Reconhecimento e Dissolução de União Estável

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 5

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA (...

) VARA DE
FAMÍLIA DA COMARCA DE (...)

(...), vem, por seu advogado, à presença de Vossa Excelência,


propor

AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL

em face de (...),com fulcro nos arts. 927 e seguintes e 1.723 e seguintes do


Código Civil e nos demais dispositivos aplicáveis, propor a presente, tendo em
conta os motivos de fato e de direito que seguem:

I – DOS FATOS

A autora conheceu a ré no ano de (...).

Em (...) de (...), autora e ré iniciaram relacionamento afetivo e, em


(...) de (...), resolveram morar juntas. Naquela oportunidade, (...), a autora, foi
morar no apartamento em que a ré, (...), residia.

A convivência se efetivou firmemente, pois ambas


compartilhavam o mesmo teto, o mesmo e único orçamento familiar. Havia
respeito, consideração mútua e assistências moral e material recíprocas,
embora a ré nunca quisesse assumir publicamente o relacionamento, vez que
entendia que tal revelação poderia trazer consequências nefastas para ambas,
no âmbito familiar, profissional e social.

A prova do ânimo de permanência da convivência se deu


inicialmente em (...), com a aquisição, com recursos provenientes do esforço
comum, de um automóvel marca (...), modelo (...), ano (...), avaliado em R$
(...), para uso compartilhado (conforme documento anexo).

A confirmação de tal ânimo se deu no ano seguinte, (...), quando


autora e ré resolveram, de comum acordo, continuar a convivência em um
apartamento mais espaçoso. Para isso, adquiriram um imóvel ao preço de R$
(...), que foi mobiliado com esforço comum, ao custo de R$ (...).

Ocorre, porém, que com o passar do tempo o relacionamento se


desgastou, ficando intolerável para autora, que decidiu deixar de conviver com
a ré. Apesar de já haver deixado claro que não pretende voltar ao convívio, a ré
se recusa a aceitar o término do relacionamento, resistindo, por consequência,
à partilha dos bens.

A autora destaca, ainda, que não necessita de assistência


financeira, pois conta com seu trabalho para se manter, porém não concorda
em experimentar prejuízo patrimonial aceitando passivamente a resistência na
partilha dos bens comuns, que alcançam o montante de R$ (...).

DO DIREITO

Não há dúvida de que entre autora e ré estabeleceu-se uma


relação de convivência por mais de (...) anos, uma união estável nos termos do
art. 1.723 do novo CC, in verbis:

“Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união


estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência
pública, contínua, duradoura e estabelecida com o objetivo de
constituição de família”.

Ademais, conforme entendimento firmado pelo Supremo Tribunal


Federal no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4.277 e
da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 132, não é
possível qualquer discriminação pelo fato de a relação ser homoafetiva.
Relembrando o voto do Rel. Min. Ayres Britto, o art. 3.º, IV, da
Constituição Federal veda qualquer discriminação em virtude de sexo, raça, cor
e que, nesse sentido, ninguém pode ser diminuído ou discriminado em função
de sua preferência sexual. Aliás, como bem observou o ministro, “sexo das
pessoas, salvo disposição contrária, não se presta para desigualação jurídica”.

Também cabe observar, que mesmo que o reconhecimento da


relação homoafetiva não fosse acolhido pelo STF, o direito à meação da autora
já estava de muito consolidado pela jurisprudência.

A Súmula 380 do STF, aprovada na Sessão Plenária de 3 de abril


de 1964, já afirmava que:

Súmula 380 do STF: Comprovada a existência de sociedade


de fato entre os concubinos, é cabível a sua disssolução
judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço
comum.

Assim, a presente ação deve ser julgada procedente em seu


pedido, eis que estão presentes todos os requisitos para a configuração da
união estável, senão para o reconhecimento de sociedade de fato, passando a
autora a expor seu pedido e demais requerimentos.

Vejamos o entendimento recente do STJ sobre o tema:

PROCESSUAL CIVIL. DIREITO CIVIL. UNIÃO ESTÁVEL


HOMOAFETIVA. EQUIPARAÇÃO A UNIÃO ESTÁVEL
HETEROAFETIVA. 1. Relações estáveis homoafetivas.
Decisão que fez coisa julgada formal, reconhecendo a
existência de "sociedade de fato" e não de "união estável". 2.
Nessa hipótese, os reflexos patrimoniais são os mesmos do
período anterior à legislação que estabeleceu a união estável
no direito pátrio. 3. A partilha dos bens restringe-se àqueles
que foram adquiridos pelo esforço comum, durante o período
em que vigorou a sociedade. 4. Recurso especial conhecido e
provido em parte.
(STJ - REsp: 1284566 RS 2011/0232543-3, Relator: Ministro
JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, Data de Julgamento:
23/06/2015, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação:
DJe 26/06/2015)

DO PEDIDO

Diante do exposto, requer a autora a procedência do pedido da


ação, declarando-se a existência da união estável, bem como seja decretada
sua dissolução, condenando a ré:

a) na obrigação de fazer a partilha, em igual parte com a autora, do imóvel sito


em (endereço), mediante lavratura de escritura pública, que será averbada
junto à matrícula n. do Registro de Imóveis, arcando com todas as despesas
para tal fim, bem como do veículo, com a expedição de ofício ao órgão
competente pelo registro, e dos demais bens móveis que foram adquiridos com
esforço comum;

b) ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, conforme


artigo 85 do Novo Código de Processo Civil;

DOS REQUERIMENTOS

Outrossim, requer a autora:

a) citação da ré, por Oficial de Justiça, para que conheça dos termos da
presente ação, e querendo apresente resposta no prazo legal, sendo
concedidos ao mesmo Oficial os benefícios previstos no art. 212, § 2.º, do
NCPC;

b) seja decretado o segredo de justiça, nos termos do art. 189, II, do Novo
Código de Processo Civil.

DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO
Nos termos do art. 334, § 5º, do Código de Processo Civil, o autor
desde já manifesta, pela natureza do litígio, desinteresse em autocomposição.

Ou

Tendo em vista a natureza do direito e demonstrando espírito


conciliador, a par das inúmeras tentativas de resolver amigavelmente a
questão, o autor desde já, nos termos do art. 334 do Novo Código de Processo
Civil, manifesta interesse em autocomposição, aguardando a designação de
audiência de conciliação.

DAS PROVAS

Protesta por provar o alegado através de todos os meios de


prova em direito admitidos, em especial pela produção de prova documental,
testemunhal, pericial e inspeção judicial, além da juntada de novos
documentos e demais meios que se fizerem necessários.

VALOR DA CAUSA

Dá-se à causa o valor de R$ (...), para os efeitos fiscais.

Respeitosamente, pede deferimento.

Cidade..., de ... de ...

Advogado

OAB/UF

Você também pode gostar