PPP - Ebd - Batsta

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APRESENTAÇÃO

A Convenção Batista Brasileira (CBB) desde seu início esteve consciente da necessidade e im-
portância da Educação Teológica e Ministerial tanto que, em sua primeira Assembleia em junho de
1907, foi criado organismo para administrar a formação teológica dos vocacionados ao ministério da
Palavra. Ao longo de todo o tempo, nossa filosofia tem dedicado um capítulo para definir e orientar
esta direção, como demostrado a seguir:
A Educação Teológica e Ministerial visa à formação especializada de pessoas vocacionadas, que
dedicaram suas vidas à obra do Senhor, na igreja, na denominação e no mundo. Deve ser cristo-
cêntrica e bibliocêntrica e oferecer aos vocacionados a oportunidade de aperfeiçoamento de suas
atitudes, habilidades e ações, inspiradas no exemplo de Jesus Cristo.
A Convenção incumbe-se de estabelecer as normas e diretrizes das instituições teológicas a ela
vinculadas, zelando pela excelência da qualidade de ensino e do seu produto.

Diretrizes:
Estabelecer como objetivo do Programa de Educação Teológica e Ministerial a visão acadêmica
de estímulo à pesquisa e aprofundamento intelectual; participação na vida denominacional; interes-
se prático; fidelidade à Bíblia e às doutrinas e princípios dos Batistas.
Promover e estimular o ensino teológico, tendo em vista o preparo dos obreiros, respeitada a
diversidade de dons e vocações.
Diante da diversidade de dons e vocações, oferecer gratificação para pastores, evangelistas, músi-
cos, educadores religiosos, docentes e habilitações para ministérios de áreas diversas, com o fim de
atender às necessidades das igrejas, da obra missionária e das instituições denominacionais.
Por reconhecer a importância da Educação Teológica e Ministerial e a necessidade de seu desen-
volvimento, estimular e apoiar o surgimento de projetos, programas e a constituição de fundos que
visem à formação de docentes, mestres e doutores capazes de atender à variada demanda do ma-
gistério teológico, ministérios especiais e produção de literatura no campo teológico e ministerial.
Incentivar pastores e igrejas a serem cuidadosos na recomendação de candidatos aos seminários; a se
envolverem em programas de apoio, sustento, educação e treinamento de vocacionados; a cultivarem o
compartilhamento do discipulado, visando à formação de um ministério forte e dedicado ao trabalho cristão.
Estimular as instituições teológicas, os pastores e as igrejas a que desenvolvam e realizem pro-
gramas de estágios, visando à formação prática do estudante, a partir de experiências concretas nos
diversos ministérios das igrejas e dos pastores.

Ministérios
A Bíblia apresenta ministérios variados. A Convenção, em consequência, incumbe-se de de-
senvolver programas que confrontem pessoas com a chamada de Deus e as eduquem, treinem e
reciclem para que se dediquem a esses ministérios, incentivando as igrejas ao seu aproveitamento.

Diretrizes:
Incentivar as igrejas a:
a) Reconhecerem o valor do ministério pastoral e outros para sua edificação e crescimento;
b) Sustentarem dignamente seus ministérios;
c) Valorizarem o ideal de um ministério de dedicação integral;
d) Manterem bom relacionamento com seus pastores;
e) Preservarem a ética do ministério pastoral e outros ministérios.

Motivar as igrejas para que participem do sustento dos vocacionados, de sua educação, de sua
preparação e do seu treinamento prático.
Reconhecer que a vocação é dada por Deus, para o cumprimento de seu propósito eterno na
história, ser cumprido pela igreja e que a formação do ministério existe em função da igreja, em face
das necessidades do mundo.
Reconhecer o ministério de crente, também chamado para servir na obra cristã e, por essa razão,
incentivar e apoiar programas de ensino, de discipulado e treinamento para sua capacitação em
todas as áreas do serviço cristão.
Considerando que vivemos um tempo de novos desafios e novas tecnologias, considerando o desenvol-
vimento das metodologias de ensino, a Convenção elaborou dentro da sua filosofia, por meio de um grupo
de trabalho, este Projeto Pedagógico para ser seguido por todas nossas instituições de ensino ministerial.

Sócrates Oliveira de Souza


Diretor Executivo

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SUMÁRIO
1. Apresentação.....................................................................................................1

2. Contextualização do Projeto..............................................................................7
2.1. Realidade da educação teológica no Brasil Batista.................................... 7
2.2. Finalidade......................................................................................... 9
2.3. Justificativa...................................................................................... 10
2.4. Eixos da construção do PPT............................................................ 11
2.4.1. Construção coletiva..................................................................... 11
2.4.2. Interação com as instituições de ensino teológico........................ 12
2.4.3. Pertinência entre disciplinas, conhecimentos e saberes teológicos .12

3. Aspectos legais (seminários e faculdades)........................................................15

4. A CBB e a Teologia.........................................................................................17
4.1. Missão, visão e valores da CBB para a Educação Teológica e Ministerial...19
4.1.1. Missão......................................................................................... 19
4.1.2. Visão .......................................................................................... 19
4.1.3. Valores........................................................................................ 19
4.2. A CBB e sua filosofia de Educação Teológica e Ministerial .................... 19
4.2.1. A Educação Teológica e Ministerial.............................................. 20
4.2.2. Diretrizes da CBB........................................................................ 20
4.3. Concepção político-pedagógico............................................................. 21
4.4. Perfil do docente do Curso de Teologia.................................................. 22

5. Organização didático-pedagógica....................................................................25
5.1. Vocação do Curso de Teologia............................................................... 25
5.2. Objetivos............................................................................................... 25
5.3. Perfil do egresso..................................................................................... 26
5.4. Competências e habilidades na Educação Teológica e Ministerial.......... 27
5.4.1. As competências.......................................................................... 27
5.4.2. As habilidades.............................................................................. 28

6. A organização curricular..................................................................................31
6.1. Eixos da organização curricular.............................................................. 31
6.1.1. Eixo 1 – Vocação, igreja e ministério........................................... 31
6.1.2. Eixo 2 – Bíblia, linguagens e exegese........................................... 32
6.1.3. Eixo 3 – Missiologia, pastoreio e espiritualidade.......................... 33
6.2. Pilares norteadores na composição do Curso.......................................... 34
6.2.1. Aprender a conhecer.................................................................... 35
6.2.2. Aprender a fazer.......................................................................... 36
6.2.3. Aprender a viver juntos ............................................................... 36
6.2.4. Aprender a ser ............................................................................ 37

7. Avaliação do Projeto Pedagógico.....................................................................39

8. Referências bibliográficas................................................................................41
Grupo de trabalho ................................................................................. 43

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Projeto Pedagógico de Teologia da Convenção Batista Brasileira

1. PROJETO PEDAGÓGICO DE TEOLOGIA


DA CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA (PPT-CBB)
“Não estamos propondo um novo caminho; o que propomos
é um jeito novo de caminhar” (Thiago de Mello)

APRESENTAÇÃO

Neste documento apresenta-se o Projeto Pedagógico de Teologia da Convenção Batista Brasileira


(PPT-CBB). A construção e a elaboração deste Projeto foram pautadas em discussão em grupos, em
reuniões do Conselho da CBB1, em congressos2 e encontros3 organizados pela ABIBET em diferentes
reuniões no Brasil. Nas muitas reuniões e nos diversos encontros que foram realizados, diferentes
disciplinas, temas, problemas e “teses” pertinentes à formação teológica e ministerial foram pensa-
dos, tratados e geraram importantes subsídios para a elaboração deste Projeto.
A ideia geradora deste Projeto, no entanto, surgiu inicialmente da “simples e pequena” recomen-
dação da CBB feita à ABIBET, em outubro de 2015, concernente à elaboração de uma matriz curri-
cular para o Curso de Teologia. O que a CBB buscava era, tão somente, a confecção e a proposição
de uma matriz curricular para o Curso de Teologia que refletisse clara e coerentemente os ideais, a
identidade e a linha teológica para a formação ministerial dos Batistas brasileiros.
A recomendação da CBB foi aceita pela ABIBET e sua diretoria, capitaneada pelo presidente,
o Pr. Vanedson Ximenes, começou a agir, munir esforços e a agregar pessoas para construir o que
fora recomendado: elaborar uma matriz curricular. Após a realização de algumas reuniões e muitas
discussões, diálogos e debates, constatou-se que os desafios que envolviam a Educação Teológica e
Ministerial eram maiores e iam além da elaboração de uma matriz curricular.
Diante desse importante impasse, algumas perguntas surgiram: O que fazer? Que caminho tri-
lhar? Qual o papel e a contribuição da ABIBET para a Educação Teológica e Ministerial? O que a
Teologia e a formação teológica e ministerial Batista realmente precisa? Para a CBB, ter uma matriz
é importante, mas sua elaboração será suficiente para gerar coesão e alinhamento na formação teo-
lógica e ministerial? A partir dessas problematizações oriundas de perguntas de difíceis respostas e
um amplo processo de discussão e diálogo a respeito delas e do que elas envolviam, que é o ensino
teológico, houve o consenso na comissão teológica sobre a necessidade de se dar um passo maior
e mais complexo, mas também processual e, por ser consultivo e democrático, mais demorado, que
foi o de construir e sistematizar um Projeto Pedagógico de Teologia para a CBB.
A decisão de elaborar um Projeto Pedagógico e não apenas uma matriz curricular foi uma esco-
lha difícil, complicada, carregada de temores e também “prolixa” de sonhos, desejos, perspectivas,
“promessas” e esperança. No momento da tomada de decisão, a certeza que se tinha era a do grande
desafio que surgia. Mas, com o passar do tempo, a escolha de se construir um PPT mostrou neces-
sária, acertada, sábia, prudente e de caráter estratégico tanto para a CBB quanto para a educação e
o ensino teológico e ministerial.
Durante toda a caminhada de trabalho, discussão, reflexão e elaboração do PPT, a preocupação
central no que se refere ao ensino-aprendizagem foi a qualidade organizativa, pedagógica e acadê-
mica do Curso de Teologia. No que se refere ao vocacionado e egresso do Curso, o ponto crucial é a
formação integral, com ênfase no “aprender a fazer, conhecer, conviver e ser”, o que poderá, por um
lado, ampliar os horizontes da formação teológica e ministerial e, por outro, reafirmar o entrelaça-
mento entre teologia, ministério e educação para o desenvolvimento de habilidades e competências.
No que concerne aos seminários e faculdades, a preocupação principal foi a consideração e o
respeito à sua autonomia e valorização do contexto regional peculiar que possuem, o que deve ser
preservado e respeitado sempre. Salienta-se, nesse aspecto, a importância de se pensar e de trabalhar
com a flexibilidade curricular e a diversidade de Projetos do Curso de Teologia.
Cientes de que a ideia de flexibilização e de diversidade, o que é muito caro para os Batistas,
o PPT vincula-se à necessidade de conceder maior plasticidade, maior maleabilidade, ao que se
quer flexionar, destituindo-o da “rigidez tradicional”. Contudo, é viável, prudente e salutar que os
seminários e faculdades Batistas, por mais livres e autônomos que sejam e tenham flexibilidade

1
Reunião realizada no Rio de Janeiro, em 03 de março, em 06 de junho, e 26 de outubro de 2016; em Vitória,
ES, nos dias 08 e 09 de julho de 2016.
2
Congresso Teológico realizado no Rio de Janeiro, de 17 a 19 de outubro de 2015, e em Recife, de 08 a 11
novembro de 2016.
3
Encontro no Rio de Janeiro, dias 27 a 29 de junho, em Curitiba 17 e 18 de agosto de 2016;

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Projeto Pedagógico de Teologia da Convenção Batista Brasileira

curricular, busquem uma aproximação e um alinhamento com aquilo que é marco identitário dos
Batistas brasileiros.
No que diz respeito à identidade Batista, a preocupação principal foi referente à Educação Teo-
lógica e Ministerial, que deve ser planejada, organizada e desenvolvida em sintonia com a igreja e
a prática eclesial e ministerial. Em consonância com essa preocupação, destaca-se a centralidade da
Bíblia, revelação de Deus em linguagem humana, fonte de conhecimento e de verdades espirituais
e suprema autoridade em assuntos de fé.
Toda essa preocupação possibilitou a que se pensasse na ideia de um PPT que contemplasse e
explicitasse a filosofia de educação da CBB, princípios, diretrizes educativas, eixos formativos e uma
matriz curricular para os Cursos de Teologia, que é comum e necessária a todo Projeto Pedagógico.
Contudo, é preciso esclarecer que todos os componentes do PPT são apenas sugestões, orientações,
encaminhamentos e referências que podem contribuir para uma maior aproximação ou um alinha-
mento teológico-educativo-curricular para os Batistas brasileiros.
O PPT, nessa perspectiva, é um documento que foi pensado e construído para orientar e servir
de norte e de referência para a Educação Teológica e Ministerial Batista. Mesmo assim, pensa-se o
PPT como um documento aberto, histórico, passível de revisão e reconfiguração e que se situa num
horizonte de possibilidades em relação ao que a CBB almeja e pretende com Educação Teológica e
Ministerial. Nesse sentido, o PPT assume uma dimensão política e uma dimensão prática, já que o
ele pressupõe uma aproximação educacional, um alinhamento teológico, um diálogo, uma intera-
ção com as instituições de ensino e sua realidade regional.
Para os Batistas brasileiros, ter um Projeto Pedagógico de Teologia (PPT-CBB) pensado, elabora-
do, construído, sistematizado e aprovado pelo Conselho da Convenção é uma grande vitória. O PPT
é também um marco institucional, uma ação cuidadosa e estratégica da Convenção, uma possibili-
dade de coesão, alinhamento e unidade na formação teológica e ministerial e um sonho que está se
tornando realidade.
O PTT-CBB é, portanto, uma carta de navegação, uma bússola que indica o rumo a seguir e uma
construção coletiva que requer uma revisão e modificação. O PPT é também uma “carta” de inten-
ção em que os Batistas apresentam sua identidade teológica, mostram o que pensam e querem da
Educação Teológica e Ministerial e estabelecem os passos para se chegar aonde desejam.
A razão para a construção do PPT e a proposta de Educação Teológica e Ministerial aqui apre-
sentada tem a ver com nossa vivência e experiência no ensino teológico e uma profunda convicção
de fé: teologia é diálogo, encontro, conversa e conhecimento de Deus. Nesse sentido, a teologia é
também o pensamento teológico, conforme afirma Ferreira (2014:9), “só consegue respirar em uma
atmosfera de diálogo com Deus e a oração é determinante para a teologia que o estudante vocacio-
nado produzirá”.

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Projeto Pedagógico de Teologia da Convenção Batista Brasileira

2. CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROJETO
“As Escrituras não foram dadas para aumentar nosso conhecimento,
mas para mudar nossa vida” (D. L. Moody)

O Projeto Pedagógico de Teologia da Convenção Batista Brasileira (PPT-CBB) é resultado de uma


construção coletiva, processo que envolveu vários professores, diretores de faculdades e seminários,
pastores e líderes da denominação. Sua elaboração foi feita a várias mãos, com diferentes pessoas,
que têm diversificadas experiências acadêmicas, e em diferentes tempos e espaços. O PPT é muito
mais do que um documento técnico burocrático. Na verdade, o PPT constitui um marco político
pedagógico, uma baliza teológica da CBB no campo da formação pastoral.
O PPT é um instrumento teórico-metodológico, político, filosófico e pedagógico da Convenção
Batista Brasileira para a Educação Teológica e Ministerial no Brasil. A finalidade deste documento,
intitulado PPT, é nortear as diferentes e diversas propostas educativas no campo da formação teo-
lógico-pastoral para os Batistas brasileiros. Entretanto, não podemos deixar de considerar que este
Projeto foi pensado para a denominação Batista e que, conforme assevera Santos (2011), desde o
século XVII, os Batistas organizam-se como comunidades e instituições diferenciadas e plantadas
nos princípios democráticos.
O PPT é um documento estratégico para a educação teológica Batista, e no âmbito do ministério
pastoral, diz respeito à construção de um cenário favorável no futuro. Sua meta é a melhoria da qua-
lidade do ensino, da aprendizagem, bem como da formação teológica e ministerial. Esta meta exige
mais dinamicidade, abrangência, profundidade e articulação, tanto com a confissão de fé Batista,
quanto com o contexto de transformação que acontece na educação, na sociedade, na denominação
e no pastorado.
Os projetos, o plano e o currículo, muito mais que documentos técnico burocráticos, devem ser
considerados instrumentos de ação política e pedagógica que garantam “uma formação global e
crítica para os envolvidos no processo, como forma de capacitá-los para o exercício da cidadania, a
formação profissional e o pleno desenvolvimento pessoal” (Veiga: 2004, p.16).
O PPT busca informar, elucidar e consolidar as diretrizes da Convenção Batista Brasileira (CBB)
para a elaboração dos Projetos Pedagógicos dos Cursos de Teologia (PPCT). Nesse sentido, o PPT
servirá de guia, bússola e de orientação para a construção e a proposição de um documento especí-
fico de cada instituição, que é o Projeto Pedagógico do Curso de Teologia. O Projeto Pedagógico é
um elemento de referência para a caminhada educacional de uma instituição e dos agentes educa-
tivos que fazem parte dela.
O Projeto Pedagógico é a explicitação e a tentativa de tradução dos sonhos que se tem para
educação. É um documento que traduz os mais sinceros desenhos de “para onde ir” e “quais as
maneiras adequadas de chegar lá. O Projeto Pedagógico, de acordo com Vasconcellos (2012), é o
plano global da instituição que pode ser entendido como uma sistematização, nunca definitiva, que
se aperfeiçoa e se concretiza na caminhada e que define claramente o tipo de ação educativa que
se pretende realizar”.
Nessa direção, o Projeto Pedagógico de Teologia (PPT) é um instrumento teórico metodológico
que visa auxiliar a CBB no enfrentamento dos desafios da formação teológica e ministerial. Além
desse importante aspecto, o PPT traz diretrizes para as faculdades e seminários e busca ressignificar
a ação de educar e de preparar ministros para o aqui e o agora, como também para o futuro. Como
o próprio nome diz, projetar significa lançar-se à frente, colocar-se em movimento com coragem,
esperança e promessas de muitas possibilidades.

2.1. REALIDADE DA EDUCAÇÃO TEOLÓGICA NO BRASIL BATISTA

Ao pensar na educação teológica no Brasil, faz-se necessário e urgente que nossa atenção seja
voltada para uma profunda reflexão a respeito de sua natureza, identidade, organização e diversifi-
cação de propostas de formação ministerial. Essa reflexão deve ser feita também sobre as ações edu-
cativas, o que acontece na sala de aula e a respeito dos compromissos das instituições e da equipe
docente e gestora. Essa reflexão é oportuna, pois, vivemos um momento de transição, transformação
e reestruturação da educação e dos seminários e faculdades de Teologia a partir da oficialização do
ensino teológico no Brasil.
Há de se considerar também na educação teológica no Brasil Batista três outros importantes as-
pectos, que são: a oficialização do ensino teológico, Cursos de Teologia na modalidade presencial

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e em EAD e a manutenção de seminários e cursos livres. Vale salientar, no entanto, que indepen-
dentemente da forma em que é desenvolvida, a educação teológica compartilha os mesmos aportes
teórico-metodológicos e mesmo os fundamentos pedagógicos das demais áreas da educação.
Junto à oficialização do ensino teológico, alguns seminários das convenções estaduais, que antes
eram os encarregados de preparar teologicamente os pastores e ministros, buscaram e estão bus-
cando o credenciamento no MEC, inserindo-se no contexto do ensino superior e das IES. Em vários
estados do Brasil, muitos seminários se organizaram, segundo a legislação oficial, se credenciaram
e buscaram autorização de funcionamento como faculdade no MEC, e tornaram-se faculdades de
Teologia.
Assim, a existência de Cursos de Bacharel em Teologia autorizados e reconhecidos pelo MEC já
é uma realidade patente, incontestável e irreversível. Essa condição do Curso de Teologia e do en-
sino teológico e ministerial se efetiva tanto em cursos presenciais, quanto em cursos na modalidade
EAD, com a mediação da Tecnologia da Informação e da Comunicação (TIC). Sobre esse aspecto,
esclarece-se:
O afluxo recente da modalidade a distância tem se constituído uma opção atraente, porém,
custosa (...) resta saber se essa forma massiva de oferta do curso atende às condições peculiares
de cada localidade e, no caso da teologia, se não cria uma uniformização afastada da confessio-
nalidade (...) (SANCHES, 2013, p. 191 e 192).
Já que o ensino de Teologia, na modalidade EAD, é também um fato e uma realidade, é preciso
haver uma estratégia de formação consolidada entre a instituição teológica, o aluno vocacionado,
a igreja e a ordem dos pastores. Essa estratégia deve ser pautada na mentoria permanente e num
acompanhamento rigoroso do estudante aspirante ao ministério. Além dessa importante estratégia,
o ensino teológico na versão EAD, segundo Pallof e Pratt (2002), exige-se uma nova pedagogia que
implica uma forma diferenciada do ensino presencial.
De outro lado, há convenções estaduais que optaram em manter seus seminários e os Cursos
Livres de Teologia. Tal decisão tem sido tomada, por haver o entendimento de que o MEC estaria
interferindo na composição curricular e nos conteúdos teológicos, desrespeitando a tradição de fé,
a liberdade religiosa e a confessionalidade da instituição. Além desse entendimento, havia e ainda
há temor e preocupação de que o ensino teológico oficializado e o Curso de Teologia reconhecido
pelo MEC, perderia o foco ministerial e assumiria um viés secularizado.
Esse temor e essa preocupação por mais legítimos que possam ser, não têm fundamento legal. As
exigências acadêmicas e organizacionais preconizadas na legislação pertinente não apontam nesta
direção. Portanto, vale destacar, que o ensino teológico só será secularizado e sem viés ministerial,
se a IES e seu corpo diretor, assim desejar e planejar. O MEC e legislação do ensino superior não
interferem na “cor” ideológica do Curso de Teologia.
Neste complicado momento em que vivemos, existe um outro grande desafio em nossas insti-
tuições de ensino teológico, que é o reduzido número de alunos por sala de aula e uma pequena
receita financeira mensal. A dificuldade financeira é uma realidade que atinge os seminários e as
faculdades e está presente em todos os estados brasileiros. O reduzido número de alunos e a difi-
culdade financeira ocorrem por causa da concorrência crescente e desleal, aumento do custo por
aluno, nível elevado de inadimplência e a crise econômica que atravessa o nosso país. Além disso,
há a impossibilidade de se poder cobrar um valor justo por esse ensino.
A maioria das instituições teológicas, sejam aquelas de curso livre, sejam as de curso autorizado
e reconhecido, com sua receita oriunda das mensalidades de alunos, não conseguem cobrir suas
despesas com pessoal e os encargos sociais. Esta situação é um impedimento para que se façam os
investimentos necessários nas melhorias do patrimônio, biblioteca, infraestrutura tecnológica e no
aperfeiçoamento do corpo docente. A dificuldade financeira, o pouco investimento na educação
teológica e professores despreparados realçam não só a falta de qualidade no ensino, mas também
a superficialidade, inconsistências e falta de solidez bíblico-teológica.
No Brasil, a teologia, a educação teológica, o pensamento teológico religioso e a prática minis-
terial navegam por “mares” turbulentos e bravios. Cada um desses elementos é “balançado” pelos
fortes “ventos” da contemporaneidade. Neste contexto, a Teologia e a Educação Teológica e Minis-
terial, especificamente, encontram-se postergada à condição de um produto supérfluo, sendo vistas
como desnecessárias. O pensamento teológico-religioso e a prática ministerial de igrejas e denomi-
nações, por sua vez, passam a ser desenvolvidos de acordo com a lógica do mercado, o atendimento
de desejos individuais e a mercantilização da fé.
A lógica mercadológica sob a qual a esfera da religião opera produz, entre outras coisas, o
aumento da importância das necessidades e desejos das pessoas na definição dos modelos de
práticas e discursos religiosos a serem oferecidos no mercado. Ao mesmo tempo, demanda

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das organizações religiosas maior flexibilidade em termos de mudança de seus “produtos” no


sentido de adequá-los da melhor maneira possível para a satisfação da demanda religiosa dos
indivíduos (GUERRA, 2003, p. 1).
Com esta condição e realidade, a teologia e a educação teológica no Brasil têm diante de si duas
importantes tarefas. A primeira dessas tarefas é vencer o descaso para com a Teologia, criar atrativos
diferenciados para atrair novos alunos e superar o reducionismo e o superficialismo bíblico-teoló-
gico existentes no preparo dos que são vocacionados ao ministério. De fato, com este cenário, os
seminários e as faculdades não conseguem e não conseguirão viver sozinhos e precisam estar na
agenda de preocupação, planejamento e investimento da denominação.
A segunda tarefa da teologia e da educação teológica é de atualização e de renovação e de trajar
“roupas novas” do atual momento histórico, sem perder ou mesmo trair sua vocação de fidelidade
à Bíblia, a Jesus Cristo, a igreja e à Declaração de Fé Batista. Essa importante tarefa define o tipo de
formação teológica e ministerial que queremos, que é a de preparar ministros focados em pessoas e
não em coisas, tarefas e estrutura. Essa é a formação que desejamos, pois como afirma Dias (2005),
a igreja, na terra, é germe do Reino de Deus. Ela congrega pessoas do Reino e tais pessoas não são
patrimônio da igreja local.
Para os Batistas brasileiros, no entanto, apesar de uma realidade que apresenta muitos desafios,
novas demandas e dificuldades, a educação teológica alcança uma posição de destaque. Nesse sen-
tido, os Batistas compreendem que a educação teológica tem um caráter estratégico para a unidade
da denominação, tanto quanto para o seu fortalecimento e crescimento. Para tanto, é preciso munir
esforços, criar sinergia e fazer os investimentos que foram precisos e necessários neste mister.
Assim, é imperioso que as faculdades e seminários conquistem qualidade acadêmico organiza-
cional, excelência pedagógica, corpo docente preparado e equilibrado, discentes motivados e um
ambiente escolar estruturado, de modo a propiciar um ensino e um preparo ministerial qualitativos
e de excelência. A CBB deverá buscar, a partir de uma liderança, agregar e alinhar os ideários da
educação teológica por ela propostos e ainda aproximação, diálogo e compartilhamento maior entre
as instituições de ensino teológico.
Considerando toda essa realidade, é importante reconhecer que o futuro e a sobrevivência das
instituições de ensino teológico Batista no Brasil dependerão da ampliação da visão e do reposi-
cionamento da Educação Teológica e Ministerial na agenda de prioridade da nossa denominação.
É necessário que a denominação assuma e estabeleça, o mais urgente possível, o papel e a função
estratégica que a educação teológica naturalmente possui para a continuidade de sua identidade
denominacional, solidificação da doutrina e formação de líderes comprometidos com o ministério,
a igreja, a Bíblia e o Reino de Deus.
Assim, a demanda que se tem é que as faculdades e seminários sejam comprometidos e contex-
tualizados com uma educação de excelência, e que trabalhem no sentido de garantir uma formação
de líderes pautada na Bíblia e no que há de mais moderno no processo de educar. Só assim, o futuro
da denominação e igrejas estará assegurado. Portanto, é preciso um alinhamento teológico, uma
sugestão de matriz curricular de referência e uma aproximação maior entre as instituições teológicas,
com um total apoio da Convenção, igrejas e pastores.

2.2. FINALIDADE

O Projeto Pedagógico de Teologia (PPT) é um documento que contém princípios, orientações e


diretrizes para a educação teológica no Brasil Batista. Por isso, ele é indissociável da CBB, das igrejas
e da necessidade que temos de estabelecer rumos claramente definidos para a formação teológica
e ministerial. O PPT é, portanto, um documento que constitui como referencial, explicitando a mis-
são, valores, objetivos, visão, metas, concepções pedagógicas etc., cuja função é amparar a tomada
de decisão a respeito dos caminhos que serão trilhados pela educação teológica entre os Batistas
brasileiros.
O Projeto Pedagógico de Teologia é uma ação intencional, portanto pensada, discutida, refletida
e planejada, com um sentido explícito e um compromisso definido coletivamente. Por isso, esse
Projeto de Educação Teológica é também um projeto político, pois está intimamente articulado à
missão educacional dos Batistas, às demandas das igrejas em termos de formação de obreiros e aos
objetivos das instituições encarregadas de educar, formar e preparar vocacionados para o ministério
em sua multiforme.
A CBB, diante dos desafios que se apresentam na atualidade, nos cursos de bacharelados e na
modalidade livre, vem fomentando e visa promover uma formação teológica e ministerial, que se
destaca pela reflexão teológica, bíblica, cristã, ética e humana, bem como pelo exercício contex-

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Projeto Pedagógico de Teologia da Convenção Batista Brasileira

tualizado e reflexivo a respeito dos ministérios. A proposta dessa formação está atrelada, de forma
indissociável, às condições que possibilitem o desenvolvimento de uma pessoa livre para servir,
reflexiva, comprometida com o Evangelho, a igreja e a sociedade. Nesse sentido, busca-se que o
egresso dos Cursos de Teologia seja agente ativo e transformador, atuando na liderança de comuni-
dades cristãs, de instituições vinculadas à denominação e da comunidade civil.
Assim, a finalidade deste Projeto é articular as demandas apresentadas pelas igrejas e pela CBB,
no que se refere à educação teológica, que deve ser fundamentalmente ministerial. É também criar
sinergia entre instituições educativas, anseios denominacionais, unidade e identidade teológica e
qualidade acadêmico-pedagógica entre os diferentes cursos existentes.
Tendo em vistas os aspectos salientados, o PPT tem as seguintes finalidades:

yy Explicitar e apontar caminhos e estratégias coerentes e viáveis para a Educação Teológica e


Ministerial para os Batistas brasileiros;
yy Servir de orientação às instituições de ensino teológico no processo de discussão, constru-
ção, elaboração e definição do seu Projeto Pedagógico de Teologia;
yy Sinalizar trajetos, caminhos e percursos relacionados à organização do trabalho acadêmico-
-pedagógica das instituições para a consecução da excelência do fazer educativo;
yy Indicar o perfil desejado e as principais características e competências exigidas dos docentes
que atuarão como professores na Educação Teológica e Ministerial;
yy Delinear a missão e os principais compromissos das instituições de educação teológica no
que se refere à formação e preparo dos vocacionados, que é oferecer sólida formação bíblica,
com ênfase na identidade Batista e com foco no ministério eclesial-cristão;
yy Promover, em obediência à missão de testemunhar o Evangelho de Jesus Cristo, a formação
teológica e ministerial numa perspectiva cristã, caracterizada pela identidade histórica e prin-
cípios Batistas.

Considerando a finalidade e sua relação com as diretrizes educacionais, a concepção pedagógica


e o contexto em que se insere a proposta de Educação Teológica e Ministerial explicitada no PPT-
-CBB, não nega e nem desconsidera o instituído pelas escolas teológicas nos diferentes estados do
Brasil. Porém, este PPT-CBB tem a finalidade de confrontar esse instituído com o instituinte e com as
novas possibilidades que a Educação Teológica e Ministerial está trazendo.
O que ela traz é não somente a missão e o desafio de se ter uma escola teológica, seminário ou
faculdade que atua na ministração de aulas. Ao contrário, é a abertura para uma atuação criativa,
transformadora, contextual, fundamentada bíblica e teologicamente, no sentido de alcançar uma
qualidade no ato de educar e de preparar e formar ministros aptos, competentes e comprometidos
com as nossas igrejas.

2.3. JUSTIFICATIVA

Para os Batistas brasileiros, a educação no âmbito geral, nos níveis infantil, fundamental e médio,
sempre foi um assunto presente e de estimada importância. Com a Educação Teológica e Ministerial
na “modalidade livre”, o que é de longa tradição, não foi e não é diferente. Nos últimos anos, no en-
tanto, mesmo com a regulamentação da área de estudos teológicos pelo MEC, conforme PARECER
Nº: CES 241/99, a teologia continua em pauta como um assunto e uma temática importantíssima e
estratégica para os Batistas brasileiros.
A primeira foi estratégica para uma política de formação dos filhos de missionários, bem como
para a inclusão de alunos que não podiam estudar nas escolas públicas ou romanas. A segunda foi
e ainda é estratégica, pois se trata da formação de vocacionados para a liderança denominacional e
para os ministérios da igreja, a qual, pela sua natureza, demanda da CBB uma atenção toda especial.
Tal demanda diz respeito aos interesses da denominação, à identidade dos cursos, aos parâmetros
doutrinários e à missão prioritária das instituições de ensino teológico, faculdades e seminários.
Por ser a Educação Teológica e Ministerial um processo que envolve diferentes atores, contextos
e instituições, o PPT-CBB foi pensado como um guia, uma bússola, um mapa e uma trilha para as
nossas casas de ensino teológico. Essa educação, por ser teológica, ministerial e processual, requer
reflexão, revisão e atualização constantes, sem desconsiderar sua missão primeira: formar e preparar
vocacionados para os ministérios da igreja. Nisso, reside a justificativa para este Projeto.
Tendo em vista que a ênfase deste Projeto é a educação teológica, sua organização, missão,
finalidades, filosofia, concepção e natureza, ele continua estratégico e fundamental para os Batistas
brasileiros. É por causa deste posicionamento estratégico da Educação Teológica e Ministerial que

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a CBB está se dedicando, unindo esforços e capitaneando a construção do Projeto Pedagógico de


Teologia (PPT-CBB).
O presente PPT-CBB encontra sua justificativa no contexto e na situação que se encontra a so-
ciedade contemporânea, que caminha para a derrocada e o esfacelamento dos valores mais caros
da família, da sociedade, da religião e da espiritualidade. Justifica-se, dessa forma, o PPT-CBB por-
que, devido a estes fatores, a sociedade contemporânea vem solicitando e exigindo uma educação
centrada em valores e em princípios perenes, o que em conjunto fortalecem a formação ministerial,
dignificam o ser humano e ajudam a dar sentido à vida.
O PPT é justificado ainda pela proposta de educação que se almeja desenvolver e alcançar:
essencialmente bíblica, teológica, ministerial, axiológica e comprometida com a confissão de fé Ba-
tista. Justifica-se, assim, o PPT-CBB porque a concepção de educação que foi pensada e concebida
é um tipo de educação que seja, ao mesmo tempo, contextual, transformadora, regada de valores
bíblicos, cristãos e éticos, profunda e fortemente comprometida com sua atividade-fim: formar mi-
nistros e pastores para as igrejas.
Como salientado, a natureza processual da educação faz deste PPT-CBB um mapa e uma bússola
para a formação teológica e ministerial no Brasil Batista. Em outra direção, este Projeto, ainda que
provisório e aberto a revisões, pode ser tomado como um instrumento de trabalho para a realiza-
ção da missão e dos ideais da CBB e das igrejas a ela vinculadas. Por isso, o presente PPT-CBB tem
função articuladora, identificadora, retroalimentadora e ética entre o que cremos, pensamos e que-
remos na Educação Teológica e Ministerial.

2.4. EIXOS DA CONSTRUÇÃO DO PPT

O processo de discussão, construção e elaboração de um Projeto Pedagógico requer clareza


aonde se deseja ir e como se pretende chegar lá. Esse processo é intencional e estabelece o que se
deseja fazer, implementar e realizar. Com o PPT, lançamo-nos para diante, tomando-se por base o
que temos, avaliando, revisando, dando novos sentidos e buscando o possível.
Para que o PPT fosse pensado, construído, tecido e sistematizado, alguns eixos foram estabe-
lecidos, o que foi fundamental para se alcançar êxito durante as reuniões e encontros realizados.
Considerando que o PPT busca um rumo, uma direção e uma referência para a Educação Teo-
lógica e Ministerial Batista, o que requer clareza, solidez, sensibilidade, lucidez, ponderação,
análise e uma dose grande de humildade, quatro eixos sustentaram todo o trabalho que foi
realizado.
Os três eixos estabelecidos foram úteis à equipe em todas as etapas de elaboração do PPT. Cer-
tamente, eles serão úteis e proveitosos para os seminários e faculdades, quando da elaboração ou
atualização de seus projetos de curso. Serão úteis também para a organização do trabalho docente
dentro e fora da sala de aula, uma vez que uma das principais forças da Educação Teológica e Mi-
nisterial é a sua capacidade de agregar pessoas, professores e projetos de cunho formativo espiritual.
Os eixos de construção do PPT são:

2.4.1. CONSTRUÇÃO COLETIVA

Refere-se ao trabalho em grupo e ao “modus faciendi” de todas as fases de elaboração do PPT, o


que requer reflexão, pensamento crítico e também cooperação e consideração profunda pelo outro
e pelo que ele pensa. A construção coletiva expressa-se no compromisso e na vontade política de
pensar e sonhar juntos, compartilhar e trabalhar coletivamente na elaboração e sistematização do
PPT. A nova LDB (Lei 9394/96) defende a colaboração, o trabalho em equipe e a construção de um
PPP participativo e colaborativo, originado no seio da coletividade acadêmica, dando identidade às
instituições envolvidas e ao curso que se propõe.
A construção coletiva de um PPT propiciou relevantes e significativos aprendizados: fazer junto
é mais trabalhoso e requer paciência. Aprendemos que trabalhar coletivamente não acontece re-
pentinamente e que é preciso superar nosso próprio individualismo. Aprendemos que a construção
coletiva de um projeto significa trabalhar em equipe, formular objetivos interpessoais, organizacio-
nais e institucionais. Aprendemos que uma construção coletiva de um PPT implica correr e assumir
grandes riscos.
Com a construção coletiva do PPT e estes aprendizados, constatamos que precisamos ampliar a
vivência e a prática coletiva e democrática em nossas igrejas, seminários, faculdades e demais ins-
tituições. Constatamos a urgente necessidade de elimina as “relações” competitivas existentes entre
as instituições de ensino teológico para o bem da obra de formação ministerial.

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O eixo de construção coletiva de um PPT assenta-se também em bases democrático-participa-


tiva das pessoas envolvidas. Fortalece a ação grupal, sem desconsiderar o indivíduo, e concede a
oportunidade para que cada um contribua com seus talentos e habilidades e dentro de suas áreas de
competência e expertise. De fato, o PPT é resultado de uma construção coletiva e todos que fizeram
parte dela, lendo, analisando, escrevendo, revisando, discutindo, demonstraram o comprometimen-
to significativo com a obra da educação teológica e um forte sentimento de pertença com as pessoas
envolvidas.

2.4.2. INTERAÇÃO COM AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO TEOLÓGICO

Nenhum projeto de educação, por melhor que seja, não se efetiva sem o aval e o respaldo das
instituições encarregadas de educar e formar pessoas. Com o ensino teológico não é diferente. As-
sim, a interação com os seminários e as faculdades, o que se efetivou por contato virtual, visitas in
loco, discussão em plenárias de encontros e congressos, foram determinantes para todo o processo
de construção do PPT.
Sendo assim, o segundo eixo adotado na construção do PPT foi a interação com pastores, líderes
denominacionais, missionários, professores, coordenadores de curso e diretores de instituições de
ensino teológico. Esse eixo foi estabelecido porque se acredita que a Educação Teológica e Ministe-
rial precisa superar a concepção fechada, centralizadora, burocrática e sem qualquer interação com
outros que podem contribuir com seu aprimoramento.
Tendo em vista que o PPT é um documento que explicita e aponta caminhos para a Educação
Teológica e Ministerial desejada pela CBB, o eixo da interação contribuiu positivamente para servir
como meio de sondagem dos interesses e demandas de pessoas e instituições. Mas, não apenas isso.
Servir também para apontar caminhos e possibilidades, estimular compromissos formativos das ins-
tituições com a CBB e a educação teológica, e, ainda, sinalizar para a necessidade de aproximação,
diálogo, intercâmbio, troca de experiência na obra Batista da educação teológica.

2.4.3. PERTINÊNCIA ENTRE DISCIPLINAS, CONHECIMENTOS E SABERES


TEOLÓGICOS

Uma das exigências atuais e importantes da educação e do ensino superior, em qualquer área e
campo de formação humana, envolve a transdisciplinaridade, a interdisciplinaridade, a multidisci-
plinaridade e uma formação sintonizada com a realidade social mais ampla. Essa exigência é afeita
à Educação Teológica e Ministerial e pode ser considerada na perspectiva da pertinência entre as
disciplinas, os conhecimentos e saberes teológicos com o ministério. Daí a importância da definição
e da postulação deste terceiro eixo no processo de construção do Projeto Pedagógico de Teologia
(PPT-CBB).
A pertinência entre disciplinas, conhecimentos e saberes teológicos com o ministério tornou-se
fundamental na construção do PPT e na proposição de uma matriz curricular do Curso de Teologia.
Portanto, se a meta e o propósito das instituições de ensino teológico filiadas à CBB são educar com
excelência, amplitude, profundidade e desenvolver um trabalho pedagógico que globalizador, é
preciso partir da pertinência entre as disciplinas, conhecimentos e saberes com o ministério.
Em conformidade com os princípios da multidisciplinaridade, interdisciplinaridade e da transdis-
ciplinaridade, a pertinência entre os componentes do PPT e da organização curricular expressa os
pressupostos teológicos, filosóficos, sociológicos, epistemológicos e didático-metodológicos da Edu-
cação Teológica e Ministerial. Os grandes desafios da educação contemporânea, conforme Chaves
(2005), são humanísticos, tecnológicos, científicos e metodológicos e todos eles têm quase sempre
caráter de pertinência, de inter, trans e multidisciplinaridade.
Especificamente sobre a interdisciplinaridade, Luck ressalta que:
A interdisciplinaridade é o processo de integração e engajamento de educadores, num trabalho
conjunto, de interação das disciplinas do currículo escolar entre si e com a realidade, de modo
a superar a fragmentação do ensino, objetivando a formação integral dos alunos, a fim de que
exerçam a cidadania, mediante uma visão global de mundo e com capacidade para enfrentar os
problemas complexos, amplos e globais da realidade (LUCK, 2001, p. 64).
A ideia inter, trans e multidisciplinaridade apoia e sustenta as ações de pertinência entre disci-
plinas, conhecimentos e saberes teológicos com o ministério. Por isso, a pertinência foi colocada
como um eixo de sustentação de toda a construção e sistematicidade do PPT. Sem ideia de pertinên-
cia, o PPT e cada um dos elementos que o compõem estariam isolados e sem conexão uns com os

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outros. Nessa direção, a pertinência foi e deverá continuar sendo uma demanda, um desafio e uma
estratégia valiosa para a Educação Teológica e Ministerial. Na prática, essa pertinência diz respeito à
ligação, junção, conexão e encadeamento entre o que propomos no PPT, a forma que selecionamos
as disciplinas e os conhecimentos teológicos e a maneira que ensinamos em sala de aula.
A pertinência entre disciplinas, conhecimentos e saberes teológicos com o ministério é uma con-
cepção, uma estratégia e um conceito que corrobora para uma prática interdisciplinar e transdiscipli-
nar na Educação Teológica e Ministerial. Ela auxilia também para que se possa eliminar dicotomias,
parcializações, disjunções e dissociações entre os diversos elementos do PPT, e o mais importante,
do fazer educativo dos docentes e da educação que as instituições teológicas oferecem.
Diante da necessidade de maior pertinência entre disciplinas, conhecimentos e saberes teológi-
cos, o maior desafio da Educação Teológica e Ministerial na atualidade é a necessidade de intercam-
biar teoria e prática, formação acadêmica, formação espiritual, estudo e piedade. Em consonância
com este grande desafio, há uma demanda emergente de superação de disciplinas isoladas e de
conhecimentos e saberes teológicos fragmentados, fatiados, separados e sem qualquer pertinência
com o ministério.
Disciplinas acadêmicas, conhecimentos e saberes teológicos separados, fatiados e dissociados
dos preceitos bíblicos, da teologia, da igreja e do ministério, mas também de outras áreas e campos
de formação, não oferecem mais respostas para a Educação Teológica e Ministerial. Assim, como é
característico e necessário para nós, seres humanos, que a verdade e o amor andem juntos na Educa-
ção Teológica e Ministerial, as disciplinas, o conhecimento e os saberes teológicos não podem mais
ser fatiados, compartimentados e fragmentados.

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Projeto Pedagógico de Teologia da Convenção Batista Brasileira

3. ASPECTOS LEGAIS (SEMINÁRIOS E FACULDADES)


O Projeto Pedagógico de Teologia da CBB (PPT-CBB) é fruto de uma iniciativa das igrejas, dos
organismos convencionais e da liderança denominacional. Como tal, este Projeto converge para os
interesses, desejos e necessidades das Igrejas Batistas e da Educação Teológica e Ministerial. Contu-
do, não se pensa e nem almeja que este Projeto seja pensado e colocado como uma proposta fecha-
da, pronta e acabada, não discutível, inesgotável e sem quaisquer possibilidades de considerações,
revisões e alterações.
Pelo contrário, sabe-se que este Projeto apresenta lagunas e vários limites. Tais condições são
típicas, tanto da educação e da pedagogia quanto da teologia e da formação teológica e ministerial.
Na verdade, os limites e as fraquezas de um projeto dizem respeito à nossa condição de humanida-
de, por mais bem-intencionados que sejamos.
No que se refere ao Projeto Pedagógico, especificamente, houve e ainda há uma busca perma-
nente, que é a integração e a harmonização de uma proposta que contemple os Cursos de Teologia
dos seminários e das faculdades. Os cursos dos seminários são de natureza “livre” no que se refere à
avaliação e fiscalização de órgãos públicos e são tutelados pela CBB, pelas convenções estaduais ou
por alguma igreja. Esses cursos, devido à legislação preconizada pelo MEC, não recebem a nomen-
clatura de bacharel. Já os Cursos de Teologia das faculdades são autorizados e reconhecidos única e
exclusivamente pelo MEC, que também os avalia e os denomina de bacharelado.
Considerando esta condição, ou seja, as duas formas organizacionais e operativas da formação
teológica e ministerial na CBB, muitos foram os desafios encontrados. Nem sempre foi fácil conciliar
apropriadamente os Cursos de Teologia de natureza livre e os cursos reconhecidos pelo órgão públi-
co, o MEC. Apesar do enorme desafio, o que se tornou imperativo em todo o processo de reflexão
da educação teológica e do trabalho de elaboração deste Projeto foi a missão que temos pela frente:
oferecer a formação bíblico-teológica de qualidade e o preparo ministerial a vocacionados que se-
jam comprometidos com o Reino, a igreja e a denominação.
Destaca-se, nessa perspectiva, que ambos os cursos, os de natureza “livre” e os bacharelados,
que são reconhecidos pelo MEC, precisam assumir que estão a serviço das igrejas e da denominação
Batista. Deve ficar claro, nesse sentido, que ambos formam egressos para os diversos ministérios na
igreja, e precisa ser esta a missão educativa de cada um deles. Nossas escolas de educação teológica
optam e educam com uma visão ministerial.
Em outra perspectiva, no que diz respeito aos Cursos de Teologia “livre”, faz-se necessário primar
pela competência e qualidade dos docentes, melhoria e ampliação do espaço das aulas, pelo acervo
da biblioteca disponibilizada à comunidade acadêmica e ainda pela gestão e organização acadêmi-
ca. Nesse sentido, se esta estrutura faz parte dos seminários, não inferioridade e nem demérito no
trabalho que realizam e na formação que oferecem.

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4. A CBB E A TEOLOGIA
Uma denominação forte, relevante, contextualizada e vívida coloca em relevo a obra da educa-
ção teológica. Para tanto, em consonância com educação teológica, a denominação deve conceder
à igreja o lugar prioritário, ter clareza de sua missão, visão e valores, amadurecer teologicamente e
olhar continuamente para o passado. Se olhar para o passado é indispensável, esse olhar não pode
ser um artifício para que a denominação fuja dos desafios do tempo presente e das responsabilidades
do seu futuro. Afinal, militar no Reino de Deus implica interpretar os “sinais dos tempos”, ser parte
de um tempo revisionário e sabiamente enfrentar o horizonte do amanhã.
Nisso, também, afirmamos a centralidade da Bíblia. A metodologia (as práticas eclesiásticas),
assim como a identidade, doutrina e vida da igreja, têm de brotar das Escrituras. Como a igreja é
um dos temas centrais na Bíblia, a Bíblia tem de ser central na determinação de sua identidade
e prática (...) Estamos comprometidos com a autoridade da Escritura, inclusive na eclesiologia
(MULHOLLAND, 2004, p. 17).
Passado, presente e futuro são parte inerente de uma mesma “mistura”, tal qual acontece com a
própria vida, a Teologia e a denominação Batista. São três dimensões da temporalidade humana que
requerem de nós constantes interpretações, revisões e tomada de posição, sem abrirmos mão dos
fundamentos da nossa fé e da suprema autoridade da Bíblia em assuntos de fé e prática.
Vivemos novas formas de fazer a vida e de interpretá-la. Diante deste fato, como afirma Homi
Bhabha (2013:27), é preciso “residir no além” sem perder o presente e buscar redescrever nossa
contemporaneidade. O “além” é um espaço de intervenção no aqui e no agora, e no que diz respei-
to aos Batistas brasileiros, a ação principal é a colocação estratégica e privilegiada da educação na
pauta denominacional.
É de aceitação ampla que a educação teológica tem um caráter estratégico para o crescimento
denominacional e das igrejas (...) Ter seminários eficientes e eficazes, com sustento suficiente
para as pesquisas e treinamento adequado de obreiros, é uma das garantias para o futuro de uma
denominação e das igrejas (REGA, s/d, p. 1 e 5).
Uma denominação vigorosa, proeminente e que se destaca no cenário religioso evangélico, olha
para o passado, vive significativamente o presente, sonha e projeta o futuro, considerando e priori-
zando a Teologia, bem como o que se pensa, crê e ensina a respeito dela. Nessa perspectiva, a Teo-
logia tem se tornado assunto prioritário e estratégico para a denominação Batista. Será preciso que a
denominação Batista estabeleça e assuma o mais urgente possível o papel e a função estratégica que
a educação teológica naturalmente possui para a manutenção de sua identidade e o aperfeiçoamen-
to de sua missão” (REGA, s/d, p. 2).
É por isso que a CBB, por diferentes fatores e perspectivas nos últimos tempos, vem colocando
a Teologia e suas interfaces, como uma de suas mais importantes preocupações. Com um interesse
especial de que a formação teológica e ministerial seja bíblica e cristocêntrica, em primeiro lugar,
a CBB tem a exigência de que a Teologia indique novos caminhos para a igreja, ajude a reinventar
a vida do jeito de Deus e, ao mesmo tempo, acompanhe a igreja na missão de transformar integral-
mente as pessoas pelo seguimento de Jesus.
Daí a importância da Teologia e da formação teológica para os diferentes e diversos ministérios
eclesiais. Ambas são necessárias e imprescindíveis para os Batistas brasileiros. Com efeito, as duas
devem estar a serviço do Reino de Deus, da igreja, da denominação e daqueles que são chamados
por Deus ao ministério. Estar a serviço, no entanto, não suporta e nem significa qualquer tipo de
reducionismo, pois como afirma Peterson (2006), o ministério não é um “trabalho” de suprir neces-
sidades religiosas das pessoas e nem satisfazer a necessidade de clientes rápida e eficientemente.
Nessa empreitada atual no campo da Teologia, os Batistas brasileiros reconhecem que o momento e
o contexto em que vivemos são de profundas transformações na sociedade, cultura, ciência, instituições
sociais e no modo de viver do ser humano contemporâneo. Neste contexto, é urgente e fundamental re-
afirmar o lugar da igreja e redescobrir o ministério pastoral, pois como declara Mayhue (1998), o caráter,
a revelação e a vontade de Deus não mudaram, apesar das mudanças profundas no tempo e na cultura.
Diante disso e também das muitas interrogações e inquietações que têm surgido, os Batistas
brasileiros reconhecem que a Teologia, a elaboração teológica e a formação ministerial precisam
considerar a Bíblia como Palavra de Deus e princípio de fé e de conduta. Essa consideração deve ser
central na teologia, no fazer teológico e na formação ministerial, o que requer uma atitude serena e
equilibrada. A manutenção dessa atitude é o grande desafio teológico do século XXI.
A igreja nada é sem a Palavra de Deus. Isso posto, a teologia, a elaboração teológica e a formação
ministerial que os Batistas pensam, constroem e desejam incorporar e desenvolver estão abertas ao

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futuro. Essa abertura ao futuro significa fundamentalmente que estamos inseridos no presente, que
não temos medo do diverso e do desconhecido e que buscamos aproveitar as boas oportunidades
que Deus nos dá. Uma destas oportunidades se encontra, por um lado, no reconhecimento dos cur-
sos de bacharelado em Teologia e, de outro, na abrangência da Teologia, na elaboração teológica e
na formação ministerial, que é para a igreja e para todo ser humano e o ser humano todo.
O referencial de todo o processo que envolve a Teologia, a elaboração teológica e a formação
ministerial deve ser, de fato, a Bíblia, que é a Palavra de Deus em linguagem humana. É isso que a
igreja e a denominação esperam da Educação Teológica e Ministerial. Assim, faz sentido a afirmação
de João Carlos Lopes: “Para que a educação teológica seja serva da igreja no sentido diaconal, é
necessário que seja desprovida de orgulho intelectual, tentação real para quem dedica considerável
quantidade de tempo em reflexão acadêmica” (LOPES, 2011, p. 32).
Finalmente, não há como desconsiderar a relação indissociável entre a teologia e os diversos
tipos de ministérios existentes. A teologia tem sua fonte última na Bíblia, a Palavra de Deus. O mi-
nistério, por sua vez, em toda a sua abrangência, também tem sua fonte última, que é Cristo, o Filho
de Deus. Devido à relação entre teologia e ministério e à fonte última de ambos, torna-se imperativo
à denominação “(...) repensar o sistema educacional teológico Batista no Brasil através da busca de
novos paradigmas, a até mesmo descobri-los” (REGA, 2001, p.13).
A sinalização feita por Rega a respeito da busca de novos paradigmas é essencial para o campo
teológico. Nas demais ciências, a emergência de novos paradigmas se processa quase “naturalmen-
te” e na teologia, na prática teológica e na formação ministerial não pode ser diferente. Sendo esta
uma necessidade imperiosa da Educação Teológica e Ministerial, um paradigma,
(...) exprime, portanto, uma constelação geral, um padrão básico, um esquema fundamental,
um modelo global, segundo o qual a teologia percebe-se a si mesma, as pessoas, a sociedade, o
mundo e sobretudo sua relação com Deus. Um paradigma revela um conjunto de convicções,
concepções, valores, procedimentos e técnicas que são levados em conta pelos membros de
determinada comunidade teológica. Acontece uma mudança de paradigma quando se dá uma
irrupção de muitos sinais inovadores, muitos fatores e elementos para os quais o paradigma em
curso não dá conta (LIBANIO, 1996, p. 35).
Nessa direção, devemos levar em conta os aspectos metodológicos, pedagógicos, curriculares,
epistemológicos, exegéticos, hermenêuticos e interdisciplinares no ensino teológica e ministerial em
nossas faculdades e seminários. A teologia, de acordo com Mendonça (2008), constitui preferencial-
mente uma forma de ver a realidade e tem como pressuposto uma revelação absoluta, um princípio
axiomático da consciência de Deus.
A noção, a questão e a busca de novos paradigmas perpassam não só as formas de interpretar a
Bíblia, os textos dos grandes teólogos e as postulações de fé da Batista. Influenciam a maneira que
fazemos e elaboramos teologia, interpretamos a vida e ainda a própria forma de vivermos como
igreja, pastores e denominação. A teologia que queremos e que devemos colocar em pauta na for-
mação teológica e ministerial é aquela que, ao mesmo tempo, está enraizada em nossa identidade e
arraigada na nossa confessionalidade.
A identidade e a confessionalidade Batistas passam a ter três sentidos recíprocos: o da coopera-
ção interinstitucional no processo de formação teológica e ministerial; o da fé assumida e professa-
da; e ainda o da fé sistematizada, que só tem sentido de ser produzida e socializada se focalizar a
igreja, aperfeiçoamento do ministério, a edificação espiritual do povo de Deus e o crescimento da
denominação.
A teologia mantém uma relação íntima, direta e conjugada com a igreja, a vocação e o chamado,
o ministério, a prática eclesial e o cotidiano de todos nós. Por causa dessa tão relevante relação,
cabe à denominação Batista e, principalmente às igrejas, zelar pela obra da Educação Teológica
e Ministerial. O zelo da denominação e das igrejas está em não permitir que a teologia “caia” em
um academicismo reprodutivista e superficial, num teologismo ou ainda um secularismo teológico.
Sobre isso, Coelho Filho (2012:02) assevera que “(...) nossa formação de obreiros alega ter conteúdo
religioso, mas sua forma é secular (...) e que secularização ronda a educação teológica, por causa do
nosso estilo secularizante de vida”.
Além da perspectiva do zelo teológico que devemos ter, Rega (2001:35) assinala e indica a
necessidade de adotarmos um modelo integral de educação teológica em que todas as dimensões
dos vocacionados sejam objetos da formação ministerial. A verdadeira teologia situa-se na fé, sem
desprezar a razão e é, por isso, que ela, a teologia, não pode ser apenas um discurso ou um sistema
elitizado e alheio às necessidades da igreja. A teologia, de um lado, deve ficar livre de qualquer
forma de esclerose professoral e institucional e, de outro, dos interesses pessoais e da tutela do mer-
cado editorial e do mercantilismo de segmentos religiosos.

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Projeto Pedagógico de Teologia da Convenção Batista Brasileira

4.1. MISSÃO, VISÃO E VALORES DA CBB PARA A EDUCAÇÃO TEOLÓGICA E


MINISTERIAL

4.1.1. MISSÃO

Servir as igrejas, associações, convenções e instituições Batistas de ensino teológico com um


Projeto de Educação Ministerial fundamentado na Bíblia e na declaração doutrinária, contribuindo
para excelência acadêmica, formação ética cristã dos estudantes, crescimento saudável das igrejas,
fortalecimento da denominação e o cumprimento da grande comissão.

4.1.2. VISÃO

Ser uma denominação que é referência na Educação Teológica e Ministerial e que, por meio de
faculdades e seminários, adota uma teologia bíblico-cristã na formação de ministros e líderes das
igrejas Batistas.

4.1.3. VALORES

Autoridade da Bíblia como princípio de vida, fé, prática e serviço;


Exclusividade de Jesus Cristo, revelação máxima de Deus;
Conhecimento a serviço da vida, da igreja e dos ministérios;
Formação teológica e ministerial continuada;
Excelência e integridade acadêmica;
Unidade teológica na diversidade acadêmico institucional;
Ênfase missionária.

4.2. A CBB E SUA FILOSOFIA DE EDUCAÇÃO TEOLÓGICA E MINISTERIAL

Os Batistas brasileiros sempre tiveram um interesse pela formação educacional, religiosa e cul-
tural do ser humano. A presença dos Batistas em solo brasileiro está associada à educação, escola
e ao ensino. Para Garcia (2011), as escolas confessionais chegaram junto com os missionários que
aqui aportaram e o ensino teológico foi e é parte integrante dessa importante herança educacional.
Pode-se, então, afirmar que a educação é, de fato, um elemento constituidor da história dos Ba-
tistas no Brasil, sendo possível declarar e asseverar que este importante bem simbólico “(...) é uma
marca visível do povo Batista” (SOUZA, 2010, p. 63). É por isso que os Batistas brasileiros, na defi-
nição dos princípios gerais de sua filosofia e política de Educação Teológica e Ministerial, de modo
especial, recorrem à sua rica tradição teológica, filosófica e pedagógica, o que se caracteriza pela
liberdade de consciência e ativa cooperação entre as suas igrejas.
No que se refere à filosofia de educação da CBB, faz-se necessário reafirmar a existência de uma
estreita relação entre a educação religiosa e a educação teológica, bem como entre a declaração
de fé deste organismo denominacional. Tanto a educação religiosa quanto a filosofia da educação
teológica ao serem desenvolvidas são perpassadas e costuradas pela convicção de que a Bíblia é,
de fato, a Palavra de Deus. Devido a esta convicção, a filosofia da Educação Teológica e Ministerial
adotada pela CBB deve ser respaldada na Bíblia, e em especial pela totalidade do Novo Testamento.
No contexto denominacional Batista, a educação teológica deve, além da formação do pensa-
mento teológico, capacitar os membros da igreja vocacionados e chamados, preparando-os adequa-
damente para o ministério. O ministério pastoral, em particular, e o ministério cristão, em geral, não
podem mais ser formatados secularmente. Mas, tal como sugere Campos (2011), devido às mudan-
ças no campo religioso brasileiro, com sua diversidade, pluralismo, competitividade e dinâmica,
não é mais possível querer formar ministros do mesmo jeito de anos atrás. São necessários novos
métodos de ensino, currículo mais flexível e uma visão mais ampla do ministério e da educação, os
quais não podem ser fragmentados e compartimentados.
Neste contexto, as instituições de educação teológica, sejam os seminários, sejam as faculdades,
não devem se dar por satisfeitas com a repetição, transmissão, e produção de conhecimentos e sa-
beres apenas. Essas instituições devem priorizar a capacitação e o preparo dos vocacionados, que
a elas se dirigem, para o exercício do ministério nas mais diversas áreas de atuação na igreja e no
Reino de Deus. Ressalta-se, nessa direção, que a educação teológica e a formação de liderança mi-
nisterial são vitais para a vida da igreja, para a denominação e para o desenvolvimento e crescimento
da obra Batista nas diferentes regiões do nosso extenso Brasil.

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O chamado para o ministério sempre envolveu e ainda envolve uma experiência pessoal com
Deus e uma formação teológica, que é preparo acadêmico, bíblico e espiritual. Esse chamado divino
adquire um caráter de comprometimento para o serviço cristão. O chamado é especial e, segundo
Dreher (2015), é uma incumbência dada por Deus, que é lei para o ministro, pois ele foi separado e
chamado para o serviço às pessoas e não para o domínio delas.
Considerando estes importantes aspectos, a CBB, em sua filosofia para a Educação Teológica e
Ministerial, declara e afirma:
A Filosofia da Convenção Batista Brasileira tem seu fundamento na Bíblia Sagrada, o livro da re-
velação divina. Foi constituída a partir da Declaração Doutrinária por ela adotada nos Princípios
Distintivos dos Batistas, no Pacto das Igrejas Batistas do Brasil e na Missão e Propósito das igrejas
cooperantes, e reconhece ser correta e condizente a metodologia de ação prática consagrada no
Estatuto da Convenção (SOUZA, 2010, p. 80).
Em se considerando o contexto sociocultural, mas também o religioso, denominacional e eclesial
no Brasil e no mundo, faz todo sentido declarar: sim, precisamos da educação teológica que forme e
prepare ministros, teólogos e líderes comprometidos com a Palavra de Deus, que dediquem, respei-
tem e amem a igreja do Senhor Jesus, que é o seu corpo. No que se refere ao ministério e à igreja,
a teologia e a nossa confissão de fé são importantíssimas. Mas, não se pode esquecer que a Bíblia, a
Palavra de Deus, e Jesus Cristo são o critério absoluto para todas as coisas.
Precisamos de verdadeiros ministros que, chamados e capacitados, sirvam a igreja, a denomi-
nação e o Reino de Deus com zelo, piedade, consagração, humildade e amor. Sobre o chamado
ao ministério, Dreher afirma: “Quem chama os ministros é Deus. Ele instituiu o ministério e chama
pessoas para o seu exercício” (DREHER, 2015, p. 127). Sim, precisamos de ministros, teólogos e
líderes que preservem as doutrinas e os princípios, conforme defendidos e ensinados pelos Batistas
e que estejam aptos para dar continuação à missão da igreja.
Tomando-se por base os diversos e abrangentes desafios que temos como Batistas, a partir de nos-
sa história, reconhecendo os nossos princípios, devemos reafirmar nosso inegociável compromisso
com Cristo e com uma filosofia de Educação Teológica e Ministerial proposta pela CBB. Portanto,
apresentamos a seguir, mesmo que literalmente, os elementos que compõem a filosofia e as diretri-
zes da CBB4 para a obra da Educação Teológica e Ministerial.

4.2.1. A EDUCAÇÃO TEOLÓGICA E MINISTERIAL5

“A Educação Teológica e Ministerial visa à formação especializada de pessoas vocacionadas,


para dedicarem suas vidas à obra do Senhor, na igreja, na denominação e no mundo. Deve ser cris-
tocêntrica e bibliocêntrica e oferecer aos vocacionados a oportunidade de aperfeiçoamento de suas
atitudes, habilidades e ações, inspiradas no exemplo de Jesus Cristo.
A Convenção incumbe-se de estabelecer as normas e diretrizes das instituições teológicas a ela
vinculadas, zelando pela excelência da qualidade de ensino e do seu produto”.

4.2.2. DIRETRIZES DA CBB

Estabelecer como objetivo do Programa de Educação Teológica e Ministerial a visão acadêmica


de estímulo à pesquisa e aprofundamento intelectual; participação na vida denominacional; interes-
se prático; e fidelidade à Bíblia e às doutrinas e princípios dos Batistas.
Promover e estimular o ensino teológico, tendo em vista o preparo dos obreiros, respeitada a
diversidade de dons e vocações.
Diante da diversidade de dons e vocações, oferecer gratificação para pastores, evangelistas, mú-
sicos, educadores religiosos, docentes e habilitações para ministérios de áreas diversas, com o fim de
atender às necessidades das igrejas, da obra missionária e das instituições denominacionais.
Por reconhecer a importância da Educação Teológica e Ministerial e a necessidade de seu desen-
volvimento, estimular e apoiar o surgimento de projetos, programas e a constituição de fundos que
visem à formação de docentes, mestres e doutores capazes de atender à variada demanda do ma-
gistério teológico, ministérios especiais e produção de literatura no campo teológica e ministerial.
Incentivar pastores e igrejas a serem cuidadosos na recomendação de candidatos aos seminários;
a se envolverem em programas de apoio, sustento, educação e treinamento de vocacionados; a cul-
4
Considerando que o texto é transcrito na íntegra, conforme documento oficial da CBB, optamos por este
formato, o que possibilita uma melhor organização textual e uma fluidez na leitura.
5
Filosofia da Convenção Batista Brasileira. Fonte: http://www.batistas.com/portal-antigo/index.php?option=com_
content&view=article&id=13&Itemid=13&showall=1. Acesso em 2 de janeiro de 2017.

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tivarem o compartilhamento do discipulado, visando à formação de um ministério forte e dedicado


ao trabalho cristão.
Estimular as instituições teológicas, os pastores e as igrejas a que desenvolvam e realizem pro-
gramas de estágios, visando à formação prática do estudante, a partir de experiências concretas nos
diversos ministérios das igrejas e dos pastores”.

A CBB, na definição de sua filosofia de Educação Teológica e Ministerial, não exime da necessi-
dade de uma reflexão, interpretação e sistematização criativa e corajosa da fé, do cristianismo e do
próprio texto bíblico. Não se isenta também de recorrer à rica tradição teológica, filosófica, exegé-
tica e pedagógica que marcou a história dos Batistas e, de modo geral, do protestantismo. Contudo,
como alerta Coelho Filho (2002, p. 13), “a educação teológica falhará se não formar pessoas cheias
de Cristo, empolgadas com ele, mais entusiasmadas pelo seu Evangelho que por outros aspectos”.
Nesse sentido, a CBB reconhece, especifica e afirma que a teologia que se ensina nas escolas te-
ológicas é construída sobre o único, imutável e absoluto fundamento, que é Cristo, o Filho de Deus.
Assim, essa teologia deve estar a serviço do ministério e da igreja, pois ela é um “patrimônio” não
só dos acadêmicos, mas de todos os crentes Batistas. Por isso, a filosofia de Educação Teológica e
Ministerial proposta pela CBB está associada e articulada à filosofia de ministério pastoral. As duas
são essencialmente bíblicas, teológicas, práticas e destinadas aos que servem à igreja.
A educação teológica, a formação e o preparo ministerial exigem uma filosofia de ministério para
o tempo em que estamos vivendo. A filosofia de ministério, por sua vez, deve refletir o chamado e
a autoridade espiritual do vocacionado e espelhar as demandas bíblicas do serviço cristão ao Reino
de Deus e ao próximo. A filosofia de ministério precisa ter sua base na Bíblia e na prática da fé e da
teologia. A Educação Teológica e Ministerial sempre esteve ligada à demanda da igreja, do ministé-
rio, do serviço cristão e da prática religiosa. Já que toda a prática é a prática de alguma teoria, faz-se
necessário articular clara e profundamente a base teológica da prática ministerial.
A teologia cristã, e isso lhe é específico, é uma fala acerca de Deus e tal qual afirmou Karl Barth:
“(...) a teologia é obra humana, ela não é obra divina. Ela é serviço prestado à Palavra, ela não é a
própria Palavra de Deus” (BARTH, 1996, p. 196). É por isso que, quando necessário, não pode haver
impedimentos para que o pensar e fazer teológicos e pedagógicos, sejam articulados às reflexões
construtivas e às críticas criativas, bem como aos desafios do tempo presente.
Esta é a visão e a filosofia da CBB a respeito da Educação Teológica e Ministerial. É também um
de seus mais importantes compromissos e preocupações, pois é uma obra estratégica para o agora e
para o futuro das igrejas, do ministério e da denominação. “Nesse sentido constantemente está sen-
do feito um apelo à consciência denominacional para que a obra educacional venha a ser contem-
plada com a presença marcante na agenda das preocupações, planejamento global e investimento
denominacional” (REGA, s/d, p. 5).

4.3. CONCEPÇÃO POLÍTICO-PEDAGÓGICO

A proposta pedagógica do curso de formação teológica e ministerial dos seminários e faculdades


da denominação seguem a filosofia e as diretrizes educacionais, pedagógicas e teológicas propug-
nadas pela CBB. Já o curso de Teologia das faculdades Batistas vinculadas à CBB ou às convenções
estaduais, por um lado, deve também seguir a filosofia e as diretrizes educacionais, pedagógicas e
teológicas. Por outro lado, deve ainda se nortear e cumprir as determinações legais demandadas
pelo MEC e demais instâncias legais.
Assim, o Curso de Teologia, cuja missão precípua é a formação teológica e ministerial, seja
aquele dos seminários, seja o das faculdades, e que leva o nome Batista, deve se orientar pelo es-
tatuto epistemológico da teologia. Com esta orientação, busca-se estudar em primeiro lugar Deus,
conforme revelado nas Escrituras Sagradas, e, em segundo, sua relação com a obra criada, e tudo o
mais, enquanto a ele relacionado, especialmente, seu relacionamento, propósito e alvo para o ser
humano.
No que se refere à concepção político pedagógico, explicita-se a necessidade de se levar em
consideração o vértice dos fundamentos, conceitos, princípios e visão que regem a educação de
nível superior, os quais guardam entre si uma relação necessária de coerência, conexão e depen-
dência. Isto posto, ressalta-se que a educação teológica é compreendida, de forma geral, a partir da
sua intersecção dialógica com as ciências humanas, principalmente, com a pedagogia, o que abre a
possibilidade e o horizonte interdisciplinar e transversalidade no ensino teológico.
Na perspectiva assinalada, o Projeto Pedagógico de Teologia da CBB descreve e desenha pontos
que concorrem para o compromisso com a formação ministerial, bem como para a construção de

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ações educativo-acadêmicas e de práticas didático-pedagógicas das instituições que a representam


neste importante processo. Nesse sentido, a Educação Teológica e Ministerial, tanto quanto os Cur-
sos de Teologia com a identidade Batista devem privilegiar não só o processo de formação, mas
também os resultados junto aos alunos, igrejas e a própria denominação.
Considerando o fato de que a educação teológica não está desvinculada das representações,
sociais, religiosas e denominacionais, o que integram o universo cultural e simbólico da realidade,
afirma-se que essa educação tem características próprias, que está a serviço das igrejas e da denomi-
nação, ou seja, a serviço da formação teológica e ministerial em suas múltiplas formas e variedades.
Nesta direção, para alcançar estes objetivos, torna-se relevante adotar os princípios da ação-reflexão-
ação, da aprendizagem significativa, a integração entre o saber, fazer e o conviver.
Por isso, todo o planejamento pedagógico, os processos relativos ao ensino-aprendizagem e as
ações e trabalho do professor devem fundamentar-se nas teorias da educação e da aprendizagem,
na concepção de que o conhecimento é uma construção inacabada. Além disso, o aluno, e também
todo o ser humano, precisa ser considerado como um sujeito histórico, um ser relacional e um
aprendiz que precisa da graça e da misericórdia de Deus.
Com efeito, para o Curso de Teologia, objeto deste Projeto, adota-se o conceito de matriz curri-
cular, componentes pedagógicos, um conjunto de atividades, ações e experiências de aprendizado,
em lugar de uma “grade de disciplinas”. Com isso, a ideia principal é trabalhar com a flexibilidade
curricular, a inovação didática a partir de metodologias ativas e um processo participativo do aluno
para o desenvolvimento e incorporação de competências e habilidades.
Para alcançar os pleitos da concepção político-pedagógico nas instituições de ensino teológico
e nos Cursos de Teologia, a CBB adota o princípio da excelência acadêmica, a qualidade nas ativi-
dades de ensino-aprendizagem por parte de professores e alunos e uma gestão administrativo-finan-
ceira equilibrada e sustentável. Busca-se, na verdade, uma formação teológica e ministerial voltada
especialmente para o preparo de vocacionados para os ministérios da igreja.
Neste aspecto, a ênfase da ação educativa no campo da formação teológica e ministerial recai
na dinâmica da relação entre docente, discente, conhecimento e tecnologia e numa teoria-prática
pedagógica, contextualizada, flexível, coletivizada, inovadora. A relação entre teologia e ministério
e, tal como assinala Saviani (2010)6 deve sempre haver uma relação estreita entre teoria e prática
que é a mais fundamental da pedagogia. Portanto, uma teoria-prática sempre em revisão, construção
e reconfiguração, e que possibilite ao estudante alcançar bons resultados em sua trajetória escolar,
mas também crescer na fé, no conhecimento de Deus e no seu preparo ministerial.
Vale destacar que a Educação Teológica e Ministerial requer a utilização das diferentes abor-
dagens e teorias, retirando o que há de mais relevante e útil em cada uma delas. Nesse sentido, a
organização do trabalho e das ações educativas deve apropriar-se dos elementos mais significativos
da educação. O foco, no entanto, é possibilitar a aprendizagem por meio da ressignificação das
experiências, acreditar na potencialidade do vocacionado e organizar o trabalho pedagógico no
sentido da formação integral e total do ser humano e não apenas do estudante.
Finalmente, cabe ressaltar e afirmar que o Curso de Teologia pensado, configurado e amparado
pelos ideais Batistas, tem como ponto de partida e como fundamento teológico último as Sagradas
Escrituras. Além deste fundamento, que é de natureza teológica e espiritual, a Educação Teológica e
Ministerial exige outros campos do conhecimento humano.

4.4. PERFIL DO DOCENTE DO CURSO DE TEOLOGIA

Nos últimos anos, muitos foram os acontecimentos que marcaram e alteraram a educação teo-
lógica em nosso país. Dentre eles, podemos destacar: a autorização e o reconhecimento do Curso
de Teologia, a transição dos seminários para faculdades, a valorização de docentes com titulação
reconhecida pela CAPES, expansão do número de instituições e de igrejas que atuam no ensino
teológico, a crise de sustentabilidade financeira dos educandários.
Diante da atual conjuntura da Denominação, a partir desta compreensão e entendimento, fun-
damentalmente docência nas instituições de ensino teológico era vista como uma ocupação se-
cundária ou periférica em relação ao ministério pastoral. Estas considerações nos encaminham a
refletir mais profundamente a respeito do professor de teologia nos seminários e nas faculdades
que militam na educação teológica e no perfil dos professores. Assim, diante da atual conjuntura da
denominação, das igrejas e da Educação Teológica e Ministerial, precisamos avançar e reconhecer a
especificidade teológica, bíblica, pedagógica e epistemológica da profissão docente e seu relevante
papel na formação ministerial-pastoral.
6
Schmied-Kowarzik (1983, p. 10), citado por Saviani.

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A docência no curso de formação teológica e ministerial comporta especificidades que a distin-


guem das demais ações que envolvem o ofício de professores. Assim, além da formação em Teolo-
gia, do compromisso com a ética do Reino de Deus, que deve ser inegociável, da pertença religiosa
em uma igreja como membro e de um engajamento ministerial, espera-se que o docente de Teologia
aprimore a dimensão didático-pedagógica.
Portanto, os docentes escolhidos para trabalhar no Curso de Teologia e na formação ministerial
Batistas requer prudência, cuidado, zelo, oração e muita dependência de Deus. Dessa forma, se
quisermos conquistar e manter qualidade acadêmica em nossos Cursos de Teologia, o caminho é
alinhar a qualidade desejada à filosofia de educação teológica da CBB, à nossa confessionalidade e
a uma formação exclusivamente de caráter ministerial.
Por conseguinte, nesta importante missão e empreitada de formação teológica e ministerial, faz-
-se necessário explicitar o desejado e idealizado perfil dos docentes. Espera-se que o mesmo apre-
sente o seguinte perfil:

yy Assumir, defender e proclamar a Bíblia, como Palavra e Revelação de Deus, única e absoluta
verdade capaz de libertar o ser humano perdido e escravizado pelo pecado;
yy Estar filiado a uma igreja como membro, participar efetivamente das atividades e programas
propostos e ainda cultivar regularmente a mordomia cristã;
yy Respeitar, quando de outra confissão religiosa, dentro da sala de aula e nos demais espaços
institucionais, os princípios, as doutrinas e a declaração de fé dos Batistas;
yy Vivenciar a solidariedade acadêmico-pedagógica com seus pares e com os alunos na am-
biência da sala de aula e fora dela, ajudando no que for preciso para o aprimoramento da
prática educativa e da aprendizagem;
yy Ter uma sólida formação bíblica e teológica e ainda estar em contínuo aperfeiçoamento di-
dático-pedagógico, técnico-prática e acadêmico em sua área de atuação;
yy Verticalizar, sempre que possível, a sua formação acadêmico-teológica e ministerial em cur-
sos de especialização, mestrado e doutorado;
yy Realizar pesquisas, produzir e organizar textos acadêmico-científicos nos diferentes campos
da teologia e outros ministérios, publicando-os em revistas especializadas;
yy Manter uma conduta, uma atitude e um comportamento ético-moral exemplar na igreja,
família, sociedade, trabalho e demais espaços de convivência e atuação;
yy Integrar o ensino e a prática, a piedade e o academicismo, a fé e a cultura e entre a reflexão
e a ação;
yy Cultivar o espírito de curiosidade, criatividade e criticidade diante da vida, do conhecimen-
to, dos problemas que surgem e do trabalho na docência, sem perder a flexibilidade, a tole-
rância com quem pensa diferente e a amabilidade com o próximo;
yy Preparar e planejar as aulas antecipadamente e ministrá-las com zelo, organização, compro-
misso, prudência e criatividade;
yy Ser pontual no início e término das aulas, bem como na entrega dos documentos acadêmicos
solicitados pela instituição teológica;
yy Orientar e apoiar os educandos, quando necessário, para o compromisso com a vida acadê-
mica, a vida cristã, a igreja local e o serviço cristão;
yy Comprometer-se, sendo de outra confissão religiosa, a ensinar estreitamente dentro dos prin-
cípios, da doutrina e declaração de fé dos Batistas.

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5. ORGANIZAÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
A organização didático-pedagógica de um Curso de Teologia, livre ou bacharelado, respalda-
do, endossado e chancelado pela CBB tem um princípio e um eixo articulador, que são a forma-
ção teológica e ministerial fundamentada na Bíblia e a prática pastoral na igreja. Esse princípio e
esse eixo são alicerces que devem orientar a construção do currículo, a escolha das disciplinas, a
seleção de conhecimento e conteúdos e ainda a metodologia mais adequada no processo ensino-
aprendizagem.
A organização didático-pedagógica, nesta perspectiva, não é impeditiva para a afirmação da
nossa confessionalidade. De igual modo, a confessionalidade não bloqueia e nem impede o cará-
ter acadêmico, reflexivo e criativo da educação teológica e da formação pastoral. Nesse sentido,
confessionalidade, piedade, vida cristã, reflexão e estudos teológicos podem ser tecidos em diálogo
frutífero e numa integração harmoniosa.
Considerando essa integralidade que deve acontecer no Curso de Teologia, a organização didá-
tico-pedagógica, por meio do trabalho em sala de aula, buscará incrementar e desenvolver habili-
dades e competências, o que deve fazer parte do perfil de formação do aluno. Daí a importância
da formação pastoral ser pautada no exercício da reflexão teológica, na vontade de aprender, no
compromisso ético, na capacidade de liderar e trabalhar em equipe, na proposição e consolidação
de projetos ministeriais que envolvam a comunidade de fé.

5.1. VOCAÇÃO DO CURSO DE TEOLOGIA

O Curso de Teologia é pensado, organizado e ofertado pelas instituições educacionais Batistas


faculdades e seminários) deve estar em permanente sintonia com a realidade das igrejas, da deno-
minação e do exercício pastoral nas diferentes regiões do país. Daí por que sua vocação específica
liga-se a áreas da teologia, bem como a diversos campos de atuação ministerial, com enfoque em
disciplinas, conhecimento, conteúdos e práticas que guardam vinculação com o ministério cristão.
A vocação do Curso de Teologia, que é respaldado pela CBB, não está separada da natureza do
campo de conhecimento teológico, dos objetivos do curso, do perfil do aluno que se deseja formar,
da Educação Teológica e Ministerial e do pastoreio de igrejas. Por tudo isso, a vocação deste curso
é oferecer sólida formação teológica e ministerial aos membros das igrejas Batistas chamados e se-
parados por Deus para a obra do ministério.
Neste sentido, faz parte da vocação do Curso de Teologia preparar e formar homens e mulheres,
capacitando-os para servirem às suas igrejas locais e à denominação como pastores-servos ou minis-
tros-servos. Assim, é parte integrante da vocação do Curso de Teologia o compromisso com as Escri-
turas Sagradas, o educar com qualidade e o servir academicamente para honrar e glorificar a Deus.

5.2. OBJETIVOS

Capacitar os discentes a pensar teologicamente a respeito da relação existente entre as Escrituras


Sagradas, revelação de Deus e a práxis vivida pela igreja em meio aos desafios da vida, do mundo
e da sociedade contemporânea;
Propiciar o estudo da Bíblia no idioma pátrio e nas línguas originais, por meios de métodos e
estratégias apropriados, para sua aplicação exegética e no ensino, pregação, doutrina e produção de
textos eclesiais e acadêmico-científicos;
Possibilitar o estudo rigoroso dos diferentes aspectos, temas da formação teologia-ministerial
em suas áreas de alcance, tais como o sistemático, histórico, bíblico e prático, bem como o rigor
metodológico para o estudo exegético das Escrituras do Antigo e Novo Testamentos, com ênfase nas
línguas bíblicas: grego e hebraico;
Desenvolver a reflexão teológica à luz da Bíblia, Palavra de Deus, tendo em vista a capacitação
da igreja para responder aos desafios da fé cristã em tempo de rápidas e profundas transformações
religiosas, tecnológicas, econômicas, políticas e socioculturais;
Preparar vocacionados para os ministérios na e da igreja para que, orientados pela Bíblia, pelo
Espírito Santo de Deus e pela fé em Jesus Cristo, possam intervir criativa, ética e positivamente nos
espaços eclesiásticos, denominacionais, comunitários e públicos em geral;
Favorecer aos alunos vocacionados ao ministério o acesso ao conhecimento adequado da teolo-
gia e ciências afins, possibilitando-lhe a equilibrada articulação entre piedade e estudo, reflexão e
ação, fé e cultura, competência teológica e compromisso pastoral, diaconia social e diaconia eclesial
e entre igreja e denominação;

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Projeto Pedagógico de Teologia da Convenção Batista Brasileira

Equipar “(...) santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo”,
preparando-os para o exercício de seus múltiplos ministérios nas circunstâncias próprias da realida-
de dos Batistas brasileiros;
Despertar e reafirmar com o Reino de Deus, a igreja, a denominação e ainda o espírito missioná-
rio cultural e transcultural, de acordo com o IDE de Jesus;
Servir de base e fundamento a uma vocação pastoral, teológica e ministerial, estimulando os vo-
cacionados a que continuem a estudar teologia em seus múltiplos aspectos e dimensões em cursos
de especialização, mestrado e doutorado;
Sintonizar e informatizar, sempre que possível, por meio de recursos tecnológicos, o jeito de
se pensar, organizar, praticar e ofertar a Educação Teológica e Ministerial, conforme demandas e
necessidades do nosso tempo.

5.3. PERFIL DO EGRESSO

O conceito de “egresso” no âmbito educacional, segundo Ferreira (2004), é um indivíduo que


cumpriu a matriz curricular de um curso de graduação ou pós-graduação e obteve a titulação na
área de competência do curso. O termo “egresso” contido na legislação educacional tem sido usado
para referir-se a uma pessoa que efetivamente concluiu os estudos, recebeu o diploma e está apto a
ingressar no mercado de trabalho (BRASIL, 1996). Portanto, “egresso” é uma terminologia utilizada
para referir-se exclusivamente aos alunos formados e diplomados por uma instituição.
O perfil do “egresso” ou do “profissional” formado num Curso de Teologia resulta da concepção
do curso, dos objetivos, da matriz curricular construída, da metodologia de ensino, da união entre
teoria e prática e da interação entre ensino, pesquisa e extensão. Além disso, o perfil do “egresso”
deriva principalmente das atividades ministeriais realizadas na igreja no decorrer da trajetória de
formação.
Entende-se por perfil profissiográfico os espaços sociais nos quais o “egresso” do Curso de Teo-
logia das diferentes Instituições educacionais Batistas (Faculdades e Seminários) poderá atuar. Assim
considerado, é possível consolidar o perfil do egresso, identificando-o, seja como um profissional,
seja como vocacionado ao ministério e ao pastorado, com um indivíduo competente, com habilida-
des e atitudes proativas no serviço cristão, no pastoreio e nas atividades teológicas que envolvem a
igreja e a sociedade em geral.
Assim, o egresso do Curso de Teologia poderá atuar como pastor e/ou ministro, numa visão
ampla do trabalho pastoral e ministerial, na qual comportam, entre outros, as seguintes atuações:

yy Preparar e realizar, apropriada e competentemente, pregações, celebrações de cultos e a


ministração das ordenanças e demais atos litúrgicos no templo da igreja e em outros espaços
que solicitar;
yy Elaborar, implementar e executar projetos que possibilitem a promoção do ser humano e sua
dignidade, a difusão do Evangelho e a expansão do Reino de Deus.
yy Produzir e incentivar a produção de estratégias metodológicas e pedagógicas, litúrgicas e co-
municacionais, visando ao ensino, evangelização, discipulado e demais recursos que sejam
fundamentais na vida e na missão da igreja;
yy Pregar o Evangelho, ensinar e instruir bíblica e doutrinariamente o povo de Deus, assim
como animá-lo na perseverança da fé nos momentos de dor e consolar os aflitos e doentes;
yy Desenvolver e possuir atitudes e estratégias de estudo próprias, de modo a lidar com mais
facilidade com novas tecnologias da aprendizagem e da comunicação, colocando-as ao ser-
viço do ministério e da igreja;
yy Assumir o compromisso com o ministério, conjugando conhecimento, ação e vida cristã
piedosa, mediante a disciplina pessoal de leitura bíblica e adequada prática pastoral;
yy Dialogar com outras tradições religiosas e grupos sociais que militam nas causas da cida-
dania, dos direitos humanos, com vistas a uma sociedade mais justa, ética, de convivência
pacífica;
yy Realizar pesquisa no campo da teologia bíblica, prática e sistemática e áreas afins, produzin-
do textos e conhecimentos que orientem e ajudem nas possíveis soluções de problemas da
sociedade, vida humana, teologia, igreja e denominação;
yy Utilizar, de forma criativa, construtiva, crítica e reflexiva, o instrumental teológico-bíblico-
exegético adquirido, integrando-o à produção de saberes e conhecimentos inter e metadisci-
plinares, de modo a fundamentar a práxis religiosa, pastoral e ministerial;
yy “Compreender a construção do fenômeno humano sob a óptica da contribuição teológica

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considerando o ser humano como ente holístico e refletir criticamente sobre a questão do
sentido da presença do humano nesta vida”7.

5.4. COMPETÊNCIAS E HABILIDADES NA EDUCAÇÃO


TEOLÓGICA E MINISTERIAL

Os seminários e as faculdades de Teologia representam um contexto do desenvolvimento pes-


soal dos vocacionados, promovendo a integração e o alinhamento bíblico, devocional, ministerial,
eclesiástico, bem como religioso, social e afetivo do aluno. Estas instituições, na verdade, são es-
tratégicas e atuam com a educação estratégica, pois atuam na formação de pastores e líderes da
denominação Batista.
Nessa perspectiva, os seminários e as faculdades de Teologia constituem um importante suporte
para a formação e o desenvolvimento de líderes do presente e de projeção futura das igrejas e da
própria denominação, favorecendo o preparo ministerial dos vocacionados. Favorecem também
a transição entre preparo acadêmico-teológico, vivo exame conciliar e o engajamento ministerial
numa igreja Batista. Por isso, o Curso de Teologia deve primar por uma formação teológica focada
no incremento de competências e habilidades.
O mundo do trabalho, a igreja, o relacionamento humano e o ministério pastoral, como a própria
vida e tudo que nos cerca, tornaram-se muito mais complexos. Vive-se a cada dia mais inundado de
imagens, textos e informações novas e que rapidamente são substituídas por outras. Neste contexto,
há 50 anos, os conhecimentos adquiridos em um Curso de Teologia poderiam ser suficientes, por
décadas, para o exercício do pastorado e do ministério; hoje isso não é mais um fato verdadeiro e
uma realidade.
Nos dias atuais, alguns dos conhecimentos específicos conquistados num Curso de Teologia se
tornam “ultrapassados” muito rapidamente. O conhecimento produzido pela humanidade cresce
a passos cada vez mais acelerados. A esfera do trabalho e as profissões se tornam cada vez mais
especializadas. Contudo, as especializações são úteis para o mundo do trabalho cada vez mais por
menos tempo. Retornar aos espaços de formação e atualizar os conhecimentos e competências se
tornam necessários em intervalos de tempo cada vez menores.
Essa condição reforça a ideia e a necessidade de que o Curso de Teologia dos seminários e fa-
culdades Batistas deem ênfase ao desenvolvimento de competências e habilidades, considerando-as
do ponto de vista do pastoreio e do ministério. Nesse novo tempo, o espaço de formação teológica,
o desenvolvimento de competências e habilidades múltiplas constituem requisitos essenciais da
formação ministerial-pastoral.
Nessa direção, ao se enfatizar o estudo da teologia a partir da competência e das habilidades,
de acordo com Anita Abed8, está se falando de uma mudança de cultura, de compreensão de vida,
do que a gente acredita que é o ser humano, o conhecimento, a aprendizagem. Além disso, está se
explicitando qual é o verdadeiro papel de uma instituição de formação teológica.

5.4.1. AS COMPETÊNCIAS

A competência designa, segundo Perrenoud (2000:15), a capacidade de mobilizar diversos re-


cursos cognitivos para enfrentar um tipo de situação. Exercitá-la envolve operações mentais comple-
xas que permitem determinar e realizar uma ação própria à situação. “Competência é apresentada
como sendo uma capacidade de agir eficazmente em um determinado tipo de situação, apoiada em
conhecimentos, mas sem limitar-se a eles” (DELL’ACQUA, 2009, p. 265). A principal ideia a respei-
to da relação entre competência e conhecimento é que ambos são uma construção.
Assim, pode-se afirmar que a construção de competência está atrelada fortemente à formação de
esquema de mobilização de conhecimentos com discernimento em prol de uma ação eficaz. Nesse
sentido, a competência implica uma mobilização dos conhecimentos e esquemas que se possui para
desenvolver respostas inéditas, criativas, eficazes para problemas novos. Por isso, a competência
envolve, de uma só vez, esquemas de percepção, pensamento, avaliação e ação.
As competências e as habilidades são inseparáveis da ação. Separadas e em conjunto, elas exi-
gem domínio de conhecimentos. Sobre a competência, Medeiros, propõe a seguinte definição:

7
Diretrizes curriculares para os Cursos de Teologia. MEC. Minuta v. 1.4. Março de 2010, p. 09. http://portal.
mec.gov.br/index.php. Acesso em 16 de dezembro de 2016.
8
Porvir. Educação para o século 21. Série Diálogos – O futuro se aprende: sobre habilidades socioemocionais.
porvir.org/especiais/socioemocionais. Acesso em 16 de dezembro de 2016.

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Competência é uma relação social dialética afetiva/cognitiva/performativa, fundada em infor-


mações, capacidades, saberes, saberes-fazeres, conhecimentos, habilidades, atitudes e aptidões,
que se configura através de um sujeito (individual ou coletivo), sob a forma de representações
e ações inovadoras, diante de situações inéditas ou do inédito que se apresenta em situações
rotineiras (MEDEIROS, 2006, p.175).
Ressaltar-se, dessa forma, a competência não é desenvolvida separada e isoladamente pelo alu-
no. Na sua consecução, o trabalho, a parceria e a participação do professor são necessárias e fun-
damentais. É por isso que o desenvolvimento e a conquista efetiva de competências constituem-se
um “(...) conjunto integrado e estruturado de saberes – saberes-fazer, saberes-ser e saberes-transfor-
mar-se” (GONÇALVES, 2000, p. 2). A aprendizagem da teologia e do ministério é, acima de tudo,
algo relacional.

5.4.2. AS HABILIDADES

Em complemento às competências e conhecimentos específicos da teologia e da ação ministe-


rial, existem múltiplas habilidades que precisam ser desenvolvidas e estimuladas. As habilidades
devem ser desenvolvidas durante o Curso de Teologia, pois ao serem buscadas e conquistadas pelo
aluno, consolidam as competências.
Assim, a competência estaria constituída por várias habilidades. Entretanto, uma habilidade não
“pertence” a uma determinada competência, a vez que uma mesma habilidade pode contribuir para
competências diferentes. Por habilidade, Goldberg (1974:21, p. 60), entende ser a capacidade de
saber fazer alguma coisa por meio de ações ordenadas e com finalidades dirigidas para a realização
de um objetivo.
Entre as habilidades, podem-se destacar algumas delas: capacidade de comunicação oral e escri-
ta, capacidade para lidar com situações novas e desconhecidas, capacidade de liderança e de traba-
lhar em equipe, capacidade de lidar com situações complexas e o enfrentamento de situações-pro-
blema. Assim, o Curso de Teologia dos seminários e faculdades Batistas, tem o propósito de garantir,
ao mesmo tempo, o desenvolvimento das seguintes competências e habilidades:

yy “Ler e compreender textos teológicos, demonstrando capacidade para crítica, reflexão, análi-
se, interpretação e comentário de textos teóricos, segundo os mais rigorosos procedimentos
hermenêuticos”;9
yy “Utilizar adequadamente conceitos teológicos aliados às situações do cotidiano, desenvol-
vendo capacidade de transferir conhecimentos da vida e da experiência cotidiana para o
ambiente de trabalho, revelando-se profissional participativo e criativo”;10
yy “Capacidade de relacionar o exercício da reflexão teológica com a promoção integral da
cidadania e com o respeito à pessoa”;11
yy Usar os conhecimentos teóricos e práticos que o capacitem para exercer o ministério na igre-
ja, bem como presença e atuação pública significativa na sociedade, interferindo positiva e
construtivamente na sociedade numa perspectiva de transformação, valorização e promoção
do ser humano;
yy Implantar projetos comunitários e desenvolver ações individuais e coletivas que visem à
vivência prática dos valores cristãos para o benefício do bem comum;
yy Propor, elaborar e desenvolver projetos de pesquisa no campo da teologia e da prática mi-
nisterial dentro das exigências do rigor acadêmico e dos princípios éticos da nossa confes-
sionalidade;
yy Interpretar a Bíblia e analisar textos teológicos, de acordo com os rigorosos procedimentos
da hermenêutica e exegética;
yy Utilizar a TIC (Tecnologia da Informação e da Comunicação), colocando-a a serviço da igre-
ja, do ministério e da teologia, para ampliar o processo de difusão da mensagem do Evange-
lho e para a melhoria da educação religiosa;

9
Diretrizes curriculares para os Cursos de Teologia. MEC. Minuta v. 1.4. Março de 2010, p. 09. http://portal.
mec.gov.br/index.php. Acesso em 16 de dezembro de 2016.
10
Diretrizes curriculares para os Cursos de Teologia. MEC. Minuta v. 1.4. Março de 2010, p. 10. http://portal.
mec.gov.br/index.php. Acesso em 16 de dezembro de 2016.
11
Diretrizes curriculares para os Cursos de Teologia. MEC. Minuta v. 1.4. Março de 2010, p. 10. http://portal.
mec.gov.br/index.php. Acesso em 16 de dezembro de 2016.

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yy Liderar pessoas, trabalhar em equipe e comunicar eficaz e significativamente na dimensão


interpessoal e intergrupal, para alcançar relacionamentos saudáveis, bem como os objetivos,
metas e propósitos organizacionais;
yy Identificar as reais necessidades das igrejas e organizações, propor e consolidar projetos e
ações que contribuam para dirimir e solucionar as necessidades existentes;
yy Planejar e promover, em parceria com educadores, práticas e ações educativas em escolas e
igrejas em suas especificidades, tendo em vista as características dos educandos, o contexto
de cada organização e a realidade existencial e histórico-cultural do país.

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6. A ORGANIZAÇÃO CURRICULAR
O PPT foi pensado, construído e sistematizado com vistas a atender às exigências da CBB a respei-
to da Educação Teológica e Ministerial. Assim, em todo as etapas, tanto de concepção, discussão e
sistematização o lema adotado foi diálogo, compartilhamento, flexibilidade, revisão, reconfiguração
e abertura para o novo e o ainda não pensado. Com a adoção desse lema, que é também uma visão
de educação, o PPT – cada uma de suas partes e aquilo que nelas foi tecido e textualizado – passou
por um amplo processo de criação, recriação, reflexão, discussão, revisão e nova sistematização.
Considerando essa tratativa no decorrer de todo o processo de construção do PPT, a melhor es-
tratégia e o mais vantajoso dos caminhos foi pensar a organização curricular a partir de três grandes
eixos. Portanto, a organização curricular propugnada neste PPT, mesmo sua especificidade, assume
uma perspectiva que é diretamente ligada à compreensão de que a educação que a CBB deseja é
exclusivamente para o preparo teológico e ministerial dos que são vocacionados por Deus. Com esta
compreensão, afirma-se que a construção do conhecimento teológico deve emergir diretamente da
tradição Batista e sua confessionalidade.
Por isso, objetivando atender as exigências da CBB quanto à Educação Teológica e Ministerial,
consolidar conceitos fundamentais do campo eclesiástico e religioso e, ao mesmo tempo, dar fle-
xibilidade ao currículo e ao fazer pedagógico, a ideia foi criar e propor eixos para a organização
curricular. Os eixos da organização curricular com os demais componentes do PPT é que permitirão
adequação e viabilidade territorial, contextual, histórica, pedagógica e teologal da educação que foi
e ainda é pensada, sonhada, construída e desejada.

6.1. EIXOS DA ORGANIZAÇÃO CURRICULAR

Os eixos são elementos essenciais na estruturação do curso e, principalmente, da organização


curricular. Os eixos propostos são ideias-força que direcionam e comandam as diferentes áreas e
campos da formação teológica e ministerial. Cada eixo da organização curricular cumpre sua finali-
dade ao contemplar disciplinas e conhecimentos que dão substância, consolidação e solidez a uma
área desejada no Curso de Teologia.
Tendo em vista que o PPT é um documento orientador e que poderá referenciar a construção de
projetos de curso nas instituições de ensino teológico, os eixos que foram propostos e delineados
são elementos estruturados das áreas de formação teológica e ministerial. Assim, a partir de três
eixos de organização curricular, a ideia é que o ensino teológico aconteça de forma integrada, em
diálogo não só com a Teologia e outras áreas de conhecimento, mas também com as igrejas e a
própria denominação.

6.1.1. EIXO 1 — VOCAÇÃO, IGREJA E MINISTÉRIO

A característica, a natureza, a especificidade e o principal diferencial de um Curso de Teologia


encontram-se nos conceitos de vocação, o que está associado à ideia de chamado feito por Deus
às pessoas, à igreja e ao ministério. A vocação, a igreja e o ministério são, na verdade, quatro di-
mensões importantíssimas da Educação Teológica e Ministerial e não poderiam ficar separadas ou
mesmo excluídos no processo de discussão, construção e sistematização do PPT. Por isso, esses três
elementos ou dimensões estão presentes no PPT e devem receber um destaque especial no cotidia-
no da formação e do preparo teológico daqueles que foram chamados por Deus para o ministério.
A vocação, a igreja e o ministério são revestidos de um “véu misterioso”, o que é próprio, intrín-
seco e inseparável da Teologia, da experiência de fé e da vida espiritual. Esse “véu misterioso” que
reveste esses elementos precisa ser considerado na educação teológica, pois, em última análise, é o
“mistério” do próprio Deus ou dos conhecimentos a respeito dos “mistérios” de Deus. Todo saber
teológico, segundo Libânio e Murad (2011), tem seu mistério, exigindo uma atitude de fé, reverência
e sabedoria para penetrar no mundo da Teologia.
Um Projeto Pedagógico, cuja finalidade precípua é a formação teológica e ministerial, precisa
ter raízes “fincadas” na Bíblia, ser respaldado na Teologia e na confissão de fé e ainda integrar e dar
centralidade à vocação, à igreja e ao ministério. Sem a integralização desses elementos, o PPT e a
formação teológica e ministerial que se deseja, perderão seu sentido, finalidade, propósito e também
o nexo com Deus, com o Evangelho, a piedade, a religiosidade e a vida comunitária. A Teologia
tem seu sentido assegurado e ampliado quando é pensada, ensinada e vivida para transformar vidas.
Assim, a proposta e a postulação deste primeiro eixo, que é a integração e a conectividade entre
vocação, igreja e ministério num só eixo, e na construção do PPT, reafirmam a característica, a natu-

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reza, a especificidade e o que diferencia o estudo da Teologia, seja o curso livre, seja o reconhecido,
dos demais cursos e áreas de formação humano e profissional. Nesse sentido, a colocação do eixo
vocação, igreja e ministério faz, tanto do PPT quanto do Curso de Teologia, uma espécie de “ferra-
menta” especial no preparo de obreiros e de ministros para a obra no Reino de Deus.
Nessa perspectiva, o PPT e o Curso de Teologia, como uma “ferramenta”, tornam-se um adequa-
do e poderoso instrumento de Deus e da CBB para preparar servos para a igreja e para o ministério.
Os egressos de um Curso de Teologia devem se tornar teólogos, ministros, obreiros e, como tais,
conforme Ferreira (2014), precisam ser dedicados e hábeis servos da igreja. Com a integração da
vocação, da igreja e do ministério, o PPT, o Curso de Teologia e a Educação Teológica e Ministerial
formarão ministros, servos e líderes que vão servir ao Reino e à igreja, cuidando de gente, pregando
a Palavra com verdade e sabedoria, fazendo missões e atuando para a expansão do Reino eterno
aqui na terra.
O fato é que a vocação ministerial, religiosa e espiritual, por mais que se dê a ela o caráter de
“profissão”, pertence a Deus e ao seu povo, a igreja. “Ninguém toma para si esta honra, senão
quando chamado por Deus como aconteceu com Arão” (Hb 5.4). A igreja, por ser simbolicamente o
corpo que congrega o povo e que possibilita a comunhão espiritual entre irmãos, permite a fluidez
do ministério, o que se dá pelo cuidado pastoral. É a igreja, e somente por meio dela e para ela, que
o ministério acontece efetivamente.

6.1.2. EIXO 2: BÍBLIA, LINGUAGENS E EXEGESE

A segundo eixo da organização curricular é formado por três importantes componentes. O pri-
meiro é a Bíblia, que é a boa, suficiente e eterna Palavra de Deus. Essa base indica que o Curso de
Teologia tem um alicerce, que se reveste de um caráter absoluto, que são as Escrituras Sagradas. Daí
a importância de se estudar o Antigo e o Novo Testamentos. Esse alicerce, por sua vez, é consolida-
do pedagógica, didática e academicamente pelo estudo direto e exclusivo da Bíblia, mesmo que sua
organização se dê em disciplinas, áreas, campos e temas acadêmicos.
Com esta ênfase, o eixo Bíblia, linguagens e exegese toma a direção clara de reafirmar a Bíblia
como princípio de fé e prática. Contudo, busca dar também um tratamento literário, linguístico e
discursivo aos textos bíblicos a partir das línguas originais e dos estudos hermenêuticos e exegéticos.
Já que um dos eixos do trabalho pedagógico e da formação teológica e ministerial se pauta no prin-
cípio da indissociabilidade nos componentes do eixo, podem fazer parte do eixo curricular o estudo
das línguas originais em que a Bíblia foi produzida, os diferentes textos e as distintas linguagens.
A leitura devocional da Bíblia e seu o estudo hermenêutico, exegético, sistemático e metódico são
indispensáveis ao estudante de Teologia e ao seu preparo para a obra do ministério. Mas, a leitura e o
estudo da Bíblia para se tornaram eficazes e aprofundados exigem um conhecimento dos idiomas origi-
nais e os métodos da exegese, o que facilita o trabalho hermenêutico, exegético e sistemático. A leitura
e o estudo da Bíblia, na perspectiva de devoção e da exegese, não têm um fim em si mesmos e exigem a
apropriação de diferentes linguagens e metodologias que possibilitem a sua comunicação eficaz.
Na formação teológica e ministerial, na pregação e no ensino da Palavra, a busca pelo sentido
dos textos bíblicos é necessária, salutar e fundamental. Porém, alguns intérpretes, segundo Carson
(2008:13), buscam soluções hermenêuticas atraentes, que aparentam certo requinte e autenticidade,
mas carregam em si os mais diversos erros e argumentos sem embasamento. Os erros e argumentos
oriundos desse tipo de interpretação, para Carson, se apresentam como perigosas ciladas que podem
causar o fracasso hermenêutico, pois tropeçam em armadilhas gramaticais, lógicas, históricas, de
vocabulário e de pressupostos.
Com efeito, a dedicação ao estudo da Bíblia na língua materna e nos idiomas originais dá solidez
à educação teológica, amplia a qualidade da formação ministerial e evita diversas falácias e fragili-
dades de cunho acadêmico, doutrinário e confessional. É por isso que o eixo da Bíblia, linguagem
e exegese deve ser um componente que não poderá faltar na organização curricular do Curso de
Teologia. Assim, o que se deseja enfatizar é que o ensino da Teologia é indissociável da Bíblia, e
esta, com o grego, o hebraico e as metodologias e técnicas exegéticas.
De fato, o eixo Bíblia, linguagens e exegese, devido à sua importância espiritual, técnica e meto-
dológica, não poderia ficar de fora deste PPT e da organização curricular aqui proposta e delineada.
O estudante de Teologia, o teólogo já formado, o pregador, hermeneuta e exegeta comprometidos
com a igreja, o ministério e a fé cristã, têm o desafio de crer, compreender, interpretar, viver, ensinar
com a fidelidade máxima requerida pelo autor da Bíblia, Deus. Nessas importantes tarefas, faz-se
necessário lançar mão de linguagens distintas e a exegese para mediar a Palavra revelada e dialogar
com as pessoas e a cultura.

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6.1.3. EIXO 3: MISSIOLOGIA, PASTOREIO E ESPIRITUALIDADE

O terceiro eixo da organização curricular contempla três elementos ou conceitos essenciais e


importantes na Educação Teológica e Ministerial: missiologia, pastoreio e espiritualidade. Estes três
conceitos que compõem este eixo são históricos para os Batistas brasileiros e sempre fizeram parte
permanente do processo de formação teológica e ministerial e da vivência das igrejas e da denomi-
nação. Nesse sentido, pode-se declarar que os Batistas brasileiros sempre tiveram um enorme apreço
e um grande interesse, e ainda têm, pela obra missionária, pelo pastoreio do rebanho de Deus e pela
espiritualidade saudável e marcadamente orientada pela Bíblia.
Os componentes deste terceiro eixo indicam que a Educação Teológica e Ministerial concebida,
organizada e planejada pelos Batistas brasileiros têm como base comum a formação missiológica
que, na prática, se traduz no cumprimento da missão de evangelizar, testemunhar, ensinar, fazer
novos discípulos e cuidar de todos e de cada um deles. O que se almeja com esta base comum
missiológica, na verdade, é que os cursos de Educação Teológica e Ministerial tenham um forte
componente missionário e uma ênfase em missões.
Em Paulo, especialmente nas narrativas da primeira viagem missionária (At 13), o tema que dá
sentido aos textos é o crescimento da Palavra de Deus. Em Atos 14, há a associação entre pregação
evangelística da Palavra, empenho pastoral do apóstolo e o cuidado que é dispensado ao rebanho,
seja pelo discipulado, seja pela organização e ensino na comunidade de fé. Isso demonstra que mis-
siologia e pastoreio passam a andar juntos na vivência ministerial de Paulo. É por isso que o conceito
de pastoreio está presente num dos eixos da organização curricular.
Sem qualquer supervalorização do conceito pastoreio e da prática de pastorear, por um lado,
diminuição ou reducionismo de outras dimensões ministeriais da igreja, por outro, o pastoreio,
como serviço e cuidado, constitui-se uma das dimensões mais importantes da Educação Teológica
e Ministerial. Por isso, o pastoreio é um conceito-chave neste terceiro eixo e, consequentemente,
da Educação Teológica e Ministerial e formação de vocacionados. Neste sentido, pode-se entender
que, para Paulo, não havia nenhum tipo de dualismo que tornasse o pastoreio uma ação ministerial
distinta da missão da igreja e da Teologia e vice-versa.
Sendo assim, a ideia de pastoreio é central na Bíblia e deve ser também no Curso de Teologia.
Por isso, o pastoreio é colocado neste terceiro eixo, já que nas Escrituras Sagradas, a ideia de pasto-
reio pode ser vista como conceito bíblico-teológico e uma prática que revela cuidado. O conceito
de pastoreio, tanto quanto as práticas pastorais, encontra-se no ser divino, segundo Silva (2004:164),
a face do Deus-pastor, que se revela em proteção, assistência e cuidado do rebanho, figurado no
povo de Israel.
Nessa perspectiva, o pastoreio deve ser um dos eixos que articula e serve de “guia” para o pro-
cesso de formação teológica e ministerial. Portanto, quem se sentir vocacionado ao ministério, não
importa qual seja, se envolverá com o pastoreio e com o ministério pastoral, isto é, com o cuidado e
a proteção do rebanho. Quem cuida de gente na igreja de Deus exerce o ministério pastoral, e quem
quiser ser pastor, de verdade, deve aprender a ser servo de Cristo, servo do povo e servo da igreja.
O último componente do terceiro eixo da organização curricular contempla o importante e com-
plexo conceito de espiritualidade. Este componente é contemplado no eixo porque a missão da
escola teológica, no aqui e no agora, não é apenas transmitir conhecimentos, informar, conformar a
um padrão acadêmico e nem reformar alunos que são enviados. A mais importante missão da escola
teológica é preparar e formar homens e mulheres comprometidos com o Evangelho, o Reino, a igreja
e a obra que Deus a ela confiou.
Com essa incumbência não podem faltar à Educação Teológica e Ministerial a espiritualidade e
também professores e líderes espirituais. “A verdadeira liderança espiritual tira as pessoas de onde
estão para levá-las até onde Deus quer que estejam” (BLACKABY & BLACKABY, 2011, p. 39). Sendo
assim, a Teologia e o ensino teológico podem e devem incluir em seus projetos de formação a espiritu-
alidade, o que pode ser praticada com as disciplinas espirituais. A interdependência entre Teologia, es-
tudo da Bíblia e espiritualidade produz uma visão equilibrada de Deus, da vida, do mundo e da igreja.
A espiritualidade é um conceito-chave para quem estuda, pensa teologicamente e almeja “fazer
Teologia”. Estuda, pensa e “faz Teologia”, em primeiro lugar; deve se voltar para a Palavra de Deus,
ler e recitar, obedecê-la e, em seguida, pensar sobre elas. Estas ações são parte do processo de fazer
Teologia e são fundamentais para o cultivo da espiritualidade. Vale destacar, entretanto, espirituali-
dade e razão e razão e espiritualidade não se excluem necessariamente, e isto, tanto para o professor
quanto para os alunos.
Neste sentido, há uma interdependência entre missiologia, pastoreio e espiritualidade, tanto
quanto há entre Teologia e experiência com Deus. Essa interdependência entre esses elementos

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contribui para a produção de uma visão equilibrada e coerente de Deus, da vida e do mundo. Sobre
a espiritualidade, sua relação com a Teologia e sua aplicabilidade nos estudos teológicos, George
(1992) faz a seguinte consideração: a espiritualidade é o pensar correto sobre Deus e também o lou-
vor digno e aceitável a Deus. Por isso, a Teologia aliada à espiritualidade é a ciência de viver para o
Criador e Sustentador de todas as coisas, Deus.

6.2. PILARES NORTEADORES NA COMPOSIÇÃO DO CURSO

A Educação Teológica e Ministerial é um processo de formação complexo como qualquer outra


modalidade educativa. Esse processo de formação nos segmentos evangélicos é desenvolvido espe-
cificamente em instituições de ensino vinculadas às denominações, pois trata de instrução e preparo
para o labor teológico, pastoral e ministerial. Nessa perspectiva, a Educação Teológica e Ministerial
é feita a partir de princípios e valores cristãos e com uma visão exclusivamente bíblica.
Tal peculiaridade, no entanto, não pode eliminar as contribuições de teorias pedagógicas, de
pressupostos metodológicos, de políticas educacionais e das recomendações e orientações de agên-
cias internacionais, como a UNESCO. Esta agência, ao longo de sua existência, tem atuado para
o estabelecimento de consensos em torno de temas fundamentais da humanidade. O lema dessa
agência é a promoção da paz e sua principal missão é trabalhar para consolidar a solidariedade in-
telectual e moral da humanidade (UNESCO, 2007), solidariedade esta que é pertinente à formação
teológica e ministerial.
O lema e a missão assumidos pela UNESCO colocam a educação como uma de suas prioridades
e um tema de principal ocupação, pois é um assunto de maior relevância nas diferentes sociedades.
Neste sentido, a educação teológica não pode assumir uma posição de indiferença em relação às
contribuições trazidas por esta agência internacional. Na verdade, a Educação Teológica e Minis-
terial pode e deve apropriar das orientações e contribuições da UNESCO, principalmente, a ênfase
dada a um modelo de educação integral.
A educação proposta pela UNESCO colabora para a coesão social, no sentido de formar sujeitos
capazes de adaptarem-se às transformações sociais. É preciso que as habilidades e capacidades dos
estudantes sejam flexíveis, em que os quatro princípios, conforme DELORS (2012), o “aprender a
conhecer”, “aprender a fazer”, “aprender a viver juntos” e “aprender a ser” são indispensáveis para a
adaptação dos sujeitos à sociedade e também aos diferentes tipos de ministérios e de igreja. A ênfase
numa educação integral já é pensada na educação religiosa idealizada pela CBB. Por isso, mesmo
em se tratando da educação religiosa, a contribuição do PDER é muito significativa.
A educação integral elaborada a partir da antropologia bíblica indica a construção de um pro-
cesso educacional que considere o ser humano como um todo, não apenas em seu aspecto cog-
nitivo (SABER), que poderá apenas privilegiar a memória, mas também será necessário dar-lhe
oportunidade para construir o conhecimento refletindo sobre ele (REFLETIR). Além disso, será
necessário considerar que o ser humano convertido ao Evangelho é desafiado a desenvolver e
utilizar os seus dons, por isso, precisará ser capacitado a servir no reino de Deus (FAZER). A
vida cristã afeta todo o ser, portanto, a vida mental e emocional deverá ser transformada e aper-
feiçoada pela efetivação do Evangelho em sua vida (SENTIR). Desde o Éden, o ser humano foi
criado para o relacionamento que também precisará ser atendido no desenvolvimento da vida
cristã (CONVIVER/SERVIR) e, desde que o Evangelho deve promover uma radical transformação
na vida, será necessário que o cristão seja atendido no aperfeiçoamento de seu caráter (SER)
(PDERB, 2010, p. 17).
Portanto, de um modelo de educação integral e da integralidade formativa, a Educação Teológica
e Ministerial não pode se esquivar. Na contemporaneidade, é inadmissível focar apenas um aspecto
do indivíduo na formação teológica e no preparo ministerial, já que o trabalho de cuidar e pastorear
pessoas exige ministros integralmente maduros.
A Educação Teológica e Ministerial deve ocorrer de forma singular, prezando pelo desenvolvi-
mento integral do indivíduo vocacionado. Daí a importância de que esta formação esteja também
relacionada com os pilares da educação propugnada pela UNESCO, os quais são aqui concebidos e
pensados como princípios norteadores na composição do Projeto do Curso de Teologia. “À educa-
ção cabe fornecer, de algum modo, os mapas de um mundo complexo e constantemente agitado e,
ao mesmo tempo, a bússola que permite navegar através dele” (DELORS, 2012, p. 89).
Nessa direção, mesmo idealmente, todos os Cursos de Teologia vinculados à CBB ou a uma de
suas convenções estaduais, que pretendem desenvolver uma Educação Teológica e Ministerial inte-
gral, devem considerar os princípios norteadores propostos pela UNESCO. Esses pilares ou princí-
pios no processo pedagógico não podem ser pensados ou praticados separadamente, já que são im-
bricadas e constituem-se em profunda interação, objetivando uma formação holística do indivíduo.

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De acordo com Pietrocola (2010), os quatro pilares postulados pela UNESCO estão imbricados
entre si e vão contribuir para a formação integral humanista do estudante, e isso em qualquer campo
de conhecimento e formação. Esses pilares ou princípios, conforme Delores (2012), são os seguin-
tes: “aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a ser e aprender a conviver”.
Para Pietrocola (2010:4-5), o aprender a conhecer (indica o interesse a abertura para o conhe-
cimento); o aprender a fazer (diz respeito à coragem de execução, de correr riscos e, até mesmo,
de errar buscando acertar); o aprender a ser (explicita o papel do cidadão e o sentido da vida); e
o aprender a conviver (traz o desafio da convivência, do respeito a todos e da fraternidade como
caminho do entendimento).
Esses pilares são as bases para uma educação ao longo de toda a vida. Servem de orientação para
as instituições de ensino teológico a implementarem uma metodologia inovadora baseada no desen-
volvimento de competências e de valores que privilegiam um desenvolvimento integral da pessoa,
capacitando-a para atuar de forma criativa, solidária, responsável e eficaz na igreja, na denominação
e na sociedade.
Nesse contexto, vale ressaltar que não se aprende a ser cristão sozinho e nem a ser ministro
isoladamente e sem a cooperação de outros seres humanos. Na formação teológica e ministerial, a
cooperação, a interatividade e a religação entre saberes e conhecimentos podem ser incorporadas
dentro e fora da sala de aula. Nesse aspecto, o trabalho do professor e dos alunos nos vários tempos
e espaços educativos deve, tanto quantitativa quanto qualitativamente, favorecer a aprendizagem e
a compreensão de que os conteúdos, os saberes e os conhecimentos teológicos e ministeriais estão
relacionados e vinculados.
Assim considerada, a formação teológica e ministerial deverá eliminar a concepção comparti-
mentada, fatiada e mecanicista do conhecimento teológico e alicerçar-se numa visão e numa prática
que oportunizam a comunicação, o diálogo e a pertinência entre os diferentes saberes da forma-
ção teológica e ministerial. Com efeito, esse alicerce e essa prática contribuirão para que a matriz
curricular dos Cursos de Teologia seja mais aberta, flexível e contextual, e a formação teológica e
ministerial mais dialógica, relacional, vinculada à prática ministerial e profundamente enriquecida
pelos preceitos da Palavra de Deus.

6.2.1. APRENDER A CONHECER

O conhecimento bíblico e os saberes teológicos e ministeriais são fontes inesgotáveis. Diferen-


temente da Bíblia, que é a revelação de Deus a seres humanos escolhidos para este fim no passado,
o conhecimento bíblico e os saberes teológicos e ministeriais são histórico e, portanto, não são
absolutos e estão abertos à construção. Por ser pertinente e ter como referência a Bíblia, que é um
texto revelado e inquestionável, o conhecimento bíblico-teológica e ministerial possui uma natureza
inacabada. Como o conhecimento humano é múltiplo, diverso e evolui infinitamente, torna-se cada
vez mais inútil tentar conhecer tudo.
É esta condição do conhecimento que dá importância ao princípio do “aprender a conhecer”,
pois o conhecimento que é relativo à Bíblia e às coisas espirituais e ministeriais não se encerra num
curso de preparação para o ministério. Assim, o princípio do “aprender a conhecer” no campo da
formação ministerial é fundamental e caracterizado pelo interesse e pela busca de conhecimento
e de saberes, e sua construção, o que deve durar a vida toda. Segundo Sacristán (2015), é preciso
ler muito, fazê-lo reflexivamente, entrelaçar leituras, entrar irrestritamente no mundo escrito e ter
prazer com tudo isto são e continuarão sendo um desafio para a educação formal. É o alicerce para
a educação permanente.
Num tempo em que se caracteriza pela velocidade em que se produz e se multiplica o conhe-
cimento humano, não é mais viável que o vocacionado ao ministério deixe de lado o “aprender a
conhecer”. Isto é uma condição sine qua non para o aumento do conhecimento, aprimoramento
intelectual, ampliação da visão de mundo e fundamentação teórico-conceitual para quem vai se
engajar no ministério e trabalhar com a igreja.
A tendência para prolongar a escolaridade e o tempo livre deveria levar os adultos a apreciar,
cada vez mais, as alegrias do conhecimento e da pesquisa individual. O aumento dos saberes,
que permitem compreender melhor o ambiente sob os seus diversos aspectos, favorece o desper-
tar da curiosidade intelectual, estimula o sentido crítico e permite compreender o real, mediante
a aquisição de autonomia a capacidade de discernir (DELORS, 2012, p. 74).
O processo que envolve o “aprender a conhecer” pressupõe, antes de tudo, a capacidade do es-
tudante e posteriormente do ministro de “aprender a aprender”, já aquele tem a ver com o exercício
do pensamento, da memória e da atenção concentrada. O “aprender a conhecer” é um princípio

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importantíssimo no campo da teologia e da formação ministerial, pois além da menção e da ênfase


à busca do conhecimento, é preciso querer e desejar aprender.
Aprendentes humanos podem, agora, situar-se no interior de ecologias cognitivas nas quais a
morfogênese do conhecimento passa a acontecer sob a forma daquilo que Pierre Lévy deno-
mina inteligência coletiva. A construção do conhecimento já não é mais produto unilateral de
seres humanos isolados, mas de uma vasta cooperação cognitiva distribuída, da qual participam
aprendentes humanos e sistemas cognitivos artificiais (ASSMANN, 2000, p. 11).
O “aprender a conhecer”, por ser um pilar e um princípio, indica que a aprendizagem deve ser
encarada como um meio e uma finalidade da vida e do trabalho ministerial. Sinaliza que a educação
e a formação têm um âmbito pessoal e que devem ser pensadas e planejadas para todas as fases da
vida e do ministério. Indica ainda que o ministro, aquele que está envolvido com a igreja e com
o cuidado de pessoas, tem interesse em continuar aprendendo, tem abertura para o conhecimento
novo e novos saberes que são significativos à tarefa ministerial.

6.2.2. APRENDER A FAZER

O “aprender a fazer”, embora seja indissociável do primeiro pilar – o “aprender a conhecer” –


refere-se direta e exclusivamente à dimensão do trabalho e da profissão. Em se tratando da Educação
Teológica e Ministerial, o “aprender a fazer” e sua dimensão dizem respeito ao trabalho ministerial
e à atuação numa comunidade de fé, a igreja. Isso significa que o vocacionado, desde o início de
sua formação teológica e ministerial, está ampliando a sua aprendizagem e que está colocando em
prática na comunidade de fé os seus conhecimentos.
No que se refere ao processo de formação, o “aprender a fazer” visa orientar o estudante voca-
cionado a colocar em prática os seus conhecimentos e fazer as adaptações necessárias dos conheci-
mentos, dos saberes e das metodologias à realidade da igreja e do ministério. Por isso, o “’prender
a fazer” nos fala tanto das associações que precisam ser feitas, quanto da prática, das habilidades,
das experiências.
Sendo assim, “aprender a fazer” implica ir além do conhecimento teórico e entrar no campo
prático. “(...) aprender a fazer, a fim de adquirir, não somente uma qualificação profissional, mas, de
uma maneira mais ampla, competências que tornem a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e
a trabalhar em equipe” (DELORS, 2012, p. 93). O que se quer enfatizar é que não se forma e nem se
prepara ministros e obreiros para a igreja e para os ministérios cristãos sem o efetivo engajamento no
ofício ministerial. O pilar do “aprender a fazer” mostra-se pela capacidade que o vocacionado tem
em articular, de modo contínuo, o que estuda e aprende com a realidade eclesiástica e espiritual.
O primeiro e principal dever ou ofício de um obreiro na igreja, que é a essência do trabalho mi-
nisterial, é apascentar o rebanho mediante a diligente pregação da Palavra. A prática e o exercício
do ministério ocorrem e se desenvolvem no pastorear, no aconselhar, no cuidar, no discipular das
pessoas, o que se dá por meio da pregação ou do ensino da Palavra, e não de outro modo qualquer.
A prática de apascentar as ovelhas é a essência do ofício e do “aprender a fazer” de um ministro
do Evangelho. “Fiel é a Palavra: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra deseja” (ITm 3.1).
O princípio ou pilar do “aprender a fazer” reforça a ideia de que o estudante precisa aprender a
usar construtivamente sua visão crítica, a compreender o contexto em que está situado e agir ativa-
mente sobe o mesmo, fazendo-se autor de sua história numa relação de obediência e dependência
de Deus. Só assim o estudante, e também o ministro, conseguirá desenvolver a empatia, cultivar
um sentimento de solidariedade e agir construtiva e ativamente para transformar o espaço em que
atua. No que se refere às instituições educativas, Sacristán (2015) destaca que elas precisam voltar
suas temáticas de estudo para os problemas da vida cotidiana, próxima, estabelecendo uma conexão
entre o conhecer e o transformar.

6.2.3. APRENDER A VIVER JUNTOS

O terceiro pilar da educação do XXI, chama a atenção para o principal objetivo da educação
e este não é o de somente transmitir conhecimentos, mas criar um espírito para toda a vida, onde
ensinar é viver em transformações consigo próprio e com os outros. Nessa perspectiva, a educação
que assume o “aprender a viver juntos” como uma de suas metas, segundo Delors (2012:13), busca
desenvolver o conhecimento a respeito dos outros, de sua história, tradições e espiritualidade, e
tudo isso de forma interdependente.
O princípio do “aprender a viver juntos” é essencial à vida da humanidade e das diferentes so-
ciedades. Dessa forma, como vivemos numa sociedade interativa, comunicacional e translocal, em

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que o acesso às coisas e situações que envolvem o outro com suas diferenças é rápido e constante,
a convivência e o respeito ao próximo tornam-se necessários.
As mudanças registradas nas tecnologias da informação e nos processos de produção, o impac-
to produzido pelas migrações em massa e pelas grandes transformações econômicas, sociais
e políticas, a expansão dos limites do saber humano, requerem o desenvolvimento de novas
atitudes e a aquisição de novos conhecimentos. Neste mundo crescentemente inter-relacionado
e complexo, onde a diferença requer respeito e a mistura de culturas demanda compreensão e
aceitação, aprender a viver juntos constitui uma exigência inevitável para um futuro promissor
(TIANA, 2002, p. 69).
O pilar do “aprender a viver juntos”, por envolver a ideia de respeito e convivência com o dife-
rente e com aquele que pensa diferente, não poderá faltar à formação teológica e ministerial. Não
pode faltar porque a convivência requer respeito, amor e aceitação completa do próximo, o que
constitui valores essenciais à educação dos futuros ministros. Além disso, a convivência é uma ideia
e um valor inseparável da prática da cidadania.
Sobre esse aspecto, pode-se afirmar que no processo da Educação Teológica e Ministerial do
vocacionado deve-se considerar “a sua vida relacional dentro e fora da igreja” (PDER, 2010, p. 21-
22), que é onde acontece a convivência. A noção de cidadania é inseparável desse respeito entre
iguais e do exercício da fraternidade, que é um ótimo caminho para a compreensão e entendimento
do outro. Onde há cidadania, qualquer encontro entre desconhecidos é, antes de mais nada, um
encontro entre cidadãos, principalmente daquele que tem compromisso com a dupla cidadania, a
deste mundo e a celestial.

6.2.4. APRENDER A SER

É praticamente impossível “aprender a ser” quando não se é partícipe ativo do “aprender a co-
nhecer”, do “aprender a fazer” e do “aprender a conviver”.
O pilar do “aprender a ser” é integrador dos demais e, como tal, articular as três aprendizagens
anteriores. O “aprender a ser” caracteriza-se pela elaboração de pensamentos autônomos e críticos
que contribuam na formulação própria de juízos de valor, formando assim um cidadão, um ser
humano, um ministro em processo de maturação permanente, reflexivo e também sensível e imagi-
nativo e ser preparado para “(...) elaborar pensamentos autônomos e críticos e para poder formular
seus próprios juízos de valor, de modo a poder decidir, por si mesmo, como agir nas diferentes
circunstâncias da vida” (DELORES, 2012, p. 99).
Nessa direção, reconhece-se que a Educação Teológica e Ministerial só será integral e integrali-
zada, se priorizar o “aprender a ser”, a partir de um compromisso com a qualidade da formação e de
um pacto com o desenvolvimento total do estudante vocacionado.
Mais do que nunca, a educação parecer ter, um papel essencial, conferir a todos os seres hu-
manos a liberdade de pensamento, discernimento, sentimento e imaginação de que necessitam
para desenvolver seus talentos (...) A educação deve contribuir para o desenvolvimento total da
pessoa – espírito e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade e espi-
ritualidade. Aprender a ser para melhor desenvolver sua personalidade e estar à altura de agir
com cada vez maior capacidade de autonomia, de discernimento e responsabilidade pessoal
(DELORS, 2012, p. 100 e 101).
O que se enfatiza, na verdade, com o princípio da formação integral e com o pilar do “aprender
a ser” é que na educação teológica e ministerial, “não basta reunir o homo sapiens e o homo faber, é
ainda preciso que ele se sinta em harmonia com os outros e consigo próprio: homo concors” (FAU-
RE, 1972, p. 40). Nesse sentido, que nenhuma faculdade ou seminário Batista perca o seu foco que
é oferecer à igreja e também à denominação um obreiro capacitado para toda boa obra, que tenha
habilidade para pensar teologicamente e competência para ensinar e pregar a verdade divina, com
clareza, profundidade, exatidão, criatividade comunicativa e compromisso com o Evangelho.
De fato, se os estudantes vocacionados, em sua maioria, vão se tornar ministros nas igrejas e vão
atuar no cuidado de pessoas, a Educação Teológica e Ministerial não pode negligenciar o potencial
que eles carregam e educá-los para o princípio do “aprender a ser”. Portanto, a compreensão que
se tem é que o pilar do “aprender a ser” tem a ver diretamente com o aprender a ser ministro do
Evangelho, e ambos fazem parte dos fundamentos da educação. Por isso, essas duas aprendizagens
carregam o princípio de fé, já que devem ultrapassar os “muros” da escola e o espaço sala de aula.
Assim, o pilar do “aprender a ser” na Educação Teológica e Ministerial refere-se fundamentalmen-
te ao desenvolvimento integral da pessoa que foi vocacionada por Deus, que já está envolvida com
o trabalho ministerial desde o início de sua formação na igreja e na escola teológica. A educação e

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aprendizagem ministerial precisam ser integrais, não negligenciando nenhuma das potencialidades
de cada indivíduo, mas também integrativas, realçando a totalidade e a complexidade do trabalho
ministerial. A este respeito, Rega afirma:
(...) o ministro deve perfeito e habilitado – 2 Timóteo 3.17; Efésios 4.15 - 16. Aqui pensamos no
aluno como pessoa, como ser. Neste caso o projeto não deve considerar o aluno com a intenção
de torná-lo mão de obra útil ao ministério, mas alguém que seja instrumentalizado ao trabalho
e também que conheça o conteúdo básico da fé, ou mesma que consiga refletir. A preocupação
é com o aluno quanto a tornar-se pessoa (...) Se o aluno é um todo, não poderemos pensar em
apenas parte dele. Vamos lembrar que o Evangelho é integrador da vida (REGA, 2001, p. 26).
A Educação Teológica e Ministerial que é relevante, atual, contemporânea e contextualizada
não abre mão da Bíblia, que é a Palavra de Deus, cuja prioridade é também o ser em todas as suas
dimensões. Tendo em vista o caráter permanente, aplicável e atualizável da verdade escriturística, a
Educação Teológica e Ministerial deve ser aprimorada e preparada objetivando ler, reler e compre-
ender o tempo presente. Nessa nova condição de epocalidade, a teologia e as instituições de ensino
teológico precisam buscar condições para ancorar a preparação do obreiro do futuro, o que requer
uma estratégia diferenciada de formação.
já que vivemos uma nova epocalidade, cuja característica preponderante é a tecnologia, a in-
formação, a interatividade comunicacional, a principal regra a ser adotada pelo ser humano passa
pelo mundo digital. Essas características certamente já estão interferindo e interferirão ainda mais
na formação teológica e ministerial. Diante deste quadro mutacional, o “aprender a ser” deve ser
prioridade e parte integrante, pois esse pilar diz respeito ao desenvolvimento daquilo que é mais
relevante para o ser humano, a igreja e a sociedade: que é o caráter e a maturidade ética e ministerial
para enfrentar os desafios dessa nova sociedade.
Cabe ressaltar finalmente, que, num mundo, num tempo e numa epocalidade em que se valo-
riza mais o TER do que o SER, a competição mais do que a cooperação e a solidariedade e a indi-
vidualidade mais do que a coletividade, a Educação Teológica e Ministerial tem uma importante
contribuição a dar para a sociedade e para o ser humano em geral. Essa contribuição se embasa nos
princípios e valores bíblicos, aqueles que ajudam a tornar a criatura num verdadeiro ser humano,
uma pessoa cooperativa, responsável, ética, solidária e fraternal, fruto de uma transformação realiza-
da pelo Evangelho e pelo poder de Deus.
Nessa perspectiva, compreende-se que o “aprender a ser” diz respeito à vida e à formação para
a vida; diz respeito aos valores e princípios fundamentais que a Bíblia, a igreja e a família ensinam
e defendem. Refere-se ao desenvolvimento não só da razão, cognição e intelecto, mas também da
sensibilidade, inteligência emocional, criatividade e responsabilidade, sabedoria bíblica e discerni-
mento espiritual. Afinal, uma Educação Teológica e Ministerial sintonizada com a Palavra de Deus
coloca junto com o “aprender a ser” todas as dimensões essenciais da pessoa, na completude de sua
riqueza, na complexidade de suas expressões e nos compromissos que dignificam e dão sentido à
vida.

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7. AVALIAÇÃO DO PROJETO PEDAGÓGICO


A educação, em qualquer modalidade, pressupõe duas ações fundamentais, as quais são reves-
tidas de intencionalidades: a construção do Projeto Pedagógico e a sua avaliação. A primeira ação
deve ser coletiva, prévia e antecedente; a segunda deve ser processual, posterior e consequente. A
primeira ação refere-se ao processo de discussão, reflexão, construção e elaboração do Projeto Pe-
dagógico da instituição. A segunda diz respeito à avaliação do que foi pensado, discutido, planejado
e sonhado no Projeto Pedagógico.
As duas ações salientadas acima reforçam a ideia que a educação não se efetiva com qualidade
sem a construção de um Projeto Pedagógico e sem a instauração de um processo avaliativo que seja
permanente. Sendo assim, a avaliação é parte integrante da educação, tanto quanto o é do Projeto
Pedagógico e de todo o planejamento educativo de uma instituição. A avaliação é um procedimento
e um processo inerente tanto ao Projeto Pedagógico quanto à educação.
A avaliação é um procedimento e um processo inerente tanto ao Projeto Pedagógico quanto à
educação. Portanto, todo e qualquer Projeto Pedagógico, por princípio, estabelece um processo
permanente de avaliação, reflexão e discussão. Portanto, todo Projeto Pedagógico e toda ação edu-
cacional, por princípio, exigem um processo permanente de avaliação, reflexão e reconstrução.
A avaliação é um processo de reflexão sistemática, metódica, organizada e intencional. Em outras
palavras, a avaliação é um momento de autoeducação: um pensar a própria instituição, sobre o que
se tem feito ou deixado de fazer. A avaliação é, de fato, um processo comum que acontece na edu-
cação e um procedimento que reforça a ideia de revisar ideias, diagnosticar pontos fracos e fortes e
o que ficou faltando no que foi desejado e planejado e apontar novos rumos.
A avaliação, segundo Vasconcellos (2012), deve ser feita para se conhecer a realidade e localizar
as necessidades, confrontando o real com o ideal. A avaliação, no entender de Luckesi (2011), tem
uma tarefa de ser diagnóstica, ou seja, deverá ser o instrumento dialético do avanço, terá de ser o
instrumento da identificação de novos rumos e superar obstáculos.
Em geral, a avaliação de um Projeto Pedagógico acontece pela necessidade de analisar os cami-
nhos trilhados, os pontos positivos desenvolvidos, a adesão das instituições que militaram na educa-
ção teológica e a busca de caminhos para se adaptar à realidade e às demandas dos novos tempos.
A avaliação do Projeto Pedagógico e de todas as fases de sua implementação são importantes cons-
tituem como um grande desafio na Educação e Ensino Teológica e Ministerial.
Como todo tipo de projeto educativo, o Projeto Pedagógico de Teologia (PPT) é um campo de
possibilidades. É aquilo que temos a intenção de fazer, de realizar. Essas possibilidades são desve-
ladas e se revelam na própria ação de educar para ministério cristão. Por isso, compreende-se que a
ação de um Projeto Pedagógico de Teologia ou de um projeto de Educação Teológica e Ministerial
é um ato estético, uma mediação e um exercício de criação, intencionalidades e responsabilidades,
pois o mesmo envolve uma denominação, uma coletividade de pessoas e um conjunto de igrejas e
instituições.
O PPT da CBB, devido a esta sua natureza, por mais ousado, contextual, contemporâneo e
futurístico que seja, sempre estará marcado pela historicidade e temporalidade daqueles que o
elaboraram. Assim, o PPT tem um caráter histórico, situado e provisório, devendo sempre ser
revisado, avaliado e reconfigurado. Daí a importância de que o Projeto seja constantemente
avaliado, revisado, repensado e reconstruído. Isso significa que o PPT é passível de ajustes e
que está aberto às dinâmicas internas da denominação, dos diferentes ministérios da igreja e
também da sociedade.
Isto posto, a CBB deverá se organizar e estabelecer um período de tempo para que o PPT seja
submetido a uma avaliação, revisão e atualização. Esse processo de avaliação deve ser dinâmico,
reflexivo e objetivo e quem o executar precisa fazê-lo com liberdade e autonomia. Contudo, a lógica
adotada, desde o planejamento inicial, é a da participação de pessoas e das instituições teológicas.
A metodologia a ser utilizada em todas as etapas do processo de avaliação requer o envolvimento
coletivo daqueles que forem escolhidos para participar desse procedimento avaliativo.
Considerando que este PPT é um documento que reflete os ideários da denominação Batista
para a formação teológica e ministerial no Brasil, sua avaliação deverá ocorrer num interregno de
cinco em cinco anos, ou em qualquer momento que a CBB desejar. Para implementar o processo de
avaliação a CBB poderá eleger um grupo de trabalho ou deixar esta responsabilidade e este encargo
com a ABIBET.
O foco de todo processo avaliativo, no entanto, é a reafirmação da Bíblia como Palavra de Deus
e como princípio de fé e prática, a manutenção da unidade teológica e ministerial e a consolidação
de uma visão formativa que unifique teoria e prática, estudo e piedade, devoção e reflexão, discurso

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e vida e, ainda, erudição e pregação. Com efeito, em cada ciclo avaliativo do PPT, os resultados de-
verão sinalizar e indicar os passos e as trilhas para se alcançar uma Educação Teológica e Ministerial
de qualidade acadêmica e de excelência didático-pedagógica.

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Projeto Pedagógico de Teologia da Convenção Batista Brasileira

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GRUPO DE TRABALHO
Pr. Vanedson Ximenes (Relator)
Pr. Reinaldo Arruda Pereira (Vice-relator)
Pr. Clayton André Kunz
Pr. Jaziel Guerreiro Martins
Pr. Luiz Alberto Sayão
Prof. Valseni Pereira Braga

Aprovado na 10a Sessão da 97ª Assembleia da Convenção Batista Brasileira em 23 de abril de


2017 – Belém, PA

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