3° Caso

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AO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA ___ VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA

DE GOIÂNIA – GOIÁS

WEMERSON JUNIO FERNANDES NEVES, brasileiro, solteiro,


desempregado, RG nº. 6858238 DGPC-GO, sob o CPF n. 709048501-37;
residente e domiciliado na Rua jc-61, SN, QD. 122, LT. 09, Casa 02, Jardim
Curitiba III, Goiânia-GO; CEP: 74481-350, Telefone: (62) 99246-9312 (Tatiane
– contato para recado), por meio do advogado e procurador do Núcleo de
Prática Jurídica da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, que subscreve a
presente petição, com endereço profissional na Av. Fued José Sebba, n°1184,
QD.16-A, LT.01, Jardim Goiás, Goiânia-GO, CEP: 74805-100, com fundamento
no ART. 203, V da CF/88; ART. 20 da LEI 8.742/1993; ART. 2º, § 1º, ARTs.
39 /40 DA LEI 13.146/2019, vem perante a este Juizado propor:

AÇÃO DE SOLICITAÇÃO DE BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DE


PRESTAÇÃO CONTINUADA – BPC – LOAS – PESSOA COM DEFICIÊNCIA
COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA

Em desfavor do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL


(INSS), pessoa jurídica de direito público, na pessoa do seu representante
legal, domiciliado na Av. Goiás, n. 371, Setor Central, CEP: 74005-010, Goiânia
– GO, pelos fatos e fundamentos que a seguir aduz.

I – DOS FATOS

A parte autora tem histórico de tratamento médico atual e de longa


data, com comprovação desde 2015 (conforme documentos anexos), perante o
sistema de atendimento ´´CAPS`` do SUS, este especializado em atendimento
psiquiátrico.

Em razão da sua incapacidade, o requerente faz o uso de


medicamentos controlados de uso diário (com efeitos colaterais graves) para
garantir o controle do quadro psiquiátrico, dependendo totalmente dos cuidados
de sua mãe para assegurar as mínimas condições de alimentação, moradia e
acesso ao tratamento adequado.
Reside na companhia de sua mãe e sua irmã menor de idade que
também faz o acompanhamento psiquiátrico continuo no mesmo CAPS que o
requerente, sendo que estes moras em um imóvel cedido e dependem da
caridade de pessoas próximas para custear as despesas, água, energia, gás,
transporte, aquisição de roupas, medicamentos e demais itens básicos para
subsistência.

O requerente foi beneficiário do BPC-LOAS desde 2017, mantendo o


cadastro único atualizado junto ao CRAS, demonstrando a continuidade do
tratamento médico continuado.

Ocorre que a partir de agosto de 2021, o INSS identificou uma


suposta incompatibilidade, alegando que a renda per capta informada pela
assistente social estava acima do limite estabelecido. Sendo que hoje verifica-
se que o cadastro encontra-se adequado ao valor dentro da faixa de renda
permitida pelo INSS.

Em analise junto ao banco de dados do INSS, verificou-se que o


recolhimento de contribuições previdenciárias como autônomo em favor da Sra.
Yzabel, mãe do requerente, no período de 2018 a 2021, dados esses, que
foram erroneamente interpretados como um indicativo de realização de
atividades profissionais pela mãe, o que não ocorreu. Na verdade, o que se
buscou foi apenas segurar-se junto ao INSS para fins de eventual necessidade
de recebimento de benefício em caso de necessidade.

II – DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Tendo em vista que o Autor não possui condições financeiras para


arcar com as custas processuais, por ser hipossuficiente, estar desempregado
e gravemente enfermo, nos termos da lei, conforme documentos anexados,
requer, desde já, o benefício da gratuidade da justiça, nos termos do artigo 98
e segs. do Código de Processo Civil, a saber:

Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com


insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas
processuais e os honorários advocatícios têm direito à gratuidade da
justiça, na forma da lei.

Assim, pelas razões supramencionadas, requer seja deferida a


gratuidade da justiça.

III – DA TRAMITAÇÃO PRIORITÁRIA – PESSOA COM 62 ANOS

Requer que seja deferido o pedido de PRIORIDADE NA


TRAMITAÇÃO DESTE PROCESSO conforme previsto no artigo 71 da Lei n°
10.741 de 1° de outubro de 2003, haja vista que o autor Nome nasceu em
01/09/1966.

IV – DA RENÚNCIA FRENTE À COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL

Nesse ponto, o valor atribuído à causa na petição inicial equivale


a R$ 61.360,81 (sessenta e um mil, trezentos e sessenta reais e oitenta e
um centavos) fato que, por si só, declara a competência absoluta do Juizado
Especial Federal Cível como procedimento de tramitação da ação.

V – DA ANTENCIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA

Desde logo, registre-se cuidar-se a pretensão autoral de


requerimento com natureza alimentar, a qual, com base na comprovação dos
pressupostos dos arts. 294 e 300 do CPC, pretende obter provimento favorável
já em primeira instância, por meio de pedido de tutela de urgência.

O Código de Processo Civil de 2015 mantém a possibilidade do


pedido de tutela de urgência como espécie de “antecipação dos efeitos da
tutela” ligada a pedido que envolve a probabilidade do direito e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo, sendo aqui requerida aquela de
natureza satisfativa.

“Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo. [...]
§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após
justificação prévia.”

Na presente situação, além da evidente existência de teses


jurisprudenciais e inúmeros dispositivos legais que corroboram com o pleito
autoral, tudo o quanto relatado está devidamente comprovado por robusta
documentação, vez que fora acostados: (a) Laudos e Exames médicos,
atestando o quadro clínico grave e incurável; b) cópia do comunicado de
decisão negativa do INSS; c) Declaração de Hipossuficiência constatando o
seu estado de miserabilidade d) CAD

O perigo de dano é evidenciado pelo fato de Autor se encontrar


deficiente visual (cegueira monocular), como também em estado de
miserabilidade, por não mais conseguir trabalhar e consequentemente não
obter renda para se sustentar, passando necessidades, sendo plenamente
válido o requerimento do BPC/LOAS.

Isto posto, pugna pela concessão da tutela de urgência em caráter


de medida liminar inaudita altera pars, pela condenação da Ré a conceder-lhe
o benefício previdenciário pretendido, no prazo máximo de 30 dias.

VI – DO RESTABELECIMENTO DO BENEFICIO ASSISTENCIAL DE


PRESTAÇÃO CONTINUADA – BPC- LOAS – PESSOA COM DEFICIÊNCIA

Vejamos;

“Súmula 29, da TNU: Para efeitos do art. 20, § 2º, da Lei 8.742, de 1993, a
incapacidade para a vida independente não só é aquela que impede as
atividades mais elementares da pessoa, mas também a impossibilita de prover
ao próprio sustento.”

Enunciado 30, da AGU: A incapacidade para prover a própria subsistência por


meio do trabalho é suficiente para a caracterização da incapacidade para a
vida independente, conforme estabelecido no art. 203, V, da Constituição
Federal, e art. 20, II, da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993.
In casu, tem-se por certo que o Autor naõ tem a chance de trabalhar
em razão da deficiência que lhe acomete. O mesmo está sendo amparado
pelos familiares e amigos, que sempre buscarão ajudar para que não passasse
fome, ou até mesmo morasse na rua.

Não há meios para se sustentar, bem como ajudar seus familiares,


em razão da deficiência, o requerente apresenta relatórios médicos e laudos de
avaliação neuropsicológica que indicam a gravidade e total que lhe causa total
impedimento a vida laborativa, assim, fez se necessário requerer o aludido
benefício.

Insta salientar que, o Instituto-Requerido, não observou o art. 203, V,


da Constituição Federal de 1988 e muito menos o art. 2º da Lei nº 8.742/1993,
com alterações introduzidas pelo Decreto nº 6.214/2007.

Vejamos a redação do art. 4º do Decreto nº 6.214/2007;

"Art. 4º Para os fins do reconhecimento do direito ao benefício,


considera-se:
I - idoso: aquele com idade de sessenta e cinco anos ou mais;
II - pessoa com deficiência: aquela cuja deficiência a incapacita para
a vida independente e para o trabalho;
III - incapacidade: fenômeno multidimensional que abrange limitação
do desempenho de atividade e restrição da participação, com redução
efetiva e acentuada da capacidade de inclusão social, em
correspondência à interação entre a pessoa com deficiência e seu
ambiente físico e social;
IV - família incapaz de prover a manutenção da pessoa com
deficiência ou do idoso: aquela cuja renda mensal bruta familiar
dividida pelo número de seus integrantes seja inferior a um quarto do
salário mínimo;
V - família para cálculo da renda per capita, conforme disposto no §
1º do art. 20 da Lei nº 8.742, de 1993: conjunto de pessoas que vivem
sob o mesmo teto, assim entendido, o requerente, o cônjuge, a
companheira, o companheiro, o filho não emancipado, de qualquer
condição, menor de 21 anos ou inválido, os pais, e o irmão não
emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido;
VI - renda mensal bruta familiar: a soma dos rendimentos brutos
auferidos mensalmente pelos membros da família composta por
salários, proventos, pensões, pensões alimentícias, benefícios de
previdência pública ou privada, comissões, pró-labore, outros
rendimentos do trabalho não assalariado, rendimentos do mercado
informal ou autônomo, rendimentos auferidos do patrimônio, Renda
Mensal Vitalícia e Benefício de Prestação Continuada, ressalvado o
disposto no parágrafo único do art. 19."
Neste sentindo, vejamos abaixo julgados de caso semelhante ao do
requerente, onde o BPC/LOAS foi concedido:

“EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DE


PRESTAÇÃO CONTINUADA. LEI Nº 05/11/2014.
PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. CONCESSÃO. 1. O
benefício assistencial de prestação continuada, previsto no art. 203,
inciso V, da Constituição Federal de 1988, é devido à pessoa
portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir
meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua
família, conforme dispuser a lei, 2. A Lei nº 8.742/1993 exige dois
requisitos para a concessão do benefício em questão, consistentes na
comprovação da idade avançada ou da condição de pessoa com
deficiência e, cumulativamente, no estado de miserabilidade familiar.
3. 05/11/2014 renda mensal um pouco superior à ¼ do salário
mínimo. A situação fática de miserabilidade está configurada nos
autos pela apreciação das provas, devendo o benefício assistencial
de prestação continuada ser implantado a partir da data do
requerimento administrativo, 14/06/2010 (fls. 30). 7. Os juros
moratórios, contados a partir da citação, devem ser fixados em 1% ao
mês até a data da entrada em vigor da Lei nº 11.960/2009, quando
deverá ser aplicado o índice da caderneta de poupança. Quanto à
correção monetária, deve prevalecer, desde a vigência da lei nº
11.960/2009, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice
que melhor reflete a inflação acumulada do período. 8.Aplicação do
Enunciado 56 da Súmula deste Tribunal, que dispõe: "É
inconstitucional a expressão "haverá incidência uma única vez",
constante do art. 1º-F da Lei Nº 9.494/97, com a redação dado pelo
art. 5º da Lei 11.960/2009. 9. No que tange à fixação dos honorários
advocatícios em favor do CEJUR-DP, embora sejam devidos
honorários advocatícios no caso, uma vez que se trata de órgão
público pertencente a outro ente federativo, entendo que devam ser
fixados em valor simbólico. Em razão disso, sem desmerecer o
trabalho da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, fixo os honorários
advocatícios na hipótese em R$50,00. 10. Dado parcial provimento à
apelação.” Relator (a): Desembargadora Federal SIMONE
SCHREIBER. Apelação: XXXXX02010073729. RJ. Julgamento:
05/11/2014. Órgão julgador: Segunda Turma Especializada.

VII – DOS REQUERIMENTOS

Diante o exposto, requer:

a) A tramitação prioritária conforme prevê o art. 1048, I do CPC/15;

b) A citação do INSS, na pessoa de seu representante legal para,


querendo, no prazo legal, contestar a presente ação, sob pena de confissão e
revelia;

c) Seja julgado totalmente PROCEDENTE o pedido do Autor,


condenando o INSS ao deferimento do restabelecimento do benefício
assistencial de prestação continuada – BPC – LOAS – pessoa com
deficiência, desde o dia da suspensa (01/07/2021).
d) Seja deferida a ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA, NA
SENTENÇA. PARA QUE SEJA DETERMINADA A IMEDIATA IMPLATAÇÃO
DO BENEFÍCIO, por ser idoso, estar gravemente enfermo e sem renda.

e) Seja o INSS condenado ao pagamento das custas e despesas


processuais, e ainda, ao pagamento de honorários de sucumbência.

Protesta, ainda, pela produção de todos os meios de prova em


direito admitidos, seja documental, testemunhal, pericial, posterior juntada de
documentos e todas as demais que se fizerem necessárias à instrução
processual.

Dá-se à causa o valor de R$ 32.724,00 (Trinta e dois mil,


setecentos e vinte e quatro reais).

Nestes termos, pede e aguarda deferimento.

Goiânia, 22 de setembro de 2022

Thiago Alves de Oliveira

OAB/GO n° 159285

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