Relatório Mesa Redonda

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

Lucas Carvalho de Souza

Relatório da mesa redonda realizada no dia 16/05/23


Saúde e doença na Idade Média

Dra. Leicy Francisca


Dra. Maria Fagundes
Dra. Roseli Tristão
Dr. Edson Arantes

URUAÇU
2023
A mesa redonda foi dividida em três partes, apresentadas pelos três
professores presentes. O tema “Saúde e doença na Idade Média” abrange
diversas partes e matérias relacionadas a história, sendo assim, de suma
importância para compreender coisas básicas como: doenças que assolaram a
humanidade e como elas se comportavam, como a doença era vista pela
população, todo o contexto religioso por trás da sacralidade das enfermidades,
e é claro, entender um pouco mais sobre a sociedade em geral em tempos
medievais.

Apesar de ser um tema extenso em questão de conteúdo, os professores


irão dar um foco maior nas grandes doenças conhecidas até os dias atuais por
sua grande área de ação e como elas afetavam as relações das pessoas, como
a peste negra e a lepra.

Na primeira parte, temos a Dra. Maria Fagundes com o seu tema “A peste
em escritos médicos ibéricos” onde a mesma faz uma análise de como a
medicina dos tempos medievais enxergavam a peste, a definição dessa doença
e as possíveis causas para essa doença. A professora faz uma breve explicação
que o termo “peste negra” surge depois, e não no exato período em que tudo
ocorreu, fazendo uma correção onde chama a doença de “primeira peste”.

Em uma apresentação, Dailza nos apresenta os ofícios médicos do


medievo, que eram divididos em: Físicos, que eram os cirurgiões; os boticários,
que cuidavam do preparo de medicamentos; as parteiras, que estavam
diretamente ligadas ao auxílio e cuidado da saúde das gestantes e os
menescais, que cuidavam do exército, dos guerreiros e também dos animais.

A saúde era definida como um estado em que a pessoa manteria o curso


da natureza, ou seja, a doença seria o oposto da saúde, um estado não-natural,
caracterizando assim a enfermidade. Com isso, o objetivo da medicina era
manter a saúde, deixar da forma mais “natural” possível, considerando que o
curso da natureza fosse visto como a saúde essencial.

Maria Fagundes explica como os médicos da época medieval


argumentavam sobre as possíveis doenças que existiam, e como eles buscavam
soluções que moldaram a medicina da época, e que com certeza influenciou a
medicina atual, claramente com os dias de hoje, temos muitas informações que
os físicos medievais não tinham, mas que ainda conseguiam usar a lógica e
ajudar as pessoas que precisavam.

A doutora se aprofunda mais no tema falando sobre os regimentos de


epidemia ibéricos, que eram basicamente, um conjunto de medidas que eram
adotadas para o enfrentamento de epidemias durante a Idade Média,
principalmente a peste negra, que é o assunto tratado pela professora. Os dois
regimentos citados pela professora foram o “Regimento de preservação da
Pestilência” escrito por Jacme d’Agramont (1348), onde o mesmo define as
definições da pestilência, os sinais e alterações que causavam nos seres vivos,
entre outras informações cruciais sobre a doença, o segundo citado é o “Tratado
sobre a peste” escrito por Ibn Játima (1349), onde ele trata principalmente dos
assuntos sobre o conhecimento real sobre a peste, as causas da epidemia, como
e porque alguns familiares não eram afetados com a peste, e também outras
informações sobre a doença em si.

A peste é uma doença transmitida pelo ar, e com a religiosidade em alta,


eles acreditavam que o ar, quando está puro, a pessoa ficaria saudável, mas
quando o ar se encontra corrompido, geraria doenças epidêmicas, por isso evitar
cemitérios era necessário, assim como, em ambientes de guerras e conflitos
onde pessoas morriam, os físicos aconselhavam enterrar os corpos o mais
rápido possível, para evitar a propagação de doenças no ar, já que essa crença
era tão forte. Então a mentalidade de vírus, bactérias não era algo cotidiano, eles
não possuíam o conhecimento que nós temos hoje, o que dificultou muito as
causas e possíveis tratamentos nesse período. A peste, a epidemia, a pestilência
e a mortalidade são conceitos explicados na fala da professora de acordo com a
visão de Jacme d’Agramont e Ibn Játima, para melhor contextualização do
conteúdo explicado.

Já na conclusão de sua fala, Maria Fagundes destaca melhor os sintomas


sentidos pelas pessoas acometidas pela peste, sendo principalmente uma tosse
intensa, inchaço no corpo, dor de cabeça, hemorragia, desmaio, náuseas e
vômito; As formas de contágio se resumem em contato com os doentes, roupas
usadas, objetos tocados por pessoas que estavam com a peste, caso esse, que
foi fundamental para melhor entendimento da doença, e por fim, as formas de
prevenção como a higiene e saneamento de todos, o exercício era incentivado,
pois era visto como uma forma de se manter saudável, então quem não possuía
esse costume, supostamente seria uma pessoa mais fácil de pegar essa doença,
não havia um medicamento específico aconselhado para pessoas com a peste,
mas existiam medicamentos para combater outros sintomas da peste, coisa que
não garantia a vivência dessa pessoa, mas dava-a maiores chances de
sobreviver. Se alimentar bem e evitar o contato com pessoas doentes era o
fundamental para diminuir as chances de adquirir essa doença.

Na segunda parte das falas, temos professora Leicy Francisca, com o


tema “Lepra: A epidemia e o medo no período medieval”, a professora é muito
cuidadosa com o termo da doença, e explica que atualmente, a palavra lepra só
é usada quando tratada em contextos antigos, já que agora, a doença é referida
com o nome de hanseníase. O objetivo de Leicy com esse tema é simples,
explicar a interferência de doenças (no geral) na vida cotidiana da sociedade, e
como a lepra era vista em meio á isso, como era feito o cuidado dos enfermos,
e o medo crescente das pessoas.

Para maior contexto, a professora doutora explica o conceito de “doença”


assim como a professora Dailza, e adiciona mais termos á sua explicação, como
as doenças endêmicas, que nos traz uma doença que está em determinado
espaço, que se remete ao lugar, e as doenças epidêmicas, que está relacionada
á população, uma doença que na maioria das vezes vêm de fora, que é trazido
por grupos externos.

A lepra é mostrada como a representação do medo, a sombra da vida, a


grande praga. Teria chegado em proporções imensas, onde levava a população
ao pavor, e alguns profissionais até dizem que nem mesmo a peste negra teria
trazido esse pânico populacional. A professora traz algumas referências
religiosas, onde a lepra se faz presente em inúmeros textos religiosos, e lá, a
lepra teria uma ligação direta com o pecado, seria vista como uma “maldição”,
uma espécie de castigo divino, e quem tinha essa doença, era visto como impuro
e sofria represálias durante muito tempo. Leicy aponta um erro de tradução,
quando a lepra é citada na bíblia, essa palavra se refere diretamente ao pecado,
a uma exclusão de um indivíduo e não a doença em si, causando certa confusão
a um leitor desavisado.
A ideia de hospital na idade média é diferente da que vemos nos dias
atuais, já que, antigamente, o hospital era visto como um lugar “para morrer”, e
não um local de saúde e restauração. Várias instituições como essas foram
criadas com o objetivo de servir a Deus e aos homens, então esses serviços, e
hospitalidade que existiam nos hospitais. Milhares dessas instituições foram
criadas no período medieval através de doações de fiéis, e tinham curta duração,
não existia uma separação de leitos ou categorias como temos hoje, era um lugar
que servia como um “refúgio” para quem necessitava.

Durante os séculos VI e VII, a lepra cresceu rapidamente, se espalhou


para a Europa, criando sérios problemas sociais, e logicamente sanitários. Uma
das especulações para esse grande crescimento, teria sido os deslocamentos
de população resultante das cruzadas, já que no retorno, os cruzados trouxeram
casos de contaminação. (Rosen, 1994, p. 59-60)

A professora fala sobre as leprosarias, que eram locais feitos com o


objetivo de isolar pessoas que tinham a doença da lepra, e também eram
chamadas de hospital-colônia. Com isso, surge uma abertura para o
desenvolvimento normas específicas para os cuidados com os leprosos.

As condutas para os doentes se fortalecem a partir do século XIII, houve


uma segregação dos leprosos, já que o contato direto, até o momento, era o
principal meio de transmissão da doença, com isso, os leprosos eram impedidos
de fazer as coisas mais básicas que haviam, como visitar os poços que serviam
a comunidade, usar cozinhas, ou até mesmo lavar roupa junto com os não-
infectados.

Na conclusão de sua fala, a doutora Leicy Francisca volta a falar sobre as


leprosarias e a segregação dessas pessoas, e também cita o principal modo de
controlar a enfermidade, uma ação de Saúde Pública, por pura necessidade
populacional, que consiste no isolamento de pessoas vítimas de doenças
contagiosas. Mesmo após a identificação da doença, os meios de contágio
reconhecidos e medidas de isolamento, o medo perdurou por muitos anos, e até
se tornando uma preocupação em outras regiões, fazendo com que os cuidados,
os padrões de prevenção e formas de isolamento, continuassem até o século
XX.
Na terceira e última parte temos as falas da doutora Roseli Tristão, que
não conseguiu comparecer, mas teve suas ideias repassadas pelo professor
Edson Arantes. O título do texto da professora é “A lepra no oriente e ocidente
da antiguidade a Idade Média”. A lepra é vista como uma doença milenar
associada a condições de pobreza e higiene precárias, isolada pela primeira vez
em 1872 pelo médico norueguês Gerhard Armauer Hansen, que levou também
ao nome de “Hanseníase”, em uma explicação breve sobre as provocações da
doença nos corpos das pessoas, o professor segue com os pensamentos da
professora.

O período de encubação da lepra é longo, chega a 20 anos, e seu


tratamento é por meio de um coquetel de três medicamentos de baixo custo,
distribuído pela Organização Mundial da Saúde. As principais zonas de difusão
se resumem na Índia, que apresenta cerca de 75% dos casos, seguidos por
Brasil, Nepal, Moçambique, Madagascar e Angola. Assim como a doutora Neilza
tinha comentado, o preconceito com o termo “lepra” ainda é muito grande, o que
a fez usar o termo “hanseníase”, apesar de que “lepra” ainda pode ser usado em
certos contextos históricos para melhor entendimento. A palavra lepra vem do
grego, que significa “esfoliar” e no período helênico, esse termo era visto como
impureza ou desonra.

O tema da lepra, foi usado nas três apresentações durante essa mesa
redonda, apesar de termos muitas informações sobre isso, uma parte das
informações foram repassadas em outras palavras, como os métodos de
cuidado, de tratamento, de quarentena e como essa doença era tratada por
pessoas que a viam de fora.

O mundo ocidental conhecia a doença antes do século I A. C, já que


existem descrições da mesma, apesar dos comentários de alguns profissionais
de que a lepra só teria sido introduzida na atmosfera após esse período.

A hanseníase é uma enfermidade que ataca diretamente o físico de uma


pessoa, causando deformidades e feridas por todo o corpo, e esse era um dos
motivos de acharem a lepra uma impureza, toda a danificação causada era vista
como uma forma de pagar os pecados (no contexto religioso), e faziam com que
as pessoas tivessem medo dos infectados. Além de estarem em uma época sem
um tratamento eficaz e sem possibilidade de cura, aumentando ainda mais a
tensão populacional em relação às pessoas doentes.

Na mesa redonda apresentada no dia 16 de maio de 2023, traz um tema


de fundamental importância, tanto pra entendermos como as doenças eram
tratadas em épocas com poucas informações medicinais, se comparado com os
dias atuais, tanto pra entendermos o preconceito contra as pessoas que tinham
essas doenças. A peste negra e a lepra são conhecidas por seus danos na
humanidade, e são usadas como exemplos de epidemias mundiais, desde que
partimos do ponto mais básico da história, em algum momento iremos nos
encontrar com esses tópicos. No geral, podemos compreender o verdadeiro
fundamento do funcionamento médico em tempos medievos, e analisar de forma
breve a forma dessas pessoas lutarem contra enfermidades tão perigosas.

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