Pastoral Urbana - 2013 - Ex
Pastoral Urbana - 2013 - Ex
Pastoral Urbana - 2013 - Ex
PASTORAL URBANA
2013
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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR
Diretor Executivo
Pr. Almir de Paula
Produção
Prof. Mestre Cícero Zezerra
Preparação de Originais
Prof. Pr. Marco Antonio T. Lapa
Revisão
Prof. Roberto Carlos Carvalho Gomes
Projeto Gráfico
Eurípedes Mendes
Diagramação
Antonio Dias
Edição
Edição - 2013
Proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem a permissão escrita dos autores, por
quaisquer meios a não ser em citações breves, com indicação da fonte. A violação dos direitos
dos autores (Lei n.9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do código penal.
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PASTORAL URBANA
APRESENTAÇÃO
Prezados alunos!
Desejo a você um
ótimo curso!
THEO
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PASTORAL URBANA
SUMÁRIO
PLANO DE ESTUDOS DA DISCIPLINA.........................................................................11
EMENTA..................................................................................................................... 11
OBJETIVO GERAL ......................................................................................................11
OBJETIVOS ESPECÍFICOS .........................................................................................11
PROGRAMA DA DISCIPLINA......................................................................................11
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1 INTRODUÇÃO........................................................................................................... 29
2 QUADRO POLÍTICO E ADMINISTRATIVO ...................................................................... 30
3 ORGANIZAÇÃO ECONÔMICA ...................................................................................... 30
4 ORGANIZAÇÃO SOCIAL ............................................................................................ 31
5 INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS ...................................................................................... 31
6 O JUDAÍSMO NO SÉCULO I ....................................................................................... 32
6.1 OS PRINCIPAIS GRUPOS DO JUDAÍSMO DO SÉC. 1 d.C............................................... 32
AUTOATIVIDADE DO CAPÍTULO 2.................................................................................. 35
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REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 101
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PLANO DE ESTUDOS DA
DISCIPLINA
EMENTA
Esta disciplina visa preparar o aluno para exercer o ministério cristão na cidade e desenvolver
atividades pertinentes para uma ação transformadora nas áreas de influência da igreja local.
OBJETIVO GERAL
Levar o aluno à compreensão da pastoral urbana desenvolvida nas cidades, com compreen-
são bíblica, tomando Jesus como referência e apresentando alternativas contextualizadas de
evangelização.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Conceituar biblicamente a igreja na cidade.
PROGRAMA DA DISCIPLINA
CAPÍTULO 1 - A HISTORIA E O DESENVOLVIMENTO DAS CIDADES
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CAPÍTULO 1
A HISTÓRIA E O DESENVOLVIMENTO
DAS CIDADES
01
CAPÍTULO
FIGURA 01: CIDADES
Disponível em: blig.ig.com.br/acessivelparatodos/tag/turismo/
em 27.mar.2010
TÓPICO 1 – HISTÓRIA
1 INTRODUÇÃO
Ao iniciarmos o estudo dessa disciplina, será interessante
fazermos algumas perguntas:
• O que é urbanização?
• O que é uma cidade?
• Como acontece o dia a dia dos habitantes de uma cidade?
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conhecer seus primórdios, seus processos urbanizatórios, quem exerceu ou exerce o poder político,
econômico e espiritual. É fundamental conhecer a lógica administrativa municipal. Quais são as
áreas privilegiadas na administração pública: educação, saúde, saneamento básico, especulação
imobiliária? O resultado (lucro) dos empreendimentos é reaplicado a favor da cidade e redunda
em melhor progresso e bem–estar social ou é desviado para aplicação distante? Quais são os
pontos fortes e os pontos fracos da cidade, do bairro?
A ideia de urbanização, no contexto da discussão pastoral, precisa ser situada dentro dos limites
conceituais mais claros. Não é raro vermos pessoas confundirem os termos “urbanização“ e “cidade”.
2.2.2 Implicações
As cidades, principalmente nesses “dois terços” do mundo, não crescem apenas em população
(explosão demográfica), mas também em problemas sociais, econômicos e políticos. Pobreza,
violência, fome, doenças, favelas,; os problemas são imensos.
2.2.2.1 Megacidades
Outro grande problema é a formação de megacidades. Essas são áreas com uma população
igual ou superior a dez milhões de habitantes. De acordo com a ONU, estima-se que no ano 2015
Tóquio, Mumbai, Jacarta, Karachi, Lagos e São Paulo terão mais de 20 milhões de habitantes.
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PASTORAL URBANA
2.2.2.2 Cidades-globais
Outra categoria nos estudos urbanos é o da cidade global. Estudos feitos recentemente
mostram que hoje existem no mundo cinquenta e cinco cidades globais. Para sabermos se uma
cidade é global, leva-se em conta:
As cidades-globais são vetores importantes da globalização. Elas são sede de poder e é, por
meio delas, que a economia global é administrada, coordenada e planejada. Algumas cidades são,
simultaneamente, cidades-globais e megacidades. Nova Iorque e São Paulo estão nessa categoria.
Não há como negar que a cidade se apresenta como a próxima fronteira missionária, nos
desafiando a entender a conjuntura sociocultural, para que o trabalho
missionário seja verdadeiramente salutar e produza frutos. O que
acontece nas cidades acaba por afetar uma nação inteira e o mundo
caminha na direção que as cidades seguem.
O termo “cidade” é geralmente utilizado para designar uma dada entidade político-adminis-
trativa urbanizada. Em muitos casos, porém, a palavra “cidade” é também usada para descrever
uma área de urbanização contígua, ou seja, uma região metropolitana, como por exemplo: Grande
São Paulo, Grande Rio, Grande BH, Grande Curitiba e outras.
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As primeiras verdadeiras cidades são, por vezes, consideradas grandes assentamentos per-
manentes, onde os seus habitantes não são mais simplesmente fazendeiros da área que cerca o
assentamento, mas passaram a trabalhar em ocupações mais especializadas na cidade, onde o
comércio, o estoque de alimentos e o poder foram centralizados. Como Ur dos Caldeus, na Meso-
potâmia, elas são resultantes do crescimento de pequenos vilarejos e/ou da fusão de pequenos
assentamentos entre si. Antes desta época, assentamentos raramente alcançavam tamanho
significativo, embora haja exceções como Jericó, por exemplo.
A maioria das grandes cidades possui um centro financeiro, onde instituições financeiras,
sedes de grandes companhias e shopping centers estão localizados. Pessoas de todas as partes da
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1 INTRODUÇÃO
Neste tópico você vai conhecer e entender o crescimento das cidades e o seu desenvolvi-
mento, e a entrada do Evangelho neste contexto.
As antigas cidades normalmente tinham uma acrópole, um castelo para segurança. A acrópole
sumiu e a defesa foi confiada totalmente aos muros. Estes cercavam as cidades num círculo ir-
regular e envolviam também áreas não povoadas, quando isso era favorável à defesa.
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Após a ascensão do feudalismo, a maioria das cidades do mundo eram formadas por pequenas
populações, sendo que em 1500 existiam aproximadamente duas dúzias de cidades com mais de
cem mil habitantes. Em 1900 esse número aumentaria para 300, graças à Revolução Industrial.
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censos demográficos. Segundo tal critério, qualquer comunidade urbana caracterizada como
sede de município é considerada uma cidade, independentemente de seu número de habitantes,
sendo a parte urbanizada de seus distritos considerados prolongamentos destas cidades. O senso
comum brasileiro associa um município a uma cidade.
Desde 2003, o Brasil possui um órgão ministerial denominado Ministério das Cidades, que
tem a função de realizar o planejamento territorial e fiscalizar a gestão e o planejamento urbano
de todos os aglomerados urbanos do país, segundo as diretrizes e os princípios constantes na
Constituição e no Estatuto das Cidades.
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2 O FATOR FAVELA
O processo de urbanização é um fenômeno mundial. No primeiro mundo, especialmente na
Europa, este processo teve origem na revolução industrial com o surgimento da máquina a vapor
na Inglaterra. Poucas pessoas moravam nas cidades. Foi necessário importar do campo, da zona
rural, a mão de obra necessária. Não havia um programa de habitação. Os trabalhadores tiveram
que viver amontoados em lugares insalubres muito parecidos com aquilo que hoje faz parte
do cenário das “grandes” cidades brasileiras – as favelas. O crescimento populacional nos dois
últimos séculos, inclusive no Brasil, foi quantitativamente diferente de tudo que a humanidade
já havia experimentado. A primeira favela no Brasil, segundo dados do governo, surgiu no morro
da Providência, no centro da cidade do Rio de Janeiro, em 1897.
Segundo o IBGE, mais de 10 milhões de pessoas vivem em favelas. Estudos da ONU projetam
que até o ano de 2020, haverá 1,4 bilhão de pessoas vivendo em favelas em todo o mundo, sendo
162 milhões na América Latina. Cerca de 52,3 milhões de pessoas vivem em favelas no Brasil.
O que a Igreja pode fazer neste contexto?
Favela, tal como definido pela agência das Nações Unidas UN-HABITAT, é uma área degradada
de uma determinada cidade caracterizada por:
• Moradias precárias.
• Infraestrutura precária e sem regularização fundiária.
• Baixa qualidade de vida.
• Limitado poder aquisitivo dos moradores.
• Áreas com edificações inadequadas, muitas vezes apertadas aos morros onde é difícil
construir edifícios estáveis e com os materiais tradicionais .
• Áreas de habitação que já foram respeitáveis, mas que se deterioraram quando os
habitantes originais foram deslocados para novas e melhores partes da cidade.
• Vastos assentamentos informais encontrados nas cidades do mundo subdesenvolvido e
em desenvolvimento.
• Áreas que são muito habitadas por pobres ou socialmente desfavorecidos.
• Área de características geográficas que variam entre as diferentes regiões.
• Edificíos variando desde simples barracos a estruturas permanentes e bem estruturadas.
• Falta de água potável, eletricidade, saneamento e outros serviços básicos.
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Através dos quadros que se seguem, vamos explorar uma caracterização dessas diferenças.
Após ler o quadro acima você percebeu o quanto há para se notar no mundo rural além da
dimensão econômica? Há temporalidades e territorialidades próprias desse modo de vida.
Vamos observar outro quadro. Nele avançamos na caracterização conceitual dos modos de
vida rural e urbano e dos respectivos espaços.
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O MUNDO URBANO
Dimensão Características
Atividades Econômicas Múltiplas: indústria e serviços diversos se desenvolvem e são criados
quase que infinitamente.
Natureza Não é uma força produtiva no mundo urbano. Seus ritmos e tempo-
ralidades contam pouco, diante de um tempo inteiramente humano.
Demografia Populações concentradas espacialmente; altas densidades demográficas.
Estrutura Social Uma sociedade marcada pela diversidade quanto às suas origens
étnicas e culturais.
Mobilidade Social Grande a possibilidade de mudança; múltiplas atividades econômicas
significam várias profissões e significam também possibilidades de
ascensão social, de troca de classe social.
Interações Sociais O número de pessoas e o número de recursos sociais com o qual o
homem urbano se relaciona é imenso. As territorialidades do homem
urbano são amplas num mundo de conexões.
QUADRO 2: O MUNDO URBANO
FONTE: Do Autor
Um terceiro quadro que nos é de muito interesse, serve para dar respostas sobre a desruralização
do país, nos dois sentidos que estão sendo trabalhados: o da migração campo-cidade, propriamente
dito, e da modernização (urbanização) do campo. Trata-se do campo modernizado e ou urbanizado.
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Em que segmentos básicas, tais como: trabalho, moradia, educação e saúde. Mesmo
referidas neste
tópico?
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FIGURA 4: URBANIZAÇÃO
Disponível em: www.itaimpaulista.com.br/portal/index.php?sec... em 28.mar.2010
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acrescente a crise das instituições: família, escola, Estado e Igreja, o que incide particularmente
sobre a educação da pessoa. Abre-se aqui, para a pastoral, o desafio de contribuir para que a
família seja, apesar das adversidades, lugar de ”personalização” e de iniciação à fé cristã ou,
alternativamente, de assumir um eficaz trabalho pedagógico de educação à fé, lá onde a família
não pode ou não quer desempenhar seu papel.
• O uso dos meios de comunicação de massa não deverão ter prioridade sobre a
comunicação interpessoal, que é a maior riqueza da Igreja, também hoje. E quando
houver recursos, é preciso cuidar para que as tomadas de posição da Igreja não pareçam
estéreis, pouco confiáveis e distantes dos reais interesses dos habitantes da cidade.
Quando você aprende a manejar as pesquisas, você se torna mais objetivo para desenvolver
uma pastoral para a cidade. Um dos fatores importantes para a pastoral urbana é saber o que
esta acontecendo dentro da cidade, e saber fazer as leituras certas a respeito das tendências.
Com esta compreensão é possivel desenvolver uma estratégia de evangelização efetiva e obje-
tiva dentro da cidade. Uma igreja contextualizada e uma igreja que fala a língua do seu povo,
comunica de acordo com a necessidade de seus participantes. Espero que você possa colocar
em prática estes fundamentos.
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AUTOATIVIDADE DO CAPÍTULO 1
PARTE 1 - Questões:
2. O que marca uma grande cidade, quais são as suas estruturas de funcionamento?
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CAPÍTULO 2
A SITUAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA
DA GALILEIA NOS DIAS DE JESUS
02
CAPÍTULO
FIGURA 5: GALILEIA
Disponível em: www.ccbhinos.kit.net
em 30.mar.2010
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Ainda que Roma tenha procurado manter as estruturas locais anteriores à conquista e tenha
respeitado a idiossincrasia judaica no tocante a diversos aspectos, a dominação romana implicou
na progressiva romanização e helenização e na cobrança de inúmeros impostos diretos e indiretos.
Por causa disto, face à irreversível ocupação romana na região, surgiram levantes e movimentos
de resistência armados contra Roma (Lc. 13;1; At. 5: 36-37, 21:37). O que resultou na Guerra
Judaica. Foi no decurso desta guerra que o Templo de Jerusalém foi novamente destruído e a
política tolerante de Roma em relação aos judeus revista.
Em 132 a Palestina torna-se palco de nova revolta, agora liderada pelo judeu Simão Bar-
Kosba. Esta insurreição resultou numa acentuada baixa populacional na Palestina. Jerusalém foi
destruída e reconstruída como colônia romana, ou seja, ali foram fixados soldados aposentados
de diversas origens. Os judeus foram proibidos de entrar na cidade. No local do Templo foi
construído um templo pagão.
3 ORGANIZAÇÃO ECONÔMICA
Devido à sua posição estratégica, a palestina era uma região de passagem. Por ela circulavam
soldados, comerciantes, mensageiros, diplomatas etc. Essa região possuía importantes centros
urbanos, como Cesareia e Jerusalém, que concentravam pessoas e atividades econômicas. Como
em outras áreas do Império, nessa região existiam vias e portos, que facilitavam as comunicações
e transporte de mercadorias e pessoas. Havia uma incipiente manufatura, especializada na
defumação ou salgação de peixes, construção, fiação e tecelagem, produção de artigos em couro,
cerâmica, além de um artesanato de produtos de luxo, como perfumes, e a extração e tratamento
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PASTORAL URBANA
do betume, substância utilizada para a calafetagem dos navios. Além disso, outros ofícios se
faziam presentes, principalmente nas grandes cidades, tais como os padeiros, carregadores de
água, barbeiros etc. O comércio, tanto interno quanto externo, também era praticado. A principal
atividade econômica da região, contudo, era a agricultura. As atividades de pesca, pecuária e
extrativismo também não podem ser esquecidas, devido à sua grande importância econômica.
4 ORGANIZAÇÃO SOCIAL
A sociedade palestinense pode ser dividida em quatro grandes grupos socioeconômicos:
os ricos, grandes proprietários, comerciantes ou elementos provenientes do alto clero; os
grupos médios, sacerdotes, pequenos e médios proprietários rurais ou comerciantes; os pobres,
trabalhadores em geral, seja no campo ou nas cidades; e os miseráveis, mendigos, escravos ou
excluídos sociais, como ladrões. Contudo, as diferenças sociais na Palestina não se pautavam
somente na riqueza ou pobreza do indivíduo, mas em diversos outros critérios, como sexo, função
religiosa, conhecimento, pureza étnica etc.
5 INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS
O Templo foi, até 70 d.C., o mais importante centro religioso judaico. Destruído duas vezes,
estava sendo reconstruído neste período. As mulheres e os não circuncidados não podiam entrar
no interior do Templo. Neste edifício eram realizados os sacrifícios; o sinédrio se reunia; eram
armazenadas as riquezas e impostos dirigidos ao Templo, bem como os objetos de culto. Ou seja,
o Templo era muito mais do que um local de culto.
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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR
intervenção divina em sua história. Outras práticas religiosas judaicas comuns no século I d.C.
eram a circuncisão, a guarda do sábado e a oração cotidiana, realizada pela manhã e à tarde.
Contudo, apesar de uma aparente unidade, o Judaísmo estava subdividido em uma série de
facções político-religiosas, que apresentaremos no próximo item.
6 O JUDAÍSMO NO SÉCULO I
Muitas pessoas pensam no judaísmo do século I d.C. como um bloco monolítico, uma religião
solidamente unificada que o cristianismo dividiu, formando uma religião nova. Entretanto, havia
muitos grupos diferentes dentro do judaísmo antigo e o movimento de Jesus era, a princípio, só um
deles. Assim, a separação do cristianismo do judaísmo não foi súbita, mas aconteceu gradualmente.
O Judaísmo no tempo de Jesus parecia muito com as divisões internas do cristianismo de hoje.
Para entendermos o Novo Testamento mais completamente, especialmente como a vida de Jesus
é apresentada nos Evangelhos, nós precisamos conhecer a variedade dos grupos judaicos que
existiram no primeiro século.
Quando Jesus Cristo iniciou sua pregação foi visto como mais um dentre os diversos grupos
que já possuíam interpretações próprias da lei. Contudo, a mensagem de Cristo mostrou-se
revolucionária, chegando a formar uma nova religião. Jesus soube colocar o homem acima da
Lei e das tradições e proclamou que qualquer mudança só poderia se iniciar a partir do coração
do homem que, pela fé em seu sacrifício salvador, era restaurado.
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RASCUNHO
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AUTOATIVIDADE DO CAPÍTULO 2
Questões:
1. Onde sua igreja está localizada?
7. Sua igreja já desenvolveu alguma ação de impacto no seu bairro? (Exemplos: na rua da
cidadania, em praças, locais públicos, ações com as famílias, visitas de casa em casa, dis-
tribuição de folhetos para todas as residências do bairro).
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RASCUNHO
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CAPÍTULO 3
A AÇÃO DA IGREJA NA CIDADE A PARTIR
DO MINISTÉRIO DO APÓSTOLO PAULO
03
CAPÍTULO
FIGURA 7: O MINISTÉRIO DE PAULO NAS CIDADES
Disponível em: desafiandooscambiadore...
em 30.mar.2010
2 CARACTERÍSTICAS DO TRABALHO
Através do ministério do apóstolo Paulo, 52 novas igrejas foram
estabelecidas no contexto do Novo Testamento. Números como estes
devem ser considerados para servirem de referência para nossa ação
evangelizadora na cidade.
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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR
dos aspectos de sua grandeza reside justamente em que ele não trabalhou sozinho. “Desde o
princípio, a missão de Paulo foi empreendimento coletivo”.
Sua natureza corporativa era um dos elementos mais eficientes na adaptação bem-
sucedida da missão urbana. Sua atividade missionária esteve baseada no trabalho autônomo
das comunidades, as quais delegavam a missão àquelas pessoas que costumamos chamar de
colaboradores de Paulo.
A permanência relativamente curta de Paulo, nas cidades por onde passava, não teria
dado os resultados que deu se não houvesse, em cada lugar, um grupo de homens e mulheres
assumindo consciente e autonomamente a edificação de comunidades e a divulgação do Evangelho.
Paulo aprendeu essa maneira de trabalhar na comunidade de Antioquia, na qual ele próprio foi
colaborador por muitos anos (At. 13:1-3).
Precisamos ter uma base bíblica de referência para articularmos uma ação objetiva da igreja
na cidade. Vamos tomar como base a ação desenvolvida pelo Apóstolo Paulo.
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PASTORAL URBANA
Não devemos medir esforços para aprender com Paulo em Atos dos Apóstolos. Em primeiro
plano, analisar profundamente o que motivava o apóstolo a pregar o evangelho de cidade em cidade
e as estratégias que ele usou para fazer isso. E desta forma, num segundo momento, teremos
uma visão clara para ver se podemos ou não usar essas mesmas motivações e estratégias para
a transformação da sociedade vigente através da obra redentora e conciliadora de Jesus Cristo,
proclamado com profundidade teológica e fervor missionário.
Será possível falar em um amor abnegado, ardente e num entusiasmo grande por Cristo nos
dias de hoje? Creio que mais do que tudo hoje, a igreja precisa resgatar esse primeiro amor por
Cristo. Aliás, somos exortados pelo próprio Cristo a isso (Ap. 2:4-5).
4.1.2 Paixão pela igreja: isso motivou Paulo. Ele compreendeu que amava a Cristo acima
de todas as coisas, e esse amor o levou a amar a igreja de uma forma imensurável. As pessoas
de nossas comunidades precisam viver esse amor ardente, tanto por Cristo como pela igreja.
Por diversas vezes vemos Paulo tomando as dores de Cristo pela igreja. Podemos entender essa
preocupação como um resultado do amor ardente de Paulo por Cristo. O sentimento motivador
de Cristo a se entregar pela igreja era o mesmo que Paulo tinha por ele. A entrega, portanto, era
bilateral: Cristo se entregou pela igreja, e Paulo se entregou por ele (2 Co. 12:15).
As suas epístolas às igrejas eram carregadas de uma preocupação abnegada por tudo o
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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR
que acontecia dentro dessas comunidades. Ele considerava-os seus filhos, e por isso exortava
quando era preciso (2 Co. 6:13; Ef. 3:1; Fl. 1:3-5, 4:1-4; Cl. 1:3-10, 1 Ts. 1:2-10, 5: 12-27; 2
Ts. 1:11-12, 3:6-15).
4.1.3 Convicção do seu chamado: a terceira motivação missionária do apóstolo Paulo era
a profunda convicção de que ele fora chamado para ser apóstolo de Jesus Cristo pela vontade de
Deus. Isso se expressa na maioria de suas epístolas, nas quais ele recorre à autoridade de seu
apostolado para confirmar seu ministério (Rm. 1:1, 1 Co. 1:1, 2 Co. 1:1, Gl 1:1, Ef. 1:1, Cl 1:1,
1 Tm. 1:1, 2:7; 2 Tm. 1:1, 1:11; Tt. 1:1; Fm. 1). Paulo se considerava um apóstolo como os
outros doze que andaram com Jesus durante os três anos e meio de seu ministério terreno. Essa
autoridade apostólica vinha do fato dele ter visto o Senhor Jesus em sua viagem a Damasco
(1 Co. 9:1), e de ser um instrumento para levar o evangelho às pessoas. Ele chega a defender
seu apostolado na primeira carta aos Coríntios (10, 11, 12). Essa convicção de que fora chamado
para pregar o evangelho, impulsionava Paulo a continuar seu trabalho mesmo diante das muitas
pressões e perseguições que sofria (Rm. 1: 16-17; Fl. 3:12-14; Cl. 4:3; 1 Ts. 2:2).
Expressamos aqui a preocupação legítima com a carência de vocações que estamos vivendo.
Há uma busca pelo sagrado, mas há uma necessidade de vocações. E quando surgem vocações,
como tratamos delas?
4.1.4 Necessidade das pessoas: outra motivação missionária que constrangia Paulo, era
a visão que ele tinha de que o mundo necessitava das Boas Novas. Em 1 Tm. 2:4, ele diz que o
desejo de Deus é que todas as pessoas cheguem ao pleno conhecimento da verdade; e esse era
também um desejo do próprio Paulo. Segundo Lopes, o alvo de Paulo era o mundo, os gentios,
o remanescente fiel, o maior número possível de eleitos, onde os pudesse encontrar. Essa visão
fazia parte da motivação de Paulo em sair plantando igrejas ao longo de seu ministério. Ele
entendia a real necessidade do mundo em conhecer a Deus e tinha grande compaixão para com
as pessoas (1 Co. 9:9; At. 17:16).
Os tempos que estamos vivendo têm sido marcados por muitas dificuldades: guerrilhas
urbanas, violência sem controle, brutalidade, fome, miséria, drogas, impunidade, corrupção,
desamor, tragédias, desigualdade social, pais se levantando contra filhos e filhos contra pais. A
lista é imensa e parece não ter fim.
Temos sentido hoje, que o mundo precisa de Deus, e Deus decidiu usar servos. Somos seus
servos para tentar levar a mensagem das boas novas ao mundo que vivemos, pois só ela é capaz
de transformar a atual conjuntura. As necessidades das pessoas e de toda a criação de Deus
devem nos impulsionar a levar essa mensagem de salvação e vida. Alberto Antoniazzi diz que:
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PASTORAL URBANA
como Ele serviu, perdoem como Ele perdoou, curem as enfermidades do corpo e do
espírito como Ele curou, encontrem sua felicidade nas bem-aventuranças, anunciem
aos pobres e oprimidos o tempo da libertação e da graça. Precisamos investir na
proclamação da mensagem de Cristo que vá de encontro às necessidades das
pessoas. Isso não significa mudar o conteúdo da mensagem, mas mudar a forma
de proclamá-la, a linguagem.”
4.1.5 Convicções teológicas: creio que uma das motivações que podemos aprender com
Paulo é sobre suas convicções teológicas. Curioso notar que Paulo não se deixava levar pelos
ventos doutrinários de sua época e combateu vários deles. Uma das maiores dificuldades hoje em
dia é que tem se adaptado a teologia à realidade e não a linguagem. Isso é um sério problema. O
apóstolo Paulo exorta para não cedermos a qualquer vento de doutrina (Ef. 4:14). Quando Paulo
e Silas foram enviados a pregar em Bereia, aquelas pessoas que ouviram a mensagem foram
consideradas mais nobres que os tessalonicenses, porque “de bom grado receberam a palavra,
examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim” (At. 17: 10-11). Precisamos
estar firmados em nossas convicções, adaptando a linguagem ao contexto que estamos inseri-
dos, para que a palavra proclamada possa, de fato, transformar vidas. Desta forma, podemos
concluir que suas motivações missionárias eram carregadas de paixão por Cristo e pela igreja,
eram baseadas na certeza de seu chamado como apóstolo, estavam encharcadas com a visão
divina acerca da necessidade das pessoas e do mundo e, por fim, tinham como pano de fundo
suas convicções teológicas.
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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR
Por que será que a pregação atual não tem sido tão eficaz quanto nos dias da igreja primi-
tiva? “Como ouvirão, se não há quem pregue?” (Rm. 10:14).
Através do Espírito é que ela pode e consegue transformar corações de pedra em corações
de carne (Ez. 36: 26). Na realidade, essa primeira estratégia missionária de Paulo, se podemos
chamá-la assim, era fruto de um íntimo relacionamento com Deus, demonstrado em sua vida,
na sobriedade de suas cartas, na seriedade de seu ministério e na autoridade que ele possuía.
Paulo procurava sempre estar no centro da vontade de Deus, revelada através do Espírito Santo.
Quanto às Escrituras, somos tendentes a substituí-la por qualquer outra sabedoria, ou pelas
tradições, ou pelos modismos, ou pelas inovações. Mas, não podemos substituir a palavra de
Deus por nada. A Palavra de Deus é articulada pelo Espírito Santo. O próprio Senhor Jesus a usou
para validar sua autoridade de Filho de Deus (Lc. 4:17-19). Somos sustentados diariamente pelo
poder de Deus. Conhecer as Escrituras sem o poder de Deus nos torna doutores da lei. Conhecer
o poder de Deus sem as Escrituras nos faz cristãos superficiais. Para pregarmos eficazmente o
evangelho na atualidade é necessário haver este equilíbrio: Escrituras e poder de Deus.
As cidades que Paulo entrou eram centros de administração romana, sob a influência grega e
judaica, além de serem importantes centros culturais, sociais e comerciais. Quando passava pelos
centros romanos, procurava proteção legal do governo e ainda usava um modo de influenciá-los
para a aceitação do evangelho. Segundo Nicodemus Lopes, a cidade de Tessalônica tornou-se
a base missionária para a província da Macedônia; Corinto a base para a província da Acaia; e
Éfeso, a sua base para a Ásia proconsular.
Paulo tinha consciência da importância dos neoconversos estarem em lugares específicos para
comungarem sua fé. Por isso, os organizava em igrejas, em comunidades locais. O propósito de
Paulo era promover os meios pelos quais eles fossem edificados, instruídos, celebrassem a Ceia,
cultuassem a Deus e se envolvessem no próprio projeto de expansão do cristianismo. Atualmente,
a evangelização também é feita, mas é possível que o princípio de Paulo não seja repetido. Não
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PASTORAL URBANA
existe com tanto afinco a ideia de plantar novas igrejas. Corre um estranho pensamento que uma
igreja nova só é plantada com pesados subsídios e de líderes de igrejas maiores. Por isso, ao invés
de sair plantando igrejas novas em todo canto da cidade, é melhor investir nas reuniões nos lares
(grupos pequenos). Não há o pesado investimento como haveria no caso de plantar uma nova
igreja; não há necessidade dos líderes, basta treinar os crentes; o suposto problema da falta de
comunhão entre os membros é resolvido. Mas só quem viveu nos dois lados sabe que existe muita
diferença entre uma igreja grande com grupos pequenos e uma igreja pequena. O fato é que
precisamos pensar em plantar novas igrejas como uma importante estratégia missionária.
Precisamos perder o medo de desmembrar grandes igrejas em pequenas comunidades onde é
possível viver com mais afinco a comunhão e o aprendizado da Palavra.
Depois da primeira e segunda viagem missionária, Paulo retorna à igreja que o havia enviado
para relatar tudo o que tinha feito no tempo que ficou fora (At. 14:26-27; 18:22-23). Já na
terceira viagem missionária, Paulo é preso em Jerusalém, mas podemos entender que assim como
aconteceu com as duas primeiras, seu desejo era de relatar aos irmãos o que havia acontecido
nessa viagem. Paulo considerava isso importante estratégia em seu ministério. Sua ligação com
a igreja de Antioquia era grande. A sua “casa” oferecia apoio espiritual e moral (At. 13:3). A
questão financeira, muito embora não apareça explicita dessa forma, provavelmente existia, pois
o apóstolo viajava com o aval da referida comunidade.
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2 FORMAÇÃO DE LIDERANÇA
Será que, depois de quase dois mil anos, as estratégias missionárias de Paulo podem ajudar o
movimento missionário atual? É possível desenvolvermos estratégias missionárias atuais baseadas
nas estratégias de Paulo? Se possível, como fazer?
Além de fundar novas comunidades, Paulo não desejava abandoná-las. Por isso ele trabalhava
na formação de uma liderança que poderia substituí-lo quando fosse embora. Como seu ministério
era um constante movimento, ele achou melhor discipular pessoas escolhidas por ele mesmo para
serem os líderes dessas comunidades na sua ausência. À medida que Paulo pregava o evangelho e
discipulava novos líderes locais para a continuidade do trabalho, a comunidade local se fortalecia.
(At. 18:23-26; 1 Co. 3:3-6).
Nas igrejas que fundou, Paulo procurou deixar uma liderança bem estruturada – presbíteros – a
quem encarregava do rebanho (At. 14:21-23) e, depois de algum tempo, voltava para supervisioná-
los (At. 15:36; 16:4-5; 18:23). Nas estratégias missionárias modernas isso tem sido praticado
com resultados muito positivos. Entendeu-se que é melhor investir na formação de novos líderes
locais do que sustentar por anos um missionário na mesma função. O que é necessário, contudo,
é olhar altruistamente essa nova liderança e empreender mais em sua formação. De fato, não
adianta somente suscitar a liderança, é preciso que ela seja bem formada. Paulo pensava nesse
investimento na liderança e, por isso mesmo, levava consigo, num discipulado diário, pessoas que
seriam os líderes da igreja num futuro próximo. Uma das importantes estratégias missionárias
é investir na liderança, para que ela seja cada vez melhor preparada para propagar o Reino de
Deus na terra.
Diante deste fato, listamos razões pelas quais algumas pessoas chegam até a igreja:
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PASTORAL URBANA
1. Existem pessoas que se unem a uma igreja pela simples razão que muitos outros estão
fazendo a mesma coisa.
2. Há pessoas que estão numa igreja pela simples razão que alguém as levou ou então
viram outras pessoas indo a essa igreja.
4. Algumas pessoas têm a tendência de se unirem à igreja porque ela lhes dá posição,
reputação, poder e influência.
5. Alguns se unem à igreja pelo motivo que isso beneficia seus negócios ou sua profissão;
fazem uso da igreja para o avanço de seus interesses ou desejos pessoais.
6. Talvez devêssemos incluir nesta categoria aqueles que seguem a Cristo porque estão
interessados na doutrina do perdão dos pecados, e porque querem tirar proveito da Sua
cruz; eles não querem sofrer o castigo eterno; não gostam da noção do inferno.
8. Temos também um grupo muito interessante de pessoas, que O seguem porque estão
completamente enganadas a respeito de Cristo e de Sua mensagem.
A partir desse contexto, o pastor, o líder de grupo pequeno, deve desenvolver um programa
de discipulado e treinamento, deve acreditar nas pessoas; cada um desses indivíduos tem um
potencial para se tornar um cristão exemplar. Jesus acreditava nas pessoas, investia nas pessoas,
apoiava as pessoas, dava valor ao desacreditado, incentivava o desanimado (Mateus 11: 28).
O líder é um descobridor de novos líderes. Ele observa, ensina e estimula novos líderes; no
seu trabalho, ele observa novos líderes, tem em mente a projeção que determinada pessoa ainda
vai ter em sua igreja, no seu grupo pequeno; sendo assim, ele incentiva constantemente, ajuda,
auxilia aos novos líderes para que esses possam desempenhar uma tarefa igual à sua ou quem
sabe até melhor do que ele.
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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR
• Escolha os fiéis (Mt. 25.23). Em outras palavras, quem é fiel com pouco, também o será
com muito. Procure aquelas pessoas que fazem sempre o trabalho “por trás dos bastidores”.
• Ore pedindo sabedoria. Às vezes, quando líderes precisam recrutar auxiliares, vão logo
perguntando: “Quem está disposto a fazer isto? Quem é que não vai nos deixar na
mão?”, ao invés de primeiro falarem com Deus.
• Lembre-se de que não existe gente “sem talento” (Rm. 12.8; 1 Co. 12.14; Ef. 4.7-16).
Aprenda a pô-los em ação e aproveitá-los. “Ou você os emprega ou você os perde”.
• Preste reconhecimento aos líderes que escolheu. Não dispomos de um relatório dizendo
que Jesus, todos os dias, ia até os discípulos para assegurar-lhes de suas qualidades de
liderança (Jo. 15.14,15). Mas sabemos que ele elogiou aqueles que viveram justamente.
Ele lhes disse que todos, com exceção de um, estavam limpos (Jo. 13.10; 21: 15-17,
21, 22). Só mesmo lendo a continuação da história que se desenrola em Atos é que
podemos ver a que proporções a liderança dos apóstolos atingiu. Deus usou-os para
transformar o mundo. Isso demonstra que a maneira como Jesus escolhe e treina seus
líderes realmente funciona.
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PASTORAL URBANA
PASTORAL URBANA
AUTOATIVIDADE DO CAPÍTULO 3
Questões:
1. Como era a relação de Paulo com os irmãos das diferentes cidades nas quais estabeleceu igrejas?
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RASCUNHO
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PASTORAL URBANA
CAPÍTULO 4
POBRES NA CIDADE
04
CAPÍTULO
FIGURA 8: POBRES NA CIDADE
Disponível em: http://lms.ispgaya.pt/webfiles/pobreza.jpg
em 30.mar.2010
2 CONCEITUAÇÃO DA POBREZA
O acelerado processo de urbanização, das últimas décadas,
trouxe consigo o fenômeno da metropolização da pobreza, que passa
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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR
a fazer parte do cotidiano da sociedade brasileira. O pobre na cidade é uma realidade mundial.
No Rio de Janeiro, a quarta parte da população vive em favelas. Pessoas que vivem do lixo. O
tráfico de drogas se apresenta como uma alternativa de dinheiro fácil, uma maneira vantajosa de
adquirir fortuna em detrimento da desgraça do próximo. Adolescentes entram por este caminho
como distribuidores de drogas, sem escola e com uma perspectiva de vida muito baixa, devido
aos diversos confrontos com a polícia que, na maioria das vezes, resultam em morte.
São por demais conhecidos os outros atributos que determinam uma situação de pobreza.
Dentre eles destacam-se: baixo nível educacional (que somente possibilita o acesso a postos de
trabalho de baixa produtividade e remuneração e que exigem pouca ou nenhuma qualificação);
características do chefe de família (famílias chefiadas por mulheres são particularmente vulneráveis
à pobreza, o mesmo ocorrendo quando os chefes são pardos ou pretos, para não falar do fator
idade, diante da alta seletividade do mercado de trabalho a favor dos mais jovens); tamanho e
estrutura da família (famílias numerosas, com crianças menores de 10 anos de idade); e local
de residência (rural/urbano e regional).
Quando um cristão começa a se relacionar com Deus, ele passa a sentir a necessidade dos
carentes e oprimidos. Jesus disse: Se deres de comer ou beber a um destes pequeninos, dos tais
e o reino dos céus (Tiago 2.5; 15-16).
Também é preciso observar que 130 dos 185 municípios do Ceará têm renda per capita menor
do que em Burkina Faso, um dos países mais pobres da África. Por conta dessas diferenças, é que
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PASTORAL URBANA
defendemos uma mudança na sistematização de dados sobre qualidade de vida na América Latina e no
Caribe. Só assim será possível identificar os bolsões de pobreza e promover um reequilíbrio nacional.
A forma como está sendo identificada a pobreza no contexto latino-americano está com-
prometida com interesses políticos e alguns destes estão apresentando um quadro que não é o
real. Resolver o problema da miséria precisa começar com o miserável, ele precisa entender sua
situação, e ao mesmo tempo receber capacitação necessária para sair da estagnação existencial
em que se encontra.
Deve-se respeitar a pobreza, tratar os pobres com dignidade. John Stott menciona: “A
pobreza deve sempre incomodar, nunca pode-se estar conformado com a pobreza”. O Pacto de
Lausanne, o mais representativo movimento cristão do último século, apresenta a seguinte afir-
mação a respeito da pobreza:
“Afirmamos que Deus é tanto criador como Juiz de todos os homens. Portanto,
devemos participar dessa solicitude divina pela justiça e reconciliação em toda
sociedade humana e pela libertação do homem de toda forma de opressão. Sendo
o ser humano feito à imagem de Deus, toda pessoa, independentemente de raça,
religião, cor, cultura, camada social, sexo, ou idade, possui uma dignidade in-
trínseca, razão pela qual deve ser respeitada e servida, e não explorada...”
Deus tem interesse em se revelar a todos, independentemente de sua condição social, raça,
sexo ou cor. Quando se pensa nos menos favorecidos se deve ter em mente o que podemos fazer
para ajudar. No contexto latino-americano vive-se em um continente com aproximadamente 570
milhões de habitantes, sendo que deste grupo em torno de 70% são pobres.
Não existe mágica possível, diz Vilmar Farias (1943-2001), assessor especial para a área
social da Presidência da República, no governo de Fernando Henrique Cardoso. Em geral, políti-
cas compensatórias, como as cestas básicas ou a renda mínima, são muito boas para aliviar os
efeitos de pobreza, mas ineficaz na solução do problema. Note que essas políticas são muito
importantes: ninguém aqui está dizendo que não se deva entregar cestas básicas ou garantir
renda mínima. MAS NÃO é daí que sairá qualquer medida mais profunda. Aliás, o próprio custo
desse tipo de programa é objeto de muita confusão .
O pobre precisa ser liberto da pobreza, será libertado através da educação. Atualmente con-
segue se provar que uma pessoa com educação tem menos chance de ser pobre.
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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR
A probabilidade de uma pessoa com menos, de um ano de escolaridade ser pobre é de 75%.
Esse número cai para 62% se ela tiver entre quatro e oito anos, a possibilidade de ser pobre cai
para 41%. Entre oito e 12 doze anos, é de 20%. E, se a pessoa tiver mais do que 12 anos de
escolaridade, ela tem apenas 2% de probabilidade de ser pobre.
No que diz respeito ao Evangelho, quando chega até o pobre produz libertação. Esta na
verdade é a grande proposta do Evangelho de Jesus Cristo. “Conhecereis a verdade e a verdade
vos libertará” (João 8.32). Sendo assim, não se pode negligenciar de forma nenhuma as neces-
sidades de nosso povo. O povo é pobre, inculto, de fracos valores éticos e morais; a palavra de
Deus deve servir de guia e orientação para as diversas sociedades desenvolvidas no contexto
latino-americano. Muitas vezes a mensagem do evangelho chega até esses povos com uma forte
ênfase ufanista e como uma solução humana. A solução para a pobreza ultrapassa o assisten-
cialismo, o problema não pode ser tratado de maneira superficial, ajudar ao necessitado é uma
obrigação. Urge discernir para não se enganar achando que a ajuda momentânea resolverá o
problema, precisa-se ensinar aos carentes como eles podem encontrar caminhos que o ajudarão
a sair da miséria.
A solução para a pobreza não está no discurso, precisamos agir, buscar alternativas de Deus
para socorrer aqueles que verdadeiramente estão necessitados. Como diz Stott: “Não podemos
nos acostumar com a pobreza, sempre que deparamos com uma situação crítica devemos estar
preparados para nos posicionar”.
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PASTORAL URBANA
Na vida da Igreja a generosidade se orienta, pelo menos, por quatro princípios, que
pressupõem a noção do corpo. O princípio da igualdade: Deus quer que todos os
seus filhos, que têm acesso à mesma graça, tenham o suficiente ou o necessário. No
corpo de Cristo há um nivelamento tanto de privilégios quanto de responsabilidades
(II Co. 8.1,13,15). O princípio da mutualidade: Não há autossuficiência no corpo de
Cristo. O dar e o receber de dons ou de dádivas são uma das marcas fundamentais
da vida do corpo de Cristo. Via de regra, quem dá é também quem mais recebe.
O princípio da responsabilidade: onde há maturidade espiritual, poder contribuir é
sentido como um privilégio (II Co. 8.9). O princípio da proporcionalidade. Somos
responsáveis a partir do que recebemos de Deus. (II Co 9.6,7)
Perante Deus os homens são todos iguais. Deus não os trata com preconceitos, Deus ama
a todos e todos os que o obedecem recebem seus favores até mesmo os desobedientes são fa-
vorecidos pelas obras de Deus, com o sol, a chuva etc. Todos têm a opção de uma vida melhor
através de Cristo, mesmo não sendo uma vida farta aqui na terra, a esperança do céu faz uma
grande diferença numa perspectiva existencial. Pode-se afirmar que existem pobres ricos, pes-
soas que muitas vezes vivem em uma situação de vida caótica, mas espiritualmente certos da
vida eterna com Deus, onde todas estas dificuldades serão superadas.
Quando o corpo é maduro e vive de acordo com as Escrituras, o dar se torna um privilégio,
não um sacrifício. Para muitos, a contribuição é apenas uma obrigação, podem não dizer, mas
em outras palavras, estão tentando comprar os favores de Deus. A contribuição dentro do corpo
reflete o caráter de Jesus e vários serão favorecidos com esta dinâmica de vida da igreja onde
proporcionalmente contribuir-se-á e haverá ajuda mútua.
Gostaria de citar GRE LLERT que, com muita propriedade, situa e propõe alternativas cor-
retas para a problemática:
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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR
O evangelho se apresenta como a grande esperança para uma população depauperada e com
fome, esperança no sentido de dar direção para a vida, esperança em Cristo, que salva e ajuda
o homem a consertar suas dificuldades existenciais e, ao mesmo tempo, apresenta caminhos
que devem ser seguidos por aqueles que pretendam ter uma vida digna e conseguir sobreviver
às necessidades de uma geração carente, pobre e excluída.
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PASTORAL URBANA
PASTORAL URBANA
AUTOATIVIDADE DO CAPÍTULO 4
Questões:
1. Qual é o nível de pobreza da região ou do estado que você mora?
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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR
RASCUNHO
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PASTORAL URBANA
CAPÍTULO 5
AÇÃO PASTORAL E DESENVOLVIMENTO
COMUNITÁRIO INTEGRAL
05
CAPÍTULO
FIGURA 9: AÇÃO PASTORAL E DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO
Disponível em: minhocanacabeca.com.br
em 06.abr.2010
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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR
É tempo, portanto, de nos voltarmos para a ordem de Jesus, que disse: “Assim como o Pai me
enviou, eu também vos envio” (Jo. 20.21). Jesus se coloca como modelo para a igreja. Missão é
“tudo aquilo que a igreja foi enviada a fazer no mundo”! Missão é, pois, um ato de obediência ao
chamado de Jesus Cristo para ir a todos os lugares, em todo o tempo, a fim de anunciar todo o
Evangelho a todas as pessoas e a todo ser humano, no contexto global de toda a sua comunidade.
A ação da Igreja está estreitamente ligada ao Reino de Deus. O Reino de Deus não é apenas
uma coisa futura, de dimensão escatológica. O Reino é um “já” e um “ainda não”. O Reino aponta
para a totalidade e para “tudo em todos”.
Para viver uma vida de serviço, temos que dar lugar a uma proposta por meio do arrependi-
mento e ao convite à mudança, com opções que nos levem a ter posições que incomodem e que
não reproduzam o sistema de dominação e dependência atual. Portanto, é preciso pensar em
formas alternativas de ação, pensando e fazendo desenvolvimento comunitário integral à maneira
de Jesus e de sua missão: com dinamismo e justiça, curando enfermos, expulsando demônios,
restaurando a natureza, restaurando a comunidade e denunciando estruturas injustas e corrup-
tas, reconciliando irmãos e lutando a favor dos direitos dos mais pobres, dos meninos e meninas
de rua; dos indígenas, dos sem-terra e dos sem-teto, das mulheres discriminadas e de outros
inúmeros grupos colocados à margem desta sociedade.
O evangelho de Jesus não nos deixa conformar: nossa missão é transformar este mundo.
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PASTORAL URBANA
se contém” (SI 24.1), mas como mordomo. Se este “direito-dever” foi dado a Adão, isto significa
que o direito sobre a terra é, como consequência, responsabilidade de todos nós.
3.2.3 A distribuição dos bens: a justa distribuição dos bens é o fator essencial para que
todos tenham suas necessidades fundamentais supridas e estejam sempre sujeitos ao Senhor.
(1 Tm. 6.18)
3.2.4 Estado/Governo: o texto por excelência para qualquer estudo deste assunto, na
Bíblia, é Romanos 13.1-7, onde as autoridades são definidas como “ministros de Deus, atendendo
constantemente a este serviço” (v. 6). Por isso, o governo tem o objetivo de fazer frente à anarquia
e à desordem. Jeremias, Ester, Neemias e Daniel, aceitavam as autoridades como instrumento
de Deus embora estas pessoas, em seu interior, fossem rebeldes ao Senhor. Jesus reconheceu o
poder de César e de Pilatos, e Paulo apelou para César (At. 25.11). O dever do Estado é, portanto,
proteger a sociedade contra as anarquias, criar justiça para os cidadãos, suprir as carências do
povo com bens e serviços necessários. O chefe de Estado deve julgar o seu povo com justiça
e tratar as aflições deste com igualdade e, também, julgar as angústias do povo e destruir a
opressão. Atualmente, o Estado precisa recobrar o seu verdadeiro papel, ou seja, o papel de
ministro de Deus para o sustento da sociedade e também da natureza.
2. É preciso que pratiquemos a justiça e o amor. Projetos que criem dependência devem
ser evitados ao máximo possível,. O que se deseja é a promoção do ser humano e da
comunidade, e não simplesmente a satisfação temporária de uma necessidade ou o alívio
do sentimento de culpa que se percebe em algumas pessoas que, mesmo que não estejam
conscientes disso, se sentem corresponsáveis pela miséria urgente.
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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR
para as áreas urbanas reside na escassez de emprego, nas condições precárias de vida, na
falta de saneamento básico, na violência urbana, no menor abandonado e na prostituição,
entre outros. É importante ressaltar que a população urbana representa 76,2% do total do
Brasil. Portanto, nossa preocupação deveria abranger também aqueles que vivem na cidade.
O problema urbano representa um dos maiores desafios que a sociedade contemporânea
enfrenta, e só com a participação de todos é que se pode esperar que tal situação melhore.
5. Precisamos viver a justiça e a misericórdia. A comunidade deve ser capaz de usar seus
membros menos capazes, tornando-os úteis dentro de suas possibilidades e participantes
do processo de desenvolvimento da comunidade. Só os totalmente incapazes não podem
participar do processo. Neste caso, a sociedade deveria prover para sua subsistência.
7. É necessário que vivamos a esperança, o amor e a liberdade. Não se pode tratar com
negligência o anúncio do Evangelho do Reino e a pregação da Palavra de Deus, sem os quais
nosso trabalho é vão.
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PASTORAL URBANA
5 PASSOS METODOLÓGICOS
Não poderíamos deixar de considerar aqui os passos metodológicos que nos mostram como
caminhar no processo de desenvolvimento integral. Embora seja algo muito familiar a todos os
profissionais das ciências sociais e principalmente aos do serviço social, estes passos não fazem
parte do cotidiano dos leigos que normalmente atuam em projetos de desenvolvimento em nossas
igrejas. Eles não são passos independentes; fazem parte de um todo e complementam-se entre si.
O primeiro passo não é fazer, mas observar, conhecer as pessoas e seu dia a dia, e definir
a área em que pretendemos atuar. Por exemplo: estabelecer com antecedência alguns critérios
que demonstrem a necessidade da área que deve ser trabalhada; conversar informalmente com
as pessoas, procurando entendê-Ias.
O quinto passo é a articulação com grupos locais, isto é, a interação com outras agências
que estejam desenvolvendo trabalhos similares na comunidade. Além de sua igreja, existem
centros sociais do governo, do município, de paróquias, que podem estar preocupados com os
problemas das pessoas mais pobres. É interessante realizar reuniões com tais grupos e colaborar
com sugestões para o estudo dos problemas da área.
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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR
2. O desafio de uma igreja que possa entender seu lugar na sociedade e na comunidade e
sua participação na construção de uma nova sociedade no mundo em que vive. A pergunta é:
como poderia a igreja desempenhar seu papel na transformação da realidade usando alguns
instrumentos do desenvolvimento comunitário? A saúde espiritual da igreja é completa quando
tanto as relações verticais como as horizontais são trabalhadas. Portanto, a missão da Igreja
pode ser considerada integral se ela abranger proclamação, denúncia profética, testemunho
pessoal e comunitário, chamado ao arrependimento, à conversão e à integração à igreja
cristã, e também participação na luta por uma vida mais justa e mais humana, inspirada no
propósito de Deus. “A Igreja, assim como o Senhor Jesus, deve ser uma igreja do caminho
e não de gabinete. Não pode permanecer como espectadora da história: tem que descer
até onde são travadas as batalhas reais dos homens. Ali se encontram as necessidades,
62
PASTORAL URBANA
que são o chamado gritante da igreja para que possa cumprir sua missão.” O caminho
da encarnação é a via que a igreja tem para transformar a realidade. Como comunidade
terapêutica, a igreja tem que ser sal e luz na sociedade. São muitas as igrejas e os grupos
que têm vivido esta experiência de ser sal e luz na sociedade; no entanto, elas ainda são
minorias. Precisamos continuar desafiando as igrejas para que pensem em uma agenda para
seu papel na transformação da realidade do nosso continente.
• Que a igreja contribua para a formação de equipes que possam ser agentes facilitadores
para o desenvolvimento comunitário integral, e que essas equipes tenham inserção e
imersão nas comunidades, ao lado dos movimentos populares que buscam melhores
condições de vida para a população.
• Que a igreja procure formas de cooperação com outros irmãos ou comunidades que
também sejam sensíveis às necessidades humanas. A integração de recursos, o apoio
mútuo e a reflexão em conjunto nos ensinarão muito, assim como nos servirão para a
manifestação de nosso testemunho e da unidade em Jesus Cristo.
• Que a igreja tenha discernimento quanto à aplicação dos princípios e valores acima
descritos, considerando a solidariedade, a justiça, a misericórdia, o amor, o serviço, a
esperança e a liberdade como manifestações concretas na vida das populações latino-
americanas.
Precisamos confessar aqui nossa inteira dependência de Deus, pois a transformação que
queremos ver é obra dele, mas é algo nos dado para administrar. Para isto, o Senhor nos capacita,
concedendo seu Espírito para que possamos enfrentar a desesperança. O ser humano precisa ser
restaurado à imagem e semelhança do Deus Criador, através do poder redentor de Jesus Cristo.
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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR
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PASTORAL URBANA
PASTORAL URBANA
AUTOATIVIDADE DO CAPÍTULO 5
Questões:
1. Como relacionar o conceito de desenvolvimento comunitário e a ação pastoral?
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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR
RASCUNHO
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PASTORAL URBANA
CAPÍTULO 6
A ESPIRITUALIDADE NA CIDADE E
REFLEXÕES SOBRE A MESMA
06
CAPÍTULO
FIGURA 10: ESPIRITUALIDADE NA CIDADE
Disponível em: praxiscrista.blogspot.com/2010/02/espirituali...
em 06.abr.2010
TÓPICO 1 – A ESPIRITUALIDADE
NA CIDADE
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico veremos que as cidades estão por toda parte. De
acordo com as estatísticas, em 1800, apenas 3% da população vivia
nas áreas urbanas. Hoje, 70% da população mora na cidade. Para
conceituarmos o mundo moderno, precisamos passar pela cidade. O
cidadão da modernidade vive na cidade, depende da cidade, estuda
na cidade, pratica religião na cidade.
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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR
classes convivam acontecem talvez apenas em eventos espetaculares de massa, acessíveis para
ambos os lados. Dessa forma, não pode haver uma consciência de unidade na população.
68
PASTORAL URBANA
e, nas grandes festas, acomodava uma população diversas vezes maior do que a residente. Via
Jerusalém, o evangelho ‘agrícola’ de Jesus, já transformado em Evangelho sobre Jesus, alcançou
e espalhou-se por todo o mundo urbano mediterrâneo.
Jesus percebeu que precisava alcançar o indivíduo em sua realidade existencial. Às vezes a
igreja tem dificuldade em fazer essa leitura na comunidade onde está inserida. Desenvolve um pro-
grama que difere totalmente da vida daqueles que pertencem àquele grupo e, com isso, impede o
desenvolvimento da espiritualidade das pessoas que formam o corpo de Cristo naquela localidade.
Na cidade, as pessoas sentem-se questionadas pelas outras, o que as obriga a definir sua
identidade e, em primeiro lugar, a dar-se uma identidade consciente. Identidade religiosa,
identidade quanto aos valores morais, quanto aos grupos que pertença. As pessoas identificam-
se pelo seu clube de futebol, pelo tipo de ritmo de vida que preferem levar, pelo grupo de lazer
etc. Tornam-se criadores ativos de si próprios. No campo, as pessoas sentiam-se a si próprias
como feitas por uma vontade superior (dão-lhe o nome de Deus, orixá, destino etc.).
A cidade, de certa forma, obriga o indivíduo a assumir sua própria identidade. Existem vários
slogans com os dizeres “orgulho de ser nordestino”, “orgulho de ser brasileiro” etc. Na verdade,
são expressões de identidade, pois o indivíduo sente necessidade de se afirmar no contexto em
que está inserido. A igreja, neste aspecto, pode exercer papel importante, despertando em seus
membros o “orgulho de seguir a Jesus”, o “orgulho de não fazer parte do sistema”. Com isso,
estará instilando os valores do evangelho na vida de seus seguidores.
Somos regidos pelo tempo, onde tudo tem hora e lugar marcado, onde o descartável faz parte
do cotidiano, e tempo é dinheiro. O culto à juventude, à novidade, ao consumo e por aí afora,
onde se tem a ilusão de que podemos driblar a essência da existência humana que é ‘o ser para
a morte’, esquecendo-nos que o tempo é dado como condição – finitude humana, não como uma
interrupção da vida, mas uma condição que me é dada desde o nascimento.”
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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR
A noção de tempo da comunidade cristã é regida pelas leis do campo, onde o indivíduo
tem tempo para levantar cedo, tirar leite, preparar o café, cuidar dos animais etc. O discurso a
respeito da espiritualidade urbana passa pelos paradigmas em que o indivíduo terá muito tempo
disponível para oração, adoração e louvor. Não se pretende com isso ser contrário a essas práticas,
mas esta chamada tem como objetivo avaliar alguns paradigmas desenvolvidos pela igreja cristã.
Como buscar ao Senhor? Será que existem forma e horários padronizados? Será que devemos
buscá-lo? Podemos orar no ônibus enquanto nos dirigimos ao trabalho? O tempo de leitura bíblica
poderá ser durante o intervalo do almoço? A liderança da igreja precisa conversar sobre esses
assuntos com seus membros e estes, por sua vez, devem buscar alternativas para desenvolver
sua espiritualidade.
Nos centros urbanos, o indivíduo tem uma gama muito alta de esclarecimento em diversos
níveis, inclusive no religioso. Por ser mais informado, pode estar mais convicto das realidades
religiosas de uma determinada proposta. Ele pode fazer uma opção nova a cada ano sem nenhuma
dificuldade; quanto mais útil for a proposta, mais emocionante ela será. É como vestir uma roupa
da moda. Só por agir assim, a pessoa se torna mais interessante, e consegue admiradores com
mais facilidade.
Como podemos ver, na sociedade moderna, quem tem informação detém o poder, pois é
ela que nos coloca a par do que acontece nos lugares mais distantes deste nosso mundo. Mas,
quais as informações que chegam ao povo? E como chegam? Cada informação passa por uma
seleção que, segundo certos critérios, determina sua importância. Do mesmo modo, a sua forma e
expressão ocultam uma opinião que filtra e modela o texto como bem entender. Alguém escolhe e
determina quais notícias devem ser passadas à população. Quem controla esses meios, influencia
e forma a opinião do povo. O cidadão se torna um objeto consumidor, assumindo um papel que
algum órgão de comunicação estabeleceu para ele.
Durante um bom tempo pensava-se que para sermos religiosos e espirituais deveríamos
nos mudar para um sítio, ou uma fazenda, esquecermos as atividades da cidade, e termos uma
70
PASTORAL URBANA
vida bucólica. Não temos como anular a realidade da vida moderna, em que o cidadão vive em
grandes conglomerados, onde o barulho, a violência, os assaltos, o medo e doenças das mais
variadas fazem parte do cotidiano. Como ter um relacionamento equilibrado com Deus e, ao
mesmo tempo, superar as pressões decorrentes da vida na cidade?
A vida urbana é cruel; discrimina com veemência o negro, o pobre, o índio, o analfabeto, a
mãe solteira, o mendigo, o idoso etc. Todos eles sofrem o descaso, o abuso e os infortúnios da
vida na cidade. Precisamos conhecer a cidade onde vivemos.
É necessária uma liderança capaz, informada e treinada sobre a vida na cidade, para poder
alcançar e fazer diferença entre as classes desfavorecidas. Precisamos criar oportunidades para
que essas categorias cheguem a conhecer a Deus.
Surge uma pergunta: quantos templos evangélicos existem nestas cidades? Qual a utilização
desses patrimônios dados por Deus? Durante a semana, são usados por poucas horas para práticas
religiosas? Por que não podemos montar nas igrejas pousadas, cozinhas, clínicas de saúde etc.?
Ao pensarmos na espiritualidade, na cidade, não podemos nos deter somente na contemplação,
meditação e leitura. Como o indivíduo poderá ler sem saber ler, ou meditar quando está passando
fome? Como pregar o evangelho quando somos tão incoerentes? Temos o que oferecer, mas não
damos nada, porque achamos que a única coisa que podemos fazer com nossas construções é
nos reunirmos para cultuar o ego e os grandes feitos humanos.
Como desenvolver uma proposta a respeito da espiritualidade num contexto em que os pobres
não sabem ler, não têm bíblias, e não fazem parte de nenhuma comunidade cristã?
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de acordo com seu tempo e oportunidades diárias? Será que é errado pensar assim, num contexto
tresloucado como este que vive o cidadão moderno?
Alguns ainda se lembram daquelas igrejas que, ao realizarem suas reuniões, colocavam um
alto-falante em um local estratégico. Com esse procedimento, acreditavam estar trazendo uma
contribuição espiritual para os moradores. Entretanto, o que conseguiam era despertar a antipatia
dos moradores. O procedimento correto seria fazer um levantamento no bairro para saber quais
as necessidades dos seus habitantes, e apresentar propostas que fizessem diferença na vida das
pessoas, se tornando instrumento de ajuda e contribuição para as necessidades da população.
O ser humano tem necessidades espirituais; precisa pensar sobre Deus. Seus anseios íntimos
estão relacionados com seu Criador, e a cidade não o estimula ao encontro com Jesus; ao contrário,
ela visa a produção, o dinheiro, o poder do forte sobre o fraco. Na cidade, saber é poder; quem
sabe mais, exerce mais poder. A saúde e a alimentação saudável estão disponíveis aos que têm
recursos financeiros para pagar por elas.
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PASTORAL URBANA
A igreja precisa destoar; não pode se vender. Ela não tem o espírito do mercado, pois
representa os anseios de Deus para com seu povo. A igreja é o instrumento que Deus usa para ser
o cabeça sobre todas as coisas. Cada comunidade tem uma forma de ser. Precisamos identificar
suas tendências, perceber suas necessidades nos diferentes campos – seja espiritual ou social –
e outras carências peculiares a cada centro urbano.
O povo integrado, amado, reconhecido, está aberto para desenvolverem sua vida com Deus;
mas a tendência existencial nos grandes centros é a solidão. As pessoas buscam em animais de
estimação respostas para o vazio interior que as persegue no dia a dia.
O indivíduo não se encontra consigo mesmo na solidão; muito menos com Deus. Com a
ajuda do próximo, e através do relacionamento com ele, descobrirá os passos a serem dados na
direção do Senhor. A Bíblia é fundamental na orientação daqueles que estão perdidos, mas cabe
à igreja desenvolver programas de ensino bíblico que supram as necessidades do cidadão urbano.
O mundo não tem mais definições claras sobre família, escola, Estado, igreja, pois a meta
declarada da sociedade é a livre escolha do indivíduo. Na cidade não existe uma única verdade, e
sim um pluralismo de religiões, igrejas e opiniões. E a igreja cristã está inserida nesse contexto. O
crente, membro de uma igreja na cidade, não está isento das pressões urbanas; precisa identificar
as tendências de seu tempo e saber como proceder de acordo com a Bíblia.
Paulo teve um ministério amplo e muito eficiente, não se deixando levar pelas mazelas
próprias da cidade. Ele fez diferença dentro de um contexto totalmente adverso. “Sua ação na
cidade era estratégica, usando os pontos de contato mais característicos da sociedade urbana de
seu tempo. Conhecedor do mundo urbano, sabia movimentar-se em seu meio; afeito a viagens,
sabia movimentar-se também de cidade em cidade. Justamente a forma de sua movimentação e a
escolha das cidades revelam uma ação estrategicamente bem pensada. Ao escolher precipuamente
os centros mais importantes daquela época como local de sua atuação, contava claramente
com a dinâmica da própria cidade. Períodos curtos de estada (com poucas exceções, não mais
de dois meses) não teriam tido efeitos duradouros, se não fossem baseados nas características
de relação e comunicação próprias das cidades.”
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O que a cidade mais precisa é de uma justa leitura de suas necessidades, pois não adianta
apresentar a mensagem do evangelho sem saber qual é a realidade do povo. A estruturação do
contexto social urbano de cada cidadão deve ser feita com base bíblica e com muita compaixão.
Paulo oferece uma ajuda indispensável para reformular a estratégia de ação no mundo
urbano. Primeiro, porque não nos indispõe teologicamente, de antemão, com o mundo urbano,
vivia dignamente o evangelho de Jesus Cristo.
Em segundo lugar, Paulo nos ajuda a refletir como o evangelho poderia tomar forma no
mundo urbano. Seu procedimento argumentativo, avesso à receitas prontas, proporcionava
critérios para facilitar a decisão autônoma das comunidades. Paulo era um parceiro do diálogo
na busca por fazer, das comunidades, um espaço dentro do mundo urbano que correspondesse
à vontade de Deus.
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PASTORAL URBANA
2 AS ESTRUTURAS DA URBANIZAÇÃO
Urbanização deveria compreender a existência de uma infraestrutura capaz de colocar, ao
alcance da população, os serviços públicos essenciais como transportes, luz, água e esgoto,
ou seja, condições de morar e viver. Mas o que sucede, é que as aglomerações de população
acontecem rapidamente e as prefeituras não têm condições ou não têm interesse em providenciar
as condições essenciais para a população afluente. Ademais, as possibilidades de emprego e
moradia, para grande parte da população, são inexistentes. Com isto, surgem os cinturões de
miséria e crescimento das favelas. Assim sendo, é mais justo falar em inchamento das cidades
do que de um processo urbanizatório.
Atrás dessa aparente desordem se esconde a “lógica” muito claramente elaborada. A cidade
é pensada e planejada em função dos ricos e do capital. As leis do sistema capitalista dominante
favorecem o capital em detrimento do trabalhador. A luta é desigual.
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A confusão reinante não se dá por falta de planejamento ou por incapacidade das elites
dirigentes. É mais uma alternativa que tais segmentos sociais encontram para ampliar o seu
domínio e sua exploração sobre as demais classes.
Nota-se assim que, a “lógica” que comanda a urbanização no Brasil beneficia uma elite
burguesa enquanto exclui das conquistas e melhorias da urbanização a grande maioria da
população das cidades. Por isto, a grande cidade é desintegradora e conflitiva, vive-se um intenso
sofrimento, tensão, incerteza, decorrente de uma prática de injustiças institucionalizadas. Há um
clamor por vida digna que emerge do seio da grande cidade: é o suspiro das massas oprimidas.
Será que a Igreja em sua pastoral ouviu e ouve o clamor da gente oprimida? A Igreja tem
acompanhado a transformação que tem ocorrido na cidade? Como deve se dar a presença e a
missão da Igreja no contexto urbano?
Os membros das igrejas urbanas são, em sua maioria, pessoas que possuem em comum
uma herança espiritual, cultural e religiosa. A fé cristã faz parte de sua vida, seja por formalidade,
seja por convicção. A prática pastoral na cidade gira quase que exclusivamente em torno das
necessidades dos paroquianos: aconselhamentos, ensino confirmatório, escola dominical, pastoreio
junto a enlutados e doentes, visitações, realização de ofícios, celebrações etc. Mas, em algumas
igrejas urbanas, existem outras janelas: escolas, creches, jardins de infância, casas para crianças
carentes, casas para crianças de rua, trabalho com dependentes químicos e alcoólicos, trabalho
com idosos e pastoral de saúde. Trabalhos desse tipo são um segmento da Igreja. Os denominamos
de Ministérios Desafios ou Paraeclesiásticos. Os membros das igrejas, além desses trabalhos,
também se engajam em movimentos ecológicos, associações de bairros, sindicatos, lutam por
melhorias de habitação, saúde, educação, transportes urbanos etc.
No campo, a evangelização que acontecia no convívio familiar não terá mais vez. Ou a igreja
evangeliza criativamente, ou ela não terá lugar na metrópole.
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PASTORAL URBANA
Se a Igreja de Jesus Cristo deseja servir aos pobres e marginalizados como forma de servir ao
Reino de Deus, então ela precisa repensar o seu caráter institucional. Uma revisão dos ministérios
confiados à igreja facilitará a descoberta de novos caminhos em direção a uma Pastoral Urbana.
b) O Ministério Profético: a Igreja está vocacionada para anunciar a vida e aprovar todas as
iniciativas que promovem e propiciam a vida. Consequentemente, tem a responsabilidade de
denunciar todas as ideias, forças, instituições, leis e organizações que são contrárias à vida,
dentro e fora da Igreja. Parece que na cidade a igreja, para ser comunidade cristã, precisa
identificar-se com aqueles por quem Jesus optou: os que carecem de vida. Seu evangelho
é tornar presente o Reino de Deus neste mundo. A cruz é o símbolo maior deste ministério.
Mesmo assim, antes importa obedecer a Deus que a homens.
c) O Ministério Participativo: há um clamor pela unidade que parte dos empobrecidos urbanos.
Seus reclamos vão além do que uma ou outra confissão pode fazer. A cooperação ecumênica,
no sentido corporativo (Corpo de Cristo), será mais frutífera quando partir do clamor dos
oprimidos urbanos. Se as igrejas aprenderem a se unirem no amor, terão ouvido a oração
de Jesus (Jo. 17). Com amor, o Espírito Santo poderá vencer as barreiras ideológicas que
separam os cristãos. A aposta é na parceria ou alianças que surgem de baixo para cima, que
procedem do desejo sincero de responder amorosamente ao clamor dos oprimidos.
d) O Ministério da Cura: na cidade, a procura por uma cura, seja ela psíquica, física ou espiritual
é muito grande. A competição urbana desintegra a pessoa em seus valores e comportamentos.
Com isto, a população se torna insegura e vulnerável, capaz de atender aos apelos que lhe
devolvam uma identidade. As propostas religiosas que permitem uma experiência capaz de
devolver identidade ou oferecer nova identidade sempre terão procura. Basicamente, todo
morador de grande cidade é um carente afetivo e espiritual. Daí a razão de prosperarem
oferecimentos tão contraditórios. A igreja na cidade grande precisa descobrir maneiras que
permitam a cura das pessoas, através de vivências quentes. Para isto, a nossa tradição
litúrgica não colabora, mas, onde ela for “aquecida”, permite intercâmbio de experiências
dos fiéis, e há retornos surpreendentes.
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copo d’água. Se Jesus valorizou esses gestos, quanto mais nós! A caridade é necessária, mas
não substitui a luta por mudanças profundas na sociedade. Ela não é desculpa para não se
engajar naquelas lutas populares por melhores condições de vida. Deve estar claro para a
igreja, na grande cidade, que não é através do assistencialismo que se transforma a injustiça
institucionalizada. Mas este fato também não é desculpa para não ajudar na assistência. Se
não houvesse assistencialismo muitos movimentos de resistência teriam sucumbido. Enquanto
tivermos comunidades pluriclassistas haverá necessidade de batalhar por assistência social.
Ela quer sinal para algo maior: a busca por uma sociedade que dispensa a esmola - onde
todos tenham acesso à vida digna.
A igreja cristã teve um papel fundamental no curso da história humana. Quando Jesus e seus
seguidores fundaram a igreja, ela expandiu-se nas cidades, nos vilarejos e nas áreas rurais de
todo o mundo, principalmente no Oriente próximo e Ocidente. No Período Apostólico (séc. I, II,
e III), a igreja tinha uma relação de misericórdia para com a cidade e seus habitantes.
Com a Reforma, a igreja passou a olhar mais para os moradores da cidade. Uma das pri-
meiras atitudes dos reformadores foi de traduzir a Bíblia na linguagem do povo. Neste período
a igreja ainda ditava as regras, fosse católica ou protestante. Com as duas grandes revoluções
da história, a Francesa e a Industrial, a igreja começou a perder seu poder. Até este período, a
igreja se encontrava sempre na vanguarda da história, e agora passa à retaguarda. Isso é de
suma importância para entendermos o papel da igreja nas cidades hoje.
Nesta última fase, desde a Revolução Industrial até hoje, a igreja passa a ter uma atitude
reacionária com a cidade. Antes, acostumada a estar na frente de decisões políticas, econômicas
e sociais, se vê agora sem rumo e precisa redefinir seu papel. A partir disso, então, a igreja passa
a viver sempre na retaguarda das cidades, sempre reagindo às necessidades da população.
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PASTORAL URBANA
Mas por que a igreja não age na cidade? Ela sabe que deve seguir as ordens de Jesus, deve
levar o Evangelho do Reino a todas as esferas da cidade, sabe que necessita ser relevante no
contexto da cidade, então por que não faz?
Vamos tomar por base o texto “Viver na Cidade” de José Combleia, teólogo e adaptá-lo à
realidade protestante histórica. Ele diz que essa falta de ação é simplesmente o resultado da ação
do clero em geral e das igrejas em particular.
Depois, a própria igreja invoca as razões éticas para limitar rigorosamente todo o agir. Qualquer
ação concreta se expõe de tal maneira a tantas críticas morais, que é melhor e mais seguro ficar
sem fazer nada. Qualquer agir concreto nas circunstâncias históricas reais está sujeito a tantas
restrições, que o mais seguro é não meter-se nos assuntos da cidade.
É nesse contexto de falsa moralidade que a igreja se perde. Ela tenta se tornar tão “santa” e
se afastar tanto do que ela considera “profano”, que acaba por se tornar cada vez mais hipócrita.
Se o Senhor Jesus garantiu que quando fazemos o bem a alguém, seja uma visita a um enfermo,
a um preso, seja quando cobrimos alguém que está nu, ou seja, quando damos um copo de
água a alguém que tem sede, estamos fazendo ao próprio Senhor (Mt. 25:35-40), por que nos
isolarmos das pessoas? Parece mais uma estratégia maligna.
Num terceiro momento, a igreja não age na cidade por dois fatores ligados à política. O
primeiro é que os pastores criticam de tal maneira tudo que se relaciona ao assunto, que os
crentes acham que tudo isso é do diabo. Não há como falar de política dentro da igreja sem
ser exorcizado. O perigo disso é que os crentes vivem cada dia mais alienados, longe de suas
realidades, vivendo duas vidas: uma dentro do contexto eclesial (“aqui não se fala dessas coisas”)
e outra no contexto social (“porque não existe como viver isolado nesse mundo”).
O segundo, e isso é bem típico e vergonhoso em nosso meio. Muitos pastores, em época de
eleições, fazem “pedidos” aos candidatos, prometendo votos. É telha daqui, tijolo dali, e uma
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mão lava a outra. O famoso “jeitinho brasileiro” entrando na vida da igreja. Os crentes não estão
alheios a essa situação e, por isso mesmo, os que têm coragem, ou enfrentam a situação, ou
acabam abandonando a igreja local e até mesmo a sua fé.
Por último, os crentes só vão participar de alguma coisa em prol da cidade se o serviço for
valorizado pela própria igreja. Portanto, a igreja e os pastores têm a função de serem gestores
no sentido de incitar os crentes a se envolverem com a ação na cidade.
O papel da igreja é muito maior do que só pregar. Como portadora da melhor notícia que já
se ouviu, ela deve também testemunhar viva e eficazmente a Cristo através de seu envolvimento
com a ação na cidade. Sem esse envolvimento, seremos simplesmente como “bronze que soa”
ou como “címbalo que retine” (1 Co 13:1).
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PASTORAL URBANA
sonhar e em seus sonhos Cristo lhes aparecia e lhes pregava o Evangelho. Aleluia! Eles receberam
o Evangelho de Deus pelo maior de todos os missionários. Então foram sendo salvos e a igreja
de Cristo nasceu em território proibido. São irmãos do tipo do apóstolo Paulo, que recebeu o
Evangelho de Deus através do próprio Senhor Jesus (Atos 9:4)
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à urgência da missão. Não havia tempo a perder. Jesus batia à porta da história e convinha, até
sua chegada definitiva, estabelecer sua igreja!
Está posto então que, na ponta última da cadeia de convicções de Paulo, estava a plantação
de uma igreja local. Não fosse esta convicção metodológica de plantar igrejas locais, a atividade
missionária de Paulo tenderia a se pulverizar e mesmo não ter qualquer relevância e permanência
na história, visto que foi pelas igrejas que plantou que o evangelho foi sendo disseminado de
geração em geração.
O contato com essas convicções de Paulo deve inspirar a todos nós, envolvidos hoje com
o processo de plantação de novas igrejas, a uma tarefa mínima e essencial: checar diante de
Deus a saúde, a pureza e firmeza das nossas convicções. Isto porque, como sabemos todos, com
muita rapidez podemos estar construindo impérios pessoais e dando a eles o nome de Reino de
Deus. Este texto quer nos ensinar que o processo de plantação de uma nova igreja começa nas
convicções. Elas habitam a dimensão subjetiva do nosso ser e a parte invisível do nosso olhar, por
isso mesmo, estão na ordem do essencial. São elas, e somente elas, que nos farão lutar o bom
combate, por elas vale a pena lutar todas as lutas e enfrentar todas as barreiras para plantar uma
nova igreja. Nunca é tarde para lembrar e nem é muito repetir: diante de Deus são as nossas
motivações que qualificam as nossas ações. A pergunta que não pode calar nunca no processo
de plantação de uma nova igreja é, quais são as convicções básicas que me levam a plantar uma
nova igreja? Sem dúvida que a fantástica experiência de Paulo como plantador de igrejas é um
referencial indispensável para respondermos, a esta pergunta, para o nosso coração diante do
olhar daquele que tudo sonda.
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PASTORAL URBANA
Além disso, devido a inúmeros escândalos nos últimos tempos, o ofício pastoral tem tido sua
excelência questionada fora e até mesmo dentro da Igreja. É necessário, portanto, refletir sobre a
relevância deste ministério e propor caminhos para resgatar o seu valor e a sua importância para o
contexto atual e não somente dentro da Igreja, mas também na proclamação à sociedade em geral.
Stanley J. Grenz e Gene Edward Veith, Jr. afirmam, citando Charles Jencks, que o pós-
modernismo nasceu a partir da arquitetura, na implosão do conjunto habitacional de Pruitt-Igoe,
em Saint Louis, nos Estados Unidos, que era um exemplo emblemático da estética modernista
(Cf. GRENZ, Stanley J. Pós-Modernismo. p. 25 e VEITH, Jr, Gene Edward. Tempos Pós-Modernos.
p. 32). Eles apontam para os sinais do pós-modernismo, desde então, na sociedade, na cultura
e nas artes em geral (Cf. GRENZ, Stanley J. Pós-Modernismo. p. 27ss e VEITH, Jr, Gene Edward.
Tempos Pós-Modernos. p. 37ss).
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Comentando esta obra, Julio Paulo Tavares Zabatiero relaciona este modelo eclesiológico com
a atividade pastoral. Assim, ele demonstra que a cultura massificada pela televisão tem tornado a
sociedade pós-moderna na “sociedade do espetáculo”. Por esta causa, o ministério pastoral tem se
desenvolvido cada vez mais em grandes eventos, que só contribuem para aumentar o sentimento de
desamparo e solidão do povo. Nessa sociedade “midiática”, até o culto toma uma nova conotação.
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PASTORAL URBANA
Os novos gostos litúrgicos, nas igrejas históricas, trazem a sedução imagética. A imagem
apaixona, o espetáculo seduz mentes, corações e corpos, e imperceptivelmente a igreja se
transforma em um imenso teatro coletivo; o culto converte-se em arrebatador desenvolvimento
das coisas que se deveriam esperar. Realidades escatológicas são adequadas, capturadas nas
agradáveis sensações da confusa presença do sagrado no cansativo consumo dos novos cânticos,
novos ritmos, novos gestos, novas palavras de ordem, novos ritos, meios sempre novos para
se “performar” os mesmos e velhos ritos da celebração cristã do Crucificado. (ZABATIERO, Julio
Paulo Tavares. Apascentai a Igreja de Deus no Mundo Pós-Moderno)
É por isto que, ao invés de centralizar-se na proclamação da Palavra de Deus, o culto evangélico
tem tido o seu foco sobre manifestações visíveis da espiritualidade. Assim, a primeira tarefa
pastoral que Zabatiero propõe é o cuidado com estas seduções da imagem e do espetáculo, não
aceitando o papel que a pós-modernidade tem dado aos líderes religiosos.
A fé cristã é pública, seu palco não é o templo, não é o coração, não é a doutrina, não é a
denominação. Sua arena é o mundo! Não o abstrato mundo composto de falsas doutrinas, espíritos
enganadores, ou religiões concorrentes e anticristãs. O mundo, que é nossa arena, é o mundo
amado inefavelmente por Deus. O mundo composto de pessoas reais, visíveis e palpáveis. Pessoas
com cores, gostos, cheiros, modos e tons particulares, individuais, mas construídos publicamente
nesta imensa sociedade anônima chamada Brasil (ZABATIERO, Julio Paulo Tavares. Apascentai a
Igreja de Deus no Mundo Pós-Moderno).
Diante deste mundo, a tarefa do ministro do Evangelho também é publica, mas sem desvanecer
no espetáculo vitorioso. Ironicamente, ele aponta para a Cruz como o único “espetáculo” que
deve ser demonstrado a partir do exercício do ministério pastoral.
Ministério pastoral e teológico que ajudem a Igreja a ser sal da terra e luz do mundo. Que,
juntamente com o Povo de Deus, experimentem, desbravem novos caminhos para salgar este
mundo insosso e nauseante em que vivemos. Ensino e pastorado que conduzam a Igreja de Deus,
comprada com o sangue de Cristo, ao serviço ao mundo e no mundo. Igreja de Deus chamada
para ser sal e luz, para brilhar em meio às trevas da exclusão, do consumo, da desumanização,
da globalização tecnológica. Luz, farol altaneiro que reconduza a humanidade ao porto seguro
da reconciliação com Deus. Sal, tempero agradável, que torne sábias as palavras e ações dos
cristãos no mundo ignorante do progresso sem solidariedade e compaixão (Cf. ZABATIERO, Julio
Paulo Tavares. Apascentai a Igreja de Deus no Mundo Pós-Moderno).
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bases da fundamentação bíblica e reformada, não tocam no âmago dos problemas das pessoas
e oferecem soluções apenas parciais para suas realidades.
“Pregar a Escritura é pregar a Cristo; pregar é Cristo é pregar a cruz; pregar a cruz é pregar
a graça; pregar a graça é pregar a justificação; pregar a justificação é atribuir o todo da salvação
à glória de Deus e responder a essa Boa Nova em grata obediência por meio de nossa vocação
no mundo” (HORTON, Michael. Reforma Hoje. p. 124).
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Grenz aponta, em terceiro lugar, para um Evangelho pós-dualista. Para ele, a proclamação
cristã deve ultrapassar o dualismo fundamental entre “mente” e “matéria” presente no modernismo,
desenvolvendo um holismo bíblico. Ele reconhece que o dualismo moderno exerceu influência
sobre o pensamento cristão, mas propõe que se cesse esta influência em favor de um Evangelho
que fale ao ser humano de maneira integral, seja no seu aspecto racional-intelectual, emocional-
afetivo ou físico-sensual. Esse holismo cristão pós-moderno deve unir todos os contextos da
vida humana, inspirado na verdade bíblica e no exemplo de Jesus que ministrou o Evangelho às
pessoas como seres integrais (Cf. GRENZ, Stanley. Pós-Modernismo. p. 243s).
Por fim, Grenz entende que a proclamação do Evangelho num contexto pós-moderno deve
ser expressa também num sentido pós-noeticêntrico, ou seja, deve afirmar que a existência
humana é mais do que a mera acumulação de conhecimento. Na modernidade, este foi um dos
seus mais importantes conceitos. Entretanto, na atualidade, deve-se afirmar que a proclamação
do Evangelho visa à obtenção de sabedoria. Assim, este anúncio se mostra relevante para todas
as dimensões da vida, não permitindo que se viva uma vida cristã entre os extremos do ativismo
e do quietismo. Por isso, esta característica da proclamação do Evangelho numa perspectiva pós-
moderna ajuda o ser humano a bem lidar com a verdadeira função do conhecimento (Cf. GRENZ,
Stanley. Pós-Modernismo. p. 244ss).
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Por meio da visitação, o pastor entra em contato com as necessidades e dores de seu
rebanho, ultrapassando as barreiras do individualismo e dissipando o sentimento de desamparo.
Em meio às inevitáveis experiências de dor e aflição, a pior coisa que as ovelhas podem sentir
é a indiferença, como afirma Jürgen Moltmann: “O mal e o sofrimento não são maus, mas a
indiferença. Insensíveis esquecemo-nos dos acontecimentos desagradáveis. Não notamos que
os jovens desempregados se multiplicam. Não percebemos que, sem esperança, entregam-se às
drogas e se viciam. Acostumamo-nos a vê-los roubando para comprar “a matéria-prima” de seus
falsos sonhos. Não mais nos alarmamos quando, à luz do dia, vemos assaltos ou atropelamentos.
Ninguém se espanta. E assim o mal se expande como um tumor no corpo doente. Amplia-
se o círculo diabólico da pobreza, do desemprego, da criminalidade e das prisões. Por quê?
Porque, simplesmente, não paramos para pensar, e não nos deixamos impressionar. Aceitamos
a brutalidade. Não queremos admitir a miséria dos outros. Evitamos, destarte, sofrer com eles.
Perdemos a paixão pela vida (MOLTMANN, Jürgen apud CASTRO, Moisés Coelho. A Experiência
da Dor no Ministério Pastoral).
Assim, o cuidado pastoral deve manifestar-se em virtude das aflições do rebanho, conforme
afirma Moisés Coelho Castro, o pastor deve colocar-se “ao lado das pessoas a fim de orientá-las
e ajudá-las na busca da superação, da resistência e da perseverança” (CASTRO, Moisés Coelho.
A Experiência da Dor no Ministério Pastoral). A visitação, portanto, é importante ferramenta do
ministério pastoral no cuidado com os que sofrem.
Paul Hoff demonstra que o aconselhamento é uma parte importante do ministério pastoral,
através da qual proporcionam-se muitas oportunidades de levar almas angustiadas aos pés de
Cristo (Cf. HOFF, Paul. O Pastor como Conselheiro. p. 11-13). Em tempos de pós-modernidade,
onde o sentimento de ansiedade assola as pessoas de uma forma cada dia mais abrangente, o
aconselhamento se constitui numa atividade relevante, através da qual o pastor pode acompanhar
suas ovelhas em seu crescimento e aprendizado.
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PASTORAL URBANA
Hoff apresenta, ainda, dois métodos principais de aconselhamento que podem ser utilizados
pelo pastor: a técnica diretiva e a não diretiva. Na técnica diretiva o membro da Igreja apresenta o
seu problema e o pastor lhe informa a solução, semelhante a uma consulta médica. Já na técnica
não diretiva, o assistido é a figura central, falando livremente de seus sentimentos; o pastor
escuta, reflete e tenta ajudá-lo a compreender a si mesmo e a causa do problema, motivando-o
a tomar sua própria decisão. Hoff entende que, num contexto como o do mundo atual, a técnica
não diretiva é mais apropriada e apresenta maiores possibilidades de ajudar o aconselhando em
suas aflições (Cf. HOFF, Paul. O Pastor como Conselheiro. p. 13-15).
Neste mesmo sentido, Peter White lembra uma particularidade nem sempre valorizada no
aconselhamento: o ouvir. Ele lembra que cada pessoa é singular e o pastor deve estar atento ao
que elas sentem e querem expressar, pois o aconselhamento pastoral não deve ocorrer somente
em ambientes especiais, mas mesmo em conversas comuns, que devem sempre facilitar a
compreensão da própria pessoa para responder às situações concretas de sua vida (Cf. WHITE,
Peter. O Pastor Mestre. p. 130s).
Para tanto, ele propõe um modo eficaz de ouvir, em três atitudes básicas: em primeiro lugar,
o pastor deve ser genuíno, combinando palavras e sentimentos, na busca da autenticidade;
em segundo lugar, ele deve demonstrar entusiasmo, sentimento que deve incluir dois fatores:
gostar das pessoas como são e não se tornar possessivo; e em terceiro lugar, a empatia, que é a
habilidade de entender e determinar o estado emocional da pessoa. A partir destas três atitudes
básicas, será desenvolvido um modo eficaz de ouvir, baseado em: assumir um profundo interesse
pela pessoa e sua situação, ter prazer nas pessoas, admirá-las e sentir suas preocupações (Cf.
WHITE, Peter. O Pastor Mestre. p. 135ss).
Deve ser destacado, entretanto, que existem outras ferramentas válidas para o exercício do
ministério pastoral em sua excelência. Não é pretensão deste trabalho esgotar as alternativas e
caminhos para tal. Todavia, esta tripla forma, em sua simplicidade, abrange um espectro amplo de
desafios que o mundo pós-moderno impõe e faz isso em perfeita consonância com os pressupostos
da perspectiva bíblica e reformada do ministério pastoral.
Ademais, percebe-se que muitas igrejas e pastores têm sido levados a reboque dos tempos
atuais, fazendo com que seus rebanhos sofram com as consequências de uma religiosidade sem
raízes e sem rumo. A igreja deve perceber essa realidade urgentemente e enfrentar os desafios
com a sólida base de um ministério pastoral bem preparado e contextualizado.
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PASTORAL URBANA
PASTORAL URBANA
AUTOATIVIDADE DO CAPÍTULO 6
Questões:
1. Quais são os princípios que você pratica para fortalecer sua espiritualidade?
2. Quando o cidadão da cidade está em crise, o que ele procura para solucionar?
6. Qual o seu programa pessoal para fortalecer seu relacionamento com Deus?
8. Qual deve ser a relação do pastor e os membros de sua igreja, que vivem na cidade?
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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR
RASCUNHO
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PASTORAL URBANA
CAPÍTULO 7
UM NOVO REFERENCIAL PARA O
PASTORADO, FUNDAMENTOS DO
MINISTÉRIO PASTORAL
TÓPICO 1 – FUNDAMENTOS DO
07
MINISTÉRIO PASTORAL
CAPÍTULO
1 INTRODUÇÃO
Neste capítulo estudaremos e apresentaremos algumas ações
relacionadas como “FUNDAMENTOS” do ministério pastoral que são,
de fato, todas, ministérios da comunidade cristã. Tornam-se, porém,
FUNDAMENTOS do ministério do pastor, na medida em que elas são
as pessoas que têm responsabilidade de supervisionar, de pastorear
a comunidade.
2 CUIDADO
2.1 CUIDAR
“CUIDAR” é a expressão do agir de Deus para com sua criação.
Três são as características fundamentais do cuidado divino: Valorizar
(amar) a criação na mesma medida em que valoriza a si mesmo;
lembrar-se da criação como a beneficiária de seu cuidado amoroso;
reunificar a Criação sob Deus Criaturizado, autor da vida.
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ITQ – INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR
5. permitindo a cada membro da comunidade liberdade e espaço para viver sua vida, cometer
seus erros, realizar seus projetos.
3 MOBILIZAÇÃO
3.1 MOBILIZAR
“Mobilizar” é motivar as pessoas a se moverem de seus espaços de comodismo, ansiedade,
autocentramento, para os espaços da comunhão com Deus e com o próximo, do serviço à comu-
nidade e ao mundo, da vida em livre solidariedade. Mobilizar e mimetizar a obra libertadora de
Deus que, em Cristo, “nos libertou do império das trevas e nos transportou par o reino de seu
Filho amado” ( Cl. 1:13);
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PASTORAL URBANA
4 FORMAÇÃO (DE)
4.1 IDENTIDADE DO POVO DE DEUS
Como formar identidade em um momento em que “o sujeito pós-moderno, [é] conceituado
como não tendo uma identidade fixa, essencial ou permanente. A identidade torna-se uma
celebração móvel, formada e transformada continuamente em relação a formas pelas quais
somos representados ou interpretados nos sistemas culturais que nos rodeiam?” (Hall, S. A
identidade cultural na pós-modernidade, p.13). Formar identidade do povo de Deus é uma aventura
comunitário-teológica de estar permanentemente perdendo a identificação e sendo renovado por
Deus em semelhança a Jesus Cristo, o humano, contextual e universal. ( Rm.12:1-3; Ef. 4:17_24).
5 COORDENAÇÃO
5.1 Para o seguimento de Jesus no contexto, com vistas à construção da identidade da pessoa
em liberdade e serviço, e da identidade da comunidade, em adoração e missão;
5.2 para a justa cooperação de cada parte da missão, abrindo espaços para a contribuição
ministerial de cada pessoa, participando na arbitragem comunicativa dos conflitos na comunidade;
e cuidando para que ninguém seja prejudicado pelo excesso ou falta de operação ministerial.
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2. Precisa-se entender que no processo de formação pastoral que o ensino por si só não basta.
10. Pastores críticos, reflexivos, que tenham um enfoque correto frente aos desafios ministeriais
e consigam formular propostas efetivas para esta geração. (Oseias 4:6).
11. A formação de um pastor não termina após 3 ou 4 anos de seminário, continua por uma vida.
O Brasil é, hoje, o quinto país mais violento do planeta - 43 mil homicídios em 2001. A ONU
classifica um país como em situação de guerra quando este alcança a taxa de 15 mil homicídios ao
ano. Já ultrapassamos esse numero há bastante tempo; estamos na marca de 117 homicídios/dia.
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Uma das maiores autoridades em criminalística no Brasil disse que, atualmente, sequestros,
roubos, assassinatos, estupros, assaltos a residências etc., passaram a ser crimes banais, aos
quais a segurança pública não consegue combater. Tudo isso tem contribuído para que estejamos
vivendo o momento de maior insegurança pelo qual a sociedade brasileira já passou.
Segundo, devemos desenvolver uma pastoral comunitária, pois em muitos casos, pastores
e líderes cristãos se tornaram gerentes e executivos de igrejas, se esquecendo de sua função
principal. Nos gabinetes, eles tentam resolver os problemas numa perspectiva clínica e gerencial.
Não seguem o estilo de vida praticado e ensinado pelo apóstolo Paulo, no qual se destaca a pessoa
de Cristo, anulando a si mesmo. “Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus
como Senhor e a nós mesmos como vossos servos, por amor de Jesus” (2 Co 4.5.).
Quarto, devemos atentar que nas Escrituras Sagradas Jesus é o referencial de pastor. Sendo
assim, deve ser também o referencial para a igreja cristã. Essa vocação apostólico-pastoral é mostrada
claramente ao longo do Novo Testamento. A igreja é enviada a buscar, sob a direção do Espírito, as
outras ovelhas do aprisco (Jo. 10.14-16; 20.21; 21.15-17); é constituída para ser o sal da terra e,
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portanto, enviada a dar sabor e a preservar (Mt. 5.13). A igreja também é agente de reconciliação
(2 Co. 5.19,20), e comunidade sacerdotal (Hb. 13.15,16; 1Pe. 2.5,9). Ela foi chamada para ser um
testemunho vivo das virtudes de Deus, e para comprometer-se com os que sofrem (Tg. 1.27).
Necessitamos de uma pastoral que faça diferença na comunidade em que estiver inserida.
Atualmente uma líder sindical, um líder revolucionário (como o do Movimento dos Sem Terra),
e o gerente financeiro de um determinado banco, juntamente com outras figuras da sociedade,
exercem uma influência social mais objetiva e mais constante do que o pastor.
Podemos constatar que, quando alguém exerce as funções pastorais de maneira bem articulada
e inspirada em Jesus, consegue fazer grande diferença na comunidade. Consideremos algumas
atividades:
O pastor tem hoje, diante de si, o grande desafio de não ceder aos encantos da modernidade
que, sejamos realistas, não oferecem novidade. Em vez disso, esses encantos apenas estimulam
uma repetição dos modelos tiranos que têm sido desenvolvidos no decorrer da história. A religião
é um excelente palco para que indivíduos mal-intencionados, com sede de poder, se estabeleçam
sobre muitos. Fazem isso “em nome de Deus”, mas agindo em proveito próprio.
Precisamos de referenciais como o de João Wesley que, no século dezoito, foi usado por Deus
para proclamar a mensagem da Reforma na Inglaterra. Na ocasião, percebeu-se que o evangelho
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era o poder de Deus para libertar o povo inglês da opressão e da escravidão. Inspirado no poder
e no evangelho do Reino de Deus,
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FINAL
Fomos tão enriquecidos por esta disciplina!
Tenho certeza que sua compreensão dos problemas e dos desafios para a igreja contem-
porânea e para o seu ministério ganharam uma nova dimensão, foram aprofundados, ao mesmo
tempo que ampliados.
Que o Senhor possa usar todas estas informações para abençoá-lo, levantá-lo como um
grande valor no Reino e na História da Igreja.
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REFERÊNCIAS
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e Desafios. 1ª Ed. Petrópolis, São Leopoldo: Vozes e Sinodal, 1999.
GEISLER e NIX, Norman e William . Introdução Bíblica – como a Bíblia chegou até nós.
3ª Ed. São Paulo: Vida, 2000.
LONGUINI , Luiz Neto. Pastoral como o novo rosto da missão – um estudo comparativo
dos conceitos de Pastoral e Missão nos Movimentos Ecumênicos e Evangelical no
Protestantismo Latino-Americano (1960- 1993) – Documentos Peregrinos. Tese de
Doutorado. São Bernardo do Campo: UMESP, 1997.
O´CONNOR, Jerome Murphy. Paulo – Biografia crítica. 1ª Ed. São Paulo: Loyola, 2000.
PAULY, Evaldo Luís, SCHÜNEMANN, Rolf. Org. Oneide Bobsin. Desafios Urbanos à Igreja. Et al.
Arzemiro Hoffman. São Leopoldo: Sinodal, 1995. p. 13, 24, 39.
RAMOS , Ariovaldo. IGREJA – E eu com isso? Compreendendo a igreja para poder vivê-la.
1ª Ed. São Paulo: SEPAL, 2000.
STOTT , John. Ouça o Espírito ouça o mundo – como ser um cristão contemporâneo.
2ª Ed. São Paulo: ABU, 1998.
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