
angústia, bens pertencentes à personalidade humana.
“Dano moral é o que atinge o ofendido como pessoa, não
lesando seu patrimônio. É lesão de bem que integra os
direitos da personalidade, como a honra, a dignidade,
intimidade, a imagem, o bom nome, etc., como se infere
dos art. 1º, III, e 5º, V e X, da Constituição Federal, e
que acarreta ao lesado dor, sofrimento, tristeza, vexame e
humilhação”. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito
civil brasileiro. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva,
2008. v. IV.

No caso sub judice, o esquecimento do instrumental cirúrgico dentro do abdômen do


autor, além da dor física causada, também trouxe grande sofrimentoe angústia, pois até descobrir,
através de consultas médicas e exames o motivo dador, vários foram as hipóteses de diagnóstico,
cada um mais grave que o outro, causando grande abalo psicológico ao autor, dano moral que a
réu deve indenizá-lo, considerando a condição socioeconômica das partes, a gravidade dos fatos
e sua repercussão, de forma que o valor arbitrado alcance o caráter pedagógico, punitivo e
compensatório da indenização.

Nesse sentido, vem decidindo nossos tribunais, conforme acórdão abaixo


colacionado:

III – DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO RÉU

A responsabilidade civil no Brasil, como regra geral, é a responsabilidade subjetiva,


onde para imputar ao causador do dano a obrigação indenizatória, é necessário demonstrar o
dano, a conduta, a culpa e o nexo causal. A exceção à regra, é a responsabilidade objetiva,
também denominada Teoria do Risco Administrativo, que dispensa a prova da culpa, bastando
que a vítima comproveapenas o dano, a conduta e o nexo causal entre uma e outra, tomando
como baseser a atividade fim do Estado potencialmente geradora de dano a outrem, bem como,
a dispensa da prova da culpa facilitar a defesa do cidadão em juízo, presumindo-a, modalidade
que deve ser aplicada ao caso sub judice, conforme determina o art. 37, §6º, da CF
Art. 37. A administração pública direta e indireta de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte:
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
privado prestadoras de serviços públicos responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem
a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa.

Nossos tribunais entendem pela responsabilidade objetiva do Estado em casos análogos,


conforme os acórdãos abaixo colacionados:
Ementa: apelação cível - ação de reparação de danos
morais. Preliminar - revogação da gratuidade judiciária -
preclusão.

embora a constituição da república assegure o amplo


acesso à justiça, a gratuidade deve ser deferida apenas
àqueles que dela necessitam, atendendo-se, assim, ao
princípio da isonomia.
na esteira do entendimento deste e. tribunal de justiça está
caracterizada a preclusão do direito do apelado de
requerer, em sede de contrarrazões, a revogação da
gratuidade judiciária deferida à apelante logo noprincípio
do processo, se não o fez em momento anterior, com a
apresentação de impugnação, e não há fatos
supervenientes que indiquem modificação na situação
econômica da recorrente. preliminar rejeitada.
mérito - erro médico - localização de corpo estranho no
organismo da paciente - esquecimento de gazes quando
da realização de cesárea na rede pública de
saúde - imperícia e negligência do médico -
comprovação - responsabilidade objetiva do
município - litigância de má-fé - dolo não
demonstrado.
considerando a presença de elementos probatórios a
evidenciarem que o corpo estranho localizado no
organismo da postulante se tratava de gazes, que foram
esquecidas quando da realização de cesariana na rede
pública de saúde,
imperiosa a responsabilização dos requeridos pelo
sofrimento que a situação ocasionou à autora.
imperícia e negligência do profissional que realizou o
atendimento e inadequação do serviço prestado pelo
hospital.
não comprovado o dolo da parte, descabe a
condenação por litigância de má-fé.
recurso parcialmente provido. (tjmg - apelação cível
1.0621.10.002873-0/001, relator(a): des.(a) josé
eustáquio lucas pereira (jd convocado) , 5ª câmara cível,
julgamento em 22/11/0018, publicação da súmula em
26/11/2018)

IV - DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer à V. Excelência:

• Seja o réu citado para, querendo, no prazo legal, apresentar contestação,sob pena de
revelia e confissão;

• Seja deferida a assistência judiciária ao autor, nos termos do Art.98, do CPC;

• Seja designada a audiência de conciliação;

• Seja intimado o Ministério Público para todos os atos e termos do processo;

• Seja julgado procedente o pedido para:

• condenar o réu a reembolsar o autor a quantia de R$20.000,00 (vinte milreais), a título


de danos materiais, acrescido de juros e correção.

• condenar o réu a indenizar o autor pelos lucros cessantes sofridos no valor de


R$60.000,00 (sessenta mil reais) acrescidos de juros e correção;

• condenar o réu pelo dano moral causado ao autor, em valor a serarbitrado por V.Exa.,
considerando a condição socioeconômica das partes, a gravidade do dano e sua
repercussão, em valor não inferior a R$10.000,00 (dez mil reais);

Seja o réu condenado ao pagamento das custas e honorários advocatícios.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos emdireito.


Dá-se à causa o valor de R$90.000,00 (noventa mil reais).

Neste termos, Pede eferimento.

Belo Horizonte, xx de maio de 2023


ADVOGADO OAB XXX
AO JUIZO DA XX VARA DE FAZENDA PÚBLICA MUNICIPAL DA COMARCA DE BELO
HORIZONTE -MINAS GERAIS

PONTO DO PÃO LTDA, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ..., com sede na rua Rodrigues
Caldas, 1.500, bairro Santo Agostinho, Belo Horizonte/ MG, CEP, endereço eletrônico. , vem
respeitosamente perante V. Exa., por seu advogado abaixo assinado, conforme procuração anexa,
propor AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL C/C DANOS MORAIS E
LUCRO CESSANTE em face do MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE, pessoa jurídica de
direito público interno, CNPJ..., com sede na rua..., nº. , bairro..., cidade...,estado .., CEP. ,
endereço eletrônico, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

DOS FATOS

A padaria PONTO DO PÃO LTDA, localizada na Rua Rodrigues Caldas, 1500 - Bairro
Santo Agostinho/BH - MG, tem na frente de sua entrada (no passeio) uma árvore Pau Óleo,
que está com o interior de seu tronco oco em face de uma infestação de cupim, motivo pelo
qual seu proprietário,
Anderson Santos, foi diversas vezes à Prefeitura de Belo Horizonte solicitar sua
poda, tendo esta, após vistoria no local, indeferido seu pleito sob o argumento de que a
árvore não oferece risco à coletividade.
No dia 20/01/23 caiu uma forte chuva no final da tarde vindo a referida árvore tombar sobre
o telhado da padaria, danificando-o, impedindo seu funcionamento por 30 dias. Foi gasta a
quantia de R$60.000,00 (sessenta mil reais) para consertar o telhado da padaria e seu livro
caixa demonstra o faturamento médio diário de R$15.000,00 (quinze mil reais), o que
também está registrado na declaração de imposto de renda da sociedade empresária.
I.
II. DO DIREITO

A Constituição Federal prescreve a possibilidade de indenização por danos


sofridos aos bens tutelados pelo direito, inclusive o dano moral e a imagem, conforme
art.5°, inciso V e X.
Constituição Federal Art. 5° (...)
V- é assegurado o direito de resposta, proporcional ao
agravo, além da indenização por dano material, moral ou
à imagem;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra
e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação;

Não podendo de esquecer que as pessoas jurídicas e também as de direito privado


prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também,
ao seguinte:
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as
de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa.

Nesse mesmo sentido, o Código Civil Brasileiro disciplina que as pessoas


jurídicas de direito público, e as de direito privado prestadoras de serviço público que, nessa
qualidade, causarem dano a terceiro, por ação ou omissão, ficam obrigadas a repará-lo,
cabendo ação regressiva contra o seu preposto, conforme art. 43, 186, 187 e 927, parágrafo
único.
Código Civil/2002
Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno
são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes
que nessa qualidade causem danos a terceiros,
ressalvado direito regressivo contra os causadores do
dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão
voluntária,negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,
comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um
direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela
boa-fé ou pelos bons costumes.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados
em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida
pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para
os direitos de outrem.

No caso em comento, a autora teve o telhado de sua sede destruído por uma
árvore que caiu por omissão do réu, que negou suprimi-la, apesar da mesma estar infestada de
cupim e ameaçar a segurança dos transeuntes e também dos imóveis, causando-lhe os danos
ora reclamados, seja a título de dano material, moral e lucro cessante, demostrados o dano, a
conduta e o nexo causal, dispensando a prova da culpa por tratar-se de responsabilidade
objetiva.

DO DANO MATERIAL

A queda da árvore sobre a sede da autora, danificou todo o seu telhado, além de danos
ocorridos no interior da loja, gastando a autora quantia de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais)
para consertar o telhado e demais danos, conforme notas fiscais anexas, que o réu deve
reembolsá-lo a título de dano material.

DO LUCRO CESSANTE

O dano material engloba além do que efetivamente se perdeu, também o que efetivamente se
deixou de lucrar, conforme disciplina o artigo 402 do Código Civil Brasileiro.

Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos


devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que
razoavelmente deixou de lucrar.

No caso sub judice, a autora ficou com as portas fechadas por 30 dias, deixando
de faturar R$ 15.000,00 (quinze mil reais) diários, quantia atestada pelo livro caixa e
declaração de imposto de renda da pessoa jurídica, ambos em anexo, lucros cessantes
que o réu deve indenizar à autora.

Neste sentido, vêm decidindo nossos tribunais:

ementa: apelação. ação de indenização por


danos morais e materiais. construção de usina
hidrelétrica. prejuízo para a atividade pesqueira.
responsabilidade civil objetiva por ato lícito. teoria
do risco social. dano moral configurado.
arbitramento do quantum. -
a concessionária de serviço público que
constrói, instala e explora usina hidrelétrica
responde objetivamente pelos danos
causados a terceiros, conforme dicção do
art. 37, § 6°, da carta magna, e do art. 14, §
1°, da lei n° 6.938/1981. - a teoria do risco
administrativo, encampada pelo
ordenamento jurídico brasileiro, preceitua
que os ônus e bônus advindos da
administração pública das estruturas
coletivas devem ser repartidos e assumidos
por todos, não sendo razoável que apenas
uma pessoa ou um grupo específico seja
onerado de forma acentuada em benefício
dos demais membros do corpo social. -
comprovado nos autos que a instalação de
usina hidrelétrica gerou efeitos perniciosos à
qualidade da atividade pesqueira, reduzindo
drasticamente a renda mensal familiar de
pescadores profissionais que antes
exploravam o local, deve o estado (ou quem
atue por delegação) compensar o lucro
cessante havido, bem como reparar o abalo
moral decorrente da aflição causada,
refletida na queda brusca da capacidade de
sustento familiar e incerteza quanto ao
futuro. - o arbitramento econômico do dano
moral deve ser realizado com moderação,
em atenção à realidade da vida e às
peculiaridades de cada caso,
proporcionalmente ao grau de culpa e ao
porte econômico das partes. ademais, não
se pode olvidar, consoante parcela da
jurisprudência pátria, acolhedora da tese
punitiva acerca da responsabilidade civil, da
necessidade de desestimular o ofensor a
repetir o ato. v.v: não tendo a parte autora
comprovado que fora prejudicada pela
construção da hidrelétrica, não faz jus à
indenização pleiteada. (tjmg - apelação cível
1.0467.12.000221- 8/001, relator(a): des.(a)
cláudia maia , 14ª câmara cível, julgamento
em
05/11/2015, publicação da súmula em
18/11/2015)

DO DANO MORAL

O dano moral é aquele que fere a alma, causa sofrimento, angústia, bens pertencentes a
personalidade humana.
Segundo leciona Carlos Roberto Gonçalves:
Dano moral é o que atinge o ofendido como pessoa, não
lesando seu patrimônio. É lesão de bem que integra os
direitos da personalidade, como a honra, a dignidade,
intimidade, a imagem, o bom nome, etc., como se infere
dos art. 1º, III, e 5º, V e X, da Constituição Federal, e que
acarreta ao lesado dor, sofrimento, tristeza, vexame e
humilhação. (GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil
brasileiro. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008.
v. IV).

Já quanto a pessoa jurídica, o dano moral afeta o seu bom nome e a sua imagem na
sociedade, que integram seu patrimônio e valor comercial, bens indenizáveis.
No caso, o fechamento da autora por 30 dias lesionou sua boa fama e bom nome junto à
comunidade local causando-lhe o dano moral ora reclamado, cujo o arbitramento deve
considerar a condição socioeconômica das partes, legalidade dos danos e sua repercussão,
em valor que cumpra o papel compensatório, bem como caráter pedagógico e punitivo.
Quanto à possibilidade de a pessoa jurídica sofrer dano moral, o Superior Tribunal de
Justiça, já pacificou o tema emitindo a súmula 227. Súmula: 227 A pessoa jurídica pode
sofrer dano moral

DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO

A responsabilidade civil no Brasil, como regra geral, é a responsabilidade subjetiva, onde


para imputar ao causador do dano a obrigação indenizatória, é necessário demonstrar o
dano, a conduta, a culpa e o nexo causal. A exceção à regra, é a responsabilidade objetiva,
também denominada Teoria do Risco Administrativo, que dispensa a prova de culpa,
bastando que a vítima comprove apenas o dano, a conduta e o nexo causal entre uma e
outra, tomando como base que a atividade fim do Estado é potencialmente geradora de dano
a outrem, bem como, a dispensa da culpa facilitar a defesa do cidadão em juízo,
presumindo-a,
modalidade que deve ser aplicada ao caso sub judice, conforme determina o art. 37
§6º, da CF
Nossos tribunais entendem pela responsabilidade objetiva do Estado em casos análogos,
conforme os acórdãos abaixo colacionados:

EMENTA: CIVIL. ADMINISTRATIVO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO -


QUEDA DE ÁRVORE SOBRE VEÍCULO AUTOMOTOR - DANO MATERIAL
CARACTERIZADO - APELO DESPROVIDO

- A responsabilidade civil do Estado por


conduta omissiva é objetiva. Precedente do STF.

- Reconhece-se o direito do autor em ser


indenizado pelos prejuízos materiais sofridos em razão de queda de árvore existente
em via pública sobre seu veículo, notadamente quando os elementos dos autos
indicam ter a Administração falhado no dever de cuidado objetivo quanto à
conservação
de seu patrimônio urbanístico.(TJMG - Apelação Cível 1.0024.14.274620-
5/001, Relator(a): Des.(a) Alberto Vilas Boas ç, 1ª
CÂMARA CÍVEL, julgamento em 22/05/2018, publicação da súmula em
04/06/2018)

III – DOS PEDIDOS


Diante do exposto, requer à V. Excelência:
a) Seja o réu citado para, querendo, no prazo legal, apresentar contestação sob pena de
revelia e confissão;
b) Seja designada a audiência de conciliação;
c) Seja intimado o Ministério Público para todos os atos e termos do processo;
d) Seja julgado procedente o pedido para:
a. Condenar o réu a reembolsar à autora a quantia de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) a
título de danos materiais, acrescido juros e correção, desde o seu desembolso;
b. Condenar o réu a pagar à autora o lucro cessante de R$ 450.000,00 (quatrocentos e
cinquenta mil reais), acrescidos de juros e correção monetária;
c. Condenar o réu a indenizar à autora pelos danos morais sofridos, em valor a ser arbitrado
por V. Exa., considerando a condição socioeconômica das partes, a gravidade do dano
e sua repercussão, em valor não inferior a R$
30.000,00 (trinta mil reais);
e) Seja o réu condenado ao pagamento das custas e honorários advocatícios.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito. Dá-se à
causa o valor de R$ 540.000,00 (quinhentos e quarenta mil reais).

Nestes termos, pede deferimento.

Belo Horizonte, xx de abril de 2023

ADVOGADO OAB
AO JUÍZO DA ª VARA DO JUIZADO ESPECIAL DE FAZENDA PÚBLICA DE
BELO HORIZONTE/MG.

MÁRIO SILVA, , nacionalidade, estado civil, profissão, CPF......................................... ,


identidade......., residente e domiciliada na rua....., n°....., bairro....., cidade.
......................................................................................................................................................
,
estado...., CEP....., endereço eletrônico. ................................. , vem respeitosamente perante a
Vossa
Excelência, por seu advogado abaixo assinado, conforme procuração anexa ,
propor
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL C/C DANO MORAL
Em face do Estado de Minas Gerais, pessoa jurídica de direito publico interno,
CNPJ...., com sede na rua....., n°....., bairro....., cidade....., estado...., CEP.
.......................................................................................................................................
,
endereço eletrônico. ................................ , pelos fatos e fundamentos a seguir expostos

I. DOS FATOS
MÁRIO SILVA, preso no dia 15/02/23 em Belo Horizonte sob a acusação de estupro,
foi recolhido ao CERESP DA GAMELEIRA, onde foi colocado em uma cela
juntamente com os demais presos.
No meio da noite Mário Silva foi brutalmente agredido pelos companheiros de cela,
fato detectado pelos agentes penitenciários, que o socorreram, encaminhando-o ao
hospital, onde foi detectada a fratura de 03 costelas e do maxilar, a quebra de 4
dentes, além de vários hematomas, fato registrado na ocorrência policial e também
detectados pelo laudo do IML – Polícia Civil, tendo sido, posteriormente, liberado
para responder o processo em liberdade
MÁRIO SILVA gastou com consultas médicas, exames e medicamentos a quantia de
R$9.000,00 (nove mil reais), além de outros R$11.000,00 (onze milreais) para
consertar os dentes quebrados.

Por tais razões, postula em juízo pleiteando indenização por dano moral e
material, pelos fatos e fundamentos que passa a expor

II. DO DIREITO
A Constituição Federal, no título “DOS DIREITOS E GARANTIAS
FUNDAMENTAIS”, assegura o direito à indenização por dano material ou moral ou à
imagem, decorrentes de sua violação, seja por ato comissivo ou omissivo, impondo ao
causador do dano o dever de indenizar a vítima. Quanto às pessoas jurídicas de direito
público e pessoas jurídicas do direito privado prestadoras de serviço público, estas são
responsáveis pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
inclusive, independentemente de culpa por tratar-se de responsabilidade objetiva, nos
termos do art. 5º, inc, V e X, previsão também estabelecida nos Arts. 43, 186, 187, 927
e parágrafo único do Código Civil, conforme abaixo transcritos:

CONSTITUIÇÃO FEDERALART. 5º [...];


V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização
por dano material, moral ou à imagem;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito aindenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;

CÓDIGO CIVIL
Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público internosão civilmente responsáveis por
atos dos seus agentesque nessa qualidade causem danos a terceiros,ressalvado direito
regressivo contra os causadores dodano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,independentemente de culpa,
nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

No caso do sistema prisional, a Constituição Federal, assegura aos presos o respeito


a integridade física e moral, impondo ao ente federado que o segrega, esta obrigação,
conforme artigo 5 inciso XLIX.

Art 5 (.
.....................................................................................................................................................................................
)

XLIX - é assegurado aos presoso respeito à integridade física e


moral;

No caso do sistema prisional, a Constituição Federal, assegura aos presos o respeito


a integridade física e moral, impondo ao ente federado que o segrega,esta obrigação
conforme o art. 5º, XLIX.
No caso em comento, o autor foi preso no dia 15/02/2023, em Belo Horizonte
sob a acusação de estupro, motivo que foi recolhido ao CERESP DA GAMELEIRA,
onde que não tiveram a cautela de o colocar em cela apartada, tendo seus colegas de
cela o agredindo brutalmente a noite, ocasionando a fratura de três costelas, do
maxilar, a quebra de quatro dentes e vários hematomas pelo corpo, fato registrado
pela ocorrência policial anexa, cuja as lesões sofridas foram identificadas no laudo de
corpo de delito elaborado pelo instituto médico legal.
Portanto, demonstrado o dano, a conduta omissiva do réu e nexo de
causalidade, deve o mesmo indenizar o autor pelo danos materiais e morais
sofridos, dispensando a prova da culpa por tratar-se de responsabilidade objetiva.

II.I DO DANO MATERIAL


A partir das lesões sofridas dentro da cela, inclusive, a quebra de 4 dentes, o autor teve
que desembolsar a quantia de 9 mil reais com custeio de consultas médicas,
medicamentos e exames, além de 11 mil reais gastos com conserto dos dentes
quebrados, totalizando um gasto de 20 mil reais, conforme demonstram as notas fiscais
anexas, quantia que o réu deve reembolsá-lo a título de dano material.

II.II DO DANO MORAL


O dano moral é aquele que atinge a personalidade da pessoa humana, causando
a vítima dor, sofrimento, angústia, depressão, denominada também como dano
extrapatrimonial.
Conceituando o dano extrapatrimonial fulano leciona que ...

Conceituando dano moral, lecionaCarlos Roberto Gonçalves:


“Dano moral é o que atinge o ofendido como pessoa, não lesando seu patrimônio. É
lesão de bem que integra os direitos da personalidade, como ahonra, a dignidade,
intimidade, a imagem, o bom nome, etc., como se infere dos art. 1º, III, e 5º, V e
X, daConstituição Federal, e que acarreta ao lesado dor, sofrimento, tristeza, vexame
e humilhação.” (GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 3. ed. rev. e
atual. São Paulo: Saraiva, 2008. v.IV).
No caso sub judice, o autor foi submetido a uma verdadeira tortura dentro da cela,
com quebra de costelas, dentes e hematomas por todo o corpo, fato registrado,
inclusive, no auto de corpo de delito, lesões que ultrapassaram a dor física, afetando o
seu psicológico causando-lhe dor, sofrimento, angústia, depressão, constrangimento,
dano que o réu deve indenizar a título de dano moral.
Nossos tribunais vêm decidindo pela caracterização de dano moral em casos análogos,
conforme acórdãos abaixo colacionados:

EMENTA:

DIREITO
CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO E PROCESSUALCIVIL - APELAÇÃO
CÍVEL - AÇÃOINDENIZATÓRIA - LESÕES FÍSICASGRAVES,
DECORRENTES D
EESPANCAMENTO DE PRESO PORCOLEGAS DE
CELA -
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO POR OM
ISSÃO
RELACIONADA A UM DEV
ER JURÍDICO
ESPECÍFICO DE
PROTEÇÃO - NATUREZA OBJETIVA -
TEORIA DO
RISCO ADMINISTRATIVO - INTELIGÊNCIA
DO ARTIGO 37, §6.º,
DA
CONSTITUIÇÃO
FEDERAL
DISCUSSÃO SOBRE A CULPA DEAGENTES
PÚBLICOS -
IRRELEVÂNCIA -
ALEGAÇÃO DE
FATO EXCLUSIVO
DE
TERCEIRO
COMO CAUSA
EXCLUDENTE
DONEXO DE
CAUSALIDADE - NÃOCOMPROVAÇÃO - POSSIBILIDADEDE AGIR
PARA EVITAR ORESULTADO - CONFIGURAÇÃO -DANO MORAL
INDENIZÁVEL -CARACTERIZAÇÃO - INTENSOSOFRIMENTO
FÍSICO E PSÍQUICO -
QUANTUM INDENIZATÓRIO - CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO - PRINCÍPIOS
ORIENTADORES - RAZOABILIDADE

EPROPORCIONALIADDE.

- O regime de
responsabilidade civil objetiva prevista no artigo 37, §6.º, da Constituição Federal -
fundada no risco administrativo - é aplicável tanto àscondutas comissivas quanto às
omissões específicas, caracterizadas pelo descumprimento de um dever jurídico de agir
para impedir um resultado danoso em relação a pessoas que estejam sob sua guarda
e vigilância.

- O Estado tem o dever


jurídico - extraído da Constituição Federal e da Lei 7.210/1984 - de garantir a
integridade física e moral das pessoas privadas de liberdade, respondendo
objetivamente por danos decorrentes de inobservância dessa obrigação, ressalvadas
situações de comprovada ocorrência de causas excludentes do nexo de causalidade,
como caso fortuito,força maior ou fato exclusivo de terceiro.
- Tratando-se de
espancamento de presopor colegas de cela, gerador de graves lesões físicas, não se
configura o rompimento do nexo causal por fato exclusivo de terceiro, tendo em vista
a contribuição direta da Administração prisional ao deixar de tomar medidas
adequadas para prevenir as agressões ou para interrompê-las de forma imediata.
- Caracteriza-se da no
moral indenizável em caso de lesões corporais graves decorrentes de espancamento de
preso por colegas de cela, situação evidentemente geradora de sentimentos negativos
decorrentes de intenso sofrimento físico e sentimentos de impotência e desespero.

- Inexiste critério
objetivo para a estipulação do valor da indenização por danos morais, pelo que
incumbe ao julgador arbitrá-lo, de forma prudente, com observância dos princípios
da razoabilidade e da proporcionalidade e atento às circunstâncias do caso concreto.

- A indenização por danos


morais deve ter caráter reparatório, sem ensejarenriquecimento
sem
causa,representando, ao
ofendido, uma compensação justa pelo sofrimento experimentado, e, ao ofensor, um
desestímulo à reiteração do ato lesivo. (TJMG - Apelação Cível
1.0569.18.000062-6/001, Relator(a):
Des.(a) Márcio Idalmo Santos Miranda
, 1ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 09/08/2022, publicação da súmula em
12/08/2022)

DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO RÉU


A responsabilidade civil no direito brasileiro, como regra, é a responsabilidade
civil subjetiva, que exige da vítima o ônus de provas o dano, a conduta, o nexo de
causalidade e a culpa para imputar a obrigação reparadora o causador do dano. A exceção
à regra é a responsabilidade objetiva, também denominada teoria do risco administrativo
que dispensa a vítima de prova a culpa, presumindo-a, seja para facilitar a prova da
vítima em juízo ou por ser a
atividade fim do Estado potencialmente geradora de danos a terceiros, nostermos
do art.37 §6º da CF/88, modalidade que deve ser aplicada ao caso presente.
Nossos tribunais vêm decidindo pela responsabilidade objetiva do Estado em
casos análogos, conforme acórdãos abaixo elencados:

CIVIL E
ADMINISTRATIVO.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR OMISSÃO. OBRIGAÇÃO DE
SEGURANÇA. PESSOA IMOBILIZADA PELA POLÍCIA MILITAR. MORTE
APÓS VIOLENTA AGRESSÃO DE TERCEIROS. DEVERESPECIAL DO ESTADO
DE ASSEGURAR A INTEGRIDADE E A DIGNIDADE DAQUELES QUE SE
ENCONTRAM SOB SUA CU
STÓDIA. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA. ART. 927, PARÁGRAFO
ÚNICO, DO CÓDIGO CIVIL. CABIMENTO DE INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
DO NEXO DE CAUSALIDADE. ART. 373, § 1º, DO CPC/2015.
HISTÓRICO DA DEMANDA 1. Na origem, cuida-se de Açãode Reparação proposta
contra o Estado de Minas Gerais em face da morte violenta - no contexto de operação
policial - de filho da autora, que pede indenização por danos materiais e morais.
Segundo o Tribunal de origem, "policiais chegaram ao local e Luiz se rendeu
passivamente ... sem esboçar qualquer reação". Logo após, foi ele "algemado por
policiaismilitares" e, em seguida, agredido brutalmente com chutes na cabeça e no
tórax desferidos por dois de seus vizinhos, o que lhe causou traumatismo
cranioencefálico.
2. O Tribunal a quo rejeitou a pretensão sob o fundamento de que "para que
se responsabilize o Estado pordanos materiais e morais exige-se a demonstração do
elemento subjetivo culposo". Indisputável que a morte da vítima não resultou de ação,
mas sim de omissão dos policiais. Portanto, o presente Recurso Especial encerra duas
questões jurídicas sobre a responsabilidade civil do Estado-Polícia:
a) se aplicável padrão objetivo ou subjetivo no caso de conduta estatal omissiva
contra pessoa sob domínio de agente de segurança pública; b) se ato ilícito de terceiro,
nessas circunstâncias, rompe o nexo de causalidade entre o dever de segurança
especial da Administração e eventuais danos à vida, integridade e dignidade da vítima.
REGIME GERAL BIFURCADO DE RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
3. No Brasil, a regra geral de responsabilização civil do Estado varia conforme se trate
deação ou omissão. Na conduta comissiva, o ente públicoresponde objetivamente; na
omissiva, subjetivamente.
Justifica-se a responsabilidade subjetiva sob o argumento de que nem toda
omissão estatal dispara, automaticamente, dever de indenizar.
Do contrário seria o Estado transformado em organismo segurador universal
de todos contra tudo. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO-
POLÍCIA PERANTE CUSTODIADO, SUBJUGADO OU
IMOBILIZADO 4. O estatuto comum de responsabilidade civil subjetiva na omissão
estatal enfrenta duas exceções principais, que redundam em unificação do regime
biarticulado e compelem à utilização indistinta da responsabilidade objetiva.
Primeiro, quando a responsabilização objetiva decorrer de expressa ou implícita
previsão legal, em microssistema singular (p. ex., Código de Defesa do Consumidor,
legislação ambiental). Segundo, quando a conformação particular dos fatos (=
atividadenormalmente de risco) indicar, à luz do art. 927, parágrafo único, do Código
Civil, a presença de cânone ou dever de ação estatal mais rigoroso do que o
convencional, aí incluída a salvaguarda da dignidade e da integridade de pessoa
custodiada, imobilizada ou constrangida por agentesde segurança pública.
5. Para o Estado, ao prover segurança
ampla e indistinta à coletividade, o ordenamento cria dever jurídico genérico de agir
que, se dano ocorrer por omissão, atrai standard subjetivo, caráter que afasta também
responsabilização estatal por atos exclusivos de terceiros.
Paralelamente, a ele se impõe dever jurídico especial de agir de apuração objetiva, no
tocante à segurança pessoal daqueles que se acham sob sua autoridade direta e em
razão dela se encontram custodiados, subjugados ou imobilizados, dispensada, por
conseguinte, prova de dolo ou culpaadministrativa.

6. Assim, independentemente de a
conduta constituir ação ou omissão, o Estado responde de maneira objetiva pordanos
à dignidade e à integridade de pessoa sob custódia ou submissão ao aparelho de
segurança. Para tanto, irrelevanteo grau (total ou parcial), a duração (curta ou longa)
ou o local da constrição da liberdade (presídio; prédio público, particular ou espaço
aberto; interior de viatura ou meio de transporte de qualquer natureza, terrestre,
aquático ou aéreo). Desimportante também estar a vítima algemada ou simplesmente
ter as mãos para trás, ou, noutra perspectiva, encontrar-se imobilizada ou paralisada
em virtude apenas de força física ou de temor de autoridade com porte de arma de
fogo.
7. Havendo limitação, mesmo
incompleta ou fugaz, da liberdade de ir e vir e dos mecanismos de defesa pessoal, a
imputação objetiva de responsabilidade civil do Estado (e, por igual, daqueles que
exercem segurança privada) por conduta omissiva se mostra de rigor, dada a
"atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, porsua natureza,
risco para os direitos de outrem" (art. 927, parágrafo único, do Código Civil). Trata-
se, pois, de enquadramento de pura responsabilidade civil objetiva, e não de
presunção absoluta ou iure et de iure de culpa.
8. Prender, deter ou imobilizar alguém é
expressão máxima de poder estatal. Prerrogativa que, por isso mesmo,nos regimes
democráticos, vem acompanhada de garantias e cuidados inafastáveis de proteção
absoluta do detido ou subjugado - mesmo os piores criminosos -, condição que se
inicia no momento em que autoridade policial restringe a autonomia de ir e vir.
Custódia, confinamento, sujeição ou constrangimento por agentes de segurança
significam não sóperda de liberdade, mas também de viabilidade de
autodefesa e de escapar de ameaça ou agressão atual ou iminente. Daí a conduta
policial se fazer acompanhar de dever estatal de vigilância e guarda da vida, saúde e
dignidade do apreendido e, em havendo dano, de responder administrativa, penal e,
de modo objetivo, civilmente por ações e omissões ilícitas. NEXO DE CAUSALIDADE
E POSSIBILIDADE DE INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA 9.
A objetivação da responsabilidade civil não afasta a necessidade de comprovação de
nexo de causalidade,podendo o juiz, quanto a ele, inverter o ônus da prova, nos termos
do art. 373, § 1º, do CPC/2015. A apuração da causalidade na omissão ilícita de
segurança pública se faz com uma única e simples pergunta: o evento danoso teria
sucedido se a vítima não estivesse sob sujeição total ou parcial de agentes estatais? A
agressão por terceiro pode nãoguardar relação retilínea de causa e efeito com a ação
policial em si, mas em tal conjuntura a lesão ou morte da vítima não teria acontecido
se estivesse livre e desimpedida para se defender ou fugir de ataque de terceiros e,
talvez, até de linchamento popular, barbárie que infelizmente ainda se verifica no
Brasil. Eis, então, sem rodeios, a base jurídica deregência do nexo de causalidade da
responsabilidade civil objetiva derivada de proceder ilícito, comissivo ou omissivo, do
Estado-Polícia: se agente de segurança prende, detém ou imobiliza, deve proteger a
integridade corporal e mental, a vida e a dignidade da pessoa subjugada contra
comportamento de todos, inclusive de si própria e de ação criminosa de terceiro, sendo
ineficaz alegar elementosurpresa.
10. Agravo conhecido para se dar provimento ao Recurso Especial.
(AREsp n. 1.717.869/MG, relator Ministro Herman Benjamin, Segunda
Turma, julgado em 20/10/2020, DJe de 1/12/2020.)

III. DOS PEDIDOS


Diante o exposto, requer a vossa excelência:

1- Seja o réu citado para, querendo, no prazo legal, apresentar contestação, sob pena de
revelia e confissão;
2- Seja deferida assistência judiciaria ao autor, nos termos do
art.98 CPC;3- Seja designada audiência de conciliação;
4- Seja intimado o Ministério Público para todos os atos e termos do processo;
5- Seja julgado procedente o pedido para:
a- Condenar o réu a reembolsar o autor a quantia de R$20.000,00 (vinte mil reais),
acrescidos de juros e correção, a título de dano material;
b- Condenar o réu pelo dano moral causado ao autor, em valor a ser arbitrado por V.Exa.,
considerando a condição socioeconômica das parte, a gravidade do dano e sua
repercussão, em valor não inferiora R$10.000,00 (dez mil reais);
6- Condenar ao réu nos pagamentos das custas e honorários advocatícios, caso processo
atinja via recursal.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidas em direito. Dá-se a
causa o valor de R$30.000,00 (trinta mil reais).

Termos em que, pede deferimento.


Local... , data...
ADVOGADO... OAB ...
AO JUIZO DA XX VARA DO JUIZADO ESPECIAL DE FAZENDA PÚBLICA DA
COMARCA DE BELO HORIZONTE- SEÇAO JUDICIARIA DE MINAS GERAIS

JOSÉ DA BICICLETA, Nacionalidade, estado civil, profissão, CPF, RG, residente na Rua,
nº, Bairro, Cidade, CEP, E-mail, vem respeitosamente perante V. Exa, por seu advogado
abaixo assinado, conforme procuração anexa, propor AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR
DANO MATERIAL C

C/C COM DANO MATERIAL em face do MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE,


pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ, com sede na Rua, nº, Bairro, Cidade, CEP,
E-mail, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

I. DOS FATOS
O autor, JOSÉ DA BICICLETA, relata que no dia 11/04/23, por volta das 19:00h, quando
retornava do trabalho em sua bicicleta, ocorreu um grave acidente na Av. José Cândido da
Silveira, Bairro Cidade Nova/BH – MG. O acidente ocorreu devido à ausência da grade/tampa
do bueiro no local, que se encontrava sem qualquer iluminação ou sinalização adequada.

Em decorrência do acidente, o autor sofreu a fratura de seu braço, além de escoriações por
todo o corpo. O autor teve que arcar com despesas médicas, medicamentos e consultas,
totalizando o valor de R$950,00 (novecentos e cinquenta reais). Além disso, a bicicleta do
autor, recém adquirida pelo valor de R$3.500,00 (três mil e quinhentos reais), ficou
completamente destruída.

O fato foi devidamente registrado por meio de fotos, ocorrência policial militar e ficha de
atendimento no Hospital de Pronto-Socorro (HPS), documentos estes anexados aos autos.

II. DO DIREITO
A Constituição Federal, no título “Direitos e garantias fundamentais”, assegura a proteção do
patrimônio material e imaterial contra dano material, moral e à imagem, obrigando o causador
do dano a reparara-lo, seja por ato comissivo ou omissivo.
As pessoas jurídicas de direito público e as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de
serviço público, da mesma forma respondem pelos danos causados por seus agentes, que
nesta qualidade, lesionarem direito de terceiros, seja por conduta omissiva ou comissiva,
dispensando a prova da culpa, por tratar-se de responsabilidade objetiva, que viabiliza a
defesa da vítima em juízo, presumindo-a, bem como ser atividade fim do Estado
potencialmente geradora de dano a terceiro, nos termos do art. 5º, incisos V e X, o que
também está disciplinado no Código Civil, conforme art. 43, 186, 187 e 927, parágrafo único.

Constituição Federal Art. 5º [...]

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por


dano material, moral ou à imagem;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,


assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

Código Civil

Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos
dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito
regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado
a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos


casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor
do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

No caso em comento, o autor estava trafegando com sua bicicleta, recém adquirida, pela Av.
Jose Candido da Silveira, no bairro Cidade Nova-BH, quando caiu dentro de um bueiro que
estava aberto no meio da pista, sem qualquer iluminação ou sinalização, acidente que
culminou na fratura de seu braço, escoriações pelo corpo, além de ter destruído a bicicleta,
motivo da presente ação que visa buscar o ressarcimento dos danos materiais e morais, eis
que demonstrados os danos, conduta e o nexo de causalidade, dispensando a prova da culpa
por tratar-se de responsabilidade objetiva.

Art. 37 [...]

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços


públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem aterceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

II.I DO DANO MATERIAL

O acidente sofrido pelo autor, quando caiu num bueiro aberto no meio da pista na Av. José
Candido da Silveira, danificou sua bicicleta recem adquirida que, conforme nota fiscal anexa
custou a quantia de R$ 3.500,00 (tres mil e quinhentos reais), além de ter gasto mais R$ 950,00
(novecentos e cinquenta reais) com consultas e medicamentos, conforme demonstra com as
notas fiscais anexas, totalizando um prejuizo num valor de R$ 4.450,00 (quatro mil quatrocentos
e cinquenta reais), quantia que o reu deve ser reembolsado a título de danos materiais.

É nesse sentido que vem decidindo nossos tribunais:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. RECURSO ADESIVO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO.


ESTADO DE MINAS GERAIS. RESPONSABILIDADE CIVIL. TEORIA OBJETIVA.
AGRESSÃO A DETENTO POR OUTROS COLEGAS DE CELA. OMISSÃO QUANTO AO
DEVER DE GARANTIA DA INCOLUMIDADE
FÍSICA E MORAL. PREJUÍZOS ANÍMICOS CONFIGURADOS. DESRESPEITO À
INTEGRIDADE FÍSICA. QUANTIFICAÇÃO DO DANO.

- A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de


direito publico é, emregra, objetiva - independente de prova de culpa, porque amparada na
teoria do risco administrativo, prevista no art. 37, § 6º da Constituição da República
Federativa do Brasil de 1.988.

- O Excelso Supremo Tribunal Federal, quando do


julgamento do Recurso Extraordinário nº 841.526/RS, submetido ao regramento da
repercussão geral, reconheceu a responsabilidade objetiva do Estado pela garantia dos
direitos do preso à integridade física e moral.

- Demostrado nos autos que a parte autora, no


período em que permaneceu custodiada em estabelecimento prisional, sofreu agressão física
por parte de suas colegas de cela, revela-se caracterizada a conduta antijurídica estatal, bem
como os prejuízos anímicos, considerando a ofensa ao direito à integridade física, incluído
no rol dos direitos da personalidade.

- Na mensuração do "quantum" reparatório por


danos morais, deve o Julgador se ater aos critérios de razoabilidade e da proporcionalidade,
para que a medida não represente enriquecimento sem causa da parte que busca a indenização,
bem como para que seja capaz de atingir seu caráter pedagógico, coibindo a prática reiterada
da conduta lesiva por seu causador. (TJMG - Apelação Cível 1.0000.19.114476-5/001,
Relator(a): Des.(a) Ana Paula Caixeta , 4ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 23/01/2020,
publicação da súmula em 24/01/2020)

II.II DO DANO MORAL

O dano moral é aquele que atinge a personalidade humana da vítima causando-lhe dor,
sofrimento, angústia, depressão, constrangimento em face de um ato omissivo ou comissivo
sofrido.

Conceituando dano moral, leciona Carlos Roberto Gonçalves:


“Dano moral é o que atinge o ofendido como pessoa, não lesando seu patrimônio. É lesão de
bem que integra os direitos da personalidade, como a honra, a dignidade, intimidade, a
imagem, o bom nome, etc., como se infere dos art. 1º, III, e 5º, V e X, da Constituição Federal,
e que acarreta ao lesado dor, sofrimento, tristeza, vexame e humilhação.” (GONÇALVES,
Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008. v. IV).

No caso sub judice, o autor caiu num bueiro aberto no meio da pista da Av. José Candido,
ficando esparramado no asfalto, com risco de ser atropelado pelos carros que ali passavam,
até que foi socorrido que viatura do SAMU, que o levou para o hospital João XXIII, onde
engessaram seu braço e cuidaram das escoriações sofridas, gerando assim, além da dor
física, a perda de uma conquista tão almejada, ou seja, aquisição de uma bicicleta para
fazer exercícios físicos, que gerou um dano extrapatrimonial, além do constrangimento e
exposição sofrida, que poderá ser confirmado por testemunhas que a tudo assistiram, dano
moral e réu deve indenizar.

Nossos tribunais têm decidido, em casos análogos, pelo arbitramento da indenização por
dano moral, conforme acórdãos abaixo colacionados:

AGRAVO INTERNO. EMBARGOS DECLARATÓRIOS. AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. CONTRATO DE ALUGUEL DE COFRE. CLÁUSULA LIMITATIVA.
AUSÊNCIA DE ABUSIVIDADE. DANOS MORAIS. CONFIGURAÇÃO.

1. Nos contratos de aluguel de cofre, não é abusiva


a cláusula que impõe limite aos valores e objetos que podem ser armazenados, sobre os quais
incidirá a obrigação de segurança e proteção.

2. A instituição financeira deve arcar com a


indenização por danos morais, pois incontroverso que sua negligência contribuiu para o
roubo, que privou os autores de seus pertences. Apesar de não comprovada a sua expressão
monetária, a simples existência do contrato de guarda de bens em cofre bancário gera a
presunção de que os bens nele depositados possuíam valor, ao menos sob o ponto de vista
moral.
III DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO RÉU

A responsabilidade civil no Direito Brasileiro, como regra, é a responsabilidade subjetiva, que


exige da vítima de dano o ônus de prová-lo bem como a conduta, o nexo causal e a culpa para
imputar a obrigação reparadora ao seu causador. A exceção à regra é a responsabilidade
objetiva, também denominada Teoria do Risco Administrativo, que dispensa a vítima da prova
da culpa, presumindo-a por ser a atividade fim do Estado potencialmente geradora de danos a
terceiros, bem como ser um facilitador para a vítima, parte hipossuficiente da relação jurídica,
para sua busca na reparação junto ao Judiciário, nos termos do art. 37, §6°, da CF/88,
modalidade que deve ser aplicada ao presente caso, conforme vêm decidindo nossos tribunais:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO


ESPECIAL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO.

MORTE DE CIDADÃO EM OPERAÇÃO POLICIAL. PRESCRIÇÃO. VIOLAÇÃO DOS


ARTS. 489 E 1.022 DO CPC/2015. NÃO OCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. ACÓRDÃO RECORRIDO EM
CONSONÂNCIA COM ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL PACÍFICA DO STJ.
SÚMULA 83/STJ. ARTIGO DE LEI TIDO POR VIOLADO SEM COMANDO
NORMATIVO. SÚMULA 284/STF. AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DE DISPOSITIVO DE
LEI FEDERAL SOBRE O QUAL SE ALEGA INTERPRETAÇÃO DIVERGENTE.
SÚMULA 284/STF.

III. D
OS PEDIDOS Diante do
exposto, requer:

1. Seja o réu citado para, querendo, no prazo legal, apresentar


contestação, sob pena de revelia e confissão;

2. Seja deferida a assistência judiciária ao autor, nos termos do art. 98 do CPC;

3. Seja designada audiência de conciliação;

4. A intimação do MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS


GERAIS de todos os atos e termos do processo;
5. Seja julgado procedente ao pedido para:

5.1- Condenar o réu a reembolsar o autor a quantia de R$4.450,00 (quatro mil quatrocentose
cinquenta reais), acrescido de juros e correção, a título de indenização por dano material;

5.2- Condenar o réu pelo dano moral causado ao autor, em valor a ser arbitrado por Vossa
Excelência, considerando a condição socioeconômica das partes, a gravidade do dano e sua
repercussão, em valor não inferior a R$10.000,00;

6. Seja o réu condenado ao pagamento das custas e honorários


advocatícios, caso o processo atinja a via recursal.

Protesto provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito.

Dá-se à causa o valor de R$14.450,00 (quatorze mil quatrocentos e cinquenta reais).

Nestes termos, pede deferimento

Belo Horizonte, 26 de maio de 2023.

Advogado

OAB/XXX
Excelentíssimo Doutor Juiz de Direito da 4ª Secretária do juizado especial
das relações de consumo de Belo Horizonte / MG.

Processo: 0044789-19.2023.8.13.0024

MARIA COITADA, já devidamente qualificada nos autos do processo de


indenização por dano moral, ajuizado em desfavor da MATERNIDADE OCTAVIANO
NEVES S/A e ANDREIA ESQUECIDA, vem respeitosamente perante V. Exa., por seu
advogado abaixo assinado, interpor RECURSO INOMINADO, nos termos do art. 41
eseguintes da lei 9.099/95, pelo fatos e fundamentos a seguir expostos, para o devido
encaminhamento e processamento junto a Turma Recursal Cível.
Neste termo pede deferimento.Belo
Horizonte 02/06/2023.
Advogado.
XXX.
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito Presidente da Turma Recursal Cível
de Belo Horizonte / MG.

Processo: 0044789-19.2023.8.13.0024

Vara: 4 ª Secretária Juizado Das Relações De Consumo.


Recorrente: MARIA COITADA
Recorridos: MATERNIDADE OCTAVIANO NEVES S/A e ANDREIA
ESQUECIDA

RAZÕES RECURSAIS:
Egrégia Turma Recursal,
1- Síntese dos fatos:

A recorrente realizou uma cirurgia para o levantamento da bexiga e períneo junto


ao hospital Maternidade Octaviano Neves S/A, realizada pela medica Andreia Esquecida
que, absurdamente, esqueceu dentro de seu cavidade uterina um rolo de gaze, o que lhe
causou infecção, dores, constrangimento por conta do odor, problema conjugal, dentre
outros, motivo de ter ajuizado a presente ação, cujo o pedido foi julgado procedente,
condenando as rés, solidariamente, a indeniza-la na quantia de R$ 2,000.00 (dois mil
reais), a título de dano moral, valor que considera irrisório diante do dano sofrido, motivo
do presente recurso que visa majorar este valor.
2- Razões do Pedido:

A doutrina e a jurisprudência estão sedimentadas no sentido de cabe ao magistrado


arbitrar o valor da indenizado por dano moral, considerando a condição socioeconômica
das partes a gravidade do dano e sua repercussão, de forma que o valor arbitrado atinja
ocaráter punitivo, pedagógico e compensatório.
Acontece que o arbitramento realizado pelo juiz a quo, no valor de R$ 2,000.00
(dois mil reais), não atinge caráter punitivo, pedagógico ou compensatório da
compensação, traduzindo-se em deboche aos danos sofridos pela recorrente e desprestígio
do judiciário, pelo bens tutelados são a horar, a dignidade, a intimidade da recorrente,
bens cuja a violação merecem uma reprimenda financeira a altura dos bens tutelados pelo
direito positivo, motivo do pedido de sua majoração para a quantia de R$ 10.000,00 (dez
mil reais).
Nossos tribunais vêm decidindo pela possibilidade da majoração da
indenização por dano moral, quando o arbitramento por quantia ínfima, conforme
acórdãos abaixo colacionados:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ORDINÁRIA DE REPARAÇÃO DE DANOS
MORAIS, MATÉRIAS E ESTÉTICOS. PRELIMINAR DE OFENSA AO
PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE- REJEITADA. PRELIMINAR DE
NULIDADE DA SENTENÇA POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL- PRELIMINAR QUE SE CONFUNDE COM O MÉRITO.
SUPOSTO ERRO MÉDICO – ATIVIDADE MEIO – RESPONSABILIDADE
SUBJETIVA – AUSÊNCIA DE PROVA DE NEGLIGÊNCIA, IMPRUDÊNCIA
OU IMPERÍCIA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. Havendo
impugnação específica quanto aos fundamentos contidos na sentença, a exposição
de fato e de direito, asrazões do pedido de reforma e pedido de nova decisão, deve
ser afastada a alegada ofensa ao princípio da dialeticidade. A preliminar de
nulidade da negativa de prestação jurisdicional, arguida pelo autor, acerca da
ausência de análise da deiscência de sutura pós- operatória com endoftalmite
subsequente a qual teria desencadeado infecção no autor com a consequente perda
do seu globo ocular esquerdo é matéria que se confunde com o mérito recursal. No
caso em exame, a obrigação assumida pelo médico é de meio e não de resultado.
Portanto, além da prova do prejuízo e do nexo de causalidade, é necessária a
demonstração do agir culposo (em qualquer de suas modalidades) doprofissional,
que não foi demonstrada nos autos

3. Dos pedidos:
Diante do exposto reque diante desta egrégia turma recursal:
a) Seja deferida a assistência judiciaria à recorrente, nos termos do art. 98 do CPC;
b) Sejam intimadas as recorridas para, no prazo legal, apresentar suas contrarrazões;
c) Seja dada provimento ao presente recurso para reformar parcialmente a sentença,
majorando o valor da indenização por dano moral de R$ 2.000,00 (dois mil reais), para
R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Nestes termos pede deferimento.


Belo Horizonte 02 de junho de 2023.

Advogado

XXXX.
AO JUÍZO DA 3ª VARA CÍVEL DE BELO HORIZONTE/MG.

Processo nº: 0044789-19.2020.8.13.0024

JOSÉ DE TAL, já devidamente qualificado nos autos dessa AÇÃO DE


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS ajuizada em desfavor deALOÍSIO
DE TAL, vem, respeitosamente, perante V. Exa., por seu advogado abaixoassinado, interpor
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO COM EFEITO INFRIGENTE, nos termos dos arts.
1022/1026 do CPC, pelos fatos e fundamentos abaixo expostos:

1 – CABIMENTO DO RECURSO

A Norma Processual Civil prevê a possibilidade das partes corrigirem as decisões


judiciais, exceto o despacho, através dos Embargos de Declaração, cujo objetivo é sanar a
omissão, a contradição, a obscuridade ou o erro material porventuraexistente na decisão, sendo
hipótese do caso presente, cujo manejo tem o objetivo desanar uma contradição na sentença.

2 – SÍNTESE DOS FATOS E RAZÕES DO RECURSO

O embargante ajuizou uma ação de indenização por dano material e moralcontra o


embargado que, na sua peça contestatória, requereu o benefício da assistência judiciária, pleito
que foi indeferido pelo Magistrado às fls. 53, litigando, portanto, sem as benesses da
assistência judiciária.
Contudo, o pedido foi julgado procedente e V. Exa., na parte dispositiva da
sentença, deixou de condenar o embargado no pagamento das custas e honorários
advocatícios, o que data venia é contraditório, como já dito acima assistência judiciária foi
indeferida ao embargado na decisão de fls. 53, devendo a sentença ser retificada nessa parte.

3 – DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer a V. Exa.:


1) Seja conhecido e provido os embargos declaratórios para sanar a contradição acima apontada,
retificando a sentença para condenar o embargado no pagamento das custas e honorários
advocatícios, a serem arbitrados emobservância dos critérios fixados na lei processual civil;
2) Seja o embargado intimado para, querendo, no prazo legal, apresentar suas contrarrazões.

Nestes termos, pede deferimento. Belo Horizonte, 07 de junho de

2023.

Advogado...
OAB...

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