Direito Da Banca e Seguros
Direito Da Banca e Seguros
Direito Da Banca e Seguros
08/03/2022
ALGUNS CONCEITOS DE DIREITO BANCÁRIO:
CORE BUSINESS – atividade principal de uma determinada empresa. Qual é o core
business da banca? Qual a sua atividade principal? Receber depósitos e, com esses
depósitos, contribuir para o desenvolvimento da economia.
As instituições de créditos contêm bancos, sendo certo que estes são um tipo de
instituição de crédito.
p.ex. a caixa geral agrícola não é um banco, é uma instituição de crédito, que
tem como objetivo financiar um determinado setor – art. 3º LB
Quando dizemos “banco” estamos a ser redutor, uma vez que este é apenas uma espécie
de instituição de crédito. Uma sociedade financeira tem objetos regulados próprios.
Dentro das instituições de créditos temos os bancos. O art. 8º LB consagra como
atividade exclusiva do banco receber depósitos – p. da exclusividade. Para que é que
isto serve? Quando o particular recebe o rendimento, tiramos automaticamente o
necessário ao consumo (alimentação, vestuário, estilo de vida – hobby, combustível,
etc.), sendo que o que sobra, o excedente, é chamado de aforro (poupança1 – aquilo que
a pessoa pode optar por poupar2). Com o excedente podemos:
Poupar, à moda do meu avô (esconder no quintal, p.ex)
Depositá-lo numa instituição bancária, sendo que sou uma mera depositária (isto
não é investimento nenhum, sendo que, se o banco entrar em insolvência –
ocorrer um desequilíbrio financeiro- os montantes depositados são cobertos pelo
fundo de garantia de depósitos até um máximo de 100.000). No entanto, se eu
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A poupança é a base da economia.
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A função do dinheiro é gerar mais dinheiro
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investir, este valor já não é coberto pelo fundo de garantia de depósitos, mas sim
pelo SII (sistema indemnização investidor) até um máximo de 25.000 €.
Não é só com os depósitos que o banco injeta na economia, sendo que, também ele
próprio (o banco) vai se financiar junto com os outros bancos, e , é com isto que temos a
concessão de crédito.
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Quando a economia está em crime, torna-se frequente o facto de “estar difícil obter crédito”. É muito
inseguro emprestar, então corta-se no financiamento.
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Quem toma estas decisões são é o setor financeiro, mas sim o político. Quando estamos perante partidos
polítos muito à esquerda, a solução, geralmente, é não resgatar. “agiste mal? Agora arcas com as
consequências”. Partidos mais à direito, geralmente, pretendem sempre resgatar, porque, alegadamente, as
consequências seriam sempre muito catastróficas.
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Ex: Santander tem parceria com a Repsol, sendo que tem desconto.
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Lista negra – difere-se de CRC. Esta consiste numa lista de números de débito ou
crédito que foram perdidos, burlados, etc. é uma espécie de base de dados, para que
sempre que haja utilização deste cartão, gera um alerta para se verificar.
Cheque bancário – título de crédito banco sobre uma conta desse mesmo banco. É
obrigatoriamente nominativo e existe sempre garantia do seu pagamento.
Sacado - Banco que paga o cheque
Sacador - Entidade que emite o cheque
Endosso - Forma pela qual o beneficiário do cheque pode transmitir todos os
direitos resultantes do cheque a outra entidade. Pode consistir na simples
assinatura do beneficiário no verso do cheque (endosso em branco) ou na
indicação do novo beneficiário também no verso do cheque.
LUR - listagem de utilizadores de cheque que oferecem risco - constituída por
entidades a quem os bancos não podem fornecer módulos de cheque para
movimentação de contas de depósito durante o período de 2 anos.
Regularização de cheque - demonstração junto do Banco sacado da liquidação
da importância devida ao beneficiário do cheque, acrescida de juros de mora o,
em caso de cheque pago pelo Banco por ser de montante inferior a 150 EUR,
depósito do valor do cheque nesse banco, não sendo exigíveis juros de mora.
Rescisão da Convenção de cheque - decisão tomada por uma instituição de
crédito de pôr fim ao contrato celebrado com o seu cliente que lhe atribuía o
direito de movimentar as contas de depósito através de cheque.
Valor tem de aparecer em numerário e por extenso, sendo que caso não
coincidam prevalece o que está por extenso
Assinatura tem de ser igual à que colocamos no documento de abertura da conta
do banco
Cheque à ordem – o endosso é permitido, podendo haver diversos. Eu
assino o cheque e é como se o passasse, como se se tratasse de um título ao
portador.
Ex: entreguei a x um cheque à ordem. X vira o cheque ao contrário e
onde diz “endosso” e assina, entregando-o a Y. Y pode fazer o mesmo ,
endossando-o a Z.
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Cheque não à ordem - cheque em que não foi aposta a cláusula “não à
ordem” antes ou depois do nome da entidade que conta como beneficiária.
Este cheque é pago ao beneficiário nele indicado e não pode ser endossado.
O endosso é proibido, o que significa que, se colocarmos o número só aquela
pessoa é que pode depositá-lo. Um cheque não à ordem pode ser um título ao
portador? Pode, desde que seja não inominativo, ou seja, desde que não
tenha o nome.
Cheque cruzado (art. 38º LUC) - cheque atravessado por 2 linhas paralelas
e oblíquas. Se entre as linhas paralelas nada estiver escrito, o cruzamento diz
cruzamento geral: o cheque deve ser depositado, num banco qualquer, mas
pode ser pago ao balcão se o beneficiário for cliente do Banco sacado. Se
entre as linhas paralelas estiver escrito o nome de um banco, o cruzamento
diz-se especial: o cheque só pode ser depositado no banco indicado entre as
linhas, embora possa ser pago ao balcão se o banco indicado for sacado e o
beneficiário for cliente do mesmo.
Cheque visado é um cheque normal que foi assegurado a sua cobertura pelo
banco, através de visto ou carimbo. Este tem a validade de 8 dias, ficando o
dinheiro “cativo” durante este período de tempo, sendo que a pessoa que o
recebe deve depositá-lo também neste período (art. 29º LUC).
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Passar um cheque sem provisão é crime? O legislador trata esta situação dependendo
das circunstâncias.
Se o cheque sem provisão for pré-datado não é crime (ex: A vende me um automóvel
por 20.000. Passo um cheque sem provisão, se não for pago no dia que coloquei no
cheque, é crime. No entanto, se eu informar que só tenho esse valor daqui a 1 mês,
posso passar um cheque pré-datado, e aqui já não é crime). Deste modo, dizem que o
cheque tem de ser “justificado”, uma vez que se não justificarmos ao banco o porquê de
aquele cheque for emitido sem provisão somos incluídos na LUR (lista utilizadores de
risco de cheques). Quando temos o cheque original, o banco entende que temos uma
justificação plausível. Se não houver o original, o que muitas vezes acontece é
negociação entre as partes.
TAEG – taxa anual de encargos efetiva global- é uma taxa em percentagem anual que
expressa o custo total que o mutuário tem com um crédito. Geralmente a TAEG que for
mais baixa é a que tem o crédito mais barato, se o banco calculou certo, uma vez que é
possível não o fazer (ex: há uns anos ocorreu isso com duas instituições bancárias: caixa
geral de depósitos, e millenium bcp).
Distingue-se da TAE por incluir também os impostos associados ao empréstimo e por se
referir apenas ao crédito do consumo.
Distrate – é uma declaração do banco em que se menciona que está tudo pago e por
isso está autorizado a fazer o cancelamento da garantia. Basicamente é um recibo de
quitação.
Ex: tenho uma hipoteca sobre a casa. Pago a casa. Vou pedir um distrate
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SPREAD - lucro entre o preço de compra e o preço do ativo. Lucro que o banco tira de
uma operação. Diferença entre os preços de oferta e de venda e de compra de um
determinado ativo ou instrumento. Termo também utilizado para referir o acréscimo ao
indexante, que os bancos exigem quando concedem um financiamento com taxa
variável.
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Paralelamente a esta lei, o Gov fez outra, para que as pessoas possam ir buscar € às
poupanças sem taxas, para que estas possam ir buscar dinheiro às poupanças e amortizar
os créditos habitação , de maneira a ficarem mais folgadas.
Ex. se uma pessoa não paga X prestação crédito normal (s/ ser habitação) , o que pode
fazer o banco ? Com a falta de pagamento de uma, vencem-se todas. Pode executar,
porquanto tem titulo executivo nos termos do art. 703º al. b) CPCP. Normalmente, o
que o banco faz é só dizer quanto deve, mas, no entanto deveriam descriminar tudo o
que se pede.
Mas a lei manda que descrimine.
Ex. se calcula juros de 7 anos, podemos alegar que 2 estão prescritos.
E mais, se o banco pedir o capital total, não pode. Ele tem de retirar os juros
remuneratórios. Isto porque, estes só são devidos porque o banco é privado daquela
quantia até ao final do contrato, e se ele já não vai ficar privado do €, não tem de cobrar
aqueles juros. – ver Ac. Uniformizador
Art. 28º DL 74ºA/2017 – para que o banco possa declarar a resolução de um contrato,
no crédito à habitação, não o pode fazer com a falta de pagamento de uma prestação.
Tem de haver 3 prestações em atraso, integrais e sucessivas. O banco tem que notificar
e dar novo prazo para pagar e que diga, expressamente, que se não pagar dá direito a
resolução.
Nota: Quando incumprimos, o imóvel vai há venda por 85% do VPT ou do valor de
mercado consoante o maior. Por vezes o valor do imóvel é muito baixo (nas finanças).
O advogado pode impugnar esse valor e pedir avaliação do imóvel para que o imóvel
não vá a venda por aquele preço baixo.
Bolsa – PSI20 é o índice associado à nossa bolsa. As ações sobem e descem, sendo que
essas dão uma percentagem. A performance (média) em que as empresas tiverem em X
dia, é a PSI. Se a PSI for negativa, diz-se que o desempenho de todas foi baixa. Os
índices bolsistas refletem a performance que está associada naquele dia.
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O que são índices bolsistas? O índice bolsista é um valor que traduz a tendência geral
de um determinado conjunto de títulos, nomeadamente, ações, através de uma média
das subidas e das descidas. O valor do índice é relativo.
Mercados Financeiros – Mercado de capitais ou mercado monetário são os segmentos
dos mercados financeiros. O mercado monetário também é dividido em intrabancário e
de operações.
No mercado monetário participam apenas instituições financeiras que compram e
vendem entre si e visam operações de curto prazo (liquidez/tesouraria). Os fins visados
são a arbitragem, cedência de fundos excedentários, captação de fundos e gestão de
risco de taxa de juro - FRA. Os títulos negociados são BT’s, papel comercial (títulos de
dívida equivalentes a BT’s mas para dívida emitida por empresas), repôs (repurchase
agrémentes).
O mercado de capitais É para operações de médio longo prazo, como operações com
ações ou obrigações.
Todos os instrumentos que atinjam uma maturidade (vencimento) a curto prazo (12
meses) são negociados no mercado monetário; e os superior a 12 meses são negociados
no mercado de capitais.
Ex. Quando subscrevo uma obrigação, subscrevo titulo de divida, empresto
dinheiro. Os financeiros não dizem “qual é o juro da tua obrigação?” mas antes
“qual é o cupão?”. Imaginemos que emprestei dinheiro à sic, e a obrigação é de
5 anos, é negociada no mercado de capitais. Nos primeiros 4 anos só recebo o
cupão e no ultimo ano recebo o capital + cupão.
Dependendo do tipo de investimento que queremos fazer, e do timing, temos que saber
movimentar-nos. No mercado de capitais, tem um período de maturidade mais longo.
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1. RISCO SISTÉMICO – Quando algo corre mal com uma entidade impactante.
São fenómenos de contágio de estabilizadores do mercado e que não se elimina
com a simples diversificação da carteira de investimento.
3. Risco de mercado – Risco que tenho que, em virtude da inflação, o preço das
matérias que eu preciso para desenvolver a minha atividade se torne muito caro
e o meu lucro diminui.
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Entende-se por instrumento financeiro todo e qualquer bem ou ativo intangível dotar de
valor patrimonial, Expresso pecuniariamente, que seja susceptível de ser objeto de
transações no mercado.
Não se pode confundir com títulos de crédito: os títulos de crédito representam relações
bilaterais existentes entre os intervenientes do processo de circulação cartolar (cheques,
letras, livranças) E também, regra geral, não são emitidos de forma massificada, pelo
que não incorporam relações jurídicas homogéneas.
Formas de negociação: Life conect (existe uma camara de compensação, i.e., não
vendo diretamente, há uma espécie de intermediário); ou SMM (recurso a outra
plataforma FOREX, é venda direta); OTC (negociado bilateralmente ao balcão). A
forma de compensação varia consoante o sistema financeiro.
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2. são direitos representados e deve existir uma relação estreita entre o direito
representado e o valor representativo
3. são emitidos de forma massificada em conjuntos homogéneos
4. são transmissíveis sem dependência de observância das regras de cessão de
crédito
5. devem ser potência dores de gerar proveitos - frutos civis
6. suscetíveis de ser negociados em mercado organizado (aliás e a propósito, só os
títulos de crédito negociáveis seriam admitidos à categoria de valores
mobiliários.
Os valores mobiliários são documentos emitidos por empresas e outras entidades, por
regra, de forma massificada, e que representam direitos ou deveres, podendo ser
transacionados em bolsa/mercado regulamentado.
Para demites constituem uma fonte de financiamento alternativa aos habituais mútuos
bancários. Para os investidores são uma fonte de investimento e aplicação de poupanças
distintas dos típicos depósitos a prazo ou certificados de aforro. Assim, existem valores
mobiliários que oferecem um nível de rendibilidade diversificado e de risco associado
também, podendo assim cada investidor optar pelo valor mobiliário que se adapte
melhor ao seu perfil de investimento.
Artigo 1.º
Valores mobiliários
1 - São valores mobiliários, além de outros que a lei como tal qualifique:
a) As ações;
b) As obrigações;
c) Os títulos de participação;
d) As unidades de participação em instituições de investimento coletivo;
e) Os warrants autónomos;
f) Os direitos destacados dos valores mobiliários referidos nas alíneas a) a d), desde que o destaque
abranja toda a emissão ou série ou esteja previsto no ato de emissão;
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11/03/2022
DERIVADOS (contratos financeiros)
Ativos financeiros com base em, ou derivados de, um instrumento subjacente diferente.
O instrumento subjacente é habitualmente outro ativo financeiro, mas pode ser também
um bem ou um índice.
Estão previstos no art. 2º, nº1, al. c) a h) do CVM e não instrumentos emitidos,
transmissíveis ou inscritos em conta e carecem de representação. Traduzem se em
fórmulas contratuais típicas propostas aos investidores e que se traduzem num encontro
de vontades e interesses entre os operadores que os subscrevem. Há aqui uma questão
complexa, que é de saber se, sendo um contrato, residualmente poderá aplicar-se o
direito civil?
Formas de comercialização:
1. Em mercado regulamentado (life connect da Euronext), com contraparte central
-que garante o pagamento dos fluxos financeiros resultantes dos contratos que
vão sendo registados diariamente em tempo real (Câmara de compensação);
2. sistema de negociação multilateral (MFT) (forex);
3. Over-the-counter (OTC), Mercado de balcão;
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Os derivados financeiros devem ser refletidos pelo seu valor de mercado ou, no caso
deste não existir, pelo seu valor equivalente (fair value).
Nos derivados tem em causa um ativo cujo valor, ainda que nocional, deriva de um
ativo subjacente.
CONTRATOS DE SWAP6
Um contrato de swap envolve a troca de Cash flows entre os agentes envolvidos, com
base nos termos previamente acordados e nos preços de referência dos ativos
subjacentes.
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Tese da Dra María Emilia sob os swaps
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Finalidades do contrato de swap: arbitragem, trading (quando o swap é usado para fazer
cobertura de risco) e hedging.
A doutrina tem discutido muito se o swap não é um jogo, se não é uma simples aposta,
sendo certo que os tribunais portugueses, 2012 a 2016, uma das formas pela qual
decidiam era que este era um jogo de aposta, enquadrando no 1246º CC, gerando apenas
obrigações naturais (a parte que deve, cumpre se quiser.), o que significava que os
bancos considerassem isso justo (se quiser pago, se não quiser não pago). Este art. pode
ser afastado por formas especiais reguladas – art. 1247º (ex: ganhei euromilhoes, santa
casa dizia que paga se quiser. Não era justo, logo tem uma regulamentação especial).
Deste modo, se houver uma regulamentação especial, a geral é afastada, o que significa
que o contrato de swop, mesmo tratando se de jogo nunca gera obrigações naturais, pq
tem regulamentação própria.
Os contratos de swaps são contratos atípicos, (têm nome, mas não tem regulamentação
jurídica própria), sendo lhe aplicável as clausulas que as partes especialmente acordam
no contrato (desde que não contrariem uma norma imperativa) e pelas regras gerais dos
contratos.
Modalidades:
Interest rate swap - swap de taxa de juro
Acordo entre 2 partes de troca de pagamento de taxa de juro durante um
determinado período de tempo. Destina-se a transformar uma exposição a uma
taxa de juro fixa na exposição a uma taxa de juro variável, ou vice-versa.
Currency swap - swap de taxa de câmbio ou divisa
Equity swaps - swap sobre valores mobiliários, p.ex., ações.
Commodity swaps - swap sobre matérias primas.
Credit default swaps
Swaps exóticos - zero-coupon swaps, rouller-coaster swaps, indexed and
floating principais swaps, etc.
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gasóleo, com 50.000km, em bom estado, e está disposta a vendê-lo por 10.000. O bruno
anda no mercado à procura de um fiat uno branco, com menos de 60.000km, em bom
estado, e está disposto a comprar por 15.000. um arbitragista vê a oportunidade, compra
a A por 10.000 e vendo ao bruno por 15.0000, ganhando 5.000).
Ex hedging:
A, banco mutuou 3.000.000 ao B. B é devedor, precisava de dinheiro, foi
a um banco, o banco mutuou por uma taxa variável (se a taxa subir, o
crédito vai subir). No momento que faz o crédito, a taxa está a 0,2. B diz
que aguenta a prestação deste crédito até 1%, não me causando nenhum
problema, mas se for superior a esse valor, não posso correr o risco de
não conseguir pagar. Assim, B procura um investimento que lhe permita
proteger. Assim, paralelamente ao contrato de mútuo base, ele faz um
outro contrato que pode, ou não, ser com A, em que aposta que a taxa de
juro pode subir até um certo valor, p.ex., até 3%.
Ou seja, existem diferentes perceções das partes do que poderá acontecer
a estas taxas.
Têm de atribuir ao swap um valor de referencia (valor nucional) que,
neste caso, será 3.000.000. Atenção, no swap não se vai emprestar
3.000.000, este é o valor nucional.
Nas clausulas que as partes estipulam tem de conter o valor do swap,
com um limite mínimo (floor) e máximo (cap).
Taxa juro inferior a 1% - swap está suspenso, não funciona ---- floor
Taxa juro superior a 5% - swap também não se aplica ---- cap
Swap vai se aplicar se as taxas de juro se encontrarem entre 1% e 5%.
Então em que sentido funcionam as taxas de juro entre 1% a 5%? B diz que se a
taxa de juro subir de 1,01% a 3% o outro lado perde a aposta e paga o valor da
taxa de juro que estiver em vigor sobre o valor nocional. E o A diz, se a tx de
juro estiver entre 3,01% e 5% B paga ao A sob o valor nocional. OU SEJA, o
lucro que ele ganha no SWAP (o B) cobre o risco da taxa de juro que subir no
contrato de crédito.
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Ex2 (ESPECULAÇÃO):
Agora imaginemos que o contrato de crédito não existe, mas fez um swap,
querendo tirar lucros de uma espectativa que ele tem. B quando faz este swap
existe crédito bancário? Não. Então o que é que ele está a fazer? A Especular.
Equity swap
Currency swap (cambial)
Commodities swaps
OPÇÕES E WARRANTS
Warrants é um instrumento financeiro que concede ao seu detentor o direito com
duração limitada, de comprar ou vender um produto de investimento, tal como ações ou
obrigações, contra o emitente original desses valores mobiliários, a um preço
previamente determinado. O exercício de warrants pode ter associado a emissão de
novos títulos, diluindo assim o capital das obrigações ou ações existentes.
Ao contrário de um investimento em ações e obrigações, em que o não exercício de
direitos não implica a perda dos valores, no warrant se o direito não for exercido dentro
do período convencionado, o mesmo caduca e o investimento perde totalmente o seu
valor.
Modalidades de warrants: cal warrants (de compra), put warrants (de venda),
covered warrants (não são bem warrants, são mais opções, em que o direito de
compra de certos valores são exercidos contra entidade distinta da entidade
emitente desse valor mobiliário).
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Qual o risco que eu perco se investir numa ação? Default risk – a empresa falir - O
risco principal ao investir em ações é o risco de que o preço diminua. Existe também o
risco de que a empresa que emitiu as ações vá à falência, e então os investidores podem
potencialmente perder o seu investimento total nas ações.
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O que é que detém quando possui uma obrigação? As obrigações são títulos de
dívida emitidos por governos, empresas, ou instituições financeiras. As obrigações têm
frequentemente um vencimento, o que significa que expirarão a determinada altura. Na
data de vencimento, o emitente necessita de pagar ao investidor o valor nominal da
obrigação.
Qual é o risco quando investe numa obrigação? O risco principal de investir numa
obrigação é de que o emitente não possa cumprir as obrigações de pagamento da dívida,
tais como os pagamentos de cupão e o valor nominal da obrigação no vencimento.
Outro risco é que o preço da obrigação diminua (com uma posição longa).
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Buy low + sell high
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Short selling
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15/03/2022
REGIME GERAL DE ORGANISMOS DE INVESTIMENTO COLETIVO – Lei
16/2015 de 24 de fevereiro
Aforro - Poupanças- excedente monetário. Quando opto por investir, e não por
depositar., devo procurar uma pessoa especializada (mediador financeiro) para o fazer,
já que ela irá determinar que tipo de pessoa sou eu e me indicar qual o investimento
mais adequado para mim. Este irá fazer-nos uma espécie de questionário, de modo a
conhecer-me melhor, podendo ser qualificada como sendo : investidora profissional
(antigamente designada por investidor qualificado), ou investidora não profissional (ou
não qualificada – que é equiparado a um consumidor). Tal classificação é importante
para que se possa determinar o nível de informação, procedimento e linguagem que o
mediador deve transmitir ao investidor. Se se tratar de um investidor profissional, tal
deve ocorrer mas com menos complexidade.
Ex: sofia foi sujeita a um teste de adequação, e com base no seu perfil,
foi designada por investidora profissional. O paulo fez o mesmo teste e
foi tratado por investidor não profissional. No entanto, quer alterar a sua
qualificação, já que se for classificado como investidor não profissional
não tem acesso a determinados produtos, cujo risco apesar de maior, dá
acesso a “produtos” mais altos. Para ser tratado como investidor
profissional, tem de fazer o pedido por escrito.
A sofia quer ser tratada como investidora não profissional, uma vez que
pretende que o mediador tenha um nível de informação maior com ela.
Nesse caso, o intermediário financeiro pode recusar prestar o serviço.
Assim, quando alguém tem aforro deve procurar um mediador financeiro, ainda que tal
não seja obrigatório. Há 2 formas de procurar ajuda profissional para investir o meu
aforro:
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o Gestor de carteiras – quando quero que alguém gira o meu património. Aquele
intermediário vai “pegar” no meu montante e investir em diversos títulos que
vão compor a minha carteira de títulos financeiros, e gerir, de acordo com o meu
perfil (arts. 225º e 336º CVM).
o Posso decidir potencializar a rentabilização do meu dinheiro – pegar no meu
património e colocá-lo num “bolo” constituído por vários patrimónios, é um
património coletivo. Como se chama este “bolo”? organismo de investimento
coletivo (OIC).
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“Só podem ser constituídos os OIC previstos no presente regime geral ou em legislação aplicável.
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Podem ser SICAF’s, o que significa que são OIC fechados. SICAN’s são OIC abertos.
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Há ainda:
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Dependendo dos elementos constitutivos
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O prospeto é elaborado pela entidade gestora e deve incluir as informações necessárias para os investidores
apreciarem o investimento proposto, designadamente os riscos inerentes e deve conter uma explicação clara e de fácil
compreensão sobre o perfil de risco do OIC (art. 158º/1).
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Regulamento de gestão é o documento que define a política de investimentos do OIC e o âmbito de actuação da
entidade gestora e rege as relações contratuais entre o OIC e a entidade gestora.
• O conteúdo obrigatório é o do art. 159º, é muito extenso, com a segurança da referência do modelo desenvolvido
pela CMVM – o modelo de regulamento de gestão consta do Anexo 7 do Regulamento CMVM n.o 2/2015 como
parte integrante do modelo de prospecto (Parte I).
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
pedir as IFI’s que deve conter informação clara, verdadeira e objetiva sob
o fundo.
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HEDGE FUNDS
Fundos com finalidade genérica de máximo retorno em curto prazo. Muitos problemas
regulatórios: não são harmonizados, habitualmente sediados em off- shores, mas geridos
(v.g.) nos EUA ou na EU.
Actuam por entradas e saídas em empresas, não como o capital de risco, mas sim com
pressão sobre a cotação, combinação de posições longas e curtas, orientados por
“tendências” e baseados em “eventos” .
Regime incerto e difuso: regras dos OIA + regras da qualidade de informação (art. 7.o
do CVM) + aplicação de regras de abuso de mercado + regras do CVM para as cotadas
em que investem
Habitualmente reservados a investidores profissionais, mas que podem chegar aos não
profissionais através dos fundos de hedge funds ou através de derivados .
Cabem nos «OIC flexíveis» do 11.o do Reg CMVM n.o 2/2015, o que implica já maior
consciencialização do risco associado: além de se definirem como os OIC que não
assumem qualquer compromisso quanto à composição do património nos respectivos
documentos constitutivos, a subscrição de UP só se torna efectiva depois de o investidor
ratificar uma menção destacada que alerta para que o risco do OIC pode ser alterado
devido à modificação da composição do património e natureza dos activos que o
integram.
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Os OIA fechados de duração determinada não podem exceder 20 anos, sendo permitida
a sua prorrogação, uma ou mais vezes, por período não superior ao inicial, mediante
deliberação da assembleia de participantes nesse sentido com uma antecedência de seis
meses em relação ao termo da duração do organismo.
Autonomia patrimonial
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17/03/2022
!!TITULARIZAÇÃO!!
Veículos de Titularização: FTC e STC – são EOET’s, ou seja, entidades com objeto
específico de titularização.
Vantagens inerentes para quem recorre a este método: diminuir os seus riscos e
custos de obtenção de financiamentos.
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Ex: em nova Orleães, a tragedia das cheias, que é uma catástrofe natural,
produziram efeitos negativos naquela cidade. No entanto, não dá para trazer
aquela tragedia para o resto do mundo, ao contrário das catástrofes financeiras
que, apesar de terem o seu epicentro num determinado local, podem os danos se
alastrar para todos os lados. Esta é uma situação ideal para alastrar uma crise por
todo o mundo, aquela que poderia ser apenas num determinado local.
Crise de 2008: usa crise imobiliária local nos EUA, afetaram o mundo inteiro. Gerou-se
uma bolha imobiliária que acabou por afetar o mundo. Anos antes da crise, quem
governava era Alan Greeseman, que apoiava as easy Money polities (ex: pedíamos 10k
em crédito e o bano até queria emprestar mais). Apoiado no mesmo, as instituições
financeiras começaram a utilizar este ideal, passando a emprestar crédito e fazer as
garantias sobre os imóveis.
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
No entanto, o que é que poderá correr mal? Tudo, já que todos têm de
cumprir o seu papel no procedimento, e no que diz respeito aos NINJA,
tudo indicava que estes não iriam pagar.
O que é que levou a que obtivessem estes valores? “alguém teve que dar
um doce”, i.e., as agencias de rating através do triple A (ou AAA) –
anotação e risco mais grave que há, o risco de default é praticamente 0.
Assim, os investidores, que no caso foram todos, e o Goldan and Sax,
JPmorgan, Citygroup (que são todos grandes bancos), e o Banco X. Estes
bancos, que já sabiam do que se passava tinham como objetivo:
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
A seguradora que fez estes seguros foi a AIG (america internation group), que é um
grande grupo de seguros a nível universal. Após a queda do limon brothers, a AIG
preparava-se para falir, sendo a típica entidade que poderia gerar estragos ainda maiores
(risco sistémico). Esta foi o exemplo do too big to fail. Assim, a américa fez um resgate,
através da injeção de biliões, e , ao mesmo tempo que o fez, tirou 80% das ações.
Muitos acionistas ficaram ofendidos, alegando roubo. Os EUA defenderam-se dizendo
que iam devolver as ações, de acordo com o dinheiro investido que fosse sendo
devolvido.
Resultado:
Em 2010, começaram a concluir que muito disto que se passou foi por falta de regras de
fiscalização. Assim, fizeram uma lei: “Dog Frank act” que veio introduzir uma grande
alteração nos contratos de swap19, que passaram a ser vistos como verdadeiros seguros
e, portanto, deveriam ser tratados como tal. Na véspera da votação dessa lei, um looby
do city wok veio fazer uma alteração na respetiva lei, onde “credit default swap is not
an ensurance”.
18
Esta é uma swap especulativa.
19
“ credit default swap is an ensurance”
37
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Em 2017, a UE criou o regulamento 24/02 de 2017 que foi transposto para a nossa
ordem jurídica pela lei 69/2019, que nos veio trazer uma nova forma de titularização: a
titularização STS21 (simple transparente and standardising), que pode ser fornecida de
forma patronizada. O tipo de ativos que vai gerir são os ABCP (assent, baket,
comercial, paper), que são programas de papel comercial garantidos por ativos.
O estado e a segurança social também podem ceder créditos para titularização – lei
203/2003.
20
Regulamento 453/99
21
Ainda que a anterior (e mais complexa) continue a ser utilizada
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
(UE) 2017/2402
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
22/03/2022
Art. 4º RJTC- que créditos é que o banco pode pegar e utilizar para titularização?
Não era permitida a cedência de créditos para efeitos de titularização, créditos vencidos,
uma vez que, no que diz respeito a estes, o risco de os devedores não pagarem é muito
maior (ou até de já estarem em incumprimento), o que faz com que o processo de
titularização falhe, desde logo, no primeiro passo. Todavia, a lei permite que se ceda
créditos vencidos e vincendos. Há determinados créditos que estão vencidos (os
credores entraram em mora, mas a sua cobrabilidade é possível (há património, p.ex.),
sendo que os bancos acionam coercivamente uma maneira de os cobrar. No entanto,
existem créditos que o banco percebeu que a pessoa entrou em mora, tentou executar e a
pessoa ou entrou em insolvência, ou aconteceu algo que os impediu de pagar, levando a
uma perda efetiva/créditos vencidos e incobráveis que vão ser entendidos como perdas
do banco. Os outros créditos, os primeiros, são os tais que podem ser cedidos para
efeitos de titularização.
“Artigo 4º
1 - Sem prejuízo do disposto no número seguinte, só podem ser objeto de transferência ou
de cessão para titularização os riscos22 ou os créditos, vencidos e vincendos, em relação aos
quais se verifiquem cumulativamente os seguintes requisitos:
22
Default risk
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
(...)
CONTRATOS BANCÁRIOS
23
Se a ideia da titularização é transmitir os créditos, estes não podem estar impedidos contratualmente ou
legalmente no que diz respeito à sua transmissão
24
Os créditos têm de ser pecuniários. Qual era o interesse se o crédito fosse de entrega de coisa móvel,
p.ex. têm de ser fluxos monetários
25
Os bancos têm de garantir que os créditos existem e são exigíveis
26
O que significa que os devedores não podem estar a discutir em tribunal que o crédito não existe.
27
Não posso pegar em créditos penhorados, e utilizá-los para titularização, já que estes créditos já estão
de garantia para terceiro.
28
Lei 203/2003
29
Ou seja, se o estado está a discutir com alguém determinado crédito, o estado pode ceder o crédito na
mesma. ou seja, é quase como dizer que o estado nunca perde em tribunal, tendo como principal
objetivo o fim público.
30
Ex: estado pode ceder o imposto que vai cobrar em 2023. Ex2: o concessionário da autoestrada já tem
uma relação estabelecida com os condutores, ela poderá ceder os créditos que irá cobrar em 2023
31
Se alguma coisa grave acontecer com os créditos deve ser comunicado de imediato aos
concecionários– foi o que não acontreceu na crise supreme
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Autonomia privada;
limites impostos pela lei, cláusulas contratuais gerais e interesses/fins
institucionais e exclusivos dos bancos (art. 2º RGICSF).
Contratos de adesão
regime jurídico das cláusulas contratuais gerais e avisos do BP nº11(2001 de
20/11 e nº11/2005, de 13/07, este ultimo alterado pelos avisos nº2/2007 e
5/2013.
Contratos formais (art. 219.o é, neste sector, praticamente a excepção, a lei
impõe para múltiplos contratos bancários forma escrita e para os que não impõe,
resulta da vontade das partes essa forma escrita).
Contratos comerciais (contratos especiais de comércio) – arts. 362.o a 364.o do
CCom. e art. 2.o do CCom.
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Elementos essenciais para a identificação de pessoa singular que pretende abrir conta
bancária: nome, data de Nascimento, fotografia, nacionalidade, naturalidade, cartão do
cidadão, contribuinte fiscal e assinatura válida para atos posteriores.
Elementos essenciais para a identificação de pessoa coletiva que pretende abrir conta
bancária: denominação, NIPC, sede, CAE ou CAE’S, país de Constituição, morada de
locais onde exerce a atividade, objeto social, identificação daqueles que tenham mais de
5% de participação social com direito de voto.
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
A conta pode ser suspensa ou “bloqueada” devido a ordem judicial ou por força da lei
(morte, penhora, insolvência, arresto, etc.).
Sendo coletiva: pode ser solidária (qualquer um dos titulares movimenta livremente) ou
conjunta (podem ser movimentadas apenas com a atuação simultânea ou conjunta de
todos os titulares).
Podem ser contas gerais (destinatários podem ser qualquer pessoa coletiva ou singular e
reguladas pelo regimes geral da conta poupança) ou especiais (com destinatários e
finalidades diferentes, são reguladas por lei ou convenção – ex: contas poupança-
emigrante, conta poupança-reformados, conta poupança- condomínio).
ENCERRAMENTO DA CONTA:
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Contratos de crédito
o Mútuo bancário
o Desconto bancário
o Descoberto bancário
o Abertura de crédito
o Antecipação bancária
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Consultar o Acórdão Integral aqui: https://dre.pt/web/guest/pesquisa-avancada/- /asearch/366181/details/normal?
emissor=Supremo+Tribunal+de+Justi%C3%A7a&types=JURISPRUDENCIA&search=Pesquisa
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
o Crédito documentário
o Crédito à habitação
o Crédito a consumo
Contratos de financiamento
o Leasing
o Factoring
o Forfaitting
o Project finance
o Titularização de créditos
Contratos de garantias
o Garantias aparentes
Negative pledge
Cross default
Pari e passo
Cartas de conforto
o Aval
o Fiança “omnibus”
o Mandato de crédito
o Garantia bancária autónoma
o Garantia financeira
Penhor financeiro
Alienação fiduciária em garantia
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Assim, atualmente é entendido como um ramo de direito misto, nem público, nem
privado.
Vamos abordar mais o direito bancário material (contratos), do que institucional (já que
isto diz mais respeito à criação dos mesmos).
A maior parte dos contratos bancários que são comerciais, são tb contratos formais (art.
219º CC é absoluta exceção), já que maior parte dos contratos bancários implica forma,
e mesmo aqueles que não obrigam, o próprio banco formaliza-o, por uma questão de
prova e segurança. Assim, não temos contratos bancários com liberdade de forma. são
eminentemente formais.
Art. 6º lei bancária- Quais as sociedades financeiras – deve ser conjugado com o art. 7º,
que é definido em legislação especial.
Art. 4º - atividades que os bancos podem praticar (que são um tipo de instituição de
crédito)
Artigo 4º
m) Mediação de seguros41;
38
Receber depósitos
39
Podem tb fazer locação financeira e factoring. As socedades de lising e de factoring são sociedades
financeiras. Aqui temos os bancos e as sociedades financeiras a fazer o mesmo serviço, há concorrência.
40
Intermediação financeira – o banco enquanto intermediador financeiro.
41
Quem supervisiona os bancos no que respeita ao deposito e créditos? O banco de Portugal. Quem é que
fiscalizar no que respeita às transações? CMVM. Quem fiscaliza os seguros? ASF
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
p) Locação de bens móveis, nos termos permitidos às sociedades de locação financeira;
2 - As restantes instituições de crédito42 43 só podem efectuar as operações permitidas pelas normas
legais e regulamentares que regem a sua actividade.”
1 - Só as instituições de crédito podem exercer a atividade de receção, do público, de depósitos ou outros
fundos reembolsáveis, para utilização por conta própria44.”
P. da autonomia privada é muito importante, já que as pessoas são livres de definir o seu
conteúdo, desde que seja respeitado os limites legais. Quando existe uma rj contratual
criada através de contratos de adesão, essa liberdade contratual não existe. Nos
contratos de adesão só existe liberdade de adotar ou não o contrato. Não existe liberdade
de o moldar. Assim, nos contratos de financiamento ou de credito, p.ex., tenho esta
liberdade de aceitar ou não, mas não o posso moldar.
Atualmente entende-se que ter uma conta bancária é um bem essencial. Até porque
existem certos apoios da segurança social que não são atribuídos se não houver um
IBAN associado.
Regime das clausulas gerais aplica-se aos contratos de adesão bancário, nomeadamente
art. 5º (dever de comunicação), art. 6º (dever de informação) e art. 8º (se não for
informada nem comunicada uma determinada clausula, ela é excluída).
É a volta do contrato bancário que gravita tudo o resto (p.ex. o contrato de débito, o
contrato de crédito, etc.).
42
Previstas no art. 3º
43
Ex: a caixa agricola tinha uma regulamentação própria, já que não se enquadrava enquanto banco
44
Por isso é que o depósito que fazemos uma instituição de crédito, significa que é um depósito
irregular, i.e., num depósito regular o depositário é obrigado a devolver exatamente a mesma coisa.
Nos depósitos irregulares não
49
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Sistema de fishing/smishing (se for por mensagem) e farming (+ complexo, que é clonar
a pagina do banco).
24/03/2022
50
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Ex: conta de A e B. Presume-se que é 50% para cada, sendo que, a conta ao ter
um saldo bancário de 10.000, é 5.000 para cada um. Valor da penhora é de
7.000, que pertence a A. AE vai à conta e penhora 7.000. O que é que B pode
fazer? Alegar embargos de terceiros, uma vez que tiraram 2000 daquele valor
lhe pertence. Quem tem o ónus de prova é o exequente (a quem prejudica a
presunção é que deve fazer o afastamento desta presunção de titularidade).
CONTRATOS DE CRÉDITOS:
Pode ser:
o Empréstimo bancário
o Abertura de crédito
o Desconto bancário
o Descoberto bancário
o Antecipação bancária
o Crédito documentário
o Crédito à habitação
o Crédito ao consumo
51
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
VS
1. CONTRATOS DE CRÉDITO
Geralmente o overdraft tem origem num acordo expresso. Todavia, a maioria dos
bancos concede de forma tácita, i.e., com base num acordo tácito entre banco e clinete,
45
Que é diferente de descoberto obrigatório que é um princípio previsto no art. 5º do DL do seguro de
crédito.
46
Há uma inexistência de benefício de prazo para o cliente, i.e., o banco pode pedir provisionamento da
conta a todo o momento.
52
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Este é um contrato atípico, mas nominado, nos termos do art. 2º, al. a) do DL nº 220/94
de 23 de agosto.
As taxas de juro chegam a ser iguais às do cartão de crédito, que são talvez o tipo de
taxas de juros mais agressivas.
DESCONTO BANCÁRIO
47
É possível o banco conceder um contrato de crédito de forma tácita, i.e., sem o meu consentimento?
Sim
48
Mas pode ser qualquer tipo de nota de crédito
49
É diferente de “paga-me” e diferente do “tira da minha conta”
53
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
29/03/2022
50
Clausula de boa cobrança: condiciona-se o desconto à efetiva cobrança do crédito na data do seu
vencimento, sob pena de ser responsabilizado o devedor descontário.
51
Lêr com atenção o art. 3º, al. d) e e); art. 4º, nº1 e 2, art. 7º e art. 8º + art. 9º, nº2
54
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Art. 3º, 4º, 7º, 8º e 9º - DL 58/2013 – traz uma novidade quanto aos juros
remuneratórios.
No que respeito aos juros estes podem ser:
Juros de mora- atraso no pagamento de uma obrigação pecuniária – art. 816º CC
Juros antecipatórios ou compensatórios – são cobrados, p.ex., no desconto
bancário
Juros de penalização52 - quando existe uma mora convertida em incumprimento
definitivo, ou quando há incumprimento definitivo imediato, o banco concede
uma taxa moratória de incumprimento, com base no montante em dívida,
aplicando-se a taxa de penalização. É calculada apenas a uma vez
Juros remuneratórios – são a remuneração que o banco cobra por ter mutuado
aquela quantia, e por ter fixado sem esta durante determinado tempo. O banco
não vai ter determinada quantia durante x anos, o que significa que fica
desfalcado daquele valor durante aquele período de tempo, cobrando assim um
valor por essa situação – o juro remuneratório.
Art. 781º sofreu uma interpretação uniformizada por parte da jurisprudência, já
que em caso de incumprimento numa das prestações, os bancos entendiam que
importava a perda de benefício do prazo em relação às prestações
remanescentes, incluindo assim, nesse montante, os juros remuneratórios
devidos pelas prestações vincendas. No entanto, não o pode fazer, já que esse
acórdão uniformizador veio uniformizar a jurisprudência neste sentido: os
bancos podem exigir as prestações vincendas, mas não podem cobrar os juros
remuneratórios, uma vez que se o banco está a pedir a totalidade do montante
emprestado naquele dia, ele não irá ficar sem o mesmo durante o período
inicialmente acordado.
52
Clausula fixada no contrato em caso de incumprimento, fixada em taxa de percentagem
55
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Caucionado – é aquele em que o mutuante, além de. ter mutuado o capital, pede
garantias do bom pagamento. Assim, tem garantias de bom cumprimento. Regra
dos créditos.
A descoberto – não tem garantias de bom cumprimento.
Ex: overdraft – é uma modalidade de crédito a descoberto
Simples – é um mútuo em que o mutuante é uma instituição de crédito.
Ex: sociedade pede 3.000 euros e o banco empresta
Sindicados - em que os mutuantes são várias instituições de crédito em
consórcio.
Ex: sociedade pede 10.000.000 euros ao banco. Banco se emprestar
arrisca-se sozinho a um risco de default, fazendo com que este não possa
emprestar a ninguém. No entanto, pode ser um negócio extremamente
lucrativo. O que fazer? Empresta o montante juntamente com outros
bancos
56
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Aviso 3/88 do banco de Portugal foi um aviso que à data limitou/fixou um limite de
taxa de juro, em que o banco poderiam liberar a taxa de juro, sendo inultrapassável.
Assim, as instituições de crédito não eram livres, eram limitadas por este aviso. No
entanto, este aviso do banco de Portugal não é legislador, tendo sido revogado pelo
aviso 3/93.
O aviso do Banco de Portugal nº3/93, que revogou o aviso 3/88, no seu art. 2º, veio
instituir a liberdade das instituições de fixarem as taxas de juro, salvo nos casos em que
as taxas de juro sejam fixadas por diploma legal. Ora, isto daria aparentemente a ideia
de que o aviso 3/93 veio operar uma liberalização absoluta das taxas de juros bancárias,
o que não é verdade.
Ex: crédito ao consumo institui uma taxa de juro máxima, mas até lá tem a
liberdade de a fixar, não pode é ultrapassar esse valor
Ex2: crédito à habitação não tem qualquer norma a instituir a taxa de juro, o que
significa que esta pode ser fixada conforme os bancos entenderem.
Assim, se os bancos decidissem instituir a taxa em 20%. Podem fazê-lo? Podem subir à
vontade? Não há limite? Maior parte da doutrina entende que há liberalização, não
havendo limite. Outra parte da doutrina (como a Dra Maria Emília, e o Dr. Pais
Vasconcelos) aplica o art. 559ºA CC, já que este manda aplicar o art. 1146º CC, nº1 a
todos os juros de crédito, o que significa que os juros devidos por um contrato de mútuo
podem ir até à taxa legal + 3% se for caucionado (com garantias); ou taxa legal + 5% se
for a descoberto. A taxa de juro para os bancos (que tem uma atividade comercial) é
fixada de 6 em 6 meses, estando atualmente fixada em 10,5%, o que significa que, sem
garantia, poderia ir até aos 13,5% e se garantia 15,5%. Se a taxa de juros exceder
aqueles limites, reduz-se automaticamente até um montante máximo determinado (art.
1146º, nº3)..
Art. 100º, nº2 CCom – posso aplicar o CC por aplicação desta norma, o que leva a
entender que o aviso do Banco de Portugal pode liberalizar as taxas de juro até ao limite
imposto pelo CC.
Posição da Dr. Maria Emília:
57
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Podemos afirmar que estamos perante um caso de nulidade parcial em que a lei
determina a redução automática, sem que se possa provar que o contrato não
teria sido concluído sem a parte viciada. Consequentemente, é de conhecimento
oficioso pelo tribunal e pode ser invocada a todo o tempo.
O mutuário pode ainda exigir a restituição dos juros já pagos, nos termos do
artigo 289º. Mais, tudo isto nunca afastaria a aplicação do regime constante dos
artigos 282.o a 284.o do Código Civil, quanto ao regime da usura.
ABERTURA DE CRÉDITO53
O banco obriga-se a disponibilizar ao cliente certa quantia em dinheiro (linha de
crédito) durante um certo período mais ou menos alargado, sendo que o cliente se
53
Também chamada de linha de crédito ou conta corrente
58
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Modalidades:
Simples - a única ou várias utilizações vão esgotando a linha de crédito
estabelecida (plafond), servindo os reembolsos efetuados somente para ir
saldando os montantes em dívida.
Ex: plafom de EUR 90.000 para a pessoa gastar. A empresa tem um saldo de
90.000, utilizou 30.000, devolveu 30.000, utilizou 40.000, devolveu 20.000,
devolveu 40.000. Depois precisava de mais. Quanto utilizo? Nenhum. Porque
apesar de ter indo devolver os montantes que foi gastando, a soma dos mesmos
dá o valor que a empresa tinha como plafom inicial.
ANTECIPAÇÃO DE CRÉDITO:
Também designado por empréstimo sobre penhor, é o contrato pelo qual o banco
concede ao cliente um crédito contra o penhor equivalente de títulos, mercadorias ou
outros bens.
Atividade prestamista – ex: casas de penhor
O banco (art. 4º LB) pode desempenhar atividade prestamista, nomeadamente através
do contrato de antecipação e crédito, que é um contrato misto entre o contrato de mutuo
e o penhor, com uma nota: no banco não se entrega os anéis, mas sim títulos de credito.
54
Posso fazer as retiradas que quiser, mas tenho sempre de repor, uma vez que o plafom inicial tem
sempre de ser respeitado, não podendo ser excedido.
59
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Usualmente, tem por garantia títulos de crédito (letras de câmbio). Tem de possuir
forma escrita (art. 11º DL 365/99 de 17/04)
Tem por base um contrato de compra e venda onde as partes recorrem ao crédito
documentário como forma de pagamento/garantia. Implica a existência de 3 relações
jurídicas:
Relação entre banco (emitente/mandatário) e cliente (ordenante/mandante): contrato
de mandato
Relação entre cliente (importador/comprador) e terceiro beneficiário
(exportador/vendedor)
Relação entre banco e terceiro beneficiário.
Ex: A é vendedor/exportador
55
Pode ser um contrato “puro e duro”, mas também pode ser um contrato de crédito, na medida em
que o comprador não tem dinheiro suficiente para efetuar o pagamento.
60
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
B é comprado/ importador
No âmbito da compra e venda internacional, as partes contratualizaram que o
preço a pagar era X, e que o vendedor tinha de entregar a coisa comprada, junto
com os docs56 1,2,3 e 4.
O comprador terá de ir ter com o Banco X e faz com ele um contrato de
mandato, sendo que este deverá pagar a A o montante se este lhe entregar os
respetivos documentos (1,2,3, e 4).
Assim, o banco passa a ser o mandante e B o mandatário. Banco passa a ser
emitente, emitindo uma carta de crédito e dirige-a ao A, dizendo que tem X
euros para entregar se me entregares os documentos 1,2,3 e 4 (docs indicados
por B, enquanto mandatário, ao mandante).
E SE,
O mandatário diz ao mandante para apenas recolher os docs 1,2 e 3. De quem é a
responsabilidade? B, mandatário
E se o mandatário diz ao mandante para recolher os docs 1,2,3 e 4, mas este
apenas pede ao A os docs 1,2 e 3? Responsabilidade é do banco.
A única legislação que regula esta matéria é a lex mercatória, emitida pela Camara de
comercio internacional (CCI), com a designação UCP600. Ainda não foi traduzida
fielmente para português.
Em suma:
No contrato de compra e venda, as partes definem uma cláusula em que o
pagamento será efetuado por terceira entidade (banco) mediante a entrega
pelo vendedor/beneficiária de uma lista de documentos.
61
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
31/03/2023
62
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
do que em Portugal. Ao aperceber-se disso, desde 2003, a UE entendeu que tinha que
haver igualdade para todos os cidadãos da UE, sentindo necessidade de começar um
processo de análise e avaliação, por comparação, das legislações dos EM sobre o crédito
para aquisição de imóveis destinados à habitação.
Neste seguimento, em 18/12/2007, a Comissão Europeia apresentou um Livro Branco
sobre a integração dos mercados de crédito hipotecário da União Europeia59.
Assim, podemos, por exemplo, recorrer ao crédito num banco espanhol, porque as
condições são as mesmas, não temos que ficar cingidos aqui.
Agora os bancos dão o mesmo documento, pelo que facilmente se consegue comparar.
Em 2014 surge uma diretiva (Diretiva 2014/17) para uniformizar a legislação do crédito
a habitação. Essa diretiva foi transposta para ordenamento jurídico português e ela não
fala apenas sobre o crédito de habitação fala também de intermediários de crédito.
DL 81-C/2017 – refere-se aos intermediários de crédito
59
Vêr documento anexo à aula
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Estes, podem fazê-lo de diversas formas, por exemplo, consultando uma base de dados.
A concessão de empréstimos de forma irresponsável e a venda de produtos inadequados
por mutuantes hipotecários ou mediadores de crédito pouco escrupulosos podem ter
repercussões negativas na economia em geral.
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Sobre isto, existiam práticas que se tornaram posteriormente ilegais ou com fortes
restrições. Veja-se:
Práticas como:
Tudo isto são exemplo de práticas que até 2017 eram permitidas e afetavam de forma
grave a mobilidade do cliente, diminuindo a concorrência nos mercados, ao nível dos
preços e dos produtos, relativamente aos produtos de venda subordinada e àqueles a que
estão ligados, e desincentivavam a entrada no mercado de novos operadores,
nomeadamente os especializados no fornecimento do produto cuja venda estava já
subordinada.
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
e) Reembolso antecipado (que constitui uma das questões mais importantes para a
integração dos mercados de crédito hipotecário da EU, sendo que se procurará
um consenso quanto a um regime europeu adequado de reembolso antecipado).
Missão:
Tudo isto gerava entraves à atividade transfronteiriça neste sector, o que levava à
redução da concorrência e opções de escolha do consumidor, elevando até os custos na
celebração dos contratos o que levava a um impedimento na realização de negócios.
67
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Fixação de um prazo de, pelo menos, sete dias durante o qual o consumidor terá
tempo suficiente para comparar propostas, avaliar as suas implicações e tomar
uma decisão informada;
12/04/2022
DL 74-A/2017 de 23 de Junho que entrou em vigor a 01/01/2018 – crédito à
habitação
68
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Veio introduzir maiores medidas de proteção do consumidor, sendo certo que se aplica a
créditos celebrados antes da sua entrada em vigor. Não possui normas transitórias, o
que significa que lhe é aplicável o art. 12º, nº2, 2º parte CC, aplicando-se
retroativamente em grau mínimo60 já que estabelece alterações na RJ entre consumidor e
bancos.
Este DL já teve 4 alterações. Note-se que a “alteração” em Novembro de 2022 apenas
veio mitigar a subida de taxa de juros do crédito à habitação, não tendo trazido
alterações ao DL 74-A/2017, o que significa que não conta como uma 5º alteração.
Alteração em 2018 – lei 32/2018 – aditou o art. 21º-A que veio dizer que as
taxas de juro não devem ser espelhadas.
69
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Na última alteração, o pacote de medidas trazia um apoio de até EUR 200,00 aos
arrendatários. Em relação ao crédito habitação, foi bonificado as taxas de juro, o que
significa que poderá haver uma bonificação nas taxas de juro a aplicar, que não
ilimitada, i.e., não pode ir além do 1,5%.
Críticas: se olharmos para a lei, vamos nos aperceber que as pessoas
ilegíveis para obter estes benefícios e a s condições que têm de se
verificar para os obter são tão difíceis de alcançar que, apesar de serem
boas medidas políticas, acabam por ser de muito difícil prática.
DL 20-B/2023 de 22 de março
Tudo o que não estiver especificado DL 74-A/2017 de 23 de Junho, aplicamos as
normas previstas para o crédito ao consumo DL 133/2009, este é supletivo.
Antes deste DL, havia vários regimes jurídicos. Este DL veio a juntar todos estes, e
derrogar alguns rj anteriores. No entanto, apesar de vir a revogar os créditos
bonificados, as pessoas não perderam os créditos bonificados, apenas decidiram de
haver novas pessoas a usufruir destes (fenómeno da sobre vigência da lei).
(Art. 12.o, n.o 2.o, 2.a parte, a contrario sensu, retroatividade in mitius) .
Regime Supletivo
70
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Este regime so se aplica se estiver em causa uma RJ entre crédito e o consumidor (art.
4º, nº1, al d) “Pessoa singular que, nos negócios jurídicos abrangidos pelo presente
decreto- lei, atua com objetivos alheios à sua atividade comercial ou profissional”).
Ex: uma imobiliária que adquire imóvel para depois o vender, não se aplica este
DL
Art. 5º - É regulamentado pelo aviso 5/2017 do Banco de Portugal. Este art. 5º veio
proibir a parte variável de certos objetivos que trabalhadores dos bancos tinham de
alcançar (p.ex. trabalhadores do banco quanto mais créditos à habitação tivessem, mais
prémio ganharam). Assim, na dúvida se o banco deve ou não conceder um crédito à
habitação, neste momento, não se concede o crédito. No entanto, antes, como não
61
Uma vez que o legislador não quis desfavorecer uma pessoa que pretende obter habitação, em prol
do tipo de financiamento a que esta recorre.
71
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
existia esta atuação, eram concedidos vários créditos, mesmo estando na dúvida. A
concessão de crédito não pode assim entrar na politica remuneratória, de modo a
impedir um conflito de interesses. Em boa verdade, na prática, esta medida acabou por
não ter grandes efeitos, sendo que a pressão continua a existir.
Art. 6º - tem de ser analisado à luz da altura em que foi emitido (entrou em vigor em
2018). Só pode estar localizado no setor do banco destinado à concessão do crédito à
habitação, pessoas que sejam capazes de cumprir e explicar de forma clara todas as
informações deste DL. Tem de ser uma pessoa que esteja “dentro” da temática que está
a abordar. Assim, este art. veio impor que nestes setores só podem conter funcionários
que cumpram com determinados requisitos (nº3). Vale ressalvar que a al. c) do nº3
desta norma deixou de ser aplicável a partir de 21 de março de 2019, sendo que a pessoa
para continua a trabalhar neste setor tem de se formar. Portaria 385C/2017 veio definir
os conteúdos mínimos que estes funcionários tinham de ter para conceder créditos à
habitação62.
Práticas comerciais que devem ser feitas: especificação de prática desleal ou enganosa,
proibidas – a prof não vai perguntar, só para sabermos.
Práticas Comerciais
O novo regime (especial) não afastou a aplicabilidade do regime regra no que respeita a
práticas comerciais, regulado pelo decreto- Lei 57/2008, de 26 de março, que estabelece
o regime jurídico aplicável às práticas comerciais desleais das empresas nas relações
com os consumidores, ocorridas antes, durante ou após uma transação comercial
relativa a um bem ou serviço.
Neste Decreto-Lei 57/2008 refere-se que são proibidas as práticas comercias desleais e
define quais as práticas desleais em geral (art. 5.o), práticas desleais em especial (art.
6.o), ações enganosas (art. 7.o), ações consideradas enganosas em qualquer
circunstância (art. 8.o), omissões enganosas (art. 9.o), práticas comerciais agressivas
(art.11.o) e práticas comerciais agressivas em qualquer circunstância (art.12.o).
62
“a) noções fundamentais de economia e finanças; b) características dos produtos de crédito em geral
e de crédito hipotecário em especial; c) noções gerais do processo de aquisição de imóveis e de registo
predial; d) deveres a observar pelas instituições de crédito na comercialização de contratos de crédito
hipotecário; e e) deveres observado pelas instituições de crédito na vigência de contratos de crédito
hipotecário”
72
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
A acrescer à disciplina deste Decreto-lei, existe o artigo 9.o do decreto -Lei n.o
74-A/2017 que estipula que as comunicações comerciais e de publicidade sobre
contratos de crédito devem ser leais, claras e não enganosas, sendo proibida, em
forma de comunicação que possa criar falsas expecativas nos consumidores quanto à
disponibilização ou ao custo de um crédito.
ex: conceder crédito, mas se adquirir outro serviço tem uma bonificação
de x % - é uma espécie de sedução ue o banco faz, em que o consumidor
deve adquirir determinados serviços, em troca de descontos.
Art. 11º - versão original previa que o banco pudesse exigir a abertura de uma conta,
bem como seguro, para que pudesse conceder crédito à habitação (ex: vou ao
SANTANDER adquirir um crédito, mas a minha conta é no BPI. Eles exigem que eu
abra conta para me fornecer o crédito). Com a lei 57/2020 houve a proibição disto. Era
uma espécie de exceção ao tying. Após esta alteração, o que acontece é que o banco não
obriga, mas concede determinadas bonificações se o cliente abrir conta.
Atualmente, quando o banco exige que a pessoa celebre um contrato de seguro, o banco
não pode exigir que este contrato de seguro e multirriscos seja celebrado na sua
seguradora parceira, mas se fizerem ali, o banco dá um benefício, e isto mantém-se
assim. O banco pode exigir que se faça um contrato de seguro, não pode é exigir que
seja na sua segura, mas se for, dá, p.ex., nas condições de crédito (bundling).
73
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
74
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Art. 13º- já no que diz respeito à informação pré contratual personalizada, dispõe o
artigo 13º que os mutuantes ou intermediários de crédito disponibilizam aos
consumidores a ficha de informação normalizada elaborada com base na informação por
estes apresentada, com a simulação das condições do contrato de crédito, que pode ser
realizada aos balcões do mutuante ou de todo intermediário de crédito, através dos seus
sítios na Internet ou por qualquer outro meio de comunicação à distância.
FINE65 + MINUTA
Ex: A e B vão casar e querem comprar um imóvel. Vão pedir simulações para o
crédito à habitação. Atualmente, podem pedir simulações até em créditos que
não são portugueses. Quais as variáveis que têm de fornecer: são os dois
trabalhadores; crédito a 30 anos; idade de ambos, EUR 400.000, taxa variável.
Vão ao banco I que tem de lhes fornecer o FINE (ficha informação normalizada
europeia66 67) e a minuta do contrato de crédito que poderá vir a ser celebrado.
64
É o montante total imputado ao consumidor, aparece em EUR, e exprime o custo que vamos ter com
aquele crédito, quando cumprido até ao fim.
65
Ficha de informação normalizada europeia (FINE)
66
Anexo I do DL e uma instrução do Banco de Portugal 19/2017
67
Ex: Lituânia possui condições mais favoráveis que Portugal, e podemos recorrer a este para fazer
crédito à habitação
75
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Neste banco I a TAEG a 10%. No banco II, TAEG de 11%. Banco III, TAEG de
13%. Depois de apreciarem as propostas, A e B decidiram recorrer novamente
ao Banco I, passados 25 dias, que lhes indicou que a taxa seria a 10,9%.
Assim, este DL veio trazer a ideia de que, a partir do momento em que o banco emite o
seu FIDE, este fica vinculado a esta durante 30 dias, permitindo que a pessoa com
alguma calma e tranquilidade escolha o seu crédito.
14/04/2022
Art. 16º- avaliação de solvabilidade do consumidor, com base nas atuais condições
financeiras, e não com base em futuras. Tem de ser feita sem análise da fotologia. O
avaliador não pode avaliar o imóvel com a perspetiva que ele se vai valorizar no futuro.
Tem de avaliar no momento, salvo se se tratar de um crédito à construção e, aí, podem
me financiar a mais (é concedido por traches/aos bocados).
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Art. 27º - ao contrário do que sucede num contrato de cv por prestações (art. 974º CC).
Tanto a resolução do ct de arrendamento por incumprimento do pagamento por rendas,
como o credito à habitação são formas de resolução mais apertadas, sendo mais difícil
resolver o contrato por incumprimento para qualquer uma das partes, uma vez que aqui
está em causa um direito à habitação. O direito à habitação tem de ser assegurado pelo
estado social de direito. Nestas normas há um especial cuidado legislativo em não
possibilitar uma resolução por incumprimento. Não é com um simples incumprimento
que se pode resolver este tipo de contratos. Regras especiais:
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
fixar taxas inferiores. Se o contrato for taxa variável é 0,5% e a taxa fixa 2%. Este ano,
por causa do DL 80-A/2022, veio suspender a aplicação deste art. 23º - cobrança de
taxas. Se porventura não existisse este DL, existem 3 situações em que a amortização
não há lugar a penalizações: amortização do crédito por morte; amortização devida a
desemprego; ou amortização devida a deslocação profissional.
Ex: antes podia haver crédito até 40 anos, sendo que é o expectável que até 2030
vai passar a ser 30 anos, sendo que, neste momento, fizeram a redução por
setores de idade, sendo que, quem tem até 30 anos ainda pode fazer o crédito de
78
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Contudo, vale ressalvar que estes critérios não são obrigatórios, são
recomendados, o que significa que os bancos podem impor mais anos.
LVT– para a HPP o LTV recomendado é de 90%. O montante que vamos pedir
emprestado vs valor de mercado ou valor de avaliação consoante o inferior (ex:
valor de mercado 100, valor do perito é 110. Qual é o menor? O do mercado.
Quanto é que me vão financiar? 90% do menor dos dois, ou seja, 90).
79
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Esta lei contém medidas destinadas a mitigar os efeitos do incremento dos indexados de
referência de contratos de crédito para aquisição ou construção de habitação própria
permanente.
80
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Mas, não obstante este facto, é preciso atender à realidade efetivamente sentida pelas
famílias, especialmente num dos principais encargos do orçamento familiar, prevenindo
a materialização de eventuais riscos, daí que o Governo tenha criado este conjunto de
medidas, através do Decreto-Lei 80-A/2022, que entraram em vigor a 26 de novembro
de 2022 e vigorarão até 31/12/2023.
A variação dos indexantes de referência tem impacto tanto nos contratos de crédito em
execução como em novos contratos, na medida em que ambos refletem a tendência,
positiva ou negativa, de evolução dos indexantes de referência.
Daí que este Decreto-Lei se aplique aos contratos que estejam a produzir efeitos à data
da entrada em vigor do referido diploma legal.
Veja-se o art. 11.o, n.o 2, que dispõe: “As instituições procedem, no prazo de 45 dias
contados da entrada em vigor do presente decreto-lei, à aplicação do disposto no artigo
5.o relativamente a mutuários que se encontrem, à data da entrada em vigor do presente
decreto-lei, nas condições previstas no artigo 3.o “.
81
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Esta lei tem de ser lida com o DL 227/2012 – PARI e PERSI – quando alguém entra em
incumprimento do contrato, o banco tem de o sinalizar e tentar recuperar aquela pessoa
antes de passar para o contencioso, ou seja, é a tentativa de renegociar. São créditos em
que gouve incumprimento, visando-se a renegociação.
A lei 80/2022 diz que se em virtude do aumento da taxa de juro, uma pessoa atingir uma
taxa de esforço de 23%, teve um aumento significativo da tx de juro, ou se atingir de
50% tem uma taxa de esforço significativa, o que significa que em qualquer um destes
cenários, se tiver HPP, pode lhe ser aplicável as medidas deste DL. Apesar de levar a
uma situação de incumprimento, não significa que já haja. Assim, se antes de estar
numa situação de incumprimento, a pessoa adotar uma das medidas do DL, há uma
renegociação regular. Ao contrário do que acontece com quem já está em
incumprimento, quando recorrer à renegociação. Ambas as negociações têm de ser
enviadas para a CRS. No entanto enquanto aquela que é feita antes do incumprimento
vai com o carimbo verde, a que é feita depois do incumprimento, vai com carimbo
preto.
68
Podemos pedir ao banco, mesmo que não estejamos numa das situações, podemos pedir para
aumentar o período de maturidade, sendo que os bancos fazem uma nova calendarização para estender
o pagamento para mais tempo. Todavia, mais tarde, podemos pedir a retoma do prazo inicial. Ressalvar
que tal ato só pode ser feito uma vez ao abrigo deste DL
82
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
OU
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Resumidamente:
• As instituições devem elaborar e implementar um Plano de Ação para o Risco de
Incumprimento (PARI),que devem disponibilizar aos seus trabalhadores em moldes que
permitam a sua consulta imediata e permanente, onde se especifique, entre outros:
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
II. Os factos que, no âmbito dos procedimentos aludidos, são considerados como
indícios da degradação da capacidade financeira do cliente bancário para
cumprir as obrigações decorrentes do contrato de crédito;
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
valor da comissão a pagar pelo consumidor nos casos de reembolso antecipado parcial
ou total, consta clara e expressamente do contrato e não pode ser superior a:
Ou seja, não é devido o valor da comissão a pagar pelo consumidor nos casos de
reembolso antecipado parcial ou total nos contratos de crédito para aquisição ou
construção de habitação própria permanente, onde seja aplicável o regime de taxa
variável.
19/04/2022
CONTRATOS DE GARANTIA:
Tipos de contratos de garantia: garantias aparentes 69, aval, Fiança “omnibus”, Mandato
de crédito, Garantia bancária autónoma, Garantia financeira.
GARANTIAS APARENTES70:
Estas garantias são aparentes porque são convenções que as partes estipulam entre elas,
não há um património especifico que respinda, nem um património que rtesponda.
Produz efeitos inter partes.
69
Clausulas pari passu, cross default e negativa pledge
70
Diferente do direito civil em que a principal garantia é o património do devedor. Podem ser
patrimoniais ou pessoais. Garantias especiais pessoais, para além do património do devedor, o credor
tem o património de uma terceira pessoa que dá garantias a que se o devedor não cumpir, este cumpre
(ex: fiança).
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Não esquecer que estamos aqui a falar de contratos de adesão, onde estão as covenants,
que são clausulas contratuais elaboradas pelo banco, que lhe confere um poder sobre o
outro de lhe impor a renegociação do contrato, com termos mais favoráveis ao credor.
Uti8lizando este tipo de clausulas contratuais, permite-se que o credor possa definir
momento em que impõe a renegociação do contrato de financiamento de modo a ter um
controlo ainda mais intenso sobre a sociedade e estando esta em dificuldade financeira,
o devedor não terá opção senão aceitar os termos da renegociação.
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Ressalvar que um contrato pode ter varias covenants, desde que estas sejam compatíveis
entre si.
Diz-se que estamos perante aparentes, na medida em que a sua eficácia apenas produz
efeitos inter partes, nada acrescentando às tradicionais garantias legalmente existente e à
garantia geral, sendo ineficazes em relação aos restantes credores.
Menezes Leitão refere que se tratam de garantias especiais atípicas e Menezes cordeiro
refere que são acordos de defesa da garantia geral.
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Estas cláusulas de garantia e/ou segurança, não serão mais do que cláusulas de apoio ao
credor para assegurar o cumprimento do contrato pelo devedor, na medida em que o
compelem a atuar, ou não, de certa forma. A existir violação dessas cláusulas, o normal
é o credor optar não por resolver o contrato, mas sim renegociá-lo, com condições muito
mais favoráveis para si. Cláusulas que permitem antecipar cenários de incumprimento e
atuar de forma preventiva, renegociando os créditos.
Pari Passu/ Equal Raking - o devedor assegura ao credor que o seu crédito estará
sempre numa posição de igualdade relativamente aos outros credores, comprometendo-
se a conceder garantia idêntica, ao credor beneficiário da clausula, àquelas garantias que
vier a conceder a outros credores. Tal cláusula possui um efeito meramente
obrigacional.
90
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
pretende é evitar cenários de insuficiência dos bens que constituem a sua garantia.
Aparece por vezes articulada com a clausula cross default.
A mais discutida é a cross default. Como não são verdadeiras garantias, também podem
ser designadas por clausulas de segurança.
Desde que não viole a lei, pode se aplicar. No entanto, tem de haver uma certa
razoabilidade e equilíbrio, que não pode ser tal que choque com os princípios da boa fé.
Assim, a jurisprudência entende que quando se usa uma clausula cross default, deve se
ter em atenção o princípio da boa fé, já que não é por ter dificuldades noutro crédito,
que terei neste crédito. Assim, a jurisprudência entende que estas são nulas.
Cross Default (ou incumprimento cruzado): cláusula inserta num contrato que
determina que, a ocorrência de um event of default (incumprimento da obrigação
principal mas não apenas) num outro contrato que o devedor possua, implica o
vencimento imediato e antecipado das prestações desse contrato. É uma cláusula que
pode determinar um efeito-dominó – knock-on ou domino effect nas relações jurídicas
contratuais do devedor. O que pode determinar o accionamento desta cláusula não é
apenas o incumprimento contratual do devedor mas também incumprimentos de
contratos por parte de sociedades detidas pelo devedor. Tem um efeito compulsivo, que
reforça a posição do credor. Como CCG, configuração com que se apresenta por os
bancos usarem contratos de adesão, deve obedecer ao regime jurídico das CCG. Na
realidade, o que se pretende é que o devedor seja compelido a uma renegociação
contratual com termos mais protetores do credor. O nosso ordenamento jurídico admite
a possibilidade do vencimento antecipado da dívida, em algumas circunstâncias
específicas, bem como considera que o benefício do prazo é matéria não subtraída à
autonomia ou liberdade contratual das partes.
CARTAS DE CONFORTO
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
As cartas de conforto são uma figura que derivam do gentleman agreedmant que
surgiram como pactos anticoncorrenciais tendentes à regularização a comercialização de
certos produtos, chegando até mesmo a assumir-se como acordos interestaduais.
Servem para dar conforto, na medida em que, um patrocinador/um padrinho vai dar uma
certa credibilidade à pessoa, para que esta possa adquirir o crédito. Podemos definir
uma carta de conformo como um documento escrito, sob a forma de carta, cujo
conteúdo é composto por declarações de teor variado e onde uma sociedade
(patrocinadora/emitente – sociedade-mãe No entanto, vale ressalvar que esta figura não
é a fiança, ou seja, apesar de existir, no caso de incumprimento, o banco não pode ir
sobre o padrinho. Com a carta do conforto, o banco acaba por se sentir mais confortável
em conceder crédito. Tem 3 níveis: fraca, forte, fortíssima (fiança encapotada – o teor
destas cartas de conforto é dúbio, tem de convencer o banco que aquela pessoa é “boa
para investir”). Normalmente, é o próprio banco que as pede.
O motivo para o seu surgimento prende-se com a circunstância de que em alguns casos
a dificuldade de obter crédito para algumas novas empresas esbarra no facto de a
mesma, porque é ainda nova, tende a não gozar da mesma credibilidade, pelo que carece
do “patrocínio” de outra entidade com maior renome.
as cartas de conforto distinguem-se das garantias reais, proque não oneram bens
certos e determinados.
As cartas de conforto distinguem-se da fiança porque não são acessórias de uma
dívida principal.
As cartas de conforto distinguem-se do aval porque não são apostas a obrigações
cartulares.
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
O patrocinador, ou seja a sociedade que detém outra, ao emitir esta carta dirigida ao
Banco, pretende de certa forma dar um voto de confiança à sociedade que controla,
patrocinando o seu bom nome junto da instituição de crédito, todavia, prefere não ter
um compromisso (obrigacional) tão forte como teria se oferecesse uma fiança, um aval
ou uma garantia autónoma.
Quando as declarações foram emitidas por alguém que sabia que estas não eram
verdade, o que é que acontece?
É o de saber se a sua emissão no que respeita às declarações de vontade dela constantes
dará lugar à formação de um contrato ou a um vínculo emergente de uma promessa
unilateral por parte do emitente na medida em que ela aparentemente encerra apenas
declarações deste.
Há quem entenda, por exemplo, Pietro Caliceti, que se trata de uma questão meramente
teórica, pois na realidade o essencial é apenas determinar se as cartas de conforto têm ou
não natureza negocial.
Outros, como André Navarro de Noronha, assume desde logo que as declarações de
Patrocínio, ou pelo menos algumas delas, criam verdadeiros vínculos obrigacionais.
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Nós, entendemos que uma carta de conforto deve ser entendida numa perspetiva
negocial, enquanto contrato unilateral atípico com causa de promoção e de garantia de
relações jurídicas externas. É unilateral porque a carta de conforto decorre de um acordo
prévio, tácito ou não, do beneficiário e da pessoa que o emitiu.
72
Tipos de declarações que podem estar incluídas no conteúdo das cartas de conforto: declarações de
conhecimento, de participação, sobre estabilidade da participação, de “policy”, sobre situação da
patrocinada em ordem ao cumprimento das suas obrigações, etc.
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Na fiança, a sua validade está dependente da validade da obrigação garantida - art. 632º
CC - atenta a sua natureza acessória.
A fiança é a garantia dada por terceiro através da qual este coloca o seu património à
disposição do credor do afiançado, obrigando-se pessoalmente com todo o seu
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
MANDATO DE CRÉDITO
Contrato pelo qual alguém encarrega outrem de conceder crédito a um terceiro (art. 629º
CC). Todavia, não se trata de um verdadeiro contrato de mandato, porque não se
aplicam as normas referentes ao contrato de mandato, designadamente as normas dos
arts. 1181º e ss CC, pois não existe qualquer obrigatoriedade de transferência de direitos
adquiridos do mandatário para o mandante.
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Art. 629º, nº3 – enquanto o crédito não é concebido, o mandato pode ser denunciado.
Todavia, se já existir despesas, deve o mandante indemnizar o mandatário nos termos
gerais. Trata-se de uma responsabilidade civil por factos lícitos, no âmbito da
responsabilidade civil contratual.
A garantia autónoma é mais comumente conhecida por GBA, pois o garante costuma
ser um banco. É um negócio atípico e fruto da liberdade contratual. Estabelece-se por
contrato e não unilateralmente.
O garante terá de realizar o pagamento de uma quantia pecuniária ao credor sem que lhe
possa opor (como acontece na fiança) os meios de defesa decorrentes da relação entre o
credor e o devedor da obrigação garantida ou da relação entre o garante e o devedor.
Típico dos bancos. No entanto, as seguradoras também utilizam este tipo de garantias.
Distinguem-se 3 relações:
CONTRATO DE MANDATO:
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
A doutrina entende como negócios abstratos aqueles que são abstraídos de uma causa,
entendendo-se como a função económico social dos mesmos. Assim, os negócios
abstraídos de causa permitem que o mesmo se adapte a múltiplos fins, ocorrendo como
que um isolamento do seu conteúdo relativamente à sua causa.
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
explícita, implícita ou por remissão, ou seja, nos negócios jurídicos causais o seu
conteúdo específico é modelado por uma função económica ou social constante que é a
sua causa.
Alguma doutrina não aceita ou tem renitência em aceitar, invocando a sua natureza
alegadamente abstrata, a garantia bancária autónoma como tipo contratual.
Não se pode portanto descurar o facto do contrato de garantia propriamente dito ter por
fundamento a relação jurídica de base, o contrato-base, que é assim a sua causa hoc
99
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Aliás a garantia bancária autónoma e a fiança têm um traço em comum: ambas estão
vinculadas a uma função de garantia.
73
Garantias de restituição ou de reembolso dos pagamentos antecipados
74
Garantias de boa execução do contrato
75
Garantias de pagamento
76
Garantias de oferta
100
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
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Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Puras:
Fundamentadas - nestas não basta a simples solicitação, o pedido de pagamento
deve fazer menção que o garantido não cumpriu com as suas obrigações, mas
sem necessidade de prova
o Motivadas: beneficiário declara a verificação do evento previsto no
contrato de garantia.
o Justificadas: beneficiário deve invocar os motivos da solicitação;
o Documentadas: solicitação deve ser acompanhada de certos documentos
emitidos ou provenientes de um terceiro;
Caso ocorra uma situação de fraude ou abuso manifesto na solicitação, cabe ao Banco,
legitimamente, o direito de recusa do pagamento, aliás, mais que um direito é um dever,
se não quiser depois sair prejudicado no seu direito de reembolso sobre o ordenante.
102
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Ao Banco compete o dever jurídico de proteção dos interesses do seu garantido e a isto
acrescem ainda os princípios imperativos dos ordenamentos jurídicos, designadamente o
princípio da boa-fé que em modo algum pode ser preterido dada a independência das
garantias bancárias autónomas.
Todavia, exige-se que exista uma prova líquida da fraude ou do abuso de direito na
solicitação da garantia, não bastam meras desconfianças ou indícios, tem de se tratar de
casos de abuso ou fraude evidente/ notória.
Neste último caso, resta ao garantido desencadear medidas judiciais que evitem o
pagamento da garantia antes da solicitação, mas tal nem sempre se consegue em efeito
útil, tai como providências cautelares.
21/04/2022
Ex:
Vendedor diz que vende, mas que a máquina tem de ser entregue primeiro
Se esta garantia for simples – significa que para o beneficiário acionar o pagamento da
garantia tem de interpelar o pagamento, e para o beneficiário exige-se o ónus de prova
103
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
O credor normalmente pede uma garantia automática/first demand , já que estas não
implicam para o beneficiário qualquer exercício autónomo, i.e., não tem que fazer prova
do facto constitutivo de o conceder. São as garantias mais frequentes. No seu texto têm
mesmo uma clausula que diz “on firsrt demand”. As automáticas podem ser:
Puras – B teria de interpelar o banco para que este lhe pagasse, já que ele é o
beneficiário. Princípio do “pedi, recebi”. Também não são muito frequentes.
Fundamentadas: não basta a simples interpelação, sendo necessário que o
beneficiário interpelar o banco para pagar a garantia e identifique o motivo ou as
razões pela qual está a pedir essa garantia. Não precisa de provar esse
incumprimento. Não há ónus probatório, nem exercício probatório. Se houver
fraude, ou abuso de direito (exercício de forma ilegítima e contrária aos
princípios da boa fé).
o Motivadas
o Justificadas
o Documentais – são aquelas garantias em que é necessário entregar
documentos, mas não como meio de prova. Interpela o banco para pagar,
e entrega os documentos.
Esta garantia é autónoma, sendo o que a distingue da fiança, cuja uma das
características principais é a acessoriedade. Na garantia autónoma o garante (banco) não
pode opor os meios de defesa da relação base inerentes às demais relações jurídicas,
cada uma delas é autónoma.
Ex: Estava estipulado na relação base que o devedor tinha de pagar, e o credor
entregar a máquina. Na relação base, o credor não pode entregar a máquina. O
devedor tem de pagar? Não, art. 628º CC- execção do não cumprimento do
contrato.
104
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
B vai ao banco e, como era uma garantia automática invoca o pagamento por
parte do banco. O banco recusa-se a fazer o pagamento porque ele não entregou
a máquina. Pode fazê-lo? Não, porque não a garantia é autónoma, não pode opor
os meios de defesa da relação base às demais.
Mas B agiu de boa-fé? Não, então trata-se de uma situação de abuso de direito.
Procedimento cautelar poderia ser uma forma legal invocada para que o banco não
pagasse aquela garantia, quando o beneficiário fosse. Providencia cautelar inominada
desde que se verifique o perigo in mora, o fundado receio de materialização do
resultado, e o exercício probatório junto do tribunal que existe este receio. Pedimos
juntamente, a dispensa da audição prévia do beneficiário.
Quando é evidente? Conceito jurídico indeterminado. O banco tem de ter este “tato” e
perceber quando alguém está a tentar enganar.
Há quem entenda que as garantias bancárias são autónomas. Autonomia é que o banco
não possa opor meios de defesa de outras relações. Em Portugal vigora o principio da
causualidade, i.e., os contratos têm de ter um fim. A abstração não é tão comum,
consiste em não ter causa (ex: obrigação cartolar).
105
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Há quem diga que a garantia bancária não é casual. Todavia, a Dra não concorda, já que
a garantia bancária tem o fim de garantir.
Isto leva-nos à fiança à própria solicitação/on first demand. Esta funciona até ao
pagamento como garantia autónoma. Depois de o fiador pagar, os meios de defesa que
este podia invocar da relação fiançada antes do pagamento, passa a poder invocar depois
de pagar. Aqui surge a claussula solve et repete (paga e reclama depois), ou seja,
demonstra os motivos pelo qual pagou indevidamente e pede a restituição – ação de
repetição do indevido – trata-se de uma ação de condenação.
Ex: preciso de 300.000€ e não tenho. O que posso fazer? Posso fazer um
empréstimo, em que vendo determinado bem com a condição de que, mais
tarde,m quem comprou fica obrigado a revender-me. Semelhante com a venda a
retro. A diferença é que nesta ultima trata-se de uma venda sob condição
resolutiva, o direito de num prazo estipulado no contrato resolver a venda, está
relacionado com o direito potestativo que, caso não seja exercido dentro do
prazo, caduca e a venda torna-se definitiva.
106
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
AVAL77
Garantias mais usadas pelo banco: aval, fiança, garantia bancária autónoma
O banco pede livrança em banco para garantia o bom cumprimento, assinado pelos
acionistas, cônjuge e administradores. O banco faz isto para que haja mistura de
patrimónios.
Pede o aval em título de crédito, normalmente a livrança, mas também pode ser prestado
em folha, apesar de não ser muito frequente.
O credor é totalmente livre de escolher a data do vencimento do tipo de crédito onde foi
aposto o aval? Isto é extremamente relevante, já que a LUV (art. 70º – o direito da ação
77
Revista de direito comercial – Dra Maria Emília – aval e prescrição
107
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
para cobrança da obrigação inserida no título de crédito caduca se esse direito não for
exercido dentro do prazo de 3 anos a contar da data de vencimento da cobrança).
26/04/2022
AVAL (continuação)
art. 30º lei uniforme das livranças - por referência a uma obrigação posso avalizar a
totalidade da obrigação ou uma parte desta; o normal é que o aval seja dado de forma
total ilimitada. Esta garantia é uma garantia pessoal dada por terceiro, que nada tem
haver com a relação avalizada, sendo normalmente aposta num título de crédito, embora
também possa ser numa folha.
Se o titulo for transmitido a terceiro, estamos a falar de relações mediatas (não fazia
parte da rj cartolar inicial).
108
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Art. 31º LULL – como se presta o aval (pode ser num título de crédito, numa folha em
branco, etc.). O aval exprime-se pelas palavras “bom para aval”. Esta é a forma mais
frequente. No entanto, esta formula não é absoluta, sendo que pode ser usado de outra
forma.
Art. 32º LULL – “O dador de aval é responsável da mesma maneira que a pessoa por
ele afiançada. A sua obrigação mantém-se78, mesmo no caso de a obrigação que ele
garantiu ser nula por qualquer razão que não seja um vício de forma.
Se o dador de aval paga a letra, fica sub-rogado nos direitos emergentes da letra
contra a pessoa a favor de quem foi dado o aval e contra os obrigados para com esta
em virtude da letra.”
Fiança é uma garantia pessoal, mas tem como característica a acessoriedade, e o aval
não, é abstrato. O que significa que, quando feita uma fiança em que a rj subjacente
padece de uma nulidade, a fiança é também nula. No entanto, se o aval for prestado e a
sua RJ seja nula, o aval mantém-se. Só quando há nulidade por vício de forma é que a
obrigação do aval se “destrói”.
O avalista que pague fica sub-rogado nos direitos do credor. O mesmo acontece com a
fiança.
Se um aval que conste de um título de crédito que já prescreveu, porque foi, p.ex., foi
colocado uma data de vencimento, e o aval não foi acionado nesse tempo 79. Pode um
aval converter-se numa fiança? E se o aval for nulo, pode? Sim, através da teoria da
conversão/redução (art. 293º CC). No entanto nos termos do art. 293º há requisitos
objetivos e subjetivos, é preciso que a materialidade respeite os requisitos objetivos,
substanciais e de forma para que haja uma fiança, e saber se o que queremos encaixa
nisso. Se encaixar, falta a parte subjetiva, que é compreender e fazer ónus de prova da
78
Do avalista
79
Vêr art. 70º LULL + art. 77º LULL
109
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
vontade real das partes, i.e. será que elas teriam celebrado a fiança caso o aval fosse
nulo??
Ac. 2019 do STJ – rj subjacente de um aval prescrito é a fiança, sendo necessário haver
prova produzida que havia vontade das partes em que esta conversão ocorresse.
Art. 10 LULL – fala de uma letra em branco (a sua transferência está a ocorrer, quando
ela não está preenchida, nem quanto à data, nem quanto ao montante).
“Se uma letra incompleta no momento de ser passada tiver sido completada
contrariamente aos acordos realizados80, não pode a inobservância desses
acordos ser motivo de oposição ao portador, salvo se este tiver adquirido a
letra de má-fé81 ou, adquirindo-a, tenha cometido uma falta grave.”
Um terceiro que receba o aval como meio de pagamento não pode ficar à mercê de
ilicitudes que foram acionadas previamente e que ele não tem conhecimento. Se
permitíssemos que contra D fosse oponível invalidades e ilicitudes relativas à relação
subjacente, ninguém aderia aos títulos de crédito, já que não saberiam o que estes têm
por base.
PREENCHIMENTO ABUSIDO:
80
Os pactos de preenchimento, que atualmente é “tem liberdade para preencher quando quiser”
81
Ou seja ele sabia que estava a ser contrário aos pactos de preenchimento
110
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
III. Quando o banco arbitrariamente escolhe a data a colocar. Aqui ninguém diz
que o banco não tem o dever de preencher a livrança. Todavia, não tem o
direito de escolher a data a preencher na livrança.
E se, eu sou sócia-gerente, juntamente com o meu marido de uma sociedade por quotas.
Preciso de financiamento e vou a um banco. O banco pede me uma garantia: o aval. Nós
os dois damos o aval. Decido me divorciar e vou sair da empresa, sendo que de um
montante total de 30.000, só faltava pagar 3.000. Essa empresa acaba por entrar em
falência. O banco passado 8 anos vem sobre mim com esse mesmo aval, no valor de
30.000.
Quando eu cedo a minha participação social, e renuncio à minha gerência, o meu aval
cessa? E se não cessar, fico obrigada no que faltava pagar ou na totalidade do aval? O
aval mantém-se, já que este tem caráter pessoal. O STJ acórdão uniformizador 4/2013
diz que não é pela simples cessão de quota, que existe denuncia do aval 83. Pode é haver
uma justa causa para a resolução do pacto de preenchimento e que, por consequência,
impede a existência do aval. A dra considera que o avalista deve se manter como
avalista, mas apenas no que lhe diz respeito, sendo que o aval deixa de ser ilimitado e
passa a ser restrito. Assim, afere-se qual o montante à minha saída, e eu fico avalista
apenas desse valor em falta. O banco acaba por pedir um reforço aos restantes gerentes
da empresa, para fazer face à minha saída.
82
Ressalvar que o aval não pode ser utilizado para pagamentos às prestações.
83
Muito concebido no revolving
111
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
MODALIDADES DA CESSÃO
84
No entanto, vale ressalvar que pode ser acordada a notificação “non notificacion”, e aqui não é
necessário haver a notificação. Aqui, normalmente, como garantia, é pedido um aval.
112
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Factoring próprio/com recurso – É mais barato. Tem uma clausula chamada pro
solvendo. Ou seja, se o cessionário não conseguir cobrar, pode recorrer ao
cedente.
Internacional – quando tenho que cobrar créditos fora de PT, tenho a barreira da
língua no processo, sendo que, fazer um factoring tem vantagem. Há também
vantagem em obter liquidez, porque o factoring é pago. Também há vantagem
de libertar os recursos da própria empresa, porque não os dedico a efetuar a
cobrança de créditos, sendo lhe aplicável a convenção de Othaw 199885
Nacional – tudo em Portugal
Funções do factoring86 pode ser uma ou várias em conjunto. Posso recorrer apenas para
consultaria, nomeadamente um estudo sobre a solvabilidade dos meus devedores. Ou
para garantir o pagamento e cobrar créditos (full factoring, que é sempre próprio – é a
regra no factoring internacional).
A cedência de créditos futuros pode ocorrer, desde que estes sejam determinados.
Os créditos objeto do factoring são créditos a curto prazo, i.e., créditos que se vencem
em 1 ano, classicamente. Isso é que distingue a cessão financeira factoring de forfaiting
(monutarização de créditos), em que estes se vencem a médio ou longo prazo.
85
Também aplicável ao lising internacional.
86
Sociedade financeira
113
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
LEASING/LOCAÇÃO FINANCEIRA
Leasing é uma locação, um contrato mediante a qual uma pessoa (o locador), em troca
de uma remuneração (sendo assim oneroso) vai ceder o gozo temporário de um bem,
que pode ser móvel (locação movel) ou imóvel (locação imobiliária) a outra pessoa (o
locatário). Essa coisa que vai ceder, foi previamente adquirido por ele ao fornecedor de
bens. Temos assim um locador que faz leasing com o locatário, sendo este bem
adquirido ao fornecedor pelo primeiro. Por este contrato o locador adquire um direito
potestativo, em que no final do prazo do contrato o locador pode escolher se adquire o
bem, ou não, para a sua esfera jurídica, tendo de pagar um valor residual. É este direito
potestativo que distingue o leasing do ALD (aluguer de longa duração), já que neste, no
fim, ele é obrigado a comprar.
Tem capacidade económica financeira, e então paga uma renda fixa. No entanto, não
tem o direito potestativo no final, entre escolher comprar através do pagamento residual
ou entregar o bem. Este não é um leasing.
114
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Art. 14º (todas as despesas do bem objeto do lising são por conta do locatário) e 15º (o
risco do perecimento e destruição da coisa é por conta do locatário87.
PROJECT FINANCE
BOO – constrói, explora e fica com ele. Quando está envolvido o estado esta não
é a modalidade aplicável
BOT – constrói, explora, e passa a propriedade para mim. Antes de transferires
para mim, explora, retirando o capital investido e o lucro. Para gerar receita
suficiente para cobrir o investimento é necessário muitos anos. No entanto, com
o passar dos anos, o bem necessita de manutenção, tendo os investidores de
investir nessa manutenção.
28/04/2023
87
É por isto que o locatário é “obrigado” a fazer seguro, uma vez que, se não tiver dinheiro suficiente
para fazer face ao perecimento ou destruição da coisa, o seguro cobre.
115
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Só aplicável a PS, sendo que permite que esta faça uma atividade de gestão frequente a
um utilizar “normal”. Para poder ter a conta de serviços mínimos só é permitido ter uma
única conta no sistema bancário.
Tendo já uma conta, pedimos a conversão para conta de serviços mínimos, sendo que
esta não deve qualquer custo, nem qualquer restrição no que diz respeito ao tipo de
conta em vigor (inclusive “contas caderneta”).
Não podemos ter facilidade de descoberto (ex: não é possível fazer overdrafrt).
O montante máximo que o banco pode cobrar por ano é 1% IAS, i.e., 4,80€. Este é o
máximo, mas pode ser inferior, p.ex. na caixa geral de depósitos cobram 0.
88
Aviso 1/108 do Banco de Portugal regulamenta o DL, e a instrução de 20/2020 do Banco de Portugal é
o formulário que o banco deve utilizar para divulgação dos serviços mínimos bancários.
116
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Vale ressalvar que a conta de serviços mínimos pode ser atribuída a um titular que,
ainda que seja titular de mais do que uma conta bancária, nessa conta “a mais” seja
cotitular com alguém que tenha 60% de incapacidade ou 65 anos ou mais 89. Nós por
aqui entendemos o fenómeno social a que o legislador não é alheio.
03/05/2023
DL 133/2009 DE 2 JUNHO
Nota: em certas relações B2B , como por exemplo, nos fornecimentos de água, luz, a
legislação protege o utente, sendo que, protege o consumidor comum e também o
consumidor empresa.
Ver site “datajuris” que só dá para aceder na UPT ou com o VPN UPT
89
Já que o legislador entende que alguém com 60% de incapacidade ou 65 anos ou mais precisa de um
certo apoio.
117
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Este contrato é ao consumo, por isso é que não se diz que é um contrato de mutuo ou de
crédito
17/05/2023
SIGILO BANCÁRIO
É o mesmo que o sigilo profissional bancário. O banco está adstrito ao dever de não
revelar qualquer tipo de informação sobre a nossa vida, ao abrigo do segredo
profissional. As informações abrangidas pelo banco só pode ser objeto de divulgação,
após pedido do levantamento de sigilo.
Que sujeitos estão obrigados ao sigilo bancário? Todos os funcionários dos bancos,
inclusive os membros dos órgãos de administração e fiscalizaçao do banco, bem como
as pessoas que trabalham no banco de forma indireta ou que lá deixaram de trabalhar,
ou seja, a obrigação de sigilo é na pendencia do contrato de trabalho, bem como após a
cessação. Ex. a funcionária da limpeza, de acordo com o art. 78 lei bancária, também
está abrangida ao sigilo.
Mas se estão vinculadas ao sigilo bancário, como é que as posso responsabilizar pela
quebra do sigilo bancário? Art. 483º C.C. No caso, demando a funcionária equanto
comissária; e de seguida posso demandar a empresa contratada, nos termos do art. 500º
C.C.; e posso demandar, de seguida, o banco nos termos do art. 798º CC a titulo de
responsabilidade contratual. Vejamos que posso demandar os 3 , ou posso demandar so
um , sendo que, nunca é viável se demandar só a funcionaria da limpeza. O melhor será
acionar tudo.
Art. 79º Lei bancária + 84º Lei bancária + 210º lei bancária
Sigilo bancário envolve tudo o que estiver relacionado com a minha relação bancária
(ex: extratos, operações feitas, montantes, etc.)
119
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
É evidente que a entidade que mais acesso tem ao nosso segredo bancário é a
AT que tem quase como um livro aberto. No entanto, este “livro aberto” não
é imediato. A LGT possui este procedimento previsto no art. 68º e art. 69º.
SEGUROS92 93:
92
Lei do contrato de seguros - lei anotada do Pedro Romano Martínez
93
Lei 147/2015- lei relativa à criação de entidades seguradoras (LCS)
120
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Ex2: seguro de vida. Tomador: eu. Segurado: eu. Beneficiário: quem vai receber.
Seguro individual - contrato de seguro que cobre o risco associado a uma pessoa ou a
mais do que uma pessoa, desde que do mesmo agregado familiar, ou unidade de facto,
ou que viva em economia comum.
121
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Apólice - o contrato de seguro pode ser feito verbalmente, ainda que isto não seja
comum. Todavia, enquanto a pessoa não receber a apólice tem livre revogação. A
formalidade de ser redigido a escrito é feito a posteriori e é da obrigação da segurada,
no prazo de 14 dias, tendo de ser enviado ao tomador de seguro. A apólice é, no fundo,
a formalização do que já foi acordado (art. 36º, 37º e 38º.
19/05/2023
SEGURO FINANCEIRO
Qualquer banco hoje em dia tem uma espécie de parceria com as seguradoras. O banco
está legalmente proibido de fazer seguros, mas podem ser intermediários. Atualmente
122
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
temos fórmulas contratuais que a banca celebra e que não passam de seguros, e temos
tipos de seguros que não são mais do que contratos que os bancos fazem, mudando
apenas o nome. Assim, leva a consequências desleais.
No banco também existe um contrato de risco, mas não existe a obrigatoriedade de fazer
esta “almofada” financeira. Ora, se esta exigência existe no seguro e não no banco, isto
leva a concorrências desleais.
Assim, seria essencial olharmos para o que as coisas são, e não ao seu nome, uma vez
que, nestes casos, dá-se nomes diferentes, mas o fundo da questão é o mesmo,
avaliando-se o conteúdo em detrimento do nome.
Isto considerado, atualmente temos a banca a prestar serviços típicos do seguro e vice-
versa, nomeadamente a prestação de garantias. A seguradora está talhada (em troca do
pagamento de um prémio, a seguradora obriga-se a cobrir um determinado risco). Não
cabe à seguradora prestar garantias. Se eu tenho uma RJ com alguém, e esse meu credor
quer uma garantia em como vou cumprir com a obrigação eu posso lhe fornecer um
aval, uma fiança, etc., sendo prestado pelo banco (garante), e não à seguradora, porque
este não é o seu papel. A seguradora tem , atualmente , contratos de seguro, e chama-os
assim, mas na verdade estão a coberto de garantias bancárias.
Art. 161º + art. 162º LGS - normal geral relativa ao Seguro de crédito e Seguro de
caução, que são denominados por seguros financeiros, que têm uma legislação propia.
Portanto, terá de ser conjugado com o DL 183/88 (lei dos seguros financeiros94).
94
Seguro de crédito e seguro de caução
123
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
I. SEGURO DE CAUÇÃO
Ex: eu sou credora, A é minha devedora, de uma compra e venda, em que já houve
entrega da coisa, mas a obrigação pecuniária só seria efetuada daqui a 6 meses, por
estipulação entre as partes. Eu, enquanto credora, tendo receio que ele não pague,
podendo exigir a prestação de uma garantia. A pode me dar uma fiança ou aval. Se este
tipo de obrigação é suscetível de ser garantida por um aval ou fiança é também é
suscetível de ser garantida por um seguro de caução. Assim, a A vai ter com a
seguradora e celebra um seguro de caução. A vai pagar à seguradora um prémio para
cobrir um risco, sendo este o incumprimento definitivo da obrigação ou mora (são os
riscos seguráveis95). Em caso de sinistro (ocorrência do incumprimento da mora), a
seguradora paga ao credor, porque no seguro de caução a diana é tomadora do seguro
(pq é a contraparte da segurada num contrato de seguro), é segurada (porque é no seu
interesse que se estabelece o contrato - é a mora dela que está a ser coberta), mas o
beneficiário é A.
Vejamos, a garantia bancária autónoma (GBA) é igual. Ora, as seguradores não podem
prestar garantia. Todavia, o seguro de caução é isto que faz.
O prémio por um seguro de caução é normalmente mais caro do que o custo de criação
e manutenção de uma GBA. É uma garantia que sai mais cara. No entanto, é o predileto,
por uma razão de celeridade e porque quando existe uma fiança eu apareço no banco
como um potencial devedor, baixando o meu ranking creditício, o que faz com que se
recorra menos às GBA. Já no que respeita aos seguros de caução não existe esta
informação, não sendo comunicada à central de créditos.
95
Art. 162º LGS + art. 6º, nº1 LSF
124
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
SEGURO DE CRÉDITO:
O seguro de crédito pode cobrir o risco de defaul, o risco de variações cambiais, risco de
país(p.ex. negoceio com alguém de angola e, de repente, o governo decreta que não
pode sair a moeda do país). Ou seja, neste seguro, os riscos são mais seguráveis do que
o seguro de caução. Aqui, o credor pede que a seguradora cubra estes riscos, sendi que,
se houver sinistro, esta é que é paga. O tomador, o segurado e o beneficiário são o
credor.
Ex2: A investiu num valor mobiliário, quem tem que dar retorno é B, o investidor e o
credor do pagamento, e o devedor são os emitentes. Nesta rj os credores (protection
buyer) foram ter com um vendedor de prestação (protection seller). O risco que ele vai
pedir para cobrir será o risco de default. O vendedor de proteção tem que pagar quando
ocorre um sinistro.
Assim, podemos concluir que não há diferença entre um e outro (credito default swap e
seguro de crédito).
125
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
96
Relação específica com o seguro de crédito
126
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Ex: quanto temos a mora por 60 dias como prazo para ser sinistro,
ao fim de 30 dias temos a ameaça do sinistro, sendo que, podem as
apólices clausular um adiantamento em caso de ameaça de sinistro. Se
depois não chega a haver sinistro tenho que devolver o montante à
seguradora. Se houver sinistro tenho que deduzir o valor já pago como
adiantamento.
Nas clausulas de apólice pode ficar estipulado o prazo para apresentação de sinistro, e o
prazo em que a obrigação da seguradora se vence. O prazo das obrigações gerais é 8
dias para participação do sinistro e o prazo para a seguradora é de 30 dias (são prazos
supletivos, pode ser convencionado o contrário).
Pode haver seguro de caução on first demand, i.e., uma clausula no seguro de caução
que obriga o devedor a pagar à primeira solicitação.
20/05/2023
Exportações
127
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
O estado faz uma espécie de subsidio da seguradora, para que esta aceite este tipo de
seguros. Isto serve para apoiar o tecido empresarial português na expansão/exportação,
incentivando as empresas PT a continuar a exportação. É como se o estado injetasse
dinheiro na seguradora. O próprio estado dá aumento na cobertura, sendo uma media
governamental que dá apoio às empresas exportadoras.
A LCS tem de ser toda imprimida, porque está quase tudo na lei.
O tomador de seguro paga apenas um único prémio, que depois é distribuído por todas.
Aqui a seguradora não pode simplesmente dizer que já não vai segurar determinados
seguros para eliminar risco. Entao como controla o seu rácio de solvabilidade? Ela faz
um seguro dela mesma, do risco que ela própria assumiu, sendo que o faz junto de uma
resseguradora.
128
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
MODALIDADES DE SEGURO
• SEGURO DE DANOS
• SEGURO DE PESSOAS
Seguros cujo objeto está intimamente ligado com a pessoas: danos morais, acidentes
pessoais, integridade física.
SALVADO: Quando a coisa já não pode ser reparada. Por ex. um incendio em minha
casa em que fica totalmente destruída. A minha casa é um salvado.
SOBRESEGURO: Ex. tenho veiculo automóvel que custou 30k, a cada dia que passe
desvaloriza, se tenho sinistro o meu dano nunca vai ser superior a 30k. Imaginemos que
fiz seguro em que o capital de seguro era 50k, no entanto nunca vou receber 50k, porque
o meu carro nunca vale 50k. O capital excede o valor da coisa segurada.
Aliás, devemos anualmente pedir junto da seguradora que atualize o valor do nosso
veiculo automóvel, porque todos os anos desvaloriza.
129
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Este seguro cobre o risco de eu ser responsabilizado pelo pagamento de um dano que eu
causei a outra pessoa. O contrato de seguro é apenas um método de eu transferir para a
seguradora a minha responsabilidade, sendo que, se eu não for civilmente responsável a
seguradora não vai responder. Por isso e que temos ao nosso lado a seguradora quando
estamos em litigio.
Há uma atual discussão relativamente ao facto deste seguro quanto aos advogados devia
ou não ter um prazo distinto de prescrição do geral, sendo este é de 20 anos.
Ex: perda de chance - havia um processo em que havia 5 arguidos que foram
condenados a pena de prisão efetiva. Haviam 5 advogados diferentes. Todos
intentaram recurso. 4 dos que intentaram dentro do prazo, conseguiram a
suspensão da pena de prisão. Um deles intentou fora do prazo, não tendo sido
nem sequer julgado ---- responsabilidade civil do advogado, porque perdeu a
chance do seu cliente ter pena suspensa.
O regime atual em vigor, o advogado paga a asua quota à AO e com esse pagamento a
OA “oferece” um seguro de responsabilidade civil obrigatória no montante 150.000€.
nas ações de valor superior, o advogado tem de pagar do seu bolos. Como podemos
colocar o advogado com responsabilidade limitada? O advogado deve fazer um seguro
complementar dos 150.000, de modo que o capital objeto do seguro chegue, no mínimo,
aos 100.000. Assim, nas ações superiores até 250.000€ os seguros cobrem, e acima o
advogado pode não se responsabilizar.
130
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
Art. 1º contrato de seguro pode ser feito de forma verbal. Todavia, no art. 31º e 32º
existe a obrigatoriedade do segurador redigir a escrito o que foi falado verbalmente, que
posteriormente deve ser entregue ao tomador do seguro no prazo de 14 dias. No entanto,
porque é que o segurador entrega na hora? Porque desde a celebração do contrato à
entrega da apólice, o tomador do seguro pode revogar o seguro, sendo devolvido o
prémio em caso de pagamento. Se a apólice é entregue no momento, o nosso direito de
revogação “desaparece”.
Ex: eu tenho seguro de 1 ano, que termina no dia 25. No dia 24 eu tive um
acidente, atropelando alguém. No dia 25 renovava-se o seguro e eu não paguei.
A pessoa que eu atropelei no dia 24 pede me uma indemnização. Se o sinistro
ocorreu dentro do prazo de cobertura e validade do seguro, aquela seguradora é
responsável.
Outra questão é que quando o seguro é celebrado este apenas começa a produzir efeitos
à 00h00 do dia seguinte.
Ex: celebrei o seguro hoje ao 12h. só começa a produzir efeitos amanhã à 00h.
Se nós não pagarmos no dia o seguro, este cessa, caso a seguradora tenha informado
com 30 dias de antecedência que o seguro se irá vencer no dia X e qual a consequência
do não pagamento. Nem sempre foi assim. Surgiu de modo a desentupir os tribunais, já
que antes tinha de se intentar uma ação para pagamento do prémio.
131
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
PRÉMIO - art. 51º - corresponde ao valor que tem de ser pago pelo período que dura o
seguro. O seguro pode ser por 1 ano e eu acordar que o prémio desse ano seja pago
mensal, trimestral ou anual. O prémio pode ser pago por diversas formas (dinheiro,
cheque, etc,). Todavia, se for pago em dinheiro, o seguro está ativo. Se pagar por
cheque ou transferência o seguro só fica ativo quando houver boa cobrança. O cheque
tem um prazo de pagamento de 8 dias. Assim:
Ex: Eu paguei hoje com cheque, o seguro fica dependente da boa cobrança do
cheque, a seguradora tem 8 dias para apresentar o cheque. Imaginemos que a
seguradora só vai dar entrada do cheque na sexta feira. Tive um acidente na
quarta. Quid Iuris? Se no dia que eu entreguei no cheque e nos 8 dias
subsequentes o cheque teria provimento, a seguradora não tem a mínima
hipótese de não segurar o sinistro.
Deve ser comunicada qualquer informação que agrave ou diminua o seguro, no prazo de
14 dias desde a data do facto - art. 93º e 94º.
O sinistro tem que ser comunicado, se nada for dito em contrario, no prazo de 8 dias.
Art. 104º: quando se vence a obrigação da seguradora? Após o apuramento dos factos ,
em 30 dias.
Art. 18º, 21º e 22: o regime jurídico das clausulas ct gerais aplicam se aqui, mas o art.
22º da mais enfase ao dever de informação.
Proibiçao de praticas discriminatórias, art. 15º/2 LCS: considera proibida a pratica dos
seguros de “em razão por deficiência…” a pessoa tenha um tratamento menos favorável
do que era dada a outra pessoa.
132
Direito da Banca e Seguros | Márcia Durães
24/05/2023
No art. 15º LS diz que quem são as pessoas seguras pela responsabilidade. A pessoa que
vem logo à cabeça é o condutor, independentemente deste ser ou não a pessoa com
quem se fez o contrato. Quando apreciamos no estatuto da responsabilidade civil temos
de “ver” quem praticou o facto ilícito, independentemente de quem celebrou o contrato
de seguro. Este é quem tem domínio do facto, tendo de ser sobre ela que são analisados
os pressupostos.
Havendo aqui um contrato de seguro, quem vai responder em vez do lesante, vai ser a
seguradora. Daí que, em termos processuais, quando se propõe a ação em tribunal não
se demanda o condutor, mas sim a companhia de seguros, porque é esta que vai pagar,
uma vez que há uma transferência de responsabilidade para esta. Tal ideia vai de acordo
com o principio da proteção do lesado.
Mas e se o condutor que vai a conduzir provocar o acidente por estar alcoolizado? Ou
roubado o carro? A seguradora cobre sempre - art. 483º 97. A seguradora cobre toda a
responsabilidade provocada pelo veículo, independentemente do seu condutor.
Art. 483º - imaginem que o condutor da viatura estava com uma taxa de álcool no
sangue superior ao legalmente permitido.
97
Ou 503º - a seguradora é sempre responsável.
133
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Art. 81º Codigo estrada, nº2 - limite de 0,5 para quem conduzir com álcool, salvo nas
situações excecionais (ex: táxis, ubers, condutores de transporte de crianças até aos 16
anos, etc.). Se for superior aplica-se a pena prevista no código penal.
0 - 0,5 - Permitido
0,5 - 1,2 - contraordenação ----------- em algumas situações desde 0,2
+ de 1,2 - crime
A seguradora, num caso destes, pode eximir-se ao pagamento? Não pode, uma vez que
se trata de um contrato de seguro válido. Todavia, a lei concede-lhe efetivamente uma
situação de favor (art. 27º LSO): se o condutor tiver culpa no acidente e tiver sido
apanhado com uam taxa superior à legal (0,5 ou 0,2, nos casos excecionais), a
seguradora tem direito de regresso sob o condutor, i.e., a segurado paga e depois vai sob
o responsável pedir a devolução de tudo o que pagou. Foi uma forma que o legislador
encontrou para combater a condução sob a influencia do álcool.
O direito de regresso é um direito que nasce na esfera jurídica da seguradora após ter
pago a indemnização ao lesado, à qual não se pode eximir98.
A questão que se coloca nesta matéria surge porque tivemos uma lei anterior, em que a
al. c) do art. 19º - a seguradora poderia exercer o seu direito de regresso se o condutor
tivesse sob a influencia de álcool. No entanto, isto era encarado como um ónus de prova
para a seguradora em como o acidente tinha ocorrido por influência do álcool, i.e., que a
taxa que o condutor trazia no sangue tinha sido o responsável pelo acidente. Era
necessário provar que a pessoa se não tivesse alcoolizada não tinha causado o acidente.
É necessário provar o que o álcool causou naquela pessoa. Era necessário o nexo causal
entre o acidente e o estado alcoolizado do condutor. Houve várias controvérsias quanto
a esta questão, tendo surgido um Ac. Uniformizador de Jurisprudência que veio dizer
que realmente era necessário se provar o nexo causal.
A lei atual, SORCA, no art. 27º, al. c), começou a prever que satisfeita a indemnização a
empresa de seguros apenas tem direito de regresso quando prove que o condutor tenha
provocado o acidente e tenha conduzido com taxa legal superior à devida. Todavia, a
discussão quanto à letra da lei continuou a dar lugar a diferentes opiniões, sendo que
98
Semelhante à responsabilidade solidária prevista no CC
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alguns defendem que a letra da lei é clara, e outros entendem que estamos perante uma
responsabilidade civil extracontratual e que, portanto, devem se verificar todos os seus
pressupostos, nomeadamente: o nexo causal.
26/05/2023
SEGURO AUTOMÓVEL
SORCA99
Quem é que tem a direção efetiva do veículo? Aquele que usa diariamente o veículo e
que sabe em que condição este se encontra, nomeadamente, se está em perfeitas
condições para circulação. É aquele que domina a fonte do perigo.
Ex: eu tenho a direção efetiva do veículo. Vou ao mecânico e peço para ele me
fazer a revisão geral. Quando eu entrego o veículo ao mecânico eu perco a
direção efetiva do veículo. Quando o carro me é devolvido, um pneu rebenta em
andamento e eu despisto-me. Quem é que é responsável? O garagista. Cobre
durante o tempo em que o veículo está lá, e durante o lapso de tempo razoável
para que o condutor tenha noção da fonte do perigo.
99
Só o art. 27º é relevante para o exame
100
Garagista = mecânico.
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Eu empresto o meu carro a alguém. A partir de quando é que perco a minha direção
efetiva do veículo? Depende. A doutrina nunca se atravessou com “balizas” temporais,
dependendo de caso para caso, e em que moldes se pode sacar a responsabilidade civil.
O nosso cliente vai se penhorado, o que é que podemos fazer? Uma penhora
fictícia, uma hipoteca, um usufruto... e o advogado do exequente ao ver isto o
que é que pode fazer? Uma impugnação pauliana.
Art. 14º SORCA- exclusão do que está coberto no seguro base. O que não está
abrangido pelo seguro base (o que não quer dizer que não possamos fazer a inclusão
destas coberturas por clausulas à parte que acrescem ao valor):
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31/05/2023
ACIDENTES DE VIAÇÃO:
Ocorre um acidente com danos. O que fazer? Art. 36º e 38º SORCA + Portaria
377/2008101 + Portaria 679/2009 102. Quadros que vão dar critérios e valores orientadores
para se apurar/calcular a indemnização a pagar por cada tipo de dano.
Quando existam danos corporais, p.ex. incapacidade, não conseguimos fazer contas se
não existir alta (cura) e a fixação de incapacidades. Enquanto está em tratamento pode
receber valores para tratamentos, valores esses que são provisórios.
101
Toda em vigor, salvo anexos e a sua al. e) do art. 4º. Todavia, para efeitos de cálculo não podemos
olhar para os anexos, mas sim para a portaria 679/2009.
102
Todas estas leis são importantes para aceitar e fazer negociações com as seguradoras
137
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Quando uma pessoa é vítima de viação, mas no decorrer do trabalho (acidente intenere).
Qual o seguro que devemos seguir? No caso deve se seguir a legislação e acidentes de
trabalho. Todavia, se houver valores indemnizáveis, podemos complementar os valores
do acidente de trabalho, com o SORCA. Não posso ser indemnizada 2 vezes pelo
mesmo dano, mas o SORCA pode cobrir danos que o acidente de trabalho não cobre.
O acidente ocorre, deve ser pontualmente comunicado à seguradora. Esta tem 2 dias
(úteis) para que a seguradora agende peritagem, e 8 dias uteis para concluí-la. Se eu
requerer os relatórios de peritagem, deve me ser disponibilizado no prazo de 4 dias pela
seguradora.
Depois de agendar a peritagem (no prazo de 2 dias uteis), a seguradora tem 30 dias uteis
para comunicar a assunção do sinistro, ou não. Esta comunicação está prevista no art.
36ºE SORCA e não é só enviar uma carta a dizer “vamos assumir o sinistro”. Este art.
deve ser conjugado com o art. 31º, que estabelece que a comunicação deve vir
acompanhada de uma proposta razoável. O que é uma proposta razoável? Aquela que
não pode ser considerada manifestamente insuficiente (conceito jurídico
indeterminado). Assim, no nº4 do art. 38º entende-se como “manifestamente
insuficiente” como aquela que não gera um desequilíbrio em desfavor do lesado, sob
pena de ser intentada uma ação judicial.
Ex: tenho um acidente. Seguradora propõe 40.000, mas o razoável seria 100.000. se eu
provar que aquela proposta não é razoável, e o juiz deferir. Qual a diferença entre os
103
Ex: pessoa que ficou surda.
104
Não confundir com incapacidade para o exercício da profissão habitual. Por vezes a pessoa não fica
com uma IPA ou IPP, mas essa IPP impede que a pessoa exerça a sua profissão habitual, que poderá
haver reconversão (pode fazer outras atividades afins, não perdendo a sua capacidade de trabalho
naquele local) ou sem possibilidade de reconversão.
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dois valores? 60.000. assim, desde a data do acidente à sentença transito em julgado,
vou pedir juros a 4% indemnizatórios e a 8% (sobre os 60.000 - a diferença)105.
Quando temos um sinistro que gera danos diferentes para diferentes pessoas. Caso
envolva filhos é relevante a sua idade, já que há valores até aos 18 anos, e outros para
superior a 18 anos. No caso de dano morte aplicamos o art. 2º portaria 377/2008. No
caso de danos corporais aplicamos o art. 3º da portaria 377/2008.
Quando há dano morte, não podemos confundir o art. 2º com o art. 3º. No dano morte é
indemnizável a violação do direito à vida, sendo que esse montante vai ser distribuídos
pelos herdeiros em partes iguais. Não é um direito próprio dos herdeiros, mas sim do
falecido. Não confundir com a indemnização que os herdeiros têm direito diretamente
pelo dano moral de terem perdido o seu familiar.
105
Isto de modo a doutrinar as seguradoras e para compensar o segurado pelo tempo de espera com o
pagamento da taxa agravada. Se a proposta fosse efetivamente razoável a ação judicial não teria
existido.
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