TCC 26 - 06 - 23

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS

SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL

IZABELY MACHADO LEAL

Expressão Social da Questão Agrária:

O acesso aos equipamentos públicos de saúde na área rural de Castro-PR

PONTA GROSSA

2023
IZABELY MACHADO LEAL

Expressao social da questao agraria

O acesso aos equipamentos públicos de saúde na área rural de Castro-PR

Trabalho de conclusão de curso, apresentado


para obtenção de título de bacharel em Serviço
Social, na Universidade Estadual de Ponta
Grossa, Setor de Ciências Sociais Aplicadas.

PONTA GROSSA

2023
1. Determinações Históricas da Questão Social no Brasil: As origens
Agrárias do Estado Brasileiro

http://www.unirio.br/cchs/ess/Members/morena.marques/disciplina-servico-social-e-processos-
de-trabalho/bibliografia/livro-relacoes-sociais-e-servico-social/view

As relações sociais no campo passaram por diferentes fases e grandes mudanças


ao decorrer do tempo, mas a luta por terra, por direitos sociais sempre
se fez presente nessa história, porém a população rural ainda tem grandes caminhos a serem
percorridos, para a efetivação plena de seus direitos.
Em 1500, com chegada dos portugueses ao Brasil, data também o início da
exploração, tanto natural, enquanto extração dos recursos naturais, quanto a humana, na
exploração do trabalho escravo, iniciando-se pelos indígenas e posteriormente pelo tráfico
negreiro, assim houve o encontro frente a frente de duas sociedades totalmente distintas e
principalmente com modos de produção diferentes, mas após a conquista nenhum dos
modos de produção dos povos envolvidos na questão foi realmente mantido, pelo contrário,
ocorreu então a criação de um novo sistema de produção adequado aos interesses
portugueses, sendo este o escravismo colonial que se orienta na produção de bens
comercializáveis
Os bens produzidos pelo escravismo colonial e lançados à circulação no mercado
mundial não podiam deixar de estar subordinados à lei do valor, ou seja, o valor
desses bens se determina pela quantidade de trabalho socialmente necessário à sua
produção. Em consequência, a lei do valor também atuava no processo de
circulação dos bens produzidos pelo escravismo, mas o fazia de maneira limitativa
subjacente, como fixadora da massa de trabalho vivo e morto requerida pela
produção de cada unidade de produto.( GORENDER p.547)

Isso já mostra o início dos interesses do modo de produção capitalista, vigentes até a
atualidade, onde o principal objetivo é a obtenção de lucros na maior escala possível, sem
levar em conta a dignidade humana. Assim sendo um dos negócios mais lucrativos da
época, a escravidao passou por fases diferentes, sendo o Escravismo pleno de 1550 a
1850, e o escravismo tardio que data de 1850 a 1888.
Abrange portanto, todo o período colonial, a fase do reinado de Dom João VI, o
Império de Dom Pedro I e de Dom Pedro II. Nesse longo período de mais de
trezentos anos, estrutura-se e dinamiza-se o modo de produção escravista no Brasil
com todas as características que determinarão o comportamento basico das duas
classes fundamentais da sua estrutura social: senhores e escravos. (MOURA,p. 63)

INSERIR CLÓVIS MOURA ( ESCRAVISMO PLENO E TARDIO)


https://contrapoder.net/wp-content/uploads/2021/05/Dialetica-Radical-do-Brasil- Negro.pdf

Sendo assim o período de escravismo pleno se caracteriza pela solidez do regime


escravocrata, onde os escravos eram os únicos a lutarem pela abolição, e os
demais acreditavam na sua credibilidade, além da existência dos “escravos domésticos “
aos quais acreditavam e aceitavam sem revolta a escravidao.
Já o escravismo tardio se configura quando o fim da escravidao começa ser entendido e
apoiado por mais pessoas. É importante ressaltar que, nessa época usava-se formas de
manipulação dos escravos, para fazê-los acreditarem na credibilidade daquele regime,
muitas vezes isso era feito por meio da religião.
Desde suas primitivas origens, a Igreja católica aceitou e promulgou a escravidão
como uma prática institucional que se considerava justa, necessária ou inevitável.
As Escrituras não condenam e esse fato facilitou aos cristãos fazerem uso dela sem
problemas de consciência. (BADILLO, 1994, p. 59-60. APUD. BILHEIRO, 2008,
p, 94)
Dessa forma, fica evidente que dificultaram nos escravos a conciencia do que estava
acontecendo, eram-lhes imposto uma ideologia que legitimava toda a situacao, dificultando
ainda mais a atuação dos negros “rebeldes” ou seja, os escravos que lutavam pela sua
liberdade, e isso de maneira diferenciada acontece ainda nos dias atuais, onde a falta de
acesso a informação, faz com que maneiras de exploração do trabalho pareça legitima para
os trabalhadores que tem esse como o único meio de susbisistencia.
Portanto, é indubitável que o fim da escravidao foi difícil, mas após a abolição da
escravatura, houve graves consequências econômicas e sociais para os grandes proprietários
de terras, que precisam achar uma solução eficaz para continuar sua expansão. E a partir
dessa crise, surge o trabalho não capitalista nas fazendas, caracterizado pelo trabalho dos
camponeses livres e pobres, que basicamente se tornaram os responsáveis pela queimada,
desmatamento, e todo processo ligado a plantações dos cafezais, e para isso os camponeses
recebiam um pequena quantia de dinheiro, além da autorização para plantar entre os pés de
café como forma de subsistência. Porém essa autorização não era configurada pela bondade
do proprietário, e sim porque essa plantação beneficiava o café, já que fazia sombra para os
pés de cafés recém plantados. (MARTINS,1979 p, 66)
Em resposta a esse sistema de campesinato, em 1848 começa a tramitar entre o
parlamento do império um projeto de lei de terras, aprovado dois anos mais tarde, em
1850, responsável por dar nova forma ao regime de propriedade de terra, sendo um dos
principais objetivos impedir o acesso livre as terras, já que assim o estado não poderia
mais fazer doações de terras, e se tornava vendedor
das terras, como esclarece Clóvis Moura. “ O Estado abriria mão do seu direito de doar,e
colocava as terras no mercado para venda a quem dispusesse de dinheiro para adquiri-las”.
Dessa forma, os escravos que agora se tornaram livres, não teriam como adquirir as terras,
mas em contrapartida, possibilitou que o estrabgeiro comprasse terras e se tornasse assim
um pequeno proprietário, seja por próprio recurso, ajuda do país de origem, ou
possibilidade de migrar novamente, mas essas alternativas não existiam na realidade dos
escravos recém libertos, isso levou e possibilitou o início da marginalização desses ex-
escravos, que mesmo a bom a abolição continuaram em uma situação difícil
E foi a partir disso que começou a surgir o trabalho livre, constituído por ex- escravos
e estrangeiros. Dessa forma a lei de terras foi de grande eficiência para forçar o imigrante a
vender sua força de trabalho para os grande fazendeiros, já que havia se tornado difícil o
acesso a terra por meio desta lei, sendo que, assim sendo as terras não estariam mais
sujeitas às meras ocupações, e seu acesso aconteceria somente por meio da compra,dessa
maneira, a lei de terras contribuiu para continuidade e legitimação da exploração do
trabalhador rural
Assim o processo de mudança de trabalho escravo, para trabalho livre e principalmente
do trabalho livre para o assalariado foi uma etapa difícil na história, tendo em vista as
consequências econômicas que o assalariamento teria sobre o fazendeiro, por essa razão
introduziu-se primeiramente a relação de parceria, onde o trabalhador só receberia o
pagamento uma vez por ano, porém existia uma forma de assegurar a permanência do
trabalhador na fazenda.
O mecanismo de endividamento do trabalhador ampliava a sua sujeição,
obrigando-o a permanecer mais tempo na fazenda. Ainda que o trabalhador
pudesse deslocar-se de uma fazenda a outra, tal deslocamento estava sujeito a
compra de sua dívida. [..] Impedia também que fizesse compras em outros
armazéns que não o armazém da fazenda em que trabalhava. Juntamente a
manipulação de preços das mercadorias desses armazéns constitui um
instrumento fundamental na sujeição da dívida. (MARTINS.
P.156.
Assim, o trabalhador rural não possuía nenhum direito que regesse seu trabalho, e o “trabalho
livre” não passava de uma mera enganação, tendo em vista os mecanismos de endividamento
citados anteriormente, que obrigavam a permanência do trabalhador na fazenda, e o baixo
custo de mão de obra para o fazendeiro. Alem de que o período de transição da escravatura
para o trabalho livre, houve mudança
também na forma de exploração do trabalhador rural, já que com o fim do tráfico de escravos,
os gran no des fazendeiros encontraram o problema de falta de mão de obra, esse problema
comecou a ser resolvido a partir da imigração de estrangeiros, e do trabalho do camponês
livres e do chamado trafego interprovincial “ sendo particularmente o que drenou escravos do
Nordeste, mesmo do Nordeste açucareiro, para as fazendas de cafe do Rio de Janeiro e de
Sao Paulo”(MARTINS,
Dessa forma fica evidente a forma de exploração a qual eram submetidos os
trabalhadores rurais, que além de venderem sua força de trabalho a um valor baixíssimo,
ainda não eram totalmente livres, já que é possível perceber que a liberdade nessa época
não passava de uma fantasia. Portanto mesmo com o fim da escravidao propriamente dita, a
exploração do trabalho continuou existindo e existe até os dias de hoje, apenas com novas
roupagens, ou seja, acontecendo de maneiras diferentes, mas ainda continuam muito
presentes, principalmente na vida dos trabalhadores rurais, os quais passaram por grandes
dificuldade e lutas no decorrer da história do Brasil
Portanto, é indubitável que a escravidao deixou grandes e evidentes marcas em nosso
país e em nossa sociedade como um todo, e suas consequências continuam na conjuntura
hodierna, os seus mecanismos embora modificados, continuam em atuação, atingindo as
camadas mais pobres, vulneráveis e sem escolaridade do nosso país, realidades que
contribuem para a exploração e o trabalho análogo à escravidao, além das desigualdades
econômicas e sociais cada dia mais acirradas, também são de grande contribuição para esses
casos, onde a necessidade de subsistência, se faz superior e favorável, para que os
trabalhadores rurais, se sujeitam a situações as quais violam seus direitos como cidadão,
para apenas manter-se subsistindo a partir da venda da sua força de trabalho, constituindo
muitas vezes o único meio de suprir a vida, já que segundo Marx: “O custo do operário se
reduz, quase exclusivamente, aos meios de subsistência que lhe são necessário para viver e
perpetuar sua espécie" (MARX, 1848), isso ocorre desde os primórdios, e também na
conjuntura hodierna com o trabalho assalariado.
Questão agrária no Brasil
A questão agrária no brasil, surgiu com a necessidade de realizar uma melhor
distribuição de terras, juntamente com a criação de sindicatos como organismo de
representação dos trabalhadores rurais que contribuiu para o
processo de conquista de direitos, especialmente no estado do paraná, o sindicalismo teve
um papel muito

importante na representação da população do campo. Além de que o Partido Comunista


Brasileiro, teve presença relevante nesses fatos, e na construção de uma população rural
com mais conhecimento sobre seus direitos e resistência contra todas as formas de opressão
e exclusão dos indivíduos, em um período onde os latifundiários marcaram profundamente
a história, como ressalta Osvaldo Heller.

Ao longo de todo esse tempo, o campo tem sido palco de sucessivas lutas sociais
contra a miséria e a opressão dos senhores da terra. Estão ai por testemunho desde
a luta das nacoes indigenas contra os invasores, o combate dos negros contra a
escravidao, a interminavel saga dos posseiros contra a grilagem ate a revolta dos
bóias-frias contra a exploração dos fazendeiros. Muitos desses conflitos têm
estado na origem ou têm sido o resultado de formas de representação do
campesinato.
(HELLER, p.19. 2006)
Assim, as lutas por terra percorram todo o território brasileiro, na luta também por
mais direitos referente a população rural, bem como a visibilidade da mesma, posseiros,
camponeses, pequenos proprietários, viveram uma fase difícil em nossa sociedade, marcada
pela chegada do capitalismo na área rural, e o visível apoio do Estado aos grandes
fazendeiros, que por meio da terra e da exploração do trabalho, tiveram e ainda tem lucros
exorbitantes. Além de que, isso se repete até a atualidade, onde os grandes fazendeiros,
detentores do famoso agro negócio, tem em mãos um dos meios mais lucrativos do Brasil
na conjuntura hodierna.

QUESTÃO AGRÁRIA NO PARANÁ

A disputa por terra em todo o território Brasileiro, começa a partir do momento em que o
capitalismo chega no campo, quando a terra passa a ser usada como maneira de extrair lucro,
surge então uma nova relação com a terra, sendo esta, a de acumulacao de capital, e nao mais
como modo de sobrevivência, e auto-consumo, como viviam os camponeses, que possuíam
certa autonomia do mercado por meio da terra, já que plantavam e colhiam quase tudo que
lhes era necessário para viver, buscando no comércio somente aquilo que não lhe era possível
produzir. Dessa forma, com a terra passando a ser vista como mercadoria e meio de alta
lucratividade, houve a necessidade de regulamentação das terras, com
documentos e escrituras, para que sua posse e utilização fosse melhor controlada, isso fez com
que os simples camponeses que usavam a terra sem nenhum documento, somente por meio da
posse, começassem a perder suas terras, para os grandes latifundiários, como veremos
seguidamente, a partir de todas as revoltas camponesas geradas por essa situação
Durante a república oligárquica, no Oeste do Paraná e de Santa Catarina entre 1912 e
1916,acontece a Guerra do Contestado, sendo este, um conflito entre os camponeses, Estado e
empresas privadas, visto que essas empresas começaram a extração de madeira no paraná, que
constitui fonte de renda aos camponeses, e a construção de uma ferrovia, que levou vários
camponeses a ficarem sem suas terras, e consequentemente sem seus meios de sobrevivência
que provêm exclusivamente da terra. E assim essa situação desastrosa vivenciada pelos
camponeses levou a fácil influência da religião nessa situação, como mostra Queiroz

Mágicos ou sacerdotes, todos esses homens e mulheres eram agentes através dos
quais aquela sociedade arcaica e patrimonialista acreditava poder alcançar num
plano sobrenatural o que lhe era negado pelo atraso técnico ou pela injustiça - real e
imaginária - das relações existentes entre os homens.(QUEIROZ, 1981, p. 54.
APUD. VALENTINI; RADIM, 2012,p, 2)

Dessa forma por meio da influência de um padre/messias, chamado José Maria que ajudava
os camponeses que sofreram as transformações que vieram em consequência principalmente
da construção da ferrovia Brazil Railway Company que apoiado pelo governo expulsavam
os posseiros das terras que utilizavam, assim os camponeses acreditavam no monge e o
seguiam, dessa maneira se estabeleceram em uma das terras pretendidas pelo governo do
Paraná, isso fez com que o movimento carregasse também um caráter messianico, porém os
Estado reprimiu de forma extremamente violenta. A Guerra do Contestado é um grande
exemplo de como o governo tratava as questões sociais na época, fica evidente que o governo
dava total preferência e credibilidade aos grandes proprietários de terra, deixando sempre em
segundo plano, sem nenhuma assistência ou respeito aos camponeses, a classe mais pobre e
vulnerabilizada da sociedade.

Posteriormente após a guerra do contestado, houve outras revoltas no Estado do Paraná,


diretamente ligados com a questão agrária, como a guerrilha de porecatu que aconteceu entre
os anos de 1940 a 1950, sendo um conflito social e armado, tendo de um lado da disputa
por terras, os grandes fazendeiros e latifundiários,
apoiados veementemente pelo governo, e do outro lado, os posseiros, apoiados pelo Partido
Comunista do Brasil. Portanto a guerrilha teve seu estopim quando o governo do Paraná,
decide doar grandes quantidades de terras, que até então eram propriedade dos posseiros, aos
grandes fazendeiros, que fariam da terra um ótimo meio de lucratividade, dessa forma é
evidente que, para o governo a terra seria de mais utilidade sendo utilizada no modo de
produção capitalista, e não somente para sobrevivência, como era o caso dos posseiros, sendo
assim um movimento explorador do capitalismo na área rural. Porém diante dessa situação e
apoiados pelo PCB vários posseiros foram contrários à medida do governo, não aceitando tal
atrocidade, e gerando assim como consequência, uma das guerrilhas mais importantes do
Paraná, com violenta repressão do Estado, isso contribuiu para que os posseiros, buscarem
mais conhecimento, e consequentemente surgiu uma consciência mais crítica, sobre a política,
classes sociais, organização da sociedade e principalmente sobre reivindicação de direitos,
visto que a guerrilha já constitui uma forma de reivindicação mas isso precisava ser mais
bem organizado, então posteriormente houve a criação das organizações rurais, como a ligas
camponesas e sindicatos dos trabalhadores rurais

Porém a história de luta por terra, ainda continua, com mais um conflito agrário, em 1957
quando ocorre a revolta do sudoeste, ocorrida no sudoeste do paraná, mais especificamente
nas cidades de Francisco Beltrão, Pato Branco e arredores, onde os posseiros também
lutavam por suas terras, contra os colonizadores, e novamente aspectos da guerrilha de
porecatu se repetem, com o apoio do governo somente as companhias colonizadoras, e os
posseiros em contrapartidas possuíam o apoio do partido trabalhista brasileiro (PTB), e outros
grupos contrários ao governo

O aumento das tensões pela posse da terra deu-se a partir de 1956, com a entrada das
companhias colonizadoras COMERCIAL e APUCARANA, ligadas à CITLA. Essas
companhias passaram a pressionar e ameaçar os posseiros para que pagassem a elas
as terras ocupadas. De fato, os posseiros insta- 9 lados pela CANGO a partir de 1943
não possuíam os títulos de propriedade. A CANGO forneceu-lhes todo tipo de ajuda
material, mas a escritura eles não receberam. A área ocupada estava em litígio, havia
uma disputa judicial entre as companhias e o poder público. A CITLA conseguira a
posse da gleba MISSÕES de forma irregular, de modo que os posseiros não se
sentiam seguros em assinar papéis que envolvessem aquela companhia. (
VORPAGEL. 2008; p 9 )

Portanto fica evidente, que houve a tentativa de expulsar os posseiros de suas terras,
utilizando um dos meios, o medo, de que se permanecessem e lutassem
provavelmente acabariam mortos, como os vários posseiros da guerrilha de porecatu, ocorrida
anteriormente, já que os posseiros estavam desprovidos da ajuda do Estado, visto que este era
concomitante às ações das companhias colonizadoras. porém felizmente a revolta do sudoeste
os posseiros saíram vitoriosos.

A solução definitiva para o impasse criado nos conflitos pela posse da terra ocorreu
a partir de 1962, sob a presidência de João Goulart, com a criação do Grupo
Executivo para as Terras do Sudoeste do Paraná, o GETSOP, que mediu, demarcou
e titulou as áreas ocupadas pelos posseiros, num total de
cerca de 40 mil títulos de propriedade. . ( VORPAGEL. 2008; p 13)

Assim, todas essas revoltas e disputas por terras, ocorridas no Paraná e em todo território
brasileiro, teve e ainda possui grande importância para a sociedade, visto a necessidade de
olhar para a questão social na área rural, e a realidade da população rural, que possuem
direitos sociais como todo e qualquer cidadão. Assim as atuações do estado e de outras
entidades na área rural precisam aumentar, pois ainda na atualidade existem vários direitos
que precisam ser respeitados e melhorado o acesso aos mesmos. como a comissão pastoral da
terra (CPT) que é um órgão da conferência nacional dos bispos do Brasil, surgiu em 1975,em
plena ditadura militar, como forma de resposta a grave situação dos trabalhadores rurais na
época, e assim como os aspectos citados anteriormente, desde as primeiras atuações da
questão agrária no Brasil, a religião se fez presente, como por exemplo na guerra do
contestado onde a religião católica teve grande e evidente influência no conflito, assim a
comissão pastoral da terra, sendo uma organização ligada diretamente a igreja católica, que
possui autonomia, atende e trabalha em todo território brasileiro, e surgiu como resposta às
injustiças vivenciadas pela população rural.

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) nasceu em junho de 1975, durante o Encontro


de Bispos e Prelados da Amazônia, convocado pela Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB), realizado em Goiânia (GO). Foi fundada em plena
ditadura militar, como resposta à grave situação vivida pelos trabalhadores rurais,
posseiros e peões, sobretudo na Amazônia, explorados em seu trabalho, submetidos
a condições análogas ao trabalho escravo e expulsos das terras que ocupavam. (CTP

Dessa forma a CPT, trabalhou desde a sua criação, para a efetivação dos direitos dos
trabalhadores rurais e posseiros que ficaram sem suas terras, que como visto anteriormente
neste trabalho, estavam passando por situações gravíssimas de violação de direitos, e sem
nenhum apoio do Estado, já que este, como ficou evidente, se fazia presente e disposto a criar
melhorias somente aos grandes
fazendeiros, e assim estando presente nesse cenário, a CPT foi a favor da reforma agrária, e na
defesa da posse da terra, direito ao trabalho digno, entre outros.

Na atualidade, fazendo uso da tecnologia e dos meios de comunicação, a CTP, possui e


disponibiliza a toda população um grande acervo de informações referente a população rural
brasileira, com um jornal da pastoral da terra, um site que possui diversas informações
relevantes como as áreas de conflitos de cada ano, os massacres ocorridos no campo, e
também realizam campanhas como “ de olho aberto para não virar escravo” com o objetivo de
tratar com os camponeses e trabalhadores rurais sobre seus direitos, para que assim estejam
cientes, e torne mais resistente a luta contra o trabalho análogo à escravidao, resultante
também da falta de acesso à educação e saúde na área rural, que vem acontecendo ano após
ano, com poucas mudanças nesse sentido, e este também foi um tema tratado na campanha,
assim na campanha de 2022, um trabalhador rural esclareceu exatamente, como a falta de
políticas públicas de educação e saúde, estão intimamente ligadas a existência do trabalho
análogo à escravidao e também ao desrespeito aos direitos trabalhistas.

"Vulnerabilidade, algumas pessoas me perguntam por que as pessoas ainda são


escravizadas. A vulnerabilidade decorre de um processo, que vem de alguém que
tem uma família, mas não tem mais como sustentar. Necessidade. Essa necessidade
acaba tornando a pessoa vulnerável, porque a pessoa precisa ir buscar o alimento
para sua família. Nesse momento ela se torna alvo de alguém. Os gatos [como são
conhecidos os aliciadores de mão-de-obra escrava] já mapeiam essas pessoas
vulneráveis." (jornal CTP 2022)

Assim fica evidente como a falta de políticas públicas na área rural afeta e contribui a
existência de situações de violação de direitos, onde muitas vezes no interior do país, as
dificuldade de acesso à educação e saúde são muito acirradas e fazem com que os
trabalhadores rurais se submetam a situações desrespeitosas aos seus direitos, tornando ainda
mais propício a situação atravessar gerações, pois a educação e a saúde tem o poder de
contribuir positivamente para que os jovens não sigam e continuem no sistema de exploração
vivenciado pelos seus pais, avós e antepassados.

Mesmo revoltante, essa é a realidade de várias áreas rurais do nosso país, onde a
dificuldade de acesso a políticas públicas e gigantesca, levando o trabalhador a submeter-se a
situações desrespeitosas, como o único meio de sobrevivência,
levando seus filhos ao mesmo caminho, já que o acesso à educação é dificultado , e nas
localidades que ainda possui sistema de educação pública, a evasão se torna muito grande, já
que, a falta de condições dignas de trabalho e salários adequados, faz com que jovens
abandonem a escola para ajudar no sustento da família. Assim o papel da comissão pastoral
da terra é de extrema relevância, para o acesso à informação, e na promoção de visibilidade da
população e principalmente dos trabalhadores rurais tão invisibilizados no país.

MST,

O Brasil possui uma imensa desigualdade social, economia e também desigualdade no acesso
a terra, mesmo sendo um dos países com solo mais produtivo do mundo, mas a luta por terra
não é algo novo, mas vem acontecendo desde o século XX, tendo como impulso principal a
lei de terras, que dificultou o acesso a terra, e possibilitou a expansão do grande latifúndio. A
partir disso, a população mais pobre, e os que viviam na terra somente por meio da posse,
acabaram perdendo tudo.

A partir disso, diversas pessoas começaram a luta pelo direito à terra, em todo o território
brasileiro, lutando contra a expulsão, exclusão, expropriação, e contra a exploração que
marcam a história dos trabalhadores rurais até a atualidade. Com o passar do tempo, essa luta
foi ficando mais organizada, em busca da democratização do acesso a terra e da reforma
agrária, assim surge o movimento dos trabalhadores sem terra (MST) no ano de 1984, em
plena ditadura militar e acirramento das desigualdades sociais , seu lema e “terra para quem
nela trabalha” assim, o movimento tem como principal objetivo a reforma agrária.

SOCAVAO DISPUTA FUNDIÁRIA COM QUILOMBOLAS

Assim, pode-se ressaltar que, a os conflitos fundiários não ficaram somente no passado, muito
pelo contrário, fazem parte do presente na vida das populações rurais, espalhadas pelo país,
um exemplo nítido, e dentro do município de castro-PR, área estudada neste trabalho, é o
distrito de Socavão, e as comunidades quilombolas residentes neste local, sendo área rural do
município, com economia predominantemente agrária, com ênfase na produção de leite e
derivados,
especialmente o queijo, o distrito possui muitas propriedades voltadas à agricultura familiar,
mas também grandes fazendas com produção elevada

Dentro deste distrito, está localizado comunidades quilombolas, como a da serra do apon,
localidade muito afastada da área urbana, cerca de 60km, com pouquíssimo acesso à saúde,
educação, e até mesmo comércio e tecnologias são aspectos que a população da serra do
apon possuem dificuldades em acessar. A história dessa
região está totalmente ligada a escravidao, já que segundo Gutierrez (2004, p 115)

Em 1824, quase um terço dos donos de fazendas em Castro possuía entre um e nove
cativos; outro terço entre 10 e 19 escravos, e o terço restante era conformado por
fazendeiros que administravam expressivas posses para os padrões da região, de 20
ou mais cativos. Os fazendeiros desta última classe detinham 72% do total de
escravos que vivia em fazendas de criação”.(GUTIERREZ, 2004,APUD

Assim fica evidente que o município de castro possuiu sim, vários escravos trabalhando nas
grandes fazendas

Em meados da década de 1770 a fazenda Capão Alto possuía o maior número de


escravos da região, aproximadamente 100 pessoas, ficando a administração por
conta dos próprios cativos, prática comum entre os fazendeiros da região (

Dessa forma, com o passar dos anos a população escrava aumentava, com a reprodução
dos escravos, mas em 1986 foi sugerido o envio dos escravos para trabalhar em São
Paulo, mas houve grande resistência diante disso, assim os escravos começaram a fugir, e
grande parte deles se estabeleceram na serra do apon. Segundo… “a maioria dos negros se
dispersou pelo território de Castro, fundando quilombos em terras longínquas. Preferiram
os lugares mais inóspitos e de difícil acesso, com mata cerrada para não serem
descobertos.” (P.10 Portanto, hoje, os quilombos da serra do apon, vivem de forma
humilde, plantando alguns itens para subsistência, e na criação de animais também para o
mesmo fim. existe também em 2023 uma escola somente com ensino fundamental, e um
posto de saúde, com atendimento médico e odontológico, com atendimento em média 1
dia por semana, deixando evidente a falta de assistência médica, no caso de necessidade de
atendimento de urgência, o indivíduo deverá percorrer mais de 60 km para ser atendido na
Unidade de Pronto Atendimento na cidade de Castro (UPA). Já referente à educação, após
a conclusão do ensino fundamental, as crianças
deveriam ir até o colégio estadual do campo Fabiana Pimentel, localizado dentro da
comunidade do Socavão, cerca de 28 km da localidade serra do apon, e assim o ensino
superior para os moradores dessa localidade é praticamente inviável, já que para continuar os
estudos é necessário morar dentro da cidade de castro, visto que a viagem de Serra do Apon
a Castro, leva aproximadamente 1:30h, a depender da condição das estradas, que a depender
do clima ficam intransitáveis.
Além de que a realidade da área diversificada, entre os quilombolas, pequenos agricultores da
agricultura familiar, e os grandes fazendeiros.

Conforme Relatório da ONG Terra de Direitos, o afluxo de imigrantes europeus


ocupando a Serra do Apon (poloneses, alemães e holandeses) pressionou a restrição
dos territórios tradicionais das comunidades negras. As terras, das quais se dispunha
de títulos precários, acabaram sendo alvo fácil dos interesses imobiliários, somando-
se o fato da total ausência de políticas públicas destinadas àquelas comunidades, que
sujeitaram seus membros a toda sorte de precariedades sócio econômicas (p. 12

DAS LIGAS AO MST: LUTA PELA TERRA E A TERRITORIALIDADE

CAMPONESA

Organização dos camponês

1.2 PRIMEIRAS AÇÕES ESTATAIS DE “SEGURIDADE SOCIAL” 1889 -1930

DEMONSTRAR QUE OS AVANÇOS DA SEGURIDADE SOCIAL FOI


PRIVILÉGIO PARA TRABALHADORES URBANOS, DEMONSTRAR
EVOLUÇÃO DA
POLÍTICA NA CIDADE E A AUSÊNCIA NO CAMPO, DESTACAR ESTATUTO
DA TERRA, ESTATUTO DO TRABALHADOR RURAL, PREVIDÊNCIA RURAL
O acesso aos direitos sociais no brasil, percorreu e ainda percorre um longo caminho de
lutas para sua efetivação. A constituição federal de 1988, é um marco de grande avanço
sobre os direitos dos cidadãos brasileiros, sendo uma constituição democrática e cidadã,mas
o caminho percorrido até a promulgação dessa constituição, foi longo e difícil, já que a
história da seguridade social no Brasil foi gradativa, um dos marcos iniciais foi a lei Eloy
Chaves de 1923, que estabeleceu caixas de aposentadorias e pensões (CAPs), inicialmente
destinado
aos trabalhadores das ferrovias, e posteriormente incluiu outras empresas, porém mais tarde
no governo de getúlio vargas, a CAPs foi transformada em Instituto de aposentadorias e
pensões (IAPs) a partir disso o sistema previdenciário do brasil foi passando por diversas
mudanças, e em 1966 ocorre a criação do Instituto nacional de previdencia social (INPS)
com o objetivo de ampliação dos direitos à saúde e previdência, também ainda era restrito a
trabalhadores com carteira assinada, sendo assim contributiva. Posteriormente, em 1977 a
INPS volta a mudar tornando-se Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência
(INAMPS) que também era exclusivo aos trabalhadores que possuíam carteira assinada,
dessa forma não era universal, e ainda nao inclui os trabalhadores rurais, e camponeses,
que viviam e buscavam seu sustento de forma autônoma por meio da terra. Basicamente
essas primeiras ações referente a previdência social, beneficiou em maior escala os
trabalhadores urbanos.
Com o passar do tem po, o país começou a criar legislações trabalhistas como meio de
frear as consequências desastrosas do trabalho escravo, e reorganizar o mundo do trabalho,
como a primeira legislação de trabalho criada no governo de Getúlio Vargas, a constituição
de 1934, garantia alguns direitos ao trabalhadores, como o salário mínimo e jornada de
trabalho de 8 horas por dia, mas somente em 1943 com consolidação das leis de trabalho
(CLT) é que todos os direitos foram reorganizados e desde então é responsável por
normatizar o trabalho no Brasil, porém até essa época a lei contemplava somente os
trabalhadores urbanos, portanto os trabalhadores rurais foram por um tempo excluídos das
leis trabalhistas e tiveram mais dificuldades na trajetória da regulamentação dos seus
direitos, sendo totalmente esquecido e encontrando-se fora de toda legislação ate março de
1963 no governo quando o presidente da republica João Goulart os trabalhadores rurais
foram incluídos nas leis trabalhistas, por meio da criação do estatuto do trabalhador rural em
1963, Lei 4214/63 principal, e responsavel pelos direitos a jornada de trabalho de 8 horas
por dia, salario minimo a partir de dezesseis anos de idade, repouso semanal remunerado,
tambem ouve a criacao do FUNRURAL, fundo de assitentecia e previdencia do trabalhador
rural (..)

Já em relação à saúde, foi criado em 1942 o serviço especializado em saúde pública(SESP) e


em 1949 o Serviço de assistência médica domiciliar de urgência
(SAMDU), porém todos esse avanço continuava a ser restrito à população urbana. E no ano
de 1960 a SESP, muda para ministerio da saude, e continuam os avanços, como o
atendimentos nas áreas mais distantes, mas foi somente entre 1971 que os trabalhadores
rurais foram incluídos nos serviços de saúde
A assistência médico-hospitalar aos trabalhadores rurais foi condicionada, a partir
de 1971, à disponibilidade de recursos orçamentários. A mesma lei determinou que
a "gratuidade" seria total ou parcial segundo a renda
familiar do trabalhador. (

Foi somente a constituição federal do brasil de 1988, o divisor de águas da história, onde
trata os direitos sociais de forma mais adequada, como a CF/88 declara que
a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação” (BRASIL, 1988)

Isso já foi um grandiosíssimo avanço na história do país, tornar e declarar o Estado como
principal responsável pela efetivação dos direitos sociais dos cidadãos, e após isso houve
com a lei 8.080/90 a criação do sistema único de saúde (SUS) que possui como princípios a
universalidade dos atendimentos, ou seja, atendimento a todos os cidadãos sem nenhum tipo
de discriminacao, a integralidade, com tratamento e reabilitação, e a equidade dos
atendimentos, que consiste em prestar atendimento conforme a necessidade de cada
indivíduo.

2. POLÍTICA DE SAÚDE EM AREÁS RURAIS ,

2.1 Acesso aos equipamentos de saúde em Castro PR


2.2 EXPRESSÃO SOCIAL DA QUESTÃO AGRÁRIA: A DIFICULDADE DE
ACESSO AOS EQUIPAMENTOS DE SAÚDE NO CAMPO

CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS

https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4214-2-marco-1963-353992
-p
ublicacaooriginal-1-pl.html#:~:text=Disp%C3%B5e%20s%C3%B4bre%20o%20%2 2
Estatuto%20do%20Trabalhador%20Rural%22.&text=aqui%20expressamente%20 ref
eridos-,Art.,natura%20e%20parte%20em%20dinheiro. estatuto do trabalhador

https://etica-ambiental.com.br/estatuto-da-terra-e-seu-objetivo
/

https://agropos.com.br/funrural/

VALENTINI; Delmir Jose RADIM. Jose Carlos. A guerra do Contestado e a expansao da


colonização. 2012

https://www.cptnacional.org.br/downlods?task=download.send&id=14281&catid=92&m=0

estatuto do trabalkahdor rural


https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/202638/Rambo_O%20estatuto%20 do
%20trabalhador%20rural%20-1963.pdf?sequence=1

EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS E DO SISTEMA DE SAÚDE NO BRASIL otavio azevedo

quilombolas de castro
https://e-revista.unioeste.br/index.php/pgeografica/article/view/10340/7555
https://cpisp.org.br/serra-do-apon/

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