Tema 17 Roubo Qualificado
Tema 17 Roubo Qualificado
Tema 17 Roubo Qualificado
1)
Considerações gerais: a) Definição e
evolução histórica. Bem jurídico tutelado. Sujeitos do delito. Tipicidade
objetiva e subjetiva; b) A tentativa
nestas modalidades de crime complexo. 2) Aspectos controvertidos. 3)
Concurso de crimes. 4) Pena e
ação penal.
Para essa corrente, basta que tenha ocorrido o resultado morte para
que se possa falar em latrocínio consumado, mesmo que o agente não
consiga levar a efeito a subtração patrimonial
SUBTRAÇÃO MORTE LATROCÍNIO
É pacífico na jurisprudência do STJ o entendimento de que (...) 7. Caracterizada a prática de latrocínio consumado, em
há concurso formal impróprio no latrocínio quando ocorre razão do atingimento de patrimônio único. 8. O número de
uma única subtração e mais de um resultado morte, uma vez vítimas deve ser sopesado por ocasião da fixação da pena-
que se trata de delito complexo, cujos bens jurídicos base, na fase do art. 59 do CP. (...)
tutelados são o patrimônio e a vida. STF. 2ª Turma. HC 109539, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
STJ. 5ª Turma. HC 336.680/PR, Rel. Min. Jorge Mussi, em 07/05/2013.
julgado em 17/11/2015.
"Apesar de o latrocínio ser um crime complexo, mantém sua unidade estrutural inalterada. Mesmo com a
ocorrência da morte de mais de uma das vítimas. A pluralidade de vítimas não configura continuidade
delitiva e tampouco qualquer outra forma de concurso de crimes, havendo, na verdade, um único latrocínio.
A própria orientação do Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentido de que a pluralidade de vítimas não
implica a pluralidade de latrocínios. Não se pode ignorar que o crime-fim inicialmente pretendido foi o de
roubo e não um duplo ou triplo latrocínio, ou melhor, não duas ou três mortes. A ocorrência de mais de uma
morte não significa a produção de mais de um resultado, que, em tese, poderia configurar concurso formal
de crimes. Na verdade, a eventual quantidade de mortes produzidas em um único roubo representa a
maior ou menor gravidade das consequencias, cuja valoração tem sede na dosimetria penal, por meio das
operadoras do art. 59 do Código Penal.
d) Qual a diferença entre o roubo qualificado pela lesão grave e a tentativa de latrocínio na
qual ocorre a subtração porém a vítima sobrevive, com lesões corporais graves?
A diferença está no elemento subjetivo. Se o agente ao empregar a violência teve a
intenção de matar para "assegurar a impunidade do crime", mas o crime não se consumou
por circunstâncias alheias a sua vontade, será hipótese de tentativa de latrocínio.
Caso o dolo do agente ao empregar a violência for o de lesionar para "assegurar a
impunidade do crime", estará configurado o roubo qualificado pelas lesões corporais
graves
A tese de que não existe o que se denomina "tentativa de latrocínio" ante a suposta
incompatibilidade do tipo penal previsto no art. 157, § 3º, segunda parte, com a causa de
redução de pena prevista no art. 14, inciso II, ambos do Código Penal, não encontra
respaldo na pacífica jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal
Federal que reconhecem a existência do crime de latrocínio tentado quando a morte da
vitima não se consuma por razões alheias à vontade do agente.
CASO CONCRETO 2
No dia 05 de novembro de 2016, FÁBIO e APARECIDA saíram para jantar, a fim de comemorar
cinco anos da data em que eles se casaram.
Após saírem do restaurante, eles se dirigiram ao veículo Fiat Siena, tendo FÁBIO se colocado na
direção dele e APARECIDA, no banco do carona.
Tão logo APARECIDA fechou a porta do carro, FERNANDO e MARIA abriram a porta traseira
direita do automóvel, adentraram neste e, FERNANDO empunhando uma arma de fogo, determinou
que FÁBIO e APARECIDA permanecessem no interior do veículo e seguissem com o carro na
direção do Centro de Duque de Caxias, o que foi prontamente atendido por eles.
Em seguida, FERNANDO, encostando a todo momento a arma nas costelas de FÁBIO, ordenou que
as vítimas lhe entregassem seus pertences.
Considerando o caso concreto narrado, tipifique as condutas praticadas por FERNANDO, caso após
os fatos já narrados ocorressem os seguintes fatos:
a) MARIA não se conformasse com a atitude de FERNANDO de encostar a arma
nas costelas de FÁBIO e pedisse insistentemente que ele abaixasse a referida
arma, ocasião em que FERNANDO, extremamente irritado com a persistência
de MARIA, lhe desferisse 2 tiros na cabeça, causando-lhe a morte. FERNANDO
logra subtrair os pertences de FÁBIO e APARECIDA.
A morte de qualquer dos participantes do crime (sujeito ativo) não configura
latrocínio. Assim, se um dos comparsas, por divergências operacionais, resolve
matar o outro durante o assalto, não há falar em latrocínio, embora o direito
proteja a vida humana, independentemente de quem seja seu titular, e não apenas
a da vítima do crime patrimonial. Na realidade, a morte do comparsa, nas
circunstâncias, não é meio, modo ou forma de agravar a ação desvaliosa do
latrocínio, que determina sua maior reprovabilidade. A violência exigida pelo tipo
penal está intimamente relacionada aos sujeitos passivos naturais (patrimonial ou
pessoal) das infração penal, sendo indispensável essa relação causal para
configurar o crime preterdoloso, especialmente agravado pelo resultado.
b) FÁBIO, que estava armado, desferiu 2 tiros na cabeça de MARIA, que
morreu instantaneamente, e FERNANDO, então, saiu do veículo ainda
em movimento sem levar consigo qualquer pertence.
Não haverá latrocínio, por sua vez, quando a própria vítima reage e
mata um dos assaltantes. A eventual morte do comparsa em virtude de
reação da vítima, que age em legítima defesa, não constitui ilícito penal
algum, sendo paradoxal pretender, a partir de uma conduta lícita da
vítima, agravar a pena dos autores.
c) FERNANDO atirou em direção a cabeça de APARECIDA, mas, por erro
de execução causou a morte de MARIA. Não houve a consumação da
subtração de qualquer bem.