John Murra - As Sociedades Andinas Anteriores A 1532
John Murra - As Sociedades Andinas Anteriores A 1532
John Murra - As Sociedades Andinas Anteriores A 1532
Io edição 1997
2 ' edi ção 1998
;
SUM á RIO
.
2 ' edição I " reimpressão 2004
2" edição, 24 reimpressão 2008
1' edição. 3“ reimpressão 2012
reimpr. - São Paulo: Editora da Universidade de Sã o Paulo; Bras ília . NOTA SOBRE MOEDAS F MF. DIDAS li
DF: Fundação Alexandre de Gusm ão, 2012.
Título original: The Cambridge History of Latin America. Pui IACIO GERAL 13
Bibliografia .
- -
ISBN 978 85-314 0412 2 - I ’ m i AGIO AOS VOLUMES I E II 19
dade acadê mica nem sempre tem consciê ncia da fragmentariedade em que
p » imanecem os registros. A arqueologia poderia ajudar , não fosse a posiçã o
marginal que os arqueólogos ainda mantê m nas rep ú blicas andinas ( em fla -
H. ianle contraste com o que acontece no M éxico ). É poss í vel que milh ões de
prions leram a ode de Pablo Neruda a Machu - Picchu e outros milh ões visi-
i n un o monumento, mas ningu é m sabe que segmento da sociedade inca
t > mini e o editor agradecem o auxilio de Ms. Olivia Harris, do Goldsmiths’ College,
I undres, na preparação final deste cap í tulo.
64
rem ” a coló nia, mas poucos arqueó logos se dedicam profissionalmente se — O ú nico estudioso importante nesse campo foi Marcos Jim é nez de la
65
é que algum o faz — a esse estudo, trabalhando no pró prio s í tio, incrustado
profundamente na paisagem quase vertical, ou nas t écnicas de constru ção
I qnula , que h á cem anos atrá s estava no apogeu de sua atividade , enquanto
(Mitluva a vida como conservador de anf íbios no Museu de Histó ria Natural
que distinguem Machu - Picchu de outros centros urbanos dos Andes. * h Madri . Paralelamente , Jim é nez publicou tanto as fontes que Prescott
Paradoxalmente , grande parte de per í odos mais antigos, alguns que I havia utilizado na forma de manuscritos quanto outras à s quais o estudioso
datam de centenas de anos antes dos incas, parecem mais acess í veis e tive - * la Nova Inglaterra jamais tivera acesso. Em 1908, quando Pietschmann des -
ram suas peças de cerâ mica minuciosamente estudadas; e os aspectos deco - • " hi iu em Copenhagen um texto realmente inaudito — uma “ carta ” de
rativos de outras técnicas, especialmente a tecelagem — a principal arte dos I ' 00 pá ginas ao rei da Espanha , escrita e ilustrada, por volta de 1615, por
Andes — foram todos catalogados , fotografados, preservados. Todavia,
quanto mais nos aproximamos de 1532 , é poca em que o Estado andino foi
mu í ndio ” andino — havia desaparecido a urgê ncia que Jim é nez sentira em
ruhlicar fontes prim á rias; passaram -se outros 28 anos antes que vissem a luz
dominado e estilha çado nas centenas de grupos é tnicos que o compunham , » ' queixas de Guaman Poma ( Nueva Coró nicu y Ihien Gobierno ) . Desde
menos possibilidade temos de obter conhecimentos através da arqueologia fHMo » novos textos ocasionais foram localizados , a maioria deles por
na forma como é praticada hoje, e mais temos de depender dos relatos escri l - Ih’ imann Trimborn , de Bonn , mas é digno de nota o quanto Prescott se
tos por aqueles que “ estiveram l á ” . • t inelha a Cunow ( 1896 ) , a Baudin ( 1928 ) , a Rowe ( 1946 ) , a Murra ( 1955 )
Esses relatos sã o not á veis sob alguns aspectos: no espa ço de dois anos após •ui . mais recentemente, a Hemming ( 1970 ). Todos eles utilizaram quase as
o desastre de Cajamarca , quando o rei Atahualpa foi capturado, foram publi - M U unas fontes, e se diferem é em quest õ es de interpreta çã o e ideologia.
cadas em Sevilha duas narrativas que descrevem esses acontecimentos, numa
é poca em que as comunicações transatl â nticas eram lentas e a impressão de
Nos ú ltimos trinta anos, foi removida uma parte do mist é rio, especial
nu nie com rela çã o ao Estado inca. Houve algum avan ço no entendimento
-
livros, perigosa . Uma delas foi o relato oficial do primeiro escriv ã o de Bizarro, iia articula çã o entre os grupos étnicos locais e os incas, através do estudo das
Francisco de Xerez, que se empenhou em demonstrar que o seu era o “ relato í hunandas litigiosas, ou dos registros demogr á ficos e tribut á rios compilados
verdadeiro ” ( Verdadera Relaciôn dc la Conquista del Peril \ 1534 ) ), pois outra na * primeiras d écadas de dom í nio espanhol. Ainda assim , é fato que a invcs-
testemunha ocular se lhe havia antecipado. Mesmo antes, numa feira anual lltyiMn de John H . Rowe sobre as organizações polí ticas dos Andes centrais
que se realizou em Lyon , vendedores ambulantes vendiam a negociantes do i In » a Culture at the Time of the Spanish Conquest ” , publicada h á quase
Reno e de Piemonte folhas impressas que descreviam o resgate de Atahualpa. quarenta anos, em 1946 , no Handbook of South American Indians ) permane -
-
Os estudiosos costumam queixar se das falhas desses relatos; todo espe - I M uma boa exposiçã o de nosso conhecimento etnográ fico. O exame da vida
cialista tem listas de quest ões importantes que permanecem sem resposta* , quotidiana e da organização dos Estados andinos continua sendo um traba -
Dan ças folcló ricas ainda hoje renovam o encontro dos incas com os solda - lho dc l òlego, a ser empreendido seriamente quando os arqueólogos e os
dos europeus, mas n ã o é poss í vel recuperar uma tradi çã o oral din ástica 450 « ui õ logos aprenderem a trabalhar juntos e quando as cinco rep ú blicas que
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anos após os acontecimentos. Alguns relatos antigos, feitos por estrangeiros,
sã o h á muito tempo de conhecimento geral , poré m n ã o restam muitos deles. M »t
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In rdeiras da tradi çã o andina -
Bol í via , Peru , Equador , Chile e Argenti
decidirem que essa heran ça lhes pertence realmente.
O século XIX foi o grande período de descoberta e publica çã o dessas antigas
descrições; antes mesmo que a maioria delas fosse impressa, W . El . Brescoii I nquanto isso , notamos que os primeiros observadores quinhentistas
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tivera acesso a elas. É not á vel como sua Conquest of Peru ( 1897 ) permanece ihtpganim a certas conclusões que os estudiosos modernos confirmaram .
• < atual , mais de 130 anos após sua publica çã o. Isso se deve menos à com - I m primeiro lugar , a paisagem n ã o se assemelhava a nada que j á houves -
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preensã o que Prescott tinha das civiliza ções pr é colombianas do que a * *
tempo escasso que os historiadores contemporâ neos dedicam à pesquisa dc *
•tftti visto antes ou de que tivessem ouvido falar, embora alguns fossem sol -
ihMhn que haviam lutado na Itá lia, no México, na Guatemala, em Flandres
novas fontes, al é m da mencionada superficialidade da arqueologia inca. M M na AIrica do Norte. Nos Andes, as montanhas eram mais altas, as noites
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66 das chuvas e das temperaturas eram inadequados e enganosos quan -
mais frias e os dias mais quentes , os vales mais profundos, os desertos mais
do aplicados a essa região. Para registrar os extremos andinos num per í odo
secos, as distâ ncias maiores do que as palavras poderiam descrever.
pialquer de 24 horas » Troll criou novos grá ficos. Cedo descobriu que a ter-
Em segundo lugar , o pa í s era rico e n ã o apenas em termos do que podia
MMimlogia cient í fica desenvolvida em outros lugares n ã o descrevia os climas
ser levado embora . Havia riqueza na quantidade de pessoas e em suas habi -
! •" us; tomou emprestado boa parte de seu vocabulá rio das prá ticas etno-
lidades, nas maravilhas tecnológicas observá veis na edificação, na metalur -
llfogr .dkas andinas. Evidentemente » pode -se encerrar o termo andino puna
gia , na constru çã o de estradas , na irriga çã o ou nos produtos t ê xteis
MMiitu caixa marcada “ estepe" , ou “ savana " , mas isso implica uma s é ria
( “ depois que os crist ã os levaram tudo o que queriam , ainda parecia que
nada havia sido tocado" 1 ) . I ' * i d » i de especificidade. Essas pradarias tropicais, mas altas e frias, são culti -
Em terceiro lugar , o dom í nio estava sob o controle de um prí ncipe havia
Vml »! N h á muito tempo, talvez antes mesmo que todas as á rvores fossem cor-
« d ti ; durante mil énios a maioria dos povos andinos viveram nesse local .
pouco tempo , cerca de trê s ou quatro gera ções antes de 1532 . E desde os pri - j
N 'lo apenas os incas, porém as mais antigas estruturas pol í ticas ( Tihuanaco,
meiros dias após a vit ória espanhola em Cajamarca, pessoas mais atentas se
MH . UI ) surgiram na puna; T roll interpretou isso como um indicativo impor-
perguntavam como havia ru í do com tanta facilidade essa autoridade que
Mui * this potencialidades que a maioria dos observadores contemporâ neos
governava tantos povos distintos por sua geografia particular.
nfln conseguem apreender .
Embora basicamente verdadeiras, cada uma dessas conclusões é pass í vel
Sn recentemente é que a agricultura andina começou a atrair a atenção
de uma reelabora ção. Conquanto localizada inteiramente nos trópicos, a
|ln * agrónomos. A f á cil adaptação de variedades europé ias e africanas culti -
geografia andina tem poucas semelhan ç as funcionais para o homem de
outras latitudes , se é que existe alguma . As regi ões povoadas mais densa - ,
vadas — cevada , cana - de - a çú car , uva , banana — mascarou o apego dos
mente , por exemplo , est ã o també m situadas em altitudes extremamente ele-
.MJ » 1 « ultores a culturas resistentes , domesticadas no local , perfeitamente
vadas . Em 1532 ( e , na verdade, ainda hoje ) havia muito mais habitantes no rfditpt . idas âs condições andinas. Ningué m sabe quantas dessas variedades
alto planalto ao redor do lago Titicaca do que em qualquer outro lugar . Isso *• » •0 » » cultivadas em 1532; muitas delas desapareceram e outras ainda perma -
H » " " MI cm condi ções de baixo rendimento , apesar do seu valor nutricional já
intriga não apenas os planificadores internacionais; mesmo os economistas
locais frequentemente revelam sua exaspera çã o . V ê em uma popula çã o jMmrtdo. Quando se estudam os muitos tubé rculos ( dos quais a batata é
•q » « iuis o mais famoso ) ou o tarwi ( um tremoço rico em gorduras ) ou a
muito grande, assolada pela fome, tentando cavar um meio de vida sob con-
di ções que para o estranho urbano parecem as mais inauspiciosas. Por que
hnun'ii ( um cereal cultivado em grandes altitudes e rico em prote í nas ) ou a
uma população agr í cola t ã o numerosa insistiria em cultivar num local onde,
Mli . t de coca que sacia a sede, percebe - se quão autóctone e quão antigo era
|i itimplexo agr í cola andino . Algumas das culturas ( milho , batata - doce )
a qualquer ano , pode -se esperar trezentas noites de geada , ou mais?
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no final da d écada de 20 , quando o estudioso alemão Carl Troll realizou tra -
balhos de campo na Bol í via . Em 1931 , Troll publicou o que ainda é a ú nica
ftU * MI grande quantidade, embora algumas fossem altamente valorizadas
unem exóticas.
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- No entanto , nas condi ções andinas n ão era suficiente ter conseguido H
U discussã o de maior prest í gio dos muitos e diversos “ bolsões ” na paisagem z
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< MHI . I adapta çã o ao local . A terra de qualquer espécie é muito pouca . As boas t/s
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vs criada pela grande proximidade entre si de altas montanhas, desertos costei - : <
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ros e ú midas plan í cies amaz ó nicas 2 . Troll observou que os tradicionais piftUgcns podem estar muito distantes. Mesmo que se comparassem os pro -
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4 M| |de dois ou três pisos vizinhos , n ã o se podia fornecer as bases para uma
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gi iiidi população ou para a formação de um Estado . Se os povos andinos
</3 I. Francisco de Xerez, Verdadera Relation de la Conquista del Peru [ 1534 ) , Madrid , 1947, p. 334 . I
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u 2 - Carl Troll , “ Die geographische Grundlagen der Andinen Kulturen und des Inkareich íC ,
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^rm evitar a fome, encher seus pró prios celeiros e os de seus senhores M
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- 9 » 1 » u %c » , leriam de enfrentar as bruscas mudan ças das condições geográ fi - C
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Ibero Americanisches Archiv , Berlim , 1931 , vol . V. Cf. també m Idem, The Geo ecology o ) lhe c/s
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< M * nilo só como híwJicaps ou limitações , mas també m como vantagens em <
< Mountainous Regions of the Tropical Americas, Bonn , 1968.
68 69
potencial . Isso foi conseguido nos Andes mesmo por grupos humanos qiMiulo lhe perguntaram se os í ndios nos campos de coca eram nativos da região, [ o
pequenos no in ício e que no curso de um ú nico ano teriam de pescar, cole - tfllhor local de Queros ] disse que havia tr ês í ndios no campo de coca de Picho -
tar alimentos e cultivar em v á rios pisos. Com o aumento de sua população, imu It iy. um deles de Pecta , outro de Atcor e um terceiro de Guacor e que estavam
foram forçados a buscar recursos em locais cada vez mais distantes: na U desde a é poca dos incas; e, quando morre uma de suas mulheres ou eles mesmos
regiã o costeira desértica abaixo , se viviam na cordilheira ocidental; ou na limitem , sã o substitu í dos por outros, e no campo de coca de Chinchao havia outros
floresta das encostas andinas , se habitavam a cordilheira oriental . • I ih í ndios, um de Rondo e outro de Chumicho.
mil ; quando reunidas num Estado como a Tahuantinsuyo dos incas, seu * ndnkias, outros colonos pastoreavam camel ídeos , cavavam sal , cortavam
total podia alcan çar cinco milhões ou mais 3. Aumentos nas dimensões di\ madeira ou cultivavam pimenta e algod ão. No vale de Huallaga , tanto as
comunidade pol í tica causavam mudan ças na localização e nas fun ções duil IMIIMH de coca quanto o sal eram partilhados por pessoas de fora da vizi -
col ó nias espalhadas. No vale de Huallaga, no que hoje é o Peru central , ai HliiUiV i imediata: alguns dos extratores de sal eram relocalizados a uma dis -
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primeiras investiga ções europé ias identificaram v á rios grupos é tnicos , < »
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» IH < i t ile seis a oito dias de “ casa ” .
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maior dos quais , o Chupaycho , alegava ter quatro mil fam í lias no sistema
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\ n principais col ónias nessa região estavam localizadas um pouco abaixo da
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a inca de contagem decimal . Outros nesse vale relataram apenas quatrocentai IIMII » » dos três mil metros, numa finco, o local de encontro de duas zonas ecoló- o
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5. Garci Diez de San Miguel , Visita Hecha a In Provinda de Chucuito [ 15671, l ima , 1964, p.
vinham de muito longe9.
A especializa çã o das t écnicas tornou -se impl ícita no pró prio padr ã o de
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Thierry Saignes, “ De la filiation á la résidence: les ethnics dans les vallces de la Larecaja ” ,
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I I « IfVni is espalhadas. Os mitmacs eram també m responsá veis nas á reas cober -
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u Annalcs, Economics , Sociétés, Civilisations ( AESC ) , 33( 5-6 ): I 160 - 1 181 , 1978. Trata -se de
• de á rvores pelas ta ças e pratos de madeira; os que viviam nas praias o
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I " dum secar peixes e algas comest í veis, mas també m coletavam guano. Em z
uma edi çã o especial dos Annalcs sobre a antropologia hist ó rica dos Andes, editada por <
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•» caravana que vinha das montanhas periodicamente trazia tubé rcu -
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w, lohn V . Murra e Nathan Wachtel. ‘
I » " ueros básicos, mas també m carne, l ã e outros artigos, inclusive milho
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7. John V . Murra , “ El Control Vertical de un Má ximo de Pisos Ecológicos en la Economia de
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las Sociedades Andinas " , em J . V. Murra ( ed . ) , Forrnaciones Económicas y Pol í ticas del
• ulliv.ido nos n í veis médios. Em algum ponto ainda indeterminado da his - Z
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Mundo Andino , Lima , 1975.
• anilina , o padr ã o de coloniza çã o dispersa sofreu uma mudan ça qualita - UJ
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8. Olivia Harris, “ Kinship and the Vertical Economy ", em International Congress ol U
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I • d « t Vtincy Wolt , comunicação pessoal , com base num estudo de registros edesi á ticos em ol
Americanists, Actcs , Paris, 1978 , vol. IV , pp. 165- 177.
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Inh na prov í ncia dc Chucuito . s
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tiva , quando foi ampliado a fim de incluir coló nias de artesãos que não esta - » olonial . A macro-adaptação, pelo Estado inca, desse antiqu íssimo padrã o
vam presos a v í nculos ecológicos. Alé m das “ ilhas ” periféricas relacionadas ttndino ( através de milhares de quiló metros, com milh ões de habitantes, no
acima, os lupacas também registravam uma aldeia de ceramistas e outra de -
territ ó rio ocupado hoje pelas cinco rep ú blicas andinas ) desintegrou se t ã o
metalurgistas. Cada linhagem das sete prov í ncias mantinha um representan - Mpidamente após 1532 que hoje é extremamente dif ícil reconstitu í - la .
te nas aldeias especializadas, v á rias centenas de artesã os no total. Contudo, essa dimensã o m á xima é importante para compreender as
Os padrões de colonização dispersa constitu í ram uma caracter ística do mudan ças que o padrão sofreu quando a comunidade pol í tica controladora
território andino que os europeus logo observaram. Em 1538 - 1539 , cinco ultrapassou uma escala de cerca de vinte mil fam í lias. Inicialmente, o Estado
anos após a invasã o, as etteomiendas outorgadas por Pizarro seguiam esse |< guiu as normas andinas correntes: suas rendas eram cobradas sobre as ter -
princ í pio. Ao benefici á rio n ão era concedida a terra , mas as pessoas dos dois MI cultivadas que tinham sido alienadas das comunidades pol í ticas locais no
senhores locais com todos os que lhes fossem sujeitos, por mais salpicados modelo “ arquipélago ” . Essas terras do Estado eram cultivadas pela população
(espalhados ) que estivessem por todo o território. Assim , Lope de Mendieta, loial num sistema rotativo em que as linhagens se alternavam , da mesma
um dos primeiros associados de Pizarro, recebeu toda e qualquer estancia de Imma que haviam trabalhado os campos de seus senhores é tnicos ou do san -
camel í deos, aldeias agr í colas ou pesqueiras que deviam fidelidade a Chuki tn á rio regional. Vez por outra , os mitmacs do Estado eram transplantados
Champi e a Maman Huillka, senhores dos karancas 10. Seus territó rios não - l *didi os novos territórios a fim de assegurar ao inca o governo e as rendas.
adjacentes chegavam a situar - se a bem mais de quatro mil metros acima do Mai esse governo ainda era “ indireto ” : era exercido através dos senhores
n í vel do mar e estavam localizados no que sã o hoje a Bol í via , o Chile e o Peru. " átittirais" anteriores aos incas. N ã o havia qualquer espécie de tributo: nin -
Seguiu - se o mesmo padr ã o quando se teve de reservar um grupo étnico tini m devia o que quer que fosse plantado em seus campos ou que estivesse
para Carlos V: os lupacas, que viviam perto do lago Titicaca , eram conheci - ] iMinti /.enado em suas despensas.
dos como “ los yndios del Emperador ” . Na década de 1550, o procurador da Nas ultimas décadas antes de 1532 , o tamanho da administra çã o inca cres-
coroa queí xou -se ao vice- rei da concessão, a grupos particulares, de alguns M M tanto que n ã o havia precedente da dist â ncia que separava o n ú cleo dos
lupacas da á rea costeira que trabalhavam cm locais distantes de suas resid ê n - I«H ais dc trabalho. Quase todo ano, se o mitmac quisesse reafirmar seu v í nculo
cias. Ele argumentava que: • u m H centro, ou cultuar seus deuses no santu á rio principal, ou simplesmente
VMM ii seus parentes, era obrigado a fazer uma caminhada de dez , quinze dias
.
quando foram outorgadas essas encomiendas privadas | ..| os governadores | pós - i Í * II trrra de origem . Os colonos que foram deslocados durante o dom í nio
|
Pizarro ] n ã o compreenderam a ordem que regia a vida dos í ndios. A questão foi lH‘•» podem ter chegado a uma distâ ncia de sessenta ou mesmo oitenta dias de
levantada quando o marquês de Canele governou esses reinos e verificou -se que a H « I ' MI Mesmo que continuassem a ser inclu ídos em seu grupo étnico origi -
informação que forneci era verdadeira |...| foi ordenado que tinham de ser devolvij hal indaga se que consist ê ncia teria um v í nculo como esse. ir,
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dos os í ndios e as terras que a prov í ncia de Chucuito [ nome pelo qual os europe N ã o h á duvida de que foi feita essa tentativa de reportar -se a um prece- •Si
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Z chamavam Lupaca ) tinha na regi ã o costeira desde a é poca dos incas 1 '. .
ilmi andino: Don Pedro Kutimpu , um senhor lupaca bem informado,
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u •find i (ovem em 1532, esclarece essa tentativa, enquanto explica as discre- H
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•Si A informação fornecida por essas fontes europeias documenta melhor os dit ias entre o quipo populacional que est á em seu poder desde antes da s,
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ul padrões de “ complementaridade vertical ” no plano étnico, pois era essa a ú r > * in e a contagem por cabeça feita pelas administra ções coloniais: G
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'UI realidade que toleravam e com que lidavam nas primeiras décadas de regime
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Si . lii cila prov í ncia foi inspecionada pelos incas, muitos colonos loram contados
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u 10 Manuscrito in édito, Legajo 658 na seção lusticia , Arquivo General dc í ndias, Sevilha. M * •
0 l H outros nativos dessa proví ncia. |...| Os colonos podiam estar em muitos
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11 Juan Polo de Ondegardo, “ Informe ( ...] a Licenciado Briviesca de Muftatones [ 156 l | » . Hm .. Imiti* distantes (...) alguns no Chile em Quito [... ) e juntos todos eles
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Revista Histórica, Lima , 13:18, 1940. . . mm . inte mil ndios meiuionados no quipo. Mas agora I ] esses colo
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nos foram concedidos em encomicnda em suas residê ncias distintas e n ã o foram mais Os mitmacs també m foram utilizados pelo Estado, de uma maneira nova ,
contados com os dessa prov í ncia...12 para propósitos militares. N ã o h á provas da exist ê ncia, no per íodo pr é-
Incaico, de guarni ções distantes que trabalhassem em tempo integral , mas
Por quanto tempo podiam esses v í nculos e direitos residuais ser exerci - uas d écadas anteriores a 1532 a constante expansã o e as consequentes rebe -
dos efetivamente no grupo é tnico original ? Remoções do lago Titicaca para li ões exigiam que as fronteiras fossem guarnecidas em tempo integral:
o Chile e para Quito parecem um ó nus pesado, n ã o importa quantos prece- 1
dentes tenham sido alegados para fazê- lo. Ind í cios de uma resposta sã o cie disse que seus ancestrais foram colocados nesta terra [ o vale de 1 luallaga ] para pro-
encontrados na frequ ê ncia de rebeli ões contra os incas 13 e na pronta adesão, teger a fortaleza de Colpagua, que fica nas florestas do leste , e as fortalezas eram três,
após 1532, de muitas das comunidades pol í ticas locais aos europeus. Mas uma chamada Colpagua, a outra Cacapayza, c uma Cachaypagua e uma outra [ sic]
nenhum informe de queixas a respeito disso chegou at é n ós de testemunhas \ ngar , e os colonos mencionados e os antepassados do narrador foram tirados dos vales
da invasã o. pró ximos a Cuzco e baseados nos mencionados fortes, trinta homens casados cm cada
O que podemos asseverar é que o Estado inca deu continuidade às colo - um . 1 ' aqueles que guardavam as fortalezas n ã o tinham campos plantados, uma vez que
niza çõ es complementares nos Andes, mesmo que as novas dimensões .
ii lo podiam cultivar ali de modo que receberam essa cidade [ C í uarapa ] onde outros
tenham implicado dificuldades. Novas fun ções també m foram conferidas membros de seu grupo plantavam e supriam a subsist ê ncia dos que guardavam 15.
aos mitmacs: da mesma forma que os lupacas mantinham aldeias de artesã os
especializados, o Estado controlava uma instala çã o manufatureira perto de I poss í vel talvez identificar outros empregos tardios dos mitmacs para
Huancané, situada na margem nordeste do lago Titicaca 14. Congregava “ um piopositos n ã o-agr í colas, mas os prolongamentos militares e artesanais da
milhar ” de tecel ões e “ uma centena ” de ceramistas. Embora n ã o se deva i* xtiut égia “ arquipélago ” sã o ind ício suficiente de que aquilo que começou
aceitar esses n ú meros literalmente, as propor ções dessas opera ções do
• nino um meio de complementar o acesso produtivo a uma sé rie de pisos
Estado inca n ã o devem ser postas em d ú vida; as roupas constitu íam a mais
• i ologicos se transformara num oneroso meio de controle pol í tico.
importante forma de arte andina, de modo que tinham muitos usos pol í ti -
cos , rituais e militares, exigindo que fossem tecidas para o Estado em I ahuantinsuyo , o Estado inca , n ã o foi a primeira comunidade pol í tica
dimensões verdadeiramente industriais para os padrões europeus do século mullié tnica surgida nos Andes. Nas ú ltimas d écadas, os arqueó logos tê m
XVI . A tecedura em tempo integral ocupava grande n ú mero de mulheres
dhiinguido vá rios “ horizontes ” ( per íodos em que as autoridades centrais
“ escolhidas ” , separadas de seu grupo é tnico e colocadas em todo centro
administrativo do Estado , onde os soldados esperavam receber recompensas
. Hiuicguiram controlar tanto as comunidades das montanhas quanto as cos-
n u is ) das eras “ intermedi á rias ” , em que floresceu o separatismo é tnico. «N
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em roupas quando marchavam para a fronteira . O que h á de novo com rela - j “ Horizonte Primitivo ” nos Andes , també m chamado dc Formativo,
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çã o às oficinas de Huancan é era o fato de os tecelões formarem unidades .
H I centrado em Chav í n , um templo localizado a 3 135 metros de altitude
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dom ésticas ; tampouco podemos dizer se esse centro manufatureiro era
ú nico ou se constitu í a uma caracter ística regular da produ çã o inca que per -
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m » montanhas do leste; mais conhecido por sua arte religiosa, o templo foi
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< • MM siderado por Julio C. Tello, o decano dos arqueólogos andinos, “ a matriz H
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Diez de San Miguel, ia Provinda de Chucuito, op. dt t p 170.
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« HM . .uras , 1000 300 a.C, quando influiu sobre outras col ó nias da região
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> montanhosa e modificou as formas de arte costeira; n ã o se sabe ao certo se <
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" • John V. Murra , “ La Guerre el les rebellions dans fexpansion dc Pétat inka ” , AESC , 33(5 - i » t influ ê ncias significaram domina çã o. Donald Lathrap recentemente res-
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6 ):927-935, 1978. « •linii r dm umentou as ra í zes amazò nicas da arte que Tello foi o primeiro a -
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I4 - John V. Murra, “ I .os Olleros del Inka: I lacia una Historia y Arqueologia del Qollasuyu ’* , em U
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< Historia , Problema y Promesa, Homenaje a Jorge Basadre , Lima , 1978, vol. I, pp. 415- 423. .
Proví ncia de I e<in , vol II , p. 197.
Si
• Mm dc / ufligu , l a <
76 77
postular. Através das plan ícies tropicais Chav í n pode ter alcan çado fontes de * Bogotá
sugeriram que o elemento ativo foi o "com é rcio ” , revigorado por controles
militares que usualmente se originaram nas montanhas; outros detectaram
iTumi Pampa
um zelo religioso por trás da expansã o. es
O Horizonte M édio estende -se desde antes de 500 a .C. at é por volta de
1000 d .C. e estava centralizado em dois locais pelo menos: Tiahuanaco, perto imarca
do lago Titicaca na Bol ívia, e Huari, pró ximo à atual cidade de Ayacucho no Chan-Chaif
Peru . Ambos foram verdadeiras coló nias urbanas, considerados n ú cleos de ín
Estados grandes e de vasta extensã o. H á testemunhos de contemporaneidade e Huánuco
mesmo de contato entre ambos; no começo do século, costumava -se conside | - uari Machu-Pichu
rar os dois uma ú nica comunidade pol í tica , cuja capital ficava nas montanhas
do sul. Pesquisa recente sugere que, embora Tiahuanaco e Huari possam ter
Lima
Huilka Hi^
exercido sua hegemonia ao mesmo tempo, suas esferas de intera çã o foram dis- Lago TNicaca
Paz
tintas. Alguns chegaram a sugerir a exist ê ncia de uma zona- tampã o entre
Arequipa
ambos, que se estendia da linha de neve perpétua ao oceano 17. Em seu Peoples
and Cultures in Ancient Peru ( 1974 ), L. G. Lumbreras, o eminente arqueólogo %
andino, defendeu a tese de que o urbanismo e o militarismo tiveram in ício
com Huari e aos poucos influenciaram todas as sociedades dos Andes centrais.
É poss í vel que o í mpeto de integra çã o inter - regional se tenha originado
sistematicamente nas montanhas, mas os povos da regi ã o costeira desé rtica OCEANO
muitas vezes levavam séculos para desenvolver seu pró prio potencial centra -
do no oceano e na irriga çã o. A maior parte da arqueologia inicial da regiã o Tucumán
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arquitetura com base no tijolo cru , ou nas produ ções t ê xteis e cer â micas, dc PAC ÍFICO <
que os museus e as coleções particulares em todo o mundo est ã o cheios. Em
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6 Cf. Julio C. Tello, Chaví n , Cultura Matriz de la Civilization Andina , ed . Toribio Majl t . UJ
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c Xesspe, Lima , I 960; John H . Rowe, “ Form and Meaning in Chaví n Art ” , em John H . Rowr Santiago </>
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ci e Dorothy Menzel ( eds. ) , Peruvian Archaeology , Palo Alto, Calif ., 1967; Donald W
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UJ Lathrap, “ Our Father the Cayman , our Mother the Gourd: Spinden Revisited ” , em C A , . Z
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< Reed ( ed. ), Origins of Agriculture , llaia , 1977, pp. 713 751; Thomas C. Patterson , “ Chavln
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CÉ
UJ
<
An Interpretation of its Spread and Influence ” , em F.. P. Benson ( ed. ) , Dumbarton Oaki
Conference on Chaví n , Washington , D.C., 1971 , pp. 29 - 48.
* < .
ato John Hyslop Inka Road System: Survey and General Analysis , Academic Press 1984 .
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< I7 - Elias Mujica, comunicaçã o pessoal , 1980. A extens ã o do Imp é rio Inca <
78
seu guia do tesouro andino do American Museum of Natural History de ;
.
m iram a presen ça arqueológica , no final do per í odo pré- incaico, de “ casas e
79
New York , Wendell C. Bennett e Junius B. Bird se referem a “ um per íodo de lugares secretos” no interior de defesas pesadas que circundavam vinte hec-
Iares ou mais, em altitudes acima de quatro mil metros 19. Quando foi con -
artesã os mestres ” . A arqueologia , nos ú ltimos tempos, tem tentado fornecer
quistada pelos incas, a popula çã o que conhecemos pelo nome de iupaca foi
o suporte organizacional cronol ógico e sócio -organizacional para tais mani-
o movida ou deportada “ para baixo ” , para uma altitude de 3 800 metros, na
festa ções art ísticas. Com o passar do tempo, os habitantes das montanhas
piaia do lago. Ap ós a pax incaica, n ã o havia mais necessidade das muralhas;
podiam , e frequentemente o fizeram , interromper o florescimento da regi ã o 1
agora a estrada real atravessava as sete “ capitais provinciais ” dos lupacas ,
costeira mediante o bloqueio ou o desvio dos canais de irriga çã o que tra -
algumas das quais se converteram em centros administrativos incas. Algu -
ziam á gua das geleiras andinas para as planta ções do deserto, mas é not á vel a
mas ocupavam at é quarenta hectares de espaço urbano e todas podem ser
frequ ê ncia com que os grupos costeiros locais retornavam às tradições anti -
gas t ã o logo o “ horizonte ” havia desaparecido. • Ihccrnidas ainda hoje. De acordo com o quipo que est á de posse de Pedro
I )o mesmo modo, nas montanhas, as muitas comunidades pol íticas incor - Kuiimpu , antes de 1532 esse grupo, que falava a l í ngua aimará, compreendia
vinte mil fam í lias. O testemunho de seus dois senhores foi registrado, em
poradas ao Estado inca mantinham as distin ções é tnicas e a consciê ncia de sua
I V » 7 , por um inspetor enviado de Lima para averiguar um boato de que
própria identidade. A expansã o de Tahuantinsuyo fora rá pida, mas só conse-
HUM ' S í ndios do imperador ” eram muito ricos. O inspetor relatou que eram
guiu tal presteza quando absorveu entidades pol í ticas inteiras, e n ão aldeias e
vales distintos. Os senhores locais adequaram -se a um sistema de “ governo • ilmcnte ricos: nos tempos anteriores à invasã o europé ia , haviam controla-
do centenas de milhares de camel ídeos; mesmo depois de 35 anos de pilha -
indireto ” ; eles é que impuseram e administraram a nova ordem , que pode ter
gi in , um Iupaca admitia ainda possuir 1 700 cabeças20.
parecido menos nova, uma vez que sua ideologia n ão reclamava mais que
t ) s dois senhores que deram o testemunho governavam Chucuito, uma
uma projeção numa tela mais ampla de padrões existentes de autoridade.
' liii sele “ prov í ncias ” ; eram també m senhores ou reis de todos os lupacas .
21
A tradiçã o oral nos Andes concorda com a arqueologia em que o Per í odo
i titfi uma das outras seis “ proví ncias ” tinha seus pr ó prios l í deres, em n ú -
Intermedi á rio Tardio, os séculos imediatamente anteriores à expansão inca,
111 * 11 » de dois, um para a metade superior e outro para a inferior. A divisã o
tinha sido ahuca rima ( tempo de soldados):
dual era uma caracter í stica quase universal da organiza çã o social andina;
M *IM ha razão para atribu í -la a uma influ ê ncia inca.
as cidades foram despovoadas ( ... ) temendo a guerra , eles tiveram de abandonar os
t H la ços de fam í lia eram o princí pio organizador nas quatorze subdivi -
bons lugares mencionados. ( ... ) Foram for ç ados a mudar de suas cidades para os
lugares mais altos e agora vivem nos picos e nos despenhadeiros das altas monta - de * ( ada metade era constitu ída de cerca de dez a quinze hatha, termo à s
fru li aduzido por “ linhagens ” . Como os not á rios e escrivã es europeus pre-
nhas. Para se defender , tiveram de construir fortalezas ( ...) defesas e muralhas; as *1
1/1
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dades rurais, inclusive as localizadas na regi ã o costeira desé rtica do Chile,
do inihulho de carpintaria ou nas pedreiras
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as pessoas se acostumaram a mover
com as m ãos para algum outro lugar. (... ) N ão é ramos nem dançarinos, *n
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foram mapeadas24. Suas tradições orais foram ocasionalmente registradas tú > in palha ços acostumados a cantar can ções de vit ó ria para os chamados ingas...26
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u 22. O estudioso que mais deu aten ção aos la ços de fam í lia entre os antigos andinos e sua Ha » * podemos dizer quais as consequê ncias desse servi ço
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manipula çã o pelo Estado foi R. Tom Zuidema. Ver The Ceque System oj Cuzco: The Social
militar prolongado -
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Inliii a produ çã o dos meios de subsistência da popula çã o aimará que havia <
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_ Organization of the Capital of the Inca, Leiden, 1964 , e “ The Inca Kinship System: A New iMdn para tr á s. Em outras localidades dos Andes, os remanescentes na
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UJ Theoretical View ", em R. Bolton e E . Mayer ( eds. ) , Andean Kinship and Marriage . p M » ia ” é tnica eram obrigados a trabalhar as terras dos soldados, mas as z
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Washington, D.C., 1977.
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U 23. Ver Adolph Bandelier , The Islands of Titicaca and Koati , New York , 1910. <
a . - pinoza Soriano, “ El Memorial de Charcas: Cró nica Inédita de 1582 ” , Cantata
VN aldniitir I S G
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24 . Tristan Platt , “ Mapas Coloniales en la Provinda de Chayanta ” , em Martha Urioste de
2 1 ' vnia de l i UmverMil.nl Nacional de Educación ), u
< Chosica, Peru , 1969. c3
< Aguirre ( ed. ) , Est ú dios Bolivianos en Honor a Gunnar Mendoza , La Paz, 1978. . .
MUIM citado em I a ( iucrrect les rebellions", pp 931 932 .
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82
gas ausê ncias » que ultrapassavam o calend á rio agr í cola , devem ter constringi - I document á vel o fato de que no per í odo pré - colonial a l í ngua aimará
83
do os intercâ mbios baseados no parentesco mas politicamente explorados. muito mais disseminada do que hoje. Os moradores de Cuzco ainda cha -
Tampouco podemos dizer até que ponto a divisã o dual de todo o altipla - Mimn os habitantes do planalto , ao norte do lago Titicaca , de collas ( aima -
no numa urcusuyo ( a metade montanhesa ) e uma umasuyo ( a metade aquá - Mi ) » mesmo que tenham passado a falar o qu í chua . Não deve ser muito difí -
tica ) refletiu a realidade aimará ou , mais tarde , a inca . A dicotomia parece
ter sido mais acentuada na regi ão do lago Titicaca . É poss í vel que , nesse
•
* « veriguar quando ocorreu essa mudança e sob quais condi ções históricas,
ttMM ii escassez de estudos filol ógicos em 1980 ainda nos restringe a conjectu -
local , tenha havido um substrato lingu í stico por trás do dual , pelo qual os MH Muitos dos vales do Pac í fico no que são hoje o Chile e o sul do Peru
habitantes da metade do leste falavam pukina em vez de aimará . Infeliz - " nu habitados por falantes do aimará; no in ício do século XX , as cidades
mente , o filtro inca atrav és do qual muitos examinaram as quest ões andinas « Mundas na latitude de Lima , na prov í ncia de Yauyos , falavam kauki , um
ainda nã o permite o deslindamento do contexto é tnico do dualismo. 1 pos iltolelo aimará29.
s í vel que , originariamente , as metades tenham ocupado o centro ou sc
“ encontrado ” no lago Titicaca , uma zona “ neutra " com seu microclima pró-
' h europeus chamavam a l í ngua dos incas de qu í chua , derivando o
Imno da palavra qu í chua , “ vale ” . Os pró prios incas chamavam - na de rima
prio. Pode ser que urcos e umas se tenham reorganizado quando Cuzco se * < Nú , “ a l í ngua do povo ” , expressão usada ainda hoje pelo falante nativo ; nã o
tornou o n úcleo27 . Quando os europeus os encontraram pela primeira vez , * n » ontrada no discurso do europeu e do literato . Antes de 1532 , o qu í chua
ambos estavam ritual e administrativamente inclu í dos no mesmo setor sul , | M a l í ngua da administração e era entendida por muitos bil í ngues; docu -
o collasuyo , o setor de maior densidade populacional do Estado inca . MM in » » s coloniais chamam - na de lengua general ( o aimará e o pukina à s
O componente “ aquá tico” da divisão dual do planalto é també m discer - l n ã o tamb é m designados dessa forma ) . O linguista Alfredo Torero
n í vel na presença entre os aimarás de uma minoria ocupacional e é tnica , tal ,
vez mesmo uma “ casta ” de pescadores uros. A real import â ncia de sua pre -
• “ 1011 1 que ° qu í chua teria sido outrora a l í ngua da costa central , de onde se
í HI . I espalhado antes e depois dos incas30 . Variantes que se entendiam
sen ç a est á - se tornando mais clara gra ç as a recente pesquisa 28 . No período H M H u . unente eram faladas desde o que é hoje o Equador , ao norte , até
colonial , os pescadores aos poucos se juntaram à s fileiras aimarás, mas a atri Hin . in , ao sul . A distin ção entre os habitantes do altiplano e os do vale
buição a eles de l í ngua pukina e o sentimento disseminado de que eram o» M fundamental na classificação é tnica andina; essa distinçã o era aparente-
ocupantes nativos dos altos Andes exigem uma confirma çã o arqueol ógica .
Correlacionar a informaçã o histórica com a escavação arqueol ógica é
“ * uir contundida pelos europeus com l í nguas diferentes.
uma abordagem que só foi usada ocasionalmente nos Andes . Muitos do* trabalho arqueol ógico foi feito com seriedade na regi ão inca cen -
l ‘* ' iuo
enigmas da história andina sã o menos inacessí veis do que pode parecei . iNl u vulc de Vilcanota e a á rea em volta de Cuzco. John Howland Rowe
Ainda existem continuidades nos modos de vida e nas l í nguas , apesar do*
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< |lm Inicio ao estudo cient í fico dos predecessores dos incas 31 , mas atraiu ITl
450 anos de dom í nio colonial; remontam at é mesmo ao per í odo pré- incai <
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(«ou » 111 disc í pulos.
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z co . Tanto as tradi ções orais dinásticas quanto as demóticas são pelo menot ' » que se pode afirmar com alguma segurança é que , depois de longo
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parcialmente dispon í veis nos registros de testemunhas oculares e admiim | » MiM .
h > de conflito que separou o “ Horizonte M édio ” do Tardio ou Incaico , Ui
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<s> tradores europeus; se fossem comprovadas e ampliadas com a ajuda da ( lH » n deixou de ser , no século XV , o n úcleo de uma comunidade local para <
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arqueologia, poder - se - ia dispor de uma versã o muito mais só lida , embora <
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menos sensacional , da sociedade andina . M MíIM I larilman dc Bautista, Jaqaru: Outline of Phonological atui Morphological Struct are, z
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! l < iin , 1966 . w
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u 27 Thérèse Bouysse- Cassagne, “ L’ Espace aymara: urco et uma\ AESC, 33( 5-6 ):1057- 1080, 197 Ml " I orcro, PI Quechua y la Historia Social Andina , Lima , 1974.
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A capital estava situada na encruzilhada de estradas reais, que apresenta - l *ooMm que os incas esgotaram os membros da fam í lia real passí veis de ser
vam vinte mil quil ó metros ou mais de extensã o e a ligavam ao Chile , ao »t » Mii » Mdos administradores regionais e acabaram no final por elevar à con -
oceano Pac í fico e , ao norte, à linha do Equador. No estudo que se tez da wM » » di inca os habitantes leais de determinadas aldeias vizinhas de Cuzco .
*
divisão do territó rio em quatro partes chamadas suyo> que por sua vez eram I unhu idos pelo nome de allicac ( os que foram melhorados, promovidos ) :
subdivididas, sugeriu - se que cada “ linha " que se irradiava a partir do centn »
o* i » i iillms mais velhos dos papris e chiliques; estes eram inspetores enviados por
cerimonial ligava membros da fam í lia real aos santuá rios dos quais eram os
lit\ M irmo para fiscalizar os centros administrativos e as tecelãs e os depósitos de
patronos33. A maioria das linhagens reais viviam com seus partid á rios na
cidade ou nos povoados próximos. Garcilaso de la Vega , que nasceu em ...
M*» * « ' lonas ( ] alguns |outros ] eram de Quilliscachi e de Equeco. .36. .
Cuzco alguns anos depois da invasão europeia , nos d á uma descrição nostá l -
gica da cidade natal de sua m ãe inca , escrita, muitos anos mais tarde, no exl 1 - Ind ícios de que , em algumas regi ões rebeldes, especialmente na costa ,
11 \
MO i lealmente designaram “ governadores " para substituir o “ senhor
lio em Andaluzia 34 , mas , apesar do recente esforço de um década patrocina
,
registrou sua presen ça na cidade. O rei de Chimo n ão tinha obrigação do " i ' Haute que caracterizava esses padrões era que a despensa do aldeão <
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fornecer tropas, pois os soldados da costa eram considerados pouco conii . » JlitiMiMii • esse intocada . Na verdade , agora ele tinha n ã o só de encher os
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I . IM m de seu senhor e do santu á rio local , mas também de produzir ren -
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Z veis e provavelmente também estavam despreparados para lutar a uma alti 05
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O « > Estado, trabalhando em suas terras h á pouco expropriadas ou H
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< » M » li i igadas e pastoreando os rebanhos de camel ídeos do Estado .
32. John V . Murra , “ Cloth and its Function in the Inca State” , American Anthropolo# iitt
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< N ã ii obstante , existia uma burocracia “ federal ” : seus membros eram
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3• Zu idema , Ceque Systern . pMHO ' floH para grandes centros administrativos como Huillka Huaman , <
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VI 34 .Garcilaso dc la Vega , “ El Inca ” , em Primera Parte tie los Coment á rios Reales | lon||J
( luAnuto Pampa , Faria ou Tumi Pampa , todos erguidos ao longo da estrada UJ
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U Madrid, I 960. u
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tu 35. o melhor mapa de como pode ter sido a cidade antes dc 1534 est á em Santiago Aginiii I mtiiMii 1'iMHtt di* Ayala , Nueva ( oro nica , p. 363 1365]. O)
.
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< ('alvo, Cusco: La Traza Urbana de la Ciudad Inca , Cuzco, 1980.
IMO di .
/ Uhiga , / < » Proví ncia de Léon , vol. II , p 46.
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real . Desses apenas Hu á nuco Pampa foi estudado em detalhe: abrangia
M
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senhor é tnico [ cacique principal ] tentasse opor -se e rebelar se » eles o mata -
e . toda sua linhagem , de modo que n ã o restasse ningu é m . Quando os incas
..
1
quase dois quil ó metros quadrados e continha at é cinco mil resid ê ncias e
pal á cios, alé m dos quase quinhentos armazé ns. É prová vel que a cidade • m l i viviam , essa testemunha era jovem e viu um pouco disso e o resto ouviu de
tenha abrigado de doze a quinze mil habitantes, a maioria dos quais presta - M' U pais e de outros homens velhos que falaram sobre isso.
* Esses eram fatos bem
vam serviço de mita no seu turno; mas alguns viviam a í em base mais per - • Mitliecidos...39.
manente: as mulheres dos acllahuasi que teciam e cozinhavam , os guardas
idosos, funcion á rios responsá veis pela manuten çã o dos armazé ns, especialis - Nenhuma cró nica europé ia precisou em termos t ão expl ícitos a articula -
va dos senhores étnicos com o Estado. Outra testemunha mais velha que a
tas religiosos38. Quantos desses eram “ incas ” , fossem membros das linhagens
reais, fossem allicad Um escritor andino como Guaman Poma afirmava que Inteira , chamada Xagua e com experi ê ncia em “ servir ” em Cuzco antes de
|'IV , explicou ao inspetor europeu que, quando o senhor local morria :
seus parentes que n ã o pertenciam à realeza chegaram a ocupar esses postos
“ federais” nos centros administrativos.
# lr tivesse
Quaisquer que tenham sido as suas proporções ao longo da estrada , fun - | um filho crescido, capaz de governar, ele n ã o ousava assumir o governo
cion á rios reais “ inspecionavam ” os senhores provinciais submetidos e seus .
ItHM mtes ir pessoalmente a Cuzco, para receber a aquiescê ncia dos incas e o assento
territ ó rios. As melhores informa ções sobre seu relacionamento prov ê m de fMMnl para seu cargo; ent ão o Inca o concedia. E se o filho era uma crian ça sem
uma inspeção feita em 1562 aos chupaychos, um pequeno grupo étnico que MttdMo de governar, eles o levavam a Cuzco e em seu lugar indicavam um parente ,
vivia no vale de Huallaga , a cerca de dois dias de viagem de Hu á nuco Pampa. i imo pr óximo do senhor falecido, para governar em seu lugar , e isso ele fazia
Entrevistados em sua própria região, declararam que antes de 1532 existira: I i ii« vivesse e eles n ã o o destituíssem...
um senhor inca que governava dez mil fam í lias ... [ e ] que vinha inspecion á - las u
hiti . testemunha em idade avan çada podia lembrar-se do período anterior
i
vez por ano [...] e se achasse que o senhor local ou uma autoridade menor era culp
da de cinco faltas muito sé rias como a de n ã o ter obedecido ao que o representan
•u dom í nio inca e se referia aos tempos
que os incas chegassem a essas terras. Quando um senhor morria, eles conce
real havia ordenado -
ou tlliMM i autoridade a outra pessoa que fosse corajosa, n ã o a davam ao filho. Depois
a de ter querido rebelar -se ou Mi nt imas passaram a governar, ele ouviu falar que sucediam de pai para filho...
a de ter sido negligente no recolhimento e remessa do que era devido ou
a de n ão ter realizado os sacrifícios exigidos três vezes ao ano ou caso, as testemunhas confirmaram o que alguns escritores euro- cs
f f,
umbé m haviam registrado sobre a prá tica pré - incaica: uma mudan ça i r ,
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a de ter ocupado as pessoas na tecelagem a seu pró prio servi ço ou
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a de ter feito outras coisas que interferiam com o que deviam fazer e por outras toi |M ' * « •lha do corajoso” , nos chamados ahuca runa, tempos militares, para </i
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| UIH maior rigidez nas linhas heredit á rias40.
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Z sas semelhantes. Se cometesse cinco faltas, eles lhe tiravam seu cargo e davam no á - C
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seu filho, se tivesse um capaz, e se n ã o, davam - no a seu irm ã o ou ao parente mau J A * icHiemunhas do vale de Huallaga n ão entraram em detalhes sobre o
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O, que as autoridades de Cuzco realizavam em suas “ inspeções ” . Perio- <
t/i próximo... t/i
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os fbrohenle, as fam ílias eram contadas e os resultados amarrados com n ós ao 2
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O . ijliipo. Segundo Guaman Poma, os homens e as mulheres eram classi - 2
i/i
04 3«. Craig Morris, “ Reconstructing Patterns of Non - Agricultural Production in the Inca loti <
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< nomy” , em Charlotte B. Moore ( ed. ), Reconstructing Complex Societies, Cambridge, Mfttll -<
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u Sierra *1
1972; Idem, “ Tecnologia y Organizaci ó n Inca del Almacenamiento de V í veres en la . . . -
< ' m , tie / umg t , La Proví ncia dc Leó n, vol II , pp 45 49. a
LU
os u
04
•
em Heather Lechtman e Ana Maria Soldi ( eds. ) , Runakunap Kawsaynink upai b ' hM S Muna , la Visita dc los Chupachu como Puente Etnol ógica ” , parte II: Las Autori C
2 (A
<
< -
Rurasqankunaqa, Mexico, 1981 , pp. 327 375. 1 • 1" 1
•
'"* •*» I radicionales ", em Ortiz dc Zú Aiga, La Provinda de León, pp. 381 - 406.
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88 89
ficados em dez grupos et á rios41. O censo era concomitante com o reconheci - Stio vagas as informa ções sobre uma interven çã o inca em questões da
mento pelo Estado dos casamentos recentes: os novos casais entravam agora v|» la quotidiana local que poderia ter desafiado a autoridade. Uma testemu -
nas listas por direito próprio. Nenhuma pessoa solteira, qualquer que fosse sua nha « Iii mava que:
idade, devia serviços pessoais de mita; ela ou ele eram inclu ídos como parte da
fam í lia de algu é m . Transformar o casamento, um rito familiar de passagem, .
» MIH INcivis, se um havia invadido as terras de outro e esse reclamasse, quando o
num artifício pol ítico foi uma característica da ideologia política inca 42. vinha inspecionar a região, ele investigava a quest ã o e prestava assist ê ncia devol -
H á ind ícios de que no final do per íodo inca foi feito um esfor ço no senti - Hfhlo a terra ao queixoso e punindo o invasor. O mesmo podia ser feito pelo senhor
.
hh * t na ausê ncia do inca. .
do de ir al é m do princ í pio étnico , cujo reconhecimento havia regido as rela]
ções do Estado com suas unidades integrantes foi introduzido um vocabuJ
,
l á rio administrativo, vinculado ao arranjo decimal dos nós nas cordas quipo. A ultima cl á usula é sob alguns aspectos a mais importante. Muito antes
Agora , os senhores é tnicos e suas “ prov í ncias ” podiam ser registrados no »!• » liuas, mas també m hoje, o l í der é tnico nos Andes confirmava anual -
censo como tantos milhares, centenas e mesmo como grupos menores dc MUMl * os direitos das linhagens e fam ílias às terras. Embora os representan -
fam ília. Dizia -se que os senhores de Huanca governavam 28 unidades de mil I# » do Estado possam ter alegado que agiram quando foram chamados,
ou huaranca ; os de Lupaca , vinte. Xulca Condor , no Huallaga superior , tlMudo nossa visã o do Estado inca as decisões locais sobre as parcelas agr í -
registrava apenas tr ês pachaca de cem famílias cada , enquanto o vizinho rfl permaneciam em m ã os étnicas.
abaixo, Pahucar Guaman , afirmava ter governado quatro huaranca . I h acordo com testemunhas do vale de Huallaga , Cuzco introduziu algu -
N ã o se sabe ao certo at é que ponto esse esfor ço decimal ultrapassava i tffo limita ções à autoridade do senhor étnico na decisã o de quest ões de vida
prá tica do censo, interferindo na administra çã o efetiva dos grupos é tnico» | Munio . Em casos de assassí nio, diz uma testemunha:
submetidos. Evidentemente, n ão havia dispositivos burocrá ticos que pudes -
sem manter unidades sociais e étnicas dentro de padr ões decimais r í gidos BN ha / í arn o acusado à presen ça dele [ do inca ) e perante o senhor local, em pra ça
Quando o material de Huallaga foi liberado para estudo, foi poss í vel utilizai MUtli » i , «in testemunhas [... ] descreviam o crime [ ... ] e se ele tivesse assassinado mas
os n ú meros casa- por -casa para mostrar que um pachaca correspondia a uiu ífrttvvm uma explicação, eles não o matavam mas o puniam com chicotadas (...) e
grupo de cinco aldeias vizinhas43. Mesmo em 1549 , após uma resist ê ncia dr |hh » o iiffii no a sustentar a vi ú va e os filhos...
dez anos aos europeus, as cinco registravam uma populaçã o de 59 fam í lia »,
Treze anos mais tarde, esse n ú mero voltou a crescer para um total de 7fi N ã o 1 poss í vel determinar a frequ ê ncia com que se realizavam tais viagens
Um estudioso sueco, Ake Wedin , vinculou o surgimento do vocabul á rio
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' liMí pcç tlo O escritor andino Guaman Poma afirmou que ocorriam a
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decimal às necessidades militares. Se isso for correto, seria de esperar quf Itt *•» meses: as testemunhas acima citadas, uma vez por ano. Se for verda - «Ti
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fosse usado com mais frequ ência entre os aimarás, nos Andes meridional *» . 1 * 1 In qti é ncia teria exigido de Cuzco uma grande equipe de retaguarda , S,
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No entanto, descobrimos que é usado mais amplamente no norte, otnll |M » n ã o h á provas imparciais. At é onde é poss í vel uma reconstituiçã o, a O
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alguns acreditam que os incas t ê - lo - iam adaptado a partir de prá tica local 44! ti \ era decidida no topo e anunciada em reuniões p ú blicas realizadas no
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‘onslru ído em cada um dos grandes centros administrativos de dimen - <Sl
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41 - Guaman Poma de Ayala , Nueva Coro nica , pp. 196 - 236. .
mh inas ao longo da estrada real . A implementa çã o de qualquer pol ítica
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John V . Murra , The Economic Organization of the Inka State, Greenwich , Conn ., 191® u 1 sido deixada nas m ã os dos l íderes étnicos locais familiarizados com
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reimpresso ein 1980, p. 98. It ** i MM , que decidiam a quem cabia a vez de servir a mita na execu çã o de U4
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Gordon J . Hadden, “ Un Ensayo de Demografia Histó rica y Etnol ógica en Hu á nuco\ fl Hit tmiihula tarda, foi dada como certa a capacidade da autoridade étnica Q
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5 Ortiz de Ziiniga [ 1562 J , La Provinda de Leó n, vol . 1, pp. 371 -380. I Mtnbilizai e controlar grandes n ú meros de cultivadores, construtores OU O
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< 44 - John - -
H . Rowe, “ The Kingdom of Chimor ” , Acta Americana , M éxico, 6 ( 1 2 ): 26 59, 19 I N I mi Inin » , t* isso foi provado nos primeiros dias da invasã o européia quando -
Si
90 t » encarregado dos registros tinha permissão para proceder da maneira 91
Pizarro ou Benalcazar contaram com seus aliados para recrutar tropas e car -
|M * quisesse. Em primeiro lugar , ele relacionou oito obriga
çõ es devidas à
regadores , sem os quais a invasã o não teria tido sucesso. * mult mca cm Cuzco e fora dela . Devia - se enviar “ quatrocentos í
A diversidade de tarefas abrangidas pela ttiita pré- hispâ nica era muito ndios” para
i) i apilal , a cerca de sessenta
dias de viagem de suas casas , “ para fazer
grande. Temos um relato , até agora ú nico , datado de 1549 , que afirma ter rela - MMIMII " Outros quatrocentos deviam plantar , produzindo alimento “ para os
cionado as tarefas que um ú nico grupo étnico, relativamente pequeno, devia a 4 M - . Mies '. Mesmo que se admita a possibilidade
de que o n ú mero 400 se
Cuzco45 . Esse registro foi feito apenas sete anos depois que os chupaychos do 1 itM .1 ambos os sexos, mesmo
' 400 pares ou casais tirados de quatro mil
vale de Huallaga foram colocados sob o dom í nio europeu . Os informantes
Mmlllii * é uma porcentagem muito alta da população chupaycho total. Se
ainda usavam o vocabulá rio decimal para descrever a organiza çã o local . I •* * I * • • os grupos é tnicos enviassem a Cuzco efetivos t ã o altos, n ã o haveria
Quando os interrogadores quiseram saber o que as 4 mil fam í lias haviam
“ ”
Hn nu na c ó pia , uma vez que o intérprete era um habitante local cuja arit -
de cerca de 25 - 30 cordas. É bastante prová vel que o registro esteja incompleto; Ú M tn . i cm espanhol poderia n ã o ser muito precisa . Pode
os totais alegados parecem muito altos e não são confirmados por nenhum t
. muito bem ser que
|M tjiiulimcntos pedreiros fossem os mesmos quatrocentos que realizavam o
outra fonte dispon í vel . No entanto , a falta de uma amostra n ã o nos deve imptí
Itilllvi » , pois muitas vezes as pessoas enviadas em suas tarefas de mita
dir de usá - lo , se n ão quanto aos n ú meros citados, que podem simplesmente tu
sido traduzidos de modo incorreto , pelo menos no tocante à s categorias étnw
M * ihnm de plantar o próprio alimento. Outra explicação seria admitir que os
woltiMtf* tinham algum motivo para exagerar suas obrigações no período
cas que os quipos utilizavam para agrupar tipos de obriga çã o. No in í cio dfl
I "" "MS oito cordas inclu í am também as pessoas que guardavam a m ú mia
período colonial , os tribunais europeus, mesmo as audiências reais, aceitavam III Kl limpa ; outros serviam em guarni ções que enfrentavam o rebelde
prontamente testemunhos sob juramento com base no quipo. Uma testem» mo Norte.
nha que chegou aos Andes como corneteiro de Pizarro relatou outro caso:
As d . / ou mais cordas seguintes referiam -se a obrigações executadas em
os í ndios deste país mantê m registros e contas das coisas que d ão a seus senhores . J
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• mais próximos da resid ê ncia , dentro do territ ório dispe rso que os
|ú q í KIUIS controlavam, no que é hoje o departamento de Huá
[ mesmo que ) muito tempo atr âlj nuco. Elas
usando o que chamam de quipos; tudo o que é dado ipM «i » ‘riam o pastoreio dos camel í deos do Estado , a tecelagem da sua l á e a
também est á registrado l á . E essa testemunha sabe que os ditos quipos sã o muito pie - | | NIMH dc ' terras e cores ” para seu tingimento. Três cordas enumeravam a
e verdadeiros , pois em muitas ocasiões diferentes a testemunha conferiu algfl
ci sos
Mlf h » dc sal e a colheita de pimentas fortes e de folhas de coca . A corda
mas das contas que havia feito com os í ndios , registrando coisas que eles haviifl I i * l » Ma se ao principal piso da regi ão dos chupaychos , o largo
dado e lhe deviam e outras que ele lhes havia dado . Achou que os quipos mantidffl leito do «N
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HMiavn , o rio hoje conhecido como Huallaga . Aqui o povo dc Pahucar ir
em relação à s suas principais aldeias. Esse era também o piso em que se cul - 1
i a quem ? ) , em benef ício de suas fam í lias , pelos jovens n ã o - casados , como
tivava a folha de coca , mas as duas cordas que relacionavam essas tarefas n ão!
produto secund á rio de seu pastoreio e de seu trabalho de batedor. É
foram registradas no quipo de maneira cont í gua .
m v, r sentido que “ n ão havia tributo ” na sociedade inca : os ú nicos itens em
Com as cordas 21 - 24 retornamos a atividades vinculadas às instalações dol
pé cie efetivamente cedidos ao Estado eram fornecidos por aqueles que
Estado , exceto que essas se referem ao centro administrativo regional dosl
«mula n ã o haviam constitu í do sua pr ó pria fam í lia , e os pró prios objetos
incas em Huá nuco Pampa , a dois dias de viagem do vale de Huallaga . Aqui I
”
" M U I crus , na dicotomia de Claude Lé vi -Strauss. Nada de “ cozido ” era
68 fam í lias chupaychos forneciam “ guardas” , um trabalho que partilhavam!
•li vido à autoridade , nada que tivesse sido cultivado ou manufaturado para
com muitos outros grupos é tnicos da região — mas at é o momento a pesqul I
a di ' spensa do próprio indiv í duo.
sa arqueológica nã o conseguiu determinar o raio de abrangê ncia em que os I
“ guardas” eram recrutados para esse grande centro de dimensões urbanas .
Que asrendas do Estado consistiam esmagadoramente de prestações em
• ungia , de tempo gasto em benef í cio do Estado num grande n ú mero de
Outras oitenta fam í lias enviavam carregadores para transportar cargas j
empreendimentos , revela - se claramente no quipo dos chupaychos . Os
pela estrada real . Apenas dois postos de parada est ã o relacionados , um deles a I
MI * lltores observadores europeus compreenderam isso: Cieza e Polo assina -
cinco dias de marcha no rumo sul , o outro a apenas um dia . As cr ó nicas 1
europeias haviam relatado que os carregadores eram responsá veis por a pen* I " "" « HU esse fato enfaticamente e confrontaram esse encargo com os tributos
nu espécie exigidos das populações andinas na d écada de 1550 . O pró prio
um dia de transporte , mas estudiosos da rede de comunicações inca , como!
|M . » Hnolo de inspeçã o de 1549 registra també m o que os chupaychos agora
John Hyslop , duvidam dessa afirma çã o . Quarenta homens “ mais velhos! I . M . im a Gomez Arias de Avila , seu encomendero . Esse quipo é uma longa
eram designados para guardar “ as mulheres do Inca — as acilas , as mulheres ;
”
lula ile sacos de folhas de coca , roupas acabadas , calçados europeus, telhas,
“ escolhidas ” que teciam e cozinhavam para as tropas que passavam a cam
« llmcntos e aves exóticos , devendo tudo isso ser enviado em espécie . N ão
nho do norte.
pudm .i ser mais dram á tica a justaposição de pá ginas que registravam rendas
A corda 25 , a ú ltima que foi lida , leva - nos de volta ao vale onde residiam
Mil . is segundo princ í pios europeus e andinos.
e praticavam agricultura : quinhentas fam í lias plantavam e faziam outras
“
coisas sem deixar sua regi ão” . Es.se é o maior n ú mero individual registrado rr ,
in
expansão de Tahuantinsuyo através dos quatro mil quil ó metros
\ r á pida
no quipo e se refere superficialmente ao mesmo tipo de tarefas que a corai
< ! M que é hoje o Equador , ao norte, at é o Chile e a Argentina , ao sul , realiza - </>
13 . No vale o milho cresce bem ; era uma importante colheita suntuá ria r
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3 da • m menos de um século, gerou mudanças nas dimensões básicas e antigas O
a ritual . A cerveja feita de milho era indispensá vel para os rituais e para .i Oí
pelos habitantes das plan ícies que n ã o eram colonos nas montanhas; foram |P in simplesmente abandonaram a guarda das fortalezas que lhes havia sido
també m relacionados outros produtos pouco pesados mas de alto valor . •I * I • minada e se estabeleceram entre os nativos.
*
Salomon sugere que esses comerciantes gozavam da proteçã o pol í tica de Waldcmar Espinoza publicou registros de severas pol íticas incas de reas -
l íderes é tnicos do planalto e podiam dedicar todo seu tempo à s atividades Hmt imento impostas na regi ã o de Abancay51; uma grande parcela da popula -
de troca 49. U » » Imal foi deportada para algum outro lugar e suas fazendas concedidas
1
Ao norte, Tahuantinsuyo deparou -se com maior resist ê ncia do que a que Uns mitmacs, alguns dos quais vindos de t ã o longe quanto o Equador atual.
enfrentou em terreno mais familiar. A tradiçã o oral dinástica registra a neces - semelhantes foram tomadas ao longo da costa, onde os incas ocasio - *N
*»r>-
.
sidade de “ re-conquistar ” repetidas vezes os territ órios ao norte de Tumi *
Mlmmtc haviam enfrentado sé ria resistência: as sociedades locais de irriga -
-< Pampa, a atual Cuenca . Esses desafios militares presumivelmente estimula -
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loiam deslocadas, uma parcela maior de terras no litoral foi tomada para
1/1 i/i
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z ram os incas a fazer experiê ncias primeiramente com soldados dos ai ma rãs .
M lo I stado, os habitantes da plan ície n ã o foram admitidos no exército por
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num sistema diferente da mita ; somente doze anos antes da invasã o europé i i . lnh •« •! confian ça e os templos do culto solar foram impostos. N ão se sabe Z
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é que també m foram substitu ídos por ex - rebeldes locais, os canaris, coopta - fH qm ponto os habitantes das montanhas interferiram no trá fego em janga -
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4H- Roswith Hartmann , Mdrkte im alien Peru , Bonn , 1986. z
UJ
> I MIIISalomon , Ethnic Lords of Quito in the Age of The Incas: The Political Economy of <
t/i
in
< 49- Udo Oberem , “ Hl Acceso a Recursos Naturales de Diferentes Ecologias en la Sierra Ecuato Nonh Andean Chiefdoms , Cornell, 1978.
UJ
Q
<
U riana ( Siglo XVI ) ” , International Congress of Americanists, Actes , Paris, 1978, vol . IVj Walilrnutr I spmo / a Soriano, “ Colonias de Mitmas Multiples en Abancay, Siglos XV & O
UJ
cn
UJ U
2 Frank Salomon , “ Syst è mes politiques verticaux aux march és de I ’empire inca ” , A / S( , I UIUI Informació n In édita de 1575 para la Etnohistoria Andina ” , Revista del Museo O
< i/i
medida sem precedentes para aumentar a produtividade das á reas cultivada * ] W* principal, cuidando dos rebanhos do senhor; o segundo trabalhava rio
do Estado. No governo do rei Huayna Cá pac , pouco antes da invasã o euroJ
peia , o territ ó rio recé m -desocupado foi dividido primeiramente em qua - • HHUij, nos campos de folhas de coca ;
os outros dois viviam no mesmo
pt' VlMdn com seu senhor e atendia a seus m ú ltiplos interesses. É possí vel que
drantes e cada um desses quadrantes em faixas que iam “ de cordilheira a ! • ilr de simples coincid ê ncia o fato de o n ú mero
de seus yanas ser o
cordilheira ” . Cada faixa era atribu í da a um grupo do planalto , de l í ngun Wrimti que o de suas esposas57.
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aimar á , que vivia do lago Titicaca , no extremo norte , at é o deserto dr A Ideologia inca , tal como se reflete na tradiçã o oral din á
stica , afirmava ,
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Atacama , no sul; os agricultores assentados n ã o eram colonos mitmacs, mail que os yanas eram uma inovação sua. Dizia -se que um “ irm ão ” real , </5
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Z sim mitayucs enviados temporariamente por turnos. Exceto por alguma * I Wfii * do para inspecionar o dom í nio e realizar um censo, teria removido do c
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u carreiras de milho em cada quadrante destinadas à alimenta çã o das mita \ » p * TM algumas popula ções, esperando usá - las numa contesta çã o din ástica UJ
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Mum i O Irm ã o reinante. A trama fracassou e da pele do irm ã o foi feito um
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52. Maria Rostworowski de Diez Canseco, “ Mercadores del Valle de Chincha en la É poca Pu - • Ht hoi as pessoas n ã o registradas por ele
també m foram tratadas como
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hispanica ” Revista Espafwla de Antropologia Americana, Madrid, 5:135- 178, 1970; John V Id » ^ c deveriam ser mortas. Supõe-se que a rainha tenha impedido
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Murra, “ EI Tr áfico de Muclu en la Costa del Pac í fico” , em Formaciones Econ ó micas, 1975. 1/5
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U 53. Nathan Wachtel , “ Les mitimaes de la vall ée de Cochabamba: la politique de colonisation V* .
hl » I Tc » Mitimaes ” , op cit . <
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LU
2
<
de Way na Capac” , journal de la Société des Américanistes, Paris, 1980. Im .
MiMii
-3021.
Poma de Ayala , Nueva Coronica , pp. 298-300 ( 300
UJ
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O
< 54. Murra , “ La Guerre et les rebellions ” , pp. 933-934. Muna . .
I a ViHita do los Chupaehu ", op cit
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C/5
98 99
massacre sugerindo ao marido que os “ rebeldes” poderiam ser aproveitados I ' In * l í nguas, adoravam os seus deuses e eram capazes de suprir , como
no trabalho em propriedades reais. Como o lugar onde isso aconteceu cha - H » H|» n é tnico , a maior parte de suas necessidades. Tudo isso seria afetado e, a
mava -se Yanayaco, os servidores foram da í por diante chamados yanas e à t prazo amea çado pelo surgimento de servidores em tempo integral61.
,
vezes yartayacos58.
Observadores europeus relataram que essas popula ções ficaram “ isentas "
das obrigações étnicas e do parentesco, uma vez que na contagem n ã o eram
mais inclu í das junto com seu quipo original . Embora muitos tenham afir -
mado que a sua condi çã o de serviçal era heredit á ria , as provas disso n ã o sà n
conclusivas: uma das poucas men ções a seu destino em relatos mais antigo*
e confiáveis afirmava que somente o filho do yana que fosse “ apto ” para esse
serviço lhe sucederia no trabalho. Os outros presumivelmente retornavam 1 .
seu lugar de origem é tnica . H á muita pressão sobre a prova no sentido de
interpret á -la como se os yanas fossem escravos59.
As tentativas de apresentar como privil é gios o que na verdade eram
novas e onerosas tarefas e mudan ças de status foram provavelmente anterio
res aos incas. O nome das acllas, perdidas para seus grupos é tnicos e par .»
seus maridos em potencial, prové m de acllay, selecionar, escolher; o norm *
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ú nico aspecto a considerar. Se a tend ê ncia foi no sentido de crescimento c m <
seu status foi afetado por “ rebeliões” , os yanas podem ter sido os precursora
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/ do futuro. Tahuantinsuyo em 1500 parece ter sofrido um processo de oc
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U mento dos grupos é tnicos relativamente aut ó nomos que falavam suas pr úf H
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John V. Murra, “ Nueva Information sobre las Poblaciones Yana , em Formations
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micas.
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< 59. Emilio Choy, Antropologia e Historia, Lima, 1979. Sobre o debate em torno do modo || UJ
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*
produ çã o predominante em 1532 , cf. os vá rios artigos reproduzidos em: WuUleittj
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» tliHit ulteriores sobre as sociedades andinas antes da iinvasão europeia, cf., neste !
Espinoza Soriano ( ed.), Los Modos dc Production en el Império de los Incas, Lima , 1978
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< 60. ' op. til .
Murra , “ Nueva Información sobre las Poblaciones Yana\
. .
IM»# li Miihalhn de Wachtcl, cap. 5 pp. 195- 239. </ j
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