Caso 3 e Guião
Caso 3 e Guião
Caso 3 e Guião
Santos, Miguel A. M.S. (2007). Gestão de Sala de Aula. Crenças e Práticas em Professores do 1º
Ciclo do Ensino Básico. Tese de Doutoramento apresentada à Universidade do Minho, pp. 208-210;
216-218. Disponível em:
http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/6937/1/TESE%20DOUTORAMENTO%20MIG
UEL%20A.%20SANTOS.pdf
A professora 2 tinha 43 anos e 23 anos de serviço. Possuía como habilitações uma licenciatura
em professores do ensino básico – variante de Português/Francês. Lecionava uma turma do 3º
ano com 24 alunos. Considerava a turma heterogénea em termos sociais e de aprendizagem,
com alguns casos de alunos institucionalizados.
O período de aula observado (das 13:30 às 15:30) envolveu diversas atividades: foi feita uma revisão da
aula anterior (13:50 às 14:00), leitura do livro de estudo do meio (14:00 às 14:10), Português, com
chamada ao quadro (14:10 às 14:30), trabalho no lugar, envolvendo passar o que estava escrito no quadro
e uma composição (14:30 às 15:15), Matemática (15:15 às 15:30). A transição entre as atividades envolveu
várias orientações e reorientações. Por exemplo, logo no início da aula pediu aos alunos para fazerem
uma ficha de estudo do meio que já estava feita, tendo que os orientar para a leitura de outro texto do
mesmo livro. Em todos os segmentos se verificou a existência de conversas entre os alunos e situações
de perturbação com atuações diversificadas por parte da professora. Verificaram-se também níveis
bastante diversos de envolvimento nas tarefas solicitadas, com alguns alunos a cumprirem as orientações
e outros claramente a não o fazer. Por outro lado, verificou-se que a professora prestava pouca atenção
aos alunos que cumpriam as indicações, relativamente aos outros que ocupavam a maior parte do seu
tempo e da sua atenção.
Ao longo da aula a professora procedeu a inúmeras intervenções destinadas a alterar o comportamento
dos seus alunos. De facto, ao longo de toda a aula a professora “lutou” para manter os alunos com um
comportamento adequado à execução das tarefas, quer através de chamadas de atenção verbais ou
gestuais, da aproximação dos alunos mais agitados, ou mesmo do contacto físico. Por vezes, a professora
executou mais do que uma destas ações simultaneamente. Além das conversas e desatenções, houve um
conjunto de situações, ao longo da aula que mereceram uma atenção especial e uma intervenção mais
específica por parte da professora. Numa das situações, logo no início da aula (13:50) quando uma aluna
estava a relatar a aula da manhã, uma outra aluna mordeu a caneta de uma colega, partindo-a. A
professora interrompeu a aluna que estava a falar, ralhando com a aluna que mordeu a caneta. Enquanto
ralhava, outro aluno insultou a aluna que estava a ser repreendida, chamando-a de “porca” e “vaca”.
Nessa altura toda a turma se manifestou, rindo da aluna. A professora parou de ralhar com a aluna e
passou a ralhar com o aluno que insultou a colega, o qual, no entanto, não se calou. A professora mandou
o aluno retomar a revisão da aula da manhã. Enquanto a aluna fala a professora vai mandando calar os
colegas.
Durante o período de leitura do livro de estudo do meio, a professora sentou-se a trabalhar com um aluno,
enquanto os restantes se dividiam entre os que liam silenciosamente, os que liam em voz alta, e os que
conversavam. A professora interrompeu várias vezes para reduzir o volume das conversas: “Falem mais
baixo”. Durante o segmento de chamada ao quadro, a professora insistiu com os alunos para porem o
dedo no ar, tendo recusado a vez a alunos que começaram a falar o fazer. Nesse segmento ainda, atirou
um pedaço de giz a uma aluna que estava a conversar no lugar, pondo a turma toda a rir. Durante o
trabalho no lugar, vai circulando pela sala com um frasco de autocolantes na mão, que vai colando em
alguns cadernos. Entre as 14:40 e as 14:50 surge uma série de incidentes entre dois alunos pela disputa
de umas canetas. A professora intervém tentando resolver o problema, e diz que no dia seguinte lhes dará
uma caneta. Como a situação persiste, ameaça com um telefonema às mães dos alunos, acabando por se
sentar entre eles. Entretanto manda uma aluna sentar-se no corredor da escola por estar a falar.
Quando os alunos acabam a composição, pede um voluntário para a leitura da mesma. Enquanto o aluno
lê a composição, outro aluno está a falar. A professora dirige-se rispidamente ao aluno que estava a ler a
composição dizendo: “Pára, não vês que o teu colega não se cala…”.
No segmento final, de Matemática, ameaça uma aluna por estar a falar, dizendo que lhe puxa as orelhas
se ela continuar, e tira o telemóvel a um aluno, dizendo-lhe para a mãe o ir buscar no dia seguinte. O final
da aula surge com os alunos ainda a trabalhar em Matemática. Os alunos arrumam os materiais enquanto
a professora vai indicando as tarefas para casa e começam a sair de forma desorganizada.
Introdução
2. Escolha uma das turmas apresentadas e planeie os objetivos, conteúdos, estratégias, recursos
e formas de avaliação da abordagem de um dos domínios da Educação para a Cidadania
(Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania, 2017, p.7). Para tal, tenha em conta o texto:
• Roldão, M.C. (2009). Estratégias de Ensino. Vila Nova de Gaia: Fundação Manuel Leão.
(Cap. IV. Conceção estratégica de ensinar e estratégias de ensino)