Portfólio Saúde Do Idoso
Portfólio Saúde Do Idoso
Portfólio Saúde Do Idoso
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
SUMÁRIO
7– Imobilidade no idoso.......................................................................................51
8– Demência no idoso..........................................................................................58
9– Depressão no idoso.........................................................................................72
13– Referências.................................................................................................109
2
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
HISTÓRIA
1903 – Elie Metchnikoff criou a Gerontologia; (estudo do envelhecimento)
1909 – Dr Ignatz Leo Nascher criou a Geriatria. Considerado o Pai da Geriatria;
1961 – Fundação da Sociedade Brasileira de Geriatria (SBG);
1968 – A SBG incorporou a Gerontologia e passou a ser chamada de Sociedade Brasi-
leira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). Aceitou a inclusão de profissionais não médi-
cos. Gerontólogo pode ser qualquer profissional de saúde, não exclusivos a médicos
2003 – Criação do Estatuto do Idoso em 01/10/2003 sob a lei nº 10.741.
EPIDEMIOLOGIA
Expectativa de vida
(sempre em crescimento)
1900: mulheres 44 anos*
2021: mulheres 77 anos*
2025: acima de 80 anos*
Maiores gastos*
3
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
FEMINIZAÇÃO DA VELHICE
TERMOS BÁSICOS
IDOSO: É toda pessoa com 65 anos ou mais nos países desenvolvidos e 60 anos ou mais
nos países em desenvolvimento (Organização Mundial de Saúde). Expectativa de vida é
maior nos países desenvolvidos*****
V A N E S S A L U D W I G
TIPOS DE IDADE
Cronológica
Funcional: necessidade de saber sobre a independên-
cia/autonomia
Psicológica: saber como está a sanidade mental (Depressão
é a + comum)
Biológica: aparência da pessoa
Social: representa a capacidade social da pessoa (trabalho vo-
luntário—sempre incentivar—reduz chances de se sentir ‘’inútil’’,
auxilia na depressão)
IDOSO VULNERÁVEL
5
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Em resumo:
A avaliação global de saúde da pessoa idosa deve contemplar as dimensões social, clíni-
ca, mental e funcional, e contribuir na identificação do conjunto das necessidades do ido-
so, possibilitando a otimização da alocação de recursos e estratégias de cuidado. Ao mes-
mo tempo, deve ampliar a compreensão do processo de envelhecimento permitindo a
identificação e classificação de riscos e finalmente a elaboração de Projeto Terapêutico
Singular.
6
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
CUIDAR DE UM IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Em resumo:
A reflexão bioética na sua essência é um grito pelo resgate da dignidade de vida humana,
ao nascer, crescer, desenvolver-se, atingir a maturidade, envelhecer gracio-
sa/elegantemente após muito viver e, quando chegado o momento, dignamente dizer
adeus. Isso sem esquecer o contexto maior em que a vida humana está inserida, ou seja,
o contexto socio político-econômico, meio ambiente e biosfera (Pessini e Barchifontaine,
2006).
A rotina imposta aos médicos será sempre a de reconhecer e perseguir múltiplos objeti-
vos, que podem ser complementares ou excludentes. Curar a enfermidade quando possí-
vel for, cuidar da insuficiência orgânica, compensar a perda, aliviar os sofrimentos, con-
fortar pacientes e familiares, acompanhar ativamente e com serenidade os últimos mo-
mentos da vida do idoso. Tarefa nem sempre fácil e isenta de frustrações, pois obriga os
profissionais a considerar, caso a caso, o justo equilíbrio nas tomadas de decisões clíni-
cas, evitando a obstinação terapêutica em situação de terminalidade da vida, reconhe-
cendo a finitude humana e as limitações da ciência médica.
V A N E S S A L U D W I G
FATORES ASSOCIADOS:
Internos: genética
Externos: estilo de vida (alimentação balanceada, controle do stress, atividade física re-
gular, uso consciente de álcool, não fumar, atividade física regular), exposição ambiental
ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS:
SISTEMA CUTÂNEO
Anatomia-Pele e Anexos (CEC, CBC 2 CA + comum no idoso)
Diminuição da barreira, espessura, fibras nervosas, colágeno
SENESCÊNCIA—PELE SENESCÊNCIA—ANEXOS
Seca Cabelos brancos (diminui a
Fina quantidade de melanócitos)
Pálida e fria Queda de cabelo (bulbo ca-
Sensível pilar)
Rugas
Manchas
9
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Anatomia—Unha
SENESCÊNCIA—ANEXOS
Unhas com menor crescimento
Unhas frágeis
Unhas sem brilho
Unhas com linhas verticais
Unhas do pé—onicomicose**
SISTEMA VISUAL
SENESCÊNCIA—OLHOS
Dificuldade na visão lateral
Lacrimejamento persistente
Ptose senil *Músculo levanta-
dor da pálpebra superior*
Bolsa infraorbitária
Aparelho lacrimal:
SISTEMA OSTEOMUSCULAR
SENESCÊNCIA—MÚSCULO
ESQUELÉTICO
Diminuição da massa muscular
Diminuição da força muscular
10
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Anatomia—Ossos
SENESCÊNCIA—OSSOS
Perda de massa óssea (a partir de 45/50
anos) Principalmente após a menopausa
e andropausa.
SISTEMA CARDIOVASCULAR
Anatomia—vasos sanguíneos
SENESCÊNCIA—VASOS SANGUÍNEOS
Aumento da rigidez da parede arterial
Diminuição do fluxo sanguíneos
Aumento da pressão arterial sistólica
Anatomia—coração
SENESCÊNCIA—CORAÇÃO
Aumento da rigidez do endocárdio, miocárdio e
das valvas
Contração prolongada
Menor enchimento ventricular esquerdo
Hipertrofia do ventrículo esquerdo
Câmaras cardíacas aumentadas
**fibrilação atrial—muito comum
11
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
SISTEMA NERVOSO
Anatomia—encéfalo
SENESCÊNCIA—encéfalo
Diminuição do volume cerebral, principalmente do
lobo frontal e temporal
Diminuição das sinapses
Diminuição da síntese de proteínas e lipídios
Diminuição da condução nervosa
Redução do fluxo sanguíneo cerebral
Barreira hematoencefálica está enfraquecida
Alteração do sono
SISTEMA RESPIRATÓRIO
Anatomia—árvore respiratória
SENESCÊNCIA-pulmões
Perda do tecido septal
Dilatação dos alvéolos
Aumento dos espaços aerados
Diminuição da superfície de troca gasosa
Diminuição do surfactante pulmonar
Perda da elasticidade pulmonar
12
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
SISTEMA HEMATOPOIÉTICO
Anatomia—medula óssea
SENESCÊNCIA-medula óssea
Diminuição do numero de hemácias
Diminuição de hemoglobina
Diminuição do hematócrito
Demora no inicio da eritropoiese após sangramento
importante
Não altera o numero de plaquetas
HEMATOPOISE
SISTEMA URINÁRIO
Anatomia-rim
SENESCÊNCIA—rim
Perda do tecido renal com diminuição do volume
(após os 50 anos)
Diminuição da função renal (50% menor aos 85 anos)
Diminuição da filtração glomerular
Diminuição da produção de renina
Diminuição da capacidade funcional dos receptores do
hormônio antidiurético (ADH)
Diminuição da capacidade funcional dos receptores de
Peptídeo natriurético atrial (ANP)
13
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
SISTEMA ENDÓCRINO
Anatomia e fisiologia—tireoide
SENESCÊNCIA—tireoide
Diminuição da produção dos hormonos tireoidianos
Diminuição do metabolismo celular
Diminuição do efeito calorigênico
Anatomia e fisiologia—pâncreas
SENESCÊNCIA—pâncreas
Intolerância a glicose:
Perda de tecido pancreático
Diminuição da produção de insulina
Aumento do tecido adiposo corporal
Aumento da resistência a insulina
Aumento da gliconeogênese hepática
Aumento dos níveis de glucagon
SISTEMA DIGESTIVO
Anatomia
BOCA
14
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
SENESCÊNCIA - boca
Retração gengival + exposição de raízes dentárias = CÁRIE
Perda de massa do osso maxilar e mandibular = PERDA DENTÁRIA
Maior atrito dos dentes = LESÃO DO ESMALTE
Perda de massa do músculo masseter e pterigoide = DIFICULDADE DE MASTIGAÇÃO
Perda das papilas gustativas = LÍNGUA LISA
Diminuição da produção de saliva = BOCA SECA (xerostomia)
ESÔFAGO
SENESCÊNCIA—esôfago
Aumento da espessura da camada muscular
Diminuição das células ganglionares mioentéricas
Diminuição da contração muscular
Diminuição do peristaltismo
Incompetência esfincteriana distal do esôfago
ESTÔMAGO
SENESCÊNCIA—estômago
Diminuição das células parietais (diminuição da produção de aci-
do clorídrico e fator intrínseco)
Diminuição da produção de prostaglandina (diminuição da pro-
dução de bicabornato)
Aumento da espessura da camada muscular (diminuição do pe-
ristaltismo, lentificação do esvaziamento gástrico)
Maior exposição a lesões
INTESTINO DELGADO
SENESCÊNCIA—intestino delgado
Diminuição das vilosidades (redução da absorção de nutrien-
tes)
Diminuição dos receptores de vitamina D (redução da absor-
ção de cálcio)
Diminuição da sensibilidade e dos neurônios mioentéricos
(lesões indolores)
Motilidade preservada
15
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
INTESTINO GROSSO
SENESCÊNCIA—intestino grosso
Aumento da espessura da camada muscular: redução do
peristaltismo
Perda dos neurônios sensoriais: lesoes indolores
Diminuição do tônus e da força do esfíncter anal: inconti-
nência
Fragilidade e herniação da mucosa intestinal: divertículos
(30-40% das pessoas acima de 50 anos)
SENESCÊNCIA– fígado
Perda de tecido hepático:
Deficiência na metabolização das substancias exó-
genas
Diminuição da produção de colesterol
16
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Em resumo:
O miocárdio sofre degeneração muscular com substituição de células miocárdicas por te-
cido fibroso. Também se observa acúmulo de gordura nos átrios e septo interventricular.
Tanto no pericárdio como no endocárdio, ocorre aumento do colágeno. Modificações que
são decorrentes do desgaste progressivo e da perda de elasticidade nas paredes arteriais
(e sua maior rigidez). Isso provoca aumento da calcificação das artérias e propicia o de-
senvolvimento de arteriosclerose.
Quando não acometido por doenças, o coração de um idoso funciona tão bem quanto de
um jovem. Porém, o idoso não atingirá frequência cardíaca máxima, dos tempos de ju-
ventude. Ou seja, esse coração por estar envelhecido, vai estar menos sensível a estimu-
lações beta-adrenérgica.
17
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Nesse texto você teve acesso a algumas das principais alterações no envelhecimento que
ocorrem em todos os sistemas do nosso organismo. Ele serve especialmente como um
panorama, pois os processos metabólicos são muito complexos e merecem ser estudados
a fundo.
A partir daí, percebe-se que a atenção ao indivíduo idoso deve ser feita de forma multi-
profissional, ou seja, incluindo diferentes áreas da medicina voltadas a atender suas ne-
cessidades.
18
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
EXAME DA CABEÇA
FÁSCIES, OLHOS, NARIZ, CAVIDADE ORAL, OUVIDOS
FÁSCIES
HIPOTIREOIDISMO
Rosto arredondado
Olhos pequenos
Cabelos secos
Apatia
PARKINSON
Fixa
Inexpressiva
Fronte enrugada
Pouca mobilidade palpebral
Tendência a babar
DEPRESSÃO
Fronte enrugada
Olhar sem brilho
Apatia
DEMÊNCIA
Mímica pobre
Lábios entreabertos
Olhar vago para o infinito
OLHOS—pálpebras
PTOSE PALPEBRAL
Unilateral ou bilateral
Condições:
Ptose senil
Lesão do 3° par craniano
19
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
XANTELASMA
Placa amarelada na região supraorbitária
e/ou infraorbitária
Condição: hiperlipidemia
OLHOS-conjuntiva
ICTERÍCIA
Olhos amarelados
Condições: coledocolitíase, neoplasias.
ANEMIA
Palidez de conjuntiva
Condições: deficiência de ferro, deficiência
de vitamina B12, doença crônica.
OLHOS-córnea
ARCO SENIL
Anel esbranquiçado no perímetro da córnea
Condição: hiperlipidemia
CAVIDADE ORAL
LÁBIOS, DENTES, LÍNGUA, PALATO
CAVIDADE ORAL
ÚLCERAS
Traumáticas
Câncer
ESTOMATITE
Inflamação da mucosa oral
Hiperemia e edema
Úlceras eventualmente
Condições: infecção, alergia
20
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
CANDIDÍASE
Placa branca ou amarelada com fundo erite-
matoso, ulcerado ou erosivo
Fatores predisponentes: uso inadequado de
prótese, falta de higiene
NARIZ—
PÓLIPO
Tumor benigno
Fator predisponente: inflamação crônica das
vias aéreas
OUVIDOS —
CERUME
CÂNCER
UNHAS Onicomicose
21
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Alterações na pele
SENESCÊNCIA
CIANOSE
Coloração azul-arroxeada da pele
Condições: DPOC, cardiopatia avançada, fe-
nômeno de Raynaud.
BAQUETEAMENTO DIGITAL
Arredondamento da ponta do dedo e alarga-
mento da unha
Condições: respiratórias (câncer e DPOC);
cardíacas (endocardite bacteriana)
ARTRITE
Dor, calor e edema nas metacarpofalangea-
nas e interfalangeanas proximais
Condições: artrite reumatoide; artrite psori-
ática
NÓDULOS—OSTEOARTROSE
Nódulos interfalangeanos distais (Heberden)
Nódulos interfalangeanos proximais
(Bouchard)
Gota (tofos subcutâneos)
SENESCÊNCIA
ONICOMICOSE
22
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Deformidade
PESCOÇO DE CISNE
Hiperextensão da articulação interfalangica
proximal e da flexão, com incapacidade de
extensão, da interfalângica distal
Condição: artrite reumatoide.
Tremor
ESSENCIAL
• Tremor fino e com frequência maior
• Tremor de movimento
• Piora com ansiedade, anormalidades metabólicas (tireotoxicose e abstinência alcoólica)
e uso de certos medicamentos e substâncias (beta-adrenérgicos agonista, corticoides,
inibidores da fosfodiesterase e cafeína)
• Melhora com o repouso e uso de álcool
• História familiar frequente
PARKINSON
• Tremor mais grosseiro e com frequência menor
• Tremor de repouso
• Inicia geralmente nas mãos de forma unilateral (contar dinheiro)
• Piora com ansiedade
• Melhora com os movimentos
OMBRO
SÍNDROME DO MANGUITO ROTADOR
JOBE
PATTE
GERBER
EXAME DO TÓRAX
INSPEÇÃO, AUSCULTA
INSPEÇÃO
TÓRAX EM TONEL
Aumento do diâmetro anteroposterior do
tórax
Condição: DPOC
23
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
TÓRAX CIFÓTICO
Aumento da curvatura dorsal da coluna ver-
tebral
Condições: senescência, artrose, osteoporo-
se avançada
AUSCULTA RESPIRATÓRIA
Torna-se mais difícil porque nem sempre os idosos conseguem realizar
inspirações profundas.
focos da ausculta
AUSCULTA CARDÍACA
Segunda bulha cardíaca: até a quarta década é mais inten-
sa no segundo espaço intercostal esquerdo do que no direi-
to. Em idade mais avançada, esta relação se inverte prova-
velmente devido a modificações na posição da aorta e da
artéria pulmonar devido ao envelhecimento;
SOPRO CARDÍACO
Prevalência de sopros sistólicos na população idosa é de aproximadamente 60%;
A causa mais comum é a doença valvar calcificada, sendo as valvas aórticas e mitral
as mais comumente afetadas;
Podem ser causados por uma estenose que restringe a abertura de uma valva cardíaca
ou uma insuficiência da valva que permite o fluxo inverso do sangue quando a valva in-
competente deveria estar fechada.
24
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
EXAME DA COLUNA
MANOBRA DE VALSALVA
• Possível compressão radicular:
Se houver acentuada exacerbação da dor ou irradiação da dor completa (até o pé)
MANOBRA DE LASEGUE
• Compressão radicular:
Se ocorre dor lombar ou esta se exacerba no trajeto do dermátomo de L4-L5 ou L5-S1
entre 30° e 60°
Prova inequívoca se teste positivo em 60°
EXAME DO ABDOME
INSPEÇÃO, AUSCULTA, PERCUSSÃO, PALPAÇÃO
INSPEÇÃO
ABDOME PLANO ABDOME ESCAVADO
Condições: peritonite Condições: desnutrição
CICATRIZES
Indicativos de cirurgias anteriores
Suspeita: diástase abdominal, aderências,
hérnias de parede abdominal.
AUSCULTA
Redução ou abolição do peristaltismo: fase avançada da
obstrução intestinal; peritonite
Aumento do peristaltismo: fase inicial da obstrução intestinal;
hemorragia digestiva alta; gastroenterite
PERCUSSAO
TIMPANISMO X MACICEZ
25
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
PALPAÇÃO
FECALOMA HEPATOMEGALIA
Massa palpável em fossa ilíaca esquerda Tumor benigno, câncer e cirrose: fígado
muito endurecido e irregular
Hepatite e ICC: fígado doloroso
EXAME PROCTOLÓGICO
INSPEÇÃO, TOQUE RETAL
INSPEÇÃO
FISSURA HEMORROIDA
PLICOMA FÍSTULA
TUMOR
TOQUE RETAL
Condições: tônus anal, fecaloma, tumor
Idosa: retocele
Idoso: exame de próstata
EXAME DE PRÓSTATA
26
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
ÚLCERA
ÚLCERA VENOSA
Localiza-se no terço médio das pernas e frequente acima e abaixo do maléolo medial;
Margem irregular e elevada;
Superficial, não acometendo os tecidos profundos;
Aspecto de fundo avermelhado;
Geralmente não dolorosa;
Evolução lenta;
Pele quente;
Presença de veias reticulares, varicosas, varizes, edema e hiperpigmentação.
ÚLCERA ARTERIAL
Localiza-se na face lateral dos pés, calcanhar, dedos e leito ungueal;
Margem regular;
Profunda, podendo acometer músculos e tendões;
Muito dolorosa;
Evolução rápida;
Pele fria;
Ausência de edema;
Pulsos periféricos ausentes ou diminuídos.
ÚLCERA DE PRESSÃO
Ulcera de decúbito;
Deficiência prolongada na irrigação de sangue e na oferta de
nutrientes em determinada área do corpo por motivo de pressão
externa;
Manchas eritematosas, bolhas, necrose e ulceração.
27
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Em resumo:
Avaliação funcional do idoso: Tudo começa pela anamnese, sendo que muitas vezes um
cuidador ou familiar deve ser solicitado a fornecer informações ou completar as do paci-
ente.
Assim, o desenvolvimento de um olhar diferenciado para problemas que têm maior rele-
vância no paciente idoso, seja pela sua alta prevalência, seja pelo seu significado clínico
distinto, assim como a observação da capacidade funcional desse paciente, são aspectos
que devem nortear o exame clínico.
Reconhecer o processo patológico, isolar seus agentes e interferir para mudar o ritmo de
declínio é papel do profissional que estiver envolvido no atendimento do idoso.
28
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Avaliação Padrão-ouro
Cenários diversos
Instrumentos de avaliação
Equipe multidisciplinar
Objetivos:
Diagnóstico global
Plano terapêutico
Reabilitação
Evidencias:
Complementa a avaliação clinica tradicional
Melhora a precisão diagnostica
Identifica o risco de declínio funcional
Identifica os riscos nutricionais
Identifica os riscos de iatrogenia
Estima desfechos desfavoráveis
Define critérios para hospitalização e institucionalização
Benefícios:
Redução da mortalidade
Diminuição da internação hospitalar
Diminuição a institucionalização
Redução do uso da medicação
Redução da iatrogenia
Diminuição do uso e dos custos do sistema de saúde
Aumento da satisfação com o atendimento
29
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Parâmetros:
Equilíbrio e mobilidade
Funções cognitivas
Estado emocional
Capacidade funcional
Estado nutricional
Estado social
Polifarmácia
EQUILIBRIO E MOBILIDADE
Sistema vestibular
Orienta a posição da cabeça em relação ao meio externo
Sistema proprioceptivo
Orienta a posição do corpo e os movimentos no espaço
Sistema visual
Coleta e processa várias informações sobre o ambiente
Instrumentos:
1.
Get up and Go
2.
Timed Get up and Go
30
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
3. Índice de Tinneti (por mary Tinetti em 1986 e adaptada para o brasil em 2003)
4. Avaliação muscular
Função muscular = desempenho, força, velocidade de marcha, preensão palmar
Massa muscular = circunferência da panturrilha
Circunferência da panturrilha
Maior ou igual a 31cm: NORMAL
Menor a 31cm: DIMINUIÇÃO DA MASSA MUSCULAR
Velocidade de marcha
O cálculo é feito pela média de três tentativas
Calculo: velocidade = distancia (m)/ tempo (s)
Velocidade maior ou igual a 1,0 m/s (andar 4 metros em
4 segundos ou menos): BAIXO RISCO DE QUEDAS;
Velocidade entre 0,7 m/s e 1,0 m/s (andar 4 metros en-
tre 5 e 6 segundos): MODERADO RISCO DE QUEDAS;
Velocidade menor a 0,7 m/s (andar 4 metros em 7 ou
mais segundos): ALTO RISCO DE QUEDAS.
31
SAÚDE DO
IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
FUNÇÕES COGNITIVAS
Cognição:
Processo de aquisição de conhecimento que se dá através de alguns processos como
atenção, raciocínio, pensamento, memoria, juízo, abstração, linguagem...
Instrumentos:
Resultado:
3 ou mais pontos: NORMAL
0 a 2 pontos: PERDA COGNITIVA
Divide-se em 2 fases:
A primeira soma o total de 21 pontos e avalia: orientação, memória e atenção
A segunda soma o total de 9 pontos e avalia: nomeação e compreensão
Resultado:
Normal: Analfabeto >= 20 pontos;
1 a 4 anos de estudo >= 25 pontos;
5 a 8 anos de estudo >=26 pontos;
9 a 11 anos de estudo >=28 pontos;
> 11 anos de estudo >= 29 pontos.
32
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
ESTADO EMOCIONAL
Resultado
Menor ou igual a 5 pontos: NORMAL
Maior do que 5 pontos: POSSIVEL DEPRESSÃO
Maior ou igual a 11 pontos: POSSIVEL DEPRESSÃO
GRAVE
33
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
CAPACIDADE FUNCIONAL
É definida como a aptidão do idoso para realizar determinada tarefa que lhe permita cui-
dar de si mesmo e ter uma vida independente em seu meio.
Escalas:
34
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
6 pontos: INDEPENDENCIA
4 pontos: DEPENDENCIA PARCIAL
2 pontos: DEPENDENCIA IMPORTANTE
Dentro de casa: preparar a comida, fazer as tarefas domesticas, lavar e cuidar do vestuá-
rio, executar trabalhos manuais, manusear medicação, usar o telefone e manusear o di-
nheiro;
Fora de casa: fazer compras, usar os meios de transporte e deslocar-se (compromissos
sociais, religioso e ir ao medico)
Escalas:
Questionário de Pfeffer (1982)
***não é validado no BR (+ muito usado para avaliação funcional)
Respostas:
0 – sim, é capaz;
0 – nunca o fez, mas poderia fazer agora;
1 – com alguma dificuldade, mas faz;
1 – nunca fez e teria dificuldade agora;
2 – necessita de ajuda;
3 – não é capaz.
Resultado:
Menor do que 6 pontos: INDEPENDÊNCIA;
Maior ou igual a 6 pontos: DEPENDÊNCIA.
35
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Escala de Lawton
ESTADO NUTRICIONAL
A heterogeneidade do idoso dificulta a avaliação do estado nutricional
Desnutrição: viver sozinho, restrição funcional, condição social adversa, sexo masculino
Resultado:
Maior ou igual a 24 pontos: NORMAL
Entre 17 e 23 pontos: RISCO DE DESNUTRIÇÃO
Menor do que 17 pontos: DESNUTRIÇÃO
36
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
ESTADO SOCIAL
Dimensão mais complexa e difícil de ser quantificada
Avaliação das relações sociais, das atividades sociais, dos recursos disponíveis de suporte
(social, familiar e financeiro), da residência e do cuidador;
Sistema de suporte social: Informal: entre membros de uma familia, amigos e vizinhos;
Formal: hospital, ILPI e atendimento domiciliar
Cuidador: Formal ou informal, capacitado ou não, treinado ou não e estressado ou não.
POLIFARMÁCIA
Teste de sacola de remédios (ou ‘’inventário medicamentoso’’)
Levantamento da lista de medicamentos;
Solicitar no agendamento da consulta que o paciente ou acompanhante traga uma sa-
cola com todos os medicamentos em uso pelo paciente
Mostrar cada medicamento e perguntar a posologia, há quanto tempo usa e para que
foi indicado
Perguntar sobre outros medicamentos utilizados recentemente (ultimo mês) e sobre a
suspensão ou mudança de dosagem de algum medicamento
Perguntar sobre o uso de medicação injetável, tópica ou aerossóis, de remédios natu-
rias, fitoterápicos, vitaminas e sobre automedicação
Insistir sobre o uso de analgésicos, anti-nflamatórios, sedativos e hipnóticos, antiver-
tiginosos, antigripais e antialérgicos
Perguntar sobre a relação entre introdução, aumento ou redução de dose e suspensão
de algum medicamento com: declínio funcional, confusão mental, quedas, incontinên-
cia.
Desprescrição: Processo sistemático de identificação e descontinuação de medicamentos
nas situações nas quais os danos existentes ou potenciais suplantam os benefícios exis-
tentes ou potenciais, dentro do contexto dos objetivos de cuidados individual de cada pa-
ciente, do seu estado funcional, expectativa de vida, valores e preferências (Scott 2015).
37
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Em resumo:
Esses idosos apresentam muita vulnerabilidade, seja por problemas cognitivos, funcionais
ou psicossociais; suas doenças ou complicações se apresentam de forma atípica, o que
dificulta e retarda o diagnóstico muitas vezes. Com isso, estão sujeitos a mais frequência
de iatrogenia, fragilização, internações e institucionalização.
A Avaliação Geriátrica Ampla (AGA) surgiu como forma de avaliar esses pacientes, inclu-
indo diversos aspectos da sua vida, como o físico (médico), o mental, o social, o funcional
e o ambiental. Para isso, são utilizados instrumentos capazes de identificar sinais de de-
mência, delirium, depressão, fragilidade, déficits visuais e auditivos, assim como perda
do equilíbrio e capacidade funcional.
Apesar disso, sua utilização não exclui a avaliação clínica tradicional, que é capaz de
identificar distúrbios ou doenças que sejam responsáveis pela diminuição da capacidade
ou limitação das suas atividades.
38
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Ações que envolvem uma avaliação funcional prévia em níveis preventivos na incidência
de complicações agudas e crônicas, reabilitação de doenças e agravos, atividades educa-
tivas, promoção e orientação à saúde em geral, apresentaram em aproximadamente oito
anos de atuação do grupo, progressos na adesão dos pacientes, com melhora e/ou esta-
bilização do seu quadro clínico, social e psicológico. Os esforços também são direcionados
para uma maior integração da equipe multiprofissional, em benefício do paciente porta-
dor de diabetes, com o fim de identificar estratégias que motivem os idosos, cuidadores e
familiares no processo de autocuidado.
Um dos maiores benefícios da Avaliação Geriátrica Ampla é que ela melhora a relação en-
tre envelhecimento e saúde do idoso. Primeiramente, porque oferece uma visão comple-
ta, que combina aspectos físicos, mentais e psicológicos da pessoa idosa. A partir disso, é
possível desenvolver um plano de cuidado totalmente personalizado. No caso de pacien-
tes que exigem atenção especial, é algo que aumenta a qualidade de vida e pode até pro-
longar a expectativa de vida. Não menos importante, pode ajudar na desospitalização.
Afinal, o reconhecimento de todas as condições e necessidades favorece a continuidade
do tratamento mesmo fora de instituições de saúde. Assim, a Avaliação Geriátrica Ampla
serve ao propósito de trazer uma visão completa da saúde do idoso. Graças a ela, é pos-
sível definir as características de atendimento e tratamento de forma personalizada, o
que aumenta as chances de sucesso no cuidado.
39
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Epidemiologia:
Sexo feminino é o mais acometido (30-60%)
Homens (10-35%)
Institucionalizados (até 80%)
Bexiga
Uretra
Esfíncteres (interno e externo—voluntário)
Função:
Armazenamento da urina através do enchimento vesical
Eliminação da urina através do esvaziamento vesical
MICÇÃO
Fisiologia:
Sistema aferente (bexiga, vias aferentes)
SNC (córtex cerebral—giro frontal e cingulado)
Ponte (centro pontinho da micção)
Medula (T11 a L2 e S2 a S4)
Sistema aferente (vias eferentes (nervo pélvico/hipogástrico/pudento)
Músculos (detrusor, liso uretral, estriado esfíncter uretral)
40
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
41
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
SENESCÊNCIA
Série de alterações que tornam o idoso mais suscetível a incontinência urinaria
Alterações:
Aumento da fibrose do músculo detrusor;
Estimulação dos receptores de pressão;
Aumento da fibrose do músculo da uretra;
Fragilização do períneo;
Aumento da pressão sobre a fáscia muscular;
Atrofia e ressecamento da mucosa uretral;
Hipertrofia benigna da próstata.
42
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
43
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
BEXIGA HIPERATIVA: síndrome que inclui urgência urinaria com ou sem incontinência
urinaria, frequência elevada (oito ou mais micções em 24 horas) e noctúria (dois ou mais
despertares noturnos)
Homens: principal causa em homens idosos; causa mais frequente é a obstrução uretral
Mulheres: incomum em mulheres idosas
44
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
DIAGNÓSTICO
ANAMNESE
Características da perda urinaria e sintomas associados
Comorbidades clinicas
Condições previas
Lista de medicamentos
EXAME FÍSICO
Exame neurológico
Exame proctológico
Exame ginecológico
Avaliação cognitiva, da mobilidade e funcionalidade do individuo.
EXAMES COMPLEMENTARES
Laboratorial:
Medida do volume residual pós-miccional:
Estudo urodinâmico:
Avaliar a qualidade das contrações vesicais e dos esfíncteres uretrais
Cistometria, medida da pressão de perda sob esforço e urofluxometria
TRATAMENTO:
Objetivo geral: melhora da qualidade de vida
Objetivos específicos: diminuição de sintomas; diminuição do uso de fraldas e absorven-
tes; reinserção social; retardo em institucionalização.
45
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
TREINAMENTO VESICAL
Consiste em ensinar ao paciente a urinar em períodos fixos
Princípios:
Realizar micções frequentes voluntárias para manter um baixo volume de urina
Treinamento para inibir as contrações do detrusor, quando se apresenta urgência
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
MEDICAMENTOS ANTIMUSCARÍNICOS
OXIBUTININA
Mecanismo de ação: potente ação antimuscarínica e não seletiva para os receptores mus-
carínicos vesicais; propriedade anti-histamínicas
Efeitos colaterais: boca seca, constipação, tontura, sonolência e náuseas
Apresentação: VO comprimido de 5-10mg (RETEMIC UD liberação prolongada) e xarope
1mg/ml; Dose terapêutica: 10-15mg/dia
Posologia:
• Iniciar com 2,5 mg (meio comprimido) ou 2,5 ml 2x ao dia e, após 4 semanas, au-
mentar para 5 mg ou 5 ml 2x ao dia, podendo chegar até 5 mg ou 5 ml 3x ao dia; OU
• Iniciar com 5 mg (meio comprimido de liberação prolongada) e, após 4 semanas, au-
mentar para 10 mg 1x ao dia, podendo chegar até 10 mg um comprimido e meio
1x/dia.
SOLIFENACINA
Mecanismo de ação: ação antimuscarínica seletiva para os receptores muscarínicos vesi-
cais
Efeitos colaterais: incomuns
Apresentação: VO comprimido de 5-10mg; Dose terapêutica: 5-10 mg/dia
Posologia: iniciar com 5mg 1x ao dia e se for necessário após 4 semanas aumentar para
10mg 1x ao dia.
46
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS
Imipramina é a mais utilizada (ação antimuscarínica discreta sobre o músculo detrusor)
ESTRÓGENOS
A eficácia não está bem estabelecida
FLUXOGRAMA DE TRATAMENTO
INCONTINÊNCIA URINÁRIA
TRANSITÓRIA
47
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
48
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Em resumo:
Embora ocorram alterações do sistema genito-urinário com a idade como, por exemplo,
diminuição da capacidade vesical, diminuição do fluxo urinário máximo, aumento da fre-
quência e do resíduo pós-miccional e instabilidade do detrusor, a perda de urina não deve
ser considerada como um processo inerente ao envelhecimento. Ao contrário, deve ser
investigada e tratada corretamente, haja vista o alto grau de insatisfação com esta condi-
ção (em torno de 65%) e as complicações que ela pode acarretar
49
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Para o diagnóstico, sabe-se que é basicamente clínico, a partir dos achados na anamnese
e exame físico, mas há a importância de realizar alguns outros exames. Dentre esses,
encontram-se exames laboratoriais, como sumário de urina para investigação de infec-
ção, hematúria e glicosúria, medida do volume residual pós-miccional (VRPM) por método
não invasivo, estudo urodinâmico e citoscopia. As últimas diretrizes recomendam avalia-
ção urodinâmica antes de qualquer procedimento invasivo ou cirúrgico.
Por ser frequente em idosos e causar grande impacto negativo na qualidade de vida dos
indivíduos afetados, torna-se primordial que o geriatra do paciente idoso acometido ou
médico de saúde da família da UBS que o paciente frequenta, por exemplo, trabalhem
com aquele adulto ou idoso a respeito da identificação e do manejo da incontinência uri-
nária, alertando-o antes do início dos primeiros sintomas. Embora não tenha impacto di-
reto na mortalidade, a incontinência urinária é associada a aumento no risco de quedas e
fraturas, infecções do trato urinário recorrentes, celulites, úlceras de pressão, disfunções
sexuais, distúrbios do sono, além de contribuir para isolamento social, depressão, estres-
se do cuidador e institucionalização precoce, alterando significativamente a vida e rotina
do paciente.
50
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
SÍNDROME DE IMOBILIDADE
Denominação: imobilidade, repouso prolongado no leito, síndrome do desuso
Causas:
CONDIÇÕES
NEUROLÓGICAS AVE, Parkinson, Esclerose Lateral Amiotrófica e Demência
PSICOLÓGICAS Depressão
CARDIOVASCULARES Insuficiência Cardíaca Congestiva, Cardiopatia Isquêmica, Oclu-
são Arterial Periférica e Sequelas de Trombose Venosa Profunda
METABÓLICAS Desnutrição proteico-calórica
RESPIRATÓRIAS Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
OSTEOMUSCULARES Osteoartrose, Sequelas de Fraturas, Osteoporose e Metástases
REUMÁTICAS Artrite Reumatoide
TEGUMENTARES Calosidades nos pés, Úlcera Plantar e Deformidade Plantar
SENSORIAL Cegueira e Surdez
IATROGENIA Medicamentos (Ansiolíticos, Hipnóticos e Antidepressivos)
Diagnóstico: define-se um paciente com SI quando ele apresenta todos os critérios mai-
ores e pelo menos dois critérios menores
• Déficit cognitivo moderado a grave
• Múltiplas contraturas musculares
• Lesões cutâneas até uma úlcera de decúbito
• Disfagia
51
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Manifestações:
SISTEMA TEGUMENTAR
Micoses
CUIDADOS: higiene, bom estado nutricional, exposição ao sol, uso de
roupa de material poroso, temperatura agradável, controle glicêmico
normal, evitar o uso de colchão com superfície plástica, uso de antifúngi-
cos.
Xerose
CUIDADOS: ingestão de bastante líquidos, uso de hidratantes, evitar o
uso de sabões, evitar o banho quente e prolongado.
Laceração
CUIDADOS: evitar a mobilização do idoso pelo braço, antebraço, punho,
tornozelo e pela perna. Evitar a contenção do idoso com faixas de crepe
diretamente nos punhos.
Dermatite amoniacal
CUIDADOS: uso de coletor de urina nos homens, trocas regulares das fral-
das, banhos a cada troca de fraldas.
Úlcera de decúbito
• critério menor
CUIDADOS: higiene, bom estado nutricional, ingestão de bastante liquido,
proteção para as proeminências ósseas, mobilização no leito de 2 em 2 ho-
ras, assentar o idoso o maior tempo possível, uso de colchão pneumático
com insuflação intermitente.
52
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Manifestações:
SISTEMA OSTEOMUSCULAR
Artrose
-> contraturas musculares (CRITÉRIO MAIOR)
CUIDADOS: mobilização frequente das articulações, posicionamento no
leito com coxins, almofadas, pranchas ou órteses para alongamento.
Osteoporose
-> Perda de massa óssea intensa e rápida (até 1% do total por semana)
CUIDADOS: exposição ao sol, aumento da ingestão de cálcio, colocar o
paciente em ortostatismo 3 horas por dia (usar a mesa de ortostatis-
mo se for necessário)
Atrofia muscular
-> atrofia muscular importante já nos primeiros 10 dias de confinamento no leito
-> com 6 semanas de inatividade, a força muscular dos membros inferiores declina 20%
e dos membros superiores 10%
SISTEMA CARDIOVASCULAR
53
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
SISTEMA URINÁRIO
Incontinência urinária
-> praticamente todos os pacientes são incontinentes (Critério menor)
CUIDADOS: uso de coletor de urina nos homens e fraldas geriátricas nas
mulheres, uso de sonda vesical nas mulheres com ulcera de decúbito.
Tratamento medicamento é pouco eficaz.
Infecção urinária
-> prevalência de até 40% nos idosos
-> infecção mais comum no paciente institucionalizado
-> septicemia
CUIDADOS: antibioticoterapia
SISTEMA DIGESTIVO
Disfagia
-> característica presente em quase todos os pacientes (critério menor)
Complicações: desnutrição proteico-calórica, pneumonia aspirativa.
Constipação
-> frequentemente encontrada em pacientes imóveis
Complicações: obstrução intestinal, volvo de sigmoide, retenção urinária, bexigona
CUIDADOS: dietas com resíduos ou fibras, ingestão de bastante líquidos, posicionamento
do idoso na cadeira higiênica ou vaso sanitário, evitar o uso de medicamentos anticolinér-
gicos, enema glicerinado a 20% (250ml ou 500ml) e toque retal em caso de fecaloma.
54
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
SISTEMA RESPIRATÓRIO
Insuficiência respiratória
-> funções pulmonares estão comprometidas em 50% dos idosos imóveis
CUIDADOS: fisioterapia respiratória, melhora do funcionamento intestinal,
oxigenioterapia
Pneumonia
-> principal causa de morte em idosos acamados
Taxa de mortalidade de até 25% para maiores de 70 anos.
CUIDADOS: fisioterapia respiratória, oxigenioterapia, antibioticoterapia.
SISTEMA METABÓLICO
Desnutrição
-> presente em 90% dos idosos imóveis com mais de 80 anos
Resulta em alto índice de mortalidade
CUIDADOS: uso de sonda nasogástrica/nasoentérica, gastrostomia
55
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Em resumo:
Algumas vezes, pode se notar declínio cognitivo. Além disso, socialmente, o idoso se
afasta de atividades usuais e fica mais isolado. A negligência com os cuidados da casa e
com os cuidados pessoais podem ser observados (TRELLHA, et al, 2005 apud HEBERTI
1997).
As AIVDs podem ser utilizadas como marcadores para detectar o declínio da capacidade
funcional. Entretanto, na medida em que apresenta incapacidade para AIVDs as demais
ABVDs também poderão ser comprometidas (AIRES; PAZ, 2008). A condição de depen-
dência severa para as AIVDS foi identificada em 50,0% dos idosos em condições de alta
hospitalar (PAZINATTO, 2003).
V A N E S S A L U D W I G
Sem um movimento adequado, diferentes áreas do corpo são afetadas de muitas formas
diferentes. A musculatura, problemas articulares e esqueléticos como artrite, osteoporo-
se, doenças crónicas, e fraturas da anca e do fémur tornam-se muito mais prevalentes.
É importante garantir que o cuidador fornece algum tipo de ajuda ambulatória e de ferra-
mentas de apoio que ajudam a fornecer mobilidade ao idoso como andarilhos, cadeiras
de rodas, bengalas ou apoios de tornozelo e que estes estão disponíveis de imediato.
57
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Epidemiologia:
Países desenvolvidos: 54% não detecção
Países não desenvolvidos: 90% não detecção
Brasil: 900 mil pessoas com demência sem diagnóstico
Fatores de risco:
IDADE HISTÓRIA MUTAÇÕES OUTROS *
FAMILIAR GENÉTICAS
Doença de Sim Sim ApoE4, PSEN Sim
Alzheimer 1, PSEN 2 e
APP
Demência Sim Sim ApoE4 ?, Sim
Vascular NOTCH3
Demência com Sim Sim ? Não
corpos de
Lewy
Demência Sim Sim MAPT, GRN e Não
frontotemporal C90RF72
58
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Classificação
CONDIÇÕES
59
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Diagnóstico
• História clínica: Padrão do acometimento neuropsicológico, Velocidade de instalação
Fatores de risco, Uso de medicamentos
• Exame neurológico
60
SAÚDE DO
IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Diagnóstico etiológico
ETIOLOGIA
DEGENERATIVAS Doença de Alzheimer, Demência na Doença de Parkinson...
VASCULARES Isquemias cerebrais...
INFECCIOSAS HIV, Tuberculose, Neurossífilis...
NEOPLÁSICAS Tumores primários, Metástases e síndromes paraneoplásicas
AUTOIMUNES Vasculites, esclerose múltipla, Sarcoidose...
ENDOCRINOPATIAS Hipo/Hipertireoidismo, Insuficiência adrenal...
METABÓLICAS Nefropatias, Hepatopatias, Deficiência de vitamina B12...
TRAUMÁTICAS Demência Pugilística...
TÓXICAS Alcoolismo, drogas, medicamentos e metais pesados
DOENÇA DE ALZHEIMER
História: Alois Alzheimer (1906) comunicou o primeiro caso da doença, que foi posterior
denominado por Kraepelin (1910) como Doença de Alzheimer
Epidemiologia: estima-se que 46,8 milhões estejam acometidos pela enfermidade em to-
do o mundo em 2015; com aumento previsto para 74,7 milhões em 2030; e para 131,5
milhões, em 2050 (Ferri, 2005)
Fatores de risco:
História familiar positiva (risco de desenvolver é 3,5x maior em indivíduos que tem
pelo menos um parente de primeiro grau com demência
Gene de suscetibilidade (gene da apolipoproteina E (ApoE4)
Idade avançada
Síndrome de Down
Sexo feminino
61
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Neuropatologia
Avaliação:
ANAMNESE DETALHADA + CONFIRMAÇÃO FAMILIAR + AVALIAÇÃO GERIÁTRIA AMPLA =
90% precisão diagnóstica
DIAGNÓSTICO CRITÉRIOS
62
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
DIAGNÓSTICO CRITÉRIOS
Sintomas típicos de demência e a idade de início deve estar
DEMÊNCIA NA abaixo de 65 anos;
DOENÇA DE Em adição, pelo menos um dos seguintes requisitos:
ALZHEIMER DE Evidência de início e progressão relativamente rápidos;
INÍCIO PRECOCE Em adição ao comprometimento de memória, deve haver afa-
sia, agrafia, alexia, acalculia ou apraxia.
Sintomas típicos de demência e a idade de início deve ser su-
DEMÊNCIA NA perior a 65 anos;
DOENÇA DE Em adição, pelo menos um dos seguintes requisitos:
ALZHEIMER DE Evidência de início e progressão muito lentos;
INÍCIO TARDIO Predominância do comprometimento de memória.
63
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Manifestações
clínicas
FASE INICIAL
(2 a 3 anos)
FASE INTERMEDIÁRIA
(2 a 10 anos)
FASE AVANÇADA
(8 a 12 anos)
FASE INICIAL
Duração da fase de 2 a 3 anos
FASE INTERMEDIÁRIA
Duração da fase de 2 a 10 anos
64
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
FASE AVANÇADA
Duração da fase de 8 a 12 anos
Tratamento
Objetivos:
Melhorar a qualidade de vida
Promover a autonomia
Estabilizar os principais sintomas
Proporcionar um impacto positivo sobre o cuidador
Reduzir a dependência funcional
Diminuir a necessidade de institucionalização
Abordagem ao familiar:
Psicologia: aconselhamento, informação, discussão, reflexão, orientação
Tratamento farmacológico
Inibidores da colinesterase: donepezila, galantamina, rivastigmina
65
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Tratamento sintomático
INIBIDORES DA COLINESTERASE
donepezila, galantamina, rivastigmina
66
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Mudança terapêutica: ausência de eficácia, resposta inicial adequada no inicio não sus-
tentada ao longo do tempo, intolerância medicamentosa
DONEPEZILA
Metabolização hepática
Única tomada diária
Posologia: iniciar com 5mg 1x ao dia e aumentar para 10mg 1x ao dia com intervalo mí-
nimo de 4-6 semanas, se for necessário
Preço:
Genérico: 5mg (30 comprimidos) - 35,00 a 130,00
Eranz: 5mg (28 comprimidos) - 580,00
RIVASTIGMINA
Não tem metabolização hepática
Eliminação renal
Duas tomadas por dia na apresentação oral
Tomara única por dia na apresentação transdérmica
Posologia:
VO: iniciar com 1,5 mg 2x ao dia e aumentar com o intervalo mínimo de 2 semanas, po-
dendo chegar a 6mg 2x ao dia, se for necessário
Transdérmica: iniciar com 4,6mg 1x ao dia e aumentar com o intervalo de 2 semanas,
podendo chegar a 13,3mg 1x ao dia.
67
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
GALANTAMINA
Metabolização hepática
Eliminação renal
Unia tomada diária
Posologia: iniciar com 8mg 1x ao dia e aumentar com o intervalo mínimo de 4 semanas,
podendo chegar a 24mg 1x ao dia.
MEMANTINA
Eliminação renal
Uso pode ser combinado com a Donepezila
Efeitos colaterais mais comuns: cefaleia, sonolência, tonturas e constipação
Posologia: iniciar com 10mg 1x ao dia e aumentar para 20mg 1x ao dia com o intervalo
mínimo de 4 semanas, se for necessário.
V A N E S S A L U D W I G
MEDICAMENTOS
Portaria governamental nº 703 de 12 de abril de 2002: Instituiu no SUS O Progra-
ma de Assistência aos Portadores de Doença de Alzheimer.
Indicação terapêutica
DONEPEZILA RIVASTIGMINA GALANTAMINA MEMANTINA
SIM
SIM (Nível de SIM
FORMA LEVE (Nível de Evidência A) (Nível de
A MODERADA Evidência A) 3ª escolha Evidência A) NÃO
1ª escolha (Adesivo trans- 2ª escolha
dérmico pode
ser a 1ª esco-
lha)
SIM
FORMA Isolada ou
MODERADA combinada com
A NÃO NÃO NÃO 1 Inibidor da
GRAVE Colinesterase
(Nível de
Evidência A)
Tratamento dos sintomas neuropsiquiátricos (antipsicóticos)
Diminuição da agitação e dos sintomas psicóticos
A resposta terapêutica e os benefícios alcançados devem ser constantemente avaliados
com relação aos riscos potenciais
Tipos:
ANTIPSICÓTICOS de 1° geração (TÍPICOS)
Bloqueio pós-sináptico dos receptores D2 da dopamina (controle dos sintomas positivos)
Bloqueio pós-sináptico dos receptores muscarínicos M1, histamínicos H1 e alfa-1 periféri-
co
Maior risco de efeitos colaterais e menor tolerância
Bloqueio dos receptores dopaminérgicos D1: sintomas extrapiramidais
69
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Bloqueio dos receptores muscarínicos M1: visão turva, boca seca, constipação
Bloqueio dos receptores histamínicos H1: ganho de peso, sonolência
Bloqueio dos receptores alfa-1-adrenérgicos; hipotensão ortostática
RISPERIDONA
Apresentação: comprimido 0,24mg, 1mg, 2mg, 3mg; Sus oral 1mg/ml
Dose terapêutica: 1-2 mg/dia Posologia: iniciar com 0,25mg 2x ao dia e aumentar a dose
com intervalo mínimo de 2 dias até 1mg 2x ao dia
QUETIAPINA
Apresentação: comprimido 25mg, 100mg e 200mg
Dose terapêutica: 25-300mg/dia Posologia: iniciar com 25mg 1x ao dia e aumentar 25mg
a dose com intervalo mínimo de 2 dias até a dose eficaz.
V A N E S S A L U D W I G
Em resumo:
A demência tem assumido maior importância como problema de saúde pública devido ao
aumento da população envelhecida em todo o mundo, particularmente na faixa etária
acima dos 80 anos. Por ser um processo geralmente irreversível e para o qual não há
perspectiva de intervenção medicamentosa nem indicação de institucionalização, é funda-
mental que a família e a comunidade aprendam a conviver e lidar com uma realidade ca-
da vez mais comum: a existência de pessoas em processo demencial.
Hoje, a demência é reconhecida como uma síndrome caracterizada por deterioração inte-
lectual que ocorre em adultos e é tão severa que interfere no desempenho social da pes-
soa. Ocorrem alterações cognitivas que incluem distúrbios de memória, linguagem, per-
cepção, práxis, habilidade de desempenhar o autocuidado, capacidade de solucionar pro-
blemas da vida cotidiana, pensamento abstrato e capacidade de fazer julgamentos
As demências reversíveis podem ser causadas pelos seguintes fatores: depressão, qua-
dros endócrinos (hipotireoidismo ou hipertireoidismo, dentre outros), má nutrição, defici-
ências vitamínicas (B12, ácido fólico, tiamina), anemia, desidratação, uso indevido de
medicações, hidrocefalia normotensiva, infecções e tumores cerebrais. Ao se tratar a
questão originária, os sintomas demenciais habitualmente desaparecem.
A dinâmica da atenção ao idoso que vive um processo de demência tem toda uma estru-
tura específica que difere da assistência ao idoso sem comprometimento cognitivo. Viven-
ciar um processo que apresenta um curso de deterioração progressiva pode ter efeitos
devastadores nas pessoas afetadas e em seus familiares.
O idoso e sua família necessitam de uma rede de apoio ampla, que inclui desde o acom-
panhamento ambulatorial da pessoa doente até o suporte estratégico, emocional e insti-
tucional para quem cuida.
71
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Epidemiologia:
Prevalência de depressão na população idosa geral: 4,8 a 14,6%
Prevalência de depressão na população idosa institucionalizada: 22%
Prevalência de sintomas depressivos na população idosa geral:
Maioria de 75 anos: 17,1%
Maiores de 85% anos: 20% a 25%
Neurotransmissor envolvidos
Maiores de 90 anos: 30 a 50% na depressão:
Etiologia: SEROTONINA
Fatores genéticos DOPAMINA
NORADRENALINA
Fatores biológicos
Fatores ambientais *entender a clinica de cada um,
para tratar de forma coerente.
Fisiopatologia:
Fatores de risco:
Acidente vascular encefálico
Suporte social
Nível escolar
Sexo Sexo feminino tem maior
Estado civil tendencia a depressão
Fármacos
Nível social e econômico
Viuvez
Alcoolismo
72
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Anamnese
História psiquiátrica previa
**Historia psiquiátrica familiar
Uso de medicamentos
Capacidade funcional
Atividades sociais
Suporte social
DEPRESSÃO SUBSINDRÔMICA
Presença de dois ou mais sintomas depressivos na maior parte do tempo, durante, pelo
menos, 2 semanas, em indivíduos que não preenchem critérios para depressão maior,
distimia ou outros transtornos de humor.
Sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância ou outra
condição médica.
Sintomas não são mais bem explicados por algum transtorno psicótico.
73
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Cinco ou mais dos sintomas seguintes presentes por pelo menos 2 semanas;
Pelo menos um dos sintomas é humor deprimido ou anedonia;
1) Humor deprimido na maioria dos dias, quase todos os dias: tristeza, vazio ou falta de
esperança; melancolia (CRITÉRIO MAIOR)
2) Anedonia: acentuada diminuição do prazer ou desinteresse em todas ou quase todas
as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias; (CRITÉRIO MAIOR)
3) Perda ou ganho de peso acentuado sem estar em dieta; ou aumento ou diminuição
do apetite quase todos os dias;
4) Insônia ou hipersonia quase todos os dias;
5) Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias;
6) Fadiga e perda de energia quase todos os dias;
7) Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada quase todos os dias;
8) Capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se; indecisão, quase todos os dias;
9) Pensamentos de morte recorrentes; ideação suicida recorrente sem um plano especí-
fico; ou plano específico de cometer suicídio; ou tentativa de suicídio. (DEPRESSÃO
GRAVE)
Diagnóstico diferencial:
V A N E S S A L U D W I G
TRATAMENTO
Objetivos:
Diminuição dos sintomas
Prevenção de recaídas
Prevenção da piora de outras patologias presentes
Prevenção da mortalidade por suicídio ou por outras causas associadas
Melhora da cognição
Melhora da capacidade funcional
Tratamento não-farmacológico
Psicoterapia
Eletroconvulsoterapia (ECT)
Indicação:
Contraindicação ao uso de antidepressivos
Sem resposta ao antidepressivos
Risco de suicídio ou homicídio
Contraindicação: história recente de AVE (6 meses) e IAM (3 meses)
Tratamento farmacológico
• Escolha do antidepressivo:
Sintomas clínicos associados à redução da disponibilidade do neurotransmissor
75
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
PERFIL DE INIBIÇÃO
EFEITOS COLATERAIS
76
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
FÁRMACOS
Antagonistas e IRS, IRND, ADT, IRSN, ISRS, antagonistas alfa-2-sn
Mecanismo de ação:
Bloqueio potente da recaptação de serotonina
Bloqueio discreto ou nenhum da recaptação de noradrenalina e
dopamina
Efeitos colaterais:
LOCAL RESULTADO
CÓRTEX LÍMBICO Agitação, ansiedade e indução de ataque do pânico
NÚCLEOS DA BASE Acatisia, alentecimento psicomotor, parkinsonismo leve
e movimentos distônicos
CENTROS DO SONO DO Mioclono à noite, alteração do sono de ondas lentas e
TRONCO CEREBRAL despertar noturno
MEDULA Inibição do reflexo do orgasmo e da ejaculação
CENTROS MESOCORTICAIS Apatia e redução da libido
DO PRAZER
HIPOTÁLAMO Náuseas
TRONCO CEREBRAL Vômitos, cólica abdominal e diarreia
V A N E S S A L U D W I G
CITALOPRAM
Apresentação: Citalopram: comprimido de 20 mg.
Procimax: comprimido de 20 mg e 40 mg.
Dose terapêutica: 10 - 20 mg/dia.
Posologia: Dose única diária.
Iniciar com 10 mg (meio comprimido) 1x/dia e, após 4 semanas, aumentar para 20 mg
1x/dia, se houver necessidade.
ESCITALOPRAM
Apresentação: Comprimido de 10 mg, 15 mg e 20 mg; Gotas 20 mg/ml.
Dose terapêutica: 5 - 10 mg/dia.
Posologia: Dose única diária.
Iniciar com 5 mg (meio comprimido ou 5 gotas) 1x/dia e, após 4 semanas, aumentar pa-
ra 10 mg ( 1 comprimido ou 10 gotas) 1x/dia, se houver necessidade.
SERTRALINA
Apresentação:
Sertralina: comprimido de 25 mg, 50 mg e 100 mg.
Tolrest: comprimido de 75 mg.
Dose terapêutica: 25 a 150 mg/dia.
Posologia: Dose única diária.
Iniciar com 25 mg 1x/dia e, após 4 semanas, aumentar para 50 mg 1x/dia, e fazendo in-
crementos de 25 mg até alcançar a dose terapêutica, se necessário.
FLUOXETINA
Deve ser evitada em idosos
Meia-vida longa (15 dias)
Inibe as enzimas hepáticas
Maior interação medicamentosa (antipsicóticos, anticonvulsivantes, antiarrítmicos, digoxi-
na..)
PAROXETINA
Deve ser evitada em idosos
Inibe as enzimas hepáticas
Maior interação medicamentosa
Maior potencial de efeitos colaterais (sintomas anticolinérgicos, sedação e ganho de peso)
78
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Mecanismo de ação:
Bloqueio da recaptação de serotonina e noradrenalina
Bloqueio discreto ou nenhum da recaptação de dopamina
DULOXETINA
Primeira escolha no tratamento de depressão em idosos com sintomas relacionados com
a falta de disponibilidade de noradrenalina (fadiga, apatia, retardo psicomotor, déficit de
atenção e concentração e lentidão cognitiva)
Primeira escolha no tratamento de depressão em idosos com dor cronica
Bem tolerada
Poucos efeitos colaterais (insônia e agitação)
DESVENLAFAXINA
Primeira escolha no tratamento de depressão em idosos com sintomas relacionados com
a falta de disponibilidade de noradrenalina (fadiga, apatia, retardo psicomotor, déficit de
atenção e concentração e lentidão cognitiva)
Bem tolerada
Poucos efeitos colaterais (insônia, agitação e hipotensão ortostática)
79
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
VENLAFAXINA
Inibição da recaptação da serotonina é a mais potente, presente mesmo nas doses bai-
xas, enquanto a da noradrenalina só acontece em doses mais altas
Inibição a recaptação da dopamina em doses mais altas
Doses mais altas aumentam a possibilidade de efeitos colaterais como a hipertensão arte-
rial e efeitos anticolinérgicos
Mecanismo de ação:
Bloqueio da recaptação de noradrenalina e dopamina
Bloqueio nenhum da recaptação de serotonina
Exemplos: BUPROPRIONA
Bupropiona
Primeira escolha no tratamento de depressão em idosos que não toleram os efeitos sero-
toninérgicos ou que não respondem ao aumento da dose dos ISRS/IRND ou nos portado-
res de doença de Parkinson;
Poucos efeitos colaterais (insônia e agitação)
ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS
Mecanismo de ação:
Bloqueio da bomba de recaptação de serotonina, noradrenalina e dopamina (em menor
grau)
80
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Efeitos colaterais
• Bloqueio dos receptores colinérgicos muscarínicos
Diminuição da memoria, visão turva
Boca seca, constipação e retenção urinaria
• Bloqueio dos receptores de histamina H1
Sonolência e ganho ponderal
• Bloqueio dos receptores adrenérgicos alfa-1
Tontura e hipotensão ortostática
• Bloqueio dos canais de cálcio no coração e cérebro
Arritmias, parada cardíaca e convulsões na superdosagem
Nortriptilina
Antidepressivo tricíclico mais indicado em idoso
Melhor perfil de efeitos colaterais
Mecanismo de ação:
Ação antagônica sobre os receptores alfa-2 pré-sinápticos dos neurônios serotoninérgicos
e noradrenérgicos
Estimulação dos receptores alfa-1 pós-sinápticos dos neurônios noradrenérgicos
Ação antagônica sobre os receptores histamínicos
V A N E S S A L U D W I G
Mecanismo de ação:
Bloqueio dos receptores pré-sinápticos serotoninérgicos
Bloqueio da recaptação de serotonina
Bloqueio dos receptores histamínicos
Indicação: insônia
Muitos efeitos colaterais (sedação, ganho de peso e priapismo)
Exemplo: TRAZADONA
INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS
INDICAÇÃO FÁRMACO
Primeira escolha no tratamento de Depressão CITALOPRAM
ESCITALOPRAM
SERTRALINA
Primeira escolha de uso em pacientes com Depressão associada CITALOPRAM
a doenças cerebrais, como, por exemplo, na Doença de Alzhei- ESCITALOPRAM
mer SERTRALINA
82
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Em resumo:
Dado os altos custos pessoais e públicos da depressão nas populações idosas, em maior
escala nos países industrializados, a prevenção e o tratamento da depressão no idoso re-
vestem-se por isso, de extrema importância no âmbito da saúde pública.
Para o diagnóstico de depressão maior ser feito, segundo DSM-V e o CID-10, é necessá-
ria a presença de humor depressivo e perda de interesse/prazer em quase todas as ativi-
dades. A depressão maior no idoso encontra-se geralmente associada a alterações cogni-
tivas e corporais. Estas últimas incluem, hipercortisolemia, aumento da gordura abdomi-
nal, diminuição da densidade mineral óssea e aumento do risco de diabetes mellitus tipo
2 e hipertensão arterial. Idosos sem demência e com depressão major, frequentemente
evidenciam dificuldade de concentração, de processamento mental e da execução de fun-
ções. Estes défices apresentam alguma melhoria após a remissão da depressão mas ge-
ralmente, não melhoram por completo.
83
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
A depressão é uma condição clínica de grande relevância em idosos pois aumenta a mor-
bimortalidade, impacta negativamente a capacidade funcional e a qualidade de vida des-
tes indivíduos.
Deve ser investigada de maneira rotineira, pois é uma condição muito prevalente e tratá-
vel; a melhora dos sintomas e a remissão completa do quadro são possíveis e deve ser
perseguida.
Os profissionais da saúde que lidam com este grupo etário devem ficar atentos aos sinto-
mas depressivos mascarados, como dores inespecíficas, adinamia, insônia, perda de peso
sem causa óbvia e queixas subjetivas de perda da memória, evitando imputar estas quei-
xas ao envelhecimento fisiológico sem doenças associadas.
84
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Epidemiologia:
Alta prevalência entre os idosos com idade igual ou superior a 85 anos;
43% dos idosos com risco de fragilização tornam-se frágeis num período de 18 meses.
Fatores de risco:
• Desnutrição crônica
DISFUNÇÃO DOS 3 SISTEMAS
Anorexia do envelhecimento (processo fisiológico) Leva a condição do idoso fragilizado:
Problema dentário
Depressão (alteração do apetite)
Demência (Alzheimer) *Síndrome da Imobilidade
Hospitalização
Fisiopatologia:
SARCOPENIA
Presença de diminuição da massa muscular associada
a baixa função muscular (desempenho e/ou força
muscular reduzidos)
Consequências:
Diminuição da tolerância ao exercício;
Diminuição da capacidade de desempenhar muitas
atividades de vida diária;
Aumento da resistência a insulina;
85
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
- Sistema neuroendócrino
Classificação etiológica
PRIMÁRIA SECUNDÁRIA
Mudanças relacionadas com o Mudanças relacionadas com o
envelhecimento fisiológico envelhecimento patológico
Manifestações clínicas
CRITÉRIOS: Perda de peso, Exaustão, Baixo nível de atividade física, Fraqueza muscular,
Lentidão motora
86
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
SINTOMAS:
Anamnese: Perda de peso, Exaustão, Baixo nível de
atividade física;
Critérios diagnósticos: Exame físico: Fraqueza muscular, Lentidão motora;
CLASSIFICAÇÃO SINTOMAS
IDOSO ROBUSTO Nenhum dos sintomas
IDOSO PRÉ-FRÁGIL Presença de um ou dois sintomas
IDOSO FRÁGIL Presença de três ou mais sintomas
• Cerca de 43% dos idosos pré-frágeis evoluem para a Síndrome de Fragilidade num
período de 18 meses.
• PERDA DE PESO
Autorrelato da perda de peso não intencional
(4,5 kg ou mais no ultimo ano ou pelo menos 5% do peso corporal)
- Métodos antropométricos
• FRAQUEZA MUSCULAR
- Teste de força de preensão palmar
Interpretação:
Normal: Mulheres >/= 20kg; Homens >= 30kg
87
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
• EXAUSTÃO
Autorrelato de fadiga
• LENTIDÃO MOTORA
Avaliação do desempenho muscular
• SARCOPENIA
Avaliação da massa muscular
- Circunferência da panturrilha - Teste de velocidade de marcha
- Bioimpedância - Teste de força de preensão palmar
- Densitometria corporal total - Timed Get Up and Go
88
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Exames complementares
As evidencias ainda não são claras quanto a sua utilização de exames complementares
para o diagnostico da síndrome de fragilidade.
- Dosagem de hormônios, estradiol, estriol, estrona
Complicações
Incapacidade funcional/cognitiva/comunicativa
Síndrome de imobilidade
Incontinência esfincteriana
Instabilidade postural
Hospitalização
Institucionalização
Morte
Classificação
clínico-funcional
Tratamento
SARCOPENIA
• Suplementação alimentar (nutricionista)
• Pratica de exercícios físicos regulares (educador físico e fisioterapeuta)
DIMINUIÇÃO DE HORMÔNIOS
• Terapia de reposição hormonal nas mulheres
• Terapia de reposição hormonal nos homens não tem eficácia comprovada
89
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Em resumo:
O cuidado aos idosos merece cada vez mais atenção no âmbito da atenção primária pois
é crescente o tamanho da população geriátrica no país devido ao aumento da expectativa
de vida do brasileiro. Para além da abordagem integral e humanizada esperada do médi-
co, é necessário lembrar que essa população tem algumas situações especiais que preci-
sam ser rastreadas e investigadas, dentre elas a sua fragilidade multidimensional, visto
sua importância na predição do desfecho do paciente.
Não há consenso na literatura quanto à definição do que seria a fragilidade do idoso po-
rém, de maneira geral, o idoso frágil é aquele que apresenta maior vulnerabilidade sendo
mais suscetível a eventos deletérios como quedas, hospitalizações, descompensação de
doenças de base e óbito. Sendo assim, estes pacientes devem ser identificados e priori-
zados nas ações das suas equipes de saúde da família.
A ferramenta mais difundida e utilizada nessa avaliação pela atenção secundária é a Ava-
liação Geriátrica Ampla (AGA), porém sua aplicação demora de 60 a 90 minutos, o que a
torna inviável e pouco custo-efetiva no cenário da atenção primária. Pensando nisso, o
Índice de Vulnerabilidade Clínico-Funcional-20 (IVCF-20) foi criado.
Recomenda-se que, após essa avaliação inicial, os idosos com moderado ou alto risco de
vulnerabilidade sejam submetidos à AGA e que as ações de saúde da equipe de atenção
primária, juntamente com o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) sejam voltados
para as especificidades dessa população mais vulnerável. Em casos de maior risco tam-
bém é importante o acompanhamento conjunto com a atenção secundária.
90
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
91
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Definição: Síndrome cerebral orgânica sem etiologia específica caracterizada pela pre-
sença de perturbações da consciência, da atenção, da percepção, do pensamento, da me-
mória, do comportamento psicomotor, das emoções e do ritmo sono-vigília.
Epidemiologia:
Prevalência: população idosa geral: 1 a 2%
População idosa em serviços de urgência até 40%
População idosa em unidade de terapia intensiva 70-87%
Condição subdiagnosticada: 36-67%
Etiologia:
CONDIÇÃO CAUSAS
Álcool, Hipnóticos/sedativos
SUBSTÂNCIAS Antidepressivos
(12 a 39% dos casos) Antiparkinsonianos
Corticoides, Digitálicos
Bloqueadores H2
INFECÇÕES Meningite, Pneumonia, Pielonefrite e
Septicemia
DOENÇAS CARDÍACAS Arritmias, ICC e IAM
DISTÚRBIOS METABÓLICOS Hipercalcemia, Hipoglicemia, Hipergli-
cemia, Insuficiência Hepática e Renal
TRANSTORNOS DO SNC Epilepsia e Doenças Vasculares
NEOPLASIAS Tumores Primários e Metástases
TRAUMATISMOS Anestesia, Queimaduras, Fraturas e
Cirurgia
MUDANÇA DE AMBIENTE Hospitalização
Fatores de risco: déficit cognitivo prévio, depressão, alcoolismo, AVC, estresse psicológi-
co, polifarmácia, idade acima de 75 anos, restrição física, má alimentação...
92
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Fisiopatologia:
TEORIA NEUROQUÍMICA: TEORIA NEUROINFLAMATÓRIA:
Diminuição da acetilcolina Aumento de mediadores inflamatórios como as
Diminuição da histamina citocinas.
Diminuição ou aumento da serotonina
Aumento da dopamina
Aumento do GABA
Aumento do cortisol
Diagnóstico:
Anamnese + Exame físico + Avaliação geriátrica ampla + exames complementares
ANAMNESE:
Lista de medicamentos
Uso de álcool
Condições clinicas ou cirúrgicas prévias
Manifestações clínicas
EXAME FÍSICO:
De acordo com a suspeita etiológica
EXAMES COMPLEMENTARES:
Hemograma e exames bioquímicos
Rotina de urina
Culturas
Exame de tireoide e exame de liquor
Raio-x de tórax
EEG
Tomografia computadorizada de crânio
Manifestações clínicas:
GERAL: inicio rápido ou insidioso, curso flutuante.
93
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Sintomas prodrômicos:
Irritabilidade
Insônia
Pesadelos
Alucinações transitórias
ALTERAÇÃO MANIFESTAÇÃO
MEMÓRIA E CONSCIÊNCIA
PENSAMENTO Vago e fragmentado, lento ou acelerado,
coerente ou sem lógica
PERCEPÇÃO Alucinações visuais (40 a 75%) ou auditi-
vas
ORIENTAÇÃO Desorientação temporoespacial
LINGUAGEM Disnomias e disgrafias
ATENÇÃO Dificuldade de manter a atenção na mu-
dança de estímulo
RITMO SONO-VIGÍLIA Sono noturno reduzido e fragmentado
94
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Diagnóstico diferencial:
Tratamento:
Objetivos: correção da causa básica, redução dos sintomas.
Tipos: tratamento de suporte e sintomático.
SUPORTE:
Correção de condições frequentes como a imobilidade
Imobilidade: desidratação, desequilíbrio hidroeletrolítico, desnutrição, ulceras de pressão.
SINTOMÁTICO:
Não farmacológico
Farmacológico
95
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Tratamento farmacológico
Indicações: delirium hiperativo, alteração da sensopercepção como as alucinações
Tipo: antipsicótico (primeira geração—típicos) (segunda geração-atípicos)
Exemplo: Haloperidol
Apresentação: comprimido 1 e 5mg, gotas 2mg/ml, IM 5mg/ml
Dose terapêutica: inciial (1-6 mg/dia) manutenção: 1-2 mg/dia
Posologia: inciar com 0,5mg 2x ao dia e aumentar a dose com intervalo mínimo de 2 dias
para 0,5 mg 3x ao dia, até a dose máxima de 2mg 3x ao dia.
IM, observar 30 a 60 minutos e repetir se necessário.
V A N E S S A L U D W I G
Exemplos:
Quetiapina
Apresentação: comprimido 25mg, 100mg e 200mg
Dose terapêutica: 25-300mg/dia
Posologia: iniciar com 25mg 1x ao dia e aumentar 25mg a dose com intervalo mínimo de
2 dias até a dose eficaz
Risperidona
Apresentação: comprimido 0,25mg, 1mg, 2mg e 3mg
Suspenção oral 1mg/ml
Dose terapêutica: 1-2mg/dia
Posologia: inicar com 0,25mg 2x ao dia e aumentar a dose com intervalo mínimo de 2
dias até 1mg 2x ao dia
Benzodiazepínicos
Estimula os receptores gabaérgicos, aumentando a ação do acido gama-aminobutírico
(GABA)
Este neurotransmissor é o principal inibidor do sistema nervoso central
Exemplo: Lorazepam
Meia vida curta; apresentação: comprimido 1 e 2mg
Dose terapêutica: 0,5-4mg/dia
Posologia: inciar com 0,5 1x ao dia e aumentar 0,5mg a dose com intervalo mínimo de 2
dias, após incrementar 1mg até a dose eficaz.
97
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Em resumo:
A fisiopatologia do delirium envolve múltiplos fatores que interagem nas redes neurais
para provocar uma disfunção aguda das funções cerebrais. Entre os fatores biológicos
propostos, destacam-se as alterações neuroinflamatórias e o desequilíbrio
Embora seja uma condição potencialmente reversível, o delirium tem duração muito vari-
ável e pode determinar sintomas persistentes. Em alguns casos o paciente nunca recupe-
ra o nível prévio de funcionamento cognitivo. Os familiares do paciente com delirium de-
vem ser informados de forma realista sobre a grande probabilidade de persistência de al-
guns sintomas no momento da alta e sobre o fato de que em alguns casos os sintomas
podem persistir por vários meses.
V A N E S S A L U D W I G
99
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Cuidados paliativos
Definição: modalidade de assistência cujo foco principal é a pessoa e não a doença ou o
órgão comprometido
Objetivo:
Aliviar o sofrimento
Melhorar a qualidade de vida
Indicação:
Qualquer pessoa que tenha ou esteja em risco de desenvolver uma doença que ameace a
vida,
Diretrizes:
Promovem o alívio da dor e de outros sintomas que geram sofrimento;
Reafirmam a vida e veem a morte como um processo natural;
Não pretendem antecipar ou postergar a morte;
Integram aspectos psicossociais e espirituais ao cuidado;
Oferecem um sistema de suporte que auxilia o paciente a viver tão ativamente quanto
possível até a morte;
Oferecem um sistema de suporte que auxilia a família e entes queridos a sentirem-se
amparados durante todo o processo de doença e no luto;
100
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Tratamento
Vias de administração: menos invasiva
*Evitar a via intramuscular (dolorosa, absorção irregular dos fármacos)
Terminalidade
Evolução
DOR
Sintoma mais comum;
Dor constate exige tratamento regular
Opioide é a droga de escolha (Morfina é de administração segura).
CODEÍNA
Indicação: dor de intensidade moderada a grave
Apresentação: comprimido 30-60mg, ampola 30mg/ml (hipodermóclise)
Posologia: 15 a 60mg cada 4 ou 6 horas; dose máxima não deve passar de 360mg/dia
Efeitos colaterais: sedação, náuseas, vômitos, tontura e constipação
TRAMADOL
Indicação: dor de intensidade moderada a grave
Apresentação: comprimido 50 e 100mg, ampola 50mg/ml e 100mg/2ml (hipodermóclise)
Posologia: 50 a 100mg a cada 4 ou 6 horas; dose máxima não deve passar de 400mg/dia
Efeitos colaterais: sedação, náuseas, vômitos, tontura e constipação
MORFINA
Indicação: dor de intensidade moderada a grave
101
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
DISPNEIA
Sintoma comum no fim da vida
Causa angustia ao paciente, família e equipe
Opioide é a droga de escolha
ANOREXIA
É muito frequente no fim da vida
Causa angustia familiar
A indicação de alimentação enteral deve ser bem avaliada no final da vida, pois sondas e
cateteres nasoentéricos ou gástricos causam desconforto.
NÁUSEAS
Muitos pacientes apresentam náuseas até o momento final, sem ter vômitos;
A causa mais frequente de náuseas no fim da vida é a constipação intestinal
Outras causas são alentecimento do esvaziamento gástrico (fisiológico na velhice), obs-
trução intestinal, efeito colateral do opioide, aumento da pressão intracraniana, gastrite,
ulcera péptica, hipercalcemia, uremia e efeitos colaterais dos fármacos em uso.
102
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
CONSTIPAÇÃO
Costuma ser ignorada na fase final e a impactação fecal deve ser prevenida e tratada
A imobilização, a inatividade, o pouco alimento, a desidratação, o uso de medicamentos
como opioides e anticolinérgicos são causas frequentes
Fazer toque retal quando o paciente ficar constipado mais de 3 dias, pelo risco de fecalo-
ma.
DEPRESSÃO
É particularmente difícil distinguir depressão da tristeza decorrente da doença e da proxi-
midade da morte
Os antidepressivos devem ser usados com cautela
V A N E S S A L U D W I G
ISRS—Citalopram
Apresentação: comprimido 20mg
Dose terapêutica: 10-20mg/dia
Posologia: dose única diária. Iniciar com 10mg (meio comprimido) 1x/dia e após 4 sema-
nas, aumentar para 20mg 1x/dia, se houver necessidade.
ISRS-Escitalopram
Apresentação: comprimido 10mg, 15mg e 20mg; Gotas 20mg/ml
Dose terapêutica: 5-10mg/dia
Posologia: dose única diária. Iniciar com 5mg (meio comprimido ou 5 gotas) 1x/dia e
após 4 semanas, aumentar para 10mg (1 comprimido ou 10 gotas) 1x/dia, se houver ne-
cessidade.
ISRS-Sertralina
Apresentação: comprimido 25mg, 50mg e 100mg
Tolrest: comprimido 75mg
Dose terapêutica: 25 a 150mg/dia
Posologia: dose única diária; Iniciar com 25mg 1x/dia e após 4 semanas, aumentar para
50mg 1x/dia e fazendo incrementos de 25mg até alcançar a dose terapêutica, se neces-
sário.
IRSN-Duloxetina
Apresentação: comprimido 30mg e 60mg
Dose terapêutica: 30 a 60mg/dia
Posologia: dose única diária. Iniciar com 30mg 1x/dia e após 4 semanas, aumentar para
60mg 1x/dia se necessário
IRND-Bupropiona
Apresentação: comprimido 150mf. Bupium XL: comprimido 150mg e 300mg
Dose terapêutica: 150 a 300mg/dia
Posologia: dose única diária ou em duas tomadas por dia
Iniciar com 150mg 1x/dia e após 4 semanas, aumentar para 150mg 2x/dia ou 300mg
1x/dia, se necessário
104
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
ANSIEDADE E AGITAÇÃO
Podem ser resultantes de dor não tratada, de demência e de algum desconforto que elas
não consigam verbalizar
Podem ser usados antipsicóticos e benzodiazepínicos
AGITAÇÃO
Tratamento farmacológico: antipsicóticos (típicos: haloperidol; atípicos: risperidona e
quetiapina)
Haloperidol
Apresentação: comprimido 1 e 5mg, gotas 2mg/ml, ampola 5mg/ml (hipodermóclise)
Dose terapêutica: inicial (1-6mg/dia) manutenção (1-2mg/dia)
Posologia: inciar com 0,5mg 2x ao dia e aumentar a dose com intervalo mínimo de 2 dias
para 0,5mg 3x ao dia, até a dose máxima de 2mg 3x ao dia; subcutâneo ou EV: meia
ampola 1x/dia observar 30 a 60minutos e repetir se necessário
Risperidona
Apresentação: comprimido 0,25mg, 1mg, 2mg e 3mg; gotas: 1mg/ml
Dose terapêutica: 1-2mg/dia; posologia: Iniciar com 0,25mg 2x ao dia e aumentar a do-
se com intervalo mínimo de 2 dias até 1mg 2x ao dia.
Quetiapina
Apresentação: comprimido 25mg, 100mg e 200mg
Dose terapêutica: 25-300mg/dia; posologia: iniciar com 25mg 1x ao dia e aumentar
25mg a dose com intervalo mínimo de 2 dias até a dose eficaz.
ANSIEDADE
Tratamento farmacológico: benzodiazepínicos (clonazepam, midazolam)
Clonazepam
Apresentação: comprimido 0,25mg (sublingual), 0,5mg e 2mg; gotas: 2,5mg/ml
Posologia: 0,5 a 2mg a cada 12 ou 24 horas; dose máxima não deve ultrapassar 4mg/dia
Efeitos colaterais: sonolência, cefaleia, cansaço e tontura.
Midazolam
Apresentação: ampola 15mg/3ml e 5mg/5ml (hipodermóclise)
Posologia: 5 a 7,5mg a cada 24 horas
Efeitos colaterais: sonolência, cefalia, cansaço e tontura.
INSÔNIA
Costuma estar associado a depressão e a ansiedade
Também, pode ser causado por ambiente ruidoso, dor, inatividade e efeito colateral de
fármacos
Podem ser usados hipnóticos e antidepressivos
105
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Zolpidem
Apresentação: comprimido 5 e 10mg; posologia: 5 a 10mg antes de deitar
Efeitos colaterais: agitação, pesadelos, sonolência, cefaleia e tontura.
Benzodiazepínicos: clonazepam
Antipsicóticos: típicos (risperidona, quetiapina);
Mirtazapina (antidepressivos)
Apresentação: comprimido 15, 30 e 45mg; posologia: 15 a 45mg antes de deitar;
Efeitos colaterais: sonolência, sedação, boca seca, aumento de peso, aumento de apetite
e tontura..
Trazodona
Apresentação: comprimido 50 a 100mg; posologia: 50 a 100mg antes de deitar;
Efeitos colaterais: tontura, sonolência, náuseas, gosto desagradável e boca seca..
PILARES DO TRATAMENTO
Plano terapêutico singular
Uso de uma via de administração menos invasiva
Evitar a via intramuscular
Se acaso não aceitação dos fármacos pela via oral, a via de eleição é a subcutânea
Hipodermóclise é uma técnica simples e segura, desde que obedecidas as normas de ad-
ministração.
*Consiste na introdução de um cateter em uma área entre a pele o músculo. Por essa via
pode ser infundido soro e medicamentos
Locais de infusão
FÁRMACOS
ANALGÉSICOS: analgésico comum (dipirona); opioide (codeína, tramadol e morfina)
ANTIEMÉTICOS: ondansetrona, metoclopramida e dimenidrinato
SEDATIVOS: antipsicóticos (haloperidol, levopromazina, clorpromazina); benzodiazepíni-
cos (midazolam)
ANTI-INFLAMATÓRIOS: dexametasona e hidrocortisona
DIURÉTICOS: furosemida
ANTIDISPÉPTICOS: omeprazol
ANTIBIÓTICOS: ceftriaxona
SOLUÇÕES: soro fisiológico, soro glicofisiológico e soro glicosado
106
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
Em resumo:
A filosofia dos cuidados paliativos aceita a morte como o estágio final da vida: ela afirma
a vida e não acelera nem adia a morte. Os cuidados paliativos focam na pessoa e não na
doença, tratando e controlando os sintomas, para que os últimos dias de vida sejam dig-
nos e com qualidade, cercado de seus entes queridos. Está também focada na família pa-
ra a tomada de decisões.
O objetivo da paliação é manejar quaisquer fatores estressores para o paciente, que in-
fluencie na sua qualidade de vida e no comprometimento das suas atividades básicas de
vida diárias. É relevante enfatizar isto, pois essa modalidade de cuidado consiste no alívio
e prevenção da dor e do sofrimento, sejam elas de origem biológica/fisiológica, psíquica
ou ainda social, sempre que possível. O ideal é anteceder o aparecimento do sintoma,
evitando que o paciente sinta o desconforto.
107
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
A demanda por CP é um problema atual de saúde pública, haja vista o progressivo enve-
lhecimento da população mundial, cuja consequência revela-se pelo substancial cresci-
mento do número de idosos, que resulta, por sua vez, no aumento da incidência de doen-
ças crônico-degenerativas não transmissíveis (DCNT).
Sendo assim, torna-se cada vez mais urgente a priorização dos cuidados paliativos pela
Atenção Primaria à Saúde, possibilitando a organização, coordenação e assistência huma-
nizada ao paciente em seu leito domiciliar.
“Você é importante por ser quem você é. Você é importante até o último momento da
sua vida, e faremos tudo o que pudermos, não só para ajudá-lo a morrer em paz, mas
também para viver até morrer.”
Cicely Saunders
108
SAÚDE DO IDOSO
V A N E S S A L U D W I G
REFERÊNCIAS
Pereira SRM In: Freitas EV, Py L (Org). Tratado de geriatria e gerontologia. Cap14 –
Fisiologia do Envelhecimento. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
Clarke DD, Sokoloff L. Circulation and energy metabolism of the brain. In: Siegel G,
Agranoff BW, Albers RW, Fisher SK, eds. Basic neurochemistry: molecular, cellular and
medical aspects. 6th ed. Philadelphia: Lippincott-Raven, 1999. p. 637-70.
McLean RR, Kiel DP. Developing consensus criteria for sarcopenia: an update. Jour-
nal of Bone and Mineral Research. 2015; 30(4):588-92.
Papaléo Netto, M. – Tratado de Gerontologia. 2ª. Edição revista e ampliada. São Pau-
lo: Editora Atheneu, 2007. Páginas: 255-609.
V A N E S S A L U D W I G
Bettez M, Tu LM, Carlson K, Corcos J, Gajewski J, Jolivet M et al. 2012 update: Guidelines
for adult urinary incontinence collaborative consensus document for the Canadian Urolo-
gical Association. Can Urol Assoc J. 2012; 6(5):354-63.
REIS RB DOS, Cologna AJ, Martins ACP, Paschoalin EL, Tucci Jr S, Suaid HJ. Incontinência
urinária no idoso. Acta Cirurgica Brasileira. 2003; 18(Suppl 5): 47-51.
XAVIER FMF, Ferraz MPT, Trenti CM, et al. Transtorno de ansiedade generalizada em
idosos com oitenta anos ou mais. Rev. Saúde Pública. 2001 Jun; 35(3): 294-302.