Demências e Parkinsonismo 2
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Parkinsonismo
Relevância: Moderada
Todos as aulas da Mentoria possuem relevância moderada, alta ou muito alta,
baseado na incidência nas provas de residência médica dos últimos 5 anos.
Demências e Parkinsonismo
Tema com presença moderada em provas de residência, entretanto, bastante cobrada na maioria
das provas mais almejadas no Brasil. Não esqueça de complementar seu estudo com flashcards e
questões! Vamos nessa?
Demências irreversíveis
(UERJ – 2011) Médico de 74 anos vem notando perda da memória para fatos recentes nos
últimos meses, o que fez com que fechasse seu tão bem sucedido consultório um dia após se
perder no trajeto entre sua casa e o consultório, percurso que vinha fazendo sem problemas
nos últimos 46 anos. Feito o diagnóstico de doença de Alzheimer, além de medidas de cuidados
gerais, a droga aprovada para diminuir a progressão do déficit cognitivo age na:
(UNIFESP – 2019) Mulher de 65 anos, que mora só e é hipertensa, comparece à consulta médica
acompanhada por sua sobrinha que refere que a paciente sempre acumulou coisas no dia a dia, mas há
cerca de 2 anos piorou e não permite que jogue fora qualquer objeto, mesmos os quebrados, nem que
limpem sua casa. Tem incontinência urinária e sua cama e os tapetes da casa cheiram à urina. Apresenta
isolamento social. Exame físico: despenteada, em precário estado de higiene. PA 180/100 mmHg.
Testes cognitivos: preservação relativa de memória e dos domínios visuoespaciais, comprometimento
da função executiva e comportamentos compulsivos. A etiologia mais provável é:
(A) Esquizofrenia
(B) Demência frontotemporal
(C) Demência por múltiplos infartos
(D) Transtorno factício
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Demências e Parkinsonismo
Quadro clínico
O déficit de memória é o sintoma inicial mais comum na DA, principalmente, a memória para eventos
recentes. Em primeiro momento, as memórias imediata e remota (para eventos distantes) são preservadas,
sendo acometidas durante a evolução natural da doença (lembrar que é uma doença insidiosa, geralmente
levando cerca de 10 anos desde o início dos sintomas até sua franca apresentação). Em boa parte das vezes,
a ausência de insight (o paciente perceber que está doente) é uma marca nesse início do quadro.
Diagnóstico
O progresso da doença, assim como a mensuração do déficit visando o diagnóstico, podem ser feitos
por meio de testes como:
a) Mini-Exame do Estado Mental (MEEM): conhecido popularmente como mini mental, este teste
contém diversos itens que pontuam até 30 pontos. O corte classicamente reconhecido para
diagnóstico de distúrbio cognitivo, entretanto, com muita discórdia na literatura, é menor ou igual
a 23 pontos de acordo com referências americanas.
b) Montreal Cognitive Assessment (popularmente conhecido como MoCA): teste mais sensível
que o MEEM com reconhecida capacidade superior de acessar distúrbios executivos
(contém o desenho do relógio, reconhecimento de animais, entre outros). Seu corte para
verificar transtornos cognitivos é menor ou igual a 25 pontos ou menor ou igual a 24 pontos
em pessoas com 12 anos ou menos de educação formal.
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Demências e Parkinsonismo
Entre diversas outras condições reversíveis do quadro. Com estas excluídas, passamos aos exames
complementares:
Exames complementares
Entretanto, o diagnóstico definitivo só pode ser fechado por meio de biópsia do tecido cerebral, coisa
raramente realizada na prática clínica e bastante feita mediante autópsias.
Tratamento
O tratamento para DA visa reduzir a velocidade de progressão da doença. NÃO HÁ CURA. Para esta
redução, podemos empregar:
Agora sabemos o CCQ da primeira questão: A doença de Alzheimer pode ser tratada com inibidores
da acetilcolinesterase (letra A). Alzheimer é um tema quente nas provas de residência!
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Demência vascular
Segunda forma mais comum de demência no mundo, a demência vascular é a degeneração
cognitiva aguda ou crônica causada por doenças cerebrovasculares que causem uma redução da
vascularização do cérebro. Pode ser vista em duas formas, primariamente:
Qual o correto, AVC ou AVE? Na realidade, pensando que o acidente vascular pode ocorrer em todo o
encéfalo e não apenas no cérebro, o termo AVE contemplaria de maneira mais significativa o território
que possa, porventura, ser acometido. Entretanto, historicamente, ambos os conceitos são utilizados
para as mesmas coisas.
Importante lembrarmos que a demência vascular pode estar associada à doença de Alzheimer.
Fatores de risco
Os fatores de risco para demência vascular são os mesmos para AVC:
1. Idade avançada
2. Hipertensão
3. Diabetes mellitus
4. Aumento do colesterol total
5. Obesidade
6. Sedentarismo
7. Tabagismo
8. Fibrilação atrial
9. Doença arterial coronariana
Quadro clínico
A evolução da doença ocorre marcadamente abrupta ou em degraus (surgindo déficits com o passar
do tempo), pouco acometimento amnéstico e mais acometimento executivo (função executiva é
conhecida como a capacidade do indivíduo em utilizar um conjunto de habilidades de forma integrada
para direcionar comportamentos a objetivos a fim de realizar ações voluntárias).
O paciente pode apresentar clínica associada de acordo com a localidade acometida pela lesão
vascular, gerando sinais focais, como afasias, apraxias, hemiplegias, entre outros.
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Diagnóstico
Associam-se a história do paciente (surgimento abrupto? Curso flutuante? Histórico de AVC? Sintomas
ou sinais neurológicos focais?), o uso de testes diagnósticos (MoCA e MEEM) e exames de imagem.
A testagem neuropsicológica também pode dar suporte a este diagnóstico. Em relação às imagens,
a tomografia computadorizada ou a ressonância nuclear magnética de crânio podem ser utilizadas
para este fim, sendo a RNM mais sensível para tal.
RNM em cortes axial flair e T2 em paciente com pequenos doença de equenos vasos.
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Tratamento
O tratamento da demência vascular consiste, no momento, em controle dos fatores de risco com
otimização de medicações para tal (ajuste de anti-hipertensivos, ajuste de hipoglicemiantes, uso
de estatinas, uso de antiplaquetários quando condizente com a doença de base, atividade física...).
Pode-se utilizar inibidores de acetilcolinesterase e antagonistas dos receptores NMDA visando
leve melhora cognitiva, apesar deste tema apresentar polêmica nas referências bibliográficas
especializadas.
Vemos, portanto, que a resposta da 2ª questão é a letra B (demência por múltiplos infartos, que é um
sinônimo da demência vascular).
Quadro clínico
Seu quadro clínico é composto de demência, parkinsonismo (bradicinesia ou acinesia, rigidez
e instabilidade postural são mais comuns do que o tremor) mais simétrico e mais brando do que
na Doença de Parkinson, flutuação do nível de consciência (pode ocorrer do rebaixamento durar
segundos a dias, sendo confundido com outras causas de flutuação da consciência), distúrbio do sono
REM (paciente apresenta agitação psicomotora durante o sono, com vocalizações, sonhos vívidos,
chutes ou socos) e alucinações visuais (podem preceder o parkinsonismo e ter formas humanas,
animalescas ou inanimadas – cores, borrões ou vultos). Diagnóstico diferencial que pode ser cobrado
na sua prova!
Diagnóstico
O diagnóstico é feito da junção da clínica com exames complementares. Podem ser utilizados RNM
de crânio, cintilografia com MIBG (alta sensibilidade e especificidade), SPECT/PET ou polissonografia
comprovando ausência de atonia no sono REM.
Tratamento
O tratamento consta das drogas para Alzheimer e mudanças no estilo de vida do paciente. O uso de
antipsicóticos costuma piorar bastante o quadro de maneira que este tipo de medicamento quase não
é utilizado, diferentemente ao que é feito em outros quadros demenciais.
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Demências reversíveis
As causas reversíveis de demência sempre devem ser excluídas ao se avaliar um quadro demencial.
Existem diversos quadros que se assemelham aos acima e, nessa seção, falaremos sobre eles:
O diagnóstico pode ser ainda mais acurado após uma TC ou RNM de crânio apresentar o alargamento
dos ventrículos (mas lembre-se que não há hipertensão intracraniana, pois é insidiosa levando anos
para se instalar e com isso o cérebro vai se adaptando) e confirmado após “tap test”. O tap test
consiste na análise do levantar e da marcha do paciente (existem diversos métodos na literatura).
Posteriormente, é feita a retirada de 30 a 50 mL de líquido cefalorraquidiano (LCR). Em seguida,
analisa-se novamente os critérios da análise pré-punção e verifica se há melhora do quadro.
Este teste tem alto valor preditivo positivo e limitado valor preditivo negativo. Pode-se empregar
derivações cirúrgicas para reduzir o volume de LCR no sistema nervoso central, jogando-o do
sistema ventricular para região lombar ou peritoneal, principalmente.
Assim, como vocês conseguem perceber, as bancas e os pacientes se utilizam destas condições
para causar confusão com quadros demenciais e pegar os incautos... ah, a resposta da questão é
a letra C (delirium, basta conferir a possibilidade de que o quadro tem um background infeccioso e
flutuação da consciência).
CCQ: Diagnóstico diferencial entre demência e delirium
(UNIFESP-2018) Mulher, 63 anos de idade refere dificuldade para andar e para manusear objetos
com a mão esquerda, sem menção de tremor. Refere também sonhos vívidos à noite e constipação
intestinal. O marido confirma que o braço esquerdo da paciente não balança ao andar. Qual o
diagnóstico mais provável?
Doença de Parkinson
Causa mais comum de parkinsonismo, a doença de Parkinson é bastante prevalente e quase uma
subespecialidade da neurologia. A fisiopatologia por trás deste quadro é a morte de neurônios
dopaminérgicos na substância negra do mesencéfalo, ocasionando a redução da dosagem de
dopamina na via nigroestriatal.
Quadro clínico
Consiste basicamente em uma tétrade, que são os chamados sinais cardinais (que já caíram diversas
vezes em provas de residência):
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Demências e Parkinsonismo
Diagnóstico
Consiste na presença de bradicinesia + rigidez ou tremor de repouso ou instabilidade postural.
Para o diagnóstico de Doença de Parkinson (existem vários critérios utilizados na literatura),
preferimos o da Movement disorder society Task Force por ser o mais utilizado.
1. Diagnóstico de parkinsonismo;
Fogem ao escopo deste material os critérios de suporte, entretanto cremos que alguns valem a
pena serem ressaltados: anosmia (pode surgir 10 anos antes do sintomas motores), distúrbio do
sono REM, disautonomias leves (constipação, incontinência fecal ou urinária), sialorreia, hipomimia
facial, redução do balançar de braços e marcha em pequenos passos (conhecida como em petit pas).
Devemos ressaltar, também, que o diagnóstico é clínico e os exames complementares o dão suporte.
As red flags serão levantadas nas outras causas de parkinsonismo.
Exames complementares
• Os outros utilizados são PET (Positron emission tomography) e cintilografia com MIBG
(metaiodobenzilguanidina, um neurotransmissor falso análogo da noradrenalina).
Tratamento
O tratamento da doença de Parkinson consiste na reposição de dopamina ou na diminuição
da destruição da dopamina. As principais classes das medicações são: inibidores da MAO B,
amantadina, agonistas dopaminérgicos e levodopa (principal fármaco utilizado e a melhora
clínica após sua introdução confirma o diagnóstico) (pode ser associada a benserazida, que
é um inibidor da destruição da levodopa em dopamina na periferia, facilitando a passagem da
dopamina para o cérebro).
Agora ficou fácil reconhecermos que a resposta da questão acima é a letra C (Doença de Parkinson).
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Demências e Parkinsonismo
Diagnóstico diferencial
Como diferenciar da Doença de Parkinson (DP) e hot topics de como reconhecê-los na prova de residência
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