Agronegócio Famílias e Infraestrutura Domiciliar
Agronegócio Famílias e Infraestrutura Domiciliar
Agronegócio Famílias e Infraestrutura Domiciliar
RESUMO
Tendo por base a concepção mais ampla de desenvolvimento rural, que abarca tanto a
dimensão agrícola quanto a questão propriamente agrária, este artigo tem por objetivo central
a investigação das formas de ocupação e geração de renda das famílias rurais do Centro-Oeste
brasileiro, bem como de suas condições de vida, por meio do recurso aos dados da PNAD. Se,
de um lado, reconhece-se, na região analisada, uma grande evolução de suas atividades
produtivas agropecuárias e a preeminência de políticas públicas importantes na fomentação
deste fim, de outro, a infraestrutura domiciliar, que reflete as condições de vida no rural, ainda
carece de significativos avanços.
Palavras-chave: Desenvolvimento rural; Região Centro-Oeste; Famílias rurais; Infraestrutura
domiciliar.
ABSTRACT
Based on the broader conception of rural development, which encompasses both the
agricultural dimension and the agrarian issue, this article’s central objective is the
investigation of the forms of occupation and income generation of rural families in the
Brazilian Midwest, as well as as their living conditions, trhouth the use of PNAD data. If, on
the one hand, in the analyzed region, there is a great evolution in its agricultural production
activities and the prevalence of important public policies fostering this end, on the other, the
household infrastructure, which reflects the living conditions of rural population, still lacks
significant advance.
Key-words: Rural development; Center-West Region; Rural families; Household
infrastructure.
1. Introdução
1
Doutor em Economia Aplicada (UNICAMP). Professor do IERI/UFU. E-mail: [email protected]
2
Doutora em Desenvolvimento Econômico (UNICAMP). Professora do IERI/UFU. E-mail:
[email protected]
3
Doutor em Economia (UNICAMP). Professor do IERI/UFU. E-mail: [email protected]
4
Doutora em Economia (IERI/UFU). Pesquisadora do CEPES/IERI/UFU. E-mail: [email protected]
5
No intuito de ficarmos circunscritos ao tema central de interesse deste artigo deixamos subsumidos àquelas
duas dimensões os aspectos ambientais do desenvolvimento rural por estarem fora do escopo do artigo.
6
A pluriatividade concerne à combinação, entre os membros de uma unidade familiar, de ocupação em
atividades agropecuárias e em atividades não agropecuárias.
7
As três fases desse Projeto compreenderam o período de meados dos anos 1990 até meados dos anos 2000. A
propósito, ver, entre outras de suas publicações, Campanhola e Graziano da Silva (2000).
8
Diniz (1987) mostra, na sua tese de doutoramento, a importância dos investimentos (majoritariamente públicos)
na exploração dos recursos naturais, que ajudaram a dar formas na desconcentração produtiva nacional e
serviram de contrapeso aos desequilíbrios do balanço de pagamentos.
9
Segundo esse autor, na década de 1970 não só o agronegócio ainda estava sendo construído e consolidado
como, por outro lado, a elevada liquidez internacional, à qual o Brasil tinha facilidade de acessar, resultava em
uma aparente não necessidade do país às divisas que o agronegócio poderia gerar. A crise da dívida externa, nos
anos 1980, por sua vez, desnudou essa aparência.
10
“Marconi (2008) separou commodities agrícolas e minerais de commodities agrícolas e minerais
industrializadas e mostrou que são as primeiras, especialmente as agrícolas, que mais contribuem para a variação
positiva do saldo da balança comercial, nos dois períodos por ele analisados, 1992-2007 e 2002-2007 (o autor
analisou os anos de 1992, 2002 e 2007). Diferentemente, os manufaturados de média-alta e alta tecnologia
contribuem de forma fortemente negativa para esse saldo, nos mesmos períodos.” (NASCIMENTO, CARDOZO
e CUNHA, 2009, p. 5)
11
Famílias sem empregadores.
12
Famílias sem empregadores e sem contas-próprias.
13
Infelizmente a PNAD não pergunta o local onde a pessoa exerce sua atividade, se no rural ou se no urbano, ou
seja, nesse caso, permite saber apenas onde a pessoa reside e em qual atividade se ocupa.
14
Seguimos a metodologia utilizada originalmente nos trabalhos do Projeto RURBANO, coordenado pelo
professor José Graziano da Silva da UNICAMP (Cf. GRAZIANO DA SILVA, 1999). A metodologia de
construção desses tipos de famílias extensas exclui da contagem os pensionistas, os empregados domésticos e os
parentes dos empregados domésticos.
15
Esse crescimento se deu principalmente pelo aumento da área plantada com milho no Centro-Oeste que, no
ano 2000, tinha cerca de 15% de participação na área nacional plantada com milho e chega a 49%, em 2019, ao
passo que a soja passa de 40% a 45%. A área plantada com milho no Centro-Oeste cresceu 350% entre 2000 e
2019, e com soja, 190%.
PEA Não Agropecuária 218 283 303 211 277 282 100,0 4,0 *** 7,8 ***
Serviços domésticos 53 75 82 51 67 71 25,0 4,3 ** 9,5 ***
Comércio e reparação 38 45 35 24 41 41 14,4 1,2 14,6 **
Educação, saúde e serviços sociais 24 23 40 28 37 38 13,6 6,0 *** 8,8 *
Indústria de transformação 37 45 45 31 35 34 12,1 1,2 1,5
Indústria Construção 18 23 33 20 23 29 10,2 9,3 *** 8,8 ***
Alojamento e alimentação 10 22 15 14 20 21 7,4 2,0 12,0 **
Administração pública 13 21 16 11 15 15 5,5 4,2 * 8,0 *
Transporte, armazenagem e
7 9 12 14 15 15 5,3
comunicação 6,6 *** 2,7 *
Outras atividades 6 8 10 9 9 10 3,4 6,6 * 1,6
Outros serviços coletivos, sociais e
8 9 9 7 11 6 2,2
pessoais 3,9 -2,0
Outras atividades industriais 6 4 6 3 3 3 0,9 -- 3,9
Atividades maldefinidas 0 0 0 0 0 0 0,0 -- --
Não Ocupados 385 438 462 415 511 488 - 1,9 ** 3,2
PEA Não Ocupada 21 30 30 11 18 19 - 3,8 10,2
Inativos com Aposentadoria/pensão 51 54 70 77 104 107 - 6,0 *** 6,7 *
Inativos sem Aposentadoria/pensão 313 354 362 327 388 363 - 1,2 2,0
TOTAL 1251 1480 1418 1113 1289 1334 - 1,3 * 4,1 ***
% PEA rural ocupada
PEA Agropecuária 74,8 72,8 68,3 69,7 64,4 66,7 - -1,2 *** -1,4
PEA Não Agropecuária 25,2 27,2 31,7 30,3 35,6 33,3 - 3,0 *** 3,1 *
Nota: exclusive os casos com menos de seis observações na amostra.
a) estimativa do coeficiente de uma regressão log-linear contra o tempo. Neste caso, o teste t indica a existência
ou não de uma tendência nos dados. ***, **, * significam respectivamente 5%, 10% e 20%.
Fonte: Microdados das PNADs/IBGE. Elaboração dos autores.
Por fim, cabe ainda ressaltar, para o propósito deste artigo, que a Tabela 1 também
registra a tendência (estatística) de crescimento do total da população rural da região Centro-
Oeste (com um contingente absoluto de mais de um milhão de pessoas), nos dois períodos em
apreço (em 2002-2009, cresceu a 1,3%a.a., e, em 2011-2015, o crescimento foi de 4,1%a.a.).
O que significa dizer que, a despeito desta região se destacar nacionalmente como fronteira de
expansão das atividades agropecuárias do agronegócio, calcadas em uso intensivo de
tecnologias poupadoras de força de trabalho, tal processo não está se refletindo em redução da
população rural, mas em crescimento – embora mereça destacar que 36,6% deste total referia-
se ao agrupamento dos não ocupados, em 2015. Essa observação reforça nosso interesse em
analisar as condições de infraestrutura social diretamente relacionada à reprodução de toda
essa população rural em expansão.
Nesse sentido, como a análise ficará circunscrita às condições infraestruturais dos
domicílios rurais (limitada ao conjunto de variáveis que selecionamos das PNADs/IBGE),
Tabela 2: Distribuição e evolução dos contingentes (e participação relativa) dos tipos de famílias
rurais: Centro Oeste, 2002 a 2015.
tx cresc. (% aa.) tx cresc. (% aa.)
LOCAL DOM ICÍLIO / TIPO DE FAM ÍLIA 2002 2005 2009 2011 2013 2015
2002/2009ª 2011/2015ª
RURAL
Nr de Famílias x 1.000 (e Taxas de cre scimento)
Família Agrícola 287 308 290 236 256 292 0,4 4,4 ***
Família Pluriativ a 80 114 108 100 103 99 3,3 ** 0,6
Agrícola + Agrícola (Tradicional) 12 11 11 10 9 7 -0,9 -6,4
Agrícola + Não-agrícola (Intersetorial) 69 103 97 90 94 92 3,9 ** 1,3
Família Não Agrícola 81 99 118 76 112 115 4,5 *** 12,2 ***
TOTAL 462 544 542 436 527 547 2,0 *** 5,5 ***
Participação Re lativ a (%) dos Tipos de Famílias no Total de Famílias (e Taxas de cre scimento)
Família Agrícola 62,1 56,6 53,5 54,2 48,6 53,3 -1,6 *** -1,0
Família Pluriativ a 17,4 21,0 19,9 23,1 19,5 18,1 1,3 -4,6 **
Agrícola + Agrícola (Tradicional) 2,5 2,0 2,0 2,4 1,7 1,3 -2,8 -11,3
Agrícola + Não-agrícola (Intersetorial) [1] 14,9 19,0 17,9 20,7 17,9 16,8 1,8 -4,0 **
Família Não Agrícola [2] 17,6 18,2 21,8 17,3 21,2 21,1 2,4 *** 6,4 **
Não-ocupados [3] 3,0 4,2 4,8 5,4 10,6 7,4 6,0 *** 5,3
[2] + [3] 20,6 22,4 26,6 22,7 31,9 28,6 3,0 *** 6,0 *
[1] + [2] + [3] 35,4 41,4 44,5 43,4 49,8 45,4 2,5 *** 1,7
Nota: exclusive os casos com menos de seis observações na amostra.
a) estimativa do coeficiente de uma regressão log-linear contra o tempo. Neste caso, o teste t indica a existência
ou não de uma tendência nos dados. ***, **, * significam respectivamente 5%, 10% e 20%.
Fonte: Microdados das PNADs/IBGE. Elaboração dos autores.
100000,00
200000,00
80000,00
150000,00
60000,00
40000,00 100000,00
20000,00
50000,00
,00
Renda Agropecuária Renda Não Agropecuária Aposentadoria/Pensão Outras fontes de renda ,00
Renda Agropecuária Renda Não Agropecuária Aposentadoria/Pensão Outras fontes de renda
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015
Fonte: Microdados PNADs/IBGE. Elaboração dos autores. Fonte: Microdados PNADs/IBGE. Elaboração dos autores.
Gráfico 6: Massa (total) de renda das famílias rurais Gráfico 7: Massa (total) de renda das famílias rurais
de empregados, por tipo de fonte de renda: Centro- de não ocupados, por tipo de fonte de renda:
Oeste, 2002 a 2015. (Em R$1.000) Centro-Oeste, 2002 a 2015. (Em R$1.000)
350000,00 70000,00
300000,00 60000,00
250000,00 50000,00
200000,00 40000,00
150000,00 30000,00
100000,00 20000,00
50000,00 10000,00
,00 ,00
Renda Agropecuária Renda Não Agropecuária Aposentadoria/Pensão Outras fontes de renda Renda Agropecuária Renda Não Agropecuária Aposentadoria/Pensão Outras fontes de renda
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015
Fonte: Microdados PNADs/IBGE. Elaboração dos autores. Fonte: Microdados PNADs/IBGE. Elaboração dos autores.
16
“Só a casa própria é mais importante que o plano de saúde para viver bem, segundo pesquisa Datafolha
realizada entre usuários de convênios [de saúde] da capital paulista.” 50,0% dos entrevistados responderam ‘casa
própria’, 26,0% ‘plano de saúde’, 17,0% ‘ensino superior’ e 7,0% ‘viagens’. (FOLHA DE SÃO PAULO, 2018).
Contas-Próprias
Com 88,2 89,5 79,9 78,5 85,3 86,0 -0,8 2,5 **
Agropecuária 11,8 10,5 20,1 21,5 14,7 14,0 4,2 -11,2 **
Sem
Empregados
Com 14,9 13,3 19,1 16,3 17,1 14,2 4,0 * -4,7
Agropecuária 85,1 86,7 80,9 83,7 82,9 85,8 -0,8 * 1,0
Sem
Pode-se ver ainda na Tabela 3 que a proporção de famílias sem domicílio próprio é
bastante heterogênea a depender do tipo de família. Os casos mais explícitos de famílias de
não proprietários domiciliares são das famílias de empregados (força de trabalho assalariada),
mais notadamente as famílias de empregados agropecuários, as quais permaneceram,
praticamente durante toda a série de tempo (2002 a 2015), com participação, no total do seu
grupo familiar, acima de 80,0%. Esse é um dado não muito animador em uma região notória
pela forte expansão das atividades agropecuárias patronais do agronegócio. Mas também se
verificam elevadas proporções de famílias sem domicílio próprio entre as famílias de
empregados pluriativos (71,7%) e de empregados não agropecuários (56,3%), em 2015.
Considerando que, nesse ano, 50,4% do total de famílias rurais do Centro-Oeste era de
famílias de empregados (assalariados) – e 31,7% eram de famílias de contas-próprias
agropecuárias e pluriativas (agricultura familiar) –, percebe-se que estamos tratando de um
tema (infraestrutura domiciliar) relevante do ponto de vista da reprodução da força de trabalho
(agropecuária e não agropecuária).17
17
Em um contexto de aprofundamento de um sistema de produção agropecuário cada vez mais capitalista, regido
pelas dinâmicas dos capitais industrial, comercial, de serviços e financeiro, entendemos que não apenas os
trabalhadores assalariados, mas também crescentes frações da agricultura familiar (especialmente aquelas
integradas às atividades do agronegócio em expansão) são, ambos, tomando de empréstimo a compreensão de
Wanderley (2009), “trabalhadores [força de trabalho] para o capital”, cuja reprodução aqui nos ocupa ao
tratarmos das condições infraestruturais dos domicílios das famílias desses trabalhadores.
Pluriativa Intersetorial 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
0 a 0,25 5,4 5,8 0,7 1,9 1,4 0,9 1,3 1,4 - - --
Acima de 0,25 a 0,50 16,7 11,0 8,2 8,6 7,9 6,6 6,2 6,8 -11,9 *** -6,9 **
Acima de 0,50 a 0,75 73,1 82,3 87,3 75,6 73,4 86,1 75,9 63,7 2,6 *** -3,0
Acima de 0,75 a 1 4,8 0,9 3,8 14,0 17,3 6,4 16,6 28,1 - - 14,5
Não Ocupados 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
0 a 0,25 14,7 10,4 1,5 5,1 2,1 4,0 2,3 2,2 -- --
Acima de 0,25 a 0,50 21,8 24,4 10,5 14,2 7,5 10,5 7,4 7,3 -- -12,7 *
Acima de 0,50 a 0,75 48,4 57,2 71,9 66,0 60,1 59,1 75,2 60,5 5,6 *** 0,5
Acima de 0,75 a 1 15,1 8,0 16,1 14,6 30,3 26,3 15,1 30,0 4,9 7,7
Nota: exclusive os casos com menos de seis observações na amostra.
a) estimativa do coeficiente de uma regressão log-linear contra o tempo. Neste caso, o teste t indica a existência
ou não de uma tendência nos dados. ***, **, * significam respectivamente 5%, 10% e 20%.
Fonte: Microdados das PNADs/IBGE. Elaboração dos autores.
A comparação das informações contidas nas Tabelas 3 e 4 revela uma nítida carência
dessa espécie de capital social básico necessário para uma reprodução saudável, e ao mesmo
tempo capaz de elevar a qualificação produtiva, da força de trabalho, assim como também da
vida humana rural em geral da região em apreço. Ou seja, além de um quadro heterogêneo de
18
As famílias de contas-próprias (agropecuária, pluriativa e não agropecuária) correspondiam a 38,6% daquele
total, seguidas das famílias de não ocupados (7,4%) e das famílias de empregadores (3,5%), em 2015.
19
Encontravam-se nessa situação, em 2015, as famílias de empregadores (73,6%), de contas-próprias (71,9%),
de empregados (48,0%) e as de não ocupados (70,0%).
Contas-Próprias
Com 2,8 1,8 1,1 12,1 10,0 26,6 1,3 17,8
Agropecuária
Sem 97,2 98,2 98,9 87,9 90,0 73,4 -0,3 -3,6
Com 15,2 21,5 31,8 27,5 21,0 50,7 9,1 *** 11,9
Não Agropecuária
Sem 84,8 78,5 68,2 72,5 79,0 49,3 -2,4 ** -7,1
Empregados
Com 4,3 2,1 0,8 10,8 5,3 26,4 - - 14,8
Agropecuária
Sem 95,7 97,9 99,2 89,2 94,7 73,6 -0,1 -3,0
20
Landau et al. (2016) observam que a precariedade do esgotamento sanitário e da coleta de lixo domiciliar
contribuem para elevar a incidência de doenças e comprometer a qualidade de vida das famílias rurais.
21
Esse duplo vetor de precariedade dos serviços de saneamento pode prejudicar tanto as populações rurais
quanto o meio ambiente em que vivem, tornando insalubre a relação entre ambos (SCALIZE e BEZERRA,
2020).
22
Algumas das doenças, entre outras, decorrentes de condições precárias de saneamento básico e que podem
comprometer a reprodução e a produtividade dos trabalhadores são: giardíase, tifo, leptospirose, hepatite,
amebíase, etc. (SENAR, 2019).
23
A PNAD não tinha essa informação antes de 2014.
Conta s-Própria s
Com 10,2 9,8
Agrícola
Sem 89,8 90,2
Com 21,0 32,4
Pluriativo Intersetorial
Sem 79,0 67,6
Com 32,5 32,8
Não Agrícola
Sem 67,5 67,2
Empre ga dos
Com 16,1 20,9
Agrícola
Sem 83,9 79,1
Com 24,6 34,4
Pluriativo Intersetorial
Sem 75,4 65,6
Com 33,4 41,8
Não Agrícola
Sem 66,6 58,2
Com 8,7 6,0
Nã o Ocupa dos Sem 91,3 94,0
Por fim, chama atenção o fato de que Mesquita et al. (2020), ao analisarem as
condições da infraestrutura dos domicílios rurais do Nordeste do Brasil, correlacionando-as
com as rendas familiares, mostram que ter renda é fundamental, necessário, embora não
suficiente para um maior acesso, uma maior melhoria, nas condições de infraestrutura
domiciliar. Por um lado, os diferentes níveis de renda familiar diferenciam as condições
infraestruturais entre os distintos tipos familiares, até certo ponto. Por outro lado, uma maior
generalização das melhorias – e, subsequente, redução das disparidades entre os tipos
familiares – depende da existência de políticas públicas. A conclusão e as constatações
apresentadas no trabalho desses autores corroboram a observação pertinente de Werner e
Brandão (2019, p. 297) sobre a importância do papel do Estado na “provisão de infraestrutura
enquanto bem de consumo coletivo”, mas que, porém, como ressalvam esses mesmos autores,
6. Considerações Finais
7. Referências Bibliográficas
ABRAMOVAY, R. O futuro das regiões rurais. 2. ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009.
AQUINO, J. R.; NASCIMENTO, C. A. O “novo” rural do Rio Grande do Norte revisitado.
Cadernos de Ciências Sociais Aplicadas, v. 12, n. 20, p. 135-157, 2015.
BUAINAIN, A. M.; ALVES, E.; SILVEIRA, J. M.; NAVARRO, Z. [Eds. Téc.] (2014). O mundo
rural no Brasil do século XXI: a formação de um novo padrão agrário e agrícola. Brasília, DF:
Embrapa. 1182p.
CAMPANHOLA, C.; GRAZIANO DA SILVA, J. Diretrizes de políticas públicas para o novo
rural brasileiro: incorporando a noção de desenvolvimento local. In: CAMPANHOLA, C.;
GRAZIANO DA SILVA, J. (Orgs.). O novo rural brasileiro: políticas públicas. Jaguariúna, SP:
EMBRAPA/IE-Unicamp, 2000.
CASTRO, C. N. O agronegócio e os desafios da infraestrutura de transporte na região centro-
oeste. In: NETO, A. M.; CASTRO, C. N.; BRANDÃO, C. A. [Orgs.] Desenvolvimento Regional
no Brasil: políticas, estratégias e perspectivas. Rio de Janeiro: IPEA, 2017.
DELGADO, G. (2012). Do capital financeiro na agricultura à economia do agronegócio:
mudanças cíclicas em meio século (1965-2012). Porto Alegre: Editora da UFRGS.
DELGADO, G. C.; BERGAMASCO, S. M. P. P. (Orgs.). Agricultura familiar brasileira: desafios
e perspectivas para o futuro. Brasília, DF: Ministério do Desenvolvimento Agrário, 2017.
DINIZ, C. C. Capitalismo, recursos naturais e espaço. Tese de doutorado. IE-UNICAMP.
Campinas: UNICAMP, 1987.
DEL GROSSI, M. E. A agricultura familiar e a nova ruralidade entre 2004 e 2014. In: MALUF,
R. S.; FLEXOR, G. (Eds.). Questões agrárias, agrícolas e rurais: conjunturas e políticas
públicas. 1. ed. Rio de Janeiro - RJ: E-papers Serviços Editoriais, 2017. p. 257–268.
FICI, R. P. As ferrovias brasileiras e a expansão recente para o Centro Oeste. São Paulo: USP.
Dissertação de Mestrado. 2007.
FOLHA DE SÃO PAULO. Para usuário, só casa própria tem mais importância que plano de
saúde, diz pesquisa. In: https://www1.folha.uol.com.br/seminariosfolha/2018/12/para-usuario-so-
casa-propria-tem-mais-importancia-que-plano-de-saude-diz-
pesquisa.shtml#:~:text=S%C3%B3%20a%20casa%20pr%C3%B3pria%20%C3%A9,valorizada%
20por%2026%25%20dos%20entrevistados. Acesso em: 09/02/2021.
FURTADO, C. Pequena Introdução ao Desenvolvimento – Enfoque interdisciplinar. São Paulo:
Editora Nacional. 1980.
GALINDO, O.; DUARTE, R. Infraestrutura econômica: um desafio à consolidação da grande
fronteira do Brasil. Brasília: IPEA, Textos para discussão, n. 77/98, 1998.
GRAZIANO DA SILVA, J. O novo rural brasileiro. 2. ed. rev. Campinas: Unicamp/IE, 1999.
GUIMARÃES, E. N.; LEME, H. J. C. Caracterização histórica e configuração espacial da
estrutura produtiva do Centro-Oeste. In: HOGAN, D. J. et al. (orgs.). Migração e ambiente no
Centro-Oeste. Campinas: UNICAMP, 2002. 324p
HARVEY, D. A produção capitalista do espaço. São Paulo: Annablume, 2005.
KAGEYAMA, A. A. Desenvolvimento rural: conceitos e aplicações ao caso brasileiro. Porto
Alegre: editora da UFRGS, 2008.