TCC 26 - 06 - 23
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TCC 26 - 06 - 23
PONTA GROSSA
2023
IZABELY MACHADO LEAL
PONTA GROSSA
2023
1. Determinações Históricas da Questão Social no Brasil: As origens
Agrárias do Estado Brasileiro
http://www.unirio.br/cchs/ess/Members/morena.marques/disciplina-servico-social-e-processos-
de-trabalho/bibliografia/livro-relacoes-sociais-e-servico-social/view
Isso já mostra o início dos interesses do modo de produção capitalista, vigentes até a
atualidade, onde o principal objetivo é a obtenção de lucros na maior escala possível, sem
levar em conta a dignidade humana. Assim sendo um dos negócios mais lucrativos da
época, a escravidao passou por fases diferentes, sendo o Escravismo pleno de 1550 a
1850, e o escravismo tardio que data de 1850 a 1888.
Abrange portanto, todo o período colonial, a fase do reinado de Dom João VI, o
Império de Dom Pedro I e de Dom Pedro II. Nesse longo período de mais de
trezentos anos, estrutura-se e dinamiza-se o modo de produção escravista no Brasil
com todas as características que determinarão o comportamento basico das duas
classes fundamentais da sua estrutura social: senhores e escravos. (MOURA,p. 63)
Ao longo de todo esse tempo, o campo tem sido palco de sucessivas lutas sociais
contra a miséria e a opressão dos senhores da terra. Estão ai por testemunho desde
a luta das nacoes indigenas contra os invasores, o combate dos negros contra a
escravidao, a interminavel saga dos posseiros contra a grilagem ate a revolta dos
bóias-frias contra a exploração dos fazendeiros. Muitos desses conflitos têm
estado na origem ou têm sido o resultado de formas de representação do
campesinato.
(HELLER, p.19. 2006)
Assim, as lutas por terra percorram todo o território brasileiro, na luta também por
mais direitos referente a população rural, bem como a visibilidade da mesma, posseiros,
camponeses, pequenos proprietários, viveram uma fase difícil em nossa sociedade, marcada
pela chegada do capitalismo na área rural, e o visível apoio do Estado aos grandes
fazendeiros, que por meio da terra e da exploração do trabalho, tiveram e ainda tem lucros
exorbitantes. Além de que, isso se repete até a atualidade, onde os grandes fazendeiros,
detentores do famoso agro negócio, tem em mãos um dos meios mais lucrativos do Brasil
na conjuntura hodierna.
A disputa por terra em todo o território Brasileiro, começa a partir do momento em que o
capitalismo chega no campo, quando a terra passa a ser usada como maneira de extrair lucro,
surge então uma nova relação com a terra, sendo esta, a de acumulacao de capital, e nao mais
como modo de sobrevivência, e auto-consumo, como viviam os camponeses, que possuíam
certa autonomia do mercado por meio da terra, já que plantavam e colhiam quase tudo que
lhes era necessário para viver, buscando no comércio somente aquilo que não lhe era possível
produzir. Dessa forma, com a terra passando a ser vista como mercadoria e meio de alta
lucratividade, houve a necessidade de regulamentação das terras, com
documentos e escrituras, para que sua posse e utilização fosse melhor controlada, isso fez com
que os simples camponeses que usavam a terra sem nenhum documento, somente por meio da
posse, começassem a perder suas terras, para os grandes latifundiários, como veremos
seguidamente, a partir de todas as revoltas camponesas geradas por essa situação
Durante a república oligárquica, no Oeste do Paraná e de Santa Catarina entre 1912 e
1916,acontece a Guerra do Contestado, sendo este, um conflito entre os camponeses, Estado e
empresas privadas, visto que essas empresas começaram a extração de madeira no paraná, que
constitui fonte de renda aos camponeses, e a construção de uma ferrovia, que levou vários
camponeses a ficarem sem suas terras, e consequentemente sem seus meios de sobrevivência
que provêm exclusivamente da terra. E assim essa situação desastrosa vivenciada pelos
camponeses levou a fácil influência da religião nessa situação, como mostra Queiroz
Mágicos ou sacerdotes, todos esses homens e mulheres eram agentes através dos
quais aquela sociedade arcaica e patrimonialista acreditava poder alcançar num
plano sobrenatural o que lhe era negado pelo atraso técnico ou pela injustiça - real e
imaginária - das relações existentes entre os homens.(QUEIROZ, 1981, p. 54.
APUD. VALENTINI; RADIM, 2012,p, 2)
Dessa forma por meio da influência de um padre/messias, chamado José Maria que ajudava
os camponeses que sofreram as transformações que vieram em consequência principalmente
da construção da ferrovia Brazil Railway Company que apoiado pelo governo expulsavam
os posseiros das terras que utilizavam, assim os camponeses acreditavam no monge e o
seguiam, dessa maneira se estabeleceram em uma das terras pretendidas pelo governo do
Paraná, isso fez com que o movimento carregasse também um caráter messianico, porém os
Estado reprimiu de forma extremamente violenta. A Guerra do Contestado é um grande
exemplo de como o governo tratava as questões sociais na época, fica evidente que o governo
dava total preferência e credibilidade aos grandes proprietários de terra, deixando sempre em
segundo plano, sem nenhuma assistência ou respeito aos camponeses, a classe mais pobre e
vulnerabilizada da sociedade.
Porém a história de luta por terra, ainda continua, com mais um conflito agrário, em 1957
quando ocorre a revolta do sudoeste, ocorrida no sudoeste do paraná, mais especificamente
nas cidades de Francisco Beltrão, Pato Branco e arredores, onde os posseiros também
lutavam por suas terras, contra os colonizadores, e novamente aspectos da guerrilha de
porecatu se repetem, com o apoio do governo somente as companhias colonizadoras, e os
posseiros em contrapartidas possuíam o apoio do partido trabalhista brasileiro (PTB), e outros
grupos contrários ao governo
O aumento das tensões pela posse da terra deu-se a partir de 1956, com a entrada das
companhias colonizadoras COMERCIAL e APUCARANA, ligadas à CITLA. Essas
companhias passaram a pressionar e ameaçar os posseiros para que pagassem a elas
as terras ocupadas. De fato, os posseiros insta- 9 lados pela CANGO a partir de 1943
não possuíam os títulos de propriedade. A CANGO forneceu-lhes todo tipo de ajuda
material, mas a escritura eles não receberam. A área ocupada estava em litígio, havia
uma disputa judicial entre as companhias e o poder público. A CITLA conseguira a
posse da gleba MISSÕES de forma irregular, de modo que os posseiros não se
sentiam seguros em assinar papéis que envolvessem aquela companhia. (
VORPAGEL. 2008; p 9 )
Portanto fica evidente, que houve a tentativa de expulsar os posseiros de suas terras,
utilizando um dos meios, o medo, de que se permanecessem e lutassem
provavelmente acabariam mortos, como os vários posseiros da guerrilha de porecatu, ocorrida
anteriormente, já que os posseiros estavam desprovidos da ajuda do Estado, visto que este era
concomitante às ações das companhias colonizadoras. porém felizmente a revolta do sudoeste
os posseiros saíram vitoriosos.
A solução definitiva para o impasse criado nos conflitos pela posse da terra ocorreu
a partir de 1962, sob a presidência de João Goulart, com a criação do Grupo
Executivo para as Terras do Sudoeste do Paraná, o GETSOP, que mediu, demarcou
e titulou as áreas ocupadas pelos posseiros, num total de
cerca de 40 mil títulos de propriedade. . ( VORPAGEL. 2008; p 13)
Assim, todas essas revoltas e disputas por terras, ocorridas no Paraná e em todo território
brasileiro, teve e ainda possui grande importância para a sociedade, visto a necessidade de
olhar para a questão social na área rural, e a realidade da população rural, que possuem
direitos sociais como todo e qualquer cidadão. Assim as atuações do estado e de outras
entidades na área rural precisam aumentar, pois ainda na atualidade existem vários direitos
que precisam ser respeitados e melhorado o acesso aos mesmos. como a comissão pastoral da
terra (CPT) que é um órgão da conferência nacional dos bispos do Brasil, surgiu em 1975,em
plena ditadura militar, como forma de resposta a grave situação dos trabalhadores rurais na
época, e assim como os aspectos citados anteriormente, desde as primeiras atuações da
questão agrária no Brasil, a religião se fez presente, como por exemplo na guerra do
contestado onde a religião católica teve grande e evidente influência no conflito, assim a
comissão pastoral da terra, sendo uma organização ligada diretamente a igreja católica, que
possui autonomia, atende e trabalha em todo território brasileiro, e surgiu como resposta às
injustiças vivenciadas pela população rural.
Dessa forma a CPT, trabalhou desde a sua criação, para a efetivação dos direitos dos
trabalhadores rurais e posseiros que ficaram sem suas terras, que como visto anteriormente
neste trabalho, estavam passando por situações gravíssimas de violação de direitos, e sem
nenhum apoio do Estado, já que este, como ficou evidente, se fazia presente e disposto a criar
melhorias somente aos grandes
fazendeiros, e assim estando presente nesse cenário, a CPT foi a favor da reforma agrária, e na
defesa da posse da terra, direito ao trabalho digno, entre outros.
Assim fica evidente como a falta de políticas públicas na área rural afeta e contribui a
existência de situações de violação de direitos, onde muitas vezes no interior do país, as
dificuldade de acesso à educação e saúde são muito acirradas e fazem com que os
trabalhadores rurais se submetam a situações desrespeitosas aos seus direitos, tornando ainda
mais propício a situação atravessar gerações, pois a educação e a saúde tem o poder de
contribuir positivamente para que os jovens não sigam e continuem no sistema de exploração
vivenciado pelos seus pais, avós e antepassados.
Mesmo revoltante, essa é a realidade de várias áreas rurais do nosso país, onde a
dificuldade de acesso a políticas públicas e gigantesca, levando o trabalhador a submeter-se a
situações desrespeitosas, como o único meio de sobrevivência,
levando seus filhos ao mesmo caminho, já que o acesso à educação é dificultado , e nas
localidades que ainda possui sistema de educação pública, a evasão se torna muito grande, já
que, a falta de condições dignas de trabalho e salários adequados, faz com que jovens
abandonem a escola para ajudar no sustento da família. Assim o papel da comissão pastoral
da terra é de extrema relevância, para o acesso à informação, e na promoção de visibilidade da
população e principalmente dos trabalhadores rurais tão invisibilizados no país.
MST,
O Brasil possui uma imensa desigualdade social, economia e também desigualdade no acesso
a terra, mesmo sendo um dos países com solo mais produtivo do mundo, mas a luta por terra
não é algo novo, mas vem acontecendo desde o século XX, tendo como impulso principal a
lei de terras, que dificultou o acesso a terra, e possibilitou a expansão do grande latifúndio. A
partir disso, a população mais pobre, e os que viviam na terra somente por meio da posse,
acabaram perdendo tudo.
A partir disso, diversas pessoas começaram a luta pelo direito à terra, em todo o território
brasileiro, lutando contra a expulsão, exclusão, expropriação, e contra a exploração que
marcam a história dos trabalhadores rurais até a atualidade. Com o passar do tempo, essa luta
foi ficando mais organizada, em busca da democratização do acesso a terra e da reforma
agrária, assim surge o movimento dos trabalhadores sem terra (MST) no ano de 1984, em
plena ditadura militar e acirramento das desigualdades sociais , seu lema e “terra para quem
nela trabalha” assim, o movimento tem como principal objetivo a reforma agrária.
Assim, pode-se ressaltar que, a os conflitos fundiários não ficaram somente no passado, muito
pelo contrário, fazem parte do presente na vida das populações rurais, espalhadas pelo país,
um exemplo nítido, e dentro do município de castro-PR, área estudada neste trabalho, é o
distrito de Socavão, e as comunidades quilombolas residentes neste local, sendo área rural do
município, com economia predominantemente agrária, com ênfase na produção de leite e
derivados,
especialmente o queijo, o distrito possui muitas propriedades voltadas à agricultura familiar,
mas também grandes fazendas com produção elevada
Dentro deste distrito, está localizado comunidades quilombolas, como a da serra do apon,
localidade muito afastada da área urbana, cerca de 60km, com pouquíssimo acesso à saúde,
educação, e até mesmo comércio e tecnologias são aspectos que a população da serra do
apon possuem dificuldades em acessar. A história dessa
região está totalmente ligada a escravidao, já que segundo Gutierrez (2004, p 115)
Em 1824, quase um terço dos donos de fazendas em Castro possuía entre um e nove
cativos; outro terço entre 10 e 19 escravos, e o terço restante era conformado por
fazendeiros que administravam expressivas posses para os padrões da região, de 20
ou mais cativos. Os fazendeiros desta última classe detinham 72% do total de
escravos que vivia em fazendas de criação”.(GUTIERREZ, 2004,APUD
Assim fica evidente que o município de castro possuiu sim, vários escravos trabalhando nas
grandes fazendas
Dessa forma, com o passar dos anos a população escrava aumentava, com a reprodução
dos escravos, mas em 1986 foi sugerido o envio dos escravos para trabalhar em São
Paulo, mas houve grande resistência diante disso, assim os escravos começaram a fugir, e
grande parte deles se estabeleceram na serra do apon. Segundo… “a maioria dos negros se
dispersou pelo território de Castro, fundando quilombos em terras longínquas. Preferiram
os lugares mais inóspitos e de difícil acesso, com mata cerrada para não serem
descobertos.” (P.10 Portanto, hoje, os quilombos da serra do apon, vivem de forma
humilde, plantando alguns itens para subsistência, e na criação de animais também para o
mesmo fim. existe também em 2023 uma escola somente com ensino fundamental, e um
posto de saúde, com atendimento médico e odontológico, com atendimento em média 1
dia por semana, deixando evidente a falta de assistência médica, no caso de necessidade de
atendimento de urgência, o indivíduo deverá percorrer mais de 60 km para ser atendido na
Unidade de Pronto Atendimento na cidade de Castro (UPA). Já referente à educação, após
a conclusão do ensino fundamental, as crianças
deveriam ir até o colégio estadual do campo Fabiana Pimentel, localizado dentro da
comunidade do Socavão, cerca de 28 km da localidade serra do apon, e assim o ensino
superior para os moradores dessa localidade é praticamente inviável, já que para continuar os
estudos é necessário morar dentro da cidade de castro, visto que a viagem de Serra do Apon
a Castro, leva aproximadamente 1:30h, a depender da condição das estradas, que a depender
do clima ficam intransitáveis.
Além de que a realidade da área diversificada, entre os quilombolas, pequenos agricultores da
agricultura familiar, e os grandes fazendeiros.
CAMPONESA
Foi somente a constituição federal do brasil de 1988, o divisor de águas da história, onde
trata os direitos sociais de forma mais adequada, como a CF/88 declara que
a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação” (BRASIL, 1988)
Isso já foi um grandiosíssimo avanço na história do país, tornar e declarar o Estado como
principal responsável pela efetivação dos direitos sociais dos cidadãos, e após isso houve
com a lei 8.080/90 a criação do sistema único de saúde (SUS) que possui como princípios a
universalidade dos atendimentos, ou seja, atendimento a todos os cidadãos sem nenhum tipo
de discriminacao, a integralidade, com tratamento e reabilitação, e a equidade dos
atendimentos, que consiste em prestar atendimento conforme a necessidade de cada
indivíduo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4214-2-marco-1963-353992
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ublicacaooriginal-1-pl.html#:~:text=Disp%C3%B5e%20s%C3%B4bre%20o%20%2 2
Estatuto%20do%20Trabalhador%20Rural%22.&text=aqui%20expressamente%20 ref
eridos-,Art.,natura%20e%20parte%20em%20dinheiro. estatuto do trabalhador
https://etica-ambiental.com.br/estatuto-da-terra-e-seu-objetivo
/
https://agropos.com.br/funrural/
https://www.cptnacional.org.br/downlods?task=download.send&id=14281&catid=92&m=0
quilombolas de castro
https://e-revista.unioeste.br/index.php/pgeografica/article/view/10340/7555
https://cpisp.org.br/serra-do-apon/