Da Materialidade Dos Corpos
Da Materialidade Dos Corpos
Da Materialidade Dos Corpos
Laura Lowenkron
“ideal regulatório”. Nesse sentido, o “sexo” não apenas funciona como norma,
mas também é parte de uma prática reguladora que produz os corpos que go-
verna, isto é, cuja força reguladora se manifesta como uma espécie de poder
produtivo, poder de produzir — demarcar, circunscrever, diferenciar — os corpos
que controla (Butler 2002:17-18, tradução minha).
Tem alguns colaboradores que, quando vejo email dessa pessoa, eu já leio com
certeza, que geralmente é “coisa boa”, entre aspas, coisa ruim. É crime confi-
gurado mesmo. Uma mulher fez disso uma cruzada pessoal dela, ela não faz
outra coisa senão ficar varrendo internet e ficar mandando pra gente. Então,
quando é email dela, a gente já olha com mais carinho.
Para efeitos dos crimes previstos nesta Lei, a expressão “cenas de sexo explí-
cito ou pornográficas” compreende qualquer situação que envolva criança ou
adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição
dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins primordialmente
sexuais.
A gente trabalha muito com a foto do abuso mesmo. Porque você pega uma
criança numa foto “artística”, o cara pode desqualificar no futuro dizendo que
acha bonito o nu dos 7 anos ou 10 anos. Ainda mais se tiver nu de homens
e mulheres de todas as idades, mas sem abuso sexual... Há pais idiotas que
fazem isso, tiram fotos dos filhos pelados e acham uma maravilha. [...] Mas se
você pega uma foto de uma criança, não há abuso, mas uma foto ginecológica,
o negócio já começou... Está havendo um abuso. Uma foto artística? Ah, uma
menininha sem roupa, mas com um chapéu, com uma toquinha... Tudo bem,
ainda pode ser considerado... Agora, quando pega uma menina, bota ela de
quatro, bota braço pra trás, bota ela em posição de frango assado, aí já está
caracterizado abuso.
Em tese, se 20% procedem, 80% não caracterizam [pornografia infantil]. Mas tem
uma zona muito cinzenta e a gente só pode trabalhar numa certa... Eu garanto
que, às vezes, nós deixamos passar alguma coisa que seja. Não dá pra provar que
a criança é menor, então, não dá. Porque o cara olha “teen” e acha que é adoles-
cente. Só que “teen” vai de 13 até 19. E os sites pegam isso. E todo mundo acha
que “teen” é adolescente, mas eles pegam de 18 e 19. São “teen”. Você pega um
adolescente de 19 anos tabuinha, faz uma depilação geral, bota ela carequinha,
bota um tênis e uma “maria Chiquinha”... Vai botando todos os padrões e ela vai
parecendo uma menina de 15, 14. O cara quer acreditar que ela seja menor de
idade. [...] Não tenho percentual, mas a maior parte é descartável.
A fala do policial revela como a estilização dos corpos que tem como efeito
a aparência de menoridade nas cenas classificadas pelos agentes do núcleo
como “pornografia infantil falsa” ou “simulada”12 é resultado de uma combina-
ção complexa de atributos físicos mais ou menos manipulados, gestos, roupas,
adereços e percepções. De maneira similar à performance drag descrita por
Butler enquanto modelo privilegiado para compreender as dramatizações de
gênero (2002), essa espécie de paródia da “pornografia infantil” representada
pelo gênero pornográfico teen acaba por desestabilizar as próprias distinções
entre natural e artificial e, no caso, entre legal e ilegal.
Identificadas pelos denunciantes como representação de corpos infantis
e descartadas pelos policiais como não configuração de materialidade, essas
imagens iluminam o caráter performativo da construção das corporalidades
fisiologicamente imaturas ao mimetizarem os elementos significantes me-
diante os quais a chamada “pornografia infantil verdadeira” se estabelece.
512 DA MATERIALIDADE DOS CORPOS À MATERIALIDADE DO CRIME
Senhor delegado,
Trata-se de denúncia que versa sobre suposta difusão de material contendo
pornografia infantil através da internet. O sítio “ y” estaria divulgando material
514 DA MATERIALIDADE DOS CORPOS À MATERIALIDADE DO CRIME
Para tanto, porém (dizia Morelli), é preciso não se basear, como normalmente
se faz, em características mais vistosas, portanto mais facilmente imitáveis, dos
quadros [...]. Pelo contrário, é necessário examinar os pormenores mais negli-
genciáveis, e menos influenciados pelas características da escola a que o pintor
pertencia: os lóbulos das orelhas, as unhas, as formas dos dedos das mãos e
dos pés. Dessa maneira, Morelli descobriu, e escrupulosamente catalogou, [...]
traços presentes nos originais, mas não nas cópias (Ginzburg 1989:144).
DA MATERIALIDADE DOS CORPOS À MATERIALIDADE DO CRIME 515
Ao afirmar que a menina parece ser menor de 18 anos por estar se sub-
metendo àquela situação não por prazer, mas para agradar os seus parceiros,
a “Informação” mostra que os “indícios” de “menoridade” e de “violência”
(sugerida na expressão “assédio”), portanto, de materialidade do crime, são
baseados, neste caso, menos em atributos corporais e mais em determinados
padrões de conduta de gênero e idade identificados na performance sexual.
520 DA MATERIALIDADE DOS CORPOS À MATERIALIDADE DO CRIME
Notas
1
Realizada de março de 2009 a dezembro de 2010, essa etnografia foi parte de
uma investigação mais ampla, que deu origem à minha tese de doutorado (Lowenkron
2012), que visava compreender diferentes maneiras pelas quais as categorias “pe-
dofilia” e “pornografia infantil” são socialmente construídas em meio a uma rede
de saberes e poderes. A pesquisa na Polícia Federal tinha como objetivo estudar as
práticas de conhecimento e os atos burocráticos por meio dos quais imagens eróticas
são cotidianamente analisadas, classificadas e capturadas no âmbito de procedimentos
administrativos estatais.
2
Como advertem os psicólogos clínicos e forenses Taylor e Quayle, “quando
analisamos o que se entende por pornografia infantil, começamos a encontrar incer-
tezas e confusões. Os próprios termos ‘criança’ e ‘pornografia’ são controversos, com
significados complexos e, por vezes, contraditórios” (Taylor & Quayle 2003:2).
3
Existe uma frequente confusão entre estes dois termos e conceitos nos
discursos públicos (Lowenkron 2010, 2012). É importante destacar, contudo, que
“pedofilia” não é crime, mas sim um transtorno mental definido pela psiquiatria
(APA 2000; Trindade & Breier 2010). Já as condutas de produzir, vender, divulgar
e possuir ou armazenar “pornografia infantil” são criminalizadas na legislação
brasileira. Ao mesmo tempo, os perigos associados a essas imagens derivam do fato
de essas representações visuais serem imaginadas a partir de uma relação causal
e mimética com fantasias e práticas sexuais correspondentes (Butler 2000), isto é,
com a “pedofilia” e o “abuso sexual infantil”. Como apontam diferentes estudio-
sos do tema (Tate 1990; Hacking 1992; Taylor & Quayle 2003), além de retratar e
implicar atos de “abuso sexual infantil” na sua produção, a “pornografia infantil”
serve tanto como meio de troca e socialização entre pessoas que sentem atração
sexual por crianças quanto como instrumento de validação, intensificação e norma-
lização de suas formas de excitação e satisfação erótica. Pode ser utilizada também
na intimidação das vítimas ou como ferramenta pedagógica para dessensibilizar e
desinibir crianças para a prática de atos sexuais.
524 DA MATERIALIDADE DOS CORPOS À MATERIALIDADE DO CRIME
4
A ideia de que as categorias “homem” e “mulher” denotam mais constructos
culturais do que tipos naturais e de que existe uma enorme variedade cultural nas
definições de feminilidade e masculinidade foi apresentada há muito tempo na antro-
pologia cultural norte-americana por Margaret Mead (1969) em Sexo e temperamento
em três sociedades primitivas, publicado originalmente em 1935. Os estudos no campo
da antropologia feminista nos anos 1970 desenvolveram essa noção mostrando que
as diferenças biológicas entre os sexos não determinavam as construções de gênero
(Moore 1994:814).
5
Yanagisako e Collier (1987) estão entre as precursoras desse tipo de crítica ao
argumentarem que as categorias analíticas de gênero e parentesco, tal como vinham
sendo utilizadas nos estudos de antropologia social, eram incrustadas no modelo na-
tivo ocidental de reprodução biológica da espécie humana e, por isso, a maior parte
das análises acabava tomando como dadas diferenças que deveriam ser explicadas.
Ao perceber que essas diferenças “fixas” entre os corpos não eram igualmente sig-
nificativas em outras culturas, a antropologia precisou reformular e mesmo inverter
o pressuposto de que o sexo era a base natural e universal que servia de suporte
para as diferentes construções de gênero. Desde então, as discussões no campo da
antropologia feminista voltaram-se para o questionamento da dicotomia entre sexo
(natureza) e gênero (cultura), afirmando que ambos são socialmente construídos,
um em relação ao outro.
6
Essa separação foi destacada desde o início do século XX pelo antropólogo
Van Gennep ao falar sobre os “ritos de iniciação” em seu livro Os ritos de passagem,
publicado originalmente em 1909 (Gennep 1978).
7
Nos termos da autora, “as normas reguladoras do ‘sexo’ atuam de uma maneira
performativa para construir a materialidade dos corpos e, mais especificamente, para
materializar o sexo do corpo, para materializar a diferença sexual a fim de consolidar
o imperativo heterossexual” (Butler 2002:8, tradução minha).
8
Inspiro-me aqui na conhecida formulação de Judith Butler a respeito da
performatividade de gênero para destacar a dimensão performativa das categorias
etárias. Nos termos da autora: “o gênero é a estilização repetida do corpo, um conjunto
de atos repetidos no interior de uma estrutura reguladora altamente rígida, a qual
se cristaliza no tempo para produzir a aparência de uma substância, de uma classe
natural de ser” (Butler 2003:59).
9
Segundo Vianna (1999), a menoridade deve ser entendida “não como um
atributo relativo à idade, mas sim como instrumento hierarquizador de direitos”
(:168). Menores são aquelas pessoas compreendidas como incapazes (ou relativa-
mente incapazes) de responderem legalmente por seus atos de forma integral. Como
destaca a autora (2002), enquanto os termos ‘criança’ e ‘adolescente’ remetem a
representações referidas a indivíduos (ou semi-indivíduos) compreendidos em certa
faixa etária, o termo ‘menor’ enfatiza a posição desses indivíduos em termos legais
ou de autoridade, e evoca um tipo específico de regulação social, vindo do universo
jurídico (Vianna 2002:6).
DA MATERIALIDADE DOS CORPOS À MATERIALIDADE DO CRIME 525
10
“Ao visualizar uma imagem na ausência de qualquer informação sobre o
indivíduo fotografado, tentar determinar uma idade pode se tornar uma questão de
julgamento complexo. Embora não seja problemático decidir se a pessoa fotografada
é uma criança quando é muito jovem, ao nos deslocarmos para a adolescência, tais
decisões, quando baseadas em evidência visual, são muito mais difíceis de serem
tomadas” (Taylor & Quayle 2003:3).
11
Esta afirmação do policial vai ao encontro dos relatos dos produtores da
indústria pornô destacados no trabalho de Díaz-Benítez (2010:68): “mulher nova e,
principalmente, menina com cara de ninfeta, isso com certeza vende”. Nos termos
da autora, “no pornô, existe uma grande valorização da juventude, uma extrema
sexualização do corpo jovem” (Díaz-Benítez 2010:40). Ao mesmo tempo em que se
pautam pela lógica do mercado, os profissionais entrevistados pela pesquisadora
estabelecem limites entre o que consideram práticas sexuais “normais” ou aceitáveis
e as espúrias. A “pedofilia” aparece justamente como a última fronteira moral no dis-
curso de um diretor: “Eu faço muito filme de ninfeta, é o que o cliente mais procura.
Mas eu não gravo nada que desperte a fantasia infantil. Uma coisa é você gravar
uma garota vestida de colegial, uma adolescente tipo 19 anos, e outra coisa é você
fazer filmes que liguem com algo infantil” (Díaz-Benítez 2010:108). A antropóloga
informa ainda que, na indústria pornográfica brasileira, os atores maiores de idade
com aparência adolescente são chamados de lolitos(as) ou ninfetos(as), enquanto
internacionalmente são denominados teens ou teenagers.
12
É importante destacar que o art. 241-C do Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA), que criminaliza a “pornografia infantil simulada”, não inclui esse tipo de simu-
lação, mas tão somente a manipulação digital de imagens de crianças e adolescentes
reais para a fabricação de foto ou videomontagem que simule a sua participação em
cena pornográfica. Ou seja, o que é simulado neste caso é a própria cena pornográ-
fica e não a menoridade do(a) performer. Para uma discussão a respeito da alteração
legislativa que incluiu este artigo no ECA, ver Lowenkron (2012), capítulo 5.
13
Na dúvida, a favor do réu.
14
Na dúvida, a favor da sociedade.
15
Outros trabalhos antropológicos têm destacado a visão como um sentido proe-
minente no exercício de certas profissões, mostrando igualmente que a expertise desses
olhares profissionais está associada à sua capacidade de conter virtualmente outros
olhares. Em sua tese de doutorado sobre a relação entre mães e babás, Silveira (2011) cita
uma frase particularmente reveladora nesse sentido dirigida a uma babá por sua patroa:
“Na minha ausência os meus olhos são os seus olhos” (:92). Ao falar sobre o processo de
seleção de atrizes e atores pornôs, Díaz-Benítez (2010) afirma que “os olhos dos recru-
tadores atuam como os olhos da indústria. Supõe-se que aquilo que eles enxergam nas
pessoas, graças a um treinamento especializado da percepção, é também aquilo que vai
obter respostas positivas do mercado. Quando o recrutador vê, ele já está antecipando
o olhar do consumidor, já consegue vislumbrar em que tipo de representações pode
incluir o dito sujeito e já estabelece um mapa de classificação” (:27).
526 DA MATERIALIDADE DOS CORPOS À MATERIALIDADE DO CRIME
16
A noção de incriminação é utilizada por Misse (2011) para se referir ao processo
social de acusação do suposto autor dos eventos tratados como crimes.
da vida social que, entretanto, estão densamente povoadas por quem não goza da
hierarquia dos sujeitos, mas cuja condição de viver abaixo do signo do ‘invivível’ é
necessária para circunscrever a esfera dos sujeitos” (Butler 2002:19-20, tradução
minha).
18
O caso apresentado por Fausto-Sterling (2002) sobre a corredora espanhola
que foi reprovada no teste de sexo do Comitê Olímpico Internacional porque foi
descoberto que ela possuía um cromossoma Y permite compreender de maneira
particularmente clara o sentido dessa provocação. Apesar de ter um corpo feminino e
sempre ter se visto e sido vista como mulher, pois ela era portadora de uma “síndrome
de insensibilidade ao andrógeno” que impediu que desenvolvesse características
masculinas, a atleta teve que lutar politicamente para que seu sexo voltasse a ser
socialmente reconhecido como feminino. Ao mostrar como os parâmetros científicos
para definir a “verdade do sexo” não são fixos, podendo ser ancorados ora nos órgãos
genitais, ora nos cromossomos, a autora mostra que o que é selecionado enquanto
significativo nos corpos varia historicamente e culturalmente, argumentando ainda,
na mesma direção de Judith Butler, que nossas crenças sobre gênero definem o tipo
de conhecimento que a ciência produz sobre o sexo.
19
Esta ideia é inspirada na formulação de Judith Butler sobre o “sexo”, segundo
a qual este deve ser compreendido “não como um dado corporal sobre o qual se impõe
artificialmente a construção de gênero, mas como uma norma cultural que governa
a materialização dos corpos” (Butler 2002:19, tradução minha).
Referências bibliográficas
APA. 2000. Diagnostic and statistical ma- ___. 2002. Cuerpos que importam: sobre
nual of mental disorders – fourth edi- los limites materiales y discursivos del
tion – text revision. Arlington, Virginia: “sexo”. Buenos Aires: Paidós.
American Psychiatric Association. ___. 2003. Problemas de gênero: feminis-
BRASIL. 1990. Lei no 8.069 – Estatuto da mo e subversão da identidade. Tra-
criança e do adolescente (ECA). dução de R. Aguiar. Rio de Janeiro:
BUTLER, Judith. 2000. “The force of fan- Civilização Brasileira.
tasy: feminism, Mapplethorpe and DÍAZ-BENÍTEZ, María Elvira. 2010. Nas
discursive excess”. In: D. Cornell (ed.), redes do sexo: os bastidores do por-
Feminism and pornography. New York: nô brasileiro. Rio de Janeiro: Jorge
Oxford University Press. pp. 487-508. Zahar.
DA MATERIALIDADE DOS CORPOS À MATERIALIDADE DO CRIME 527
Resumo Abstract
O objetivo do artigo é discutir como os The aim of this article is to discuss how
corpos que servem de suporte para a the bodies that support the construction
construção da materialidade dos “crimes of the materiality of “crimes of child por-
de pornografia infantil” são construídos/ nography” are constructed/ materialized
materializados em face do olhar investi- in the context of investigative police
gativo policial. Partindo do pressuposto work. Assuming that there is no pre-dis-
de que não existe uma realidade corporal cursive bodily reality upon which social
pré-discursiva sobre a qual se realiza a construction is realized, I suggest that
construção social, sugiro que as operações the analytical operations carried out in
analíticas realizadas em relação ao sexo/ relation to sex/gender may be utilized to
gênero podem ser utilizadas para com- understand the artificiality of the division
preender a artificialidade da divisão entre between physiological and social sexual
maturidade sexual fisiológica (puberdade) maturity (puberty). In a wider sense, it can
e social e, de modo mais amplo, o processo be used to interpret the process of visually
de diferenciação e identificação visual dos differentiating and identifying bodies as
corpos quanto aos atributos físicos de ida- physical attributes of age. These concep-
de. Essas formulações conceituais ganham tual formulations gain materiality in the
materialidade na descrição etnográfica ethnographic description of the analyses
das análises policiais que definem as ima- carried out by police officers, who define
gens que podem ser classificadas como the images that can be classified as being
“pornográficas” e os corpos que podem “pornographic” and the bodies which
ser identificados como “infantis”, explici- can be identified as “children”, making
tando como o olhar detetivesco constitui a explicit how a detective-eye reciprocally
materialidade do crime e a materialidade constitutes the materiality of crime and
dos corpos reciprocamente, produzindo the materiality of bodies, thereby pro
assim os corpos que governa. ducing the bodies it governs.
Palavras-chave Pornografia infantil, In- Key words Child pornography, Child-
fância/menoridade, Corpo, Categorias hood/minors, Body, Age categories,
etárias, Investigação policial. Police investigation.