04 Raciocínio Analítico

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RACIOCÍNI

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ANALÍ
TICO

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ARGUMENTAÇÃO

Argumentação

Argumentação: Noções Básicas

Antes de discutir a argumentação jurídica, vale a pena expor algumas noções básicas de teoria da
argumentação. O capítulo é breve, mas os conceitos que ele introduz são cruciais para a
compreensão dos demais capítulos. O conceitos discutidos neste capítulo são os seguintes:

• argumentos

• padronização de argumentos

• argumentos simples

• argumentos complexos

• justificação externa de argumentos

• justificação interna de argumentos


O Que É Argumentar?

Argumentar é o ato de produzir argumentos. Produzir um argumento é apresentar razões em defesa


de uma conclusão. Essa não é a única definição possível do ato de argumentar. Por exemplo, há
quem prefira entender argumentos como diálogos, isto é, como séries (mais ou menos longas) de
afirmações, objeções e réplicas. Essa concepção – que poderia ser descrita como “dialógica” – não
está errada. Ela é útil em certos contextos e para certos propósitos; mas ela não parece
particularmente útil para explicar a interlocução jurídica.

Devemos adotar uma noção de argumento que seja capaz de representar o aspecto competitivo e
conflituoso da argumentação jurídica. Argumentar não é exatamente um ato privado ou monológico
(afinal, argumentos jurídicos são produzidos caracteristicamente no contexto de debates públicos),
mas cada argumentador é responsável por seus próprios argumentos. Cada argumentador, ao
produzir um argumento, apresenta as suas razões em defesa da sua conclusão.

Isso não quer dizer que argumentação jurídica seja sempre competitiva ou conflituosa. No ambiente
acadêmico, por exemplo, há muito espaço para a colaboração intelectual. Para que servem
congressos, simpósios e conferências senão para que juristas possam se reunir, dialogar e aprender
uns com os outros? Seja como for, a colaboração não é o principal motor do direito. Pelo menos não
é isso que parece inspirar advogados, defensores e promotores quando se enfrentam nos tribunais.

Padronização De Argumentos

Alguns argumentadores argumentam de maneira transparente e organizada. Eles expõem claramente


seus objetivos – isto é, as conclusões a que querem chegar – e o caminho que percorrem para
atingir esses objetivos – isto é, as razões que levam às suas conclusões. Mas nem todo
argumentador argumenta claramente. Ao longo deste livro consideraremos alguns argumentos
formulados de maneira pouco clara no documento ou no discurso em que originalmente foram
veículados. Para tornar a estrutura desses argumentos mais clara e compreensível, nós o
submeteremos a um procedimento que pode ser chamado de padronização.

Considere um exemplo simples.1 Sherlock Holmes, o célebre detetive inglês, encontra um velho
chapéu de feltro. Embora não conheça o proprietário do chapéu, Holmes conta a Watson muita coisa
a seu respeito, afirmando, por exemplo, que se trata de um intelectual. Watson, como de hábito, pede
que Holmes o esclareça. À guisa de resposta, Holmes coloca o chapéu sobre a cabeça. O chapéu
resvala pela sua testa até apoiar-se no seu nariz. “É uma questão de volume”, diz Holmes. “Um
homem com uma cabeça tão grande deve ter algo dentro dela”.

Holmes produz um argumento que explica as suas razões para crer que o dono do chapéu é um
intelectual. O argumento de Holmes pode ser padronizado da seguinte forma:

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ARGUMENTAÇÃO

(1) Há um chapéu grande que tem algum dono


(2) Donos de chapéus grandes têm cabeças grandes
(3) Pessoas que têm cabeças grandes têm cérebros grandes
(4) Pessoas com cérebros grandes são intelectuais Logo,
(5) O proprietário do chapéu é um intelectual
Ao padronizar o argumento de Holmes nós o dividimos em duas partes. Uma parte, aquela que
precede o “logo”, é composta por frases chamadas de premissas. Um argumento deve ter, no
mínimo, uma premissa, mas o de Holmes (de acordo com a padronização sugerida) tem quatro. A
frase que vem depois do “logo” é a conclusão. O “logo” é o termo que marca a transição entre as
premissas e a conclusão. (Outros termos poderiam cumprir a mesma função: “então”, “portanto”,
“assim”, “dessa forma” etc.) Muitas vezes numeramos as frases para que possamos fazer referência a
elas de maneira rápida e simples.

No caso do argumento de Holmes, a padronização envolveu a formulação de premissas que o próprio


Holmes não pronunciou, mas deixou implícitas (a exemplo da premissa 2). É comum que premissas
implícitas sejam explicitadas na padronização de argumentos e que, portanto, o argumento
padronizado resulte mais longo do que o argumento original. Mas esse nem sempre é o caso. Às
vezes um argumentador é redundante ou prolixo e nós acabamos suprimindo afirmações
desnecessárias na hora de padronizar seu argumento.

Considere um segundo exemplo.2 Diz um cientista imaginário: “Realizei um experimento rigoroso com
ratos no nosso laboratório para determinar os efeitos de uma nova substância que promete combater
a queda de cabelos. Verifiquei que a substância provoca nos ratos alguns efeitos indesejáveis, como
a significativa perda de peso. Homens e mulheres ainda não foram tratados com essa subtância, mas
temo que também sofram perda de peso. Afinal, o organismo humano costuma reagir a substâncias
dessa natureza da mesma maneira que o organismo dos ratos. Os ratos não são mais suscetíveis do
que nós a essas drogas. Sua aparente fragilidade é enganosa.” O argumento do cientista pode ser
padronizado da seguinte forma:

(1) Ratos perdem peso quando tratados com a substância X, contra a queda de cabelos
(2) Homens e mulheres têm reações fisiológicas similares à dos ratos quando usam substâncias
desse tipo

Logo,

(3) Há risco de que homens e mulheres percam peso se tratados com X


O argumento padronizado é mais sucinto do que o argumento original, mas seu contéudo é
essencialmente o mesmo. As três últimas frases do argumento original, por exemplo, são repetitivas.
Elas foram usadas pelo cientista para enfatizar aquilo que a premissa 2 do argumento padronizado
expressa de maneira mais sucinta.

É importante manter em mente que a padronização serve apenas para tornar a estrutura de um
argumento mais transparente. Ao padronizar um argumento não devemos aperfeiçoá-lo e muito
menos piorá-lo. Nosso objetivo é entender o argumento tal como ele foi produzido pelo seu autor.
Como intérpretes, devemos cuidar para não distorcer o argumento. Voltaremos a discutir essa ideia
mais adiante.

Argumentos Complexos

Chamemos de argumento simples um conjunto de frases composto de uma ou mais premissas e de


uma única conclusão. Vimos há pouco dois exemplos de argumentos simples. Um deles foi formulado
por Holmes e o outro pelo nosso cientista imaginário. Argumentadores muitas vezes justificam suas
posições não com base em um único argumento simples, mas com base numa série de argumentos
simples relacionados.

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ARGUMENTAÇÃO

Considere o seguinte argumento: “Há pelo menos duas razões para crer que estudar direito é uma
boa ideia: o bacharel em direito tem muitas oportunidades de emprego, e o bacharel em direito goza
de prestígio social.” Esse argumento não deve ser padronizado da seguinte forma:

(6) O bacharel em direito tem muitas oportunidades de emprego


(7) O bacharel em direito goza de prestígio social Logo,
(8) Estudar direito é uma boa ideia
Numa padronização, só posicionamos as premissas em sequência se acharmos que elas afirmam
razões interdependentes para crer na conclusão. Por exemplo, a premissa que diz que ratos tratados
com X perdem peso só leva à conclusão de que há risco de perda de peso para homens e mulheres
tratados com X se combinarmos aquela premissa com uma outra que diz que ratos, homens e
mulheres têm fisiologias semelhantes. As duas premissas só funcionam juntas. Falta algo crucial ao
seguinte argumento:

(1) Ratos perdem peso quando tratados com a substância X, contra a queda de cabelos Logo,
(2) Há risco de que homens e mulheres percam peso se tratados com X
Quem acha que esse argumento é bom provavelmente pensa assim porque enxerga a premissa
sobre a semelhança fisiológica entre ratos, homens e mulheres como estando implícita. Sem essa
premissa, explícita ou implícita, o argumento não funciona: a premissa 1, sozinha, não fornece razão
alguma para crer na conclusão.

Por outro lado, as premissas do argumento que recomenda o estudo do direito não são
interdependentes. Eu posso muito bem dizer:

(1) O bacharel em direito goza de prestígio social Logo,


(2) Estudar direito é uma boa ideia
O argumento acima não está incompleto. A premissa 1 expressa uma razão independente para crer
que a conclusão é verdadeira. O mesmo vale para o seguinte argumento:

(1) O bacharel em direito tem muitas oportunidades de emprego Logo,


(2) Estudar direito é uma boa ideia
É claro que, juntos, os dois argumentos são capazes de defender melhor a conclusão; separados,
eles perdem força. Se esses dois argumentos simples são independentes, então um argumentador
que defenda a conclusão de que estudar direito é uma boa ideia com base nos dois tipos de
consideração (sobre oportunidade de emprego e prestígio social) emprega, em vez de um argumento
simples, um argumento complexo composto de dois argumentos simples convergentes. Uma
padronização adequada desse argumento complexo teria de encontrar algum meio para mostrar o
que há de peculiar na forma como se relacionam as premissas. Por exemplo:

Argumentos simples podem, portanto, combinar-se para formar argumentos complexos.


Quando argumentos simples convergem para uma mesma conclusão, eles formam o que eu chamo
de argumento complexo convergente.
Um segundo tipo de argumento complexo que nos interessa é o argumento complexo encadeado.

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ARGUMENTAÇÃO

Argumentos complexos encadeados são séries de argumentos simples relacionados de tal forma que
a conclusão de um argumento simples funciona como premissa de um argumento simples
subsequente. Por exemplo

(1) Comidas gordurosas fazem mal à saude Logo,


(2) Devemos evitar comidas gordurosas
(3) Feijoada é uma comida gordurosa Logo,
(4) Devemos evitar feijoada.
A frase 2 é a conclusão de um argumento simples (que tem a frase 1 como premisa) e, ao mesmo
tempo, é premissa de um outro argumento simples, que tem a frase 3 como segunda premissa e a
frase 4 como conclusão. A frase 2 é uma conclusão intermediária do argumento complexo
encadeado, e a frase 4 é a conclusão final desse argumento.

Considere mais um exemplo de argumento complexo. Os comediantes ingleses que formavam o


famoso grupo Monthy Python criaram uma cena em que uma mulher, em tempos medievais, é
acusada de ser bruxa:

Multidão: Achamos uma bruxa. Podemos queimá-la? Autoridade: Como sabem que ela é uma bruxa?

Homem #1: Parece uma bruxa. Acusada: Não sou bruxa! Não sou!

Autoridade: Mas está vestida como uma bruxa. Acusada: Eles me vestiram assim.

Autoridade: Vocês a vestiram?

Homem # 1: Não... sim... mais ou menos... mas ela tem uma verruga! Autoridade: Por que acham que
ela é uma bruxa?

Homem #2: Ela me transformou numa salamandra! Autoridade: Numa salamandra?

Homem #2: Eu melhorei... Multidão: Queimem mesmo assim!

Autoridade: Silêncio! Há meios para descobrir se ela é uma bruxa... Multidão: É mesmo? Conte-nos!
São dolorosos?

Autoridade: Digam-me: o que fazemos com bruxas? Multidão: Queimamos.

Autoridade: E o que mais queimamos, além de bruxas? Homem #1: Mais bruxas!

Homem #3: Madeira.

Autoridade: Então, por que as bruxas pegam fogo? Homem #2: Porque são feitas de madeira?

Autoridade: Muito bem! Como sabemos, então, se ela é feita de madeira? Homem #1: Vamos
construir uma ponte com ela.

Autoridade: Mas também construimos pontes de pedra.

Multidão: É verdade...

Autoridade: Madeira afunda na água? Homem #3: Não. Flutua.

Multidão: Joguem-na no lago! Autoridade: O que mais flutua na água?

Multidão: Pão. Maçãs. Pedregulhos. Cerejas. Chumbo. Igrejas. Homem #4: Um pato.

Autoridade: Exatamente. Assim, logicamente...

Homem #1: Se ela pesa o mesmo que um pato, então ela é feita de madeira. Autoridade: Logo...

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ARGUMENTAÇÃO

Multidão: É uma bruxa!

Autoridade: Vamos usar minha maior balança.

(A acusada é colocada numa balança e constata-se que ela pesa o mesmo que um pato.) Acusada:
Eu me rendo...

Multidão: Queimem-na!

A autoridade conduz a multidão através de um argumento complexo. Há, para começar, dois
argumentos simples independentes:

A.

(1) Bruxas pegam fogo


(2) Madeira pega fogo Logo,
(3) Bruxas são feitas de madeira
B.

(4) Madeira flutua na água


(5) Patos flutuam na água Logo,
(6) Se a acusada tiver o peso de um pato, ela é feita de madeira
As frases 3 e 6, conclusões dos argumentos simples A e B, respectivamente, reaparecem como
premissas de um terceiro argumento:

C.

(6) Se a acusada tiver o peso de um pato, ela é feita de madeira


(7) A acusada pesa o mesmo que um pato Logo,
(8) A acusada é feita de madeira
(3) Bruxas são feitas de madeira

Logo,

(9) A acusada é uma bruxa

O argumento C, por si só, é complexo (visto que ele é composto de dois argumentos simples
encadeados). E ele forma com A e B um argumento complexo ainda maior (visto que ele usa as
frases 3 e 6, conclusões de A e B, como premissas).

O exemplo do Monthy Python serve não só para ilustrar o alto grau de complexidade que um
argumento pode atingir, mas também para reforçar a ideia de que a padronização não é feita com o
objetivo de aperfeiçoar argumentos. Tornar um argumento mais claro não é aperfeiçoá-lo. O
argumento usado para condenar a suposta bruxa permanece (comicamente) ruim mesmo depois de
padronizado. Todos os argumentos, A, B e C, têm problemas sérios. Tome o argumento A, por
exemplo. O que levaria alguém em sã consciência a pensar que bruxas são feitas de madeira só
porque bruxas e madeira pegam fogo? Padronizamos argumentos, sem distorcê-los, para revelar a
sua estrutura e (num segundo momento) submetê-los a avaliação.

A noção de argumento complexo será muito importante para o nosso estudo sobre a argumentação
jurídica. Tendem a ser complexos (convergentes e/ou encadeados) os argumentos que aparecem em
decisões judiciais, denúncias de promotores, petições de advogados etc.

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ARGUMENTAÇÃO

Justificação Externa E Interna

A padronização não faz mais do que revelar a estrutura de um argumento. A avaliação do argumento
padronizado – a afirmação de que ele é bom ou ruim, forte ou fraco – depende de outras
considerações. Um bom argumento deve passar por dois testes: a saber, o teste da justificação
externa e o teste da justificação interna. Diz-se do argumento que passa pelo teste da justificação
externa que ele está externamente justificado; e diz-se do argumento que passa pelo teste da
justificação interna que ele está internamente justificado.

Os dois testes são independentes um do outro. Um argumento está externamente justificado se tem
premissas verdadeiras. Por outro lado, um argumento está internamente justificado se suas
premissas constituem uma defesa adequada da sua conclusão. Compare:

A.

O Lula é pernambucano Logo,

O Lula é argentino

B.

O Lula é mineiro Logo,

O Lula é brasileiro

Nenhum dos dois argumentos é bom. O primeiro tem uma premissa verdadeira (e portanto está
externamente justificado), mas a premissa não consitui uma defesa adequada da conclusão. O fato
de Lula ser pernambucano não nos permite concluir que ele é argentino. O argumento A não está
internamente justificado. B, por outro lado, está internamente justificado. Pois, se fosse verdade que
Lula é mineiro, então seria possível concluir que ele é brasileiro. Mas sucede que a premissa do
argumento B não é verdadeira e, portanto, o argumento não está externamente justificado. Um bom
argumento deve ter os dois atributos: premissas verdadeiras e capazes de proporcionar uma boa
defesa da conclusão. Por exemplo:

C.

O Lula é brasileiro

Logo,

O Lula é latino-americano

C tem os atributos de que deve gozar todo bom argumento: sua premissa é verdadeira e leva
efetivamente à sua conclusão. Note que não uso a expressão “bom argumento” como sinônima de
“argumento eficaz” ou “argumento persuasivo”. Há argumentos que têm premissas falsas ou
problemas lógicos e que, no entanto, acabam persuadindo as pessoas. (No caso da bruxa, a turba
irracional foi persuadida pelo argumento absurdo – mas eficaz – da autoridade.) Por outro lado, há
argumentos com premissas verdadeiras que estabelecem adequadamente as suas conclusões e, no
entanto, não persuadem ninguém. (Por melhores que fossem seus argumentos em defesa do
heliocentrismo, Galileu dificilmente convenceria os inquisidores.)

Na prática jurídica, diz-se comumente que os “bons” advogados são aqueles que persuadem juízes
com muita frequência, isto é, aqueles que costumam ganhar as suas causas. Mas esses “bons”
advogados nem sempre persuadem juízes usando bons argumentos (no sentido em que eu emprego
a expressão). Pelo contrário, um “bom” advogado é muitas vezes aquele sabe se valer de truques
retóricos e outros subterfúgios para confundir e enganar em vez de esclarecer e instruir.

A teoria da argumentação distingue entre argumentos dedutivos e indutivos. 3 Argumentos indutivos


procuram estabelecer a sua conclusão como sendo provável. Argumento dedutivos pretendem
estabelecer a sua conclusão como sendo certa. Essa diferença é importante porque ela tem
influência sobre os critérios que devem ser usados para aferir a capacidade das premissas para
proporcionar uma defesa adequada da conclusão (justificação interna). Argumentos dedutivos são

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ARGUMENTAÇÃO

julgados de acordo com um critério de avaliação mais rigoroso do que os argumentos indutivos.
Considere o seguinte argumento:

D.

O Lula é brasileiro Logo,

O Lula gosta de arroz e feijão

Entendido como um argumento dedutivo, D não está internamente justificado. Afinal, é possível que
um brasileiro não goste de arroz e feijão. A premissa, embora verdadeira, não garante como certa a
veracidade da conclusão. Por outro lado, tomado como um argumento indutivo, D passa no teste de
justificação interna. É tão comum que brasileiros gostem de arroz e feijão que o fato de Lula ser
brasileito torna pelo menos provável a conclusão de que ele gosta de arroz e feijão.

Como saber se um dado argumento é dedutivo ou indutivo? Essa é uma questão bastante
controvertida, mas eu sou da opinião de que tudo depende das intenções do argumentador. Se o
argumentador pretende formular um argumento dedutivo, então o argumento é dedutivo. Se ele
pretende produzir um argumento indutivo, então o argumento é indutivo. Acredito que profissionais do
direito comumente produzem argumentos dedutivos. Para ser mais preciso, esses profissionais
produzem argumentos complexos que desembocam em argumento dedutivos. Estou falando do
famoso silogismo jurídico. Um exemplo:

E.

Quem dirige sob a influência do álcool deve ser punido João dirigiu sob a influência do alcool

Logo,

João deve ser punido

O silogismo E é dedutivo. Ele é formulado (na maioria dos contextos de discussão jurídica) com a
pretensão de que as premissas estabeleçam a conclusão como certa. Haverá muito tempo nos
próximos capítulos para discutir tanto o caráter complexo quanto o elemento silogístico da
argumentação jurídica. Por enquanto, é preciso ficar claro que eu não reduzo a argumentação jurídica
ao silogismo. Digo apenas que profissionais do direito costumam produzir argumentos complexos que
resultam em um silogismo. Não quero ser associado tão cedo à ideia infame de que argumentação
jurídica é estritamente silogística (e, portanto, mecânica, formalista etc.). Voltaremos mais tarde a
esses interessantes e complicados assuntos.

Resumo

Argumentar é apresentar razões em defesa de uma conclusão.

Argumentos podem ser padronizados para que fiquem mais claros. Padronizar envolve distinguir
entre frases que cumprem a função de premissas e uma frase que cumpre a função de conclusão.
Quem padroniza deve cuidar para não distorcer.

Argumentos simples são conjuntos de frases compostos de uma conclusão e uma ou mais premissas.
Argumentos complexos são conjuntos de argumentos simples que convergem para uma mesma
conclusão ou que se encadeam, passando por conclusões intermediárias até chegar a uma
conclusão final.

Um bom argumento deve estar tanto interna quanto externamente justificado. Justificação interna diz
respeito à correção lógica, à capacidade das premissas para oferecer uma defesa adequada da
conclusão. Justificação externa diz respeito à veracidade das premissas.

Argumentação prática

Depois de algumas noções elementares de argumentação, concentremo-nos na argumentação


prática. Os conceitos discutidos neste capítulo são os seguintes:

• argumentação teórica

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ARGUMENTAÇÃO

• argumentação prática

• argumentação prática substantiva

• argumentação prática institucional

• regras
Argumentação Teórica E Argumentação Prática

Há argumentos teóricos e há argumentos práticos. A diferença diz respeito ao tipo de conclusão que
cada argumento pretende estabelecer. Argumentos teóricos procuram estabelecer conclusões
teóricas, isto é, conclusões sobre como as coisas são, foram ou serão. Exemplos:

A.

O Lula é brasileiro.

Logo,

O Lula gosta de arroz e feijão

B.

O Lula é pernambucano Logo,

O Lula nasceu no Brasil

C.

O Lula foi presidente Logo,

O Lula será estudado pelas gerações futuras

A, B e C são argumentos teóricos porque pretendem estabelecer conclusões teóricas sobre como as
coisas são (A), foram (B) ou serão (C). São conclusões sobre fatos (presentes, passados e futuros).
Outras expressões usadas para falar de conclusões teóricas são “conclusões descritivas” e
“conclusões fáticas”. Uso todos esess termos como sinônimos: “teórico”, “fático” e “descritivo”.

Argumentos práticos, por outro lado, são aqueles que procuram estabelecer conclusões práticas, isto
é, conclusões sobre como as coisas devem ser, deveriam ter sido ou deverão ser. Exemplos:

D.

O Lula é brasileiro Logo,

O Lula deve ter orgulho do seu país

E.

O Lula é pernambucano Logo,

O Lula deveria ter atuado mais na política pernambucana antes de virar presidente

F.

O Lula foi presidente Logo,

O Lula deverá ser tratado com respeito quando afastar-se da política D, E e F são argumentos
práticos. Chegam a conclusões sobre como as coisas devem ser (hoje, ontem ou amanhã). Neste
livro, também chamo conclusões práticas de conclusões “normativas” ou “prescritivas”.

Nem sempre uma conclusão prática é explicitamente prática, normativa ou prescritiva. Por exemplo,

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ARGUMENTAÇÃO

quando digo que o STF opera de maneira antidemocrática não digo, explicitamente, que o STF deva
fazer uma coisa ou outra. Mas se não digo, pelo menos sugiro que o STF deve mudar ou rever a sua
maneira de operar.

De fato, em muitos contextos, termos avaliativos são usados para indicar que a conduta avaliada (ou
a instituição, no caso do STF) deve ser mantida (quando o termo avaliativo tem carga positiva) ou
evitada (quando o termo avaliativo tem carga negativa).

Normalmente, quem diz, por exemplo, que as cotas raciais para ingresso no ensino superior são
discriminatórias quer sugerir que elas, as cotas, não devem ser implantadas. Como conclusões
avaliativas implicam frequentemente conclusões práticas, dou pouca atenção à diferença sutil que
existe entre elas.

O silogismo jurídico mencionado no capítulo anterior é um tipo de argumento prático, pois ele visa
estabelecer uma conclusão sobre como as coisas devem ser. Os exemplos paradigmáticos de
silogismo jurídico têm como primeira premissa (às vezes chamada de premissa maior) uma norma
geral, isto é, uma afirmação sobre como uma série ampla de pessoas deve agir ou ser tratada. Como
segunda premissa (ou premissa menor) figura uma afirmação fática. E como conclusão figura uma
norma individual, uma afirmação sobre como algum indivíduo específico deve agir ou ser tratado.
Para lembrar:

G.

Quem dirige sob a influência do álcool deve ser punido (premissa maior) João dirigiu sob a influência
do alcool (premissa menor)

Logo,

João deve ser punido (conclusão)

A premissa maior do argumento G é uma norma geral, pois se aplica a todos os motoristas. A
premissa menor expressa um fato passado a respeito de João. A conclusão, uma norma individual,
diz algo sobre como João, em particular, deve ser tratado. É justamente porque o silogismo
jurídico tem uma conclusão normativa que se o considera um exemplo de argumento prático.

Uma observação sobre as noções de norma geral e de norma individual. Norma geral é aquela que
se aplica a uma classe de indivíduos; norma individual é aquela que se aplica a algum indivíduo
específico. A palavra “indivíduo” deve ser entendida de maneira ampla, para incluir não só pessoas
como João, mas também atos oficiais, instituições, procedimentos etc. Por exemplo:

H.

Deve ser considerada inconstitucional toda lei que limite a liberdade religiosa

Há uma lei no estado do Rio de Janeiro que impede a criação de centros de umbanda Logo,

A lei do estado do Rio de Janeiro que impede a criação de centros de umbanda deve ser considerada
inconstitucional

A norma que figura como premissa maior do silogismo H se refere a uma classe ampla de leis (isto é,
a todas as leis que limitem a liberdade religiosa). A norma que figura como conclusão diz respeito a
uma lei (isto é, a um “indivíduo” específico da classe de leis que limitam a liberdade religiosa).
Silogismos jurídicos não lidam necessariamente com pessoas; eles podem lidar com coisas de outras
naturezas. O fato de o STF, por exemplo, tomar decisões frequentes sobre a constitucionalidade de
leis e outros atos oficiais não significa que o STF não formule verdadeiros silogismos jurídicos.

Para concluir o item 2.1, é preciso fazer duas ressalvas. Essas ressalvas são bastante técnicas e se
destinam mais aos iniciados do que aos iniciantes. O iniciante pode ler os três parágrafos que
seguem, se desejar, mas não deve sentir-se preocupado ou desmotivado se achá- los complicados
demais. É possível pular os próximos parágrafos, e retomar a leitura no item 2.2, sem nenhum
prejuízo.

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ARGUMENTAÇÃO

Há quem rejeite hoje a distinção entre fato e norma (ou entre fato e valor – o que para mim dá no
mesmo). Eu, obviamente, não a rejeito. Reconheço, no entanto, que é possível pecar pelo excesso
de confiança no potencial analítico da distinção. Em primeiro lugar, deve-se manter em mente que
certos predicados (ditos “densos”) têm conteúdo avaliativo ou prescritivo ao mesmo tempo em que
carregam informação fática. Seria perda de tempo tentar encaixar todos os predicados existentes na
língua portuguesa em duas caixinhas rigorosamente separadas: a caixinha dos predicados fáticos e a
caixinha dos predicados prescritivos. Pois há predicados que transitam entre as duas caixinhas. É
melhor deixar claro, portanto, que, em vez de dois tipos de predicados, na verdade há três: (i)
predicados puramente fáticos (por exemplo, a pintura é cinza),

(ii) predicados puramente avaliativos/prescritivos (a pintura é feia) e (iii) predicados mistos ou densos
(a pintura é sombria). Para que um argumento seja teórico, sua conclusão deve conter apenas
predicados puramente fáticos. Argumentos com conclusões que contenham predicados mistos e/ou
puramente avaliativos/prescritivos são argumentos práticos.

Há também quem rejeite a distinção entre fato e norma dizendo que toda descrição de fatos (até
mesmo aquela realizada pelo cientista natural!) envolve certos compromissos prescritivos ou
avaliativos. Concordo com isso apenas se os compromissos em questão forem entendidos como
pressupostos metodológicos de natureza epistêmica. Afinal, não há estudioso que faça pesquisa sem
orientar-se por certos valores metateóricos – por exemplo, teorias simples costumam ser
consideradas superiores a teorias complexas ou ricas em compromissos ontológicos. É duvidoso, no
entanto, que compromissos normativos morais e políticos também façam parte (como pressupostos
metodológicos ou em qualquer outro sentido) de toda pesquisa sobre fatos. Se são realmente
inescapáveis, então esses compromissos são normalmente suficientemente abstratos e tímidos para
não gerarem controvérsia.

Por exemplo, quando digo (isto é, quando afirmo o fato de) que o STF foi autorizado pela Constituição
Federal a realizar o controle abstrato de constitucionalidade das leis, não digo nem pressuponho que
isso seja bom ou ruim, democrático ou antidemocrático, eficiente ou ineficiente. Por mais
politicamente relevante que seja a minha afirmação sobre o STF, ela consiste apenas numa
descrição de uma instituição política existente no Brasil. A descrição não me envolve diretamente em
nenhuma controvérsia de natureza política ou moral.

A segunda ressalva a ser feita não diz respeito à distinção entre fato e norma (ou fato e valor), mas à
definição de argumento prático. Defino-o apenas em função da natureza da sua conclusão. Agora,
alguém poderia objetar que um argumento que tem uma conclusão normativa também precisa ter ao
menos uma premissa normativa, como no caso do silogismo jurídico. É logicamente proibido partir de
premissas puramente fáticas para uma premissa normativa (do “ser” para o “dever-ser”). Muitas
pessoas emprestam de G.E. Moore o termo “falácia naturalista”

(que para Moore tinha outro sentido) e usam-no para criticar esse tipo de argumento. Como a minha
definição de argumento prático exige apenas a presença de conclusões práticas, eu inevitavelmente
incluo na categoria de argumentos práticos uma série de supostas falácias – por exemplo: “O Lula é
brasileiro. Logo, o Lula deve ter orgulho do seu país.” Argumentos como esse são usados a todo
momento e parecem perfeitamente razoáveis. Uma maneira natural de evitar a caracterização do
argumento como falacioso é imputar-lhe uma premissa normativa implícita: por exemplo, “Todo
brasileiro deve ter orgulho do seu país.” Mas isso é problemático, pois quem usa o argumento pode
não acreditar nessa afirmação universal.

Afinal, nem todo brasileiro – a exemplo daqueles que aqui nasceram mas logo emigraram – deve
necessariamente ter orgulho do país. Devemos tomar cuidado na hora de atribuir afirmações
categóricas a argumentadores que não as formularam claramente. Como podemos saber exatamente
com que tipo de generalização se compromete o argumentador? Talvez ele ache que apenas um
certo tipo de brasileiro deve sentir orgulho do país e que Lula se encaixa nessa categoria. Se o
argumento parece razoável e não é possível complementar-lhe (sem risco de distorção) através da
inclusão de uma premissa normativa geral, então por que não rejeitamos simplesmente a ideia de
que esse tipo de argumento incorre numa falácia? A propósito, hoje há uma ampla e sofisticada
literatura sobre a possibilidade de argumentos práticos baseados em premissas fáticas. 4 O termo
“falácia naturalista” – quando usado sem maiores justificativas – é uma arma retórica que só serve
para assustar os desavisados.

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ARGUMENTAÇÃO

Argumentação Institucional E Argumentação Substantiva

A argumentação teórica também tem um papel importante no direito. Afinal, é de argumentos teóricos
que o profissional do direito se vale toda vez em que precisa defender a premissa menor (fática) de
um silogismo jurídico: por exemplo, “João admitiu beber uma garrafa de vinho logo antes de pegar no
volante. Além disso, quando detido, João apresentava dificuldade para falar e andar em linha reta.
Logo, João dirigiu sob a influência do álcool.” Argumentos teóricos como esse surgem a todo
momento nos tribunais. Isso mostra a importância que a argumentação teórica tem para a
argumentação jurídica; mas, por enquanto, vamos nos concentrar na argumentação prática.

Divido a argumentação prática em dois tipos: argumentação prática substantiva e argumentação


prática institucional. Como espécies da argumentação prática, ambas visam estabelecer conclusões
sobre o que deve ser feito. Mas se elas compartilham um fim, não compartilham os meios. A
argumentação substantiva e a argumentação institucional visam estabelecer suas conclusões
práticas por meio de razões de tipos diferentes.

A argumentação substantiva apela livremente a razões de natureza moral, política, econômica, social
e até religiosa. O cientista político, o filósofo moral, o jornalista que escreve um artigo crítico, o leitor
que manda a sua opinião para o jornal, o motorista de táxi, o amigo que bebe conosco uma cerveja
no bar, todos argumentam caracteristicamente de maneira substantiva. Se algo lhes desagrada – o
imposto de renda, por exemplo – eles o criticam por ser injusto, ineficiente, inibidor da iniciativa
privada ou algo do tipo. Se algo lhes agrada – a condenação de um político corrupto, por exemplo –
eles comemoram dizendo que a impunidade é um grande mal social, que o político lesou os cofres
públicos e assim por diante.

A argumentação institucional, por outro lado, não apela livremente a considerações morais, políticas,
econômicas, sociais e religiosas. Ela é mais burocrática, engessada e – alguns diriam – artificial.
Quem argumenta institucionalmente não está preocupado em defender aquilo que parece mais justo,
mais democrático ou mais eficiente no caso em questão. Quem argumenta institucionalmente ocupa
uma posição social que exige uma certa deferência em relação a diretrizes e procedimentos
previamente estabelecidos e inflexíveis. Pense, por exemplo, em um juiz de futebol. Antes de saber
se a marcação de um pênalti na final do campeonato poderá gerar uma briga violenta entre torcidas
ou decepcionar toda uma geração de torcedores (resultados ruins do ponto de vista substantivo), ele
quer saber se a conduta do jogador que provocou o suposto pênalti viola ou não alguma regra do
jogo. E, mesmo que o juiz tome uma decisão com base em considerações relativas ao bem estar da
torcida, ele não admitirá publicamente que essas considerações foram determinantes. A posição de
juiz exige que suas decisões sejam justificadas institucionalmente.

O juiz de direito é outro exemplo de indivíduo cuja posição social exige deferência em relação a
diretrizes e procedimentos previamente estabelecidos e inflexíveis. Advogados, promotores e
defensores, por trabalharem rotineiramente com o objetivo de convencer juízes, acabam falando a
mesma língua. E até os juristas, estudiosos que escrevem sobre o direito, de maneira geral entram
nesse jogo.5 Por exemplo, no que diz respeito ao imposto de renda, seja ele justo ou não,
economicamente eficiente ou não, profissionais do direito normalmente querem mesmo é saber se
ele é legal ou não, constitucional ou não (o que sugere a sua conformidade ou falta de conformidade
com alguma diretriz previamente estabelecida).

Da mesma forma, para profissionais do direito, o mais importante normalmente é saber se há provas
e considerações tecnicamente admissíveis que incriminem o político corrupto. Como disse um
advogado amigo meu: “Como cidadão, tenho simpatia pela forma como o STF lidou com o caso do
mensalão. Aqueles políticos detestáveis precisavam de uma lição. Mas, como advogado, vejo
problemas técnicos severos nas decisões do tribunal.” A cisão entre as perspectivas do cidadão e do
advogado corresponde à cisão entre os estilos substantivo e institucional de argumentação.

Uma das teses centrais deste livro – que pode ser chamada de “tese institucional” – consiste
justamente na afirmação de que os profissionais do direito argumentam de modo predominantemente
institucional. É preciso esclarecer cuidadosamente o que significa essa tese. Para isso, permita-me
usar mais um exemplo. O seguinte diálogo hipotético serve para ilustrar o caráter institucional – e,
portanto, burocrático, engessado, artificial – da argumentação jurídica:

– Autor: O réu me deve 500 reais. – Réu: Discordo do autor. – Autor: O réu me deve 500 reais porque

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realizamos um contrato válido de compra e venda, eu forneci o produto e o réu nao pagou. – Réu:
Reconheço que o autor forneceu o produto e que eu não paguei, mas não reconheco que haja entre
nós um contrato válido. – Juiz: Autor, prove que vocês têm um contrato válido. – Autor: Eis um
documento assinado por nós dois. – Reu: Não reconheço a autenticidade deste documento. – Juiz
(ao réu): Visto que o documento parece autêntico, prove que ele nao é. – Réu: Esse laudo
encomendado a um laboratório atesta que a minha assinatura foi forjada. – Autor: O relatório não
serve como prova, pois eu tive conhecimento dele muito tarde no proceso. – Juiz: Concordo: a prova
não é admissível

Com esse diálogo em mente, considere alguns esclarecimentos a respeito da tese institucional.
Primeiro, deve ficar claro que a tese é descritiva. Ela não prescreve que profissionais do direito usem
argumentos institucionais e evitem argumentos substantivos. A tese institucional descreve um fato
sobre a prática do direito; ela não celebra, nem recomenda essa prática. Por um lado, esse
esclarecimento me livra da responsabilidade de enfrentar o imenso desafio que seria defender os
hábitos argumentativos dos profissionais do direito. Por outro lado, ele revela um outro sentido em
que a tese institucional é muito ambiciosa. Trata-se de uma tese empírica sobre aquilo que fazem os
juízes, advogados, promotores e defensores de maneira geral. Mas como justificar uma tal tese?
Como colher evidências, dados e estatísticas suficientes para fundamentá- la? Como provar que
estou certo a respeito daquilo que faz rotineiramente a maioria dos inúmeros profissionais do direito?

É preciso admitir que disponho de evidências limitadas. Há, em primeiro lugar, estudos empíricos
internacionais (discutidos mais adiante) que indicam uma dose surpreendente de “institucionalismo”
em tribunais altos dos quais (por lidarem com questões politicamente sensíveis e tecnicamente
complexas) não se espera tanto institucionalismo assim. Há também o fato, mencionado
anteriormente, de que o ensino jurídico, dentro e fora do Brasil, é amplamente “dogmático”. Isto é,
estudantes de direito passam muito mais tempo aprendendo o conteúdo de diretrizes e
procedimentos estabelecidos por autoridades legais do que refletindo sobre o justo, o bom, o
economicamente eficiente etc. Há, por fim, o fato de que diálogos hipotéticos como aquele usado há
pouco normalmente são recebidos como exemplos realistas e representativos da prática jurídica.
Esses fatos não bastam, talvez, para estabeceler a tese institucional como verdadeira; mas eles
servem ao menos para estabelecê-la como uma tese plausível e merecedora da nossa atenção.

Um segundo esclarecimento. A tese institucional diz que a argumentação de profissionais do direito é


predominantemente institucional. Ela não diz que a argumentação desses profissionais é
exclusivamente institucional. Juízes, por exemplo, frequentemente usam argumentos substantivos.
Mas é crucial notar que, quando juízes recorrem a argumentos substantivos, eles normalmente o
fazem com o objetivo de corroborar argumentos institucionais já formulados.

E, mesmo quando apelam a considerações explícitas sobre o que é justo ou bom, por exemplo,
normalmente econtram meios de passar sobre essas considerações um certo “verniz” institucional (a
explicação precisa dessa metáfora aparecerá mais tarde). Argumentos institucionais predominam no
direito: eles não reinam sozinhos, mas têm precedência sobre argumentos substantivos.

A propósito, uma das lições gerais deste livro diz respeito ao fato de que muitas distinções tratadas
no mundo jurídico como dicotomias rigorosas são, na verdade, distinções de grau, que admitem uma
série de casos intermediários. Vale a pena entender a distinção entre argumentação substantiva e
argumentação institucional da mesma maneira. Podemos imaginar pessoas que apelam de maneira
totalmente livre a considerações substantivas de toda natureza. Por outro lado, podemos imaginar
pessoas que jamais apelam a tais considerações, e que só fazem valer diretrizes e procedimentos
determinados previamente por outras pessoas ou instituições. Ambas são tipos ideais que
provavelmente nunca existiram nem nunca existirão. No mundo real, as pessas se posicionam entre
esses dois extremos. Profissionais do direito se aproximam mais do extremo institucional e filósofos
morais, por exemplo, do extremo substantivo. A seguinte representação pode ser útil:

A linha faz três coisas importantes: (i) ela identifica extremos hipotéticos; (ii) sugere onde se
posicionam casos reais como os casos da argumentação jurídica e da argumentação filosófica em
relação aos casos extremos; e (iii) indica que há casos intermediários inclassificáveis. Esse, por sinal,
é um problema que afeta toda distinção de grau: alguns casos caem numa zona nebulosa
intermediária. Deve ficar claro que uma distinção não deve ser rejeitada só por apresentar casos
intermediários: ela continua sendo útil desde que um número significativo de casos se aproxime de
cada um dos extremos. Note, por sinal, que não dispensamos a útil distinção entre careca e cabeludo

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só por causa da existência de casos intermediários de pessoas que, por terem perdido muito cabelo,
não são exatamente cabeludas, mas que ainda têm cabelo suficiente para que também não contem
precisamente como carecas.

Em terceiro lugar, a tese institucional não diz nada a respeito da transparência e sinceridade do
discurso dos profissionais do direito. Argumentar institucionalmente é apelar para diretrizes e
procedimentos previamente estabelecidos com o objetivo de justificar conclusões práticas
publicamente. Quem argumenta assim pode apelar publicamente para diretrizes e procedimentos
consagrados com o objetivo íntimo de promover ideais substantivos ou até mesmo interesses
pessoais obscuros. Não haverá juízes que fazem referência às leis sem se importarem intimamente
com elas? Não haverá juízes que aplicam as leis apenas para garantir algum benefício profisional ou
promoção que seria ameaçada caso fossem menos obedientes? Não haverá juízes que usam leis
para promover objetivos ideológicos que não ousam divulgar? A tese institucional não elimina
nenhuma dessas possibilidades. Aliás, os mais “ativistas” dos tribunais – aqueles que mais são
movidos por considerações de natureza política, em vez de considerações relativas ao conteúdo
expresso do direito positivo – não deixam de argumentar institucionalmente. Tribunais ativistas são
assim taxados pelos seus observadores: os próprios tribunais não se reconhecem como ativistas.
Veja, por exemplo, o que se diz nos Estados Unidos a respeito da argumentação jurídica em
contextos constitucionais (contextos em que atua um dos maiores símbolos do ativismo judicial, a
Suprema Corte dos Estados Unidos):

E se você for um juiz ou Ministro – ou, o que é mais provável, um advogado atuando diante de um
tribunal – incumbido da tarefa de tomar uma decisão constitucional? Certamente, como advogado
você não pode dizer para a corte: “Aja de forma progressista (ou conservadora), Vossa Excelência.”
Em vez disso, você vai procurar mostrar que a Constituição realmente requer o resultado que
favorece seu cliente. Em outras palavras, você vai precisar de um argumento sobre como a
Constituição deve ser interpretada. Mesmo que você desconfie profundamente das motivações reais
dos juízes em casos constitucionais, você não pode deixar sua desconfiança transparecer na sua
petição.7

Quarto, logo no início dessa discussão surgiu a seguinte afirmação: “Quem argumenta
institucionalmente não está preocupado em defender aquilo que parece mais justo, mais democrático
ou mais eficiente no caso em questão.” A parte grifada é crucial. É preciso afastar desde já a
sugestão enganosa de que a argumentação institucional é neutra ou isenta. A argumentação
institucional limita, de fato, o recurso a considerações substantivas no caso em questão. Mas só no
caso. É verdade que um juiz evita considerações substantivas no caso quando considera válido um
contrato com assinatura forjada só porque a prova da falsificação não foi apresentada de acordo com
o procedimento adequado. As exigências do procedimento aparentemente afastaram as
considerações sobre o que seria mais justo. Mas note que o juiz pode ter decidido proceder assim por
causa de outras considerações substantivas mais gerais e remotas.

O juiz pode pensar que a aplicacão constante do procedimento, mesmo que ele gere injustiças
eventuais, é uma boa forma de garantir certos valores globais fundamentais, a exemplo da segurança
jurídica. O mesmo tipo de ideal global pode motivar o juiz que absolve um político corrupto só porque
a prova cabal da sua culpa foi obtida por meio de uma escuta ilegal da polícia. É uma pena que se
deixe impune o político corrupto, mas, por outro lado, esse tipo de procedimento foi instituído para
limitar as tendências autoritárias de uma intituição – a polícia – que noutros tempos já nos oprimiu.
Ignorar o caráter ilícito da conduta da polícia seria uma forma de incentivá-la a violar a lei outras
vezes.

Não estou defendendo essa forma de pensar. Quero apenas deixar claro que aqueles que
argumentam institucionalmente escolhem fazê-lo, muitas vezes com base em razões substantivas.
Quem argumenta institucionalmente, portanto, não é inteiramente neutro. Quem argumenta
institucionalmente escolhe, por razões substantivas gerais, proceder de uma forma que limita a
possibilidade de recurso a novas considerações substantivas a cada momento, em cada caso.

Quinto, ao contrário do que pensam algumas pessoas, não é o elemento silogístico da argumentação
jurídica que lhe confere seu caráter institucional. Tudo depende, na verdade, dos tipos de argumentos

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empregados pelo usuário do silogismo para garantir a justificação do silogismo. Considere, por
exemplo, duas maneiras diferentes de justificar a premissa maior do silogismo que temos usado como
exemplo até aqui:

A.

O Código Penal estabelece punição para o motorista que dirija sob a influência do álcool Logo,

Quem dirige sob a influência do álcool deve ser punido João dirigiu sob a influência do alcool

Logo,

João deve ser punido

B.

Acidentes provocados por embriaguez na estrada oneram seriamente o orçamento público Logo,

Quem dirige sob a influência do álcool deve ser punido João dirigiu sob a influência do alcool

Logo,

João Deve Ser Punido

O argumento A (um argumento complexo encadeado) contém (no seu primeiro argumento simples)
uma defesa institucional da norma geral sobre embriaguez no trânsito – norma que, por sua vez,
funciona como premissa maior de um silogismo que serve para justificar a conclusão de que João
deve ser punido. O argumento B, por outro lado, contém uma defesa substantiva da norma geral que
leva à punição de João. O primeiro argumento apela a uma diretriz previamente estabelecida,
enquanto o segundo apela a considerações sobre o que seria melhor para a economia pública.
Ambos os argumentos resultam em silogismos, mas chegam lá por meios significativamente
diferentes. Para definir se o argumento de um profissional do direito é realmente institucional, é
necessário olhar, não só para o silogismo, mas para todo o argumento complexo de que ele faz parte.
Às vezes o profissional do direito explicita só o silogismo e não o que vem antes. Nesses casos,
talvez seja possível encontrar no contexto de discussão algum indício do tipo de consideração que o
profissional implicitamente usa para justificar o silogismo. Na falta de tais indícios, é simplesmente
impossível dizer com segurança se o profissional argumenta institucional ou substantivamente.

Raciocínio Lógico

Muitas pessoas gostam de falar ou julgar que possuem e sabem usar o raciocínio lógico, porém,
quando questionadas direta ou indiretamente, perdem, esta linha de raciocínio, pois este depende de
inúmeros fatores para completá-lo, tais como:

§calma,

§conhecimento,

§vivência,

§versatilidade,

§experiência,

§criatividade,

§ponderação,

§responsabilidade, entre outros.

Ao nosso ver, para se usar a lógica é necessário ter domínio sobre o pensamento, bem como, saber
pensar, ou seja, possuir a "Arte de Pensar". Alguns dizem que é a sequência coerente, regular e
necessária de acontecimentos, de coisas ou fatos, ou até mesmo, que é a maneira de raciocínio

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particular que cabe a um indivíduo ou a um grupo. Existem outras definições que expressam o
verdadeiro raciocínio lógico aos profissionais de processamento de dados, tais como: um esquema
sistemático que define as interações de sinais no equipamento automático do processamento de
dados, ou o computador científico com o critério e princípios formais de raciocínio e pensamento.

Para concluir todas estas definições, podemos dizer que lógica é a ciência que estuda as leis e
critérios de validade que regem o pensamento e a demonstração, ou seja, ciência dos princípios
formais do raciocínio.

Usar a lógica é um fator a ser considerado por todos, principalmente pelos profissionais de
informática (programadores, analistas de sistemas e suporte), têm como responsabilidade dentro das
organizações, solucionar problemas e atingir os objetivos apresentados por seus usuários com
eficiência e eficácia, utilizando recursos computacionais e/ou automatizados. Saber lidar com
problemas de ordem administrativa, de controle, de planejamento e de raciocínio. Porém, devemos
lembrá-los que não ensinamos ninguém a pensar, pois todas as pessoas, normais possuem este
"Dom", onde o nosso interesse é mostrar como desenvolver e aperfeiçoar melhor esta técnica,
lembrando que para isto, você deverá ser persistente e praticá-la constantemente, chegando à
exaustão sempre que julgar necessário.

Ao procurarmos a solução de um problema quando dispomos de dados como um ponto de partida e


temos um objetivo a estimularmos, mas não sabemos como chegar a esse objetivo temos um
problema. Se soubéssemos não haveria problema.

É necessário, portanto, que comece por explorar as possibilidades, por experimentar hipóteses, voltar
atrás num caminho e tentar outro. É preciso buscar idéias que se conformem à natureza do problema,
rejeitar aqueles que não se ajustam a estrutura total da questão e organizar-se.

Mesmo assim, é impossível ter certeza de que escolheu o melhor caminho. O pensamento tende a ir
e vir quando se trata de resolver problemas difíceis.

Mas se depois de examinarmos os dados chegamos a uma conclusão que aceitamos como certa
concluímos que estivemos raciocinando.

Se a conclusão decorre dos dados, o raciocínio é dito lógico.

A prova deverá auferir do candidato, se o mesmo entende a estrutura lógica de relações arbitrárias
entre pessoas, lugares, coisas, ou eventos fictícios.

Entende-se por estruturas lógicas as que são formadas pela presença de proposições ou sentenças
lógicas (são aquelas frases que apresentam sentido completo, como por exemplo: Madalena é
culpada).

Observe que a estrutura lógica vai ligar relações arbitrárias e, neste caso, nada deverá ser levado
para a prova a não ser os conhecimentos de Lógica propriamente dita, os concursandos muitas vezes
caem em erros como:

Se Luiza foi à praia então Rui foi pescar, ora eu sou muito amigo de uma Luiza e de um Rui e ambos
detestam ir à praia ou mesmo pescar, auto induzindo respostas absurdas.

Dessa forma, as relações são arbitrárias, ou seja, não importa se você conhece Luiza, Madalena ou
Rui. Não importa o seu conhecimento sobre as proposições que formam a frase, na realidade pouco
importam se as proposições são verdadeiras ou falsas. Quero dizer que o seu conhecimento sobre a
frase deverá ser arbitrário, vamos ver através de outro exemplo:

Todo cavalo é um animal azul Todo animal azul é árvore Logo Todo cavalo é árvore

Observe que podemos dizer que tem-se acima um argumento lógico, formado por três proposições
categóricas (estas têm a presença das palavras Todo, Algum e Nenhum), as duas primeiras serão
denominadas premissas e a terceira é a conclusão.

Observe que as três proposições são totalmente falsas, mas é possível comprovar que a conclusão é
uma consequência lógica das premissas, ou seja, que se considerar as premissas como verdadeiras,

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a conclusão será, por consequência, verdadeira, e este argumento será considerado válido
logicamente.

A arbitrariedade é tanta que na hora da prova pode ser interessante substituir as proposições por
letras, veja:

Todo A é B Todo B é C Logo Todo A é C

A arbitrariedade ainda se relaciona a pessoas, lugares, coisas, ou eventos fictícios.

Cobra-se nesse tipo de prova o ato de deduzir novas informações das relações fornecidas, ou seja, o
aspecto da Dedução Lógica poderá ser cobrado de forma a resolver as questões.

Sucesso e bons estudos. Apostilas Cds Objetiva

Estrutura lógicas de relações arbitrarias entre pessoas, lugares ,objetos ,ou eventos fictícios;deduzir
novas informações das relações fornecidas e avaliar as condições usadas para estabelecer a
estrutura daquelas relações.

Introdução Ao Raciocínio Lógico

Lógica é a ciência que trata dos princípios válidos do raciocínio e da argumentação. Seu estudo trata
das formas do pensamento em geral e das operações intelectuais que visam à determinação do que
é verdadeiro ou não, ou seja, um encadeamento coerente de alguma coisa que obedece a certas
convenções ou regras. Assim, o estudo da lógica é um esforço no sentido de determinar as condições
que permitem tirar de determinadas proposições (ponto ou idéia de que se parte para estruturar um
raciocínio), também chamadas de premissas, uma conclusão delas derivada.

Conceitos Básicos sobre as Estruturas Lógicas

Proposições

Chamaremos de proposição ou sentença, a todo conjunto de palavras ou símbolos que exprimem um


pensamento de sentido completo.

Sendo assim, vejamos os exemplos:

a) O Instituto do Coração fica em São Paulo.

b) O Brasil é um País da América do Sul.

c) A Polícia Federal pertence ao poder judiciário.

Evidente que você já percebeu que as proposições podem assumir os valores falsos ou verdadeiros,
pois elas expressam a descrição de uma realidade, e também observamos que uma proposição
representa uma informação enunciada por uma oração, e, portanto, pode ser expressa por distintas
orações, tais como:

“Pedro é maior que Carlos”, ou podemos expressar também por “Carlos é menor que Pedro”.

Temos vários tipos de sentenças:

Declarativas

Interrogativas

Exclamativas

Imperativas

Leis do Pensamento

Vejamos algumas leis do pensamento para que possamos desenvolver corretamente o nosso pensar.

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Princípio da Identidade. Se qualquer proposição é verdadeira, então, ela é verdadeira.

Princípio de Não-Contradição. Uma proposição não pode ser ao mesmo tempo verdadeira e falsa.

Princípio do Terceiro Excluído. Uma proposição só pode ser verdadeira ou falsa , não havendo
outra alternativa.

Sentenças Abertas. Quando substituímos numa proposição alguns componentes por variáveis,
teremos uma sentença aberta.

Valores Lógicos Das Proposições

Valor lógico é a classificação da proposição em verdadeiro (V) ou falso (F), pelos princípios da

não-contradição e do terceiro excluído. Sendo assim, a classificação é única, ou seja, a proposição só


pode ser verdadeira ou falsa

Exemplos de valores lógicos:

r: O número 2 é primo. (Verdadeiro)

s: Marte é o planeta vermelho. (Verdadeiro) t: No Brasil, fala-se espanhol. (Falso)

u: Toda ave voa. (Falso)

v: O número 3 é par. (Falso)

x: O número 7 é primo. (Verdadeiro) z: O número 7 é ímpar. (Verdadeiro)

Somente às sentenças declarativas pode-se atribuir valores de verdadeiro ou falso, o que ocorre
quando a sentença é, respectivamente, confirmada ou negada. De fato, não se pode atribuir um valor
de verdadeiro ou falso às demais formas de sentenças como as interrogativas, as exclamativas e
outras, embora elas também expressem juízos.

São exemplos de proposições as seguintes sentenças declarativas:

O número 6 é par.

O número 15 não é primo. Todos os homens são mortais. Nenhum porco espinho sabe ler.

Alguns canários não sabem cantar.

Se você estudar bastante, então aprenderá tudo. Eu falo inglês e francês.

Marlene quer um sapatinho novo ou uma boneca.

Não são proposições:

Qual é o seu nome? Preste atenção ao sinal. Caramba!

Proposição Simples

Uma proposição é dita proposição simples ou proposição atômica quando não contém qualquer outra
proposição como sua componente. Isso significa que não é possível encontrar como parte de uma
proposição simples alguma outra proposição diferente dela. Não se pode subdividi-la em partes
menores tais que alguma delas seja uma nova proposição.

Exemplo:

A sentença “Carla é irmã de Marcelo” é uma proposição simples, pois não é possível identificar como
parte dela qualquer outra proposição diferente. Se tentarmos separá-la em duas ou mais partes
menores nenhuma delas será uma proposição nova.

Proposição Composta

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Uma proposição que contenha qualquer outra como sua parte componente é dita proposição
composta ou proposição molecular. Isso quer dizer que uma proposição é composta quando se pode
extrair como parte dela, uma nova proposição.

Chama-se conectivo a algumas palavras ou frases que em lógica são usadas para formarem
proposições compostas.

Veja alguns conectivos:

A negação não cujo símbolo é ~.

A disjunção ou cujo símbolo é v.

A conjunção e cujo símbolo é ^

O condicional se,....., então, cujo símbolo é -- >.

O bicondicional se, e somente se, cujo símbolo é < - >.

Exemplo:

A sentença “Se x não é maior que y, então x é igual a y ou x é menor que y” é uma proposição
composta na qual se pode observar alguns conectivos lógicos (“não”, “se ... então” e “ou”) que estão
agindo sobre as proposições simples “x é maior que y”, “x é igual a y” e “x é menor que y”.

Uma propriedade fundamental das proposições compostas que usam conectivos lógicos é que o seu
valor lógico (verdadeiro ou falso) fica completamente determinado pelo valor lógico de cada
proposição componente e pela forma como estas sejam ligadas pelos conectivos lógicos utilizados

As proposições compostas podem receber denominações especiais, conforme o conectivo lógico


usado para ligar as proposições componentes.

Conjunção: A e B

Denominamos conjunção a proposição composta formada por duas proposições quaisquer que
estejam ligadas pelo conectivo “e”.

A conjunção A e B pode ser representada simbolicamente como: A ^ B

Exemplo:

Dadas as proposições simples:

A: Alberto fala espanhol.

B: Alberto é universitário.

Se as proposições A e B forem representadas como conjuntos através de um diagrama, a conjunção”


A

^ B” corresponderá à interseção do conjunto A com o conjunto B. A ∩ B.

Uma conjunção é verdadeira somente quando as duas proposições que a compõem forem
verdadeiras,

Ou seja, a conjunção

”A ^B” é verdadeira somente quando A é verdadeira e B é verdadeira também. Por isso dizemos que
a conjunção exige a simultaneidade de condições.

Na tabela-verdade, apresentada a seguir, podemos observar os resultados da conjunção “A e B” para


cada um dos valores que A e B podem assumir.

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Disjunção: A ou B

Denominamos disjunção a proposição composta formada por duas proposições quaisquer que
estejam ligadas pelo conectivo “ou”.

A disjunção A ou B pode ser representada simbolicamente como: A v B

Exemplo:

Dadas as proposições simples:

A: Alberto fala espanhol.

B: Alberto é universitário.

A disjunção “A ou B” pode ser escrita como:

A v B: Alberto fala espanhol ou é universitário.

Se as proposições A e B forem representadas como conjuntos através de um diagrama, a disjunção


“A v

B” corresponderá à união do conjunto A com o conjunto B.

Uma disjunção é falsa somente quando as duas proposições que a compõem forem falsas. Ou seja, a
disjunção “A ou B” é falsa somente quando A é falsa e B é falsa também. Mas se A for verdadeira ou
se B for verdadeira ou mesmo se ambas, A e B, forem verdadeiras, então a disjunção será
verdadeira. Por isso dizemos que, ao contrário da conjunção, a disjunção não necessita da
simultaneidade de condições para ser verdadeira, bastando que pelo menos uma de suas
proposições componentes seja verdadeira.

Na tabela-verdade, apresentada a seguir, podemos observar os resultados da disjunção “A ou B”


para cada um dos valores que A e B podem assumir.

Condicional: Se A então B

Denominamos condicional a proposição composta formada por duas proposições quaisquer que
estejam ligadas pelo conectivo “Se ... então” ou por uma de suas formas equivalentes.

A proposição condicional “Se A, então B” pode ser representada simbolicamente como:

Exemplo:

Dadas as proposições simples:

A: José é alagoano.

B: José é brasileiro.

A condicional “Se A, então B” pode ser escrita como:

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A → B: Se José é alagoano, então José é brasileiro.

Na proposição condicional “Se A, então B” a proposição A, que é anunciada pelo uso da conjunção
“se”, é denominada condição ou antecedente enquanto a proposição B, apontada pelo advérbio
“então” é denominada conclusão ou consequente.

As seguintes expressões podem ser empregadas como equivalentes de “Se A, então B”:

Se A, B.

B, se A. Todo A é B. A implica B.

A somente se B.

A é suficiente para B. B é necessário para A.

Se as proposições A e B forem representadas como conjuntos, por meio de um diagrama, a


proposição condicional "Se A então B" corresponderá à inclusão do conjunto A no conjunto B (A está
contido em B):

Uma condicional “Se A então B” é falsa somente quando a condição A é verdadeira e a conclusão B é
falsa, sendo verdadeira em todos os outros casos. Isto significa que numa proposição condicional, a
única situação que não pode ocorrer é uma condição verdadeira implicar uma conclusão falsa.

Na tabela-verdade apresentada a seguir podemos observar os resultados da proposição condicional


“Se A então B” para cada um dos valores que A e B podem assumir.

Bicondicional: A se e somente se B

Denominamos bicondicional a proposição composta formada por duas proposições quaisquer que
estejam ligadas pelo conectivo “se e somente se”.

A proposição bicondicional “A se e somente se B” pode ser representada simbolicamente como:

Exemplo:

Dadas as proposições simples:

A: Adalberto é meu tio.

B: Adalberto é irmão de um de meus pais.

A proposição bicondicional “A se e somente se B” pode ser escrita como:

A ↔B: Adalberto é meu tio se e somente se Adalberto é irmão de um de meus pais.

Como o próprio nome e símbolo sugerem, uma proposição bicondicional “A se e somente se B”


equivale à proposição composta “se A então B”.

Podem-se empregar também como equivalentes de “A se e somente se B” as seguintes expressões:

A se e só se B. Todo A é B e todo B é A.

Todo A é B e reciprocamente. Se A então B e reciprocamente.

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ARGUMENTAÇÃO

A somente se B e B somente se A. A é necessário e suficiente para B.

A é suficiente para B e B é suficiente para A. B é necessário para A e A é necessário para B.

Se as proposições A e B forem representadas como conjuntos através de um diagrama, a proposição


bicondicional “A se e somente se B” corresponderá à igualdade dos conjuntos A e B.

A proposição bicondicional “A se e somente se B” é verdadeira somente quando A e B têm o mesmo


valor lógico (ambas são verdadeiras ou ambas são falsas), sendo falsa quando A e B têm valores
lógicos contrários.

Na tabela-verdade, apresentada a seguir, podemos observar os resultados da proposição


bicondicional “A se e somente se B” para cada um dos valores que A e B podem assumir.

Negação: Não A

Dada uma proposição qualquer A denominamos negação de A à proposição composta que se obtém
a partir da proposição A acrescida do conectivo lógico “não” ou de outro equivalente.

Bicondicional: A se e somente se B

Denominamos bicondicional a proposição composta formada por duas proposições quaisquer que
estejam ligadas pelo conectivo “se e somente se”.

A proposição bicondicional “A se e somente se B” pode ser representada simbolicamente como:

Exemplo:

Dadas as proposições simples:

A: Adalberto é meu tio.

B: Adalberto é irmão de um de meus pais.

A proposição bicondicional “A se e somente se B” pode ser escrita como:

A ↔B: Adalberto é meu tio se e somente se Adalberto é irmão de um de meus pais.

Como o próprio nome e símbolo sugerem, uma proposição bicondicional “A se e somente se B”


equivale à proposição composta “se A então B”.

Podem-se empregar também como equivalentes de “A se e somente se B” as seguintes expressões:

A se e só se B. Todo A é B e todo B é A.

Todo A é B e reciprocamente. Se A então B e reciprocamente.

A somente se B e B somente se A. A é necessário e suficiente para B.

A é suficiente para B e B é suficiente para A. B é necessário para A e A é necessário para B.

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ARGUMENTAÇÃO

Se as proposições A e B forem representadas como conjuntos através de um diagrama, a proposição


bicondicional “A se e somente se B” corresponderá à igualdade dos conjuntos A e B.

A proposição bicondicional “A se e somente se B” é verdadeira somente quando A e B têm o mesmo


valor lógico (ambas são verdadeiras ou ambas são falsas), sendo falsa quando A e B têm valores
lógicos contrários.

Na tabela-verdade, apresentada a seguir, podemos observar os resultados da proposição


bicondicional “A se e somente se B” para cada um dos valores que A e B podem assumir.

Negação: Não A

Dada uma proposição qualquer A denominamos negação de A à proposição composta que se obtém
a partir da proposição A acrescida do conectivo lógico “não” ou de outro equivalente.

A negação “não A” pode ser representada simbolicamente como: ~A

Podem-se empregar, também, como equivalentes de “não A” as seguintes expressões:

Não é verdade que A. É falso que A.

Se a proposição A for representada como conjunto através de um diagrama, a negação “não A”


corresponderá ao conjunto complementar de A.

Uma proposição A e sua negação “não A” terão sempre valores lógicos opostos.

Na tabela-verdade, apresentada a seguir, podemos observar os resultados da negação “não A” para


cada um dos valores que A pode assumir.

A Tabela-Verdade

Da mesma forma que as proposições simples podem ser verdadeiras ou falsas, as proposições
compostas podem também ser verdadeiras ou falsas. O valor-verdade de uma expressão que
representa uma proposição composta depende dos valores-verdade das subexpressões que a
compõem e também a forma pela qual elas foram compostas.

As tabelas-verdade explicitam a relação entre os valores-verdade de uma expressão composta em


termos dos valores-verdade das subexpressões e variáveis que a compõem.

Na tabela abaixo, encontra-se todos os valores lógicos possíveis de uma proposição composta
correspondente das proposições simples abaixo:

p: Claudio é estudioso.

q: Ele passará no concurso.

Tautologia

A palavra Tautologia é formada por 2 radicais gregos: taut (o) – o que significa “o mesmo” e -logia
que significa “o que diz a mesma coisa já dita”. Para a lógica, a Tautologia é uma proposição analítica
que permanece sempre verdadeira, uma vez que o atributo é uma repetição do sujeito, ou seja, o uso
de palavras diferentes para expressar uma mesma idéia; redundância, pleonasmo.

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ARGUMENTAÇÃO

Exemplo: O sal é salgado

Uma proposição composta formada pelas proposições A, B, C, ... é uma tautologia se ela for sempre
verdadeira, independentemente dos valores lógicos das proposições A, B, C, ... que a compõem.

Exemplo:

A proposição “Se (A e B) então (A ou B)” é uma tautologia, pois é sempre verdadeira,


independentemente dos valores lógicos de A e de B, como se pode observar na tabela-verdade
abaixo:

CONTRADIÇÃO

A contradição é uma relação de incompatibilidade entre duas proposições que não podem ser
simultaneamente verdadeiras nem simultaneamente falsas, por apresentarem o mesmo sujeito e o
mesmo predicado, mas diferirem ao mesmo tempo em quantidade e qualidade.

Exemplo: Todos os homens são mortais e alguns homens não são mortais.

Há uma relação de incompatibilidade entre dois termos em que a afirmação de um implica a negação
do outro e reciprocamente.

Uma proposição composta P (p, q, r, ...) é uma contradição se P (p, q, r, ... ) tem valor lógico F
quaisquer que os valores lógicos das proposições componentes p, q, r, ..., , ou seja, uma contradição
conterá apenas F na última coluna da sua tabela-verdade.

Exemplo: A proposição "p e não p", isto é, p ^ (~p) é uma contradição. De fato, a tabela-verdade de p
^ (~p) é:

O exemplo acima mostra que uma proposição qualquer e sua negação nunca poderão ser
simultaneamente verdadeiros ou simultaneamente falsos.

Como uma tautologia é sempre verdadeira e uma contradição sempre falsa, tem-se que: a negação
de uma tautologia é sempre uma contradição enquanto a negação de uma contradição é sempre uma
tautologia

Contingência

Chama-se Contingência toda a proposição composta em cuja última coluna de sua tabela-verdade
figuram as letras V e F cada uma pelo menos vez. Em outros termos, contingência é toda proposição
composta que não é tautologia nem contradição.

As Contingências são também denominadas proposições indeterminadas.

A proposição "se p então ~p", isto é, p → ( ~p) é uma contingência. De fato, a tabela-verdade de p →
( ~p) é:

Resumidamente temos:

Tautologia contendo apenas V na última coluna da sua tabela-verdade;

Contradição contendo apenas F na última coluna da sua tabela-verdade;

Contingência contendo apenas V e F na última coluna da sua tabela-verdade.

Proposições Logicamente Equivalentes

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ARGUMENTAÇÃO

Dizemos que duas proposições são logicamente equivalentes ou simplesmente equivalentes quando
são compostas pelas mesmas proposições simples e suas tabelas-verdade são idênticas. Uma
consequência prática da equivalência lógica é que ao trocar uma dada proposição por qualquer outra
que lhe seja equivalente, estamos apenas mudando a maneira de dizê-la.

Da definição de equivalência lógica pode-se demonstrar as seguintes equivalências:

Leis associativas:

Leis distributivas:

Lei da dupla negação:

Equivalências da Condicional

Negação De Proposições Compostas

Um problema de grande importância para a lógica é o da identificação de proposições equivalentes à


negação de uma proposição dada. Negar uma proposição simples é uma tarefa que não oferece
grandes obstáculos. Entretanto, podem surgir algumas dificuldades quando procuramos identificar a
negação de uma proposição composta. Como vimos anteriormente, a negação de uma proposição
deve ter sempre valor lógico oposto ao da proposição dada. Deste modo, sempre que uma
proposição A for verdadeira, a sua negação não A deve ser falsa e sempre que A for falsa, não A
deve ser verdadeira.

Em outras palavras, a negação de uma proposição deve ser contraditória com a proposição dada.

A tabela abaixo mostra as equivalências mais comuns para as negações de algumas proposições
compostas:

Proposição Negação Direta Equivalente Da Negação

Compreensão e elaboração da lógica das situações por meio de: raciocínio verbal; raciocínio
sequencial; orientação espacial e temporal; formação de conceitos; discriminação de elementos.

As funções intelectuais são constituídas por alguns raciocínios como: verbal, numérico, abstrato e
espacial. Essas relações contribuem para a compreensão e elaboração do processo lógico de uma
situação, através da formação de conceitos e discriminação de elementos.

Raciocínio Verbal

Definição: Trata-se da capacidade que possuímos para expressar as idéias utilizando símbolos
verbais para organizar o pensamento e estabelecer relações abstratas entre conceitos verbais.

As questões relativas ao raciocínio verbal são apresentadas sob a forma de analogias. Após a
percepção da relação entre um primeiro par de palavras, deve-se encontrar uma quarta palavra que
mantenha relação com uma terceira palavra apresentada.

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ARGUMENTAÇÃO

Exemplos:

1) Quarto está para Casa, como Capítulo está para:

a) Dicionário
b) Leitura
c) Livro
d) Jornal
e) Revista Resposta é a C: Livro.

2) Homem está para Menino, como Mulher está para :

a) Senhora

b) Menina

c) Jovem

A Resposta É Menina.

Os homens na infância são chamados de meninos e as mulheres de meninas.

3) Presidente está para o país assim como o Papa está para:

a) Igreja

b) Templo

c) Mundo

d) Missa

e) Europa

A resposta é Igreja.

O presidente é o representante do país assim como o Papa é o representante da Igreja.

4) Pelé está para o futebol assim como Michael Jordan está para:

a) Handball

b) Vôlei

c) Gol

d) Basquete

e) Automobilismo

A resposta é Basquete.

Pe!é foi o maior jogador de futebol de todos os tempos e assim como Michael Jordan foi o de
basquete.

Formação De Conceitos

O conceito, é uma idéia (só existe no plano mental) que identifica uma classe de objetos singulares.
Tal identificação se dá através da criação do “objeto generalizado” da respectiva classe, o qual é
definido pelo conjunto dos atributos essenciais dessa classe e corresponde a cada um dos objetos
singulares nela incluídos, não se identificando, contudo, com qualquer um deles especificamente. O
objeto generalizado preserva, apenas, os atributos essenciais para a inclusão dos objetos singulares
no conceito.

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ARGUMENTAÇÃO

Em muitos casos, os conceitos são associados a palavras ou expressões especiais que os designam.

Exemplo

Palavras e expressões associadas a conceitos: “caderno”; “livro”; “escola”; “céu”; “amor”; “felicidade”;
“política”; “família”; “linha poligonal”; “equação”; “equação do terceiro grau” ...

Notemos que em alguns conceitos são mais evidentes as mediações de fatores alheios aos mesmos
que alteram seus significados originais, interferindo mesmo em sua essência. Assim, “amor” e
“política”, por exemplo, embora sejam valores sociais de grande relevância adquiriram sentidos bem
diferentes dos originais, sofrendo, de certa forma, uma “desvalorização” ao longo de um processo de
deterioração marcado pela sua vulgarização ou pela sua prostituição.

Notemos, também, que as expressões que designam os conceitos referem-se ao respectivo objeto
generalizado. Quando alguém diz: “vou comprar um caderno”, não está se referindo a um objeto
singular, isto é, a um caderno específico, mas ao objeto generalizado. Na verdade, o objeto singular –
o caderno que efetivamente será comprado – ainda será escolhido. Da mesma forma, quando alguém
diz “vou à praia”, tanto pode ir à praia de Copacabana, como à de Ipanema ou da Barra da Tijuca,
que são, esses sim, objetos singulares.

Exemplo

Outras palavras e expressões que designam conceitos:

1) lápis

2) relógio

3) cadeira

4) avião

5) livro

6) função quadrática

7) figura geométrica

8) integral

Notemos que os três últimos não fazem parte do cotidiano da maioria das pessoas, sendo
construídos através do processo científico que ocorre, em geral, na escolaridade formal. Os demais
estão assimilados pela cultura geral e sua compreensão se dá a nível social e através do
conhecimento espontâneo.

O conceito apresenta em sua estrutura o “volume” e o “conteúdo”, estando associado a uma


expressão gestual, gráfica ou idiomática que o designa.

O volume do conceito é o conjunto de todos os objetos singulares nele incluídos e o conteúdo do


conceito é sua expressão no plano material e se apresenta numa linguagem idiomática, gráfica ou
gestual, articulando de modo conjugado todos os atributos essenciais do respectivo objeto
generalizado. O conteúdo do conceito se apresenta na forma de uma expressão que articula de modo
conjugado todos os atributos essenciais da respectiva classe; manifesta seu volume e seu conteúdo e
identifica o respectivo objeto generalizado.

Exemplo

a) O volume do conceito “caderno” é o conjunto de todos os cadernos

b) O volume do conceito “tigre” é o conjunto de todos os tigres

Exemplo

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ARGUMENTAÇÃO

a) A expressão “substância cuja molécula é constituída por um átomo de oxigênio e dois átomos de
hidrogênio” corresponde ao conteúdo de um conceito comumente designado pela palavra “água”.

b) A expressão “número real inteiro não negativo” é o conteúdo de um conceito muito usado na
aritmética e conhecido por “número natural”.

c) A expressão: “Homem que “forneceu” o espermatozóide que fecundou o óvulo que deu origem ao
jovem José Pedro Guimarães” é o conteúdo do conceito “pai do jovem José Pedro Guimarães.

Exemplo

São exemplos de objetos singulares:

a) Caneta que meu pai utilizou para assinar o contrato de seu primeiro casamento

b) Sapato que estou calçando agora no pé esquerdo

c) Número inteiro maior do que 5 e menor do que 7

Um conceito pode ser formado em distintos graus de generalização, desde o conceito singular que
corresponde a um objeto específico - concreto ou abstrato - até o conceito generalizado (no grau de
máxima generalização), passando por graus intermediários de generalização, correspondentes a
subclasses do respectivo gênero, nas quais se incluem alguns e se excluem outros objetos. Os
atributos essenciais são definidos para cada grau de generalização e o volume de um conceito está
contido no volume de outro conceito de maior grau de generalização.

Exemplo

Conceito singular: “o cachorro do Jorge que mordeu o vizinho ontem”

Conceito generalizado: “Alberto não gosta de cachorro”.

Conceito com grau intermediário de generalização: “ Pedro gosta de cachorro marrom”

No caso do conceito singular apresentado, os atributos presentes (relativos ao conceito ‘cachorro’)


são:

1) ser do Jorge; 2) ter mordido o vizinho ontem. Ambos os atributos são qualidades, pois não fazem
parte dp cachorro (objeto singular).

A presença do atributo “ter mordido o vizinho ontem”, indica que:

a) Jorge tem mais de um cachorro;

b) Algum outro cachorro de Jorge mordeu o vizinho em algum dia distinto de ‘ontem’;

c) Somente um cachorro de Jorge mordeu o vizinho ‘ontem’.

Exemplo

Classificação (isto é, a separação em subclasses) do conceito “ser vivo”:

Notemos que em cada grau de generalização as subclasses correspondem a conceitos contraditórios


em relação à classe anterior e que no sétimo grau de generalização ainda não se chegou ao conceito
singular.

Notemos, também, que na passagem de um grau de generalização para outro menor é escolhido um
critério e dentro dele um atributo. Na passagem do segundo para o terceiro grau de generalização, o
critério foi a “natureza do intelecto” e o atributo escolhido foi “ser racional”. Poderia ter sido escolhido
o critério “natureza do corpo do animal” e o atributo poderia ter sido “ser vertebrado”.

Nesse exemplo, os critérios e os atributos correspondentes, foram:

(1) a palavra “ser” é substantivo e não verbo

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ARGUMENTAÇÃO

(2) a palavra “ser” é verbo e não substantivo

Quando tratamos de um conceito singular, consideramos todos os atributos que identificam o objeto
bem determinado e que o separam de todos os demais da classe a que pertence. Quando se trata de
conceito generalizado em grau intermediário – correspondente a uma subclasse do gênero - são
descartados os atributos peculiares dos objetos individualizados e aqueles específicos a qualquer
outra subclasse, sendo considerados apenas os atributos essenciais à identificação da classe
respectiva. Quando se trata de conceito generalizado em grau máximo, são preservados apenas os
atributos essenciais a todos os objetos que se incluem no conceito, abstraindo os atributos
específicos a qualquer subclasse e aqueles que identificam um único objeto ou um grupo de objetos
singulares, isto é, permanecem apenas as propriedades do objeto generalizado.

Exemplo

Apresentamos abaixo uma sequência de conceitos em ordem decrescente de graus de


generalização:

a) caderno

b) caderno vertical

c) caderno vertical com pauta

d) caderno vertical com espiral com pauta

e) caderno vertical com espiral com pauta e capa dura

Notemos que “caderno horizontal“ é um conceito com mesmo grau de generalização do que “caderno
vertical”, o mesmo acontecendo com os conceitos “caderno vertical com pauta” e “caderno vertical
sem pauta”.

Notemos, ainda, que a relação entre o grau de generalização e o número de atributos essenciais do
conceito é inversa, isto é, quanto mais atributos essenciais, menor é o grau de generalização.

O conteúdo de um conceito, exceto para aquele de grau de generalização máximo, é expresso a


partir do conceito de grau de generalização imediatamente superior.

Existe uma estreita relação entre a elaboração teórica (no plano mental) de uma idéia e sua
expressão concreta (no plano material), a qual se dá através de uma linguagem apropriada (escrita,
falada, gestual ou gráfica), de tal modo que uma coisa não se concretiza plenamente sem a outra. Em
consequência disso, o conhecimento somente está construído quando elaborado no plano mental e
expresso adequadamente no plano material.

No caso do conhecimento científico, isto é, aquele construído através do processo científico, se usa
comumente a linguagem idiomática conjugada com uma linguagem específica ao contexto:
(linguagem jurídica, linguagem policial. Linguagem matemática), havendo, também, o uso da
linguagem gráfica (desenho, esboço, gráfico, tabela). Como existe uma correspondência intrínseca
entre a idéia (plano mental) e a linguagem (sua expressão no plano material), esta deve ser
adequada àquela, sob pena de comprometer o conhecimento construído.

Exemplo

a) A mala do Alberto está tão pesada que parece que vai estourar

b) Todo dia viajo com a “mala” do Alberto.

A formação do conceito generalizado

Em geral, a construção de um conceito – Isto é, a aprendizagem – começa no plano material com a


observação de objetos singulares incluídos no conceito, os quais são conhecidos através de seus
atributos sensorialmente percebidos. Em seguida, tal conhecimento passa ao plano mental sob a
mediação de um signo, que pode ser uma palavra, uma expressão ou algum outro elemento material
que assume a função de “nome” do objeto e depois se confunde com o próprio. O conhecimento de

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ARGUMENTAÇÃO

um número adequado de objetos singulares incluídos num mesmo conceito possibilita que a
separação dos atributos comuns e depois dos essenciais, o que ocorre no plano mental e, muitas
vezes, de modo inconsciente.

Esse processo possibilita a construção do conceito num primeiro grau de generalização e o signo que
antes correspondia particularmente a um dos objetos singulares observados, passa a identificar
qualquer um deles e, numa fase seguinte, passa a corresponder ao conjunto de tais objetos, isto é,
designa o objeto generalizado correspondente ao tal conjunto.

Quando o número de objetos da “família” conhecidos é suficientemente grande para a identificação


de todos os atributos essenciais, torna-se possível alcançar o maior grau de generalização,
descartando-se os atributos não essenciais. Nesse ponto, a “família” passa a ser o “gênero” e o signo
que a identifica passa a corresponder ao objeto generalizado, abstrato, que só existe no plano mental
e não mais corresponde a qualquer um dos objetos singulares, ainda que tal signo continue a ser
utilizado como referência a cada um deles em particular.

O conceito não apenas identifica o objeto generalizado ao qual se refere mas se identifica com ele e
corresponde à internalização mental do conjunto dos objetos singulares ao qual se refere. Os objetos
singulares que inicialmente são conhecidos sensorialmente e depois através da mediação simbólica,
pouco a pouco vão se fundindo num único objeto abstrato, generalizado, que se transforma numa
imagem mental que substitui sua forma material ou materializada.

Relações Entre Conceitos

As relações existentes entre os objetos singulares se apresentam igualmente entre os conceitos que
os incluem, variando desde muito remotas a muito próximas. Essas relações podem existir em função
de circunstâncias (factuais, temporais, espaciais, funcionais, etc...) e podem existir em função de
nexos lógicos entre os objetos. No primeiro caso estão: lápis e caderno; automóvel e rua; ar e avião.
No segundo caso estão: retângulo e quadrado; homem e mulher; cachorro e gato. As relações
circunstanciais sempre podem existir, quaisquer que sejam os objetos, enquanto que as relações
lógicas só existem, em geral, entre objetos que se incluem em algum conceito comum a ambos.

Exemplo

Relações não lógicas (circunstanciais, factuais, temporais, etc.)

1) Estar na mesma sala (um azulejo e um livro)

2) Apresentar a letra x (a palavra “xícara” e a expressão “ax+b”

3) Ser usado para alcançar um objeto no alto (uma pedra e uma escada)

4) Terem sido comprados no mesmo dia (um martelo e um revólver)

5) Apresentar o numeral 2 (a equação “2x+3=0” e a quantia “R$27,00”)

Exemplo Relações lógicas

1) Ser “ser humano” (duas pessoas distintas)

2) Ser talher (garfo e faca)

3) Ser equação do primeiro grau (2x + 3 = 0 e 5x – 7 = 0)

4) Ser grandeza vetorial (velocidade e força)

Conceitos Comparáveis E Incomparáveis

Em função dos nexos lógicos entre os objetos que incluem, os conceitos podem ser classificados
como comparáveis ou incomparáveis, conforme existam ou não existam tais nexos, respectivamente.
Devido à natureza relativa, quanto à intensidade, dos nexos lógicos eventualmente existentes entre
os objetos incluídos em conceitos distintos, a classificação dos conceitos como comparáveis ou
incomparáveis não pode ser considerada de modo absoluto. Assim, pode-se considerar que quanto

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ARGUMENTAÇÃO

mais fortes forem tais nexos, mais os conceitos são comparáveis e quanto mais fracos o forem, mais
eles são incomparáveis. Regra geral, os conceitos comparáveis identificam subclasses de uma classe
identificada por um conceito de maior grau de generalização, o que não ocorre com os conceitos
incomparáveis.

Exemplo

“Homem” e “mulher”, são conceitos comparáveis: apresentam nexos lógicos fortes revelados pelo fato
de que identificam subclasses da classe identificada pelo conceito “ser humano”. Da mesma forma,
“ouro” e “ferro” são conceitos comparáveis: correspondem a subclasses do conceito “metal”.

Exemplo

“Planta” e “raiva” são conceitos não comparáveis: não existem nexos lógicos entre eles, o que se
expressa pelo fato de não corresponderem a subclasses de um mesmo conceito.

Observação:

a)As sentenças “os conceitos A e B identificam subclasses de uma mesma classe identificada pelo
conceito X”, “os conceitos A e B são subordinados ao conceito X” e “os volumes dos conceitos A e B
estão contidos no volume do conceito X”, são equivalentes.

b)Na linguagem corrente, o conceito é “confundido” com a classe que ele identifica. Isso é aceitável,
sendo a distinção assegurada pelo contexto ou explicitada no texto.

Compreensão do processo lógico que, a partir de um conjunto de hipóteses, conduz, de forma válida,
a conclusões determinadas

Processo Lógico - Hipóteses E Conclusão

Lógica E Argumentação

Na estrutura do raciocínio lógico se distingue como elemento central o argumento, que consiste na
articulação do conjunto de premissas de modo a justificar a conclusão.

As proposições somente podem ser designadas como premissa ou como conclusão no contexto de
um argumento e as designações em um argumento podem ser diferentes em outro. Assim, uma
proposição pode ser conclusão num argumento e premissa em outro.

Sabe-se que o objetivo da lógica consiste no estudo das formas de argumentação válidas, pois ela
estuda e sistematiza a validade ou invalidade da argumentação.

Dessa maneira, o objeto de estudo da lógica é determinar se a conclusão de um argumento é ou não


uma consequência lógica das proposições. Lembre-se que uma proposição (declaração/afirmação) é
uma sentença que pode ser verdadeira ou falsa.

Argumento

Denomina-se argumento a relação que associa um conjunto de proposições P1, P2, ... Pn ,
chamadas premissas do argumento, a uma proposição C a qual chamamos de conclusão do
argumento.

No lugar dos termos premissa e conclusão podem ser usados os correspondentes hipótese e tese,
respectivamente.

Os argumentos que têm somente duas premissas são denominados silogismos.

Assim, são exemplos de silogismos os seguintes argumentos: I - P1: Todos os artistas são
apaixonados.

P2: Todos os apaixonados gostam de flores.

C: Todos os artistas gostam de flores.

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ARGUMENTAÇÃO

II - P1: Todos os apaixonados gostam de flores.

P2: Miriam gosta de flores.

C: Miriam é uma apaixonada.

Outro exemplo de um argumento (forma típica):

Quem nasce no Brasil e tem pais brasileiros possui nacionalidade brasileira. Roberto nasceu no Brasil
e seus pais são brasileiros.

Roberto tem nacionalidade brasileira.

Exemplos de diferentes maneiras de expressar o mesmo argumento (na cor verde, indicadores de
premissa ou de conclusão):

Roberto tem nacionalidade brasileira, pois Roberto nasceu no Brasil e seus pais são brasileiros, e
quem nasce no Brasil e tem pais brasileiros possui nacionalidade brasileira.

Quem nasce no Brasil e tem pais brasileiros possui nacionalidade brasileira. Portanto, Roberto tem
nacionalidade brasileira, uma vez que Roberto nasceu no Brasil e seus pais são brasileiros.

Roberto nasceu no Brasil e seus pais são brasileiros. Ora, quem nasce no Brasil e tem pais
brasileiros possui nacionalidade brasileira. Logo, Roberto tem nacionalidade brasileira.

Roberto é brasileiro, porque nasceu no Brasil e seus pais são brasileiros.

Pressupostos:

(a) Quem nasce no Brasil e tem pais brasileiros possui nacionalidade brasileira;

(b) "brasileiro" significa "ter nacionalidade brasileira".]

Quem nasce no Brasil e tem pais brasileiros possui nacionalidade brasileira. Por isso, Roberto é
brasileiro.

Pressupostos:

(a) Roberto nasceu no Brasil e seus pais são brasileiros;

(b) "brasileiro" significa "ter nacionalidade brasileira".] Não são argumentos (embora possam parecer):

Condicionais, isto é, hipóteses. Nesse caso, o que se está propriamente afirmando é apenas o
condicional como um todo - a proposição composta que estabelece o nexo entre duas proposições
componentes, o antecedente e o consequente. Quando digo que se fizer sol neste fim de semana, eu
irei à praia, não estou fazendo previsão do tempo, afirmando que fará sol neste fim de semana, nem
estou pura e simplesmente me comprometendo a ir à praia. A única coisa que estou fazendo é
afirmar a conexão entre duas proposições, dizendo que a eventual verdade da primeira acarreta a
verdade da segunda. Sendo assim, apenas uma proposição é afirmada; logo, não temos um
argumento.

Ligações não-proposicionais, isto é, conexões de frases em que pelo menos uma delas não é uma
proposição. Se pelo menos uma das frases ligadas não for uma proposição (for, por exemplo, um
imperativo ou um pedido), não caberá a afirmação da verdade de algo com base na verdade de outra
coisa. Não se terá, consequentemente, um argumento.

Proposições E Frases

Um argumento é um conjunto de proposições. Quer as premissas quer a conclusão de um argumento


são proposições. Mas o que é mesmo uma proposição?

Uma proposição é o pensamento que uma frase declarativa exprime literalmente.

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ARGUMENTAÇÃO

Não confunda proposições com frases. Uma frase é uma entidade linguística, é a unidade gramatical
mínima de sentido. Por exemplo, o conjunto de palavras "O Brasil é um" não é uma frase. Mas o
conjunto de palavras "O Brasil é um país" é uma frase, pois já se apresenta com sentido gramatical.
Há vários tipos de frases: declarativas, interrogativas, imperativas e exclamativas. Mas só as frases
declarativas exprimem proposições. Uma frase só exprime uma proposição quando o que ela afirma
tem valor de verdade.

Por exemplo, as seguintes frases não exprimem proposições, porque não têm valor de verdade, isto
é, não são verdadeiras nem falsas:

1) Que horas são?

2) Traz a apostila.

3) Prometo ir ao shopping.

4) Quem me dera gostar de Matemática.

Mas as frases seguintes exprimem proposições, porque têm valor de verdade, isto é, são verdadeiras
ou falsas, ainda que, acerca de algumas, não saibamos, neste momento, se são verdadeiras ou
falsas:

1) O Brasil fica na América do Norte.

2) Brasília é a capital do Brasil.

3) A neve é branca.

4) Há seres extra-terrestres inteligentes.

A frase 1 é falsa, a 2 e a 3 são verdadeiras. E a 4?

Bem, não sabemos qual é o seu valor de verdade, não sabemos se é verdadeira ou falsa, mas
sabemos que tem de ser verdadeira ou falsa. Por isso, também exprime uma proposição.

Uma proposição é uma entidade abstrata, é o pensamento que uma frase declarativa exprime
literalmente. Ora, um mesmo pensamento pode ser expresso por diferentes frases. Por isso, a
mesma proposição pode ser expressa por diferentes frases. Por exemplo, as frases "O governo
demitiu o presidente da TAP" e "O presidente da TAP foi demitido pelo governo" exprimem a mesma
proposição. As frases seguintes também exprimem a mesma proposição: "A neve é branca" e "Snow
is white".

Argumento Válido

Dizemos que um argumento é válido ou ainda que ele é legítimo ou bem construído quando a sua
conclusão é uma consequência obrigatória do seu conjunto de premissas. Posto de outra forma:
quando um argumento é válido, a verdade das premissas deve garantir a verdade da conclusão do
argumento. Isto significa que jamais poderemos chegar a uma conclusão falsa quando as premissas
forem verdadeiras e o argumento for válido.

É importante observar que ao discutir a validade de um argumento é irrelevante o valor de verdade de


cada uma das premissas. Em Lógica, o estudo dos argumentos não leva em conta a verdade ou
falsidade das proposições que compõem os argumentos, mas tão-somente a validade destes.

Exemplo:

O silogismo:

“Todos os pardais adoram jogar xadrez. Nenhum enxadrista gosta de óperas.

Portanto, nenhum pardal gosta de óperas.”

está perfeitamente bem construído (veja o diagrama abaixo), sendo, portanto, um argumento válido,

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ARGUMENTAÇÃO

muito embora a verdade das premissas seja questionável.

Op = Conjunto dos que gostam de óperas X = Conjunto dos que adoram jogar xadrez P = Conjunto
dos pardais

Pelo diagrama pode-se perceber que nenhum elemento do conjunto P (pardais) pode pertencer ao
conjunto Op (os que gostam de óperas).

Validade Lógica (Exemplos)

Argumento (I):

Todas as aranhas são seres que têm seis patas

Todos os seres que têm seis patas são seres que têm asas

:. Todas as aranhas são seres que têm asas Argumento (II):

Todas as baleias são mamíferos Todos os mamíferos são pulmonares

:. Todas as baleias são pulmonares

A estrutura comum (válida) dos argumentos (I) e (II) é:

Todo A é B Todo B é C

:. Todo A é C

Argumento (III):

Alguns mamíferos são cetáceos Alguns cetáceos são dentados

:. Alguns mamíferos são dentados Argumento (IV):

Alguns presentes nesta sala são moradores de Porto Alegre Alguns moradores de Porto Alegre são
octagenários

:. Alguns presentes nesta sala são octagenários

A estrutura comum (inválida) dos argumentos (III) e (IV) é:

Alguns A são B Alguns B são C

:. Alguns A são C

Argumento Inválido

Dizemos que um argumento é inválido, também denominado ilegítimo, mal construído ou falacioso,
quando a verdade das premisssas não é suficiente para garantir a verdade da conclusão.

Exemplo:

O silogismo:

“Todos os alunos do curso passaram. Maria não é aluna do curso.

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ARGUMENTAÇÃO

Portanto, Maria não passou.”

é um argumento inválido, falacioso, mal construído, pois as premissas não garantem (não obrigam) a
verdade da conclusão (veja o diagrama abaixo). Maria pode Ter passado mesmo sem ser aluna do
curso, pois a primeira premissa não afirmou que somente os alunos do curso haviam passado.

P = Conjunto das pessoas que passaram.

C = Conjunto dos alunos do curso.

Na tabela abaixo, podemos ver um resumo das situações possíveis para um argumento:

Premissas

Argumentos dedutivos sempre requerem um certo número de "assunções-base". São as chamadas


premissas; é a partir delas que os argumentos são construídos; ou, dizendo de outro modo, são as
razões para se aceitar o argumento. Entretanto, algo que é uma premissa no contexto de um
argumento em particular, pode ser a conclusão de outro, por exemplo.

As premissas do argumento sempre devem ser explicitadas, esse é o princípio do audiatur et altera
pars*. A omissão das premissas é comumente encarada como algo suspeito, e provavelmente
reduzirá as chances de aceitação do argumento.

A apresentação das premissas de um argumento geralmente é precedida pelas palavras "Admitindo


que...", "Já que...", "Obviamente se..." e "Porque...". É imprescindível que seu oponente concorde
com suas premissas antes de proceder com a argumentação.

Usar a palavra "obviamente" pode gerar desconfiança. Ela ocasionalmente faz algumas pessoas
aceitarem afirmações falsas em vez de admitir que não entendem por que algo é "óbvio". Não hesite
em questionar afirmações supostamente "óbvias".

Expressão latina que significa "a parte contrária deve ser ouvida".

Inferência

Umas vez que haja concordância sobre as premissas, o argumento procede passo a passo através
do processo chamado inferência.

Na inferência, parte-se de uma ou mais proposições aceitas (premissas) para chegar a outras novas.
Se a inferência for válida, a nova proposição também deve ser aceita. Posteriormente essa
proposição poderá ser empregada em novas inferências.

Assim, inicialmente, apenas podemos inferir algo a partir das premissas do argumento; ao longo da
argumentação, entretanto, o número de afirmações que podem ser utilizadas aumenta.

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ARGUMENTAÇÃO

Há vários tipos de inferência válidos, mas também alguns inválidos, os quais serão analisados neste
documento. O processo de inferência é comumente identificado pelas frases "consequentemente..."
ou "isso implica que...".

Tabela Verdade Para Implicação

• Se as premissas são falsas e a inferência é válida, a conclusão pode ser verdadeira ou falsa.
(Linhas 1 e 2.)

• Se as premissas são verdadeiras e a conclusão é falsa, a inferência deve ser inválida. (Linha 3.)

• Se as premissas são verdadeiras e a inferência é válida, a conclusão deve ser verdadeira. (Linha 4.)

Então o fato que um argumento é válido não necessariamente significa que sua conclusão suporta -
pode ter começado de premissas falsas.

Se um argumento é válido, e além disso começou de premissas verdadeiras, então é chamado de um


argumento sensato. Um argumento sensato deve chegar à uma conclusão verdadeira.

Exemplo De Argumento

A seguir exemplificamos um argumento válido, mas que pode ou não ser "consistente".

1 - Premissa: Todo evento tem uma causa. 2 - Premissa: O Universo teve um começo. 3 - Premissa:
Começar envolve um evento.

4 - Inferência: Isso implica que o começo do Universo envolveu um evento. 5 - Inferência: Logo, o
começo do Universo teve uma causa.

6 - Conclusão: O Universo teve uma causa.

A proposição da linha 4 foi inferida das linhas 2 e 3.

A linha 1, então, é usada em conjunto com proposição 4, para inferir uma nova proposição (linha 5).

O resultado dessa inferência é reafirmado (numa forma levemente simplificada) como sendo a
conclusão.

Reconhecendo Argumentos

O reconhecimento de argumentos é mais difícil que das premissas ou conclusão. Muitas pessoas
abarrotam textos de asserções sem sequer produzir algo que possa ser chamado argumento.

Algumas vezes os argumentos não seguem os padrões descritos acima. Por exemplo, alguém pode
dizer quais são suas conclusões e depois justificá-las. Isso é válido, mas pode ser um pouco confuso.

Para piorar a situação, algumas afirmações parecem argumentos, mas não são. Por exemplo: "Se a
Bíblia é verdadeira, Jesus ou foi um louco, um mentiroso, ou o Filho de Deus".

Isso não é um argumento; é uma afirmação condicional. Não explicita as premissas necessárias para
embasar as conclusões, sem mencionar que possui outras falhas.

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ARGUMENTAÇÃO

Um argumento não equivale a uma explicação. Suponha que, tentando provar que Albert Einstein
acreditava em Deus, disséssemos: "Einstein afirmou que 'Deus não joga dados' porque cria em
Deus".

Isso pode parecer um argumento relevante, mas não é; trata-se de uma explicação da afirmação de
Einstein. Para perceber isso, lembre-se que uma afirmação da forma "X porque Y" pode ser reescrita
na forma "Y logo X". O que resultaria em: "Einstein cria em Deus, por isso afirmou que 'Deus não joga
dados'".

Agora fica claro que a afirmação, que parecia um argumento, está admitindo a conclusão que deveria
estar provando.

Ademais, Einstein não cria num Deus pessoal preocupado com assuntos humanos .

Falácias

Há um certo número de "armadilhas" a serem evitadas quando se está construindo um argumento


dedutivo; elas são conhecidas como falácias. Na linguagem do dia-a-dia, nós denominamos muitas
crenças equivocadas como falácias, mas, na lógica, o termo possui significado mais específico:
falácia é uma falha técnica que torna o argumento inconsistente ou inválido.

(Além da consistência do argumento, também se podem criticar as intenções por detrás da


argumentação.)

Argumentos contentores de falácias são denominados falaciosos. Frequentemente parecem válidos e


convincentes; às vezes, apenas uma análise pormenorizada é capaz de revelar a falha lógica.

A seguir está uma lista de algumas das falácias mais comuns e determinadas técnicas retóricas
bastante utilizadas em debates. A intenção não foi criar uma lista exaustivamente grande, mas
apenas ajudá-lo a reconhecer algumas das falácias mais comuns, evitando, assim, ser enganado por
elas.

Acentuação / Ênfase

A Acentuação funciona através de uma mudança no significado. Neste caso, o significado é alterado
enfatizando diferentes partes da afirmação.

Por exemplo:

"Não devemos falar mal de nossos amigos" "Não devemos falar mal de nossos amigos"

Ad Hoc

Como mencionado acima, argumentar e explicar são coisas diferentes. Se estivermos interessados
em demonstrar A, e B é oferecido como evidência, a afirmação "A porque B" é um argumento. Se
estivermos tentando demonstrar a veracidade de B, então "A porque B" não é um argumento, mas
uma explicação.

A falácia Ad Hoc é explicar um fato após ter ocorrido, mas sem que essa explicação seja aplicável a
outras situações. Frequentemente a falácia Ad Hoc vem mascarada de argumento. Por exemplo, se
admitirmos que Deus trata as pessoas igualmente, então esta seria uma explicação Ad Hoc:

"Eu fui curado de câncer"

"Agradeça a Deus, pois ele lhe curou"

"Então ele vai curar todas pessoas que têm câncer?" "Hmm... talvez... os desígnios de Deus são
misteriosos."

Afirmação do Consequente

Essa falácia é um argumento na forma "A implica B, B é verdade, logo A é verdade". Para entender
por que isso é uma falácia, examine a tabela (acima) com as Regras de Implicação.

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ARGUMENTAÇÃO

Aqui está um exemplo:

"Se o universo tivesse sido criado por um ser sobrenatural, haveria ordem e organização em todo
lugar. E nós vemos ordem, e não esporadicidade; então é óbvio que o universo teve um criador."

Esse argumento é o contrario da Negação do Antecedente.

Anfibolia

A Anfibolia ocorre quando as premissas usadas num argumento são ambíguas devido a negligência
ou imprecisão gramatical.

Por exemplo:

"Premissa: A crença em Deus preenche um vazio muito necessário."

Evidência Anedótica

Uma das falácias mais simples é dar crédito a uma Evidência Anedótica.

Por exemplo:

"Há abundantes provas da existência de Deus; ele ainda faz milagres. Semana passada eu li sobre
uma garota que estava morrendo de câncer, então sua família inteira foi para uma igreja e rezou, e
ela foi curada."

É bastante válido usar experiências pessoais como ilustração; contudo, essas anedotas não provam
nada a ninguém. Um amigo seu pode dizer que encontrou Elvis Presley no supermercado, mas
aqueles que não tiveram a mesma experiência exigirão mais do que o testemunho de seu amigo para
serem convencidos.

Evidências Anedóticas podem parecer muito convincentes, especialmente queremos acreditar nelas.

Argumentum ad Antiquitatem

Essa é a falácia de afirmar que algo é verdadeiro ou bom só porque é antigo ou "sempre foi assim". A
falácia oposta é a Argumentum ad Novitatem.

"Cristãos acreditam em Jesus há milhares de anos. Se o Cristianismo não fosse verdadeiro, não teria
perdurado tanto tempo"

Argumentum ad Baculum / Apelo à Força

Acontece quando alguém recorre à força (ou à ameaça) para tentar induzir outros a aceitarem uma
conclusão. Essa falácia é frequentemente utilizada por políticos, e pode ser sumarizada na expressão
"o poder define os direitos". A ameaça não precisa vir diretamente da pessoa que argumenta.

Por exemplo::

"...assim, há amplas provas da veracidade da Bíblia, e todos que não aceitarem essa verdade
queimarão no Inferno."

"...em todo caso, sei seu telefone e endereço; já mencionei que possuo licença para portar armas?"

Argumentum ad Crumenam

É a falácia de acreditar que dinheiro é o critério da verdade; que indivíduos ricos têm mais chances
de estarem certos. Trata-se do oposto ao Argumentum ad Lazarum.

Exemplo:

"A Microsoft é indubitavelmente superior; por que outro motivo Bill Gates seria tão rico?"

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ARGUMENTAÇÃO

Argumentum ad Hominen

Argumentum ad Hominem literalmente significa "argumento direcionado ao homem"; há duas


variedades.

A primeira é a falácia Argumentum ad Hominemabusiva: consiste em rejeitar uma afirmação e


justificar a recusa criticando a pessoa que fez a afirmação.

Por exemplo:

"Você diz que os ateus podem ser morais, mas descobri que você abandonou sua mulher e filhos."

Isso é uma falácia porque a veracidade de uma asserção não depende das virtudes da pessoa que a
propugna. Uma versão mais sutil do Argumentum ad Hominen é rejeitar uma proposição baseando-se
no fato de ela também ser defendida por pessoas de caráter muito questionável.

Por exemplo:

"Por isso nós deveríamos fechar a igreja? Hitler e Stálin concordariam com você."

A segunda forma é tentar persuadir alguém a aceitar uma afirmação utilizando como referência as
circunstâncias particulares da pessoa.

Por exemplo:

"É perfeitamente aceitável matar animais para usar como alimento. Esperto que você não contrarie o
que eu disse, pois parece bastante feliz em vestir seus sapatos de couro."

Esta falácia é conhecida como Argumenutm ad Hominem circunstancial e também pode ser usada
como uma desculpa para rejeitar uma conclusão.

Por exemplo:

"É claro que a seu ver discriminação racial é absurda. Você é negro"

Essa forma em particular do Argumenutm ad Hominem, no qual você alega que alguém está
defendendo uma conclusão por motivos egoístas, também é conhecida como "envenenar o poço".

Não é sempre inválido referir-se às circunstâncias de quem que faz uma afirmação. Um indivíduo
certamente perde credibilidade como testemunha se tiver fama de mentiroso ou traidor; entretanto,
isso não prova a falsidade de seu testemunho, nem altera a consistência de quaisquer de seus
argumentos lógicos.

Argumentum ad Ignorantiam

Argumentum ad Ignorantiam significa "argumento da ignorância". A falácia consiste em afirmar que


algo é verdade simplesmente porque não provaram o contrário; ou, de modo equivalente, quando for
dito que algo é falso porque não provaram sua veracidade.

(Nota: admitir que algo é falso até provarem o contrário não é a mesma coisa que afirmar. Nas leis,
por exemplo, os indivíduos são considerados inocentes até que se prove o contrário.)

Abaixo estão dois exemplos:

"Obviamente a Bíblia é verdadeira. Ninguém pode provar o contrário."

"Certamente a telepatia e os outros fenômenos psíquicos não existem. Ninguém jamais foi capaz de
prová-los."

Na investigação científica, sabe-se que um evento pode produzir certas evidências de sua ocorrência,
e que a ausência dessas evidências pode ser validamente utilizada para inferir que o evento não
ocorreu. No entanto, não prova com certeza.

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ARGUMENTAÇÃO

Por exemplo:

"Para que ocorresse um dilúvio como o descrito pela Bíblia seria necessário um enorme volume de
água. A Terra não possui nem um décimo da quantidade necessária, mesmo levando em conta a que
está congelada nos pólos. Logo, o dilúvio não ocorreu."

Certamente é possível que algum processo desconhecido tenha removido a água. A ciência,
entretanto, exigiria teorias plausíveis e passíveis de experimentação para aceitar que o fato tenha
ocorrido.

Infelizmente, a história da ciência é cheia de predições lógicas que se mostraram equivocadas. Em


1893, a Real Academia de Ciências da Inglaterra foi persuadida por Sir Robert Ball de que a
comunicação com o planeta Marte era fisicamente impossível, pois necessitaria de uma antena do
tamanho da Irlanda, e seria impossível fazê-la funcionar.

Argumentum ad Lazarum

É a falácia de assumir que alguém pobre é mais íntegro ou virtuoso que alguém rico. Essa falácia é
apõe-se à Argumentum ad Crumenam.

Por exemplo:

"É mais provável que os monges descubram o significado da vida, pois abdicaram das distrações que
o dinheiro possibilita."

Argumentum ad Logicam

Essa é uma "falácia da falácia". Consiste em argumentar que uma proposição é falsa porque foi
apresentada como a conclusão de um argumento falacioso. Lembre-se que um argumento falacioso
pode chegar a conclusões verdadeiras.

"Pegue a fração 16/64. Agora, cancelando-se o seis de cima e o seis debaixo, chegamos a 1/4."
"Espere um segundo! Você não pode cancelar o seis!"

"Ah, então você quer dizer que 16/64 não é 1/4?"

Argumentum ad Misericordiam

É o apelo à piedade, também conhecida como Súplica Especial. A falácia é cometida quando alguém
apela à compaixão a fim de que aceitem sua conclusão.

Por exemplo:

"Eu não assassinei meus pais com um machado! Por favor, não me acuse; você não vê que já estou
sofrendo o bastante por ter me tornado um órfão?"

Argumentum ad Nauseam

Consistem em crer, equivocadamente, que algo é tanto mais verdade, ou tem mais chances de ser,
quanto mais for repetido. Um Argumentum ad Nauseamé aquele que afirma algo repetitivamente até
a exaustão.

Argumentum ad Novitatem

Esse é o oposto do Argumentum ad Antiquitatem; é a falácia de afirmar que algo é melhor ou mais
verdadeiro simplesmente porque é novo ou mais recente que alguma outra coisa.

"BeOS é, de longe, um sistema operacional superior ao OpenStep, pois possui um design muito mais
atual."

Argumentum ad Numerum

Falácia relacionada ao Argumentum ad Populum. Consiste em afirmar que quanto mais pessoas

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ARGUMENTAÇÃO

concordam ou acreditam numa certa proposição, mais provavelmente ela estará correta.

Por exemplo:

"A grande maioria dos habitantes deste país acredita que a punição capital é bastante eficiente na
diminuição dos delitos. Negar isso em face de tantas evidências é ridículo."

"Milhares de pessoas acreditam nos poderes das pirâmides; ela deve ter algo de especial."

Argumentum ad Populum

Também conhecida como apelo ao povo. Comete-se essa falácia ao tentar conquistar a aceitação de
uma proposição apelando a um grande número de pessoas. Esse tipo de falácia é comumente
caracterizado por uma linguagem emotiva.

Por exemplo:

"A pornografia deve ser banida. É uma violência contra as mulheres."

"Por milhares de anos pessoas têm acreditado na Bíblia e Jesus, e essa crença teve um enorme
impacto sobre suas vida. De que outra evidência você precisa para se convencer de que Jesus é o
filho de Deus? Você está dizendo que todas elas são apenas estúpidas pessoas enganadas?"

Argumentum ad Verecundiam

O Apelo à Autoridade usa a admiração a uma pessoa famosa para tentar sustentar uma afirmação.
Por exemplo:

"Isaac Newton foi um gênio e acreditava em Deus."

Esse tipo de argumento não é sempre inválido; por exemplo, pode ser relevante fazer referência a um
indivíduo famoso de um campo específico. Por exemplo, podemos distinguir facilmente entre:

"Hawking concluiu que os buracos negros geram radiação."

"Penrose conclui que é impossível construir um computador inteligente."

Hawking é um físico, então é razoável admitir que suas opiniões sobre os buracos negros são
fundamentadas. Penrose é um matemático, então sua qualificação para falar sobre o assunto é
bastante questionável.

Audiatur et Altera Pars

Frequentemente pessoas argumentam partir de assunções omitidas. O princípio do Audiatur et Altera


Pars diz que todas premissas de um argumento devem ser explicitadas. Estritamente, a omissão das
premissas não é uma falácia; entretanto, é comumente vista como algo suspeito.

Bifurcação

"Preto e Branco" é outro nome dado a essa falácia. A Bifurcação ocorre se alguém apresenta uma
situação com apenas duas alternativas, quando na verdade existem ou podem existir outras.

Por exemplo:

"Ou o homem foi criado, como diz a Bíblia, ou evoluiu casualmente de substâncias químicas
inanimadas, como os cientistas dizem. Já que a segunda hipótese é incrivelmente improvável,
então..."

Circulus in Demonstrando

Consiste em adotar como premissa uma conclusão à qual você está tentando chegar. Não raro, a
proposição é reescrita para fazer com que tenha a aparência de um argumento válido.

Por exemplo:

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ARGUMENTAÇÃO

"Homossexuais não devem exercer cargos públicos. Ou seja, qualquer funcionário público que se
revele um homossexual deve ser despedido. Por isso, eles farão qualquer coisa para esconder seu
segredo, e assim ficarão totalmente sujeitos a chantagens. Consequentemente, não se deve permitir
homossexuais em cargos públicos."

Esse é um argumento completamente circular; a premissa e a conclusão são a mesma coisa. Um


argumento como o acima foi realmente utilizado como um motivo para que todos os empregados
homossexuais do Serviço Secreto Britânico fossem despedidos.

Infelizmente, argumentos circulares são surpreendentemente comuns. Após chegarmos a uma


conclusão, é fácil que, acidentalmente, façamos asserções ao tentarmos explicar o raciocínio a
alguém.

Questão Complexa / Falácia de Interrogação / Falácia da Pressuposição

É a forma interrogativa de pressupor uma resposta. Um exemplo clássico é a pergunta capciosa:

"Você parou de bater em sua esposa?"

A questão pressupõe uma resposta definida a outra questão que não chegou a ser feita. Esse truque
é bastante usado por advogados durante o interrogatório, quando fazem perguntas do tipo:

"Onde você escondeu o dinheiro que roubou?"

Similarmente, políticos também usam perguntas capciosas como:

"Até quando será permitida a intromissão dos EUA em nossos assuntos?"

"O Chanceller planeja continuar essa privatização ruinosa por dois anos ou mais?" Outra forma dessa
falácia é pedir a explicação de algo falso ou que ainda não foi discutido.

Falácias de Composição

A Falácia de Composição é concluir que uma propriedade compartilhada por um número de


elementos em particular, também é compartilhada por um conjunto desses elementos; ou que as
propriedades de uma parte do objeto devem ser as mesmas nele inteiro.

Exemplos:

"Essa bicicleta é feita inteiramente de componentes de baixa densidade, logo é muito leve."

"Um carro utiliza menos petroquímicos e causa menos poluição que um ônibus. Logo, os carros
causam menos dano ambiental que os ônibus."

Acidente Invertido / Generalização Grosseira

Essa é o inverso da Falácia do Acidente. Ela ocorre quando se cria uma regra geral examinando
apenas poucos casos específicos que não representam todos os possíveis casos.

Por exemplo:

"Jim Bakker foi um Cristão pérfido; logo, todos os cristãos também são."

Convertendo uma Condicional

A falácia é um argumento na forma "Se A então B, logo se B então A".

"Se os padrões educacionais forem abaixados, a qualidade dos argumentos vistos na internet diminui.
Então, se vermos o nível dos debates na internet piorar, saberemos que os padrões educacionais
estão caindo."

Essa falácia é similar à Afirmação do Consequente, mas escrita como uma afirmação condicional.

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ARGUMENTAÇÃO

Cum Hoc Ergo Propter Hoc

Essa falácia é similar à Post Hoc Ergo Propter Hoc. Consiste em afirmar que devido a dois eventos
terem ocorrido concomitantemente, eles possuem uma relação de causalidade. Isso é uma falácia
porque ignora outro(s) fator(es) que pode(m) ser a(s) causa(s) do(s) evento(s).

"Os índices de analfabetismo têm aumentado constantemente desde o advento da televisão.

Obviamente ela compromete o aprendizado"

Essa falácia é um caso especial da Non Causa Pro Causa.

Negação do Antecedente

Trata-se de um argumento na forma "A implica B, A é falso, logo B é falso". A tabela com as Regras
de Implicação explica por que isso é uma falácia.

(Nota: A Non Causa Pro Causa é diferente dessa falácia. A Negação do Antecedente possui a forma
"A implica B, A é falso, logo B é falso", onde A não implica B em absoluto. O problema não é que a
implicação seja inválida, mas que a falsidade de A não nos permite deduzir qualquer coisa sobre B.)

"Se o Deus bíblico aparecesse para mim pessoalmente, isso certamente provaria que o cristianismo é
verdade. Mas ele não o fez, ou seja, a Bíblia não passa de ficção."

Esse é oposto da falácia Afirmação do Consequente.

Falácia do Acidente / Generalização Absoluta / Dicto Simpliciter

Uma Generalização Absoluta ocorre quando uma regra geral é aplicada a uma situação em particular,
mas as características da situação tornam regra inaplicável. O erro ocorre quando se vai do geral do
específico.

Por exemplo:

"Cristãos não gostam de ateus. Você é um Cristão, logo não gosta de ateus."

Essa falácia é muito comum entre pessoas que tentam decidir questões legais e morais aplicando
regras gerais mecanicamente.

Falácia da Divisão

Oposta à Falácia de Composição, consiste em assumir que a propriedade de um elemento deve


aplicar-se às suas partes; ou que uma propriedade de um conjunto de elementos é compartilhada por
todos.

"Você estuda num colégio rico. Logo, você é rico."

"Formigas podem destruir uma árvore. Logo, essa formiga também pode."

Equivocação / Falácia de Quatro Termos

A Equivocação ocorre quando uma palavra-chave é utilizada com dois um ou mais significados no
mesmo argumento.

Por exemplo:

"João é destro jogando futebol. Logo, também deve ser destro em outros esportes, apesar de ser
canhoto."

Uma forma de evitar essa falácia é escolher cuidadosamente a terminologia antes de formular o
argumento, isso evita que palavras como "destro" possam ter vários significados (como "que usa
preferencialmente a mão direita" ou "hábil, rápido").

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ARGUMENTAÇÃO

Analogia Estendida

A falácia da Analogia Estendida ocorre, geralmente, quando alguma regra geral está sendo discutida.
Um caso típico é assumir que a menção de duas situações diferentes, num argumento sobre uma
regra geral, significa que tais afirmações são análogas.

A seguir está um exemplo retirado de um debate sobre a legislação anticriptográfica. "Eu acredito que
é errado opor-se à lei violando-a."

"Essa posição é execrável: implica que você não apoiaria Martin Luther King."

"Você está dizendo que a legislação sobre criptografia é tão importante quando a luta pela igualdade
dos homens? Como ousa!"

Ignorantio Elenchi / Conclusão Irrelevante

A Ignorantio Elenchi consiste em afirmar que um argumento suporta uma conclusão em particular,
quando na verdade não possuem qualquer relação lógica.

Por exemplo:

Um Cristão pode começar alegando que os ensinamentos do Cristianismo são indubitavelmente


verdadeiros. Se após isso ele tentar justificar suas afirmações dizendo que tais ensinamentos são
muito benéficos às pessoas que os seguem, não importa quão eloquente ou coerente seja sua
argumentação, ela nunca vai provar a veracidade desses escritos.

Lamentavelmente, esse tipo de argumentação é quase sempre bem-sucedido, pois faz as pessoas
enxergarem a suposta conclusão numa perspectiva mais benevolente.

Falácia da Lei Natural / Apelo à Natureza

O Apelo à Natureza é uma falácia comum em argumentos políticos. Uma versão consiste em
estabelecer uma analogia entre uma conclusão em particular e algum aspecto do mundo natural, e
então afirmar que tal conclusão é inevitável porque o mundo natural é similar:

"O mundo natural é caracterizado pela competição; animais lutam uns contra os outros pela posse de
recursos naturais limitados. O capitalismo - luta pela posse de capital - é simplesmente um aspecto
inevitável da natureza humana. É como o mundo funciona."

Outra forma de Apelo à Natureza é argumentar que devido ao homem ser produto da natureza, deve
se comportar como se ainda estivesse nela, pois do contrário estaria indo contra sua própria
essência.

"Claro que o homossexualismo é inatural. Qual foi a última vez em que você viu animais do mesmo
sexo copulando?"

Falácia "Nenhum Escocês de Verdade..."

Suponha que eu afirme "Nenhum escocês coloca açúcar em seu mingau". Você contra-argumenta
dizendo que seu amigo Angus gosta de açúcar no mingau. Então eu digo "Ah, sim, mas nenhum
escocês de verdade coloca".

Esse é o exemplo de uma mudança Ad Hoc sendo feita para defender uma afirmação, combinada
com uma tentativa de mudar o significado original das palavras; essa pode ser chamada uma
combinação de falácias.

Non Causa Pro Causa

A falácia Non Causa Pro Causa ocorre quando algo é tomado como causa de um evento, mas sem
que a relação causal seja demonstrada.

Por exemplo:

WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 43
ARGUMENTAÇÃO

"Eu tomei uma aspirina e rezei para que Deus a fizesse funcionar; então minha dor de cabeça
desapareceu. Certamente Deus foi quem a curou."

Essa é conhecida como a falácia da Causalidade Fictícia. Duas variações da Non Causa Pro Causa
são as falácias Cum Hoc Ergo Propter Hoc e Post Hoc Ergo Propter Hoc.

Non Sequitur

Non Sequitur é um argumento onde a conclusão deriva das premissas sem qualquer conexão lógica.

Por exemplo:

"Já que os egípcios fizeram muitas escavações durante a construção das pirâmides, então
certamente eram peritos em paleontologia."

Pretitio Principii / Implorando a Pergunta

Ocorre quando as premissas são pelo menos tão questionáveis quanto as conclusões atingidas.

Por exemplo:

"A Bíblia é a palavra de Deus. A palavra de Deus não pode ser questionada; a Bíblia diz que ela
mesma é verdadeira. Logo, sua veracidade é uma certeza absoluta."

Pretitio Principii é similar ao Circulus in Demonstrando, onde a conclusão é a própria premissa.

Plurium Interrogationum / Muitas Questões

Essa falácia ocorre quando alguém exige uma resposta simplista a uma questão complexa. "Altos
impostos impedem os negócios ou não? Sim ou não?"

Post Hoc Ergo Proter Hoc

A falácia Post Hoc Ergo Propter Hoc ocorre quando algo é admitido como causa de um evento
meramente porque o antecedeu.

Por exemplo:

"A União Soviética entrou em colapso após a instituição do ateísmo estatal; logo, o ateísmo deve ser
evitado."

Essa é outra versão da Falácia da Causalidade Fictícia.

Falácia "Olha o Avião"

Comete-se essa falácia quando alguém introduz material irrelevante à questão sendo discutida,
fugindo do assunto e comprometendo a objetividade da conclusão.

"Você pode até dizer que a pena de morte é ineficiente no combate à criminalidade, mas e as
vítimas? Como você acha que os pais se sentirão quando virem o assassino de seu filho vivendo às
custas dos impostos que eles pagam? É justo que paguem pela comida do assassino de seu filho?"

Reificação

A Reificação ocorre quando um conceito abstrato é tratado como algo concreto.

"Você descreveu aquela pessoa como 'maldosa'. Mas onde fica essa 'maldade'? Dentro do cérebro?
Cadê? Você não pode nem demonstrar o que diz, suas afirmações são infundadas."

Mudando o Ônus da Prova

O ônus da prova sempre cabe à pessoa que afirma. Análoga ao Argumentum ad Ignorantiam, é a
falácia de colocar o ônus da prova no indivíduo que nega ou questiona uma afirmação. O erro,
obviamente, consiste em admitir que algo é verdade até que provem o contrário.

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ARGUMENTAÇÃO

"Dizer que os alienígenas não estão controlando o mundo é fácil... eu quero que você prove."

Declive Escorregadio

Consiste em dizer que a ocorrência de um evento acarretará consequências daninhas, mas sem
apresentar provas para sustentar tal afirmação.

Por exemplo:

"Se legalizarmos a maconha, então mais pessoas começarão a usar crack e heroína, e teríamos de
legalizá-las também. Não levará muito tempo até que este país se transforme numa nação de
viciados. Logo, não se deve legalizar a maconha."

Espantalho

A falácia do Espantalho consiste em distorcer a posição de alguém para que possa ser atacada mais
facilmente. O erro está no fato dela não lidar com os verdadeiros argumentos.

"Para ser ateu você precisa crer piamente na inexistência de Deus. Para convencer-se disso, é
preciso vasculhar todo o Universo e todos os lugares onde Deus poderia estar. Já que obviamente
você não fez isso, sua posição é indefensável."

Tu Quoque

Essa é a famosa falácia "você também". Ocorre quando se argumenta que uma ação é aceitável
apenas porque seu oponente a fez.

Por exemplo:

"Você está sendo agressivo em suas afirmações." "E daí? Você também."

Isso é um ataque pessoal, sendo uma variante do caso Argumentum ad Hominem.

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RACIOCIONIO DEDUTIVO

Raciocínio Dedutivo

Raciocínio dedutivo ou método dedutivo é um tipo de raciocínio lógico que faz uso da dedução para
obter uma conclusão a respeito de determinada premissa. O termo “dedução” está registrado no
dicionário como o ato de deduzir, concluir, ou a enumeração minuciosa de fatos e argumentos. A
origem do método dedutivo é atribuída aos antigos gregos, com o silogismo do filósofo Aristóteles,
sendo mais tarde desenvolvido por Descartes, Spinoza e Leibniz.

Nesta modalidade de raciocínio lógico, dada uma generalização, inferimos as particularidades. As


generalizações são sempre atingidas pelo processo indutivo, e as particularidades pelo dedutivo. O
raciocínio dedutivo apresenta conclusões que devem, necessariamente, ser verdadeiras caso todas
as premissas sejam verdadeiras. Sua base é racionalista e pressupõe que apenas a razão pode
conduzir ao conhecimento verdadeiro. Assim, a ideia por trás do método dedutivo é ter um princípio
reconhecido como verdadeiro e inquestionável, ou seja, uma premissa maior, a partir da qual o
pesquisador estabelece relações com uma proposição particular, a premissa menor. Ambas são
comparadas para, a partir de raciocínio lógico, chegar à verdade daquilo que propõe, ou conclusão.

É importante deixar claro que a dedução não oferece conhecimento novo, uma vez que sempre
conduz à particularidade de uma lei geral previamente conhecida. O método dedutivo apenas
organiza e especifica o conhecimento que já se possui, partindo de um ponto inteligível, ou seja, da
verdade geral, já estabelecida, indo a outro ponto interior deste plano. O raciocínio dedutivo parte de
uma hipótese geral sem referência com o mundo real, mas com o que o cientista, filósofo ou
pensador imagina sobre o mundo. A fonte de verdade para um dedutivista é a lógica, para um
indutivista é a experiência.

Talvez o veículo que mais tenha contribuído para tornar famoso o método dedutivo foi a literatura
popular, com as publicações das obras de Sir Arthur Conan Doyle, no qual o seu personagem, o
detetive Sherlock Holmes conseguia resolver casos mirabolantes através do método da dedução
lógica. Doyle demonstrou que toda dedução lógica, uma vez explicada, torna-se “infantil”, pois a
conclusão provoca espanto e admiração apenas enquanto os passos de seu desenvolvimento
investigativo ainda são desconhecidos. No campo da criminalística forense é imprescindível o uso de
processos similares, porém amparados pela metodologia da abdução e da indução, que são outras
modalidades de raciocínio lógico.

Exemplos do método dedutivo:

Todo vertebrado possui vértebras. Todos os cães são vertebrados. Logo, todos os cães têm
vértebras.

Todo metal conduz eletricidade. O mercúrio é um metal. Logo, o mercúrio conduz eletricidade.

Nos exemplos apresentados, as duas premissas são verdadeiras, portanto a conclusão é verdadeira.

Curiosamente, o raciocínio dedutivo pode levar ao sofismo, um raciocínio falso, mas que possui
aparência lógica. Exemplo:

As galinhas tem dois pés, homens tem dois pés, logo homens são galinhas.

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COMPREENSÃO DO PROCESSO LÓGICO

Compreensão Do Processo Lógico

Silogismo

Para entender os silogismos, você deve se familiarizar com vários termos usados na discussão da
lógica formal. No nível mais básico, o silogismo representa a sequência mais simples de uma
combinação de premissas lógicas capazes de levar a uma conclusão. A premissa é uma afirmação
que pode ser usada como evidência na argumentação. A conclusão, desse modo, é determinada pelo
resultado lógico de uma discussão baseada na relação entre as afirmações feitas.

Considere a conclusão de um silogismo como a “tese” de um argumento. Em outras palavras, a


conclusão é o ponto provado pelas premissas.

O Silogismo Categórico

Silogismo Categórico é uma forma de raciocínio lógico na qual há duas premissas e uma conclusão
distinta destas premissas, sendo todas proposições categóricas ou singulares.

Termo Médio é o termo que se repete nas duas premissas, mas não aparece na conclusão. Por
exemplo:

Todo cachorro é mamífero.

Todo mamífero é vertebrado.

Logo todo cachorro é vertebrado.

Neste caso, o termo médio é “mamífero”

Regras Do Silogismo

A validade de um silogismo depende do respeito às regras de estruturação. Tais regras, em número


de oito, permitem verificar a correção ou incorreção do silogismo. As quatro primeiras regras são
referentes aos termos e as quatro últimas são referentes às premissas. São elas:

1) Todo silogismo contém somente três termos: maior, médio e menor;

2) Os termos da conclusão não podem ter extensão maior que os termos das premissas;

3) O termo médio não pode entrar na conclusão;

4) O termo médio deve ser universal ao menos uma vez;

5) De duas premissas negativas, nada se conclui;

6) De duas premissas afirmativas não pode haver conclusão negativa;

7) A conclusão segue sempre a premissa mais fraca;

8) De duas premissas particulares, nada se conclui.

Silogismos derivados

Silogismos derivados são estruturas argumentativas que não seguem a forma rigorosa do silogismo
típico mas que, mesmo assim são formas válidas.

Entimema

Trata-se de um argumento no qual uma ou mais proposições estão subentendidas. Por exemplo :

Todo metal é corpo, logo o chumbo é corpo.

Mais um exemplo :

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COMPREENSÃO DO PROCESSO LÓGICO

Todo quadrúpede tem 4 patas.

Logo, um cavalo tem 4 patas.

Epiquerema

O epiquerema é um argumento onde uma ou ambas as premissas apresentam a prova ou razão de


ser do sujeito. Geralmente é acompanhada do termo porque ou algum equivalente. Por exemplo:

Todo demente é irresponsável, porque não é livre.

Pedro é demente, porque o exame médico constatou positivo.

Logo, Pedro é irresponsável.

No epiquerema sempre existe, pelo menos, uma proposição composta, sendo que uma das
proposições simples é razão ou explicação da outra.

Polissilogismo

O polissilogismo é uma espécie de argumento que contempla vários silogismos, onde a conclusão de
um serve de premissa maior para o próximo. Como por exemplo:

Quem age de acordo com sua vontade é livre.

O racional age de acordo com sua vontade.

Logo, o racional é livre.

Quem é livre é responsável.

Logo, o racional é responsável.

Quem é responsável é capaz de direitos.

Logo, o racional é capaz de direitos.

Silogismo Expositório

O silogismo expositório não é propriamente um silogismo, mas um esclarecimento ou exposição da


ligação entre dois termos, caracteriza-se por apresentar, como termo médio, um termo singular. Por
exemplo:

Aristóteles é discípulo de Platão.

Ora, Aristóteles é filósofo.

Logo, algum filósofo é discípulo de Platão.

Silogismo Informe

O silogismo informe caracteriza-se pela possibilidade de sua estrutura expositiva poder ser
transformada na forma silogística típica. Por exemplo:

“a defesa pretende provar que o réu não é responsável do crime por ele cometido. Esta alegação é
gratuita. Acabamos de provar, por testemunhos irrecusáveis, que, ao perpetrar o crime, o réu tinha o
uso perfeito da razão e nem podia fugir às graves responsabilidades deste ato”.

Este argumento pode ser formalizado assim:

Todo aquele que perpetra um crime quando no uso da razão é responsável por seus atos.

Ora, o réu perpetrou um crime no uso da razão.

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COMPREENSÃO DO PROCESSO LÓGICO

Logo, o réu é responsável por seus atos.

Sorites

O sorites é semelhante ao polissilogismo, mas neste caso ocorre que o predicado da primeira
proposição se torna sujeito na proposição seguinte, seguindo assim até que na conclusão se unem o
sujeito da primeira proposição com o predicado da última. Por exemplo:

A Grécia é governada por Atenas.

Atenas é governada por mim.

Eu sou governado por minha mulher.

Minha mulher é governada por meu filho, criança de 10 anos.

Logo, a Grécia é governada por esta criança de 10 anos

Silogismo Hipotético

Um silogismo hipotético contém proposições hipotéticas ou compostas, isto é, apresentam duas ou


mais proposições simples unidas entre si por uma cópula não verbal, isto é, por partículas. As
proposições compostas podem ser divididas em:

A) Claramente compostas: são aquelas proposições em que a composição entre duas ou mais
proposições simples são indicadas pelas partículas: e, ou, se … então.

– Copulativa ou conjuntiva: “a lua se move e a terra não se move”. Nesse exemplo, duas proposições
simples são unidas pela partícula e ou qualquer elemento equivalente a essa conjunção. Dentro do
cálculo proposicional será considerada verdadeira a proposição que tiver as duas proposições
simples verdadeiras e será simbolizada como: p ∧ q (ou p.q, ou pq).

-Disjuntivas: “a sociedade tem um chefe ou tem desordem”. Caracteriza-se por duas proposições
simples unidas pela partícula ou ou equivalente. Dentro do cálculo proposicional, a proposição
composta será considerada verdadeira se uma ou as duas proposições simples forem verdadeiras e
será simbolizada como: p ∨ q.

– Condicional: “se vinte é número ímpar, então vinte não é divisível por dois”. Aqui, duas proposições
simples são unidas pela partícula se … então. Dentro do cálculo proposicional, essa proposição, será
considerada verdadeira se sua consequência for boa ou verdadeira, simbolicamente: p ⇒ q (ou p ⊃
q).

B) Ocultamente compostas: são duas ou mais proposições simples que formam uma proposição
composta com as partículas de ligação: salvo, enquanto, só.

– Exceptiva: “todos corpos, salvo o éter, são ponderáveis”. A proposição composta é formada por três
proposições simples, sendo que a partícula salvo oculta as suas composições. As três proposições
simples componentes são: “todos os corpos são ponderáveis”, “o éter é um corpo” e “o éter não é
ponderável”. Também são exceptivos termos como fora, exceto, etc. Essa proposição composta será
verdadeira se todas as proposições simples forem verdadeiras.

– Reduplicativa: “a arte, enquanto arte, é infalível”. Nessa proposição temos duas proposições
simples ocultas pela partícula enquanto. As duas proposições simples componentes da composta
são: “a arte possui uma indeterminação X” e “tudo aquilo que cai sobre essa indeterminação X é
infalível”. O termo realmente também é considerado reduplicativo. A proposição composta será
considerada verdadeira se as duas proposições simples forem verdadeiras.

– Exclusiva: “só a espécie humana é racional”. A partícula só oculta as duas proposições simples que
compõem a composta, são elas: “a espécie humana é racional” e “nenhuma outra espécie é racional”.
O termo apenas também é considerado exclusivo. A proposição será considerada verdadeira se as
duas proposições simples forem verdadeiras.

O silogismo hipotético apresenta três variações, conforme o conectivo utilizado na premissa maior:

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COMPREENSÃO DO PROCESSO LÓGICO

– Condicional: a partícula de ligação das proposições simples é se … então.

Se a água tiver a temperatura de 100°C, a água ferve.

A temperatura da água é de 100°C.

Logo, a água ferve.

Esse silogismo apresenta duas figuras legítimas:

a) PONENDO PONENS (do latim afirmando o afirmado): ao afirmar a condição (antecedente), prova-
se o condicionado (consequência).

Se a água tiver a temperatura de 100°C, a água ferve.

A temperatura da água é de 100°C.

Logo, a água ferve.

b) TOLLENDO TOLLENS (do latim negando o negado): ao destruir o condicionado (consequência),


destrói-se a condição (antecedente).

Se a água tiver a temperatura de 100°C, a água ferve.

Ora, a água não ferve.

Logo, a água não atingiu a temperatura de 100°C.

– Disjuntivo: a premissa maior, do silogismo hipotético, possui a partícula de ligação ou.

Ou a sociedade tem um chefe ou tem desordem.

Ora, a sociedade não tem chefe.

Logo, a sociedade tem desordem.

Esse silogismo também apresenta duas figuras legítimas:

a) PONENDO TOLLENS: afirmando uma das proposições simples da premissa maior na premissa
menor, nega-se a conclusão.

Ou a sociedade tem um chefe ou tem desordem.

Ora, a sociedade tem um chefe.

Logo, a sociedade não tem desordem.

b) TOLLENDO PONENS: negando uma das proposições simples da premissa maior na premissa
menor, afirma a conclusão.

Ou a sociedade tem um chefe ou tem desordem.

Ora, a sociedade não tem um chefe.

Logo, a sociedade tem desordem.

– Conjuntivo: a partícula de ligação das proposições simples, na proposição composta, é e. Nesse


silogismo, a premissa maior deve ser composta por duas proposições simples que possuem o mesmo
sujeito e não podem ser verdadeiras ao mesmo tempo, ou seja, os predicados devem ser
contraditórios. Possui somente uma figura legítima, o PONENDO TOLLENS, afirmando uma das
proposições simples da premissa maior na premissa menor, nega-se a outra proposição na
conclusão.

Ninguém pode ser, simultaneamente, mestre e discípulo.

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Ora, Pedro é mestre.

Logo, Pedro não é discípulo.

Dilema

O dilema é um conjunto de proposições hipotéticas e contraditórias entre si, tal que, afirmando
qualquer uma das proposições, resulta uma mesma conclusão insatisfatória. Por exemplo:

Se dizes o que é justo, os homens te odiarão.

Se dizes o que é injusto, os deuses te odiarão.

Portanto, de qualquer modo, serás odiado.

Outro exemplo de dilema, na cultura popular, é:

Se correr, o bicho pega. Se ficar, o bicho come.

Tem um segundo método que alguns usam também que é:

RELAÇÃO ENTRE TODO, ALGUM E NENHUM

Considere que A é uma sentença e B outra sentença.

Equivalência:

TODO A é B é equivalente a dizer NENHUM A não é B.

Vemos aqui que: Troca-se TODO por NENHUM, mantém a primeira sentença e nega-se a segunda.

NENHUM A é B é equivalente a dizer TODO A não é B. (vice-versa)

Vemos aqui que: Troca-se NENHUM por TODO, mantém a primeira sentença e nega-se a segunda.

ALGUM A é B é equivalente a dizer PELO MENOS um A é B ou EXISTE um A que é B.

Vemos aqui que: Troca-se ALGUM por PELO MENOS ou EXISTE e mantém o resto.

Negação:

A negação da sentença “TODO A é B” é “ALGUM A não é B”. (Vemos aqui que: Troca-se TODO por
ALGUM, mantém a primeira sentença e nega-se a segunda.)

A negação da sentença “ALGUM A não é B” é “TODO A é B”. (Vemos aqui que: Troca-se ALGUM por
TODO, mantém a primeira sentença e nega-se a segunda.)

A negação da sentença “ALGUM A é B” é “NENHUM A é B” (vice-versa)

Vemos aqui que: Basta trocar ALGUM por NENHUM (ou NENHUM por ALGUM), mantém a primeira
e a segunda sentença.

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