Manual Ibram 2019 07 14 r0f 1

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

Guia de Boas Práticas de Gestão de Barragens e Estruturas


de Disposição de Rejeitos

Capítulo 1. Introdução

1.1 - Contexto
As empresas de mineração têm investido na gestão de rejeitos para garantir a sustentabilidade de suas
operações, sendo este um dos seus maiores desafios atuais. Os recentes acidentes comprovaram a
necessidade deste investimento e sua relevância para a segurança de barragens e estruturas de disposição
de rejeitos.
Esta não é uma questão nova. O Boletim 121 da Comissão Internacional de Grandes Barragens (ICOLD, 2001)
já concluía que fatores não-técnicos, como a gestão inadequada das estruturas, estão entre as principais
causas de ruptura de barragens de rejeitos. O mesmo ponto é ressaltado na análise dos acidentes das
barragens de rejeitos de Mount Poulley (2014) e Fundão (2016) e da barragem de acumulação de água de
Oroville (2017).
De fato, a análise destes últimos grandes acidentes com barragens parece indicar que os avanços técnicos
talvez não tenham sido acompanhados por avanços correspondentes nos modelos de gestão destas
estruturas.
Dentro deste contexto, ao longo do ano de 2018, foi elaborado o presente Guia de Boas Práticas, com o
objetivo de reunir conhecimento sobre o tema “Gestão de Estruturas de Disposição de Rejeitos” e apresentá-
lo de forma resumida e adaptada ao contexto brasileiro.
Cabe destacar que este é um Guia de Boas Práticas e, portanto, um documento conceitual e que não tem a
intenção de normatizar pontos específicos ou apresentar soluções para casos individuais. Não se trata,
portanto, de um manual para ser consultado em busca de respostas predefinidas, mas de um conjunto de
diretrizes cuja aplicação requer interpretação profissional e adaptação a cada caso e à cultura e realidade de
cada empresa.
Para dar abrangência às propostas de boas práticas indicadas neste Manual, as estruturas de disposição de
rejeitos foram definidas como:
Estruturas de disposição de rejeitos são o conjunto de estruturas de engenharia e seus componentes
envolvidos no gerenciamento de rejeitos sólidos ou sedimentos, incluindo sistemas de distribuição de
rejeitos e de recuperação de água, barragens, barramentos, diques, cavas com barramentos construídos e
empilhamentos.
O objetivo é abranger todas as estruturas que possam fazer parte da operação de uma mina e sejam utilizadas
para a disposição de rejeitos, sedimentos e/ou lamas (incluindo diques de fechamento ou estruturas de
retenção para rejeitos espessados), contenção de sedimentos gerados por erosão hidráulica, acumulação de
líquidos contaminados, coleta de percolado, fechamento de cavas exauridas em cavas de mineração e
acumulação de água industrial para o beneficiamento de minério.
É importante enfatizar que a gestão de estruturas de disposição de rejeitos é uma questão multidisciplinar e
na maioria das vezes envolve a necessidade de interação entre os diversos departamentos/unidades de uma

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determinada empresa de mineração, como a área de mina/depósito de estéril, a área de planta/manutenção


e a área de meio ambiente/segurança/saúde/jurídico/comunidades. É reconhecida a importância destas
interações, em especial com referência às questões ambientais, e, para garantir a performance e sucesso do
empreendimento, essas interações devem ser bem entendidas e os limites de responsabilidades entre as
diversas áreas claramente definidos.
Cabe ainda destacar que este guia foi preparado com enfoque principal nos aspectos gerenciais e
operacionais ligados à segurança e estabilidade física de estruturas de disposição de rejeitos,
compreendendo as diversas fases da vida útil das estruturas, como mostrado na Figura 1.1 e descrito a seguir.

Figura 1.1 – Etapas do Ciclo de Vida de Barragens e Estruturas de Disposição de Rejeitos.

PLANEJAMENTO E PROJETO: começa no início do projeto de um empreendimento minerário, devendo ser


integrado com a concepção e planejamento global para o site, o que inclui o planejamento de mina e de
processamento de minério. A fase deve incluir o uso de rigorosas ferramentas de tomada de decisão para
apoiar a seleção do local para as instalações e da melhor tecnologia a ser utilizada para gestão de rejeitos
(BAT - Best Available Technology). Uma vez selecionados o local e a melhor tecnologia a ser empregada, os
projetos de engenharia devem ser preparados, levando em consideração todos aspectos da instalação e da
infraestrutura necessária.
IMPLANTAÇÃO: inclui a construção e/ou ampliação de estruturas e infraestrutura que devem estar
finalizadas antes do início da acumulação de água, sedimentos ou da disposição de rejeitos da fase licenciada.
Isto inclui a supressão da vegetação, a construção de sistemas de desvio de água, de barragens de partida,
das adutoras para rejeitos e água, dos sistemas de recirculação de água, dos sistemas de drenagem interna
e superficial, do sistema extravasor, das estradas de acesso e redes de energia elétrica.

OPERAÇÃO: consiste na fase da vida útil da instalação na qual as estruturas receberão os rejeitos, sedimentos
ou água, podendo vir a ser alteadas conforme projeto. Nesta etapa estão incluídas as atividades de operação,
alteamentos, monitoramento (inspeção visual e instrumentação) e manutenção do sistema.

ENCERRAMENTO: fase do ciclo de vida da estrutura que se inicia com a confirmação de que esta já alcançou
o fim da sua vida útil e/ou não é mais necessária no contexto operacional do empreendimento e, portanto,
poderá ser desativada ou descaracterizada (tomada de decisão da empresa).

PÓS-ENCERRAMENTO: período após a completa implementação das medidas de desativação ou


descaracterização das estruturas de disposição de rejeitos, que compreende o monitoramento e manutenção
em longo prazo e a avaliação do alcance dos objetivos de desempenhos pretendidos.

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1.2 – Estruturação do Guia


O guia foi estruturado em sete capítulos:

■ Capítulo 1 - Introdução
■ Capítulo 2 - Pilares Fundamentais para a Gestão de Barragens e Estruturas de Disposição de Rejeitos
■ Capítulo 3 - Diretrizes para um Sistema de Gestão de Estruturas de Disposição de Rejeitos
■ Capítulos 4 a 7 - Boas Práticas de Gestão Aplicáveis às Diversas Etapas do Ciclo de Vida de uma
Estrutura
O Capítulo 1 apresenta uma breve introdução e as motivações que levaram à elaboração deste Guia de
Gestão.

O Capítulo 2 apresenta os princípios que devem nortear a gestão de estruturas de disposição de rejeitos,
tendo como principal referência as lições aprendidas com os acidentes mais recentes com barragens no Brasil
e no mundo, podendo ser destacadas as questões de governança e de gestão de riscos.

O Capítulo 3 apresenta os elementos-chave para a implantação de um sistema de gestão a ser aplicado ao


longo do ciclo de vida de uma instalação de disposição de rejeitos, estruturado conforme sugerido pela MAC
– Mining Association of Canada (MAC, 2017), e de acordo com os pilares fundamentais que foram descritos
no Capítulo 2.

Os Capítulos 4 a 7 trazem aspectos de boas práticas relacionadas ao projeto, construção, operação e


encerramento para os vários componentes das estruturas de disposição de rejeitos, cuja aplicação busca
assegurar que os objetivos de desempenho e de segurança sejam alcançados.

É importante destacar que os Capítulos 2 e 3 tratam das definições e ações estruturantes aplicáveis a todo o
ciclo de vida das estruturas e devem ser consultados para o entendimento pleno das boas práticas detalhadas
nos Capítulos 4 a 7 subsequentes.

Referências utilizadas neste capítulo


(1) ICOLD (2001). Bulletin 121. Tailings Dams – Risk of Dangerous Occurrences, Lessons Learnt from
Practical Experiences. Paris.
(2) CDA (2014). Technical Bulletin: Application of Dam Safety Guidelines to Mining Dams.
(3) MAC (2017). A Guide to the Management of Tailings Facilities. Third Edition.

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Capítulo 2. Pilares Fundamentais para a Gestão de Barragens e Estruturas de


Disposição de Rejeitos

Este capítulo apresenta os princípios fundamentais visando a segurança de barragens e estruturas de


disposição de rejeitos, reconhecidos internacionalmente como boas técnicas e boas práticas. Estes princípios
são apresentados como três pilares, capazes de fornecer as bases para a redução dos riscos associados a
estas estruturas.
O primeiro se refere à aplicação das melhores tecnologias disponíveis (BAT - Best Available Technology), e
envolve o desenvolvimento do projeto e implantação de estruturas empregando tecnologias que reduzem o
risco. O segundo, ao emprego das melhores práticas aplicáveis (BAP – Best Applicable Practices),
incorporadas a um sistema de gestão que permita o controle adequado das estruturas ao longo de todo o
seu ciclo de vida. E, finalmente, a operacionalização dos Planos de Ação de Emergência, que deve identificar
as situações de emergência e definir as respectivas ações com o objetivo de minimizar perdas de vida
relacionadas a potenciais acidentes na instalação de disposição de rejeitos.

Figura 2.1 -Pilares fundamentais para a segurança de barragens e estruturas de disposição de rejeitos
(adaptado de Bittar, 2017).

No caso das barragens, e em especial das barragens de mineração, cabe destacar que o contexto regulatório
fornece um arcabouço mínimo de ações em prol da segurança destas estruturas, com foco na fase de
Operação, Monitoramento e Manutenção. As boas práticas aqui apresentadas vão além deste conjunto de
ações e incorporam fatores de prevenção e/ou atenuação de consequências de acidentes, com base em
lições aprendidas e aplicáveis a todo o ciclo de vida de estruturas de disposição de rejeitos.

2.1 – Aplicação das Melhores Tecnologias Disponíveis (BAT)


Princípio 1: Deve sempre ser buscada a aplicação das melhores tecnologias disponíveis para
reduzir o risco associado às barragens e estruturas de disposição de rejeitos.
A aplicação das melhores tecnologias disponíveis trata do uso de tecnologias que reduzem os riscos
associados às estruturas de disposição de rejeitos, visando assegurar a sua estabilidade física e evitar
vazamento ou a liberação indesejada do conteúdo armazenado no reservatório.

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A incorporação das melhores tecnologias deve orientar a


Melhor Tecnologia Disponível (BAT- Best
seleção das alternativas tecnológicas e locacionais mais
Available Technology) é a combinação
adequadas para a implantação de novas estruturas. Deve ser
avaliada de acordo com as condições e características locais, específica, para um determinado local,
tais como características físico-químicas dos rejeitos, de tecnologias e técnicas
aspectos locacionais e ambientais, aspectos hidrológicos, economicamente alcançáveis e que
hidrogeológicos e hidráulicos, aspectos geológico- reduzem com maior eficácia os riscos
geotécnicos, materiais de construção, sismicidade e demais físicos, geoquímicos, ambientais, sociais,
especificações de projeto. financeiros e à reputação associados à
gestão de rejeitos para um nível aceitável
As melhores tecnologias consideram ainda os aspectos de
gestão da água em estruturas de disposição de rejeitos durante todas as fases do ciclo de vida, e
visando a otimização da utilização do recurso hídrico. Isto é que apoiam a operação de mina de forma
justificado pelo fato da presença de água estar diretamente ambientalmente e economicamente
associada às causas de falhas (galgamento, instabilização, viável (MAC, 2017).
liquefação, erosão interna, contaminação), bem como
maximizar o potencial de dano associado (maiores impactos a jusante no caso de ruptura).
Assim, sempre que possível devem ser buscadas soluções que otimizem e reduzam o uso da água,
considerando os seguintes princípios (MORGENSTERN et al., 2015):
■ Eliminar ou reduzir as águas superficiais e armazenadas no reservatório;
■ Promover condições não-saturadas nos rejeitos com provisões de drenagem; e
■ Obter condições dilatantes em todo o depósito de rejeitos por meio de compactação.
Cabe destacar que em algumas situações a melhor solução pode incluir a disposição submersa de rejeitos e
a manutenção de uma lâmina de água para a estabilização química de rejeitos que contém sulfetos. Nesse
contexto, adicionalmente deve ser considerado o seguinte princípio:
■ Projetar com vistas a garantir segurança física e química no fechamento.
Para empreendimentos em operação, em geral não é tecnicamente ou economicamente possível alterar a
tecnologia usada para a disposição de rejeitos. Neste caso, podem ser empregadas as melhores práticas
aplicáveis (BAP) para reduzir riscos associados ao sistema implantado.

2.2 – Implantação de um sistema de gestão que incorpore as Melhores Práticas


Aplicáveis (BAP)
Princípio 2: A implantação de um sistema de gestão que integre as diversas fases do ciclo de
vida e empregue as melhores práticas aplicáveis (BAP) é um elemento chave para a
redução do risco atendimento aos objetivos de desempenho desejados.
A necessidade de evolução dos processos de gestão de barragens e estruturas de disposição de rejeitos tem
sido considerada uma das maiores lições aprendidas com os últimos acidentes com barragens. O fato destas
estruturas estarem sujeitas a mudanças e evolução ao longo de sua vida útil, em uma escala de tempo que
pode se estender por décadas até o final da fase de operações e fechamento, torna a implantação de um
sistema de gestão eficiente um grande desafio e, ao mesmo tempo, um elemento chave para se alcançar os
melhores níveis de segurança.
As mudanças e o fator tempo são importantes fontes de risco e trazem grande complexidade para a gestão,
uma vez que existirão diferentes atores, com papéis e responsabilidades variáveis ao longo do ciclo de vida
da estrutura e dentro de contextos dinâmicos de explotação da mina. O fator tempo implica em mudanças

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nas condições de operação, nos materiais a serem depositados, dificuldades na retenção e padronização de
informações, introdução de novas tecnologias, mudanças no contexto regulatório, evolução da percepção
do risco pela sociedade, dentre outras.
Consequentemente, é essencial estabelecer um sistema
Um sistema de gestão pode ser definido como
de gestão que garanta que os elementos fundamentais um conjunto de procedimentos que orientam
de projeto, princípios operacionais, controles críticos e o planejamento e a execução das atividades de
processos de avaliação e gestão de riscos sejam forma padronizada, cujo desempenho é
consistentemente levados às equipes de gestão avaliado periodicamente para garantir a
subsequentes e envolvam os diferentes níveis melhoria contínua dos processos.
hierárquicos da empresa. Deve-se garantir que os riscos
conhecidos sejam efetivamente gerenciados e evitar que novos riscos sejam introduzidos ao se perder os
dados e objetivos originais do projeto (MAC, 2017).
O sistema de gestão deve ter a capacidade de integrar e gerenciar as informações de projeto, construção,
operação e encerramento, e permitir a passagem de conhecimento adquirido ao longo do tempo (handover)
entre as equipes que atuarão em diferentes fases do ciclo de vida ou mesmo para outros empreendedores,
no caso de transferência de propriedade do sistema.
No caso específico de um sistema de gestão de rejeitos, existe um amplo espectro de boas práticas
empregadas internacionalmente, que devem nortear sua estruturação, dentre as quais podem ser
destacadas:
■ Assegurar o comprometimento e a implantação de governança corporativa;
■ Gerenciar os riscos em todas as fases do ciclo de vida;
■ Implantar sistema de revisão independente;
■ Projetar e operar as estruturas para o fechamento.

De uma forma geral, a aplicação das melhores


Melhores Práticas Aplicáveis / Disponíveis
tecnologias disponíveis (BAT) dá maior transparência à
(BAP – Best Applicable Practices) englobam
identificação e entendimento dos impactos, riscos e
sistemas de gestão, procedimentos
custos associados à tecnologia selecionada, enquanto o
gerenciamento destes riscos e custos se dá por meio da operacionais, técnicas e metodologias que, por
aplicação de melhores práticas (BAP). meio da experiência e da aplicação
demonstrada, provaram serem capazes de
Um sistema de gestão eficiente ajuda a garantir que as gerenciar o risco de forma confiável e de atingir
prioridades financeiras ou operacionais de curto prazo os objetivos de desempenho de maneira
não se sobreponham às melhores práticas de projeto e tecnicamente sólida e economicamente
operacionais das estruturas de disposição de rejeito. eficiente. As BAP são uma filosofia operacional
que abraçam a melhoria contínua e a
excelência operacional, e que devem ser
aplicadas consistentemente por toda a vida útil
de uma instalação, incluindo o período pós-
fechamento (MAC, 2017).

As melhores práticas citadas são detalhadas nos itens a seguir e as diretrizes para implantação de um sistema
de gestão de rejeitos são detalhadas no Capítulo 3.

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2.2.1 – Governança Corporativa


Princípio 2a Os níveis de governança mais altos do empreendedor devem reconhecer os riscos
associados às estruturas de disposição de rejeitos como riscos do negócio.
A Alta Administração deve ter conhecimento das suas responsabilidades e dos riscos associados às estruturas
de disposição de rejeitos, incluindo as consequências de um eventual acidente tanto em termos econômicos,
socioambientais quanto para a continuidade dos negócios.
Em todas as fases do ciclo de vida de um empreendimento, o sistema de governança deve assegurar a
comunicação das condições de segurança das estruturas até o nível mais alto da administração, e permitir
que as decisões sobre os riscos sejam tomadas no nível apropriado, não sendo limitadas ao "ambiente
operacional".
Para que este objetivo seja atingido, é importante que as responsabilidades e níveis de autoridade sejam
formalmente definidos para todas as decisões relacionadas à gestão destas estruturas.
De modo geral, três princípios de governança corporativa poderiam ser aplicados às estruturas do sistema
de disposição de rejeitos:

■ Transparência de informações (disclosure) – a empresa deve garantir a transparência das


informações;
■ Prestação de contas (accountability) - a empresa deve garantir a existência de um processo de
prestação de contas e fornecimento de informações sobre o sistema de disposição de rejeitos com
responsabilidade e ética; e
■ Conformidade aos requisitos internos e externos (compliance) – a empresa deve cumprir os
requisitos legais e regulamentares, bem como as políticas e as diretrizes estabelecidas internamente
para o negócio e para as suas atividades, e tratar qualquer desvio ou não-conformidade que possa
ocorrer.

2.2.2 – Gestão da Informação


Princípio 2b: Deve ser estabelecido um processo formal de retenção, gestão e transferência de
informações ao longo do ciclo de vida das estruturas.
Uma das maiores preocupações na gestão de estruturas de disposição de rejeitos diz respeito à retenção e
transferência de informações ao longo das fases do seu ciclo de vida. A estruturação e manutenção de um
banco de dados adequado é imprescindível, pois constitui as bases para o entendimento e avaliação do
comportamento das estruturas por todos os envolvidos no projeto, construção, operação e encerramento,
sejam eles a equipe de segurança de barragens, contratados, painéis de especialistas, auditores, EdR,
consultores, etc.
A gestão da informação de estruturas de disposição de rejeitos é especialmente relevante considerando que
informações de etapas anteriores devem estar disponíveis para o projeto de eventuais etapas subsequentes,
além de serem insumos importantes para as atividades de operação, manutenção e monitoramento. Lacunas
podem resultar em interpretações equivocadas sobre o comportamento das estruturas.
Além disso, as mudanças de etapa de uma estrutura em geral estão associadas a alteração dos atores
envolvidos e a transferência da informação se constitui em um ponto frágil. Para reduzir tal fragilidade, o
empreendedor deve estabelecer um processo formal de retenção, gestão e transferência das informações
em cada etapa, estabelecendo uma matriz de comunicação e procedimentos de gestão das informações
compatíveis com o nível de complexidade das estruturas.

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2.2.3 – Gestão de Riscos


Princípio 2c: A gestão de riscos provê um modelo robusto para gerenciar as incertezas e
mudanças associadas às estruturas de disposição de rejeitos e permite a tomada de
decisão quanto aos riscos de forma mais consciente.
A gestão da segurança de barragens e estruturas de disposição de rejeitos é, em última instância, uma
questão de controle de riscos e tomada de decisões sob condições de incertezas. Por isso, uma abordagem
estruturada de gestão de riscos é considerada uma boa prática e fornece um modelo robusto no
gerenciamento destas estruturas.
Nas últimas décadas, a gestão de riscos de estruturas de disposição de rejeitos tem ganhado importância,
haja vista as inúmeras vantagens que podem ser obtidas por este processo, tais como:
■ Assegurar que todos os eventos de risco associados às estruturas são sistematicamente identificados
e considerados;
■ Identificar os modos de falha possíveis, destacando aqueles que requerem uma investigação e análise
detalhada;
■ Orientar o planejamento das estratégias de monitoramento e a preparação dos planos de ação de
emergência;
■ Aumentar a transparência na tratativa dos riscos;
■ Identificar estratégias de resposta possíveis, incluindo o cálculo de riscos residuais;
■ Permitir a tomada de decisão quanto aos riscos de forma mais consciente;
■ Permitir a alocação de recursos orientada pelo risco;
■ Possibilitar a comparação do risco de barragens com o de outras indústrias.
O processo de gestão de risco tem como referência as diretrizes da norma técnica ABNT NBR ISO 31000
(2009), e inclui as etapas de Estabelecimento do Contexto, Identificação, Análise, Avaliação e Tratamento
de Riscos, suportadas pelos processos de Monitoramento e Revisão dos Riscos e Comunicação e Consulta,
como detalhado no Capítulo 3.
Para a identificação e análise de riscos, vários métodos (qualitativos, semi-quantitativos e quantitativos) têm
sido aplicados com sucesso nas atividades de mineração. A escolha do método a ser empregado depende
dos objetivos pretendidos (estabelecimento de controles, planejamento das ações de monitoramento, apoio
na tomada de decisão, alocação de recursos, por exemplo), da fase do ciclo de vida em estudo e da
complexidade da questão sob análise.

Os métodos de identificação e análises de riscos mais utilizados para barragens e estruturas de disposição de
rejeitos são os indicados a seguir:

■ PMFA – Análise de Modos de Falha Potenciais;


■ HAZOP - Estudo de Perigos e Operabilidade;
■ FMEA - Análise dos Modos de Falha e seus Efeitos;
■ FMECA - Análise dos Modos de Falha, Efeitos e Criticidade;
■ BOW-TIE ANALYSIS – Avaliação de Riscos e Controles (Diagramas “Gravata Borboleta”);
■ Métodos probabilísticos;
■ ETA - Análise por Árvore de Eventos e FTA - Árvore de Falhas;
Na definição da metodologia a ser empregada, é importante que as aplicações e limitações dos diversos
métodos sejam compreendidas. Além disso, os métodos citados podem ser empregados de forma
complementar, com a identificação dos riscos empregando o PFMA ou FMEA, por exemplo, detalhamento

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da probabilidade dos riscos mais importantes empregando ETA e/ou FTA e estabelecimento de controles
empregando o BOWTIE.

Independentemente do método de análise de risco selecionado, a aplicação de um processo estruturado e


racional de gestão de riscos obriga um conhecimento mais aprofundado dos aspectos de projeto, construção,
operação e fechamento, e contribui fortemente para o entendimento dos possíveis modos de falha das
estruturas e seus gatilhos (eventos iniciadores), permitindo tomadas de decisão mais conscientes e
contribuindo para a segurança das estruturas.

2.2.4 – Revisão Independente


Princípio 2d: A revisão independente, isenta de influências externas ou conflitos de interesse, é
um aspecto essencial de governança.
A revisão independente de barragens e estruturas de disposição de rejeitos é considerada uma boa prática
essencial e exigida pelas regulamentações de segurança de barragens brasileiras e internacionais.
É considerada um aspecto chave de governança e garante que a Alta Administração tenha um parecer de
terceiros com relação aos riscos e ao estado de determinada estrutura de disposição de rejeitos,
independente das equipes responsáveis por planejar, projetar, construir, operar, manter e fechar o sistema.
As revisões independentes podem ter várias formas de acordo com o grau de complexidade do portfólio de
estruturas de determinado empreendedor. Devem ser conduzidas por um ou mais indivíduos devidamente
qualificados e experientes nas disciplinas envolvidas, e que, sempre que possível, não tenham participado
diretamente do projeto em avaliação. As qualificações e experiência dos revisores devem estar alinhadas
com a complexidade e perfil de risco do sistema de disposição de rejeitos.
Os revisores independentes avaliam se o projeto, construção, operação e fechamento são consistentes com
o desempenho esperado em longo prazo, e se existem pontos fracos que possam causar efeitos adversos à
integridade das estruturas, saúde, segurança e meio ambiente. Devem prover, de forma regular e
sistemática, opinião qualificada com relação à:
■ adequação do entendimento e gestão dos riscos;
■ eficiência do sistema de gestão das estruturas de disposição de rejeitos;
■ adequação dos conceitos e critérios de projeto, construção, operação e fechamento aos requisitos
regulatórios, padrões da indústria, conhecimento técnico e experiências atuais.

2.2.5 – Projetar e operar as estruturas para o fechamento


Princípio 2e: As estruturas de disposição de rejeitos devem ser projetadas e operadas para o
fechamento da mina.
O projeto e operação para fechamento é uma boa prática para mitigar os riscos de longo prazo e reduzir os
passivos associados às estruturas de disposição de rejeitos na fase pós-fechamento da mina.
O projeto e operação para fechamento implica em avaliar as alternativas de implantação e encerramento de
estruturas de disposição de rejeitos tendo em mente os objetivos de desempenho futuros (segurança física
e química das estruturas) e considerando que existem custos de difícil quantificação que não podem ser
totalmente incorporados aos estudos econômico-financeiros (MAC, 2017).

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2.3 – Operacionalização dos Planos de Ação de Emergência


Princípio 3: Os Planos de Ação de Emergência devem contribuir para que os envolvidos em uma
situação de emergência estejam preparados para as ações de resposta.
O Plano de Ação de Emergência (denominado PAEBM no caso das barragens de mineração) deve ser um
documento técnico e de fácil entendimento, elaborado pelo Empreendedor, no qual estão identificadas as
situações de emergência em potencial da barragem, são estabelecidas as ações a serem executadas nesses
casos e definidos os agentes a serem notificados, com o objetivo de minimizar o risco de perdas de vidas
humanas no caso de acidentes com estruturas de disposição de rejeitos.
A operacionalização destas ações deve prever atividades de cunho preventivo e preparatório para garantir
prontidão de todos os envolvidos em caso de emergência e inclui os seguintes aspectos (Brasil, 2017):
■ Conhecimento das zonas de risco existentes a jusante da barragem, notadamente da denominada
zona de autossalvamento (ZAS);
■ Treinamento dos participantes internos no PAE / PAEBM;
■ Suporte às Prefeituras e organismos de defesa civil, assim como à população, para a realização de
simulados externos.

Salienta-se que a importância da realização de treinamentos internos e o suporte aos simulados externos vai
muito além da “manutenção do estado de prontidão”. Permitem a interação com a comunidade, dando
transparência às ações da empresa, além de possibilitar a identificação de possibilidades de melhoria nos
planos existentes.

Referências utilizadas neste capítulo


(1) MAC (2017). A Guide to the Management of Tailings Facilities. Third Edition.
(2) MORGENSTERN, N.R., VICK, S.G., VAN ZYL, D. (2015). Report on Mount Polley Tailings Storage Facility
Breach. Independent Expert Engineering Investigation and Review Panel, Canada.
(3) BITTAR, R.J. (2017). Relato do Tema 2- Acidentes e incidentes em barragens de rejeitos: como prevenir
ou atenuá-los? II Seminário de Gestão de Riscos e Segurança de Barragens de Rejeitos. Belo
Horizonte.
(4) CDA (2014). Technical Bulletin: Application of Dam Safety Guidelines to Mining Dams.
(5) ABNT NBR ISO 31000 (2009). Gestão de Riscos – Princípios e Diretrizes. Brasil.
(6) BITTAR, R.J. (2016). Designing and Operating a Tailings Safety Management System: the key success
aspects. 24th World Mining Congress. Rio de Janeiro.
(7) BRASIL, L. S. S., LOPES, M., GONTIJO, A., SANTOS, L. (2017). Estratégia de operacionalização dos
planos de atendimento a emergência para barragens de mineração (PAEBM) na VALE – Área de
Ferrosos. II Seminário de Gestão de Riscos e Segurança de Barragens de Rejeitos. Belo Horizonte.
(8) UNEP (2001). APEEL FOR MINING: Guidance for the Mining Industry in Raising Awareness and
Preparedness for Emergencies at Local Level.

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Capítulo 3. Diretrizes para um Sistema de Gestão de Barragens e Estruturas de


Disposição de Rejeitos

Este capítulo apresenta os elementos de um sistema de gestão de barragens e estruturas de disposição de


rejeitos, a ser implantado com o objetivo de controlar e monitorar os riscos envolvidos e garantir a gestão
segura, sustentável e ambientalmente responsável ao longo de todo o ciclo de vida destas estruturas.
A estrutura de gestão apresentada tem como base a definição da ISO 14001 de um sistema de gestão
ambiental, adaptada pela MAC - Mining Association of Canada para a gestão de sistemas de disposição de
rejeitos (MAC, 2017). Segue o ciclo PDCA (do inglês Plan-Do-Check-Act - planejar, fazer, checar e agir), modelo
de gestão usualmente empregado para controle e melhoria contínua de processos, compreendendo as
etapas apresentadas na Figura e descritas a seguir.

Figura 3.1 – Elementos de um Sistema de Gestão de Barragens e Estruturas de Disposição de Rejeitos.

POLÍTICAS E COMPROMETIMENTO: Ditam as políticas dentro das quais o sistema de gestão e governança
serão desenvolvidos e implementados.
(P) PLANEJAR: Estabelecer objetivos, processos e planos necessários para atingir tais objetivos.
(D) FAZER: Implementar processos e planos dentro de uma estrutura de gestão estruturada (implementar a
estrutura de gestão dos sistemas de disposição de rejeitos).
(C) VERIFICAR: Medir e monitorar todos os aspectos de desempenho, analisar e relatar resultados (avaliação
da performance).
(A) AGIR: Revisar o desempenho, identificar áreas de não-conformidade e oportunidades de melhoria. Agir
para manter e melhorar continuamente o sistema de gestão (revisão de gestão para melhoria contínua).
Cabe destacar que a complexidade do sistema de gestão deve ser adequada à complexidade das estruturas
e não ajustada de acordo com a capacidade da organização em gerir de seus riscos e incertezas. Quando não
há capacidade de gestão compatível, o ônus deve ser o aumento da margem de segurança do projeto e não
a simplificação ou ajuste do sistema de gestão à capacidade de governança instalada. Em todas as situações,
é importante que os processos sejam estruturados, compreendidos pelos envolvidos e endossados pela alta
administração.

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3.1 – Políticas e Comprometimento

Os empreendedores devem estabelecer políticas e/ou compromissos de gestão de barragens e estruturas de


disposição de rejeitos de acordo com os requisitos específicos aplicáveis ao seu portfólio, levando em
consideração a abordagem da gestão corporativa e as diversas partes interessadas.
Devem ser estruturados a partir do reconhecimento dos riscos associados a estas estruturas como riscos do
negócio e demonstrar o compromisso do Empreendedor com os seguintes princípios (MAC, 2017):
■ a proteção da saúde e segurança das pessoas;
■ a mitigação de impactos socioambientais;
■ a alocação de recursos apropriados para as atividades de gestão integrada das estruturas; e
■ a implementação de um sistema de gestão de barragens e estruturas de disposição de rejeitos.
Considerando um sistema específico, podem ser feitos compromissos adicionais, como:
■ planejar, projetar, construir, operar e descomissionar estruturas de disposição de rejeitos de maneira
a reduzir os riscos e passivos no longo prazo;
■ garantir que a gestão das estruturas atenda aos requisitos regulatórios, e esteja de acordo com práticas
de engenharia adequadas e prudentes, critérios de projeto definidos, normas pertinentes e diretrizes
da empresa;
■ envolver as partes interessadas no âmbito interno e externo à empresa, dando transparência às suas
ações durante todo o ciclo de vida das estruturas;
■ gerenciar todos os rejeitos e água dentro das áreas de influência;
■ estabelecer um programa contínuo de gestão de riscos associados a cada estrutura; e
■ implementar uma estrutura de governança (nível de autoridade e competência) que permita tomada
de decisão adequada ao nível de risco em que tal decisão implica.
A política e/ou compromissos devem ser:
■ formalizados, acompanhados e sancionados pelo Conselho de Administração ou Nível de Governança
compatível;
■ comunicados e compreendidos por empregados e contratados cujas atividades possam direta ou
indiretamente afetar a segurança das estruturas de disposição de rejeitos;
■ comunicados às partes interessadas; e
■ implementados com alocação orçamentária.
Esta política e/ou compromisso não precisa ser um documento independente, podendo ser parte de uma
política mais abrangente da empresa.

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

3.2 – Planejamento

O planejamento tem como objetivo estabelecer as bases estruturantes para o sistema de gestão e inclui a
definição dos objetivos de desempenho, de papéis e responsabilidades, estabelecimento de processos,
procedimentos e controles, bem como dos mecanismos para assegurar os recursos necessários ao sistema.

3.2.1 – Objetivos de Desempenho do Sistema de Gestão


Objetivos de desempenho são objetivos globais do sistema de gestão, desdobrados das políticas e/ou
compromissos do empreendedor. Devem ser traduzidos em Indicadores de desempenho mensuráveis e
quantificáveis, para assegurar que os objetivos de desempenho sejam atendidos.
Não refletem os indicadores operacionais específicos por estrutura (controles operacionais, controles críticos
e indicadores de desempenho específicos associados). Têm como objetivo assegurar a melhoria contínua do
sistema de gestão e podem evoluir em função da maturidade de implantação do sistema.

3.2.2– Papéis e Responsabilidades


As responsabilidades e níveis de autoridade devem ser formalmente definidos para todas as decisões
relacionadas à gestão de barragens e estruturas de disposição de rejeitos, tendo como objetivos principais:
■ promover a comunicação das condições de segurança das estruturas de disposição de rejeitos até o
nível mais alto da administração, reduzindo “filtros” e adequando os canais de comunicação;
■ assegurar que as decisões sobre os riscos sejam tomadas no nível apropriado, de preferência
envolvendo a alta liderança da empresa e não sendo limitadas ao "ambiente operacional";
■ implementar processos de “verificação cruzada” de todo o processo de gestão das estruturas.
A estrutura de governança deve ser adaptada às circunstâncias de cada empreendedor e instalação de
disposição de rejeitos. Contudo, as responsabilidades, autoridade, funções e reportes devem ser definidos e
documentados de forma clara, pelo menos, para:
■ Conselho de Administração ou Nível de Governança Máximo do Empreendedor;
■ Executivo Responsável;
■ Responsáveis Técnicos;
■ Engenheiro de Registro (EdR);
■ Equipe de Segurança da Barragem e Estruturas de Disposição de Rejeitos;
■ Coordenador do Plano de Ação de Emergência;
■ Revisor(es) Independente(s).

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

A Figura 3.2 mostra a interrelação entre estes atores, sem a intenção de representar uma estrutura
organizacional, mas apenas de indicar como deve se dar o reporte de informações, aspecto chave na redução
de riscos.

Figura 3.2 – Reporte de informações sobre a gestão de estruturas de barragens e estruturas de disposição de rejeitos (observar que
não representa a estrutura hierárquica da empresa).

Conselho de Administração ou Nível Máximo de Governança do Empreendedor


A responsabilidade pelas decisões relacionadas à gestão de barragens e estruturas de disposição de rejeitos
cabe, em última instância, ao Conselho de Administração ou Nível Máximo de Governança equivalente do
Empreendedor (presidente ou CEO, por exemplo), de acordo com o tamanho e estrutura da empresa (MAC,
2017).
Assim, o papel do Conselho de Administração ou Nível de Governança equivalente do Empreendedor deverá
ser definido, bem como o nível de informação que será comunicado à alta administração.
O Conselho de Administração ou Nível de Governança equivalente do Empreendedor devem designar um
Executivo Responsável pelas atividades de gestão de barragens e estruturas de disposição de rejeitos, cujas
funções e responsabilidades devem ser definidas, aprovadas e documentadas.

Executivo Responsável
O Executivo Responsável garante ao Empreendedor e partes interessadas que as estruturas de disposição de
rejeitos sejam gerenciadas de forma responsável. Precisa estar ciente dos resultados-chave das avaliações
de risco das estruturas e como esses riscos estão sendo gerenciados e tem como atribuição comunicar à alta
administração as informações geradas na gestão de riscos e pelos Revisores Independentes.
Este Executivo possui responsabilidade e autoridade orçamentária para a gestão das barragens e estruturas
de disposição de rejeitos. Cabe ele a responsabilidade de colocar em vigor uma estrutura de gestão
adequada, definindo os deveres, responsabilidades e estrutura hierárquica necessária em todas as fases na
vida útil das estruturas, e tem sido usualmente denominado “dono da estrutura”. É o responsável por
designar o coordenador do Planos de Ação de Emergência seu substituto e documentar formalmente as suas
atribuições e responsabilidades.

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

Responsáveis Técnicos
Cada estrutura ou sistema deverá ter, no mínimo, um Responsável Técnico designado de acordo com a fase
do ciclo de vida da estrutura, que será responsável pelo projeto, construção, operação, manutenção e/ou
monitoramento de tal instalação. Um Responsável Técnico pode ser compartilhado por várias instalações ou
operações, dependendo da complexidade das estruturas, logística e carga de trabalho esperada nessa
posição.
Os Responsáveis Técnicos definem o escopo do trabalho e os requisitos orçamentários (sujeitos à aprovação
final) para todos os aspectos da gestão de barragens e estruturas de disposição de rejeitos, e delegam as
tarefas e responsabilidades específicas para as equipes qualificadas.
A existência de Responsáveis Técnicos internos à empresa não se sobrepõe à responsabilidade técnica pelas
atividades de estudos, inspeção regular de segurança, revisão periódica de segurança, declarações da
condição de estabilidade ou quaisquer outras referentes à execução de atividades de engenharia associadas
a determinada estrutura.
As anotações de responsabilidade técnica devem ser emitidas conforme Resolução Confea 1.025/2009 ou
outro instrumento equivalente que vier a substitui-la.

Coordenador do Plano de Ação de Emergência (PAE / PAEBM)


O Coordenador do Plano de Ação de Emergência (denominado PAE para barragens de água e PAEBM para
barragens de mineração) e seu substituto devem ser profissionais designados pelo Executivo Responsável,
com autonomia e autoridade para mobilização de equipamentos, materiais e mão de obra a serem utilizados
nas ações corretivas e/ou emergenciais, devendo estar treinados e capacitados para a função.
É o responsável por declarar situações de emergência e coordenar as ações previstas no Plano de Ação de
Emergência.

Equipe de Segurança da Barragem e Estruturas de Disposição de Rejeitos


Conjunto de profissionais tecnicamente capacitados dedicados às ações de monitoramento (inspeções
visuais e leitura/coleta de dados da instrumentação) de barragens e estruturas de disposição de rejeitos,
podendo ser composta por profissionais do próprio quadro de pessoal do empreendedor ou contratado
especificamente para este fim.
Esta equipe pode ter atribuições mais amplas, desde que formalmente definidas e que sejam responsáveis
por inspecionar, monitorar e controlar o comportamento das estruturas. Caso identifique algum tipo de
anomalia, deverá comunicar ao Responsável Técnico.

Engenheiro de Registros (EdR)


Após as mais recentes rupturas de barragens de rejeitos, a MAC (2017) reconheceu a importância de um
engenheiro de registro como uma boa prática no gerenciamento de estruturas de disposição de rejeitos,
tendo como objetivos principais “verticalizar” as informações de gestão de risco (interlocução entre a área
operacional e a área executiva) e executar a gestão técnica e de informações durante o ciclo de vida das
estruturas.
O papel do EdR deve ser considerado dentro de um contexto de governança, destacando a importância da
função, independentemente de como ela seja aplicada em cada empreendimento. Em outras palavras, cada
empresa tem a flexibilidade de implantar as funções de EdR de acordo com a sua estrutura e grau de
complexidade das instalações, podendo esta função estar distribuída entre diferentes pessoas da empresa
e/ou contratadas.

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

O Engenheiro de Registro tem sido definido como um profissional ou empresa designada para prestar
orientação técnica na área de geotecnia ao empreendedor, e em nome deste, para determinada estrutura
de disposição de rejeitos. Suas atribuições e responsabilidades são definidas de acordo com a estrutura de
governança da empresa, mas de forma geral, tem como responsabilidade verificar se determinada estrutura:
■ foi concebida e projetada de acordo com os objetivos de desempenho, diretrizes e padrões aplicáveis,
parâmetros de segurança e requisitos legais;
■ foi construída e esteja operando, ao longo do ciclo de vida, de acordo com os objetivos de
desempenho, parâmetros de segurança, diretrizes e padrões aplicáveis e requisitos legais; e
■ teve o registro de todas as informações relevantes de projeto, construção, operação e encerramento
(de acordo com a etapa do ciclo de vida da estrutura) e atualização dos desenhos “como construído”
incorporando todas as eventuais mudanças ocorridas durante o ciclo de vida das estruturas.
É importante que o EdR seja externo às operações, embora possa pertencer aos quadros da empresa,
evitando conflitos de interesse e elevando diretamente as questões críticas relacionadas a um determinado
sistema de disposição de rejeitos para o nível de gerência sênior.
O EdR deve ter ciência de todas as informações sobre uma determinada estrutura. Deve participar das
atividades de análise de riscos e estar acessível para as revisões de segurança de barragens e revisões
independentes, bem como ser acessível pelos responsáveis técnicos para discutir questões técnicas do site,
quando necessário. Caso assim estabelecido, pode também ter como responsabilidade a realização das
inspeções regulares de segurança e emissão das respectivas Declarações da Condição de Estabilidade.
As atividades de registro podem incluir a padronização, consolidação e validação do Banco de Dados de um
empreendimento. Deve ser verificada a abrangência das informações que afetam a gestão do risco, bem
como a inteligibilidade da informação por meio da padronização/uniformização da terminologia técnica
aplicada ao longo do ciclo de vida (sondagens em diferentes fases podem gerar diferentes classificações de
uma presumível única unidade geotécnica, por exemplo). As lacunas na informação são a maior fonte de
interpretações equivocadas sobre o comportamento de estruturas de disposição de rejeitos.
O EdR deve ter suas funções, responsabilidades e autoridade formalmente atribuídas, por exemplo, por meio
de um termo de referência, e deve ter experiência e conhecimento proporcionais aos requisitos de gestão
de riscos do sistema.
O EdR pode realizar e/ou propor treinamentos para o pessoal-chave do local e equipes envolvidas na gestão
de barragens e estruturas de disposição de rejeitos, para possibilitar a estas equipes uma compreensão
completa dos requisitos e aspectos do projeto e construção e parâmetros operacionais.
No caso de contratação externa, é recomendável que esta contratação seja plurianual, para assegurar a
retenção do conhecimento sobre as estruturas. A gestão da mudança/transição entre dois EdRs deve incluir
um período de atuação conjunta, assegurando uma transição suave e ininterrupta e a garantia de
transferência de toda a documentação e conhecimento sobre a instalação.

Revisor(es) independente(s)
Os Revisor(es) Independente(s) fornecem ao Empreendedor comentários, orientações e recomendações
independentes, objetivas e especializadas para ajudar na identificação, entendimento e gestão de riscos
associados a barragens e estruturas de disposição de rejeitos, assim como sobre a implementação do sistema
de gestão destas estruturas. Devem apoiar na validação de informações e registros para embasar as
percepções e avaliações dos Responsáveis Técnicos e EdR. Os Revisor(es) Independente(s) não t(ê)m
autoridade de tomada de decisão. A responsabilidade pelas decisões está com o Empreendedor.
Deve ser assegurada independência do Revisor (terceiros não envolvidos no projeto ou operação do sistema
em estudo) e especialidade técnica adequada compatível com a complexidade da(s) estruturas(s).

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

Quando a complexidade do sistema de disposição de rejeitos exigir, poderá ser constituído um Painel de
Especialistas, composto por Revisores Independentes com competências técnicas adequadas às
necessidades específicas do sistema. Neste caso, quando alterações no Painel de Especialistas se fizerem
necessárias, a substituição dos revisores independentes deve ser feita, preferencialmente, de um membro
por vez, para garantir a transferência de conhecimento para o novo entrante do Painel.

3.2.3 – Estabelecimento de Processos de Gestão, Padrões e Controles


A definição dos processos associados ao planejamento e projeto, implantação, operação e encerramento de
estruturas de disposição de rejeitos deve considerar a gestão integrada ao longo do ciclo de vida, de acordo
com a complexidade das estruturas e em consonância com a estrutura organizacional do empreendedor.
Os processos específicos associados às diversas etapas do ciclo de vida devem ser estruturados de forma a
permitir a integração e a adequada transferência de informações entre elas. Além destes, devem ser
estruturados os processos de gestão que permeiam e fornecem as bases para a gestão: a gestão de riscos,
gestão da conformidade, gestão de mudanças e o estabelecimento de padrões e controles, como
apresentado na Figura .

Figura 3.3 – Processos ao longo do ciclo de vida de barragens e estruturas de disposição de rejeitos.

Gestão de Riscos
A gestão de riscos é um dos princípios norteadores da gestão de barragens e estruturas de disposição de
rejeitos e deve ser estruturada e implementada para garantir a segurança das estruturas e evitar riscos
inaceitáveis para pessoas e o meio ambiente ao longo de todo o seu ciclo de vida.
Um plano ou modelo de gestão de riscos deve ser preparado e documentado de forma a registrar os
resultados do processo de avaliação de risco (identificação, análise e avaliação) e subsidiar as tomadas de
decisão quanto às medidas de tratamento mais adequadas para:
■ eliminar, evitar ou reduzir o risco até o limite praticável (seguindo os conceitos de ALARP 1), atuando
na redução da probabilidade ou das consequências potenciais de um evento indesejado;
■ detectar, responder a, e minimizar as consequências caso um evento indesejado ocorra.

1
ALARP – As Low as Reasonably Practical: este conceito considera que a redução de riscos abaixo de um certo nível
pode não ser justificável se o custo de redução for muito desproporcional à redução possível de ser obtida.

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

A gestão de riscos deve ter início na fase de concepção e planejamento do projeto para novos sistemas e
expansões de sistemas existentes, e evoluir ao longo do ciclo de vida das estruturas, por meio de revisões e
atualizações. Quando os riscos e as incertezas não tiverem sido objeto de avaliação específica na fase de
concepção e/ou elaboração do projeto de engenharia, devem ser avaliadas as investigações, os registros dos
dados, os modelos de análise do projeto e os modos de falha que devem fazer parte da matriz de risco do
sistema de gestão, a serem validados pelos Revisor(es) Independente(s).
Atenção deve ser dada a mudanças, tais como alterações de projeto, extensões à vida útil da mina,
paralisações temporárias, mudanças no minério a ser beneficiado, mudanças de processo e tecnologia,
mudanças na ocupação a montante e a jusante das estruturas, dentre outras, que possam ter impacto
importante no risco associado às estruturas.
O processo de gestão de risco pode ter como referência as diretrizes da norma técnica ABNT NBR ISO
31000:2018 (Gestão de Riscos – Diretrizes), conforme apresentado na Figura e definições a seguir:

Figura 3.4 – Etapas do Processo de Gestão de Risco. Fonte: NBR ISO 31000:2018.

■ Estabelecimento do Contexto: Definição dos parâmetros externos e internos a serem levados em


consideração ao gerenciar o risco a partir da definição dos critérios e política de gestão de risco;
■ Identificação de Riscos: Processo de busca, reconhecimento e descrição de riscos;
■ Análise de Riscos: Processo de compreender a natureza do risco e determinar o nível de risco. Processo
de determinação das probabilidades e consequências de forma semi-quantitativa ou quantitativa;
■ Avaliação de Riscos: Processo de comparar os resultados da análise de riscos com critérios de risco
para determinar se o risco e/ou magnitude é aceitável ou tolerável;
■ Tratamento de Riscos: Processo para modificar o risco. Processo decisório para definir a estratégia
mais adequada de resposta ao risco: eliminar, mitigar, transferir ou aceitar;
■ Comunicação e Consulta: Processos contínuos e iterativos que uma organização conduz para fornecer,
compartilhar ou obter informações e se envolver com as partes interessadas e outros, com relação a
gerenciar riscos;
■ Monitoramento e Análise Crítica: Verificação, supervisão, observação crítica ou identificação da
situação, executadas de forma contínua, a fim de identificar mudanças no nível de desempenho
requerido ou esperado. Atividade realizada para determinar a adequação, suficiência e eficácia do
assunto em questão para atingir os objetivos estabelecidos.
As avaliações de risco devem ser realizadas e atualizadas com metodologia, nível de detalhamento e
frequência adequados ao grau de complexidade das estruturas em questão e de forma a atender aos
objetivos de desempenho estabelecidos.

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

O nível aceitável de risco deve ser definido no contexto do sistema e para a fase específica do ciclo de vida,
levando em conta a probabilidade e consequência de ocorrência.

Gestão da Conformidade
Processos de gestão de conformidade devem ser documentados e implementados para garantir que:
■ legislação, regulamentos, permissões/licenças e compromissos aplicáveis (incluindo
compromissos/condições oriundas de avaliação e licenciamento ambiental) sejam definidos,
documentados, entendidos e comunicados de maneira efetiva;
■ as políticas, diretrizes, normas e procedimentos do Empreendedor sejam definidas, documentadas,
implementadas e revisadas;
■ a existência de desenhos “como construído” e/ou “como está” das estruturas tal como se apresentam
no campo; e
■ os procedimentos para avaliar a situação de conformidade foram estabelecidos, implementados,
documentados e comunicados.
Não conformidades devem ser documentadas, ter suas causas identificadas e medidas corretivas
implantadas. Se necessário, deverão ser feitas mudanças no sistema de gestão para evitar não conformidades
futuras.

Gestão da Mudança
O Empreendedor deve documentar e implementar os processos de gestão de mudança para manter a
integridade das estruturas de disposição de rejeitos, incluindo mudanças em (MAC, 2017):
■ projetos e planos aprovados, incluindo mudanças temporárias;
■ empregados, contratados e consultores com funções chave no sistema de gestão de água e rejeitos,
incluindo o Executivo Responsável, Responsável(is) Técnico(s), EdR e Revisor(es) Independente(s);
■ condições que possam impactar a operação/manutenção contínua das estruturas de disposição de
rejeitos, incluindo a suspensão temporária das operações de mineração;
■ requisitos regulatórios; e
■ outras mudanças que tenham o potencial de alterar, nas fases atuais ou futuras da vida útil, o perfil de
risco das instalações de disposição de rejeitos ou seus componentes.
Mudanças propostas ao projeto original ou atual devem ser cuidadosamente documentadas e os riscos da
mudança nas fases atuais e futuras da vida útil devem ser avaliados. Dependendo da natureza da mudança
e do impacto potencial, recomenda-se uma Revisão Independente da mudança proposta. Antes da
implementação, a mudança proposta deve ser aprovada em um nível compatível com o seu impacto
potencial.
Mudanças propostas nos planos e procedimentos também devem ter os impactos potenciais avaliados,
serem documentadas, aprovadas no nível adequado e comunicadas às pessoas envolvidas nos processos
afetados antes da implementação.

Estabelecimento de Padrões e Controles


Uma vez estabelecidos todos os processos de gestão de barragens e estruturas de disposição de rejeitos,
devem ser estabelecidos padrões e/ou procedimentos, controles e indicadores de desempenho associados,
específicos para cada estrutura ou instalação de disposição de rejeitos.
Os padrões ou procedimentos visam assegurar que os objetivos de desempenho e respectivos indicadores
sejam alcançados. Constituem, em última instância, barreiras que contribuem para minimizar os riscos

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

associados às instalações de disposição de rejeitos e devem ser definidos e elaborados dentro de um


contexto mais amplo de gestão de riscos.
Devem ser elaborados padrões ou procedimentos internos para a execução das atividades chave
relacionadas às instalações de disposição de rejeitos, tais como: critérios de projeto, controle de qualidade
na construção, inspeções de rotina, coleta e análise dos dados da instrumentação, inspeções de segurança
regulares, revisão periódica de segurança, controle da qualidade da água / efluentes e controle do balanço
hídrico.
Controles são medidas de natureza técnica ou de governança colocadas em prática para prevenir ou reduzir
a probabilidade de ocorrência de um evento não desejado (controle preventivo), ou minimizar/mitigar as
consequências negativas no caso de sua ocorrência (controle mitigatório).
Os controles podem ser operacionais ou críticos e sua implementação está descrita no Capítulo 4. Destaca-
se a importância da definição dos controles críticos, uma abordagem de governança para fornecer uma
garantia de alto nível contra a ocorrência de riscos de consequência alta relacionados a uma operação ou
negócio.
No caso de barragens de mineração, deverão ainda ser elaborados:
■ Plano de Segurança da Barragem (PSB), instrumento da Política Nacional de Segurança de Barragens
de elaboração e implementação obrigatória para as barragens em conformidade com o parágrafo
único do artigo 1º da Lei 12.334/2010 e respectiva regulamentação; e
■ Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração (PAEBM), documento técnico elaborado
pelo Empreendedor de acordo com a legislação vigente e respectiva regulamentação, no qual estão
identificadas as situações de emergência em potencial da barragem, estabelecidas as ações a serem
executadas nesses casos e definidos os agentes a serem notificados, com o objetivo de minimizar
danos e perdas de vida.

3.2.4- Recursos
Para implementação efetiva e eficiente de um sistema de gestão de barragens e estruturas de disposição de
rejeitos, incluindo a gestão sustentada pós-encerramento, o Empreendedor deve definir, assegurar e revisar
regularmente a adequação de:
■ recursos humanos (internos, contratados e consultores externos) com nível de qualificação,
experiência e competência consistentes com os requisitos do sistema, responsabilidades e riscos
envolvidos;
■ equipamentos adequados em termos de tipo, quantidade e condição de funcionamento;
■ recursos financeiros, considerando as necessidades de curto e longo prazo para a gestão responsável
e efetiva das estruturas de disposição de rejeitos da fase de planejamento até o pós-encerramento. O
planejamento de recursos deverá ser reavaliado e documentado em frequência adequada,
considerando a fase da vida útil das estruturas e eventuais mudanças técnicas, operacionais e
regulatórias;
■ controle de informações documentadas, que permita que todas as informações potencialmente úteis
na gestão de barragens e estruturas de disposição de rejeito sejam retidas, arquivadas e recuperáveis
quando necessário. Estes registros incluem aqueles relacionados ao planejamento, projeto,
construção, operação e encerramento das estruturas. Devem também incluir revisões dos projetos de
construção, resultados de testes, atas de reuniões, fotos de construção, registros de inspeções e
monitoramento, registros de revisões e auditorias e outras informações pertinentes.
O PSB- Plano de Segurança da Barragem deve ser estruturado para reter todas as informações
requeridas por lei, indicando onde as demais informações estão arquivadas e podem ser consultadas
quando necessário.

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

■ comunicação, planejada e realizada considerando os interesses e preocupações das partes


interessadas, tais como a alta administração, órgãos reguladores e comunidade civil.
Os processos de comunicação devem incluir todas as fases do ciclo de vida de uma estrutura e
assegurar que as informações obtidas em uma fase sejam repassadas para a fase seguinte.
Devem ser estabelecidos e implantados processos de comunicação bidirecionais entre os responsáveis
pela instalação de disposição de rejeitos, incluindo relatórios de informações significativas e decisões
da alta administração, EdR e reguladores, conforme o caso.
No caso de situação de emergência, a comunicação deverá seguir os fluxos definidos no PAE (Plano de
Ação de Emergência) ou PAEBM (Plano de Ação de Emergência da Barragem de Mineração). O
envolvimento das comunidades, órgãos externos (Prefeituras, Defesas Civis e Órgãos Ambientais) e
reguladores é um componente importante numa estratégia de comunicação externa eficaz.
■ programa de treinamento desenvolvido e implementado, compatível com as funções e
responsabilidades dos diversos envolvidos na gestão das estruturas de disposição de rejeitos.
É essencial que as pessoas com responsabilidade pelas barragens e estruturas de disposição de rejeitos
entendam, de acordo com seu nível de responsabilidade e autoridade, como o sistema de disposição
de rejeitos é planejado, projetado, construído, operado e fechado. Isso inclui os riscos impostos pelo
sistema, o processo de gestão de riscos, gestão de controles críticos e restrições operacionais, bem
como a estrutura regulatória e legislação pertinente.
Os treinamentos devem focar os diversos aspectos do sistema de gestão (compromissos,
responsabilidades, comunicação, controles, etc.), bem como temas que permitam o aumento da
competência técnica dos envolvidos. Os treinamentos devem envolver a alta administração com
relação a requisitos legais e gestão de riscos. É interessante que sejam previstos treinamentos
específicos para equipes locais, que permitam o entendimento mais profundo dos diversos aspectos e
riscos de um determinado sistema de disposição de rejeitos;
Para o caso específico de atendimento ao Plano de Emergência de Barragem de Mineração (PAEBM),
devem ser programados e realizados treinamentos internos específicos sobre atuação nas situações
de emergência, mantendo os respectivos registros das atividades. A participação em simulados
conduzidos pelos organismos de Defesa Civil, e realizados em conjunto com prefeituras e população
compreendida na zona de autossalvamento, também deve ter o registro mantido e inserido nos
apêndices do PAE/PAEBM.

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

3.3 – Implementação da Estrutura de Gestão

A Implementação da Estrutura de Gestão exige a implantação de todos os planos elaborados na fase de


planejamento e descritos nos itens anteriores: Objetivos de Desempenho (3.2.1), Papéis e Responsabilidades
(3.2.2), Processos e Controles (3.2.3) e Recursos (3.2.4).
Destaca-se a importância da implementação do Manual de Operação, Monitoramento e Manutenção,
considerado um componente crítico para atender aos objetivos de desempenho e a gestão de riscos atuais
e futuros associados a um sistema de disposição de rejeitos. Este manual deve incluir todos os aspectos de
operação, monitoramento (inspeção e Instrumentação) e manutenção relevantes para a segurança das
estruturas. Deve ser um documento "vivo", analisado e revisado sempre que necessário, incorporando
informações provenientes de mudanças (de projeto, construção, operação, requisitos legais, por exemplo),
bem como aquelas advindas das análises de desempenho e de revisão do sistema de gestão.
No caso de barragens de mineração, são destacados dois componentes-chave adicionais para implementar
a estrutura de gestão planejada:
■ implementação do Plano de Segurança de Barragem - PSB
O PSB não deve ser tratado como um simples repositório de informações, mas como um instrumento
que permita a avaliação contínua da segurança das estruturas. Requer atualização periódica,
incorporando novas informações sobre as estruturas em questão tais como investigações geotécnicas,
estudos e análises, registros, relatórios de inspeção e relatórios de revisão da segurança de barragens.
■ implementação de Planos de Ação de Emergência para Barragens de Mineração – PAEBM
Devem ser apresentadas ações de cunho preventivo e preparatório junto aos envolvidos internos e
externos ao empreendimento, para garantir prontidão de todos em caso de emergência. Estas
atividades têm sido denominadas de “operacionalização do PAEBM” e incluem o conhecimento das
zonas de risco existentes a jusante da barragem, a realização de treinamentos internos, o
envolvimento das Prefeituras e organismos de defesa civil e a realização de simulados externos.

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

3.4 – Avaliação de Desempenho

A avaliação do desempenho visa verificar se os objetivos de desempenho estão sendo atendidos e avaliar a
eficácia das medidas de gestão de risco e dos controles estabelecidos. Além disso, irá subsidiar o processo
de gestão de riscos com informações atualizadas e fornecerá dados importantes para a melhora contínua da
estrutura de gestão.
O foco principal da avaliação do desempenho é a verificação do comportamento das estruturas e, portanto,
baseia-se principalmente nos resultados da gestão de riscos e das ações de monitoramento (inspeções
visuais, instrumentação, revisões de segurança). Tem como objetivos (MAC, 2017):
■ o desempenho operacional em comparação com objetivos e indicadores de desempenho, premissas e
parâmetros de projeto, bem como com os controles implantados;
■ a conformidade com os requisitos regulatórios, políticas e compromissos, normas e padrões;
■ o processo de gestão de riscos, incluindo a necessidade de atualizar a avaliação de risco; e
■ a necessidade de mudanças ou atualizações do Manual de Operação, Plano de Ação de Emergência,
ou outros documentos relacionados às barragens e estruturas de disposição de rejeitos específicos.
Isso inclui a avaliação da eficácia dos processos de inspeção e monitoramento e a utilidade das
informações coletadas, bem como a identificação de lacunas na coleta de informações.
A avaliação do desempenho deve também incluir a identificação de lacunas, deficiências ou áreas de não
conformidade no sistema de gestão implantado.
Os planos de ação advindos das análises de desempenho devem ser documentados e aprovados, e sua
implementação deve ser documentada e rastreada até a conclusão.
Resultados e recomendações das avaliações do desempenho devem ser documentados e reportados para
o(s) Responsável(is) Técnico(s), o Executivo Responsável e, conforme o caso, o Conselho de Administração
ou Nível de Governança da Empresa, em uma frequência e nível de detalhe definido nas políticas ou em
procedimentos do Empreendedor.

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

3.5 - Revisão da Estrutura de Gestão para Melhoria Contínua

Para garantir a melhoria contínua do sistema de gestão devem ser realizadas revisões da estrutura de gestão,
com base nas informações provenientes da fase de Avaliação de Desempenho e inputs do processo de
Garantia da Qualidade. A frequência das revisões deve ser previamente definida, mas normalmente é anual
nas fases de construção, operação e encerramento.
A análise da gestão para melhoria contínua vai além do desempenho técnico e deve abordar todos os
aspectos da gestão de barragens e estruturas de disposição de rejeitos. Fornece uma oportunidade para os
Responsáveis Técnicos, o EdR e demais empregados e contratados envolvidos na gestão destas estruturas
verificarem o alinhamento entre os requisitos de projeto e as práticas operacionais, discutir as mudanças
realizadas e/ou previstas e suas implicações, bem como identificar oportunidades de melhoria.
A revisão da estrutura de gestão deve incluir a avaliação (MAC, 2017):
■ do andamento das ações provenientes da revisão anterior;
■ do desempenho geral do sistema de gestão para assegurar que continue adequado e eficaz e verificar
a necessidade de mudanças nos seus componentes:
o política e compromissos;
o papéis e responsabilidades;
o padrões e controles;
o gestão de riscos, de conformidade e de mudanças;
o recursos (humanos, equipamentos, financeiros, comunicação, controle de informações
documentadas e treinamento);
o Manual de Operação, Plano de Segurança de Barragens e Plano de Ação de Emergência de
Barragens de Mineração.
■ do desempenho das barragens e estruturas de disposição de rejeitos (informações provenientes da
Avaliação de Desempenho);
■ da eficácia do sistema de gestão de riscos;
■ das revisões independentes e/ ou auditorias.
Esta avaliação deve considerar e analisar o impacto de mudanças ocorridas desde a última revisão, que
possam afetar o sistema de gestão implantado, tais como mudanças nos requisitos regulatórios e mudanças
no perfil de risco das barragens e estruturas de disposição de rejeitos.
A análise de gestão para melhoria contínua é relatada para o Executivo Responsável e os resultados devem
ser documentados, incluindo:
■ conclusões sobre o desempenho das barragens e estruturas de disposição de rejeitos e do sistema de
gestão implantado;
■ conclusões do processo de gestão de riscos;
■ conclusões sobre o atendimento aos requisitos legais e regulatórios;
■ modificações necessárias no sistema de gestão;
■ planos de ação para garantir que os objetivos de desempenho sejam atendidos, para tratar não
conformidades observadas e para implantação de oportunidades para melhoria contínua;
■ melhorias necessárias em recursos humanos e financeiros para garantir a gestão efetiva de barragens
e estruturas de disposição de rejeitos.

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

3.6 – Garantia da Qualidade


O processo de garantia da qualidade tem por objetivo assegurar que a gestão de barragens e estruturas de
disposição de rejeitos está sendo executada de forma adequada.
A garantia da qualidade pode ter várias formas, incluindo (MAC, 2017):
Revisão Independente: É a principal ferramenta de garantia e um dos princípios norteadores da boa prática
na gestão de barragens e estruturas de disposição de rejeitos.
Consiste na avaliação independente de todos os aspectos técnicos (planejamento, projeto, construção,
operação, manutenção, fechamento), de gestão e de governança de uma instalação de disposição de rejeitos
por meio de uma análise por revisores terceiros de elevada competência técnica, em nome do
Empreendedor.
Auditorias (tanto internas quanto externas): O exame formal, sistemático e documentado da conformidade
do sistema de gestão com critérios, explícitos, acordados e prescritos, geralmente requisitos estipulados por
lei ou regulamento, ou no sistema de gestão do Empreendedor. As auditorias avaliam e relatam o grau de
conformidade com os critérios estipulados, com base na coleta sistemática e na documentação de evidências
relevantes. As auditorias envolvem algum nível de julgamento, mas não são projetadas para determinar a
causa raiz das deficiências ou avaliar a eficácia do sistema de gestão.

Avaliação da Eficácia: Tem como objetivo avaliar se o sistema de gestão implantado está atingindo os
resultados pretendidos ou não, indo além da verificação de conformidade. Para tal, avalia até que ponto a
execução das atividades planejadas contribuiu para o alcance dos objetivos de desempenho e metas
planejadas.

Referências utilizadas neste capítulo


(1) MAC (2017). A Guide to the Management of Tailings Facilities. Third Edition.
(2) ABNT NBR ISO 31000:2018. Gestão de Riscos –Diretrizes.

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

Capítulo 4. Boas Práticas no Planejamento e Projeto de Estruturas de Disposição


de Rejeitos

As decisões da fase de planejamento e projeto têm implicações relevantes e muitas vezes irreversíveis ao
longo do ciclo de vida de estruturas de disposição de rejeitos. Assim, considerando a importância desta fase
e que os aspectos técnicos já são tratados em diversas normas e guias específicos de projetos, o presente
capítulo tem como objetivo elencar conceitos considerados “boas práticas”, com destaque para aspectos
não-técnicos e sim de gestão.

4.1 –Planejamento
É importante que exista um plano diretor de disposição de rejeitos (PDR) alinhado ao plano de produção da
empresa, que deve orientar todo o planejamento relacionado à disposição de rejeitos com uma visão de
longo prazo. Este alinhamento assegura que os requisitos de projeto e construção sejam adequadamente
conhecidos e programados, além de permitir a otimização de alternativas de projeto e construção
considerando oportunidades, como, por exemplo, o emprego de materiais provenientes do processo na
construção e/ou encerramento de estruturas.
O planejamento é considerado um aspecto essencial no projeto de estruturas de disposição de rejeitos, uma
vez que o desenvolvimento e a implantação desses projetos demandam um tempo relativamente longo de
desenvolvimento dos estudos, licenciamentos, aquisições de terra, aspectos jurídicos e interação com as
diversas partes interessadas.
Por ter uma natureza de longo prazo, o plano de disposição de rejeitos deverá ser revisado sempre que
houver alterações no plano de produção (aumento/redução no processamento com impacto na geração de
rejeitos e na demanda hídrica, por exemplo), para assegurar que as alterações correspondentes aos
requisitos de projeto possam ser avaliadas e tratadas.

4.2 – Estudos de Alternativas e Projeto Conceitual


O processo de avaliação das alternativas de disposição de rejeitos é determinante para que o projeto final
de disposição seja técnica e economicamente viável e tenha o desempenho ambiental esperado. A seleção
da técnica de disposição e da localização mais adequada das estruturas, incorporando as alternativas para
fechamento e uso pós-fechamento, estabelecem as bases para todas as atividades subsequentes, inclusive
para o gerenciamento de riscos.
Considerando que a melhor alternativa tecnológica (BAT) é aquela que melhor se adequa às características
climáticas, topográficas, geoquímicas e de produção específicas de uma mina, os estudos de alternativas
devem contemplar:

▪ Análises abrangentes para seleção de locais, layout de instalações, métodos de disposição,


alternativas de operação e opções de fechamento;
▪ Adequação aos diferentes requisitos de projeto, tais como, viabilidade econômica, minimização de
risco, uso eficiente de água e energia, tempo necessário para encerramento de passivos e potencial
de uso da terra no final da vida útil;
▪ Aspectos de estabilidade física e química.

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

Os estudos de alternativas devem ser desenvolvidos por Nas fases de seleção de alternativas e
uma equipe multidisciplinar de especialistas, como projeto conceitual, “uma visão de longo
engenheiros geotécnicos, engenheiros de minas, geólogos, prazo é crítica (incluindo fechamento e
hidrólogos, biólogos, cientistas sociais e economistas, com pós-fechamento), de modo que as
experiência relevante na avaliação de tecnologias, seleção prioridades financeiras de curto prazo não
de locais e projeto, construção e operação de instalações de prevaleçam sobre um projeto mais
rejeitos. Em alguns casos, esta equipe poderá ainda contar apropriado que teria menores impactos a
com arqueólogos e especialistas em relações com longo prazo, complexidade e riscos
comunidades indígenas e quilombolas. (incluindo riscos financeiros a longo prazo
em caso de falha)” (MAC, 2017).

A avaliação de alternativas é tipicamente conduzida como um processo de várias etapas, como sugerido pela
MAC (2017) e apresentado na Figura 4.1.

Figura 4.1 – Processo de seleção de alternativas para sistemas de disposição de rejeitos


(adaptado de MAC, 2017).

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

O processo de avaliação de alternativas tem como principais entradas:

a. Condições e Características locais


Os levantamentos das características locais incluem informações sobre condições climáticas (dados
históricos de precipitação e evaporação), geológicas, geotécnicas, hidrogeológicas, hidrológicas
(disponibilidade de água), topográficas, sociais, fundiárias e ambientais, dentre outras que possam auxiliar
no desenvolvimento do projeto, sendo esses dados de fontes primárias e secundárias.
Quanto às características da mina, são informações relevantes nesta etapa o volume projetado e taxa de
produção de rejeitos (conforme plano diretor de disposição de rejeitos) e um balanço hídrico local, para
permitir a avaliação de diferentes opções de disposição em função de vários cenários de fornecimento de
água e precipitação.
Todas as informações levantadas nesta fase poderão evoluir na medida em que os estudos das alternativas
avançam e informações adicionais ou mais detalhadas se fizerem necessárias.

b. Características dos rejeitos


As características físicas, reológicas e de reatividade ambiental dos rejeitos (potencial de contaminação pela
geração de drenagem ácida e/ou lixiviação de metais) são fundamentais na seleção do método de disposição.

Na fase de avaliação de alternativas de projetos novos, quando ainda não se tem rejeito gerado em planta
piloto, podem ser empregadas informações de bibliografia e experiência da equipe envolvida. Entretanto, o
conhecimento das características dos rejeitos deverá ser aprofundado na medida em que as etapas de
projeto evoluem, sendo que as premissas consideradas deverão ser validadas/confirmadas nas fases
subsequentes, podendo implicar em revisões no projeto.

c. Alternativas locacionais
Devem ser identificados todos os possíveis locais de disposição de rejeitos, tendo em mente que a escolha
de determinado local está associada ao método de disposição a ser definido. Ao revisar as opções de
armazenamento de rejeitos, devem ser considerados:
▪ distância em relação à planta;
▪ complexidade das estruturas de transporte de rejeitos e recuperação de água;
▪ uso e ocupação no entorno;
▪ tamanho da bacia de contribuição;
▪ oportunidade de ocupação de cavas de minas exauridas e áreas de disposição já existentes;
▪ volume de armazenamento disponível e potencial de expansão;
▪ disponibilidade de materiais de construção;
▪ interferência nos recursos hídricos;
▪ requisitos de fechamento.

d. Alternativas tecnológicas potenciais


O estudo de alternativas tecnológicas de disposição de rejeitos tem como objetivo selecionar uma tecnologia
aplicável específica para as características locais, que permita atingir os objetivos de desempenho, minimize
os riscos identificados, incorpore as alternativas de fechamento e seja técnica e economicamente viável.
Devem ser avaliadas as alternativas de disposição dos rejeitos na forma fluida (polpa) ou na forma
espessada/desaguada (ciclonagem, espessamento, filtragem).

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e. Premissas e compromissos com as partes interessadas


Devem ser identificados os requisitos regulamentares e legais que regem o projeto, operação e fechamento
de uma estrutura de disposição de rejeitos, além dos requisitos internos do empreendedor, da comunidade
e demais partes relacionadas.
As ações de envolvimento das partes interessadas deverão ter início na fase de seleção de alternativas, em
especial das equipes internas (operacionais e/ou matriciais) do empreendedor.
Cabe destacar que o processo de seleção é interativo, uma vez que o método de disposição selecionado pode
influenciar no balanço e gerenciamento hídrico do projeto, assim como a análise dos riscos associados à
determinada alternativa pode implicar na necessidade de mudanças na concepção em análise.

Todas as alternativas estudadas devem ser avaliadas e documentadas. Como ferramenta de tomada de
decisão, podem ser empregados métodos de análise de decisão de múltiplos critérios, como, por exemplo, o
MMA - Multiple Accounts Analysis exigido pelo regulador federal no Canadá e o FAST-EV, comumente
utilizado na metodologia FEL. Estes métodos fornecem uma metodologia que permite comparar aspectos
das alternativas muitas vezes díspares ou conflitantes.
Além disso, dada a importância da etapa de análise de alternativas e projeto conceitual, é fortemente
recomendada a revisão por meio da contratação de Revisão Técnica (Design Review) ou por um painel de
revisores independentes.

4.3 – Considerações de Projeto


Todas as estruturas de disposição de rejeitos devem atender aos critérios mínimos de projeto preconizados
pelas normas brasileiras ABNT NBR 13.028/2017 (Elaboração e apresentação de projeto de barragens para
disposição de rejeitos, contenção de sedimentos e reservação de água) e ABNT NBR 13.029/2017 (Elaboração
e apresentação de projeto de disposição de estéril em pilha).
Complementarmente, podem ser citadas algumas boas práticas no projeto de estruturas de disposição de
rejeitos, sem a intenção de elaborar uma lista de aspectos a serem considerados, mas apenas destacar pontos
que podem contribuir para o melhor desempenho destas estruturas após a implantação.

Aspectos gerais
▪ Os projetos devem incluir a infraestrutura necessária para que a operação e manutenção de cada
instalação seja realizada de forma segura;
▪ A equipe de projeto precisa ter profissionais competentes com experiência nas disciplinas
necessárias para projetar adequadamente as estruturas de disposição de rejeitos. O projeto precisa
considerar e abordar as realidades operacionais previstas e, para tal, pessoas com experiência
operacional devem estar envolvidas nesta fase;
▪ O projeto executivo deverá conter um projeto detalhado da instalação, a metodologia de construção,
os controles e procedimentos operacionais e um plano de fechamento, além de atender ao
preconizado na legislação pertinente.

Aspectos geotécnicos
▪ Todas as informações geradas na fase de estudos geológico-geotécnicos deverão seguir uma
padronização pré-definida e serem armazenadas de forma a permitir sua consulta futura. Se
necessário, poderão ser utilizados softwares disponíveis no mercado para esta finalidade;
▪ Recomenda-se a contratação de empresas com experiência comprovada na realização de
investigações e ensaios. Os ensaios de campo e laboratórios poderão ser objeto de verificação
cruzada caso necessário;

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

▪ Recomenda-se o acompanhamento técnico pela projetista da campanha de investigações e ensaios


de laboratório durante a fase de projeto;

▪ Recomenda-se a contratação de empresas com experiência comprovada na realização de


levantamentos topográficos. Os levantamentos topográficos deverão ser validados pela empresa
projetista antes do início dos estudos;
▪ Atenção deve ser dada ao projeto de filtros e transições, em especial no caso de emprego do material
estéril como material de construção. Neste caso, as especificações técnicas devem capturar as
especificidades da sua aplicação;
▪ Quando a disponibilidade de materiais de construção for limitada, pode ser considerada a utilização
de geossintéticos, de forma criteriosa, e tendo em mente o longo período de vida das estruturas;
▪ Estruturas enterradas em maciços de terra, tais como galerias e tubulações, devem ser evitadas ou
projetadas com medidas de proteção redundantes, para evitar o desenvolvimento de caminhos
preferenciais de percolação e o risco de erosão interna;
▪ Os efeitos potenciais e a interação das operações de mineração com as estruturas de disposição de
rejeitos devem ser avaliados, como, por exemplo, distância mínima, drenagem, vibrações induzidas
por detonações ou movimentação de equipamentos, sobrecargas, etc.

Aspectos hidrológicos
▪ Para cada instalação deverá ser elaborado um mapa identificando todas as bacias de captação, com
sentidos de escoamento superficial, sobrepondo um mapa topográfico da propriedade de mineração
que inclui tanto a infraestrutura de operação de mina quanto a infraestrutura pública. Este mapa
servirá de apoio para os estudos locacionais e análises de riscos;
▪ Tanto o projeto das estruturas quanto o da infraestrutura associada devem ser baseados em dados
climáticos e hidrológicos confiáveis e atualizados, obtidos de estações meteorológicas e
instrumentação no local ou perto do local da obra;
▪ Para o refinamento dos dados hidrológicos, pode ser necessária a realização de campanhas de
medição de vazão na bacia hidrográfica de contribuição ao local de interesse durante a estiagem e
período chuvoso. Esses dados deverão ser analisados e considerados nos estudos de regionalização
de vazão e quantificação da disponibilidade hídrica;
▪ É recomendada a utilização de métodos consagrados em hidrologia para cálculo da cheia de projeto.
Caso sejam utilizados métodos pouco usuais, as justificativas técnicas correspondentes devem ser
apresentadas nos estudos. Recomendações gerais podem ser consultadas em Pinheiro (2011);
▪ Deve-se atentar para os critérios de definição do período de retorno associado a cheia de projeto,
conforme norma ABNT NBR 13.028/2017;
▪ Deve ser calculado o tempo mínimo de residência (volume total do reservatório/vazão) necessário
para clarificação, considerando a geometria do reservatório e a eficiência de retenção. A definição
do tempo de residência será importante para quantificação do volume mínimo de água a ser mantido
no reservatório, não deixando de considerar que este volume deve ser o menor possível para reduzir
o dano potencial.

Outorga e uso da água


▪ O projeto deve considerar as vazões mínimas que irão subsidiar as solicitações de outorga, para que
estejam disponíveis no local de interesse do empreendimento;
▪ Todo o fluxo de água dentro do empreendimento deve estar mapeado em diagramas de balanço
hídrico, destacando as parcelas de água nova e recirculada. É recomendável que todos os pontos de
uso de água sejam medidos e monitorados para aferição periódica do balanço hídrico;

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

▪ É importante que o balanço hídrico não considere apenas as vazões, mas também a qualidade da
água. Recomenda-se que o projeto e a operação considerem a separação/segregação da água da
bacia de contribuição caso o rejeito tenha potencial de afetar sua qualidade.

Aspectos geoquímicos e hidrogeológicos


▪ Os rejeitos devem ser amostrados e caracterizados com relação à sua composição química global e
reatividade ambiental. Como reatividade ambiental entende-se a capacidade do rejeito em alterar a
qualidade ambiental dos compartimentos ambientais sob sua influência direta ou indireta, ou ainda
provocar riscos ambientais e/ou à saúde humana. Em rejeitos com reconhecido potencial de
reatividade ambiental, recomenda-se que tais estudos sejam concluídos na fase de projeto
conceitual;
▪ Os rejeitos devem ser classificados conforme as normas brasileiras ABNT NBR 10004, ABNT NBR
10005, ABNT NBR 10006 e ABNT NBR 10007 de classificação de resíduos sólidos;
▪ A ABNT NBR 10004 possui um elenco limitado de parâmetros a ser avaliado se considerados os
parâmetros de controle da qualidade ambiental das águas superficiais e ou subterrâneas, o que torna
recomendável a utilização de procedimentos complementares na compreensão da capacidade dos
materiais em aportar contaminantes para o ambiente;
▪ Na ausência de referências normativas nacionais, podem ser utilizados como referência
procedimentos internacionais consagrados para tal finalidade, sendo os principais:
o International Network for Acid Prevention (INAP) (2009). The Global Acid Rock Drainage
Guide. http://www.gardguide.com is the web address;
o MEND REPORT 1.20.1 (2009). Prediction Manual for Drainage Chemistry from Sulphidic
Geologic Materials;
o USEPA METHOD 1312. Synthetic Precipitation Leaching Procedure;
o USEPA METHOD 1311. Toxicity Characteristic Leaching Procedure;
o USEPA METHOD 1313. Liquid-Solid Partitioning as a Function of Extract pH Using a Parallel
Batch Extraction Procedure;
o USEPA METHOD 1314. Liquid-Solid Partitioning as a Function of Liquid-Solid Ratio for
Constituents in Solid Materials Using an Up-Flow Percolation Column Procedure;
o USEPA METHOD 1315. Mass Transfer Rates of Constituents in Monolithic or Compacted
Granular Materials Using a Semi-Dynamic Tank Leaching Procedure;
o USEPA METHOD 1316. Liquid-Solid Partitioning as a Function of Liquid-Solid Ratio Using a
Parallel Batch Extraction Procedure;
o NEVADA MINING ASSOCIATION (1996). Meteoric Water Mobility Procedure (MWMP),
Standardized Column Percolation Test Procedure, Nevada Mining Association, Reno, NV, 5p;
o ASTM METHOD D5744. Standard Method for Accelerated Weathering of Solids Materials
Using a Modified Humidity Cell;
o AMIRA INTERNATIONAL LIMITED (2002). ARD Test Handbook: Prediction and Kinetic Control
of Acid Mine Drainage.
▪ Para os rejeitos com esperada reatividade ambiental, recomenda-se que a caracterização geoquímica
seja realizada com base nas análises químicas de amostras representando os diferentes rejeitos que
serão gerados ao longo da vida da mina. A implementação de revestimento de características
impermeabilizantes deve ser avaliada e discutida sempre que a reatividade ambiental dos materiais
apresente risco real à saúde humana ou ao meio ambiente. Tal avaliação deverá estar
contextualizada às características hidrogeológicas e hidrogeoquímicas do local de implantação do
projeto;
▪ Para os rejeitos com potencial de geração de drenagem ácida, quando os ensaios estáticos indicarem
dúvidas sobre a capacidade do material em provocar a geração deste fenômeno, estes deverão ser
complementados com ensaios cinéticos. Confirmado o potencial para geração de drenagem ácida,

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

estudos de mitigação da geração de acidez e manejo desses materiais deverão ser realizados e
incorporados ao projeto de disposição do rejeito.

Definição do sistema de monitoramento das estruturas


▪ O monitoramento das estruturas durante as fases de construção e operação deverá ser planejado na
fase de projeto, considerando o conhecimento disponível sobre as estruturas e suas fundações
(incertezas associadas ao projeto e feições na fundação, por exemplo) e possíveis modos de falha
associados;
▪ Quando necessário, o plano de monitoramento poderá ser ajustado nas fases de construção e
operação, na medida em que novas informações (e eventuais riscos) são agregadas ao projeto;
▪ As atividades de monitoramento devem incluir inspeções visuais e instrumentação de campo. As
atividades de inspeção devem abranger não só as estruturas de disposição de rejeitos, mas também
todos elementos do sistema de disposição de rejeitos que interajam com a segurança das estruturas,
tais como, tubulações sobre a crista, ciclones, balsas ou sistemas de bombeamento e taludes do
entorno do reservatório;
▪ A definição do monitoramento a partir de análises de riscos, com a documentação das justificativas
específicas dos locais/tipos de instrumentos selecionados e de eventuais pontos particulares que
deverão ser monitorados visualmente, permitirá maior qualidade na análise posterior dos dados e
retroalimentação das análises de riscos;
▪ A seleção dos possíveis instrumentos a serem instalados e sua localização está associada à
complexidade das estruturas e aos possíveis modos de falha identificados nas análises de risco, como
exemplificado na Figura 4.2;

Figura 4.2 – Monitoramento de estruturas de disposição de rejeitos (adaptado de Safety Management of Geotechnical
Structures, 2018).

▪ O banco de dados da instrumentação deve estar disponível antes do início das leituras e sua
complexidade será dada pelo tipo e quantidade de instrumentos instalados.
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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

4.4 – Papéis e Responsabilidades na fase de Projeto


4.4.1 – A atuação do Empreendedor
O empreendedor deverá definir e validar os objetivos estratégicos e de desempenho esperados para as
estruturas de disposição de rejeitos.
Deverá estruturar e definir as atuações dos diversos atores envolvidos na fase de análise de alternativas e
projetos, tais como as equipes próprias, projetistas, EdR, responsáveis pela revisão e aprovação dos projetos
e revisores independentes.
Deverá definir uma metodologia de gestão a ser empregada, de acordo com o grau de complexidade do
projeto. Independente da metodologia de gestão definida, é importante que o empreendedor valide
formalmente o documento contendo os critérios e premissas de projeto, elaborado pela projetista.
Sempre que possível, as equipes de operação e monitoramento de estruturas geotécnicas devem ser
envolvidas no projeto, para que o projeto possa incorporar aspectos operacionais relevantes. Além disso,
este envolvimento colabora para assegurar a prontidão das equipes quando do início de operação das
estruturas.

4.4.2 – A atuação da Empresa Projetista


Os projetos devem ser desenvolvidos por empresas com experiência comprovada em projetos de sistemas
de disposição de rejeitos e com comprometimento de participação de equipe técnica sênior, com
reconhecida experiência no tema.
É importante que a empresa projetista prepare um documento estabelecendo os critérios e premissas de
projeto, a ser formalmente aprovado pelo empreendedor.
É recomendável que a empresa projetista seja envolvida na etapa de estudo de alternativas, passando pela
fase de projeto e também atuando na operação inicial da estrutura de disposição de rejeitos. Essa
participação durante a operação inicial é importante pois abre a possibilidade de validação e/ou revisão das
premissas de projeto, uma vez que as características dos rejeitos podem mudar em relação ao previsto, além
de possíveis alterações devido a aspectos construtivos (tais como mudanças de geometria e de materiais de
construção) e aquisição de informações adicionais advindas da fase de construção (por exemplo, informações
sobre as fundações).
Recomenda-se ainda que, na medida do possível, a empresa projetista não seja substituída durante o ciclo
de vida da estrutura de disposição de rejeitos. Esta medida reduz os riscos associados ao projeto, uma vez
que permite uma melhor gestão de informações e concentra a responsabilidade técnica em uma só entidade,
evitando distribuição de responsabilidades em cada etapa da barragem.

4.4.3 – A atuação da Engenharia de Registros


Como descrito no Capítulo 3, o papel do EdR deve ser considerado dentro de um contexto de governança,
destacando a importância da função, independentemente de como ela seja aplicada em cada
empreendimento.
Dessa forma, cada empresa tem a flexibilidade de implantar as funções de EdR de acordo com a sua estrutura
e grau de complexidade das instalações, podendo esta função estar distribuída entre diferentes pessoas da
empresa e/ou de contratadas.
É recomendável que o EdR seja envolvido desde a fase de estudo de alternativas e projeto conceitual. Para
tal, poderá ser um membro da equipe de projeto (profissional ou empresa terceirizada ou empregado
próprio) ou a projetista ser designada formalmente para esta função, com suas atribuições e
responsabilidades bem definidas.

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

Como uma primeira atribuição nesta fase, o EdR pode ser o responsável pelo gerenciamento do banco de
dados de projeto (avaliação, identificação das lacunas, complementação e consolidação das informações) e
pode também participar da validação técnica dos documentos de projeto.
Na fase de projeto, o EdR se reporta à equipe geral de desenvolvimento do projeto designada pelo
empreendedor.

4.4.4 – A atuação dos Revisores Independentes


Em qualquer fase do projeto podem ser consultados revisores independentes para apoiar em tomadas de
decisão sobre a escolha de alternativas e outros assuntos técnicos especializados.
Entretanto, recomenda-se fortemente que a revisão independente ocorra formalmente na etapa de estudo
de alternativas e projeto conceitual. Essa pode ser considerada a etapa mais importante e que requer maior
experiência, pois um conceito bem validado implicará em um detalhamento de engenharia (projeto básico e
executivo) sem alterações que resultem em impactos importantes nos prazos e custos previstos ou desvios
nos objetivos de desempenho pretendidos.

4.5 – Aspectos de Gestão


4.5.1 - Gestão da informação
Como descrito no princípio 2b, é imprescindível que seja estruturado um processo formal de retenção, gestão
e transferência de informações ao longo do ciclo de vida das estruturas.
As estruturas de disposição de rejeitos são estruturas dinâmicas, o que torna a gestão da informação ainda
mais relevante, pois as informações de etapas anteriores devem estar disponíveis não apenas para a
avaliação da segurança das estruturas na fase de operação, mas também para a elaboração do projeto de
eventuais etapas subsequentes.
Por isso, é essencial a organização de um banco de dados ainda na fase de projeto e que, posteriormente,
agregará as informações das demais fases do ciclo de vida das estruturas, permitindo que todas as
informações potencialmente úteis sejam retidas, arquivadas e possam ser consultadas quando necessário.
Esta documentação deverá incluir não só desenhos e memoriais de cálculo, mas resultados de investigações,
ensaios, levantamentos topográficos, análises, estudos, relatórios, atas de reunião, ou seja, quaisquer
documentos que contribuam para o entendimento do projeto e registrem tomadas de decisão de interesse.
O objetivo principal é evitar que o conhecimento e os modelos fiquem fragmentados e assegurar que as
informações geradas na fase de projeto não se percam. O banco de dados deverá empregar terminologias
adequadas e padronizadas, em especial nas descrições de amostras e nas caracterizações geotécnicas,
terminologias estas a serem empregadas nas fases posteriores.

4.5.2 - Gestão da mudança


A gestão de mudanças é fundamental no desenvolvimento da engenharia de sistemas de disposição de
rejeitos. Dada a natureza dinâmica e em evolução das instalações de resíduos minerais e seus projetos, um
processo formal de gerenciamento de mudanças deve ser implantado já na fase de projeto, para assegurar
que todas as mudanças sejam registradas e suas interferências no projeto sejam adequadamente avaliadas
e tratadas.
Mudanças típicas que ocorrem na fase de projeto, tais como mudanças no conceito e nas premissas e
critérios de projeto, nos levantamentos topográficos, nas características dos materiais a serem armazenados
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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

e nos materiais de fundação e de construção, devem ser avaliadas e formalmente validadas e assinadas pela
projetista e/ou EdR.
Os riscos associados às mudanças internas ou do ambiente externo devem ser identificados, avaliados,
controlados e comunicados para evitar a introdução de incertezas, riscos inaceitáveis e/ou não gerenciados
que possam vir a implicar no comprometimento da integridade das estruturas (ICMM, 2016).

4.5.3 - Análise e gestão de riscos


A gestão de riscos tem início na fase de estudo de alternativas e deve evoluir a medida em que os estudos
de engenharia e projeto avancem nas etapas de projeto conceitual, básico e executivo. Cabe destacar a
importância da análise de risco do projeto conceitual, o que permite o avanço para as fases posteriores de
detalhamento do projeto com transparência e clareza nas decisões tomadas.
Deve ser empregado um método formal de análise de riscos, conforme descrito no Capítulo 3 deste Manual.
Independentemente do método selecionado, a aplicação de um processo estruturado e racional de gestão
de riscos contribui para tomadas de decisão de projeto mais conscientes e contribuindo para a segurança das
estruturas.

Ainda na fase de projeto, os processos de gestão de riscos devem orientar a definição dos controles críticos,
os quais deverão ser validados e/ou reavaliados periodicamente ao longo da vida útil das estruturas.

Referências utilizadas neste capítulo


(1) MAC (2017). A Guide to the Management of Tailings Facilities. Third Edition.
(2) ANGLOAMERICAN (2016). Mineral Residue Facilities and Water Management Structures Standard.
(3) VOTORANTIN METAIS (2018) Diretrizes para o projeto de barragens - VMPG-VM-HSMQ-039. Brasil.
(4) PINHEIRO, M. C. (2011). Diretrizes para elaboração de estudos hidrológicos e dimensionamentos
hidráulicos em obras de mineração. Belo Horizonte, Brasil.
(5) MAIER, L. MONCADA, M., LOPES, M., CERQUIERA, H. (2018). Safety Management of Geotechnical
Structures. 10th International Symposium on Field Measurements in Geomechanics–FMMG2018. Rio
de Janeiro, Brasil.

(6) ICMM (2016). Preventing catastrophic failure of tailings storage facilities. Position statement.

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

Capítulo 5. Boas Práticas na Implantação de Estruturas de Disposição de Rejeitos

O presente capítulo tem como objetivo elencar conceitos considerados boas práticas na fase de implantação
de estruturas de disposição de rejeitos, sejam estruturas novas ou alteamentos, com foco nos aspectos de
gestão, dentre os quais pode ser destacada a importância do registro das informações de construção, o papel
da garantia da qualidade e o controle de mudanças/desvios.

5.1 – Considerações gerais de Implantação


Complementarmente às orientações dadas pelas normas aplicáveis a estruturas de disposição de rejeitos,
podem ser destacadas algumas boas práticas, sem a intenção de elaborar uma lista de aspectos a serem
considerados, que podem contribuir para o melhor desempenho das estruturas durante e após a sua
implantação.

Planejamento e Contratação
▪ Antes da contratação, é importante verificar se o projeto executivo e a especificação técnica
construtiva abordaram todos os aspectos relevantes relativos à obra;
▪ Deve ser preparado um planejamento detalhado para a execução da obra (orçamentação,
cronograma, responsabilidades, planejamento da gestão de mudanças e gestão da informação);
▪ Deve ser buscada a contratação de empresa experiente em obras de porte semelhante ao da obra a
ser executada;
▪ A Proposta Técnica da empresa deverá abordar minimamente e de forma clara e detalhada os
seguintes tópicos:
o Logística das atividades;
o Metodologia executiva (detalhamento do método executivo dos serviços);
o Plano de construção (estratégia de implantação dos serviços);
o Plano de Qualidade;
o Organograma da obra;
o Currículo resumido da equipe chave;
o Relatório detalhando a experiência da empresa em obras similares (descrição de serviços
anteriores) e ARTs correspondentes.

Aspectos gerais de execução


▪ A construção em si não deve começar sem o projeto completo de engenharia detalhado, incluindo,
sem se limitar a: investigação geológico-geotécnica, projeto de escavação e tratamento da fundação,
especificações de construção, caracterização dos materiais das áreas de empréstimo e da fundação,
levantamento topográfico detalhado, demarcação da área diretamente afetada pela obra, projeto
da área de desmatamento, projeto de acessos construtivos e definitivos, arranjo geral, projeto do
sistema de desvio com as etapas operacionais considerando os períodos chuvosos e projeto de
sequenciamento das atividades também levando em consideração os períodos chuvosos e restrições
operacionais;
▪ Deve ser elaborado cronograma detalhado de obras, considerando as dificuldades associadas à
construção durante a estação chuvosa, a necessidade de execução de pilhas temporárias, distâncias
médias de transporte - DMT das áreas de empréstimo e possíveis restrições de acesso (por motivos
operacionais ou relacionados às comunidades);
▪ Deve ser elaborado o plano de recuperação das áreas de empréstimo, pós-escavação;

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

▪ Antes do início das obras, é recomendada a realização de uma reunião para discussão dos principais
riscos identificados na fase de projeto, se possível com a participação da projetista, da contratada,
do Acompanhamento Técnico da Obra e da fiscalização;
▪ A fiscalização deve acompanhar in loco a abertura das áreas de empréstimo, certificando as camadas
a serem exploradas, e descrevendo o material e se este recebeu tratamento ainda na área de
empréstimo;
▪ Devem ser previstas equipes de controle tecnológico no campo durante todos os turnos para
verificação da qualidade e aderência às especificações técnicas dos concretos, materiais de
empréstimo e de construção, por meio de ensaios realizados em campo bem como de ensaios
especiais a serem realizados em laboratórios próximos ao local da obra. Recomenda-se que os
ensaios sejam realizados por empresa externa à construtora;
▪ Deve ser mantida uma equipe de topografia para acompanhamento e controle geométrico da obra.
Recomenda-se que seja feita a verificação topográfica (conferência da topografia de projeto com a
topografia real de campo e DATUM utilizado) antes do início dos serviços;
▪ A liberação da fundação deverá ser feita formalmente pela equipe de fiscalização e pela equipe de
acompanhamento técnico da obra;
▪ É importante que a fiscalização e o acompanhamento técnico da obra acompanhem criteriosamente
as atividades de compactação e demais controles tecnológicos (materiais).
▪ Em construções onde as geomembranas serão aplicadas como um elemento de controle de
percolação, recomenda-se uma revisão técnica externa e independente (por meio de visitas e análise
de documentação) antes e durante a instalação. Este serviço deve ser adicional aos serviços de
supervisão de qualidade já executados pelo instalador;
▪ É recomendado que o empreendedor faça preparar uma documentação técnica onde sejam
indicadas todas as normas e controles requeridos para que se garanta a melhor qualidade nas etapas
de aquisição, transporte, estocagem, aplicação, verificação da qualidade, comissionamento e
manutenção de estruturas com geomembrana;
▪ É recomendado que seja feita uma amostragem independente para verificar a conformidade de
geomembranas a serem aplicadas na construção. Amostras devem ser retiradas e enviadas para um
laboratório certificado pelo Instituto de Geossintéticos para confirmar se as propriedades das
membranas atendem às especificações do projeto e à norma internacional GRI / GM 13;
▪ As soldas efetuadas nas geomembranas devem ser submetidas a testes, conforme normas/diretrizes
existentes, para garantir que foram devidamente executadas;
▪ Materiais e equipamentos devem ser armazenados de forma a garantir a adequada preservação.
Geossintéticos deverão ser armazenados de forma a não alterar a sua qualidade;
▪ Para os tratamentos de fundação deve se atentar para a necessidade de rebaixamento do lençol
freático e sistemas de bombeamento e, nesses casos, a construtora deve prever e mobilizar bombas
e equipamentos para tal finalidade.

Controle de qualidade e Garantia de qualidade


▪ Controle de qualidade (Qc) e garantia de qualidade (Qa) são aspectos complementares e importantes
da fase de implantação. Têm como objetivo geral garantir que a estrutura de disposição de rejeitos
seja construída de acordo com os critérios do projeto e reduzir os riscos associados à construção;
▪ O plano de controle da qualidade prescreve as especificações (determinadas na fase de projeto)
para todos os aspectos da construção, como as especificações de materiais a serem usados na
construção da barragem. O plano de garantia da qualidade descreve procedimentos para assegurar
que essas especificações sejam atendidas e procedimentos para tratar de casos em que não forem
atendidas (MAC, 2017);

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

▪ É importante garantir que esses padrões façam parte da especificação de construção, bem como
validá-los com o contratado antes do início da execução;
▪ Devem ser elaborados e arquivados os relatórios de controle tecnológico dos materiais, concreto e
aterro, bem como controle geométrico da obra.

Relatórios Técnicos de Acompanhamento de Obras


▪ O ATO deve emitir relatórios técnicos de acompanhamento de obras com periodicidade semanal ou
quando requerido;
▪ Os relatórios técnicos de acompanhamento de obras deverão descrever o estágio da obra no período
analisado, com descrição detalhada e registro fotográfico dos pontos relevantes. Devem ainda
relatar desvios, alterações e decisões correspondentes tomadas no período, análise do controle
tecnológico dos materiais (concreto, rochas e solos), bem como registro de alterações de projeto
com as respectivas justificativas e análises de estabilidade, quando pertinente;
▪ É importante que seja mantido registro fotográfico da obra em todas a suas etapas, o que pode se
constituir em informação útil em caso de dúvidas nas fases posteriores de implantação e operação;
▪ Este relatório não substitui os relatórios de controle tecnológico da obra elaborados pelas empresas
contratadas.

Documentos “como construído” e Relatório final de obra


▪ Os documentos “como construído” devem ser elaborados ao longo da fase de implantação e não
apenas ao final da obra;
▪ Além dos projetos e desenhos “como construído”, todos os documentos relativos à construção, tais
como atas de reuniões, notas de alteração de projeto, revisões de projeto, memórias de cálculo,
atualizações topográficas, relatórios fotográficos, testes de material, relatórios de instalação da
instrumentação, etc. devem ser organizados e arquivados.
▪ Deverá ser preparado um Relatório Técnico Final de Obra, que permita um entendimento global do
projeto “como construído”. Este relatório deverá apresentar uma ficha técnica do empreendimento
e suas principais caraterísticas. Deverá detalhar as principais alterações ocorridas no projeto, suas
causas e soluções técnicas implementadas para garantir o atendimento aos critérios de projeto e
objetivos de desempenho;
▪ É importante que este relatório registre os principais problemas ocorridos durante a obra, desvios
no controle dos materiais de construção (concreto e solo), aspectos geológicos relevantes
encontrados na fundação da estrutura e ombreiras, patologias construtivas e tratamentos
correspondentes relevantes, que possam colaborar para a avaliação do comportamento e análise de
riscos das estruturas na fase de operação;
▪ O relatório final de obra deverá constituir a primeira referência na fase inicial de operação, bem
como para o projeto de etapas subsequentes das estruturas de disposição de rejeitos.

Prontidão para a fase de Operação


▪ A equipe de segurança da barragem e estruturas de disposição de rejeitos, que será responsável pela
estrutura na fase de Operação, Monitoramento e Manutenção, deve, sempre que possível,
acompanhar a realização da obra;
▪ Os principais documentos que deverão ser preparados na fase de implantação para atendimento às
normas da Agência Nacional de Mineração- ANM são apresentados no Anexo I;
▪ No caso de barragens de mineração, o Plano de Segurança da Barragem - PSB e o Plano de Ação
Emergencial – PAEBM deverão estar disponíveis para utilização pela Equipe de Segurança da

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

Barragem, órgãos fiscalizadores e Defesa Civil antes do início do primeiro enchimento do


reservatório, destacando-se que em alguns casos já são exigidos na fase de licenciamento;
▪ As atividades de monitoramento geotécnico e estrutural (inspeções visuais e instrumentação)
deverão estar estruturadas antes do início do primeiro enchimento (se possível durante a
construção), para permitir a realização das inspeções rotineiras quinzenais conforme requisitos
legais, bem como a coleta e análise dos dados da instrumentação instalada. Para tal deve ser definida
a equipe de segurança da barragem e estruturas de disposição de rejeitos (própria ou contratada) e
elaborados todos os procedimentos e padrões necessários;
▪ As atividades de monitoramento ambiental também deverão estar estruturadas e o Manual de
Operação estar pronto e atualizado de acordo com o projeto “como construído” antes do início de
operação;
▪ As estruturas devem ser formalmente entregues pela equipe de implantação à equipe de segurança
da barragem e estruturas de disposição de rejeitos, que deverá formalizar um termo de aceite,
assinado pelos responsáveis.

5.2 – Papéis e Responsabilidades na fase de Implantação


5.2.1 – A atuação do Empreendedor
O empreendedor deverá disponibilizar todas as informações, desenhos e documentos do projeto detalhado,
necessários para a elaboração dos Planos de Trabalho e posterior execução dos serviços. Deverá
disponibilizar ainda as normas internas da empresa que deverão ser seguidas durante a execução das obras.
É importante que sejam estabelecidas matrizes de responsabilidades e de comunicação; para assegurar o
gerenciamento adequado das informações durante a fase de implantação.
A estrutura de supervisão da implantação deve ser estabelecida em função do grau de complexidade das
obras, definindo a atuação, responsabilidade e autoridade dos diversos atores envolvidos nesta fase, tais
como equipes próprias, responsáveis técnicos, projetistas, Engenharia de Registros (EdR), ATO, fiscalização e
revisores independentes.
O empreendedor deve avaliar a necessidade de atuação de um Engenheiro de Registros, também de acordo
com a complexidade do empreendimento. Esta tem sido considerada uma boa prática em vários países
(como no Canadá, Chile e Austrália, por exemplo), ainda pouco experimentada no Brasil. Neste caso, as
funções do ATO e EdR devem ser formalmente definidas.
É recomendável que as equipes de segurança da barragem e de operação acompanhem a etapa de
implantação, em especial a instalação da instrumentação, para que os aspectos operativos relevantes sejam
incorporados à obra e para que seja assegurada a prontidão das equipes quando do início de operação das
estruturas.

5.2.2 – A atuação da Projetista


A empresa projetista deverá prestar assessoria técnica durante a execução das obras em conjunto com ou
exercendo o papel de ATO, de forma que a execução da obra ocorra conforme projetado.

Recomenda-se que a projetista faça o acompanhamento da campanha de investigações e ensaios de


laboratório, valide os resultados das investigações e ensaios e aprove a valide o levantamento topográfico
como informações básicas e necessárias para elaboração do projeto.

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

5.2.3 – A atuação da Empresa Construtora


A empresa construtora deverá executar as obras de acordo com o projeto executivo e suas especificações
técnicas, e aplicando as melhores técnicas de construção.
Deverá disponibilizar a equipe prevista nos planos de trabalho com profissionais qualificados e experientes,
bem como equipamentos necessários para a execução dos serviços que atendam às especificações de
segurança da contratante.

5.2.4 – A atuação do Acompanhamento Técnico de Obras


A construção deve ser supervisionada por um representante da empresa projetista com experiência
reconhecida na construção de depósitos de rejeitos e independente da construtora. Para tal, a projetista
poderá exercer a função de Acompanhamento Técnico de Obra – ATO.
As principais atividades das obras deverão ser acompanhadas de perto pelo ATO, tais como, escavação,
limpeza, preparo e tratamento de fundações, execução de aterros controlados, concretagem de estruturas
e instalação de instrumentação.
A depender da complexidade da obra, a supervisão full time da obra pelo ATO pode ser substituída por visitas,
definidas em etapas especificas e/ou conforme requerido.
O profissional de ATO deverá, caso necessário, solicitar a paralisação de qualquer atividade da obra por
motivos técnicos (de projeto ou construtivo), ambientais ou de saúde e segurança, comunicando ao fiscal de
obra e ao responsável do empreendedor.
O profissional de acompanhamento técnico de obra tem usualmente como principais atribuições, a serem
ajustadas de acordo com a matriz de responsabilidades definida pelo empreendedor:

▪ Assegurar a adequada execução das obras, observando e garantindo que a Contratada execute
corretamente os projetos, aplicando as melhores técnicas de construção;
▪ Certificar-se de que a Contratada esteja de posse da última revisão dos desenhos e projetos
executivos e fiscalizar a sua utilização nas obras;
▪ Esclarecer dúvidas e questões pertinentes ao projeto e ao planejamento das obras em execução;
▪ Avaliar, elaborar e aprovar as alterações de campo que não envolvam revisão de projeto, sejam estas
devido a interferências, deficiências de projeto ou condições de campo diferentes das previstas;
▪ Solicitar à projetista (ou ao EdR, quando definido pelo empreendedor em função da complexidade
das estruturas) a avaliação, elaboração e aprovação de alterações de campo que necessitem de
revisão de projeto;
▪ Garantir que as alterações de projeto sejam implementadas;
▪ Verificar e atestar que o “como construído” contemple todas as alterações de projeto executadas;
▪ Emitir relatório técnico de acompanhamento de obra e relatório técnico de fim de obra, com o
registro de todos os pontos relevantes de construção e destaque para as mudanças ocorridas durante
a obra e medidas tomadas para assegurar que os objetivos de desempenho a longo prazo fossem
atendidos.

5.2.5 – A atuação da Engenharia de Registros


Como descrito no Capítulo 3, a implantação da engenharia de registros admite flexibilidade. Assim, caso o
empreendimento conte com o Engenheiro de Registros, suas atribuições devem ser formalmente definidas
pelo empreendedor, sendo responsabilidades usuais na fase de implantação:

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

▪ Assegurar que a estrutura seja construída de acordo com os critérios de projeto, objetivos de
desempenho, diretrizes e padrões aplicáveis e requisitos legais. Para tal, deverá avaliar, elaborar e
aprovar as alterações de campo que envolvam revisão de projeto, sejam essas solicitadas pela
fiscalização ou quando as condições de obra exigirem;
▪ Validar e/ou revisar as premissas de projeto, uma vez que as características dos rejeitos podem
mudar em relação ao previsto, além de possíveis alterações devido a aspectos construtivos (tais
como mudanças de geometria e de materiais de construção) e aquisição de informações adicionais
advindas da fase de implantação (por exemplo, informações sobre as fundações);
▪ Assegurar o registro de todas as informações relevantes de projeto e construção, e atualização dos
desenhos “como construído”, incorporando todas as eventuais mudanças ocorridas durante a
implantação das estruturas.
Destaca-se que, caso a figura do EdR não seja implementada em determinada obra, estas atividades deverão
ser assumidas pelo ATO.

5.2.6 – A atuação dos Revisores Independentes


Na fase de implantação, devem ser consultados revisores independentes para apoiar em tomadas de decisão
no caso de mudanças relevantes no projeto executivo, condições geológicas pouco usuais identificadas
durante a obra e outros assuntos técnicos especializados.

5.3 – Aspectos de Gestão


5.3.1 - Gestão da informação
O banco de dados desenvolvido na fase de projeto deverá agregar as informações da fase de implantação e
o projeto “como construído”, além dos projetos conceituais e básicos (que fazem parte do histórico do
projeto e permitem para que sejam visíveis as alterações ocorridas entre fases).
A documentação da fase de implantação deverá incluir não só desenhos “como construído” e memoriais de
cálculo atualizados, mas também resultados de investigações, ensaios, análises, estudos, relatórios, atas de
reunião, ou seja, quaisquer documentos que contribuam para o entendimento das estruturas e registrem
tomadas de decisão de interesse.
Os relatórios de análise do controle tecnológico de concreto, caracterização e parâmetros de resistência do
solo deverão ser arquivados, juntamente com a avaliação de desvios e tratamentos adotados.
Também são informações importantes os registros de desvios construtivos e adequações correspondentes
realizadas durante as obras e patologias construtivas observadas após a execução (como trincas, vazamentos,
recalques de aterro, falhas no concreto, etc.) e as medidas de correção propostas e implementadas.

5.3.2 - Gestão da mudança


Mudanças na fase de implantação são comuns, devido a condições diferentes das previstas no projeto
executivo, variabilidade dos materiais de empréstimo e construção ou circunstâncias imprevistas.
Desvios mais relevantes de projeto/especificações podem resultar em alterações formais de projeto e, até
mesmo, nos critérios de projeto. Entretanto, os desvios menores não devem ser ignorados, pois podem ser
cumulativos. Assim, todas as mudanças/desvios devem ser tratadas e registradas nos relatórios técnicos de
acompanhamento de obras, bem como as decisões tomadas e respectivas justificativas. Caso julgado

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

pertinente, poderá ser elaborado um Relatório de Desvios para a validação e aprovação de mudanças
(Morgenstern, 2018).
Todos os desenhos ou croquis com alterações sugeridas pelas equipes de campo devem ser registrados em
notas de alteração de projeto (NAPs), a serem aprovadas pelo ATO, projetista ou EdR de acordo com a
estrutura de supervisão da obra e a complexidade das alterações propostas.
Mudanças pontuais que não envolvam alterações nos critérios ou na concepção de projeto, podem ser
aprovadas formalmente pelo ATO. Sempre que as alterações implicarem em modificações de projeto que
demandem novas análises de estabilidade, estas deverão ser elaboradas e formalmente aprovadas pela
projetista, para assegurar que os critérios de projeto sejam atendidos.
Em todos os casos, todas as modificações devem ser comunicadas à empresa projetista e/ou EdR,
destacando-se que o papel de ATO muitas vezes deve ser exercido pela empresa projetista.
O ATO deverá certificar em campo a execução das modificações após sua conclusão, para que as notas de
alteração de projeto possam ser arquivadas e as informações inseridas no projeto “como construído”.
Quando forem necessárias modificações importantes no projeto aprovado para construção (por exemplo,
maior área ocupada envolvendo liberação adicional de terreno), outras aprovações regulatórias podem ser
necessárias antes de prosseguir com a construção modificada.

5.3.3 - Análise e gestão de riscos


Os riscos associados a alterações de projeto devem ser avaliados, controlados e comunicados, para assegurar
que as estruturas implantadas atendam aos critérios de desempenho pré-estabelecidos.
Quando as mudanças alterarem os conceitos do projeto, devem estar sujeitas à avaliação de risco para
subsidiar as tomadas de decisão correspondentes. Para os casos de mudanças de menor impacto nas
estruturas, a necessidade de novas análises de riscos deve ser avaliada.

Referências utilizadas neste capítulo


(1) MAC (2017). A Guide to the Management of Tailings Facilities. Third Edition.
(2) Morgenstern (2018). Geotechnical Risk, Regulation and Public Safety. Soils and Rocks, São Paulo,
41(2): 107-129, May-August 2018.
(3) CDA (out, 2018). Application of Dam Safety Guidelines to Mining Dams - Draft

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

Capítulo 6. Boas Práticas na Operação, Monitoramento e Manutenção de


Estruturas de Disposição de Rejeitos

A fase de operação de estruturas de disposição de rejeitos é tratada no presente guia englobando as


atividades de operação, monitoramento e manutenção. Esta fase geralmente se estende por longos
períodos, fazendo com que as condições relativas às hipóteses de projeto possam mudar ao longo tempo, o
que pode impactar os aspectos de gestão em diferentes níveis de complexidade.

Portanto, é essencial, tanto para garantir a conformidade com o projeto original, quanto para acomodar as
variações operacionais, que esta fase receba um alto nível de atenção e que as atividades de Operação,
Monitoramento e Manutenção estejam integradas, como apresentado na Figura 6.1. Cabe também destacar
a importância da gestão de riscos, que deve abranger todas as atividades citadas nesta fase do ciclo de vida.

Figura 6.1 – Integração dos processos de Operação, Monitoramento, Manutenção


e Gestão de Riscos na fase de Operação.

Cabe destacar que as avaliações e análises hidrológicas, hidráulicas e geológico-geotécnicas permeiam as


atividades de operação, monitoramento e manutenção correspondentes.

O presente capítulo foi estruturado a partir da Figura 6.1, na qual estão referenciados os itens que descrevem
as boas práticas de operação, monitoramento e manutenção que serão abordadas.

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

6.1 – Operação
6.1.1 - Definição dos Controles Operacionais e Controles Críticos
Como definido no Capítulo 3, Controles são medidas colocadas em prática para prevenir ou reduzir a
probabilidade de ocorrência de um evento não desejado ou para minimizar/mitigar os impactos no caso de
sua ocorrência.
Os controles podem ser de natureza técnica, operacional ou de governança. É fundamental que o
empreendedor garanta que controles acompanhem e sejam atualizados de acordo com o ciclo de vida da
estrutura e grau de maturidade do sistema de gestão.
Para permitir a operação das estruturas de disposição de rejeitos em conformidade com os requisitos de
projeto, devem ser definidos Controles Operacionais (parâmetros de operação específicos, baseados no
projeto e nas condições locais) para cada estrutura, tais como (adaptado de MAC, 2011):

▪ Parâmetros típicos de transporte e disposição de rejeitos, tais como vazão, pressão e densidade da
polpa de rejeito;
▪ Projeções de quantidade, vazões e teor de sólidos dos rejeitos;
▪ Pressões operacionais do sistema de bombeamento e das tubulações;
▪ Propriedades físicas do rejeito, tais como densidade, granulometria;
▪ Propriedades químicas do rejeito, tais como potencial de geração de ácidos e lixiviação/solubilização
dos metais, quando aplicável;
▪ Comprimento mínimo da praia (denominada em alguns projetos como largura da praia de rejeitos);
▪ Borda livre mínima;
▪ Volume mínimo para amortecimento de cheias;
▪ Controles associados ao monitoramento (inspeções visuais e instrumentação) e às atividades de
manutenção.
Os controles são definidos como Controles Críticos quando (MAC, 2017):

▪ a implementação do controle pode reduzir significativamente a probabilidade ou a consequência de


um evento ou condição indesejada que represente um risco de consequência alta;
▪ ou, de modo oposto, a remoção ou falha deste controle pode aumentar significativamente a
probabilidade ou a consequência de um evento ou condição indesejada que represente um risco
inaceitável, apesar da presença de outros controles.
Recomenda-se que os Controles Críticos sejam definidos, implementados e controlados de acordo com os
seguintes passos:

▪ identificar os possíveis modos de falha e suas respectivas causas, usando técnicas de avaliação de
riscos;
▪ identificar as causas consideradas como principais, em função dos possíveis modos de falha para
cada estrutura;
▪ identificar os controles preventivos associados aos possíveis modos de falha e suas causas principais
e identificar aqueles considerados como críticos;
▪ indicar um "Dono de Risco" e "Dono de Controle Crítico";
▪ definir critérios de desempenho para os controles críticos, indicadores de desempenho específicos
mensuráveis e requisitos de monitoramento;

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

▪ definir ações ou controles (controles mitigatórios) a serem executados se o controle preventivo for
perdido ou falhar;
▪ avaliar, pelo Dono do Controle Crítico ou seu Designado, se o ambiente do controle em suas
dimensões (desenho, operação e verificação) está sendo realizado de forma adequada;
▪ relatar deficiências em controles críticos para o(s) Responsável(is) Técnico(s) e, conforme o caso,
para o Executivo Responsável e definir ações para abordar tais deficiências;
▪ rastrear a implementação de ações para abordar as deficiências de controle crítico e relatar para o(s)
Responsável(is) Técnico(s) e, conforme o caso, para o Executivo Responsável; e
▪ revisar e atualizar periodicamente os controles e os controles críticos, com base nas avaliações
atualizadas de risco, planos de gestão de risco e desempenho passado.
Recomenda-se fortemente que os Controles Críticos e Controles Operacionais sejam parte integrante do
Manual de Operação, juntamente com critérios de performance esperados (valores de controle) e ações a
serem tomadas se desvios forem detectados. Por exemplo, sendo a largura da praia um controle crítico para
determinada estrutura, devem ser previstas ações no caso de não atendimento ao valor de controle definido,
tais como intensificar as leituras dos instrumentos e promover ações imediatas para o rebaixamento do nível
de água do reservatório, seja via bombeamento adicional ou, caso possível, pela operação do sistema
extravasor.

6.1.2 – Manual de Operação, Monitoramento e Manutenção


O processo de operação deve ser suportado por um Manual de Operação, Monitoramento e Manutenção,
onde estão estabelecidos os procedimentos para operação, manutenção, monitoramento das estruturas de
disposição de rejeitos. Este manual tem como objetivo garantir a operação e funcionalidade das estruturas
nos níveis de segurança adequados considerando as intenções e premissas de projeto, requisitos regulatórios
e políticas corporativas.
Este documento deve ser parte integrante do projeto e ser revisado periodicamente para acomodar
mudanças, tais como, alterações geométricas nas características de disposição, na reologia dos rejeitos, nos
parâmetros de projeto/controles, dentre outras.
Deve ser sintético, objetivo e concebido visando apoiar de forma efetiva as atividades de operação,
monitoramento e manutenção das estruturas, retratando-as tal como devem e estão sendo realizadas em
campo.
É uma boa prática que o Manual de Operação seja produto da contribuição de equipes multidisciplinares
internas, da empresa projetista e demais envolvidos, como por exemplo o EdR, destacando-se a importância
da participação/revisão pela equipe de operação. É essencial que o empreendedor designe um único
responsável formal por manter este documento atualizado.
Caso os envolvidos externos (projetista ou EdR) não participem diretamente das revisões do manual, seria
importante que pelo menos as validem, para assegurar que as premissas de projeto sejam garantidas.
Recomenda-se que o Manual de Operação, Monitoramento e Manutenção apresente no mínimo a seguinte
estrutura geral:
▪ Descrição simplificada e ficha técnica;
▪ Controles operacionais e controles críticos;
▪ Papéis e responsabilidades;
▪ Gestão do sistema operacional (inclui a descrição da técnica de disposição e manejo de rejeitos,
operação do reservatório, alteamento/implantação de estruturas e controle do balanço hídrico do
reservatório);
▪ Plano de ensaios de campo e de laboratório dos rejeitos (inclui tipos de ensaios e periodicidades);

45
VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

▪ Plano de monitoramento geotécnico e estrutural (inclui as atividades de inspeção visual e


instrumentação);
▪ Plano de monitoramento ambiental;
▪ Plano de manutenção;
▪ Informações adicionais (eventuais particularidades da estrutura não abordadas nos itens anteriores,
como, por exemplo, interferências com terceiros);
Cabe destacar que, quando a complexidade do sistema exigir, os planos de monitoramento citados podem
constituir documentos anexos, adequadamente articulados com o manual.
Recomenda-se que o manual apresente as informações de forma resumida, mantendo os memoriais
descritivos devidamente arquivados e disponíveis para consulta, se necessário.
O Manual de Operação, Monitoramento e Manutenção aborda basicamente as condições relacionadas à
operação normal e ao controle da barragem e estruturas de disposição de rejeitos, enquanto o Plano de Ação
de Emergência - PAEBM funciona quando houver uma perda de controle (emergência) no sistema. É essencial
que estes documentos estejam integrados, de forma que não haja lacunas funcionais entre as operações
normais e as respostas de emergência e que tais procedimentos estejam em vigor para a transição de
condições normais para uma situação de emergência que possa surgir.

6.1.3 – Gestão do sistema operacional de disposição de rejeitos

▪ O processo de disposição de rejeitos é um aspecto específico do gerenciamento geral da operação


que requer atenção, particularmente nos casos em que o rejeito está sendo usado como material de
construção da estrutura de disposição;
▪ O processo de disposição deverá ser gerenciado de acordo com as especificidades de cada processo,
tais como: espessura da camada de disposição, tempo do ciclo de disposição e consolidação dos
rejeitos;
▪ No caso de formação de reservatório, as diretrizes para sua ocupação ordenada devem ser
detalhadas, e quando possível apresentadas de forma esquemática, tendo como possíveis
finalidades assegurar:
o a manutenção do volume de espera para amortecimento de cheias e garantia da segurança
hidráulica;
o a otimização da ocupação do reservatório para garantia da segurança geotécnica e
atendimento ao plano diretor de disposição de rejeitos;
o a adequação dos procedimentos para recirculação de água para a usina.

6.1.4 – Controle do rejeito disposto

▪ O controle do volume dos rejeitos dispostos no reservatório deverá ser realizado periodicamente
conforme critérios formalmente estabelecidos pelo empreendedor, e com nível de detalhamento
compatível com as especificidades e complexidade do sistema analisado;
▪ O controle das características do rejeito disposto deve ser feito por meio de ensaios geotécnicos de
caracterização e análises químicas e mineralógicas, em função dos resultados de mapeamento
sistemático das frentes de lavra. Caberá ao empreendedor garantir que estes controles sejam
formalmente estabelecidos por equipe com competência adequada e que sejam devidamente
registrados.

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

6.1.5 – Manejo de água e Balanço Hídrico

▪ O balanço hídrico da estrutura deverá ser representado, sempre que possível, de forma esquemática,
com o objetivo de permitir um entendimento geral do sistema e dos pontos de manejo de água;
▪ É importante que haja uma integração do balanço hídrico da barragem com o balanço hídrico da
unidade operacional (visão integrada);
▪ O balanço hídrico deve ser periodicamente atualizado com base nas medições topobatimétricas e
nas variáveis hidrológicas medidas (vazões, precipitações, evaporação) devendo obedecer aos
critérios técnicos de operação segura (geotécnico e ambiental);
▪ É importante que o Manual de Operação contenha referência à ferramenta de balanço hídrico, que
deve ser preparada em função das particularidades de cada estrutura de disposição de rejeitos;
▪ A operação do sistema de captação de água e efluentes deve ser executada pelas equipes
operacionais, de acordo com os procedimentos específicos de operação e manutenção de seus
componentes;
▪ As regras de operação do sistema extravasor deverão ser detalhadas, excetuando-se extravasores de
crista livre (de superfície) para os quais este detalhamento não seria aplicável;
▪ A qualidade da água liberada para jusante, através do sistema extravasor e do sistema de drenagem
interna, deverá ser controlada e monitorada por meio de coleta e análises de amostras, devendo
atender os limites legais estabelecidos para vertimento e manutenção do enquadramento de corpos
hídricos receptores. A qualidade e vazão da água que retorna para tratamento também deve ser
avaliada para assegurar que a estação de tratamento existente tenha capacidade de receber e tratar
de forma adequada os efluentes gerados.

6.1.6 – Alteamento de estruturas


Para os casos de alteamento das estruturas durante a fase de operação, devem ser referenciadas as boas
práticas descritas no Capítulo 5, referentes à implantação de estruturas de disposição de rejeitos.

6.2 – Monitoramento Geotécnico e Estrutural


As atividades de monitoramento geotécnico e estrutural são aqui definidas como aquelas que permitem o
diagnóstico do comportamento de uma barragem ou estrutura de disposição de rejeitos, incluindo as
atividades de inspeções visuais e coleta/análise dos dados da instrumentação instalada, tanto do maciço,
fundação e ombreiras quanto dos elementos de extravasão ou outras estruturas em concreto associadas, de
forma a verificar seu desempenho geotécnico e estrutura.
De forma geral, o monitoramento geotécnico pode ser dividido em três itens principais: inspeções visuais,
instrumentação e inspeções e testes de equipamentos, como apresentado na Figura 6.2 (ICOLD, 2014).
Estas atividades devem ser planejadas de forma a detectar sinais de atenção precoces, associados aos modos
de falha potenciais específicos para determinada estrutura. O bom entendimento dos modos de falha
potenciais e dos objetivos de monitoramento de uma estrutura permite que a atenção seja dirigida para
evidências visuais e dados da instrumentação indicativos do início ou desenvolvimento de um processo de
falha.
Dependendo da complexidade da estrutura, é interessante avaliar a implantação de um Sistema Integrado
de Monitoramento, com o objetivo de facilitar a pesquisa dos dados em um único “painel de controle”
(dashboard), que permita a criação de gráficos, análises estatísticas, correlações e emissão de relatórios,
servindo assim de apoio à equipe de segurança de barragens em suas tomadas de decisão.

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O monitoramento das características dos rejeitos deverá ser conduzido como descrito no item “Controle do
rejeito disposto” e as informações provenientes deste controle poderão ter impacto nas análises dos dados
da instrumentação e nas condições de segurança das estruturas.

Figura 6.2 – Atividades de Monitoramento (adaptado de ICOLD, 2014).

6.2.1 – Inspeções visuais

▪ As inspeções visuais visam avaliar qualitativamente as condições físicas das partes integrantes da
estrutura, de modo a identificar e monitorar anomalias que afetem potencialmente a sua
estabilidade e estado de conservação;
▪ As inspeções visuais ocorrem em diferentes graus de complexidade e detalhamento, como
apresentado na Figura 6.3. No caso específico de barragens de mineração, as inspeções visuais
devem ter seus registros cadastrados no SIGBM – Sistema Integrado de Gestão de Barragens de
Rejeito, como detalhado no Anexo I;

Figura 6.3– Tipos de inspeção visual e periodicidades das atividades de monitoramento


(adaptado de ICOLD, 2014).

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▪ Para assegurar a qualidade das inspeções visuais, sugere-se que o Manual de Operação descreva
brevemente os modos de falha específicos da estrutura, incluindo aspectos importantes de projeto
e construção executados para reduzir as possibilidades de falha. É importante que questões não
previstas, que surgirem durante a implantação e operação e que possam ter impacto na segurança,
também sejam relatadas. Como exemplo, podem ser citados condicionantes geológico-geotécnicos,
alterações na geometria, variações nos materiais de construção, nascentes existentes antes do início
da construção ou do enchimento do reservatório;
▪ A periodicidade das inspeções de rotina poderá ser intensificada, a critério do empreendedor,
quando identificadas alterações de comportamento importantes. Recomenda-se a realização de
inspeções após eventos excepcionais, tais como chuvas intensas e sismos, para verificação da
integridade física da estrutura, vertedouro e instrumentos;
▪ As roçadas e capinas nas estruturas e áreas do entorno devem ser realizadas periodicamente,
mantendo a vegetação baixa de forma a facilitar a identificação de anomalias e permitir o acesso aos
instrumentos;
▪ As anomalias identificadas devem ser registradas e priorizadas, para permitir a elaboração de um
plano de ação com as devidas medidas corretivas e/ou preventivas e definição do prazo para a
execução.

6.2.2 – Revisões Periódicas de Segurança de Barragens (RPSB)


As revisões periódicas de segurança têm por objetivo avaliar o comportamento das estruturas de disposição
de rejeitos de forma mais detalhada, com base no exame da documentação da barragem, procedimentos
existentes e inspeções de campo. Permitem verificar a aderência entre projeto e construção e podem
demandar a realização de novas análises de estabilidade e de segurança hidráulica. No caso específico de
barragens de mineração, devem seguir a legislação em vigor e regulamentações correspondentes.

6.2.3 –Instrumentação e coleta de dados

▪ Na fase de operação, deverá ser avaliada a eventual necessidade de instalação de instrumentação


adicional nas estruturas, seja devido a alteamentos, para monitorar modos de falha específicos ou
para suportar tomadas de decisão específicas. Esta reavaliação se dá principalmente por ocasião do
projeto de alteamentos, análises da instrumentação e revisões periódicas de segurança;
▪ A seleção dos tipos de instrumentos e locais de instalação deve considerar os modos de falha e áreas
de sensibilidade da estrutura, suas fundações, reservatório e ombreiras. A partir daí, são
desenvolvidas hipóteses de percolação, de tensão-deformação ou esforços passíveis de afetar o
comportamento da estrutura, que suportarão a definição da instrumentação;
▪ Os instrumentos devem ser devidamente especificados e detalhados conforme o propósito de
monitoramento para o qual foram concebidos. Detalhes típicos generalistas devem ser evitados;
▪ O Manual de Operação (ou plano de monitoramento geotécnico e estrutural, quando este constituir
um documento a parte) pode ser visto como um elo entre o projeto e as equipes de operação e deve
conter todas as informações consideradas importantes para a análise dos dados coletados:
o Descrição dos objetivos específicos pretendidos com a instrumentação;
o Descrição do princípio de funcionamento dos instrumentos;
o Descrição dos instrumentos e dados de instalação precisos;
o Programa de coleta das leituras (periodicidades mínimas);
o Procedimentos e periodicidade para calibração e manutenção dos instrumentos;
o Informações de projeto e construção relevantes para a análise dos dados;
o Valores de controle esperados para os parâmetros monitorados.

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▪ Além dos desenhos representando a distribuição espacial em planta dos instrumentos, constitui uma
boa prática que a instrumentação seja descrita por seção (ou agrupando instrumentos mais
próximos), para facilitar o entendimento dos objetivos pretendidos com a instrumentação e a análise
dos dados (Figura 6.4);
▪ Os relatórios de instalação devem conter os croquis de instalação e, no caso de instrumentos
elétricos ou de corda vibrante, as fichas de calibração e fórmulas de cálculo do fabricante. Estes
documentos deverão ser arquivados para dirimir possíveis dúvidas futuras quanto a cotas de
instalação, constantes e fórmulas de cálculo e métodos de instalação. O material onde as células
piezométricas, placas de medidores de recalque interno e ancoragens de extensômetros de hastes
foram instalados (camada específica da fundação, maciço, tapete drenante) deve ser registrado nos
croquis.

Figura 6.4– Exemplo ilustrativo de descrição da instrumentação por seção. (RBEB, 2017).

Programa de coleta das leituras da instrumentação

▪ As atividades de coleta dos dados da instrumentação devem ser estruturadas e padronizadas de


forma a reduzir possíveis erros de leitura, garantir que sejam realizadas conforme as frequências
requeridas e assegurar que sejam enviadas para análise conforme fluxo de informações previamente
estabelecido;
▪ A periodicidade de leitura dos instrumentos deve ser estabelecida levando em consideração o
estágio da vida da estrutura. Durante o enchimento do reservatório e os primeiros anos de operação,
a frequência de leitura deve ser maior, visto a relevância dos dados para o monitoramento no
período de estabelecimento do regime permanente de percolação e estatisticamente crítico para a
sua segurança. Na medida em que as medidas se estabilizam e estando coerentes com as
expectativas de projeto, a periodicidade dessas leituras pode ser espaçada;
▪ Devem ser elaborados formulários de leitura e procedimentos a serem seguidos para coleta dos
dados da instrumentação de campo;
▪ Os formulários de leitura de campo devem ser elaborados para facilitar a realização das leituras e
minimizar erros de transcrição. Sugere-se que considerem a sequência de coleta dos dados pelo
técnico e que incluam as informações básicas dos instrumentos: nome, localização e informações
específicas caso necessárias como, por exemplo, a profundidade do tubo em medidores de nível
d’água e piezômetros de tubo aberto. Além disso, devem conter um campo de observação para cada
instrumento, onde o técnico possa registrar comentários que terão importância na análise, como,
instrumento obstruído, troca do equipamento de leitura etc.;
▪ As leituras coletadas devem ser transcritas para o banco de dados da instrumentação. O banco de
dados deve fazer, automaticamente, a transformação das leituras de campo (por exemplo, tubo

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

seco) em medidas (por exemplo, poropressões) e gerar os gráficos que servirão de apoio para a
análise dos dados;
▪ Os instrumentos deverão ser calibrados conforme orientações dos fabricantes e os piezômetros
deverão ser verificados por meio de ensaios de dissipação, sempre que a análise dos dados indicar
esta necessidade;
▪ Observações de campo e intervenções executadas nos instrumentos, que possam interferir em seus
comportamentos, devem ser devidamente registradas e arquivadas.

6.2.4 - Análise dos dados da instrumentação

▪ Os dados da instrumentação devem ser analisados periodicamente considerando as diversas


tendências de comportamento dos instrumentos e o previsto em projeto. É interessante
correlacionar medidas, tais como poropressões e vazões, para permitir um entendimento mais global
do comportamento. Outros parâmetros como níveis de montante e jusante, temperatura ambiente
e pluviometria podem ser incluídos na análise, buscando correlações com o comportamento dos
instrumentos;
▪ A análise dos dados deve considerar a seção da estrutura, bem como efeitos tridimensionais (por
exemplo, no caso de fluxos);
▪ Devem ser estabelecidos valores de controle para a instrumentação instalada, tendo em mente os
modos de falha das estruturas. Os valores de controle podem ser determinísticos (definidos por meio
de cálculos de estabilidade) ou estatísticos (estabelecidos a partir da série histórica de medidas)
(FUSARO, 2007);
▪ Os valores de controle de projeto são obtidos preferencialmente por meio de modelos numéricos de
dimensionamento das estruturas (redes de percolação e estudos de tensão-deformação, por
exemplo). São importantes para uma análise “imediata” do comportamento da instrumentação e
tornam-se ainda mais relevantes para análise no período de enchimento do reservatório e nos
primeiros anos de operação. Nestas fases o histórico de leitura ainda é curto e o comportamento dos
instrumentos não está estabilizado;
▪ No caso de valores de controle determinísticos, estes indicam estados-limite de estabilidade e estão
associados a fatores de segurança das estruturas;
▪ Os valores de controle estatísticos indicam mudança no comportamento das estruturas em relação
ao histórico de medidas e não necessariamente risco imediato para a estabilidade. Têm como
vantagem permitir a identificação de alterações no comportamento de forma prematura;
▪ Quando necessário, valores de controle determinísticos e estatísticos podem ser avaliados
conjuntamente para aumentar a eficácia do monitoramento (USACE, 1995);
▪ Deve ser considerado que a alteração das medidas de apenas um instrumento em uma determinada
seção instrumentada não indica necessariamente uma situação de atenção ou alerta, mas deve ser
imediatamente investigada pelo geotécnico responsável;
▪ A gravidade da situação é definida pela presença de um ou vários instrumentos em estado de atenção
ou alerta em uma mesma seção instrumentada, pela superação dos valores de controle
determinísticos (fator de segurança reduzido) ou estatísticos (mudança de comportamento) e pela
presença ou não de indícios visuais de desvios no comportamento esperado das estruturas;
▪ De acordo com a gravidade da situação, devem ser previstas ações a serem tomadas quando um ou
mais instrumentos apresentarem comportamento anômalo, tais como:
o Repetição imediata da leitura;
o Inspeção visual da estrutura;
o Realização de estudos e análise para identificar a causa da alteração e planejamento de ações
de reparo, quando necessárias;

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

o Realização de inspeções visuais e leituras da instrumentação com periodicidade reduzida;


o Realização de análises de estabilidade considerando os valores medidos;
o Acionamento de Inspeção Especial ou Plano de Ação de Emergência.

6.3 – Monitoramento Ambiental


O monitoramento ambiental tem por objetivo avaliar o desempenho ambiental das estruturas, devendo ser
compatível com as características do rejeito armazenado. Este monitoramento deve ser conduzido em
consonância com os programas de controle ambiental e possíveis condicionantes do processo de
licenciamento, legislações, normas técnicas vigentes e requisitos de desempenho internos do
empreendedor.

O Plano de Monitoramento Ambiental deve incluir a avaliação periódica da qualidade dos efluentes gerados
(vertimentos, drenos de fundo, surgências d’água, sistemas de detecção de vazamento, etc.) das águas
superficiais e subterrâneas a montante e a jusante das estruturas.

O monitoramento de águas subterrâneas, quando aplicável, deve ser realizado em poços de monitoramento
instalados com base em estudo hidrogeológico da área de influência. Estes poços deverão ser instalados e
desenvolvidos de acordo com as técnicas vigentes, assegurando-se a manutenção e o arquivamento dos
croquis de instalação e relatórios de desenvolvimento. Para a amostragem, é indicada a utilização da
metodologia de baixa vazão (low flow).

Quando aplicável, as amostragens e as análises físico-químicas de todas as matrizes (efluentes, águas


superficiais e subterrâneas) deverão ser realizadas por laboratório competente com acreditação em sistema
de controle de qualidade para este fim (ex.: ISO 17.025). Os parâmetros a serem analisados devem ser
definidos com base na legislação vigente e nas substâncias químicas de interesse, associadas à composição
do rejeito.

Adicionalmente, para as estruturas de disposição a seco, onde há o risco de geração de poeira oriunda do
rejeito armazenado, é recomendado que seja realizado um estudo de dispersão atmosférica para avaliação
da aplicação de monitoramento de qualidade do ar no entorno da estrutura.

As atividades de monitoramento ambiental devem ser planejadas de forma a detectar sinais de atenção
precoces associados aos modos de falha potenciais específicos para determinada estrutura (falha no sistema
de impermeabilização, descarte de efluente fora do padrão, levantamento de poeira com alteração da
qualidade do ar) e a evitar a formação de passivos ambientais ao longo da operação e/ou após o seu
encerramento. Devem, portanto, estar referenciadas no Manual de Operação, podendo ser detalhadas em
um plano específico.

6.4 - Operacionalização do Plano de Ação de Emergência de Barragem de Mineração


- PAEBM
Apesar de todas as estruturas de disposição de rejeitos precisarem de planos de ação de emergência, serão
tratados neste guia apenas os Planos de Ação de Emergência de Barragens. Estes são uma obrigação legal e
deverão ser elaborados, atualizados e implantados conforme legislação vigente, sendo denominados PAE
para barragens de acumulação de água e PAEBM para barragens de mineração.
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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

O documento deverá conter, no mínimo, o resumo do estudo de dam break com a mancha de envoltória de
inundação e definição de ZAS e ZSS, os procedimentos preventivos e corretivos e os fluxos e notificações a
serem seguidos no caso de ocorrência de uma emergência.
A operacionalização do PAE/PAEBM deve prever atividades de cunho preventivo e preparatório para garantir
prontidão de todos os envolvidos em caso de emergência e inclui:

▪ Conhecimento das zonas de risco existentes a jusante da barragem, notadamente da denominada


zona de autossalvamento (ZAS)
É importante o conhecimento do vale a jusante de uma estrutura, delimitado no mapa de inundação,
com destaque para a região mais próxima, denominada ZAS – Zona de Autossalvamento, uma vez
que os avisos de alerta à população nesta zona são de responsabilidade do empreendedor, por não
haver tempo suficiente para uma intervenção das autoridades competentes em situações de
emergência.
Considerando então a ZAS como a primeira zona de risco, é recomendado que sejam levantadas
informações mais detalhadas desta área para cada barragem que possui PAE, o que compreende ao
mapeamento do uso e ocupação do solo e levantamento da infraestrutura (acessos, estradas,
pontes) e de edificações, habitações e população existente nesta área. Estas informações podem ser
obtidas por meio de imagens aéreas ou de satélite, associadas a informações do Censo (IBGE) e do
Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) / Programa de Saúde da Família (Ministério da
Saúde), por exemplo, ou por meio de cadastro específico para esta finalidade.

▪ Implementação do Plano de Contingência na ZAS


A ação consiste na implementação do sistema de alerta (SAE), da sinalização nas rotas de fuga e
pontos de encontros. Estas ações são necessárias para que a população afetada na ZAS tenha
condições de promover o autosalvamento.

▪ Treinamento dos participantes internos no PAE/PAEBM


Os treinamentos internos são usualmente realizados em “sala de aula” e denominados tabletop
exercises. Têm como objetivo testar os procedimentos constantes do PAE, o nível de conhecimento
das equipes envolvidas e os contatos de emergência. Foco especial deve ser dado aos processos de
comunicação e tomada de decisão, visando o aperfeiçoamento dos processos existentes.

▪ Envolvimento das Prefeituras e Organismos de Defesa Civil


A entrega do PAE/PAEBM para as Prefeituras e organismos de defesa civil deve se constituir numa
oportunidade de diálogo. O empreendedor deverá disponibilizar as informações levantadas sobre o
vale a jusante aos mecanismos de defesa municipal, para que estes possam elaborar os Planos de
Contingência para toda a extensão do mapa de inundação, bem como desenvolver os simulados
junto à comunidade e com o apoio do empreendedor.
O protagonismo dos órgãos externos de resposta e das comunidades envolvidas deve ser estimulado,
para que estejam cientes não só das suas vulnerabilidades, mas também da sua capacidade e
responsabilidade de ação. Assim, as estratégias de alerta, comunicação e orientação à população
potencialmente afetada na ZAS deverão ser estabelecidas em conjunto com a Defesa Civil.

▪ Envolvimento da população e realização de simulados externos


Esta etapa tem como objetivo criar legitimidade nas ações desenvolvidas e perenizar os conceitos de
autoproteção, trazendo para todos os conceitos de resiliência frente aos cenários de risco
tecnológico. Como ações para ganho de prontidão e engajamento da população, deve-se fomentar
a realização de fóruns de capacitação e proximidade aos temas de gestão de segurança, risco e
emergência (BRASIL et al., 2017).

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O Empreendedor deve apoiar e participar dos simulados de situações de emergência em conjunto


com prefeituras, organismos de defesa civil, equipe de segurança da barragem, demais empregados
do empreendimento e a população compreendida na ZAS. Estes simulados externos são
treinamentos práticos que têm por função permitir que a população e agentes envolvidos
diretamente no Plano de Contingência da ZAS tomem conhecimento das ações previstas e sejam
treinados em como proceder caso haja alguma emergência real.

6.5 – Manutenção
O processo de manutenção é determinante para que o sistema de disposição de rejeitos tenha o
desempenho desejado e deve estar integrado às atividades de operação, monitoramento e gestão de riscos.
As ações de manutenção podem ser provenientes das atividades de operação, inspeção visual,
instrumentação ou de análises de riscos. A análise destas atividades poderá indicar mudanças nas condições
das instalações que podem implicar em ações tanto em relação à revisão de projeto quanto às mudanças
necessárias na construção e/ou reparos.
Todas as atividades de manutenção devem ser priorizadas e planejadas, levando em consideração que
podem envolver estudos adicionais, investigações e projetos.
A manutenção deve ser norteada por procedimentos específicos, sendo que os principais componentes
sujeitos a manutenção devem ter o tipo de atuação definida previamente:
▪ Manutenção preventiva (em intervalos de tempo pré-fixados ou baseada nas condições);
▪ Manutenção corretiva (após a ocorrência de falha);
▪ Obras de melhoria
Os requisitos de manutenção devem ser documentados para as diversas estruturas civis e eletromecânicas,
com destaque para os componentes essenciais à segurança de barragens, tais como, vertedouro, condutos,
sistemas de bombeamento, equipamentos de dragagem, instrumentação, iluminação normal e de
emergência.

Todos os manuais de manutenção relevantes, fornecidos por fabricantes e projetistas, e devem ser
elaborados numa linguagem que facilite a interpretação e devem estar disponíveis para as equipes de
operação da estrutura. Ainda neste contexto, é recomendável que as equipes de operação participem
ativamente da elaboração e da revisão dos documentos.

Dentre os serviços de manutenção civil geral e de rotina em estruturas de disposição de rejeitos, podem ser
citados:

▪ Reparo ou substituição de instrumentos;


▪ Testes e calibração de instrumentos e equipamentos de medição;
▪ Limpeza de canaletas/canais de drenagem superficial;
▪ Manutenção da proteção vegetal de taludes;
▪ Replantio da cobertura vegetal nas áreas de falha;
▪ Remoção de cupinzeiros e formigueiros do talude de jusante da barragem;
▪ Poda da cobertura vegetal das áreas onde será disposto os rejeitos, face dos taludes e regiões laterais
a extravasores;
▪ Reparo de sulcos de erosão nos taludes e bermas e no terreno das ombreiras;
▪ Reparo das estradas de acesso às estruturas e tubulação e do platô de apoio das tubulações de lama
e rejeito;

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

▪ Limpeza da área de saída do dreno de fundo;


▪ Reparo de tubulações de adução de lama e de rejeito;
▪ Reparo em tubulações e bombas de captação de água;
▪ Remoção de materiais flutuantes nos emboques das estruturas extravasoras;
▪ Reparo do concreto do sistema extravasor (galeria, canais, bacia de dissipação) e de drenagem
superficial (canaletas, canais periféricos e descidas de drenagem).

6.6 – Papéis e Responsabilidades na fase de Operação


6.6.1 – A atuação do Empreendedor
O empreendedor deverá definir um sistema de gestão a ser empregado, compatível com o grau de
complexidade das estruturas, conforme orientações descritas no Capítulo 3.
Deverá definir e validar os controles operacionais e controles críticos, e respectivos resultados esperados
para as estruturas de disposição de rejeitos.
Deverá estruturar e definir as atuações dos diversos atores envolvidos nesta fase, tais como as equipes
próprias, contratados, EdR e revisores independentes, além de definir os responsáveis técnicos e nomear o
coordenador do PAEBM.
Deverá assegurar a prontidão das equipes de operação, segurança de barragens e manutenção de estruturas
geotécnicas quando do início de operação das estruturas.
Deverá assegurar independência dos revisores técnicos /painel de especialistas (terceiros não envolvidos no
projeto ou operação do sistema em estudo) e assegurar que possuam especialidade técnica adequada
compatível com a complexidade da(s) estruturas(s).
Deverá assegurar a transferência de conhecimento sobre a instalação por meio de gestão da sucessão de
empregados chave e/ou gestão da mudança/transição entre EdRs incluindo uma sobreposição dos serviços
e por meio da substituição gradativa de revisores independentes.
Deverá garantir os recursos técnicos e econômicos para a perfeita operação, monitoramento e manutenção
das estruturas.

6.6.2 – A atuação da Equipe de Segurança de Barragens e Estruturas de Disposição de Rejeitos


A equipe de segurança de barragens e estruturas de disposição de rejeitos é responsável pelas inspeções
regulares rotineiras quinzenais e coleta e análise preliminar dos dados da instrumentação, devendo
comunicar as anomalias identificadas ao Responsável Técnico.
Esta equipe deve ter capacidade técnica adequada ao nível de complexidade do sistema sob sua
responsabilidade e poderá ter atribuições mais amplas, desde que formalmente definidas.

6.6.3 – A atuação das Equipes de Operação e Manutenção


As equipes de operação e manutenção são responsáveis pela garantia da execução de todas as atividades
ligadas a operação e manutenção da barragem e seus sistemas componentes (ciclonagem, espigotamento,
bombeamento, tubulações, compactação de rejeitos, por exemplo) de acordo com as premissas de projetos
e diretrizes do Manual de Operação.

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

6.6.4 – A atuação da Engenharia de Registros


A funções da Engenharia de Registro (EdR) estão apresentadas no Capítulo 3 e devem ser definidas de forma
flexível, de acordo com a estrutura de governança e estrutura operacional do empreendedor. Estas funções
ganham destaque na fase de operação, com o EdR focado no acompanhamento técnico com vistas à
segurança geotécnica e estrutural dos depósitos de rejeitos, não cabendo a ele a gestão de assuntos
administrativos.
As atribuições e responsabilidades do EdR devem ser formalmente atribuídas, mas, em termos gerais, tem
como responsabilidades na fase de Operação:

▪ assegurar que determinada estrutura seja operada de acordo com os objetivos de desempenho,
critérios de projeto, diretrizes do Manual de Operação, padrões aplicáveis e requisitos legais;
▪ avaliar eventuais anomalias geotécnicas ou estruturais com impacto na segurança das estruturas e a
adequação do tratamento dado para a situação;
▪ assegurar o registro de todas as informações relevantes de operação e construção continuada e
atualização dos desenhos “como construído”, incorporando todas as eventuais mudanças ocorridas
durante esta fase.
Deverá ter ciência de todas as informações sobre uma determinada estrutura. Para tal, deve participar das
atividades de análise de riscos e estar acessível para as revisões de segurança de barragens e revisões
independentes, bem como ser acessível pelos responsáveis técnicos para discutir questões técnicas do site,
quando necessário. Caso assim estabelecido, pode também ter como responsabilidade a realização das
inspeções regulares de segurança e emissão das respectivas Declarações da Condição de Estabilidade (DCEs).
Neste caso, possuirá responsabilidade técnica compartilhada das estruturas.
O EdR também pode ser o responsável pelo gerenciamento do banco de dados das estruturas (avaliação,
identificação das lacunas, complementação e consolidação das informações).
É importante que o EdR realize e/ou proponha treinamentos para o pessoal-chave do local e equipes
envolvidas na gestão de barragens e estruturas de disposição de rejeitos, para possibilitar a estas equipes
uma compreensão completa dos requisitos e aspectos do projeto e construção e parâmetros operacionais
para alcançar esses requisitos.

6.6.5 – A atuação dos Revisores Independentes / Painel de Especialistas


Nesta fase, os Revisores Independentes, ou o Painel de Especialistas quando a complexidade da estrutura ou
do portfólio de estruturas assim exigir, fornecem ao Empreendedor orientações especializadas e
recomendações independentes, visando:

▪ avaliar o sistema de gestão de barragens e estruturas de disposição de rejeitos e propor melhorias


considerando boas práticas internacionalmente aceitas;
▪ apoiar na identificação, entendimento e gestão de riscos associados a estas estruturas;
▪ avaliar temas técnicos específicos e apoiar nas tomadas de decisão correspondentes;
▪ validar informações e registros para embasar as percepções e avaliações dos Responsáveis Técnicos
e da EdR.
O(s) Revisor(es) Independente(s) não t(ê)m autoridade de tomada de decisão. A responsabilidade pelas
decisões está com o Empreendedor.

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

6.7 – Aspectos de Gestão


6.7.1 - Gestão da informação
Assim como nas demais fases do ciclo de vida das estruturas de disposição de rejeitos, a manutenção de um
banco de dados adequado é imprescindível na fase de operação. As estruturas de disposição de rejeitos
possuem grande dinamismo e o projeto evolui ao longo da vida útil, exigindo que as informações das etapas
anteriores estejam disponíveis não apenas para a avaliação da segurança das estruturas na fase de operação,
mas também para a elaboração do projeto da etapa subsequente.
Assim, as informações da fase de operação devem ser agregadas às das fases anteriores. Como informações
a serem retidas pode ser destacada a importância de registros abrangentes dos procedimentos de disposição
dos rejeitos, suas variações e de como foram controlados, dados de investigações adicionais, estudos
complementares, relatórios de inspeção, revisões de segurança, dados da instrumentação e registro de
mudanças relevantes e como foram tratadas.
Caso não exista um banco de dados com as informações de projeto e implantação de determinada estrutura,
o que pode ocorrer quando da aquisição de ativos, por exemplo, este deverá ser estruturado na fase de
operação. Para tal, será necessário pesquisar os documentos existentes com projetistas, empresas
construtoras, operadores que conheçam as instalações e equipes de monitoramento anteriores. Podem ser
necessárias investigações e ensaios para levantamento de informações sobre as características da fundação
e do maciço.

6.7.2 - Gestão da mudança


É importante que seja estabelecido um processo formal de gerenciamento de mudanças na fase de operação.
Todas as mudanças devem ser registradas e suas interferências no projeto devem ser avaliadas, tratadas e
formalmente validadas e aprovadas, de forma que as intenções de projeto sejam atendidas.
Adicionalmente, de acordo com a complexidade e potenciais impactos dos desvios em relação às premissas
de projeto, as mudanças devem ser avaliadas por meio de análise de riscos, para suportar as tomadas de
decisão correspondentes.

6.7.3 - Análise e gestão de riscos


O processo de gestão de riscos na fase de Operação deve envolver a identificação, avaliação (análise,
avaliação e tratamento de riscos), comunicação e monitoramento de riscos à integridade das estruturas de
disposição de rejeitos intrínsecos ao sistema, bem como aqueles decorrentes de mudanças internas ou
externas. As etapas de gestão de riscos citadas são aplicáveis a todas as fases do clico de vida das estruturas
e seguem as definições da ISO 31.000, detalhadas no Capítulo 3.
Deve ser empregado um método formal de análise de riscos, o que contribui para a transparência nas
tomadas de decisão quanto às diferentes estratégias de resposta frente aos riscos identificados.

Independentemente do método de análise de risco empregado, geralmente os riscos principais recebem um


tratamento mais aprofundado, enquanto que os riscos secundários, que não impactam diretamente a
segurança das estruturas, são tratados de forma simplificada e/ou aceitos e registrados, como mostrado na
Figura 6.7.

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

Figura 6.7 – Atividades de Gestão de Riscos (modificado de Mulcahy, 2010)

Os riscos identificados deverão ser tratados, avaliando diferentes estratégias de resposta, tais como: eliminar
o risco (execução de investigações, estudos e/ou obras), minimizar o risco por meio de monitoramento
(estabelecimento de controles e respectivos critérios de desempenho), ou mesmo executar ações para
minimizar os impactos no vale a jusante.
As atividades de análise de risco devem suportar a identificação dos controles operacionais, controles críticos
e atividades de monitoramento (inspeções visuais e instrumentação), a serem definidos com base nos modos
de falha e consequências associadas.
Especialistas qualificados e experientes devem ser envolvidos na identificação e análise de riscos das
barragens e estruturas de disposição de rejeitos, bem como no desenvolvimento e revisão da eficácia dos
controles associados.

Referências utilizadas neste capítulo


(1) MAC (2011). Desenvolvendo um Manual de Operação, Manutenção e Supervisão (Traduzido pelo IBRAM).
(2) MAC (2017). A Guide to the Management of Tailings Facilities. Third Edition.
(3) ANGLOAMERICAN (2016). Mineral Residue Facilities and Water Management Structures Standard.
(4) ICOLD (2011). Bulletin 139. Improving Tailings Dam Safety -Critical Aspects of Management, Design,
Operation and Closure.
(5) ICOLD (2014). Bulletin 158. Dam Surveillance Guide.
(6) FUSARO, T.C., FURTADO, A.S.O., OLIVEIRA, V.R.F., COUTO, I.T. (2017). Estruturação do Manual de
Monitoramento como Ferramenta para a Segurança de Barragens. Revista Brasileira de Engenharia
de Barragens, Comitê Brasileiro de Barragens, CBDB.
(7) FUSARO, T.C. (2007) Estabelecimento Estatístico de Valores de Controle para a Instrumentação de
Barragens de Terra: Estudo de Caso das Barragens de Emborcação e Piau. Dissertação de Mestrado,
Universidade Federal de Ouro Preto.
(8) USACE (1995) – Instrumentation of Embankment Dams and Levees, US Army Corps of Engineers, EM
1110-2-1908.

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

(9) BRASIL, L. S. S., LOPES, M., GONTIJO, A., SANTOS, L. (2017). Estratégia de operacionalização dos
planos de atendimento a emergência para barragens de mineração (PAEBM) na VALE – Área de
Ferrosos. II Seminário de Gestão de Riscos e Segurança de Barragens de Rejeitos. Belo Horizonte.
(10)DNPM (2017). Portaria nº 70.389, de 17 de maio de 2017. Cria o Cadastro Nacional de Barragens de
Mineração, o Sistema Integrado de Gestão em Segurança de Barragens de Mineração e estabelece a
periodicidade de execução ou atualização, a qualificação dos responsáveis técnicos, o conteúdo
mínimo e o nível de detalhamento do Plano de Segurança da Barragem, das Inspeções de Segurança
Regular e Especial, da Revisão Periódica de Segurança de Barragem e do Plano de Ação de
Emergência para Barragens de Mineração.
(11) Mulcahy, R. (2010). Risk Management.

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

Capítulo 7. Boas Práticas no Encerramento de Estruturas de Disposição de


Rejeitos

Complementarmente ao Guia para Planejamento do Fechamento de Mina (IBRAM, 2013), que aborda um
conjunto de diretrizes e boas práticas relacionadas ao encerramento das atividades de um empreendimento
mineral, o presente capítulo tem como objetivo elencar boas práticas na fase de encerramento de estruturas
de disposição de rejeitos, com destaque para os aspectos de gestão.

7.1 – Considerações gerais na fase de Encerramento


Com o objetivo de colaborar na estruturação dos processos de fechamento pelos empreendedores, são
apresentadas a seguir exemplos de boas práticas, sem a intenção de constituir um guia técnico, mas sim de
destacar aspectos de planejamento e gestão aplicáveis à fase de encerramento de estruturas de disposição
de rejeitos.

Fechamento de Mina
▪ Fechamento é uma fase do ciclo de vida de uma mina. O planejamento para o fechamento é um
processo progressivo de preparação do empreendimento para o encerramento das operações, que
deve envolver aspectos ambientais, sociais, técnicos e econômicos;
▪ O fechamento de uma mina deve ser progressivo, ou seja, a reabilitação deve ser maximizada
durante a fase operacional e as estruturas devem ser encerradas na medida em que não forem mais
utilizadas, em consonância com o plano de fechamento do empreendimento;
▪ O fechamento progressivo, como apresentado na Figura 7.1, tem como objetivo reduzir os esforços,
gastos e riscos pós-operacionais.

Figura 7.1 – Conceito de fechamento progressivo.

▪ É importante que o fechamento seja parte integrante do ciclo de vida da mina, devendo ser
considerado nos aspectos de planejamento desde a concepção do projeto – “planejar para fechar”;
▪ Nas fases de seleção de alternativas e projeto conceitual de um empreendimento, o planejamento
para o fechamento deve levar em consideração os aspectos de encerramento das estruturas,
avaliando impactos a longo prazo, complexidade e riscos associados - “design for closure”;
▪ Além disso, as estruturas de disposição de rejeitos devem ser operadas considerando a necessidade
de facilitar seu encerramento e, consequentemente, eliminar ou reduzir os riscos futuros no
fechamento.

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

Encerramento de Estruturas de Disposição de Rejeitos


▪ Um paralelo entre as fases do ciclo de vida de uma mina e de uma estrutura de disposição de rejeitos
é representado na Figura 7.2, apresentando os principais conceitos que serão empregados neste
Guia.

Figura 7.2 – Fases do ciclo de vida de uma mina e de uma estrutura de disposição de rejeitos.

▪ No caso de uma estrutura de disposição de rejeitos, o encerramento é a fase do ciclo de vida da


estrutura que se inicia com a confirmação de que a mesma já alcançou o fim da vida útil e/ou não é
mais necessária no contexto operacional do empreendimento e, portanto, poderá ser desativada ou
descaracterizada (tomada de decisão da empresa);
▪ Barragem de mineração descaracterizada: estrutura que não recebe, permanentemente, aporte de
rejeitos e/ou sedimentos oriundos de sua atividade fim, a qual deixa de possuir características ou de
exercer função de barragem, de acordo com projeto técnico, não se enquadrando mais nas
legislações pertinentes a barragens. Compreende, mas não se limita, às seguintes etapas:
i. Descomissionamento - encerramento das operações com a remoção das infraestruturas
associadas, exceto aquelas destinadas à garantia da segurança da estrutura;
ii. Controle hidrológico e hidrogeológico - adoção de medidas efetivas para reduzir ou eliminar o
aporte de águas superficiais e subterrâneas para o reservatório;
iii. Estabilização - execução de medidas tomadas para garantir a estabilidade física e química de longo
prazo das estruturas que permanecerem no local; e,
iiii. Monitoramento - acompanhamento pelo período necessário para verificar a eficácia das medidas
de estabilização.
▪ Estrutura desativada é aquela que não está mais recebendo aporte de rejeitos e/ou sedimentos
oriundos da atividade fim, mas mantém características de uma estrutura de disposição de rejeitos.
Deve atender aos requisitos legais vigentes para a desativação e estar adequada à fase do
fechamento da mina.
Desta forma, poderão ser necessárias adequações para garantir a estabilidade física e química de
longo prazo, de forma a atender aos requisitos normativos, legais e critérios internos do

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

empreendedor. As estruturas desativadas continuam cumprindo a legislação de segurança de


barragens vigente;
▪ Recomenda-se a realização de uma análise de risco com visão de longo prazo para direcionar as
premissas de um determinado projeto de encerramento. Sempre que pertinente, a possibilidade de
descaracterização das estruturas de disposição de rejeitos deve ser avaliada;
▪ É importante ressaltar que a estrutura encerrada deve estar preparada para “enfrentar” eventos
extremos, como por exemplo, PMP (Probable Maximum Precipitation), MCE (Maximum Credible
Earthquake), etc. Os sistemas de drenagem superficial devem ser projetados de forma a reduzir a
necessidade de manutenção futura;
▪ Toda a infraestrutura e equipamentos devem ser apropriadamente gerenciados para assegurar que
a instalação seja encerrada de acordo com o projeto e licenças correspondentes.

Programa de Fechamento
▪ Para permitir que o fechamento de uma mina se dê de forma progressiva, recomenda-se o
desenvolvimento de um Programa de Fechamento, abordando de forma integrada os projetos de
encerramento e as ações para o fechamento;
▪ Este programa envolve um conjunto de atividades multidisciplinares que visa identificar nas
Operações as estruturas que possam ser descomissionadas, avaliando a melhor solução de
engenharia a ser aplicada, em qual tempo o projeto poderá ser elaborado e quando as obras de
encerramento devem ser implantadas;
▪ O Programa de Fechamento pode ser dividido em 4 etapas, como apresentado na Figura 7.3. As fases
descritas podem servir para o fechamento de uma mina ou para o encerramento de uma estrutura
específica.

Figura 7.3 – Etapas de um Programa de Encerramento de Estruturas de Disposição de Rejeitos.

Etapa de Identificação e Estratégia


▪ Todas as estruturas de um empreendimento devem ser previamente identificadas nos planos de
encerramento elaborados e/ou revistos nas fases anteriores do ciclo de vida. Entretanto, há
necessidade do mapeamento daquelas para as quais as ações de encerramento já devam ser
iniciadas;

62
VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

▪ Esta etapa de Identificação e estratégia tem início com o envolvimento das diversas áreas da empresa
(planejamento, engenharia, operações e meio ambiente, por exemplo) que terão responsabilidades
dentro do processo, visando:
• Integração com processos de planejamento da mina;
• Definição e otimização de soluções;
• Avaliação de oportunidades de sinergia;
• Priorização de ações e estabelecimento de sequenciamento das ações;
• Previsão/Revisão dos recursos financeiros.
▪ Pode ser destacada a importância da participação das equipes operacionais nas discussões técnicas
de fechamento, para que as diretrizes de fechamento, bem como as “lições aprendidas”, sejam
consideradas na elaboração de novos projetos;
▪ Devem ser levantados os dados disponíveis e as informações complementares que se farão
necessárias para subsidiar os projetos de encerramento;
▪ A avaliação de riscos permite a identificação de interferências e de oportunidades que favorecem a
integração do planejamento do fechamento com os demais processos de planejamento da mina,
permitindo a otimização de custos e de logística, eventual aproveitamento de materiais entre obras,
redução de contratos a serem gerenciados, dentre outros;
▪ O resultado final desta fase é a priorização e sequenciamento das ações de fechamento, conforme
exemplificado na Figura 7.4.

Figura 7.4 – Exemplo de sequenciamento de ações de encerramento.

Provisão Financeira
▪ Todos os custos previsíveis de fechamento devem ser estimados e atualizados periodicamente, para
que o empreendedor possa constituir a provisão financeira correspondente, conforme previsto nas
normas contábeis pertinentes;
▪ Aspectos referentes a este tópico, incluindo garantia financeira, são descritos no Guia para
Planejamento do Fechamento de Mina (IBRAM, 2013).

Etapas de Projeto e Implantação de obras


▪ As fases de projeto e implantação de obras de encerramento de estruturas de disposição de rejeitos
seguem as boas práticas descritas nos Capítulos 4 e 5.

Etapa de Monitoramento e Manutenção pós encerramento


▪ O monitoramento geotécnico, estrutural e ambiental comprovará a eficácia das ações implantadas
e o alcance dos objetivos de desempenho pretendidos. A documentação correspondente deverá
estar organizada e disponível para validação e comprovação das medidas de encerramento tomadas;

63
VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

▪ A manutenção deverá envolver aspectos técnicos das estruturas existentes, considerando sistema
de drenagem, tratamento de eventuais efluentes gerados, vegetação, etc.;
▪ As estruturas desativadas continuam cumprindo a legislação pertinente nos quesitos monitoramento
e manutenção. Estas questões devem ser tratadas conforme descrito no Capítulo 6.

7.2 – Papéis e Responsabilidades na fase de Encerramento


7.2.1 – A atuação do Empreendedor
O empreendedor deverá estruturar e definir a atuação dos diversos atores envolvidos em cada etapa do
programa de fechamento, tais como as equipes próprias, projetistas, EdR, ATO, fiscalização e revisores
independentes.

Quando se fala em encerramento de um depósito de rejeitos uma boa prática reconhecida em toda a
indústria é o chamado “projetar para fechar” ou mesmo o “operar para fechar”. Essa prática consiste em
incorporar os conceitos e requisitos de fechamento desde a etapa de engenharia e na operação, de forma
que o encerramento seja mais eficaz e com menor custo. Dentro deste contexto, uma opção interessante
para estruturas de maior complexidade e empreendimentos de maior porte configura-se na definição e
retenção de um especialista em fechamento, que irá atuar em conjunto com a área de projeto/operação
durante o ciclo de vida do depósito de rejeitos ou mesmo de outras unidades de fechamento que compõem
determinada empresa de mineração.

Deverá também garantir que os recursos previstos para o encerramento estejam provisionados.

7.2.2 – A atuação das empresas projetista e construtora


As empresas projetistas e construtoras responsáveis pelo projeto e obras de encerramento deverão
disponibilizar equipes de trabalho com competência adequada para a realização dos trabalhos, conforme
descrito nos Capítulos 4 e 5.

7.2.3 –A atuação da Engenharia de Registros


O projeto de encerramento de estruturas de disposição de rejeitos deve ser revisto e aprovado nos aspectos
relacionados à estabilidade e segurança das estruturas, incluindo, quando pertinente, questões ambientais
associadas à prevenção e/ou controle de contaminação, de acordo com a estrutura de gestão implantada
pelo empreendedor.

Quando o empreendedor optar pela estruturação de uma engenharia de registros, suas atribuições e
responsabilidades devem ser formalmente definidas e, de forma geral, o EdR tem como responsabilidades
na fase de encerramento:

▪ Assegurar que todas as informações sobre as estruturas, necessárias para o projeto e implantação
das obras de encerramento, sejam disponibilizadas;
▪ Assegurar que a estrutura final esteja de acordo com os critérios de projeto, objetivos de
desempenho, diretrizes e padrões aplicáveis e requisitos legais;
▪ Assegurar o registro de todas as informações relevantes das etapas de projeto, implantação e
monitoramento das estruturas encerradas, bem como a atualização dos desenhos “como construído”
incorporando todas as eventuais mudanças nesta fase.

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

Assim como descrito para as demais fases do ciclo de vida de uma estrutura de disposição de rejeitos, o papel
de EdR pode ser desenvolvido por equipe de engenharia interna do empreendedor ou por empresa projetista
contratada para esta finalidade.

7.2.4 – A atuação dos Revisores Independentes


Na fase de fechamento, podem ser consultados revisores independentes para apoiar em tomadas de decisão
em assuntos técnicos especializados e de maior complexidade.

7.3 – Aspectos de Gestão


7.3.1 - Gestão da informação
É importante que o banco de dados das estruturas de disposição de rejeitos seja um repositório único de
informações, para permitir que as informações necessárias, provenientes das fases anteriores de projeto,
construção, operação e monitoramento, estejam disponíveis para a fase de encerramento.
Complementarmente, as informações da fase de encerramento deverão ser agregadas à documentação
armazenada durante a vida útil da estrutura. Toda a documentação das diversas etapas de encerramento
(avaliação de alternativas, projeto conceitual, básico e executivo, relatórios de obra e projeto “como
construído”) deve ser armazenada apropriadamente, ser facilmente acessível e estar disponível quando
requerido após o fechamento permanente da instalação.
A documentação da fase de encerramento deverá incluir não apenas desenhos “como construído” e
memoriais de cálculo atualizados, mas também resultados de investigações, ensaios, análises, estudos,
relatórios, atas de reunião, relatórios de controle tecnológico de materiais, relatórios de acompanhamento
de obra, ou seja, documentos que contribuam para o entendimento das estruturas e registrem tomadas de
decisão de interesse.

7.3.2 - Gestão da mudança


As mudanças devem ser tratadas como previsto para as fases de Projeto, Implantação e Operação, descritas
neste Guia.

7.3.3 - Análise e gestão de riscos


O Guia de Fechamento de Mina IBRAM aborda, de uma forma geral, o risco para fechamento, considerando
riscos presentes e futuros relativos a questões ambientais, econômicas, de imagem e de segurança.
Deve-se atentar para a possível redução da percepção do risco nesta fase pelo fato da estrutura não estar
mais no foco da operação. Além dos riscos estruturais e de manutenção, é importante considerar riscos
específicos nos projetos e obras de encerramento, tais como:
• durabilidade de materiais;
• manutenção e monitoramento a longo prazo;
• influência no estabelecimento do uso futuro;
• interferências com comunidades vizinhas;
• risco de invasão/depredação por terceiros;
• garantia de estabilidade à longo prazo;

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VERSÃO REVISADA – 14/07/2019

• consequências que podem se manifestar a longo prazo (ex.: lixiviação de metais e sua
disponibilização à biota).

Referências utilizadas neste capítulo


(1) IBRAM (2013). Guia para Planejamento do Fechamento de Mina. Brasília, 2013.
(2) Angloamerican (2016). Mineral Residue Facilities and Water Management Structures Standard.
Version 4
(3) Resende A., Picarelli S., Vieira G., Costa F.L & Chiodeto B. (2014). Closure Plans for Regional Iron Ore
Mines: a New Approach, Mine Closure Solutions 2014, Ouro Preto, Minas Gerais, Brazil.
(4) Bureau and Vale (2012). Definição da base metodológica para desenvolvimento de Planos Regionais
de Fechamento Integrado de Minas. RC-SP-026/12-R2. Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil.
(5) Bureau and Vale (2013). Guia para elaboração de Plano Regional de Fechamento de Integrado de
Minas. RC-SP-128/12. Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil.
(6) Picarelli S., Vieira G., Resende A., Costa F.L & Gonçalvez, J.A. (2014). Opportunities for future use in
mine Closure – Mine Closure Solutions 2014, Ouro Preto, Minas Gerais, Brazil.
(7) Vieira G., Resende A., Picarelli S., Vieira G., Resende A., Costa F.L & Gonçalvez, J.A. (2014). Closure
Methodology Applied to the Córrego do Meio Iron Ore Mine – Mine Closure Solutions 2014, Ouro
Preto, Minas Gerais, Brazil.
(8) Picarelli S., Vieira G., Resende A., Januario, J.A.; Silva, A.P. (2018) - From Plan to Execution: Developing
an Integrated and Systematized Approach for Mine Closure.
(9) ANM (2018) Resolução nº4, de15 de fevereiro de 2019. Estabelece medidas regulatórias cautelares
objetivando assegurar a estabilidade de barragens de mineração, notadamente aquelas construídas
ou alteadas pelo método denominado "a montante" ou por método declarado como desconhecido.

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VERSÃO 14/07/2018
ANEXO I – Atividades na FASE de OPERAÇÂO referentes às Barragens de Mineração em atendimento à Portaria DNPM nº 70.389, de 17 de maio
de 2017 e Portaria ANM, de fevereiro de 2019

O que A quais estruturas se aplica Como Quando


Barragens que apresentem pelo menos uma das
seguintes características:
I - altura do maciço, contada do ponto mais baixo
da fundação à crista, maior ou igual a 15m;
Verificar o enquadramento da II - capacidade total do reservatório maior ou
Para barragens novas, no início
barragem na Política Nacional igual a 3.000.000m³ (três milhões de metros Lei 12.334/2010
das obras de construção.
de Segurança de Barragens cúbicos);
III - reservatório que contenha resíduos perigosos
CADASTRAMENTO

conforme normas técnicas aplicáveis;


IV - categoria de dano potencial associado, médio
ou alto, conforme inciso XIV do art. 2º e Anexo V.
Definir Representante legal e Capitulo VII e Manual Para barragens novas, no início
Barragens de mineração enquadradas na PNSB.
Responsáveis Técnicos SIGBM das obras de construção.
Todas as barragens de mineração em construção,
operação ou desativadas. Barragens com função Capítulo I, Seção I Art
Cadastramento da barragem Para barragens novas, no início
de fechamento de sela topográfica ou 3 e Seção II Art 4
de mineração no SIGBM das obras de construção.
compartimentação interna de reservatórios não Manual SIGBM
deverão ser cadastradas separadamente.
Barragens de mineração fechadas ou Capítulo I, Seção I Art
Descadastramento Quando aplicável.
descaracterizadas 3 § 2º
Barragens com DPA alto, existência de população Capítulo I, Seção IV Para barragens novas, antes do
Implantar sistema de a jusante e/ou características técnicas com Art 7, alterado pela primeiro enchimento.
MONITORAMENTO

instrumentação automatizado, método construtivo com pontuação 10 Resolução ANM nº 4 Até maio de 2019 para as
SISTEMA DE

com acompanhamento em demais barragens em operação


tempo integral. Demais barragens de mineração com DPA alto Resolução ANM nº 4
Até 15 de dezembro de 2020
Art. 14
Barragens de mineração com DPA alto. Capítulo I, Seção IV Para barragens novas, antes do
Implementar sistema de vídeo- Art 7 §3º primeiro enchimento.
monitoramento 24h por dia Até maio de 2019 para as demais
barragens em operação

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VERSÃO 14/07/2018
O que A quais estruturas se aplica Como Quando
O PSB de toda barragem de mineração construída Capítulo II, Seção I
BUILT
AS Elaborar projetos “como
após a promulgação da Lei 12.334 de 2010 deverá Art 9 § 5º Durante a fase de implantação.
construído”
conter projeto “como construído”.
Barragens de mineração enquadradas na PNSB. Capítulo II, Seção I Para barragens novas, deve
PLANO DE SEGURANÇA DA BARRAGEM -

Art 8 e 9 e Anexo II estar disponível antes do início


do primeiro enchimento.
Capítulo II, Seção II Constatada a existência de
Elaborar o PSB
Art 10 e 11 barragem abrangida pela PNSB
ou em decorrência de
Capítulo IX reclassificação pela ANM: prazo
PSB

Art 48 e 49 de 1 ano para elaboração.


Barragens constuídas antes da promulgação da Lei Capítulo II, Seção I Até maio de 2019.
Elaborar projetos “como
12.334 de 2010 que não possuam projeto “como Art 9 § 6º
está”
construído”.
Barragens de mineração enquadradas na PNSB. Capítulo II, Seção II Após ISR, ISE e RPSB e para
Atualizar o PSB Art 12 inclusão de novos registros e
documentos.
Até maio de 2018 pelo menos o
Elaborar os mapas de Capítulo I, Seção III
Barragens de mineração enquadradas na PNSB. mapa simplificado para
inundação Art 5 e 6
classificação do DPA.
Para barragens novas, deve
PLANO DE AÇÃO DE EMERGÊNCIA

Elaborar o PAEBM Barragens de mineração com DPA alto, bem como as Capítulo II, Seção I
estar disponível antes do início
com DPA médio, quando o item “existência de Art 9
do primeiro enchimento.
Definir Coordenador do população a jusante” atingir 10 pontos ou o item Capítulo VI
Quando exigido formalmente
PAEBM “impacto ambiental” atingir 10 pontos. Capítulo IX, Art 51
pela ANM: prazo de 12 meses.
PAEBM

Divulgar e operacionalizar o Barragens de mineração enquadradas na PNSB. Capítulo VI, Contínuo.


PAEBM. Manter o estado de Seção III - Das
prontidão. responsabilidades
Atualizar o mapa de Barragens de mineração enquadradas na PNSB. Capítulo I, Seção III Quando houver mudanças no
inundação Art 5 cenário atual da barragem.
Barragens de mineração enquadradas na PNSB. Capítulo VI, Seção II A cada RPSB e quando houver
mudanças nos contatos,
Atualizar o PAEBM
cenários de emergência ou nos
recursos disponíveis.

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VERSÃO 14/07/2018

O que A quais estruturas se aplica Como Quando


ALERTA NA ZAS Barragens de mineração inseridas na PNSB. Capítulo XXIII,
SISTENAS DE

Implantar sistemas revisado pela


automatizados de Resolução ANM nº 4
acionamento de sirenes na e
ZAS. Resolução ANM nº 4
Art. 7
Barragens de mineração enquadradas na PNSB, Capítulo III, Seção I DPA alto: a cada 3 anos;
excetuando-se os casos abaixo. Art 13, 14 e 15 DPA médio: a cada 5 anos;
DPA baixo: a cada 7 anos.
REVISÃO PERIÓDICA DE SEGURANÇA - RPSB

Sempre que ocorrerem modificações estruturais, Anexo II - RPSB Concluir nova RPSB no prazo de
como alteamentos ou modificações na classificação Anexo III- DCE seis meses contados da
dos rejeitos depositados na barragem. conclusão da modificação.
Revisão Periódica de Para barragens de mineração alteadas A cada dois anos ou a cada 10
Segurança – RPSB e continuamente, independente do DPA. metros alteados (o que ocorrer
Declaração de Estabilidade antes), com prazo máximo de 6
-DCE meses para a conclusão.
No caso de retomada de barragens por processo de Executar previamente a RPSB.
reaproveitamento de rejeitos.
Barragens de mineração enquadradas na PNSB. Capítulo IX, Art 50 Prazos para a primeira RPSB:
Outubro 2017 (DPA Alto),
Maio 2018 (DPA Médio),
Outubro 2018(DPA Baixo)
Inserir DCE referente à Barragens de mineração enquadradas na PNSB. Capítulo III, Seção I Após concluída a RPSB.
RPSB e respectiva ART no Art 13
SIGBM
Barragens de mineração enquadradas na PNSB. Art 22, alterado
Assinatura da Declaração As DCEs deverão ser assinadas pelo responsável conforme Resolução
DCE

Imediato.
de Estabilidade técnico e pela pessoa física de maior autoridade na ANM nº 4.
hierarquia da empresa.

69
VERSÃO 14/07/2018
O que A quais estruturas se aplica Como Quando
Definir equipe de Barragens de mineração enquadradas na PNSB. Art 2; XVIII
Para barragens novas, antes do
segurança da barragem
INSPEÇÃO DE SEGURANÇA REGULAR DE
primeiro enchimento.
própria ou contratada
Estabelecer procedimentos Capítulo IV, Seção I Para barragens novas, antes do
para as Inspeções rotineiras primeiro enchimento.
Executar a Inspeção Regular Capítulo IV, Seção I Quinzenalmente, com períodos
ROTINA

de Rotina e preencher as Art 16 a 20 compreendidos entre o 1º e o


Fichas de Inspeção Regular 15° dia de cada mês e entre o
(FIR) e o Extrato da 16º e o último dia de cada mês.
Inspeção Regular (EIR)
Preencher Extrato da Capítulo III, Seção I Até o final da quinzena
Inspeção de Segurança Art 13 subsequente à inspeção que
Regular (EIR) no SIGBM gerou o preenchimento da FIR.
Anexar FIR ao Volume III Capítulo III, Seção I Após concluída a inspeção.
PSB Art 19
Executar a Inspeção de Barragens de mineração enquadradas na PNSB. Capítulo IV, Seção I Semestral, com entrega
SEGURANÇA REGULAR

Segurança Regular e emitir Art 21 e 22 prevista entre 1º e 31 de


INSPEÇÃO DE

Relatório de Inspeção de Anexo II - RISR março e entre 1º e 30 de


Segurança Regular (RISR e Anexo III- DCE setembro.
DCE)
Barragens de mineração enquadradas na PNSB. Capítulo III, Seção I Semestralmente, entre 1º e 31
Inserir DCE referente à RISR
Art 13 de março e entre 1º e 30 de
e respectiva ART no SIGBM
setembro.
Realizar Inspeções Quando durante as vistorias de rotina for constatada Capítulo V, Seção I Diariamente, até que a
Especiais (ISE) anomalia com a pontuação máxima de 10 (dez) Art 23 a 25 anomalia grave detectada seja
INSPEÇÃO DE SEGURANÇA

Preencher Extrato de pontos, em qualquer coluna do Quadro “Estado de Capítulo V, Seção I extinta ou controlada.
Inspeção Especial (EIE) no Conservação”. Art 26
ESPECIAL

SIGBM
Relatório Conclusivo de Uma vez extinta ou controlada a anomalia que gerou Capítulo V, Seção I Quando a anomalia for extinta
Inspeção Especial (RCIE) a inspeção especial. Art 27 e 28 ou controlada.
e Anexo II
Informar no SIGBM a
extinção ou o controle da
anomalia

70
VERSÃO 14/07/2018
O que A quais estruturas se aplica Como Quando
Barragens de mineração em emergência Níveis 1, 2 Capítulo IV, Seção V Quando iniciar-se uma
ou 3. inspeção especial de segurança
Declarar situação de ou em qualquer outra situação
SITUAÇÃO DE
EMERGÊNCIA

emergência com potencial


comprometimento da
segurança da estrutura.
Elaborar Relatório de Capítulo IV, Art 40 Quando encerrada uma
Causas e Consequências do situação de emergência Nível 3.
Evento de Emergência
Manter o barramento com Barragens de mineração enquadradas na PNSB. Capítulo IX, Art.47 Conforme periodicidade
revestimento vegetal necessária.
MANUTENÇÃO

controlado, quando
aplicado, livre de
vegetação arbustiva e
arbórea, permitindo
inspeção visual adequada
da estrutura

71

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