Apostila I TRI 2019
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Quando o animal ingere o leite com a cabeça para baixo, pode não ocorrer o fechamento correto da
goteira esofágica e parte do leite vai para o rúmen, ocorrendo fermentação do leite e posterior diarreia no
animal. Neste caso, o animal não balança a cauda, enquanto está mamando. Já quando o animal se alimenta
com a cabeça para cima, o leite segue para o abomaso, sem que haja fermentação do rúmen, apresentando o
comportamento de movimentação da cauda durante a mamada.
O contágio de filhotes recém-nascidos pelos microorganismos ruminais ocorre principalmente pelo
contato entre animais (por exemplo, o ato da vaca lamber a sua cria) e, um pouco mais tarde, com a ingestão
de alimentos contaminados, além do próprio ambiente, etc.
Os fatores que afetam o desenvolvimento do estômago dos ruminantes são: o tamanho e a idade do
animal e, principalmente, alimentos sólidos (concentrado, volumoso), uma vez que estimulam o peso,
espessura e capacidade do estômago.
A partir da 2ª semana pode-se introduzir, em pouca quantidade, alimentos sólidos como, feno e
concentrado, aos filhotes. Dessa forma, aos dois meses, já é possível realizar a desmama dos filhotes, visto
que nesta idade eles já possuem habilidade para utilizar alimentos sólidos; a atividade microbiana acontece
eficientemente no rúmen-retículo; o tamanho e peso do rúmen-retículo estão significativos; e há absorção
dos AGV’s pelas papilas ruminais.
2 INTRODUÇÃO À CAPRINOVINOCULTURA
2.3 DOMESTICAÇÃO
A domesticação dos caprinos e ovinos ocorreu por volta de 7.000 a 10.000 anos antes da Era Cristã.
Os caprinos foram os primeiros animais a serem domesticados com a finalidade de produzir
alimentos.
Os cinco principais países produtores de caprinos são: China, Índia, Paquistão, Bangladesh e Sudão.
O Brasil possui o 16º rebanho mundial de caprinos, com 1,21%.
Os cinco principais países produtores de ovinos são: China, Austrália, Índia, Iran e Sudão. O Brasil possui o
18º rebanho mundial de ovinos, com 1,40%.
O maior rebanho de ovinos no Brasil, encontra-se na região nordeste, conforme mostra o gráfico
abaixo.
Principais estados produtores de ovinos: Rio Grande do Sul, Bahia, Ceará, Pernambuco e Piauí.
3 PRODUTOS DA CAPRINOVINOCULTURA
Leite
O leite é um dos alimentos mais consumidos em todo o mundo, fornecendo boa parte dos nutrientes
essenciais à vida. O mais utilizado é o de vaca, porém o leite de outros mamíferos, como de cabra e o de
ovelha, está se tornando mais comum nos pontos de venda.
As quantidades de gorduras e de proteínas do leite de cabra são semelhantes ao do leite de vaca. Já
no leite de ovelha esses teores são maiores que nos outros dois. Entretanto, existem diferenças na qualidade
destes nutrientes em cada uma das espécies.
O tamanho das partículas de gordura no leite caprino e ovino é menor que no leite de bovino,
facilitando o processo de digestão.
A digestão e a absorção do leite de cabra é duas vezes mais rápida em comparação ao leite de vaca,
por isso, é indicado para crianças e idosos desnutridos. Para completar o leite de cabra tem 20% menos
colesterol quando comparado ao de vaca.
Estima-se que 3% a 8% das crianças do mundo com menos de 3 anos são alérgicas às proteínas do
leite de vaca . Já em relação ao leite de cabra esse valor aproxima-se de zero. Como alternativa ao leite de
vaca é o uso de fórmulas à base de soja. Entretanto, de 25% a 50% dessas crianças também apresentam
sintomas de intolerâncias às fórmulas.
Não confunda intolerância à lactose com alergia às proteínas do leite. A intolerância costuma
melhorar com o passar do tempo, por causa do amadurecimento do sistema digestivo. Já a alergia, é causada
por uma predisposição genética e tende a acompanhar a pessoa por toda a vida.
O leite de cabra tem sido um substituto satisfatório nos casos de crianças e adultos alérgicos às
proteínas do leite de vaca, que são: caseína alfa-s1 e lactoalbumina .
A caseína do leite de cabra tem uma estrutura diferente, ele possui caseína-ß, caseína alfa-s2 e pouca
quantidade de caseína alfa-s1. Isto explica a boa tolerância ao leite de cabra pelas pessoas que são sensíveis
ao leite de vaca.
O leite de ovelha pode ser ideal para tratamento de crianças desnutridas e também para alérgicos a
lactoalbumina bovina, pois este leite não contem esta proteína e oferece um aporte calórico desejável para
esta situação.
O leite caprino é mais claro que o leite de vaca (porque a cabra converte 100% do beta-caroteno em
vitamina A), tem odor um pouco mais forte e é bastante utilizado na fabricação de queijos.
O leite de cabra pode ser usado na fabricação de derivados lácteos como iogurtes, queijos de forma,
queijos finos, doce de leite, requeijão, etc., além de cosméticos (sabonete, hidratante, shampoo,
condicionador, etc.).
O leite de ovelha é tanto nutritivo quanto delicioso. Possui uma coloração branca intensa e
homogênea. Seu sabor é levemente adocicado e suave, com aroma próprio. Contém glóbulos pequenos de
gordura, conferindo uma cremosidade única ao leite e seus derivados.
O leite ovino produzido no mundo é, em sua maioria, transformado em diversos tipos de queijos,
devido ao seu alto teor de sólidos totais e gordura. Raramente o leite ovino é consumido na forma fluida, até
porque, este é o produto com menor valor agregado no mercado.
Carne
Pele
A pele de caprinos e ovinos deslanados possui ótima qualidade e pode significar renda complementar
que, somada à carne, contribua para viabilizar esse tipo de exploração. Entretanto, no Brasil, os curtumes
são obrigados a importar matéria prima de outros países para manter o seu pleno funcionamento, devido à
alta rejeição pelas peles produzidas no Brasil.
As causas da baixa qualidade das peles brasileiras estão relacionadas ao manejo inadequado no
campo, como: cercas de arame farpado, espinhos da pastagem nativa, piolhos e sarnas, cicatrizes e manchas
causados pela Linfadenite caseosa; além de fatores que ultrapassam a porteira da propriedade rural, tais
como: cortes e feridas na pele causadas durante o transporte, abate e falta de cuidados na retirada e
conservação da pele.
Pêlo
Esse produto não existe no mercado brasileiro, mas poderá vir a ser explorado. Trata-se de uma fibra
de excelente qualidade, com alta cotação no mercado internacional, que certamente pode ser produzida em
algumas regiões do Brasil (RIBEIRO, 1997).
Lã
A lã é a pelagem que reveste o corpo dos ovinos lanados. Ela é formada por fibras especiais, que
devem ser fortes, macias, resistentes, flexíveis e brilhantes. Seu aspecto, comprimento e diâmetro são
variáveis, de acordo com a idade, características, as condições corporais ou fisiológicas e a raça do animal,
sendo levadas em consideração, também, as condições ambientais.
A lã de velo é o total da lã obtida ao tosquiar um ovino comercialmente, porém se chama a lã que
recobre o ovino, descontando-se a lã da barriga e das pernas (lã de garreio).
A tosquia consiste na retirada da lã. Durante a tosquia, o criador obtém o resultado de 1 ano de
cuidados. A tosquia, que deve ser feita pelo menos uma vez por ano (preferencialmente nos meses de
outubro/novembro e dezembro) por pessoa treinada, com tesoura manual ou mecânica. O produtor deve
dedicar-se aos cuidados da tosquia, desde alguns dias que antecede seu inicio, até sua conclusão (CRIAR E
PLANTAR, 2012).
Referências Bibliográficas
RIBEIRO, S. D. A. Caprinocultura: criação e manejo de caprinos. São Paulo: Nobel, 1997. 318 p.
Reimpressão: 2006