Aula 15

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ESTRATÉGIA OAB

Reta Final

Sumário

1. Considerações Iniciais .................................................................................................................................... 3

2.Direito Tributário ............................................................................................................................................ 5

2.1 Pílulas Estratégicas de Doutrina............................................................................................................... 5

Imunidades Tributárias .............................................................................................................................. 5

4.5 - Imunidade dos Fonogramas e Videofonogramas Musicais ............................................................. 29

5 - Imunidades e espécies tributárias ...................................................................................................... 30

5.1 - Imunidades relativas às taxas .......................................................................................................... 32

5.2 - Imunidades relativas às contribuições especiais ............................................................................. 33

6 - O destinatário da imunidade é o contribuinte de direito................................................................... 35

7 - Imunidade e obrigações acessórias .................................................................................................... 36

3. Direito Empresarial ...................................................................................................................................... 37

3.1 Pílulas Estratégicas de Doutrina............................................................................................................. 38

Sociedades em Comum............................................................................................................................ 38

1 - Irregularidade originária e superveniente .............................................................................................. 39

1.1 - Irregularidade originária .................................................................................................................. 39

1.2 - Irregularidade superveniente .......................................................................................................... 39

2 - A prova da existência da Sociedade em Comum .................................................................................... 39

3 - Patrimônio .............................................................................................................................................. 40

4 - Responsabilidade dos sócios .................................................................................................................. 41

5 - Responsabilidade dos sócios e o sócio contratante ............................................................................... 43

6 - Consequências da irregularidade registral ............................................................................................. 46

Sociedades em Conta de Participação ..................................................................................................... 46

1 - Categorias de Sócios ............................................................................................................................... 47

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2 - Dissolução de Liquidação da Conta de Participação .............................................................................. 48

3 - Falência dos Sócios ................................................................................................................................. 48

4. Considerações Finais .................................................................................................................................... 49

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Reta Final

RETA FINAL EM PDF PARA O XXXV EXAME DE


ORDEM
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Sejam muito bem-vindas e bem-vindos, futuras advogadas e futuros advogados!!

Eu sou a Professora Isabella Pires, aprovada no concurso da


Magistratura Estadual (TJBA), na Assembleia Legislativa do Estado
de Sergipe (ALESE) e em outras fases de concursos de Juiz Federal
e Defensor Público. Sou graduada em Direito pela Universidade
Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, especialista em Direitos
Humanos e em Direito Penal e Processo Penal.

Aqui no Estratégia Carreiras Jurídicas, bem como no Estratégia


OAB, sou idealizadora e coordenadora dos nossos cursos Reta Final
em PDF.

Assim, desde já, coloco-me à disposição para sanar eventuais


dúvidas quanto ao curso, bem como para receber sugestões de vocês, nossas alunas e
nossos alunos!

Vocês podem entrar em contato pelo fórum do curso ou ainda:

E-mail: [email protected]

Instagram: @profaisabellapires

No PDF de hoje veremos os seguintes temas:

MATÉRIA ASSUNTO MOTIVAÇÃO ESTUDADO OBSERVAÇÕES

Direito
Tributário
-Incidência
Altíssima!

Imunidades Tributárias
-Ótimo custo-
benefício. Na
primeira fase, nos
pontos em comento,
são cobradas a letra
da Lei e as súmulas

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(eventualmente
alguma
jurisprudência bem
consolidada).

-Com poucas
páginas se consegue
fazer um estudo
completo e
assegurar a
pontuação.
Direito
Empresarial
Conceito de Sociedade.
Sociedades em Comum;
-Incidência Alta.

Sociedades em Conta de
Participação;

Profa. Isabella Pires:

Como vocês já sabem, nosso projeto conjuga os nossos PDF’s com a revisão dos temas em
videoaulas!

Assim, em semanas alternadas, teremos PDF (2 temas) + Aula em Vídeo e, no período


seguinte, apenas PDF (com três temas cada!).

Para facilitar o acesso às aulas e a organização do estudo de vocês, seguem os links das
aulas em vídeo, correspondentes aos temas aqui estudados!!

DIREITO TRIBUTÁRIO:

https://www.youtube.com/watch?v=kEfu4sG_ifs&list=PL_R-
F0SJS639wW20FBqZbeTmbC5pFPdeH

DIREITO EMPRESARIAL:

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https://www.youtube.com/watch?v=w9OUTchX2Oc&list=PL_R-F0SJS63-p-
DnEhA54gjZg7gwlPlxx

Mãos à obra, minhas queridas e meus queridos!!

Sigam firmes e bons estudos!

2.DIREITO TRIBUTÁRIO
Nosso estudo se concentrará nos seguintes temas:

- Imunidades Tributárias;

Profa. Isabella: Os temas escolhidos para dar início ao nosso estudo em Direito Tributário
levaram em conta a alta incidência dos temas nas últimas provas, estando entre os pontos
mais cobrados na matéria!
Assim, mãos à obra e vamos avançar rumo à aprovação!

Por dizer respeito a tema predominantemente doutrinário, nosso ponto abrangerá:

>Pílulas Estratégicas de Doutrina;

>Questões Comentadas.

Vamos dar início?

2.1 Pílulas Estratégicas de Doutrina

Profa. Isabella Pires: As explanações a seguir tomam por base a aula 04 do Curso Regular
de Direito Tributário ministrado pelo Professor Rodrigo Martins, para a qual vocês deverão
se encaminhar, caso sintam a necessidade de complementação do estudo com os demais
temas relacionados.

Imunidades Tributárias

Conforme já explicamos acima, os limites ao exercício da competência tributária estão dispostos na CF/88
na forma de (i) princípios e (ii) imunidades tributárias. Na aula anterior vimos os princípios; agora veremos
as imunidades tributárias.

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Há diversos conceitos doutrinários para as imunidades tributárias. Segundo Hugo de Brito Machado1:

Imunidade é o obstáculo decorrente de regra da Constituição à incidência de regra jurídica


de tributação. O que é imune não pode ser tributado. A imunidade impede que a lei defina
como hipótese de incidência tributária aquilo que é imune. É limitação da competência
tributária.

Pode-se dizer, assim, que as imunidades são regras constitucionais de “incompetência” tributária, ou, dito
de outro modo, são regras de delimitação negativa de competência (incompetência), pois delimitam o que
não pode ser tributado.

Logo: enquanto as normas atributivas de competência tributária são permissivas


(permitem tributar), as imunidades são normas proibitivas (o que é imune não pode ser
tributado).

É como se a CF/88 "dissesse", ao dar competência tributária: “União, você pode instituir os seguintes
tributos...”; “Estados, vocês, por sua vez, podem instituir esses...”; “Municípios, para vocês eu distribuo
esses...” etc. E no mesmo momento depois "dissesse", ao estipular as imunidades: “União, Estados,
Municípios e Distrito Federal, eu permiti que vocês instituíssem aqueles tributos (dei competência), contudo,
nessas situações ou em relação a essas pessoas não” (imunidades).

Assim, o que é imune não pode ser tributado, de modo que as pessoas políticas não
podem sequer editar leis pretendendo alcançar, pela tributação, o que for imune; por ser
matéria constitucional, não pode a lei (seja ordinária ou complementar) dispor de modo
contrário.

1 - Irrelevância da nomenclatura utilizada pela Constituição Federal

Nem sempre o texto constitucional menciona, expressamente, que determinada situação ou pessoa é
"imune"; às vezes a CF/88 prescreve "não incide" determinado tributo, são "isentos" de tributos, "são
gratuitos" etc.

O fato de a CF/88, em alguns dispositivos, utilizar termos como "não incide", "isenção", "são gratuitos" ou
qualquer outro é totalmente irrelevante!

Sempre que o texto constitucional proibir a tributação sobre determinada pessoa ou situação, estaremos
diante de uma norma de imunidade tributária, independentemente da expressão utilizada.

Por exemplo, o § 7º do 195 da CF/88 prescreve o seguinte:

1
Curso de Direito Tributário, 31ª ed., Malheiros: São Paulo, 2010, p. 300.

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CF/88: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta
e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
(...)
§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de
assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei.
(...).

Ao prescrever “são isentas” de contribuição, o texto constitucional está concedendo, em verdade, uma
imunidade tributária.

Atenção: as imunidades estão espalhadas pelo texto da CF/88 com diferentes fórmulas
linguísticas. De fato, o constituinte utilizou diferentes expressões de linguagem para prevê-
las. Nem sempre ele utilizou a expressão “é imune” ou “são imunes”. Às vezes ele
prescreveu que “não incidirá imposto”, ou que “não se sujeita à incidência tributária” etc.
Não importa a expressão linguística utilizada pelo constituinte: todas as vezes que se possa
compreender, ao ler regra da constituição, que não haverá a incidência de tributo sobre
determinada pessoa, situação ou circunstância – repito, independentemente da palavra
utilizada – estaremos diante de uma regra de imunidade tributária.

2 - Diferenças entre imunidade e isenção tributária

Muito embora isenção e imunidade estabeleçam hipóteses em que determinadas pessoas ou situações
não podem ser tributadas, são institutos totalmente diferentes, que possuem distintos fundamentos
jurídicos.

O primeiro deles - talvez o mais importante - se refere à fonte normativa da qual emanam: as imunidades
são concedidas pela Constituição Federal; as isenções, diferentemente, são concedidas por lei
infraconstitucional.

Outra diferença: na imunidade não há incidência da norma tributária, pois a imunidade é uma limitação ao
poder de tributar (é uma regra de incompetência); a isenção corresponde, diferentemente, a uma dispensa
legal do pagamento de um tributo devido (a norma de incidência tributária "incide num primeiro
momento" e depois incide outra, a de isenção, excluindo a obrigação tributária).

Por fim, por ter fundamento constitucional, uma imunidade não pode ser revogada ou limitada por meio
de lei (salvo se a própria CF/88 permitir); diferentemente, como as isenções são concedidas por meio de
lei, podem ser igualmente revogadas ou limitadas por meio de lei.

3 - Classificação das imunidades tributárias

Já explicamos que "classificar" é separar em classes, de acordo com as semelhanças e diferenças dos objetos
classificados (critérios classificatórios). O ato de "classificar" ´é muito comum no universo jurídico: a doutrina
classifica normas, princípios, correntes doutrinárias etc. Nesse sentido, as imunidades tributárias são
classificadas pela doutrina da seguinte forma:

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O primeiro critério classificatório leva em consideração o objeto ou a pessoa que, por força da CF/88, não
pode ser tributado. Nesse sentido, as imunidades podem ser subjetivas ou objetivas:

Imunidades subjetivas: impedem a tributação sobre determinadas pessoas (é o caso, por exemplo, da
imunidade recíproca, que impede que as entidades federadas tributem umas às outras por meio e impostos).

Imunidades objetivas: impedem a tributação sobre determinadas situações ou objetos (é o caso, por
exemplo, da imunidade dos livros).

O segundo critério classificatório leva em consideração a necessidade ou dispensabilidade de lei


regulamentadora que estabeleça os requisitos para o gozo da imunidade. Nesse sentido, as imunidades
podem ser condicionadas e incondicionadas:

Imunidades condicionadas: são aquelas cuja fruição depende, por exigência da própria CF/88 (art. 146,
inciso II) do atendimento de certos pressupostos estabelecidos pela legislação complementar
infraconstitucional (é o caso, por exemplo, do patrimônio, renda ou serviços das instituições de educação e
de assistência social sem fins lucrativos).

Imunidades incondicionadas: são aquelas que não dependem de lei complementar infraconstitucional
para serem usufruídas e não podem, por isso, ser por ela limitadas (é o caso, por exemplo, da imunidade
recíproca).

O terceiro critério classificatório se refere ao âmbito de abrangência das imunidades, que podem ser
divididas em específicas e genéricas:

Imunidades genéricas: são mais amplas, porque impedem a tributação em relação a todos os impostos
(como, por exemplo, a imunidade sobre os templos religiosos).

Imunidades específicas: são aquelas que recaem sobre um imposto específico (é o caso, por exemplo, da
imunidade do ICMS na exportação).

Pois bem: estudaremos, nesta aula, tão somente as imunidades GERAIS previstas no inciso VI do art. 150
da CF/88, pois as específicas serão estudadas adiante, quando estudarmos o respectivo imposto ao qual
cada uma delas se aplica.

Não obstante focarmos, nesta aula, nas imunidades gerais, indicaremos abaixo, de forma breve e resumida,
as imunidades específicas, para que o nosso aluno visualize o que estamos explicando:

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O art. 153, § 4º, inciso II da CF/88 concede imunidade específica quanto ao ITR, dispondo que esse imposto
"não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que não
possua outro imóvel".

O art. 156, § 2º, inciso I, da CF/88 concede imunidade específica quanto ao ITBI na incorporação de capital
de Pessoa Jurídica, ao estabelecer que esse imposto “não incide sobre a transmissão de bens ou direitos
incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens
ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos,
a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens
imóveis ou arrendamento mercantil”.

O art. 155, § 2º, inciso X, alínea “a” da CF/88 concede imunidade específica quanto ao ICMS na exportação,
ao prescrever que esse imposto "não incide sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem
sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do
montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores".

O art. 155, § 2º, inciso X, alínea “b” da CF/88 concede imunidade específica quanto ao ICMS sobre operações
"que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele
derivados, e energia elétrica".

O art. 153, § 3º, inciso III, da CF/88 concede imunidade específica quanto ao IPI na exportação, ao prescrever
que esse imposto não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior.

O art. 184 § 5º, da CF/88 concede imunidade específica quanto aos impostos federais, estaduais e municipais
que porventura possam incidir sobre operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de
reforma agrária.

Todas as hipóteses acima são de imunidades específicas, que serão mais profundamente estudadas adiante,
quando estudarmos cada um dos respectivos impostos em espécie.

No momento, queremos nos ater às imunidades gerais previstas no já comentado inciso VI do art. 150 da
CF/88.

4 - Análise das imunidades gerais previstas no inciso VI do art. 150 da CF/88

Estudaremos, a partir de agora, o principal dispositivo constitucional que dispõe sobre imunidades
tributárias (imunidades gerais):

CF/88: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
VI - instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
b) templos de qualquer culto;

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c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das
entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social,
sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais
ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas
brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo
na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. (Incluída pela
Emenda Constitucional nº 75, de 15.10.2013)
(...)
§ 2º A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços,
vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
§ 3º As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à
renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas
normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou
pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da
obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.
§ 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o
patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades
nelas mencionadas.
(...).

Vejamos cada uma dessas imunidades:

4.1 - Imunidade Recíproca

As entidades políticas integrantes da Federação (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) não podem
fazer incidir impostos umas sobre as outras. Se trata da imunidade recíproca. Estão protegidas pela
imunidade recíproca tributária, assim, os seus patrimônios, as suas rendas e os seus serviços, nos termos do
art. 150, inciso VI, alínea “a”, da CF/88:

CF/88: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
VI - instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
(...).

A imunidade recíproca é uma garantia da existência da Federação, sendo considerada, assim, uma cláusula
pétrea, nos termos do art. 60, § 4º, inciso I, da CF/88.

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Atenção: de acordo com o STF (ACO nº 502), a imunidade recíproca alcança todo e
qualquer imposto, e não somente aqueles que porventura poderiam incidir sobre o
patrimônio, renda ou serviços das entidades imunes.

4.1.1 - Extensão da imunidade recíproca às autarquias e fundações públicas

De acordo com o art. 150, § 2º, da CF/88:

CF/88: Art. 150. (...)


§ 2º - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços,
vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
(...).

Portanto, a imunidade recíproca é estendida às autarquias e às fundações públicas. Contudo, essa


extensão não é absoluta:

CF/88: Art. 150. (...)


§ 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio,
à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas
pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou
pagamento de preços ou tarifas pelo usuário (...).

Dessa forma, a imunidade tributária não será aplicada às autarquias e fundações públicas quando:

Explorarem atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados;

Em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário.

Vejamos como esse assunto já foi abordado no Exame de Ordem:

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(X EXAME UNIFICADO DA OAB/FGV) Uma autarquia federal, proprietária de veículos automotores


adquiridos recentemente, foi surpreendida com a cobrança de IPVA pelo Estado responsável pelos
respectivos licenciamentos, não obstante vincular a utilização desses veículos às suas finalidades
essenciais. Com base na hipótese sugerida, assinale a afirmativa correta.
A) A cobrança é constitucional, por se tratar de fato gerador do IPVA.
B) A cobrança é constitucional, por se aplicar o princípio da capacidade contributiva.
C) A cobrança é inconstitucional, por se tratar de isenção fiscal.
D) A cobrança é inconstitucional, por tratar de hipótese de imunidade tributária.
Comentários:
Como os automóveis são utilizados nas finalidades essenciais da autarquia, a única alternativa correta é a
“d”.

4.1.2 - Extensão da imunidade recíproca às empresas públicas e às sociedades de economia


mista prestadoras de serviço público em sentido estrito

De acordo com a literalidade do art. 150, §§ 2º e 3º, da CF/88, as empresas públicas e as sociedades de
economia mista não seriam alcançadas pela imunidade recíproca, pois não foram expressamente
mencionadas pelo constituinte.

Contudo, a jurisprudência do STF reconhece o direito à imunidade recíproca às empresas públicas e às


sociedades de economia mista, com base na seguinte diferenciação:

Quando for uma empresa pública ou sociedade de economia mista prestadora de serviço público em
sentido estrito, isto é, que não concorre com a livre iniciativa, aplica-se a regra de imunidade recíproca;

Quando for uma empresa pública ou sociedade de economia mista que exerce atividade econômica em
sentido estrito, ou seja, que concorre com a livre iniciativa, NÃO se aplica a regra de imunidade recíproca.

Vejamos:

Tributário. Imunidade recíproca. (...) Extensão. Empresa pública prestadora de serviço


público. Precedentes da Suprema Corte. Já assentou a Suprema Corte que a norma do art.
150, VI, a, da CF alcança as empresas públicas prestadoras de serviço público, como é o
caso da autora, que não se confunde com as empresas públicas que exercem atividade
econômica em sentido estrito. Com isso, impõe-se o reconhecimento da imunidade

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tributária prevista no art. 150, VI, a, da CF." (ACO 959, Rel. Min. Menezes Direito,
julgamento em 17-3-2008, Plenário, DJE de 16-5-2008.) No mesmo sentido: RE 552.736-
AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 20-10-2009, Primeira Turma, DJE de 20-11-
2009; AI 690.242-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 17-3-2009, Primeira
Turma, DJE de 17-4-2009.

Ainda:

A jurisprudência do STF entende que a sociedade de economia mista prestadora de serviço


público de água e esgoto é abrangida pela imunidade tributária recíproca, nos termos da
alínea a do inciso VI do art. 150 da CF (RE 631.309 AgR., rel. min. Ayres Britto, j. 27-3-2012,
2ª T, DJE de 26-4-2012).

Portanto, atenção: para identificar se a imunidade tributária se estende a uma empresa


pública ou a uma sociedade de economia mista, é preciso analisar a natureza dos serviços
por elas prestados.

Assim, por óbvio, acaso haja distribuição de lucros, com ações negociadas em bolsa de valores, não há que
se falar em imunidade, pois a distribuição de lucros descaracteriza a prestação de serviço em sentido estrito:

É aplicável a imunidade tributária recíproca às autarquias e empresas públicas que


prestem inequívoco serviço público, desde que, entre outros requisitos constitucionais e
legais não distribuam lucros ou resultados direta ou indiretamente a particulares, ou
tenham por objetivo principal conceder acréscimo patrimonial ao poder público
(ausência de capacidade contributiva) e não desempenhem atividade econômica, de modo
a conferir vantagem não extensível às empresas privadas (livre iniciativa e concorrência).
(RE 399.307 AgR., rel. min. Joaquim Barbosa, j. 16-3-2010, 2ª T, DJE de 30-4-2010 e RE
631.309 AgR., rel. min. Ayres Britto, j. 27-3-2012, 2ª T, DJE de 26-4-2012).

Assim, por exemplo, o Banco do Brasil, que é uma sociedade de economia mista, e a Caixa Econômica
Federal, que é uma empresa pública, não podem gozar da imunidade tributária, já que competem "no
mercado" com as demais empresas que atuam no setor bancário.

Diferentemente, acaso se trate de sociedade de economia mista ou empresa pública exploradora de serviço
público em sentido estrito, como, por exemplo, a ECT - Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
("Correios") ou a INFRAERO, deve ser reconhecida a extensão da imunidade tributária (desde que os bens e
serviços sejam utilizados para a satisfação dos objetivos institucionais da entidade e que não haja risco à
livre iniciativa e à livre concorrência).

4.1.2.1 - Imunidade tributária da ECT - Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos

A ECT - Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos ou simplesmente "Correios" é uma empresa pública
federal que presta serviços de diferentes naturezas: (i) presta serviços públicos em sentido estrito, inclusive
em regime de monopólio (atividades tipicamente postais, como a entrega de cartas e telegramas); e (ii)

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também presta serviços regidos pelas normas que disciplinam a atividades econômica em regime
concorrencial (como o transporte de encomendas).

Assim, de acordo com o texto constitucional em vigor (§§ 2º e 3º do art. 150), a ECT só teria imunidade
quanto aos serviços públicos em sentido estrito que presta em regime de monopólio.

Contudo, atenção: o STF já decidiu, em vários julgados, em Regime de Repercussão Geral,


que a ECT tem imunidade geral para todas as suas atividades, seja um serviço público em
sentido estrito prestado em regime de monopólio OU NÃO.

Vejamos as teses que foram fixadas pela Suprema Corte:

Tema 235: Os serviços prestados pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT,
inclusive aqueles em que a empresa não age em regime de monopólio, estão abrangidos
pela imunidade tributária recíproca (CF, art. 150, VI, a e §§ 2º e 3º).
Tema 402: Não incide o ICMS sobre o serviço de transporte de encomendas realizado pela
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT, tendo em vista a imunidade recíproca
prevista no art. 150, VI, a, da Constituição Federal.
Tema 644: A imunidade tributária recíproca reconhecida à Empresa Brasileira de Correios
e Telégrafos — ECT alcança o IPTU incidente sobre imóveis de sua propriedade e por ela
utilizados, não se podendo estabelecer, a priori, nenhuma distinção entre os imóveis
afetados ao serviço postal e aqueles afetados à atividade econômica.

Assim, a ECT ("Correios") tem imunidade ampla, inclusive em relação às atividades que não são serviços
públicos em sentido estrito e que não são desenvolvidas em regime de monopólio, abrangendo, assim, o
ICMS sobre os serviços de transporte de encomendas, o IPTU sobre os seus imóveis etc.

4.1.3 - Inexistência de imunidade para o promitente comprador de bem imóvel pertencente à


entidade imune

Ainda, de acordo com a ressalva feita no § 3º do art. 150 da CF/88 em estudo, o promitente comprador de
bem imóvel pertencente a ente imune não leva “consigo” a imunidade que recaia sobre o bem. Vejamos:

CF/88: Art. 150 (...)

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§ 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio,


à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas
pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou
pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da
obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.
(...).

De fato, a imunidade recíproca é da pessoa política (subjetiva), e não do bem (objetiva).

Vejamos como esse assunto já foi cobrado no Exame de Ordem:

(II EXAME UNIFICADO DA OAB/FGV) A Cia. de Limpeza do Município de Trás os Montes, empresa pública
municipal, vendeu um imóvel de sua titularidade situado na rua Dois, da quadra 23, localizado no nº 06.
Neste caso, o novo proprietário:
A) não paga o imposto de transmissão de bens imóveis, em função de ser bem público.
B) fica isento do imposto predial e territorial urbano, ante a imunidade do patrimônio público.
C) paga o IPTU, mas não paga o ITBI, uma vez que, nesta última hipótese, quem transmite a propriedade do
bem é empresa pública.
D) fica obrigado a pagar todos os tributos que recaiam sobre o bem.
Comentários:
De acordo com a ressalva feita no § 3º do art. 150 da CF/88, a única alternativa correta é a “d”.

Ainda, no XX Exame:

(XX EXAME UNIFICADO DA OAB/FGV) Fulano de Tal prometeu adquirir de uma autarquia federal um
imóvel residencial urbano. O sinal e parte substancial do preço são pagos no momento da lavratura da

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

escritura pública de promessa de compra e venda, que é prontamente registrada no Registro Geral de
Imóveis (RGI) competente. O saldo do preço será pago em várias parcelas. Após o registro da promessa de
compra e venda
A) passa a incidir o IPTU, a ser pago pela autarquia.
B) continua a não incidir o IPTU, por força da imunidade da autarquia (cujo nome continua vinculado ao
imóvel no RGI, ainda que agora a autarquia figure como promitente vendedora).
C) passa a incidir o IPTU, a ser pago solidariamente pela autarquia e por Fulano de Tal.
D) passa a incidir o IPTU, a ser pago por Fulano de Tal, uma vez que registrada no RGI a promessa de compra
e venda do imóvel.
Comentários:
De acordo com o § 3º do art. 150 da CF/88, mostra-se correta a alternativa “d”.

4.1.4 - Inexistência de imunidade de IPTU para o imóvel pertencente a entidade imune e que
foi cedido a particular que atua no regime da livre concorrência

O STF já decidiu, em Regime de Repercussão Geral (tema 437), que incide o IPTU sobre imóvel pertencente
a pessoa imune que se encontra cedido a pessoa jurídica de direito privado, que atua no regime da livre
concorrência, devedora de tributos:

Tema 437: Incide o IPTU, considerado imóvel de pessoa jurídica de direito público cedido
a pessoa jurídica de direito privado, devedora do tributo.

A Suprema Corte pontuou que a imunidade recíproca prevista no art. 150, VI, a, da CF/88 não foi
concebida com o propósito de permitir que empresa privada atue livremente no desenvolvimento de
atividade econômica e usufrua de vantagem advinda da utilização de bem público. Asseverou que a
referida previsão decorre da necessidade de observar-se, no contexto federativo, o respeito mútuo e a
autonomia dos entes, não cabendo estendê-la para evitar a tributação de particulares que atuam no
regime da livre concorrência. Nesse contexto, salientou que, uma vez verificada atividade econômica, nem
mesmo as pessoas jurídicas de direito público gozam da imunidade (CF, art. 150, § 3º).

4.1.5 - Inexistência de imunidade para Cartórios e Tabeliães

O STF também já decidiu que os serviços de registros públicos, cartorários e notariais, não possuem
imunidade tributária:

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO.


ITENS 21 E 21.1. DA LISTA ANEXA À LEI COMPLEMENTAR 116/2003. INCIDÊNCIA DO
IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA - ISSQN SOBRE SERVIÇOS DE
REGISTROS PÚBLICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS. CONSTITUCIONALIDADE. Ação Direta
de Inconstitucionalidade ajuizada contra os itens 21 e 21.1 da Lista Anexa à Lei
Complementar 116/2003, que permitem a tributação dos serviços de registros públicos,
cartorários e notariais pelo Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN. Alegada
violação dos arts. 145, II, 156, III, e 236, caput, da Constituição, porquanto a matriz

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

constitucional do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza permitiria a incidência do


tributo tão-somente sobre a prestação de serviços de índole privada. Ademais, a tributação
da prestação dos serviços notariais também ofenderia o art. 150, VI, a e §§ 2º e 3º da
Constituição, na medida em que tais serviços públicos são imunes à tributação recíproca
pelos entes federados. As pessoas que exercem atividade notarial não são imunes à
tributação, porquanto a circunstância de desenvolverem os respectivos serviços com
intuito lucrativo invoca a exceção prevista no art. 150, § 3º da Constituição. O
recebimento de remuneração pela prestação dos serviços confirma, ainda, capacidade
contributiva. A imunidade recíproca é uma garantia ou prerrogativa imediata de entidades
políticas federativas, e não de particulares que executem, com inequívoco intuito lucrativo,
serviços públicos mediante concessão ou delegação, devidamente remunerados. Não há
diferenciação que justifique a tributação dos serviços públicos concedidos e a não-
tributação das atividades delegadas. Ação Direta de Inconstitucionalidade conhecida, mas
julgada improcedente. (ADI 3089, Relator(a): CARLOS BRITTO, Relator(a) p/ Acórdão:
JOAQUIM BARBOSA, Tribunal Pleno, julgado em 13/02/2008, DJe-142 DIVULG 31-07-2008
PUBLIC 01-08-2008 EMENT VOL-02326-02 PP-00265 RTJ VOL-00209-01 PP-00069 LEXSTF
v. 30, n. 357, 2008, p. 25-58)

Assim, por exercerem atividade com intuito lucrativo, aplica-se a exceção prevista no art. 150, § 3º, da
CF/88 aos serviços de registros públicos, cartorários e notariais, razão pela qual não são imunes à
tributação.

4.1.6 - Imunidade e sucessão tributária

Muito embora seja tema que iremos estudar adiante (responsabilidade tributária), é cediço que o adquirente
de bem imóvel, de estabelecimento ou que sucede a qualquer título uma empresa com débitos tributários
fica responsável pela dívida (artigos 130 a 133 do CTN), ou seja, a dívida tributária se transmite ao sucessor.

Disso decorre a seguinte questão controvertida: uma entidade imune, ao incorporar determinado
patrimônio que possui débitos tributários, tem direito à anulação desses débitos por força da imunidade?

Não! De acordo com o STF, a imunidade tributária não extingue os créditos tributários constituídos
legitimamente contra pessoa jurídica não imune à época de sua constituição, ainda que patrimônio sobre
o qual recai o tributo venha a ser incorporado pelo poder público. Vejamos:

Tema 224: A imunidade tributária recíproca não exonera o sucessor das obrigações
tributárias relativas aos fatos jurídicos tributários ocorridos antes da sucessão.

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

Assim, a Suprema Corte afasta a imunidade em caso de incorporação de patrimônio com dívida tributária
pelo poder público, entendendo que se aplicam os casos de responsabilidade tributária previstos no CTN.

Por exemplo: acaso o poder público municipal incorpore em seu patrimônio um


automóvel com débitos de IPVA, constituídos antes da incorporação em face de pessoa
não imune, a responsabilidade sobre esses débitos será transferida ao Município, por
força do art. 131, inciso I, do CTN.

4.2 - Imunidade Religiosa (dos templos de qualquer culto)

De acordo com o art. 150, inciso VI, alínea “b”, da CF/88, os templos de qualquer culto também têm a
garantia da imunidade tributária:

CF/88: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
VI - instituir impostos sobre:
(...)
b) templos de qualquer culto;
(...).

Atenção, muita atenção: para fins de interpretação da regra de imunidade em questão,


templo não é só a edificação, mas tudo o que for pertencente à pessoa jurídica religiosa.
Assim, a imunidade é da entidade religiosa (imunidade subjetiva), e não somente do
templo, prédio (que seria uma imunidade objetiva).

Essa imunidade visa tutelar a liberdade de crença e de prática religiosa, que a CF/88 garante no art. 5º,
incisos VI e VIII. Assim, por "culto" entende-se toda manifestação religiosa, alcançando os mais diversos
credos, ainda que não predominantes na sociedade brasileira.

Atenção: de acordo com o STF, a imunidade religiosa alcança todo e qualquer imposto, e
não somente aqueles que porventura poderiam incidir sobre o patrimônio, renda ou
serviços das entidades religiosas imunes. Logo, nenhum imposto pode incidir sobre as
entidades religiosas.

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

4.2.1 - Necessidade de vinculação com as finalidades essenciais da entidade

O § 4º do artigo 150 da CF/88 prescreve que a regra da imunidade religiosa é aplicada somente àquilo que
estiver vinculado com as finalidades essenciais da entidade:

CF/88: Art. 150 (...)


§ 4º. As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o
patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das
entidades nelas mencionadas.
(...).

De acordo com o STF, essa vinculação, isto é, relação com as finalidades essenciais pode ser direta ou
indireta.

Nesse sentido, um imóvel pertencente a uma entidade religiosa que está alugado a pessoa não imune terá
a garantia da imunidade se e somente se o valor do aluguel seja revertido às finalidades essenciais da
entidade religiosa:

Instituição religiosa. IPTU sobre imóveis de sua propriedade que se encontram alugados. A
imunidade prevista no art. 150, VI, b, CF, deve abranger não somente os prédios destinados
ao culto, mas, também, o patrimônio, a renda e os serviços ‘relacionados com as
finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas’. O § 4º do dispositivo
constitucional serve de vetor interpretativo das alíneas b e c do inciso VI do art. 150 da CF.
Equiparação entre as hipóteses das alíneas referidas." (RE 325.822, Rel. p/ o ac. Min. Gilmar
Mendes, julgamento em 15-12-2002, Plenário, DJ de 14-5-2004.) No mesmo sentido: AI
690.712-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 23-6-2009, Primeira Turma,
DJE de 14-8-2009; AI 651.138-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 26-6-2007, Segunda
Turma, DJ de 17-8-2007.

Nesse caso a vinculação com as finalidades essenciais é considerada indireta.

Muito embora ela não mencione as entidades religiosas, aplica-se, assim, integralmente, o entendimento
fixado na Súmula Vinculante nº 52:

SV nº 52: Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel


pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição
Federal, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais
entidades foram constituídas.

4.2.2 - Hipóteses controvertidas

A imunidade tributária conferida pelo art. 150, inciso VI, alínea "b", da CF/88 é restrita aos templos de
qualquer culto religioso, não se aplicando, assim, à maçonaria, em cujas lojas não se professa qualquer
religião. (RE 562.351, rel. min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 4-9-2012, Primeira Turma, DJE de 14-
12-2012.).

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

Quanto aos cemitérios, serão abrangidos pela garantia da imunidade desde que consubstanciam extensões
de entidades de cunho religioso. Quando não forem extensões de entidades religiosas, não haverá
imunidade (RE 578.562, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 21-5-2008, Plenário, DJE de 12-9-2008.)

4.3 - Imunidade dos Partidos Políticos, das Entidades Sindicais e das Instituições de Educação ou
de Assistência Social, Sem Fins Lucrativos

De acordo com o art. 150, inciso VI, alínea “c”, da CF/88, o patrimônio, a renda ou os serviços dos partidos
políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação
e de assistência social, sem fins lucrativos, também têm a garantia da imunidade tributária:

CF/88: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
VI - instituir impostos sobre:
(...)
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das
entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social,
sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;
(...).

Atenção: de acordo com o STF, a imunidade em questão alcança todo e qualquer imposto,
e não somente aqueles que porventura poderiam incidir sobre o patrimônio, renda ou
serviços das entidades acima mencionadas. Logo, nenhum imposto pode incidir sobre tais
entidades.

Assim, não pode haver incidência de impostos sobre:

Os partidos políticos e suas fundações;

As entidades sindicais dos trabalhadores;

As instituições de educação sem fins lucrativos; e

As instituições de assistência social sem fins lucrativos.

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

Atenção: de acordo com ao CF/88, a imunidade tributária alcança somente os sindicatos


dos trabalhadores, abarcando as federações, confederações e centrais sindicais. Os
sindicatos e demais entidades sindicais patronais NÃO!

4.3.1 - Necessidade de vinculação com as finalidades essenciais da entidade

O § 4º do artigo 150 da CF/88 prescreve que a regra da imunidade em questão é aplicada somente àquilo
que estiver vinculado com as finalidades essenciais da entidade:

CF/88: Art. 150 (...)


§ 4º. As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o
patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das
entidades nelas mencionadas.
(...).

A mesma regra é encontrada, ainda, no § 2º do art. 14 do CTN:

CTN: Art. 14 (...)


§ 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo 9º são exclusivamente, os
diretamente relacionados com os objetivos institucionais das entidades de que trata este
artigo, previstos nos respectivos estatutos ou atos constitutivos.

Contudo, já vimos acima que essa vinculação, isto é, essa relação com as finalidades essenciais pode ser
direta ou indireta, conforme entendimento do STF.

Assim: uma dessas entidades referidas no art. 150, inciso VI, alínea “c” da CF/88 poderá
ser proprietária de um bem imóvel e alugá-lo a terceiros para as mais diversas
finalidades. Nesse caso o imóvel não estará sendo diretamente utilizado no atendimento
das finalidades essenciais da entidade, o que poderia afastar, a princípio, de acordo com
a literalidade da CF/88, a garantia da imunidade. Contudo, o STF entende que mesmo
alugado a terceiros, o imóvel permanece imune ao IPTU desde que o valor dos aluguéis
seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades. Nesse caso, a vinculação será
indireta.

Esse entendimento foi consubstanciado na Súmula nº 724 do STF:

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

Súmula 724 do STF: Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel
pertencente a qualquer das entidades referidas pelo Art. 150, VI, c, da Constituição, desde
que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades.

O mesmo entendimento foi posteriormente fixado na Súmula Vinculante nº 52:

SV nº 52: Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel


pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição
Federal, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais
entidades foram constituídas.

Pois bem. Em julgamento sob o regime de Repercussão Geral (Tema nº 693), o STF firmou a tese de que a
imunidade de IPTU alcança inclusive os lotes vagos, temporariamente ociosos, de propriedade de
instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos:

Tema 693: A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, c, da CF/88 aplica-se aos bens
imóveis, temporariamente ociosos, de propriedade das instituições de educação e de
assistência social sem fins lucrativos que atendam os requisitos legais.

Portanto, a imunidade tributária em questão se estende aos bens imóveis temporariamente ociosos de
propriedade das instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos que atendam aqueles
requisitos legais.

4.3.2 - O gozo dessa imunidade depende do atendimento dos requisitos estabelecidos


em lei

Conforme consta na parte final da alínea “c” em questão, essas imunidades em estudo alcançam somente
as entidades que atendam aos requisitos estabelecidos em lei:

CF/88: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
VI - instituir impostos sobre:
(...)
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das
entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social,
sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;
(...).

Logo, diferentemente das outras estudadas acima, essa imunidade prevista na alínea "c" é condicionada,
pois o gozo depende do atendimento das condições estabelecidas em lei.

Pois bem. Onde estão previstas essas condições? Em que lei?

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

Por força do inciso II do art. 146 da CF/88, que exige Lei Complementar para regular as limitações
constitucionais ao poder de tributar, estão dispostas no CTN, em seu art. 14:

CTN: Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância


dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas:
I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer
título;
II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos
institucionais;
III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de
formalidades capazes de assegurar sua exatidão.
(...).

Assim, são condições para o reconhecimento da imunidade para as entidades referidas na alínea "c" em
questão:

Não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título;

Aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais;

Manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de


assegurar sua exatidão.

Atenção: não ter fins lucrativos não significa que estão impedidas de ter lucro! Não ter
fins lucrativos significa, juridicamente, não distribuir seus lucros (inciso I do art. 14 do
CTN acima transcrito). A entidade pode ter lucro, isto é, poderá ser superavitária, e terá
a garantia da imunidade se esse lucro (superávit) for revertido para as suas finalidades
essenciais. Ademais, a regra em questão também não obsta que os diretores das
instituições sejam remunerados, desde que efetivamente laborem para a pessoa jurídica.

Vejamos como isso já foi abordado no Exame de Ordem:

(XXIII EXAME UNIFICADO DA OAB/FGV) O reitor de uma faculdade privada sem fins lucrativos (cujas
receitas, inclusive seus eventuais superávits, são integralmente reinvestidas no estabelecimento de
ensino) deseja saber se está correta a cobrança de impostos efetuada pelo fisco, que negou a pretendida

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

imunidade tributária, sob o argumento de que a instituição de ensino privada auferia lucros. Na hipótese,
sobre a atuação do fisco, assinale a afirmativa correta.
A) O fisco agiu corretamente, pois a imunidade tributária apenas alcança instituições de ensino que não
sejam superavitárias.
B) O fisco agiu corretamente, pois a imunidade tributária apenas alcança instituições públicas de ensino.
C) O fisco não agiu corretamente, pois não há impedimento à distribuição de lucro pelo estabelecimento de
ensino imune.
D) O fisco não agiu corretamente, pois, para que seja concedida tal imunidade, a instituição não precisa ser
deficitária, desde que o superávit seja revertido para suas finalidades.
Comentários:
Mostra-se correta a alternativa “d”.

O atendimento aos requisitos do art. 14 em questão deve ser continuado, sob pena de suspensão da
imunidade:

CTN: Art. 14 (...)


§ 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a autoridade
competente pode suspender a aplicação do benefício.
(...).

Observe que na falta de atendimento, a imunidade ficará suspensa, ou seja, acaso volte a atendê-los,
voltará a fazer jus ao benefício.

4.3.3 - A decisão administrativa que reconhece o direito à imunidade tem natureza


declaratória

A decisão administrativa que reconhece a imunidade tributária em questão possui natureza declaratória, de
modo que os seus efeitos retroagem à data em que a entidade comprove ter cumprido aqueles requisitos
descritos no art. 14 do CTN.

A natureza declaratória dessa decisão foi destacada na Súmula 612 do STJ:

Súmula 612 do STJ: O certificado de entidade beneficente de assistência social (CEBAS),


no prazo de sua validade, possui natureza declaratória para fins tributários, retroagindo
seus efeitos à data em que demonstrado o cumprimento dos requisitos estabelecidos
por lei complementar para a fruição da imunidade.

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

Assim, por exemplo: acaso uma determinada entidade cumpra os requisitos descritos no
art. 14 do CTN em 10/03/2017, mas ingresse com o pedido administrativo de
reconhecimento de imunidade em 20/08/2017, cuja apreciação e decisão ocorra
somente em 10/04/2018, os efeitos dessa decisão retroagirão à data em que houve o
cumprimento dos requisitos legais (10/03/2017), considerando imune a entidade desde
então (e não somente a partir da decisão que deferiu o pedido e consequentemente
expediu o certificado de entidade beneficente de assistência social - CEBAS).

4.4 - Imunidade do Livro, Jornal e Periódico e do papel destinado à sua impressão

De acordo com o art. 150, inciso VI, alínea “d”, da CF/88, os livros, jornais, periódicos e o papel destinado à
sua impressão também têm a garantia da imunidade tributária:

CF/88: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
VI - instituir impostos sobre:
(...)
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão;
(...).

Ao estabelecer essa imunidade, o constituinte originário procurou tutelar a liberdade de pensamento, de


expressão e a liberdade de imprensa, e facilitar a difusão da cultura e a própria educação do povo, como
forma de desenvolvimento da Nação.

Verifica-se tratar de uma imunidade objetiva, que leva em consideração o bem alcançado pela regra, e não
uma pessoa.

4.4.1 - Alcance da imunidade

Controvertida questão diz respeito ao alcance dessa imunidade: estaria ela restrita aos livros, jornais,
periódicos e o papel destinado à sua impressão ou seria extensiva, também, aos insumos utilizados na
confecção deles, como tintas para impressão, cola etc.?

O STF tem uma interpretação restritiva acerca dessa imunidade, contudo, não literal, de modo que a regra
imunizante se estende – segundo a referida corte – somente ao papel destinado à impressão dos livros,
jornais e periódicos, sendo que tão somente a palavra "papel" comporta uma interpretação “ampla”.

Nesse sentido, isto é, como base na interpretação ampla do que vem a ser “papel” para fins de impressão,
o STF editou a Súmula nº 657:

Súmula 657 do STF: A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da CF, abrange os filmes e
papéis fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos.

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

Atenção: quanto aos demais insumos (tinta, barbante etc.), considerando não serem
“papel”, têm a imunidade afastada pelo STF.

Outro aspecto controvertido é o seguinte: que é um livro?

Em análises casuísticas, o STF teve a oportunidade de julgar a abrangência dessa imunidade aos seguintes
itens:

‘Álbum de figurinhas’. Admissibilidade. A imunidade tributária sobre livros, jornais,


periódicos e o papel destinado à sua impressão tem por escopo evitar embaraços ao
exercício da liberdade de expressão intelectual, artística, científica e de comunicação, bem
como facilitar o acesso da população à cultura, à informação e à educação. O Constituinte,
ao instituir esta benesse, não fez ressalvas quanto ao valor artístico ou didático, à
relevância das informações divulgadas ou à qualidade cultural de uma publicação. Não
cabe ao aplicador da norma constitucional em tela afastar este benefício fiscal instituído
para proteger direito tão importante ao exercício da democracia, por força de um juízo
subjetivo acerca da qualidade cultural ou do valor pedagógico de uma publicação
destinada ao público infanto-juvenil. (RE 221.239, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em
25-5-2004, Segunda Turma, DJ de 6-8-2004.) No mesmo sentido: RE 179.893, Rel. Min.
Menezes Direito, julgamento em 15-4-2008, Primeira Turma, DJE de 30-5-2008.
Encartes de propaganda distribuídos com jornais e periódicos. ISS. Art. 150, VI, d, da
Constituição. Veículo publicitário que, em face de sua natureza propagandística, de
exclusiva índole comercial, não pode ser considerado como destinado à cultura e à
educação, razão pela qual não está abrangido pela imunidade de impostos prevista no
dispositivo constitucional sob referência, a qual, ademais, não se estenderia, de qualquer
forma, às empresas por eles responsáveis, no que concerne à renda bruta auferida pelo
serviço prestado e ao lucro líquido obtido. (RE 213.094, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento
em 3-8-1999, Primeira Turma, DJ de 15-10-1999.)

Atenção: a existência de propagandas em jornais não afasta o direito à imunidade, mas os


encartes que só veiculam propagandas - tão somente propagandas - não são "jornais", não
fazendo jus, assim, ao benefício constitucional.

A imunidade tributária dos álbuns de figurinha foi questionada no XI Exame de Ordem:

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

(XI EXAME UNIFICADO DA OAB/FGV) Determinada editora de livros, revistas e outras publicações foi
autuada pela fiscalização de certo Estado, onde mantém a sede da sua indústria gráfica, pela falta de
recolhimento de ICMS incidente sobre álbum de figurinhas. Nessa linha, à luz do entendimento do STF
sobre a matéria em pauta, tal cobrança é
A) inconstitucional, por força da aplicação da isenção tributária.
B) inconstitucional, por força da aplicação da imunidade tributária.
C) constitucional, por força da inaplicabilidade da imunidade tributária.
D) inconstitucional, por estar o referido tributo adstrito à competência tributária da União Federal.
Comentários:
Conforme Ementa acima, o STF já reconheceu a imunidade tributária dos álbuns de figurinha, estando
correta, assim, a alternativa “b”.

Pois bem. E as modernas tecnologias, como os e-books, são imunes aos impostos?

Essa questão teve Repercussão Geral reconhecida no RE 330.817, de relatoria do Min. Dias Toffoli, e foi assim
julgado:

A imunidade tributária constante do art. 150, VI, d, da CF aplica-se ao livro eletrônico (e-
book), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo. A imunidade tributária
da alínea d do inciso VI do art. 150 da CF alcança componentes eletrônicos destinados
exclusivamente a integrar unidade didática com fascículos. (...) O Plenário entendeu que a
imunidade de que trata o art. 150, VI, d, da CF alcança o livro digital (e-book). De igual
modo, as mudanças históricas e os fatores políticos e sociais da atualidade, seja em razão
do avanço tecnológico, seja em decorrência da preocupação ambiental, justificam a
equiparação do “papel”, numa visão panorâmica da realidade e da norma, aos suportes
utilizados para a publicação dos livros. Nesse contexto moderno, portanto, a teleologia da
regra de imunidade igualmente alcança os aparelhos leitores de livros eletrônicos (e-
readers) confeccionados exclusivamente para esse fim, ainda que eventualmente
equipados com funcionalidades acessórias ou rudimentares que auxiliam a leitura digital,
tais como dicionário de sinônimos, marcadores, escolha do tipo e tamanho da fonte e
outros. Apesar de não se confundirem com os livros digitais propriamente ditos, esses
aparelhos funcionam como o papel dos livros tradicionais impressos, e o propósito seria
justamente mimetizá-lo. Estão enquadrados, portanto, no conceito de suporte abrangido
pela norma imunizante. Entretanto, esse entendimento não é aplicável aos aparelhos
multifuncionais, como tablets, smartphones e laptops, os quais são muito além de meros
equipamentos utilizados para a leitura de livros digitais (RE 330.817, rel. min. Dias Toffoli,
e RE 595.676, rel. min. Marco Aurélio, j. 8-3-2017, P, Informativo 856, Temas 593 e 259).

Conforme aprenderemos mais adiante, nas importações incide alguns impostos, como, por exemplo, o II -
Imposto de Importação, o IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados e o ICMS - Imposto sobre a Circulação
de Mercadorias e Serviços (todos eles são exigidos do importador de produtos ou serviços provenientes do
exterior).

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

Com base no entendimento acima, de que a imunidade em questão alcança o livro eletrônico, o STF editou
a Súmula Vinculante nº 57, segundo a qual essa imunidade deve ser aplicada na comercialização e também
na importação de livros eletrônicos:

Súmula Vinculante nº 57: A imunidade tributária constante do art. 150, VI, d, da CF/88
aplica-se à importação e comercialização, no mercado interno, do livro eletrônico (e-book)
e dos suportes exclusivamente utilizados para fixá-los, como leitores de livros eletrônicos
(e-readers), ainda que possuam funcionalidades acessórias.

Portanto, a imunidade tributária constante do art. 150, inciso VI, alínea "d", da CF/88
aplica-se ao livro eletrônico (e-book), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados
para fixá-lo, nos limites delimitados pelo julgado em questão, Mas não só na
comercialização interna do livro eletrônico deve-se aplicar a regra de imunidade; aplica-
se também em relação aos impostos incidentes na importação.

A imunidade do livro eletrônico foi objeto de questão no XXVIII Exame de Ordem:

(XXVIII EXAME UNIFICADO DA OAB/FGV) O Estado Y lavrou auto de infração em face da pessoa jurídica PJ
para cobrança de créditos de Impostos sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS),
decorrentes da produção e venda de livros eletrônicos. Adicionalmente aos créditos de ICMS, o Estado Y
cobrou o pagamento de multa em decorrência do descumprimento de obrigação acessória legalmente
prevista. Tendo isso em vista, assinale a afirmativa correta.
A) Há imunidade tributária em relação aos livros eletrônicos; por outro lado, é incorreta a cobrança da multa
pelo descumprimento da obrigação acessória.
B) Há imunidade tributária em relação aos livros eletrônicos; no entanto, tendo em vista a previsão legal, é
correta a cobrança de multa pelo descumprimento da obrigação acessória.
C) É correta a cobrança do ICMS, uma vez que a imunidade tributária somente abrange o papel destinado à
impressão de livros, jornais e periódicos; da mesma forma, é correta a cobrança de multa pelo
descumprimento da obrigação acessória, em vista da previsão legal.
D) É correta a cobrança do ICMS, uma vez que a imunidade tributária somente abrange o papel destinado à
impressão de livros, jornais e periódicos; no entanto, é incorreta a cobrança da multa pelo descumprimento
da obrigação acessória.
Comentários:

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

Conforme vimos acima, o STF reconheceu a imunidade do livro eletrônico, estando correta, assim, a
alternativa “b”. A segunda parte da assertiva (imposição de multa por descumprimento a obrigação
acessória) será explicada adiante.

4.5 - Imunidade dos Fonogramas e Videofonogramas Musicais

De acordo com a alínea “e” do inciso VI do art. 150 da CF/88:

CF/88: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
VI - instituir impostos sobre:
(...)
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais
ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas
brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo
na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. (Incluída pela Emenda
Constitucional nº 75, de 15.10.2013)
(...).

Assim, essa imunidade alcança:

Fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil (...);

Contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou (...);

Contendo obras em geral interpretadas por artistas brasileiros (...);

Bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham (...);

Salvo na replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.

Portanto, a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal não poderão instituir impostos sobre
gravação de música ou obras em geral, de som ou imagem e som interpretadas por artistas brasileiros, e
nem sobre os CDs, DVDS, Blu-Rays ou outros suportes materiais, e ainda arquivos digitais que os
contenham (aplicativos para celular, tablet, download pela Internet etc.).

Apenas o processo industrial de reprodução dos CDs e DVDs (suportes materiais), se realizados por mídias
ópticas de leitura a laser, poderão ser normalmente tributadas. Assim, nesse momento da etapa
produtiva não há que se falar em imunidade.

Nesse sentido, em resumo:

Etapa de gravação do material: tem imunidade;

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

Etapa de replicação industrial: não tem imunidade;

Etapa de distribuição: tem imunidade; e

Etapa de comercialização aos consumidores: tem imunidade.

5 - Imunidades e espécies tributárias

É muito comum algumas pessoas afirmarem que as imunidades alcançam somente os impostos.

Isso está correto? Vejamos:

Quando se estuda as imunidades tributárias, dá-se primazia ao art. 150, inciso VI, da CF/88 (analisado
acima), onde estão localizadas as mais importantes regras imunizantes.

Pois bem: essas imunidades acima vistas (alíneas do inciso VI do artigo 150 da CF/88) alcançam somente
os impostos.

CF/88: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
VI - instituir impostos sobre:
(...).

Portanto, atenção: não há imunidade recíproca, nem religiosa, nem dos partidos políticos
etc. para qualquer outra espécie tributária que não seja imposto. Assim, não há
imunidade, nesses casos, para taxas, para contribuições, para empréstimos compulsórios
ou para contribuição de melhoria.

Nesse sentido:

A imunidade tributária recíproca – CF, art. 150, VI, a – somente é aplicável a impostos,
não alcançando as taxas." (RE 364.202, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 3-10-
2004, Segunda Turma, DJ de 28-10-2004).

Assim, uma entidade religiosa ou um Estado-membro pagam taxas, por exemplo, pela prestação de um
serviço público municipal de coleta de lixo.

Isso já foi objeto de questionamento no Exame de Ordem:

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

(XXII EXAME UNIFICADO DA OAB/FGV) O Município X instituiu taxa a ser cobrada, exclusivamente, sobre
o serviço público de coleta, remoção e tratamento de lixo e resíduos provenientes de imóveis. A igreja
ABC, com sede no Município X, foi notificada da cobrança da referida taxa. Sobre a hipótese apresentada,
assinale a afirmativa correta.
A) As Igrejas são imunes; portanto, não devem pagar a taxa instituída pelo Município X.
B) A taxa é inconstitucional, pois não é específica e divisível.
C) A taxa é inconstitucional, uma vez que os Municípios não são competentes para a instituição de taxas de
serviço público.
D) A taxa é constitucional e as Igrejas não são imunes.
Comentários:
Conforme acima visto, a imunidade dos templos de qualquer culto não alcança as taxas, razão pela qual não
há imunidade para essa espécie tributária, estando correta, assim, a alternativa “d”.

Também no seguinte exame:

(III EXAME UNIFICADO DA OAB/FGV) A imunidade recíproca impede que


A) o Município cobre a taxa de licenciamento de obra da União.
B) o Estado cobre tarifa de água consumida em imóvel da União.
C) a União cobre Imposto de Renda sobre os juros das aplicações financeiras dos Estados e dos Municípios.
D) o Estado cobre contribuição de melhoria em relação a bem do Município valorizado em decorrência de
obra pública.
Comentários:
Mais uma vez, conforme já visto, a imunidade recíproca não alcança as taxas, contribuições ou qualquer
outra espécie tributária, mas tão somente os impostos, estando correta, assim, a alternativa “c”.

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

Contudo, atenção: muito embora o inciso VI do art. 150 da CF/88 seja o mais importante
a disciplinar as imunidades tributárias, ele não é o único! Conforme já explicamos acima,
as imunidades estão espalhadas por toda a CF/88, não se restringindo àquelas
imunidades gerais previstas nas alíneas do inciso VI do art. 150. De fato, há imunidades
específicas para impostos fora das hipóteses do inciso VI do art. 150, bem como há
imunidade para outras espécies tributárias, como taxas e contribuições.

Vejamos, então, as imunidades relativas às outras espécies tributárias.

5.1 - Imunidades relativas às taxas

O art. 5º, incisos XXXIV, LXXIII, LXXIV, LXVVI e LXXVII, estipula diversas hipóteses de imunidade relativas às
taxas:

CF/88: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou
abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e
esclarecimento de situações de interesse pessoal;
(...)
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato
lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor,
salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos;
(...)
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:
a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito;
(...).
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos
necessários ao exercício da cidadania.
(...).

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

Conforme já explicamos acima, nem sempre o texto constitucional menciona, expressamente, que
determinada situação ou pessoa é "imune"; às vezes a CF/88 prescreve "não incide" determinado tributo,
são "isentos" de tributos, "são gratuitos" etc. Assim, o fato de a CF/88, em alguns dispositivos, utilizar termos
como "não incide", "isenção", "são gratuitos" ou qualquer outro é totalmente irrelevante. Sempre que o
texto constitucional proibir a tributação sobre determinada pessoa ou situação, estaremos diante de uma
norma de imunidade tributária, independentemente da expressão utilizada.

Portanto, a CF/88 concede imunidade tributária de taxas nas seguintes hipóteses:

De custas judiciais nas ações de habeas corpus e habeas data;

Na forma da lei, para a prática dos atos necessários ao exercício da cidadania;

No registro civil de nascimento e para a obtenção da certidão de óbito para os reconhecidamente pobres;

Na assistência judiciária integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;

No exercício do direito de petição aos poderes públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso
de poder;

Para a obtenção de certidões em repartições públicas;

Para a defesa de direitos e esclarecimentos de situações de interesse pessoal; e

De custas judiciais em ação popular, salvo se comprovada má-fé.

5.2 - Imunidades relativas às contribuições especiais

Além das taxas, também há imunidades relativas a contribuições especiais.

A primeira delas se encontra prevista no art. 149, § 2º, I, da CF/88:

CF/88: Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de


intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou
econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o
disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º,
relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.
(...)
§ 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata
o caput deste artigo: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação;
(...).

Já vimos que a expressão utilizada não importa; todas as vezes que o não pagamento de um tributo decorrer
de regra constitucional, estaremos diante de uma imunidade tributária.

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

Assim, atenção: por força desse dispositivo constitucional, as receitas decorrentes de


exportação são imunes à incidência de contribuições sociais (PIS e COFINS) e de
intervenção no domínio econômico (CIDE-Combustível e CIDE-Tecnologia ou Royalties).

A segunda consta no art. 195, § 7º, da CF/88, que concede imunidade tributária de contribuição para a
seguridade social para as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências
estabelecidas em lei:

CF/88: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta
e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
(...)
§ 7º - São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de
assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei.
(...).

Portanto: as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências


estabelecidas em lei têm imunidade tributária quanto às contribuições sociais.

Pois bem. É possível verificar que essa é uma imunidade condicionada (exatamente como aquela prevista
na alínea "c" do inciso VI do art. 150 da CF/88), pois o gozo depende do atendimento das condições
estabelecidas em lei.

Por força do inciso II do art. 146 da CF/88, que exige Lei Complementar para regular as limitações
constitucionais ao poder de tributar, tais condições são aquelas dispostas no art. 14 do CTN, já estudadas
acima:

CTN: Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância


dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas:
I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer
título;
II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos
institucionais;
III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de
formalidades capazes de assegurar sua exatidão.
(...).

Atenção: o alcance desses requisitos legais já foram estudados quando analisamos,


acima, a imunidade dos partidos políticos, das entidades sindicais e das instituições de
educação ou de assistência social, sem fins lucrativos. Em tudo são aplicáveis à
imunidade agora em estudo.

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

6 - O destinatário da imunidade é o contribuinte de direito

A jurisprudência do STF firmou-se no sentido de que a imunidade de que trata o art. 150, inciso VI, da
CF/88 é aplicável tão somente aos impostos incidentes sobre os serviços, patrimônio ou renda do próprio
ente imune, quando na posição de contribuinte de direito.

“Contribuinte de direito”, já vimos, é aquele que pratica o fato gerador da obrigação tributária conforme
previsto na lei instituidora do tributo, ou seja, é quem pratica o verbo e o complemento que caracteriza o
tributo.

Por exemplo: “contribuinte de direito” do ICMS é quem circula a mercadoria ou o serviço


(verbo “circular” + complemento “mercadoria ou serviço”).

“Contribuinte de fato”, diferentemente, é quem acaba arcando com o ônus econômico, isto é, com o custo
do tributo; é a pessoa a quem o custo do tributo é repassado.

No caso do ICMS, "contribuinte de direito" é quem circula a mercadoria ou serviço, como, por exemplo, um
revendedor de veículo automotor ou a concessionária de energia elétrica (já que a energia elétrica é
considerada mercadoria para fins tributários).

Pois bem. Eles que praticam o fato gerador do ICMS ao circular mercadorias, sendo, portanto,
"contribuintes de direito" do imposto, porém, destacam na nota fiscal ou na fatura o montante do ICMS
devido e embutem na conta, repassando ao consumidor final, que é o "contribuinte de fato".

Por exemplo: já notaram que na conta de energia elétrica, de telefone ou de TV a cabo há


o valor do serviço e também o destaque do valor do ICMS, sendo que o valor a pagar é a
somatória dos dois valores?

Nesse caso, ao repassar o valor do tributo para o consumidor, esse assume o papel de “contribuinte de
fato”, pois acaba arcando com o custo financeiro do tributo devido pelo “contribuinte de direito”.

O mesmo ocorre em relação ao IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados, que também é um imposto
indireto. Quando alguém compra um produto industrializado, aquele que o industrializou é quem praticou
o fato gerador do imposto, mas, no momento em que vende o produto, repassa o valor do tributo no
preço.

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

De acordo com o quanto decidido pelo STF, em Regime de Repercussão Geral (RE 608.872), quando uma
pessoa imune é consumidora de produtos ou serviços e acabam ficando na situação de “contribuintes de
fato”, devem, sim, arcar com o valor do tributo que lhes está sendo repassado, não havendo imunidade.

Tema 342: A imunidade tributária subjetiva aplica-se a seus beneficiários na posição de


contribuinte de direito, mas não na de simples contribuinte de fato, sendo irrelevante
para a verificação da existência do beneplácito constitucional a repercussão econômica
do tributo envolvido.

Portanto: a imunidade tributária subjetiva não afasta a incidência dos impostos indiretos
que repercutem economicamente na pessoa do ente imune quando ele está na posição
de contribuintes de fato.

Vejamos como isso foi questionado no Exame de Ordem:

(IX EXAME UNIFICADO DA OAB/FGV) O procurador do município Gama decide contestar judicialmente a
cobrança do ICMS discriminada na fatura da conta de luz do imóvel onde funciona a sede da prefeitura,
alegando a condição de ente político para livrar-se da exação. A demanda da municipalidade deverá ser
A) acolhida, em razão da imunidade recíproca, que impede que os entes da federação instituam impostos
sobre bens e serviços uns dos outros.
B) rejeitada, pois na situação apresentada o município se apresenta na condição de contribuinte de direito
do ICMS.
C) acolhida, pois a empresa concessionária prestadora do serviço de fornecimento de energia não tem
competência para cobrar ICMS.
D) rejeitada, pois o município não goza de imunidade com relação a imposto que incide apenas
indiretamente sobre seus bens e serviços.
Comentários:
Ante todo o exposto, a única alternativa correta é a “d”.

7 - Imunidade e obrigações acessórias

O art. 113 do CTN prescreve que a obrigação tributária pode ser acessória (também designada como dever
instrumental) ou principal.

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

Conquanto esta matéria seja estudada adiante, tracemos de forma muito breve e resumida a diferença:

Fazendo uma comparação com o Direito Civil, a obrigação tributária principal corresponde à obrigação de
dar. Portanto, é patrimonial! É a obrigação de dar dinheiro ao Estado (em sentido amplo) a título de tributo
ou multa (por exemplo, quem circular mercadoria, deve pagar, isto é, dar dinheiro ao Estado a título de
ICMS);

Ainda fazendo um paralelo com o Direito Civil, a obrigação acessória ou dever instrumental corresponde a
uma obrigação de fazer, não fazer ou de tolerar algo (fiscalização) no interesse da arrecadação ou da
fiscalização dos tributos. Verifica-se, assim, que ela não tem por objeto a entrega (dever de dar) de dinheiro
ao Estado a título de tributo (obrigação principal), sendo, assim, uma obrigação não-patrimonial (por
exemplo, quem circular mercadoria, além do dever de pagar o ICMS, deve emitir nota fiscal, que é um fazer).

pois bem. De acordo com Roque Antonio Carrazza2:

(...) as imunidades não dispensam o cumprimento dos deveres instrumentais dependentes


da obrigação principal (imune), ou dela consequentes.

Portanto, atenção: a imunidade tributária se restringe tão somente à obrigação tributária


principal, ou seja, à obrigação patrimonial de dar dinheiro ao Estado a título de tributo
ou multa; a imunidade tributária NÃO IMPEDE a instituição e exigência de deveres
instrumentais ou obrigações acessórias.

3. DIREITO EMPRESARIAL
Nosso estudo se concentrará nos seguintes temas:

- Conceito de Sociedade;

- Sociedades em Comum;

-Sociedades em Conta de Participação;

Os referidos temas são de incidência altíssima no Exame de Ordem, ocupando o ranking de temas mais
cobrados na matéria, razão pela qual trouxe para compor nosso estudo na aula de hoje!

Outro ponto importante a se destacar, é que das últimas vezes em que cobrado, a banca utilizou abordagem
legalista, explorando os dispositivos legais pertinentes, razão pela qual no nosso estudo contaremos com:

>Pílulas Estratégicas de Doutrina;

2
Curso de Direito Constitucional Tributário. 22ª ed. São Paulo: Editora Malheiros, 2006. pp. 811-812.

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

>Questões comentadas ao longo do PDF;

Vamos começar?

3.1 Pílulas Estratégicas de Doutrina

Profa. Isabella Pires: ressalto para vocês que as considerações a seguir foram extraídas da
Aula 02 do Curso Regular de Direito Empresarial ministrado pelo Professor Alessandro
Sanchez.

Sociedades em Comum

A Sociedade em Comum é sinônimo de irregularidade. O art. 986, CC, as considera entre aquelas
sociedades que não tenham levado o ato constitutivo a registro no órgão competente.
Ainda por analogia e por faltar disposição legal sobre o tema, as sociedades que, nem sequer,
tenham contrato escrito também se encaixam no perfil acima.
Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por
ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no
que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples.
Entre as sociedades em comum estão:
a) aquelas que existem apenas de fato, por não terem sequer contrato escrito;
b) as que possuem contrato escrito não registrado no órgão competente; ou
c) aquelas que, mesmo registradas, passaram por uma substancial mudança em
suas cláusulas essenciais, previstas no art. 997, CC, como a que aponta
mudança de endereço, não tendo levado a registro tais modificações.

não levou os atos constitutivos a registro

Sociedades em comum não teve contrato

Está desatualizada

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

1 - Irregularidade originária e superveniente


1.1 - Irregularidade originária

O art. 986 do Código Civil retrata, inicialmente, a sociedade que não levou os seus atos constitutivos
a registro e que desde o princípio está em condição de irregularidade.
As sociedades de fato, sejam as que sequer possuem contrato escrito, também acabam
enquadradas nesse dispositivo, pois, muito embora não haja disposição expressa, esse capítulo é o
que melhor oferece solução para a sua condição, em aplicação análoga.
O enunciado 58 da I Jornada de Direito Civil do CJF é no sentido de que a sociedade em comum
compreende as figuras doutrinárias da sociedade de fato e da, como demonstramos supra.
Além disso, o enunciado 383 da IV Jornada de Direito Civil, elucida, que a falta de alteração
contratual versando sobre matéria no art. 997 - irregularidade superveniente - art. 999, parágrafo
único), conduz à aplicação das regras da sociedade em comum.

1.2 - Irregularidade superveniente

É aquela sociedade que, muito embora, tenha contrato escrito e até registro de seu ato constitutivo,
acabou sofrendo alteração em relação a uma ou mais cláusulas essenciais do contrato, previstas
no art. 997 do CC, mas não levou tais alterações a registro no órgão competente.
Seria o caso da empresa que muda o seu endereço antes na cidade de Guarulhos, para que,
posteriormente, passe a operar em Osasco, tudo isso, sem levar a alteração de endereço a registro
no órgão competente.
Em conclusão, estamos diante de sóciosm, que, eventualmente, constituem uma sociedade com o
seu devido registro, mas deixam de atualizá-la nos órgãos registrais, acerca de alterações como
capital, endereço e responsabilidade dos sócios.

2 - A prova da existência da Sociedade em Comum


A irregularidade oferece dificuldades para que terceiros possam provar a existência desse tipo de
sociedade.
Um bom exemplo, é o caso do consumidor (terceiro) que adquire uma roupa com defeito em uma
banquinha de vendedores ambulantes, eventualmente sócios. Assim, diante da necessidade de
ajuizamento de ação judicial em uma relação de consumo ou mesmo trabalhista, haverá dificuldade
de provar a existência da sociedade em questão.
Em vista disso, o art. 987 do CC considera que terceiros podem provar por qualquer modo a
existência desse tipo de sociedade, já os sócios, nas relações entre si, devem provar por escrito.
Art. 987. Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podem
provar a existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-la de qualquer modo.

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

Assim, trazemos um exemplo mais. Caso o trabalhador queira ajuizar uma ação trabalhista, poderá
utilizar-se de documentos ou testemunhas, já os sócios da sociedade em comum, em vista da
irregularidade, apenas poderão utilizar de prova escrita (documentos.).
Tais regras têm caráter punitivo, afastando quaisquer benefícios concedidos por lei às sociedades
irregulares, além de trazerem pesada responsabilização para os seus sócios, como, por exemplo, o
fato de serem declarados falidos e não poderem se beneficiar do instituto da recuperação de
empresas.

provam de qualquer
Terceiros
maneira
Prova de existência

Sociedade prova por escrito

3 - Patrimônio
A sociedade em comum foi descrita no art. 986 do Código Civil, como aquela que não tem os seus
atos constitutivos registrados no órgão competente. Em vista disso, sabemos que a prova de sua
existência é dificil. A prova da existência de seu patrimônio também é um assunto a parte.
Neste caso, como a sociedade não tem registro, e muito menos, personalidade jurídica, não será
possível, por questão de ordem lógica, que a sociedade tenha bens em seu nome. Aliás, a
sociedade não poderá abrir uma conta-corrente ou obter um CNPJ.
Imagine o caso de um sócio de uma sociedade que pratica a atividade de “PET SHOP”, e que, em seu
próprio nome, de pessoa natural, possua uma casa, um carro e uma conta bancária com R$
100.00,00 (Cem mil reais). Imagine ainda, que o carro é utilizado para as compras da empresa.
Neste caso, o bem está afetado pela empresa.

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

Assim, todo o patrimônio que esteja em nome dos sócios, mas esteja afetado pela empresa, será
considerado patrimônio especial. Seus bens e dívidas sociais, constituem patrimônio especial,
segundo o art. 988 do CC, do qual seus sócios são titulares em comum.
“Art. 988. Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios são
titulares em comum.”
A título de exemplo, imaginemos que um sócio adquiriu um carro para que a empresa faça as suas
entregas, e o tenha feito em seu próprio nome. Nesse caso, ainda que formalmente o veículo faça
parte de sua esfera de bens e direitos, será considerado como patrimônio especial e servirá para
pagamento de obrigações eventualmente contraídas pela sociedade.

4 - Responsabilidade dos sócios

A responsabilidade dos sócios perante as obrigações sociais será ilimitada e solidária, sendo que,
nesse caso, os bens dos sócios responderão apenas após a execução os bens da sociedade, conforme
artigo 990 do Código Civil, a seguir.
Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais,
excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela
sociedade.
Note, que o art. 990 do Código Civil, faz referência ao artigo 1.024 do mesmo diploma, que existe
justamente para explicar a ilimitação de responsabilidade.
Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da
sociedade, senão depois de executados os bens sociais.
O dispositivo acima explica o conceito de ilimitação, como segue a explicação. No caso de dívidas da
sociedade, os bens sociais (patrimônio especial) devem responder em primeiro lugar, para que,
apenas após isso, haja a responsabilização do patrimônio pessoal dos sócios.
Buscando uma melhor elucidação da matéria, a não limitação de responsabilidade perante terceiros,
nos traz o raciocínio de que a sociedade responderá em primeiro lugar por obrigações contraídas,
utilizando do patrimônio especial.
Vamos ao exemplo dos sócios Aristófanes e Mefistófeles, a seguir:

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

Sócio (1) Aristides. Possui um carro, que utilizará para buscar os animais de estimação em
casa, para a tosa e o banho, gerando conforto para os clientes. O carro está afetado pela
atividade empresarial, inclusive pelo fato de ter servido como a contribuição de Aristófanes
para a sociedade. Além disso, possui uma conta bancária particular, com positivo saldo no
valor de R$ 200.000,00.

Sócio (2) Mefistófeles. Possui uma casa, utilizada para a empresa que pratica a confecção
de roupas. A casa correspondeu à contribuição de Mefistófeles para a sociedade. A casa
está afetada pela atividade empresarial. Além disso, possui uma conta bancária no valor
de R$ 100.000,00.

Neste caso, podemos dizer que o carro em nome de Aristófanes e a casa em nome de
Mefistófeles, afetados pela atividade empresarial, são considerados bens sociais
(patrimônio especial), e que caso haja uma dívida com terceiro, o carro e a casa serão
primeira e diretamente responsabilizados, para que, somente após isso, seja possível a
execução das contas bancárias particulares dos sócios.

O dispositivo, um dos mais cobrados em provas de concursos, deixa claro a responsabilidade


ilimitada. Assim, bens da sociedade (Afetados/Patrimônio especial), respondem em primeiro
lugar, e apenas após isso, os bens particulares.
Temos a exata ideia da responsabilidade ilimitada. A pergunta que fica! Sanchez, já sabemos o que
é ilimitação, mas o que é responsabilidade solidária? Uma vez mais, transcrevemos o art. 990 do
Código Civil.
Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais,
excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela
sociedade.
Após o esgotamento das tentativas de cobrar a dívida por intermédio dos bens sociais, ocorre o
avanço no patrimônio particular dos sócios, que, entre si, respondem solidariamente. A
solidariedade significa, que a dívida toda pode de ser cobrada de qualquer um dos sócios,
independentemente de ordem.
Neste caso, você pode perguntar: Sanchez, o sócio que pagou a dívida toda, poderá cobrar a parte
que é proporcional à participaçao do outro ou outros sócios? Sim, é o que se denomina “Direito de
Regresso”.

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

A conclusão deste tópico, segue para explicar que, em primeiro lugar, é necesssário cobrar os bens
da sociedade, para que, apenas por último, o patrimônio particular dos sócios seja alcançado,
solidariamente.
Para a exata compreensão do tema, ainda é necessário preocupar-se com o sócio contratante.
Utilizaremos, uma vez mais, O exemplo de Aristófanes e Mefistófeles, sócios da Sociedade
Peloponeso LTDA, que não teve os seus atos constitutivos levados a registro.
Nesse momento, além de sócio, Aristófanes será o sócio responsável pelas contratações, inclusive,
a aquisição dos bens para reposição do estoque, contratação de funcionários, entre outras coisas
mais.
Você notará, que após aprender a responsabilidade dos sócios na sociedade em comum, nada
mais será temido. Pode confiar!

5 - Responsabilidade dos sócios e o sócio contratante

A responsabilidade dos sócios perante as obrigações sociais será ilimitada e solidária, sendo que,
neste caso, os bens dos sócios responderão apenas após a execução os bens da sociedade, conforme
artigo 990 do Código Civil, relembremos, a seguir.
Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais,
excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela
sociedade.
Ocorre que, o mesmo artigo 990 do Código Civil, explica que o sócio contratante será excluído do
benefício de ordem. A sua primeira pergunta é: Quem é o sócio contratante? Vamos para a
resposta, a seguir.
Trata-se do sócio que realiza determinado ato em nome da sociedade, como é o caso do sócio que
realiza a reposição das mercadorias de estoque, como a reposição da ração no“PET SHOP” de nosso
exemplo. No ato de aquisição das mercadorias, este sócio será considerado o contratante.
A partir do momento que você já sabe quem é o sócio contratante, surge uma outra pergunta: O
que é benefício de ordem? Meu amigo, essa é mais tranquila do que aparenta. As respostas a seguir,
fornecerão tudo de que precisamos para explicar essa parte tão cobrada nos concursos.
Caso você esteja sendo cobrado, pense comigo, ter o direito de ficar por último na ordem de
cobrança, é um benefício. Sim, o benefício é ficar por último na ordem de cobrança!

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

Assim, os sócios, em vista de seus patrimônios particulares, possuem o benefício de serem cobrados,
apenas após o esgotamento de todas as tentativas de avançar no patrimônio da sociedade. Esse é
exatamente o conceito de responsabilidade ilimitada previsto no art. 1.024 do Código Civil, citado
pelo artigo 990, como uma vez mais trascrevemos.
Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais,
excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela
sociedade.
O final do artigo em comento, é para explicar que o sócio que contrata em nome da sociedade
perde o benefício de ordem, logo, responderá na mesma ordem dos bens sociais, como
explicaremos mais.
De acordo com o dispositivo, no caso de uma dívida com terceiro, em primeiro lugar, estará o
patrimônio da sociedade e do sócio contratante, solidariamente. O único patrimônio preservado,
o único patrimônio que estará em último lugar, de fato, é do outro sócio, que em nosso exemplo é
o sócio Mefistófeles.
O exemplo nos acompanhará para que não reste qualquer dúvida!

Sócio (1) Aristides. Possui um carro, que utilizará para buscar os animais de estimação em
casa, para a tosa e o banho, gerando conforto para os clientes. O carro está afetado pela
atividade empresarial, inclusive pelo fato de ter servido como a contribuição de Aristófanes
para a sociedade. Além disso, possui uma conta bancária particular, com positivo saldo no
valor de R$ 200.000,00. ADVERTÊNCIA: Aristides é o sócio contratante!

Sócio (2) Mefistófeles. Possui uma casa, utilizada para a empresa que pratica a confecção
de roupas. A casa correspondeu à contribuição de Mefistófeles para a sociedade. A casa
está afetada pela atividade empresarial. Além disso, possui uma conta bancária no valor
de R$ 100.000,00.

No caso do exemplo, podemos dizer, agora definitivamente que o carro em nome de


Aristófanes e a casa em nome de Mefistófeles, que são considerados como patrimônio
especial serão diretamente executados, assim como também, a conta bancária de
Aristides, sócio contratante. Os bens de Mefistófeles, serão executados em último lugar,
repiso, após todos os anteriores.

Meu amigo, a responsabilidade de explicar essa matéria é grande, pois noto que o
aprendizado deste tema, gera uma enorme segurança para quem se debruça no Direito
Societário.

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

De acordo com o dispositivo, no caso de uma dívida com terceiro, em primeiro lugar, estará o
patrimônio da sociedade e do sócio contratante, solidariamente. O único patrimônio preservado,
o único patrimônio que estará em último lugar, de fato, é do outro sócio, que em nosso exemplo é

o sócio Mefistófeles.

Ilimitada:
→ 2º - Patrimônio do
→ 1º - Bens Sociais; e
Perante terceiros sócio(s) não
do Sócio Contratante.
contratante(s)
→ Solidariamente
Responsabilidade dos
sócios

Entre os sócios solidária

Vamos ao estudo de uma questão!


Você terá, a partir de agora, a oportunidade de estudar uma questão como forma de percepção e
apreensão do conteúdo tratado até o presente momento. Quero muito que você note o quanto o
seu esforço tem sido válido. Após resolvê-la, já na página posterior, você encontra os comentários,
alternativa por alternativa.

Os pactos limitando poderes aos sócios administradores, como por exemplo, a limitação do poder para que
determinado sócio não efetue compras, apenas valerão para terceiros que conheçam o pacto, do contrário,
não haverá nenhuma obrigação ou responsabilidade para quem contratar com a sociedade em comum,
conforme o art. 989 do Código Civil, a seguir.

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

Art. 989. Os bens sociais respondem pelos atos de gestão praticados por qualquer dos
sócios, salvo pacto expresso limitativo de poderes, que somente terá eficácia contra o
terceiro que o conheça ou deva conhecer.
Nesse caso, a sociedade poderá se eximir da responsabilidade, já que fará prova, a título de exemplo, que
o seu administrador não tinha poderes para transacionar em nome da sociedade a aquisição de mercadorias
com terceiros. Assim, o terceiro e administrador podem demandar em juízo, mas a sociedade estará
protegida.
Finalmente, se o pacto que limita poderes ao administrador não for conhecido pelo terceiro, este não
será, de forma alguma, prejudicado, e a sociedade, responderá pelo ato.

6 - Consequências da irregularidade registral


A irregularidade do empresário faz com que ele não possa usufruir dos benefícios que lhe são reservados,
trazendo certas restrições a seguir identificadas:

1. A Lei de Recuperação de Empresas e Falências prescreve que o empresário que não comprova
sua qualidade de empresário regular não possui legitimidade ativa para instaurar pedido de
falência de outro empresário, pois necessita juntar certidão da junta estadual que comprove a
regularidade de suas atividades, nos termos do art. 97, § 1º, da Lei 11.101/2005;

2. O empresário irregular não possui legitimidade ativa para pedido de recuperação de


empresas, nos termos do art. 1º da Lei 11.101/2005;

3. O empresário irregular não poderá ter seus livros empresariais autenticados no registro das
empresas mercantis, uma vez que não possui inscrição na junta estadual.

4. O empresário irregular não poderá participar de licitação pública - art. 28, II, III, IV e V, da Lei
8.666/1993;

5. Não poderá registrar-se no CNPJ, no Estado e no Município - sujeitando-se às sanções


previstas nas leis tributárias.

6. Ausência de matrícula junto ao INSS, o que acarreta pena de multa (art. 49, § 3º c/c art. 92 da
Lei 8.212/1991).

Sociedades em Conta de Participação

Outra espécie de sociedade não personificada é a sociedade em conta de participação (arts. 991 a 996). Essa
sociedade não é irregular. Trata-se de um empreendimento que figura sob o nome, responsabilidade e
personalidade jurídica de uma pessoa natural ou pessoa jurídica, que se denominará Sócio Ostensivo. Por
essa razão, não há irregularidade, mas explicaremos melhor.

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

Imagine que uma pessoa jurídica qualquer denominada Alpha Ltda., pode criar sob o seu nome,
responsabilidade e personalidade três hotéis em cidades diferentes, sendo cada um deles um
empreendimento, e todos em nome da mesma pessoa jurídica.

Com a compreensão dessa introdução, fica mais fácil entender o conceito que buscamos explicar. Agora
imagine que, em um desses hotéis/empreendimentos, a pessoa jurídica que o administra queira ter sócios
investidores. Nesse caso, o contrato havido entre a pessoa jurídica e os investidores se denomina Conta de
Participação.

Assim, a Conta de Participação nada mais é do que um empreendimento regular, por estar em nome de
uma pessoa natural ou jurídica que empresta o seu nome e personalidade, assumindo toda a
responsabilidade pelo mesmo empreendimento. Esse sócio se chamará ostensivo e os investidores serão
os participantes.

1 - Categorias de Sócios
Uma sociedade oculta, para tanto, não possui firma social e seu contrato não pode ser arquivado na Junta
Estadual.

Essa sociedade possui duas categorias de sócios: o sócio ostensivo, que responde e contrata pela
sociedade, possuindo responsabilidade solidária e ilimitada pelas obrigações sociais; e o sócio
participante, mero investidor que não figura em nome da sociedade, razão pela qual possui
responsabilidade limitada apenas ao que investiu.

É importante considerar que a contribuição das duas categorias de sócios constituirá patrimônio especial
da sociedade em conta de participação, assim como já tratamos a hipótese a respeito da sociedade em
comum.

Caso a conta de participação tenha o seu ato constitutivo levado a registro, de qualquer maneira o ato não
será considerado para oferecer personalidade jurídica própria de empresário.

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

• Responde e contrata pela sociedade


• Responsabilidade solidária e ilimitada
Sócio Ostensivo • Investimento
• Lucros
• Fiscalização

• Não figura em nome da sociedade


• Mero investidor
• Nao tem responsabilidade
Sócio Participante
• Investimento
• Lucros
• Fiscalização

O registro em qualquer órgão não confere personalidade jurídica própria


de empresário

2 - Dissolução de Liquidação da Conta de Participação


A sociedade em conta de participação, por regra contida no art. 996 do CC, tem a sua liquidação regida pela
prestação de contas, assim, o sócio participante deverá ajuizar ação de exigir contas, com base no art. 550
do CPC, especificando detalhadamente as razões para que haja a prestação de contas, situação em que o
autor poderá contestar no prazo de 15 dias.

A decisão judicial apurará o saldo, se houve, para constituir título executivo em favor do autor da ação, caso
nessa fase do processo o pagamento não seja espontâneo.

3 - Falência dos Sócios


Como a sociedade figura sob a responsabilidade do sócio ostensivo e em seu nome, seja ele pessoa natural
ou jurídica, a sua falência implica a dissolução da própria sociedade, sendo que os participantes serão
considerados quirografários no processo falimentar.

Já a falência do sócio participante implica a necessidade de liquidação de sua parte para pagamento de
seus credores, tudo conforme a regra contida no art. 994 e parágrafos.

Art. 994. A contribuição do sócio participante constitui, com a do sócio ostensivo,


patrimônio especial, objeto da conta de participação relativa aos negócios sociais.
§ 1o A especialização patrimonial somente produz efeitos em relação aos sócios.

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

§ 2o A falência do sócio ostensivo acarreta a dissolução da sociedade e a liquidação da


respectiva conta, cujo saldo constituirá crédito quirografário.
§ 3o Falindo o sócio participante, o contrato social fica sujeito às normas que regulam os
efeitos da falência nos contratos bilaterais do falido.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Profa. Isabella Pires:
Com isso, me despeço de vocês por hoje! Voltaremos amanhã para dar continuidade ao
nosso projeto rumo à aprovação!
Aproveito para, mais uma vez, deixar meus contatos caso tenham dúvidas, críticas,
sugestões!
Vocês podem entrar em contato pelo fórum do curso ou ainda:
E-mail: [email protected]

Instagram: @profaisabellapires

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