E Book O Vazio Existencial Logoterapia e o Sentido Da Vida
E Book O Vazio Existencial Logoterapia e o Sentido Da Vida
E Book O Vazio Existencial Logoterapia e o Sentido Da Vida
Introdução
teóricos, é indispensável apresentar brevemente o autor dessa abordagem que, para além da
relevância da sua trajetória intelectual, tem muito a nos ensinar com sua biografia inspiradora.
Viktor Emil Frankl (1905 – 1997) era neuropsiquiatra, mas também, um sobrevivente. Sua vida
Deste modo, buscar estudar teoricamente a Logoterapia é um dos caminhos, mas não
é o único. Afinal, em suas obras Frankl nos convoca a sermos antes de logoterapeutas,
a Logoterapia vivida, na carne, no coração e no espírito. Assim como foi para Frankl, que em
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seu livro “Em busca de sentido – um psicólogo no campo de concentração”1 conta sobre a
experiência-limite que vivenciou, onde mesmo diante o terrível, disse sim à vida, apesar de
Como responder a essa questão que queima por dentro? Não é a proposta da
Logoterapia e muito menos desse e-book. O que Frankl faz é propor uma nova antropologia,
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É preciso esclarecer que a Logoterapia não foi construída durante esse período, sendo que Frankl
apresenta uma extensa e importante produção intelectual antes dos campos de concentração. Para o
(a) leitor (a) que ainda não tenha lido essa obra, reforço a relevância da leitura e indico, também, para
maior conhecimento de quem foi a pessoa de Viktor Frankl, o livro “O que não está escrito nos meus
livros”, lançado em 2010 pela editora É Realizações.
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uma orientação terapêutica e uma filosofia de vida saudável, com isso, nos apresenta um
caminho. Apesar do foco do e-book ser o fenômeno do vazio existencial, outros conceitos
Contudo, alerto que a proposta desse e-book é bastante complexa e busquei ter o cuidado de
não simplificar a temática, sendo impossível abordá-la em totalidade em tão poucas páginas.
Afinal, abordaremos aqui um fenômeno que está vinculada a existência, e a existência está
Portanto, para apaziguar quaisquer expectativas de que esse e-book será o suficiente,
esclareço preferir que o leitor encerre a leitura com muitas perguntas instigadoras, o
entendimento sobre o vazio existencial. Tentei organizar esse e-book da forma didática, sendo
um apanhado dos meus estudos sobre esse conceito e, claro, escrito a partir do meu
entendimento acerca do tema. Por fim, espero que ao terminar a leitura, o leitor tenha mais
clareza da teoria, mas que também aceite o chamado da Logoterapia de olhar para as
necessidades do mundo e descobrir de que forma só você pode contribuir! Desejo a todos
boa leitura!
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Por isso, inseri algumas notas de rodapé com indicações de leitura. Além, é claro, de disponibilizar
uma lista de referências mais extensas de obras que me auxiliam a construir o conteúdo desse e-book.
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Breve contextualização da Logoterapia
sentido e sentido de vida. Em cada um desses fundamentos Frankl (2011)3 parte de um debate
crítico, apontando os perigos e a resposta do que está sendo discutido. Assim, a liberdade da
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Esse parágrafo foi construído, especificamente, a partir do livro “A vontade de sentido: Fundamentos
e aplicações da logoterapia”, edição de 2011, publicado pela editora Paulus. Caso o (a) leitor (a) seja
iniciantes nos estudos sobre as ideias de Viktor Frankl, essa é uma excelente obra introdutória.
Também indico o livro “Logoterapia e Análise Existencial: Uma introdução ao pensamento de Viktor
Frankl”, do autor Thiago Aquino, lançado em 2012 e publicado pela editora Paulus.
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No primeiro pilar Frankl se opõe a qualquer discurso que retrate o ser humano como
“nada mais que...” seus aspectos biológicos, seus conteúdos psicológicos ou suas influências
possibilidade para se posicionar frente aos seus determinantes. O perigo desse movimento
dimensão noética, como consequência, o ser humano seria completamente determinado, sem
qualquer resquício de liberdade. Para Frankl a liberdade é uma condição de um ser finito e,
por isso, também finita, ou seja, contornada por limitações, portanto, não é a liberdade de, é
a liberdade para a tomada de atitude de ir e ser além desses condicionantes. Sendo assim,
na Logoterapia o ser humano não é factível, é facultativo, é aquele capaz de ser construtor de
si mesmo e decidir sobre o dever-ser, sobre diante de quem e do que será responsável.
No segundo pilar Frankl aponta que apenas ter nossas necessidades básicas atendidas
não é o suficiente, procuramos algo para além da sobrevivência, a vontade primária do ser
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humano é a busca pelo sentido, é a aspiração por uma vida que valha à pena. O prazer e o
poder passam a ser efeito e o meio, não mais o fim. A busca incessante pela felicidade ou
objeto de atenção, perde-se o caráter intencional, perde-se a razão para. O ser humano
precisa de conteúdos de sentidos, uma causa para fazer sua, a vida, portanto, possui um
caráter de exigência, a qual cada situação apresenta um questionamento que a pessoa deve
desse viver, não tenta amenizar a tensão que aí se evoca, essa dose de tensão saudável que
Essa dinâmica entre quem se é e quem se deve vir a ser, entre o ser e o sentido, entre
a pessoa e o mundo, esse campo relacional é o que oportuniza essa tensão fecunda, que
tensiona a pessoa para concretizar o sentido único de cada situação, e é a consciência alerta
que capta a exigência do momento, cabendo a pessoa engajar-se ou não nesse chamado. O
sentido da vida da humanidade, aliás, esse não é um conceito que caiba em definições
fechadas. O que aponta é o quanto essa é uma pergunta que expressa o mais profundo da
um.
para o encontro de algo ou alguém. Assim como, chama a atenção para o perigo de
se afasta da sua força motriz quando não encontra o sentido, a vida parece se esvaziar de
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pode se absorver de desesperança, na apatia, no tédio e na angústia de que nada mais parece
ter sentido.
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O conceito de vazio existencial
afinal, estamos buscando um para que da nossa passagem nesse mundo, uma razão para
viver. Parafraseando Karl Jaspers: “O homem se torna o que é por força da causa que ele fez
sua” (conforme citado por Frankl, 2011, p. 53). Obviamente, a resposta não esclarece a
pergunta final do existir, o mistério e o enigmático da vida estão no campo da fé. A pergunta,
a vida nos questiona e pede de nós uma resposta, e isso acontece tanto nas atividades
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corriqueiras até nas tarefas mais exigentes. Não podemos escapar da necessidade de
escolher entre as possibilidades que a vida nos apresenta, nossas escolhas delineiam nossas
vidas e escrevem a nossa história. É claro que, tal questionamento evoca em nós uma certa
os desafios da vida.
amadurecer, de nos elevarmos para além de quem fomos até aqui e de confiar que ainda
teremos tanto a realizar a partir daqui. Quando nos colocamos frente a frente com a realidade,
com a consciência da liberdade de escolha, mesmo nas situações mais difíceis, e com a
tornamos quem só nós poderemos ser e de entregarmos ao mundo uma parte de nós, parte
essa que só nós poderíamos entregar. Encontrar o sentido requer essa consciência
intencional4, que nos coloca em abertura e em afetação com o mundo que nos cerca, assim,
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A Logoterapia é uma abordagem com embasamento fenomenológico, por isso, para maior
profundidade nos estudos da Logoterapia é preciso o mínimo de conhecimento sobre Fenomenologia.
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captamos as possibilidades que, ao concretizá-las, poderão preencher nossa existência com
conteúdos de sentido.
aguçada, porém, é claro que não estamos imunes a equívocos, o erro faz parte da experiência
redirecionar o processo de decisão e compreender o que levou a pessoa a tal lugar, caso
autocritica etc, ainda, se as escolhas forem recorrentemente tomadas por essa sensação de
Indico a leitura do livro “Fenomenologia”, do autor David R. Cerbone, publicado em 2012 e lançado pela
editora Vozes.
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Convido ao (a) leitor (a) que tire um breve tempo para refletir sobre qual o significado
encontrar algumas descrições: Que nada contém; sem fundamento; algo sem significado;
“existencial”, já nos soa um alerta: Como seria uma vida que parece não ter nenhum conteúdo
de que nada possui sentido? Com essa sensação de incompletude e/ou de constante
insatisfação?
Às vezes temos a sensação de falta de sentido, quase como se nos déssemos conta de
que nossa vida precisa ser reavaliada, como um convite para nos (re) situarmos,
compreendendo de onde viemos, onde estamos e para onde vamos. Dependendo de como
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nossas vidas, assim como, esse momento pode evoluir para um sentimento de completa falta
sentido e mais, se nos assola em totalidade, como se a vida tivesse perdido completamente
seu sentido, estaremos experienciando o vazio existencial. O vazio existencial é como uma
nada. Imagine a sensação de se aproximar da vida e não encontrar nada que lhe desperta a
atenção? Que lhe faça brilhar os olhos? Que traga vida para a vida?
a sua busca aponta para um aspecto de saúde mental, visto que, a vida passa a ser
enfrentadas uma finalidade, quando se confronta com a vida em seu caráter de missão, será
sentimento de realização. As experiências de sentido nos abrem para o mundo, nos concedem
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sofrimento. Essas experiências são como alicerces, que mesmo nos momentos mais difíceis,
o fenômeno do vazio existencial, o qual em si não é patológico, nos torna mais suscetíveis as
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Vazio existencial e a contemporaneidade
Frankl5 alerta que sensação de falta de sentido para a vida ou em casos mais
para a sociedade em geral. Diante desse ardente questionamento espiritual: Qual é o sentido
emocionais desta pergunta. Nesse capítulo focaremos nos aspectos sociais, enquanto no
penúltimo capítulo será abordado as reflexões acerca da atuação dos profissionais da saúde
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Uma outra indicação de leitura básica e mais recente, que traz um panorama geral da Logoterapia e,
também, foca na questão do vazio existencial é a obra “A falta de sentido: um desafio para a
psicoterapia e a filosofia”, publicado em 2021, pela editora Auster.
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O vazio existencial ultrapassa fronteiras, não se concentra em um determinado país ou
como sinônimos -, Frankl aponta para duas possibilidades: diferentemente dos animais, o ser
humano não está completamente submetido aos instintos, não sendo mero resultados dos
seus conteúdos impulsivos que lhe ditam o que fazer, e diferente das gerações passadas, a
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ser humano sobre o seu viver. Assim, a liberdade ancorada no ser-consciente e ser-
uma existência autêntica, contudo, frequentemente, ele (a) mal sabe o que deseja fazer, ao
A busca pelo sentido deve ser assumida como um compromisso existencial pessoal, na
ser no mundo. A existência vivida autenticamente deixa marcas valiosas – o que não tem
sendo para as pessoas que amamos? O que estamos deixando nos lugares que
Nossos atos acolhem? O sentido é uma possibilidade constante, não precisamos ir longe e
nem sermos mundialmente reconhecidos para o realizar. Nos eternizamos sendo quem
somos dia após dia, e só somos quando nos ocupamos da vida, do mundo e das pessoas.
É claro que o discurso pode ser bonito, porém, a prática é bastante exigente. Para
uma consciência alerta, capaz de apreender o que é ou não essencial diante tantas
possibilidades que o mundo moderno nos apresenta. Nessa sociedade industrializada, na era
da tecnologia e das redes sociais, em que tantos estímulos são diariamente apresentados, é
preciso discernimento. Em um mundo tão acelerado, facilmente podemos nos perder de nós
e nos desconectar do que é fundamental para a vida. Com uma consciência adormecida, não
nos damos conta das nossas escolhas, com isso, corremos o risco de ancorar a nossa vida
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O vazio existencial e a contemporaneidade tem sido a temática de aprofundamento dos meus estudos.
Caso o (a) leitor (a) se interesse em saber mais, indico o artigo de minha autoria em parceria com Maria
Cristina Neiva de Carvalho e Maria Helena Budal da Silva, com o título “A liberdade da vontade diante
dos fatores sociológicos: Uma aproximação entre as teorias de Viktor Frankl”, publicado pela revista
PsicoFAE em 2020. Nas referências é possível ter acesso a uma longa lista de indicações de obras
sobre Logoterapia, como também, de autores que estudam a contemporaneidade.
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no que é supérfluo e passageiro. Parafraseando Frankl “cada vez mais, as pessoas têm os
meios para viver, mas não uma razão pela qual viver”.
confunde com aquisições materiais. A angústia por não ser plenamente feliz, o constante
medo do fracasso e julgamento, o receio pela falta de reconhecimento no trabalho, por não
conquistar uma vida luxuosa, são possíveis consequências quando o sentido é deturpado.
Não que isso não faça parte da vida, contudo, quando somos bombardeados por
discursos que nos fazem acreditar que esse é o objetivo último da vida, perdemos de vista o
bem-ser. Na Logoterapia o prazer e poder fazem parte, mas não são e não devem ser a
vontade primária da vida. Em complemento, viver voltado apenas para a manutenção das
nossas necessidades básicas, sejam elas fisiológicas ou psicológicas, também seria uma
redução dessa busca espiritual por valorar a vida, apenas a sobrevivência não caracteriza
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Em uma sociedade que tanto prega a produtividade, não ter tempo virou sinal de
sucesso. Até mesmo o momento de lazer precisa ser produtivo, a contemplação, o descanso,
a pausa, ficaram em último plano. Buscamos otimizar nossa rotina, com estratégias para
tentar dar conta de tudo e, frequentemente, conta de duas – ou mais – tarefas ao mesmo
tempo. Frankl (2011) comenta acreditar que a velocidade dos tempos de hoje é uma tentativa
de escapar desse questionamento latente pelo sentido de vida. A falta de tempo permite que
não haja tempo para tomar consciência sobre essa pergunta, e vivemos em uma sociedade
que pouco propicia espaço para reflexões existenciais, reflexões essas que são exigentes,
que nos pedem enfrentamento e, muitas vezes, paciência. É preciso tempo e presença para
se ocupar verdadeiramente da vida, contudo, para abafar essa pergunta espiritual ardente,
homens e mulheres aceleram o passo, esquecendo-se que quando corremos demais, mal
percebemos o caminho, e quando não sabemos para onde estamos indo, qualquer caminho
indicado servirá.
segundo Frankl (2016; 2021), apresenta quatro comportamentos de massa, são esses:
Atitude existencial provisória - uma postura presentista sobre a vida, vive-se o momento do
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agora orientado pelo princípio do prazer acompanhado de uma falta de orientação e
individualista, preocupado apenas com seu bem-estar. Fatalismo – o sujeito se ausenta das
responder a vida, assumindo um posicionamento de “isso tinha que ser assim” ou “sou assim
pensamentos se tornam verdade absolutas, com uma forma restrita de se ver o mundo.
A escrita desse capitulo tem por intenção provocar a reflexão sobre o quando as críticas
acima ainda se mostram presentes nos dias de hoje. Recorrentemente escuto termos como
necessário que tenhamos clareza ao que se refere essas expressões. Como já mencionado,
o conceito do vazio existencial é complexo, sendo que, os fatores sociais é um dos caminhos
para compreensão desse fenômeno, nos debruçarmos sobre a realidade que vivemos,
buscando olhar para essa relação entre macro e micro, é essencial para que não percamos
Obviamente, o aqui exposto são apenas breves apontamentos, sendo necessários estudos
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Manifestações e riscos do sentimento de vazio existencial
O uso da palavra “sentimento” de vazio existencial aponta que esse fenômeno não
encontrar e concretizar o sentido, ainda que, em alguns períodos da vida, possa haver essa
existencial não pode ser compreendida como neurose no sentido tradicional do termo e nem
como uma doença. Isso não significa que esse fenômeno não apresente manifestações de
risco, que requerem alerta e acompanhamento, podendo sim evoluir para um quadro
sintomatológico. Nesse caso, em que se desenvolve a neurose noogênica, não podemos falar
da pessoa-espiritual, mas sim, que a causa é de temática existencial, na qual haverá uma
sintomas na dimensão psíquica e física, ou seja, o vazio não é um adoecimento, mas pode
realidade, com o cuidado de não decair em um pessimismo, mas sim, cultivar o otimismo de
acreditar no sentido como possibilidade incondicional. Frankl aponta que é a vida que
pergunta o que pode esperar de nós e respondemos essa indagação na forma como nos
posicionamos frente aquilo que faz parte da nossa condição enquanto seres humanos,
inclusive diante da tríade trágica - dor, culpa e morte -. Poderemos ter ao longo da nossa
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visão corre o risco de ficar turva pelo sofrimento, porém, é justamente no autêntico e digno
exercer o mais autêntico da nossa humanidade ou, do contrário, corremos o risco de adotar
a realidade que lhe é imposta, transformando o mundo que a cerca e edificando o monumento
da sua existência. A pessoa é escritora da sua história, que será, enquanto condição
existencial, marcada por dores e amores. As limitações são pura matéria-prima, da qual
podemos extrair e construir algo de significativo. Contudo, reforço que, de maneira alguma,
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completo estado de felicidade. O que não significa que momentos de felicidade não sejam
importantes para a Logoterapia, mas sim, que é compreendida enquanto efeito do sentimento
de realização de sentido. A busca do sentido nos coloca em tensão, as vezes nos exigindo o
enfrentamento, a saída da nossa zona de conforto, a entrar em contato com nossos temores,
as vezes pede de nós o recolhimento, o silêncio, o contato com nosso íntimo, as vezes nos
pede deixar que as lágrimas escorram, que as palavras não bastem, que admitamos nossas
confusões, as vezes que desfrutemos da colheita, que reafirmemos nossos alicerces, que
saibamos reconhecer nossas conquistas e por aí vai. Sem roteiro, passo a passo ou regras,
renúncia a capacidade de escolha, a vida vai tomando forma segundo terceiros. O sentido
não é algo a ser imposto, inventado ou criado, e quando há essa tentativa, corre-se o risco de
seguindo o que a maioria faz, como efeito manada. Ou, aceitando sem o mínimo de reflexão
o que lhe é imposto, agindo a partir das expectativas alheias, caindo em um totalitarismo.
de frustração existencial até de uma completa sensação de falta de sentido. A busca pelo
sentido clarifica a distância entre o ser e o dever-ser, apontando para a unicidade, para o lugar
que cabe a cada um. Um desvio dessa busca poderá levar o sujeito a cada vez mais se
latente sendo mascarado por comportamentos compensatórios. Como tentativa de fugir desse
sentimento, o sujeito concentra sua atenção e esforços na busca pelo prazer e poder. Assim,
há a tentativa de preencher esse vazio com conteúdos efêmeros, uma tentativa que se torna
incessante e auto anulativa, visto que, tanto o poder quanto o prazer são temporários, sendo
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o meio e o efeito para a vontade de sentido. Com isso, a vida vai se tornando cada vez mais
O sujeito passa a se relacionar no modo “como isso pode me servir? ”, não é difícil refletir
sobre os riscos dessa conduta, as pessoas e o mundo se tornam meras coisas, meros objetos,
Quando manifesto, o vazio existencial pode vir acompanhado do tédio, como uma
e perante algo. Assim, a pessoa que vivencia esse fenômeno vai se desvinculando da vida,
não consegue captar as possibilidades que a vida lhe apresenta, com dificuldades de se
conectar com algo ou alguém que faça a vida voltar a ter cor e sabor, como se tudo ficasse
meio morno e cinza. O sujeito correrá o risco de se fechar cada vez mais, podendo se sentir
paralisado frente a vida e decaindo no niilismo, ou seja, em uma total descrença, não só sobre
a vida, mas também sobre o mundo e sobre si mesmo. Por fim, Frankl (2011, 2016, 2016,
2019, 2020, 2021) aponta que o fenômeno do vazio existencial pode se manifestar
Obviamente, não significa que todos os casos serão resultados de um sentimento de vazio
existencial, esses são comportamentos complexões que requerem um olhar para inúmeros
fatores. Mas a Logoterapia apresenta o conceito de vazio como uma possibilidade, chamando
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Atuação profissional frente ao fenômeno do vazio existencial7
Se antes a busca por acolhimento das inquietações existenciais era apenas nas figuras
para a psiquiatria e a psicologia: saber atuar frente a queixa de uma sensação de ausência –
existencial. Perguntas como: “Para que estou aqui? Qual a importância do que estou fazendo?
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A indicação de leitura para este capítulo é a obra “Psicoterapia e sentido da vida”, lançado em 2016
pela editora Quadrante. Por curiosidade, o conteúdo desse livro é o manuscrito que Frankl levou e
perder nos campos de concentração, sendo uma leitura fundamental para a compreensão da
Logoterapia.
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Qual o sentido dessa situação? Por que sofremos? ”, entre outras que apontam para a
fazendo parte da prática dos profissionais da saúde. Contudo, a saúde ainda é vista de forma
ao considerar a dimensão noética. Com isso, o risco é reduzir essas inquietações a meros
sintomas e tratar a queixa da sensação de falta de conteúdo significativo para a vida como
doença.
sua contribuição é para qualquer tipo de queixa. Mas, se apresenta como uma abordagem
trazer a luz essa luta pela realização espiritual do ser humano. Quando o profissional realiza
bem coloca Frankl na citação inicial, tratar o segundo caso em termos médicos, como uma
doença a ser curada, uma inquietação a ser apaziguada, um sintoma a ser medicado, e não
como um desafio a ser enfrentado, é tirar do (a) paciente os frutos da sua busca pelo sentido.
A Logoterapia é uma abordagem que coloca o (a) paciente em confronto com o sentido,
não tenta tranquilizar a pessoa frente aos seus questionamentos existenciais, mas sim,
mobilizá-la para a resposta, propiciando essa dose de tensão saudável. Tampouco é uma
justificar como meros efeitos de causas psicológicas. Porém, cuidado, o olhar sempre será
para a pessoa integral em relação ao mundo, ou seja, as dimensões psíquica e biológica serão
mediador existencial, com disponibilidade para estar junto com aquela pessoa singular, sendo,
portanto, cada atendimento único. É preciso escuta atenta, percebendo como a pessoa se
relaciona com seus conteúdos e como atua no mundo, como se posiciona frente a vida e se
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A Logoterapia visa proporcionar que a pessoa-espiritual efetive sua autenticidade, a
quando realizadas, a conduzirão para o seu dever-ser. O foco não é apenas no ser, mas no
desvelamento do sentido, na busca por ações nas situações concretas. Para tanto, é preciso
que a atuação profissional colabore para o aguçamento da consciência, para a percepção das
escolhas e para que o (a) paciente se ocupe da vida de forma responsável, orientado (a) pela
indagações sobre a vida sejam consideradas e acolhidas, em que a busca pelo sentido da
vida não seja algo a ser evitado ou apaziguado, para que, assim, o (a) paciente confie na sua
Uma vida preenchida de conteúdos de sentido, faz com que essa sensação de vazio se
Para tanto, é preciso reconectar a pessoa com sua dimensão noética, a colocando em
abertura para a vida. Isso porque o encontro do sentido não se dá por vias racionais e
reflexivas, sendo que essa tentativa pode ser bastante perigosa, deturpando o sentido, que
não pode ser inventado, ser mera expressão do si mesmo e ser encontrado por meio de um
autocentrismo. O sentido de vida se encontra na vida, em relação a esse polo objetivo que é
autotranscendência.
desenvolver. Quando há restrição ou bloqueio com essa dimensão, tais recursos não se
capacidade de tomar distância de si mesmo, sendo necessário para que a pessoa possa
autodistanciamento confirma essa liberdade para a tomada de atitudes autênticas, pelo qual
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a pessoa ao invés de completamente se identificar com seus condicionantes – sejam eles
psíquicos, físicos ou sociais -, os utiliza como matéria-prima para ser construtor (a) de si
dessa posição individualista, fechada em si mesmo, para uma abertura, para o encontro de
sentido, são as categorias de valores de criação, de vivência e de atitude, ou seja, por meio
da sua capacidade criativa, de criar e entregar algo ao mundo, por meio da sua capacidade
pessoal. Por último, ressalta-se que a Logoterapia possui embasamento fenomenológico, não
sendo uma abordagem indutiva, não cabendo ao profissional indicar o sentido. A atuação
deverá ser guiada pelo respeito e de forma descritiva, para que a própria pessoa se aproxime
profissional pode é, principalmente em casos mais graves, apelar para o sentido como
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Quando a vida parece não ter mais sentido
Caro leitor decidi escrever esse último capítulo dedicado a qualquer um que tenha se
identificado com algumas das colocações desse e-book, nessa parte minha escrita terá menos
o objetivo teórico e mais vontade de deixar algumas palavras finais de cuidado e afeto. Na
assolou e me deixou sem qualquer perspectiva de futuro. Claro que não pretendo aqui fazer
um relato pessoal da minha história, muito menos dar dicas de como você pode encontrar o
sentido. Pretendo apenas o inspirar a confiar que, em algum momento, o sentido voltará a
brilhar. De fato, há situações tão dolorosas que no momento em que estamos vivenciando
tamanha dor, é difícil enxergar qualquer possibilidade de sentido, nos restando atravessar
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com coragem a tempestade. Frankl menciona que o sentido é como o sol, sempre presente
É preciso paciência, o que não significa resignação, tenhamos cuidado para não nos
colarmos ao sofrimento e não deixamos que a dor nos tire o fundamental e a vontade de
amores que já encontramos, cada sentido já concretizado compõe a nossa existência. Cultivar
a esperança pode ser um desafio, mas não percamos de vista o olhar também para o futuro,
para a confiança em dias de sol, porque o sentido como possibilidade incondicional é guia da
existência. Muito da vida não se explica, por mais que a gente tente! Não há respostas para
aconteceu comigo? ”, é doloroso. Que possamos nos voltar para onde for possível reencontrar
o caminho!
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Voltar a se abrir para a vida e o mundo, depois de um longo período de dor e reclusão,
requer serenidade. A vida já não é a mesma, precisamos redescobrir como viver diante da
realidade que estamos. Precisamos redescobrir quem nos tornamos, a partir de tudo o que
enfrentamos e do que ainda devemos enfrentar. Mas essa não deve ser uma jornada solitária!
Que possamos nos cercar de pessoas que nos iluminem, que nos são força e apoio. E que,
aos poucos, também possamos voltar a ser luz resplandecente. Por mais que, as vezes
escutemos ao contrário, afirmo aqui que cada um de nós é insubstituível! Cada um de nós
tem seu lugar nesse mundo, e o mundo precisa de pessoas que assumam esse lugar.
Transformar o mundo não é tarefa de uma pessoa só, é de todos nós! Mas cada um poderá
contribuir da sua forma, única e especial. Compartilho que as palavras aqui escritas são de
alguém que não só estuda as ideias de Frankl, mas que também confia profundamente no
sentido da vida.
Me coloco inteiramente disponível para quem desejar entrar em contato comigo, seja
para esclarecer qualquer dúvida teórica, seja para conversar sobre a vida. Acredito piamente
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que juntos poderemos tornar o mundo um lugar melhor! Espero que essa tenha sido uma
proveitosa leitura e finalizo o e-book com um que poema eu adoro, de Cora Coralina:
E-book escrito pela Psicóloga Raissa Daniella Correa Gomes para o Instituto Freedom
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Lista de referências
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