Cole 1299
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PORTUGUESA EM 5ª E 8ª SÉRIES
Resumo
O presente texto tem por objetivo apresentar uma discussão sobre as práticas de
leitura nas aulas de Língua Portuguesa, desenvolvida em 5ª e 8ª séries em três
escolas de rede pública do município de Ponta Grossa – Paraná. Os dados foram
coletados por meio de observação da escola e das aulas de Língua Portuguesa,
aplicação de questionários aos responsáveis pelas bibliotecas, pedagogos,
professores e alunos das classes observadas. Essa metodologia de coleta de dados
está de acordo com a abordagem das pesquisas qualitativas do tipo etnográfica. As
discussões teóricas estão assentadas em autores que discutem a leitura e as
práticas de leitura: Foucambert (1994), Solé (1998) e Silva (2005). A análise dos
dados evidenciou: a) que os professores não planejam suas aulas, disso decorre
uma prática docente fragmentada, repetitiva que não estimula a participação dos
alunos nas aulas; b) o livro didático é o material mais utilizado pelos professores
para trabalhar a leitura em sala de aula; c) nas escolas há um discurso
institucionalizado que culpa a mídia e a instituição familiar pelo desinteresse dos
alunos pela leitura; d) os profissionais responsáveis por mediarem a leitura nas
escolas – bibliotecários, pedagogos e professores – afirmaram que são leitores,
porém eventuais; e) tanto os professores quanto os alunos reconhecem que a
leitura é importante para a vida das pessoas e têm noção do papel da escola na
formação dos leitores.
Palavras-chave:
Leitura, Práticas de leitura, Mediadores de leitura.
Introdução
O presente texto tem por objetivo apresentar uma discussão sobre as práticas de
leitura nas aulas de Língua Portuguesa em turmas de 5ª e 8ª séries de 03 (três)
escolas da rede pública do município de Ponta Grossa, Paraná. Escolhemos essas
séries por considerarmos momentos decisivos no processo de aquisição e domínio
da leitura e da escrita.
Para atender aos objetivos propostos, partimos das seguintes questões: a) Qual é o
espaço que a leitura ocupa no cotidiano escolar? b) Como é conduzido o trabalho de
leitura no cotidiano das escolas, as práticas de leituras nas aulas de Língua
Portuguesa em turmas de 5ª e 8ª séries? c) Qual a concepção de leitura mais
presente em professores, pedagogos, alunos e bibliotecários?
Todavia, sabemos que promover a leitura na escola não é tarefa fácil, exige
oferecer aos alunos oportunidades para desenvolver a leitura. Demanda professores
criativos para driblar as dificuldades encontradas no dia-a-dia, sem deixar de
considerar que é fundamental a existência de bibliotecas com bom acervo. O
desafio proposto aos professores é desempenhar da melhor maneira possível à
prática pedagógica, contribuindo na formação do cidadão-leitor-crítico, a fim de
possibilitar ao mesmo uma melhor compreensão da sociedade em que está
inserido.
Por isso, segundo Silva (2005), é necessário que o professor se torne um leitor
crítico e esteja em contato com variados contextos de leitura, constituindo-se autor
de sua própria prática pedagógica.
A orientação dos professores para iniciar o trabalho com a leitura resumia-se em:
"Abram o livro na p. 56!"; "Façam uma leitura silenciosa do texto!"; "Vamos ler o
texto em voz alta!". Não se criava expectativas no leitor e não se mostrava
finalidades para a leitura, a leitura não passava de um mecanismo de decodificação
do escrito.
A análise dos dados revelou que a maioria dos alunos não lê por prazer ou porque
gosta, lê para fazer avaliações, atividades. Solé (1998) enfatiza que é preciso ir ao
texto para buscar informações, para escutá-lo, para querer saber mais, para buscar
incentivação e produzir outros textos e também para descontrair. Em geral o aluno
que não lê, justifica dizendo que ler é chato e cansativo; que prefere jogar bola, e
conversar; reclama que os livros são muito extensos.
É preciso considerar que a leitura não é o tempo todo e, nem para todos, em todos
os momentos, exclusivamente prazerosa. Segundo Foucambert (1994: 29), "A
leitura só é difícil ou cansativa (e exige esforços) quando não se sabe ler ou quando
se precisa traduzir a escrita para compreendê-la". Esta pesquisa evidenciou que os
professores e os alunos desconsideram que a leitura envolve trabalho, esforço,
desafios e, nisso, está a aprendizagem do prazer de ler, da construção do prazer de
ler. Portanto, obrigação não é dissociável do prazer; não são pares constantemente
opostos, nem são exclusivos para qualquer situação de uso da leitura. A sala de
aula não tem sido um ambiente de prática diária que mostre aos alunos as diversas
facetas que envolvem o ensino de leitura.
E, para justificar essa aversão à leitura pelos alunos, os professores afirmam que a
culpa é dos pais que não dão exemplo, não incentivam seus filhos a praticarem a
leitura de livros em casa. Por outro lado, culpam a escola que não mostra a
importância dessa prática. A TV e o computador aparecem como vilões que vieram
para ocupar o lugar do livro. E, por fim, denunciam que o professor lê pouco e não
incentiva a leitura.
Todavia, esse discurso feito pelos alunos é solto e pode ser questionado: Ler
qualquer coisa é bom? Ler em quantidade é bom? A leitura provoca conseqüências
positivas naquele que lê? O que é bom hoje, sempre o foi? Quem legitima as
leituras boas, as melhores práticas, o material adequado para ler?
A pesquisa comprovou que a maioria dos alunos possui material de leitura em casa,
porém, leem eventualmente. Gostam de ir à biblioteca, mas poucos emprestam
livros, leem, apenas aquilo que é indicado pelos professores.
Diante da questão "como fazer com que os alunos passem a gostar de ler"
verificou-se que as escolas não desenvolvem atividades que promovam a leitura.
Outro fato observado nas escolas é a imposição, o professor manda ler. Todavia, é
necessário levar em consideração as diversificadas leituras que os alunos fazem
fora e dentro da escola, realizam outras leituras e resistem às leituras escolares
realizadas pelos professores.
Conforme observação a maioria das aulas não eram atrativas, não tinham
continuidade, eram fragmentadas, não havia interação professor/aluno e o material
primordial era o livro didático. As metodologias não contribuíam para a produção de
leitores competentes, as aulas não eram planejadas de acordo com as necessidades
dos alunos, e quando indagados sobre o assunto, as respostas foram: "Por escrito
eu não faço, a gente sabe conduzir a matéria"; "Sigo o livro"; "Planejamento? Ih
adianta? "A coordenação não acompanha o planejamento. Não dá tempo".
Isso implica dizer que planejar requer pesquisar, ser criativo na elaboração da aula,
estabelecer prioridades e limites, estar aberto para acolher o aluno e sua realidade,
ser flexível para planejar sempre que necessário. É preciso entender que ensinar
exige saber planejar, o que implica levar em conta as necessidades e as
características de aprendizagem dos alunos, os objetivos educacionais da escola, o
conteúdo, o compromisso do professor com o ensino, o tempo e às condições
objetivas de trabalho. Ele está ligado aos valores pedagógicos, culturais e
intelectuais.
Considerações finais
Portanto, sem troca, sem diálogo, sem reflexão não existem condições
para reverter o fracasso escolar instaurado dentro das escolas. Isso tudo
só fará parte do contexto educacional se as políticas públicas voltadas para
educação investirem em recursos didáticos, na qualificação permanente
dos professores que visem superar as práticas pedagógicas estruturalistas.
Referências
FREIRE, P. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. Paz e Terra, Rio
de Janeiro, 1982.
Resumo
O presente texto tem por objetivo apresentar uma discussão sobre as práticas de leitura
nas aulas de Língua Portuguesa, desenvolvida em 5ª e 8ª séries em três escolas da rede
pública do município de Ponta Grossa – Paraná. Os dados foram coletados por meio de
observação da escola e das aulas de Língua Portuguesa, aplicação de questionários aos
responsáveis pelas bibliotecas, pedagogos, professores e alunos das classes observadas.
Essa metodologia de coleta de dados está de acordo com a abordagem das pesquisas
qualitativas do tipo etnográfica. As discussões teóricas estão assentadas em autores que
discutem a leitura e as práticas de leitura Foucambert (1994), Solé (1998) e Silva
(2005). A análise dos dados evidenciou: a) que os professores não planejam suas aulas,
disso decorre uma prática docente fragmentada, repetitiva que não estimula a
participação dos alunos nas aulas; b) o livro didático é o material mais utilizado pelos
professores para trabalhar a leitura em sala de aula; c) nas escolas há um discurso
institucionalizado que culpa a mídia e a instituição familiar pelo desinteresse dos alunos
pela leitura; d) os profissionais responsáveis por mediarem a leitura nas escolas –
bibliotecários, pedagogos e professores – afirmaram que são leitores, porém, eventuais.
e) tanto os professores quanto os alunos reconhecem que a leitura é importante para a
vida das pessoas e têm noção do papel da escola na formação de leitores.
Introdução
O presente texto tem por objetivo apresentar uma discussão sobre as práticas de leitura
nas aulas de Língua Portuguesa em turmas de 5ª e 8ª séries de 03 (três) escolas da rede
pública do município de Ponta Grossa, Paraná. Escolhemos essas séries por
considerarmos momentos decisivos no processo de aquisição e domínio da leitura e da
escrita.
O desejo de investigar o tema é decorrente das nossas inquietações, enquanto
professora. Essa preocupação aumenta ainda mais diante dos resultados das avaliações
oficiais que evidenciam a falta de compreensão leitora dos alunos nessa etapa de ensino.
Isso instigou-nos a buscar explicações, por meio de uma pesquisa qualitativa do tipo
etnográfica, sobre as práticas de leitura que ocorrem nas aulas de Língua Portuguesa. E,
ainda, procuramos compreender as condições físicas e humanas existentes nas escolas
que contribuem para o desenvolvimento efetivo de práticas de leitura.
Para atender aos objetivos propostos, partimos das seguintes questões: a) Qual é o
espaço que a leitura ocupa no cotidiano escolar? b) Como é conduzido o trabalho de
leitura no cotidiano das escolas, as práticas de leituras nas aulas de Língua Portuguesa
em turmas de 5ª e 8ª séries? c) Qual a concepção de leitura mais presente em
professores, pedagogos, alunos e bibliotecários?
Portanto, voltamos o nosso olhar à escola como um ambiente natural onde se processa o
trabalho realizado com a leitura. Nossa intenção era conhecer e entender os embates e
contradições, a dinâmica e a diversidade de situações vivenciadas por professores e
alunos associadas ao contexto escolar referente à leitura.
Para tanto, a pesquisa de campo, para a coleta de dados, compreendeu 06 (seis etapas):
1. Definição das escolas que seriam pesquisadas e autorização para a pesquisa; 2.
escolha dos sujeitos; 3. a criação do instrumento de coleta de dados – o questionário
semi-estruturado; 4. aplicação do teste piloto para validação do questionário semi-
estruturado com 06 (seis) alunos de 5ª e 8ª séries; 5. processo de observação nas escolas
escolhidas, focalizando de modo particular as turmas de 5ª e 8ª séries, registros em
diário de bordo sobre o planejamento anual, os planos de aula e os registros realizados
pelo professor no livro de chamada e; 6. aplicação do questionário aos alunos, aos
professores, aos pedagogos e aos responsáveis pelas bibliotecas das escolas estaduais.
As concepções teóricas para a compreensão do objeto estão assentadas em autores que
discutem as práticas de leitura e a formação de leitores, como: Freire (1982),
Foucambert (1994), Solé (1998), Silva (2005), entre outros.
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A leitura deve ser estimulada desde cedo, primeiramente, na família e depois na escola a
qual deve ser o espaço privilegiado para a formação do leitor. Esses autores entendem a
leitura como uma prática social que faz parte do cotidiano das pessoas. Essa perspectiva
teórica defende que para formar leitor é fundamental que o aluno desenvolva o gosto
pela leitura e se familiarize com o livro desde pequeno, lendo e ouvindo histórias, tanto
na família quanto na escola. A sociedade contemporânea tem atribuído à escola a
responsabilidade de ensinar a ler e a compreender os diversos gêneros textuais.
Dessa forma, a escola é reconhecida como uma das principais agências responsáveis
pelo desenvolvimento das competências que envolvem leitura, uma vez que é nela que
formalmente ocorre a reflexão sobre os variados gêneros textuais e os diferentes
portadores de texto. O contato com uma diversidade textual possibilita aos alunos
desenvolverem a capacidade de diferenciação e compreensão dos mesmos.
Todavia, sabemos que promover a leitura na escola não é tarefa fácil, exige oferecer aos
alunos oportunidades para desenvolver a leitura. Demanda professores criativos para
driblar as dificuldades encontradas no dia-a-dia, sem deixar de considerar que é
fundamental a existência de bibliotecas com bom acervo. O desafio proposto aos
professores é desempenhar da melhor maneira possível à prática pedagógica,
contribuindo na formação do cidadão-leitor-crítico, a fim de possibilitar ao mesmo uma
melhor compreensão da sociedade em que está inserido.
Por isso, segundo Silva (2005), é necessário que o professor se torne um leitor crítico e
esteja em contato com variados contextos de leitura, constituindo-se autor de sua
própria prática pedagógica.
Práticas de leitura em sala de aula
Durante a permanência como pesquisadora percebemos que o cotidiano escolar tem
adotado uma série de práticas desmotivadoras que levam o aluno a não gostar de ler. A
leitura foi trabalhada apenas como decodificação do escrito, sem discussão do conteúdo
do texto, em decorrência disso, não havia interesse por parte dos alunos. Com isso, os
alunos não foram levados a descobrirem os objetivos, não houve interação entre
aluno/texto/professor. Percebemos que as leituras dos textos eram impostas, resumia-se
a atos mecânicos de ler, o que gerava conversas paralelas entre os alunos, impedindo a
compreensão da leitura.
A orientação dos professores para iniciar o trabalho com a leitura resumia-se em:
“Abram o livro na p. 56!”; “Façam uma leitura silenciosa do texto!”; “Vamos ler o
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texto em voz alta!”. Não se criava expectativas no leitor e não se mostrava finalidades
para a leitura, a leitura não passava de um mecanismo de decodificação do escrito.
No pensar de Solé (1998), é preciso criar um ambiente de leitura, oferecer
finalidade, ativar seu conhecimento de mundo, fazer previsões, formular questões,
recapitular informações, resumir, destacar idéias principais, responder perguntas sobre o
lido e construir interpretações. Segundo a autora para que um indivíduo se torne um
leitor autônomo e competente é preciso que receba auxílio e suporte de um leitor mais
experiente que trabalhe com as estratégias de leitura. Para Solé (1998), ao desenvolver
atividades de leitura com os alunos é preciso que o professor tenha em mente que a
leitura precisa ser desenvolvida em três momentos fundamentais: o antes, o durante e o
depois.
O uso de estratégias leva à progressiva interiorização e utilização autônoma pelas
crianças. Nesse caso, compreender os propósitos da leitura, o quê ler e para quê, pode
determinar a forma como o leitor se situa na leitura e na compreensão do texto. As
estratégias permitem aos alunos ativarem os conhecimentos prévios sobre o assunto e,
dessa maneira, assumirem um papel ativo na leitura fazendo previsões, formulando
questões e recapitulando informações a respeito do texto e, assim, ir construindo a
interpretação do texto no decorrer da leitura.
A análise dos dados revelou que a maioria dos alunos não lê por prazer ou porque gosta,
lê para fazer avaliações, atividades. Solé (1998) enfatiza que é preciso ir ao texto para
buscar informações, para escutá-lo, para querer saber mais, para buscar incentivação e
produzir outros textos e também para descontrair. Em geral o aluno que não lê, justifica
dizendo que ler é chato e cansativo; que prefere jogar bola, e conversar; reclama que os
livros são muito extensos.
É preciso considerar que a leitura não é o tempo todo e, nem para todos, em todos os
momentos, exclusivamente prazerosa. Segundo Foucambert (1994: 29), “A leitura só é
difícil ou cansativa (e exige esforços) quando não se sabe ler ou quando se precisa
traduzir a escrita para compreendê-la”. Esta pesquisa evidenciou que os professores e os
alunos desconsideram que a leitura envolve trabalho, esforço, desafios e, nisso, está a
aprendizagem do prazer de ler, da construção do prazer de ler. Portanto, obrigação não é
dissociável do prazer; não são pares constantemente opostos, nem são exclusivos para
qualquer situação de uso da leitura. A sala de aula não tem sido um ambiente de prática
diária que mostre aos alunos as diversas facetas que envolvem o ensino de leitura.
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E, para justificar essa aversão à leitura pelos alunos, os professores afirmam que a culpa
é dos pais que não dão exemplo, não incentivam seus filhos a praticarem a leitura de
livros em casa. Por outro lado, culpam a escola que não mostra a importância dessa
prática. A TV e o computador aparecem como vilões que vieram para ocupar o lugar do
livro. E, por fim, denunciam que o professor lê pouco e não incentiva a leitura.
Os depoimentos revelaram que, tanto os professores quanto os alunos apresentam um
discurso construído sobre a leitura, que vigora nas políticas públicas, no imaginário
social e no interior da escola. As respostas mais recorrentes foram:“Ler traz
informações”; “ ler exercita a capacidade mental da pessoa, é muito bom para o
cérebro”; “ler traz conhecimento”.
Todavia, esse discurso feito pelos alunos é solto e pode ser questionado: Ler qualquer
coisa é bom? Ler em quantidade é bom? A leitura provoca conseqüências positivas
naquele que lê? O que é bom hoje, sempre o foi? Quem legitima as leituras boas, as
melhores práticas, o material adequado para ler?
O desenvolvimento de interesses e hábitos se faz num processo constante que se inicia
na família, reforça-se na escola e continua ao longo da existência do indivíduo por meio
das influências recebidas de sua atmosfera cultural.
A pesquisa comprovou que a maioria dos alunos possui material de leitura em casa,
porém, leem eventualmente. Gostam de ir à biblioteca, mas poucos emprestam livros,
leem, apenas aquilo que é indicado pelos professores.
Porém, quando, aos professores e aos pedagogos, fora perguntado: quais as dificuldades
que encontravam para desenvolver o trabalho com a leitura. As respostas relatadas
foram que os alunos não gostam e têm preguiça de ler, inclusive as questões do livro
didático. Alegaram ainda que o trabalho com a leitura não é tarefa simples e que falta
espaço na biblioteca para acomodar uma turma inteira.
Diante da questão “como fazer com que os alunos passem a gostar de ler” verificou-se
que as escolas não desenvolvem atividades que promovam a leitura. Outro fato
observado nas escolas é a imposição, o professor manda ler. Todavia, é necessário levar
em consideração as diversificadas leituras que os alunos fazem fora e dentro da escola,
realizam outras leituras e resistem às leituras escolares realizadas pelos professores.
Conforme observação a maioria das aulas não eram atrativas, não tinham continuidade,
eram fragmentadas, não havia interação professor/aluno e o material primordial era o
livro didático. As metodologias não contribuíam para a produção de leitores
competentes, as aulas não eram planejadas de acordo com as necessidades dos alunos, e
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quando indagados sobre o assunto, as respostas foram: “Por escrito eu não faço, a
gente sabe conduzir a matéria”; “Sigo o livro”; “Planejamento? Ih adianta? “A
coordenação não acompanha o planejamento. Não dá tempo”.
Necessário, se faz entender que a função mais evidente de um planejamento de ensino é
segundo Tardif (2005: 212), “transformar e modificar o programa a fim de moldá-lo às
circunstâncias únicas de cada situação de ensino”.
Isso implica dizer que planejar requer pesquisar, ser criativo na elaboração da aula,
estabelecer prioridades e limites, estar aberto para acolher o aluno e sua realidade, ser
flexível para planejar sempre que necessário. É preciso entender que ensinar exige saber
planejar, o que implica levar em conta as necessidades e as características de
aprendizagem dos alunos, os objetivos educacionais da escola, o conteúdo, o
compromisso do professor com o ensino, o tempo e às condições objetivas de trabalho.
Ele está ligado aos valores pedagógicos, culturais e intelectuais.
A pesquisa evidenciou que os mediadores da leitura, os que atuam na promoção,
divulgação e na formação de leitores na escola, consideram-se leitores, porém eventuais.
Entendemos que um dos requisitos básicos para quem quer ser formador de leitores, é
ser leitor de diversos gêneros textuais e propiciar o contato do aluno com o livro e a
leitura. Pois, quando o aluno vê o entusiasmo do professor pela leitura, por um livro, um
autor, ele tende fazer o mesmo.
A formação do leitor e a aprendizagem da leitura estão atreladas ao trabalho que o
professor desenvolve na sua prática pedagógica. O professor aproxima o livro da
criança deixando-a fazer escolhas, lendo textos, mostrando ilustrações, ouvindo
atentamente, respondendo perguntas, observando e respeitando suas relações (SAVELI,
2007). A leitura de um texto é infinita, mas o momento em que o mediador compartilha
com o aluno a leitura e a troca de experiências é única por incluir o vínculo ali
estabelecido.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os pesquisadores da área da leitura acreditam que os debates promovidos em torno do
dela, é imprescindível, principalmente, quando se depara com os baixos índices do
rendimento escolar apresentados pelas avaliações oficiais do PISA, Prova Brasil, entre
outros. Essas avaliações evidenciam que a falta de compreensão leitora dos alunos das
escolas brasileiras constituem um problema que devem ser equacionados e apontam à
necessidade de a escola tomar para si esse desafio. Pois, é na escola e, mais
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particularmente, na sala de aula que as políticas públicas dessa natureza tendem a serem
efetivadas. Dessa forma, a escola precisa pensar em como oferecer aulas de qualidade,
que sejam mais atrativas e incentivadoras, que vão ao encontro das necessidades
apresentadas pelos alunos.
Partindo dessa perspectiva, defendemos que: a) as aulas de Língua Portuguesa devem
ser planejadas; b) o trabalho com a leitura nas práticas diárias em sala de aula precisa
ser menos estruturalista; c) o professor ao trabalhar com a leitura precisa dominar a
língua, conhecer e se utilizar de meios estratégicos que levem o aluno à construção do
conhecimento; d) o ensino de leitura necessita da interferência direta do professor como
mediador; e) o professor precisa ter consciência e exercer um papel relevante no
processo de formação de leitores; f) o leitor necessita do professor mediador para
conduzir, orientar e aplicar estratégias de leitura.
Portanto, sem troca, sem diálogo, sem reflexão não existem condições para reverter o
fracasso escolar instaurado dentro das escolas. Isso tudo só fará parte do contexto
educacional se as políticas públicas voltadas para educação investirem em recursos
didáticos, na qualificação permanente dos professores que visem superar as práticas
pedagógicas estruturalistas.
Há que se refletir na seguinte questão: A leitura precisa ser ensinada? Como despertar o
interesse dos alunos pela leitura? Como fazer com que as aulas de leitura se tornem
atrativas e incentivadoras aos alunos? O professor de leitura dentro das escolas é leitor?
A escola tem cumprido o seu papel de formadora de leitores? Como a escola se
posiciona em relação à ausência da leitura dentro dela?
A leitura deve ser ensinada, mediada, compartilhada e jamais imposta. Não há como
ensinar o aluno a gostar de ler sem antes mostrar a ele a relação do ato de ensinar e
aprender.
A maneira como se desenvolve e se apresenta o trabalho com a leitura na sala de aula é
fruto daquilo que se acredita e se adquire como bagagem cultural de vida. Nesse caso, a
metodologia escolhida pelo professor no momento em que irá trabalhar a leitura é algo
marcante na aprendizagem, isto é, na construção que cada indivíduo realiza durante a
vida. A partir disso, é preciso pensar em aulas bem planejadas, em que o aluno possa
perceber a intenção do professor ao escolher aquela atividade.
De acordo com Solé (1998) os mediadores de leitura precisam estar preparados para
poderem oferecer aos seus alunos diversas maneiras de se ler um texto. É possível de a
leitura ser ensinada, motivada e planejada fazendo uso de estratégias que facilitem a
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FREIRE, P. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. Paz e Terra, Rio de
Janeiro, 1982.