TCC 2015 2 NHGSilva

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Centro Federal de Educação Tecnológica de

Minas Gerais – CEFET-MG


Departamento Acadêmico de Engenharia Elétrica
- DAEE
Curso de Engenharia Elétrica - CEE

A VALIAÇÃODA O PERAÇÃO DA P ROTEÇÃO


DIFERENCIAL EM TRANS FORMADORES DE
P OTÊNCIA

Novack Henrique Garcia Silva


14/12/2015
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais –
CEFET-MG
Departamento Acadêmico de Engenharia Elétrica - DAEE
Av. Amazonas 7675- Nova Gameleira - Belo Horizonte - MG -
Brasil
(31)95177253 – [email protected]

Novack Henrique Garcia Silva

A VALIAÇÃODA O PERAÇÃO DA P ROTEÇÃO


DIFERENCIAL EM TRANS FORMADORES DE
P OTÊNCIA

Trabalho de conclusão de curso submetido à


banca examinadora designada pelo
Colegiado do Departamento de Engenharia
Elétrica do Centro Federal de Educação
Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG),
como parte dos requisitos necessários à
obtenção do grau de Bacharel em
Engenharia Elétrica..

Área de Concentração: Proteção Sistemas


Elétricos de Potência
Orientador (a): Eduardo Gonzaga da Silveira
Centro Federal de Educação Tecnológica de
Minas Gerais (CEFET-MG)
Belo Horizonte - 2015
Aos meus pais, Orlando e Elenice,
e à minha companheira Lívia.
Agradecimentos

Ao Centro de Educação Tecnológica, por todos os ensinamentos e por todas as


experiências acadêmicas e profissionais proporcionadas.
Ao Professor do Departamento de Engenharia Elétrica do CEFET-MG, Dr. Eduardo
Gonzaga, por todos os direcionamentos e compreensão na elaboração deste trabalho.
Aos meus amigos em especial para Henrique, Marcos, Daiane, André, Isabel, Aniel e
Ramon, por toda a paciência e amizade do mundo em me tranquilizar em momentos que
eu acreditava não ser capaz de atingir os objetivos deste trabalho.
Aos meus colegas do curso de Graduação de Engenharia Elétrica, por todo o apoio e
incentivo no desenvolvimento deste trabalho.
À minha companheira Lívia Palhares, por entender a dimensão deste trabalho e me apoiar
do início ao fim.
Agradeço especialmente à minha família pelo amor, por toda educação e por minha vida.
E a todos que diretamente ou indiretamente contribuíram para conclusão de mais um
passo na minha vida.

"Se você pensa que pode ou sonha que pode, comece. Ousadia tem genialidade,
poder e mágica. Ouse fazer e o poder lhe será dado"
Johann Goethe
Resumo

Este trabalho tem por objetivo modelar e simular a proteção diferencial de um


transformador trifásico de 100 MVA, avaliando a operação dos relés frente às situações
de faltas internas, faltas externas, situações de energização, condição de sobre-excitação,
de saturação de TC (Transformador de Corrente) e remoção de faltas externas próximas
ao transformador de potência através do software ATP (Alternative Transient Program).
Os transformadores de Potência são equipamentos imprescindíveis ao suprimento de
energia elétrica, e cujo reparo ou substituição implica em maior tempo de interrupção de
energia elétrica, custos diretos e indiretos. Atualmente estima-se que 10% das faltas
registradas no sistema elétrico brasileiro são registradas em transformadores de
potência. Dessa forma, é essencial que as concessionárias de energia elétrica invistam em
sistemas de proteção que garantam ao sistema elétrico segurança, confiabilidade e maior
qualidade de serviço. A principal metodologia adotada para proteção dos
transformadores de potência corresponde à proteção diferencial, que através do relé
diferencial percentual, dispositivo de proteção que compara as correntes de entrada e
saída do equipamento ou sistema, é capaz de identificar falhas internas e isolar o
transformador do sistema elétrico, evitando assim um prejuízo maior. Apesar da grande
aplicabilidade desse método, verifica-se que o relé diferencial pode ser sensibilizado por
manobras operacionais em que não se deseja que a proteção desative o sistema, pois as
mesmas não constituem faltas no transformador.

Palavras-chaves: Transformador de Potência; Transformador de Corrente;


Proteção Diferencial; ATP; Corrente de Inrush;

i
Abstract

This study aims to model and simulate the differential protection one three-phase
transformer of 100 MVA evaluating the correct or incorrect operation of the front relays
to situations of internal faults, external faults, situations energizing, condition of over-
excitement, CT (Current Transformer) saturation and removal of external faults near the
power transformer by the software ATP (Alternative Transient Program). The Power
transformers are essential equipment to the power supply whose repair or replacement
implies greater power outage time, direct and indirect costs. Currently it is estimated that
12% of the Brazilian electrical system recorded faults are logged in power transformers.
Thus, it is essential that electric utilities invest in protection systems to ensure the
electrical system safety, reliability and higher quality service. The principal methodology
adopted for protection of power transformers corresponds to protection differential
through the percentage differential relay protection device that compares the input
current and output of the equipment or system is able to identify internal faults and
isolate the transformer electrical system, thus avoiding further injury. However, despite
the wide applicability of this method, the differential relay can be moved by operating
maneuvers that you do not want that protection turn off the system because they do not
constitute internal faults to the transformer.

Keywords: Power transformer; Current Transformer; Differential protection; ATP;


Current Inrush;

ii
Sumário

Agradecimentos ............................................................................................................................... iv
Resumo.................................................................................................................................................. i
Abstract ................................................................................................................................................ ii
Sumário .............................................................................................................................................. iii
Lista de Figuras ................................................................................................................................. v
Lista de Tabelas.............................................................................................................................. vii
Lista de Siglas ................................................................................................................................. viii
Capítulo 1 - Introdução ................................................................................................................... 9
1.1. Relevância do tema em investigação .......................................................................................... 9
1.2. Objetivos do Trabalho .................................................................................................................... 10
1.3. Metodologia........................................................................................................................................ 11
1.4. Organização do Texto ..................................................................................................................... 12
Capítulo 2 - A Proteção Diferencial ......................................................................................... 13
2.1. Introdução .......................................................................................................................................... 13
2.2. Princípio de funcionamento da proteção diferencial ............................................................... 13
2.3. Situações indesejáveis na operação do sistema de proteção diferencial ................... 19
Capítulo 3 - Modelagem do sistema elétrico para avaliação da proteção diferencial
.............................................................................................................................................................. 31
3.1. Introdução .......................................................................................................................................... 31
3.2. Revisão bibliográfica: Sistemas elétricos modelados ........................................................ 31
3.3. Alternative Transient Program ....................................................................................................... 32
3.4. Fundamentação dos componentes do sistema elétrico .................................................... 34
Capítulo 4 – Metodologia Aplicada e Análise dos Resultados Observados ............... 47
4.1. Introdução .......................................................................................................................................... 47
4.2. Metodologia aplicada ...................................................................................................................... 47
4.3. Apresentação e análise dos resultados observados ........................................................... 53
4.5. Resumo Geral dos Resultados Simulados ............................................................................... 72
iii
Capítulo 5 - Conclusão.................................................................................................................. 74
Referências Bibliográficas ......................................................................................................... 76
ANEXO I– Algoritmo Computacional do relé Diferencial 87T ........................................ 78
5.1. Leitura dos Dados ............................................................................................................................ 78
5.2. Interpolação de Dados ................................................................................................................... 78
5.3. Filtragem ............................................................................................................................................. 79
5.4. Interpolação NPC ............................................................................................................................. 79
5.5. Estimação dos Fasores através do método dos quadrados mínimos .......................... 80
5.6. Lógica operacional do Relé Diferencial 87T .......................................................................... 80
5.7. Obtenção do conteúdo de harmônicos .................................................................................... 82
5.8. Funções Adicionais e recorrentes.............................................................................................. 82

iv
Lista de Figuras

Figura 2.1 – Esquema simbólico da proteção diferencial em transformadores de potência .......................................... 13


Figura 2.2 – Sistema de Proteção Diferencial com relé percentual (Kindermann) .................................................. 15
Figura 2.3 – Sistema de proteção diferencial com relé percentual (Horowiz & Phadke, 1996) ................................... 15
Figura 2.4 Característica da operação da proteção diferencial com relé percentual (Horowiz & Phadke, 1996)
............................................................................................................................................................................................................ 17
Figura 2.5 – Caso de falta interna sem a saturação do TC (Segatto E. C., 2003) .............................................................. 20
Figura 2.6 Caso de falta interna com saturação de TC (Segatto E. C., 2003)..................................................................... 21
Figura 2.7 - Produção de corrente de inrush em um transformador (Souza, 2007) ............................................... 23
Figura 2.8 - Comparação entre corrente de inrush (𝐼𝑟) e corrente nominal em regimente permanente
(Bernardes, 2006) ...................................................................................................................................................................... 24
Figura 2.9 - Esquematização do fenômeno de energização solidária (Kumbhar & Kulkarini, 2007) (Horowitz
& Phadke, 2008) ......................................................................................................................................................................... 27
Figura 2.10 – Tipos de correntes transitórias de magnetização io, i1 e i2 (Bronzeado & Yacamini, 1995) .. 28
Figura 3.1 Sistema elétrico com proteção diferencial no transformador de potência – Trafo 1 ........................ 34
Figura 3.2 Representação do circuito estrela de transformadores de N- enrolamentos ....................................... 36
Figura 3.3 – Entrada de parâmetros obtidos a partir do ensaio de curto-circuito para o transformador
trifásico ........................................................................................................................................................................................... 41
Figura 3.4 - Entrada de parâmetros obtidos a partir do ensaio a vazio para o transformador trifásico ........ 41
Figura 3.5 - Modelo do transformador de potência de 100 MVA no ATPDraw ......................................................... 42
Figura 3.6 Conexão dos TCs ∆ − 𝑌 em um transformador de potência 𝑌 − ∆ (Caminha, 1977) ...................... 43
Figura 3.7 - Curva Característica do TC da SEL (Folkers, 1999) ....................................................................................... 44
Figura 3.8 - Fluxograma do algoritmo do relé diferencial percentual 87T desenvolvido MATLAB ................. 46
Figura 4.1 – Sistema elétrico modelado para avaliação da proteção diferencial percentual em
transformadores de potência ............................................................................................................................................... 48
Figura 4.2 – Curvas de corrente do primário e secundário do transformador de potência em condições
normais ........................................................................................................................................................................................... 54
Figura 4.3- Análise da Operação do Relé em condições normais ..................................................................................... 54
Figura 4.4 - Análise do harmônicos do sistema elétrico em condições normais (fase C) ...................................... 54
Figura 4.5 - Curvas de corrente no primário e secundário do transformador de potência em condição de
falta interna do tipo trifásico ................................................................................................................................................ 55
Figura 4.6 - Análise da operação do relé diferencial em condição de falta interna do tipo trifásico ................ 56
Figura 4.7 - Análise dos harmônicos do sistema Elétrico em condição de falta interna do tipo trifásico (fase
C) ....................................................................................................................................................................................................... 56

v
Figura 4.8 - Curvas de corrente no primário e secundário do transformador de potência em condição de
falta externa nas três fases..................................................................................................................................................... 57
Figura 4.9 - Análise da operação do relé diferencial em condição de falta interna do tipo trifásico ................ 58
Figura 4.10 - Análise dos harmônicos presentes no sistema elétrico em condições de falta externa de
natureza Trifásica (fase C) ..................................................................................................................................................... 58
Figura 4.11 – Curvas de Corrente do lado primário e secundário do transformador de potência para a
condição de saturação de TCs............................................................................................................................................... 59
Figura 4.12 - Resultado da função interna do relé de estimação de fasores para condição de saturação de
TCs .................................................................................................................................................................................................... 60
Figura 4.13 - Análise da operação do relé diferencial na condição de saturação dos TCs devido ao surgimento
de uma falta externa trifásica ............................................................................................................................................... 61
Figura 4.14 – Análise dos harmônicos presentes no sistema elétrico estudado (fase C) ...................................... 61
Figura 4.15 – Curvas de corrente do lado primário e secundário para a condição de sobre-excitação .......... 62
Figura 4.16 – Análise da operação do relé diferencial em condições de sobre-excitação ..................................... 63
Figura 4.17 - Conteúdo de harmônicos presentes no sistema elétrico de potência em condições de sobre-
excitação (fase C)........................................................................................................................................................................ 64
Figura 4.18 - Curvas de corrente no primário e no secundário do transformador de potência em condições
de energização singela sem conexão à LT ....................................................................................................................... 65
Figura 4.19 - Curvas de corrente no primário e no secundário do transformador de potência em condições
de energização singela com conexão à LT ....................................................................................................................... 66
Figura 4.20 - Conteúdo de harmônicos para condições de energização singela sem conexão à LT (fase C) 66
Figura 4.21 - Conteúdo de harmônicos presentes no SEP para condições de energização singela com conexão
à LT (fase C) ................................................................................................................................................................................. 67
Figura 4.22 – Análise da operação do relé diferencial percentual em condição de energização singela sem
conexão à LT ................................................................................................................................................................................. 67
Figura 4.23 - Análise da operação do relé diferencial comum em condição de energização singela com
conexão do secundário do transformador à LT ............................................................................................................ 68
Figura 4.24 - Análise da operação do relé diferencial comum em condição de energização solidária ........... 69
Figura 4.25 – Análise da corrente drenada do gerador pelos dois transformadores, Trafo 1 e Trafo 2 ......... 70
Figura 4.26 - Conteúdo de harmônicos presentes no SEP para condições de energização solidária (fase C)
............................................................................................................................................................................................................ 70
Figura 4.27 - Conteúdo de harmônicos presentes no SEP para condições de remoção de faltas externas
próximas ao transformador de potência (fase c) ......................................................................................................... 71
Figura 4.28 – Análise da operação do relé diferencial para condição de remoção de falta externa próxima ao
transformador de potência .................................................................................................................................................... 72

vi
Lista de Tabelas

Tabela 1.1 Desligamentos forçados de transformadores em 2011 (ONS, 2012) .............................................................. 10


Tabela 2.1 Condições de operação do relé diferencial .......................................................................................................... 14
Tabela 2.2 Composição de harmônicas em correntes de magnetização ....................................................................... 25
Tabela 2.3 Desempenho do relé em uma falta externa monofásica (Segatto E. C., 2003) ..................................... 29
Tabela 3.1 Faixas de frequências das perturbações recorrente em SEP ....................................................................... 33
Tabela 3.2 - Parâmetros do transformador trifásico determinados a partir do ensaio de curto-circuito
(CONTI, 2013) .............................................................................................................................................................................. 40
Tabela 3.3 – Parâmetros do Transformador Trifásico determinados a partir do ensaio a vazio (CONTI, 2013)
............................................................................................................................................................................................................ 40
Tabela 3.4 Dados equivalentes para modelagem de ambas linhas de transmissão ................................................. 45
Tabela 3.5 Dados de carga ligadas ao fim da linha de transmissão ................................................................................. 45
Tabela 3.6 Dados e parâmetros do gerador ............................................................................................................................... 45
Tabela 4.1 Status dos disjuntores para simulações de falta interna e externa ......................................................... 49
Tabela 4.2 - Status dos disjuntores para a simulação de sobre-excitação.................................................................... 51
Tabela 4.3 - Status dos disjuntores para a simulação de remoção de falta externa próxima ao transformador
de potência .................................................................................................................................................................................... 53
Tabela 4.4 Resumo dos casos simulados para o sistema de proteção diferencial no transformador de
potência de 100MVA ................................................................................................................................................................. 73

vii
Lista de Siglas

TC - Transformador de Corrente
ATP - Alternative Transient Program
SEP - Sistemas elétricos de potência
STC - Saturable Transformer Current
SEL - Schweitzer Engineering Laboratories
LT – Linha de Transmissão

viii
Capítulo 1 - Introdução

1.1. Relevância do tema em investigação

Os transformadores de potência são equipamentos imprescindíveis ao suprimento


de energia elétrica, e cujo reparo ou substituição implica em maior tempo de interrupção
de energia elétrica, custos diretos e indiretos. São equipamentos fundamentais por serem
responsáveis pela transferência de energia de um subsistema a outro em diferentes níveis
de tensão permitindo uma redução de perdas elétricas através da redução de corrente na
transmissão mantendo a mesma frequência.
A Tabela 1.1 mostra a probabilidade de falha para diversos equipamentos de um
dado sistema elétrico (Bhide, 2004). Destaca-se que 10% das falhas registradas ocorrem
em transformadores de potência. Dessa forma, somada a relevância desse equipamento,
é essencial que concessionárias de energia elétrica invistam em sistemas de proteção que
garantam ao sistema elétrico segurança, confiabilidade e maior qualidade de serviço.

Tabela 1.1 Estatística de falha para alguns equipamentos do sistema (Bhide, 2004)
Equipamento Probabilidade Falha [%]
Linhas de Transmissão 50,0
Disjuntores 12,0
Transformadores de Corrente, 12,0
equipamentos de controle, etc.
Transformadores 10,0
Cabos subterrâneos 9,0
Geradores 7,0
Total 100,0

O alto custo deste equipamento, aliado à sua importância para o sistema elétrico,
requer uma atenção especial quanto a sua operação, proteção e manutenção. Na
ocorrência de alguma falha interna no transformador de potência, a concessionará deve
estar dotada de um sistema de proteção que o isole, para que seja feita a manutenção

9
corretiva do equipamento. Esse procedimento de atuação frente a falhas internas impede
a perda total e a troca de um equipamento de elevado custo.
A principal metodologia adotada para proteção dos transformadores de potência
corresponde à proteção diferencial que, através do relé diferencial percentual, dispositivo
de proteção que compara as correntes de entrada e saída do equipamento, é capaz de
identificar falhas internas e isolar o transformador do sistema elétrico, evitando assim um
prejuízo maior. Apesar da eficácia da proteção diferencial no isolamento do
transformador de potência quanto a identificação de uma falha interna, o método
apresenta algumas limitações e situações especiais que fazem que o componente principal
da proteção diferencial, o relé, atue indevidamente, quando sensibilizado por essas
situações especiais. Para lidar com essas situações especiais, concessionárias de energia
elétrica buscam continuamente tecnologias para a proteção diferencial de
transformadores que garantam uma melhor seletividade dos casos e uma maior
velocidade de operação.

Tabela 1.2 Desligamentos forçados de transformadores em 2011 (ONS, 2012)

Origem da Causa dos desligamentos


Tensão Duração
Total
(kV) média (h)
Interna Secundária Externa Operacional

750 1 0 2 1 4 3,2

500 24 32 43 2 101 5,9

440 2 33 7 0 42 2,6

345 16 34 43 1 94 31,3

230 54 130 208 15 407 5,7

138 172 105 260 9 546 12,1

Total 269 334 563 28 1194 60,8

Na Tabela 1.2 são apresentados as causas de 1194 desligamentos forçados em


transformadores conectados ao Sistema Interligado Nacional (SIN), em níveis de tensão
de 138 kV a 750 kV, no ano de 2011 (ONS, 2012). Destaca-se que o desligamento
provocado por causas operacionais e externas as quais caracterizam-se por falhas em
10
outros componentes, faltas no sistema de potência, sobretensões e rejeição de carga
compõe 22,52% dos 1194 desligamentos avaliados, um percentual que justifica a
importância do desenvolvimento de novas tecnologias para a proteção diferencial.

1.2. Objetivos do Trabalho

A metodologia da proteção diferencial em transformadores de potência encontra-


se em constante avaliação em razão de determinadas manobras no sistema elétrico
provocarem a atuação indesejável do relé. Dessa forma, este trabalho tem por objetivo
modelar e simular a proteção diferencial em um transformador trifásico de 100 MVA
avaliando a operação dos relés frente às situações de faltas internas, faltas externas,
situações de energização do transformador, condição de sobre-excitação e de saturação
de TC (Transformador de Corrente) através do software ATP (Alternative Transient
Program). Para alcançar os objetivos as atividades foram organizadas basicamente nos
seguintes tópicos:
 Estudo da metodologia da proteção diferencial;
 Estudo das situações especiais que provocam a atuação indesejável do relé
diferencial;
 Modelagem do sistema elétrico no software ATPDraw;
 Desenvolvimento do algoritmo da proteção diferencial;
 Simulação dos casos especiais;
 Avaliação dos resultados das simulações;

1.3. Metodologia

Para que o trabalho atinja os objetivos descritos, propõe-se seguinte metodologia:


 Revisão bibliográfica e análise teórica das principais obras científicas na área de
proteção de sistemas elétricos de potência com objetivo de dar embasamento
teórico e metodológico para o desenvolvimento do tema;

11
 Estudo da arte sobre a operação do relé diferencial abordando limitações e as
principais situações que levam a operação indesejável do relé.; Desenvolvimento
do modelo elétrico da proteção diferencial a transformadores de potência no ATP;
 Desenvolvimento do algoritmo computacional do relé diferencial percentual
MATLAB;
 Realização das simulações de faltas internas e de casos especiais;
 Avaliação dos resultados simulados

1.4. Organização do Texto

Este trabalho encontra-se dividido em cinco capítulos, incluindo o presente


capítulo introdutório.
No Capítulo 2 tem por objetivo descrever o princípio de funcionamento da
proteção diferencial, destacando o relé diferencial percentual, e abordar sobre as
situações que o levam a operação indevida.
O Capítulo 3 tem por objetivo fazer um levantamento teórico a respeito da
modelagem no software ATP dos componentes do sistema elétrico de proteção diferencial
para transformadores de potência, considerando as situações que devem ser efetuadas de
operação indesejável do relé.
O Capítulo 4 busca relatar a metodologia proposta para a simulação do modelo do
sistema elétrico, desenvolvido frente a todas as situações estudadas, e apresentar os
resultados e análises das simulações feitas no software ATP enfatizando as soluções mais
adequadas para a filosofia de proteção.
No capítulo 5 são apresentadas as conclusões e sugestões de trabalhos futuros.

12
Capítulo 2 - A Proteção Diferencial

2.1. Introdução

O presente capítulo tem por objetivo descrever brevemente a operação da


proteção diferencial e as principais tecnologias e metodologias comumente utilizadas na
proteção de Sistemas Elétricos de Potência. Inicialmente é explicado o princípio de
funcionamento da atuação da proteção diferencial em transformadores de potência,
destacando as condições de operação do relé diferencial percentual. A seguir, são
apresentadas situações indesejáveis que levam o relé diferencial atuar de maneira
indevida em sua operação.

2.2. Princípio de funcionamento da proteção diferencial

A proteção diferencial dentre as metodologias de proteção de energia elétrica é


atualmente a mais adequada na proteção de transformadores de potência acima de 5
MVA, em que seu dispositivo de proteção, o relé diferencial, baseia sua operação no
princípio da comparação da corrente elétrica de entrada e de saída do sistema protegido
ou equipamento em questão. O esquema de conexão do relé diferencial pode ser
simbolicamente representado pela Figura 2.1.

Figura 2.1 – Esquema simbólico da proteção diferencial em transformadores de potência

Portanto, os sinais das correntes de entrada e saída no transformador de potência


devem ser constantemente monitorados através da aquisição dos mesmos pelos
transformadores de correntes conectados nas terminações do transformador. Os TCs
13
transferem os sinais de corrente para o relé diferencial, que analisa a ocorrência de falta
e na existência da mesma, desliga o transformador do sistema no momento em que a
corrente diferencial ultrapassar um valor de corrente limiar estipulada
O relé diferencial atua de 3 maneiras distintas: Se a corrente de entrada (𝐼𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 )
for equivalente a corrente de saída (𝐼𝑠𝑎í𝑑𝑎 ), tem-se que a corrente no relé é nula, isto é, o
elemento protegido não apresenta defeito; se na diferença entre a 𝐼𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 e 𝐼𝑠𝑎í𝑑𝑎 , a
corrente de saída for menor que a corrente de ajuste do relé (𝐼𝑎𝑗𝑢𝑠𝑡𝑒 𝑑𝑜 𝑟𝑒𝑙é); e se a corrente
diferencial do relé for maior que a corrente ajuste, é identificado uma falha interna no
transformador. A Tabela 2.1 resume as 3 formas de operação do relé diferencial
(Kindermann, 2005).
Tabela 2.1 Condições de operação do relé diferencial
Condição Operação do relé
𝑰𝒔𝒂í𝒅𝒂 = 𝑰𝒆𝒏𝒕𝒓𝒂𝒅𝒂 Não atua. Condição normal de operação do
transformador
𝑰𝒆𝒏𝒕𝒓𝒂𝒅𝒂 − 𝑰𝒔𝒂í𝒅𝒂 ≤ 𝑰𝒂𝒋𝒖𝒔𝒕𝒆 𝒅𝒐 𝒓𝒆𝒍é Não atua. Condição normal de operação do
transformador
𝑰𝒆𝒏𝒕𝒓𝒂𝒅𝒂 − 𝑰𝒔𝒂í𝒅𝒂 ≥ 𝑰𝒂𝒋𝒖𝒔𝒕𝒆 𝒅𝒐 𝒓𝒆𝒍é Atua. Ocorrência de falta interna no
transformador

Existem três tipos de relés diferenciais utilizados: o relé diferencial comum, que
utiliza o relé de sobrecorrente 50 ou 51 exercendo a função 87, o relé diferencial
percentual e o relé diferencial percentual com restrição de harmônicos. A atuação da
proteção para ambos os tipos de relés corresponde à mesma, entretanto no caso do relé
diferencial comum a probabilidade da proteção atuar devido à saturação de TCs,
imperfeição no casamento dos TCs e outras causas inerentes ao transformador é maior
do que no caso dos relés percentuais, pois a presença de uma bobina de restrição permite
empregar certa limitação à faltas externas. Portanto, o relé percentual caracteriza-se
como a melhor opção para restringir a proteção das faltas externas. Já quando considera-
se apenas os relés percentuais, o de restrição de harmônicos apresenta uma melhor
performance, em virtude de apresentar a capacidade de restringir harmônicos
indesejáveis para operação da proteção. Na Figura 2.2 é ilustrado o sistema de proteção
diferencial com relé percentual. O princípio básico do relé diferencial percentual baseia-
se nos torques gerados nas bobinas de restrições e de operação.
14
Figura 2.2 – Sistema de Proteção Diferencial com relé percentual (Kindermann, 2005)

Na Figura 2.2 observa-se que o relé é constituído por duas bobinas: de Restrição,
que tem uma derivação central, o campo magnético gerado nesta bobina de restrição atua
atraindo um êmbolo produzindo um torque negativo, isto é, contrário ao torque da
operação; e a de operação cujo campo magnético atrai um êmbolo que produz o torque
positivo (Kindermann, 2005). O relé percentual opera quando o torque positivo, for
superior ao torque negativo. A grande vantagem traduz-se, portanto, da seguinte maneira:
quando há presença de defeitos externos, o relé fortifica a restrição e enfraquece a
operação, garantindo a não atuação do relé e quando há defeitos internos, o relé
enfraquece a restrição e fortifica a operação, garantindo a atuação do relé.
O esquema de proteção diferencial com relé percentual encontrado pode ser
representado como ilustra a Figura 2.3.

Figura 2.3 – Sistema de proteção diferencial com relé percentual (Horowiz & Phadke, 1996)

15
No esquema representado na Figura 2.3 chama-se atenção para a inclusão das
relações de transformação entre os TCs e do transformador de potência, pois em
condições normais de operação ou de faltas externas, espera-se que a corrente de entrada
seja igual a corrente de saída desde que a seguinte a relação dos TCs seja respeitada:
𝑁1 𝑛1 (1)
=
𝑁2 𝑛2

Obedecendo essa relação, as correntes 𝐼𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 e 𝐼𝑠𝑎í𝑑𝑎 terão a mesma magnitude, logo
define-se que a corrente diferencial ou de operação, 𝑖𝑑 , seja:

𝑖𝑑 = 𝐼𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 − 𝐼𝑠𝑎í𝑑𝑎 (2)

Então, para a condição normal de operação, esta corrente diferencial será nula. Já em
casos de faltas internas, a corrente diferencial torna-se significativa, sensibilizando a
bobina de operação (elemento de sobrecorrente R na Figura 2.3).
Para os casos em que a relação não é respeitada, o relé diferencial deverá ser
provido de múltiplos tapes para a medição das correntes do primário e do secundário do
transformador, o que irá fornecer um meio de correção para a diferença esperada entre
as correntes dos secundários dos TCs (Bernardes, 2006). No caso dos relés digitais temos
ajustes contínuos para os tapes, que permite anular totalmente a diferença entre as
corrente secundárias devido à desigualdade na relação.
A corrente de restrição cuja função é garantir que a proteção não atue para
eventuais erros proporcionados pelas diferentes relações de transformação dos TCs,
falhas externas e erros em função das características construtivas do relé equivale à média
das correntes das correntes de entrada e saída. A corrente de restrição é mostrada
matematicamente a seguir pela Equação 3.

𝐼𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 + 𝐼𝑠𝑎í𝑑𝑎
𝑖𝑟 = (3)
2

Todos os prováveis erros e falhas que são indesejáveis à operação da proteção do


transformador de potência são considerados na determinação de um valor de pick-up do
relé, sendo condicionados a um determinado fator “K” que definirá a declividade da curva
16
de operação, determinado em função dos erros intrínsecos aos sinais analisados (Horowiz
& Phadke, 1996).
De uma determinada margem de segurança definida em função da corrente
diferencial, o relé deverá atuar respeitando a relação abaixo fornecida.
𝑖𝑑 ≥ 𝑖𝑝𝑢 (4)
𝐾 ∙ (𝐼𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 + 𝐼𝑠𝑎í𝑑𝑎) (5)
𝑖𝑑 ≥
2
𝑖𝑑 ≥ 𝐾 ∙ 𝐼𝑟 (6)

Onde 𝐼𝑝𝑢 representa corrente mínima de operação e K representa a inclinação percentual


da característica diferencial. Assim, pequenas correntes diferenciais podem ser
observadas sem que o relé seja sensibilizado. Portanto, pode-se afirmar que a corrente
diferencial deverá ser maior ou igual a uma percentagem da corrente de restrição ou
maior que corrente mínima de operação, para indicar corretamente a situação de trip
acusada pelo relé, conforme as equações 4 e 6.
A Figura 2.4 demonstra a característica do relé diferencial percentual, destacando
sua região de operação e não operação.

Figura 2.4 Característica da operação da proteção diferencial com relé percentual


(Horowiz & Phadke, 1996)
A Figura 2.4 destaca a inclinação ou ajuste percentual entre a corrente diferencial
do relé e a corrente de restrição. O ajuste determina o nível de corrente que o relé deve
atuar. Conforme Figura 2.4 , destaca-se os ajustes das inclinações definidas pelos fatores
de relação de relação de transformação, erro do TC e mudança nos tapes do

17
transformador. Os ajustes são feitos a partir do valor de K que é expresso em percentuais
os quais os típicos são 10, 20 e 40%. Dentre esses percentuais, o de ajuste fino e mais
sensível corresponde ao de 10%, portanto o de menor região de operação do relé é o
ajuste percentual de 40%.

2.2.1. Processos adicionais em relés numéricos: Estimação de


fasores, filtragem e interpolação

Em relés numéricos é comum a existência de processos adicionais que são


essenciais para o tratamento de dados antes que o algoritmo de proteção seja executado.
Dentre os principais processos adicionais destaca-se: a estimação de fasores, filtragem e
interpolação.
De um modo geral, os sinais que chegam aos relés não são puramente senoidais.
Podem estar corrompidos por diversas fontes, como componentes harmônicas
provocadas por cargas não-lineares, componente de decaimento exponencial provocada
por defeitos, saturação do núcleo de transformadores de corrente (TC), componentes sub-
harmônicas introduzidas por compensação série em linhas de transmissão, entre outros
(Phadke & Thorp, 2009). Como esses fasores são a base do funcionamento das funções de
proteção, um algoritmo de estimação confiável é de grande importância.
Nos relés comerciais e na literatura relacionada ao tema, os algoritmos de
estimação de fasores focam na eliminação de componentes harmônicas e da componente
CC de decaimento exponencial, sendo a segunda delas a mais difícil de se lidar, já que se
trata de um sinal aperiódico cujo espectro engloba uma ampla faixa de frequências.
Questões como correção da saturação do TC, eliminação de componentes sub-
harmônica e harmônicos provenientes de correntes de inrush, são geralmente deixadas
de lado ou tratadas através de algoritmos específicos.
Em relação à filtragem dos dados, os relés de proteção devem filtrar seus sinais de
entrada de forma a eliminar grandezas indesejadas, mantendo apenas as componentes de
interesse. Por exemplo, na proteção de transformadores, é necessário realizar a medição
da segunda e quinta harmônica para evitar atuações indevidas durante situações de
energização e sobre-excitação. Independentemente do método de implementação, os

18
filtros utilizados na proteção deve possuir certas características, a saber (Schweitzer &
Hou, 1993):
• Banda passante nas proximidades da frequência fundamental cuja largura de
banda não provoque em atrasos significativos no sinal;
• Rejeição de rampa e nível CC, de forma a atenuar os efeitos da componentes CC
de decaimento exponencial;
• Rejeição de componentes harmônicas;
• Boa resposta transitória;
• Facilidade de projeto e implementação.
A função numérica de interpolação é comumente aplicada na entrada do algoritmo
de tratamento de dados para sistemas de proteção, com objetivo de uniformizar a
frequência de amostragem de um conjunto de amostras reais. Dessa forma, a interpolação
tem a função de reconstruir os conjuntos de dados discretos em uma nova frequência de
amostragem.

2.3. Situações indesejáveis na operação do sistema de proteção


diferencial

A implementação da proteção diferencial em transformadores de potência visa


evitar maiores danos ao equipamento devido ao surgimento de falhas internas do mesmo,
entretanto o relé diferencial pode ser sensibilizado e atuar de maneira indevida em certas
situações comumente caracterizadas como falhas externas do transformador de potência
as quais são responsáveis pela má interpretação do relé diferencial.
As principais situações que podem causar falsas correntes diferenciais na
aplicação da proteção diferencial a transformadores de potência são descritas a seguir.

2.3.1. Saturação dos TCs

O consumo sempre ascendente de energia elétrica e a capacidade do sistema


atender altas demandas de energia elétrica provocam, consequentemente, maiores
magnitudes de corrente de falta. Dessa forma, os relés de proteção e equipamentos de
medição passam a desempenhar um papel importante na garantia de um sistema
19
confiável e de qualidade. Neste aspecto, os TCs são empregados para fornecer uma
redução das correntes primárias, bem como a isolação galvânica entre o sistema elétrico
e o relé diferencial. Os TCs são construídos para suportar correntes de falta e outros
fenômenos por poucos segundos, os quais podem alcançar valores maiores que 20 vezes
a magnitude da corrente normal de carga (Horowiz & Phadke, 1996).
Na proteção diferencial, os TCs devem garantir que a corrente no lado do
secundário seja a reprodução do seu lado primário. Embora as tecnologias dos
Transformadores de Corrente atendam satisfatoriamente bem, em todos os casos, o
sistema de proteção diferencial deve considerar erros de transformação através da
inclinação do relé percentual.
Quando faltas ocorrem, além dos valores de corrente atingir níveis elevados,
podem conter substanciais parcelas de componente contínua e, ainda, pode existir fluxo
remanescente no núcleo do TC. Esses fatores contribuem para saturação do núcleo do TC
e produção de uma distorção considerável na forma de onda da corrente do dispositivo.
Com a possibilidade da corrente secundária do TC não representar corretamente a
corrente primária, a eficiência da proteção fica comprometida e aumenta-se a
probabilidade do relé operar incorretamente.
As Figuras 2.5 e 2.6 apresentam os resultados de uma simulação desenvolvida no
programa ATP que mostra um caso de falta interna considerando um TC ideal e um TC
com saturação, em que é possível visualizar as distorções produzidas pelo TC.

Figura 2.5 – Caso de falta interna sem a saturação do TC (Segatto, 2003)


20
Figura 2.6 Caso de falta interna com saturação de TC (Segatto, 2003)

Quando há presença desse fenômeno de saturação nos TCs, conforme mostrado


nas Figuras 2.5 e 2.6, pode-se resumir os efeitos na proteção diferencial em dois aspectos:
 Em faltas externas, falsas correntes são obtidas devido às ondas distorcidas
no secundário do TC com núcleo saturado, resultando em operação
indevida da função;
 Em faltas internas, os harmônicos gerados pela saturação podem retardar
o envio do sinal e a distorção pode fazer com que a corrente diferencial
encontre-se na região de restrição, ou seja, região de não atuação (Abreu,
2011).
Atualmente a saturação de TCs é um problema que tem sido largamente discutido
na literatura relativa a vários esquemas de proteção em (Wright, 1968); (Kezunovic, et
al.,1993) e outras. Um dos métodos discutidos para evitar a saturação dos TCs consiste
em aumentar o tamanho do núcleo do TC, alterar o material construtivo do TC de forma
que o mesmo suporte altas densidades de fluxo. Outras bibliografias utilizam as redes
neurais artificiais (RNAs) para estimar as correntes secundárias distorcidas pela
saturação dos TCs.

2.3.2. Correntes de magnetização de inrush

O estudo do fenômeno da corrente de magnetização, também chamada de corrente


de Inrush durante energização de transformadores de potência atualmente é fundamental

21
para o desenvolvimento da proteção diferencial eficiente em sistemas elétricos de
potência. Sua relevância é justificada pelo fato da mesma ser capaz de alcançar valores de
10 a 20 vezes a corrente nominal durante energização do transformador e em regime
permanente de 1% a 2%.
O surgimento desse transiente eletromagnético tem efeitos indesejáveis no
sistema elétrico de potência, tal como estresse dinâmico das bobinas do transformador,
deterioração da capacidade de isolamento, falha de operação da proteção diferencial e
subsequente redução na qualidade e continuidade do fornecimento de energia elétrica.
Devido à sua elevada magnitude, acarreta ainda no superdimensionamento dos
componentes do sistema elétrico. As correntes de inrush são normalmente ocasionadas
nas seguintes situações:
 Energização do transformador;
 Energização de um transformador em paralelo com um que já se encontra
em operação;
 Remoção de faltas externas próximas ao transformador de potência;
 Chaveamento de banco de capacitores;
O fenômeno transitório da corrente de Inrush é o resultado da necessidade do
transformador de estabelecer um campo magnético no seu núcleo. Ela surge sempre que
sempre que a polaridade e a magnitude de seu fluxo residual forem diferentes da polaridade e
da magnitude do valor instantâneo do fluxo de regime permanente. A Figura 2.7 apresenta esta
situação em que o fluxo residual, ou também chamado de fluxo remanescente, Br é contrário
ao fluxo de regime permanente interrompido na desernergização do transformador.
Quando o transformador é desenergizado, a não linearidade entre densidade de fluxo
magnético e campo magnético, ocasionada pelo ciclo de histerese leva a corrente de
magnetização até o zero, enquanto a densidade de fluxo segue para um valor residual Br. Na
Figura 2.7 apresenta-se o instante em que a curva de corrente magnetização é interrompida e o
fluxo residual se confirma. Caso o transformador não fosse desenergizado, as ondas de corrente
e de densidade de fluxo teriam seguido as curvas tracejadas, entretanto, como ocorreu a
desenergização, elas se apresentam pelas linhas sólidas 𝐼2 e 𝐵2, sendo a corrente em zero e a
densidade de fluxo em +Br (Souza, 2007).

22
Figura 2.7 - Produção de corrente de inrush em um transformador (Souza, 2007)

Afim de ilustrar o fenômeno de Inrush sob condições máximas, assume-se que o


circuito é energizado novamente no instante indicado pela segunda linha tracejada
vertical na Figura 2.7, quando a densidade de fluxo estaria normalmente em seu valor
negativo (-Bmax). Como o fluxo magnético não pode ser eliminado instantaneamente, a
onda de fluxo ao invés de partir com seu valor normal e crescer segundo a linha tracejada,
ela parte do fluxo residual Br chega a um valor de fluxo correspondente ao dobro do fluxo
máximo adicionado com o residual. Essa característica provoca a saturação do núcleo e
consequentemente o surgimento da elevada corrente de inrush para produzir o fluxo,
conforme se apresenta na Figura 2.7.

23
Deve-se considerar que se o transformador pudesse ser energizado no instante em
que o valor da onda de tensão correspondesse ao fluxo real magnético do núcleo, a
energização seria uma suave continuação da operação anterior, sem a ocorrência de um
transitório magnético.
Como a corrente de inrush pode ser tão grande quanto à corrente de curto- circuito,
é de suma importância que algumas características de ambas sejam levantadas para que
seja possível discriminá-las. O propósito de saber distinguir uma da outra é para que não
ocorram falsos alarmes, ou ainda pior, o sistema de proteção não identifique
corretamente que um curto-circuito ocorreu e não desarme a máquina.
As Figura 2.8 ilustra a forma de onda resultante da corrente de magnetização (𝐼𝑟 )
para as três fases envolvidas.

Figura 2.8 - Corrente de inrush (𝐼𝑟 ) e corrente nominal em regimente permanente


(Bernardes, 2006)

Na Figura 2.8 destaca-se a composição da corrente de inrush a qual apresenta


pulsos unipolares e bipolares separados por intervalos de corrente muito baixas. Outro
ponto de destaque corresponde ao tempo de decaimento o qual é lento caso o
transformador esteja próximo das unidades geradoras e rápido para transformadores
distantes das unidades.

24
Uma das características marcantes da corrente de Inrush consiste no elevado de
conteúdo de harmônicos presentes em seu sinal. De acordo com a pesquisa feita pela
INEPAR, presente na bibliografia (Piovesan, 1997) e mostrada na Tabela 2.2, confirma-se
a forte presença de harmônicas na corrente de magnetização em que destaca-se a
componente de 2º harmônico em 4 tipos de transformadores trifásicos.
Outra característica que destaca a corrente de magnetização é sua elevada
magnitude que pode chegar de 8 a 20 vezes maior que corrente nominal em regime
permanente, sendo que os picos sucessivos caem rapidamente em um tempo efetivo de 6
ciclos elétricos
Tabela 2.2 Composição de harmônicas em correntes de magnetização
Transformadores trifásicos
Componentes 66 kV, 275 kV, 275kV, 50 MVA 500 kV, 1000 MVA
12 MVA 150 MVA 2 Bancos em paralelo 2 Bancos em paralelo
(%) (%) (%) (%)
Fundamental 100 100 100 100
Corr. contínua 62 100 100 97,1
2ª 60 30,4 33,1 78,1
3ª 9,4 9,6 18,2 31
4ª 5,4 1,6 6,5 18
5ª 0,7 7,2 11,4

É importante que seja feita a comparação entre a corrente de curto-circuito do


transformador, situação em que se espera a atuação da proteção diferencial, e a corrente
de magnetização do transformador em que a atuação do relé é indesejável.
Enquanto a corrente de magnetização apresenta forte conteúdo de harmônicas
com predomínio da 2ª harmônica conforme mostrado na Tabela 3, a corrente de curto-
circuito não apresenta nenhuma componente harmônica proeminente. Por fim, a corrente
de curto aparece somente nas fases envolvidas no defeito enquanto as correntes de inrush
ocorrem nas três fases do primário do transformador.
Na esfera da proteção diferencial, o surgimento da corrente de magnetização
constitui um grande problema pois como o lado secundário do transformador encontra-
se aberto no momento da energização do transformador, a corrente diferencial pode
atingir valores suficientemente altos, provocando na operação indevida do relé. Para
25
evitar que a proteção diferencial atue no instante de energização do transformador é
comumente utilizado relés diferenciais com retenção de harmônicas, relés digitais com
lógicas de detecção de harmônicas, atenuadores de transitórios e bloqueio do relé
diferencial por 0,1s durante a energização do transformador.
Como dito anteriormente, além da energização do transformador, o surgimento da
corrente de inrush é ocasionada também quando há energização de um transformador em
paralelo com um que já se encontra em operação, após extinção de curtos-circuitos
externos e chaveamento de banco de capacitores. Essas três são detalhadas a seguir.

2.3.3. Energização do transformador em paralelo com outro em


operação – Energização solidária

A energização de um transformador em paralelo a outro em operação é


comumente denominada pela literatura como energização solidária ou sympathetic inrush
(Bronzeado & Yacamini, 1995). A utilização de transformadores em paralelo é uma
prática comum de operação, uma vez que a mesma aumenta a confiabilidade do sistema
elétrico associado. Entretanto, quando conecta-se um transformador sem carga no
sistema, com outro equipamento já em operação, o sistema poderá ser conduzido a uma
situação de energização solidária, e eventualmente, provocando o aparecimento de
transitórios e sobretensões elevadas que ocasionam na má operação dos relés de
proteção. Os relés de proteção, por sua vez, são ajustados assumindo que os
transformadores operem de forma isolada, fornecendo energia a carga sem a necessidade
de outro equipamento em paralelo. A Figura 2.9 apresenta o esquemático para condição
de paralelismo entre dois transformadores, T1 e T2, um em operação e outro desligado.

26
Figura 2.9 - Esquematização do fenômeno de energização solidária (Kumbhar &
Kulkarini, 2007) (Horowitz & Phadke, 2008)

A conexão do transformador T2 a rede com transformador T1 em operação,


provoca uma corrente de energização que flui para T1 e produz um fluxo de corrente
contínua sobreposto ao fluxo de corrente alternada, próprio da magnetização. Esta
condição operacional aumenta a densidade de fluxo e proporciona altas correntes de
magnetização a T1. Dependendo da amplitude do amortecimento da componente de
corrente contínua, este fenômeno de energização solidária pode aumentar o nível de
ruído emitido por T1 devido ao aumento da densidade do fluxo no núcleo (KULKARNI;
KHAPARDE, 2005; HOROWITZ; PHADKE, 2008).
No instante da energização solidária, o decaimento das correntes I1 e I2
respectivamente dos transformadores T1 e T2 possui o mesmo valor médio e sinais
opostos visto que a componente de corrente contínua da corrente solidária do
transformador T1 irá balancear a componente de corrente contínua da corrente de
energização do transformador T2. A Figura 2.10 ilustra esse fenômeno.
Através da Figura 2.10 é possível observar que a corrente inrush terá uma taxa de
decaimento menor do que a situação de energização com ausência da energização do
transformador em paralelo

27
Figura 2.10 – Tipos de correntes transitórias de magnetização io, i1 e i2 (Bronzeado &
Yacamini, 1995)

A duração e a amplitude das correntes de energização solidária são influenciadas


por diversos parâmetros do SEP, dentre os quais se destacam (WANG, 2008) (Kumbhar &
Kulkarini, 2007)
 Resistência série equivalente do sistema elétrico;
 Ângulo de chaveamento do transformador que está sendo energizado;
 Nível de carregamento do transformador em operação;
 Fluxo residual no transformador que está entrando em operação;
 Existência de capacitor shunt no sistema ao qual o paralelismo está sendo
utilizado.

2.3.4. Remoção de faltas próximas ao transformador

Quando uma falta externa e próxima ao transformador é removida, surge uma


situação similar àquela encontrada durante a energização do transformador (Horowiz &
Phadke, 1996).
O transitório gerado pela remoção da falta externa localizada próxima ao
transformador é ocasionado, pois a tensão aplicada no mesmo apresenta uma variação

28
que é decorrente de passar de um valor de falta para um de pós-falta, o fluxo magnético
por consequência comporta-se da mesma maneira. Dependendo do instante que ocorrer
a retirada da falta, a transição acarreta no surgimento de um deslocamento da
componente DC no fluxo o que provoca a saturação do núcleo. Deste modo, as formas de
onda de corrente primária serão similares às correntes de inrush.
Em (Segatto, 2003) é descrito a satisfatória metodologia para impedir que a
situação de remoção de falta externa próxima ao transformador acarrete na operação de
proteção indevida que se dá por meio do treinamento das redes neurais artificiais
aplicadas na lógica de relés digitais.

2.3.5. Sobre-excitação do transformador

O fluxo de magnetização dentro do núcleo é diretamente proporcional à tensão


aplicada e inversamente proporcional à frequência do sistema, conforme descreve-se a
equação 7.Portanto, situações de sobretensão e subfrequência podem produzir variação
de fluxo magnético do transformador acarretando na saturação do núcleo do mesmo. Tais
situações anormais de operação podem ser caracterizadas em qualquer parte do sistema
elétrico, expondo os equipamentos conectados ao transformador.
𝑉𝑒𝑓 = 4,44 ∙ 𝑛 ∙ ∅ ∙ 𝑓 [7]
Observa-se que as condições de sobre-excitação impactam nos transformadores
através de mudanças de temperaturas e aumento tanto na corrente de excitação quanto a
ruídos e vibrações. Em casos de elevada sobre-excitação, recomenda-se a desconexão do
transformador do sistemas a fim de evitar danos maiores. O relé para casos de sobre-
excitação apresenta dificuldades em controlar a tolerância do transformador a
sobreexcitação pois ele não apresenta a capacidade de compreender em qual limiar de
temperatura é desejável sua operação, sendo assim tem-se uma condição indesejável na
operação do relé.
Quando há sobre-excitação, o transformador é submetido a um comportamento
não-linear das correntes ante a variação de fluxo. Como consequência, ocorrem distorções
de 3º e 5º harmônicos, gerando assim um aumento nos valores de magnetização e no
aumento da corrente diferencial do relé. Dessa forma, as literaturas consultadas sugerem

29
para a proteção diferencial a detecção das componentes harmônicas de 3ª e 5ª ordem
para detectar condições de sobre-excitação.

2.3.6. Rejeição de Carga

A rejeição de carga está intimamente ligada com a frequência e a tensão do sistema


elétrico da rede. O sistema idealmente comporta-se com uma frequência fundamental de
60 Hz e com tensões adequadas dentro de uma região de 0,95 a 1,05 pu.
Para garantir esses níveis de qualidade, o sistema elétrico opera alterando a
potência mecânica na entrada do eixo do gerador. Dessa forma, tem-se que a enorme
massa rotacional do rotor (turbina e gerador) atua como um depósito de energia cinética.
Logo, quando existe potência mecânica insuficiente na entrada do sistema (como por
exemplo, em função de um aumento de carga), o rotor diminui de velocidade, suprindo
energia para o sistema (Elmore, 1994). De modo oposto, quando há um excesso de
potência mecânica na entrada do sistema, ou seja, redução considerável de carga, este
acelera, absorvendo energia. Sendo assim, qualquer mudança na velocidade causa uma
variação proporcional à frequência (Bernardes, 2006).
Como visto anteriormente pela Equação 7, as consequências do fenômeno de
rejeição de carga são similares às das condições de sobreexcitação pois se relacionam com
a variação da frequência da rede. Portanto, a proteção diferencial deve, da mesma forma,
detectar condições de rejeição através da detecção das componentes harmônicas de
ordem 3 e 5.

30
Capítulo 3- Modelagem do sistema elétrico para avaliação da
proteção diferencial

3.1. Introdução

O presente capítulo aponta os principais modelos de componentes do sistema


elétrico para a avaliação da proteção diferencial utilizados nas literaturas consultadas,
foram levantados modelos adotados em simulações de transitórios eletromagnéticos,
falhas internas e externas no transformador de potência. Em seguida, são abordados
brevemente as características do software ATP e sua validação para análise de
transitórios eletromagnéticos na proteção diferencial. Por fim, é apresentado o sistema
elétrico modelado para simulação de casos especiais para avaliação da proteção
diferencial.

3.2. Revisão bibliográfica: Sistemas elétricos modelados

Este tópico tem por objetivo descrever os modelos empregados para


representação de transformadores de potência em estudos que avaliam transitórios
eletromagnéticos que levam à má operação do relé diferencial e também que simulam o
esquema de proteção diferencial.
Em (Filho e Pereira, 1996) apresenta-se um levantamento teórico a respeito de
um sistema elétrico o qual é submetido a simulações de sobretensões causadas pela
energização dos transformadores, eliminação de faltas nas proximidades de
transformadores e rejeição de carga as quais são caracterizadas na literatura como
sobretensões de manobra. No trabalho recomenda-se que modelagem seja voltada para a
faixa de frequência característica das manobras, ou seja, centenas de Hz a poucos kHz. Os
transformadores de potência são modelados de acordo com a sua característica de
saturação, a qual tem influência preponderante das sobretensões resultantes e
desconsidera cargas ligadas em seu enrolamento secundário. As linhas de transmissão
são representadas por modelos que considerem parâmetros distribuídos, variando com a

31
frequência ou não. O sistema elétrico é construído através da linguagem de programação
do ATP MODELs.
Em (Farid Tavares, 2014) desenvolve-se um estudo sobre a modelagem do
transformador de potência para fins de análise do seu comportamento frente a fenômenos
transitórios provenientes de sua energização. Utiliza-se também o ATP para simular a
resposta de transformadores em regime permanente e transitório utilizando diferentes
modelos, a partir de ensaios a vazio, de curto-circuito e energização. Neste trabalho
destaca-se os modelos Saturable Transformer Component e o BCTRAN utilizados na
caracterização do sistema elétrico.
Em (Bernardes, 2006) desenvolveu-se um procedimento completo de simulação
da proteção digital diferencial aplicada à transformadores de potência, visando o emprego
deste à avaliação do comportamento de relés comercialmente disponíveis. O
procedimento simulou situações de faltas internas, externas, situações de energização,
sobreexcitação e saturação de TC através dos componentes e modelos elétricos existentes
no ATP.
Em (Antures Tavares, 2013) apresenta-se a modelagem e simulação de um relé
numérico microprocessado para proteção de transformadores de potência, relé o qual é
implementado por 3 funções diferentes de proteção: Diferencial Percentual de Fase (87T),
de sequência negativa (87Q) e de falta à terra restrita (REF). Neste utiliza-se o ambiente
gráfico do ATP para construção dos componentes do sistema elétrico avaliado e a
linguagem de programação MODELs para desenvolver a lógica computacional do relé
microprocessado.

3.3. Alternative Transient Program

O ATP (Alternative Transient Program) corresponde a um software computacional


dedicado para estudos eletromagnéticos (ATP, 1987).Através deste é possível modelar
adequadamente sistemas elétricos de potência a fim de avaliar projetos de equipamentos,
isolamentos, sistemas de proteção e controle, e também o comportamento do sistema
mediante a problemas de operação como descargas atmosféricas, faltas em linhas e
transformadores, sobretensões e transitórios. As principais análises que se destacam para
sistemas elétricos de potência utilizando o ATP são listadas a seguir:
32
 Análise de Transitórios: surtos de manobra, descargas atmosféricas, inrush em
transformadores.
 Análise em Frequência: variação de impedâncias (Frequency scan), Propagação de
Harmônicos (Harmonic Frequency Scan).
 Análise de Harmônicos: verificação de harmônicos de tensão e corrente.
 Análise Estatístico: densidade de probabilidade de sobretensões por manobras,
Método de Monte Carlo para tempos de fechamento e apertura de interruptores.
A formulação matemática que constitui o software é baseada, para elementos com
parâmetros distribuídos, no método das características (método de Bergeron) e para
parâmetros concentrados na regra de integração trapezoidais. Dessa forma, o ATP, por
ser um programa digital cujos valores calculados são discretizados no tempo, não permite
a obtenção de uma solução contínua no tempo. Entretanto, a resposta no domínio no
tempo é disponível para tensões e correntes entre barras e tensões nas barras através de
uma das rotinas de programas do ATP, Plot XY.
Por se tratar de um programa digital, é fundamental que seja configurado o passo
de integração e o tempo de simulação antes de investigar o fenômeno desejado. A seleção
do passo de integração depende da faixa de frequência que ocorre a perturbação desejada
no sistema elétrico de potência, sendo definido pela equação 8, em que f corresponde a
frequência de interesse do fenômeno em análise. A Tabela 3.1 apresenta as faixas de
frequências das perturbações mais recorrentes em sistemas elétricos de potência.
1
∆𝑡 ≤ (8)
2𝑓

Tabela 3.1 Faixas de frequências das perturbações recorrente em SEP

Perturbação Faixa de frequências


Energização de Transformadores 0,1 Hz– 1 kHz
Ferrorresonâncias 0,1 Hz – 1 kHz
Perda de Carga 0,1 Hz – 1 kHz
Energização de Linhas de Transmissão 50/60 Hz – 20 kHz
Faltas em Linhas de Transmissão 50/60 Hz – 20 kHz
Faltas em Subestações 10 kHz – 3 MHz
Descargas Atmosféricas 10 kHz – 3 MHz
Manobras em SF6 100 kHz – 50 MHz

33
O ATPDraw é um recurso que compõe o ATP e que permite interagir com o usuário
através de uma interface gráfica. Nele, o usuário pode construir o sistema elétrico
desejável utilizando modelos já pré-definidos e na inexistência do modelo, é possível
construir o modelo desejado.
A metodologia proposta neste trabalho de graduação consiste na modelagem e
simulação por meio do software ATPDraw do sistema de proteção diferencial de um
transformador de potência sujeita a condições de faltas e transitórios eletromagnéticos
ocasionados pela sobre-excitação, energização singela e solidária de transformadores de
potência. Nesse contexto, a utilização do ATPDraw no pré-processamento da simulação
dos efeitos dos transitórios eletromagnéticos mostra-se, portanto, uma aplicação
relevante e confiável para avaliar o comportamento do sistema de proteção diferencial
em transformadores de potência.

3.4. Fundamentação dos componentes do sistema elétrico

A avaliação da proteção diferencial em transformadores de potência depende


exclusivamente da caracterização de um modelo de sistema elétrico para simulação das
situações que podem levar o relé diferencial à má operação. Desta forma, é de grande
importância que haja fundamentação dos componentes do sistema elétrico destacando o
relé diferencial, o transformador de potência e os transformadores de corrente (TCs).

Figura 3.1 Sistema elétrico com proteção diferencial no transformador de potência –


Trafo 1
Nos próximos itens serão descritos como foram configurados e conectados os
principais componentes do sistema elétrico modelado, conforme ilustrado na Figura

34
3.1:Gerador, transformador de potência, transformadores de corrente, linhas de
transmissão e carga ao fim da linha.

3.4.1. Transformador de potência

A modelagem computacional dos transformadores de potência apresenta certas


complexidades, quando se consideram as não-linearidades introduzidas pelo núcleo
ferromagnético, comportamento que deve ser modelado para avaliação dos efeitos dos
transitórios eletromagnéticos na proteção diferencial de transformadores de potência.
Para a modelagem do transformador trifásico de conexão Y-Y com ambos pontos
estrela aterrados, 100 MVA, 230-34,5 kV, o software de simulação ATP fornece três
modelos disponíveis: Saturable Transformer Component, BCTRAN e o modelo Híbrido.
Ressalta-se que a conexão do transformador Y-Y foi desenvolvida com objetivo de
simplificar a conexão dos transformadores de corrente ao transformador de potência.

3.4.1.1. Saturable Transformer Component - STC

O Saturable Transformer Component foi originalmente desenvolvido para


transformadores monofásicos de N enrolamentos. Através dele é possível configurar as
impedâncias de cada um dos N enrolamentos, as relações de transformação e também a
curva de saturação. Na Figura 3.2 é representado o modelo em estrela para o Saturable
Transformer Component monofásico com N enrolamentos.
O modelo apresentado pela Figura 3.2 tem vantagem de ser facilmente estendido
à unidades trifásicas através da adição de uma indutância de magnetização de sequência
zero (Tavares, 2014).

35
Figura 3.2 Representação do circuito estrela de transformadores de N- enrolamentos

Para modelagem do transformador de potência utilizando o STC é necessária a


determinação dos parâmetros equivalentes (resistência nos enrolamentos, reatância de
magnetização e de dispersão em ambos enrolamentos) através de ensaios curto-circuito
e a vazio para transformadores.
Para consideração dos transitórios eletromagnéticos é preciso levantar e adicionar
a curva de saturação e de histerese do transformador de potência ao modelo STC. O
modelo desta curvas é baseada na adição de um indutor não linear extra no ponto estrela.
A Curva de Saturação é normalmente disponibilizada pelo fabricante, porém pode ser
estimada. Em relação a curva de histerese, esta deve ser obtida considerando várias níveis
de tensão em testes de excitação.
Apesar da aplicabilidade do modelo para transformadores de potência no âmbito
dos transitórios eletromagnéticos, o STC apresenta várias limitações quando deseja-se
avaliar o comportamento do sistema elétrico trifásico frente aos transitórios
eletromagnéticos. A seguir são listados algumas das limitações do modelo.
1. Ele não pode ser usado para mais do que três enrolamentos, pois o circuito
estrela não é valido para N>3.
2. A indutância da magnetização linear ou não-linear, com 𝑅𝑚 em paralelo, é
conectada ao ponto estrela, o qual nem sempre é o melhor ponto de
conexão.

36
3. Corresponde um modelo de grande instabilidade numérica para o caso de
três enrolamentos. Nas bibliografias consultadas, acredita-se que esse erro
seja causada por acumulação de erros de arredondamento.
4. A extensão deste modelo para representação de transformadores trifásicos
é feita através da adição do parâmetro relutância de sequência zero.
Entretanto, seu uso para unidades trifásicas é limitado. Considera-se que
para análise de unidades trifásicas, as unidades são melhores modeladas
com matrizes indutância e indutância inversa obtidas através do Modelo
BCTRANS

3.4.1.2. Modelo BCTRAN

O BCTRAN consiste de uma rotina suporte utilizada para obtenção das matrizes [L]
- [R] em que as matrizes são características de transformadores polifásicos, de dois ou
mais enrolamentos, com núcleo do tipo envolvente ou envolvido a partir dos dados dos
testes de curto-circuito e a vazio. As perdas por excitação podem ser levadas em conta
neste modelo, embora estas possam ser desprezadas para transformadores monofásicos
e trifásicos de baixa relutância ou de elevada potência.
As equações de regime permanente para transformadores polifásicos com
diversos enrolamentos podem ser expressas através da matriz impedância:
[𝑉] = [𝑍] ∙ [𝐼] (9)
Para a simulação de transitórios, a equação 9 deve ser reescrita da seguinte forma:
𝑑𝑖 (10)
[𝑉] = [𝑅] ∙ [𝐼] + [𝐿] ∙ [ ]
𝑑𝑡

Nesta equação, [R] e [L] representam a matriz de resistências e reatâncias de Z,


respectivamente, cujos elementos podem ser determinados através de testes de
excitação. O termo [𝑑𝑖/𝑑𝑡] corresponde a matriz que representa a variação temporal das
correntes.
Os cálculos realizados com as equações (9) e (10), podem trazer problemas de
singularidade, posto que que a matriz de impedância [Z] pode se tornar mal condicionada

37
para pequenas correntes de excitação ou quando essas são ignoradas. Para sanar esse
problema, rescreve-se a equação (9) através da matriz da admitância da seguinte forma:
[𝐼] = [𝑌] ∙ [𝑉] (11)
onde [Y] sempre existe e seus elementos podem ser obtidos diretamente de testes
padrões de curto-circuito. Para estudos de transitórios, [Y] deve ser dividido em seus
componentes resistivos e indutivos. Portanto, o transformador pode ser modelado
mediante a seguinte equação de estado:
𝑑𝑖
[ ] = [𝐿]−1 ∙ [𝑣] − [𝐿]−1 ∙ [𝑅] ∙ [𝑖] (12)
𝑑𝑡

As matrizes representam o comportamento linear do transformador com razoável


precisão quando submetidos a sinais desde a frequência fundamental até
aproximadamente 2 kHz (ATP, 1987). A saturação e histerese podem ser modeladas
externamente com ramos adicionais.
O BCTRAN é um modelo que determina os parâmetros equivalentes sob a forma
matricial e pode ser considerado válido para estudos em regime permanente. Entretanto,
em certos casos, leva a resultados relativamente precisos em fenômenos transitórios com
frequência de 2 kHz. É um modelo estritamente linear. A inclusão do ramo de
magnetização é feita externamente por meio de elementos não lineares conectados a um
dos terminais do transformador, o que nem sempre é topologicamente correto.

3.4.1.3. Modelo Híbrido

O Modelo Híbrido também pode ser considerado como modelo de transformador


que permite a avaliação de transitórios de baixa e média frequências. A diferença principal
entre esse modelo e os citados anteriormente é que ele leva em consideração a topologia
do núcleo e os efeitos de saturação internamente ao seu modelo, pois eles são baseados
no princípio da dualidade. Neste caso, são incluídos os efeitos da saturação para cada
coluna individual do núcleo, efeitos de dispersão e acoplamento magnético. Estes modelos
são baseados no desenvolvimento de um circuito magnético a parâmetros concentrados,
o qual representa o caminho do fluxo no núcleo e nos enrolamentos sendo posteriormente

38
convertido em um circuito elétrico equivalente usando o princípio da dualidade (MORK
et al,2007).

3.4.1.4. Determinação da modelagem do transformador de potência

Dentre os modelos avaliados, o modelo híbrido apresenta-se como o mais


completo para avaliação de transitórios de baixa e média frequência, pois leva em
consideração as características geométricas do transformador, como, por exemplo, altura
de colunas, comprimento de jugos, seção transversal dos fios que constituem os
enrolamentos, número de espiras, altura de enrolamentos, além do tipo de material de
que é constituído o núcleo. Tais características favorecem a simulação dos transitórios
em transformadores trifásicos. Entretanto, essas informações não são sempre fornecidas
pelos fabricantes desses equipamentos, especialmente para fins de estudos acadêmicos,
o que torna difícil sua implementação quando se compara com os outros dois modelos,
BCTRAN e STC. Entre os dois, avalia-se o BCTRAN como melhor representação do
transformador de 100 MVA tendo em vista que o STC apresenta maiores limitações
quando trata-se de avaliar transitórios de baixa frequência em transformadores trifásicos.

3.4.1.5. Modelagem do Transformador no BCTRAN

O transformador de potência empregado no sistema elétrico para análise da


proteção diferencial em transformadores de potência caracteriza-se pela conexão estrela-
estrela aterrado, potência de 100 MVA, relação de transformação de 230 kV para 34,5 kV
e trifásico com dois enrolamentos com frequência operacional de 60 Hz.
Os parâmetros necessários para modelagem do transformador BCTRAN são
obtidos através dos ensaios a vazio e de curto-circuito do transformador. As Tabelas 3.2
e 3.3 apresentam os parâmetros determinados através dos ensaios segundo literatura
(CONTI, 2013).

39
Tabela 3.2 - Parâmetros do transformador trifásico determinados a partir do ensaio de
curto-circuito (CONTI, 2013)

Parâmetro Símbolo Valor


Impedância de Sequência Positiva 𝑍1 12,5%
Potência de Curto Circuito de Sequência Positiva 𝑃1,𝑐𝑐 358 kW
Corrente de Curto – Sequência Positiva 𝐼1 251 A
Impedância de Sequência Zero 𝑍𝑜 11,69 %
Potência de Sequência Zero 𝑃𝑜 32,5 W
Tensão de Sequência Zero 𝑉𝑜 364,89 V
Corrente de Sequência Zero 3𝐼𝑜 17,7 A

Tabela 3.3 – Parâmetros do Transformador Trifásico determinados a partir do ensaio a


vazio (CONTI, 2013)

Tensão – V Corrente de Excitação - 𝑰𝒆 Potência de Excitação - 𝑷𝒆


𝑽𝟏𝟎𝟎% 0,120 % 73.964 W
𝑽𝟏𝟎𝟓% 0,277 % 87.090 W
𝑽𝟏𝟏𝟎% 0,789 % 105.822 W
𝑽𝟏𝟏𝟓% 3,746 % 132.388 W

Na janela de configuração do BCTRAN foi então configurado o transformador para


as características de ligação e parâmetros nominais provenientes dos ensaios a vazio e de
curto-circuito mostrados nas tabelas 3.2 e 3.3 como mostra as Figuras 3.3 e 3.4.

40
-

Figura 3.3 – Entrada de parâmetros obtidos a partir do ensaio de curto-circuito para o


transformador trifásico

Figura 3.4 - Entrada de parâmetros obtidos a partir do ensaio a vazio para o


transformador trifásico

41
A caixa de seleção Auto-add nonlinearities estão marcadas para acrescentar o ramo
de magnetização externamente ao modelo, o qual é necessário para avaliação de
fenômenos transitórios como a energização do transformador.
A respeito da modelagem de transformadores trifásicos no BCTRAN para análise
de transitórios eletromagnéticos ocasionados pela energização do transformador,
considerou o transformador distante da unidade geradora desta forma tornou-se
necessário a inserção de uma resistência em série, dessa forma, o tempo de decaimento
foi rápido, caso o transformador fosse considerado próxima à unidade geradora, o
resistoria poderia ser dispensado. O modelo BCTRAN de 100 MVA desenvolvido no
ATPDraw para os trafos 1 e 2, indicados na Figura 3.1 é represetando pela Figura 3.5.

Figura 3.5 - Modelo do transformador de potência de 100 MVA no ATPDraw

3.4.2. Transformadores de Corrente

Os transformadores de corrente (TCs) compõem, como dispositivo de enorme


importância, para os sistemas de proteção em geral. Através dos TCs é possível obter
amostras reduzidas de corrente do primário além de isolar galvanicamente o sistema
elétrico de potência do circuito de proteção, garantindo, assim, maiores níveis de
segurança e confiabilidade na operação do relé. Como já mencionado, os TCs devem
garantir que a corrente no lado do secundário seja uma reprodução fiel da corrente no
primário.
Na conexão desses dispositivos de medição junto ao transformador de potência é
importante que sejam adotadas algumas recomendações práticas utilizadas em esquemas
de proteção diferencial. Qualquer sistema elétrico constituído de um transformador de
potência ligado em conexões do tipo estrela-triângulo ou triângulo-estrela apresenta uma

42
defasagem de 30 graus entre as correntes dos lados primários e secundários do
transformador. Essa defasagem é suficiente para que provoque o aparecimento de
correntes diferenciais de destaque nos secundários dos TCs e, para corrigir esse problema
defasagem angular, é usado na prática um artifício que consiste em instalar os
equipamentos de medição (TCs) de maneira invertida às ligações do transformadores
principal. Dessa forma, para um transformador ligado em estrela-triângulo, por exemplo,
usam-se os TCs conectados em triângulo-estrela, e vice-versa (Caminha, 1977). A Figura
3.6 apresenta um esquema de ligação dos TCs em um transformador de potência estrela-
triângulo está conectado de maneira invertida, triângulo-estrela (Kindermann, 2005).

Figura 3.6 Conexão dos TCs ∆ − 𝑌 em um transformador de potência 𝑌 − ∆ (Kindermann,


2005)
Nos casos de transformadores trifásicos em que as correntes de linha do lado
primário e secundário não apresentam deslocamento angular de fase, as ligações dos TCs
devem ser preferencialmente em Y em ambos os lados. A ligação em estrela é preferencial,
mas se houver problemas na proteção diferencial para casos de falta fase-terra fora da
região de proteção do transformador, deve-se utilizar outra ligação.
Com o desenvolvimento dos relés digitais, essa preocupação quanto a configuração
dos transformadores e a conexão dos TCs aos seus enrolamentos tem diminuído cada vez
mais, pois em relés digitais existe a possibilidade de ajustar continuamente os tapes dos
transformadores de corrente até que, a diferença entre as correntes primárias e
secundárias sejam totalmente anuladas.

43
Para o trabalho foram utilizados dois TCs, um (o primeiro) com relação de
transformação de 200:5 A no lado do enrolamento de alta tensão e o outro (o segundo)
com relação de transformação de 1200:5 A no lado do enrolamento de baixa tensão.
A família de curvas de excitação do TC da SEL (Schweitzer Engineering
Laboratories), escolhido para aplicação, é mostrada na Figura 3.7. A partir desta, aplicou-
se a rotina SATURATION, interna ao ATP, para a obtenção da curva fluxo –corrente
necessária para considerar o efeito de saturação no TC.

Figura 3.7 - Curva Característica do TC da SEL (Folkers, 1999)

3.4.3. Modelo de linha de transmissão e de carga elétrica


conectada ao fim da linha

As linhas de transmissão presentes no sistema elétrico modelado, pela Figura 3.1,


devem atender às necessidade do estudo a respeito de transitórios eletromagnéticos.
O bloco escolhido para modelagem correspondeu ao LINES Y 3 na qual pede-se os
parâmetros de resistência e indutância para sequência positiva e sequência zero. As duas
linhas utilizadas correspondem a um modelo hipotético com características semelhantes

44
a linhas de 34,5 kV de acordo a literatura. A Tabela 3.4 apresenta os dados de sequência
positiva (R1 e L1) e para sequência zero.

Tabela 3.4 Dados equivalentes para modelagem de ambas linhas de transmissão

Parâmetros (Sequência Zero) Valor Parâmetros (Sequência Positiva) Valor


Ro 6,7394 Ω R1 3,6898 Ω
Lo 14,9194 Ω L1 8,6464 Ω

A carga conectada ao final da linha de transmissão de 34,5 kV é projetada para uma


carga média de 50 MVA com fator de potência em 0,92 através do bloco do ATP RLC Y 3.
A Tabela 3.5 resume os valores de resistência e indutância para a carga modelada.

Tabela 3.5 Dados de carga ligadas ao fim da linha de transmissão

Carga Potência Z R1 L1 𝒄𝒐𝒔 (𝜽)

Unidades (MVA) (Ω) (Ω) (mH) Ind


Média 50 23,8050 21,9006 24,7476 0,92

3.4.4. Gerador

O gerador foi modelado utilizando uma fonte de tensão trifásica de frequência


nominal de 60 Hz e uma pequena impedância equivalente. Os dados e parâmetros do
gerador são apresentados na Tabela 3.6.
Tabela 3.6 Dados e parâmetros do gerador
Tensão 230 kV
Frequência 60 Hz
Ro 0,317 Ω
Lo 5,632 Ω
R+ 0,3072 Ω
L+ 2,4571 Ω
Sinal Senoidal
Para avaliação do aparecimento de correntes de magnetização provocadas pela
sobre-excitação do transformador, foi necessário inserir/acionar uma nova fonte de
tensão de 350 kV no sistema elétrico durante a operação do transformador. A fonte
45
inserida, exceto pelo valor nominal de tensão, apresenta as mesmas características do
gerador mostrado pela Tabela 3.6.

3.4.5. Relé Diferencial

O relé diferencial utilizado neste trabalho é o tipo percentual, desenvolvido


matematicamente através do ambiente MATLAB. A lógica de programação foi dividida
em: aquisição dos dados discretos fornecidos pelas simulações realizadas no ATPDraw,
interpolação dos dados discretos para garantir que todas as curvas apresentem a mesma
frequência de amostragem (fs), um filtro passa-baixa configurado para uma frequência de
corte, fc, de 100 Hz, interpolação NPC (número de pontos por ciclo) configurando
amostragem em 16 pontos por ciclo, estimação de fasores e lógica de operação do relé
diferencial através do gráfico de operação e do BIAS. Na Figura 3.8 apresenta-se o
fluxograma da lógica de programação do relé diferencial 87T modelado no MATLAB.

Filtro Passa-
Aquisição de Baixa (fc=300 Estimação de
Dados Hz) Fasores

Interpolação Interpolação Lógica de


para fs=4kHz NPC (16 Operação do
pontos/ciclo) Relé (BIAS e
gráfico de
oepração)

Figura 3.8 - Fluxograma do algoritmo do relé diferencial percentual 87T desenvolvido


MATLAB

46
Capítulo 4 – Metodologia Aplicada e Análise dos Resultados
Observados

4.1. Introdução

O presente capítulo foi elaborado com dois objetivos principais: primeiramente,


delinear a metodologia aplicada nas simulações realizadas no ATP, evidenciando todos os
procedimentos envolvidos, e, em segundo lugar, avaliar a operação do relé diferencial
percentual 87T, expondo os resultados encontrados e analisando seu comportamento
frente a condições especiais de operação do Sistema Elétrico de Potência.
A avaliação do sistema de proteção diferencial é fundamentada nos seguintes
critérios:
 Atuação do relé diferencial frente a condições de faltas internas no núcleo
do transformador, tais como curtos-circuitos monofásico, bifásico e
trifásico;
 Continuidade no fornecimento de energia ao transformador frente a faltas
externas ao transformador e fora da região de proteção do relé diferencial;
 Capacidade dos TCs de não saturar devido ao aparecimentos de elevados
picos de corrente ocasionados por faltas;
 Capacidade do relé diferencial de não atuar em situações de sobre-excitação
do sistema, energização solidária, energização singela e remoção de curto-
circuito externo próximo ao transformador;
 Levantamento do conteúdo dos harmônicos presentes no sistema elétrico
estudado.

4.2. Metodologia aplicada

A primeira etapa do procedimento para avaliação da proteção diferencial em


transformadores de potência consistiu na modelagem de todos os componentes do
sistema elétrico, conforme mencionado no capítulo anterior, através do software
ATPDraw. Posteriormente, foram executadas as simulações de falta interna, falta externa

47
e de casos especiais de operação, tais como energização singela e solidária, saturação dos
TCs, sobre-excitação do transformador de potência e remoção de falta externa.
As amostras reduzidas de corrente coletadas pelos transformadores de corrente
foram então exportadas para o código de programação do relé diferencial 87T no software
MATLAB, o qual, após o tratamento dos dados, fornece as curvas do primário e do
secundário do transformador de potência, bem como os gráficos de operação e do Bias do
relé diferencial.
A Figura 4.1 apresenta o sistema elétrico modelado segundo as configurações
determinadas no capítulo anterior.

Figura 4.1 – Sistema elétrico modelado para avaliação da proteção diferencial percentual
em transformadores de potência

Foram executadas no total 13 simulações, sendo que para cada uma o sistema
elétrico apresentado pela Figura 4.1 foi configurado de maneira distinta para uma análise
específica. A seguir, destacam-se as principais considerações para cada simulação.

48
4.2.1.1. Faltas internas e Externas ao transformador de potência

Primeiramente, entende-se que a ocorrência das faltas internas origina-se dentro


da região de proteção do relé diferencial, logo a inserção de curtos de natureza
monofásica, bifásica e trifásica no ponto indicado pela letra A no sistema elétrico moelado
pela Figura 4.1 corresponde à aproximações as faltas internas. Para as faltas externas, sua
ocorrência registra-se fora da região de proteção, portanto no ponto indicado pela letra B
no sistema elétrico estudado.
Em ambas as condições de falta, interna e externa, o sistema foi submetido a
curtos-circuitos monofásicos, bifásicos e trifásicos, introduzidos na pior condição para a
fase A, isto é, no instante em que amplitude de tensão fase A é nula.
A Tabela 4.1 apresenta o status de operação dos 7 disjuntores que constituem o
SEP (Sistema Elétrico de Potência).

Tabela 4.1 Status dos disjuntores para simulações de falta interna e externa

Disjuntor Status Disjuntor Status


D1 Fechado D4 Aberto
D2 Aberto D5 Aberto
D3 Fechado D6 Fechado

Nestas simulações não foram consideradas as não-linearidades do transformador.


Por fim destaca-se que o tempo de simulação foi configurado em 0,30 segundos, período
de amostragem de 1𝑥10−4 𝑠 e tempo de ocorrência das contingências em 95,95 ms.

4.2.2. Saturação dos transformadores de corrente (TCs)

A saturação dos transformadores de corrente é uma das condições especiais que


pode acarretar na má operação do relé diferencial em transformadores de potência frente
a ocorrência de uma falta externa. A saturação dos TCs ocorre quando a corrente de
excitação atinge valores tão elevados que supera a tensão de joelho da curva característica
do TC, mostrada pela Figura 3.7, dessa forma entrando na região de saturação. A
consequência da saturação dos TCs resume-se no fato dos TCs produzirem correntes com
forma de onda distorcido para faltas. Para a consideração da saturação dos

49
transformadores, configurou-se a impedância do secundário para operar no limite da
região de operação, ou seja, na tensão de joelho da curva característica para ambos os
transformadores de corrente.
As simulações executadas considerando o efeito de saturação dos TCs consistiram
em inserir faltas externas, sendo elas introduzidas no ponto B do sistema elétrico através
de curtos-circuitos monofásicos, bifásicos e trifásicos.
O status de operação dos disjuntores foi equivalente às simulações de faltas
internas e externas indicadas pela Tabela 4.1.
Não foram consideradas as não-linearidades do transformador de potência e a
simulação apresentou as seguintes configurações: período de amostragem de 0,1 ms,
tempo de simulação de 0,5 s e tempo de ocorrência da falta externa em 0,2871 s.

4.2.3. Sobre-Excitação do Transformador de Potência

A sobre-excitação em transformadores de potência ocorre normalmente quando


há elevação da corrente de excitação do núcleo do transformador de potência, e,
consequentemente, a elevação da temperatura do núcleo do transformador, efeito
característico da presença de altas correntes de Foucault. Além do aparecimento das
correntes de Foucault, ocorre um aumento significativo das correntes parasitas nas partes
não laminadas do núcleo que podem rapidamente produzir fugas térmicas e danos ao
equipamento. Aparecimento de correntes induzidas nas partes laminadas do núcleo que
podem criar gradientes de tensão suficientes para quebrar a isolação entre lâminas,
provocando um dano permanente ao núcleo, que se torna incapaz de conduzir até mesmo
o fluxo nominal sem a presença de arcos elétricos (Paulo, Salge, & Moreira, 2012).
Para a simulação da condição de sobre-excitação do transformador de potência, a
metodologia proposta para obtenção de uma tensão acima da nominal consistiu em
conectar uma fonte de tensão em paralelo a fonte de tensão nominal na entrada do
sistema elétrico sem que houvesse a simultaneidade da operação de ambas. A fonte de
tensão 230kV operou até o instante de 1 segundo quando o disjuntor D1 foi aberto e
instantaneamente o D2 foi fechado para operação da fonte de tensão de 350 kV. A Tabela
4.2 apresenta o status dos disjuntores durante o tempo de simulação T.

50
Tabela 4.2 - Status dos disjuntores para a simulação de sobre-excitação

Disjuntor Status Disjuntor Status Disjuntor Status


T <1,0s – Fechado
D1 D3 Fechado D5 Aberto
T >1,0s - Aberto
T <1,0s – Aberto
D2 D4 Aberto D6 Fechado
T >1,0s - Fechado

Nesta simulação, como trata-se de casos de sobre-excitação em que a saturação do


núcleo acarreta na produção das correntes de inrush, foram consideradas não-
linearidades do transformador de potência. A simulação apresentou as seguintes
configurações: período de amostragem de 0,1 ms e tempo de simulação de 2,0 s.

4.2.4. Energização singela e solidária

A energização singela e solidária são os casos mais típicos de surgimento das


correntes de inrush. A energização singela corresponde ao fenômeno em que um
transformador é energizado enquanto a energização solidária consiste em energizar um
transformador em paralelo a outro transformador que já se encontre em operação. As
correntes de inrush para esse fenômeno surgem sempre que a polaridade e a magnitude
do fluxo residual transformador a ser energizado forem diferentes da polaridade e da
magnitude do valor instantâneo do fluxo de regime permanente.
Para a realização das simulações de energização tornou-se necessário algumas
considerações em relação ao status dos disjuntores do sistema elétrico e também sobre
parâmetros do transformador de potência, as quais foram:
 Na energização singela do Trafo 1 e na energização solidária do Trafo 2, o
secundário do transformador é desconectado da sua respectiva linha pois o
processo de energização comumente ocorre com Trafo a vazio;
 Na energização singela, o disjuntor D4 é permanentemente mantido em
aberto;
 Na simulação da energização solidária, primeiramente energiza-se o Trafo
1 aguardando instante em que o sistema entre em regime permanente para
acionamento da energização do Trafo 2;

51
 O Disjuntor D2 referente a condição de sobre-excitação é permanentemente
mantido em aberto;
 Como trata-se de fenômenos onde há o aparecimento das correntes de
inrush, considerou-se as não-linearidades do transformador de potência
modelado no capítulo anterior.
Para fins de análise, foi simulada também a energização singela com o secundário
dos transformadores de potência já conectados a linha de transmissão.
As simulações para energização singela e solidária apresentaram as seguintes
configurações: período de amostragem de 0,1 ms e tempo de simulação de 0,5 s
(Energização Singela) e 0,6s (Energização solidária).

4.2.5. Remoção de faltas externas próximas ao transformador


de potência

A simulação de remoção de falta externa próxima ao transformador de potência


ganha sua importância ao registrar variações de tensões durante e após a falta. Essa
transição provoca também a variação do fluxo concatenado do transformador e por
consequência provoca o surgimento de uma corrente de inrush com uma componente
contínua.
A simulação para esse caso especial consistiu em seguir os seguintes
procedimentos:
 Energizar o TRAFO 1 de maneira adequada, ou seja, com o secundário
aberto.
 Conectar a linha de transmissão do Trafo 1 ao sistema após a energização.
 Provocar uma falta externa fora da região de proteção (Ponto B indicado na
figura 4.1)
 Após um curto intervalo de tempo, remover a falta externa e observar a
operação do relé diferencial
Para essa simulação foram considerados as não-linearidades do transformador de
potência e o status de operação dos disjuntores nesse caso é resumida pela Tabela 4.3 a
seguir.

52
Tabela 4.3 - Status dos disjuntores para a simulação de remoção de falta externa próxima ao
transformador de potência

Disjuntor Status Disjuntor Status


D1 Aberto D4 Aberto
D2 Aberto D5 Aberto
T <0.1 s – Aberto
D3 Fechado D6
T >0.1 s - Fechado
A simulação é configurada da seguinte forma: período de amostragem de 0,1 ms e
tempo de simulação de 0,4 s.

4.3. Apresentação e análise dos resultados observados

Antes de avaliarmos o sistema de proteção diferencial utilizando o relé diferencial


87T, é necessário tomar conhecimento da nomenclatura empregada e dos tipos de
oscilografias mostradas a seguir. Serão apresentados três tipos de oscilografias, das quais
uma representará os dados originais mensurados pelos transformadores em duas janelas,
superior e inferior, a superior representa as curvas obtidas do lado primário do
transformador de potência e a inferior as curvas obtidas para o lado do secundário do
transformador de potência. A segunda oscilografia apresenta o gráfico de operação do relé
diferencial (𝐼𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑥 𝐼𝑟𝑒𝑠𝑡𝑟𝑖çã𝑜 ) na janela superior e o gráfico BIAS, o qual amostra o
percentual da corrente diferencial na escala do tempo. Em ambas as representações é
possível visualizar a possibilidade de ocorrência da atuação do relé diferencial para dois
ajustes (25% e 40%), sendo que a atuação do relé é caracterizada quando a presença de
pontos superiores as curvas de ajuste de 25% e 40%, seja no gráfico de operação ou no
gráfico BIAS. A terceira oscilografia apresenta o conteúdo de harmônicos existentes no
sistema elétrico de potência avaliado para a fase C do primário do transformador de
potência.
Por fim, ressalta-se que para determinadas condições de simulações, foram
apresentadas outras oscilografias a fim de permitir uma melhor avaliação do
comportamento do sistema de proteção e do distúrbio simulado.

53
4.3.1. Operação normal sem a presença de faltas ou condições
especiais de operação

A simulação do sistema elétrico em condição normal, apresentada na Figura 4.1


objetivou avaliar o comportamento em regime permanente do sistema de proteção
diferencial para que fosse comparada com as contingências simuladas a seguir. Através
das Figuras 4.2, 4.3 e 4.4, foi possível avaliar a não atuação do relé e ausência de conteúdo
de harmônico considerável no sistema.

Figura 4.2 – Curvas de corrente do primário e secundário do transformador de potência


em condições normais

Figura 4.3- Análise da Operação do Relé Figura 4.4 - Análise do harmônicos do


em condições normais sistema elétrico em condições normais
(fase C)
54
4.3.2. Faltas Internas

Os resultados obtidos para as simulações das faltas internas no transformador de


potência apresentou o comportamento esperado do relé diferencial com o envio da
condição de trip ao disjuntor para faltas de qualquer tipo dentro da região de proteção.
No curto-circuito monofásico, apenas a fase que originou a falta interna apresentou
corrente diferencial superior a corrente de restrição do relé diferencial nas duas formas
de ajuste, 25% e 40%. Para os curtos-circuitos bifásico e trifásico, observou-se o mesmo
comportamento nas fases afetadas. As Figuras 4.5, 4.6 e 4.7 apresentam os resultados
obtidos para a falta interna do tipo trifásico. Destaca-se que não foi registrado harmônicos
de 2ª, 3ª e 5ª no sistema elétrico, apenas a componente fundamental e a componente
contínua, característica intrínseca de curtos-circuitos assimétricos.

Figura 4.5 - Curvas de corrente no primário e secundário do transformador de potência


em condição de falta interna do tipo trifásico

55
Figura 4.6 - Análise da operação do relé Figura 4.7 - Análise dos harmônicos do
diferencial em condição de falta interna sistema Elétrico em condição de falta
do tipo trifásico interna do tipo trifásico (fase C)

4.3.3. Faltas Externas

A filosofia de operação da proteção diferencial em transformadores de potência


para faltas externas à região de proteção é de não atuação, pois a atuação do relé visa
apenas faltas internas ao transformador.
Na simulação de faltas externas inserindo um curto-circuito monofásico, bifásico
ou trifásico no ponto B representado no sistema elétrico da Figura 4.1, o esperado era que
o relé diferencial não atuasse para nenhum ajuste. Entretanto o que se observou foi que
após a ocorrência da falta externa, o relé diferencial de ajuste de 25% entrou em operação.
Uma das principais causas para operação inadequada do relé diferencial correspondeu a
falta de casamento entre as relações de transformação dos TCs (200:5, para o primário, e
1200:5, para o secundário) com a relação de transformação do transformador de potência
(230kV-34.5 kV). Desta forma pontuou-se que para extinção desse erro, o sugerido era
correção da relação de transformação via programação do relé diferencial tendo em vista
que não há transformadores de corrente comerciais que atendem a relação de
transformação do transformador de potência em estudo.

56
Nas Figuras 4.8, 4.9 e 4.10 são apresentados as curvas de corrente do primário e
secundário do transformador de potência obtidas pelos TCs, da análise da operação do
relé diferencial e dos harmônicos presentes no Sistema Elétrico para condição de falta
externa trifásica, respectivamente. Ressalta-se que o sistema de proteção comportou-se
da mesma maneira para uma falta externa monofásica e bifásica.
Assim como nas faltas internas, não foi evidenciado harmônicos superiores à
frequência fundamental, conforme pode ser observado a partir da Figura 4.10.

Figura 4.8 - Curvas de corrente no primário e secundário do transformador de potência


em condição de falta externa nas três fases

57
Figura 4.9 - Análise da operação do relé diferencial em condição de falta interna do tipo
trifásico

Figura 4.10 - Análise dos harmônicos presentes no sistema elétrico em condições de


falta externa de natureza Trifásica (fase C)

58
4.3.4. Saturação de TCs

Na simulação da saturação dos transformadores de corrente configurou-se a


impedância da carga para que, na ocorrência de uma falta externa, o TC fosse levado a
saturação. Em todas as simulações das faltas externas em uma fase, duas fases e em três
fases houve atuação do relé diferencial. Destaca-se nesta simulação o alto índice de
distorção na curva de corrente, tanto no primário como no secundário do transformador
de potência obtido pelos TCs, como se pode visualizar pela Figura 4.11.

Figura 4.11 – Curvas de Corrente do lado primário e secundário do transformador de


potência para a condição de saturação de TCs

O estimador de fasores, desenvolvido internamente na programação do relé


digital, se destacou ao reduzir substancialmente as distorções proeminentes das curvas
de corrente, como se pode visualizar no resultado da Figura 4.12. Entretanto, tal
procedimento não foi suficiente para que o relé atuasse adequadamente.

59
Figura 4.12 - Resultado da função interna do relé de estimação de fasores para condição
de saturação de TCs

Como dito, o relé diferencial atuou tanto para o ajuste de 25% como para o de 40%.
Na Figura 4.13 é possível observar a análise da operação do relé diferencial para condição
de falta externa trifásica em que se considera a saturação do TC.
Destaca-se que, nesta simulação na qual o núcleo do transformador de corrente é
saturado, há o aparecimento de harmônicos de segunda ordem e terceira ordem sendo
que representam respectivamente 22,6% e 8,26% do espectro de corrente da
componente fundamental. A Figura 4.14 mostra a presença de harmônicos de segunda e
terceira ordem no sistema elétrico estudado.

60
Figura 4.13 - Análise da operação do relé diferencial na condição de saturação dos TCs
devido ao surgimento de uma falta externa trifásica

Figura 4.14 – Análise dos harmônicos presentes no sistema elétrico estudado (fase C)

61
4.3.5. Sobre-excitação

A simulação para a condição de sobre-excitação foi realizada através da inserção


de uma fonte de tensão de 350 kV, 150% da tensão nominal de 230 kV, após 1 segundo de
simulação. Instantaneamente a fonte de tensão nominal 230 kV é desconectada do
sistema elétrico avaliado mantendo-se apenas a fonte de 350 kV. Na Figura 4.15 é possível
observar as distorções de corrente provocadas no lado primário pela sobre-excitação do
núcleo do transformador. Tais distorções foram suficientes para levar o relé diferencial à
má operação, como pode ser visualizado pela Figura 4.16.

Figura 4.15 – Curvas de corrente do lado primário e secundário para a condição de


sobre-excitação

62
Figura 4.16 – Análise da operação do relé diferencial em condições de sobre-excitação

Nesta condição de sobre-excitação, o gráfico Bias apresenta-se como melhor meio


de análise, pois através dele é possível distinguir os pontos que levaram a operação do
relé diferencial através de sua escala temporal. Essa distinção é importante pois como
nesta situação considera-se as não-linearidades do transformador, apresenta-se dois
fenômenos que provocam o surgimento das correntes de inrush, a energização singela no
instante inicial da simulação e no instante de 1 segundo a sobre-excitação.
A respeito das componentes harmônicas, o transitório eletromagnético provocado
pela sobre-excitação acarreta em um aparecimento expressivo/significativa da
componente harmônica de terceira ordem. Na Figura 4.17 mostra-se as componentes
harmônicas presentes no sistema elétrico estudado.

63
Figura 4.17 - Conteúdo de harmônicos presentes no sistema elétrico de potência em
condições de sobre-excitação (fase C)

4.3.6. Energização Singela

Através dos resultados obtidos para a energização singela, foi possível observar e
analisar o comportamento da corrente de magnetização durante energização do
transformador. As curvas de corrente para as três fases apresentaram grandes
disparidades em forma de onda, amplitude e fase como se pode visualizar pela Figura
4.18. Destaca-se nesta figura a ausência da corrente no secundário devido ao fato de
processos de energização ocorrerem com o secundário do transformador em aberto.
Porém, a título de análise, foi simulado a energização do transformador já conectado a
linha de transmissão. Neste caso houve redução das distorções nas curvas de corrente nas
três fases sendo maior na fase A como se pode visualizar na Figura 4.19.
As Figuras 4.20 e 4.21 ilustram o conteúdo dos harmônicos de segunda, terceira e
quinta ordem encontrados para cada caso simulado. As componentes de segunda ordem
e quinta ordem constituem-se como uma das principais características da corrente de
magnetização e como principal causa da atuação indesejável do relé diferencial
percentual comum. Em relés diferenciais com restrição ou de bloqueio de harmônicas de
segunda e quinta ordem, o sistema de proteção diferencial é mais eficiente.

64
O conteúdo de terceira ordem encontrado na simulação para energização dos
transformadores é resultado do desequilíbrio entre fases ocasionado em consequência do
fenômeno transitório e também pelo fato da configuração do sistema representado ser
estrela com neutro aterrado. Dessa forma, para evitar erros na atuação da proteção
diferencial comum, as correntes de sequência zero devem ser subtraídas das correntes
.medidas no enrolamento conectado em estrela.

Figura 4.18 - Curvas de corrente no primário e no secundário do transformador de


potência em condições de energização singela sem conexão à LT

65
Figura 4.19 - Curvas de corrente no primário e no secundário do transformador de
potência em condições de energização singela com conexão à LT

Figura 4.20 - Conteúdo de harmônicos para condições de energização singela sem


conexão à LT (fase C)

66
Figura 4.21 - Conteúdo de harmônicos presentes no SEP para condições de energização
singela com conexão à LT (fase C)

Conforme esperado, o sistema de proteção diferencial percentual 87T entrou em


operação devido ao aparecimento das correntes de inrush. As Figuras 4.22 e 4.23
representam a análise da operação do relé diferencial.

Figura 4.22 – Análise da operação do relé diferencial percentual em condição de


energização singela sem conexão à LT
67
Figura 4.23 - Análise da operação do relé diferencial comum em condição de
energização singela com conexão do secundário do transformador à LT

4.3.7. Energização Solidária

A simulação para o caso de energização solidária, em que um transformador de


potência é energizado enquanto outro está em operação, apresentou resultados os quais
não impactaram no funcionamento do sistema de proteção diferencial do transformador
em operação, conforme pode ser visualizado no gráfico de operação do relé diferencial no
momento (T=0,20s) da energização do segundo transformador, Figura 4.24.

68
Figura 4.24 - Análise da operação do relé diferencial comum em condição de energização
solidária

Apesar da não atuação do relé diferencial, chamou-se atenção para o registro de


uma elevada sobrecorrente no ramo que antecede os dois transformadores quando o
segundo transformador (Trafo 2) foi energizado. Essa sobrecorrente, conforme pode ser
vista pela Figura 4.25, foi superior à primeira energização e apresenta potencial para
sensibilizar indesejavelmente relés de sobrecorrente comumente instalados na entrada
dos transformadores.

69
Figura 4.25 – Análise da corrente drenada do gerador pelos dois transformadores, Trafo
1 e Trafo 2

Em relação ao conteúdo de harmônicos não foi encontrado nenhuma harmônica


considerável após a energização solidária, apresentando assim um gráfico de análise de
harmônicos similar ao de operação normal com apenas uma pequena parcela pouco
significativa de 3ª e 5ª ordem conforme se visualiza na Figura 4.26.

Figura 4.26 - Conteúdo de harmônicos presentes no SEP para condições de energização


solidária (fase C)
70
4.4. Remoção de falta externa

A condição de remoção de falta externa foi simulada provocando em um primeiro


momento um curto-circuito nas três fases externamente a região de proteção (no ponto
B do sistema elétrico apresentado pela Figura 4.1). Após 0,3 segundos da ocorrência da
falta externa, o curto-circuito é removido quando os enrolamentos do transformador
observaram uma sobre-tensão devido a rejeição de carga. Deste modo, o fluxo de
magnetização também foi elevado, conforme a equação 7. A transição do fluxo de
magnetização acarretou no registro de correntes de magnetização de menores
magnitudes, pois não há fluxo remanescente durante esse fenômeno. A presença de
harmônicos de segunda e quinta ordem não foram tão relevantes como no caso da
energização singela. A Figura 4.27 apresenta o conteúdo de harmônicas presentes
durante a simulação de remoção de falta externa. Destaca-se na análise do composição
das harmônicas presentes no sistema, as componentes contínuas (ordens abaixo da
frequência fundamental) e os ruídos ocasionadas pela remoção do curto-circuito.

Figura 4.27 - Conteúdo de harmônicos presentes no SEP para condições de remoção de


faltas externas próximas ao transformador de potência (fase c)

71
O deslocamento da curva devido a componente contínua e a presença de
harmônicos de segunda ordem provocaram a sensibilização do relé diferencial após a
remoção da falta externa tanto para o relé de ajuste de 25% como para o de 40% como
apresenta no gráfico do relé diferencial percentual 87T na Figura 4.28.

Figura 4.28 – Análise da operação do relé diferencial para condição de remoção de falta
externa próxima ao transformador de potência

4.5. Resumo Geral dos Resultados Simulados

A Tabela 4.4 apresenta uma compilação de todas as situações analisadas para o


sistema de proteção diferencial com relé diferencial comum indicando quais fases
levaram o relé a atuação e se esta atuação foi correta ou incorreta.
Analisa-se através da Tabela 4.4 que o relé diferencial percentual 87T com ajuste
de 25% e 40% não é suficiente para lidar com as situações de energização de
transformadores, saturação de TCs, descasamento na relação de transformação entre
transformadores de potência e de corrente, sobre-excitação e remoção de falta externa
próximo ao transformador de potência. Para elevar a confiabilidade do sistema de

72
proteção diferencial, sugere-se adoção de funções de restrição ou bloqueio de
harmônicos, compensação de sequência zero e de relés digitais com ajustes automáticos
que permitam o casamento ideal entre transformador de potência e de corrente.

Tabela 4.4 Resumo dos casos simulados para o sistema de proteção diferencial no
transformador de potência de 100MVA
Atuação
Atuação
87T - Operação Operação
Caso Descrição 87T – 40%
25%

A B C Correta/Incorreta A B C Correta/Incorreta

1 Operação Normal em Regime Permanente - - - Correta - - - Correta


2 Curto-Circuito Monofásico Externo  - - Incorreta - - - Correta
3 Curto-Circuito bifásico Externo  - - Incorreta - - - Correta
4 Curto-Circuito trifásico Externo  - - Incorreta - - - Correta
5 Curto-Circuito Monofásico interno  - - Correta  - - Correta
6 Curto-Circuito bifásico Interno   - Correta   - Correta
7 Curto-Circuito trifásico interno    Correta    Correta
8 Saturação de TCs – Falta Externa Trifásica    Incorreta    Incorreta
9 Energização Singela sem carga -   Incorreta -   Incorreta
10 Energização singela com carga -   Incorreta -   Incorreta
11 Energização Solidária - - - Correta - - - Correta
12 Sobre-excitação    Incorreta    Incorreta
13 Remoção de Falta Externa  - - Incorreta  - - Incorreta

73
Capítulo 5 - Conclusão

O presente trabalho apresentou uma metodologia para análise de casos especiais


em sistemas elétricos de potência que podem provocar a má operação de sistemas de
proteção diferencial em transformadores de potência acima de 5 MVA.
A modelagem dos componentes do sistema elétrica no ATPDraw foi de grande
importância para a consideração dos transitórios eletromagnéticos de baixa-frequência
originados em processos de energização singela e solidária de transformadores de
potência, bem como em processos de sobre-excitação e remoção de faltas externas. Nesse
âmbito da modelagem do sistema elétrico, faz-se uma ressalva quanto a validade do
modelo BCTRANs o qual apresentou várias limitações quanto ao fato de não considerar o
acoplamento magnético entre fases e pelo ponto de não permitir a simulação de faltas
internas dentro do transformador como as faltas entre espiras nos enrolamentos e espira-
terra, sendo a espira-terra caracterizada pelo curto-circuito da espira com outro ponto no
transformador que apresente um caminho para terra, como é o caso da carcaça.
Através do ATPDraw foram simulados casos de curtos monofásicos, bifásicos e
trifásicos, internos e externos à zona de proteção e situações especiais de energização
singela e solidária de transformador de potência, saturação de TCs, sobre-excitação e
remoção de faltas externas. Foi constatado que a função 87T do relé diferencial percentual
não é suficiente para lidar com condições de transitórios eletromagnéticos, necessitando-
se assim a implementação de funções específicas do relé diferencial que levem o sistema
de proteção para uma operação correta frente a transitórios e deslocamentos provocados
pela componente contínua.
Em termos acadêmicos, o trabalho apresentou uma interdisciplinaridade
interessante abordando várias áreas da Engenharia Elétrica como: sistemas de proteção,
análise de harmônicos em SEP, transitórios eletromagnéticos e desenvolvimento de um
algoritmo computacional.
Como propostas para trabalhos futuros, têm-se:
 Avaliação específica das faltas internas (curto-circuito entre espiras e
espira-terra) para enrolamentos conectados em estrela e em delta.

74
 Avaliação dos efeitos de saturação em transformadores de correntes
provocados por faltas internas no núcleo do transformador. Os harmônicos
gerados pela saturação podem retardar o envio do sinal e a distorção pode
fazer com que a corrente diferencial encontre-se na região de restrição.
 Desenvolvimento de algoritmos especiais de proteção diferencial de
transformadores de potência que operam adequadamente quando há o
aparecimento de correntes com harmônicos relevantes de 2ª, 3ª e 5ª
ordem. Destaca-se os algoritmos de restrição e bloqueio de harmônicos e o
de compensação de sequência zero.
 Aplicação da metodologia de análise do impacto de transitórios
eletromagnéticos em diferentes segmentos da proteção de sistemas
elétricos de potência, como por exemplo, à proteção de linhas de
transmissão, de barramentos, máquinas e de geradores.
 Aplicação da mesma metodologia para diferentes transformadores de
potência e diferentes modelos de transformadores de potência no
ATPDraw.
 Avaliação da proteção diferencial sobre os efeitos de rejeição de carga e
chaveamento de banco de capacitores.

75
Referências Bibliográficas

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condições transitórias, levando em consideração os efeitos de saturação e
histerese do núcleo ferromagnético. Dissertação de Mestrado, pp. 118. Campo
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PARA GERADORES E TRANSFORMADORES. Brasil: Conprove Indústria e Comércio
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Wright, A. (1968). Current Transformers, their transient and Steady State Perfomance.
London: Chapman & Hall. p. 77.

77
ANEXO I– Algoritmo Computacional do relé
Diferencial 87T

5.1. Leitura dos Dados

clear all;
close all;

%Dados de entrada
NFILTRO = 2;
FCORTE = 300;
NPC = 16;
F0 = 60;
%-----------------------------------------------------
% 1a PARTE: Leitura dos dados
% Leitura dos dados

load nomedoarquivo.out
ORIENTRADA = nomedoarquivo

% Dados discretizados importados do ATPDraw

ORI = [ORIENTRADA(:,1) ORIENTRADA(:,2) ORIENTRADA(:,3) ORIENTRADA(:,4)


ORIENTRADA(:,5) ORIENTRADA(:,6) ORIENTRADA(:,7)];

% Plota dados originais


plota_curvas(ORI,1,'Dados Originais');

5.2. Interpolação de Dados

%-----------------------------------------------------
% 2a PARTE: Interpolacao para FAP
% Interpola para FAP = 4KHz
%Através da interpolação, pode-se construir uma função que aproximadamente
% se "encaixe" nestes dados pontuais, conferindo-lhes, então, a
continuidade desejada.

FAP = 4000;
Ti = ORI(1,1);
Tf = ORI(end,1);
Tap = (Ti:(1/FAP):Tf)'; %interpola na nova frequencia
[Yap] = (interp1(ORI(:,1),ORI(:,2:end),Tap)); %1 Coluna ja e o tempo. ORI
exclui a coluna de numeros de barra
PAR = [Tap Yap]; %Matriz com T e os dados interpolados(4000hz)

78
% Plota dados interpolados para FAP
%plota_curvas(PAR,2,'2 - Dados interpolados em FAP');
figura2='_interpolacao'

5.3. Filtragem

%-----------------------------------------------------
% 3a PARTE: Filtragem
% Projeto do filtro passa-baixa
NFILCOR = NFILTRO/2; %ordem do filtro
FNYQ = FAP/2;
FNOR = FCORTE/FNYQ;
[B1,A1] = butter(NFILCOR,FNOR); %coeficientes da ft filtro calculados
% Executar a filtragem dupla
FIL = PAR; %renomeia matriz dados
FIL(:,2:end) = filtfilt(B1,A1,PAR(:,2:end)); %Filtragem passa baixa
% Calcular o ganho em 60 Hz (H0)
F = [0 60];
H = freqz(B1,A1,F,FAP); %Calculo ganho filtro (Usado depois para voltar
amplitude original)
H60 = H(2);
%pause
FIL(:,2:end) = FIL(:,2:end)/(abs(H60)^2); %Novos dados filtrados para 100Hz
% Plota dados interpolados para FAP
plota_curvas(FIL,3,'3 - Dados filtrados');

5.4. Interpolação NPC

%-----------------------------------------------------
% 4a PARTE: Interpolacao para NPC
% Padronizacao do numero de pontos por ciclo
%Interpola semelhante a funcao acima para 16 Pontos por ciclo
FAA = NPC*F0; %16*60 = 960hz
Ti = ORI(1,1);
Tf = ORI(end,1);
Taa = (Ti:(1/FAA):Tf)'; %tempo interpolado separadamente
[Yaa] = interp1(FIL(:,1),FIL(:,2:end),Taa);
AMO = [Taa Yaa]; %Vetor tempo+vetor dados

% Plota dados interpolados para NPC


plota_curvas(AMO,4,'4 - Dados sub-amostrados para NPC');
%-----------------------------------------------------
% 5a PARTE: Separa os dados
[tk] = AMO(:,1);
[il] = AMO(:,2:4); %Separa Iremoto/Ilocal.
[ir] = AMO(:,5:7);

79
5.5. Estimação dos Fasores através do método dos quadrados
mínimos

%-----------------------------------------------------
% 6a PARTE: Estimacao dos fasores (Minimos quadrados)
[IL,NPA] = MMQ(il,tk(2)-tk(1)); %Calculo dos fasores de corrente local
[IR,NPA] = MMQ(ir,tk(2)-tk(1)); %Calculo dos fasores de corrente remota

%-----------------------------------------------------
% 7a PARTE: Recuperacao dos dados no tempo
%transforma o fasor para uma senoide de 60hz novamente.
[ill] = rec(IL,tk,tk(2)-tk(1)); %Corrente local
[ir] = rec(IR,tk,tk(2)-tk(1));

% Plota os dados recuperados


plota_curvas([ tk ill ir ],5,'Tratamento dos dados pelo Estimador de
Fase');
figura5='_dadosrec';
arquivo= strcat(texto,figura5);
%saveas(gcf,arquivo,'jpg')

5.6. Lógica operacional do Relé Diferencial 87T

-----------------------------------------------------
% 8a PARTE: Combinacao das unidades na frequencia
% Calculo das correntes de operação, restrição e BIAS
[Iop,IRT,bias] = calcbias(IL,IR); %Retorna I0 e IRT

%Plotagem das correntes de operação e restrição


%Gráfico de Operação para cada fase
figure(6)
subplot(2,1,1);
plot(abs(IRT(:,1)),abs(Iop(:,1)),'rx',abs(IRT(:,2)),abs(Iop(:,2)),'b+',abs(
IRT(:,3)),abs(Iop(:,3)),'g*','LineWidth',2)
hold on

% Início da Curva
%Plotagem do BIAS ajustado
x1 = 0:4;
tam = length(x1);
y1 = [1];

for t=1:(tam-1)
y1 = [y1 1];
end

figure(6)
hold on
80
maior = max(abs(IRT));
maiorvalor = maior(1,1);
if maior(1,1) > maior (1,2) && maior(1,2) > maior(1,3)
maiorvalor = maior(1,1);
elseif maior(1,2) > maior (1,1) && maior(1,2) > maior(1,3)
maiorvalor = maior(1,2);
elseif maior(1,3) > maior (1,1) && maior(1,3) > maior(1,2)
maiorvalor = maior(1,3);
end

histx2 = [];
histx3 = [];
histy2=[];
histy3=[];
for x2=4:10;
y2 = 0.25*x2;%Ajuste de Sensibilidade do Relé
histx2 = [histx2;x2];
histy2 = [histy2;y2];
end
for x3=4:10;
y3 = 0.40*x3;%Ajuste de Sensibilidade do Relé
histx3 = [histx3;x3];
histy3 = [histy3;y3];
end

%Plotagem do plano operacional


figure(6)
title('Análise da Operação do Relé
Diferencial','fontweight','bold','fontsize',12 );

plot(histx2,histy2,'-k','LineWidth',2,'LineStyle','-.');
plot(histx3,histy3,'k','LineWidth',2);
xlabel('corrente de restrição (A)','fontweight','bold','fontsize',12 );
ylabel('corrente de operação (A)','fontweight','bold','fontsize',12 );
legend('Fase A','Fase B','Fase C' ,'Ajuste de 25%', 'Ajuste de
40%','Location', 'Best');
plot(x1,y1,'k','LineWidth',2)
grid on

%Plotagem do BIAS em função do tempo


matrizzeros = zeros(15);
bias = [matrizzeros(1:15,1:3) ;bias];

figure(7)
plot(tk,bias(:,1),'-rx',tk,bias(:,2),'-b+',tk,bias(:,3),'-
g*','LineWidth',2)
hold on

histbiasajustado1 = [];
histbiasajustado2 = [];
tamtk = length(tk);
for x3=1:tamtk;
y4 = 0.25; %ajuste do bias em 25%
y5=0.40;
histbiasajustado1 = [histbiasajustado1;y4];
histbiasajustado2=[histbiasajustado2;y5];
end

81
plot(tk,histbiasajustado1,'k','LineWidth',2,'LineStyle','-.');
plot(tk,histbiasajustado2,'k','LineWidth',2);
xlabel('tempo (seg)','fontweight','bold','fontsize',12 );
ylabel('BIAS','fontweight','bold','fontsize',12 );
legend('Fase A','Fase B','Fase C', 'Ajuste de 25%', 'Ajuste de
40%','Location', 'Best' );
grid on
\

5.7. Obtenção do conteúdo de harmônicos

% 9a parte - FFT

delta_t = 0.0001;
fs=1/delta_t; % Freqüência de amostragem
fnyq=fs/2;
N=length(ORI(:,3)); % Determina o número de amostras
F=fft(ORI(:,3)); % Calcula a DFT
Fesc=F/N; % Escalona para o valor correto
a=0:(N-1)
freq=((a)*fs)/N; % Calcula eixo das freqüências
Fparam = abs(F)
Maior=max(Fparam);
Fparam=(Fparam/Maior)*100

ordem=freq/60;
figure(9)
bar(ordem,Fparam)
title('Análise dos harmônicos','fontweight','bold','fontsize',12 );
xlabel('Ordem') % Label do eixo x
ylabel('Amplitue (%)') % Label do eixo y
xlim([0 7]);
grid on

5.8. Funções Adicionais e recorrentes

5.8.1. Plota Curvas

function plota_curvas(DADOS,n,ttext)
% Plota dados originais
figure(n);
subplot(2,1,1);
plot(DADOS(:,1),DADOS(:,2),'r',DADOS(:,1),DADOS(:,3),'b',DADOS(:,1),DADOS(:
,4),'k','LineWidth',2);
title(ttext)
ylabel('Corrente Primário(A)','fontweight','bold','fontsize',12 );
%xlim([0.95 1.1] );
legend('Fase A','Fase B','Fase C','Location', 'NorthEast');
82
subplot(2,1,2);
plot(DADOS(:,1),DADOS(:,5),'r',DADOS(:,1),DADOS(:,6),'b',DADOS(:,1),DADOS(:
,7),'k','LineWidth',2);
ylabel('Corrente Secundário (A)','fontweight','bold','fontsize',12 );
%xlim([0.95 1.1]);
legend('Fase A','Fase B','Fase C','Location', 'NorthEast');
xlabel('Tempo (s)','fontweight','bold','fontsize',12 );

5.8.2. Método dos Mínimos Quadrados

function [X,NPA] = MMQ(x,dT)

% Variaveis de controle:
F0 = 60; % Frequencia fundamental
JAN = 1; % Tamanho da janela de dados (em ciclos)
NREGDC = 2; % Numero de regressores DC [ 1 t t^2 t^3 ... ]
NREGAC = 1; % Numero de regressores AC [ sin(wot) cos(wot) sin(3wot)
cos(3wot) ... ]
% Calculo de variaveis auxiliares:
W0 = 2*pi*F0;
NPA = JAN/(F0*dT); % Calculo do numero de pontos da janela
THETAC = W0*dT; % Angulo caracteristico
[NTOT,NC] = size(x); % Numero total de pontos
X = zeros(NTOT,NC); % Fasores calculados

% Montagem da PSEUDO-INVERSA
R = []; % Matriz dos regressores
A = []; % Pseudo-inversa
AC = [];
DC = [];

for i = 1:NPA

%Apaga os vetores
vAC = [];
vDC = [];

%Determina regressores AC
for j = 1:NREGAC
vAC = [ vAC, sin((2*j-1)*W0*i*dT), cos((2*j-1)*W0*i*dT) ] ;
end
%Determina regressores DC
for j = 1:NREGDC
vDC = [ vDC, (dT)^(j-1) ] ;
end

% Montagem das submatrizes


AC = [AC; vAC];
DC = [DC; vDC];

end

% Monta a matrix de regressores


R = [AC DC];

% Calcula a pseudo-inversa
A = pinv(R);

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% Calculo dos fasores
for i = NPA:NTOT

THETA = A*x((i-NPA+1):i,:);

% Determina os fasores
X(i,:) = THETA(1,:) + sqrt(-1)*THETA(2,:);

% Faz a correcao angular


X(i,:) = X(i,:)*exp(-sqrt(-1)*(i-1)*THETAC);

End

5.8.3. CalcBias

function [I0,IRT,B] = calcbias(ILL,IRR)


%---------------------------------------------------------------
% Calculo das unidades FASE-TERRA do rele
%---------------------------------------------------------------

%Calculo de I0

I0(:,1) = (ILL(:,1) - IRR(:,1));


I0(:,2) = (ILL(:,2) - IRR(:,2));
I0(:,3) = (ILL(:,3) - IRR(:,3));

%Calculo de IRT

IRT(:,1) = ((ILL(:,1) + IRR(:,1))/2);


IRT(:,2) = ((ILL(:,2) + IRR(:,2))/2);
IRT(:,3) = ((ILL(:,3) + IRR(:,3))/2);

B = abs(I0(16:end,:)./IRT(16:end,:));

84

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