Degustação - Conheça e Leia Essa Obra.
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CAPÍTULO 1
1 Introdução
Desde o século IV a.C., Aristóteles recomendava ferver a água como
medida preventiva contra enfermidades. Por muitos anos, vários estudiosos
verificaram a importância da higienização do material usado no trabalho, do
próprio ambiente e das mãos, observando a potencialidade da transmissão de
doenças via uso de material contaminado. Daí surgiu a esterilização de utensílios
pelo uso do calor (água quente), álcool, cloro, iodo e fenol. Posteriormente, veio
a esterilização por vapor, sendo o primeiro protótipo de autoclave desenvolvido
em 1880, por Charles Chamberland. Desde então, vários métodos de
esterilização foram concebidos e aprimorados, sendo o calor, a radiação (UV),
os gases tóxicos e a filtragem os mais usados, atualmente, em Fitopatologia.
2 Esterilização
A esterilização de utensílios e vidrarias usados rotineiramente em
Laboratórios de Fitopatologia pode ser feita por métodos físicos e químicos.
28 Zauza, Alfenas e Mafia
• Para que a esterilização seja eficiente, ao ligar a autoclave, deixe sair bastante
vapor, para que ocorra a completa remoção do ar, pois assim a temperatura
interna será adequada à pressão fornecida pelo manômetro.
• Ao desligar, não abra imediatamente a válvula de exaustão do vapor; deixe-o
sair lentamente, pois, do contrário, o líquido poderá entrar em ebulição e
extravasar. No entanto, no caso de material de superfície, como vidrarias, a
exaustão pode ser rápida.
Após a completa exaustão do vapor, o material deve permanecer na
autoclave por 15-45 min, para secagem eficiente. Em autoclaves de alto vácuo,
o tempo de secagem é de 5-10 min.
Caso não se disponha de autoclave ou aparelho similar, deve-se esterilizar
o meio de cultura via tindalização, ou seja, ferver o meio em banho-maria por
30-60 min em intervalos de 24 h, por três dias consecutivos.
Calor seco
A esterilização a seco é usada para vidrarias, instrumentos de metal,
alguns tipos de plástico, óleos (ponto de ebulição = 200 ºC) e outros compostos
estáveis a alta temperatura.
Consiste em aumentar a temperatura do ambiente para matar o
organismo por oxidação, ocorrendo um processo de desidratação de seu núcleo
celular. Como o calor seco apresenta menor poder de penetração, é necessário
empregar temperatura e tempo maiores que na esterilização via calor úmido,
sendo o tempo inversamente proporcional à temperatura. Assim, os binômios
mais usados são 1 h a 180 ºC, 2 h a 170 ºC, 4-6 h a 140 ºC, 12-16 h a 120
ºC e 24 h a 100 ºC, iniciando-se a contagem do tempo logo que a temperatura
atinja o valor desejado.
Os equipamentos utilizados para esterilização a seco são denominados
estufa esterilizadora ou forno Pasteur, nos quais a dissipação do calor pode
ocorrer de dois modos: ar forçado (Figura 1.2 A) e gravidade (Figura 1.2 B).
Neste último não há circulação de ar, por isso o tempo para atingir a temperatura
desejada de esterilização é bem maior. Durante a esterilização, deve-se atentar
para os seguintes cuidados:
• Verificar o tipo de material e a temperatura em que este será esterilizado,
pois há material que entra em combustão quando exposto a temperaturas
elevadas.
• A esterilização a seco não é recomendada para material graduado, pois podem
ocorrer alterações que afetem a precisão volumétrica das medidas.
Esterilização, preparo de meios de cultura e fatores associados ao cultivo de fitopatógenos 31
A
B
Figura 1.2 - A - Estufas com circulação forçada de ar; e B - Estufas com circulação
de calor por gravidade.
Flambagem
É usada na esterilização de utensílios metálicos (agulhas, estiletes, alça de
platina e outros) ou de vidro durante o processo de isolamento e repicagem de
microrganismos. Para flambagem, usa-se a chama produzida por bico de Bunsen
ou lamparina com álcool (Figura 1.3 A). A temperatura ideal é acima de 45 ºC,
no entanto, na prática, ao flambar metal, considera-se que essa temperatura é
atingida no momento em que esse material fica avermelhado (Figura 1.3 B);
objetos de vidro devem ser passados várias vezes pela chama.
32 Zauza, Alfenas e Mafia
A B
Figura 1.3 - Flambagem: A - Bico de Bunsen (esquerda) e lamparina com álcool
(direita); e B - Ponto ideal para flambagem de material metálico.
2.1.2 Filtragem
Separa fisicamente microrganismos, células e fragmentos orgânicos,
porém não o faz com vírus ou produtos metabólicos. É utilizada para esterilizar
soluções aquosas, orgânicas, óleos e produtos termolábeis (vitaminas, hormônios
etc.) (Figura 1.4).
5.4 Aeração
Dióxido de carbono (CO2) e oxigênio são os principais gases que afetam
o crescimento de microrganismos. O gás carbônico é utilizado em todas as
células em determinadas reações químicas; no entanto, seu excesso no meio de
cultura, como também o de amônia e de outras substâncias voláteis, pode inibir
o crescimento e esporulação de alguns fungos.
6 Exercícios
Os exercícios a seguir visam ao treinamento quanto a manuseio de
autoclave, medições de pH e preparo de meios de cultura.
6.1) Prepare 200 mL dos meios ágar-água (AA) (Tabela 1.1) e batata-dextrose-
ágar (BDA) (Tabela 1.2) em erlenmeyers de 500 mL de capacidade,
conforme previamente descrito.
6.2) Ajuste o pH do meio para 5,5 antes da autoclavagem.
6.3) Prepare 20 tubos de ensaio (150 x 15 mm) contendo cada um 5 mL dos
respectivos meios.
6.4) Prepare 10 placas de Petri (9 cm de diâmetro) contendo cada uma 10 mL
dos respectivos meios.
6.5) Após a solidificação, repique a colônia do fungo para a placa e o tubo e
avalie o seu crescimento.
7 Referências
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Corynebacterium, Erwinia, Pseudomonas and Xanthomonas. Phytopathology, 60 (6): 969-76.
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solani in soil. Phytopathology, 61: 707-10.
MENEZES, M.; SILVA-HANLIN, D. M. W. 1997. Guia prático para fungos fitopatogênicos.
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Phytopathology, 45: 461-462.
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Publishing Co. 239 p.
Isolamento de fungos fitopatogênicos 55
CAPÍTULO 2
1 Introdução
O isolamento de fungos fitopatogênicos consiste na sua obtenção em
cultura pura a partir de tecidos doentes do hospedeiro, solo, água ou substrato. A
obtenção do patógeno em cultura pura é essencial para estudos de morfologia,
taxonomia, reprodução e fisiologia, bem como em testes de patogenicidade,
resistência genética de plantas e sensibilidade a fungicidas. As operações de
isolamento são executadas sob rigorosa assepsia, em ambiente próprio, usando-
se ferramentas e material desinfestados ou esterilizados.
A obtenção de um organismo em cultura pura, a partir de uma planta
doente, não significa que ele seja o agente causal. Para provar que dado organismo
é o agente causal de uma enfermidade, é essencial seguir rigorosamente estas
regras do postulado de Koch:
a) Associação constante do organismo suspeito com os sintomas de uma
determinada doença.
b) Isolamento do organismo em cultura pura.
c) Inoculação do organismo isolado em plantas sadias e reprodução dos
sintomas e sinais típicos da doença.
d) Reisolamento do mesmo organismo inoculado.
56 Alfenas, Ferreira, Mafia e Gonçalves
A B
Material necessário
a) Microscópio estereoscópico (lupa).
b) Estilete.
c) Lamparina com álcool.
d) Placas de Petri com BDA.
e) Tubos de ensaio com BDA inclinado.
58 Alfenas, Ferreira, Mafia e Gonçalves
Figura 15.14 - Página inicial do Blastn, onde a sequência a ser analisada deve
ser copiada.
462 Badel, Arriel, Guimarães e Ferraz
Figura 15.16 - Descrição das sequências que foram alinhadas com a sequência
em estudo. Nessa tabela também aparece o E-value, o qual
indica a significância do alinhamento. Quanto menor o E-value,
mais significativo.
8 Exercícios
8.1) Você receberá uma amostra de tecido de eucalipto infectado com uma
estirpe bacteriana. Seguindo as descrições fornecidas neste capítulo:
a) Obtenha um isolado bacteriano puro.
b) Prepare DNA total desse isolado.
c) Por meio da técnica de PCR e utilizando os primers específicos p759 (5’
-GTC GCC GTC AAC TCA CTT TCC- 3’) e p760 (5’ -GTC GCC GTC
AGC AAT GCG GAA TCG- 3’), determine se a bactéria que causa os
sintomas é Ralstonia solanacearum.
8.2) Imagine que você acabou de obter um isolado bacteriano puro a partir
de uma amostra de plantas de eucalipto com sintomas de murcha. Para
identificar o agente causal, você faz uma PCR com primers para amplificar
a região 16S rDNA, e logo depois sequencia o fragmento amplificado
usando cada um dos primers, obtendo a seguinte sequência: