Rbpec, 16206 20 (1) Publicação
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Rbpec, 16206 20 (1) Publicação
doi: 10.28976/1984-2686rbpec2020u429464
Latest research shows the need to rethink scientific and technological education and
to reflect on a curriculum aimed at student politicization, which encouraged decision-
making and socio-political actions toward greater socio-environmental justice. This
approach composes some currents of Science-Technology-Society-Environment
Education (STSE) that point to the use of Socio-scientific Issues (SSI) as a pedagogical
strategy. However, there are few studies in Brazil on the evaluation of SSI-based teaching
proposals, especially in primary education. Considering that this evaluation contributes
to a better application of these proposals, increasing the chances of success in scientific
education, we aim, in a descriptive-exploratory work, to analyze characteristics of these
SSI-based teaching proposals, at the primary education, found in the literature, based on
authors of the field. For this, we have developed an analytical tool, in the form of a radar
chart, composed of axes listed through the studying of relevant literature. Such axes allow
inferring implications for teaching that can be obtained from the analyzed proposals.
After analysis, we realized that the didactic proposals have been elaborated in order to
establish the relationships between the STSE domains, in an approach contextualized
with the student's reality, mobilizing the conceptual, procedural and attitudinal
dimensions of the contents. However, it is necessary that a conscious decision-making,
justified by arguments, as well as preparation and engagement for socio-political actions,
receive greater attention in these teaching practices. In addition, we suggest questions
to improve the tool that we developed, to better characterize SSI-based teaching, even at
different educational levels.
Keywords: Science education; STSE Education; Teaching proposals.
Contextualização
Por vezes, quando um professor parabeniza uma turma em que a média de
aprovação foi alta, após um teste repleto de perguntas como ‘O que é isso?’ ou ‘Para
que serve aquilo?’, não exigindo dos estudantes muito mais do que uma boa capacidade
de memorizar conceitos ou reproduzir funções e técnicas relativas a algum conteúdo
científico, podemos refletir: será que um ensino de ciências nessa perspectiva, de fato,
auxilia na formação cidadã desses estudantes para que possam compreender sua posição
enquanto cidadãos, saber como agir perante os problemas socioambientais e, então,
agir considerando as demandas individuais e coletivas por maior qualidade de vida nos
âmbitos individual, social e ambiental?
Aikenhead (2009) aponta três grandes falhas na abordagem tradicional do ensino
de ciências: “crises na matrícula dos estudantes, mitos transmitidos aos estudantes
e uma falha onipresente do conteúdo de ciências da escola de ter significado para a
maioria dos alunos, especialmente fora da escola” (Aikenhead, 2009, p. 3, tradução
nossa). Nesse contexto, vários trabalhos (e.g.: Bencze, Carter, & Krstovic, 2014; Conrado,
2017; Hodson, 2004; 2011; Kolstø, 2001; Martínez-Pérez, 2012; Reis, 2013; Santos,
& Mortimer, 2001; Silva, & El-Hani, 2014) mostram a necessidade de repensarmos
o ensino e nos voltarmos a refletir sobre um currículo que tenha como um dos seus
princípios norteadores a politização dos estudantes, estimulando-os para a tomada de
decisão socioambientalmente responsável, visando ações sociopolíticas para uma maior
justiça socioambiental. Deste modo, contribuiríamos para a formação de cidadãos que
compreendam a atividade científica; entendam as relações existentes entre as esferas
da ciência, da tecnologia, da sociedade e do ambiente; e vivenciem um letramento
científico1 que os prepare para pensar e executar ações de caráter sociopolítico, para o
julgamento moral acerca da ciência e da tecnologia, e para a compreensão do jogo de
interesses envolvidos na comunidade científica (Hodson, 2004; 2011).
Essa preocupação em problematizar e pensar criticamente a ciência, principal-
mente reconhecendo os impactos socioambientais em situações que envolvem a ciência
e a tecnologia, ganhou força, em especial, entre as décadas de 1960 e 1970, dados os
efeitos da degradação ambiental, das bombas atômicas e da guerra do Vietnã (Auler,
& Bazzo, 2001; Santos, & Mortimer, 2002; Teixeira, 2003). Assim, surgem os estudos
que seriam denominados de movimento CTS (Ciência-Tecnologia-Sociedade), e pos-
teriormente, CTSA (com a inclusão do A, para Ambiente)2. Desde então, determinados
grupos sociais, como parte da comunidade do ensino de ciências, vêm buscando, em
maior ou menor comprometimento, alinhar-se com tais pressupostos teóricos, a partir
da produção de materiais didáticos, da construção dos novos currículos, bem como na
formação de professores (Solomon, & Aikenhead, 1994).
Mais recentemente, no ensino de ciências, surgem preocupações acerca de
como aplicar, efetivamente, o movimento ou abordagem CTSA em sala de aula, de
onde surgiram desenvolvimentos sobre Questões Sociocientíficas (QSC). Entendemos
QSC como controvérsias de caráter científico transdisciplinar3, polêmicas e sem
necessariamente uma solução (ou seja, abertas; em inglês open-ended); que demandam a
tomada de decisão, necessitando desde conhecimentos de várias disciplinas até reflexões
éticas e morais acerca dos problemas envolvidos; possuem cunho social e trazem enlaces
conceituais e/ou tecnológicos com os contextos científicos e a esfera ambiental; além de
1 Entendemos “letramento científico”, de modo geral, como sendo as vias que possibilitem às pessoas terem
conhecimento e consciência para que possam lidar com a atividade científica com confiança e competência
(Saunders, & Rennie, 2013). O significado do termo é algo que ainda se encontra em debate, com trabalhos que
mostram diferentes vertentes de letramentos científicos (ver Autor, 2017; Cunha, 2017; Hand et al., 2003; Hodson,
2010; 2011; Roberts, 2007; Santos, 2007; Shamos, 1995).
2 Por nos alinharmos com a perspectiva que considera explicitamente o Ambiente (Aikenhead, 2000; 2005;
Cavalcanti, Costa, & Chrispino, 2014; Pedretti, 2003; Santos, 2008; Vilches, Gil-Pérez, & Praia, 2011 Zoller, 1991),
utilizaremos a sigla CTSA a partir daqui, para nos referir tanto a CTS quanto a CTSA.
3 Conforme Tress, Tress e Fry (2005), uma estrutura “transdisciplinar” combina disciplinas acadêmicas de
paradigmas contrastantes (ciências humanas e ciências naturais, por exemplo) com as contribuições de participantes
de variados grupos e organizações sociais não-acadêmicas, ou seja, uma combinação da interdisciplinaridade
e a participação de outros sujeitos. Assim, todos trabalham cooperativamente para a construção de novos
conhecimentos, alcançando um objetivo comum entre eles. Sobre a natureza inter- e transdisciplinar das
abordagens educativas baseadas na consideração das relações CTSA das Questões Sociocientíficas, sugerimos
a consulta do número 9, volume 25, da Revista Educação & Fronteiras, cuja temática foi “Educação Ciência-
Tecnologia-Sociedade-Ambiente: Diálogos e Caminhos para a Inter e a Transdisciplinaridade” (e.g. Torres
Merchán, Altuzarra, & Torres, 2019).
poderem alcançar as mídias e redes sociais (Conrado, & Nunes-Neto, 2018a; Jiménez-
Aleixandre, & Frederico-Agraso, 2006; Reis, & Galvão, 2009; Sadler, 2004, Sadler, &
Murakami, 2005; Sadler, & Donnelly, 2006).
As práticas pedagógicas e a pesquisa acadêmica, no ensino de ciências, têm dado
atenção crescente às QSC. Neste sentido, vários pesquisadores têm se debruçado em
investigar o uso de QSC como eixo norteador de práticas de ensino, discutindo, por
exemplo: implicações nas ações dos alunos e no papel docente (Ratcliffe, 1997); a forma
como os alunos realizam seus julgamentos frente a uma controvérsia (Kolstø, 2001); a
importância das QSC em uma educação científica voltada para a cidadania (Ratcliffe, &
Grace, 2003); as QSC como estratégia conducente à ação sociopolítica (Reis, 2004); os
padrões de raciocínio elaborados durante a tomada de decisão sociocientífica (Sadler,
& Zeidler, 2005); as dificuldades e contribuições na prática docente na abordagem de
QSC (Martínez-Perez, & Carvalho, 2012); os episódios argumentativos em atividades
sociocientíficas (Mendes, & Santos, 2013; Penha, 2012); as relações entre QSC e
o pensamento complexo (Silva, 2016); os fundamentos de propostas de ensino e
perspectivas para ações sociopolíticas relativas ao uso de QSC (Conrado, & Nunes-Neto,
2018a). Entretanto, ainda é um desafio o trabalho pedagógico com QSC, sobretudo no
contexto da educação fundamental, devido, entre outros, a questões como deficiências
na formação inicial e continuada de professores, além de desafios pedagógicos (como
falta de trabalho conjunto entre equipe docente e gestão escolar, e políticas educacionais
engessadas) e curriculares (como a falta de interdisciplinaridade e a predominância de
abordagens tradicionais) (Santos, Conrado, & Nunes Neto, 2018; Martínez-Pérez, 2012;
Martínez-Pérez, & Carvalho, 2012; Mundim, & Santos, 2012).
Portanto, considerando a importância do ensino baseado em QSC em todos os
níveis educacionais, visando o estabelecimento de um processo de formação de cidadãos
socioambientalmente responsáveis, ainda há algumas questões relacionadas ao tema,
sobretudo no nível fundamental, demandando maior esclarecimento. Neste trabalho,
consideramos o quanto determinadas características, que são consideradas relevantes,
estão explicitadas nas propostas de ensino baseadas em QSC, o que vemos como uma
lacuna na literatura da área, sobretudo no ensino fundamental. Assim, buscamos
responder à seguinte questão geral de pesquisa: Como características essenciais para
uma prática educativa baseada em QSC, elencadas por autores da área, apresentam-se
explicitamente em propostas de ensino de ciências, no nível fundamental, na literatura?
Com base nesta questão, objetivamos, a partir de um trabalho descritivo-
exploratório, de modo preliminar, investigar como características tidas, por autores da
área, como necessárias para um ensino baseado em QSC, estão articuladas em propostas
de ensino encontradas na literatura, a partir da proposição de uma ferramenta analítica,
representada em forma de gráfico de radar.
Procedimentos metodológicos
Esta pesquisa, de caráter descritivo-exploratório, versa sobre alguns dos aspectos
concernentes à relação entre a pesquisa sobre o Ensino de Ciências e a adoção de
propostas didáticas baseadas em QSC. Por buscar entender os processos e significados,
bem como os efeitos destes para o meio no qual o objeto da pesquisa se insere, esta
pesquisa possui uma natureza qualitativa (Canzonieri, 2010). Ademais, trata-se de um
estudo de caráter descritivo do tipo bibliográfico (Gil, 2017) visto que voltamos nossa
investigação para materiais já elaborados e publicados na literatura pertinente à área,
mas com um viés analítico acerca destes objetos de estudo.
As propostas analisadas foram levantadas em um estudo de revisão sistemática
da literatura, realizado por nós, acerca do uso de propostas de ensino baseadas em QSC
(Dionor, 2018; Dionor, et al., 2020). O corpus de análise constituiu-se de 21 intervenções
didáticas norteadas por QSC, elaboradas e aplicadas em contextos de ensino das disciplinas
da área de ciências naturais, nos níveis da Educação Básica (ensino fundamental), em
diversos países. Buscamos por publicações contidas no período entre 2009 e 2019, que
foram selecionadas em bancos de dados nacionais e internacionais escolhidos devido à
relevância no cenário da pesquisa (Atas do Encontro Nacional de Pesquisa em Educação
em Ciências, e Atas do Seminário Íbero-Americano CTS; SciELO, Scopus e Eric). O
levantamento sistemático foi realizado por meio de uma lista exaustiva de 16 termos que
se referem à QSC em português (e suas traduções em inglês e espanhol, além de variações
de escrita, como plural e uso de hífen), que deveriam constar no título, no resumo e
nas palavras-chave dos trabalhos. Além disso, os trabalhos, para que fossem incluídos
na pesquisa, precisavam abordar discussões do campo educacional, apresentando
descrições de propostas de ensino baseadas em QSC que foram aplicadas no contexto
das disciplinas de ciências naturais, no Ensino Fundamental (e correspondentes em
outros países). Após essa seleção, obtivemos os 21 artigos.
Todos os trabalhos selecionados (Figura 1) apresentam alguma descrição mais
detalhada da proposta de ensino, como, por exemplo, o próprio contexto de aplicação,
os objetivos educacionais, ou instruções de implementação, fornecendo, assim, detalhes
suficientes para avaliarmos a proposta e os resultados de sua aplicação. Nós também
consideramos não somente o planejamento da proposta de ensino, mas sua aplicação,
uma vez que sabemos que, no âmbito educacional, há diferenças entre o esperado e o
obtido e que, muitas vezes, vários aspectos e situações ocorrem durante a aplicação,
surgindo pontos para refletir e aperfeiçoar a própria proposta de ensino. Dessa forma,
levamos em consideração o planejamento descrito da proposta de ensino, mas também
os resultados de implementação relatados no artigo, obtendo uma análise mais completa
da proposta de ensino. Isso significa que não foram incluídos artigos apenas de propostas
de ensino, ou que apenas discutem resultados da aplicação de uma proposta que não foi
minimamente apresentada no artigo, bem como aqueles estudos que buscam apenas
discutir a formação de professores, sem apresentar resultados referentes à aplicação da
proposta de ensino baseada em QSC. Ressaltamos também que a análise foi realizada
mas reconhecemos que estas, em contextos reais de aplicação, acabam por se apresentarem
de modo imbricado, entrelaçado. Além disso, podemos refletir a relevância desses 5
eixos para uma boa qualidade da proposta de ensino baseado em QSC, sobretudo,
considerando que: o eixo 1 é um requisito para sensibilizar o estudante, ao ter uma visão
geral das influências mútuas de CT no contexto SA da QSC; o eixo 2 é um requisito
para o estudante valorizar o conteúdo científico escolar, ao perceber a importância
deste conteúdo na vida cotidiana; o eixo 3 é um requisito para o uso do conhecimento
científico escolar no posicionamento esclarecido e na decisão justificada do estudante
sobre a QSC estudada; o eixo 4 é fundamental para desenvolver a capacidade de análise
e de ação sobre a QSC estudada; e, por fim, o eixo 5 é uma condição de possibilidade
para o desenvolvimento adequado dos outros eixos, visto que sensibilidade, afetividade,
valorização, posicionamento, criticidade, entre outros, são virtudes necessárias em todo
o processo de mobilização dos conteúdos escolares, para um melhor entendimento
desses conteúdos em sua prática, isto é, aplicado à convivência, permitindo, assim, o
desenvolvimento de habilidades intrapessoais (ex. autoconhecimento e capacidade
de lidar consigo), interpessoais (ex. comunicação e consideração com o outro) e de
identidade e pertencimento (ex. perceber seu papel na sociedade), no processo de
aprendizagem dos conteúdos escolares (Conrado, 2017). Nesse sentido, todos os 5
eixos estão conectados: ao sensibilizar o estudante sobre as relações entre os domínios
CTSA no contexto da QSC (eixo 1), o estudante poderá melhor visualizar e valorizar o
conteúdo científico escolar na realidade (eixo 2), o que favorecerá o uso desse conteúdo
para justificar seu posicionamento e as decisões em relação à QSC estudada (eixo 3),
durante o processo de avaliação de melhores caminhos e organização de melhores
modos de ação (eixo 4), com isso, reconhecendo e explicitando as dimensões CPA dos
conteúdos científicos (eixo 5).
Para representar, visualmente, a análise das propostas didáticas, sistematizamos
os critérios acima estabelecidos em uma ferramenta analítica em forma de gráfico radar
(Figura 2). Um Gráfico radar pode ser entendido como uma forma representativa circular
com eixos radiais que apresentam visualmente os resultados das análises realizadas a
partir de eixos graduados em níveis (Costa, 2005; Drees, 2007). Deste modo, podemos
observar graficamente, a partir das conformações dos gráficos, as características das
propostas nos cinco eixos, possibilitando comparações iniciais dos diferentes trabalhos.
Eixo 1 - Relevância e
Contextualização
3
Eixo 5 - Compreensão
Eixo 2 - Motivação e
e Mobilização de 1
Aplicação
conteúdo
0
Eixo 4 - Análise e
Eixo 3 - Argumentação
Resolução de
e Posicionamento
problemas
Figura 2. Ferramenta analítica construída para a análise, composta pelos cinco eixos analíticos
elaborados por nós, com base em literatura pertinente
Na ferramenta acima, vemos a indicação dos cinco eixos descritos anteriormente,
sendo que, para cada eixo, a proposta foi avaliada com os seguintes níveis de sofisticação4:
“Abordagem Simplificada” (1), “Abordagem Intermediária” (2) e “Abordagem Ampliada”
(3); no caso de a proposta em análise não apresentar algum dos eixos, é atribuído o valor
(0) “Não se aplica”. Entretanto, definir os indicadores que diferenciam e classificam os
níveis é tido como um dos aspectos mais problemáticos na construção de gráficos radar
(Ornstein, 1989; Reske-Filho, & Rocchi, 2008). Na tentativa de superar tal limitação,
nossos níveis de sofisticação – Abordagem Simplificada, Abordagem Intermediária e
Abordagem Ampliada – foram determinados a partir do estudo da literatura mobilizada
na construção de cada eixo. No quadro a seguir (Figura 3), detalhamos como os eixos
se apresentam em cada nível.
Abordagem Abordagem Intermediária Abordagem Ampliada
Simplificada (1) (2) (3)
Reconhece as mútuas
Abrange o contexto
Explicita a existência relações entre os
EIXO 1 – socioambiental (SA) das
de relações entre C&T domínios CTSA e suas
Relevância e relações entre C&T, sem
e suas ligações com a correlações da QSC
contextualização relacionar a QSC com o
esfera social (S). com o cotidiano do
cotidiano do estudante.
estudante.
Figura 3. Descrição dos eixos por nível de sofisticação, sendo os estágios determinados a partir
de estudo da literatura (continua)
4 Entendemos como ‘níveis de sofisticação’ três diferentes graus de abrangência para cada eixo. Desse modo, para
cada eixo, atribuímos três possíveis categorias para conseguirmos avaliar o aprofundamento de cada proposta de
ensino, sendo que consideramos o nível 1 uma abordagem simplificada sobre aquele eixo, o nível 2 uma abordagem
intermediária, e o nível 3 uma abordagem ampliada relacionada ao conteúdo do eixo correspondente.
Figura 3. Descrição dos eixos por nível de sofisticação, sendo os estágios determinados a partir
de estudo da literatura (continuação)
A ferramenta analítica foi elaborada por meio dos softwares Microsoft
PowerPoint®, para a elaboração gráfica da ferramenta, e Microsoft Excel®, para inserção
e gerenciamento dos dados numéricos correspondentes às avaliações dos eixos. A
ferramenta, depois de construída, foi discutida entre os pesquisadores envolvidos na
pesquisa. Cada uma das 21 propostas foi analisada a partir desta ferramenta de modo
a nos possibilitar inferir algumas implicações destas para o ensino baseado em QSC. É
importante ressaltar que esta ferramenta poderá passar, a posteriori, por outras fases de
avaliação e aprimoramento; ou seja, reconhecemos que este instrumento analítico ainda
pode carecer de novas contribuições e melhoramentos, mas, para esta pesquisa, ele é
capaz de nos auxiliar a alcançar os objetivos que esperamos.
Resultados e Discussão
No processo de análise, procuramos, na descrição das propostas relatadas nos
trabalhos e sua aplicação, elementos que nos permitissem classificá-las segundo os níveis
dos eixos elencados na ferramenta analítica descrita na seção anterior.
Nesse sentido, como forma de sistematizar as discussões, apresentamos, na Tabela
1, a caracterização geral das propostas nos eixos e níveis de sofisticação.
Tabela 1. Distribuição do número de propostas nos eixos e por níveis de sofisticação
Ciência e à Tecnologia aos quais têm acesso, à Sociedade em que vivem e ao Ambiente
ao qual fazem parte.
Eixo 2 – Motivação e aplicação
Aqui, as propostas foram classificadas principalmente nos níveis 3 (8 propostas)
e 2 (6 propostas). Dentre os trabalhos analisados que apresentam esse eixo desenvolvido
de forma bem ampliada, podemos citar a proposta do artigo 14 em que, não só abordou
em sala a problemática da proliferação excessiva de mosquitos na região, como também
levou os alunos para o lago da cidade onde puderam reconhecer melhor o local e
observá-lo com um olhar mais analítico (coletando dados) para a situação em questão
(“Durante a visita, eles (...) tiraram fotos do lago e seus arredores e investigaram que
tipos de organismos vivem e em torno do lago de sal. Depois de voltar para a aula, (...)
o professor sugeriu que relatassem suas perguntas em seus cadernos e pesquisassem
on-line (...)” p. 245, tradução nossa). No artigo 3, os autores propõem, como parte de
sua intervenção didática, uma atividade na qual os alunos precisam encontrar matérias
e notícias em revistas e jornais locais relacionadas com a QSC em questão (pegada
hídrica). Os autores justificam esta atividade pois, “Conhecer o que se passa em sua
comunidade é condição fundamental na perspectiva de alterar a visão sobre o mundo,
geralmente acrítica, desinformada e fundamentada em ‘achismos’ [...]” (p. 27). Nesse
caso, os estudantes puderam compreender “que, de fato, ocorre desperdício de água em
diferentes situações cotidianas”, ao trabalharem conteúdos científicos no processo de
análise do uso da água.
Essa perspectiva de que o ensino estimule os alunos a perceberem a aplicação (e
aplicarem) dos conteúdos vistos na educação científica nos contextos de sua realidade
aproxima-se de uma das visões - a Visão II - da literacia científica5 (Roberts, 2007), na
qual o aluno, além de entender a atividade científica, percebe as influências dela no
meio social e como a tomada de decisão acerca de aspectos da relação C & T precisa de
reflexões de cunho moral, político, econômico, cultural etc., aproximando-se mais da
abordagem de uma “Educação Científica Progressista” (Sadler, & Zeidler, 2009, p. 918,
tradução nossa). Nesta abordagem, o enfoque está em preparar os alunos para serem
cidadãos que consigam aplicar os conhecimentos científicos na vida real, capazes de
refletir e se posicionar frente a eles, de modo integrado a outros aspectos da vida em
sociedade; dentre os meios para se alcançar esses objetivos, está o uso de QSC como
norteadoras de propostas de ensino (Penha, 2012).
É importante que a relação entre conteúdo e realidade também permita que
o estudante possa analisar relações em vários níveis, como na proposta relatada no
artigo 5, na qual os estudantes de escolas particulares e famílias mais abastadas foram
conduzidos a refletir que objetos e situações relativamente comuns do cotidiano deles
(como bola, chocolate, bananas ou até notícias sobre guerras nas mídias) envolvem
crianças de outros países em situações de trabalho escravo. Deste modo, eles têm a
chance de se perceberem como cidadãos globais e que suas decisões refletem não só na
sua rotina diária, mas impacta todo o mundo. Contudo, essa proposta não explicitou que
conteúdos das ciências naturais foram diretamente mobilizados pelos estudantes, por
isso, a proposta foi classificada como “Não se aplica” para esse eixo. Situação semelhante
ocorreu com o artigo 12 que, apesar do tema fosfoetanolamina estar diretamente
conectado com aspectos da ciência, “reconhece-se que a complexidade do referido caso
não foi explorada como um todo neste episódio de ensino como, por exemplo, a natureza
do conhecimento científico” (p. 5), favorecendo, sobretudo, “dimensões sociais, políticas
e econômicas que abarcam a QSC” (p. 5). Já o artigo 21 tem foco sobre a formação
de professores dos anos iniciais, por isso, não aprofunda na discussão da proposta de
ensino nem em sua aplicação, faltando elementos para discutirmos esse eixo na proposta
apresentada.
No artigo 11, não há indicação, de modo explícito, de quais conteúdos foram
mobilizados pelos estudantes, na discussão da QSC; apenas aponta, de modo geral, sobre
áreas do conhecimento que os estudantes trabalharam, sem relacionar com o cotidiano
(ex.: “nas narrativas dos estudantes foi a da radioatividade, numa perspectiva baseada
em argumentos ambientais, ecológicos e científicos”, p. 5). Já no artigo 9, os estudantes
discutem “processos de proposição de hipóteses, obtenção, registro e análise dos dados”
(p. 4), mas percebemos que as discussões não estão explicitamente conectadas com
práticas sociais, como no exemplo de fragmento:
Pergunta: Qual a importância das folhas para a planta e o ambiente? (Professora)
Resposta: As folhas são muito importantes, pois são elas que possuem a clorofila e
realizam a fotossíntese. Tem folhas pequenas e grandes, de vários tamanhos. As folhas
são responsáveis pela transpiração, gutação e respiração da planta, elas são verdes e tem
muitas presentes em cada árvore. Elas também deixam o ar limpo e bom, pois liberam
gás oxigênio com a fotossíntese. (Grupo 5) (artigo 9, p. 6).
Ainda, seis artigos (1, 7, 8, 10, 15, 16), apesar de permitirem a mobilização do
conteúdo científico, não explicitam a relação deste com o contexto social direto dos
estudantes, como, por exemplo, nos fragmentos a seguir: “ajudou a focalizar discussões
em grupo sobre a ciência subjacente (...) novas tecnologias, como modificação genética;
resultados de pesquisas futuras, como a identificação de genes úteis” (artigo 7, p. 711,
tradução nossa); - “a floresta é um grande ecossistema com muitas plantas, animais
e outros organismos. O ciclo de vida de todos esses organismos será destruído ” S8
- Raciocínio ambiental. - “a floresta fornece oxigênio para a cidade e é importante
para a saúde das pessoas”, S9 - Raciocínio social. (artigo 15, p. 504 tradução nossa)
“considerando o conhecimento científico como fundamento que justifica os argumentos
construídos” (artigo 16, p. 7); “Eles também conheciam as classes de vitaminas, ou seja,
que existem vitaminas hidrossolúveis e lipossolúveis” (artigo 8, p. 169). Os conteúdos
específicos das ciências, quando abordados no ensino baseado em QSC, estão atrelados
a aspectos sociais, políticos, éticos presentes na realidade dos estudantes, para que estes
possam perceber a relevância da ciência nas práticas sociais (Conrado, 2017; Martínez-
Pérez, & Carvalho, 2012).
Eixo 3 – Argumentação e posicionamento
Considerando o desenvolvimento da capacidade para perceber diferentes pontos
de vista e mobilizar conteúdos para justificar posicionamentos em relação à QSC, o
nível com maior incidência dos trabalhos analisados foi o nível 2 (11 propostas). Por
exemplo, no artigo 10, durante a atividade de reflexão final, os alunos precisavam, após
analisarem todos os argumentos prós e contras sobre as situações em estudo, assumir
um posicionamento, como nos exemplos: “o estudante deve assumir uma posição a
favor ou contra a rega de hortaliças com água do rio Bogotá” (p. 5, tradução nossa);
“o estudante deve assumir uma posição a favor ou contra a legalização da droga” (p. 6,
tradução nossa). No artigo 7, os estudantes perceberam que “As políticas de compra de
lojas influenciam o que está disponível” (p. 694), fazendo, então, “decisões pessoais” (p.
695), e discutindo “Quais são as causas subjacentes a essas alterações?” (p. 695); “Quem
se beneficia? Quem perde?” (p. 694). Ainda, no texto 18, em que os estudantes assumiam
papéis para discutir uma controvérsia sobre agrotóxicos, relatou-se que “Durante a
atividade foi solicitado que os alunos se posicionassem em relação a essas três propostas
(....) a decisão de se usar uma nova tecnologia às suas vantagens e desvantagens (...) quais
atores sociais deveriam decidir os assuntos científicos do país” (p. 3), havendo, então,
propostas prontas para que os estudantes apenas se posicionassem. Já na proposta 11,
que tratava sobre os eventos megaesportivos, os alunos precisavam argumentar sobre
questões relacionadas à sustentabilidade que estivessem ligadas aos eventos, mas não foi
solicitado que os alunos se posicionassem (ex.: “Evidências a favor da sustentabilidade
/ Evidências contra a sustentabilidade” p. 5). A importância do desenvolvimento da
capacidade argumentativa no Ensino de Ciências reside numa série de razões tais
como a imanência da argumentação no processo da formação cidadã, pois isto implica
aprender a argumentar e defender seus posicionamentos frente aos problemas sociais
(Santos, & Schnetzler, 1997); além da visão de que a argumentação é ponto central de
uma educação científica que prepare os estudantes para avaliar e lidar com os impactos
da ciência no cotidiano (Mendes, 2012; Newton, Driver, & Osborne, 1999); além de que,
no processo argumentativo, os alunos acabam por trabalhar a capacidade de articulação
entre a esfera científica e social, apropriando-se devidamente de noções e conceitos
(Lewis, & Leach, 2006; Mendonça, & Justi, 2013).
Quanto à tomada de decisão, precisamos ter em mente que os problemas que
enfrentamos enquanto cidadãos vão além de opções objetivas, dicotômicas ou simples
escolhas como A ou B, na qual a resposta está certa ou errada (modelo ainda muito
usado nos problemas escolares); as escolhas feitas no processo de tomada de decisão
são complexas, subjetivas, exigindo dos alunos (formando-se para atuarem como
cidadãos) julgamentos críticos e políticos, para que os discentes possam perceber como
suas decisões influenciam na manutenção de ou na mudança para uma sociedade
6 Não é foco neste trabalho nos debruçarmos mais detalhadamente acerca deste movimento. Para isso, ver
literatura indicada.
público. Acesso VIP ao estádio... A prática do racismo entre as pessoas” [p. 6]), não
há problematização nem discussão desses aspectos. Nesse sentido, foram trabalhadas
as dimensões conceituais e procedimentais, uma vez que os estudantes, “Em pequenos
grupos, levantavam o que consideravam evidências científicas, ambientais, sociais e
econômicas a partir de múltiplas fontes” (p. 4). A discussão da aplicação da proposta
no artigo 8 não explicita valores relacionados à temática; apesar do trabalho em
equipe, não se discute os valores dessa atividade. Nesse caso, percebemos a dimensão
procedimental: “Pode-se obter informações sobre preparações vitamínicas consultando
um médico, farmacêutico, pais ou lendo na internet ou no folheto informativo” (p. 170,
tradução nossa); e conceitual: “os alunos tendiam a ser mais explícitos, escreveram que
‘uma vitamina é um suplemento nutricional’ ou escreveram uma função específica de
uma vitamina como um ‘nutriente protetor’.” (p. 169, tradução nossa). Já no artigo 18,
em que não há muitos detalhamentos sobre a proposta de ensino, pois o artigo não
tem o objetivo de discutir a intervenção, apesar de haver discussão com os estudantes
sobre a temática, com diferentes posicionamentos, não foram explicitadas dimensões
procedimentais e atitudinais dos conteúdos trabalhados.
A mobilização da dimensão atitudinal dos conteúdos é de fundamental
importância em um ensino baseado em QSC, visto que a avaliação e o julgamento moral
estão ligados à tomada de decisão, sendo que, por vezes, é recorrendo a padrões morais,
por exemplo, que estudantes fazem suas escolhas (Sadler, & Zeidler, 2004). Ademais,
com a articulação entre as três dimensões dos conteúdos – conceitual, procedimental e
atitudinal – associada a uma abordagem mais progressista de ensino (como em algumas
vertentes da Educação CTSA), por meio de estratégias ativas de ensino (por exemplo, o
ensino baseado em QSC), poderemos atuar formando cidadãos capazes de realizar ações
sociopolíticas nos meios em que transitam (Conrado, & Nunes-Neto, 2015; Pedretti, &
Nazir, 2011).
Deste modo, podemos também perceber como os eixos elencados apresentam-
se de modo integrado nos contextos reais de aplicação, já que, a partir do momento em
que os estudantes compreendem as dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais
dos conteúdos ligados à educação científica, eles podem perceber a relevância daqueles
assuntos para entenderem como as esferas da ciência, tecnologia, sociedade e ambiente
estão relacionadas e ligadas diretamente ao seu convívio diário; assim, poderão analisar
os possíveis pontos de vista, percebendo os jogos de interesse por detrás das controvérsias
socioambientais que apresentam-se a eles diariamente e tomando suas decisões de modo
socioambientalmente responsável, além de estarem, também, preparados para, enquanto
cidadãos, planejarem e realizarem ações de caráter sociopolítico, buscando colaborar
para a construção de uma sociedade socioambientalmente mais justa (Conrado, &
Nunes-Neto, 2018b; Hodson, 2018; Bencze et al., 2018; Conrado, 2017; Silva, & El-Hani,
2014).
Eixo 1 Eixo 1
3 3
2 2
0 0
Eixo 1 Eixo 1
3 3
2 2
Eixo 4 Eixo 3
Eixo 4 Eixo 3
Eixo 1 Eixo 1
3 3
2 2
0 0
Eixo 1 Eixo 1
3 3
2 2
0 0
Eixo 4 Eixo 3
Eixo 4 Eixo 3
Eixo 1 Eixo 1
3 3
2 2
0 0
conseguiram desenvolver e aplicar uma proposta de ensino baseado em QSC com boa
qualidade, considerando as características avaliadas, facilitando, assim, atingir melhores
resultados educacionais com os estudantes.
Eixo 1 Eixo 1
3 3
2 2
0 0
Eixo 4 Eixo 3
Eixo 4 Eixo 3
Eixo 1
Eixo 1
3 3
2 2
0 0
Eixo 1 Eixo 1
3 3
2 2
Eixo 5 1 Eixo 2
Eixo 5 1 Eixo 2
0
0
Eixo 4 Eixo 3
Eixo 4 Eixo 3
2 2 2
0 0 0
Eixo 1 Eixo 1
3 3
2 2
0 0
Conclusões e Implicações
Podemos perceber, através da metodologia empregada e dos resultados obtidos,
que as propostas didáticas presentes na literatura apresentam, de modo geral, as
características apontadas na literatura – relevância e contextualização, motivação
e aplicação, argumentação e posicionamento, análise e resolução de problemas, e
compreensão e mobilização de conteúdo – que as qualificam como estruturadas no que
diz respeito ao ensino baseado em QSC. É possível que as características elencadas, nesta
ferramenta, venham a constituir uma matriz de referência, para futuras explorações
da literatura focada sobre as QSC ou temas relacionados, o que dependerá de novas
avaliações (como, por exemplo, envolvendo o ensino médio e técnico) e refinamentos
(como a elaboração de mais eixos e níveis de abrangência) a partir da análise aqui
empreendida.
Em relação à pergunta desta pesquisa, percebemos que há uma grande variação
dos resultados, em relação ao alcance das características nos cinco eixos, considerando os
trabalhos analisados. Isso pode significar que muitas das propostas possuem limitações
relevantes, o que coloca, do nosso ponto de vista, um desafio para a área: aumentar o rigor
teórico e empírico das propostas de ensino baseadas em QSC. Por outro lado, é possível
que as propostas tenham sido, de fato, bem desenvolvidas, nas características essenciais
do ensino baseado em QSC, mas tal desenvolvimento não tenha se refletido no texto,
pois, muitas vezes, o artigo analisado não visou exatamente a discussão da proposta
e sua aplicação, mas teve outros objetivos, como, por exemplo, avaliar a formação de
professores, a concepção de estudantes, etc. Ou, ainda, apresentou e discutiu apenas
parte da aplicação da proposta, reduzindo as informações possíveis sobre a proposta,
por conta do que foi efetivamente relatado no artigo. Adicionalmente, a partir da análise
das características presentes nos trabalhos avaliados, apresentamos uma hipótese: em
uma proposta de ensino baseada em QSC, quanto maior a abrangência dos níveis de
sofisticação e quanto mais presentes os cinco eixos, então, melhor será o resultado para
o alcance de objetivos educacionais.
Portanto, cabe ressaltar que o presente trabalho constitui uma análise inicial
da literatura; e, por ser um estudo preliminar, com potencial para ser ampliado, um
aprofundamento sobre o instrumento de análise poderia alterar a organização e o ponto
de vista sobre os dados aqui discutidos. Desse modo, para uma conclusão mais precisa
sobre a literatura, inclusive atualizada e ampliada para abarcar outras bases de dados
acadêmicos e outros níveis de ensino, apontamos a necessidade de maior investigação
sobre as relações entre esses diferentes eixos e o impacto deles no alcance de objetivos da
educação científica das propostas de ensino baseadas em QSC. Inclusive, a ferramenta
analítica elaborada pode ser aplicada em outros contextos de utilização de QSC como
norteadoras da prática educativa, como, por exemplo, em etapas de planejamento de
futuras propostas ou como um meio de avaliação de protótipos.
Por fim, destacamos que o próprio processo de análise dos artigos serviu como
base para reflexões sobre o aperfeiçoamento da ferramenta analítica, para cada vez
Agradecimentos
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001. Os
autores agradecem também ao INCT-INTREE – CNPQ/CAPES/FAPESB.
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Universidade Federal da Grande Dourados
Programa de Pós-Graduação em Educação
Dourados, Mato Grosso do Sul, Brasil
INCT em Estudos Interdisciplinares e Transdisciplinares em
Ecologia e Evolução (IN-TREE)
Bahia, Brasil
[email protected]
Liziane Martins
https://orcid.org/0000-0001-8015-4656
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Teixeira de Freitas, Bahia, Brasil
Universidade Federal do Sul da Bahia, Campus Paulo Freire
Instituto de Humanidade Artes e Ciências
Teixeira de Freitas, Bahia, Brasil
[email protected]
https://orcid.org/0000-0002-8185-2007
Universidade Federal da Grande Dourados
Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais
Dourados, Mato Grosso do Sul, Brasil
Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências
Salvador, Bahia, Brasil
INCT em Estudos Interdisciplinares e Transdisciplinares em
Ecologia e Evolução (IN-TREE)
Bahia, Brasil
[email protected]