Apostila Esgoto - 2017
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SANEAMENTO BÁSICO - II
PREFÁCIO
Os Autores *
___________________________________________________________________________________
* JOSÉ CARLOS SIMÕES FLORENÇANO. Engenheiro Civil, Especialista em Engenharia Sanitária e em Saúde Pública, Mestre
e Doutor em Ciências Ambientais e Engenheiro da Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado da Saúde - Reg. Taubaté, SP.
* VANESSA VILLALTA LIMA ROMAN. Engenheira Ambiental e Sanitarista, Especialista em Engenharia de Segurança do
Trabalho e Mestre em Saneamento Civil e Ambiental.
UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ ▲ Prof. Dr. José Carlos Simões Florençano -3-
CAPÍTULO 1
O ESGOTAMENTO SANITÁRIO
1.1 HISTÓRICO
Não por acaso, a Inglaterra foi o primeiro País a iniciar pesquisas (1822) e adotar medidas
corretivas na área do saneamento. Outros seguiram o exemplo inglês, passando a coletar, afastar e
tratar os esgotos sanitários, como por exemplo, na América do Norte: Memphis, Tennesse em 1847 e
Lawrence, Massachusetts em 1887 (Metcalf e Eddy, 1997). Sucederam-se, no período de 1914 a 1927,
outros países europeus como o Canadá, Rússia e Japão. Na América do Sul, os serviços de esgotos
foram iniciados, com destacado pioneirismo, em Montevidéu (1854) e no Rio de Janeiro (1857).
Conforme Azevedo Netto, 1973 e Botafogo, 1984, a primeira rede de esgotos da cidade de São
Paulo (projetada por engenheiros ingleses) foi construída no ano de 1876, sendo que a primeira
Estação de Tratamento de Esgotos dos paulistanos - ETE Ipiranga – só veio a ser inaugurada em 1938.
Posteriormente, vieram ser concluídas a ETE Leopoldina (1959), ETE Pinheiros (1972), ETE Suzano
(1981), ETE Barueri (1988), ETE ABC (1998), ETE São Miguel (1998), ETE Parque Novo Mundo
(1998), dentre outras.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD, realizadas nos anos de 2000 e 2008,
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas – IBGE, demonstram pouco avanço neste setor, pois
os municípios brasileiros que contavam com rede geral de esgotos, passaram de 52,2% em 2000, para
apenas 55,2% em 2008. Quanto ao tratamento dos esgotos, a situação é mais agravante, pois as
pesquisas registraram que, no ano de 2000, apenas 20,2% dos municípios possuíam estes serviços,
enquanto que, em 2008, o tratamento de esgotos estendeu-se timidamente para 28,5% das
municipalidades brasileiras.
A Taxa de Mortalidade Infantil caiu de 29,7‰ em 2000 para 15,6‰ em 2010. As regiões
Nordeste e Norte apresentaram taxas superiores à nacional (18,5‰ e 18,1‰, respectivamente),
enquanto o Sul (12,6‰), Sudeste (13,1‰) e Centro-Oeste (14,2‰) ficaram abaixo. Este indicador
fornece a frequência de óbitos menores de um ano para cada 1.000 nascidos vivos (IDS/IBGE, 2012).
As existências de rede coletora e de tratamento de esgotos, além de se constituírem em
serviços básicos, são de fundamental importância em termos de qualidade de vida, pois a ausência dos
mesmos acarreta a poluição e a contaminação dos recursos hídricos, além de favorecer a emissão de
gases de efeito estufa, especialmente de metano, trazendo prejuízos à saúde coletiva da população.
A leitura desses números somada ao atual quadro da saúde pública brasileira, que demonstra o
“retorno” de diversas doenças endêmicas, algumas tidas até como já erradicadas, nos indica a absoluta
necessidade de que muitas obras de saneamento básico devam ser urgentemente executadas em toda
a extensão territorial deste País.
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1.2 DEFINIÇÕES
Alguns autores têm empregado o termo “Águas Residuárias“, que significa wastewater, em
substituição ao termo “esgoto”. Usualmente são classificados em dois grupos principais: Esgotos
Domésticos e os Esgotos Industriais.
a) Esgotos industriais
Os esgotos industriais, extremamente diversos, adquirem as características próprias em função
do processo industrial empregado. Assim, cada indústria deverá ser considerada isoladamente para fins
de se determinar o tipo do tratamento de seus efluentes.
Determinados fatores devem ser considerados no tratamento biológico dos efluentes
industriais: a biodegradabilidade e condições de tratabilidade, a concentração de matéria orgânica, a
disponibilidade de nutrientes (equilíbrio entre C, N, P) e a sua toxicidade.
b) Esgotos domésticos
Os esgotos domésticos são resultantes do uso da água para a higiene e necessidades
fisiológicas humanas. Provêm principalmente de residências, edifícios comerciais ou outras edificações
que contenham instalações de banheiros, lavanderias, cozinhas ou qualquer dispositivo de utilização da
água para fins domésticos. Compõem-se essencialmente da água de banho, urina, fezes, papel, restos
de comida, sabão, detergentes, águas de lavagem.
O termo "esgoto sanitário", também, tem sido comumente empregado para definir os esgotos
domésticos quando estão incluídas pequenas quantidades de águas de infiltração dos lençóis
subterrâneos, as quais não são admitidas intencionalmente.
CAPÍTULO 2
a) Rede Coletora
É o conjunto constituído por ligações prediais, coletores de esgotos e seus órgãos acessórios,
destinadas a receber e a conduzir os esgotos. Os coletores podem ser:
b) Interceptor
Desenvolve-se ao longo dos fundos do vale, margeando os cursos d’água ou canais. É a
canalização que recebe a contribuição de coletores tronco e de alguns emissários. Não recebe ligações
prediais diretas. Ele evita a descarga direta dos efluentes, protegendo o corpo receptor, conduzindo-os
a uma estação elevatória ou a um emissário.
c) Emissário
Canalização destinada a conduzir os efluentes do final da rede coletora até a estação de
tratamento, ou desta até ao local de lançamento. Os emissários recebem esgotos exclusivamente na
extremidade de montante, não recebendo contribuições ao longo de seu percurso.
A
FUNDO DO POÇ O DE VISITA - PLANTA
Ele pode ser executado de alvenaria de tijolo, anéis de concreto ou de plástico, nos seguintes
formatos:
e) Tubo de queda
Deve ser previsto quando o coletor afluente apresentar degrau com altura maior ou igual a 50
cm. (ver Figura 3).
A Resolução CONAMA nº 001/1986 considera como impacto ambiental, qualquer alteração das
propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria
ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente afetam:
a saúde, a segurança e o bem estar da população;
as atividades sociais e econômicas;
a biota;
as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
a qualidade dos recursos ambientais.
O artigo 2º desta Resolução dispõe que, depende da elaboração de EIA (Estudo de Impacto
Ambiental) e o respectivo RIMA (Relatório de Impacto ao Meio Ambiente) submetidos ao órgão estadual
competente, o licenciamento de diversas atividades modificadoras do meio ambiente, entre as quais se
incluem “troncos coletores e emissários de esgotos sanitários” e, ainda, “obras de saneamento”.
IV - unidades de tratamento de esgoto de médio porte: estação de tratamento de esgoto com vazão
nominal de projeto maior que 50 L/s e menor ou igual a 400 L/s ou com capacidade para atendimento
superior a 30.000 e inferior a 250.000 habitantes, a critério do órgão ambiental competente.”
CAPÍTULO 3
Diferentemente das redes de água potável, que se processa em Condutos Forçados, a secções
plenas (cheias) fechadas e sob pressão geralmente maior que a atmosférica, os coletores e
interceptores de esgotos, operam em Condutos Livres, a secções parciais, fechadas e sob pressão
atmosférica, apresentando uma superfície livre do contato com as paredes da canalização.
Os sifões e linhas de recalque das Estações Elevatórias funcionam como Condutos Forçados
e os emissários podem operar tanto como Condutos Livres ou Forçados.
A área molhada (Am) refere-se à seção útil de escoamento, ou seja, a área que corresponde à
lâmina líquida (Y) na seção transversal do conduto. O perímetro molhado (Pm) é a parte do perímetro
total do conduto em contato com a lâmina líquida. Por definição, a relação Am / Pm é chamada de raio
hidráulico (RH). Também por definição, o diâmetro hidráulico é quatro vezes o valor do raio hidráulico,
ou seja: DH = 4 . RH.
Outros parâmetros que intervêm no dimensionamento dos condutos são a vazão (Q) e a
velocidade (v) que, conforme a “equação da continuidade”, mantém entre si a relação: Q = Am . v
Assim, quanto mais extensa for a rede coletora, ou o interceptor de esgotos, maior deverá ser a
sua profundidade, implicando na maior dificuldade e riscos decorrentes da escavação do solo.
a) Argilas
Apresentam partículas com dimensões inferiores a 0,005 mm. Quando suficientemente úmidas,
moldam-se facilmente em diferentes formas e quando secas apresentam coesão suficiente para
constituir torrões dificilmente desagregáveis pela pressão dos dedos. Quanto à consistência, podem ser
muito moles, moles, médias, rijas e duras;
b) Siltes
Com partículas com dimensões entre 0,005 e 0,05 mm, possuem coesão necessária para
formar, quando seco, torrões facilmente desagregáveis pela pressão dos dedos;
c) Solos arenosos
Possuem partículas componentes com dimensões entre 0,05 e 4,8 mm.
d) Pedregulhos
Apresentam partículas componentes com dimensões entre 4,8 mm e 76 mm.
e) Solos compostos
Encontrados na natureza, misturados em proporções variáveis, sendo designados pelo nome
do solo mais predominante, seguindo-se do(s) nome(s) do(s) outro(s) tipo(s) de solos. Ex: argila silto-
arenosa, areia grossa argilosa compacta, etc.
f) Turfas
Possuem grandes percentagens de partículas fibrosas constituídas de material carbonoso
juntamente com matéria orgânica finamente dividida. Podem ser identificadas por serem fofas, não
plásticas e muito moles quando úmidas;
g) Alterações de rochas
São provenientes da desintegração das rochas “in sita”;
h) Solos superficiais
São encontrados abaixo da superfície do solo, constituindo-se geralmente de misturas de
areias, argilas e matéria orgânica expostas à ação das intempéries e de agentes de origem vegetal e
animal. Ex: raízes, restos de peixes, etc.
3.2.2 Métodos Não Destrutivos (MND) para a execução de redes coletoras de esgotos sanitários
O fenômeno da conurbação urbana das cidades ocorreu de forma desordenada, principalmente
na segunda metade do século XX, devido ao crescimento dos centros urbanos sem a preocupação com
o planejamento e a infraestrutura básica. Aliados a estes fatores, os dispendiosos gastos na área da
saúde pública que os órgãos governamentais vinham se deparando, impuseram uma maior e imediata
competitividade a todo o setor de saneamento, com o surgimento de novos materiais e tecnologias no
mercado brasileiro.
Uma grande evolução pôde ser observada no segmento de obras lineares de grandes
interceptores, com o uso de tecnologias que possibilitam a instalação de tubulações em áreas urbanas
já densamente habitadas. Isto pôde ser constatado no Projeto de Despoluição do Rio Tietê, em São
Paulo, com a adoção de Métodos Construtivos Não Destrutivos, o que possibilitou evitar maiores
transtornos dos que eventualmente seriam causados pelos métodos tradicionais de escavação a “Céu
Aberto”.
Um dos principais e mais utilizados, é o de Tubos Cravados. Também existem os
denominados New Austrian Tunnelling Method - NATM e o Tunnel Liner, porém ambos os métodos
são baseados nas técnicas de construção de grandes túneis que servem de passagem e
caminhamento para as grandes tubulações.
Figura 11 - Escavação pelo método NATM Figura 12– Método Tunnel Liner em execução
O Quadro a seguir, apresenta uma simulação comparativa entre esses principais métodos, para
a execução de uma rede de esgoto de 150,00 metros de comprimento, diâmetro de 1200 mm, na
profundidade de 4,00 metros e com dois poços de visitas.
O Método dos Tubos Cravados (ou pipe jacking) consiste na escavação mecânica
executada através de um disco rotativo, acionado por motores elétricos. Na parte posterior da máquina
(shield), são colocados os tubos que serão cravados sucessivamente no solo com a ajuda dos
macacos hidráulicos. O avanço do túnel é dependente da linha de tubos consecutivos ao shield, pois a
cravação sequencial de tubos é realizada a partir do poço de serviço.
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Figura 13 – Disco rotativo para escavação do solo Figura 14 – Shield acoplado ao macaco hidráulico
Ao longo da rede são construídos poços de visitas, com dimensões internas mínimas
necessárias para a instalação dos equipamentos de cravação. Na parede do poço, oposta à direção de
avanço do túnel, é executado um quadro rígido para a reação do macaco hidráulico (parede de reação).
As máquinas de escavação podem ser tripuladas ou não tripuladas, dependendo do diâmetro
da tubulação a ser assentada. Quando não tripuladas, o comando e o controle do direcionamento são
feito externamente através de um emissor de raio laser, situado no poço de serviço, atuando sobre um
alvo instalado no shield.
Os tubos utilizados neste método devem resistir aos esforços horizontais causados pelas
cargas dos macacos hidráulicos, bem como serem cravados de forma bem justa no solo, evitando
folgas externas que possam vir a causar recalque no terreno.
O funcionamento do equipamento consiste na perfuração do terreno por ferramentas de corte
instaladas no disco rotativo na parte frontal do shield e, com a cravação simultânea dos tubos em
conjunto com o avanço da escavação. O movimento é realizado a partir do empuxo, aplicado por
potentes pistões hidráulicos, instalados no poço de serviço, que empurram todo o conjunto cravando os
tubos no solo.
Em situações onde o solo apresenta rigidez e coesão elevadas (solos terciários silto- arenosos
ou silto argilosos) pode-se utilizar água bombeada com alta pressão. Todo o material escavado é
transferido, através de uma esteira, para caçambas que realizam o descarte do material.
Após o término da cravação dos tubos, os poços de serviços devem ser transformados em
poços de visitas das redes, destinados a facilitar os trabalhos de manutenção e limpeza.
Este método permite que os trabalhos sejam efetuados abaixo do nível do lençol freático ou em
terrenos colapsíveis, sem causar inconvenientes como recalques e trincas em edificações
circunvizinhas, transtornos ao trânsito e a população em geral.
No entanto, cabe lembrar que esta tecnologia deve ser precedida de sondagens de
reconhecimento do subsolo, para evitar o encontro com rochas e matacões.
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3.2.3 Método Destrutivo (a céu aberto) para a execução de redes coletoras de esgotos sanitários
Na execução de redes de esgotos, através deste método, há necessidade de se realizar
previamente a escavação da vala, desde a superfície do terreno, até a profundidade onde será
assentada a tubulação. É a forma mais utilizada, apesar dos transtornos que proporcionam para o
trânsito de veículos e de pedestres. Este método é composto das seguintes etapas:
a) Locação da vala
Deve observar a seguintes procedimentos:
Montagem da sinalização de segurança, com a colocação de cavalete de trânsito
(trânsito impedido, obras etc.);
Marcação do eixo da vala, em função da posição de rede, no eixo ou no terço da
rua (a cada 20,00 metros ou de PV a PV). Geralmente é utilizada a caiação para a
delimitação da vala no solo;
Montagem das réguas ou visores sobre os piquetes dos Poços de Visitas (PVs),
fixando-os nos suportes em nível e em altura concorde com a cruzeta.
b) Abertura da vala
Deve observar a seguintes procedimentos:
Remoção de pavimentação e/ou entulho da mesma;
Escavação manual ou mecânica da vala, cujas paredes podem ser verticais,
inclinadas ou mistas, dependendo do tipo do subsolo local;
e) Assentamento da Tubulação
Deve observar a seguintes procedimentos:
Assentamento do tubo-guia com a cruzeta, e marcação do alinhamento dos
demais;
f) Fechamento da vala
Deve ser realizado, manual ou mecanicamente, compactando-se a terra em camadas de 10
cm, até 15 cm acima da tubulação. Desta altura até a superfície compacta-se em camadas de 20 cm.
a) Pontaleteamento
Pela facilidade de execução, este é o escoramento mais utilizado em obras pequenas. È
composto de tábuas (2,5 cm x 20 cm ou 30 cm) dispostas verticalmente, espaçadas de 1,35 m e
travadas horizontalmente por estroncas hidráulicas ou de eucalipto (diâmetro ≈ 20 cm), distanciadas
verticalmente de 1,00 m. Para evitar possível deslocamento das estroncas, podem-se usar os
chapuzes.
Este tipo de escoramento oferece boa segurança, dependendo do tipo de solo, porém não é
indicado quando da presença de água no subsolo.
b) Descontínuo
Constitui-se de tábuas (2,5 cm x 20 cm ou 30 cm) espaçadas igualmente e na vertical, fixadas
pelas longarinas (6 cm x 16 cm), travadas por estroncas hidráulicas ou de eucalipto (diâmetro 20 cm)
distanciadas horizontalmente de 1,35 m e verticalmente de 1,00 m e, ainda, de chapuzes.
Este tipo de escoramento poderá ser utilizado quando o solo apresentar razoável firmeza e
pouca presença de água.
PERSPECTIVA
c) Contínuo
Escoramento idêntico ao Descontínuo no que se refere aos elementos construtivos, diferindo
apenas na colocação das tábuas, que neste caso devem ser colocadas uma ao lado da outra, formando
uma “continuidade” no escoramento das paredes laterais da vala.
Por ser mais resistente, pode ser utilizado em qualquer tipo de subsolo, com exceção dos
arenosos com a presença de água.
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PERSPECTIVA
d) Especial
Constituí-se de pranchas de madeira (6 x 16 cm) com encaixes tipo macho e fêmea, colocadas
verticalmente de modo a abranger toda a parede da vala, contidas por longarinas (6 x 16 cm) dispostas
horizontalmente e travadas por estroncas hidráulicas ou de eucalipto (diâmetro 20 cm) espaçadas de
1,35 m, menos as das extremidades, onde devem ficar a 40 cm. As longarinas devem ser distanciadas
verticalmente de 1,00 m, devendo a mais profunda situar-se a 50 cm do fundo da vala.
É utilizado quando se tem subsolos arenosos com a presença de água e que necessita de
estanqueidade no escoramento.
Tabela 2 - Escoramentos recomendáveis X Tipos de subsolo (para valas até 2,50 m profundidade)
________________________________________________________________________________
TIPOS DE SUBSOLO ESCORAMENTOS RECOMENDÁVEIS
________________________________________________________________________________
*Barro Grudado
Mistura de areia e argila Escoramento Descontínuo ou Contínuo
* Pedregulho (seco)
Pedras pequenas e soltas Escoramento Contínuo
______________________________________________________________________________
Porém, a relação “Escoramentos Recomendáveis X Tipos de Subsolo” pode ser alterada por
alguns fatores externos, tais como: a presença de água, de formigueiro, de vibrações externas, de
cargas verticais etc.
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(*).......O escoramento do tipo pontaleteamento, somente é recomendável para valas com até 2,00 m de
profundidade e, ainda, sempre que as condições do terreno forem favoráveis.
NR......Não recomendável.
Fonte: NUVOLARI, A. (2011).
Exercício 3.1
Quantificar os materiais a serem utilizados no escoramento mais recomendado (técnica e
economicamente), para a execução de uma vala com 43,20 m de extensão e 2,00 m de profundidade,
onde deverá ser assentada uma rede de esgoto com diâmetro de 300 mm. Considerar:
* Dois níveis de estroncas, com espaçamentos horizontais de 1,35 m e verticais de 1,00 m.
* Profundidade do Lençol Freático = - 4,50 m.
* Tipo do Subsolo = Areia Fina (seca), composta de terra branca.
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Solução
Da Tabela 2, temos que o tipo de escoramento mais indicado é o “Contínuo”.
Do Quadro 2 ,sabe-se que a largura recomendada para a vala, é de L =1,00 m.
Relação de materiais:
Tábuas (2,5 X 30 cm) = 43,20 m ÷ 0,30 m x 2 lados = 288 (de 2,00 m de comprimento cada) = 576,00 m
Estroncas (Ø=20 cm) = (43,20 m ÷ 1,35 m + 1) x 2 níveis = 66 (1,00 m de comprimento cada) = 66,00 m
______________________________________________________________________________________
Tipo de Escoramento Largura Tábuas Vigas/Long. Estroncas de Madeira
da Vala (2,5 x 30 cm) (6 x 16 cm) (Ø=20 cm)
______________________________________________________________________________________
Contínuo 1,00 m 576,00 m 172,80 m 66,00 m
______________________________________________________________________________________
Exercício 3.2
Desenvolver o cálculo comparativo dos materiais necessários para a execução dos tipos de
escoramentos recomendáveis para a escavação de uma vala com 81,00 m de extensão e 2,50 m de
profundidade, na qual deverá ser assentada uma rede de esgoto de diâmetro de 500 mm. Considerar:
* Três níveis de estroncas, com espaçamentos horizontais de 1,35 m.
* Profundidade do Lençol Freático = - 4,00 m.
* Tipo do Subsolo = Argila Consistente (compacta).
* Indicar os resultados em metros.
Solução
____________________________________________________________________________________
Tipo de Escoramento Largura Tábuas Vigas /Long Estroncas de Madeira
da Vala (2,5 x 30 cm) (6 x 16 cm) (Ø=20 cm)
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
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a) Drenagem
Para a drenagem das valas deve-se instalar bombas (geralmente do tipo submersíveis) para o
esgotamento da águas decorrentes de enchentes, ou mesmo da infiltração do lençol freático do
subsolo. Nestes casos, devem-se encaminhar as águas para os pontos baixos da vala que, com a
execução de pequenos poços provisórios, permitirão o bombeamento das águas subterrâneas para fora
das valas.
Para evitar que as águas de bacias de contribuições vizinhas venham adentrá-la, aumentando o
volume a ser bombeado, pode-se realizar valas de desvio (provisória) com a própria terra da
escavação.
Figura 28 – Rede com esgotamento de bomba Figura 29 – PV com esgotamento com bomba
Figura 30 – Ponteiras filtrantes com uma linha Figura 31 – Bomba de esgotamento do sistema
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A escolha do material a empregar (tipo de tubulação) nas redes coletoras de esgotos sanitários
é função das características dos efluentes, das condições locais e dos métodos construtivos, mas os
seguintes aspectos normalmente devem ser considerados:
Condições de escoamento;
Resistências à: cargas internas e externas: abrasão; ação de substâncias agressivas;
Condições de impermeabilidade e juntas adequadas;
Disponibilidade no mercado, dos diâmetros necessários;
Facilidade de transporte, assentamento e instalação de equipamentos e acessórios;
Custos (material transporte e assentamento).
. As tubulações mais utilizadas para as redes coletoras de esgotos sanitários são: tubos cerâmicos,
tubos de concreto, tubos plásticos, tubos de ferro fundido e tubos de aço.
Os tubos de concreto estão sujeitos a ataques químicos (corrosão por ácido sulfúrico
proveniente de compostos originados da decomposição anaeróbica do esgoto), que atingem o cimento
diminuindo a resistência da tubulação e proporcionando o seu rompimento. Para as canalizações de
esgotos sanitários, normalmente se empregam tubos de “ponta e bolsa” com anel de borracha
(concreto simples e concreto armado), mas as tubulações podem ser também de “pontas lisas” para
luvas ou de encaixe a meia espessura. Estes tubos, bem como os anéis de borracha para a junta
elástica, devem ser submetidos a ensaios normalizados pela ABNT (resistência à compressão
diametral, verificação da permeabilidade, estanqueidade e índice de absorção de água/dureza, tração,
deformação, envelhecimento e determinação da absorção de água).
Os tubos de Poli Cloreto de Vinila - PVC rígidos com juntas elásticas, são destinados à rede
coletora e ramais prediais enterrados para a condução de esgoto sanitário e despejos industriais, cuja
o
temperatura não exceda a 40 C sendo, também, normatizados pela ABNT.
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O PVC rígido, devido as suas propriedades físicas e químicas, confere à tubulação excelentes
características, entre as quais podemos citar:
Leveza;
Estanqueidade;
Comprimento grande;
Flexibilidade;
Baixa rugosidade;
Ligações simples;
Facilidade e rapidez no transporte e assentamento.
Os tubos de PVC rígido para coletores de esgoto, também normatizados pela ABNT, são
fornecidos nos diâmetros de 100 mm, 150 mm, 200 mm, 250 mm, 300 mm, 350 mm a 400 mm, com
ponta e bolsa e 6,00 m de comprimento.
Figura 37 – Tubos e conexões de ferro fundido Figura 38 – Tubo de FºFº revestido internamente
Os tubos de ferro fundido (FºFº) são fabricados com ponta e bolsa (junta de chumbo ou junta
elástica) em diâmetros de 100 mm a 1200 mm (variação de 50 em 50 mm até DN= 400 mm e variação
de 100 em 100 mm a partir de DN= 400 mm) e com comprimento de 6,00 m.
Apresentam alta resistência a cargas externas, porém são sensíveis à corrosão pelos esgotos
ácidos e por solos ácidos. Nestes casos, devem ser revestidos interna e/ou externamente. São
utilizados principalmente nas seguintes situações:
Em locais de transito pesado e pouco recobrimento do piso;
Em casos de a tubulação ser assentada a grande profundidade, acima dos limites de carga dos
outros materiais;
Os tubos de aço são utilizados quando se deseja tubulação com pequeno peso, com absoluta
estanqueidade, com flexibilidade e com grande resistência a pressão de ruptura. No mercado, estão
disponíveis tubos de aço com ponta e bolsa e junta elástica com diâmetros nominais de 150 a 1200mm
(variação de 50 em 50 mm até DN= 500 mm e variação de 100 em 100 mm a partir de 600 mm).
Podem também ser fabricados no próprio local (tubo de aço soldado e rebitado).
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RAMAL INTERNO
RAMAL
PREDIAL
ALINHAMENTO
PASSEIO
O ramal predial deve ter diâmetro mínimo de 100 mm (100 DN) e o seu dimensionamento pode
ser feito considerando o número máximo de unidades Hunter de Contribuição (UHC), assentado de
acordo com as declividades mínimas indicadas no quadro abaixo:
O sistema de ligação do ramal predial à rede coletora de esgotos depende principalmente dos
seguintes fatores:
Profundidade e posição da rede coletora na via pública;
ALINHAMENTO
PASSEIO
RAMAL PREDIAL
CURVA DE 90º
RALMAL
INTERNO
COLUNA
REDE COLETORA
LEITO CARROÇAVEL
CURVA DE 45º
LEITO CARROÇAVEL
PASSEIO
PROFUNDIDADE MÍNIMA
NA SOLEIRA: 0,50 m
RAMAL INTERNO
COLUNA CURVA DE 45º
Estes tipos de projetos estão normatizados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), através da NBR 9648/1986 (Estudo e Concepção de Sistemas de Esgotos Sanitários) e da
NBR 9649/1986 (Projeto de Redes de Esgotos).
Estabelecimento dos critérios para a previsão das vazões: cota de consumo diário de água
per capita; coeficiente de retorno (relação esgoto/água); coeficientes de variação de vazão;
taxa de infiltração;
Estimativas das vazões dos grandes contribuintes: indústrias, grandes edifícios, hospitais,
shopping centers etc;
As Redes Simples são assim denominadas quando existir apenas a tubulação de esgoto
sanitário na rua, devendo estar localizada no eixo da rua. Se existir também a galeria de águas pluviais,
loca-se a rede de esgoto a 1/3 da largura entre o meio fio (do lado par ou ímpar) e o eixo da rua a ser
ocupada pela galeria pluvial.
No caso de existir, em um dos lados da rua, soleiras negativas, o coletor deverá ser
obrigatoriamente colocado no terço correspondente.
Figura 45 - Rede simples de esgoto no terço da rua Figura 46 - Rede simples de esgoto no eixo da rua
Caso haja interferências nos passeios que dificultem a obra, pode-se lançar no leito carroçável,
próximo à sarjeta. Portanto, a rede dupla pode estar situada no passeio, no terço ou uma rede no
passeio e outra no terço da rua.
a) Rede perpendicular
Aparece em cidades atravessadas ou circundadas por cursos de água. Coletores - troncos e
independentes compõe a rede de esgoto, sendo o seu traçado o mais perpendicular possível ao curso
d’água. Para se levar os efluentes ao destino final devem-se construir um interceptor margeando o
curso d’água conforme a figura a seguir:
b) Rede em leque
Utilizada em terrenos acidentados. O coletor-tronco corre pelo fundo dos vales ou pela parte
baixa das bacias e nele incidem os coletores secundários, O seu traçado lembra a forma de um leque
ou uma espinha de peixe.
De acordo com os fluxos indicados nas canaletas localizadas nos fundos dos poços de visitas,
pode-se obter diferentes tipos de traçados para uma mesma área. Novamente verifica-se a importância
da topografia na solução dos diferentes traçados de uma tubulação.
Melhor traçado
Figura 53 - Possibilidades de traçados de uma rede em função das orientações dos fluxos
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b) Profundidade
Em função da maior ou menor dificuldade de escavação do solo, serão adotadas as
profundidades máximas e mínimas dos coletores. Portanto, o conhecimento do subsolo é indispensável
para prever a presença de rochas, solos de baixa resistência, lençol freático e outros problemas. O
ideal seria o reconhecimento completo do subsolo por meio de sondagens.
Todavia, se recomenda trabalhar com profundidades máximas de 3,00 a 4,00 m quando
locadas nas ruas e de 2,00 a 2,50 m quando situadas sob os passeios.
Quanto às profundidades mínimas, é recomendável que o menor recobrimento para
tubulações assentadas no leito carroçável seja de 1,00 m, acrescido do diâmetro da tubulação. Para
redes assentadas nos passeios e/ou vielas, admite-se profundidades não inferiores a 0,65 m.
c) Interferências
Dentre as principais interferências que devem ser consideradas estão as canalizações de
drenagem urbana, os cursos de água que atravessam a área urbana e as grandes tubulações de água
potável. Também o trânsito que pode ser considerado como interferência importante, devendo a
concepção da rede ser feita de maneira a causar o mínimo impacto possível nesse aspecto.
Os sistemas de esgotos projetados no Brasil, desde o ano 1912, devem adotar os critérios e
características do denominado “Sistema Separador Absoluto”, cuja rede coletora recebe contribuições
apenas do Esgoto Sanitário, que é composto de Esgoto Doméstico, de Águas de Infiltração do subsolo
(as quais não são admitidas intencionalmente) e, também, de Efluentes de alguns tipos de indústria.
Para pequenas e médias instalações, costuma ser adotado o período mínimo de 20 a anos.
*Martins...C = 0,7 a 0,9; *Azevedo Netto...C = 0,7 a 0,8; *Metcalfy – Eddy... C = 0,7
Em áreas com muitos jardins os valores são menores, enquanto que em regiões mais
centrais e pavimentadas estes valores tendem a ser mais altos. A norma brasileira NBR 9649 (ABNT,
1986) recomenda o valor médio de “C = 0,8” na falta de dados oriundos de pesquisas in loco.
Quadro 4 - Consumos efetivos de água per capita, em algumas cidades do Estado de São Paulo
População urbana estimada para Consumo efetivo de água
Cidade
1986 (habitantes) per capita
Cardoso 8044 124
Fernandópolis 49208 165
São José dos Campos 392968 170
Taubaté 215513 184
Tremembé 21271 135
Fonte: Tsutiya, M. T. e Além Sobrinho, P. A. (2000)
Assim, a Contribuição Per Capta de Esgoto Doméstico pode ser obtida através da
multiplicação do “Consumo Efetivo de Água Per Capta” pelo Coeficiente de Retorno (da água servida
que “retorna” para a rede de esgoto).
Contribuição per capta de esgoto doméstico = Consumo efetivo de água per capta x Coef. de retorno
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A NBR 9649 da ABNT estabelece que a TI adotada entre os valores 0,05 a 1,00 L/s. km deve
ser justificado.
Tsutiya e Bruno realizaram ampla pesquisa nas redes de esgotos operadas pela SABESP, no
Estado de São Paulo, e apresentaram os seguintes resultados:
coletores posicionados acima do lençol freático......T I = 0,02 L/s.km
coletores posicionados abaixo do lençol freático.....T I = 0,10 L/s.km
Tais resultados derivam, certamente, da melhoria da qualidade dos materiais, bem como do
melhor controle na execução de obras.
Cada indústria possui um processo produtivo específico em função das matérias primas
utilizadas. Portanto, deve ser criteriosamente estudada a possibilidade de lançar o esgoto industrial in
natura no coletor público, ou se necessitará de um tratamento (pré, primário, secundário, terciário). Em
hipótese nenhuma se deve permitir o lançamento in natura no coletor público destes despejos que:
sejam nocivos à saúde ou prejudiciais à segurança dos operários que trabalham na rede;
interfiram em qualquer sistema de tratamento;
obstruam tubulações e equipamentos;
ataquem às tubulações, afetando a resistência ou durabilidade de suas estruturas;
apresentem temperaturas elevadas (>45°C).
Neste último caso os órgãos públicos geralmente limitam o valor da vazão máxima de
lançamento do efluente na rede a 1,5 vezes a vazão média diária. Em muitas ocasiões, para atender a
essa exigência, é necessário a construção de um tanque de regularização da vazão, antes do
lançamento na rede. No caso da indústria já estar instalada, deve-se realizar uma pesquisa junto à
mesma, inclusive prevendo as vazões futuras. Na falta de dados e no caso em que há necessidade de
estimar vazões de áreas, ainda, não ocupadas, mas destinadas à instalação de indústrias futuras,
pode-se admitir valores compreendidos entre 1,15 L/s.ha até 2,30 L/s.ha para aquelas indústrias que
utilizem água em seus processos produtivos. No caso de indústrias que não utilizem água em seus
processos produtivos, estima-se a contribuição de esgotos em 0,35 L/s.ha.
Para se calcular as Vazões a Jusante (totais) em cada trecho, inicial e final (Qi; Qf ), devido
ao esgoto doméstico e às águas de infiltração basta multiplicar os respectivos coeficientes de
contribuição (linear = L/s.m ou por unidade de área = L/s.ha), pelo comprimento de canalização ou pela
área da bacia ou sub-bacia, cujos efluentes são coletados pelo trecho, acrescido da eventual vazão
concentrada e da vazão de montante do trecho correspondente.
Todos estes cálculos devem ser realizados trecho a trecho e, ainda, sempre para as
condições de Início de Plano (quando apenas parte dos lotes estiverem habitados) e para o Final de
Plano (quando todos os lotes estiverem habitados). Assim, usam-se as seguintes expressões:
Início de Plano:
Qjus.i = (Txi ). Ltrecho + Qc ,i + Q mont ,i
Final de Plano:
Qjus. f = (Txf ). Ltrecho + Qc , f + Q mont , f
sendo:
Q jus.i , Q jus.f = vazão a jusante (inicial e final) no trecho (L/s);
Exercício 3.3
No projeto de uma rede coletora de esgoto sanitário, a ser implantada sob os eixos centrais das
vias públicas de um loteamento no Município de Taubaté/SP, consideram-se os seguintes parâmetros:
Pede-se calcular:
a) Os coeficientes de contribuição linear (inicial e final);
b) As vazões a jusante (totais) no trecho “n” (inicial e final).
Solução
a) Cálculo dos coeficientes de contribuição linear
- Vazão a montante:
- Vazão a jusante (total): é a soma da vazão a montante com a vazão no trecho (≥ 1,50 L/s).
bactérias
-- -
S04 + 2C + 2H20 −−−−−−→ 2HCO3 + H2S
Dentre os fatores mais importantes que propiciam a geração de sulfatos nos esgotos
domésticos e industriais, estão:
o teor de enxofre existente nos compostos orgânicos e sulfatos usualmente
encontrados nos esgotos;
a temperatura do esgoto: < 15°C inexistente H2S e 38°C é o pico de formação;
pH do esgoto: ocorre rapidamente dentro de faixa de pH entre 5,5 - 8,5 (valores
comumentes encontrados em esgotos domésticos);
ausência de oxigênio livre no esgoto.
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c) Ação de autolimpeza
Promove o arraste de materiais sólidos dos esgotos que se depositam de no fundo das
tubulações, garantindo o processo de autolimpeza. O dimensionamento consiste em determinar os
diâmetros e as declividades longitudinais das tubulações, para que estas condições sejam atendidas.
Para equacionar os aspectos da deposição de materiais sólidos presentes nos esgotos e que
se depositam no fundo das tubulações, o Brasil adotava o “Critério da Velocidade de Autolimpeza” para
o dimensionamento das redes coletoras de esgotos, o qual considerava a manutenção de uma
velocidade mínima, independentemente do diâmetro da tubulação, para que ocorresse a ação de
autolimpeza.
Com a promulgação da NBR 9649, da ABNT, em 1986, passou-se a adotar o Critério da
Tensão Trativa para o dimensionamento de redes de esgotos.
sendo:
σ = tensão trativa média (Pa ou Kgf/m²);
P = peso do volume do líquido contido num trecho de comprimento “L” (N ou Kgf/m²);
Pt = componente tangencial de P (N ou Kgf/m²);
θ = ângulo de inclinação do conduto (grau);
℘ = 4 3
peso específico do líquido (esgoto a 20 °C ⇒ 10 N/m = 1000,00 Kgf/m³);
RH = raio hidráulico (m);
I = declividade do conduto (m/m);
L = trecho de comprimento (m);
Am = área molhada da secção transversal (m²);
Pm = perímetro molhado (m).
A Tensão Trativa assim calculada representa um valor médio da tensão ao longo do perímetro
molhado do conduto. Devido ao efeito da gravidade, qualquer partícula de material sólido com
densidade maior que a da água tenderá a depositar-se no fundo das tubulações de esgoto,
principalmente nas horas de menor contribuição. Desta maneira, define-se a Tensão Trativa Crítica
como sendo a tensão mínima necessária ao início do movimento das partículas depositadas nas
tubulações de esgoto. O valor da Tensão Trativa depende:
do peso específico da partícula e do líquido;
das dimensões da partícula;
da viscosidade do líquido.
A norma brasileira NBR 9649/1986, da ABNT recomenda que, para as redes coletoras de
esgotos sanitários, a Tensão Trativa Crítica atenda as condições de declividade, proporcionando o valor
mínimo de 1,00 Pa, pelo menos uma vez ao dia.
Exercício 3.4
Em continuação ao exercício anterior, que trata do projeto de uma rede coletora de esgoto
sanitário, a ser implantada sob os eixos centrais das vias públicas de um loteamento no Município de
Taubaté/SP, solicita-se calcular a Tensão Trativa (de arraste) que o efluente causará na parede interna
da tubulação do mesmo trecho “n” da rede coletora, cujo diâmetro será de 150 mm. Sabe-se que:
- A declividade do trecho “n” da rede coletora será I = 0,0044 m/m;
- O raio hidráulico do trecho “n” da rede coletora pode ser obtido pela fórmula:
RH = β . D onde RH = raio hidráulico (metros);
D = diâmetro da tubulação (metros);
β = 0,159
Solução
- Cálculo da tensão trativa (σ ) – em função das condições iniciais (mínimas)
Sendo RH = β . D = 0,159 x 0,150 ⇒ RH = 0,02385 m
b) Diâmetro mínimo
Segundo a norma brasileira o diâmetro mínimo é de 100 mm. No entanto deve-se sempre
empregar outros diâmetros, dependendo dos materiais. No Estado de São Paulo, a SABESP adota o
diâmetro mínimo de 150mm. O diâmetro (D) que atende a condição da lâmina líquida (Y/D) ser menor
ou igual 75%, pode ser obtido pela equação abaixo, para n = 0,013.
c) Declividade mínima
Como já mencionado, a declividade a ser adotada deverá proporcionar uma tensão trativa
2
média não inferior a 0,10 Kgf/m (1,00 Pa), calculada utilizando a vazão inicial na extremidade à jusante
do trecho. Para redes coletoras, tal declividade é determinada pela expressão abaixo, para o
Coeficiente de Manning n = 0,013.
−0 , 47
I min = 0,0055 × Qi onde: Qi =vazão jusante para dimensionamento de início de plano (L/s);
I min = declividade mínima do conduto (m/m).
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d) Declividade máxima
A declividade máxima admitida pela norma é aquela que, para a vazão de final de plano, faz
com que a máxima velocidade na tubulação seja inferior a 5,00 m/s e pode ser obtida pela expressão
abaixo, para Coeficiente de Manning n = 0,013.
− ( 2 / 3)
I máx = 4,65 × Q f onde: Qf = vazão para dimensionamento de final de plano (L/s);
I max = declividade máxima do conduto (m/m).
e) Velocidade crítica
No caso da velocidade final (Vf) ser superior à velocidade crítica (Vc), a maior lâmina admitida
deverá ser de 50% do diâmetro do coletor, para uma boa ventilação no trecho.
A máxima velocidade recomendada pela norma brasileira é de Vf = 5,00 m/s.
A Velocidade crítica (Vc) é dada através da expressão:
f) Lâmina mínima
A norma brasileira não faz menção à lâmina mínima, no entanto a experiência recomenda que
a lâmina mínima seja 20% do diâmetro da tubulação. Pelo critério da Tensão Trativa haverá a
autolimpeza, desde que se garanta que se pelo menos uma vez por dia seja atingida a tensão
adequada, independente da altura da lâmina de esgoto.
g) Lâmina máxima
Para garantir a oxigenação, além de se calcular as lâminas, admitindo-se o escoamento em
regime permanente e uniforme, a lâmina recomendada pela experiência é que seu valor máximo, para
a vazão final (Qf), nunca seja superior a 75% do diâmetro do conduto.
3
1 Q = vazão (m /s);
Q = R 2H/ 3 A. I 1 / 2 V = velocidade média (m/s);
n
Manning 2
1 A = área molhada (m );
V = R 2H/ 3 A. I 1 / 2 N = coeficiente de rugosidade de Manning (n = 0,013);
n
RH = raio hidráulica (m);
Continuidade Q = V .A I = declividade da tubulação (m/m)
OBS: Também, podem ser utilizados os Quadros abaixos, derivados das equações citadas, já ajustados para n = 0,013
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Qdf
Final: T xf = +T I f
Lf
Coluna 4 - calcular as vazões inicial e final de cada trecho (contribuição do trecho):
vazão inicial Qi = Txi x comprimento do trecho (Li)
vazão final Q f = Txf x comprimento do trecho (Lf)
Coluna 5 - anotar as vazões de montante inicial e final;
Coluna 6 - anotar as vazões de jusante, que correspondem à soma das vazões de contribuição
do trecho, de montante e localizada (quando for o caso). OBS: Para qualquer trecho de coletor,
a vazão mínima de cálculo será sempre é de 1,50 l/s;
Colunas 7 e 8 - os cálculos do diâmetro e da declividade do condutor, são feitos de modo a
atender aos critérios relativos à tensão trativa , lâmina líquida e velocidade crítica. A declividade
a ser adotada deverá ser aquela que implique na menor escavação possível e o diâmetro
escolhido deverá transportar as vazões Qi e Q f , de modo que a tensão trativa não seja inferior
lâmina líquida dentro da tubulação não seja superior a 75% do diâmetro. E a declividade
mínima, que satisfaça a condição de tensão trativa de 1,00 Pa, pode ser obtida pela aplicação
da fórmula aproximada:
−0 , 47
I min = 0,0055Qi sendo: I min em m/m e Qi em L/s.
A máxima declividade admissível I max será aquela para Vf = 5,00 m/s.
E o diâmetro D (em metros) que atende a condição Y/D ≤ 0,75 também pode ser obtido pela
Qf
equação: D = [0, 0463 ]0,375 obtida a partir da fórmula de Manning para n = 0,013,
Io
Y/D ≤ 0,75, sendo: Q f em m³/s e It = I que é a declividade do coleto,r em m/m;
Coluna 9 - ler a cota do terreno na planta e anotar na planilha;
Coluna 10 - anotar a cota do coletor em função da profundidade inicial ou da declividade;
Coluna 11 - anotar a profundidade do coletor (cota do terreno - cota da geratriz inferior interna
do coletor); observar que o recobrimento mínimo é de 1,00 m, para coletor assentado no leito
da rua, e de 0,65 m para coletor assentado sob o passeio. O recobrimento é dado pela
diferença de nível entre a superfície do terreno e a geratriz superior externa do coletor;
Coluna 12 - A lâmina líquida, na forma adimensional Y/D, pode ser obtida com o auxilio do
"Quadro 5";
Coluna 13 - A profundidade da singularidade de jusante (PV) é definida pela profundidade
do coletor de jusante, conforme coluna 11;
Coluna 14 - As velocidades Vi e Vf são obtidas com o auxilio do "Quadro 5", que fornece
V÷ I ;
Colunas 15 e 16 - cálculo da tensão trativa, σ e Vc, com auxilio do “Quadro 5” e “Quadro 6”
que fornece o raio hidráulico em função de Y/D .
Tensão Trativa ⇒ σ = ℘× RH × I sendo: σ em Pa, RH em metros, e℘ = 1000,00 Kgf/m³
Velocidade Crítica ⇒ Vc = 6 g.RH sendo: Vc em m/s, RH em metros, e g = 9,80 m/s²
OBS: Vc ≥ Vf
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Exercício 3.5
Projetar a rede coletora de esgoto, calculando as vazões iniciais e finais (Qi e Qf), os diâmetros
(D) e as declividades (I) para uma rua com 180,00 m de comprimento (L), decorrente do
desmembramento de uma gleba (10.260,00 m²) em 36 lotes de 237,70 m² cada. (vide planta pag. 56).
Solução
a)Traçado do coletor
Na planta anexa, é demonstrada a rede coletora de esgoto projetada com dois trechos, no eixo da
rua, com três PVs (um existente) e, ainda, a indicação do sentido de escoamento dos esgotos, em
função das cotas do terreno.
- Vazão a jusante: é a soma da vazão a montante com a vazão no trecho (Qmin ≥ 1,50 L/s).
Qi = 1,27 + 0,270 ⇒ Qi = 1,540 L/s = 0,001540 m³/s
- Declividade mínima do coletor (I min), em função da vazão a jusante inicial, em L/s (para n = 0,013)
Trecho 1-2
- Vazão a jusante: é a soma da vazão a montante com a vazão no trecho (≥ 1,50 L/s).
Qi = 1,540 + 0,270 ⇒ Qi = 1,810 L/s = 0,001810 m³/s
- Declividade mínima do coletor (I min) em função da vazão a jusante inicial, m L/s (para n = 0,013)
Exercício 3.6
Fonte: TSUTIYA, M. T. e ALÉM SOBRINHO, P. (2000)
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CAPÍTULO 4
O esgoto sanitário é constituído de 99,9% de água e a parcela restante (0,1%) inclui sólidos
orgânicos e inorgânicos, suspensos e dissolvidos e, ainda, microrganismos, todos adquiridos na origem
ou decorrentes de alterações ao longo do tempo (decomposição). Embora menor, é justamente a
parcela que causa a poluição e, portanto, determina a necessidade do tratamento de todo o efluente.
As principais características físicas dos esgotos, em geral, podem ser interpretadas através
das seguintes determinações: teor de matéria sólida, temperatura odor e cor e, ainda, a turbidez.
a) Sólidos totais
Matéria que permanece como resíduo após a evaporação (103°C) dos esgotos.
b) Sólidos voláteis
Submetendo os sólidos a uma temperatura de 600°C, a fração de substâncias orgânicas é
oxidada (volatiliza). Logo, representam uma estimativa da presença da matéria orgânica nos sólidos.
c) Sólidos fixos
É a fração não oxidada (inerte) que permaneceu em forma de cinza, após a combustão acima
descrita. Representam a matéria inorgânica ou mineral presente nos sólidos.
d) Sólidos em suspensão
É a parcela que fica retida ao se fazer passar uma amostra dos esgotos por um papel de filtro
com porosidade de tamanho padronizado.
e) Sólidos dissolvidos
Compreende a parcela que atravessa o filtro acima citado.
f) Sólidos sedimentáveis
É a fração capaz de sedimentar no período de uma hora, num cone de sedimentação com o
volume de 1 litro (Cone Imhoff).
4.1.2 Temperatura
A temperatura dos esgotos, em geral, é pouco superior à das águas de abastecimento (20 a
30°C). Águas usadas para resfriamento em usinas termoelétricas bem como alguns efluentes
industriais, podem transferir calor para as águas dos corpos receptores. Em relação ao tratamento, a
influência da temperatura ocorre durante as operações de natureza biológica quando a velocidade de
decomposição do esgoto é proporcional ao aumento da temperatura. Nas operações que envolvem a
sedimentação, o aumento da temperatura faz diminuir a viscosidade melhorando as condições de
sedimentação, e nos processos de transferência de oxigênio, a solubilidade do 02 é maior nas
temperaturas menores.
4.1.3 Odor
Os odores característicos dos esgotos são geralmente causados pelos gases formados
durante o processo de decomposição. Embora vários tipos de odores possam ser verificados, existem
dois tipos principais, e mais característicos: Odor de Mofo, razoavelmente suportável, típico de esgoto
fresco; e o Odor de Ovo Podre, insuportável, típico de esgoto velho ou séptico e que ocorre devido à
formação do gás sulfídrico, proveniente da decomposição do lodo contido nos despejos.
A origem dos esgotos permite classificar as suas características químicas em dois grandes
grupos: matéria orgânica e matéria inorgânica.
Além das determinações da DQO, DBO e das formas do Nitrogênio, existem outras que
caracterizam a presença da matéria orgânica: Oxigênio Consumido - OC, o Carbono Orgânico Total –
COT, Fósforo (responsável pela eutrofização em represas), Cloreto, Sulfatos, etc.
Exercício 4.7
A população urbana do Município de Taubaté-SP, que não dispunha de Tratamento de
Esgotos em 2008, era estimada em 256757 habitantes (SEADE). Pede-se calcular a correspondente
carga de DBO lançada, naquele ano, no Rio Paraíba do Sul através dos afluentes que cruzam a cidade.
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Solução
Carga diária de DBO = 0,054 kg/hab . 256757 hab = 13864,88 Kg DBO
Carga anual de DBO = 13864,88 Kg DBO/dia . 365 dias ≈ 5060681 Kg DBO
Portanto, no ano de 2008, foram lançadas 5060,68 Toneladas de DBO no Rio Paraíba do Sul
No caso da avaliação do impacto da poluição causada por indústrias que geram efluentes com
características semelhantes ao esgoto doméstico, bem como na determinação da eficiência necessária
do correspondente processo de tratamento, costuma-se utilizar o conceito de “População Equivalente”:
Exercício 4.8
Calcular a carga de DBO e a População Equivalente para uma Indústria, cujo efluente
proveniente do seu processo operacional, apresenta a DBO de 944,00 mg/L e a vazão de 170,00 L/s.
Solução
Carga diária de DBO = 0,944 g/L . 170,00 L/s . 86400 s/dia = 13865472,00 g
População equivalente = 13865472,00 g/dia ÷ 54,00 g/hab.dia ≈ 256768 habitantes
Portanto, a poluição orgânica (DBO) causada por esta Indústria, equivaleria praticamente à da
população do Município de Taubaté, no ano de 2008.
Exercício 4.9
O matadouro “São Luiz” abate 30 cabeças de gado e 60 porcos diariamente. Sabendo-se que
o abate de um boi gera, em média, 350,00 L de efluentes e 7,00 kg de DBO, enquanto que o abate de
um porco produz 140,00 L de efluentes e 2,80 Kg de DBO, pede-se calcular a:
a) Carga total de DBO produzida pelos abates;
b) População equivalente da descarga industrial;
c) Vazão total dos efluentes gerados pelos abates de todos os animais;
d) Concentração (C) de DBO nos efluentes (brutos) gerados pelos abates dos animais;
e) Redução (%) da Concentração (C) de DBO nos efluentes, para o máximo 60,00 mg/L.
Solução
a) Carga total de DBO produzida pelos abates
• Bois = 7,00 kg DBO . 30 bois/dia = 210,00 kg/dia
• Porcos = 2,80 kg DBO . 60 porcos/dia = 168,00 kg/dia
• Carga total produzida = 378,00 kg DBO/dia
Portanto, a poluição orgânica (DBO) causada pelo Matadouro “São Luiz”, equivaleria praticamente à da
população do Município de Natividade da Serra (Censo Demográfico 2010/IBGE).
.
c) Vazão total dos efluentes gerados pelos abates
• Bois = 0,35 m³ . 30 bois/dia = 10,50 m³/dia
• Porcos = 0,14 m³ . 60 porcos/dia = 8,40 m³/dia
• Vazão total produzida = 18,90 m³/dia
e) Redução (%) da Concentração (C) da DBO nesses efluentes, para o limite max 60 mg/L
• R = 20000,00 – 60,00 . 100 = 99,70%
20.000,00
O processo de tratamento deverá possuir Eficiência de 99,70% (mínima) na redução da DBO.
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Exercício 4.10
A indústria de laticínios “Leite Bom”, processando uma média de 118,00 toneladas de leite por
dia, produz, em média, 255,00 m³ de efluentes diariamente, os quais possuem uma concentração de
1400,00 mg DBO/L (muito forte). Pede-se calcular a:
a) Vazão (Q) de efluentes gerados por 1000,00 kg de leite processado;
b) Carga total de DBO gerada diariamente para o processamento de todo o leite;
c) Carga de DBO gerada por 1000,00 kg de leite processado;
d) População equivalente da descarga industrial.
Solução
a) Vazão (Q) de efluentes gerados por 1000,00 kg de leite processado
Se para processar 118,00 toneladas de leite produz-se diariamente 255,00 m³ de
efluentes, para processar 1000,00 kg de leite se produzirá o seguinte volume de efluentes:
Portanto, a poluição orgânica (DBO) causada por esta Indústria, equivaleria praticamente à da
população do Município de Lavrinhas (Censo 2010/IBGE).
No quadro a seguir são apresentados alguns organismos biológicos presentes nos esgotos,
os quais demonstram a necessidades da desinfecção.
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Com o objetivo inicial de selecionar apenas os coliformes originários do trato intestinal, o Grupo
Coliforme foi dividido em subgrupos – Coliformes Fecais e Coliformes Totais (SÃO PAULO – ESTADO.
SECRETARIA DA SAÚDE/CVS, 1998b). A seguir, são apresentadas algumas definições:
a) Coliformes Totais
São bactérias na forma de bastonetes Gram-negativos, não esporogênicos, aeróbios ou
anaeróbios facultativos, capazes de fermentar a lactose com produção de gás, em 24 a 48 horas a
35°C ± 0,5 ºC. Atualmente, a sua presença é considerada um “indicador” de possível contaminação.
b) Coliformes Fecais
Originalmente, assim denominado por acreditar-se, até então, que contemplava apenas as
bactérias de origem exclusivamente fecal, passando inclusive a ser utilizado como novo “indicador” de
contaminação por fezes. Possuem a mesma definição de Coliformes Totais, porém, restrita aos
membros capazes de fermentar a lactose com produção de gás, em 24h a 44,5 ºC ± 0,2 ºC. Suas
principais representantes são as dos gêneros Escherichia, Enterobacter, Citrobacter e Klebsiella.
CAPÍTULO 5
Os processos de tratamento dos esgotos são formados por uma série de operações unitárias,
que são empregadas para a remoção de substâncias indesejáveis, ou para a transformação destas
substâncias em outras de forma aceitável. As mais empregadas nas respectivas fases, tem sido:
Como os poluentes contidos nos esgotos sanitários são de natureza física, química e
biológica, assim, também, são os processos de tratamento, os quais são sempre definidos em função
do fenômeno predominante.
a) Processos físicos
São aqueles em que há predominância dos fenômenos físicos no sistema ou dispositivo de
tratamento. Basicamente têm a finalidade de separar as substâncias em suspensão presentes no
esgoto. Ex: remoção de sólidos (peneiramento, sedimentação, filtração), remoção da umidade do lodo.
b) Processos químicos
São os que utilizam produtos químicos e geralmente são empregados quando os processos
físicos e biológicos não atuam eficientemente nas características a serem removidas. Os processos
químicos Ex: floculação, precipitação química, oxidação química, cloração e correção do pH.
c) Processos biológicos
São os que dependem da ação dos próprios microrganismos presentes nos esgotos. Estes
processos de tratamento procuram reproduzir os fenômenos biológicos observados na natureza,
adequando-os em áreas e tempos economicamente viáveis. Os principais processos biológicos são:
Oxidação Biológica: Aeróbia = lodos ativados, filtros biológicos, valos de oxidação e
lagoas de estabilização; Anaeróbia = reatores anaeróbios de fluxo ascendente (RAFA);
Digestão do Lodo: Aeróbia e Anaeróbia (tanques sépticos).
a) Tratamento preliminar
O tratamento preliminar de esgotos visa, basicamente, a remoção de sólidos mais grosseiros
(trapos, tocos de cigarro, excretas etc.) e os sólidos decantáveis (areia etc.). Não há remoção de DBO.
Evita-se obstruções e danificações em equipamentos eletros-mecânico, como grades e desarenadores.
b) Tratamento primário
Visa remover o material em suspensão não grosseiro, que flutue ou decante, com o emprego
de equipamentos e com tempo de retenção maior que no tratamento preliminar. Compreendem os
tanques sépticos, sedimentação (natural e química), flotação (simples e por ar dissolvido), precipitação
química, lagoa anaeróbia, reator de fluxo ascendente, digestão e secagem do lodo.
c) Tratamento secundário
O esgoto contém sólidos dissolvidos e finos sólidos em suspensão que não decantam e não
podem ser removidos apenas pela ação da gravidade. Nestes casos podem-se utilizar microrganismos
que se alimentam dessa matéria orgânica suspensa ou solúvel, transformando-a em sais minerais e em
novos microrganismos, que podem ser separados do líquido, formando um lodo denominado de
secundário. Assim, com este tratamento obtém-se a transformação da matéria orgânica solúvel do
esgoto em matéria orgânica insolúvel (microrganismos). E os microrganismos mais importantes para o
tratamento dos esgotos são as bactérias, que se reproduzem com grandes velocidades. O ponto
fundamental do tratamento biológico é fornecer condições para que essas bactérias (aeróbias,
anaeróbias e facultativas) sobrevivam e utilizem os esgotos de maneira mais eficiente.
Assim como as bactérias, o tratamento biológico dos esgotos pode-se classificar em:
Aeróbio: se for fornecido oxigênio ao sistema. Em condições naturais, a decomposição
aeróbia efetiva-se num período de tempo três vezes menor que a anaeróbia e dela
resultam gás carbônico, água, nitratos e sulfatos, todos inofensivos e úteis à vida vegetal.
Anaeróbio: se o oxigênio estiver ausente. Da decomposição anaeróbia, resultam produtos
como o gás sulfídrico, metano, nitrogênio, amoníaco e outros malcheirosos.
Facultativo: se existirem regiões aeróbias e anaeróbias. Estas bactérias, por viverem na
presença ou ausência do oxigênio livre, podem participar destes três tipos de tratamento.
CAPÍTULO 6
O fenômeno da poluição dos rios ocorre quando lançamos neles uma quantidade de matéria
orgânica que ao ser digerida pelas bactérias, ocasiona uma depressão do conteúdo de oxigênio do
meio aquático. Os esgotos domésticos são constituídos, preponderantemente, de matérias orgânicas
que servem de alimentos a animais, fungos e bactérias. Sua introdução em um meio aquático fará com
que as espécies passem a "alimentarem-se" dele e se multiplicando, consumam cada vez mais o
oxigênio disponível. A poluição se instala quando o consumo de oxigênio passa a ser maior que o
fornecimento, seja pelo ar atmosférico, seja por atividade fotossintética de vegetais, como as algas.
Os rios são de natureza essencialmente dinâmica, quer nos aspectos físicos de movimentação
de suas águas (turbulência), quer nos aspectos químicos e biológicos. Eles sofrem contínuas
modificações naturais, além das transformações que lhe são impostas pelo homem. Quanto a estas
últimas, os rios procuram, dinamicamente, eliminá-las, numa tentativa permanente de readquirirem
suas características anteriores. Esta luta pela reabilitação costuma-se chamar de autodepuração.
A legislação Federal e a do Estado de São Paulo citam dois padrões que devem ser atendidos
concomitantemente: o de “emissão” que se refere ao efluente a ser lançado e o de “qualidade” que diz
respeito ao corpo receptor (vide Anexo “B”).
a) Padrões de emissão
Indicam as características que os despejos devem atender, para que possam ser lançados em
corpos d’água (independentemente das condições do corpo receptor) ou em redes públicas que
possuam sistemas de tratamento. Entretanto, para o lançamento de despejos não domésticos em redes
públicas não dotadas de sistemas de tratamento de esgotos, deverá ser observada a legislação
específica.
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São apresentados, a seguir, alguns dos principais padrões de emissão de esgotos em águas
naturais superficiais, estabelecidos na legislação do Estado de São Paulo (Decreto nº. 8468 de
08.09.1976), bem como pelas legislações Federais (Resoluções do Conselho Nacional de Meio
Ambiente nº. 357 de 17.03.2005, e nº. 430 de 13.05.2011).
b) Padrões de qualidade
Procuram compatibilizar os despejos tratados a serem lançados, com as características
básicas do corpo de água receptor, sua vazão e o enquadramento em função dos seus usos
preponderantes.
São apresentados, a seguir, alguns dos padrões de qualidade estabelecidos na legislação do
Estado de São Paulo (Decreto nº. 8468 de 08.09.1976), bem como pelas legislações Federais
(Resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente nº. 357 de 17.03.2005 e nº. 357 de 17.03.2005)
para um corpo receptor enquadrado na Classe 3, cujas águas podem ser utilizadas para abastecimento
público, após tratamento:
Principais Padrões de Qualidade para Águas Doces Classe 3 (Decreto Estadual nº. 8468/76)
* Oxigênio dissolvido: não inferior a 4 mg/L;
* DBO 5,20: até 10 mg/L;
* Coliformes totais: NMP = não superior a 20000/100 mL;
* Coliformes fecais: NMP = não superior a 4000/100 mL.
Principais Padrões de Qualidade para Águas Doces Classe 3 (Res. CONAMA nºs. 357/05 e 430/11)
* pH: entre 6 e 9;
* Oxigênio dissolvido: superior a 4 mg/L;
* DBO 5,20: inferior a 10 mg/L;
* Coliformes fecais: NMP = não superior a 2500/100 mL.
OBS: Raramente se tem obtido uma boa condição de diluição dos esgotos tratados no corpo receptor,
quando não se procede a desinfecção final dos esgotos antes do lançamento.
Exercício 6.11
A Indústria “Da Vez” deverá construir uma Estação de Tratamento para seus Efluentes (ETE),
antes de lançá-los no Rio da Paz (Classe 3) localizado em suas proximidades. Sabendo-se que o
efluente bruto (sem tratamento) possui as características abaixo indicadas, pede-se determinar as
eficiências necessárias dos respectivos processos a serem adotados no tratamento, para atender aos
Padrões de Emissão e aos Padrões de Qualidade, estabelecidos no Decreto Estadual (SP) nº. 8468/76
e nas Resoluções CONAMA nºs. 357/05 e 430/11.
Solução
Das legislações (Decreto Estadual nº. 8468/76 e Resoluções CONAMA nºs. 357/05 e 430/11),
temos os seguintes Padrões de Emissão que devem ser atendidos:
Das legislações (Dec. Estadual nº. 8468/76 e Res. CONAMA nºs. 357/05 e 430/11), temos os
seguintes Padrões de Qualidade do corpo receptor (Classe 3) que devem ser atendidos de forma
concomitante:
R DBO 5,20 = 100 – 10 x 100 = 90% e R Coli Term. = 16500 – 2500 x 100 = 85%
100 16500
CAPÍTULO 7
Uma fossa séptica consiste em um tanque enterrado, estanque, projetado para receber os
esgotos, separar os sólidos dos líquidos, digerir parcialmente a matéria orgânica, armazenar sólidos e
descarregar o efluente líquido para o tratamento complementar ou à destinação final. Podem-se obter
reduções de Sólidos em Suspensão (+ - 60%), e de DBO (+ - 30 a 50%).
Como os sistemas de tratamento com tanque séptico devem ser projetados de forma
completa, ou seja, incluindo a disposição final para o efluente e para o lodo, o tratamento complementar
destes deve ser projetado segundo a NBR. 13969, de setembro de 1997, da ABNT, a qual oferece as
seguintes alternativas:
Figura 62 - Sistemas de tratamento de esgotos sanitários com tanque séptico - Esquema geral
Fonte: NBR 7229/93
Tabela 3 - Contribuição diária de esgoto (C) e de lodo fresco (Lf) por tipo de prédio e de ocupante
______________________________________________________________________________
Prédio Unidade Contribuição de esgotos (C) e Lodo fresco (Lf)
______________________________________________________________________________
Ocupantes permanentes
Residência alto padrão pessoa 160 L 1L
Residência médio padrão pessoa 130 L 1L
Residência baixo padrão pessoa 100 L 1L
Hotel (exceto lavanderia e cozinha) pessoa 100 L 1L
Alojamento provisório pessoa 80 L 1L
Ocupantes temporários
Fábrica em geral pessoa 70 L 0,30 L
Escritório pessoa 50 L 0,20 L
Edifícios públicos ou comerciais pessoa 50 L 0,20 L
Escolas e locais de longa perman. pessoa 50 L 0,20 L
Bares pessoa 6L 0,10 L
Restaurantes e similares refeição 25 L 0,10 L
Teatros, cin. e locais de curta perm. lugar 2L 0,02 L
Sanitários públicos* bacia sanitária 480 L 4,00 L
______________________________________________________________________________
* Apenas de acesso aberto ao público (estação rodoviária, ferroviária, logradouro público, estádio esportivo etc)
Fonte: NBR. 7229/93
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Tabela 5 – Taxa de acumulação do lodo (K) em dias, por intervalo de limpeza e temperatura
do mês mais frio
_____________________________________________________________________________
Intervalo entre limpezas Valores de K por faixa de temperatura ambiente (t), em °C
(anos) t ≤ 10 10 ≤ t ≤ 20 t > 20
_____________________________________________________________________________
1 94 65 57
2 134 105 97
3 174 145 137
4 214 185 177
5 254 225 217
_____________________________________________________________________________
Fonte: NBR. 7229/93
Devem, ainda, conter placa de identificação gravada em lugar visível, com informações sobre
o nome do fabricante, critério de dimensionamento, faixa de temperatura ambiente, número de usuários
e intervalos de limpeza. Antes de entrar em funcionamento, o tanque séptico deve ser submetido ao
ensaio de estanqueidade, realizado após ele ter sido saturado por no mínimo 24 horas.
Quando da remoção do lodo digerido, cerca de 10% de seu volume devem ser deixados no
interior do tanque. A remoção periódica de lodo e escuma deve ser feita por profissionais que
disponham de equipamentos adequados, para garantir o não contato direto entre pessoas e lodo.
Anteriormente a qualquer operação que venha a ser realizada no interior dos tanques, as
tampas devem ser mantidas abertas por tempo suficiente à remoção de gases tóxicos ou explosivos
(mínimo: 5 minutos).
No caso de tanques sépticos para atendimento a comunidades isoladas, deve ser prevista a
implantação de leitos de secagem, localizados em cota adequada à disposição final ou ao retorno dos
efluentes líquidos para os tanques. O lodo seco pode ser disposto em aterro sanitário, usina de
compostagem ou campo agrícola, neste caso, só quando não voltado ao cultivo de hortaliças, frutas
rasteiras e legumes consumidos crus.
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Exercício 7.12
Solução
Dimensionamento:
3
A tabela 6 recomenda que, para Vútil até 6,00 m , a profundidade (h) deverá ser de 1,20 m a 2,20 m.
Adotando a profundidade h = 1,50 m e a largura w = 1,20 m teremos seguinte volume útil:
Verificações:
• Distâncias mínimas:
* 1,50 m: das divisas, de sumidouros e de valas;
* 3,00 m: de árvores e de redes de água;
* 15,00 m: de poços de abastecimento e de corpos d’água.
• Estanqueidade;
• Quando da remoção do lodo deverá ser deixado 10% volume (manual ou pelo tubo sucção);
• Antes da realização de manutenções, a tampa deverá ficar aberta por mais de 5 minutos.
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Projeto:
Exercício 7.13
Solução
Dimensionamento:
Vu = 1000 + { }{
150 (25 x 0,83 + 65 x 0,10) + 7 (70 x 1 + 65 x 0,30) } .´. Vu = 5714,00 L = 5,714 m³
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3
A tabela 6 recomenda que, para Vútil até 6,00 m , a profundidade deverá ser de 1,20 m a 2,20 m
E a altura total será: H = h + 0,05 + Φ + 0,05 + 0,05 = 1,50 + 0,05 + 0,10 + 0,05 + 0,05 ⇒ H = 1,75 m
É importante que sejam avaliados padrões de emissão estabelecidos nas leis, necessidade de
proteção do manancial hídrico da área circunvizinha, disponibilidade da água etc., para seleção das
alternativas que compõem o sistema local de tratamento de esgotos.
A seguir, estão detalhadas algumas alternativas técnicas mais usuais para o tratamento
complementar do efluente oriundo do tanque séptico, antes de ser lançado em algum corpo receptor.
Todo processo anaeróbio, é bastante afetado pela variação de temperatura do esgoto, portanto,
a sua aplicação deve ser feita de modo criterioso. O processo é eficiente na redução de cargas
orgânicas elevadas (70 a 90% DBO), desde que as outras condições sejam satisfatórias. Os efluentes
do filtro anaeróbio podem exalar odores e ter cor escura.
O material filtrante utilizado deve ser brita, peças de plástico (em anéis ou estruturados) ou
outros materiais resistentes ao meio agressivo.
O filtro anaeróbio deve possuir uma cobertura em laje de concreto, com a tampa de inspeção
localizada em cima do tubo-guia para drenagem. Esta pode ser substituída pela camada de brita, nos
casos de se ter tubos perfurados para coleta de efluentes e onde não houver acesso de pessoas,
animais, carros ou problemas com odor, com a parede sobressalente acima do solo, de modo a impedir
o ingresso de águas superficiais.
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Vu = 1,6 N . C . T onde:
Obs: Deve ser prevista uma perda hidráulica (desnível) de 0,10 m entre o nível mínimo do tanque
séptico e o nível máximo do filtro anaeróbio.
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Tabela 7 - Contribuição diária de despejos e de carga orgânica por tipo de prédio e de ocupantes
_________________________________________________________________________________
Prédio Unidade Contribuição de esgoto Contribuição de carga org.
(L/dia) (g DBO5,20 / dia)
_________________________________________________________________________________
Ocupantes Permanentes
Residência alto padrão pessoa 160 50
Residência médio padrão pessoa 130 45
Residência baixo padrão pessoa 100 40
Hotel (menos lavanderia e coz) pessoa 100 30
Alojamento provisório pessoa 80 30
Ocupantes Temporários
Fábrica em geral pessoa 70 25
Escritório pessoa 50 25
Edifício público/comercial pessoa 50 25
Escolas (ext)/locais longa perm. pessoa 50 20
Bares pessoa 6 6
Restaurantes e similares pessoa 25 25
Teatros, cin., locais curta perm. lugar 2 1
Sanitários Públicos* bacia sanit. 480 120
_________________________________________________________________________________
* Apenas de acesso aberto ao público (estação rodoviária, ferroviária, logradouro público, estádio
esportivo etc.)
Fonte: NBR. 13969/97
Tabela 8 - Tempo de detenção hidráulica (T), por faixa de vazão e temperatura do esgoto (em dias)
_________________________________________________________________________________
Vazão Temperatura média do mês mais frio
(L/dia) Abaixo 15º C Entre 15º C e 25º C Maior 25º C
_________________________________________________________________________________
Até 1500 1,17 1,00 0,92
De 1501 a 3000 1,08 0,92 0,83
De 3001 a 4500 1,00 0,83 0,75
De 4501 a 6000 0,92 0,75 0,67
De 6001 a 7500 0,83 0,67 0,58
De 7501 a 9000 0,75 0,58 0,50
Acima 9000 0,75 0,50 0,50
_________________________________________________________________________________
Fonte: NBR 13969/97
Exercício 7.14
Para o efluente líquido proveniente do mesmo Tanque Séptico já projetado para o edifício
“Residencial Marina”, localizado no Município de Taubaté/SP (exercício 7.12), solicita-se:
a) Prever o Tratamento Complementar, através de Filtro Anaeróbio (de Leito Fixo com Fluxo
Ascendente), para posterior lançamento do efluente final, no Ribeirão Verde localizado junto a uma
das divisas do imóvel;
b) Considerando a contribuição unitária de 45 g DBO/pessoa . dia, calcular a carga total de DBO
gerada diariamente pelos habitantes do edifício;
c) Determinar a Concentração (C) de DBO no efluente bruto (sem tratamento) gerado pelos habitantes
do edifício;
d) Estimar a Concentração (C final) de DBO no efluente final (proveniente do conjunto Tanque Séptico +
Filtro Anaeróbio), considerando os valores do Quadro 13;
e) Determinar a Concentração (CC) de Cloro, que deverá ser aplicado no Tanque de Contato, para que
o efluente final atenda ao Padrão de Emissão de DBO estabelecido pelo Decreto Estadual nº.
8468/76.
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Solução
a) Filtro Anaeróbio de forma circular, com entrada única de esgoto
Dimensionamento:
• A altura do leito filtrante, já incluindo o fundo falso, deve ser limitada a 1,20 m.
Adotando a altura do leito filtrante (h) como 1,20 m, tem-se:
Φint ≅ 2,10 m
2 2
Vu = π . Φint . h .’. Φint = 4 . Vu = 4 x 4,14336 ⇒
4 π.h 1,20 . π
H = altura do leito, já incluindo a altura do fundo falso, limitada a 1,20 m pela NBR 13969/97, (m)
Observações:
• A altura do fundo falso deve ser limitada a 0,60 m, já incluindo a espessura da laje;
• A perda de carga hidráulica (desnível) prevista entre o nível mínimo no tanque séptico e o nível
máximo no filtro anaeróbio deve ser de 0,10 m;
• O material do leito filtrante deve ser: brita (nº 3 e 4), peças de plásticos ou outros materiais
resistentes ao meio agressivo;
• Material de construção: concreto armado, plástico ou fibra de vidro de altas resistências;
• O filtro anaeróbio deve ser limpo sempre que se observar a obstrução do leito filtrante, sendo
os despejos encaminhados a uma ETE;
• Deverá constar no filtro anaeróbio, uma placa de identificação contendo os seguintes dados
construtivos: nome, data, NBR, Volume útil e número de contribuintes.
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Projeto:
Figura 72 – Plantas e corte do filtro anaeróbio tipo circular com entrada única
Quadro 13 - Faixas de remoção dos poluentes para o conjunto “tanque séptico + filtro anaeróbio” (%)
Sólidos Não Sólidos Nitrogênio
DBO5,20 DQO Fosfato
Filtráveis Sedimentáveis Amoniacal
40 a 75 40 a 70 60 a 90 > 70 - 20 a 50
Fonte: NBR. 13969/97
Estimando a remoção de 75% da DBO5,20 no efluente final (após Tanque Séptico + Filtro Anaeróbio), a
concentração final será de:
C final = 346,15 x (100% - 75%) ≅ 86,54 mg/L
Sabendo-se que, para remover 1,00 mg/L de DBO, é necessário 0,50 mg/L de Cloro e que o
padrão (máximo) de emissão de DBO, estabelecido pelo Decreto Estadual nº. 8468/76 é de 60,00 mg/L,
a Concentração de Cloro a ser aplicada no Tanque de Contato deverá ser:
Este filtro é composto de duas câmaras, sendo uma de reação e outra de sedimentação. A
câmara de reação pode ser subdividida em outras menores, para a remoção eficiente de poluentes tais
como nitrogênio e fósforo. A câmara de sedimentação deve ser separada da câmara de reação através
de uma parede com abertura na sua parte inferior para permitir o estorno dos sólidos por gravidade. O
esgoto efluente da câmara de reação deve ser introduzido na câmara de sedimentação por meio de
uma passagem com largura mínima de 0,05 m.
Figura 73 - Filtro aeróbio submerso “tipo retangular” (Ex. para cinco pessoas)
Fonte: NBR. 13969/97
A área superficial da câm. de sedimentação deve ser calculada pela fórmula: As = 0,07 + N . C onde:
15
As = Área superficial (m²);
N = Número de Contribuintes;
C = Volume de esgoto (L / pessoa.dia) - tabela 7;
Para o cálculo da vazão de ar a ser utilizada câmara de reação, deve ser observada a fórmula:
Qar = 30 N . C onde:
1440
Com a vazão de ar, pode-se calcular a potência necessária do soprador e difusores de ar.
Este sistema de Filtro de Areia se caracteriza por permitir nível elevado de remoção de
poluentes, podendo ser utilizado nos seguintes casos:
Os materiais que podem ser utilizados como meio filtrante, conjuntamente ou isoladamente,
são a areia (diâmetro efetivo na faixa de 0,25 mm a 1,2 mm), o pedregulho ou pedra britada;
O filtro de areia deve ser operado de modo a manter condição aeróbia no seu interior. Assim, a
aplicação do efluente deve ser feita de modo intermitente, com o uso de uma pequena bomba ou
dispositivo dosador, permitindo o ingresso de ar através do tubo de coleta durante o período de
repouso. Além da intermitência do fluxo de efluente, deve ser prevista alternância de uso do filtro de
areia para permitir a digestão do material retido no meio filtrante e remoção dos sólidos do filtro de
areia. Logo, devem ser previstas duas unidades, cada uma com capacidade plena de filtração.
A taxa de aplicação para cálculo da área superficial do filtro de areia deve ser limitada a 100 L /
m2 . dia, quando da aplicação direta dos efluentes do tanque séptico; 200 L /m2 . dia para efluente do
processo aeróbio de tratamento. Para locais cuja temperatura média mensal de esgoto é inferior a
10°C, aquela taxas devem ser limitadas, respectivamente, a 50 L / m2 . dia e 100 L / m2 . dia.
O sistema de Vala de Filtração se diferencia do filtro de areia por não possuir área superficial
exposta ao tempo, sendo construído no próprio solo, podendo ter suas paredes impermeáveis. Os
materiais que podem ser utilizados como meio filtrante, conjuntamente ou isoladamente, são:
areia, com diâmetro efetivo de 0,25 mm a 1,2 mm, com índice de uniformidade inferior a 4;
pedregulho ou pedra britada.
A taxa de aplicação do efluente não deve ser superior a 100 L / m2 . dia, para efluente do
tanque séptico, área relativa à superfície horizontal de apoio das tubulações. Os intervalos de aplicação
de efluente do tanque séptico em vala de filtração não devem ser inferiores a 6 horas. A vala de
filtração deve ser operada, de forma intermitente, em condições aeróbias, através tubos de ventilação
protegidos contra o ingresso de insetos.
7.2.4 Desinfecção
Todos os efluentes que tenham como destino final os corpos superficiais devem sofrer
desinfecção conforme a qualidade do corpo receptor e as diretrizes do órgão ambiental. Dentre as
alternativas mais simples e que necessitam de menor nível operacional para a desinfecção de efluentes
de Tratamentos Locais de Esgotos, está a cloração realizada por gotejamento (hipoclorito de sódio) ou
por pastilha (hipoclorito de cálcio).
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A quantidade necessária de Cloro é de 0,50 mg/L para remover 1,00 mg/L de DBO presentes
nos esgotos domésticos para um tempo de contato (detenção hidráulica) de 15 a 30 minutos.
A garantia de que o tempo de contato será atendido, é dado pela passagem do efluente a ser
clorado num Tanque de Contato (Tanque de Desinfecção), o qual deve ser dimensionado, de forma a
reter o líquido no tempo especificado, através da fórmula: Vu = N . C ÷ n onde:
Exercício 7.15
Dimensionar um Tanque de Contato (forma cilíndrica) para um clorador de pastilhas, que deve
ser instalado antes do efluente final (proveniente do conjunto Tanque Séptico + Filtro Anaeróbio -
exercício 7.14 - Residencial Marina) ser lançado no Ribeirão Verde.
Solução
Dimensionamento:
Vu = 24 x 130 ÷ 48 ⇒ Vu = 65,00 L
Fixando o diâmetro interno (Φint) em 0,50 m, teremos a seguinte altura útil (hu):
Portanto, as dimensões úteis do Tanque de Contato para um clorador de pastilhas a ser instalado
no sistema de tratamento de esgoto do “Residencial Marina”, serão: Φint = 0,50 m e hu = 0,35 m
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Por tornar-se difícil manter condições aeróbias no interior do poço, a obstrução das superfícies
internas do sumidouro é mais precoce. No entanto, sendo o sumidouro uma unidade geralmente
verticalizada, é freqüente à ocorrência de diversas camadas com características distintas,
necessitando, normalmente, de se proceder a apuração da capacidade de infiltração para cada
camada, para depois obter a capacidade média de percolação (K médio).
Figura 77 - Sumidouro cilíndrico sem / com enchimento e Cx. de distribuição - plantas e cortes
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Em região arenosa, com baixo valor de K (menor que 500 min/m), para garantir a proteção do
aqüífero no solo, deve ser prevista uma camada filtrante envolvendo o sumidouro com solo, de modo a
ter um K > 500 min/m, conforme representado na figura a seguir.
Para o cálculo da área de infiltração (Ai) deve ser considerada a área vertical interna abaixo da
geratriz inferior da tubulação de lançamento do afluente no sumidouro (Av), acrescida da superfície do
fundo (Af), onde: Ai = Av + Af = Vazão diária esgoto ÷ Taxa de aplicação do solo.
Exercício 7.16
Caso não existisse o Ribeirão Verde junto à divisa do “Residencial Marina”, localizado no
Município de Taubaté/SP (exercício 7.14), uma das soluções seria projetar um sistema de Sumidouros
(Poços Absorventes) para a disposição final do efluente do mesmo Tanque Séptico. Sabe-se que o
subsolo do local é constituído de “Silte Argiloso Amarelo”, com a taxa máxima de aplicação de 49,52
2
L/m .dia (Anexo A) e que o nível máximo do Lençol Freático está a 5,00 m de profundidade da
superfície.
Solução
Dimensionamento:
2
AT = N.C = 24 x 130 ⇒ AT = 63,00 m
Taxa max. aplicação do solo 49,52
Projetando 2 Sumidouros de formas cilíndricas, com profundidade útil (hu) de 3,00 m (com o fundo
(2,00 m acima do Lençol Freático), teremos a seguinte Área Total de infiltração (AT) de cada
Sumidouro:
2
AT = A fundo + A lateral = π . R + 2,00 . π . R . hu
2
R + 6,00 R – 10,03 = 0 .’. R = - 6,00 +- { 2
(6,00) - 4 x (- 10,03) }≅ 1,36 m ⇒ adotou-se R = 1,40 m
2,00
Projeto:
O sistema de vala de infiltração deve ser construído e operado de modo a manter a condição
aeróbia no seu interior, devendo ser previstos tubos de exaustão e o uso alternado das valas, cada uma
com 100% da capacidade total necessária. Na medida do possível, deve ser adotado o sistema de
aplicação intermitente (6 horas), para melhorar a eficiência do tratamento e durabilidade do sistema de
infiltração.
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a área de infiltração (Ai) corresponde à soma das áreas das superfícies laterais (Al) e
de fundo (Af) situadas no nível inferior ao tubo de distribuição do esgoto, onde:
Observaçoes:
os tubos de distribuição devem ter diâmetro de 100 mm, com cavas laterais de diâmetro de
0,01 m;
a declividade do tubo de distribuição deve ser de 0,003 m/m para aplicação por gravidade
contínua;
sempre que possível, deve-se optar por conduto forçado, com distribuição intermitente do
esgoto, ao invés de distribuição contínua por gravidade. Nesse caso, a inclinação pode ser
zero;
à distância, em planta, dos eixos centrais das valas em paralelo, não deve ser inferior a 2,00 m.
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Exercício 7.17
Caso não existisse o Ribeirão Verde junto à divisa do “Residencial Marina” localizado no
Município de Taubaté/SP (exercício 7.14) e, ainda, se o nível máximo do Lençol Freático estivesse a
3,30 m de profundidade da superfície, a solução seria projetar um sistema de Vala de Infiltração para o
efluente do mesmo Tanque Séptico, já se conhecendo que o subsolo do local é constituído de “Silte
2
Argiloso Amarelo”, com a taxa máxima de aplicação de 49,52 L/m . dia (Anexo A).
Solução
Dimensionamento:
Considerando como área de infiltração da vala, a superfície do fundo e as suas duas superfícies
Adotando a altura útil da vala (hu) como 1,20 m (mais de 1,50 m acima do Lençol Freático), e a
Portanto, deve-se implantar 2 valas de infiltração (mínimo estabelecido pela NBR 13969/97),
ambas com altura útil (hu) de 1,20 m, largura (w) de 0,60 m e comprimento (L) de 21,00 m.
Projeto:
CAPÍTULO 8
Figura 87 - Vista geral da ETE Lavapés, no Município de São José dos Campos / SP
A NBR. 12209, de abril de 1992, da ABNT, define a Estação de Tratamento de Esgoto – ETE,
como o conjunto de unidades de tratamento, equipamentos, órgãos auxiliares acessórios e sistemas de
utilidade cuja finalidade é a redução das cargas poluidoras do esgoto sanitário e o condicionamento da
matéria residual resultante do tratamento.
Figura 88 - Grade estática, de limpeza manual, e dois desarenadores com velocidade controlada
por Calha Parshall
A remoção da areia pode ser realizada por meio de sistema Manual, quando se devem ser
projetados dois canais desarenadores paralelos, utilizando-se um deles enquanto que o outro sofre
remoção de areia. Na remoção Mecanizada utilizam-se bandejas de aço removidas por talha e
carretilha, raspadores, sistemas de air lift, parafusos sem fim, bombas, etc. A "areia" retida deve ser
encaminhada para aterro ou ser lavada para outras finalidades.
As caixas de areia são projetadas para uma velocidade média dos esgotos de 0,30 m/s a qual
é mantida aproximadamente constante, apesar das variações de vazão, através da instalação de uma
calha Parshall a jusante. Velocidades baixas, notadamente as inferiores a 0,15 m/s provocam depósito
de matéria orgânica na caixa o que provoca exalação de maus odores devido à decomposição.
Velocidades superiores a 0,40 m/s provocam arraste de areia e redução da quantidade retida.
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A figura a seguir, mostra uma situação típica de implantação do tratamento preliminar elevado,
permitindo o caminhamento do esgoto por gravidade para a continuidade do tratamento e facilitando a
remoção da areia retida na caixa.
Nas ETEs de maior porte, notadamente acima de 250 L/s, é recomendável o uso de caixas de
areia de seção quadrada, em planta, com removedor mecanizado da areia retida, transportador e
lavador. Também neste caso, a taxa de escoamento superficial deverá ser mantida na faixa entre 600 e
3 2
1.300 m /m .dia, com base na vazão máxima horária de esgoto.
Alguns autores preconizam que para os decantadores primários devem ser utilizados
preferivelmente os de secção retangular, melhores para a assimilação das variações de vazão de
esgotos e, para os decantadores secundários podem ser utilizados os de secção circular, pois nesta
situação a variação de vazão de alimentação é menor e os decantadores circulares são de implantação
mais barata.
A remoção do lodo decantado pode ser realizada por equipamentos mecanizados com
estrutura de concreto armado. Os raspadores mecanizados são equipamentos de custo elevado, tanto
os rotativos dos decantadores circulares como especialmente os que são movidos por pontes rolantes
que transladam ao longo do comprimento do decantador retangular.
Nestes decantadores pode ser observada também uma tubulação transversal de coleta da
escuma superficial, identificada por Skimmer. As comportas de distribuição dos esgotos no canal de
entrada do decantador têm a função de evitar escoamentos preferenciais.
Nas ETEs de pequeno porte pode-se optar pelo emprego de decantadores sem raspador
mecânico de lodo, derivados dos chamados decantadores Dortmund que são de secção circular (em
planta), mas com o fundo em tronco de cone invertido com paredes bem inclinadas, permitindo que
todo o lodo convirja para um único "poço" de onde o lodo sedimentado pode ser removido por pressão
hidrostática.
De acordo com a NBR. 12209/90, os decantadores primários devem ser dimensionados com
base na vazão máxima horária de esgotos sanitários e para vazões de dimensionamento superiores a
250 L/s deve-se empregar mais de um decantador.
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O tempo de detenção hidráulico situa-se entre 1,50 e 3,00 horas, de acordo com a literatura
internacional sobre decantadores primários. E a NB. 570 recomenda tempo de detenção superior à 1,0
hora, com base na vazão máxima de esgotos e inferior a 6,00 horas, com base na vazão média.
As profundidades dos decantadores variam de 2,00 a 4,50 m, sendo mais comuns de 3,00 a
4,00 m. A NB. 12.209/90 impõe que os decantadores devem possuir profundidade superior a 2,00 m.
Os limites impostos pela NBR. 12209/90 são definidos em função da concentração de sólidos
em suspensão (XT) estabelecida para o tanque de aeração:
qA = Q / AS onde:
a) Lagoas anaeróbias
Podem ser consideradas tratamento primário ou secundário, pois removem a matéria orgânica
e os patogênicos presentes nos esgotos, que recebem continuamente, de modo a manter as condições
anaeróbias do sistema.
LAGOAS ANAERÓBIAS
Ausência
H2S de O2
Esgoto
CHONPS Ácidos voláteis CH4 + CO2 + H2O
3
NO 2
−
N 2
Sólidos
sedimentáveis SO −2
S (H S )
−2
4 2
Em projetos, deve-se garantir a distribuição das entradas e das saídas dos esgotos nas lagoas,
dificultando-se a ocorrência de caminhos preferenciais. O rebaixo adicional do fundo da lagoa deve ser
de até ¼ do seu comprimento, para resultar em um ganho de volume para o acúmulo do lodo. E a
inclinação dos taludes é estabelecida em função de estudos geotécnicos.
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Parte dos sólidos dos esgotos se sedimenta e entra em decomposição anaeróbia no fundo da
lagoa, o que a torna facultativa. A ação de ventos sobre a superfície das lagoas também é importante
para a oxigenação, o que torna desejável a manutenção de uma área livre em torno das lagoas.
Os efluentes das lagoas facultativas são mais clarificados e, assim, ocorre boa penetração de
luz. Ela promove boa nitrificação dos esgotos e pequeno aumento na remoção de DBO5.
LAGOAS FACULTATIVAS
Produção
durante o
Vento dia
O2 CO2
O2
Mistura e reaeração
Figura 102 - Sistema (três módulos em paralelo) de lagoas anaeróbias seguidas de lagoas facultativas
Figura 103 - Sistema com tratamento preliminar e lagoa anaeróbia seguida de lagoa facultativa
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c) Lagoas de maturação
Consideradas como tratamento terciário, pois removem patogênicos e nutrientes, são
projetadas após os sistemas secundários, com o objetivo de melhorar as condições do efluente final.
São escavações com profundidades que permitem elevados tempos de detenção dos esgotos
e, ainda, a redução dos coliformes devido à incidência da radiação ultravioleta da luz solar.
SISTEMAS DE LAGOAS
DE ESTABILIZAÇÃO
Desinf.
•Sistema australiano
Lagoa Lagoa de
Grade Caixa de areia Lagoa anaeróbia facultativa maturação
Lagoa de
Grade Caixa de areia Lagoa facultativa maturação
As lagoas facultativas podem ou não serem precedidas de lagoas anaeróbias, que provocam
um alívio de carga, e sucedidas de lagoas de maturação, cujo principal objetivo é aumentar o grau de
desinfecção dos esgotos.
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Apresenta-se, a seguir, uma síntese dos principais parâmetros utilizados para projetos de
sistemas de lagoas de estabilização, válidos para as condições climáticas brasileiras.
Com relação aos constituintes físico-químicos dos esgotos, o quadro abaixo sintetiza as faixas
de eficiências de remoção para as condições climáticas brasileiras.
Com relação aos constituintes biológicos dos esgotos, são apresentadas a seguir, as faixas
esperadas de eficiências de remoção para os respectivos sistemas.
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Se, por um lado, os sistemas de lagoas de estabilização são eficientes na remoção de sólidos
em suspensão dos esgotos e operacionalmente simples, tendo em vista que o lodo formado se
acumula e digere no fundo das lagoas, prescindindo da atividade cotidiana de tratamento de lodo, por
outro lado, quando ocorrem as necessidades periódicas de remoção de lodo, tem-se um problema de
grande porte.
Esta atividade deverá ser adequadamente gerenciada, para que não seja admitido o acúmulo
excessivo de lodo e a conseqüente queda na eficiência do processo de tratamento, e para que as
alternativas de disposição final sejam convenientemente planejadas.
Tipos de Lagoas
Parâmetros de Projeto
A presença de algas no efluente final é indesejável por fatores estéticos e por razões de saúde,
pois algumas algas apresentam toxicidade em determinadas circunstâncias. Além disso, concorre para
a elevação substancial da concentração de sólidos em suspensão, promovendo estrutura para a
formação de agregados contendo microrganismos e constituindo barreira contra processos de
desinfecção. Sendo assim, para melhorar a qualidade do efluente, é necessária uma etapa adicional de
tratamento, visando à remoção de algas, antes da descarga ou utilização agrícola.
As algas presentes nos sistemas de lagoas de estabilização têm como função a remoção de
nutrientes, sendo o nitrogênio amoniacal o principal deles por ser empregado na síntese celular. O
número de gêneros de algas das lagoas de estabilização é limitado. No geral, pertencem aos gêneros
Phyla Cyanobacteria (algas verde azuladas, atualmente consideradas como bactérias: cianobactérias),
Chlorophyta (algas verdes), Euglenophyta (os flagelados pigmentados) e Bacillariophyta (diatomáceas)
Alguns tipos de tratamento como: filtros de pedra, filtros intermitentes de areia, lagoas com
macrófitas flutuantes, processos físico-químicos à base de coagulação-floculação química com
separação de sólidos por sedimentação ou flotação, entre outros encontrados na literatura, são os mais
recomendados para a remoção das algas em efluentes de lagoas de estabilização.
Desinf.
Lagoas de
Grade Caixa de areia Lagoas aeradas decantação
Rio
Figura 105 – Fluxograma do sistema de lagoas aeradas mecanicamente seguidas de
lagoas de decantação
Este sistema pode ser entendido como um processo de lodos ativados sem recirculação de
lodo e foi concebido para resolver problemas de sobrecargas em sistemas de lagoas de estabilização.
As próprias lagoas aeradas aeróbias são também escavações taludadas, com inclinação
obedecendo a relação 1 : 1,5 a 2 (vertical : horizontal), que podem ser revestidas com concreto magro
para impedir processos erosivos dos taludes e do solo sob os aeradores. Possuem forma quadrada ou
retangular com relação (comprimento : largura) de 2 a 3 : 1.
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O sistema de aeração deve atender uma necessidade mínima de Oxigênio/DBO, podendo ser
constituído de aeradores “superficiais de alta rotação flutuantes” ou de “ar soprado e difuso” distribuído
ao longo do fundo das unidades, de modo a garantir a mistura completa, caracterizando o reator
biológico. Estes aeradores devem girar em sentidos opostos com a finalidade de se obter concordância
de giração dos volumes aerados. Na literatura são descritas duas modalidades de lagoas aeradas
mecanicamente:
Figura 106 - Vista de uma lagoa aerada mecanicamente, com aeradores superficiais de alta rotação
flutuantes
Exercício 8.18
Solução
Para o dimensionamento de “Sistema de Lagoa Aerada Aeróbia seguida de Lagoa de Decantação”
utiliza-se a vazão media total de esgotos, desprezadas as variações de fluxos (k1 e k2), incluindo-se a
vazão decorrente das infiltrações (Qinf ) do subsolo, na rede de esgotos e seus órgãos acessórios.
Qmed = C . Pf . q + Qinf = 0,80 x 59000 x 200,00 + 5,74 ⇒ Qmed = 115,00 L/s = 9936,00 m³/dia
86400 86400
Carga de DBO = carga per capta de DBO x população contribuinte = 0,0054 x 59000
Carga de DBO = 3186,00 kg/dia
Deverão ser instalados Aeradores Flutuantes (superficiais) de alta rotação com capacidade de
transferência, nas condições de campo, de 0,72 kg O2 / CV . hora (especificação do fabricante).
Logo, a Potência (P) necessária para os aeradores de cada Lagoa Aerada Aeróbia, será:
Portanto, em cada lagoa aerada aeróbia deverão ser instalados 6 aeradores de 20 CV (cada),
perfazendo a Potência Instalada de 120 CV por lagoa e a potência total de 240 CV (duas lagoas).
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Adotando-se a profundidade útil p = 4,00 m, a área útil à “meia profundidade” de cada lagoa
aerada aeróbia, será:
A forma destas lagoas será retangular, com a relação comprimento : largura de 2:1. Assim, as
dimensões à “meia profundidade” de cada lagoa aerada aeróbia, serão:
43,20 m
86,40 m Lagoa de
Efluente
decantação
6 aeradores 20 cv
2,50 m 2,50 m
43,20 m
0,60 m
4,00m 1
b)Lagoas de decantação
Adotando o tempo de detenção hidráulica em 2 dias (1 a 2 dias), o volume útil total necessário
para as lagoas de decantação (VT ld), será:
A forma destas lagoas será, também, retangular, com a relação comprimento: largura de 2:1.
Assim, as dimensões à “meia profundidade” de cada lagoa de decantação, serão:
37,70 m
Lagoa 75,40 m
aerada Corpo d’agua
aeróbia
2,50 m 2,50 m
37,70 m
0,60 m
3,50m 1
Desinf.
Caixa
de
Grade areia Aerador Decantador
Secundário
Excesso
Valo de lodo
Rio
Secagem
Lodo “seco”
O esgoto bruto, após passar por gradeamento e desarenação, entra em um canal (valo) de
pouca profundidade (1,00 a 1,50 m), onde um sistema de aeradores mecânicos “aera” o líquido e o
mantém em circulação contínua.
O efluente final apresenta alta eficiência na remoção da matéria orgânica (cerca de 90%) com
tempos de detenção hidráulica da ordem de um dia.
Uma das vantagens de sua utilização se dá pelo fato desse sistema não possuir decantador
primário. Após o valo de oxidação pode haver um decantador secundário, do qual parte do seu lodo
decantado retorna ao valo e a outra parte (excesso) deve ser encaminhada para o tratamento (fase
sólida) e disposição final.
CONVENCIONAL
Figura 110 - Aspecto do lodo ativado Desinf.
Rio
Água
retirada Adensamento
do
lodo
Digestão
Tanque de Decantador
Grade Caixa de areia Secundário
Aeração
Rio
Água
Adensamento
retirada
do
lodo
Na variante do sistema de lodo ativado, conhecida por aeração prolongada com oxigênio puro,
não se empregam decantadores primários e o tratamento biológico é dimensionado de forma a produzir
um excesso de lodo mais mineralizado, a fim se dispensar a necessidade de qualquer tipo de digestão
complementar de lodo. Portanto é dispensando os decantadores primários e digestores de lodo.
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EM BATELADA
8.2.6 Processo de lodo ativado, com aeração prolongada, em batelada (fluxo intermitente)
Desinf.
Tanque deAeração
Grade Caixa de areia Decantador Secundário
Água
Adensamento Rio
retirada
do
lodo
Água Rio
retirada
Adensamento
do
lodo
Digestão
Figura 117 - Corte esquemático de um filtro biológico. (Fonte: Alem Sobrinho, 2003)
Este sistema possui as mesmas limitações inerentes aos processos anaeróbios (baixa
eficiência e controle operacional especializado), porém ocupa áreas reduzidas, sendo indicado para
efluentes com elevada carga orgânica. Os custos de implantação dos reatores anaeróbios podem ser
considerados baixos, mas a principal vantagem deve-se a não necessidade de aeração.
Esta tecnologia tem como um dos grandes atrativos a menor produção de lodo e o menor
gasto de energia, do que as que decorrem de processos aeróbios como lodos ativados ou filtros
biológicos.
Retorno de Lodo
Excesso de Lodos Ativados
Filtrado
Desidrata
ção final
Lodo
“Seco”
Figura 122 - Sistema com reator UASB seguido de lodos ativados
Dentre as vantagens dessa associação podem ser destacados: o reator UASB promove uma
redução de carga de DBO bem superior à do decantador primário (65% contra 30%); o lodo ativado
pode trabalhar na faixa convencional com digestão complementar do excesso no próprio reator UASB,
eliminando-se a necessidade de um digestor específico de lodo; o UASB promove o adensamento do
lodo, eliminando também a necessidade desta etapa.
Retorno de Lodo
Rio
Lodo
Secagem
Lodo “Seco”
PHD-2411 Saneamento I 18
Figura 123 - Sistema com reator UASB e filtro biológico aeróbio
Os filtros biológicos aeróbios podem operar como leitos percoladores, sem afogamento com
os esgotos e sob ventilação natural, ou como aerados de leitos submersos, afogados e com aeração
forçada.
Neste último caso, pode-se proceder ao retorno de lodo do decantador para o tanque de
aeração e obter-se a nitrificação do esgoto.
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Esse sistema, após um pré-tratamento (em terra) a fim de adequar os efluentes a serem
lançados à capacidade de autodepuração do oceano, consiste em utilizar o potencial existente na
natureza, através das massas d’água oceânicas que apresentam enorme quantidade de energia devido
à sua intensa movimentação, das correntes marinhas derivadas das diferenças de densidade de suas
águas, dos ventos e, também, da maré.
No Brasil, em 1914, com a inauguração da Ponte Pênsil, projetada pelo Eng° Francisco
Saturnino Rodrigues de Brito – Patrono da Engenharia Sanitária – teve início o sistema de emissário
que transportaria os esgotos dos municípios de Santos e São Vicente (SP) e os lançaria ao mar.
Muito embora o litoral brasileiro estenda-se por cerca de oito mil quilômetros, em nosso país
existem atualmente algumas dezenas de emissários submarinos e sub-fluviais, dentre os quais os que
relacionados na tabela abaixo.
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Enquanto que sistemas exclusivamente aeróbios, como lodos ativados ou filtros biológicos de
alta taxa, podem produzir de 0,6 a 0,8 kg SS / kg DBO aplicada, a produção de lodo em sistemas
anaeróbios, como um reator UASB, é de apenas cerca de 0,2 kg SS/ kg DQO aplicada. Mesmo um
sistema misto anaeróbio/aeróbio leva a uma menor produção de lodo que um sistema exclusivamente
aeróbio. Essa vantagem é muito importante nos dias de hoje, uma vez que além de reduzir as
necessidades de tratamento, as dificuldades com a disposição final do lodo costumam ser muito
grandes.
8.3.1 ADENSAMENTO
A finalidade principal do adensamento (também chamado de espessamento) é a redução do
volume a ser processado e consequentemente dos custos de implantação e operação das unidades
subsequentes de digestão e secagem do lodo. Geralmente são utilizados para a concentração de
sólidos provenientes dos decantadores primário, secundário e dos digestores.
8.3.2 ESTABILIZAÇÃO
A estabilização (redução do volume) do lodo do esgoto é processada através do fenômeno
natural de mineralização da matéria orgânica, convertendo parte do material putrescível em líquidos,
sólidos dissolvidos e subprodutos gasosos, destruindo alguns microrganismos patogênicos e reduzindo,
também, o volume de sólido seco do esgoto.
Em função da presença de oxigênio livre, esse processo de tratamento biológico do lodo, pode
ser realizado por meio das seguintes modalidades:
a) Digestão anaeróbia
Constitui-se em um processo bioquímico (fermentação natural), onde diversos grupos de
organismos anaeróbios e facultativos assimilam e destroem a matéria orgânica. Normalmente os
sólidos em suspensão, fixos e voláteis, são removidos dos esgotos e processados em unidades
denominadas de digestores, reatores biológicos ou biodigestores, os quais permitem o aproveitamento
do gás gerado na digestão.
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b) Digestão aeróbia
Trata-se de um processo de oxidação bioquímica dos sólidos biodegradáveis contidos nos
esgotos, com abundância de oxigênio dissolvido na massa líquida, favorecendo a atividade de bactérias
aeróbias à formação de matéria orgânica estabilizada (lodo digerido), gás carbônico e água. Não produz
odores e possui alta eficiência na remoção de organismos patogênicos, além de reduzir o material
graxo. A digestão aeróbia, normalmente, restringe-se às Estações de Tratamento de Esgoto de
pequeno porte.
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8.3.3 CONDICIONAMENTO
O condicionamento do lodo pode ser:
a) Térmico
Consiste em aquecer o lodo sob uma temperatura que varia de 140 a 205˚C, durante curtos
períodos de tempos (30minutos), sob pressões de 1 a 2 MPa. Como resultado obtém-se a coagulação
dos sólidos, a esterilização e a desodorização do lodo.
b) Químico
Quando se emprega equipamentos mecânicos (filtros-prensa ou centrífugas) é necessário o
condicionamento químico do lodo, utilizando-se polímeros, cal ou cloreto férrico, com a finalidade de
melhorar a separação sólido-líquido. Após essa operação, este material é chamado de “torta”.
a) Secagem natural
b) Secagem mecanizada
Empregada quando a secagem natural não pode ser praticada por insuficiência de área ou
devido às condições meteorológicas. Podem ser:
Entrada do lodo do
tanque adensador
Saídas
laterais s de
líquido Formação da
Torta
b4) Centrífugas
Permitem a obtenção de “tortas” com cerca de 30% de sólidos. Existem dois tipos de
centrífugas usadas na desidratação do lodo:
* as de fluxo de contra corrente, em que a fase líquida e a fase sólida escoam em sentidos contrários
carreando os sólidos mais pesados às paredes internas do tambor, enquanto a fase líquida escoa para
ser retirada pela extremidade externa. Os sólidos separados são, então, separados pela ação de um
parafuso sem fim e retirados como “tortas”.
Contudo, deve-se observar que o lodo cru, não digerido, nunca deve ser usado para fins
agrícolas, e o lodo em qualquer estágio não deve ser utilizado em hortas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ABES. Jan./Fev.1994.
VON SPERLING, M. Princípios do tratamento biológico de águas residuárias. V2: Princípios básicos do tratamento de esgotos.
Belo Horizonte: DESA - UFMG. 1996. 7ª reimp. 2009. 211 p.
VON SPERLING, M. Princípios do tratamento biológico de águas residuárias. V1: Introdução à qualidade das águas e ao
tratamento de esgotos. Belo Horizonte: DESA - UFMG. 1996. 3 ed. 4ª reimp. 2009. 452 p.
NORMAS BRASILEIRAS:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7229: Projeto, construção e operação de sistemas de tanques
sépticos. Rio de Janeiro: ABNT, 1993.
_______. NBR 9648: Estudo e concepção de sistemas de esgotos sanitários. Rio de Janeiro: ABNT, 1986.
_______. NBR 9649: Projeto de redes de esgotos. Rio de Janeiro: ABNT, 1986.
_______. NBR 12207: Projeto de interceptores de esgoto sanitário. Rio de Janeiro: ABNT, 1992.
______. NBR 12208: Projeto de estações elevatórias de esgoto sanitário. Rio de Janeiro: ABNT, 1992.
______. NBR 12209: Projeto de estações de tratamento de esgoto sanitário. Rio de Janeiro: ABNT, 1992.
______. NBR 13969: Tanques sépticos – Unidades de tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos -
Projeto, construção e operação. Rio de Janeiro: ABNT, 1997.
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ANEXO “A” - Procedimento para estimar a capacidade de percolação do solo (K)
Este ensaio deve ser muito bem realizado, pois qualquer desleixo pode resultar em valores distintos para um mesmo tipo de
solo.
O ensaio deve ser precedido de uma simulação da condição de solo saturado (situação crítica no sistema de absorção).
Embora simples, desde que utilizado em conjunto com os ensaios de tato e visual do solo, este ensaio pode ser útil para
avaliação da infiltração do solo. O nível máximo do aquífero na área deve ser conhecido antecipadamente.
1. Instrumentos necessários: relógio/cronômetro; trado d=150 mm; régua para medição do nível d’água e água em
abundância.
a) o número de locais de ensaio deve ser no mínimo 3 pontos, distribuídos aproximadamente de modo a cobrir áreas iguais no
local indicado para campo de infiltração (no caso de vala de infiltração);
b) com o trado de diâmetro de 150 mm, escavar uma cava vertical, de modo que o fundo da cava esteja aproximadamente
no mesmo nível previsto para fundos das valas; NOTA - Este nível deve ser determinado, levando em conta a distância
mínima do fundo da vala em relação ao nível máximo do aquífero local (cerca de 1,50m) e cota de saída do efluente de tanque
séptico.
c) retirar os materiais soltos no fundo da cava e cobrir o fundo com cerca de 0,05 m de brita;
d) encher a cava com água até a profundidade de 0,30 m do fundo e manter esta altura durante pelo menos 4 h, completando
com água na medida em que desce o nível. Prolongar para 12 h ou mais se o solo for argiloso;
e) se toda a água inicialmente colocada infiltrar no solo dentro de 10 min., pode-se começar o ensaio imediatamente;
f) exceto para solo arenoso, o ensaio de percolação não deve ser feito 30 h após o início da etapa de saturação do solo;
h) calcular a taxa de percolação para cada cava escavada, a partir dos valores apurados, dividindo-se o intervalo de tempo
entre determinações pelo rebaixamento lido na última determinação. Ex - se o intervalo utilizado é de 30 min. e o desnível
apurado é de 0,03m, tem-se a taxa de percolação de 30 / 0,03 = 1000 min/m;
i) o valor médio da taxa de percolação da área é obtido calculando-se a média aritmética dos valores das cavas;
j) o valor real a ser utilizado no cálculo da área necessária da vala de infiltração deve ser o especificado na tabela A.1;
k) A área total para infiltração, corresponde à divisão do volume total diário de esgoto pela tx. máxima de aplicação diária.
Tabela A 1. Conversão de valores de taxa de percolação em taxa de aplicação superficial (coeficiente de infiltração).
______________________________________________________________________________________________________
Taxa de percolação Taxa máxima de Taxa de percolação Taxa máxima de
(K) aplicação diária (k) aplicação diária
min / m m3 / m2 . d min / m m3 / m2 . d
______________________________________________________________________________________________________
40 ou menos 0,20 400 0,065
80 0,14 600 0,053
120 0,12 1200 0,037
160 0,10 1400 0 032
200 0,09 2400 0,024
_________________________________________________________________________________________________
Tabela A 2. Possíveis faixas de variação do coeficiente de infiltração (taxa máxima de aplicação diária) do solo.
______________________________________________________________________________________________________
Coeficiente de infiltração ou Absorção
Tipo de solo Tx. max aplicação diária relativa
( L/ m2 . dia )
______________________________________________________________________________________________________
Areia bem selecionada e limpa, variando a areia grossa c/ cascalho. maior que 90 Rápida
ANEXO “B” - Resumo dos padrões fixados nas Resoluções CONAMA nºs 357/2005 e 430/2011
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ANEXO “C” - ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOSTO (ETEs) EM CIDADES DO VALE DO PARAÍBA, EM 2014
CÓRREGO
ETE ESTORIL TAUBATÉ
PIRACANGAGUÁ
ETE VISTA
RIO ALAMBARI S.J.CAMPOS
VERDE
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ANEXO “C” - ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOSTO (ETEs) EM CIDADES DO VALE DO PARAÍBA, EM 2014 (CONTINUAÇÃO)
CACHOEIRA
PAULISTA
CÓRREGO
ETE Embaú
RIO BRANCO
RIO
ETE ARAPEÍ
BARREIRO DE ARAPEÍ
SEDE
BAIXO
ETE CAPELA
RIO JACU LAVRINHAS
DO JACU
ETE
RIO PIRAÍ JAMBEIRO
JAMBEIRO
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ANEXO “C” - ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOSTO (ETEs) EM CIDADES DO VALE DO PARAÍBA, EM 2014 (CONTINUAÇÃO)
ETE SÃO
RIO DO
FRANCISCO S.J.CAMPOS
PEIXE
XAVIER
ETE RIO
LAGOINHA
LAGOINHA BOTUCATU
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ANEXO “C” - ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOSTO (ETEs) EM CIDADES DO VALE DO PARAÍBA, EM 2014 (CONTINUAÇÃO)
CÓRREGO
ETE LAVAPÉS S.J.CAMPOS
CAMBUÍ
Aeradores; elevatória de recirculação;
LODO ATIVADO Idem "Lodo ativado convencional". O removedores de lodo nos
COM OXIGÊNIO oxigênio puro é fornecido através de decantadores; removedores de lodo
PURO (Aeração fábrica de produção in loco ou nos adensadores; equipamento para
prolongada) fornecida em cilindros à estação. gás; elevatória para retorno de
sobrenadantes e drenados.
ETE TAUBATE RIO PARAÍBA
TAUBATE
/ TREMEMBÉ DO SUL
CACHOEIRA
RIO PARAÍBA CACHOEIRA
PAULISTA
DO SUL PAULISTA
SEDE
RIBEIRÃO
A DBO solúvel e finamente particulada é estabilizada ETE IGARATÁ DAS IGARATÁ
aerobicamente por bactérias dispersas no meio PALMEIRAS
Somente tratamento
LAGOA DE líquido, ao passo que a DBO suspensa tende a
preliminar (grade;
ESTABILIZAÇÃO sedimentar, sendo estabilizada anaerobicamente por
caixa de areia;
FACULTATIVA bactérias no fundo da lagoa. O oxigênio requerido
medidor de vazão). ETE SANTO
pelas bactérias aeróbias é fornecido pelas algas, por RIBEIRÃO DA ST. ANTÔNIO
fotossíntese. Desinfecção do efluente final. ANTÔNIO DO
PRATA DO PINHAL
PINHAL
RIO
ETE BANANAL BANANAL
BANANAL
RIBEIRÃO
ETE CANAS CANAS
CANAS
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ANEXO “C” - ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOSTO (ETEs) EM CIDADES DO VALE DO PARAÍBA, EM 2014 (CONTINUAÇÃO)
RIO PARAÍBA
ETE (NOVA) PINDAMONHANGABA
DO SUL
ETE
RIO PARAÍBA
MOREIRA PINDAMONHANGABA
DO SUL
CÉSAR
A DBO é em torno de 50% estabilizada na
lagoa anaeróbia (mais profunda e com
LAGOA ANAERÓBIA Somente tratamento
menor volume), enquanto a DBO ETE
SEGUIDA POR preliminar (grade; caixa CÓRREGO DA
remanescente é removida na lagoa CAÇAPAVA CAÇAPAVA
LAGOA de areia; medidor de BOÇOROCA
facultativa. O sistema ocupa uma área VELHA
FACULTATIVA vazão).
inferior ao de uma lagoa facultativa
única.
ETE RIBEIRÃO
ROSEIRA
ROSEIRA PIRAPITINGÜI
RIO PARAÍBA
ETE LORENA LORENA
DO SUL
ETE RIBEIRÃO
SILVEIRAS
SILVEIRAS SILVEIRAS
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ANEXO “C” - ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOSTO (ETEs) EM CIDADES DO VALE DO PARAÍBA, EM 2014 (CONTINUAÇÃO)