Galoa Proceedings Cobeq 2016 39926
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1. INTRODUÇÃO
Ao se considerar o emprego de materiais na construção de equipamentos ou instalações é
necessário que estes resistam à ação do meio corrosivo (GEMELLI, 2001; PANOSSIAN, 1993). Um
quinto da produção mundial de aço é destinado a repor perdas causadas pela corrosão, o que
representa um impacto econômico para as grandes empresas que utilizam de alguma forma este
material (Diário Comércio, 2008).
Com isso, o estudo dos processos corrosivos que atacam e degradam materiais metálicos e não
metálicos é de extrema importância, por ser um processo espontâneo e que, constantemente,
transforma os materiais, diminuindo ou limitando a sua durabilidade e desempenho, resultando em um
problema para as indústrias, empresas de gás, de petróleo, de mineração, petroquímicas e companhias
de saneamento e águas (GOMES 1995; GEMELI, 2001).
Meios corrosivos muito comuns são as águas naturais. As águas naturais podem conter sais,
gases dissolvidos, matéria orgânica, microorganismos, resíduos industriais, poluentes diversos, etc.
Trata-se de um meio corrosivo de constituição química complexa e de difícil estudo, por envolver
diversos constituintes (UHLIG, 1963).
Os materiais metálicos em contato com águas naturais tendem a sofrer corrosão, a qual vai
depender de vários fatores, como pH, a temperatura e a velocidade de agitação, além de substâncias
que podem estar contaminando a mesma (FURTADO, 1981; GENTIL, 2011). Os contaminantes
normalmente encontrados são gases dissolvidos (O2, N2, CO2, Cl2, SO2, SO3, H2S), sais dissolvidos
(NaCl, FeCl3, MgCl2, Na2CO3, NaHCO3), matéria orgânica de origem animal ou vegetal, bactérias,
limos, algas, sólidos suspensos, etc.
2. EXPERIMENTAL
Para a realização do ensaio da corrosão, foram utilizadas amostras metálicas de aço carbono
API 5L grau B, as quais foram cedidas por empresa responsável pela distribuição de petróleo e
derivados no estado do Rio Grande do Sul.
Os ensaios de corrosão por exposição foram realizados expondo as amostras metálicas nas
respectivas amostras de águas naturais (Figura 1), por um tempo de 5 meses. Foi realizado o
monitoramento da perda de massa das amostras metálicas, desde 10 min até o tempo final. A taxa de
corrosão do aço foi determinada segundo a norma ASTM G1-90, para cada um dos meios agressivos.
3. METODOLOGIA DE CÁLCULO
A determinação da taxa de corrosão segundo a norma ASTM G1 – 90, é representada pela
Equação 1:
(1)
Onde: constante para definir unidade (K) equivale a 8,76 x 104 mm ano-1, tempo de exposição (t) em
h, a área (A) em cm2, perda de massa (W) em g, densidade do metal (D) em g cm-3 (aço carbono =
7,86 g cm-3).
4. RESULTADOS
A morfologia da amostra metálica preparada, antes de qualquer exposição aos meios, é
apresentada na Figura 2.a. Observam-se as inclusões não metálicas, típicas da composição deste
material, as quais são formadas durante o processo de fabricação do aço carbono API 5L Grau B,
ainda no estado líquido (ZHANG 2006 apud INFOMET cap. 2), indicadas na Figura 2.b.
a) b) Inclusões não
metálicas
40x 400x
Figura 2 - Morfologia do aço antes da exposição (a), detalhe das inclusões não metálicas (b).
As amostras de aço expostas pelo tempo inicial de 10 min em água de rio e água do mar são
apresentadas na Figura 3.a e Figura 3.b. A rápida nucleação do ataque à superfície metálica, com a
formação de pites (ataque localizado), foi observada mesmo com apenas 10 min de exposição.
a) b)
40x 40x
Figura 3 – Morfologia do ataque ao aço em 10 min de exposição à água de rio (a) e do mar (b).
a) b) c)
Figura 4 - Morfologia do ataque em água do mar por 120 h, antes de remoção do produto de
corrosão (a), após a remoção (b), e após a remoção, para o aço em água de rio por 120 h (c).
a) b) c)
Figura 5 - Morfologia do aço após 5 meses de exposição com e sem produtos de corrosão, para
exposição no rio (a), em açude (b) e no mar (c).
As taxas de corrosão de cada uma das amostras de aço carbono expostas foram de 0,15 mm ano-
1
em rio, 0,17 mm ano-1 em açude, e 0,33 mm ano-1 no mar. Isto reforça a teoria de que as águas de rio
e açude são também meios agressivos ao aço, mesmo que em menor intensidade, no entanto, a água
de mar foi praticamente duas vezes mais agressiva.
Na medida de voltametria cíclica medida sobre o aço em contato com a água do mar, Figura 6,
foram verificadas maiores valores de densidades de corrente (j), cerca de 5 mA cm-2, evidenciando a
intensa reação de oxidação na superfície do metal. O retorno no sentido de menores valores de j, é
outro indicativo de que o metal sofreu ataque localizado, sob a forma de pites.
Figura 6 – Voltametria cíclica medida sobre o aço API 5L Grau B em água do mar a 10 mV s-1 e
25°C.
A morfologia das amostras de aço após a voltametria foi observada por microscopia óptica,
revelando a presença de pequenos ataques localizados para as amostras imersas em águas doces (rio e
açude), e um ataque mais intenso à amostra exposta ao mar. Conforme mostra a Figura 7.
a) b) c)
Figura 7 - Morfologia do aço após a voltametria cíclica a 10 mV s-1 em água de rio (a), de açude
(b) e de mar (c).
5. CONCLUSÃO
Constatou-se a ocorrência de processos corrosivos sobre o aço carbono API 5L Grau B em
contato com todas as amostras de águas naturais, açude, rio e mar. A água do mar foi mais agressiva,
promovendo um rápido ataque ao metal (a partir de 10 min), iniciando por pite e evoluindo para um
ataque generalizado. Em todos os casos, após 5 meses de exposição, espessa camada de produtos de
corrosão foi formada no aço, gerando maiores valores de pH e condutividade elétrica nas águas. A
taxa de corrosão determinada após 5 meses, e os testes eletroquímicos realizados, também
comprovam que a corrosividade da água do mar é mais intensa do que as amostras de água doce (rio e
açude), mas no entanto, todo os meios apresentaram algum nível de agressividade ao aço.
6. NOMENCLATURA
7. REFERÊNCIAS
DIÁRIO DO COMÉRCIO. Os Danos da Corrosão na Economia. Disponível em:
http://www.diariodocomercio.com.br/noticia.php?tit=os_danos_da_corrosao_na_economia_&id=101
214. Acessado em: 12/01/2016.
GEMELLI, E. Corrosão de Materiais Metálicos e Sua Caracterização. LTC: Rio de Janeiro, 2001.
GOMES, L. P. Sistemas de Proteção catódica. Instalações e Engenharia de Corrosão Ltda., 1995.
FURTADO, P. Introdução à Corrosão e Proteção das Superfícies. Imprensa Universitária, UFMG,
1981.
GENTIL, V. Corrosão. LTC: Rio de Janeiro, 2011.
INFOMET. Inclusões Não Metálicas em Aços. Disponível em:
http://www.infomet.com.br/site/acos-e-ligas-conteudo-ler.php?codConteudo=226. Acessado em:
15/01/2016.
LAQUE, F. L. Marine Corrosion. John Wiley & Sons: NY, 1975.
NORMA TÉCNICA ASTM G1-90 Standard Practice for Preparing, Cleaning, and Evaluating
Corrosion Test Specimens, 1999.
PANOSSIAN, Z. Corrosão e Proteção contra Corrosão em Equipamentos e Estruturas Metálicas. v.
2, IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas: São Paulo, 1993.
UHLIG, H. H. Corrosion and Corrosion Control. John Wiley & Sons: NY, 1963.
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