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MONTAGEM E UTILIZAÇÃO DE UM RADIOTELESCÓPIO

AMADOR UTILIZANDO ARDUÍNO PARA O ESTUDO DE SINAIS


EMITIDOS DO ESPAÇO
Mariana Teixeira de Castro11, Michelle Queiroz da Silva2, André Chaves de Brito3
1
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará, Sobral, Ceará
2
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará, Fortaleza, Ceará
3
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará, Sobral, Ceará

Resumo: A Radioastronomia é o ramo da Astronomia que estuda as radiações eletromagnéticas emitidas


ou refletidas pelos astros. Ela estuda a radiação emitida por corpos astronômicos na faixa de
radiofrequência. Essa faixa corresponde a ondas com comprimentos que variam desde alguns
centímetros até vários quilômetros. O radiotelescópio é o instrumento utilizado para captar esse tipo de
onda eletromagnética. Infelizmente, devido ao alto custo de sua construção e manutenção, trata-se de um
equipamento de difícil acesso, o que torna escasso o número de profissionais atuantes nessa linha de
pesquisa. Tendo em vista essas dificuldades e restrições, este trabalho teve como objetivo principal
construir um radiotelescópio amador a partir de uma antena com banda ku de sessenta centímetros de
diâmetro, operando na frequência de 12 GHz. Além disso, utilizou-se uma placa de Arduíno e seus
respectivos softwares para a coleta de dados. Com o equipamento desenvolvido pode-se captar a radiação
proveniente do Sol neste comprimento de onda, bem como seu deslocamento aparente no céu devido ao
movimento de rotação da Terra, a partir da intensidade captada por esta radiação. O radiotelescópio
desenvolvido, resultado desta pesquisa, é um instrumento que poderá ser utilizado como forma de
apresentação da Astronomia aos futuros discentes e como atividade experimental nas disciplinas de Ondas
e ótica, Física Moderna e Contemporânea.
Palavras-chave: Radiotelescópio. Radioastronomia. Ensino de Astrofísica.

Assembly and Use of an Amateur Radio Telescope Using Arduino for the Study of
Signals Issued from the Space
Abstract: Radioastronomy is the branch of Astronomy that studies how electromagnetic radiations emitted
or reflected by stars. She studies a radiation emitted by astronomical bodies in the radio frequency band.
This range corresponds to waves with lengths ranging from a few cents in the trout ages. The radio telescope
is the instrument used to capture this type of electromagnetic wave. Unfortunately, due to the high cost of
its construction and maintenance, this is a difficult access equipment, which makes the number of
professionals in the research line scarce. Considering these difficulties and restrictions, this work had as
main objective the creation of an amateur radio telescope from an antenna with a band of sixty centimeters
in diameter, operating in the frequency of 12 GHz. In addition, use an Arduino plate and their respective
software for data collection. With the developed equipment one can capture the radiation coming from the
Sun at the wavelength, as well as its apparent displacement without sky due to the rotation movement of
the Earth, from the intensity captured by this radiation. The radio telescope developed, as a result of this
research, is an instrument that can be used as a way of presenting Astronomy to future discourses and as an
experimental activity in the subjects of Waves and Optics, Modern and Contemporary Physics.
Keywords: Physics teaching. Motivation. Audiovisual resources.

1. Introdução

O mais primitivo ser humano se interessou em observar os fenômenos que


ocorriam à sua volta, bem como em tentar compreendê-los. Ele sempre se mostrou
fascinado com os astros que circundam céus à noite e principalmente com o astro
principal do Sistema Solar, que oculta à visibilidade de todos os outros ao aparecer no
horizonte, o Sol (ARAÚJO, 2010).

*
Endereço de correspondência: [email protected].

1
A Ciência que estuda esses corpos e seus fenômenos é denominada Astronomia.
Durante milhares de anos, todo o conhecimento astronômico se limitou a observações a
olho nú. Porém, essa era uma forma bastante limitada de observação, pois era restrita aos
limites da visão do homem, o que impactava nos resultados das pesquisas dessa área
(KARAM, 2012).
Somente a partir do século XVII, com o advento do telescópio e suas otimizações,
foi possível ampliar a nossa visão do mundo. Percebeu-se que na verdade a Terra orbita
em torno de uma estrela em meio a milhões de outras, formando uma galáxia que também
sofre influência de estruturas maiores do que ela, e assim por diante. Ou seja, nos
deparamos com um universo muito maior e mais diverso do que tínhamos acesso e
percebemos a nossa insignificância perante ele (KARAM, 2012).
Outro fator crucial para o desenvolvimento da astronomia moderna foi a
descoberta de que o espectro eletromagnético se propaga em outros comprimentos de
onda além do visível, se estendendo desde ondas de rádio até os raios gama. Descobriu-
se também que dependendo da temperatura de um corpo e de sua composição, ele pode
emitir mais radiação em uma determinada frequência. Logo, foi possível obter mais
informações de um objeto celeste estudando seu espectro e não apenas suas imagens
(SILVA, 2010).
A radioastronomia estuda a radiação emitida por corpos astronômicos na faixa de
radiofrequência. Essa faixa corresponde a ondas com comprimentos que variam de alguns
centímetros até milhares de quilômetros. O radiotelescópio, equipamento de extrema
importância na radioastronomia, consiste em um instrumento para detecção e medição
desse tipo de radiação. Ele é composto por um refletor, um detector no foco, um
amplificador e um sistema para registro do sinal observado (FERNADES, 2007).
A radioastronomia tornou-se uma ciência central nas últimas descobertas acerca
do universo. Isso se deve ao fato de que a maior parte da radiação emitida em outros
comprimentos de onda que chegam até a superfície terrestre são absorvidas pela
atmosfera, sendo necessário o envio de telescópios ao espaço para seus estudos. Já as
ondas de rádio, por possuírem comprimentos maiores, sofrem pouca interferência
(FERNADES, 2007).
Devido a sua importância, pesquisas em radioastronomia vem ganhando cada vez
mais espaço. Porém, para a realização destas, necessita-se de uma infraestrutura
laboratorial bastante robusta. Isso gera custos elevados, tornando inviável muitas vezes à
construção desse tipo de laboratório. Segundo Fernandes (2007) o custo elevado para
informatizar um laboratório de física com softwares e equipamentos voltados para coleta
de dados resultantes de pesquisas em Astronomia, mostra a necessidade de soluções
alternativas de baixo custo, voltadas não só apenas para a Astronomia, como também para
a física experimental como um todo.
Mediante o cenário acima citado, a motivação para desenvolvimento deste
trabalho originou-se devido à necessidade de experimentação voltada para Astronomia
no curso de Licenciatura em Física do IFCE campus Sobral. Com isso, surgiu a ideia do
desenvolvimento e montagem de um radiotelescópio, fazendo uso de matérias de baixo
custo e fácil aquisição. Ele poderá ser utilizado em experimentos e pesquisas dessa rica
área, possibilitando seu fortalecimento e principalmente sua disseminação.

2
2. Referencial Teórico

A utilização das radiofrequências pelo homem teve sua origem devido a


necessidade de comunicação à distância. Em 1899, o engenheiro eletricista italiano
Guglielmo Marchese Marconi (1874-1937) fez uma transmissão através do Canal da
Mancha, que separa a França da Inglaterra. Já em 1901, uma transmissão atravessou o
Atlântico, enviando sinais de código Morse (SILVA, 2010).
Durante a Primeira Guerra Mundial, o desenvolvimento das transmissões de rádio
se acentuou. Fato esse motivado para permitir a comunicação a distância entre diferentes
unidades de um exército e posteriormente, entre os aviões com as suas respectivas bases
(SILVA, 2010).
Porém, o surgimento da radioastronomia se deu com a descoberta da radioemissão
cósmica em dezembro de 1931, por um jovem engenheiro da Bell Telefones chamado
Karl Jansky. Segundo Filho e Saraiva (2004), Jansky estava estudando as perturbações
causadas pelas tempestades nas ondas de rádio na frequência de 20,5 MHz (λ = 14,6m) e
descobriu uma emissão de origem desconhecida, que variava com um período de 24
horas. Somente mais tarde demonstrou-se que a fonte dessa radiação estava no centro da
Via Láctea.
Grote Reber, ao saber das descobertas de Karl Jansky (1932) aplicou-se ao estudo
e investigação acerca de ondas de rádio cósmico, e o seu processo emissor. Ele chegou a
construir um receptor capaz de detectar a emissão de Rádio da Via Láctea, em 1918,
comprovando assim a descoberta de Jansky. Mas não foi capaz de atingir seu principal
objetivo, que era de detectar radioemissões em frequências altas, de 3,3GHz a 0,9GHz,
devido a baixa sensibilidade do receptor somado com a baixa intensidade das
radioemissões nestas frequências (FERNADES, 2007).
No mesmo período na Universidade de Cambridge, foi criado um grupo de
radioastronomia onde foram observadas as emissões de ondas de rádio a partir do Sol e
estudadas. Esta pesquisa inicial, logo se ramificou em observação de outras fontes de
rádio celestial e nas técnicas de interferometria, onde foram pioneiros a isolar a origem
angular das emissões detectadas (SILVA, 2010). Durante o final dos anos 1960 e início
dos anos 1970, o interferômetro de Cambridge foi usado para mapear as fontes de rádio
no céu.
A Radioastronomia também permitiu em 1965, a descoberta da radiação em forma
de microondas, originada de quando o universo ainda estava em um estado primitivo.
Esse fato concedeu a seus descobridores, Arno Penzias e Robert Wilson, o prêmio Nobel
de Física em 1978. Casualmente esses engenheiros estavam buscando identificar
interferências nas comunicações por satélite operando na frequência de 4,08 GHz e
descobriram um fraco ruído de fundo que permanecia imutável em intensidade, qualquer
que fosse a direção da antena. Essa radiação de fundo, com um máximo de intensidade
no comprimento de onda de 1,1 mm, tinha a mesma distribuição em comprimento de onda
que a radiação de uma cavidade na temperatura de 2,7 K. A cavidade, no caso, era o
próprio universo (FERNADES, 2007).

3. Metodologia

Um radiotelescópio amador é um instrumento que pode ser construído


principalmente a partir de uma antena de televisão para captação do sinal de rádio, um
detector do sinal da antena (LNB), um localizador de satélite, uma fonte de alimentação
para o localizado, um conversor de sinal analógico-digital, um computador pessoal e
3
alguns cabos e conectores específicos para realizar as devidas conexões do hardware com
seus componentes.
O sinal captado pela antena será refletido para o LNB que o detectará e transmitirá
a informação para o conversor analógico digital que apresentará o sinal em um gráfico.
O localizador de satélite serve para auxiliar no apontamento da antena e na filtragem de
ruídos indesejados do ambiente (FERNADES, 2007).
A Figura 1 abaixo mostra o esquema do radiotelescópio desenvolvido.
Figura 1 – Funcionamento do radiotelescópio amador

Fonte: Elaborado pelo autor

A construção do radiotelescópio, resultado deste trabalho de pesquisa, tornou-se


viável por ele ser desenvolvido a partir de matérias de baixo custo e fácil aquisição. Além
disso, para sua montagem não se fez necessário uma alta complexidade técnica.
Para alcançar os objetivos propostos, se fez necessário a realização de algumas etapas,
dentre elas destacam-se:
 Pesquisa de artigos científicos e outros materiais a respeito da montagem e utilização de
um radiotelescópio.
 Montagem de um radiotelescópio dotado de um sistema de obtenção de dados.
 Realização da calibração do equipamento.
 Utilização do equipamento para detectar o sinal de rádio emitido pelo sol.

3.1 Material Utilizado

Para a construção e montagem do radiotelescópio utilizou-se o material abaixo citado:


 1 Antena parabólica do tipo off-set, de 0.60m de diâmetro com bloco de baixo ruído
(LNB);
 1 Caixote de madeira de dimensões 50x50x1;
 1 Satélite Finder;
 1 Placa de Arduíno UNO;
 1 Fonte de alimentação 13V/5A;
 1 Computador pessoal;
 1 Capacitor de poliéster de 220nF;
 1 Capacitor cerâmico de 1nF;
 1 Cabo Coaxial de 50m;

4
 Cabos e conectores.

3.2 Procedimentos de Montagem e Programação

Segundo Fernandes (2007), o conjunto receptor utilizado (antena - LNB) opera


em banda Ku (12 GHz). Essa banda é destinada a transmissões de TV por satélite. Para a
montagem do radiotelescópio, utilizou-se dessas especificações. Nele, os LNB’s
utilizados na antena possuem nível de ruído de 0.5-1 dB2 e ganho de 45-55 dB. Para o
sustento da antena, realizou-se sua fixação a uma base de madeira.
O Satélite Finder é um equipamento utilizado por instaladores de antenas
parabólicas. Sua função é auxiliar no apontamento da antena para o satélite transmissor.
Assim, o sinal de melhor qualidade é mostrado por meio de um painel analógico,
associado a um emissor sonoro, ambos variáveis de acordo com a intensidade do sinal.
O Satélite Finder foi projetado para ser alimentado pelo receptor de TV. Com isso,
foi necessária a utilização de uma fonte de alimentação externa conectada a ele. Como
necessita de uma tensão de 13V para seu funcionamento e corrente de 5A, a fonte
utilizada seguiu essas especificações. Como a fonte de tensão não possuía um conector
específico para o Sat Finder, foi feita uma adaptação através da soldagem de dois fios na
entrada de alimentação correspondente.
Ainda referente à adaptação feita na fonte, para a captação do sinal originário do
Satélite Finder, utilizou-se a tensão existente nos terminais do indicador de sinal (fios
azuis), possibilitando o envio desse sinal ao conversor analógico digital, conforme mostra
a Figura 42. A fim de filtrar ruídos indesejados no sinal e estabilizar a tensão advinda da
fonte, foram soldados respectivamente 1 capacitor cerâmico de 1nF na saída do sinal e 1
capacitor de poliéster 220nF na entrada de alimentação do Sat Finder.
A interface utilizada entre o radiotelescópio e o computador pessoal foi uma placa
de Arduíno UNO cuja a função foi de digitalizar o sinal recebido e torná-lo acessível. Este
pode ser facilmente adquirido em lojas de componentes eletrônicos. As adaptações
executadas fizeram com que o radiotelescópio funcionasse como conversor
analógicos/digitais A/D, dispensando assim, a necessidade da montagem de um circuito
mais complexo dedicado à conversão digital.
Para a programação do Arduíno se fez necessária a instalação do Ambiente de
Desenvolvimento Integrado (IDE) da plataforma no computador pessoal utilizado. Para
essa programação utilizou-se um código destinado a conversão digital presente na
biblioteca do IDE do Arduíno. O Arduíno lê o pino de entrada analógica, mapeia os
resultados para um intervalo de amplitude de 0 a 225 e os imprime no monitor serial3. O
positivo do Sat Finder foi conectado na porta A0 e o negativo no GND.
Na última linha do código o arduíno informa o intervalo de tempo entre uma e
outra conversão. Esse intervalo é definido como delay4 e é fornecido em milisegundos
(Figura 44). Assim, cada iinformação detectada equivale a um ponto em um gráfico de
intensidade x tempo. Quanto menor o intervalo de tempo da detecção, mais precisas são
as informações captadas pela antena (ARDUÍNO, 2015).
O gráfico intensidade x tempo é apresentado através da ferramenta Plotter Serial,
também do Arduíno. Inicialmente o gráfico deve indicar que não está recebendo nenhuma

2
A intensidade ou volume do som é medida através de uma unidade chamada de decibéis (dB).
3
Ferramenta do Arduíno que apresenta as informações que chegam a placa.
4
Termo técnico usado para designar o retardo de sinais em circuitos eletrônicos.

5
diferença de potencial (d.d.p.). Ao ligar o Arduíno, surgiu uma pequena tensão no gráfico
e ao apontar diretamente para o Sol, esse valor aumentou visivelmente (ARDUÍNO,
2015).
Para que houvesse um equilíbrio na antena e como forma de facilitar seu
apontamento, foi confeccionado um caixote de madeira com área de 50 cm2 e feita a
aquisição de uma base para suporte. Por fim, para realizar o apontamento da antena foi
necessário apontar para o ponto do foco do LNB, não da antena. Especificamente. A
posição desse foco é localizada um pouco acima do foco da antena. Fernandes (2007)
aconselha apontar primeiro diretamente para o Sol, como se tratasse de um telescópio
óptico e em seguida, inclinar a antena cerca de -12º no sentido vertical. Procedimento este
realizado com êxito.

4. Resultados e Discussões

Inicialmente, para a conversão de sinal analógico-digital, seria utilizada uma placa


de som 16 bits. Essa placa além de realizar a leitura do sinal também funcionaria como
um segundo amplificador do ruído. A necessidade da utilização de uma placa de 16 bits
se devia ao fato de que, ao contrário das placas de 32 e 64 bits (utilizadas atualmente), ela
atuaria como um amplificador do sinal. As demais placas necessitavam estar conectadas
a uma caixa de som para realizar esta amplificação. Porém, ao longo do desenvolvimento
deste trabalho, substitui-se a placa de som por uma placa Arduíno UNO. Essa alteração
se fez necessária devido à dificuldade na aquisição da placa inicialmente proposta.
A placa de Arduíno UNO, uma vez programada corretamente, executa as mesmas
funcionalidades da placa de som. Devido a sua flexibilidade e fácil programação,
possibilita diversas melhorias futuras no protótipo, além das funcionalidades aqui
propostas.
Para a visualização do gráfico a partir do Arduíno, inicialmente foi necessário o
download do software Processing (também do Arduíno), em substituição ao Sky-pipe
(software que seria utilizado com a placa de som). Porém, este software foi descartado e
substituído pela ferramenta Plotter Serial da IDE do Arduíno.
Referente à antena utilizada na montagem do equipamento, se fez uso de uma
antena anteriormente usada em outras aplicações. A mesma não possuía base de
sustentação, sendo necessária sua construção. Além disso, possuía manchas inicialmente
consideradas como ferrugem devido à oxidação do material. Diversas foram às tentativas
para remoção das manchas, buscando assim evitar que elas influenciassem na captação
do sinal de rádio. Após algumas pesquisas, constatou-se que elas não geravam
irregularidade na superfície da antena, logo, sua capacidade de captação de sinal não seria
prejudicada.
Após a conexão do Satélite Finder com a antena foi realizado um teste de captação
de ruído a partir da radiação emitida por uma lâmpada fluorescente próxima da antena.
Para este teste se fez uso da placa de som de 64 bits do computador. Como resultado desse
procedimento, o capacitor bloqueou o ruído proveniente da lâmpada e o gráfico
apresentado pelo software (Sky-Pipe) indicou que não havia nada sendo captado. Após
diversos testes adicionais, concluiu-se que o Satélite Finder alarmava apenas por receber
corrente da caixa de força, sem sequer estar conectado a antena.
Devido a essa falha nos testes iniciais, se fez necessário a realização de novas
pesquisas em busca de uma solução para o problema. Conclui-se que para realizar a
detecção do sinal o Satélite Finder não deve estar com seu máximo de ganho.

6
Devido a dificuldade de aquisição de uma Placa de Som de 16 bits, está foi
substituída por uma placa de Arduíno, tendo em vista que ele também possui um
conversor analógico/digital. Na oportunidade também foi realizada a substituição do
software Sky-Pipe pelo software Processing (do Arduíno).
Durante o teste do Arduíno como conversor analógico/digital, foi necessário fazer
o download do seu software. Em seguida acoplou-se um potenciômetro no mesmo e o
processador foi ligado para captar o sinal proveniente do potenciômetro. Percebeu-se que
a amplitude do sinal captado era bem maior que a escala do gráfico. Logo, o ruído tomou
a tela inteira e não foi possível observar nenhuma diferença ao realizar a variação do
potenciômetro. Para regular este sinal as dimensões da tela, foi aplicada uma função sobre
o valor obtido, proporcional ao tamanho da tela, diminuindo assim as dimensões do sinal
captado.
Outro teste semelhante foi executado, porém dessa vez com a antena apontada
para uma lâmpada fluorescente. Conectou-se o Arduíno ao Satélite Finder com este
estando ligado a uma fonte de tensão de 13 V e a antena. Nos primeiros minutos detectou-
se uma variação no sinal da antena captado por uma lâmpada após ser aproximada do
mesmo5. Após algum tempo o equipamento parou de captar essa variação e mesmo com
alguns ajustes não foi possível restabelecer a situação anterior.
Mediante os resultados acima citados, houve a tentativa do apontamento da antena
para o Sol a fim de detectar alguma variação no sinal. Primeiramente foi montado todo o
sistema e em seguida realizado o apontamento. Porém, o equipamento nada detectou,
além de um ruído que concluiu-se ser proveniente do Arduíno, pois ao desconectar o
Arduíno do Satélite Finder, o ruído persistia. Concluiu-se também que o apontamento
não estava sendo feito corretamente, pois o Sol deveria ficar no foco do LNB, não da
antena. Logo, a antena não deveria ficar apontada diretamente para o Sol, mais sim, um
pouco inclinada para baixo.
Outra tentativa de apontamento da antena foi realizada, dessa vez com a antena
apontada corretamente. Novamente os testes não obtiveram resultados positivos.
Constatou-se que o ruído proveniente do Arduíno estava interferindo na detecção. Como
possível solução foi adicionado um resistor “pull down6” entre o Arduíno e o Terra. Dessa
forma, o Arduíno só captaria o ruído proveniente da antena. Outras duas novas tentativas
de apontamento da antena utilizando este resistor adicional foram realizadas. Neles, o
ruído só desaparecia por alguns segundos. Concluiu-se então que o Satélite Finder ou o
Arduíno poderiam estar apresentando defeito.
Conectou-se o Satélite Finder em um osciloscópio na tentativa de tentar detectar
sua diferença de potencial (d.d.p). Constatou-se então que o Satélite Finder estava
operando corretamente, apresentando uma tensão de cerca de 9 mV.
Após diversos testes em bancada, concluiu-se que o Arduíno estava registrando
pino flutuante7, pois a porta nele conectada não correspondia a porta utilizada pela IDE
para a conversão. Após correção desse erro, o Arduíno funcionou corretamente.

5
Em lâmpadas fluorescentes acesas, há uma fraca emissão na faixa estudada devido ao choque de elétrons
acelerados com átomos de mercúrio em seu interior.
6
Resistores “pull down” são usados para manter a entrada em valor zero (baixo) quando nenhum outro
componente estiver conduzindo. Sendo
7
Denomina-se Pino Flutuante a situação em que o processador não identifica nada conectado ao pino de
entrada da corrente. Significando assim que o sinal não está chegando no terminal.

7
De acordo com o esperado, o Arduíno detectou a d.d.p. do Satélite Finder ao ser
ligado. É importante destacar que para realizar a detecção o Satélite Finder foi ajustado
até o limiar da emissão do alarme sonoro. Isso foi necessário para que qualquer variação
de tensão o fizesse emitir o alarme sonoro, detectando assim a radio fonte desejada.

Gráfico 1 - Gráfico apresentado pelo Arduíno com o Satélite Finder ligado

Fonte: Elaborado pelo autor

Na ocasião, foi a vista a possibilidade de substituição do software Processing pela


ferramenta Plotter Serial da própria IDE do Arduíno, por apresentar mais clareza na
imagem apresentada.
Uma nova tentativa de apontamento da antena para o Sol foi realizada. Apenas foi
captada uma pequena variação no sinal ao colocar a antena ao ar livre, como mostram os
Gráficos 2 e 3.

Gráfico 2 - Variação do Sinal Detectado pelo Arduíno quando a Antena é Colocada ao Ar Livre

Fonte: Elaborada pelo autor

Gráfico 3 - Sinal Detectado Quando a Antena é Colocada ao Ar Livre

Fonte: Elaborado pelo autor

Os Gráficos 4 e 5 mostram o sinal da antena quando a mesma foi apontada para


baixo.

8
Gráfico 4 - Sinal da antena quando apontada para baixo

Fonte: Elaborado pelo autor


Gráfico 5 - Sinal da Antena Quando Apontada para Baixo

Fonte: Elaborado pelo autor

Uma última tentativa de apontamento da antena foi feita. Como esperado, a antena
voltou a apresentar uma leve variação em seu ruído ao ser colocada ao ar livre, como
mostra o Gráfico 6.

Gráfico 6 - Ruído Apresentado pela Antena ao Ser Colocada ao Ar Livre

Fonte: Elaborado pelo autor

Por volta das 14:56 h do dia da realização do teste, houve êxito no apontamento
da antena quando a tensão detectada apresentou um aumento significativo e constante.
Concluiu-se assim, que a variação de sinal se dava devido ao fato dela estar apontada para
o Sol. Como mostram os Gráficos 7, 8, 9 e 10.

Gráfico 7 - Sinal da Antena com o Sol no Foco do LNB

Fonte: Elaborado pelo autor

9
Gráfico 8 - Sinal da Antena com o Sol no Foco do LNB

Fonte: Elaborado pelo autor

Gráfico 9 - Sinal da Antena com o Sol no Foco do LNB

Fonte: Elaborado pelo autor

Gráfico 10 - Sinal da Antena com o Sol no Foco do LNB

Fonte: Elaborado pelo autor

Os Gráficos 11 e 12 mostram os resultados dos testes feitos bloqueando o LDB e


retirando o Sol do foco desse componente.
Gráfico 11 - Sinal da Antena com o Sol no foco e uma mão Tapando o LNB

Fonte: Elaborado pelo autor

Gráfico 12 - Sinal da Antena no Momento que Retiramos o Sol do Foco do LNB.

Fonte: Elaborado pelo autor

10
5. Conclusões

A partir dos resultados obtidos podemos concluir que o radiotelescópio foi


construído com êxito, alcançando os objetivos propostos neste trabalho. O protótipo
desenvolvido poderá ser utilizado para diversas atividades tanto no ensino como para
divulgação de Física.
A plataforma Arduíno é uma plataforma multiuso que permite a possibilidade de
implementação de diversas melhorias no radiotelescópio. Sugere-se futuramente acoplar
ao sistema dois motores de giro conectados ao Arduíno, permitindo assim a
movimentação da antena nos eixos verticais e horizontais. Esses motores também poderão
auxiliar no ajuste fino da antena, ou seja, em seu apontamento. O Arduíno e uma placa de
rede padrão ethernet acoplados, possibilitará o monitoramento e os ajustes na antena de
forma remota, utilizando as facilidades e recursos da internet. É interessante também a
utilização da antena acoplada a um osciloscópio.
O software Processing, que também pode ser utilizado na análise dos sinais
possibilita o salvamento das informações na ferramenta Movie Maker, logo, é possível
manter a antena apontada para o Sol o dia todo sem a necessidade de constante supervisão.
E quanto menor o delay programado na placa, mais detalhada será a detecção, tornando
possível assim a detecção de erupções na atmosfera solar em períodos de máxima
intensidade de tempestades no Sol.
Outras possibilidades de utilização do radiotelescópio construído seriam
observações solares em diversos horários diferentes ou ao longo de algumas semanas com
a antena sempre apontada para um único ponto. Essas observações permitiriam
respectivamente a observação do deslocamento do Sol na linha da eclíptica ao longo do
dia e da variação de altura da linha da eclíptica ao longo das semanas.
Também é sugerida a utilização de uma antena de diâmetro maior, para
possibilitar a detecção da radiação de corpos celestes mais fracos. Mas para a captação de
comprimentos de onda maiores aconselha-se a utilização do aparelho em locais isolados
de ruídos provenientes de aparelhos eletrônicos. Uma antena maior também irá requerer
maior complexidade e custo do conjunto antena-conversor.
É importante destacar também que assim como em observações na faixa do ótico,
para uma antena pequena, as variações climáticas também influenciam na detecção, bem
como não é recomendada a exposição da antena a umidade sob risco de dano no
equipamento. Logo, deve-se sempre planejar antecipadamente antes de realizar qualquer
tipo de detecção.

Referências
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11
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