Relatório Agricultura Sintropica
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2. Definições
2.1. Agroecologia
De acordo com Altieri (2002) a agroecologia é uma disciplina científica que fornece
os princípios ecológicos básicos para estudar, desenhar e manejar agroecossistemas
que sejam produtivos e conservadores dos recursos naturais e que também sejam
culturalmente sensíveis, socialmente justos e economicamente viáveis.
A estratégia da agroecologia é preventiva e não imediatista (ao contrário da
agricultura convencional): busca fechar ciclos, a auto-regulação de pragas e doenças,
o amortecimento de fluxos hídricos (drenagem e retenção eficiente de águas), a
mitigação de extremos microclimáticos, além da conservação in situ da
agrobiodiversidade. Tais princípios estão sempre em equilíbrio, de modo que não há a
sobrevalorização de um em detrimento de outro (informação verbal).
Assim, a agroecologia tem como objetivo criar agroecossistemas que funcionem
como unidades ecológicas, onde os componentes bióticos e abióticos são
interdependentes, de forma que seu funcionamento está relacionado com o fluxo de
energia e com a ciclagem de nutrientes entre suas partes vivas e não vivas.
Diferentemente dos sistemas agrícolas industriais, convencionais, os sistemas
agroecológicos tendem à complexidade. Dessa forma, caracterizam-se por uma
elevada diversidade e alto nível de complexidade, ao contrário das monoculturas. Os
sistemas agroecológicos tendem ao incremento sistemático de recursos como
nutrientes, energia e biodiversidade, o que os torna independentes em relação a
insumos externos tais como fertilizantes/pesticidas/herbicidas. Assim, consistem em
uma solução à crise da agricultura moderna, ao reduzir a dependência vigente em
relação aos onerosos insumos industrializados, além de abrandar os impactos ao meio
ambiente. A aplicação dos princípios da ecologia à produção agrária tende a reverter
os principais danos ambientais do processo predatório vigente de produção:
degradação da terra pela erosão e compactação do solo, redução da matéria orgânica e
da biodiversidade, esgotamento de recursos hídricos, erosão genética dos cultivares,
explosão demográfica e resistência de pragas, dentre outros. Em contraste à
insustentabilidade do modelo produtivo da Revolução Verde, a Agroecologia, através
de uma abordagem sistêmica, busca em seus agroecossistemas o equilíbrio entre os
diferentes âmbitos da sustentabilidade: Ecológico, Sócio-econômico, Cultural,
Político e Ético. Ao priorizar o desenvolvimento de sistemas de produção agrária
integrados e com baixa dependência de insumos externos, nos quais as interações
ecológicas substituem os insumos, mantém-se a fertilidade do solo, a produtividade e
a saúde das culturas. Os principais fatores da agricultura "moderna" que fazem
persistir a crise sócio-ambiental no campo são: a monocultura em larga escala, a
dependência excessiva de maquinário, o endividamento do produtor rural devido aos
altos custos de insumos e maquinário, o controle dos insumos pela indústria agrícola,
bem como a destruição da biodiversidade. Por sua vez, a Agroecologia propõe o
aumento da eficiência energética de seus agroecossistemas, de modo a reduzir a
dependência externa de tecnologia e insumos. Por exemplo, ao tratar o solo como um
organismo vivo e dinâmico, de forma a nutri-lo, e não reduzir o sistema ao vegetal de
interesse, é possível aumentar a oferta e a qualidade biológica dos alimentos, bem
como reduzir seu custo de produção (Fig. 1). A Agroecologia supera o enfoque do
fator limitante, o qual se reduz ao tratamento de sintomas em vez de priorizar a causa
do desequilíbrio ecológico (ALTIERI, 2002; BONILLA, 1992).
Fig. 3. Preparo dos canteiros para plantio: terra "afofada" com enxada, incorporação de
raízes superficiais ao canteiro, laterais cobertas com matéria vegetal triturada ou palhada e
"berços" preparados com a mesma matéria orgânica para receber as sementes.
Fig.4. Processo de cobertura dos canteiros com matéria vegetal triturada e palhada de
capim.
3. Conversão X Transição
Referências Bibliográficas