Ensaios Sobre Violência & Criminalidade
Ensaios Sobre Violência & Criminalidade
Ensaios Sobre Violência & Criminalidade
2020
MARCELO DAVI SANTOS
2020
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Federal do Ceará
Biblioteca Universitária
Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________________
Prof. Dr. Fabricío Carneiro Linhares (Orientador)
Universidade Federal do Ceará (CAEN/UFC)
_____________________________________________________________________
Prof. Dr. Ricardo Brito Soares
Universidade Federal do Ceará (CAEN/UFC)
_________________________________________________________________
Prof. Dr. Nicolino Trompieri Neto
Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE)
Universidade de Fortaleza (UNIFOR)
___________________________________________________________________
Prof. Dr. Alexsandre Lira Cavalcante
Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE)
___________________________________________________________________
Prof. Dr. Ernesto dos Santos Vasconcelos
Universidade Federal do Ceará (FEAACS/UFC)
RESUMO
Em meio à crescente literatura sobre o tema, essa tese buscou, por meio de três artigos,
contribuir para a análise e o entendimento da Violência & Criminalidade (V&C).
Assim, esta tese compreende uma aplicação de três ensaios empíricos/econométricos
sobre os determinantes e os impactos da V&C em estudos de casos para o estado do
Ceará (Capítulo I e II) e o município de Fortaleza (Capítulo III). O primeiro capítulo
tem como objetivo investigar, com base na Economia do Crime, a relação causal, no
sentido de Granger, entre as condições socioeconômicas (nível renda per capita,
salário real médio, desemprego, inflação, encargos tributários, gastos públicos com
Segurança Pública, desenvolvimento do mercado financeiro local, entre outros
determinantes) e taxa de crimes contra o patrimônio (roubos e furtos) e contra a vida
(CVLI) no Ceará para o período compreendido de 2009 a 2019. Para tal, empregam-se
os testes de Causalidade de Granger, com expansão recursiva e variando no tempo,
propostos por Shi et al. (2018) para identificar as direções de causalidade, e se estas,
mudam no tempo. Os resultados mostram a importância de modelar a causalidade em
uma estrutura dinâmica que acomode as possíveis mudanças na relação causal entre
tais variáveis decorrentes de não linearidades durante o período amostral. No segundo
capítulo é construído um indicador macroeconômico para previsão das taxas de crimes
de CVLI, roubos e furtos. Estudamos como a contribuição das variáveis nesse
indicador muda no tempo. Tal indicador é estimado utilizando o filtro de Kalman e
métodos bayesianos e cobre vários aspectos financeiros segundo Koop e Korobilis
(2014). Examinamos também a função impulso-resposta (FRI) em relação ao
indicador. Para tal, emprega-se um modelo VAR com coeficientes variando no tempo
e aumentado por fatores (TVP-FAVAR). Diante dos resultados apresentados verifica-se
que no Ceará, a V&C e a performance macroeconômicas nos últimos anos caminham
juntas lado a lado, principalmente decorrente de baixos salários, a falta de emprego ou
a ausência de políticas públicas que fomentem a geração de emprego & renda, podem
estar colaborando para aumentos das taxas de crimes de homicídios, roubos e furtos.
Estes aumentos também podem estar relacionados às questões de territorialização do
crime. O terceiro capítulo busca estimar uma FRI espacial com o objetivo de entender
como os choques de criminalidade se propagam no tempo e espacialmente nos bairros
de Fortaleza (especificamente bairros híbridos). As estimações econométricas, que
incorporam a dependência espacial, se fundamentam na abordagem do modelo
espacial dinâmico com dados em painel proposto por Brady (2011), no qual emprega
uma modelagem autoregressiva, ou seja, em que uma das variáveis explicativas seja a
variável dependente defasada. Diante dos resultados apresentados, verifica-se que
houve um processo de difusão espacial das taxas de roubos e furtos, na cidade de
Fortaleza. Ademais, observa-se a existência de dependência espacial positiva, ou seja,
áreas com elevada taxa de crimes possuem vizinhos, também, com elevadas taxas de
roubos e furtos. Estas duas evidências sugerem que a distribuição dos crimes contra o
patrimônio na capital cearense não ocorre de forma aleatória em seu espaço
geográfico. Como exemplos de ações específicas que poderiam ser desenvolvidas nos
locais mais vulneráveis á questões socioeconômicas e criminais, Medeiros et al. (2015)
apontam: (i) à melhoria dos equipamentos públicos como praças e parques; (ii) a
pavimentação de ruas e a iluminação pública; (iii) o saneamento básico e a coleta de
lixo; (iv) o maior acesso aos serviços de saúde; (v) a ampliação de políticas de geração
de empregos e (vi) a oferta de educação em tempo integral, entre outras ações.
Palavras-chave: Violência & Criminalidade. Economia do crime. Segurança Pública.
Condições socioeconômicas. Geoespacial.
ABSTRACT
Amid the growing literature on the subject, this thesis sought, through three articles, to
contribute to the analysis and understanding of Violence & Criminality (V&C). Thus,
this thesis comprises an application of three empirical/econometric tests on the
determinants and impacts of V&C in case studies for the state of Ceará (Chapter I and
II) and the municipality of Fortaleza (Chapter III). The first chapter aims to investigate,
based on the Economy of Crime, the causal relationship, in Granger's sense, between
socioeconomic conditions (level of per capita income, average real wage,
unemployment, inflation, tax charges, public spending on Public Security, development
of the local financial market, among other determinants) and crime rate against property
(robberies and larcenies) and against life (CVLI) in Ceará for the period from 2009 to
2019. For this, the tests of Granger's causality, with recursive expansion and varying in
time, proposed by Shi et al. (2018) to identify the directions of causality, and if they
change over time. The results show the importance of modeling causality in a dynamic
structure that accommodates possible changes in the causal relationship between such
variables due to non-linearities during the sample period. In the second chapter, a
macroeconomic indicator is constructed to predict CVLI crime rates, robberies and
larcenies. We studied how the contribution of variables in this indicator changes over
time. Such an indicator is estimated using the Kalman filter and Bayesian methods and
covers several financial aspects according to Koop e Korobilis (2014). We also
examined the Impulse-Response Function (FRI) in relation to the indicator. For this, a
VAR model is used with coefficients varying over time and increased by factors (TVP-
FAVAR). In view of the results presented, it appears that in Ceará, V&C and
macroeconomic performance in recent years go hand in hand, mainly due to low wages,
the lack of jobs or the absence of public policies that encourage the generation of jobs
& income , may be helping to increase crime rates for homicides, robberies and
larcenies. These increases may also be related to the territorialization of crime. The
third chapter seeks to estimate a spatial FRI with the objective of making sense of how
crime shocks spread over time and spatially in Fortaleza neighborhoods (specifically
hybrid neighborhoods). The econometric estimates, which incorporate the spatial
dependence, are based on the approach of the dynamic spatial model with panel data
proposed by Brady (2011), in which it uses an autoregressive modeling, that is, in
which one of the explanatory variables is the variable outdated dependent. In view of
the results obtained, it appears that there was a process of spatial diffusion of crime,
robberies and larcenies rates in the city of Fortaleza. In addition, there is a positive
spatial dependence, that is, areas with a high crime rate have neighbors, also with high
rates of robberies and larcenies. These two evidences obtained that the distribution of
crimes against patrimony in the capital of Ceará does not occur randomly in its
geographic space. As examples of specific actions that will be developed in places that
are most vulnerable to socioeconomic and criminal issues, Medeiros et al. (2015) point
to: (i) the improvement of public facilities such as squares and parks; (ii) the paving of
streets and public lighting; (iii) basic sanitation and garbage collection; (iv) greater
access to public health services health; (v) expanding job creation policies and (vi)
offering full-time education, among other actions.
Keywords: Violence & Crime. Economy of crime. Public security. Socioeconomic
conditions. Geospatial.
AGRADECIMENTOS
Aos colegas de curso, em especial, aos amigos Prof. MSc. Pedro Rafael
Fernandes (UERNE/RN), Prof. Doutoranda Nydiane Araújo (FEAACS/UFC), Prof.
Dr. Ernesto Vasconcelos (FEAACS/UFC), Prof. Dr. Felipe Bastos (UFC/Sobral),
Analista Doutorando Ramon Lucas (CAEN/UFC), Economista Renan Paiva
(FECAP/SP) e Prof. Dr. Débora Lima presidente da Comissão de Segurança Pública
da OAB/RMF (CSP/OAB/RMF).
Figura 05: FRI para a taxa de roubos na Região Leste – Fortaleza/CE ...........................96
Figura 06: FRI para a taxa de roubos na Região Oeste – Fortaleza/CE .........................97
Mapa 2: Taxa média por 10 mil hab. de roubos e furtos, segundo os bairros de
Fortaleza/CE (2010-2014)...............................................................................................85
Mapa 4: Taxa média por 10 mil hab. de roubos e furtos, segundo os bairros de
Fortaleza/CE (2015-2019)..............................................................................................87
LISTA DE GRÁFICOS
1. INTRODUÇÃO.. ............................................................................................................. .1
3. METODOLOGIA .......................................................................................................... 14
3.1 Estratégia Econométrica .......................................................................................... 14
3.1.1 Teste de Causalidade de Granger dinâmico .................................................... 16
3.2 Fontes de dados e variáveis selecionadas ................................................................ .17
3.2.1 Crimes Violentos Letais e Intencionais - CVLI .............................................. .17
3.2.2 Crimes Violentos contra o Patrimônio - CVP.................................................. .18
3.2.3 Furtos ............................................................................................................... .18
3.2.4 Indicadores econômicos .................................................................................. .18
3. METODOLOGIA .......................................................................................................... 41
3.1 Estratégia Econométrica .......................................................................................... 41
3.2 O modelo TVP-FAVAR e suas variantes .................................................................. 44
3.3 Combinação Dinâmica de Modelos (Dynamic Model Average - DMA) ................... 47
3.4 Fontes de dados e variáveis selecionadas ................................................................ .49
20
3. METODOLOGIA .......................................................................................................... 75
3.1 Estratégia Econométrica .......................................................................................... 75
3.1.1 Modelo econômico geoespacial do crime ........................................................ 75
3.1.2 Matriz de contiguidade espacial (Wnxn) ........................................................... 76
3.1.3 Funções de impulso-resposta (FRI) espaciais e projeções locais ..................... 77
3.2 Fontes de dados e variáveis selecionadas ................................................................ .79
3.2.1 Indicadores de roubos e furtos em nível de bairros ......................................... .79
3.2.2 Indicadores econômicos .................................................................................. .79
1. INTRODUÇÃO
Durante os anos seguintes, no Plano Real, o que se passa é uma queda brusca
da inflação, aumento da renda domiciliar per capita e diminuição do número de pobres,
bem como uma tímida redução da desigualdade. Os autores ainda observam uma
correlação, para os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, entre os períodos de maior
deterioração dos condicionantes sociais e a trajetória crescente dos homicídios.
A Economia do Crime iniciada por Becker (1968) tem como um dos seus
pressupostos que o comportamento de um potencial criminoso se baseia em benefícios
monetários relativamente aos custos para efetivar um crime. A hipótese fundamental do
trabalho do autor é de que os agentes econômicos são racionais e de tal forma que
maximizam seus ganhos quando tomam a decisão de cometer um crime.
Assim, uma pessoa comete um delito se a utilidade esperada para ela exceder a
utilidade que seria obtida ao utilizar seu tempo e recursos em uma outra atividade.
Portanto, algumas pessoas se tornam “criminosas” não porque sua motivação básica
seja diferente, mas porque seus benefícios e custos diferem. Praticamente todas as
diversas teorias concordam que, mantidas as outras variáveis constantes, um aumento na
probabilidade de condenação ou punição de uma pessoa, se condenada, em geral
diminui, talvez substancialmente, talvez de maneira negligenciável, o número de delitos
por ela cometidos’ (BECKER, 1968, p. 176).
Warner e Pierce (1993) buscaram avaliar a partir das chamadas telefônicas para
a polícia fez um cross-section de 1.980 localidades na vizinhança de Boston/EUA, em
1960. Para isso, os autores, utilizaram uma versão alternativa do modelo, no qual
tomava em conta o efeito derivado da interação das variáveis explicativas. Ao passo em
que pobreza teve um coeficiente significativo e com o sinal esperado pela teoria, a
10
Cano e Santos (2001), com base em uma estimação por MQO para o ano de
1991, encontraram evidências acerca de uma correlação positiva entre taxas de
urbanização e taxas de homicídios nos estados brasileiros, ao mesmo tempo em que não
puderam evidenciar a relação desses últimos com a desigualdade da renda e educação.
14
3. METODOLOGIA
𝑦 = Φ𝑥 + 𝑒 , (4)
( ↛ )
𝑊 (𝑙 ) = 𝑅 𝑣𝑒𝑐 Φ ′𝑅 Ω ⨂(𝑋 ′𝑋 ) 𝑅′ 𝑅 𝑣𝑒𝑐 Φ , (5)
( ↛ ) ( ↛ )
𝑆𝑊 = 𝑠𝑢𝑝 𝑊 (𝑙 ): 𝜅 ∈ [1, (𝜆 − 𝜆 )] . (6)
( ↛ ) ( ↛ )
As sequências de 𝑆𝑊 e 𝑆𝑊 são então empregadas para determinar os
intervalos em que 𝐻( ↛ ), e/ou 𝐻( ↛ ), são rejeitadas. Por exemplo, se a sequência de
( ↛ ) ( ↛ )
apenas 𝑆𝑊 (ou 𝑆𝑊 ) excede seus valores críticos correspondentes no intervalo
[𝑇 , 𝑇 ], rejeitamos 𝐻( ↛ ), (ou 𝐻( ↛ ), ) e, portanto, temos suporte para a hipótese de
que fatores macroeconômicos Granger-causa criminalidade (ou criminalidade Granger-
causa fatores macroeconômicos) neste período.
(↛ ) (↛ )
𝑆𝑊𝐻 = 𝑠𝑢𝑝 𝑊𝐻 (𝑙 ): 𝜅 ∈ [1, (𝜆 − 𝜆 )] , (7)
onde,
(↛ )
𝑊𝐻 (𝑙 ) = 𝑇(𝜅) 𝑅 𝑣𝑒𝑐 Φ ′𝑅 𝑉 W𝑉 𝑅′ 𝑅 𝑣𝑒𝑐 Φ , (8)
𝑖 = 𝑠, 𝑐, 𝑗 = 𝑠, 𝑐, 𝑖 ≠ 𝑗, 𝑉 ≡ 𝐼 ⨂𝑄 com 𝑄 ≡ ∑ 𝑥𝑥 /𝑇(𝜅), 𝑊 ≡ ∑ 𝜀̂ 𝜀̂ /
𝑇(𝜅) com 𝜀̂ ≡ 𝑒̂ ⨂𝑥 , e 𝑇(𝜅) é o tamanho da subamostra 𝑙 .
17
3.2.3 Furto
Entende-se por Furto o ato de subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia
móvel. No furto não há violência ou grave ameaça, que difere do roubo por ser
praticado mediante grave ameaça ou violência à pessoa. A quantidade será definida pela
soma dos (as) ocorrências/registros oficiais de todos os tipos de furtos praticados no
estado. Estão inseridas nesta categoria de crime as ocorrências, a saber: (i) furtos de
carga, (ii) veículo, (iii) documentos, (iv) placa de veículo, (v) furto qualificado
(arrombamento) e (vi) outros.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nesta seção serão apresentados os principais resultados dos testes de
Causalidade de Granger dinâmico proposto por Shi et al. (2018). A hipótese nula (𝐻 )
é que a conjuntura macroeconômica cearense não Granger-Causa criminalidade
(𝐻( ↛ ), ). Ressalta-se que em todos os casos, consideramos um VAR com as duas
variáveis (indicadores macroeconômicos versus índices criminais) em questão e o
indicador de gastos com segurança. Além disso, foi restringido o VAR para ter no
mínimo 36 meses e a ordem do mesmo foi selecionada pelo critério de informação
Bayesiano (BIC).
Conforme os resultados das estimações observa-se que em 2016 foi o ano que
mais apresentou rejeições de não haver relações de Causalidade de Granger entre os
indicadores econômicos e a taxa de homicídios por 100 mil habitantes. Em julho e
agosto de 2016, do conjunto dos trinta e três indicadores macroeconômicos apenas treze
(39%) rejeitaram a hipótese nula (H0) de não Causalidade de Granger, ou seja, entre
esse intervalo temporal a tendência de V&C no estado poderia ser explicada pela
conjuntura econômica local.
21
Por outro lado, entre os anos de 2011 e 2013, observa-se que neste intervalo de
tempo, nota-se que todos os indicadores apresentaram nenhuma relação de causalidade,
no sentido de Granger, com as taxas de homicídios, roubos e furtos. A hipótese H0 não
foi rejeitada, mostrando que durante o período supracitado, existiam outros fatores, que
não seria de natureza econômica, que poderiam explicar o comportamento da
criminalidade e da violência no Ceará (ver Gráfico 1).
Com relação aos resultados para a taxa de roubos, conforme a figura 01,
constata-se que entre os anos de 2016 e 2017, foram os períodos com maior incidência
de relações de Causalidade de Granger entre os indicadores econômicos e a taxa de
roubos por 100 mil habitantes. Em contrapartida, entre os anos de 2012 e 2013 bem
como o primeiro semestre de 2019, foram os períodos amostrais em que, todos os
indicadores apresentaram nenhuma relação de Causalidade de Granger com a taxa de
roubos. Neste sentido, estes resultados mostram que durante estes períodos identificados
pelos testes recursivos, fatores relacionados à conjuntura econômica cearense não
estariam explicando/influenciando a tendência crescente da criminalidade e violência no
estado.
22
Fonte: IPECE. Nota: (1) Dados preliminares e sujeitos a revisão. Atualizado em 30/09/2019.
Além disso, Chalfin e McCrary (2017) encontraram uma forte correlação entre
criminalidade e massa salarial do que entre crime e desemprego. Para os autores, a
participação no crime está associada a um conjunto de custos fixos, o crime é mais
sensível às variáveis de longo prazo do mercado de trabalho, como nível de capital
humano e salários, do que desemprego, que é tipicamente temporário. Além disso, em
qualquer tempo, o número de indivíduos empregados em funções de baixos salários
supera amplamente o número de desempregados, o que faz com que o nível salarial para
27
homens de baixa qualificação, por exemplo, tenha um papel mais relevante no estímulo
ao crime do que o desemprego.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em vista disso, uma política pública que objetiva reduzir o crime nas suas
diversas tipificações, também precisa propor estratégias/medidas para reduzir as
disparidades de renda, o nível de desemprego, aumentar a produtividade do trabalho,
reduzir o custo do trabalhador na economia (taxa de inflação, nível de salário real, taxa
real de juros accessível, entre outros) e fomentar um crescimento econômico
sustentável.
1. INTRODUÇÃO
Destaca-se ainda, que um outro fator que conspirou a favor do aumento dos
homicídios, entre 2016 e 2017, em alguns estados, sobretudo do Norte e do Nordeste,
foi a guerra desencadeada entre as duas maiores facções penais no Brasil (Primeiro
Comando da Capital-PCC e Comando Vermelho-CV) e seus parceiros locais que,
motivadas pelo método de expansão do PCC para conquista de novos territórios e
cobranças de taxas para o narcotráfico, e não aceita pelos grupos regionais eclodiu, em
meados de 2016, gerando número recorde de mortes no Acre, Amazonas, Pará,
Pernambuco, Rio Grande do Norte, e em especial no Ceará.
Assim, de acordo com o Atlas da Violência (2020, p. 13), com base em dados
de registros policiais, a taxa de crimes violentos letais intencionais diminuiu
substancialmente nos anos de 2018 e 2019, nas seis unidade federativas onde a guerra
do narcotráfico foi mais intensa. Todavia, o que dizer do futuro em relação a esses
conflitos? Sem prejuízo da racionalidade nas orientações dos líderes das grandes
facções criminosas, a tensão e as precárias condições nos estabelecimentos de execução
penal no país tornam esse ambiente sempre um barril de pólvora, cujo rastilho pode se
acender a qualquer momento, por razões pontuais e inesperadas. Por seu turno, a
presunção sobre a correlação de forças entre as facções pode mudar ao longo do tempo,
gerando novos incentivos para guerras, onde, podem ser observadas na volatilidade das
estatísticas cearenses de V&C.
Assim, a trégua entre facções é sempre instável e cíclica, o que pode ocasionar
novos conflitos a partir dos próximos anos. Reunindo os quatro fatores causais aqui
analisados, fica uma grande incerteza sobre a tendência da criminalidade para os
próximos anos, na medida em que, se a demografia e a experiência acumulada de boas
políticas públicas influenciam no sentido de diminuir os homicídios, roubos e furtos a
política armamentista e a instabilidade no processo de guerra e paz entre as facções
penais conspiram a favor da ocorrência de mais mortes.
32
Desta forma, nos últimos cinco anos, a segurança pública e V&C são alguns
dos temas mais debatidos entre vários setores da sociedade cearense. As soluções para
tais assuntos são algumas das medidas mais demandadas às instituições públicas no
estado, as quais alocam consideráveis somas de gastos/investimentos em tais áreas.
Além disso, atualmente, uma ampla discussão é realizada a respeito da influência do
crescimento e desenvolvimento econômico local sobre os índices de criminalidade por
um lado, e da repressão policial e segurança pública, por outro (JÚNIOR, 2014, p. 1).
esta forte diferença. Entre 2002 e 2010, ambos os parque apresentaram uma evolução
similar, quase igual, com o Ceará crescendo 22,2% e o Nordeste, 22,5%. Já quando se
considera o período de 2011 a 2018, o cenário passa a ser de retração e com
intensidades distintas entre o Ceará e a Região. Nesse período, a produção cearense
encolheu 17,7%, enquanto a redução regional foi de 4,0%. Essses resultados podem ser
vistos em IPECE (2019, p. 269).
Desta forma, enquanto, nos últimos cinco anos o estado se mostrou um típico
gigante chinês na economia, por outro lado, na segurança pública isso pouco pôde ser
notado. Segundo os dados da SSPDS/CE, no acumulado de 2017, se comparado com o
mesmo período de 2016, foi registrado um aumento vertiginoso de 50,66% nos
homicídios, passando de 3.407 para 5.133 casos, com o aumento representando 1.726
vidas não salvas entre o período supracitado. Considerado o pior resultado dos últimos
11 anos até agora. Após dois anos seguidos de queda (2018/2019), o número de mortes
violentas no estado do Ceará disparou em 2020, passou de 2.257 em 2019 para 4.039
em 2020 (78,95% de aumento).
Para Fajnzylber e Araújo Júnior (2001, p. 4) “os aumentos nas taxas de crime,
os elevados custos a elas associados e a crescente importância dada ao assunto em
pesquisas de opinião, têm levado os governos e a sociedade civil a encarar o problema
da V&C como um dos mais sérios obstáculos ao desenvolvimento econômico e social”.
Assim, o desafio dos gestores locais é o de formular e implementar políticas que
permitam prevenir e reduzir o crime e a violência. Para tanto, é de “fundamental
importância o desenvolvimento de pesquisas que permitam avançar na compreensão das
causas desses fenômenos, assim como a geração de bases de dados que permitam
monitorar e melhorar o nosso entendimento das tendências espaciais e temporais da
criminalidade”, conforme salienta Fajnzylber e Araújo Júnior (2001, p. 4).
Gillani et al. (2009, p. 11) buscaram investigar a relação entre crime e vários
indicadores socioeconômicos, como desemprego, pobreza e inflação no Paquistão no
período de 1975 a 2007. As propriedades estacionárias dos dados em séries temporais
são examinadas usando o teste Augmented Dickey-Fuller (ADF), enquanto os testes de
Cointegração de Johansen e Causalidade de Granger são aplicados para identificar as
possiveis relações de longo prazo entre as variáveis. As conclusões dos testes fornecem
evidências da existência de uma relação de cointegração de longo prazo entre crime,
desemprego, pobreza e inflação. Os resultados dos testes Causalidade de Granger
mostram que o crime no Paquistão é causado pelo desemprego, pobreza e inflação.
A razão para uma possível relação entre desemprego e crime é que a taxa de
desemprego em um país é um indicador complementar das oportunidades de renda no
mercado de trabalho legal. Portanto, quando a taxa de desemprego aumenta as
oportunidades de obtenção de renda diminuem, o que instiga os indivíduos a cometer
crimes. Além disso, os custos de cometer crimes diminuem para os trabalhadores
desempregados. Com relação ao nível de pobreza, observa-se que os pobres têm renda e
recursos limitados para satisfazer seus desejos e vontades. Famílias de baixa renda
apresentam baixo poder econômico que resulta em baixo padrão de vida.
Além disso, baixa renda e aumento de preços (inflação) tem efeito instigante ao
crime, reduzindo o limiar moral do indivíduo. Portanto, para o autor, as pessoas na
pobreza são induzidas a cometer crimes. Por fim, a estabilidade do nível geral de preços
é um dos principais objetivos dos formuladores de políticas para trazer a estabilidade
macroeconômica ao país. Assim, o aumento dos preços resulta na diminuição da renda
38
real dos indivíduos, o que reduz o poder de compra dos indivíduos pertencentes ao
grupo de baixa renda. Essa situação os obriga a aumentar sua renda para manter seus
padrões de vida existentes por meios legítimos ou ilegítimos, incluindo atividades
criminosas (GILLANI et al., 2009, p. 15-16)
Gumus (2004) usa uma grande quantidade de dados das cidades dos EUA para
investigar empiricamente os determinantes do crime em áreas urbanas, usando a técnica
de regressão MQO/OLS. Os resultados indicam que a desigualdade de renda, a renda
per capita e a presença da população negra são determinantes importantes do crime nas
áreas urbanas. A taxa de desemprego e as despesas policiais também têm um efeito
importante na determinação do crime.
3. METODOLOGIA
3. Modelo VAR heterocedásticos de grande dimensão e com parâmetros variando ao longo do tempo
(TVP-VAR). Em seguida, os resultados destes foram comparados aos de diversos modelos competidores,
incluindo VAR clássico, VAR bayesiano (BVAR), modelos VAR aumentados com fatores dinâmicos
(FAVAR), passeio aleatório, entre outros.
4. Vale ressaltar que tais previsões foram avaliadas com base na média dos erros de previsão ao quadrado
(MSFE), na soma da log-verossimilhança preditiva, no erro de previsão ao quadrado acumulado e com
base na metodologia model confidence set (MCS) de Hansen et al. (2011), a qual permite selecionar,
dentre um conjunto de modelos, aqueles que podem ser considerados estatisticamente superiores aos
demais (CALDEIRA et al. 2015, p. 2).
43
Assim, a construção do IPM para previsão das taxas de homicídios (ou CVLI),
roubos e furtos é feita aplicando-se a metodologia proposta por Koop e Korobilis
(2014), que visa estimar um fator comum não observável entre um conjunto de
variáveis por métodos de espaço de estado e o filtro FK, interpretando este fator comum
como um índice das condições macroeconômicas. De acordo com os autores, tal
construção deve obedecer às três questões fundamentais: (i) a seleção do conjunto de
variáveis para a composição do indicador; (ii) a relação entre o índicador e as variáveis
macroeconômicas (nesse caso, as taxas de criminalidade) e (iii) os pesos dados para
ponderar tais variáveis.
bastante geral e flexível permitindo variação temporal tanto nos coeficientes quanto
nas cargas dos fatores e volatilidade estocástica. Esta configuração é especialmente
adequada ao caso cearense comparativamente aos modelos mais restritos, dadas as
transformações no ambiente macroeconômico no período considerado (2009-2019),
nas quais o estado passou, citando como exemplos a mudança do regime de controle
cambial para o sistema de metas de inflação, a mudança no ambiente político
ocorrida em 2010 e a ocorrência das crises financeiras da década de 2014.
𝑥 =𝜆 𝑦 +𝜆 𝑓 +𝑢 (1)
𝑦 𝑦 𝑦
𝑓 = 𝜃 + 𝐵 , 𝑓 + ⋯+ 𝐵 , 𝑓 +𝜀 (2)
45
` ` ´
𝜆 = 𝜆 , 𝜆 (3)
` ` ´
𝛽 = 𝜃 ` , 𝑣𝑒𝑐 𝐵 , , ⋯ , 𝑣𝑒𝑐 𝐵 , (4)
Por fim, assume-se que estes vetores comportem como passeios aleatórios da
forma:
𝜆 =𝜆 +𝑣 (5)
𝛽 =𝛽 +𝜂 (6)
Os modelos descritos nas equações (1), (2), (5) e (6), são denominados de
modelos TVP-FAVAR. Os autores também consideraram várias restrições a esses tipos
de modelos que resultam em outros modelos multivariados bastante conhecidos, a
saber:
46
(i) VAR aumentado por fatores (FAVAR): este modelo é obtido a partir
da especificação TVP-FAVAR sob a restrição de que tanto 𝛽 quanto
𝜆 são invariantes no tempo (𝑊 = 𝑅 = 0);
A estimação do modelo (1) não é uma tarefa trivial, dado que tanto os fatores
quanto suas cargas não são observáveis. Assim, neste trabalho, para lidar com tal
dificuldade utilizou-se um algoritmo iterativo de dois estágios baseado no dual linear
Kalman filter, que atualiza os parâmetros 𝜑 = (𝜆 , 𝛽 ) dada uma estimativa de 𝑓
inicial (dado pelo componente principal de 𝑥 : ), e em seguida, atualiza o fator 𝑓
condicionando na estimativa de 𝜑 .
𝑓 ~𝑁(0,4)
𝜆 ~𝑁 0, 4 × 𝑉 ( )
𝛽 ~𝑁(0, 𝑉 )
𝑉 ≡ 1×𝐼
𝑄 ≡ 1×𝐼
𝜋 | , ≡
47
4, 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑜𝑠 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑐𝑒𝑝𝑡𝑜𝑠
𝑉 = (7)
, 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑛𝑎 𝑑𝑒𝑓𝑎𝑠𝑎𝑔𝑒𝑚 𝑟 (∀𝑟 = 1, ⋯ , 𝑝)
O algoritmo básico baseado no dual linear Kalman filter de acordo com Koop
e Korobilis (2014) se resumo assim: o primeiro passo, (i) é iniciar as condições iniciais
do algoritmo para estimação do TVP-FAVAR, a partir dos parâmetros: 𝜆 , 𝛽 , 𝑓 , 𝑉 , 𝑄 ;
em seguida, obtém-se uma estimativa do(s) componente(s) principal(is), 𝑓 . O segundo
passo, (iii) é estimar os coeficientes variando no tempo (𝜑 ), dado 𝑓 : estima-se as
matrizes 𝑉 , 𝑄 , 𝑅 , 𝑊 , e 𝑊 usando Variance Discounting; e por fim, estima-se 𝜆 e
𝛽 , dado 𝑉 , 𝑄 , 𝑅 , 𝑊 , usando o filtro e o suavizador de Kalman (Kalman filter and
smoother-KFS). A terceira etapa consiste em estimar 𝜆 dado 𝜑 usando o filtro e o
suavizador de Kalman (Kalman filter and smoother-KFS). A seção a seguir apresenta o
procedimento de estimação do método bayesiano da combinação dinâmica de modelos
(DMA).
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
𝑥 =𝜆 𝑦 +𝜆 𝑓 +𝑢 (8)
𝑦 𝑦 𝑦
( ) ( ) ( ) ( )
( ) =𝑐 + 𝐵, ( ) + ⋯+ 𝐵, ( ) +𝜀 (9)
𝑓 𝑓 𝑓
( ) ( )
Onde 𝑥 é um subconjunto de 𝑥 , e 𝑓 é o índice IPM sugerido pelo modelo
𝑀 . Como 𝑥 tem tamanho n, há um máximo de 2 − 1 = 65.535 combinações de
variáveis econômicas que podem ser usadas para extrair esse índice.
48
Como há incerteza quanto à qual destes modelos deve ser o escolhido, utiliza-
se o método de combinação dinâmica de modelos (isto é, o DMA) em que os pesos
atribuídos a cada modelo variam ao longo do tempo. Segundo Raftery et al. (2010), o
modelo DMA aproveita a informação gerada por diferentes modelos, reduzindo a perda
de dados relevantes, e, simultaneamente, também permite que a ponderação/peso de
cada modelo varie, levando em conta que um mesmo modelo pode apresentar diferentes
performances em períodos distintos.
𝜋 | ,
𝜋| , = (9)
∑ 𝜋 | ,
𝜋 | , ( | : )
𝜋|, = (10)
∑ 𝜋 | , ( | : )
5
Raftery et al. (2010) consideram 𝛼 = 0,99. Koop e Korobilis (2014) consideram 𝛼 ∈ (0,95; 0,99).
Raftery et al. (2010) mostram que o BMA padrão é um caso especial do DMA com 𝛼 = 𝜆 = 1.
6
Ao longo deste artigo, as informações anteriores até o momento 𝑡 serão denotados por índices 1: 𝑡. Por
exemplo, os subscritos: 𝐷𝑎𝑑𝑜 : = (𝐷𝑎𝑑𝑜 , 𝐷𝑎𝑑𝑜 , ⋯ , 𝐷𝑎𝑑𝑜 ).
49
Por fim, a aplicação do DMA permite que o modelo de previsão mude ao longo
do tempo, além de que são considerados modelos parcimoniosos, evitando problemas de
superposição. Assim, conforme definido por Koop e Korobilis (2014), podemos calcular
o número esperado de variáveis/parâmetros (series macroeconômicas) do subconjunto
de indicadores utilizados no cômputo do índice IPM do Modelo j, da seguinte forma:
𝐸(𝑛 )= ∑ 𝜋 | , ×𝑛 −1 (11)
Mercado de Trabalho,
Nível de Preço;
Atividade Econômica;
Finanças Públicas; e
Violência & Criminalidade (V&C).
7. Note que em (11) subtraímos 1 (um), pois a variável Índice de Atividade Econômica Regional do
BACEN (IBCR) foi incluída em todos os modelos. Isto é, a variável AE7 é fixa, está presente em todos os
modelos estimados para fins de estabilidade conforme Koop e Korobilis (2014, p. 6).
50
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 Índice IPM estimado pelo método da combinação dinâmica de modelos (DMA)
DMA Factor
4,00 0,30
0,20
3,00
0,10
2,00 0,00
-0,10
1,00
-0,20
0,00 -0,30
abr-11
out-11
abr-12
out-12
abr-13
out-13
abr-14
out-14
abr-15
out-15
abr-16
out-16
abr-17
out-17
abr-18
out-18
abr-19
out-19
jan-11
jan-12
jan-13
jan-14
jan-15
jan-16
jan-17
jan-18
jan-19
jul-11
jul-12
jul-13
jul-14
jul-15
jul-16
jul-17
jul-18
jul-19
0,40
60,00
DMA Factor
50,00 0,20
40,00 0,00
30,00
-0,20
20,00
10,00 -0,40
0,00 -0,60
mai-11
mai-12
mai-13
mai-14
mai-15
mai-16
mai-17
mai-18
mai-19
jan-11
jan-12
jan-13
jan-14
jan-15
jan-16
jan-17
jan-18
jan-19
set-11
set-12
set-13
set-14
set-15
set-16
set-17
set-18
set-19
60,00 0,30
Taxa de ocorrências
50,00 0,20
DMA Factor
40,00 0,10
30,00 0,00
20,00 -0,10
10,00 -0,20
0,00 -0,30
jan-11
abr-11
jan-12
jan-15
jan-17
jul-11
out-11
abr-12
jul-12
out-12
jan-13
abr-13
jul-13
out-13
jan-14
abr-14
jul-14
out-14
abr-15
jul-15
out-15
jan-16
abr-16
jul-16
out-16
abr-17
jul-17
out-17
jan-18
abr-18
jul-18
out-18
jan-19
abr-19
jul-19
out-19
De acordo com o Gráfico 12, o salário mensal médio (CAGED) apresenta uma
probabilidade de 100% a partir do 2º semestre de 2012 e o salário mínimo real
(DIEESE) com mesma magnitude probabilística a partir do 1º semestre de 2015. O
salário mínimo real (DIEESE) com tamanha magnitude só pode ser explicado a partir de
dois pontos de vistas: (i) primeiro a perspectiva de retomada econômica para superar os
anos de crises econômica de 2013 e 2014; e (ii) segundo a magnitude do salário mensal
médio (CAGED) no interstício 2012 a 2014 os ganhos obtidos na economia que
apresentaram taxas razoavelmente baixa de desemprego.
2
0
mai-10
mai-11
mai-12
mai-13
mai-14
mai-15
mai-16
mai-17
mai-18
jan-10
jan-11
jan-12
jan-13
jan-14
jan-15
jan-16
jan-17
jan-18
set-10
set-11
set-12
set-13
set-14
set-15
set-16
set-17
set-18
8. Entende-se por preditores grupos de variáveis explicativas que, possivelmente, ajudem a prever os
valores futuros da V&C para algum horizonte de tempo.
61
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
1. INTRODUÇÃO
11. É importante também salientar que está distribuição espacial leva em conta a densidade demográfica
dos bairros da capital bem como as ocorrências criminais que ocorriam no ano de 2017, ano de
planejamento e implantação do sistema de atuação através da definição de áreas de segurança. Para mais
detalhes sobre o agrupamento dos bairros por AIS em Fortaleza ver: www.sspds.ce.gov.br.
69
Dito isso, na “Cidade Terra Luz”, Fortaleza, o tema V&C tem constituído, cada
vez mais, ponto de comentários e discussão nos vários segmentos sociais, bem como
nos meios de comunicação. O aumento desta, em geral, e das formas de criminalidade
em particular, em especial as de homicídios, tem grande repercussão social, com efeitos
sobre o modo de vida urbano. Em termos de distribuição espacial da V&C, a análise
relativa ao número de homicídios e de registros de roubos e furtos, revelou que nos
últimos 12 anos as maiores participações no total dessas ocorrências no estado, estão
concentradas boa parte no território de Fortaleza.
furtos em solo cearense, ficando a frente, dos territórios do Interior e da RMF, nos quais
registraram, nessa ordem, a cifra de aproximadamente: (i) 36,66% (16.059 homicídios)
e 21,08% (356.768 ocorrências de roubos e furtos) e (ii) 24,11% (10.564 homicídios) e
14,89% (181.359 ocorrências de roubos e furtos) no acumulado supracitado. De acordo
com Monteiro (2011) “a cidade de Fortaleza é uma cidade onde a desigualdade
socioeconômica pode ser facilmente percebida”. Essa configuração se mantém quando
se considera a distribuição dos crimes nas comunidades. Além disso, o número de
vítimas e de registros de roubos e furtos varia consideravelmente entre os bairros
localizados na capital.
Haja vista essas considerações, o estudo que se segue busca resposta para o
problema: qual o impacto dos fatores macroeconômicos (por exemplo, nível da
atividade econômica, nível dos preços locais, taxa de desemprego, desigualdade de
renda, índice de pobreza) sobre a distribuição geoespacial da V&C. Para tanto, o estudo
leva em consideração a hipótese de que a incidência criminal nos meios urbano dos
bairros da cidade de Fortaleza exprime uma situação de dependência espacial, fazendo
com que as variações nos determinantes da criminalidade em certo bairro provoquem
mudanças na taxa criminal deste e em seu conjunto de vizinhos.
Em uma das mais recentes pesquisas nacionais, Garcia Neto et. al. (2017)
analisaram as taxas de crimes contra patrimônios dos municípios do estado de São
Paulo no ano de 2015. Por meio de técnicas geoestatísticas foi possível observar que a
distribuição espacial entre os municípios estava relacionada com a criminalidade do
estado. Além disso, o estudo constatou que maiores níveis de emprego contribuem para
uma redução no número de crimes, em contrapartida, uma maior densidade
populacional somada à características de desigualdade social foram apontados como os
maiores determinantes na incidência de crimes contra o patrimônio.
3. METODOLOGIA
𝑦 = 𝜌𝑊𝑦 + 𝛼𝑦 + 𝛽𝑥 + 𝛿 + 𝑢 (3)
12. Para mais detalhes sobre tipologia de Matrizes de Pesos ou Ponderação Espacial ver Capítulo 3 em
ALMEIDA, E. S. Econometria Espacial Aplicada. Curso de Mestrado em Economia Aplicada,
Universidade Federal de Juiz de Fora, 2010.
77
distâncias geográficas dos centróides. No entanto, neste estudo será utilizada a primeira
opção.
, ã
𝑊∗ = , ã ã (1)
∗ , ∀𝑖 ≠ 𝑗.
𝑤 = ∑ ∀𝑖 = 1,2, ⋯ 58. (2)
0, ∀𝑖 = 𝑗.
𝑦 = 𝐴 𝑦 +𝐴 𝑦 + ⋯+ 𝜀 +𝐵 𝜀 + ⋯+ 𝐵 𝜀 (4)
78
𝑦 = 𝐴 𝑦 +𝐴 𝑦 + ⋯+ 𝐴 𝑦 +𝑣 , (5)
em que:
𝑣 , =∑ 𝐴 𝑦 +𝜀 +∑ 𝐵𝜀 (6)
13. Essa decomposição implica que qualquer termo discreto estacionário de um processo estocástico pode
ser separado em um par de processos não correlacionados em que um é determinístico e o outro é uma
média móvel.
79
14. Para mais detalhes dos conceitos e definições da tipificação criminal de roubos e furtos, ver Seção
Metodológica no Capitulo I.
80
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para efeito desse estudo serão considerados apenas 113 bairros híbridos, pois
foram desconsiderados desmembramentos de bairros posteriores a 2010, como por
exemplo: criação dos bairros do Aracapé (Mondubim), Olavo Oliveira (Quintino
Cunha), Novo Monbubim (Vila Manoel Sátiro) e Parque Santa Maria (Ancuri). Além
disso, os bairros De Lourdes e Papicu foram considerados um só, assim como São
Bento e Paupina, Conjunto Ceará I e Conjunto Ceará II, Praia do Futuro I e Praia do
Futuro II. Isto porque para fins de áreas de interesse, a SSPDS/CE não fazia distinção
entre eles.
15. Indicadores como a taxa por cem mil habitantes são proporcionais ao tamanho da população em
questão, logo, eles permitem comparar populações (regiões, países, municípios, cidades, bairros, etc) de
tamanhos diferentes. O cálculo da taxa por 100 mil/habitantes é feito por meio do quociente entre o
número total de crimes ocorridos no ano e a população registrada no mesmo ano, multiplicado por 100
mil habitantes. No entanto, neste estudo foi calculada a taxa conforme o tamanho da população dos
bairros, por exemplo: (i) Regiões com população ≥ 100 mil habitantes multiplicar por 100 mil; (ii)
Regiões entre 50 mil ≤ População < 100 mil habitantes multiplicar por 10 mil; e (iii) Regiões com
população < 50 mil habitantes multiplicar por 1.000.
83
Por outro lado, o que chama a atenção é que, os bairros com menor
desempenho criminal composto pelos bairros Guajeru, Sabiaguaba, Coaçu, Floresta,
Curió, Dendê e Parque Presidente Vargas, estão localizados numa região de periferia
(baixo IDH), os mesmos concentraram apenas 0,48% das ocorrências na capital
cearense entre 2010 e 2014.
suas casas ou apartamentos bem como impõe o tribunal do crime “lei do vai pro saco”
caso algum morador cometa certos delitos, em especial, roubar ou furtar na região.
Mapa 1:
Número de ocorrências de roubos e furtos, segundo os bairros de Fortaleza/CE (2010-2014).
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da SSPDS/CE.
Mapa 2:
Taxa média por 10 mil hab. de roubos e furtos, segundo os bairros de Fortaleza/CE (2010-2014).
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da SSPDS/CE.
Além disso, podemos observar que, apesar dos bairros Aldeota e Centro sempre
se apresentarem como protagonistas nesta hierarquia criminal, para ambos os períodos
amostrais (2010-2014 e 2015-2019), os mesmos registraram queda de aproximadamente
10,74% e 2,66%, nessa ordem, entre os períodos supracitados.
86
Note que, apesar dos bairros Dendê e Jardim Cearense sempre se apresentarem
como anfitriões nesta hierarquia criminal, os mesmos registraram um crescimento
vertiginoso de aproximadamente 255,35% e 199,85%, respectivamente, entre os
períodos (2010-2014) e (2015-2019).
Mapa 3:
Número de ocorrências de roubos e furtos, segundo os bairros de Fortaleza/CE (2015-2019).
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da SSPDS/CE.
87
Mapa 4:
Taxa média por 10 mil hab. de roubos e furtos, segundo os bairros de Fortaleza/CE (2015-2019).
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da SSPDS/CE.
Por outro lado, averígua-se que as localidades com menores taxas médias ou
desempenho em atividade delituosa (cor vermelho claro na legenda do mapa 4) se
situam, em sua maioria (de 13,52 até 200,00 casos por 100 mil habitantes), na região
leste. Os bairros com menores taxas foram, nessa ordem: Floresta (13,52), Dendê
(22,26), Dom Lustosa (27,09), Planalto Ayrton Senna (27,25), José de
Alencar/Alagadiço Novo (44,54), Jardim Cearense (51,47), Alto da Balança (52,26),
Cais do Porto (53,38) e Paupina (55,75).
88
Tabela 2 - Estimações para o modelo de painel dinâmico geoespacial para taxa de roubos.
Parâmetros/Regressores OLS IV1 IV2
0,4848 0,2001 0,2007
Coeficiente espacial (𝜌)
(0,0175)** (0,0249)** (0,0249)**
0,5352 0,5871 0,5871
Taxa de roubos(t-1)
(0,0186)** (0,0100)** (0,0100)**
8,8962 -8,5604 -9,3164
Índice de Atividade Econômica
(4,7421)*** (5,1081)*** (5,2055)***
-2,8573 0,4458 0,1831
Custo da cesta básica
(0,8720)** (0,8911) (0,8990)
-0,0008 -0,0017 -0,0018
Saldo do emprego
(0,0004)** (0,0004)** (0,0004)**
Teste SAR 6,5767 114,69 131,04
P-Value 0,0103** 0,0000** 0,0000**
Fonte: Elaboração própria (2020). Nota: Os resultados apresentados são para regressões feitas através de mínimos
quadrados ordinários e mínimos quadrados em dois estágios. As colunas nomeadas como IV1 e IV2 indicam os
modelos que utilizaram variáveis instrumentais, em IV1 foi considerado que o coeficiente espacial (ρ) é endógeno,
já em IV2 foi considerado que tanto a variável, assim como o coeficiente espacial (ρ) são endógenos. Os erros
padrões reportados estão corrigidos para heterocedasticidade em cada uma das regressões feitas. A hipótese nula do
teste SAR é de que a correlação espacial não é evidente nos resíduos, uma vez que essa hipótese foi rejeitada,
podemos admitir que existe correlação espacial. (*) indica que o coeficiente estimado é significativo a 1%, (**) é
significativo a 5%, enquanto que (***) indica que é significativo a 10%.
16. Os resultados para as variáveis dummy foram omitidos por razão de simplicidade na exposição das
tabelas.
89
Tabela 3 - Estimações para o modelo de painel dinâmico geoespacial para taxa de furtos.
Parâmetros/Regressores OLS IV1 IV2
0,5375 -0,0416 -0,0838
Coeficiente espacial (𝜌)
(0,0249)** (0,0730) (0,0741)
0,3124 0,3363 0,3376
Taxa de furtos(t-1)
(0,0361)** (0,0115)** (0,0115)**
2,2679 8,0986 9,9929
Indicador de Atividade Econômica
(5,1477) (4,9343)*** (5,0272)**
-0,2242 -2,5454 -3,1257
Custo da cesta básica
(0,9116) (0,6925)** (0,7105)**
0,0003 -0,0001 -0,0001
Saldo do emprego
(0,0003) (0,00005)** (0,00005)**
Teste SAR 353,13 - -
P-Value 0,0000** - -
Fonte: Elaboração própria (2020). Nota: Os resultados apresentados são para regressões feitas através de mínimos
quadrados ordinários e mínimos quadrados em dois estágios. As colunas nomeadas como IV1 e IV2 indicam os
modelos que utilizaram variáveis instrumentais, em IV1 foi considerado que o coeficiente espacial (ρ) é endógeno,
já em IV2 foi considerado que tanto a variável, assim como o coeficiente espacial (ρ) são endógenos. Os erros
padrões reportados estão corrigidos para heterocedasticidade em cada uma das regressões feitas. A hipótese nula do
teste SAR é de que a correlação espacial não é evidente nos resíduos, uma vez que essa hipótese foi rejeitada,
podemos admitir que existe correlação espacial. (*) indica que o coeficiente estimado é significativo a 1%, (**) é
significativo a 5%, enquanto que (***) indica que é significativo a 10%.
das taxas de roubos e de furtos dos vizinhos de primeira ordem tem em relação a
cada bairro é um fator significante e que o aspecto territorial (dependência e
heterogeneidade espacial)17 deve ser considerado na formulação das políticas
públicas de segurança local.
A partir das tabelas apresentadas, e com base nos resultados das estimações para
as taxas de roubos e de furtos, têm-se que as variáveis defasadas em um período (Taxa
de roubos(t-1) e Taxa de furtos(t-1)) se mostraram significativas ao nível de significância α
= 5%. Os valores dos coeficientes estimados da Taxa de roubos(t-1) e Taxa de furtos(t-1)
são, em média, aproximadamente de +0,57 e +0,33, respectivamente. Ou seja, em um
aumento de 1,00 unidade na taxa de ocorrências/casos de roubos e furtos para cada 10
mil habitantes com um mês defasados, em média, aumenta em 0,57 e 0,33 as taxas de
ocorrências de roubos e furtos nos bairros da capital de Fortaleza, o que mais uma vez
condiz com as afirmativas propostas no modelo de escolha racional de Becker (1968),
visto que o individuo avalia durante certo período se o custo do crime (aqui descrito
pelo nº de ocorrências de roubos e furtos) compensará os ganhos.
17. Para Anselin (2010) a heterogeneidade espacial é uma propriedade de um processo espacial cuja
média (ou "intensidade") varia de ponto a ponto. A dependência espacial é uma propriedade de um
processo estocástico espacial no qual os resultados em diferentes locais podem ser dependentes.
91
Por fim, Farias e Barros (2011) ressaltam que este cenário acarreta uma
distância cada vez maior entre as classes sociais possuidoras das condições de
concorrência, daquelas excluídas do sistema econômico, abrindo caminhos para os
atos ilícitos que proporcionam aos indivíduos possibilidades de participação no
mundo consumista e reconhecimento social. Sendo assim, o trabalho, torna-se
pouco compensador, na medida em que não oferece meios para a obtenção de um
nível de vida almejado e imaginado, como de sucesso.
94
Desta forma, tal resultado pode-se deduzir que conforme propõe a teoria da
escolha racional que o indivíduo desempregado analisará o custo-benefício de
cometer uma infração, decidindo por esta se seu retorno financeiro for maior.
Além disso, estas evidências, conforme foi destacado no presente estudo, são
preponderantes na literatura nacional (PEREIRA E CARREIRA FERNANDEZ, 2000;
SANTOS, 2008; ARAÚJO JÚNIOR E SHIKIDA, 2010; SANTOS E KASSOUF,
2011; UCHÔA E MENEZES, 2012; ARCARO E OLIVEIRA, 2016; JOHNSTON E
OLIVEIRA, 2016; OLIVEIRA E COSTA, 2019) e internacional (REILLY E WITT,
1992; SMITH et al. (1992); GROGGER, 1998; PAPPS E WINKELMANN, 2000;
RAPHAEL E WINTER-EBMER, 2001; GOULD et al., 2002; MACHIN E MEGHIR,
2004; NARAYAN E SMYTH, 2004; MOCAN E BALI, 2010; EDMARK, 2005;
DONGIL, 2006).
Destarte, o que se pode observar é que nos modelos para ambos os crimes,
foram encontrados evidências do “efeito motivação” tanto para roubos quanto para
furtos, ou seja, uma melhora nas condições econômicas dos bairros da Capital de
Fortaleza via políticas públicas que formentem o aumento da renda e do emprego será
capaz de reduzir ambos os crimes patrimoniais.
4.8 Efeitos da Perda do Poder de Compra das Famílias (custos da cesta básica)
19. Ressalta-se que a Itália passou por uma acentuada crise econômica de 2007 a 2011, período em que o
nível de renda da população caiu.
96
Com isso, temos que os bairros localizados na Região Oeste apresentam uma
sensibilidade muito maior a choques na média da taxa de roubos dos seus vizinhos
mais próximos do que os bairros situados na outra região em análise. Todas estas
evidências corroboram com as estimações do modelo de painel dinâmico espacial para a
taxa de roubos (IV1/IV2), onde o coeficiente espacial (𝜌) foi significante ao nível de
5%, com um impacto positivo da taxa média de roubos dos vizinhos mais próximos,
isto é, de 𝜌=0,20.
Desta forma, tanto para roubos quanto para furtos, os bairros pertencentes à
Região Oeste se apresentaram mais sensíveis à choques ocorridos no coeficiente
dinâmico espacial (mudanças na dinâmica da taxa média de roubos e furtos ao longo do
tempo). Também é importante apontar que no caso de furtos, a Região Leste apresentou
até mesmo um comportamento inversamente proporcional ao choque, indicando que a
variável em estudo atua diferentemente em razão da região analisada.
Resultados esses semelhantes aos encontrados por Oliveira (2019) que através
de regressões espaciais encontrou uma relação entre crimes violentos envolvendo
homicídios, roubos e lesão corporal com bairros mais pobres, possuindo efeito spillover
para bairros mais próximos que estejam em condições semelhantes, inferindo então que
a ausência de desenvolvimento local pode expor determinadas regiões à violência.
Por fim, apesar dos bons resultados encontrados, o estudo ainda carece de
melhorias metodológicas, como por exemplo, o modelo aqui estimado. De acordo com
Shen e Pag (2017) a metodologia utilizada por Brady (2011), por um engano, não
rejeita a hipótese nula do teste SAR, LM estatístico, de que há os resíduos não são
correlacionados espacialmente. Uma vez que o modelo utilizado por Brady teria
autocorrelação espacial no termo de erro, o modelo evidenciado pela negação da
hipótese nula no trabalho de Brady seria um SAR-AR. Dessa forma, Brady (2011) ao
falhar em encontrar autocorrelação espacial no termo de erro pode ter causado apenas
uma perda de eficiência podendo ainda ser considerada a estimação do modelo.
102
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo teve como objetivo analisar o comportamento das ações delituosas
envolvendo as ocorrências de roubos e furtos a partir de mudanças em variáveis
macroeconômicas e espaciais através de um modelo econométrico espacial dinâmico
para a cidade de Fortaleza utilizando tanto o modelo de Mínimos Quadrados Ordinários
(MQO), quanto o modelo de Mínimos Quadrados em Dois Estágios (MQ2E) que
também foi útil para a análise de função impulso resposta.
A análise de impulso resposta foi feita voltada para as regiões leste e oeste da
cidade de Fortaleza, assim como a cidade em sua totalidade. Os resultados foram
similares para roubos e furtos, mostrando que um choque no coeficiente espacial possui
um impacto positivo mais significativo na região oeste da cidade quando comparada
com a região leste, corroborando com outros trabalhos que utilizaram análise espacial
para investigar o comportamento da criminalidade sobre diferentes regiões da metrópole
cearense.
103
razoavelmente. O efeito residual da V&C cria, aos poucos, uma geração perdida, que
não deixará o crime mesmo que se estanquem imediatamente o desemprego e a
deterioração nos níveis de renda. A permanência na criminalidade teria raízes nos
ganhos auferidos com as ações criminosas e no grau de envolvimento com o crime,
atividade na qual, muitas destas pessoas em algum momento da vida, encontraram a
única forma de subsistência.
6. CONCLUSÕES GERAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANSELIN, L.; COHEN, J.; COOK, D.; GORR, W.; e TITA, G. Measurement and
analysis of crime and justice. Criminal justice, v. 4, n. 2, p. 213-262, 2000.
AUER, S. A Financial Conditions Index for the CEE economies. Bank of Italy,
Directorate General for Economics, Statistics and Research; 2017.
BLASIO, G.; MAGGIO, G.; e MENON, C. Down and out in Italian towns:
Measuring the impact of economic downturns on crime. Economic Letters, v. 146, p.
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