PPP - Ebd - Batsta
PPP - Ebd - Batsta
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A Convenção Batista Brasileira (CBB) desde seu início esteve consciente da necessidade e im-
portância da Educação Teológica e Ministerial tanto que, em sua primeira Assembleia em junho de
1907, foi criado organismo para administrar a formação teológica dos vocacionados ao ministério da
Palavra. Ao longo de todo o tempo, nossa filosofia tem dedicado um capítulo para definir e orientar
esta direção, como demostrado a seguir:
A Educação Teológica e Ministerial visa à formação especializada de pessoas vocacionadas, que
dedicaram suas vidas à obra do Senhor, na igreja, na denominação e no mundo. Deve ser cristo-
cêntrica e bibliocêntrica e oferecer aos vocacionados a oportunidade de aperfeiçoamento de suas
atitudes, habilidades e ações, inspiradas no exemplo de Jesus Cristo.
A Convenção incumbe-se de estabelecer as normas e diretrizes das instituições teológicas a ela
vinculadas, zelando pela excelência da qualidade de ensino e do seu produto.
Diretrizes:
Estabelecer como objetivo do Programa de Educação Teológica e Ministerial a visão acadêmica
de estímulo à pesquisa e aprofundamento intelectual; participação na vida denominacional; interes-
se prático; fidelidade à Bíblia e às doutrinas e princípios dos Batistas.
Promover e estimular o ensino teológico, tendo em vista o preparo dos obreiros, respeitada a
diversidade de dons e vocações.
Diante da diversidade de dons e vocações, oferecer gratificação para pastores, evangelistas, músi-
cos, educadores religiosos, docentes e habilitações para ministérios de áreas diversas, com o fim de
atender às necessidades das igrejas, da obra missionária e das instituições denominacionais.
Por reconhecer a importância da Educação Teológica e Ministerial e a necessidade de seu desen-
volvimento, estimular e apoiar o surgimento de projetos, programas e a constituição de fundos que
visem à formação de docentes, mestres e doutores capazes de atender à variada demanda do ma-
gistério teológico, ministérios especiais e produção de literatura no campo teológico e ministerial.
Incentivar pastores e igrejas a serem cuidadosos na recomendação de candidatos aos seminários; a se
envolverem em programas de apoio, sustento, educação e treinamento de vocacionados; a cultivarem o
compartilhamento do discipulado, visando à formação de um ministério forte e dedicado ao trabalho cristão.
Estimular as instituições teológicas, os pastores e as igrejas a que desenvolvam e realizem pro-
gramas de estágios, visando à formação prática do estudante, a partir de experiências concretas nos
diversos ministérios das igrejas e dos pastores.
Ministérios
A Bíblia apresenta ministérios variados. A Convenção, em consequência, incumbe-se de de-
senvolver programas que confrontem pessoas com a chamada de Deus e as eduquem, treinem e
reciclem para que se dediquem a esses ministérios, incentivando as igrejas ao seu aproveitamento.
Diretrizes:
Incentivar as igrejas a:
a) Reconhecerem o valor do ministério pastoral e outros para sua edificação e crescimento;
b) Sustentarem dignamente seus ministérios;
c) Valorizarem o ideal de um ministério de dedicação integral;
d) Manterem bom relacionamento com seus pastores;
e) Preservarem a ética do ministério pastoral e outros ministérios.
Motivar as igrejas para que participem do sustento dos vocacionados, de sua educação, de sua
preparação e do seu treinamento prático.
Reconhecer que a vocação é dada por Deus, para o cumprimento de seu propósito eterno na
história, ser cumprido pela igreja e que a formação do ministério existe em função da igreja, em face
das necessidades do mundo.
Reconhecer o ministério de crente, também chamado para servir na obra cristã e, por essa razão,
incentivar e apoiar programas de ensino, de discipulado e treinamento para sua capacitação em
todas as áreas do serviço cristão.
Considerando que vivemos um tempo de novos desafios e novas tecnologias, considerando o desenvol-
vimento das metodologias de ensino, a Convenção elaborou dentro da sua filosofia, por meio de um grupo
de trabalho, este Projeto Pedagógico para ser seguido por todas nossas instituições de ensino ministerial.
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SUMÁRIO
1. Apresentação.....................................................................................................1
2. Contextualização do Projeto..............................................................................7
2.1. Realidade da educação teológica no Brasil Batista.................................... 7
2.2. Finalidade......................................................................................... 9
2.3. Justificativa...................................................................................... 10
2.4. Eixos da construção do PPT............................................................ 11
2.4.1. Construção coletiva..................................................................... 11
2.4.2. Interação com as instituições de ensino teológico........................ 12
2.4.3. Pertinência entre disciplinas, conhecimentos e saberes teológicos .12
4. A CBB e a Teologia.........................................................................................17
4.1. Missão, visão e valores da CBB para a Educação Teológica e Ministerial...19
4.1.1. Missão......................................................................................... 19
4.1.2. Visão .......................................................................................... 19
4.1.3. Valores........................................................................................ 19
4.2. A CBB e sua filosofia de Educação Teológica e Ministerial .................... 19
4.2.1. A Educação Teológica e Ministerial.............................................. 20
4.2.2. Diretrizes da CBB........................................................................ 20
4.3. Concepção político-pedagógico............................................................. 21
4.4. Perfil do docente do Curso de Teologia.................................................. 22
5. Organização didático-pedagógica....................................................................25
5.1. Vocação do Curso de Teologia............................................................... 25
5.2. Objetivos............................................................................................... 25
5.3. Perfil do egresso..................................................................................... 26
5.4. Competências e habilidades na Educação Teológica e Ministerial.......... 27
5.4.1. As competências.......................................................................... 27
5.4.2. As habilidades.............................................................................. 28
6. A organização curricular..................................................................................31
6.1. Eixos da organização curricular.............................................................. 31
6.1.1. Eixo 1 – Vocação, igreja e ministério........................................... 31
6.1.2. Eixo 2 – Bíblia, linguagens e exegese........................................... 32
6.1.3. Eixo 3 – Missiologia, pastoreio e espiritualidade.......................... 33
6.2. Pilares norteadores na composição do Curso.......................................... 34
6.2.1. Aprender a conhecer.................................................................... 35
6.2.2. Aprender a fazer.......................................................................... 36
6.2.3. Aprender a viver juntos ............................................................... 36
6.2.4. Aprender a ser ............................................................................ 37
8. Referências bibliográficas................................................................................41
Grupo de trabalho ................................................................................. 43
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Projeto Pedagógico de Teologia da Convenção Batista Brasileira
APRESENTAÇÃO
1
Reunião realizada no Rio de Janeiro, em 03 de março, em 06 de junho, e 26 de outubro de 2016; em Vitória,
ES, nos dias 08 e 09 de julho de 2016.
2
Congresso Teológico realizado no Rio de Janeiro, de 17 a 19 de outubro de 2015, e em Recife, de 08 a 11
novembro de 2016.
3
Encontro no Rio de Janeiro, dias 27 a 29 de junho, em Curitiba 17 e 18 de agosto de 2016;
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curricular, busquem uma aproximação e um alinhamento com aquilo que é marco identitário dos
Batistas brasileiros.
No que diz respeito à identidade Batista, a preocupação principal foi referente à Educação Teo-
lógica e Ministerial, que deve ser planejada, organizada e desenvolvida em sintonia com a igreja e
a prática eclesial e ministerial. Em consonância com essa preocupação, destaca-se a centralidade da
Bíblia, revelação de Deus em linguagem humana, fonte de conhecimento e de verdades espirituais
e suprema autoridade em assuntos de fé.
Toda essa preocupação possibilitou a que se pensasse na ideia de um PPT que contemplasse e
explicitasse a filosofia de educação da CBB, princípios, diretrizes educativas, eixos formativos e uma
matriz curricular para os Cursos de Teologia, que é comum e necessária a todo Projeto Pedagógico.
Contudo, é preciso esclarecer que todos os componentes do PPT são apenas sugestões, orientações,
encaminhamentos e referências que podem contribuir para uma maior aproximação ou um alinha-
mento teológico-educativo-curricular para os Batistas brasileiros.
O PPT, nessa perspectiva, é um documento que foi pensado e construído para orientar e servir
de norte e de referência para a Educação Teológica e Ministerial Batista. Mesmo assim, pensa-se o
PPT como um documento aberto, histórico, passível de revisão e reconfiguração e que se situa num
horizonte de possibilidades em relação ao que a CBB almeja e pretende com Educação Teológica e
Ministerial. Nesse sentido, o PPT assume uma dimensão política e uma dimensão prática, já que o
ele pressupõe uma aproximação educacional, um alinhamento teológico, um diálogo, uma intera-
ção com as instituições de ensino e sua realidade regional.
Para os Batistas brasileiros, ter um Projeto Pedagógico de Teologia (PPT-CBB) pensado, elabora-
do, construído, sistematizado e aprovado pelo Conselho da Convenção é uma grande vitória. O PPT
é também um marco institucional, uma ação cuidadosa e estratégica da Convenção, uma possibili-
dade de coesão, alinhamento e unidade na formação teológica e ministerial e um sonho que está se
tornando realidade.
O PTT-CBB é, portanto, uma carta de navegação, uma bússola que indica o rumo a seguir e uma
construção coletiva que requer uma revisão e modificação. O PPT é também uma “carta” de inten-
ção em que os Batistas apresentam sua identidade teológica, mostram o que pensam e querem da
Educação Teológica e Ministerial e estabelecem os passos para se chegar aonde desejam.
A razão para a construção do PPT e a proposta de Educação Teológica e Ministerial aqui apre-
sentada tem a ver com nossa vivência e experiência no ensino teológico e uma profunda convicção
de fé: teologia é diálogo, encontro, conversa e conhecimento de Deus. Nesse sentido, a teologia é
também o pensamento teológico, conforme afirma Ferreira (2014:9), “só consegue respirar em uma
atmosfera de diálogo com Deus e a oração é determinante para a teologia que o estudante vocacio-
nado produzirá”.
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Projeto Pedagógico de Teologia da Convenção Batista Brasileira
2. CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROJETO
“As Escrituras não foram dadas para aumentar nosso conhecimento,
mas para mudar nossa vida” (D. L. Moody)
Ao pensar na educação teológica no Brasil, faz-se necessário e urgente que nossa atenção seja
voltada para uma profunda reflexão a respeito de sua natureza, identidade, organização e diversifi-
cação de propostas de formação ministerial. Essa reflexão deve ser feita também sobre as ações edu-
cativas, o que acontece na sala de aula e a respeito dos compromissos das instituições e da equipe
docente e gestora. Essa reflexão é oportuna, pois, vivemos um momento de transição, transformação
e reestruturação da educação e dos seminários e faculdades de Teologia a partir da oficialização do
ensino teológico no Brasil.
Há de se considerar também na educação teológica no Brasil Batista três outros importantes as-
pectos, que são: a oficialização do ensino teológico, Cursos de Teologia na modalidade presencial
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e em EAD e a manutenção de seminários e cursos livres. Vale salientar, no entanto, que indepen-
dentemente da forma em que é desenvolvida, a educação teológica compartilha os mesmos aportes
teórico-metodológicos e mesmo os fundamentos pedagógicos das demais áreas da educação.
Junto à oficialização do ensino teológico, alguns seminários das convenções estaduais, que antes
eram os encarregados de preparar teologicamente os pastores e ministros, buscaram e estão bus-
cando o credenciamento no MEC, inserindo-se no contexto do ensino superior e das IES. Em vários
estados do Brasil, muitos seminários se organizaram, segundo a legislação oficial, se credenciaram
e buscaram autorização de funcionamento como faculdade no MEC, e tornaram-se faculdades de
Teologia.
Assim, a existência de Cursos de Bacharel em Teologia autorizados e reconhecidos pelo MEC já
é uma realidade patente, incontestável e irreversível. Essa condição do Curso de Teologia e do en-
sino teológico e ministerial se efetiva tanto em cursos presenciais, quanto em cursos na modalidade
EAD, com a mediação da Tecnologia da Informação e da Comunicação (TIC). Sobre esse aspecto,
esclarece-se:
O afluxo recente da modalidade a distância tem se constituído uma opção atraente, porém,
custosa (...) resta saber se essa forma massiva de oferta do curso atende às condições peculiares
de cada localidade e, no caso da teologia, se não cria uma uniformização afastada da confessio-
nalidade (...) (SANCHES, 2013, p. 191 e 192).
Já que o ensino de Teologia, na modalidade EAD, é também um fato e uma realidade, é preciso
haver uma estratégia de formação consolidada entre a instituição teológica, o aluno vocacionado,
a igreja e a ordem dos pastores. Essa estratégia deve ser pautada na mentoria permanente e num
acompanhamento rigoroso do estudante aspirante ao ministério. Além dessa importante estratégia,
o ensino teológico na versão EAD, segundo Pallof e Pratt (2002), exige-se uma nova pedagogia que
implica uma forma diferenciada do ensino presencial.
De outro lado, há convenções estaduais que optaram em manter seus seminários e os Cursos
Livres de Teologia. Tal decisão tem sido tomada, por haver o entendimento de que o MEC estaria
interferindo na composição curricular e nos conteúdos teológicos, desrespeitando a tradição de fé,
a liberdade religiosa e a confessionalidade da instituição. Além desse entendimento, havia e ainda
há temor e preocupação de que o ensino teológico oficializado e o Curso de Teologia reconhecido
pelo MEC, perderia o foco ministerial e assumiria um viés secularizado.
Esse temor e essa preocupação por mais legítimos que possam ser, não têm fundamento legal. As
exigências acadêmicas e organizacionais preconizadas na legislação pertinente não apontam nesta
direção. Portanto, vale destacar, que o ensino teológico só será secularizado e sem viés ministerial,
se a IES e seu corpo diretor, assim desejar e planejar. O MEC e legislação do ensino superior não
interferem na “cor” ideológica do Curso de Teologia.
Neste complicado momento em que vivemos, existe um outro grande desafio em nossas insti-
tuições de ensino teológico, que é o reduzido número de alunos por sala de aula e uma pequena
receita financeira mensal. A dificuldade financeira é uma realidade que atinge os seminários e as
faculdades e está presente em todos os estados brasileiros. O reduzido número de alunos e a difi-
culdade financeira ocorrem por causa da concorrência crescente e desleal, aumento do custo por
aluno, nível elevado de inadimplência e a crise econômica que atravessa o nosso país. Além disso,
há a impossibilidade de se poder cobrar um valor justo por esse ensino.
A maioria das instituições teológicas, sejam aquelas de curso livre, sejam as de curso autorizado
e reconhecido, com sua receita oriunda das mensalidades de alunos, não conseguem cobrir suas
despesas com pessoal e os encargos sociais. Esta situação é um impedimento para que se façam os
investimentos necessários nas melhorias do patrimônio, biblioteca, infraestrutura tecnológica e no
aperfeiçoamento do corpo docente. A dificuldade financeira, o pouco investimento na educação
teológica e professores despreparados realçam não só a falta de qualidade no ensino, mas também
a superficialidade, inconsistências e falta de solidez bíblico-teológica.
No Brasil, a teologia, a educação teológica, o pensamento teológico religioso e a prática minis-
terial navegam por “mares” turbulentos e bravios. Cada um desses elementos é “balançado” pelos
fortes “ventos” da contemporaneidade. Neste contexto, a Teologia e a Educação Teológica e Minis-
terial, especificamente, encontram-se postergada à condição de um produto supérfluo, sendo vistas
como desnecessárias. O pensamento teológico-religioso e a prática ministerial de igrejas e denomi-
nações, por sua vez, passam a ser desenvolvidos de acordo com a lógica do mercado, o atendimento
de desejos individuais e a mercantilização da fé.
A lógica mercadológica sob a qual a esfera da religião opera produz, entre outras coisas, o
aumento da importância das necessidades e desejos das pessoas na definição dos modelos de
práticas e discursos religiosos a serem oferecidos no mercado. Ao mesmo tempo, demanda
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2.2. FINALIDADE
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tualizado e reflexivo a respeito dos ministérios. A proposta dessa formação está atrelada, de forma
indissociável, às condições que possibilitem o desenvolvimento de uma pessoa livre para servir,
reflexiva, comprometida com o Evangelho, a igreja e a sociedade. Nesse sentido, busca-se que o
egresso dos Cursos de Teologia seja agente ativo e transformador, atuando na liderança de comuni-
dades cristãs, de instituições vinculadas à denominação e da comunidade civil.
Assim, a finalidade deste Projeto é articular as demandas apresentadas pelas igrejas e pela CBB,
no que se refere à educação teológica, que deve ser fundamentalmente ministerial. É também criar
sinergia entre instituições educativas, anseios denominacionais, unidade e identidade teológica e
qualidade acadêmico-pedagógica entre os diferentes cursos existentes.
Tendo em vistas os aspectos salientados, o PPT tem as seguintes finalidades:
2.3. JUSTIFICATIVA
Para os Batistas brasileiros, a educação no âmbito geral, nos níveis infantil, fundamental e médio,
sempre foi um assunto presente e de estimada importância. Com a Educação Teológica e Ministerial
na “modalidade livre”, o que é de longa tradição, não foi e não é diferente. Nos últimos anos, no en-
tanto, mesmo com a regulamentação da área de estudos teológicos pelo MEC, conforme PARECER
Nº: CES 241/99, a teologia continua em pauta como um assunto e uma temática importantíssima e
estratégica para os Batistas brasileiros.
A primeira foi estratégica para uma política de formação dos filhos de missionários, bem como
para a inclusão de alunos que não podiam estudar nas escolas públicas ou romanas. A segunda foi
e ainda é estratégica, pois se trata da formação de vocacionados para a liderança denominacional e
para os ministérios da igreja, a qual, pela sua natureza, demanda da CBB uma atenção toda especial.
Tal demanda diz respeito aos interesses da denominação, à identidade dos cursos, aos parâmetros
doutrinários e à missão prioritária das instituições de ensino teológico, faculdades e seminários.
Por ser a Educação Teológica e Ministerial um processo que envolve diferentes atores, contextos
e instituições, o PPT-CBB foi pensado como um guia, uma bússola, um mapa e uma trilha para as
nossas casas de ensino teológico. Essa educação, por ser teológica, ministerial e processual, requer
reflexão, revisão e atualização constantes, sem desconsiderar sua missão primeira: formar e preparar
vocacionados para os ministérios da igreja. Nisso, reside a justificativa para este Projeto.
Tendo em vista que a ênfase deste Projeto é a educação teológica, sua organização, missão,
finalidades, filosofia, concepção e natureza, ele continua estratégico e fundamental para os Batistas
brasileiros. É por causa deste posicionamento estratégico da Educação Teológica e Ministerial que
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Nenhum projeto de educação, por melhor que seja, não se efetiva sem o aval e o respaldo das
instituições encarregadas de educar e formar pessoas. Com o ensino teológico não é diferente. As-
sim, a interação com os seminários e as faculdades, o que se efetivou por contato virtual, visitas in
loco, discussão em plenárias de encontros e congressos, foram determinantes para todo o processo
de construção do PPT.
Sendo assim, o segundo eixo adotado na construção do PPT foi a interação com pastores, líderes
denominacionais, missionários, professores, coordenadores de curso e diretores de instituições de
ensino teológico. Esse eixo foi estabelecido porque se acredita que a Educação Teológica e Ministe-
rial precisa superar a concepção fechada, centralizadora, burocrática e sem qualquer interação com
outros que podem contribuir com seu aprimoramento.
Tendo em vista que o PPT é um documento que explicita e aponta caminhos para a Educação
Teológica e Ministerial desejada pela CBB, o eixo da interação contribuiu positivamente para servir
como meio de sondagem dos interesses e demandas de pessoas e instituições. Mas, não apenas isso.
Servir também para apontar caminhos e possibilidades, estimular compromissos formativos das ins-
tituições com a CBB e a educação teológica, e, ainda, sinalizar para a necessidade de aproximação,
diálogo, intercâmbio, troca de experiência na obra Batista da educação teológica.
Uma das exigências atuais e importantes da educação e do ensino superior, em qualquer área e
campo de formação humana, envolve a transdisciplinaridade, a interdisciplinaridade, a multidisci-
plinaridade e uma formação sintonizada com a realidade social mais ampla. Essa exigência é afeita
à Educação Teológica e Ministerial e pode ser considerada na perspectiva da pertinência entre as
disciplinas, os conhecimentos e saberes teológicos com o ministério. Daí a importância da definição
e da postulação deste terceiro eixo no processo de construção do Projeto Pedagógico de Teologia
(PPT-CBB).
A pertinência entre disciplinas, conhecimentos e saberes teológicos com o ministério tornou-se
fundamental na construção do PPT e na proposição de uma matriz curricular do Curso de Teologia.
Portanto, se a meta e o propósito das instituições de ensino teológico filiadas à CBB são educar com
excelência, amplitude, profundidade e desenvolver um trabalho pedagógico que globalizador, é
preciso partir da pertinência entre as disciplinas, conhecimentos e saberes com o ministério.
Em conformidade com os princípios da multidisciplinaridade, interdisciplinaridade e da transdis-
ciplinaridade, a pertinência entre os componentes do PPT e da organização curricular expressa os
pressupostos teológicos, filosóficos, sociológicos, epistemológicos e didático-metodológicos da Edu-
cação Teológica e Ministerial. Os grandes desafios da educação contemporânea, conforme Chaves
(2005), são humanísticos, tecnológicos, científicos e metodológicos e todos eles têm quase sempre
caráter de pertinência, de inter, trans e multidisciplinaridade.
Especificamente sobre a interdisciplinaridade, Luck ressalta que:
A interdisciplinaridade é o processo de integração e engajamento de educadores, num trabalho
conjunto, de interação das disciplinas do currículo escolar entre si e com a realidade, de modo
a superar a fragmentação do ensino, objetivando a formação integral dos alunos, a fim de que
exerçam a cidadania, mediante uma visão global de mundo e com capacidade para enfrentar os
problemas complexos, amplos e globais da realidade (LUCK, 2001, p. 64).
A ideia inter, trans e multidisciplinaridade apoia e sustenta as ações de pertinência entre disci-
plinas, conhecimentos e saberes teológicos com o ministério. Por isso, a pertinência foi colocada
como um eixo de sustentação de toda a construção e sistematicidade do PPT. Sem ideia de pertinên-
cia, o PPT e cada um dos elementos que o compõem estariam isolados e sem conexão uns com os
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outros. Nessa direção, a pertinência foi e deverá continuar sendo uma demanda, um desafio e uma
estratégia valiosa para a Educação Teológica e Ministerial. Na prática, essa pertinência diz respeito à
ligação, junção, conexão e encadeamento entre o que propomos no PPT, a forma que selecionamos
as disciplinas e os conhecimentos teológicos e a maneira que ensinamos em sala de aula.
A pertinência entre disciplinas, conhecimentos e saberes teológicos com o ministério é uma con-
cepção, uma estratégia e um conceito que corrobora para uma prática interdisciplinar e transdiscipli-
nar na Educação Teológica e Ministerial. Ela auxilia também para que se possa eliminar dicotomias,
parcializações, disjunções e dissociações entre os diversos elementos do PPT, e o mais importante,
do fazer educativo dos docentes e da educação que as instituições teológicas oferecem.
Diante da necessidade de maior pertinência entre disciplinas, conhecimentos e saberes teológi-
cos, o maior desafio da Educação Teológica e Ministerial na atualidade é a necessidade de intercam-
biar teoria e prática, formação acadêmica, formação espiritual, estudo e piedade. Em consonância
com este grande desafio, há uma demanda emergente de superação de disciplinas isoladas e de
conhecimentos e saberes teológicos fragmentados, fatiados, separados e sem qualquer pertinência
com o ministério.
Disciplinas acadêmicas, conhecimentos e saberes teológicos separados, fatiados e dissociados
dos preceitos bíblicos, da teologia, da igreja e do ministério, mas também de outras áreas e campos
de formação, não oferecem mais respostas para a Educação Teológica e Ministerial. Assim, como é
característico e necessário para nós, seres humanos, que a verdade e o amor andem juntos na Educa-
ção Teológica e Ministerial, as disciplinas, o conhecimento e os saberes teológicos não podem mais
ser fatiados, compartimentados e fragmentados.
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4. A CBB E A TEOLOGIA
Uma denominação forte, relevante, contextualizada e vívida coloca em relevo a obra da educa-
ção teológica. Para tanto, em consonância com educação teológica, a denominação deve conceder
à igreja o lugar prioritário, ter clareza de sua missão, visão e valores, amadurecer teologicamente e
olhar continuamente para o passado. Se olhar para o passado é indispensável, esse olhar não pode
ser um artifício para que a denominação fuja dos desafios do tempo presente e das responsabilidades
do seu futuro. Afinal, militar no Reino de Deus implica interpretar os “sinais dos tempos”, ser parte
de um tempo revisionário e sabiamente enfrentar o horizonte do amanhã.
Nisso, também, afirmamos a centralidade da Bíblia. A metodologia (as práticas eclesiásticas),
assim como a identidade, doutrina e vida da igreja, têm de brotar das Escrituras. Como a igreja é
um dos temas centrais na Bíblia, a Bíblia tem de ser central na determinação de sua identidade
e prática (...) Estamos comprometidos com a autoridade da Escritura, inclusive na eclesiologia
(MULHOLLAND, 2004, p. 17).
Passado, presente e futuro são parte inerente de uma mesma “mistura”, tal qual acontece com a
própria vida, a Teologia e a denominação Batista. São três dimensões da temporalidade humana que
requerem de nós constantes interpretações, revisões e tomada de posição, sem abrirmos mão dos
fundamentos da nossa fé e da suprema autoridade da Bíblia em assuntos de fé e prática.
Vivemos novas formas de fazer a vida e de interpretá-la. Diante deste fato, como afirma Homi
Bhabha (2013:27), é preciso “residir no além” sem perder o presente e buscar redescrever nossa
contemporaneidade. O “além” é um espaço de intervenção no aqui e no agora, e no que diz respei-
to aos Batistas brasileiros, a ação principal é a colocação estratégica e privilegiada da educação na
pauta denominacional.
É de aceitação ampla que a educação teológica tem um caráter estratégico para o crescimento
denominacional e das igrejas (...) Ter seminários eficientes e eficazes, com sustento suficiente
para as pesquisas e treinamento adequado de obreiros, é uma das garantias para o futuro de uma
denominação e das igrejas (REGA, s/d, p. 1 e 5).
Uma denominação vigorosa, proeminente e que se destaca no cenário religioso evangélico, olha
para o passado, vive significativamente o presente, sonha e projeta o futuro, considerando e priori-
zando a Teologia, bem como o que se pensa, crê e ensina a respeito dela. Nessa perspectiva, a Teo-
logia tem se tornado assunto prioritário e estratégico para a denominação Batista. Será preciso que a
denominação Batista estabeleça e assuma o mais urgente possível o papel e a função estratégica que
a educação teológica naturalmente possui para a manutenção de sua identidade e o aperfeiçoamen-
to de sua missão” (REGA, s/d, p. 2).
É por isso que a CBB, por diferentes fatores e perspectivas nos últimos tempos, vem colocando
a Teologia e suas interfaces, como uma de suas mais importantes preocupações. Com um interesse
especial de que a formação teológica e ministerial seja bíblica e cristocêntrica, em primeiro lugar,
a CBB tem a exigência de que a Teologia indique novos caminhos para a igreja, ajude a reinventar
a vida do jeito de Deus e, ao mesmo tempo, acompanhe a igreja na missão de transformar integral-
mente as pessoas pelo seguimento de Jesus.
Daí a importância da Teologia e da formação teológica para os diferentes e diversos ministérios
eclesiais. Ambas são necessárias e imprescindíveis para os Batistas brasileiros. Com efeito, as duas
devem estar a serviço do Reino de Deus, da igreja, da denominação e daqueles que são chamados
por Deus ao ministério. Estar a serviço, no entanto, não suporta e nem significa qualquer tipo de
reducionismo, pois como afirma Peterson (2006), o ministério não é um “trabalho” de suprir neces-
sidades religiosas das pessoas e nem satisfazer a necessidade de clientes rápida e eficientemente.
Nessa empreitada atual no campo da Teologia, os Batistas brasileiros reconhecem que o momento e
o contexto em que vivemos são de profundas transformações na sociedade, cultura, ciência, instituições
sociais e no modo de viver do ser humano contemporâneo. Neste contexto, é urgente e fundamental re-
afirmar o lugar da igreja e redescobrir o ministério pastoral, pois como declara Mayhue (1998), o caráter,
a revelação e a vontade de Deus não mudaram, apesar das mudanças profundas no tempo e na cultura.
Diante disso e também das muitas interrogações e inquietações que têm surgido, os Batistas
brasileiros reconhecem que a Teologia, a elaboração teológica e a formação ministerial precisam
considerar a Bíblia como Palavra de Deus e princípio de fé e de conduta. Essa consideração deve ser
central na teologia, no fazer teológico e na formação ministerial, o que requer uma atitude serena e
equilibrada. A manutenção dessa atitude é o grande desafio teológico do século XXI.
A igreja nada é sem a Palavra de Deus. Isso posto, a teologia, a elaboração teológica e a formação
ministerial que os Batistas pensam, constroem e desejam incorporar e desenvolver estão abertas ao
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futuro. Essa abertura ao futuro significa fundamentalmente que estamos inseridos no presente, que
não temos medo do diverso e do desconhecido e que buscamos aproveitar as boas oportunidades
que Deus nos dá. Uma destas oportunidades se encontra, por um lado, no reconhecimento dos cur-
sos de bacharelado em Teologia e, de outro, na abrangência da Teologia, na elaboração teológica e
na formação ministerial, que é para a igreja e para todo ser humano e o ser humano todo.
O referencial de todo o processo que envolve a Teologia, a elaboração teológica e a formação
ministerial deve ser, de fato, a Bíblia, que é a Palavra de Deus em linguagem humana. É isso que a
igreja e a denominação esperam da Educação Teológica e Ministerial. Assim, faz sentido a afirmação
de João Carlos Lopes: “Para que a educação teológica seja serva da igreja no sentido diaconal, é
necessário que seja desprovida de orgulho intelectual, tentação real para quem dedica considerável
quantidade de tempo em reflexão acadêmica” (LOPES, 2011, p. 32).
Finalmente, não há como desconsiderar a relação indissociável entre a teologia e os diversos
tipos de ministérios existentes. A teologia tem sua fonte última na Bíblia, a Palavra de Deus. O mi-
nistério, por sua vez, em toda a sua abrangência, também tem sua fonte última, que é Cristo, o Filho
de Deus. Devido à relação entre teologia e ministério e à fonte última de ambos, torna-se imperativo
à denominação “(...) repensar o sistema educacional teológico Batista no Brasil através da busca de
novos paradigmas, a até mesmo descobri-los” (REGA, 2001, p.13).
A sinalização feita por Rega a respeito da busca de novos paradigmas é essencial para o campo
teológico. Nas demais ciências, a emergência de novos paradigmas se processa quase “naturalmen-
te” e na teologia, na prática teológica e na formação ministerial não pode ser diferente. Sendo esta
uma necessidade imperiosa da Educação Teológica e Ministerial, um paradigma,
(...) exprime, portanto, uma constelação geral, um padrão básico, um esquema fundamental,
um modelo global, segundo o qual a teologia percebe-se a si mesma, as pessoas, a sociedade, o
mundo e sobretudo sua relação com Deus. Um paradigma revela um conjunto de convicções,
concepções, valores, procedimentos e técnicas que são levados em conta pelos membros de
determinada comunidade teológica. Acontece uma mudança de paradigma quando se dá uma
irrupção de muitos sinais inovadores, muitos fatores e elementos para os quais o paradigma em
curso não dá conta (LIBANIO, 1996, p. 35).
Nessa direção, devemos levar em conta os aspectos metodológicos, pedagógicos, curriculares,
epistemológicos, exegéticos, hermenêuticos e interdisciplinares no ensino teológica e ministerial em
nossas faculdades e seminários. A teologia, de acordo com Mendonça (2008), constitui preferencial-
mente uma forma de ver a realidade e tem como pressuposto uma revelação absoluta, um princípio
axiomático da consciência de Deus.
A noção, a questão e a busca de novos paradigmas perpassam não só as formas de interpretar a
Bíblia, os textos dos grandes teólogos e as postulações de fé da Batista. Influenciam a maneira que
fazemos e elaboramos teologia, interpretamos a vida e ainda a própria forma de vivermos como
igreja, pastores e denominação. A teologia que queremos e que devemos colocar em pauta na for-
mação teológica e ministerial é aquela que, ao mesmo tempo, está enraizada em nossa identidade e
arraigada na nossa confessionalidade.
A identidade e a confessionalidade Batistas passam a ter três sentidos recíprocos: o da coopera-
ção interinstitucional no processo de formação teológica e ministerial; o da fé assumida e professa-
da; e ainda o da fé sistematizada, que só tem sentido de ser produzida e socializada se focalizar a
igreja, aperfeiçoamento do ministério, a edificação espiritual do povo de Deus e o crescimento da
denominação.
A teologia mantém uma relação íntima, direta e conjugada com a igreja, a vocação e o chamado,
o ministério, a prática eclesial e o cotidiano de todos nós. Por causa dessa tão relevante relação,
cabe à denominação Batista e, principalmente às igrejas, zelar pela obra da Educação Teológica
e Ministerial. O zelo da denominação e das igrejas está em não permitir que a teologia “caia” em
um academicismo reprodutivista e superficial, num teologismo ou ainda um secularismo teológico.
Sobre isso, Coelho Filho (2012:02) assevera que “(...) nossa formação de obreiros alega ter conteúdo
religioso, mas sua forma é secular (...) e que secularização ronda a educação teológica, por causa do
nosso estilo secularizante de vida”.
Além da perspectiva do zelo teológico que devemos ter, Rega (2001:35) assinala e indica a
necessidade de adotarmos um modelo integral de educação teológica em que todas as dimensões
dos vocacionados sejam objetos da formação ministerial. A verdadeira teologia situa-se na fé, sem
desprezar a razão e é, por isso, que ela, a teologia, não pode ser apenas um discurso ou um sistema
elitizado e alheio às necessidades da igreja. A teologia, de um lado, deve ficar livre de qualquer
forma de esclerose professoral e institucional e, de outro, dos interesses pessoais e da tutela do mer-
cado editorial e do mercantilismo de segmentos religiosos.
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4.1.1. MISSÃO
4.1.2. VISÃO
Ser uma denominação que é referência na Educação Teológica e Ministerial e que, por meio de
faculdades e seminários, adota uma teologia bíblico-cristã na formação de ministros e líderes das
igrejas Batistas.
4.1.3. VALORES
Os Batistas brasileiros sempre tiveram um interesse pela formação educacional, religiosa e cul-
tural do ser humano. A presença dos Batistas em solo brasileiro está associada à educação, escola
e ao ensino. Para Garcia (2011), as escolas confessionais chegaram junto com os missionários que
aqui aportaram e o ensino teológico foi e é parte integrante dessa importante herança educacional.
Pode-se, então, afirmar que a educação é, de fato, um elemento constituidor da história dos Ba-
tistas no Brasil, sendo possível declarar e asseverar que este importante bem simbólico “(...) é uma
marca visível do povo Batista” (SOUZA, 2010, p. 63). É por isso que os Batistas brasileiros, na defi-
nição dos princípios gerais de sua filosofia e política de Educação Teológica e Ministerial, de modo
especial, recorrem à sua rica tradição teológica, filosófica e pedagógica, o que se caracteriza pela
liberdade de consciência e ativa cooperação entre as suas igrejas.
No que se refere à filosofia de educação da CBB, faz-se necessário reafirmar a existência de uma
estreita relação entre a educação religiosa e a educação teológica, bem como entre a declaração
de fé deste organismo denominacional. Tanto a educação religiosa quanto a filosofia da educação
teológica ao serem desenvolvidas são perpassadas e costuradas pela convicção de que a Bíblia é,
de fato, a Palavra de Deus. Devido a esta convicção, a filosofia da Educação Teológica e Ministerial
adotada pela CBB deve ser respaldada na Bíblia, e em especial pela totalidade do Novo Testamento.
No contexto denominacional Batista, a educação teológica deve, além da formação do pensa-
mento teológico, capacitar os membros da igreja vocacionados e chamados, preparando-os adequa-
damente para o ministério. O ministério pastoral, em particular, e o ministério cristão, em geral, não
podem mais ser formatados secularmente. Mas, tal como sugere Campos (2011), devido às mudan-
ças no campo religioso brasileiro, com sua diversidade, pluralismo, competitividade e dinâmica,
não é mais possível querer formar ministros do mesmo jeito de anos atrás. São necessários novos
métodos de ensino, currículo mais flexível e uma visão mais ampla do ministério e da educação, os
quais não podem ser fragmentados e compartimentados.
Neste contexto, as instituições de educação teológica, sejam os seminários, sejam as faculdades,
não devem se dar por satisfeitas com a repetição, transmissão, e produção de conhecimentos e sa-
beres apenas. Essas instituições devem priorizar a capacitação e o preparo dos vocacionados, que
a elas se dirigem, para o exercício do ministério nas mais diversas áreas de atuação na igreja e no
Reino de Deus. Ressalta-se, nessa direção, que a educação teológica e a formação de liderança mi-
nisterial são vitais para a vida da igreja, para a denominação e para o desenvolvimento e crescimento
da obra Batista nas diferentes regiões do nosso extenso Brasil.
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O chamado para o ministério sempre envolveu e ainda envolve uma experiência pessoal com
Deus e uma formação teológica, que é preparo acadêmico, bíblico e espiritual. Esse chamado divino
adquire um caráter de comprometimento para o serviço cristão. O chamado é especial e, segundo
Dreher (2015), é uma incumbência dada por Deus, que é lei para o ministro, pois ele foi separado e
chamado para o serviço às pessoas e não para o domínio delas.
Considerando estes importantes aspectos, a CBB, em sua filosofia para a Educação Teológica e
Ministerial, declara e afirma:
A Filosofia da Convenção Batista Brasileira tem seu fundamento na Bíblia Sagrada, o livro da re-
velação divina. Foi constituída a partir da Declaração Doutrinária por ela adotada nos Princípios
Distintivos dos Batistas, no Pacto das Igrejas Batistas do Brasil e na Missão e Propósito das igrejas
cooperantes, e reconhece ser correta e condizente a metodologia de ação prática consagrada no
Estatuto da Convenção (SOUZA, 2010, p. 80).
Em se considerando o contexto sociocultural, mas também o religioso, denominacional e eclesial
no Brasil e no mundo, faz todo sentido declarar: sim, precisamos da educação teológica que forme e
prepare ministros, teólogos e líderes comprometidos com a Palavra de Deus, que dediquem, respei-
tem e amem a igreja do Senhor Jesus, que é o seu corpo. No que se refere ao ministério e à igreja,
a teologia e a nossa confissão de fé são importantíssimas. Mas, não se pode esquecer que a Bíblia, a
Palavra de Deus, e Jesus Cristo são o critério absoluto para todas as coisas.
Precisamos de verdadeiros ministros que, chamados e capacitados, sirvam a igreja, a denomi-
nação e o Reino de Deus com zelo, piedade, consagração, humildade e amor. Sobre o chamado
ao ministério, Dreher afirma: “Quem chama os ministros é Deus. Ele instituiu o ministério e chama
pessoas para o seu exercício” (DREHER, 2015, p. 127). Sim, precisamos de ministros, teólogos e
líderes que preservem as doutrinas e os princípios, conforme defendidos e ensinados pelos Batistas
e que estejam aptos para dar continuação à missão da igreja.
Tomando-se por base os diversos e abrangentes desafios que temos como Batistas, a partir de nos-
sa história, reconhecendo os nossos princípios, devemos reafirmar nosso inegociável compromisso
com Cristo e com uma filosofia de Educação Teológica e Ministerial proposta pela CBB. Portanto,
apresentamos a seguir, mesmo que literalmente, os elementos que compõem a filosofia e as diretri-
zes da CBB4 para a obra da Educação Teológica e Ministerial.
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A CBB, na definição de sua filosofia de Educação Teológica e Ministerial, não exime da necessi-
dade de uma reflexão, interpretação e sistematização criativa e corajosa da fé, do cristianismo e do
próprio texto bíblico. Não se isenta também de recorrer à rica tradição teológica, filosófica, exegé-
tica e pedagógica que marcou a história dos Batistas e, de modo geral, do protestantismo. Contudo,
como alerta Coelho Filho (2002, p. 13), “a educação teológica falhará se não formar pessoas cheias
de Cristo, empolgadas com ele, mais entusiasmadas pelo seu Evangelho que por outros aspectos”.
Nesse sentido, a CBB reconhece, especifica e afirma que a teologia que se ensina nas escolas te-
ológicas é construída sobre o único, imutável e absoluto fundamento, que é Cristo, o Filho de Deus.
Assim, essa teologia deve estar a serviço do ministério e da igreja, pois ela é um “patrimônio” não
só dos acadêmicos, mas de todos os crentes Batistas. Por isso, a filosofia de Educação Teológica e
Ministerial proposta pela CBB está associada e articulada à filosofia de ministério pastoral. As duas
são essencialmente bíblicas, teológicas, práticas e destinadas aos que servem à igreja.
A educação teológica, a formação e o preparo ministerial exigem uma filosofia de ministério para
o tempo em que estamos vivendo. A filosofia de ministério, por sua vez, deve refletir o chamado e
a autoridade espiritual do vocacionado e espelhar as demandas bíblicas do serviço cristão ao Reino
de Deus e ao próximo. A filosofia de ministério precisa ter sua base na Bíblia e na prática da fé e da
teologia. A Educação Teológica e Ministerial sempre esteve ligada à demanda da igreja, do ministé-
rio, do serviço cristão e da prática religiosa. Já que toda a prática é a prática de alguma teoria, faz-se
necessário articular clara e profundamente a base teológica da prática ministerial.
A teologia cristã, e isso lhe é específico, é uma fala acerca de Deus e tal qual afirmou Karl Barth:
“(...) a teologia é obra humana, ela não é obra divina. Ela é serviço prestado à Palavra, ela não é a
própria Palavra de Deus” (BARTH, 1996, p. 196). É por isso que, quando necessário, não pode haver
impedimentos para que o pensar e fazer teológicos e pedagógicos, sejam articulados às reflexões
construtivas e às críticas criativas, bem como aos desafios do tempo presente.
Esta é a visão e a filosofia da CBB a respeito da Educação Teológica e Ministerial. É também um
de seus mais importantes compromissos e preocupações, pois é uma obra estratégica para o agora e
para o futuro das igrejas, do ministério e da denominação. “Nesse sentido constantemente está sen-
do feito um apelo à consciência denominacional para que a obra educacional venha a ser contem-
plada com a presença marcante na agenda das preocupações, planejamento global e investimento
denominacional” (REGA, s/d, p. 5).
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Nos últimos anos, muitos foram os acontecimentos que marcaram e alteraram a educação teo-
lógica em nosso país. Dentre eles, podemos destacar: a autorização e o reconhecimento do Curso
de Teologia, a transição dos seminários para faculdades, a valorização de docentes com titulação
reconhecida pela CAPES, expansão do número de instituições e de igrejas que atuam no ensino
teológico, a crise de sustentabilidade financeira dos educandários.
Diante da atual conjuntura da Denominação, a partir desta compreensão e entendimento, fun-
damentalmente docência nas instituições de ensino teológico era vista como uma ocupação se-
cundária ou periférica em relação ao ministério pastoral. Estas considerações nos encaminham a
refletir mais profundamente a respeito do professor de teologia nos seminários e nas faculdades
que militam na educação teológica e no perfil dos professores. Assim, diante da atual conjuntura da
denominação, das igrejas e da Educação Teológica e Ministerial, precisamos avançar e reconhecer a
especificidade teológica, bíblica, pedagógica e epistemológica da profissão docente e seu relevante
papel na formação ministerial-pastoral.
6
Schmied-Kowarzik (1983, p. 10), citado por Saviani.
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yy Assumir, defender e proclamar a Bíblia, como Palavra e Revelação de Deus, única e absoluta
verdade capaz de libertar o ser humano perdido e escravizado pelo pecado;
yy Estar filiado a uma igreja como membro, participar efetivamente das atividades e programas
propostos e ainda cultivar regularmente a mordomia cristã;
yy Respeitar, quando de outra confissão religiosa, dentro da sala de aula e nos demais espaços
institucionais, os princípios, as doutrinas e a declaração de fé dos Batistas;
yy Vivenciar a solidariedade acadêmico-pedagógica com seus pares e com os alunos na am-
biência da sala de aula e fora dela, ajudando no que for preciso para o aprimoramento da
prática educativa e da aprendizagem;
yy Ter uma sólida formação bíblica e teológica e ainda estar em contínuo aperfeiçoamento di-
dático-pedagógico, técnico-prática e acadêmico em sua área de atuação;
yy Verticalizar, sempre que possível, a sua formação acadêmico-teológica e ministerial em cur-
sos de especialização, mestrado e doutorado;
yy Realizar pesquisas, produzir e organizar textos acadêmico-científicos nos diferentes campos
da teologia e outros ministérios, publicando-os em revistas especializadas;
yy Manter uma conduta, uma atitude e um comportamento ético-moral exemplar na igreja,
família, sociedade, trabalho e demais espaços de convivência e atuação;
yy Integrar o ensino e a prática, a piedade e o academicismo, a fé e a cultura e entre a reflexão
e a ação;
yy Cultivar o espírito de curiosidade, criatividade e criticidade diante da vida, do conhecimen-
to, dos problemas que surgem e do trabalho na docência, sem perder a flexibilidade, a tole-
rância com quem pensa diferente e a amabilidade com o próximo;
yy Preparar e planejar as aulas antecipadamente e ministrá-las com zelo, organização, compro-
misso, prudência e criatividade;
yy Ser pontual no início e término das aulas, bem como na entrega dos documentos acadêmicos
solicitados pela instituição teológica;
yy Orientar e apoiar os educandos, quando necessário, para o compromisso com a vida acadê-
mica, a vida cristã, a igreja local e o serviço cristão;
yy Comprometer-se, sendo de outra confissão religiosa, a ensinar estreitamente dentro dos prin-
cípios, da doutrina e declaração de fé dos Batistas.
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5. ORGANIZAÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
A organização didático-pedagógica de um Curso de Teologia, livre ou bacharelado, respalda-
do, endossado e chancelado pela CBB tem um princípio e um eixo articulador, que são a forma-
ção teológica e ministerial fundamentada na Bíblia e a prática pastoral na igreja. Esse princípio e
esse eixo são alicerces que devem orientar a construção do currículo, a escolha das disciplinas, a
seleção de conhecimento e conteúdos e ainda a metodologia mais adequada no processo ensino-
aprendizagem.
A organização didático-pedagógica, nesta perspectiva, não é impeditiva para a afirmação da
nossa confessionalidade. De igual modo, a confessionalidade não bloqueia e nem impede o cará-
ter acadêmico, reflexivo e criativo da educação teológica e da formação pastoral. Nesse sentido,
confessionalidade, piedade, vida cristã, reflexão e estudos teológicos podem ser tecidos em diálogo
frutífero e numa integração harmoniosa.
Considerando essa integralidade que deve acontecer no Curso de Teologia, a organização didá-
tico-pedagógica, por meio do trabalho em sala de aula, buscará incrementar e desenvolver habili-
dades e competências, o que deve fazer parte do perfil de formação do aluno. Daí a importância
da formação pastoral ser pautada no exercício da reflexão teológica, na vontade de aprender, no
compromisso ético, na capacidade de liderar e trabalhar em equipe, na proposição e consolidação
de projetos ministeriais que envolvam a comunidade de fé.
5.2. OBJETIVOS
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Equipar “(...) santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo”,
preparando-os para o exercício de seus múltiplos ministérios nas circunstâncias próprias da realida-
de dos Batistas brasileiros;
Despertar e reafirmar com o Reino de Deus, a igreja, a denominação e ainda o espírito missioná-
rio cultural e transcultural, de acordo com o IDE de Jesus;
Servir de base e fundamento a uma vocação pastoral, teológica e ministerial, estimulando os vo-
cacionados a que continuem a estudar teologia em seus múltiplos aspectos e dimensões em cursos
de especialização, mestrado e doutorado;
Sintonizar e informatizar, sempre que possível, por meio de recursos tecnológicos, o jeito de
se pensar, organizar, praticar e ofertar a Educação Teológica e Ministerial, conforme demandas e
necessidades do nosso tempo.
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considerando o ser humano como ente holístico e refletir criticamente sobre a questão do
sentido da presença do humano nesta vida”7.
5.4.1. AS COMPETÊNCIAS
7
Diretrizes curriculares para os Cursos de Teologia. MEC. Minuta v. 1.4. Março de 2010, p. 09. http://portal.
mec.gov.br/index.php. Acesso em 16 de dezembro de 2016.
8
Porvir. Educação para o século 21. Série Diálogos – O futuro se aprende: sobre habilidades socioemocionais.
porvir.org/especiais/socioemocionais. Acesso em 16 de dezembro de 2016.
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5.4.2. AS HABILIDADES
yy “Ler e compreender textos teológicos, demonstrando capacidade para crítica, reflexão, análi-
se, interpretação e comentário de textos teóricos, segundo os mais rigorosos procedimentos
hermenêuticos”;9
yy “Utilizar adequadamente conceitos teológicos aliados às situações do cotidiano, desenvol-
vendo capacidade de transferir conhecimentos da vida e da experiência cotidiana para o
ambiente de trabalho, revelando-se profissional participativo e criativo”;10
yy “Capacidade de relacionar o exercício da reflexão teológica com a promoção integral da
cidadania e com o respeito à pessoa”;11
yy Usar os conhecimentos teóricos e práticos que o capacitem para exercer o ministério na igre-
ja, bem como presença e atuação pública significativa na sociedade, interferindo positiva e
construtivamente na sociedade numa perspectiva de transformação, valorização e promoção
do ser humano;
yy Implantar projetos comunitários e desenvolver ações individuais e coletivas que visem à
vivência prática dos valores cristãos para o benefício do bem comum;
yy Propor, elaborar e desenvolver projetos de pesquisa no campo da teologia e da prática mi-
nisterial dentro das exigências do rigor acadêmico e dos princípios éticos da nossa confes-
sionalidade;
yy Interpretar a Bíblia e analisar textos teológicos, de acordo com os rigorosos procedimentos
da hermenêutica e exegética;
yy Utilizar a TIC (Tecnologia da Informação e da Comunicação), colocando-a a serviço da igre-
ja, do ministério e da teologia, para ampliar o processo de difusão da mensagem do Evange-
lho e para a melhoria da educação religiosa;
9
Diretrizes curriculares para os Cursos de Teologia. MEC. Minuta v. 1.4. Março de 2010, p. 09. http://portal.
mec.gov.br/index.php. Acesso em 16 de dezembro de 2016.
10
Diretrizes curriculares para os Cursos de Teologia. MEC. Minuta v. 1.4. Março de 2010, p. 10. http://portal.
mec.gov.br/index.php. Acesso em 16 de dezembro de 2016.
11
Diretrizes curriculares para os Cursos de Teologia. MEC. Minuta v. 1.4. Março de 2010, p. 10. http://portal.
mec.gov.br/index.php. Acesso em 16 de dezembro de 2016.
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6. A ORGANIZAÇÃO CURRICULAR
O PPT foi pensado, construído e sistematizado com vistas a atender às exigências da CBB a respei-
to da Educação Teológica e Ministerial. Assim, em todo as etapas, tanto de concepção, discussão e
sistematização o lema adotado foi diálogo, compartilhamento, flexibilidade, revisão, reconfiguração
e abertura para o novo e o ainda não pensado. Com a adoção desse lema, que é também uma visão
de educação, o PPT – cada uma de suas partes e aquilo que nelas foi tecido e textualizado – passou
por um amplo processo de criação, recriação, reflexão, discussão, revisão e nova sistematização.
Considerando essa tratativa no decorrer de todo o processo de construção do PPT, a melhor es-
tratégia e o mais vantajoso dos caminhos foi pensar a organização curricular a partir de três grandes
eixos. Portanto, a organização curricular propugnada neste PPT, mesmo sua especificidade, assume
uma perspectiva que é diretamente ligada à compreensão de que a educação que a CBB deseja é
exclusivamente para o preparo teológico e ministerial dos que são vocacionados por Deus. Com esta
compreensão, afirma-se que a construção do conhecimento teológico deve emergir diretamente da
tradição Batista e sua confessionalidade.
Por isso, objetivando atender as exigências da CBB quanto à Educação Teológica e Ministerial,
consolidar conceitos fundamentais do campo eclesiástico e religioso e, ao mesmo tempo, dar fle-
xibilidade ao currículo e ao fazer pedagógico, a ideia foi criar e propor eixos para a organização
curricular. Os eixos da organização curricular com os demais componentes do PPT é que permitirão
adequação e viabilidade territorial, contextual, histórica, pedagógica e teologal da educação que foi
e ainda é pensada, sonhada, construída e desejada.
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reza, a especificidade e o que diferencia o estudo da Teologia, seja o curso livre, seja o reconhecido,
dos demais cursos e áreas de formação humano e profissional. Nesse sentido, a colocação do eixo
vocação, igreja e ministério faz, tanto do PPT quanto do Curso de Teologia, uma espécie de “ferra-
menta” especial no preparo de obreiros e de ministros para a obra no Reino de Deus.
Nessa perspectiva, o PPT e o Curso de Teologia, como uma “ferramenta”, tornam-se um adequa-
do e poderoso instrumento de Deus e da CBB para preparar servos para a igreja e para o ministério.
Os egressos de um Curso de Teologia devem se tornar teólogos, ministros, obreiros e, como tais,
conforme Ferreira (2014), precisam ser dedicados e hábeis servos da igreja. Com a integração da
vocação, da igreja e do ministério, o PPT, o Curso de Teologia e a Educação Teológica e Ministerial
formarão ministros, servos e líderes que vão servir ao Reino e à igreja, cuidando de gente, pregando
a Palavra com verdade e sabedoria, fazendo missões e atuando para a expansão do Reino eterno
aqui na terra.
O fato é que a vocação ministerial, religiosa e espiritual, por mais que se dê a ela o caráter de
“profissão”, pertence a Deus e ao seu povo, a igreja. “Ninguém toma para si esta honra, senão
quando chamado por Deus como aconteceu com Arão” (Hb 5.4). A igreja, por ser simbolicamente o
corpo que congrega o povo e que possibilita a comunhão espiritual entre irmãos, permite a fluidez
do ministério, o que se dá pelo cuidado pastoral. É a igreja, e somente por meio dela e para ela, que
o ministério acontece efetivamente.
A segundo eixo da organização curricular é formado por três importantes componentes. O pri-
meiro é a Bíblia, que é a boa, suficiente e eterna Palavra de Deus. Essa base indica que o Curso de
Teologia tem um alicerce, que se reveste de um caráter absoluto, que são as Escrituras Sagradas. Daí
a importância de se estudar o Antigo e o Novo Testamentos. Esse alicerce, por sua vez, é consolida-
do pedagógica, didática e academicamente pelo estudo direto e exclusivo da Bíblia, mesmo que sua
organização se dê em disciplinas, áreas, campos e temas acadêmicos.
Com esta ênfase, o eixo Bíblia, linguagens e exegese toma a direção clara de reafirmar a Bíblia
como princípio de fé e prática. Contudo, busca dar também um tratamento literário, linguístico e
discursivo aos textos bíblicos a partir das línguas originais e dos estudos hermenêuticos e exegéticos.
Já que um dos eixos do trabalho pedagógico e da formação teológica e ministerial se pauta no prin-
cípio da indissociabilidade nos componentes do eixo, podem fazer parte do eixo curricular o estudo
das línguas originais em que a Bíblia foi produzida, os diferentes textos e as distintas linguagens.
A leitura devocional da Bíblia e seu o estudo hermenêutico, exegético, sistemático e metódico são
indispensáveis ao estudante de Teologia e ao seu preparo para a obra do ministério. Mas, a leitura e o
estudo da Bíblia para se tornaram eficazes e aprofundados exigem um conhecimento dos idiomas origi-
nais e os métodos da exegese, o que facilita o trabalho hermenêutico, exegético e sistemático. A leitura
e o estudo da Bíblia, na perspectiva de devoção e da exegese, não têm um fim em si mesmos e exigem a
apropriação de diferentes linguagens e metodologias que possibilitem a sua comunicação eficaz.
Na formação teológica e ministerial, na pregação e no ensino da Palavra, a busca pelo sentido
dos textos bíblicos é necessária, salutar e fundamental. Porém, alguns intérpretes, segundo Carson
(2008:13), buscam soluções hermenêuticas atraentes, que aparentam certo requinte e autenticidade,
mas carregam em si os mais diversos erros e argumentos sem embasamento. Os erros e argumentos
oriundos desse tipo de interpretação, para Carson, se apresentam como perigosas ciladas que podem
causar o fracasso hermenêutico, pois tropeçam em armadilhas gramaticais, lógicas, históricas, de
vocabulário e de pressupostos.
Com efeito, a dedicação ao estudo da Bíblia na língua materna e nos idiomas originais dá solidez
à educação teológica, amplia a qualidade da formação ministerial e evita diversas falácias e fragili-
dades de cunho acadêmico, doutrinário e confessional. É por isso que o eixo da Bíblia, linguagem
e exegese deve ser um componente que não poderá faltar na organização curricular do Curso de
Teologia. Assim, o que se deseja enfatizar é que o ensino da Teologia é indissociável da Bíblia, e
esta, com o grego, o hebraico e as metodologias e técnicas exegéticas.
De fato, o eixo Bíblia, linguagens e exegese, devido à sua importância espiritual, técnica e meto-
dológica, não poderia ficar de fora deste PPT e da organização curricular aqui proposta e delineada.
O estudante de Teologia, o teólogo já formado, o pregador, hermeneuta e exegeta comprometidos
com a igreja, o ministério e a fé cristã, têm o desafio de crer, compreender, interpretar, viver, ensinar
com a fidelidade máxima requerida pelo autor da Bíblia, Deus. Nessas importantes tarefas, faz-se
necessário lançar mão de linguagens distintas e a exegese para mediar a Palavra revelada e dialogar
com as pessoas e a cultura.
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contribui para a produção de uma visão equilibrada e coerente de Deus, da vida e do mundo. Sobre
a espiritualidade, sua relação com a Teologia e sua aplicabilidade nos estudos teológicos, George
(1992) faz a seguinte consideração: a espiritualidade é o pensar correto sobre Deus e também o lou-
vor digno e aceitável a Deus. Por isso, a Teologia aliada à espiritualidade é a ciência de viver para o
Criador e Sustentador de todas as coisas, Deus.
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De acordo com Pietrocola (2010), os quatro pilares postulados pela UNESCO estão imbricados
entre si e vão contribuir para a formação integral humanista do estudante, e isso em qualquer campo
de conhecimento e formação. Esses pilares ou princípios, conforme Delores (2012), são os seguin-
tes: “aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a ser e aprender a conviver”.
Para Pietrocola (2010:4-5), o aprender a conhecer (indica o interesse a abertura para o conhe-
cimento); o aprender a fazer (diz respeito à coragem de execução, de correr riscos e, até mesmo,
de errar buscando acertar); o aprender a ser (explicita o papel do cidadão e o sentido da vida); e
o aprender a conviver (traz o desafio da convivência, do respeito a todos e da fraternidade como
caminho do entendimento).
Esses pilares são as bases para uma educação ao longo de toda a vida. Servem de orientação para
as instituições de ensino teológico a implementarem uma metodologia inovadora baseada no desen-
volvimento de competências e de valores que privilegiam um desenvolvimento integral da pessoa,
capacitando-a para atuar de forma criativa, solidária, responsável e eficaz na igreja, na denominação
e na sociedade.
Nesse contexto, vale ressaltar que não se aprende a ser cristão sozinho e nem a ser ministro
isoladamente e sem a cooperação de outros seres humanos. Na formação teológica e ministerial, a
cooperação, a interatividade e a religação entre saberes e conhecimentos podem ser incorporadas
dentro e fora da sala de aula. Nesse aspecto, o trabalho do professor e dos alunos nos vários tempos
e espaços educativos deve, tanto quantitativa quanto qualitativamente, favorecer a aprendizagem e
a compreensão de que os conteúdos, os saberes e os conhecimentos teológicos e ministeriais estão
relacionados e vinculados.
Assim considerada, a formação teológica e ministerial deverá eliminar a concepção comparti-
mentada, fatiada e mecanicista do conhecimento teológico e alicerçar-se numa visão e numa prática
que oportunizam a comunicação, o diálogo e a pertinência entre os diferentes saberes da forma-
ção teológica e ministerial. Com efeito, esse alicerce e essa prática contribuirão para que a matriz
curricular dos Cursos de Teologia seja mais aberta, flexível e contextual, e a formação teológica e
ministerial mais dialógica, relacional, vinculada à prática ministerial e profundamente enriquecida
pelos preceitos da Palavra de Deus.
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O terceiro pilar da educação do XXI, chama a atenção para o principal objetivo da educação
e este não é o de somente transmitir conhecimentos, mas criar um espírito para toda a vida, onde
ensinar é viver em transformações consigo próprio e com os outros. Nessa perspectiva, a educação
que assume o “aprender a viver juntos” como uma de suas metas, segundo Delors (2012:13), busca
desenvolver o conhecimento a respeito dos outros, de sua história, tradições e espiritualidade, e
tudo isso de forma interdependente.
O princípio do “aprender a viver juntos” é essencial à vida da humanidade e das diferentes so-
ciedades. Dessa forma, como vivemos numa sociedade interativa, comunicacional e translocal, em
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que o acesso às coisas e situações que envolvem o outro com suas diferenças é rápido e constante,
a convivência e o respeito ao próximo tornam-se necessários.
As mudanças registradas nas tecnologias da informação e nos processos de produção, o impac-
to produzido pelas migrações em massa e pelas grandes transformações econômicas, sociais
e políticas, a expansão dos limites do saber humano, requerem o desenvolvimento de novas
atitudes e a aquisição de novos conhecimentos. Neste mundo crescentemente inter-relacionado
e complexo, onde a diferença requer respeito e a mistura de culturas demanda compreensão e
aceitação, aprender a viver juntos constitui uma exigência inevitável para um futuro promissor
(TIANA, 2002, p. 69).
O pilar do “aprender a viver juntos”, por envolver a ideia de respeito e convivência com o dife-
rente e com aquele que pensa diferente, não poderá faltar à formação teológica e ministerial. Não
pode faltar porque a convivência requer respeito, amor e aceitação completa do próximo, o que
constitui valores essenciais à educação dos futuros ministros. Além disso, a convivência é uma ideia
e um valor inseparável da prática da cidadania.
Sobre esse aspecto, pode-se afirmar que no processo da Educação Teológica e Ministerial do
vocacionado deve-se considerar “a sua vida relacional dentro e fora da igreja” (PDER, 2010, p. 21-
22), que é onde acontece a convivência. A noção de cidadania é inseparável desse respeito entre
iguais e do exercício da fraternidade, que é um ótimo caminho para a compreensão e entendimento
do outro. Onde há cidadania, qualquer encontro entre desconhecidos é, antes de mais nada, um
encontro entre cidadãos, principalmente daquele que tem compromisso com a dupla cidadania, a
deste mundo e a celestial.
É praticamente impossível “aprender a ser” quando não se é partícipe ativo do “aprender a co-
nhecer”, do “aprender a fazer” e do “aprender a conviver”.
O pilar do “aprender a ser” é integrador dos demais e, como tal, articular as três aprendizagens
anteriores. O “aprender a ser” caracteriza-se pela elaboração de pensamentos autônomos e críticos
que contribuam na formulação própria de juízos de valor, formando assim um cidadão, um ser
humano, um ministro em processo de maturação permanente, reflexivo e também sensível e imagi-
nativo e ser preparado para “(...) elaborar pensamentos autônomos e críticos e para poder formular
seus próprios juízos de valor, de modo a poder decidir, por si mesmo, como agir nas diferentes
circunstâncias da vida” (DELORES, 2012, p. 99).
Nessa direção, reconhece-se que a Educação Teológica e Ministerial só será integral e integrali-
zada, se priorizar o “aprender a ser”, a partir de um compromisso com a qualidade da formação e de
um pacto com o desenvolvimento total do estudante vocacionado.
Mais do que nunca, a educação parecer ter, um papel essencial, conferir a todos os seres hu-
manos a liberdade de pensamento, discernimento, sentimento e imaginação de que necessitam
para desenvolver seus talentos (...) A educação deve contribuir para o desenvolvimento total da
pessoa – espírito e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade e espi-
ritualidade. Aprender a ser para melhor desenvolver sua personalidade e estar à altura de agir
com cada vez maior capacidade de autonomia, de discernimento e responsabilidade pessoal
(DELORS, 2012, p. 100 e 101).
O que se enfatiza, na verdade, com o princípio da formação integral e com o pilar do “aprender
a ser” é que na educação teológica e ministerial, “não basta reunir o homo sapiens e o homo faber, é
ainda preciso que ele se sinta em harmonia com os outros e consigo próprio: homo concors” (FAU-
RE, 1972, p. 40). Nesse sentido, que nenhuma faculdade ou seminário Batista perca o seu foco que
é oferecer à igreja e também à denominação um obreiro capacitado para toda boa obra, que tenha
habilidade para pensar teologicamente e competência para ensinar e pregar a verdade divina, com
clareza, profundidade, exatidão, criatividade comunicativa e compromisso com o Evangelho.
De fato, se os estudantes vocacionados, em sua maioria, vão se tornar ministros nas igrejas e vão
atuar no cuidado de pessoas, a Educação Teológica e Ministerial não pode negligenciar o potencial
que eles carregam e educá-los para o princípio do “aprender a ser”. Portanto, a compreensão que
se tem é que o pilar do “aprender a ser” tem a ver diretamente com o aprender a ser ministro do
Evangelho, e ambos fazem parte dos fundamentos da educação. Por isso, essas duas aprendizagens
carregam o princípio de fé, já que devem ultrapassar os “muros” da escola e o espaço sala de aula.
Assim, o pilar do “aprender a ser” na Educação Teológica e Ministerial refere-se fundamentalmen-
te ao desenvolvimento integral da pessoa que foi vocacionada por Deus, que já está envolvida com
o trabalho ministerial desde o início de sua formação na igreja e na escola teológica. A educação e
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aprendizagem ministerial precisam ser integrais, não negligenciando nenhuma das potencialidades
de cada indivíduo, mas também integrativas, realçando a totalidade e a complexidade do trabalho
ministerial. A este respeito, Rega afirma:
(...) o ministro deve perfeito e habilitado – 2 Timóteo 3.17; Efésios 4.15 - 16. Aqui pensamos no
aluno como pessoa, como ser. Neste caso o projeto não deve considerar o aluno com a intenção
de torná-lo mão de obra útil ao ministério, mas alguém que seja instrumentalizado ao trabalho
e também que conheça o conteúdo básico da fé, ou mesma que consiga refletir. A preocupação
é com o aluno quanto a tornar-se pessoa (...) Se o aluno é um todo, não poderemos pensar em
apenas parte dele. Vamos lembrar que o Evangelho é integrador da vida (REGA, 2001, p. 26).
A Educação Teológica e Ministerial que é relevante, atual, contemporânea e contextualizada
não abre mão da Bíblia, que é a Palavra de Deus, cuja prioridade é também o ser em todas as suas
dimensões. Tendo em vista o caráter permanente, aplicável e atualizável da verdade escriturística, a
Educação Teológica e Ministerial deve ser aprimorada e preparada objetivando ler, reler e compre-
ender o tempo presente. Nessa nova condição de epocalidade, a teologia e as instituições de ensino
teológico precisam buscar condições para ancorar a preparação do obreiro do futuro, o que requer
uma estratégia diferenciada de formação.
já que vivemos uma nova epocalidade, cuja característica preponderante é a tecnologia, a in-
formação, a interatividade comunicacional, a principal regra a ser adotada pelo ser humano passa
pelo mundo digital. Essas características certamente já estão interferindo e interferirão ainda mais
na formação teológica e ministerial. Diante deste quadro mutacional, o “aprender a ser” deve ser
prioridade e parte integrante, pois esse pilar diz respeito ao desenvolvimento daquilo que é mais
relevante para o ser humano, a igreja e a sociedade: que é o caráter e a maturidade ética e ministerial
para enfrentar os desafios dessa nova sociedade.
Cabe ressaltar finalmente, que, num mundo, num tempo e numa epocalidade em que se valo-
riza mais o TER do que o SER, a competição mais do que a cooperação e a solidariedade e a indi-
vidualidade mais do que a coletividade, a Educação Teológica e Ministerial tem uma importante
contribuição a dar para a sociedade e para o ser humano em geral. Essa contribuição se embasa nos
princípios e valores bíblicos, aqueles que ajudam a tornar a criatura num verdadeiro ser humano,
uma pessoa cooperativa, responsável, ética, solidária e fraternal, fruto de uma transformação realiza-
da pelo Evangelho e pelo poder de Deus.
Nessa perspectiva, compreende-se que o “aprender a ser” diz respeito à vida e à formação para
a vida; diz respeito aos valores e princípios fundamentais que a Bíblia, a igreja e a família ensinam
e defendem. Refere-se ao desenvolvimento não só da razão, cognição e intelecto, mas também da
sensibilidade, inteligência emocional, criatividade e responsabilidade, sabedoria bíblica e discerni-
mento espiritual. Afinal, uma Educação Teológica e Ministerial sintonizada com a Palavra de Deus
coloca junto com o “aprender a ser” todas as dimensões essenciais da pessoa, na completude de sua
riqueza, na complexidade de suas expressões e nos compromissos que dignificam e dão sentido à
vida.
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e vida e, ainda, erudição e pregação. Com efeito, em cada ciclo avaliativo do PPT, os resultados de-
verão sinalizar e indicar os passos e as trilhas para se alcançar uma Educação Teológica e Ministerial
de qualidade acadêmica e de excelência didático-pedagógica.
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Pr. Luiz Alberto Sayão
Prof. Valseni Pereira Braga
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