Mito Da Caverna e A Maçonaria
Mito Da Caverna e A Maçonaria
Mito Da Caverna e A Maçonaria
Poços de Caldas MG
31/03/2015
INTRODUÇÃO
"Criar e usar símbolos é uma função básica e natural da mente humana. Esta função se
manifesta em religião, arte, na conversa comum, e em ciência. Sem símbolos, ou sem
simbolizar, não podemos pensar sequer sobre a nossa consciência de simples relações físicas,
ou expressá-las."
"A função humana de simbolizar é essencial à atividade da fase subconsciente da mente. A
ignorância ou a repressão dessa função simbolizadora torna-a inconsciente e, portanto, fora do
controle do indivíduo, podendo levá-lo a um relacionamento inadequado com o ambiente e os
seus semelhantes (por confundir ele, inconscientemente, o seu mundo interior com a realidade
objetiva)."
"A compreensão de si mesmo e do não-Eu é expressa por símbolos; ao usarmos tais símbolos,
estamos também ajudando a aprofundar a nossa compreensão.
Os símbolos são um produto da compreensão e um valioso e eficaz recurso para a mesma."
"A percepção e a memória dependem parcialmente da simbolização."
"Símbolos mitológicos formulam conceitos sobre a natureza do universo e do
homem; comunicam esses conceitos sob a forma de mitos, e essa comunicação, com sua
vividez, ajuda a instruir e lembrar. "
"A única maneira de o homem expressar sua consciência de impressões e experiências
psíquicas e místicas é pela simbolização. Símbolos de harmonização, iluminação, e união
mística, são usados para fins de meditação."
Vemos, portanto, que os símbolos cumprem diversas finalidades psicológicas essenciais na
nossa vida em geral e, em particular, no nosso desenvolvimento
O Mito da Caverna e a Maçonaria
O mito da caverna é uma metáfora da condição humana perante o mundo, no que diz
respeito à importância do conhecimento filosófico e à educação como forma de superação da
ignorância, isto é, a passagem gradativa do senso comum enquanto visão de mundo e
explicação da realidade para o conhecimento filosófico, que é racional, sistemático e
organizado, que busca as respostas não no acaso, mas na causalidade.
Platão expôs o Mito da Caverna no Livro VII de “A República”. Este mito possui a forma de
um diálogo imaginário, do qual participam o filósofo Sócrates e os irmãos de Platão, Glauco e
Adimanto. Este mito é exposto como um retrato da ignorância humana e deve ser encarado
como a metáfora da nossa vida
Já o Mestre Maçom sente em sua carne o forte aperto em forma de “garra” que é
produzido pelo cumprimento de seu Irmão, cumprimento esse que por breves instantes
arremessa a nossa memória ao solene e significativo momento em que o mestre sentia que “a
carne se desprendia dos ossos” e um corpo era retirado do caixão e colocado de pé, sendo
firmemente apoiado por aquele que o amparava.
Dentre todos os símbolos que estão presentes neste terceiro e último grau da maçonaria
simbólica, desejo destacar o caixão como sendo um dos mais importantes porque, através dele,
o Mestre Maçom depara-se com a morte sob diferentes aspectos quando encontra-se na
Câmara do Meio.
Considero que a relação mais íntima com a morte seja representada pelo momento em que ele
resgata do caixão aquele que jazia inerte na escuridão e o traz para a luz. É, exatamente, neste
momento, que o Mestre personifica a sua sublime missão que é de conduzir e orientar os
demais Irmãos, de modo semelhante ao filósofo que retornou até as profundezas da caverna
com o intuito de esclarecer seus semelhantes que ainda estavam agrilhoados pela ignorância,
pelas crendices, pela falta de conhecimento e, principalmente, pela inércia provocada pela
desorientação.
Aquela caverna descrita por Platão já não mais existe na original forma de gruta, escura e fria,
porém continua no mesmo lugar, bem na nossa volta e está crescendo a cada dia que passa
como se fosse uma grande sombra a cobrir as pessoas obscurecendo o entendimento e
aprisionando o intelecto. Esta sombra lúgubre e sinistra se manifesta através da falta de cultura,
da atrofia mental daqueles que abandonaram o salutar hábito da leitura, da inversão de valores
de nossa sociedade, da adoção de costumes que contrariam o bom senso e a razão, da falta de
relações familiares e do total abandono da busca do crescimento interior.
A exemplo disso tudo, a cada dia que passa as pessoas viram as costas para a realidade e
prendem sua atenção às imagens que são projetadas num aparelho de televisão, onde, é
apresentado apenas um vago reflexo da verdadeira condição humana. Tal qual os homens que
estavam na escuridão da caverna à mercê de seus algozes, hoje vemos nossas crianças, desde a
tenra idade, sendo instruídas numa realidade de fantasia perniciosa e voraz. Vemos os jovens
expostos a toda sorte de valores distorcidos e contraproducentes, os quais conduzem à
imoralidade e ao desprezo à própria vida. Da mesma forma os adultos estão tolhidos diante das
novelas formadoras de opinião, dos reality-shows que demonstram um simulacro da vida.
Confundem-se nos noticiários tendenciosos, os quais distorcem os fatos e manipulam a opinião
pública de acordo com as suas conveniências e interesses.
Esta caverna continua crescendo cada vez mais e as sombras da sua escuridão atingem
proporções estratosféricas, quer seja através da propagação do mau gosto nas diversas
manifestações populares, na música, na literatura, no cinema ou na total falta de zelo pelas
tradições cívicas e morais da nossa sociedade.
A própria modernidade tem sucumbido aos frívolos encantos da anti-cultura que está
estampada na escuridão da caverna de Platão. Basta observarmos o advento da internet que
diariamente cresce numa progressão geométrica de desperdício de recursos tecnológicos, pois,
estatisticamente está comprovado por órgãos internacionais que oitenta por cento do uso da
internet tem servido para disseminação de pornografia, propagação de idéias torpes, oferta de
produtos inúteis e futilidades em geral. Isso faz com que uma crescente parcela da humanidade
volte as costas para o que é real e vá ao encontro da escuridão da fantasia na realidade virtual,
onde cada indivíduo pode, através da cumplicidade de um teclado e de um pseudônimo,
assumir um personagem que facilite a liberação das suas emoções mais ocultas e sentimentos
mais vis.
Outra grande parcela da sociedade encontra-se obscurecida pela ignorância da fé em crenças
vãs, sendo na sua grande parte atraídas pelas falsas promessas trazidas aos corações sofridos
dos humildes e dos necessitados. Vemos a ascensão de homens que sem escrúpulos, ética ou
senso moral atraem multidões para a escuridão onde impera a falta da razão e do
conhecimento. Legiões são inebriadas por dogmas e crenças antigas que já sucumbiram ao
tempo e atualmente não tem mais espaço na consciência humana e são mantidas apenas por
mero formalismo social.
Diante desta realidade. Considerando-se que o Mito de Platão é cada vez mais verdadeiro e
contemporâneo, compete aos homens que foram escolhidos e que ainda mantêm aceso o
archote da busca pelo conhecimento, transcender esta plangente realidade, principalmente para
os poucos que os cercam. A missão do Mestre Maçom é através do exemplo: zelar pela
perpetuação do uso da razão, instigar o crescimento cultural, fomentar o diálogo e instruir os
demais Irmãos fazendo com que nenhum deles se perca nos tortuosos caminhos que conduzem
ao interior da caverna.
O Mestre que retirou o corpo de seu Irmão do interior do Caixão de Hiram ou que resgatou o
Irmão das profundezas da ignorância, doravante terá a mais nobre das incumbências: deverá
ser um fiel adjutor almejando o crescimento anímico para que seu espírito evolua e transcenda
esta existência material, assim, consequentemente, ambos, Mestre e Aprendiz, serão dedicados
à prática das virtudes, devotar-se-ão à busca incessante do conhecimento superior, cultivarão
as tradições arcanas e, principalmente, desenvolverão os sentimentos de amor fraterno para
que a subida nos degraus da Escada de Jacó não seja em vão e méritos para toda a fraternidade.
Conclusão
"Quando digo que as pessoas que estão na caverna somos todos nós
é porque damos muito mais atenção às imagens do que àquilo que a realidade é.
Estamos lá dentro olhando uma parede, vendo sombras e acreditando que elas são reais."
José Saramago
Escritor português
Prêmio Nobel em Literatura em 1998
Desde que foi escrita há cerca de dois mil e duzentos anos, está alegoria tem servido de
inspiração para muitas ideias e pano de fundo para várias indagações referentes a realidade
humana. O homem que consegue se livrar dos grilhões é o filósofo, é o amante do
conhecimento, é aquele que busca a verdade. A sua viagem até a saída da caverna representa a
ascese da alma, ou seja, a prática das grandes virtudes, que através da dialética, sobe, como
degraus, o conhecimento sensível até o inteligível e a contemplação das ideias. O mundo
exterior são as próprias ideias. O sol, fonte da luz, no mito representa a ideia primaz da razão.
Sócrates é como o próprio filósofo do mito, pois, segundo a própria história, ao tentar mostrar
aos atenienses a verdade, foi por eles julgado e condenado à morte