Modelo Contestação - Alimentos
Modelo Contestação - Alimentos
Modelo Contestação - Alimentos
09/09/2021
Número: 5002848-13.2020.8.13.0105
Classe: [CÍVEL] PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: 3ª Vara Cível da Comarca de Governador Valadares
Última distribuição : 27/02/2020
Valor da causa: R$ 97.000,00
Processo referência: 5012898-35.2019.8.13.0105
Assuntos: Alimentos, Reconhecimento / Dissolução, Guarda, Regulamentação de Visitas
Segredo de justiça? SIM
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Advogados
TANIA DE FREITAS SILVA (AUTOR)
THIAGO PIMENTEL MACHADO (ADVOGADO(A))
DIEGO PIMENTEL MACHADO (ADVOGADO(A))
MARCO HENRIQUE DA SILVA TRIGO MARTINS (RÉU/RÉ)
MATHEUS MERRY DE OLIVEIRA FARIA (ADVOGADO(A))
DOUGLAS NARDY OLIVEIRA (ADVOGADO(A))
Outros participantes
Ministério Público - MPMG (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
113803502 23/10/2020 1. CONTESTAÇÃO. Contestação
6 14:04
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3° VARA CÍVIL DA
COMARCA DE GOVERNADOR VALADARES – MINAS GERAIS
Processo nº 5002848-13.2020.8.13.0105
MARCO HENRIQUE DA SILVA TRIGO MARTINS, brasileiro, dentista, inscrito no CPF sob o
nº 068.688.826 - 02, RG sob o n° MG-14271295, residente e domiciliado na rua Osvaldo Cruz, 49 -
Centro, Itamaraju - BA, 45836-000, por seus advogados, infra-assinados, vem perante Vossa
Excelência, apresentar
CONTESTAÇÃO
Em face de, TÂNIA DE FREITAS SILVA, brasileira, união estável, nutricionista, portador da CI
nº MG-15732212 e do CPF nº 089.725.316-77 e CLARA FREITA DA SILVA TRIGO, menor
impúbere, inscrita no CPF sob o nº 124.910.026-71, neste ato representado por sua genitora, ora
também requente supra qualificada, ambas residentes e domiciliadas na Rua Curitiba, nº 594, APTO
302, bairro Santa Terezinha, CEP: 35030-100, Governador Valadares/MG.
I. PRELIMINAR
1. Trata-se de ação de reconhecimento de união estável e sua dissolução c/c partilha de bens,
guarda, regulamentação de visita, pensão alimentícia e tutela de urgência antecipada (Processo
Principal).
2. Tento em vista que a ação, ora, interposta, possui dependência a Ação cautelar Processo
apenso: nº 5012898-35.2019.8.13.0105, o não ajuizamento da presente ação principal no prazo de 30
(trinta) dias cessa a eficácia da tutela concedida, além de causar a extinção do processo sem a
resolução do mérito. Na forma dos artigos 308 e 309, NCPC.
7. Nesse sentido, houve o descumprimento da ordem legal prevista nos artigos 308, caput,
CPC/2015, que tem por consequência, o cessamento da eficácia da tutela concedida em caráter
antecedente, conforme preleciona o inciso II, art.309, CPC/2015. Por tudo isso, pugna-se pelo
acolhimento da presente preliminar.
8. Trata-se de ação principal que foi distribuída por dependência a ação cautelar (autos nº
5012898-35.2019.8.13.0105).
9. Na presente ação, a autora Tânia De Freitas Silva visa o reconhecimento de união estável para
com o réu correspondente ao período de 2015 a 06/2019 e sua dissolução;
10. A partilha de bens, sendo a divisão de uma clínica integrada de nutrição e odontologia e um
veículo automotor;
13. Tendo em vista que o requerido não possui condições financeiras de arcar com pensão
alimentícia acima de R$ 600,00 (seiscentos reais) que vem depositando em favor da menor.
14. Isso pois, perdeu o emprego (demitido) que tinha na prefeitura de Itamaraju-Ba conforme
declaração anexa, doc. Anexo 1; a clínica que exerce profissão está passando por grave crise
financeira quase vindo a fechar na presente pandemia (Covid-19).
15. Como profissional autônomo sua renda é variável, entretanto, nem mesmo nos melhores
meses sua renda não é superior a R$ 3.000,00 (três mil reais) bruto, sendo que a média anual é de R$
2.000,00 (dois mil) mensais, conforme declarações de imposto de renda doc. Anexo 2, e extratos
bancários anexos à presente, doc. Anexo 3.
16. Além disso, sua atual companheira está grávida, tendo o requerido que arcar com alimentos
gravídicos, o que lhe causa sobrecarga financeira, conforme doc. Anexo 4.
17. O respectivo carro pleiteado pela autora nunca foi de propriedade do réu, mas sim de seu pai
que lhe emprestou para ajudar com sua locomoção de forma temporária, conforme doc. Anexo 5.
Portanto, descabido o pedido de meação.
20. O processo cautelar ainda está na fase de produção probatória, não tendo decisão definitiva
sobre o tema. O réu apresentou pedido de reconsideração da decisão liminar, e contestação, ambos
robustamente carreados de vasto acervo probatório que ainda não foi analisado por este juízo.
22. Isso pois, o réu não possui condições de suportar o pagamento de alimentos provisórios
fixados em três salários mínimos e meio, tendo em vista que o mesmo não possui essa renda mensal
bruta.
23. Destarte, a parte autora aduz que a condição financeira do réu suporta a fixação de uma
pensão elevada, todavia, como será demonstrado, os documentos a que se baseia a pretensão autoral
quando do contraditório perdem a narrativa vendida ao Il. Juízo. Portanto, deve ser imediatamente
revista.
24. A parte autora alega que o réu possui renda mensal superior a R$ 16.000,00 (dezesseis mil
reais), para tanto junta como prova um folha com extrato de faturamento da clínica de nutrição e
odontológica do ano de 2018 na qual consta o faturamento bruto da empresa supracitada, conforme
doc. ID 75456177, no bojo do processo cautelar, proc. nº 5012898-35.2019.8.13.0105.
25. Ocorre que a personalidade jurídica da clínica e sua capacidade financeira se distingue da
personalidade do requerido e sua respectiva capacidade financeira. Mas tudo bem, a defesa contrapõe
a prova alegada, pois, aduz as autoras um faturamento que não corresponde aos ganhos da pessoa
jurídica supracitada.
26. Nesse ponto, notabiliza-se, que toda atividade empresarial possui encargos que devem ser
levados em consideração, como aluguéis, impostos, taxas, capital de giro, investimento e produto de
estoque, mão de obra dentre outros inúmeros gastos. O fato é que o faturamento de uma pessoa
jurídica não corresponde ao seu lucro líquido ou prejuízo.
28. Nesse aspecto, segue anexo, a tabela descriminando os encargos que o requerido deve
adimplir mensalmente, todos acompanhados da sua respetiva comprovação também anexado como
prova documental.
29. A autora que atuava junto a clínica no desempenho de sua profissão dividia as despesas, que
agora correm somente por conta do requerido que tem o ônus de arcar sozinho.
30. A autora abandonou o seu lar e sua atividade produtiva, deixando o requerido com
muitas dividas que antes eram divididas.
31. Nobre Julgador, o faturamento da clínica caiu significativamente após a autora abandonar a
sua atividade produtiva, por outro lado, os gastos fixos mantiveram o padrão.
32. Nesse sentido, a clínica atualmente passa por uma grave crise financeira, quase vindo a fechar
definitivamente, em razão da pandemia causada pelo novo coronavírus (Covid-19), haja vista que,
por decretos municipais e orientações da autoridades de saúde a empresa foi obrigada a fechar as
portas por muitos meses sem faturamento algum, apenas acumulando dívidas.
33. Além disso, o réu foi mandado embora do emprego que possuía junto a prefeitura de
Itamaraju-BA, e não pediu seu desligamento conforme alega a requerente, tudo isso conforme doc.
Anexo 1.
34. Nobre julgador, a situação financeira do ano de 2018 era pautada basicamente no faturamento
da clínica integrada de nutrição e odontologia, na qual atuavam em conjunto a requerente e o
requerido, além disso, ambos era empregados da prefeitura de Itamaraju-BA, por exemplo, a autora
recebia o importe de R$ 4.000,00 (quatro mil reais) e o réu em média de R$ 2.000 (dois mil reais).
35. Nesse sentido, o estamento social era outro, hoje a renda do requerido não comporta mais
aquele padrão de vida que já não era de grande monta.
Da renda
36. O requerido não possui condições financeiras de arcar com pensão alimentícia acima de R$
600,00 (seiscentos reais) que vem depositando em favor da menor, conforme comprovantes de
depósitos anexos à presente, doc. Anexo 6.
38. Como profissional autônomo sua renda é variável, entretanto, nem mesmo nos melhores
meses sua renda não é superior a R$ 3.000,00 (três mil reais) bruto, sendo que a média anual é de R$
2.000,00 (dois mil e reais) mensais, conforme declarações de imposto de renda doc. Anexo 2 e
extratos bancários anexos à presente, doc. Anexo 3.
39. Além disso, sua atual companheira está grávida, tendo o requerido que arcar com alimentos
gravídicos, o que lhe causa sobrecarga financeira, doc. Anexo 4.
40. Nobre Excelência, nossa legislação ordinária é clara ao delimitar os deveres e obrigações de
ambos os genitores, veja, dispõem o Código Civil que:
41. Nesse sentindo, o reconhecimento do pedido disposto na Petição Inicial, qual seja, a fixação
de alimento no importe de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) dará margem para que a mãe se furte de
todas as obrigações relacionadas ao sustento da filha, imputando todos os gastos apenas ao genitor, o
que está nitidamente em desacordo com a lei.
43. Notadamente Excelência, temos que os gastos mensais de uma menor impúbere são
presumíveis, haja vista sua necessidade de subsistência, no entanto, o quantum a ser auferido para
suprir as necessidades da menor possui presunção relativa, tendo em vista, a necessidade de
comprovações empíricas e taxativas de como se dão os gastos. Além disso, tais gastos previsíveis
objetivamente devem ser divididos entre os genitores garantindo a igualde e equilíbrio financeiro
entre as partes.
44. Nesse ponto, descreve a autora na Petição inaugural que possui os seguintes gastos com a
menor:
Do plano de saúde
46. Não há nos autos qualquer documento de contratação do plano de saúde supracitado, havendo
somente um comprovante de agendamento de pagamento no valor de R$ 225,14 (duzentos e vinte e
cinco reais e quatorze centavos), conforme doc. ID. 106042584. Requer-se que seja anexado aos
autos o respectivo contrato de plano de saúde, haja vista que é uma prova documental que pode ser
obtida facilmente pela parte autora.
Do gasto escolar
47. Conforme se verifica no contrato escolar anexo aos autos, a parcela escolar é de R$ 662,00
(seiscentos e sessenta e dois reais), conforme doc. Id. 106043469.
48. Além disso, quando a autora morava em Itamaraju-BA, a menor, frequentava escola
particular de ensino, todavia, a realidade financeira de ambos os pais era outra, a mãe e o pai
atuavam na clínica integrada de nutrição e odontologia e ambos estavam empregados na supracitada
prefeitura baiana, e, nesse ponto, é necessário notabilizar que a mensalidade era bem inferior, no
importe de R$260,00 (duzentos e sessenta reais) mensais, o que equivale a um aumento de mais de
150% (cento e cinquenta por cento) no valor da parcela mensal, referente a educação escolar
particular.
49. Nesse aspecto, notabiliza-se, que na peça Inicial, a autora alega passar por dificuldades
financeira e que está desempregada, como pode então arcar com colégio particular muito acima do
valor que arcava antes quando estava trabalhando na Clínica Integrada e na prefeitura de Itamaraju-
BA. Não é razoável a contratação de colégio particular diante a hipossuficiência financeira atual de
ambos os genitores. Isso pois, é fornecido educação gratuita pelo sistema público municipal e
estadual.
50. Nobre julgar, colégio particular não é uma necessidade, diante da ausência financeira da
unidade familiar que possui dificuldades em arcar com despesas básicas como alimentação, saúde e
moradia.
51. A formação por colégio particular é uma condição voluptuária (deleite) e não uma
necessidade básica, devendo ser analisado no caso concreto sob o prisma do princípio constitucional
da razoabilidade e proporcionalidade.
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Transporte escolar
53. Apesar da autora ter anexo o doc. Id.106043459, aduzindo ser um comprovante de transporte
escolar, razão não lhe assiste, não há se quer a assinatura do emitente, requer-se que a parte autora
anexe aos autora comprovante de pagamento do transporte escolar ou que seja oficiado a empresa
RAZÕES E SONHOS ESCOLAR E TURISMO para que informe se está prestando o serviço para
autora e qual é o importe financeiro da prestação. Além disso, é necessário saber se o valor do
transporte escolar só é pago durante o período letivo.
Do aluguel
54. Notabiliza-se, nobre julgador, que de acordo com o contrato de aluguel juntado aos autos, o
locador é sogro da irmã da autora, mas para além disso, que o valor nominal do aluguel está
superfaturado, tendo em vista que o valor de aluguel leva em conta o valor da propriedade alugada, e,
neste caso, a unidade alugada não possui valor de mercado condizente com a faixa de R$ 900,00
(novecentos reais) mês. Requer-se a juntado do comprovante de IPTU do respectivo imóvel, onde
constará o valor venal do supramencionado bem.
55. Nesse mesmo ponto, tem-se que em Governador Valadares/MG, conforme consulta simples
aos sites das maiores imobiliárias do mercado valadarense é possível perceber que existe diversos
imóveis que atende adequadamente a necessidade de moradia da criança, com preços mais justo,
como por exemplo apartamentos e casas cujo aluguel é em torno de R$ 650, 00 (seiscentos e
cinquenta reais).
56. Nobre julgador, é óbvio que análise do contrato de aluguel para moradia da menor é objetiva
e possui critérios de razoabilidade de proporcionalidade, que devem guardar relação com trinômio:
necessidade-possibilidade-razoabilidade. A título de exemplo não poderia um genitor alugar uma
mansão em condomínio de luxo (Alphaville) e alegar que é necessidade da criança e que deve ser
custeado pelo outro genitor. É um absurdo de se pensar, do mesmo modo, é o presente caso, que
alegadamente a autora está desempregada deveria procurar um lugar mais em conta, condizente com
a sua realidade financeira atual. Além do fato de o réu não ter condições de custear em favor da
criança um aluguel caro, isso em decorrência da precária realidade financeira atual.
57. Além disso, a reponsabilidade de arcar com a moradia da criança é de ambos os pais. A
autora na presente ação visa que o réu pague com a integralidade das despesas, o que é absurdo.
Água e condomínio
59. Não foi juntado aos autos as contas de água/condomínio para comprovar o gasto alegado. É
prova documental facilmente obtida pela parte autora que propositalmente deixou de anexar aos
presentes autos.
Conta de energia valor divergente ao alegado
60. Conforme se verifica de acordo com a conta de energia anexo aos autos, o valor é de R$
136,00 (cento e trinta e seis reais), conforme doc. Id. 106042551 (Comprovante de residência) e não
R$ 200,00 (duzentos reais) como alega a autora. Por isso, pleiteia-se, que seja anexado as contas de
energia dos últimos 6 (seis) meses para por média aritmética se chegar a um consumo médio
condizente com a realidade fática. Sendo prova documental facilmente obtida pela parte autora,
imprescindível é a sua juntada.
Gastos com vestimenta e lazer
61. Não foi anexado aos autos provas dos gastos com vestimenta, como por exemplo notas fiscais
de compra de roupas para menor. O valor apesentado de R$ 500,00 (quinhentos reais) mensais com
roupa é um absurdo, ainda mais se levarmos em conta a atual situação que alega a autora estar
desempregada.
62. Ademais, os gatos com vestimenta podem ser anuais ou por semestre (verão/inverno), podem
ser comprados e fornecidos in natura.
63. O lazer pode ser divido conforme a visitação do pai a menor e também pode ser
proporcionado in natura, como exemplo, fornecimento de brinquedos, passeios dentre outros.
Conclusão
64. Por tudo isso, tem-se que os valores, ora, apresentados estão superfaturados, causando
enriquecimento ilícito e desvio de funcionalidade dos alimentos que devem ser em favor da menor.
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66. Conforme já relatado alhures, o requerido encontra-se desempregado (fonte de renda fixa).
Para estancar qualquer dúvida acerca da sua fragilidade econômica, junta-se aos autos, comprovantes
do extrato bancário do mesmo, demonstrando nos últimos meses sua movimentação bancária
negativa, doc. Anexo 3.
67. Colaciona-se aos autos como prova para comprovar a hipossuficiência financeiro do
requerido:
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68. Por tudo isso, advoga-se que o requerente passa por notória crise econômica, restando esse
fato robustamente demostrado pelos documentos acostados aos autos. Tendo em vista isso, é medida
de justiça que se impõem a redução do quantum fixado a título de alimentos provisórios e a fixação
de alimentos definitivos em valor no qual o requerido posso adimplir com a obrigação mensal.
A fixação dos alimentos nesse montante pleiteado pela autora não se atenta ao trinômio
possibilidade-necessidade-proporcionalidade;
Impõem todo o ônus pecuniário de sobrevivência da filha somente para o pai;
Da margem para a mãe/autora se furtar de todas as suas obrigações pecuniárias junto a
filha e locupletar-se em detrimento do pai;
O réu/pai não goza de condições financeiras para arcar o pagamento de alimentos no
importe pleiteado, isto porque está desempregado (ausência de renda fixa) e sua clínica
odontológica passa por notória crise econômica;
A fragilidade econômica do requerido resta demonstrado pelo vasto acervo documental
colacionado aos autos;
O bem mais precioso e protegido pela legislação vigente, a saber a liberdade do
réu/pai encontra-se em risco devido a fixação de alimentos em montante muito
superior ao que o requerido consegue pagar.
Fere os preceitos positivados no Código Civil no tocante ao Art. 1.566 e Art. 1.703,
como também fere a jurisprudência;
A decisão de fixação exauriente dos alimentos, deve se atentar as provas acostadas nos
autos da hipossuficiência financeira do requerido.
69. Conforme notabiliza-se pelo teor da súmula 621 STJ, a Corte Superior uniformizou o antigo
debate sobre o tema. Exarando o seguinte entendimento:
Súmula 621 - Os efeitos da sentença que reduz, majora ou exonera o alimentante do pagamento retroagem à data
da citação, vedadas a compensação e a repetibilidade. (Súmula 621, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 12/12/2018,
DJe 17/12/2018).
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71. Pelo exposto, conclui-se que os gastos com a menor são presumíveis, são presumíveis sim,
mas o quantum dos gastos tem que ser averiguado diante do Trinômio: Necessidade; Possibilidade
e Proporcionalidade.
DOS BENS
72. Vossa Excelência, o veículo, ora, descrito na peça inicial pela parte requerente, qual seja,
“veículo chevrolet ônix, de placa pzp-4232”, nunca foi de propriedade do requerido, que apenas
detinha a posse. Conforme documento juntado pela autora, ID. 106043459 (boleto de prestação do
veículo), o titular do respectivo financiamento ali disposto não é o réu, mas sim terceira pessoa (pai
do requerido). Assim como, o supracitado carro estava financiado, tendo poucas parcelas quitadas,
conforme doc. Anexo 5.
73. Nesse aspecto, não consta nos autos prova de que a propriedade do supramencionado bem,
pertenceu ao réu durante o período alegado de união estável, nem que o mesmo tenha pago qualquer
valor para adquirir o bem em questão.
74. Nobre julgador, para clarear ainda mais a leitura da situação, informamos que o bem móvel
pertencia ao pai do requerido, conforme contrato de compra e venda anexo à presente doc. Anexo 5,
em que o terceiro (pai do requerido), deu um carro como entrada e financiou o restante do valor do
veículo, ora, pleiteado pela autora. Além disso, informa que o bem não mais está na posse do
demandado. Isso pois, a sua posse sobre o bem era temporária e precária. O pai do requerido
procedeu a venda do veículo para uma concessionária, haja vista que precisou de dinheiro e, teve que
se desfazer do bem.
75. Tendo em vista isso, não há como partilhar de tal bem, pois isso, influiria em violação a
direito de propriedade de terceiro e, consequente enriquecimento ilícito.
76. Ademais, tem-se que o seguro do veículo estava em nome do requerido, isso pois, esse tipo
de seguro é pessoal, podendo segurar qualquer veículo, mesmo sendo veículo de terceiro, não
havendo uma relação necessária entre o seguro pessoal, e a propriedade do bem.
77. Ou seja, os seguros praticados no brasil em sua maior parte são pessoais, isto é, pertencem
aos titulares dos seguros, que possuem a faculdade de segurar veículo de sua propriedade ou de
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78. Segundo o art. 1.639 do Código Civil, com o casamento, tem início o regime de bens,
começando a vigorar na data do ato nupcial. Ampliando-se a interpretação deste artigo para
contemplar a união estável e observando-se o que dispõe a Lei n. 9.278/96, em seu art. 5°, sobre o
contrato de convivência, evidencia-se a incidência do regime patrimonial nessas relações no
momento em que constata-se os requisitos legais para sua configuração – durabilidade, publicidade e
continuidade – permitindo com isso o seu reconhecimento.
79. Doravante, em uma futura sentença em que se reconheça a união estável entre a requerente e
o requerido, tem-se que, o regime que será eleito é o regime da comunhão parcial de bens, isso pois,
foi eleito pelo legislador como o modelo legal para reger o patrimônio daqueles que não optaram
pelos demais tipos.
80. Neste regime, basicamente, excluem-se da comunhão os bens que o casal possuía antes de
formar a entidade familiar, comunicando-se os bens adquiridos posteriormente a título oneroso.
81. Todavia, notabiliza-se que, tanto o regime de comunhão parcial como o de comunhão
universal excluem da meação os instrumentos profissionais – inciso V do art. 1.659 do Código
Civil – sob alegação de que se tratam de objetos de cunho nitidamente pessoal. A lei exclui tais
objetos visando proteger seus respectivos proprietários, pois entende que deles dependerá sua
sobrevivência.
82. Por isso, os bens que guarnece a clínica em sua parte odontológica são bens incomunicáveis,
tendo em vista, que possuem aplicação direta no exercício profissional do requerido, que necessita
por exemplo, da cadeira odontológica para atender os seus pacientes. Logo, esses dentre outros
instrumentos, servem para a garantia de subsistência do demandado, assim como, para que esse
garanta alimentos para sua filha.
83. Posto isto, a parte requerida relata que os bens que guarnecem a parte da clínica que é voltada
para a área de nutrição, estão à disposição da requerente para que a mesma possa retira-los. Assim
como, afirma que a parte requerente, caso queira poderá utilizar a parte da clínica de nutrição para
exercer o seu labor, estando o espaço e os instrumentos em completa disposição para a mesma, não
havendo qualquer objeção pelo requerido, que pelo contrário, gostaria que a mesma estivesse
exercendo sua atividade profissional, isso pois, a mesma poderia ajudar nos gastos de manutenção da
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84. A parte autora alega que clínica supramencionado possui valor de mercado no importe de R$
50.000,00 (cinquenta mil reais), no entanto, não apresentou qualquer elemento de prova para que
objetivamente se possa metrificar esse respectivo valor.
85. Sendo conforme consta na declaração anexa, doc. Anexo 7, a referida pessoa jurídica possui
capital social de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais). Entretanto, é uma clínica integrada que abarcava
as áreas de nutrição e odontologia, com o abandono da autora da atividade produtiva de nutrição, a
clínica sofreu abalo em seu valor de mercado, caindo muito mais que metade.
86. Além disso, o espaço da clínica é alugado e os bens que a guarnecem não possuem muito
valor pois são usados (cadeira; mesa e outros), não há como na real e atual situação fixa-la no valor
de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).
87. Ademais, a marca da clínica não é registrada e não possui valor algum de mercado, assim
como o próprio estabelecimento os bens são antigos e usados, como por exemplo, a própria cadeira
do dentista possui mais de 15 anos de uso. Todos os móveis são usados de baixo valor.
88. Nesse aspecto, notabiliza-se que a clínica em questão é de pequeno porte, não possui nenhum
imóvel ou qualquer outro bem de valor, a não ser os bens móveis que a guarnecem, por isso,
estimasse que seu valor patrimonial seja R$ 5.000,00 (cinco mil reais).
Da Guarda
89. A parte autora pleiteia a guarda unilateral da menor, todavia, nobre excelência, não lhe assiste
razão a regra do nosso ordenamento jurídico é guarda compartilhada, somente sendo alterado tal
modulo jurídico em razão de motivo justificante que leve a segurança e melhor estar da criança.
90. No presença caso exposto, não há qualquer elemento que traga benefício a menor no
deferimento da guarda unilateral. Nesse ponto, pelo contrário, causa prejuízo tendo em vista que a
genitora tenta a todo custo afastar a menor do pai, que tem sido impedido injustificadamente de ter
convívio com a menor, conforme Doc. Anexo 14, o pai entrou em contato com a genitora e com a
irmã da autora, sem êxito, além de ter tentado outras tantas vezes, que precisa de oportunidade de
produzir provas para identificar o injusto impedimento que está sofrendo.
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92. Por tudo isso, tem-se que deve ser rejeitada de plano o pedido liminar de guarda unilateral.
Regulamentação de Visitas
93. Requer-se a regulamentação de visitas nos moldes pleiteados para que o pai possa ter acesso a
criança, tendo em vista que até o presente momento a genitora tem impedido o convívio do genitor e
a menor.
94. Tendo em vista que o valor patrimonial da clínica atualmente gira em torno de R$ 5.000,00
(cinco mil reais); que o veículo pleiteado para meação pertence a terceiro não podendo fazer parte
dos bens a serem divididos e que o valor da pensão pleiteada está superfaturado, sendo o valor de 12
x R$ 600,00 mais condizente com a realidade, requer-se a correção do valor da causa para o importe
de R$ 12.200,00 (doze mil e duzentos reais).
95. Isso pois, Nobre excelência a parte autora majora propositalmente o valor da causa em busca
de maiores honorários.
IV. DO PEDIDO
A) O acolhimento da preliminar, ora, aventada, para fazer cessar os efeitos da liminar deferida, e,
por conseguinte, extinguir o processo sem a resolução do mérito, haja vista que, a ação principal não
foi interposto no prazo legal de 30 dias.
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E) Subsidiariamente, em caso do não acolhimento do pedido (c) e (d), o que se admite apenas
em atenção ao princípio da eventualidade, seja diminuído o valor da pensão requerida, ao crivo desse
respeitável juízo.
F) Pede-se que seja rejeitada de plano o pedido liminar de guarda unilateral, tendo em vista que
a genitora até o momento tem impedido o pai de ter acesso a criança. Requer-se, Nobre Excelência, a
produção de provas nesse sentido, testemunhal e depoimento da autora (genitora).
G) Requer-se a regulamentação de visitas nos moldes pleiteados para que o pai possa ter acesso a
criança, tendo em vista que até o presente momento a genitora tem impedido o convívio do genitor e
a menor.
H) Requer que o valor da causa seja corrigido para R$ 12.200,00 (doze mil e duzentos reais).
I) Requer a improcedência do pedido de divisão do veículo, tendo em vista que se trata de bem
móvel de terceiro.
J) Requer a avalição dos bens que guarnecem a clínica para obter o real valor e, que seja
indeferido o valor pleiteado por ser excessivo e não condizente com a realidade.
1. Procuração.
2. Documento de identificação.
3. Comprovante de residência.
ANEXOS:
Doc. Anexo 1. Declaração da prefeitura de Itamaraju-BA, informando que o réu foi demitido no mês de agosto de 2019.
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